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Arabes Na História Resumo Islão - Cópia
Arabes Na História Resumo Islão - Cópia
A Arábia do século VII, onde surgiu o Islão era uma terra isolada. No entanto, esta
tornou-se num sistema de relações económicas internacionais e até, intercontinentais.
Assim a Arábia foi uma fonte viva de desenvolvimentos sociais e culturais.
Neste contexto podemos dizer que, a Arábia definiu-se como uma terra separada das
outras. Assim podemos dizer que, existem três Arábia. Uma a Oeste onde se encontrava,
o Hidjaz, isto é, barreira montanhesa de rochas primárias ou vulcânicas. A segunda
Arábia designava-se por Yémen. E por fim, a terceira Arábia era conhecida como o
Nadjd, ou seja, o planalto.
A religião da Arábia do Sul era politeísta e apresentava analogias, mais de ordem geral
do que de pormenor, como de outros antigos povos semitas.
Os Árabes do Sul parecem ter estabelecido colónias no Norte provavelmente para fins
comerciais. A primeira informação detalhada que se possui data da época clássica,
altura em que a penetração de influências helenísticas procedentes da Síria e a
exploração periódica da rota comercial da Arábia Ocidental deram origem a uma série
de estados fronteiriços, semi-civilizados nos desertos limítrofes da Síria e do Norte da
Arábia.
Estes Estados ainda que de origem árabe, encontravam-se sob uma forte influência da
cultura aramaica helenizada e utilizavam, de um modo geral, a língua aramaica nas suas
inscrições.
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Num dado momento, no século IV, as rotas comerciais parecem ter-se desviado do
Oeste da Arábia para outros canais através do Egipto e do Mar Vermelho e através do
Vale do Eufrates e do Golfo Pérsico. No sudoeste, as civilizações do Iémen
enfraqueceram e submeteram-se ao domínio estrangeiro. A perda de prosperidade e as
migrações das tribos do Sul para o Norte foram sintetizadas e simplificadas pela
tradição nacional árabe no episódio dramático da rotura do dique de Marib e
consequente devastação. A norte, os estados fronteiriços anteriormente florescentes ou
ficaram sujeitos ao domínio imperial ou regressaram a um anarquismo nómada.
O traço dominante da população centro e norte da Arábia neste período que precedeu a
ascensão do Islão era o tribalismo beduíno.
Na sociedade beduína a unidade social era constituída pelo grupo e não pelo indivíduo.
Este só tinha direitos e obrigações enquanto membro do respetivo grupo. O grupo
mantinha-se unido pela necessidade de autodefesa contra as dificuldades e perigos da
vida no deserto, e internamente pelos laços de sangue de descendência por linha
masculina, que constituía o vínculo social básico. A subsistência da tribo dependia dos
rebanhos e manadas e da pilhagem de aldeias vizinhas e de caravanas que se
aventuravam a atravessar a Arábia.
A organização política da tribo era rudimentar. O chefe era o sayyid ou sheikh, chefe
eleito, o qual raramente representava algo mais do que o primeiro entre os seus iguais.
Mais do que ditar ele seguia a opinião tribal. Não podia impor obrigações nem infligir
penalidades. Os direitos e as obrigações cabiam às diversas famílias no seio da tribo,
mas a nenhuma de fora. A função do “governo” do sheikh era mais de arbitagem do que
de exercício de autoridade. O sheukh era eleito pelos anciãos da tribo, normalmente de
entre os membros de uma única família, funcionando como uma espécie de “casa de
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sheikhs.” Assim o conselho dos anciãos era denominado por majlis, constituído por
chefes das famílias e pelos representantes dos clãs existentes na tribo. Os majlis
funcionavam como porta-voz da opinião pública.
A vida da tribo era regulada pelo direito consuetudinário, a Sunna, cuja autoridade
advinha da veneração pelo passado, e encontrava a sua única sanção na opinião pública.
A religião dos nómadas era uma forma de polidemonismo próxima do paganismo dos
antigos semitas. As entidades por eles adoradas eram, na origem, os habitantes e seres
tutelares de lugares específicos, que viviam nas árvores, nas fontes e especialmente nas
pedras sagradas. Havia alguns deuses no sentido real que transcendiam na sua
autoridade as fronteiras dos cultos puramente tribais. Os três principais eram Monat,
Uzza e Allat, que estavam submetidos a uma divindade superior, Allah. A religião tribal
não possuía um verdadeiro clero. A fé tribal concentrava-se à volta do deus da tribo,
geralmente simbolizando uma pedra.
O oásis era a única exceção a este modo de vida nómada. Aqui, pequenas comunidades
sedentárias formavam uma organização política rudimentar, e a família a mais
importante do oásis estabelecia, em regra, uma espécie de regime de pequena realeza.
Maomé terá nascido em Meca por volta de 570 d.C. Na família dos banu hashim em que
pertencia a família dos quraish.
Pouco depois de nascer Maomé ficou órfão e foi criado pelo avô e mais tarde, pelo seu
tio Abu Talib que era mercador.
Meca era, entretanto, uma cidade comercial e pensa-se que durante algum tempo
Maomé se tenha ocupado a dirigir alguns negócios.
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Maomé exerceu o ofício de mercador e de caravaneiro.
Foi no dia 27 do mês do Ramadão do ano 610 (9º mês do calendário islâmico) que
Maomé ouviu o chamamento quando, na gruta de Hira no Monte da Luz, lhe apareceu o
Arcanjo Gabriel. Este repetiu-lhe várias vezes: «recita». Maomé soube então que Alá o
escolhera para ser seu enviado, encarregado de «recitar» aos homens as revelações que
lhe eram transmitidas por Gabriel ou pelo Espírito Divino: essas revelações
fragmentárias, agrupadas posteriormente, iriam constituir o Corão.
Maomé apresentou-se como aquele que adverte, que anunciava a chegada próxima do
juízo final, no decorrer do qual o Deus único, grande justiceiro, recompensava os
homens conforme as suas ações. Dizia que, a finalidade desta vida não era tornarmo-nos
ricos, mas a submissão a Alá e a obediência aos seus mandamentos: fazer a oração e
praticar a esmola.
Após a morte do seu tio e também da sua esposa Khadija, a situação de Maomé em
Meca alterou-se. Entretanto Maomé havia-se tornado mais agressivo e começou a atacar
abertamente a religião existente em Meca.
O último período da sua permanência em Meca foi assinalado pela perseguição da vida
dos muçulmanos que foi suficientemente forte para dar origem à retirada de um grupo
de adeptos de Maomé para a Abissínia.
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Porém a nova fé do Islão continuava a atrair novos discípulos entre os mais notáveis
destacam-se Abu Bakr, Omar e Othman. O facto de não conseguir em Meca um
progresso significativo levou Maomé a tentar o êxito noutras cidades. Assim em 622,
aceitou o convite do povo de Medina e para lá se transferiu, convidando os seus adeptos
a acompanhá-lo. Deu-se, portanto, a Hégira que não se tratou de uma fuga, mas sim de
uma “migração.”
Esta ida de Maomé para Medina foi um ponto de viragem e os quraish não esboçaram
qualquer tentativa de o impedir. O povo de Medina convidara Maomé por se tratar de
um homem possuidor de um espírito e força invulgares capaz de arbitrar e resolver as
suas dissidências internas.
Houve divergências de opinião entre o povo de Medina sobre se deveria ou não recorrer
a esse árbitro “estrangeiro.” Os que apoiaram Maomé ficaram designados pela tradição
por Ansar e os que se lhe opunham eram designados de Munafiqun.
Efetivamente Maomé acaba por instalar-se em Medina e aí tudo muda, toda a realidade
era diferente para o Profeta.
Em Meca Maomé era apenas um cidadão, em Medina era o magistrado supremo de uma
comunidade. Em Meca era forçado a submeter-se de forma mais ou menos passiva à
ordem existente, em Medina era ele que governava. Em Meca pregava o Islão, em
Medina podia pô-lo em prática.
Antes de mais, Maomé teve de fazer frente aos Munafiqun, cuja oposição era
essencialmente política (só mais tarde estes converteram-se ao Islão).
Desde a sua chegada a Medina, Maomé detinha poderes políticos suficientes para se
proteger e proteger também os seus adeptos contra qualquer tipo de oposição violenta
que pudesse surgir.
Porém, no seio da Umma, todos esses direitos vieram a ser abandonados e todas as
disputas submetidas à decisão de Maomé.
A Umma veio completar mais do que suplantar os costumes sociais da Arábia pré-
islâmica, todos os seus conceitos se inseriam numa estrutura de tribalismo. Manteve as
práticas pré-islâmicas em matéria de bens, de casamento e de relações entre membros da
mesma tribo.
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A Umma tinha, portanto, um duplo carácter. Por um lado, era um organismo político,
uma espécie de tribo nova de que Maomé era o sheikh e os muçulmanos e os outros, os
seus membros. Todavia também possuía um significado religioso.
O próprio Maomé nunca foi criticado por consentir estes atos de pilhagem, que de resto,
eram vistos por todos como legítimos. As expedições contra o comércio de Meca
serviam um duplo propósito: por um lado ajudavam a manter o bloqueio à cidade, única
forma de a submeter à nova fé. Por outro lado, iam aumentando o poder, a riqueza e o
prestígio da Umma em Medina.
O próprio Islão começou a transformar-se. Maomé pregava agora uma religião nova da
qual ele era o Profeta. Essa nova religião era mais estritamente árabe e, com a adoção da
kaaba de Meca como local de peregrinação a conquista da cidade tornou-se um dever
religioso.
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sendo que os muçulmanos foram autorizados a efetuar a peregrinação a Meca no ano
seguinte e a lá permanecer durante 3 dias.
Com a tomada de Meca e submissão dos Quraish à Umma do Islão, a missão do Profeta
estava concluída. O traço mais significativo do último ano foi a reação das tribos
nómadas à comunidade de Medina. Maomé deparou-se com situações que lhe eram
totalmente desfavoráveis.
O sistema que lhes propunha era-lhes estranho em todos os pontos de vista, exigindo a
renúncia ao seu imenso amor pela independência individual e uma parte importante do
seu código de virtudes e tradições anuais (?).
Com a morte do Profeta, surgiu uma nova religião. Dotou essa religião de um livro de
revelações, criou uma comunidade e um Estado bem organizado e armado.
Califas
Abu Bakr: Neste califado, o Islão assegurou o domínio da Arábia, sobretudo na região
central e multiplicou as incursões aos confins da Síria e do Iraque.
Além disso, neste califado também se deve destacar o movimento surgido entre as tribos
(ridda). As guerras da ridda transformaram-se numa guerra de conquista que veio a
expandir-se muito além das fronteiras da Arábia.
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Assim neste califado podemos dizer que, houve uma oposição entre as sociedades
nómadas que ocupavam o centro da Península Arábica e a parte ocidental e as
sociedades urbanas que caracterizavam o Iémen e o Hadramault.
Omar: Instituiu um sistema de acordo com o qual o Império, no seu conjunto era
confiado à comunidade muçulmana. Sendo que, o califa era o seu mandatário. Além
disso, nomeou num colégio eleitoral um shura.
Othman: Tal como Muawiya era membro de uma das famílias dominantes de Meca. As
guerras de conquista que constituíram o ponto essencial da história árabe até à morte de
Omar sofreram uma interrupção. A migração do povo árabe chegara ao fim. Os árabes
tinham invadido em massa as províncias ocupadas. Neste contexto, houve uma revolta
contra Othman que não foi religiosa nem pessoal. Foi uma revolta dos nómadas contra
qualquer tipo de controlo centralizado. O ataque contra Othman vinha do Egipto, mas
situou-se em Medina. Talha, Zubair, Amr e Aisha constituíram centros de conspiração
contra o califa.
Ali: Assinalou o fim de Medina como capital do Império Islâmico, pois mais nenhum
califa passou a residir na cidade. Era a primeira vez que um califa conduzia um exército
muçulmano para uma guerra civil contra outros muçulmanos. Ali e o seu exército
dirigiram-se a Kufa. Depois avançou para Barsa e derrotou as forças dos seus inimigos
na batalha do camelo. Talha e Zubair foram mortos e Aisha foi enviado para Meca. Ali
regressou a Kufa que passou a ser a sua capital. Depois disto, Ali teve conflitos com
Muawiya. Tiveram um confronto no qual, Muawiya exigiu a extradição e castigo dos
assassinos de Othman e a abdicação de Ali assim como a convocação de um novo shura
para eleger um novo califa. Neste contexto, um grupo de adeptos descontentes com a
aceitação de Ali e a sua recusa em combater Muawiya formaram um partido os
kharijitas.
Omíadas
Com os omíadas o Islão sagrou-se, em plena Idade Média, como prolongamento dos
grandes Impérios à antiga. Assim recobre a Grécia e a Ásia Menor.
Neste contexto podemos dizer que, Muawiya tornou-se chefe único do Islão. Assim
quando Muawiya subiu ao trono a situação apresentava-se difícil. A administração do
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Império estava descentralizada e desorganizada. Havia ressurgido o anarquismo e a
indisciplina nómada que já não estava dependente de um vínculo religioso ou moral,
conduzia a uma falta de unidade no Império.
O vínculo teocrático que mantivera coeso o primitivo califado fora quebrado com o
assassinato de Othman, a guerra civil que lhe seguiu e a transferência da capital de
Medina.
Deu então início à conversão da teocracia teórica islâmica numa monarquia árabe,
assente na casta dominante árabe.
Através das campanhas contra os bizantinos, Muawiya teve o papel de defensor do Islão
e de condutor da guerra santa, exigindo e recebendo a fidelidade religiosa da maior parte
dos árabes.
O novo vínculo moral que veio tomar o lugar do vínculo religioso desaparecido foi
moldado na lealdade da nação árabe ao seu chefe reconhecido.
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mais engenhosos de persuasão. Nas províncias a sua autoridade era exercida por
intermédio de governadores designados para o efeito. O mais importante foi Ziyâd,
governador do Iraque.
Na sua administração, o califado omíada não era tanto um estado árabe quanto um
sucessor dos estados persas e bizantino. A máquina administrativa permaneceu intacta,
no que diz respeito aos quadros dos funcionários. Um dos problemas vitais para a
estabilização do Império residia na regulamentação da sucessão do califa. Antes dessa
regulamentação havia apenas dois processos: a eleição e a guerra civil.
O regime de sucessão por via hereditária era ainda demasiado estranho para os árabes.
Muawiya, com a sua habitual diplomacia, encontrou uma solução, de compromisso ao
designar o seu filho Yazid. Este constituiu um bom exemplo da forma como funcionava
o seu parlamentarismo tribal.
Em 680, Yazid sucedeu no califado sem perturbações graves. Foi hábil e competente. A
sua fonte de preocupações foi o evoluir dos acontecimentos no Iraque. O regime rígido
de Ziyad e ainda mais duro do seu filho Ubaidallah haviam contribuído para acentuar o
descontentamento dos árabes no Iraque em relação ao domínio Sírio, levando a um
movimento favorável a Hussein, filho mais novo de Ali e neto de Maomé. No ano 680,
Hussein e um pequeno grupo de familiares e de partidários foram massacrados pelo
exército omíada na batalha de Karbala. Nem mesmo assim cessou o desenvolvimento de
um partido opositor aos omíadas, centrado nas reivindicações da linha de Ali.
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Em 683 Yazid morreu e sucedeu-lhe o seu filho Muawiya II. Seguiu-se um período de
crise e instabilidade, que assistiu ao surgimento dos primeiros conflitos tribais. A morte
de Muawiya II após um reinado de apenas 6 meses foi seguida de um interregno e da
eclosão da 2ª Guerra Civil do Islão. Na Árabia, Ibn az-Zubair filho de Zubair, que se
opusera a Ali, apresentou-se como pretendente ao califado, mas desperdiçou uma
oportunidade excelente devido à sua recusa obstinada em abandonar Meca e fixar-se na
Síria. Na Síria eclodiu um conflito aberto entre tribos árabes locais e hostis, que
terminou com a vitória dos omíadas sobre os seus adversários na batalha de Marj Rahit
em 684.
Marwan, membro de um outro ramo da casa omíada foi então proclamado califa, com o
controlo efetivo da Síria e do Egipto. Antes da sua morte conseguiu providenciar no
sentido da sucessão do seu filho Abd al-Malik, a quem coube a tarefa de restaurar a
unidade do Império e a autoridade do governo, e de criar um novo organismo de Estado
que suprisse a situação de desagregação do governo de Muawiya II.
A 2ª Guerra Civil foi mais complexa e envolveu riscos mais graves do que a primeira. A
nível económico sabe-se pouco, mas os omíadas agiam de forma arbitrária e muitas
vezes inesperada, sem preocupações em respeitar precedentes consagrados ou planos.
A sociedade omíada tinha como base a ascendência exercida pelos árabes, os quais
formavam uma casta social hereditária à qual só podia ascender por via do nascimento.
Não pagavam impostos sobre as suas terras ficando sujeitos apenas ao pagamento de um
dízimo religioso. Só eles podiam ser recrutados para o Ansar, constituíam a grande
maioria dos guerreiros, com direito a pensões mensais e anuais e a subsídios em géneros
e espécie, provenientes de pilhagens e das receitas obtidas das províncias conquistadas.
Ainda antes da ascensão ao trono dos omíadas, os árabes começaram a adquirir terrenos
fora da Arabia. A partir do reinado de Muawiya, o número de propriedades rurais árabes
foi aumentando. Essas propriedades eram adquiridas de duas formas através da compra
a proprietários não árabes, ou mediante doação feita pelo governo árabe. O novo regime
árabe herdara os vastos domínios dos governos bizantinos e persa.
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muçulmanos. No sentido de assegurar o cultivo dessas terras e garantir a cobrança de
impostos sobre estas, os califas puseram em prática a concessão de arrendamentos
denominados de Qatai, aos membros das suas famílias e a outros árabes ricos e
considerados. Assim estes implicavam a obrigação de cultivar a terra dentro de um
período de tempo estipulado e de cobrar os impostos e proceder à sua entrega ao
governo. Ao contrário dos proprietários rurais não árabes e dos camponeses que
estavam sujeitos ao pagamento integral do imposto herdado do antigo regime, os
proprietários muçulmanos-árabes limitavam-se a pagar o dízimo.
O número de Qatai aumentou rapidamente, cobrindo vastas áreas das melhores terras.
Os titulares dos qatai não residiam, normalmente nas propriedades, mas sim no Ansar
ou na capital, entregando o cultivo das terras a um rendeiro nativo ou a mão-de-obra
semi-servil.
Os califas omíadas e muitos outros homens ricos viviam faustosamente nas cidades e
inclusivamente no deserto.
Os Mawali afluíram em grande número aos Ansar árabes onde edificaram grandes
burgos exteriores de operários, artificies, lojistas, mercadores, satisfazendo a
aristocracia árabe.
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O número dos Mawali aumentou rapidamente, ultrapassando em breve o dos árabes. A
sua fixação maciça nas cidades fortificadas veio dar origem a uma população urbana,
descontente e insatisfeita, cada vez mais consciente da sua importância política, da sua
superioridade cultural e da sua participação cada vez maior mesmo nas operações
militares. O seu descontentamento era sobretudo de carácter económico.
Mais do que uma revolta nacional contra os árabes, o shiismo foi uma revolta social
contra a aristocracia árabe, o seu credo e o seu estado.
Os Mawali persas e outros foram atraídos pelas formas mais extremistas e intransigentes
do shiismo. Uma das ideias fundamentais que introduziram na cena religiosa com
origem na experiência cristã, judaica e persa, foi a de Mahdi (aquele que é guiado pela
justiça).
Os Omíadas, devido ao crescente descontentamento dos seus súbitos, não podiam contar
com o apoio unânime dos árabes. O sentido de independência tribal era ainda muito
forte entre os árabes nómadas. Em Meca e Medina, os pietistas, que nunca haviam
aceitado o compromisso de Muawiya de “arabismo” e “centralização”, formaram uma
oposição teocrática, acentuando o aspeto independente e religioso do califado patriarcal,
cujo ideal defendiam.
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O movimento dos kharijitas constituiu uma expressão mais grave do desejo de rejeição
do Estado centralizado e de retorno a uma ordem pré-islâmica.
No espaço de 20 anos que se seguiu à morte de Ali, tiveram lugar no Iraque algumas
insurreições kharijitas pouco significativas, culminando com a revolta em massa por
morte de Yazid. Os kharijitas nunca foram bem-sucedidos devido a conflitos internos.
Durante o governo de Abd al- Malik, foram esmagados no Iraque e empurrados para a
Pérsia. Estavam praticamente aniquilados nos inícios do século VIII.
A principal fraqueza interna da ordem omíada e que acabou por determinar a sua queda
estava nas repetidas e constantes rixas entre as tribos árabes. A tradição nacional árabe
dividiu as tribos em dois grupos principais: os do Norte e os do Sul com uma elaborada
árvore genológica. Houve conflitos inter-tribais na Arábia pré-islâmica, mas entre tribos
vizinhas, muitas vezes aparentadas. O aumento dessas contendas entre grandes
confederações tribais foi uma consequência das conquistas.
A principal zona de conflito na 2ª guerra civil foi o Iraque. Kufa constituía o principal
centro e assistiu a uma série de convulsões. Os primeiros anos de reinado de Abd
alMalik foram dedicados ao restabelecimento da ordem entre os árabes, à resolução dos
problemas da dinastia e ao estabelecimento da paz na fronteira norte, através de um
acordo com o Imperador Bizantino.
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o poder militar do exército sírio. O califado de Abd al-Malik não era ainda uma
autocracia do velho tipo oriental, mas antes uma monarquia centralizada. Durante o seu
reinado, deu-se início a um processo designado de “organização e ajustamento.”
Os antigos sistemas administrativos bizantino e persa, até então vigentes nas diferentes
províncias, foram dando lugar a um novo sistema imperial árabe, em que a língua árabe
era a língua oficial da administração e da contabilidade.
Em 696 foi instruída a cunhagem árabe em substituição das moedas bizantinas e persas.
Abd al-Malik e os seus conselheiros foram também responsáveis pelo início de um
processo de racionalização fiscal, que depois formou um novo sistema tributário
especificamente islâmico. Legou ao seu sucessor um império poderoso e pacificado,
enriquecido pelos esforços despendidos em obras públicas e de reconstrução.
O reinado de Walid foi o ponto culminante do poder omíada. O principal interesse desse
período foi o retomar das conquistas e da expansão, agora alargada a três novas áreas.
Na Ásia Central, para Sul e na Península Ibérica a partir de 710.
Durante o reinado de Sulaiman foi empreendida uma grande expansão (falhada) contra
Constantinopla. O seu fracasso acarretou uma grave crise para o poder omíada. O
esforço financeiro provocou o agravamento da situação fiscal e financeira. O total
aniquilamento da frota e do exército da Síria junto às muralhas de Constantinopla privou
o regime da sua principal base material de sustentação. Neste momento crítico,
Sulaiman no leito da morte indica como seu sucessor o piedoso Umar ibn Abd al-Aziz,
que mais do que qualquer outro dos princípes omíadas era a pessoa indicada para levar a
cabo a tarefa de reconciliação, única via possível para a salvação do estado Omíada.
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pagamento total do imposto a todos os proprietários rurais muçulmanos, provocara uma
onda de indignação e revolta, revelando-se impraticável. Umar II tentou superar estas
dificuldades através de um acordo segundo o qual os proprietários muçulmanos ficavam
sujeitos apenas ao pagamento do Ushr e não ao kharaj (a tributação mais elevada), mas
a partir de 719 deixariam de ser reconhecidas as transferências de terras sujeitas a
tributação para os muçulmanos. A partir daí os muçulmanos só podiam arrendar os
referidos terrenos, ficando sujeitos ao kharaj. Com o propósito de pacificar os Mawali,
permitiu que se estabelecessem nas cidades fortificadas sem quaisquer impedimentos e
isentou-as do kharaj e da jizya, que começava a designar especificamente o imposto
individual pago pelos não-muçulmanos. No entanto, e à excepção de khurasan,
continuavam a receber uma remuneração muito inferior à dos guerreiros árabes.
Relativamente aos próprios árabes, concedeu um nivelamento das remunerações
segundo a taxa vigente, na Síria e ainda pensões para as viúvas e os filhos dos soldados.
Estas medidas foram acompanhadas de uma política mais austera em relação aos
dhimis, prestes a serem excluídos da administração onde até à data haviam prestado
serviço em grande número, ficando sujeitos às discriminações sociais e financeiras
impostas por lei.
Hisham terá sido um monarca ganancioso, mas pouco se sabe do seu governo a não ser
de alguns dados referentes à política seguida pelos três principais governadores
provinciais de Hisham: Ubaidallah ibn al-Habhad no Egipto; Khalid al-Qasrino no
Iraque e Nasr ibn Sayyar no Khurasan.
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superintendentes financeiros autónomos, ao lado dos governadores provinciais, a quem
cabia a tarefa de levar a efeito o levantamento e o censo que serviriam de base à nova
tributação.
Após a morte de Hisham, o reino árabe foi declinando até a sua queda. A intensificação
violenta dos conflitos tribais e o desenvolvimento de uma oposição ativa xiita e kharijita
processaram-se de tal modo que em 744 a legitimidade do governo central foi posta em
causa mesmo na Síria, e ignorada no resto do território. O último dos omíadas, Marwan
II foi um soberano inteligente e competente mas era demasiado tarde para salvar a
dinastia.
O fim chegou vindo do partido que se intulava Hashimiya. Abu Hashim, filho de
Muhammad ibn al- Henafiya estivera à cabeça de uma seita extremista xiita com o
apoio do Mawla. Por sua morte, sem deixar descendência masculina, a sucessão foi
reclamada por Muhammad ibn Ali ibn al-Abbas, descendente de um tio do profeta.
Haviam trazido consigo os seus conflitos tribais que se desenvolveram e espalharam nos
novos territórios. Os árabes constituíam uma pequena minoria no seio da população
persa, de temperamento belicoso e descontentes com a situação de inferioridade social e
económica.
A propaganda hashimita partiu de Kufa, cerca de 718, fazendo apelo aqueles para quem
a família do profeta representava os chefes legítimos do Islão e que acreditavam no
advento de uma nova era de justiça. Dirigida inicialmente aos árabes pelos árabes, a
missão hashimita em breve atraiu muitos Mawali.
O sucessor de Muhammad foi o seu filho Ibrahim que em 745 enviou Abu Muslim, a
Mawala do Iraque como seu agente para o Khurasan onde este teve um êxito
considerável entre as populações árabe e persa, e mesmo entre a aristocracia rural.
A orientação de Abu Muslim foi aceite de um modo geral e em 747 teve início o putsch
kashimita e as bandeiras negras dos abássidas foram içadas no Khurasan. O conflito
entre as tribos árabes do Khurasan impediu-as de oferecerem resistência eficaz ao novo
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movimento até ser demasiado tarde. Uma vez estabelecidos a leste, os exércitos de Abu
Muslim progrediram para Oeste e o que restava dos exércitos omíadas foi dizimado na
Batalha do Grande Zab. A casa omíada e o reino árabe desapareceram. Em seu lugar, o
abássida Abul-Abbas que sucedera a seu irmão Ibrahim na chefia do partido, foi
proclamado califa com título de Saffah.
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O xiismo era um produto da espiritualidade iraniana e surgiu no ambiente árabe
de Kufa. Era um movimento que lutou com todas as forças pelo califado, mas
que nunca o conquistou, era muito mais um «partido de oposição político-
religioso no velho Islão»;
• O xiismo passou a impor-se como «confissão» própria dentro do Islão, com uma
fé e um culto próprio: Ali como único e verdadeiro califa e imã do xiismo, e
Hussein como sua primeira testemunha;
• O princípio dinástico foi subvertido pela oposição xiita, através da confissão
direta à família do profeta: em vez da dinastia hereditária do califado dos
Omíadas, tinhamos a sucessão dos imãs (chefes máximos espirituais);
• Omar II: Com Omar II, verificou-se, pela primeira vez, uma importante
influência positiva da erudição escrita islâmica, que manteve, uma atitude de
hostilidade para com o califado omíada. Omar II não se encontrou interessado
em continuar a expansão para o exterior, concentrando-se muito mais, desde o
início, nos problemas urgentes de política interna. Após a sua eleição, levantou o
cerco a Constantinopla, iniciando pelo seu antecessor direto, o califa Sulaiman,
com enorme esforço financeiro.
Os governadores impopulares foram destituídos e os mais importantes cargos
administrativos foram renovados. A sua maior preocupação foi a observância do
direito. Para ele, o mais importante era o retorno aos primeiros princípios
islâmicos e a restauração da união interna da Umma.
Desta forma, esperava impedir o colapso do Império Omíada e recuperar uma
base de confiança o mais alargada possível entre a população muçulmana.
Mostrou-se muito preocupado com a expansão da fé islâmica, autorizou os
beduínos a darem aulas de religião. Omar II realizou um esforço para a
reconciliação com os Iraquianos e os xiitas e, sobretudo para a igualdade
absoluta de direitos dos muçulmanos não árabes. Introduziu uma profunda
reforma administrativa em que, todos os muçulmanos não árabes do exército e
da administração, do comércio e do artesanato, que tinham um papel destacado
na expansão do Islão, deviam ser aceites no império como membros de pleno
direito. A este aspeto juntou-se a reforma tributária que era destinada a trazer
maior justiça, mas que não descuidava, os interesses financeiros do império.
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Abássidas
Tópicos Principais
• Prometeram aos seus apoiantes que a religião teria um papel mais central se
tomassem o poder e que as diferenças entre os muçulmanos árabes e os não
árabes iriam terminar;
• Desencadearam uma revolta a partir do Khorasan;
• Capital em Bagdade;
• Esta dinastia teve o seu apogeu no reinado Harun al- Rashid;
• Após a morte de Harun houve um período de guerra civil entre Al Amin e Al
Mamun;
• A influência persa predominou na vida política do califado e a nível cultural o
fundo árabe misturou-se com elementos persas, sírios e indianos;
• Os Abássidas conseguiram derrotar militarmente o califa Marwan II e ocuparam
Damasco;
• Saffah queria liquidar a elite omíada. Acabou por capitular a grande
cidadefortaleza de Wasit, onde a maioria dos oficiais sírios foram enforcados;
• Abu Maslim foi nomeado governador do Khorasan pelos abássidas. Abu Maslim
começou a tornar-se, demasiado importante para os novos soberanos. Al-Mansur
mandou-o liquidar à traição. Assim Abu Maslim tornou-se o símbolo da
oposição sócio religiosa contra os abássidas;
A nova ordem tornou-se bastante clara e nítida sob o mandato do segundo califa
abássida, Al- Mansur que, devido à morte do seu irmão Saffah, tornou-se o verdadeiro
fundador do califado abássida e com a ajuda dos sunitas tudo fez para consolidar o
regime, após os inícios revolucionários com a ajuda dos aliados;
• Após ter mandado assassinar Abu Maslim, assim com vários outros partidários e
potenciais rivais e depois de se ter virado contra os antigos aliados e de também, ter
derrubado a oposição de Medina, fundou uma nova capital. A nova cidade tornou-se
o grande centro imperial (Bagdade);
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• Al-Mansur e os seus sucessores mandaram construir um número cada vez maior
de palácios novos e complexos administrativos, com inúmeros jardins e termas
com bancos, nas duas margens do Tigre;
A substituição dos Omíadas pelos Abássidas traduziu-se numa revolução. Isto ocorreu
devido a uma propaganda e a uma organização revolucionária, representando e
expressando o descontentamento de elementos importantes das populações face ao
regime anterior.
Pretendia-se derrubar a ordem existente. Uma das primeiras medidas tomadas pelos
abássidas foi o aniquilamento da ala extremista do movimento, que os levou ao poder.
Abu Muslim e muitos dos seus companheiros foram executados. Foi na insatisfação
socioeconómica da população urbana menos favorecida, nomeadamente dos mercadores
e artesãos mawali que a força impulsionadora da revolução foi procurada.
O fim das guerras de conquista, única atividade produtora da aristocracia árabe, classe
dominante do reino omíada, tornou essa classe historicamente redundante, abrindo
caminho ao estabelecimento de uma nova ordem social assente numa economia serena,
agrícola e comercial, com uma classe cosmopolita dominante de funcionários,
comerciantes, banqueiros, proprietário rurais.
A dinastia abássida transferiu o centro de gravidade para o Iraque, centro tradicional dos
grandes impérios cosmopolitas do Próximo e Médio Oriente.
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Mansur o segundo califa abássida, praticamente o fundador do novo regime, estabeleceu
a base permanente da capital abássida numa cidade nova, Bagdade.
A cidade fundada perto de um canal navegável que ligava os rios tigre e Eufrates
ocupava uma posição-chave no cruzamento de rotas em todos os sentidos e na rota da
Índia. Bagdade floresceu tb como metrópole comercial esta transferência simboliza
a passagem de um estado de influência bizantina para um Império do médio Oriente
Do sheikh tribal que governava de acordo com a casta árabe dominante, passou-se ao
califa autocrata, proclamando a origem divina da sua autoridade.
O califa continuava sujeito aos preceitos da sharia a lei sagrada do Islão. O califado
abássida foi uma autocracia assente na força militar, e reivindicando um direito quase
divino.
A classe dos escribas era recrutada de entre os mawali e gozavam de elevado estatuto
social. A classe era ordenada numa série de diwans (ministérios). O contingente de
funcionários empregados por esses diwans estava sob o controlo supremo do wazir. O
wazir era o chefe de toda a máquina administrativa e detinha vastos poderes.
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Quanto à economia o império dispunha de valiosos recursos: trigo, cevada, tâmara,
azeitona. Era igualmente rico em metais. A prata era trazida das províncias orientais
enquanto o ouro provinha do Ocidente (Núbia e Sudão). Havia ainda cobre, ferro,
pedras preciosas, pérolas (Golfo Pérsico) e madeira (Oriente). Fazia-se um comércio
considerável tanto a nível da importação como da exportação.
A indústria mais importante era a dos têxteis, que se iniciara durante o regime omíada e
estava agora em ampla expansão. Produzia-se todo o tipo de produtos, para consumo
interno e exportação. A indústria estava organizada em parte sob o controlo do Estado e
em parte por iniciativa privada. O sistema normal de produção era doméstico.
O comércio do império islâmico era muito mais vasto. Viajava-se até à Índia, Ceilão,
China. Trazia-se seda, especiarias, essências, madeiras, estanho e outros produtos
destinados ao consumo interno e reexportação, e também papel, tintas, animais exóticos,
selins. Do Império Bizantino eram trazidos utensílios de ouro e prata, moedas de ouro,
drogas, escravas.
Havia também comércio com a zona do Norte da Europa, Escandinávia e Rússia, e com
a África. O comércio com a Europa Ocidental foi inicialmente interrompido pelas
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conquistas árabes, mas retomado pelos judeus que serviam de elo de ligação entre os
dois povos hostis.
A economia do Império Islâmico fora desde o início bimetalista, com o dirham de prata
persa a circular no Leste e o denário (dinar) de ouro bizantino no Ocidente. Estas
emissões foram mantidas pelo califado. O sarraf ou cambista passou a ser essencial no
mercado muçulmano, dando depois origem aos grandes banqueiros. Aparecem os
cheques, letras de crédito e contas bancárias. Esta florescente vida comercial da época
reflete-se no pensamento e na literatura.
Porém, de início o governo era ainda predominantemente árabe nos seus cargos mais
elevados. A dinastia continuava a ser árabe e a língua árabe era ainda a única língua
governamental e cultural. A superioridade teórica dos árabes mantinha-se e levou ao
aparecimento do movimento shuubiya nos círculos literários e intelectuais, apoiando as
reivindicações de uma situação de igualdade para os não-árabes.
Mas a partir desta altura os árabes deixaram de ser uma casta fechada e hereditária e
passaram a ser um povo. A emancipação social dos mawali consistia na sua plena
aceitação como árabes e mesmo os pretorianos khurasanianos dos califas tornaram-se
completamente arabizados.
Em substituição da aristocracia árabe o Império tinha uma nova classe dirigente, os ricos
e os letrados.
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Os dhimis, estes eram cidadãos de segunda classe, pagando impostos a uma taxa mais
elevada, sofrendo algumas discriminações sociais. Gozavam de livre exercício da sua
religião, direitos de propriedade.
Depois da morte de Harun, conflitos explodiram em guerra civil aberta entre os seus
filhos Amin e Mamun. A força de Amin assentava na capital e no Iraque, a de Mamun
na Pérsia. Mamun venceu, mas manteve Bagdade como capital e centro das grandes
rotas comerciais.
A custo o califa recuperou o controlo direto do Iraque, mas quanto ao resto do Império
teve de se contentar com tributos ocasionais e o reconhecimento de dinastias locais. Mas
a situação em Bagdade agravou-se o excessivo luxo da corte e o peso exagerado da
burocracia a desordem financeira e a escassez de dinheiro.
Fatímidas
Obaid-Allah declarava pertencer à descendência do Profeta pela sua filha Fátima. Assim
Abu Abd Allah encarregou-se de preparar a sua ascensão. Foi neste contexto que,
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conseguiu ganhar as boas graças de berberes em peregrinação a Meca, seguiu-os até à
Pequena Cabília, daí marchou contra os Aglábidas e conseguiu abrir caminho para
Keruan, onde após diversas peripécias, Obaid Allah, fazendo-se tomar pelo mádi por
todos os xiitas entrou como um triunfador.
Assim as medidas brutais empregues pelo mádi para fazer aderir a população ao xiismo
e os processos fiscais abusivos, aos quais ele recorreu para preparar uma expedição ao
Oriente, provocaram a terrível revolta do berbere kharijita Abu Yazid, que pôs em
perigo o poder dos primeiros califas fatímidas.
Neste contexto podemos dizer que, os fatímidas tentaram muitas vezes implantar-se no
Egito entre 913 e 936. Após a queda dos Ikhchididas, o califa Al- Moizz retomou o
projecto em 926. Sendo que, o seu libertador Jaubar apoderou-se de Fostât e
empreendeu a construção de uma nova cidade no Cairo. Ao mesmo, o Cairo conseguiu
anexar a Síria. Al-Moizz entrou no Cairo em 973, depois de ter confiado Ifriqiya e o
Magrebe central aos príncipes berberes Sanhâja. O poderio fatímida atingiu então o seu
apogeu, favorecendo no Egipto a eclosão de uma das mais brilhantes civilizações que
este país conheceu.
Seljúcidas
Assim Toghrulbeg juntamente com Alp-Arslan e Malik Châh, não só dotaram o seu
Império de uma organização política e social, que serviu de modelo a todo o Oriente
muçulmano, mas foram em todas as frentes os defensores do Islão sunita. Além disso,
não ficaram satisfeitos por terem libertado o califa abássida do jugo dos buyidas xiitas.
Foi com base neste aspeto que, aniquilaram a ação de seitas e esforçaram-se por
expandir o ensino da ortodoxia. Invadiram a Ásia Menor e retiraram o domínio aos
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bizantinos, estabeleceram igualmente o seu poder sobre a Síria fatimita até ao momento
em que, a chegada dos cruzados transformou o Próximo Oriente, introduzindo nele os
principais francos.
Desde o século VIII que havia invasões islâmicas na Índia principalmente a partir do
Afeganistão, e a partir do século XIII do Sulnato de Deli foi governado por uma dinastia
turco-afegã.
Com o tempo, os sufis acabaram por se tornar mais importantes do que os ulemás
apoiados pelo Estado, os primeiros reconhecidos pelos seus indianos como seus
«homens sagrados».
A filosofia mística de um tal Ibn Arabi, que ensinava a unidade de todo o ser, veio
muito ao encontro da mentalidade indiana.
Os sufis mantinham um maior distanciamento crítico com o Estado dos ulemás, que
estavam ao serviço deste como juízes, funcionários públicos e professores.
Mais tarde, Akbar levou a cabo uma expansão territorial para Sul e para Leste. Aos 34
anos, governou um grande Império, que abarcava todo o Norte da Índia até para lá de
metade do subcontinente.
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Em termos de política religiosa, tentou desde cedo alcançar um equilíbrio entre a
pequena minoria dominante dos muçulmanos e a grande maioria dos hindus, praticando
uma invulgar tolerância: proibição da escravização de prisioneiros de guerra hindus,
abolição do imposto individual, autorização para que os hindus desempenhassem cargos
públicos.
«Paz para todos», eis a designação posterior da política religiosa de Akbar: as religiões
do Império deveriam considerar-se mutuamente parceiros em pé de igualdade, e entre
elas deveria alcançar-se uma «reconciliação geral».
Como era evidente esta política tolerante foi criticada, sobretudo por parte dos ulemás
defensores da xariá, que nos debates sobre questões teológicas e práticas se revelavam,
muitas vezes inferiorizados. Akbar desejava ser um muçulmano fiel ao Alcorão, crê no
Deus único, mas que se pode revelar noutras religiões.
Mais tarde, Akbar fundou a sua ordem «Ser-um-só divino», ao serviço da única
«religião divina», composta por elementos das religiões que lhe eram conhecidas. A sua
religião única acabou por não se impor, mas restavam os membros da ordem, que na sua
ligação religiosa ao soberano constituíam um fator importante para a conservação das
dinastias mongóis.
O sistema clássico mongol conseguiu manter-se até à soberania do Aurangzeb. Foi com
ele que o Império Mongol adquiriu a sua maior expansão, mas entrou também uma crise
económica.
Otomanos
O Império sunita dos Otomanos expandiu-se pela Anatólia, que devido à imigração
turca, bem como à repressão e à conversão dos cristãos se tornou um território islâmico
independente.
Depois da conquista de Constantinopla pelo sultão Mehmed II, em 1453, que se assumiu
como sucessor do imperador bizantino, a sede de conquistas dos Otomanos passou a ser
ilimitada. Assim o século XVI tornou-se numa época de nova expansão. O sultão passou
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a ser divinizado como soberano de guerra, califa e conquistador imperial. Na dinastia
consolidada do sultanato, tínhamos um Estado militar e administrativo de organização
centralista: no topo, o grão-vizir e os restantes ministros (vizires). Desta forma, o
Império Otomano passou a assumir a hegemonia islâmica, com o Islão sunita como
religião oficial e um exército regular forte, cujo núcleo era constituído por uma
artilharia modernizada e uma infantaria de elite, composta pelos janízaros (nova tropa).
Os Mamelucos que detinham a soberania militar sobre o Egito e a Síria e que, durante
muito tempo, foram o bastião político, religioso e cultural contra os Mongóis,
revelaram-se totalmente impotentes perante os Otomanos, pois não tinham artilharia.
Nas décadas seguintes, a soberania otomana foi alargada à Arábia.
Em 1571, a frota otomana foi derrotada na batalha naval de Lepanto contra uma aliança
cristã. O Império Otomano ultrapassou o zénite do seu poder, embora tenha conseguido
manter-se a nível elevado durante um século e meio.
O Império Otomano nos tempos modernos deu origem ao mais forte dos Estados
muçulmanos. Assim devemos dizer que, Mehmed II destacou-se pela invasão da Europa
Balcânica, conquista da Síria e do Egipto aos Mamelucos por Selim I. O império
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estendeu-se desde as portas de Viena até ao Nilo e de Bagdad a Tunes e Argel, ocupadas
pelos corsários turcos.
Os 5 Pilares do Islão
que não se deve adorar mais nada se não Allah. Porém, segundo a tradição, o
túmulo de Maomé passou a ser um local de culto.
O radicalismo muçulmano considera a existência de um 6º pilar a Jihad, ou seja,
a guerra não é um objetivo do Islão e nunca o foi. Só se deve recorrer à guerra
para defender o Islão e os muçulmanos. A Jihad é um esforço para manter a
unidade da fé e dos crentes, é um esforço para libertar os estados muçulmanos
dos infiéis, é um esforço para defender a pátria.
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