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Pedagogia Como Ciência Da Educação
Pedagogia Como Ciência Da Educação
PROPÓSITO
Fonte: Shutterstock
MÓDULO 1
MÓDULO 2
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MÓDULO 3
INTRODUÇÃO
Numa abordagem de cunho epistemológico, pretende-se mostrar a necessidade de pensar a
Pedagogia como Ciência da Educação. Referir-se ao epistemológico significa aludir a uma
reflexão crítica sobre o conhecimento científico em geral (fundamentado, justificado e
validado) e a como tal conhecimento é produzido nas suas muitas vertentes.
Módulo 1
DESCREVER O CONCEITO DE EPISTEMOLOGIA COMO REFLEXÃO
CRÍTICA SOBRE OS DISCURSOS FILOSÓFICO E CIENTÍFICO
O CONCEITO DE CIÊNCIA
Para descrever o conceito de Epistemologia, é necessário realizar o trajeto de construção do
pensamento científico a fim de compreender a própria Epistemologia, assim como perceber
que a relação entre Ciência e Filosofia deve ser indissociável na construção do conhecimento
e da reflexão crítica. Vamos começar entendendo o conceito de Ciência.
A palavra ciência deriva do latim scientia, scire, isto é, saber, conhecer, e significa, em sentido
amplo, qualquer conhecimento. Com o tempo, passou a se restringir ao conhecimento do que
é produzido pelas ciências físico-naturais.
Fonte: jennylipets / Shutterstock
Se a Ciência teve início com a observação de certos fenômenos da natureza, não se pode
esquecer, no entanto, que o homem já inventava instrumentos rudimentares. Havia também ali,
no saber prático, o conhecimento:
INSTRUMENTO DE CORTE
BIGORNA
FACA
CHOUPA
A observação de plantas e animais vem dos primórdios das ciências biológicas, mas também
desembocou no animismo e na magia (chamada no passado, pelos magos, de Grande
Ciência Sagrada). Portanto, o animismo, a astrologia e a religião estiveram presentes nas
origens da Ciência, ainda que não se possa determinar com precisão a qualidade de suas
relações.
CONCLUINDO
A Ciência significa saber, conhecer. Em sentido amplo, significa qualquer conhecimento.
Qual a relação entre a Ciência e a Filosofia?
Embora a Filosofia grega reservasse um lugar à razão prática, a primazia era dada à razão
especulativa, concebida como finalidade da razão prática, como se a prática devesse servir
à teoria.
Pesquisas não são voltadas para o objeto, e sim para o sujeito. Dotados de consciência, os
sujeitos têm o poder de agir sobre suas próprias vidas. Eles conhecem, agem, sentem e
querem – características que devem ser consideradas para distinguir o pesquisar para sujeitos
e o pesquisar sujeitos.
CONCLUINDO
A Ciência e a Filosofia utilizam o pensamento para interpretar a realidade.
FILOSOFIA: USO DO SABER EM PROL DA
HUMANIDADE
O que é Filosofia?
Abbagnano (1999) nota que esses dois elementos são recorrentes nas definições de Filosofia
em diferentes épocas:
A Filosofia é o estudo de questões fundamentais da vida humana, com o objetivo de
beneficiar o próprio homem.
A CIÊNCIA MODERNA
Não se fará aqui referência à Ciência em geral, mas à disciplina científica, que se caracteriza
como tal quando possui um objeto, um método e um corpo conceitual. Toda disciplina
científica tem obrigatoriamente um objeto, isto é, aquilo que ela quer conhecer. Logo, a
objetividade é uma de suas peculiaridades. Por isso, a objetividade tornou-se a característica
daquilo que é objetivo, isto é, a postura que o cientista adota ao ver as coisas como realmente
são.
Pode-se afirmar que a Ciência Moderna nasceu sob a égide do que se chamou método
experimental. De fato, a Ciência sempre se esforçou para eliminar tudo o que dizia respeito à
subjetividade a fim de poder definir, reproduzir e comunicar os fatos. E o fez prolongando
nossos sentidos por meio de instrumentos de medição, os quais determinaram o tratamento
meramente quantitativo dado a eles.
Pensou-se que, por meio da repetição dos experimentos, fosse possível evitar o risco de erro.
Sob essa perspectiva, o fato científico nada mais é do que o fato mensurável. Por isso, a
Ciência Moderna ocupou-se de descrever seus procedimentos de medida, valendo-se da
linguagem matemática para tornar essa descrição fiável.
A reprodução dos fatos é primordial para os cientistas modernos. Daí a importância adquirida
por aquilo que eles chamam de método experimental. Para aqueles que trabalham com os
fenômenos físico-naturais, não há Ciência sem experiência. A Ciência Moderna deslocou, do
sujeito para o objeto, a questão do método. Com isso, criou um grande problema,
principalmente para as ciências humanas, fazendo com que a questão do método fosse
aprofundada. Por exemplo:
CONCLUINDO
A Ciência Moderna ressaltou a importância de se reproduzir os fatos, por meio do método
experimental, com o objetivo de validá-los. Dessa forma, o foco passava a ser o objeto, que
poderia ser descrito e testado.
EMPÍRICO-INDUTIVO
CATEGÓRICO-DEDUTIVO
Lalande (1993), ao se referir a categórico-dedutivo, remete-nos ao termo dedutivo – que
constitui uma dedução – e atribui a ele quatro sentidos. Interessa-nos o segundo: falar de uma
conduta geral de pensamento, aquela que utiliza apenas o raciocínio (como nas matemáticas
puras), sem fazer apelo à experiência no curso de seu desenvolvimento. O método dedutivo é
chamado de:
CATEGÓRICO-DEDUTIVO
Quando se parte de proposições dadas como verdadeiras.
HIPOTÉTICO-DEDUTIVO
Quando essas proposições iniciais são apenas supostas a título provisório ou consideradas
como simples lexis.
EMPÍRICO-INDUTIVO
MÉTODO INDUTIVO
VERDADE INDUTIVA
Que resulta de uma indução.
O autor afirma haver um sentido usual na linguagem filosófica para o termo indução:
Toda disciplina científica tem uma terminologia própria, o que, na maioria das vezes, chega
mesmo a identificá-la, sem referência explícita a ela. Por exemplo:
Quando nos referimos a número, cálculo, binômio, congruência, resto, função, sequer
precisamos mencionar a Matemática.
O mesmo acontece com peso, massa, aceleração, movimento, vetor, gravidade, pois sabemos
que fazem alusão à Física.
O corpo conceitual diz respeito aos conceitos que são próprios a uma disciplina científica. Por
isso, a lógica do discurso de uma disciplina científica depende, também, de seu corpo
conceitual. Nesse ponto, retomamos a Epistemologia a partir da construção do corpo, da
investigação, do método, enfim, das condições necessárias para se construir um estudo
científico. Esse é um movimento intelectual, a formação de um campo formatado em uma forte
base epistemológica.
Na Epistemologia, não existe forma certa ou errada, mas desenvolvimento, busca humana pelo
conhecimento. Métodos podem ser refutados; resultados, discutidos; discursos, negados; mas
a Epistemologia é vivenciada na forma de pesquisa, na sua organicidade e melhora constante.
Epistemologia é considerar o objeto investigado de forma ampla e complexa, sua história, sua
relação com outros desenvolvimentos, e a certeza de ampliação e revisão constante dos
saberes.
Quando nos propomos a compreender a Pedagogia como uma Ciência, percebemos que ela
tem sua Epistemologia. Antes de conhecê-la, vamos compreender o conceito enquanto campo
de conhecimento.
CONCLUINDO
A Epistemologia busca representar e estruturar o conhecimento humano.
Para saber mais sobre a Epistemologia como reflexão crítica sobre os discursos filosófico
e científico, assista ao vídeo a seguir.
RESUMINDO
A Ciência significa saber, conhecer. Em sentido amplo, significa qualquer conhecimento.
A Ciência e a Filosofia utilizam o pensamento para interpretar a realidade.
A Filosofia é o estudo de questões fundamentais da vida humana, com o objetivo de
beneficiar o próprio homem.
A Ciência Moderna ressaltou a importância de se reproduzir os fatos, por meio do método
experimental, com o objetivo de validá-los. Dessa forma, o foco passava a ser o objeto, que
poderia ser descrito e testado.
A Epistemologia busca representar e estruturar o conhecimento humano.
EPISTEMOLOGIA
Disciplina filosófica que estuda a maneira pela qual os saberes científicos se constituem.
ANIMISMO
ARQUITETURA CONCEITUAL
É uma forma de arquitetura que utiliza o conceitualismo, caracterizado por uma
introdução de ideias ou de conceitos de fora da arquitetura, muitas vezes como um meio
de expandi-la.
Fonte: Hisour
SUJEITO
Aquele a quem se predica algo, que é anunciado como tal e toma suas ações a partir
disso, logo, parte componente da ação.
EUTIDEMO, DE PLATÃO
De acordo com Ribeiro (2014), o Eutidemo é um diálogo que oferece alguns problemas
quando situado nas tradicionais interpretações da filosofia platônica que tendem a ver os
diálogos como uma totalidade teórica.
VERIFICANDO O APRENDIZADO
GABARITO
A realidade, o mundo e o saber prático estavam presentes na Filosofia grega, berço da Ciência
Moderna. Mas a primazia, nesse sistema de pensamento, era da razão especulativa. E
chegava, segundo Ladrière (1979), a depositar nela a razão de ser e a finalidade da razão
prática.
Módulo 2
Os conhecimentos filosófico e científico exigem sempre que seus discursos sejam específicos,
porque seus conhecimentos decorrem de pensamentos rigorosos, que se dirigem a um objeto,
possuem um método e são lógicos, coerentes, não contraditórios. E assim devem ser, pois a
Ciência nasceu sob a égide da razão e da verdade. Não é por outro motivo que o rigor da
Ciência se encontra nos seus próprios discursos, a exemplo do discurso filosófico.
CONCLUINDO
Um discurso específico é capaz de caracterizar um campo cientifico. Desse modo, a
Educação, como Ciência, nasceu de uma construção discursiva que vem se consolidando de
forma específica.
A CIÊNCIA DA EDUCAÇÃO
A Educação é tida como uma prática social e até mesmo histórica. Mas, originariamente,
prática, ou fazer, tem o sentido de arte – a tékhne grega – e, como tal, exige um conhecimento
daquilo que se faz. Portanto, o sentido de tékhne é o de fazer e o de ensinar (saber) a fazer.
Para se fazer bem, é preciso conhecer o que se vai fazer; e para saber bem, é preciso
competência para fazer.
Muitas obras já têm feito a distinção entre Educação e Pedagogia, o que é importante para
caracterizar a Ciência da Educação, ou seja, a Pedagogia. Contudo, é preciso considerar a
inevitável indissociabilidade entre teoria e prática. Toda prática traz embutida em si uma ou
mais teorias e toda teoria traz em si mesma uma prática. Nem sempre se tem clareza sobre
isso. Basta ficar atento àqueles que querem sempre “aplicar” teorias.
Ao afirmarmos que a Pedagogia é a Ciência da Educação, consideramos a Educação seu
objeto. A questão fundamental é o que se concebe por Educação. Seria equivocado pensar que
a Pedagogia é uma reflexão sobre o que se faz nas escolas. Ela é muito mais do que isso.
Se considerarmos que somos adeptos da Ciência grega, podemos afirmar que sempre houve a
preocupação com um ideal de formação humana. Os gregos absorveram e transmitiram o
patrimônio cultural de muitos povos que os precederam, principalmente o babilônico e o
egípcio, e não deixaram de transmitir os seus próprios conhecimentos.
É preciso tomar cuidado com a expressão “ciências da educação”, embora ela seja bastante
difundida. Muitos atribuem-na àquelas ciências que, muitas vezes, servem de suporte para
algumas argumentações em termos pedagógicos, como a Sociologia, a Psicologia e a
Antropologia. Contudo, essas ciências não são da Educação. Mesmo que elas possam estudar
determinados aspectos acerca da Educação, elas o fazem sob a ótica de cada uma. Quanto à
Filosofia, não é considerada uma Ciência; pelo menos no sentido que esta tomou desde os
séculos XVI e XVII: estudo dos fenômenos, os quais são submetidos à prova matemática
(ciências formais) e à verificação (ciências empíricas).
Então, uma vez que consideramos a Pedagogia como a Ciência que estuda a Educação, como
se dá a organização do conhecimento científico?
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EM RELAÇÃO AO
MÉTODO
Não há um método específico para a Pedagogia, assim como não há para qualquer Ciência. É
uma opção que cabe a cada pesquisador. Tudo depende do ponto de partida (geral ou
particular).
EM RELAÇÃO AO
CORPO CONCEITUAL
A Pedagogia não tem um corpo conceitual definido, mas isso não causa problema algum, uma
vez que é possível se valer de conceitos utilizados por outras disciplinas científicas quando
necessário. A esses conceitos devem ser atribuídos significados absolutamente adequados à
própria Pedagogia.
É preciso dar um tratamento científico à Educação, pois apenas fazemos ideia do que ela seja.
Contudo, a ideia que dela fazemos é unilateral e, muitas vezes, falsa, porque é calcada no
senso comum. É preciso, também, ter acesso às teorias pedagógicas e que cada professor
questione, com frequência, seu papel social e profissional. As relações sociais, as influências
do meio, das condições de trabalho, da mídia, da política etc. fazem da Educação uma
atividade humana singular.
CONCLUINDO
A Pedagogia, como Ciência da Educação, utiliza o corpo conceitual de outras disciplinas
científicas para desenvolver os conhecimentos científicos sobre o fazer e o ensinar.
O CAMPO DA EDUCAÇÃO
Associando o entendimento do conceito epistemológico da Pedagogia como a Ciência da
Educação, precisamos nos remeter brevemente aos séculos XIX e XX.
SÉCULO XIX
Ainda que a Educação, enquanto técnica, tenha sido debatida, disputada e organizada ao
longo do tempo, a construção de um conjunto de pesquisas complexas, representações
sociais e vínculos com outras práticas científicas só emerge no século XIX.
SÉCULO XX
No estudo da Educação pela Pedagogia, a Epistemologia deve ser definida pelo
pesquisador, a partir de análises, vivências e debates sobre esse campo de estudos.
Para saber mais sobre a Pedagogia como Ciência da Educação, assista ao vídeo a seguir.
RESUMINDO
Um discurso específico é capaz de caracterizar um campo cientifico. Desse modo, a
Educação, como Ciência, nasceu da construção discursiva que vem se consolidando de forma
específica.
A Pedagogia, como Ciência da Educação, utiliza o corpo conceitual de outras disciplinas
científicas para desenvolver os conhecimentos científicos sobre o fazer e o ensinar.
No estudo da Educação pela Pedagogia, a Epistemologia deve ser definida pelo
pesquisador, a partir de análises, vivências e debates sobre esse campo de estudos.
RIGOR
VERIFICANDO O APRENDIZADO
A) Atualmente, podemos afirmar que Ciência não é Filosofia e Filosofia não é Ciência.
D) A Ciência é Filosofia, porque cabe a ela discutir problemas que são próprios da Filosofia.
2. SOBRE O USO DE CONCEITOS PELA PEDAGOGIA PODEMOS
PERCEBER QUE:
GABARITO
A Pedagogia emerge do campo da prática e a partir dela é teorizada. Esse movimento é muitas
vezes o inverso do esperado, pois, com base no olhar da Ciência do século XIX, espera-se que
a capacidade humana gere perguntas e constitua um campo de poder ou social. Quando
entramos no campo da Pedagogia, encontramos um fenômeno recorrente, histórico, tradicional,
diante de um exercício de compreensão do que representava aqueles séculos de prática. Por
isso, o seu corpo conceitual é importado, fruto de outras interações das ciências humanas que
se formularam como pesquisa, e a Pedagogia baseia-se nessa relação para aplicar seus
conceitos.
Módulo 3
EDUCAÇÃO INTEGRAL
Você sabe o que é Educação Integral?
EDUCAÇÃO INTEGRAL É EDUCAÇÃO EM
TEMPO INTEGRAL!
SIM
A afirmação está incorreta. Educação Integral não é educação em tempo integral. Apesar de
poder ser aplicada, não trataremos do tempo do aluno na escola, mas da formação do sujeito
de forma integral.
NÃO
Educação Integral não é educação em tempo integral. Apesar de poder ser aplicada, não
trataremos do tempo do aluno na escola, mas da formação do sujeito de forma integral.
A Educação Integral entende a existência do sujeito para além de sua condição cognitiva,
considerando seus afetos e suas dimensões sociais, psicológicas e físicas em um
contexto de relações. O sujeito tem desejos, anseios e demandas simbólicas, buscando
satisfazer-se por meio das suas diversas formulações de realização.
Gonçalves (2006) afirma que a Educação Integral propõe a visão do sujeito em diversas
dimensões, não apenas cognitiva, mas também como sujeito que tem afetos e desejos que
precisam de satisfação. Há muitos debates no campo da Educação versando sobre a educação
estética, sobre a questão da Neurociência, e uma série de outras pesquisas, as quais é
importante conhecer. Mas tudo isso parte de uma teoria pedagógica anterior, da percepção
filosófica do sujeito, e é sobre ela que nos atentaremos neste módulo.
Ela não pode ser meramente instrucional, pautada na repetição, na exposição unilateral de
conteúdo. Para que haja uma Educação Integral, é necessária a compreensão de que educar
é instigar o pensamento, ouvir opiniões contraditórias, construir argumentos, ou seja, é
necessário conhecer o sujeito.
CONCLUINDO
A Educação Integral abrange o sujeito em todos os âmbitos: o social, o psicológico, o
cognitivo, o sentimental, o físico e o emocional.
CONHECENDO O SUJEITO
Uma Pedagogia do Sujeito busca a construção do sujeito e que ele se reconheça como tal.
Para refletirmos sobre esse sujeito, um pensamento de Martin Claret:
O sujeito é quem se modifica, logo, é ele quem sabe. Saber tem conotação mais forte do que
conhecer. Saber é ter consciência do conhecer. E isso porque o ser humano não tem o
monopólio da aprendizagem. Modificar-se é fazer alusão à necessidade que temos, todos, de
nos construir e de nos reconhecer como sujeitos.
O SUJEITO SE DEFINE POR E COMO UM MOVIMENTO, MOVIMENTO DE
DESENVOLVER-SE A SI MESMO. O QUE SE DESENVOLVE É SUJEITO. (...)
PORÉM, CABE OBSERVAR QUE É DUPLO O MOVIMENTO DE
DESENVOLVER-SE A SI MESMO OU DE DEVIR OUTRO: O SUJEITO SE
ULTRAPASSA, O SUJEITO SE REFLETE.
DELEUZE, 2001
Observe que o desenvolver a si mesmo, o ultrapassar-se e o refletir alertam para a importância
de se dizer eu. Eu sou e, por ser, construo-me autônomo, livre e responsável, nos meus
comportamentos e nas minhas realizações. Por isso, é imprescindível que cada um de nós se
construa e se reconheça como sujeito. Construir-se sujeito nada mais é do que edificar-se nas
próprias dimensões. O sujeito emerge no limiar da interioridade e da exterioridade.
INTROSPECÇÃO
EXTROSPECÇÃO
ATENÇÃO
MEMÓRIA
INTUIÇÃO
PENSAMENTO
LINGUAGEM
IMAGINAÇÃO
PERCEPÇÃO
OUTRAS
Essas funções vêm sendo estudadas pelas ciências, demonstrando que, devido à noção de
sujeito ter surgido na Modernidade, não se pode, ao estudá-la, deixar de levar em consideração
as contribuições atuais da Antropologia, da Sociologia, da Biologia, da Linguística, das
Neurociências, das Ciências Cognitivas, dentre outras. Os aspectos psíquicos interpenetram-se
entre si, da mesma forma como os aspectos constituintes da exterioridade. E ambas, a
interioridade e a exterioridade, também se interpenetram.
O sujeito constitui-se de aspectos interiores e exteriores e está em constante
desenvolvimento.
A PEDAGOGIA DO SUJEITO
Uma Pedagogia é teoria e método. Método é a interação entre um procedimento de ensino –
os procedimentos de ensino têm a intenção de fazer com que o aluno aprenda o que tem de
aprender – e uma teoria correspondente. Alguns exemplos, apenas, permitirão ao leitor se
enveredar pelos caminhos do método pedagógico. Antes, convém observar que a Pedagogia
do Sujeito parte dos seguintes princípios:
Cada
sujeito é
um sujeito
O sujeito
é quem
aprende
O sujeito
aprende no
seu ritmo
O sujeito
aprende
com o erro
O sujeito
aprende
melhor em
grupo
Desde a indicação dos materiais que serão utilizados em classe até a análise e a compreensão
das atividades, depara-se o professor com a obrigação de indicar exatamente como as aulas
serão desenvolvidas e como as atividades devem ser propostas. Tal preparação demanda
pesquisa sobre os conteúdos a serem trabalhados, sobre a formulação das atividades, sobre a
lógica embutida nas suas proposições e sobre os procedimentos que permitirão desenvolvê-
las.
É preciso que o professor saiba que, se não fizer essa preparação, se não vivenciar a
experiência de também se submeter às atividades, prejudicará a aula. Portanto, trata-se de um
momento que não tem o propósito de instrumentalizar o professor para simplesmente repassar
a solução dos exercícios aos alunos.
Habituados a nos preparar para ensinar, para dar respostas, torna-se estranho e difícil
mantermos uma atitude coerente de deixá-los buscar suas próprias soluções. E,
especialmente, de fazer com que os alunos percebam os seus próprios erros. O professor
precisa entender que, ao se assumir sujeito, deve encarar o aluno como sujeito. O que não
acontece, por exemplo, quando o auxilia na solução ou soluciona um problema por ele.
É estranho e complexo para o aluno entender que, quando o professor nega a ele um dado
desnecessário ou uma resposta correta, esteja exatamente autorizando-o a trabalhar com
autonomia, com liberdade, isto é, a ser ele mesmo. Ao mesmo tempo em que professores e
alunos realizam suas atividades procurando vivenciar experiências particulares e conjuntas,
muitas vezes ainda nos causa estranheza que tal vivência, para ser coerente com a situação
de experiência, não deva ser antecipadamente preparada a fim de ser bem-sucedida.
Então, qual é o papel do professor em uma Pedagogia do Sujeito?
A prolixidade e o descuido com o significado e o valor das palavras dispersam a atenção dos
alunos, bem como os levam a não se responsabilizar pelo que dizem ou pelo que fazem.
Sem precisão e rigor de linguagem, diz-se por dizer e não há consequentemente o
cumprimento rigoroso da aula.
Quanto ao princípio de que os exercícios sejam inéditos, cumpre destacar que muitas
pedagogias trabalham num sentido radicalmente oposto ao apresentado, porque dão ênfase à
repetição, à apresentação de modelos de solução, ao exemplo, ao treinamento, à proposição
de situações regulares e rotineiras, que reduzem as dificuldades tanto de professores quanto
de alunos. Por isso, jamais se deve enfatizar resultados. Não se trata de negá-los, mas de
saber que fazem parte da situação vivenciada.
Na perspectiva da Pedagogia do Sujeito, as atividades não devem ter caráter utilitário, nem
finalístico. O aluno precisa conhecer. Logo, não interessa a ele visar a uma finalidade prática. O
importante é que ele compreenda que a finalidade não é desenvolver objetos, mas desenvolver
a si próprio.
A prática das atividades fundamenta toda análise. Não há precedência de teorias. A teoria é
subjacente a qualquer atividade. Essa concepção da teoria, inerente ou imbricada e não
dicotomizada da prática, constitui atitude interdisciplinar, substancialmente perceptível
quando professor e alunos discutem a realização das atividades.
Por isso, não cabe ao professor julgar o aluno, mas ao próprio aluno julgar se fez melhor. Ao
professor compete provocar atitudes de avaliação para que todos e cada um avaliem como
está se construindo o sujeito. A Pedagogia do Sujeito não se preocupa com o sucesso ou com
o fracasso, pois é vivenciando essas experiências que o sujeito é construído. A Pedagogia do
Sujeito jamais destaca que um sujeito tem maior ou menor habilidade nisto ou naquilo. Jamais
admite o raciocínio das compensações. Um aluno nunca é bom em uma coisa e ruim em outra.
CONCLUINDO
A Pedagogia do Sujeito tem como objetivo permitir que o aluno desenvolva a sua autonomia
na busca pelo conhecimento, a partir das suas próprias experiências individuais ou
coletivas.
A PROPOSTA DE UMA EDUCAÇÃO
INTEGRAL DO SUJEITO
A Pedagogia do Sujeito concebe e busca construir o sujeito em sua totalidade. E é por isso
que todas as atividades têm que trabalhar diversas habilidades. Deve-se alertar o aluno de que
um mau desempenho em uma atividade jamais será indicativo da impossibilidade de bem
realizá-la. Pelo contrário, é dessa atividade que ele mais necessita, uma vez que é ela que
apresenta desafios complexos, difíceis de serem enfrentados e a que mais o desenvolverá.
CONCLUINDO
A Pedagogia do Sujeito busca desenvolver o sujeito em sua totalidade e, por isso, é uma
proposta de Educação Integral.
Para saber mais sobre a Educação Integral e a Pedagogia do Sujeito, assista ao vídeo a
seguir.
RESUMINDO
A Educação Integral abrange o sujeito em todos os âmbitos: o social, o psicológico, o
cognitivo, o sentimental, o físico e o emocional.
O sujeito constitui-se de aspectos interiores e exteriores e está em constante
desenvolvimento.
A Pedagogia do Sujeito tem como objetivo permitir que o aluno desenvolva a sua autonomia
na busca pelo conhecimento, a partir das suas próprias experiências individuais ou
coletivas.
A Pedagogia do Sujeito busca desenvolver o sujeito em sua totalidade e, por isso, é uma
proposta de Educação Integral.
MARTIN CLARET
ALTERIDADE
Fonte: Wikipedia
VERIFICANDO O APRENDIZADO
A) Conhecer a si mesmo é uma exigência humana que tem perpassado o tempo e isso só pode
ser experimentado na prática.
B) Pautados no conhecimento que temos de nós mesmos, não seria possível conhecer a
Filosofia e a Ciência; logo, deve-se pensar e analisar o autoconhecimento como caminho.
C) Na verdade, há somente uma única maneira capaz de nos conduzir a nós mesmos: o
autoestudo.
D) Atividades que visem a despertar habilidades, para que o aluno possa pela prática perceber
e analisar o que está sendo realizado, assim como na vida.
GABARITO
1. Sobre a Educação Integral devemos ter como centro do processo que: