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Periodontia - Setembro 2008 - Volume 18 - Número 03

FIBROMATOSE GENGIVAL HEREDITÁRIA: RELATO DE


CASO CLÍNICO
Hereditary gingival fibromatosis: a case report

Mariana Schutzer Ragghianti Zangrando1, Luiz Antônio Pugliesi Alves de Lima2, Francisco Emílio Pustiglioni3 , Roberto Fraga
Moreira Lotufo (in memorian) 4

RESUMO
A fibromatose gengival hereditária (FGH) é uma desor-
dem genética rara, caracterizada pelo crescimento fibroso
acentuado do tecido gengival maxilar e mandibular. Geral-
mente, desenvolve-se como uma desordem isolada, mas
pode estar presente em outras síndromes. O presente arti-
go relata o caso clínico de paciente, gênero masculino, 34 INTRODUÇÃO
anos, apresentando crescimento gengival generalizado,
envolvendo maxila e mandíbula, com recobrimento parcial A fibromatose gengival hereditária (FGH) é uma
das coroas dentárias. Por apresentar alteração cardíaca, os desordem rara (1 caso/750.000 pessoas) caracteri-
procedimentos cirúrgicos deste paciente foram realizados zada pelo crescimento fibroso acentuado do tecido
em várias etapas. Devido ao comprometimento estético e gengival. É conhecida também como hiperplasia
a pedido do paciente, o tratamento cirúrgico iniciou-se pela gengival hereditária, fibromatose idiopática e
região anterior da maxila. Foram realizados procedimentos hipertrofia gengival (Fletcher, 1966). Geralmente,
a retalho com excisão da margem gengival para remover o desenvolve-se como desordem isolada, mas pode ser
excesso de tecido gengival. A avaliação histológica das uma característica de muitas síndromes como
biópsias gengivais confirmou o diagnóstico clínico de FGH. Rutherfurd, Jones, Cross, Ramon, Zimmerman-
O pós-operatório cirúrgico foi satisfatório com melhora con- Laband, entre outras (Wynne et al., 1995; Harrison
siderável da aparência do paciente. et al., 1998; Hart et al., 2000, Hart et al., 1998). As
UNITERMOS: Fibromatose gengival hereditária. características associadas com maior frequência a
Hiperplasia gengival. Gengivectomia. Retalho FGH são hipertricose e epilepsia com ou sem retar-
mucoperiostal. R Periodontia 2008; 18:40-45. do mental (Gorlin et al., 1990). Foram relatadas tam-
bém perda de audição, anormalidades em dedos,
unhas, nariz, orelhas e dentes supra-numerários
(Haytac & Ozcelik, 2007).
A FGH é caracterizada por crescimento lento e
progressivo da gengiva na maxila e mandíbula (Neville
et al., 1995). O crescimento do tecido gengival ge-
ralmente se inicia com a erupção dos dentes perma-
nentes, mas pode também se desenvolver na denti-
ção decídua. É uma ocorrência raramente presente
no nascimento (Ramer et al., 1996). Homens e mu-
Recebimento: 08/05/08 - Correção: 30/07/08 - Aceite: 18/07/08 lheres são igualmente afetados (Seymour et al., 1992).

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Esta condição é normalmente identificada como autossômica nicas podem ser empregadas como o uso de laser de dióxido
dominante, embora formas recessivas já tenham sido des- de carbono utilizado com sucesso em vários estudos (Miller
critas (Bozzo et al., 1994; Gunhan et al., 1995; Colleta et al; & Truhe, 1993; Pick, 1993). A gengivectomia convencional
1998, Harrison et al., 1998). pode ser utilizada nas áreas com falsas bolsas, ou seja, sem
O aumento do tecido gengival geralmente apresenta perda de inserção periodontal (Howe & Palmer, 1991). Pro-
coloração normal, consistência firme e nodular à palpação e cedimentos a retalho com excisão da margem gengival de-
pontilhado (stippling) acentuado. As superfícies vestibulares, vem ser utilizados quando há necessidade de remoção de
linguais e palatinas podem estar envolvidas, na maxila e volume gengival muito acentuado, evitando áreas cruentas
mandíbula. Esta anomalia é classificada em dois tipos: for- extensas no pós-operatório e para acesso ao tecido ósseo
ma nodular localizada, caracterizada pela presença de múl- subjacente (Sengün et al., 2007). Quando possível, o trata-
tiplos aumentos do tecido gengival e forma simétrica, desor- mento cirúrgico deve ser realizado após a erupção dos den-
dem mais comum, resultando em crescimento uniforme da tes permanentes. A recorrência é uma característica comum,
gengiva. Ambas as modalidades variam em forma e volume, em diferentes intervalos de tempo (Baptista, 2002).
podendo recobrir as coroas dentárias (Bozzo et al., 1994;
Bittencourt et al., 2000). CASO CLÍNICO
Histologicamente, o tecido conjuntivo fibroso apresen- O paciente A.A .A., gênero masculino, 34 anos,
ta feixes de fibras colágenas espessas e alto grau de diferen- leucoderma, apresentou-se a clínica de pós-graduação da
ciação com fibroblastos jovens e vasos sanguíneos escassos. disciplina de Periodontia da Faculdade de Odontologia-USP
O epitélio é espesso com hiperqueratose e papilas alongadas queixando-se de dores nos dentes e aumento da gengiva. A
(Ramer et al., 1996; Tipton et al., 1997). Em casos prévios já história médica do paciente incluía comprometimento cardí-
foram observadas pequenas partículas calcificadas, ilhas de aco (fibrilação atrial crônica e insuficiência mitral discreta)
metaplasia óssea, ulceração da mucosa de revestimento, controlado com a utilização de medicamento anticoagulante
deposição de amilóide e ilhas de epitélio odontogênico (Marcoumar, Roche - Rio de Janeiro) e beta-bloqueador
(Gunhan et al., 1995). (Atenolol, Novartis - São Paulo).
Os mecanismos relacionados ao crescimento gengival O aumento gengival foi observado pelo paciente aos 12
ainda permanecem obscuros. A FGH é uma condição gene- anos, na região anterior, e aos 20 anos, na região posterior,
ticamente heterogênea sendo que não há evidências preci- antes da utilização de medicamentos. O paciente relatou
sas se o crescimento gengival é causado pelo aumento no caso semelhante na irmã e tio paterno, porém estes casos
número de células, no colágeno extracelular ou em outros não puderam ser confirmados.
constituintes extracelulares (Lee et al., 2006). A avaliação extra-bucal revelou perfil protruído da maxi-
A extensão e severidade do comprometimento clínico la com dificuldade no selamento labial devido ao volume do
podem variar entre diferentes famílias com FGH e também tecido gengival na região vestibular anterior (Fig 01). O paci-
entre membros de uma mesma família (Raeste et al., 1978). ente demonstrou bastante constrangimento ao sorrir, já que
Segundo Hart et al. (2002), as formas isoladas de FGH po- o lábio superior prendia-se acima da área com aumento
dem ser resultado de uma única mutação genética e as for- gengival (Fig. 02).
mas associadas a síndromes decorrentes de múltiplas altera- Ao exame intra-bucal, observou-se crescimento gengival
ções genéticas. Na ausência de marcadores
imunohistoquímicos específicos disponíveis, o diagnóstico da
FGH é baseado na história médica e no exame clínico do
paciente (Häkkinen et al., 2007).
Os sinais clínicos mais comuns, relacionados ao cresci-
mento gengival, são diastemas e mau posicionamento
dentário, porém, em casos severos há comprometimento
funcional e estético (Bittencourt et al., 2000). O aumento
gengival pode interferir na fala, no selamento labial,
na mastigação, oclusão e na aparência facial (Kather
et al., 2008).
O tratamento consiste em excisão cirúrgica do tecido
aumentado para restaurar o contorno gengival. Muitas téc- Fig 01: Perfil protruído do paciente demonstrando dificuldade de selamento labial.

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Fig 03: Vista intra-bucal do aumento gengival em região anterior de maxila.

satisfatório de reparação, havendo bom controle de placa


pelo paciente. Até o momento foram realizados dois proce-
Fig 02: Sorriso do paciente demonstrando comprometimento estético devido ao aumento do
tecido gengival em região anterior de maxila. dimentos cirúrgicos na região anterior da maxila (Fig. 04).
Amostras do tecido gengival removidas foram submeti-
severo envolvendo principalmente face vestibular de dentes das à avaliação histológica. O resultado revelou presença de
anteriores e faces vestibular e palatina de dentes posterio- mucosa revestida por epitélio pavimentoso estratificado,
res, na maxila. Na mandíbula, havia aumento gengival seve- paraceratinizado, exibindo acantose, degeneração hidrópica
ro circundando dentes posteriores. A maioria dos dentes e áreas de exocitose, além de projeções digitiformes longas
encontrava-se com as coroas clínicas, parcial ou completa- e finas que se estendem profundamente na lâmina própria
mente, recobertas por tecido gengival, havendo mau subjacente. Esta última é constituída por tecido conjuntivo
posicionamento de alguns elementos dentários. O tecido denso, com feixes de fibras colágenas entrelaçadas em di-
gengival apresentou consistência firme e fibrosa a palpação, versas direções, vasos sanguíneos de diversos tamanhos e
coloração rósea e alguns sinais inflamatórios, devido à difi- discreto infiltrado inflamatório crônico, predominantemente
culdade no controle de placa pelo paciente (Fig. 03). justaepitelial e perivascular. Foi observada, também, área res-
As radiografias periapicais mostraram a presença de raízes trita de intenso infiltrado crônico, que se estendia profunda-
residuais e reabsorção óssea localizadas no dente 37 sendo mente na lâmina própria (Fig. 05).
que em outras regiões não foram observadas perdas ósseas
significativas. DISCUSSÃO
Antes do início do tratamento periodontal, solicitou-se O aumento gengival pode apresentar diferentes
avaliação e liberação por escrito pelo médico cardiologista etiologias tais como formas adquiridas que incluem inflama-
responsável. Foram realizados os procedimentos básicos com ção pela presença de placa bacteriana, infiltração leucêmica
remoção do cálculo supra e subgengival com ultra-som e, e uso de medicações como: fenitoína, ciclosporina e
posteriormente, sessões de raspagem, alisamento e polimen- bloqueadores de canais de cálcio (Rees & Levine, 1995). Este
to corono-radicular com instrumentos manuais. Após artigo descreveu caso de FGH que se desenvolveu como uma
reavaliação do paciente, iniciou-se a fase de complementação desordem isolada. Esta anomalia pode estar também asso-
cirúrgica. ciada a diferentes síndromes e a características freqüentes
O tratamento cirúrgico deste paciente tem sido realiza- como hipertricose, epilepsia e retardo mental. Neste caso, o
do em ambulatório, em várias etapas, devido à sua condi- paciente apresentava fibrilação atrial crônica e insuficiência
ção sistêmica. A medicação anticoagulante foi interrompida mitral discreta, fazendo utilização de medicamentos como
pelo médico responsável para realização dos procedimentos bloquedores de canal de cálcio e anticoagulantes para evitar
cirúrgicos. Optou-se por realizar primeiramente cirurgia a a ocorrência de formação de trombos. Ao avaliar a literatura
retalho com excisão de margem gengival para remoção de pertinente ao assunto, não foi encontrado nenhum relato
altura e espessura gengival, evitando-se leito cirúrgico cru- de FGH associada a desordens cardíacas.
ento extenso. Numa segunda etapa, quando necessária, será Ao realizar a anamnese e ao primeiro exame clínico do
realizada gengivectomia convencional. O tratamento cirúr- paciente, suspeitou-se de aumento gengival adquirido pela
gico foi iniciado pela região anterior superior por razões es- utilização de beta-bloqueadores. No entanto, o paciente
téticas e a pedido do paciente. relatou que o aumento gengival era preexistente à utiliza-
Os pós-operatórios realizados mostraram um padrão ção da medicação e referiu a ocorrência de um quadro clíni-

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Fig 04: Pós-operatório cirúrgico da região anterior de maxila.

co semelhante na irmã e no tio paterno. Bozzo et al. (1994)


relataram dominância autossômica em uma avaliação de
quatro gerações, havendo 50 indivíduos, dos 105 avaliados,
Fig 05: Foto da lâmina para avaliação histológica: presença de epitélio pavimentoso estratificado
com FGH. Baptista (2002) descreveu um caso no qual a pa- e tecido conjuntivo denso.
ciente tinha a mãe, irmã e sobrinha com as mesmas condi-
ções. Kelekis-Cholakis et al. (2002) encontraram envolvimento gengival ainda não foram completamente esclarecidos, mas
na mãe, tio materno e avô materno da menina avaliada. a variação na expressão clínica da FGH pode ser resultado
O desenvolvimento gengival ocorre normalmente com de diferentes etiologias (Kather et al., 2008).
a erupção dos dentes permanentes (Ramer et al., 1996) ou, Sendo assim, o diagnóstico da FGH á baseado na histó-
menos freqüentemente, com a dentição decídua (Bittencourt ria médica e no exame clínico já que ainda não há marcadores
et al., 2000). Neste caso, o paciente notou o aumento imunohistoquímicos específicos disponíveis (Häkkinen et al.,
gengival na adolescência. 2007).
A extensão e severidade do comprometimento clínico O exame histológico dos cortes de tecidos oriundos deste
podem variar entre diferentes famílias com FGH e também paciente confirmou as características da FGH já descritas pre-
podem variar consideravelmente entre os membros da mes- viamente: tecido conjuntivo denso com fibras colágenas fi-
ma família (Raeste et al., 1978). Há evidência clara da exis- nas e espessas alternadamente, epitélio hiperplásico exibin-
tência de heterogeneidade genética para FGH (Hart et al., do aparência pseudo-epiteliomatosa com projeções longas
1998; Colleta et al., 1998). O estudo genético de Hart et al. e finas dentro do tecido conjuntivo (Kelekis-Cholakis et al.,
(2002) demonstrou mutação de apenas um gene, Son of 2002; Sengün et al., 2007). Em outros casos foram detecta-
sevenless-1 (SON-1), identificado como fator etiológico da das calcificações distróficas, ilhas de metaplasia óssea, ulce-
FGH não associada a síndromes. O SON-1 é um fator de ração e inflamação da mucosa (Gunhan et al., 1995; Nevile
troca do nucleotídeo guanina que funciona na transdução et al., 1995). Nesta avaliação, observou-se a presença de
dos sinais que controlam o crescimento e diferenciação ce- discreto infiltrado inflamatório crônico, justaepitelial e
lular. As formas isoladas de FGH estariam relacionadas a uma perivascular e intenso infiltrado crônico que se estendia pro-
única mutação genética e as formas associadas a síndromes, fundamente na lâmina própria. A FGH geralmente não en-
decorrentes de múltiplas alterações genéticas (Hart et al., volve inflamação, o acúmulo local de células inflamatórias
2002). pode ser encontrado em casos com formação de falsas bol-
Segundo Lee et al. (2006), na FGH, o crescimento sas e acúmulo de placa bacteriana (Häkkinen et al., 2007).
gengival pode ser causado pelo aumento no número de cé- No estudo de Kather et al. (2008), a avaliação histológica
lulas, no colágeno extracelular ou em outros constituintes dos tecidos gengivais de integrantes de três diferentes famí-
extracelulares. Os autores observaram maior número de lias com FGH demonstrou aumento do volume do tecido
fibroblastos presentes no tecido conjuntivo e maior taxa conjuntivo rico em fibras colágenas com extensões longas e
proliferativa dos mesmos nas amostras de FGH comparadas finas das cristas epiteliais na lâmina própria subjacente. No
aos controles. No estudo de Martelli-Junior et al. (2000), fo- entanto, o número relativo de fibroblastos gengivais diferiu
ram observadas diferenças morfológicas e proliferativas dos entre as famílias com FGH. Este resultado demonstra as pos-
fibroblastos de FGH comparados aos da gengiva normal. A síveis diferenças na etiologia das diversas formas de FGH,
capacidade proliferativa de fibroblastos de FGH foi maior. consistente com a heterogeneidade genética que caracteri-
Os mecanismos relacionados ao aumento do tecido za esta condição.

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Os tratamentos sugeridos para esta condição variam de ca, o tratamento cirúrgico foi realizado em várias etapas.
acordo com o grau de severidade e extensão do aumento Até o presente momento foram realizados dois procedi-
gengival. Em crescimentos mínimos, a raspagem e alisamento mentos cirúrgicos a retalho em região anterior de maxila,
radicular e um bom controle de placa podem ser suficientes proporcionando melhor estética e satisfação do paciente, que
para manutenção de boa higiene bucal. Em casos mais se- tem aperfeiçoado seu controle de placa progressivamente.
veros, há comprometimento estético e funcional, havendo a O paciente está ciente da possibilidade de recidivas, no en-
necessidade de intervenção cirúrgica (Ramer et al., 1996). tanto, do ponto de vista psicológico, o ganho estético supe-
Em casos de comprometimento generalizado pode-se optar ra o receio de recorrências (Baptista, 2002). Em algumas
por procedimentos cirúrgicos em todos os quadrantes, sob publicações não foram observadas recorrências em perío-
anestesia geral. Alguns autores recomendam a excisão do dos de 2 (Ramer et al., 1996), 3 (Bittencourt et al., 2000) e 14
tecido associada à extração de todos os dentes em casos anos (Gunhan et al., 1995). No entanto, outros estudos de-
severos, já que não há recidiva na ausência dos dentes monstraram recidivas após 20 meses (Baptista, 2002) e 2 anos
(Seymour et al., 1992). Outros autores (Odessey et al., 2006) (Sengün et al., 2007).
sugeriram um protocolo mais agressivo para esses acometi-
mentos, com remoção cirúrgica em âmbito hospitalar do
tecido gengival, dentes e do processo alveolar para evitar ABSTRACT
recidivas freqüentes. Hereditary gingival fibromatosis (HGF) is a rare genetic
Nos comprometimentos passíveis de tratamento em oral disorder, characterized by a gradually progressive
ambulatório, os procedimentos mais extensamente utiliza- enlargement of the maxillary and mandibular gingiva. It
dos são a gengivectomia e gengivoplastia. Segundo Baptista usually develops as an isolated disorder but can be present
(2002), a gengivectomia pode ser utilizada apesar da pre- in other syndromes. A case of a 34-year-old man is reported
sença de doença periodontal em dentes posteriores, no en- who presented a generalized gingival overgrowth, involving
tanto procedimentos a retalho são priorizados em acometi- the maxillary and mandibular arches and covering part of
mentos com grandes áreas de crescimento gengival ou per- the teeth. Due to cardiac condition, surgical procedures in
da de inserção e defeitos ósseos. No presente caso, optou- this patient were carried out per sextants. Due to the
se por procedimentos a retalho devido à presença de exten- aesthetic involvement and patient’s request, the surgical
so crescimento gengival. Comparado a gengivectomia, os treatment was initiated in the anterior region of maxilla.
retalhos periodontais são mais favoráveis devido ao menor Surgical procedures included mucoperiostal flaps with internal
desconforto pós-operatório e por apresentar cicatrização por bevel incision to remove the excess tissue. Histological
primeira intenção (Sengün et al., 2007). Além destes fato- examination of gingival specimens supported the clinical
res, o extenso crescimento gengival dificulta a raspagem e diagnosis of HGF. The postoperative course was uneventful
alisamento radicular durante os procedimentos básicos, os and patient’s appearance improved considerably.
retalhos periodontais melhoram o acesso para completa re-
moção do cálculo subgengival que possa ter permanecido. UNITERMS: Hereditary gingival fibromatosis. Gingival
Pela condição sistêmica do paciente e recomendação médi- hyperplasia. Gingivectomy. Mucoperiostal flap.

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