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Volume 07
A expressão “um novo rei que nada sabia sobre José” pode nos soar
estranha em virtude de lermos, nos últimos capítulos de Gênesis, a respeito da
história de José. Porém, não sabemos dos acontecimentos que sucederam à morte
de José, nem quanto tempo transcorreu até que a história narrada em Êxodo 1
ocorresse. José tinha aproximadamente 39 anos quando seu pai e seus Irmãos
foram morar no Egito. Ele viveu por mais 71 anos (Gênesis 50: 26). As perguntas
são: como José se tornou um desconhecido? E de que forma isso aconteceu? Assim,
“A história do Êxodo começa onde Gênesis termina, cerca de trezentos anos mais
tarde.”¹ Contudo entre o momento que José foi governador do Egito até este texto,
o império egípcio foi dominado pelos hicsos, e ainda que Sekenere tenha
conseguido expulsá-los, não muda o fato de que o Egito foi, temporariamente,
dominado por outra nação. E neste curto intervalo, a relação de gratidão pela
influência positiva de José, se perdeu.
A nova geração de egípcios não conhecia essa história e não tinham nenhum
vínculo com o povo hebreu, não os viam como amigos, mas os enxergavam como
ameaça, e a amizade foi substituída por rivalidade.
Traçando uma linha histórica, vemos que Sekenere começa a batalha contra
estes inimigos, e Amoses termina a reconquista do território egípcio, até que
Tutmoses realiza a expansão do território. Note que estes nomes egípcios carregam
a terminologia “moses”. Algumas dúvidas pairam sobre o significado do nome de
Moisés, e temos duas explicações significativas, uma é a explicação egípcia,
postulando que “moses” quer dizer “filho de”. Tutmoses seria filho de Tot, o deus
da sabedoria. O nome de Ramsés, um dos faraós do Egito, por sua vez significaria
“filho de Rá”, que era a divindade do sol.
O nome Moisés está relacionado com o verbo “tirar” em hebraico. Atente que
as duas explicações, tanto a hebraica como a egípcia, não são excludentes, podendo
ser conjuntamente consideradas.
O próximo nome importante é Ratsepsut, filha do Faraó, que adota Moisés.
Dentro da cultura egípcia antiga, não era comum uma mulher deter tamanha
autoridade, visto que o Faraó tinha dado um decreto para matar as crianças,
mesmo que a mulher fosse nobre, salvar um bebê hebreu, criando-o dentro do
palácio, era uma atitude muito chamativa. Obviamente, as pessoas sabiam que
aquele filho não era de sangue, sendo no mínimo curioso e no máximo um espanto.
Que mulher era essa, com tanta autoridade, a ponto de conseguir bancar um
estrangeiro dentro do palácio? Na história egípcia, a única personagem que se
encaixa nesse perfil é Ratsepsut, ela se destaca por ser alguém que conseguia
impor suas ideias, e com forças suficiente para trazer uma criança estrangeira para
casa e criá-la na corte como filho, justamente o caso de Moisés.
A história segue informando que esta mulher se casa com Tutmosis III, um
homem sem firmeza ou voz ativa, e de pouca autoridade. Por conta de sua
personalidade imponente, a rainha tem o domínio das ações. Na sequência aparece
Amenoses II, este é o faraó que debateu com Moisés na ocasião do Êxodo. Estes
nomes servem de referência, no caso de querermos pesquisar mais sobre o tema.
II Moisés
Moisés é o grande personagem do Livro de Êxodo, e nasceu numa época de
transição, onde os hebreus, que eram pastores de ovelhas, foram escravizados e
tornaram-se trabalhadores braçais, que fabricavam tijolos sob a tutela de feitores:
O medo dos egípcios em relação ao povo de Deus fez com que usassem a
estratégia “trabalhar até morrer” para dominar o povo e impedir seu crescimento.
Ao perceberem que essa tática não deu certo foram ainda mais longe, ordenando
a morte de crianças (Êxodo 1:15).
Swindoll diz que a vida de Moisés pode ser dividida em três segmentos, o
primeiro transcorreu ao longo dos primeiros 40 anos de vida, criado como um
nobre, alguém importante, Moisés aprendeu o conhecimento e a cultura egípcia. O
segundo período se passou no deserto de Midiã, onde ele foi formado pela solidão,
pastoreando o rebanho do seu sogro, assimilando o conhecimento e a cultura do
deserto, e aprendendo com o próprio Senhor. E no terceiro momento, Moisés estava
novamente no deserto, desta vez com o povo, pondo em prática o que aprendeu nas
duas fases anteriores, bem como ministrando e sendo ministrado pela lei de Deus.
Moody vai ainda mais longe dizendo que Moisés “passou seus primeiros 40
anos pensando que era alguém. O segundo quarenta anos, ele passou aprendendo
que era um ninguém. Os últimos quarenta passou descobrindo o que Deus pode
fazer com um ninguém”. Seja como for, vivemos em um desses três momentos em
nossas vidas.
Moisés foi o homem escolhido por Deus para conduzir o povo no processo
de libertação:
IV A vontade de Deus
V Moisés e a lei
Este último versículo relata o pecado de Moisés. Crer sem santidade limita e
distorce o testemunho que damos de Deus. E podemos, ao invés de refletirmos a
misericórdia de Deus, refletir a nossa ira.
• Parte um: Israel no Egito (Êxodo 1: 1-13; 16). Deus salva Israel da escravidão
egípcia.
• Parte dois: Israel no Deserto (Êxodo 13: 17-18; 27). Deus dá a Israel a Sua lei.
• Parte três: Israel no Sinai (Êxodo 19: 1-40; 38). Deus ordena a Israel que
construa o tabernáculo.
Parte I
É a parte com mais ação do livro. O relato de Êxodo é uma das histórias
fundamentais do Antigo Testamento, narrando o evento da salvação do antigo
Israel. Abaixo, a estrutura dessa parte da narrativa, distribuída em capítulos.
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Moisés aparece
Água feita em Enxames de Saraiva sobre a
perante faraó junto
sangue (7.14-24) moscas (8.20-32) colheita (9.13-35)
ao rio
Rãs cobrem toda
Pestes nos animais Gafanhotos cobrem Moisés comparece
terra do Egito
(9.1-7) a terra (10.1-20) perante faraó (na
(8.1-15)
corte real?)
Piolhos cobrem a Trevas cobrem a Gesto simbólico de
Úlceras no povo e
terra do Egito (8.16- terra do Egito Moisés e Arão
no gado (9.8-12)
19) (10.21-29) longe de faraó
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Moisés aparece
Água feita em Enxames de Saraiva sobre a
perante faraó junto
sangue (7.14-24) moscas (8.20-32) colheita (9.13-35)
ao rio
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Parte II
A narrativa segue seu curso, três meses após deixar o Egito, Israel chega ao
Monte Sinai, um local onde permanece por quase dois anos. Dando mais precisão,
o restante de Êxodo, todo o Levítico e a primeira parte de Números (até 10: 11)
passam-se no Sinai.
O primeiro evento de maior impacto no Sinai foi a entrega da lei. Deus se
manifestou de forma impressionante, surgindo na montanha entre fumaça e fogo
(Êxodo 19.16-19). A montanha se tornou em espaço santo por causa da Sua
presença, Moisés sobe o monte e recebe os Dez Mandamentos (Êxodo 20:1-17), bem
como o chamado Livro da Aliança (Êxodo 20: 22-24; 18). Do primeiro ao quarto
mandamento, vemos que as leis abrangem os fundamentos da relação divino-
humana. Já os últimos seis tratam da relação dos homens entre si.
As várias leis que compõem o Livro da Aliança (nome proveniente de Êxodo
24: 7) detalham os Dez Mandamentos. Uma resposta cultural-histórico-redentora
do povo de Deus para a época, por exemplo, a lei sobre o boi escorneador (Êxodo
21: 28-36) é uma especificação do sexto mandamento para uma sociedade agrária.
A lei foi dada no contexto da aliança, e Êxodo 19-24 nos mostra que a lei está na
forma de um tratado de aliança.
Parte III
A última seção se ocupa em mostrar as instruções de Deus acerca da
construção do tabernáculo (Êxodo 25: 1-40; 38). Um conjunto de ordens de caráter
extremamente detalhista.
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A seção se abre com uma solicitação dos materiais, com os quais o tabernáculo
será construído (Êxodo 25: 1-9). A presença dos materiais preciosos no deserto só
pode ser explicada como resultado dos denominados despojos dos egípcios (Êxodo
12: 33-35). Desse modo, Deus providenciou os materiais para a sua própria casa.
A maior parte do restante do livro ocupa-se com as instruções para construir
as várias partes do tabernáculo, suas mobílias e as vestes dos sacerdotes (Êxodo
25: 10- 31; 18). Dizemos sobre o tabernáculo:
“A salvação vem do Senhor; sobre o teu povo seja a tua bênção.” (Sl 3:8)
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Nossa primeira orientação é que Levítico seja lido junto de Hebreus, pois o
contexto imediato de Levítico remete a cultura e sociedade judaicas. Ler Levítico
sem as lentes do Novo Testamento deixará o leitor restrito à religião judaica, sem
conseguir fazer uma conexão com o Evangelho. Fazendo essa ponte pode-se
entender o Livro de levítico como uma “sombra” do Livro de Hebreus, e que a
temática levítica é santificação.
Se há um tema no qual às vezes a igreja se perde e confunde, às vezes
tomando atalhos perigosos, é o tema da santificação. Quando transformamos
santidade em regras e rituais, estamos caminhando para longe do verdadeiro
significado exposto no livro levítico. Se um livro no Antigo Testamento investe todas
as suas páginas falando sobre santificação, a primeira conclusão é que o tema é
muito importante para a Bíblia, e mais importante para Deus.
O nome Levítico provém da Septuaginta, e a palavra significa "Relativo aos
levitas". No hebraico, entretanto, wayyiqra significa “e Ele chamou”. Podemos
traduzir a frase inicial do livro como "chamou o SENHOR a Moisés." (Lv 1:1) ou “e
Ele chamou Moisés”. Levítico é uma história instrutiva, que tem a intenção de
informar o leitor sobre o que ocorreu no passado, construindo um pano de fundo
para a lei (instrução). Wayyiqra precisa ter seu significado estendido, para que
possamos compreender essa vida de santidade e atender ao chamado de Deus.
Não podemos deixar de nos referir ao testemunho de Cristo sobre Levítico,
em Mateus (8:4), quando faz menção ao Livro de Levítico (14:1-32), Jesus usa a
expressão em hebraico wayyiqra, Ele não usa a expressão “levítico”. Outro fato
interessante é perceber que o Livro de Levítico começa com a letra “E”. Qual o
significado? A expressão traz uma ideia de continuidade:
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Nota pastoral
Meu filho fará 15 anos. Hoje ele já é batizado, mas quando tinha 8 anos, eu
percebi que, por ele ser filho do pastor, existia uma certa cobrança da igreja de um
padrão comportamental. Não podemos exigir santidade das pessoas, muito menos
de crianças, só porque são filhos de pessoas piedosas e tementes a Deus. Não se
esqueça que homens e mulheres tementes a Deus podem ser pais de filhos ímpios
e incrédulos, veja o caso de Samuel, sacerdote e profeta, homem temente a Deus,
mas seus filhos eram corruptos e incrédulos (e esses exemplos são numerosos e
significativos em nosso meio).
Então, certo dia me dirigi à igreja: “Eu quero que vocês tratem o meu filho
como se fosse ele fosse um incrédulo. Não tratem o meu filho como se fosse alguém
santificado. Ele não se batizou, não tem consciência de conversão. Se vocês
tratarem o meu filho como alguém “santo”, vocês estarão criando obstáculos e não
vivendo santidade. Testemunhem de Cristo ao invés de cobrar santidade de uma
criança, testemunhem a santidade de vocês, para que esse testemunho de vocês
revele Cristo ao coração dele”.
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Exigir santidade de quem não é livre tem gosto de morte. Alguns anos se
passaram e ele se batizou. Neste novo contexto a relação mudou, pois, a expectativa
por santidade faz parte das relações de comunhão. Não se esqueça: não existe
possibilidade de alguém experimentar a santificação, sem antes ter sido liberto.
Muitas vezes, dentro da igreja, começamos a exigir dos nossos filhos que eles
tenham uma vida santa, irrepreensível, sem que nunca tenham experimentado um
processo de conversão genuíno. Eles nunca tiveram uma experiência de serem
encontrados e resgatados do pecado por Cristo. Sendo assim, é tolice exigir
santidade das pessoas que estão ao nosso lado, sem que antes elas estejam
experimentando libertação. Libertação é o primeiro passo e sempre será assim, só
podemos falar sobre santidade para quem experimentou a libertação. Quanto
menos você sabe sobre libertação, menos você sabe sobre santificação. Não inverta
a ordem, o prejuízo é muito alto. Somos escolhidos, libertos e santificados, sem
nunca sair dessa sequência.
À esta altura de nossos estudos, já temos os dois fundamentos que nos
auxiliarão a ler esse livro tão precioso. Recapitulando:
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É neste livro na Bíblia onde mais aparece a expressão “disse Deus”. Fica a
pergunta: se neste livro aparece a maior quantidade de expressões do tipo “disse
Deus”, por que ele é tratado com irrelevância por alguns? Isso significa que a nossa
forma de ler o livro precisa mudar. É necessário compreendermos que Levítico é
um convite. Além disso, ensina que a história da libertação continua com a história
da santidade, isto é, o processo de libertação só continua no processo de santidade:
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Se você ler Levítico como se fosse mera burocracia, de fato o livro não vai
servir para a sua vida. Contudo, se você ler Levítico como o encontro que promove
a santificação, o livro terá um grande impacto sobre a sua vida de santidade.
Quando finalmente entendemos que Deus é aquele que nos liberta, o nosso culto
começa a ser um espaço de reconhecimento, gratidão e louvor. É uma tentativa de
trabalhar para a glória e louvor do nosso Deus.
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IX O sistema sacrificial
A proposta do livro é fornecer diretrizes aos sacerdotes e leigos sobre o
comportamento apropriado na presença de um Deus santo. Portanto, a ênfase
recai na objetividade da informação.
O sacrifício
A atividade mais importante de adoração durante o Antigo Testamento. É a
morte da vítima sacrificial que torna o rito efetivo, e a manipulação do sangue
destaca a morte. O sacrifício é um modo de tornar o profano puro de novo, e
restabelecer a comunhão com Deus. Sendo assim, o sacrífico é:
• Uma oferta
• Noção de comunhão.
• Expiação
Holocausto
O nome em português desse sacrifício vem diretamente da tradução grega.
Já o termo em hebraico significa "ascendente". e deriva do fato de que o aroma
perfumado do sacrifício sobe (ascende) aos céus em forma de fumaça. E a lei
permitia a substituição de ofertas por formas que fossem proporcionais a condição
econômica do adorador:
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Sacerdócio
Grande parte do livro é dedicado à instrução dos sacerdotes, que eram
restritos à linhagem designada por Deus.
O Livro de Levítico é um convite que diz “VEM”, é um chamado à adoração e
santificação. O nosso desafio é que a leitura de Levítico ecoe no coração, como um
chamado para vida.
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Números Narra os eventos do primeiro dia do segundo mês até o décimo nono dia de
peregrinação no deserto.
1:1; 10: 11
Números
21:10; 36.13 Narra os cinco meses durante o quadragésimo ano no deserto.
Números
10:12; 21: 9 Não datado, mas incluso nos quarenta anos.
Essa divisão didática é extremamente útil para guiar o leitor do início ao fim
dos quarenta anos de peregrinação no deserto. Preste atenção à classificação
geográfica na tabela a seguir (e se possível, tenha um mapa da região):
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Não tem como amar ao Senhor sem guardar Suas palavras. O objetivo é que
esta palavra nos traga libertação e desejo de santificação. A santificação levará a
uma vida de perseverança, que levará a uma profunda conexão com Deus. O
próprio João fala, no início da sua carta, que Jesus Cristo é a palavra que sai da
boca de Deus. Então, para conhecê-lo pessoalmente, “essas são as palavras”.
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Notas
1 Swindoll
2 Wilson Porte
3 Dillard e Longman III 4 Dillard e Longman III 5 Dillard e Longman III
Bibliografia sugerida
PRICE, Randall. Manual de arqueologia bíblica (Thomas Nelson/ Randall Price e H Wayne
House; tradução de Wilson Ferraz de Almeida- Rio de Janeiro: Thomas Nelson. 2020)
Manual bíblico vida nova (Editor geral: David S. Dockery; tradução: Lucy Yamakami. Hans
Udo Fuchs, Robinson Malkomes. - São Paulo: Edições Vida Nova, 2001)
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