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INSTITUTO SUPERIOR DE CIÊNCIAS DE EDUCAÇÃO DA HUÍLA

ISCED-HUÍLA

Tema: A decisão vocacional no processo de ensino e aprendizagem. ( Um


estudo junto os alunos da 9ªclasse do complexo escolar nº1 “ 17 de Setembro”
Virei).

Autor: Paulino Jamba Simão

Lubango
2021/2022
INSTITUTO SUPERIOR DE CIÊNCIAS DE EDUCAÇÃO DA HUÍLA

ISCED-HUÌLA

Tema: A decisão vocacional no processo de ensino e aprendizagem. ( Um


estudo junto os alunos da 9ªclasse do complexo escolar nº1 “ 17 de Setembro”
Virei).

Trabalho de fim de curso


para a Obtenção do título de
Licenciado no Ensino de
Psicologia

Autor: Paulino Jamba Simão


Orientadora: Alice Inocêncio PHD

Lubango
2021/2022
Dedicatória
Dedico este trabalho a minha família, a minha esposa, irmãos e amigos pelo
apoio de todo percurso académico e a todos que directa ou indirectamente
contribuíram para o sucesso do presente trabalho.

I
Agradecimentos
Em primeiro lugar agradecer a Ngana Nzambi pelo dom da vida, saúde,
inteligência e habilidades, que fez com que fosse possível concretizar este
trabalho.

Agradecer ao meu pai Pedro Simão, minha mãe Maria da Conceição, pelo
apoio no decorrer de toda minha formação.

Aos meus queridos irmãos Alexandre Paulo Simão, Catarina Jacinto, Luciana
Jacinto, Domingas Catarina Simão, Carolina Ngueve Simão pelo apoio
incentivo, coragem e força para poder concretizar este trabalho.

Aos meus colegas que sempre apoiaram-me especialmente ao Zeferino


Calandi, Francisco Tchilata, António Firmino, Fernanda Barros, Amélia Nunes,
Paulo Pires, João Correia por estarem sempre ao meu lado dando seus apoios
incondicional no decorrer de toda formação.

Em particular a minha tutora, Professora Doutora Alice Inocêncio pela sua


enorme paciência, disponibilidade, e profissionalismo.

A direcção do Complexo Escolar nº 1 ‘’ 17 De Setembro ‘’ no Virei, muito


obrigado pela recepção e por aceitarem levar a cabo a investigação no referido
complexo.

II
INSTITUTO SUPERIOR DE CIÊNCIAS DE EDUCAÇÃO DA HUÍLA

ISCED-HUÍLA

DECLARAÇÃO DE AUTORIA DO TRABALHO DE LICENCIATURA

Tenho consciência que a cópia ou plágio, além de poderem gerar


responsabilidade civil, criminal e disciplinar, bem como reprovação ou retarda
do grau constituem uma violação da ética académica.

Nesta base, eu Paulino Jamba Simão, estudante finalista do Instituto Superior


de Ciência de Educação da Huíla (ISCED-HUILA) do curso de Psicologia, do
Departamento de Ciências de Educação declaro por minha honra, ter
elaborado este trabalho, só e somente com auxilio da bibliografia que tive
acesso e dos conhecimentos adquiridos durante a minha carreira estudantil e
profissional

Lubango, 22 Maio de 2022

O Autor

_______________________

Paulino Jamba Simão

III
Resumo
A decisão vocacional no processo de ensino-aprendizagem não é um momento
estático, é um processo que decorre desde que o individuo ou criança começa
a dar os primeiros passos de aprendizagem no ensino de base, é uma atitude
que inclui um processo contínuo de mudança da personalidade. É neste
particular que o presente trabalho intitula-se: A decisão vocacional no processo
de ensino e aprendizagem dos alunos da 9ªclasse do complexo escolar nº1 “
17 de Setembro” Virei. O estudo tem como problema científico: Como tem sido
a tomada de decisão vocacional dos alunos da 9º classe do complexo escolar
nº 1, “17 de Setembro” do virei na escolha do curso no ano terminal do ensino
básico? O objecto da investigação: a decisão vocacional no processo de
ensino-aprendizagem. Objectivo descrever a decisão vocacional no processo
de ensino aprendizagem dos alunos da 9ª classe do complexo escolar nº 1, 17
de Setembro do Município do Virei-Namibe. O campo de acção se insere no
âmbito da psicologia de orientação escolar e profissional e concretamente no
complexo escolar nº 1 ‘’17 de Setembro’’ Virei. Objectivos específicos: (i)
caracterizar o objecto de estudo da investigação à luz das teorias psicológicas
e não psicológicas; (ii) elaborar o instrumento para a recolha da informação
sobre o problema formulado; (iii) analisar e interpretar a informação obtida a
partir da investigação empírica. Foram utilizados os métodos: Histórico – lógico,
para determinar as tendências históricas sobre a orientação vocacional na
escolha do curso dos alunos; Analítico – sintético, para analisar e sintetizar as
teorias que se debruçaram sobre o tema investigado; o método Estatístico,
para o processamento e interpretação dos dados obtidos a partir do
instrumento aplicado. Para cumprir com os objectivos do trabalho realizaram-se
as seguintes tarefas: (i) Revisão e selecção da bibliografia para elaboração do
marco teórico conceptual; (ii) Aplicação de instrumentos para a obtenção de
dados; (ii) Análise e interpretação dos dados da investigação. A população alvo
de estudo é constituída por 60 alunos e 20 professores da 9ª Classe do
Complexo Escolar nº 1 ‘’17 de Setembro’’ Virei no Namibe. A amostra do
trabalho é de 30 alunos e 10 professores da 9ª Classe obtida através de
procedimento probabilístico de amostragem por conveniência. Os principais
resultados revelam que 80% dos alunos inquiridos afirmam que os professores
não falam com eles sobre a orientação vocacional; 60% dos alunos inquiridos
afirmam que escolhem seus cursos e profissão em função do salário de certas
profissões; 70% dos professores inqueridos afirmam que não realizam
actividades relacionadas com a decisão vocacional; 60% dos professores
inqueridos afirmam que os alunos mostram-se indecisos em relação suas
decisões vocacionais.

IV
Palavras-Chave: Decisão, Decisão Vocacional, Orientação Vocacional

Abstract
The vocational decision in the teaching-learning process is not a static moment,
it is a process that elapses since the individual or child begins to give the first
learning steps in the base teaching, you/he/she is an attitude that includes a
continuous process of change of the personality. It is in this matter that the
present work is entitled: The vocational decision in the teaching process and the
students' of the 9ªclasse of the compound school nº1 learning " September" 17 I
Came. The study has as scientific problem: How has the socket of the students'
of the 9th class of the compound school no. 1 vocational decision been of the I
came in the choice of the course in the terminal year of the basic teaching? The
objecto of the investigation: the vocational decision in the teaching-learning
process. Objectivo to describe the vocational decision in the process of the
students' of the 9th class of the compound school no. 1 teaching learning,
September 17 of the municipal district of the Come-Namibe. The acção field
interferes in the extent of the psychology of school and professional orientation
and concretely in the compound school no. 1 ''17 of September '' I Came.
Specific Objectivos: (i) to characterize the study objecto of the investigation to
the light of the psychological theories and no psychological; (ii) to elaborate the
instrument for it collects her/it of the information on the formulated problem; (iii)
to analyze and to interpret the information obtained starting from the empiric
investigation. The methods were used: Historical - logical, to determine the
historical tendencies about the careers guidance in the choice of the students'
course; Analytical - synthetic, to analyze and to synthesize the theories that
leaned over on the investigated theme; the Statistical method, for the
processing and interpretation of the data obtained starting from the applied
instrument. To accomplish with the objectivos of the work they took place the
following tasks: (i) Revision and selecção of the bibliography for elaboration of
the mark theoretical conceptual; (ii) Application of instruments for the obtaining
of data; (ii) Analysis and interpretation of the data of the investigation. The
population white of study is constituted by 60 students and 20 teachers of the
9th Class of the Compound School no. 1 ''17 of September '' I Came in Namibe.
The sample of the work belongs to 30 students and 10 teachers of the 9th Class
obtained through procedure sampling probabilístico by convenience. The main
results reveal that 80% of the inquired students affirm that the teachers don't
speak to them about the careers guidance; 60% of the inquired students affirm
that you/they choose their courses and profession in function of the wage of
certain professions; 70% of the teachers inqueridos affirm that you/they don't
accomplish actividades related with the vocational decision; 60% of the
teachers inqueridos affirm that the students are shown undecided in their
relationship vocational decisions.

V
Word-key: Decision, Vocational Decision, Careers guidance

Índice
Dedicatória .......................................................................................................... I
Agradecimentos ................................................................................................. II
Resumo ............................................................................................................. IV
Abstract .............................................................................................................. V
Introdução .......................................................................................................... 1
1.1.Conceitos de Orientação Vocacional ........................................................... 5
1.2. Breve resenha histórica da orientação vocacional ...................................... 6
1.3. A escolha vocacional como processo na adolescência ............................... 8
1.4. Perspectivas do processo de Orientação Vocacional ............................... 10
1.4.1. Perspectiva naturalista do desenvolvimento vocacional e competências
......................................................................................................................... 12
1.4.2. Perspectiva racionalista/instrumental ..................................................... 13
1.4.3. Perspectiva histórico construtivista ........................................................ 14
1.5. Orientação Vocacional .............................................................................. 15
1.5.1. Teorias sobre a Orientação Vocacional.................................................. 16
1.5.1.1. Teorias Psicodinâmicas....................................................................... 17
1.5.1.2. Teoria decisional ................................................................................. 19
1.5.1.3. Teorias desenvolvimentista ................................................................. 20
1.5.4. Importância da orientação vocacional na transição para o segundo ciclo
......................................................................................................................... 22
1.5.5. Processo de tomada de decisão vocacional .......................................... 24
1.5.6. Factores que influenciam a escolha vocacional ..................................... 26
1.5.6.1. Factores individuais ............................................................................. 27
1.5.6.2. Características dos alunos .................................................................. 27
1.5.6.3. Características do meio próximo ......................................................... 28
1.5.6.4. Meio escolar ........................................................................................ 30
1.5.6.5. Meio Social .......................................................................................... 31
1.5.6.6. Contextualização das Tendências vocacionais em Angola ................. 32
1.6. Legislação Angolana sobre a Orientação Vocacional ............................... 34
1.7. A Orientação Vocacional no Ensino Básico em Angola ............................ 38

VI
1.7.1. Papel dos professores no processo de Orientação Vocacional dos alunos
......................................................................................................................... 39
2.1. Preliminares da investigação..................................................................... 41
2.2. Tipo de investigação ................................................................................. 41
2.3. Instrumentos.............................................................................................. 42
2.4. Design ....................................................................................................... 42
2.5. População ................................................................................................. 42
2.5.1. Amostra .................................................................................................. 42
2.7. Apresentação, análise, interpretação e discussão dos resultados ............ 45
2.7.1. Caracterização das respostas dos alunos ao instrumento aplicado ....... 45
2.7.2. Caracterização das respostas dos professores ao Inquéritos aplicado .. 51
CONCLUSÕES E SUGESTÕES ...................................................................... 57
Conclusões gerais ............................................................................................ 57
Sugestões ........................................................................................................ 58
Bibliografia........................................................................................................ 59
ANEXOS E APÊNDICES ................................................................................. 64
Anexo nº I: Credencial ....................................................................................... VI
Apêndice I: Inquérito dos alunos ...................................................................... VII
Apêndice II: Inquérito dos Professores .............................................................. IX
Anexo nº II: Fotografias ..................................................................................... XI

1
Índice de Tabelas
Tabela 1. Caracterização da Amostra dos alunos quanto ao género ............... 43
Tabela 2. Caracterização da Amostra dos alunos quanto a idade ................... 43
Tabela nº 3 Caracterização da Amostra dos professores quanto ao género ... 43
Tabela nº 4 Caracterização da Amostra dos professores quanto a agregação
pedagógica ....................................................................................................... 44
Tabela nº 5 Caracterização da Amostra dos professores quanto ao tempo de
serviço .............................................................................................................. 44
Tabela 6. Dados referente a Questão nº1 ........................................................ 45
Tabela 7. Dados referente a Questão nº 2 ....................................................... 45
Tabela 8. Dados referente a Questão nº 3 ....................................................... 46
Tabela 9. Dados referente a Questão nº 4 ....................................................... 47
Tabela 10. Dados referente a Questão nº5 ...................................................... 47
Tabela 11. Dados referente a Questão nº 6 ..................................................... 48
Tabela 12. Dados referente a Questão nº 7 ..................................................... 49
Tabela 13. Dados referente a Questão nº 8 ..................................................... 50
Tabela 14. Dados referente a Questão nº 9 ..................................................... 51
Tabela 15. Dados referente a Questão nº 1 ..................................................... 51
Tabela 16. Dados referente a Questão nº 2 ..................................................... 53
Tabela 17. Dados referente a Questão nº 3 ..................................................... 53
Tabela 18. Dados referente a Questão nº 4 ..................................................... 54
Tabela 19. Dados referente a Questão nº 5 ..................................................... 54
Tabela 20. Dados referente a Questão 6 ......................................................... 55
Tabela 21. Dados referente a Questão nº 7 ..................................................... 56
INTRODUÇÃO
Introdução
A decisão Vocacional é um assunto que vem a ser abordado desde muito
tempo, tem sido preocupação de professores, educadores, pais, encarregados
de educação e a sociedade em geral.

Quando se fala em decisão vocacional importa pensar num assunto que impõe
uma reflexão sobre o passado e o presente para além de ter evoluído ao longo
de quase um século de funcionamento tanto no continente Europeu como no
Americano (Tavares, 2009).

A decisão vocacional tem se constituído numa problemática muito estudada, a


partir da sua incidência na actuação do homem para a preparação de
profissionais que sejam capazes enfrentar os desafios do processo científico e
de contribuir para a elevação do nível cultural e técnico, enquanto condição
necessária para a preservação das conquistas alcançadas pela sociedade.
(Cambinda, 2010).

De acordo com o autor supra citado, o desenvolvimento da orientação


vocacional só pode ser alcançado mediante um tratamento científico dirigido
aos aspectos teóricos, práticos e metodológicos que caracterizam este
processo. Este desenvolvimento deve ter em conta o seu carácter complexo e
contínuo que inicia desde a infância e se intensifica nos momentos cruciais em
que o indivíduo tem que decidir o seu futuro profissional. Ocorre com
frequência nos adolescentes e jovens que quando chegam ao momento de
decidir o caminho a seguir na vida enfrentam diferentes contradições, entre o
que fazer, como fazer, o que ser, quer dizer, não sabem que caminho
profissional escolher. Isto pode estar condicionado, em grande medida, pela
ineficiente orientação vocacional que vão recebendo durante os anos dos seus
estudos e nestes casos, a responsabilidade de orientar adequadamente ou
reorientar a imagem do futuro que o adolescente o jovem deve ter, está a cargo
dos factores educativos como a família, a escola, as organizações sociais e
governamentais, cujo o trabalho deve dirigir-se a informar, desenvolver e
transformar o estudo das qualidades e formações psicológicas com Objectivos
de propiciar a tomada de decisões, expressada numa autodeterminação da
esfera profissional.

1
A orientação vocacional é um processo realizado através de actividades ou
testes com o objectivo de identificar aptidões, habilidades e vocações do
individuo, orientando-o para uma vida produtiva no mercado de trabalho Silva (
2019). Para compreender a importância da orientação vocacional é necessário
que se busque um pouco de suas origens históricas, momento em que as
escolhas eram feitas para velar o bem comum, até o surgimento das
necessidades.

Alguns autores são de opiniões que a orientação vocacional é um processo


que deve ser acompanhado desde a infância até a fase adulta para que o
adolescente tenha êxito em suas escolhas, fazendo a mesma tendo em conta
seus dons, aptidões, habilidades, e interesses.

Assim, o desenvolvimento vocacional deve ser visto como um aspecto


relacionado directamente ao desenvolvimento geral do individuo, pois os
problemas de escolhas e ajustamento profissional são no fundo, problemas de
ajustamento pessoal. Portanto, o trabalho é a actividade na qual o individuo
tem a possibilidade de expor e expressar sua personalidade, e neste sentido
deve ser bem orientado para que tenha êxito no trabalho a desempenhar
(Medico, 2005).

Vargas (1996), alega que o professor constitui a figura principal no processo de


orientação vocacional e na ajuda ao estudante para a busca de uma decisão
auto determinada e uma adequada motivação profissional.

Importa aqui dizer que além da intervenção educativa de profissionais


específicos para a Orientação vocacional, parece inquestionável que um
importante papel tem de ser desempenhado pelos professores, em particular
os que exercem funções docentes nos anos terminais do ensino básico

É nesta linha de pensamentos que, a presente pesquisa aborda a decisão


vocacional no processo de ensino e aprendizagem, a partir do qual se
desenhou a seguinte ideia a defender: Qual tem sido a tomada de decisão
vocacional dos alunos da 9ª classe do complexo escolar nº 1 virei na escolha
do curso no ano terminal do ensino básico?

2
Em conformidade com o anterior dito, formulou-se para o presente trabalho o
seguinte problema da investigação: Como tem sido a tomada de decisão
vocacional dos alunos da 9ª classe do complexo escolar nº 1 virei na escolha
do curso no ano terminal do ensino básico? O objecto da investigação: a
decisão vocacional no processo de ensino aprendizagem. O campo de acção
se insere no âmbito da psicologia de orientação escolar e profissional e
concretamente no complexo escolar nº 1 no Virei-Namibe. Constitui o objectivo
da investigação, descrever a decisão vocacional no processo de ensino
aprendizagem dos alunos da 9ª classe do complexo escolar nº1 17 de
Setembro do município do Virei-Namibe.

Em conformidade com o objectivo geral, delinearam-se os seguintes objectivos


específicos: (i) caracterizar o objecto de estudo da investigação à luz das
teorias psicológicas e não psicológicas; (ii) elaborar o instrumento para a
recolha da informação sobre o problema formulado; analisar e interpretar a
informação obtida a partir da investigação empírica. Foram utilizados os
seguintes métodos: Histórico – lógico, para determinar as tendências históricas
sobre o problema levantado; Analítico – sintético, para analisar e sintetizar as
teorias que se debruçaram sobre o tema investigado; o método Estatístico,
para o processamento e interpretação dos dados obtidos a partir do
instrumento aplicado. Para cumprir com os objectivos do trabalho realizaram-se
as seguintes tarefas: (i) Revisão e selecção da bibliografia para elaboração do
marco teórico conceptual; (ii) Aplicação de instrumentos para a obtenção de
dados; (iii) Análise e interpretação dos dados obtidos.

3
Do ponto de vista teórico a importância consiste na sistematização de
terminadas contribuições teóricas no campo da orientação vocacional. O
contributo prático está dado pelo facto de que o presente trabalho poderá servir
de suporte para a possível consulta sobre assuntos relacionados com o tema
investigado. O trabalho apresenta uma estrutura que integra uma introdução,
dois capítulos, bibliografia e apêndices.

A introdução faz uma incursão geral dos aspectos abordados no corpo do


trabalho. O primeiro capítulo apresenta a abordagem teórica que serviu de
suporte básico que sustenta toda a investigação. O segundo capítulo faz
alusão a parte metodológica da investigação. No fim aparecem as conclusões
sugestões e apêndices.

4
CAPÍTULO I: FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
1.1.Conceitos de Orientação Vocacional
O termo “ vocação” deriva do latim “vocatione ou vocare”, significando acto de
chamar (como por exemplo, referindo-se ao chamamento divino, ressaltando a
ideia de ser convocado à existência e cumprir uma missão pessoal nela) ou
escolha (Müller, 1988: p. 15 e dicionário Universal, 2001).

O termo “vocacional”, segundo Almeida et al. (1999), refere-se ao talento,


tendência, jeito para determinada arte ou actividade.

No entender de (Imaginário, 1987), o termo vocacional refere-se à vertente


escolar, educativa, formativa.

Segundo Veinsten (1994 citado por Lisboa, 2008), entende-se por orientação
vocacional um campo amplo onde diferentes profissionais actuam no sentido
de facilitar o crescimento das pessoas.

Martins (2008), a orientação vocacional pode ser descrita como um processo


facilitador para a escolha profissional que engloba o autoconhecimento e o
conhecimento das actividades profissionais.

Segundo Lucchiari (1993 citado por José, 2015), orientação vocacional é a


facilidade de escolha ao aluno, auxiliando-o na compreensão da sua situação
de vida, inclusive nos aspectos pessoais, familiares e sociais.

Levenfus et al. (1997) diferencia a orientação vocacional da orientação


profissional. Assim, para os autores, a orientação vocacional é um processo
mais abrangente que a orientação profissional, pois diz respeito não somente à
informação das profissões, mas de toda busca do conhecimento a respeito de
si mesmo, das características pessoais, familiares e sociais do orientado,
impulsionando, assim, o encontro das afinidades do mesmo com aquilo que
pode vir a realizar em forma de trabalho, classificando-a, no entanto, como uma
abordagem psicológica ou psicopedagógica que visa o alcance de uma
identidade profissional.

A escolha vocacional é um processo dinâmico que se inicia desde a infância e


persiste por toda a vida, sofrendo influência de diversos factores: fantasia,

5
disposições inconscientes, família, meio social, escolar, perspectivas e entre
outros factores, também desempenha a função de clarear os conflitos que
estão na origem da dificuldade de escolha (Kowarski, 2011). É, igualmente,
definido como um conjunto de práticas destinadas ao esclarecimento da
problemática vocacional, auxiliando os jovens no momento da escolha de um
curso ou profissão e que não serve apenas para ter um norte, mas também
como oportunidade de autoconhecimento, de habilidades, características
pessoais e profissionais.

1.2. Breve resenha histórica da orientação vocacional


É bem sabido que tudo que existe tem uma história, a orientação vocacional
não foge a regra, visto que a mesma veio sendo moldada através dos tempos,
de acordo com as necessidades em cada período da história.

Neste contexto, quem nascesse na família de ferreiro continuava na ocupação


de ferreiro; acontecia o mesmo com os nobres, os filhos continuavam nobres.
O tempo foi passando, muita coisa foi mudando, profissões novas foram
surgindo, outras desaparecendo. Apesar das enormes oportunidades, escolher
ainda era uma tarefa difícil para o indivíduo que precisa analisar tantas
informações sobrecarregadas por factores psicológicos e emocionais normais
da fase adolescente.

Segundo Bohoslavsky (1977), para um adolescente definir o futuro não basta


somente definir o que fazer, mas, fundamentalmente, definir quem ser e, ao
mesmo tempo, definir quem não ser.

A revolução francesa iniciou por volta de 1789 quando o povo Francês,


chamado de 3º estado, influenciado por ideias iluministas, levantou-se contra
os abusos do regime absolutista impostos por Luís XIV, o rei sol.

Os iluministas eram um grupo formado por filósofos e intelectuais que eram


contra a chamada ordem divina de poder, na qual a igreja se dizia
representante de Deus na terra. Para eles, os homens é que deviam ser
responsáveis pela ordem social e suas modificações quando necessário.

6
O povo era obrigado a pagar altíssimos impostos, enquanto a nobreza (2º
estado) e clero (1º estado) viviam no luxo. É com os privilégios do nascimento
da nobreza que impediam a mobilidade social. O lema dos revolucionários era
“Liberté, Egalité, Fraternité,” (Liberdade, igualdade, fraternidade). Tomaram a
Bastilha (Prisão onde estavam todos os presos políticos e que eram contra o
Rei) e, assim, o povo conseguiu com que a Assembleia Nacional Constituinte
proclamasse a Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão.

Esta conquista é fundamental para o surgimento da orientação vocacional, pois


com o fim dos direitos de nascimento e a maior liberdade de escolha dos
cidadãos, surge, com a Revolução Francesa, a possibilidade de que o indivíduo
decida a sua própria profissão (Apostila).

A partir da Revolução Industrial, a economia agrária passou a ser industrial. O


processo de produção, que antes era manufaturado e artesanal, passou a ser
industrial, ou seja, produção em grande escala. Antes, o artesão era
responsável por todo processo de produção. Na economia industrial, o artesão
passou a ser um dos operários da fábrica e a sua ocupação era com a parte do
todo. A produção foi dividida para aumentar a produção. Para contribuir com
isso, foram inventadas máquinas que ajudassem a manter toda escala de
produção: tear mecânico, barcos à vapor, trem à vapor, a fim de as pessoas
chegarem a outros lugares de maneira mais rápidas e não se perder mais
tempo.

No primeiro momento, que vai do início do ano 1907, a cerca de 1950, a


preocupação com a orientação vocacional estava voltada para as
características da profissão. É, através do método conhecido como estatístico-
psicométrico, que tentavam identificar o melhor candidato para preencher um
cargo.

A preocupação não era com as aptidões individuais (com o indivíduo), mas


com a identificação destas para que o indivíduo pudesse ser colocado
(selecionado) nos lugares onde seria mais produtivo. Pimenta, (1981).

Esse método consistia em desenvolver testes de aptidões profissionais para a


ocupação de vagas específicas e encontrar o melhor candidato para a vaga

7
oferecida. O mundo estava em crise, em recessão por causa das guerras
mundiais e, por isso, o nível de desemprego era muito alto.

Frank Parsons é considerado pai da orientação vocacional, porque foi o


primeiro a debruçar-se sobre o assunto e criar uma metodologia que
combinava as aptidões e características do indivíduo com as exigências
específicas da ocupação. Mesmo assim, este processo estava mais para um
determinismo vocacional.

No final da segunda guerra mundial, surgiu a teoria desenvolvimentista de Carl


Rogers, com o objectivo de promover o autoconhecimento e o conhecimento
das oportunidades ocupacionais; preparar o sujeito para a tomada de decisão
em relação a escolha profissional e evitar o gasto desnecessário de tempo,
energia e dinheiro, oriundos de uma escolha profissional malfeita. (Rocha,
2015).

O foco voltava-se para o indivíduo e para as suas necessidades. O método


clínico-operativo propusera: instrumentalizar o indivíduo para escolher da
melhor maneira possível a profissão em que se realizará social e
subjectivamente (características subjectivas do indivíduo durante o processo de
escolha).

Em 1909, aconteceu a publicação do primeiro livro sobre a orientação


vocacional, “Escolhendo uma Profissão” de Frank Parsons e, também, o
surgimento do primeiro centro de Orientação Profissional, criado pelo mesmo.
(Souza, Silva, & Pavoni, 2015).

1.3. A escolha vocacional como processo na adolescência


Quando se antevê a adolescência e as suas particularidades, é possível
identificar muitas situações e escolhas que atravessam este processo e
apontam para o futuro do indivíduo. Dentro do conjunto de decisões que o
jovem tem que tomar, está a escolha de uma profissão que lhe garante, pelo
menos do ponto de vista do ideal, uma inserção no mundo do trabalho, na
sociedade e, ainda, sustentabilidade financeira.

8
De acordo Oliveira et al. (2006), escolher uma profissão caracteriza um
processo que vem de uma relação dialética entre indivíduo, trabalho e
sociedade. Como toda escolha é produzida por meio de um significado ou de
uma importância que se atribui ao que se deve ser selecionado. A escolha
profissional pode-se refletir em uma vida inteira ou, pelo menos, em boa parte
da vida de um indivíduo. A escolha profissional está ligada a “raiz” social, ao
papel do sujeito dentro da sociedade, garantindo, inclusive, mudanças
materiais. Sendo assim, existe uma questão de valorização social quando um
indivíduo escolhe a sua profissão e fica evidente a importância dessa escolha
para cada pessoa, já que um dos factores que contribui para o equilíbrio da
vida do indivíduo é a carreia, tão importante quanto a própria família, processo
no qual se depara com os desafios e fracassos. Contudo, a escolha da
profissão torna-se um processo que valoriza seu aprendizado.

Segundo (Bohoslavsky R. , 2007), a escolha profissional ocorre na fase da


adolescência, período que os jovens passam para definir o futuro, que implica
não somente no que fazer, como também, quem ser e quem não ser. Tal como
salienta Soares e Levenfus (2010), é normal o adolescente imaginar um futuro,
criar ideias e questionar como seria caso estivesse numa determinada
profissão. Neste contexto, os jovens tentam idealizar a profissão perfeita e
ideal, que responderá a todas as suas espectativas, projetadas em seus
sonhos.

A escolha profissional pode ocorrer por meio de um processo de orientação


vocacional ou, mais frequentemente, sem esse apoio. À mediada que o
adolescente se encontra no processo de escolha profissional, ele se depara
com as próprias expectativas, analisa suas preferências e verifica suas
habilidades (Bock S. D., 2002).

Segundo (Carmo & Costa., 2013), o ser humano depara-se, no decorrer da sua
vida, com muitas expectativas, e a escolha profissional trás uma multiplicidade
delas, embalsamado pelas pressões sociais, da família, da escola e, até
mesmo, do mercado de trabalho, as quais movimentam o jovem a definir a sua
escolha, na busca do seu sentido para a sua existência.

9
Concomitantemente, nas escolhas existem implicações que podem ocorrer em
qualquer trajetória que o sujeito deseja seguir. No âmbito da escolha
profissional, ocorrem emoções que podem abalar o contexto que se está
vivenciando, como por exemplo, o modo de escolher o errado, isto pode estar
relacionado a convivência com as pessoas próximas que entram e saem na
faculdade ou no ensino médio e abandonam o curso. (Levenfus; & Soares
2010).

Segundo Conceição (2008 citado por Pinho, 2013), é necessário entender que
a escolha da profissão nunca será definitiva, deste modo, cada indivíduo, ao
longo da vida, constrói-se e transforma-se no caminho de uma identidade
profissional. Com isso, é inevitável o amadurecimento que progressivamente o
deixa mais consciente dos seus planos para o futuro. A escolha profissional é
especificamente cobrada em alguns momentos da vida, especialmente na
adolescência. É compreendido que escolher a profissão não é uma tarefa fácil,
pois se constitui de emoções que derivam do medo, angústia de escolher o
errado. Depara-se, também, com muitas pressões, entre as quais, da família,
escola e sociedade. O orientador profissional tem de trabalhar com elementos
que promovam, no sujeito, a busca de sua escolha, dentro das premissas de
cada campo de intervenção.

1.4. Perspectivas do processo de Orientação Vocacional


Torna-se necessário analisar o papel do profissional de orientação vocacional
diante das novas condições socioculturais e económicas, e a finalidade do
processo de orientação vocacional que deve visar não apenas a informar sobre
a carreiras profissionais, mas sim, a trabalhar aspectos como o
autoconhecimento e a questão da escolha de si, levando em consideração o
mercado de trabalho.

Verifica-se claramente, no mercado de trabalho, a presença de profissionais


não qualificados, prestando, na maioria das vezes, serviços inadequados,
chegando muita das vezes a resultados não qualificados. Este tipo de
posicionamento, longe de ser o esperado, diz respeito à falta de uma ética
profissional muitas das vezes negadas por profissionais que, em função de

10
uma má preparação profissional, operacionalizam trabalhos sem competência
para tal execução.

O psicólogo é o engenheiro da vida e catalisador da sociedade (Alice


Inocêncio, 2019 citado por Paulino, 2020).

Segundo Bohoslavsky (1993), o profissional de orientação vocacional deve


estar consciencializado tanto dos recursos técnicos quanto dos de
personalidade. Deve, igualmente, dispor para poder desempenhar sua
profissão de maneira produtiva e competente. A função principal do orientador
vocacional é a de facilitar o acesso às informações relativas às profissões e ao
mercado de trabalho, podendo identificá-lo como um intérprete, um mediador
entre o mundo das ciências e do trabalho, e orientar o aluno em via de escolher
uma profissão. (Silva, 1999).

Deve-se tentar compreender concretamente como o indivíduo se apresenta no


momento da escolha profissional, mostrando-lhe que tem todo um histórico de
vida a ser considerado. Nessa história, pode-se ter vivenciado interesses e
aptidões e deve procurar posicionar-se frente a eles, percebendo que não se
determina em absoluto a escolha. No trabalho de orientação, deve-se procurar
estimular a reflexão sobre a multiplicidade de aspectos envolvidos na
construção do futuro de uma pessoa.

É importante que se trabalhe para que o jovem se compreenda como um ser


em movimento que pode mudar seus interesses e possibilidades no decorrer
da vida (Bock & Aguiar 1995). Assim, a melhor escolha é aquela que o jovem
realiza a partir de um maior conhecimento de si como ser e sujeito activo de
sua própria história, determinado pela realidade social e económica, e por um
conhecimento das possibilidades profissionais, oferecidas pela sociedade em
que está inserido.

No momento da escolha, o aluno tende a idealizar o seu futuro, o que não é


ruim, mas, sem perceber, idealizar a sociedade e o mercado de trabalho como
algo isolado, cristalizado e sem movimento.

11
1.4.1. Perspectiva naturalista do desenvolvimento vocacional e
competências
Segundo Campos (1999), a perspectiva naturalista centra-se no sujeito
intrapsíquico, sublinhando que cada pessoa já nasce predestinada para uma
“vocação” a realizar no mundo. Esta vocação se encontra oculta em cada um e
impõem-se descobri-la mediante o exame psicológico, tendo como principal
objectivo a descoberta do caminho mais adequado para os indivíduos obterem
satisfação e sucesso na sua formação e, consequentemente, na sua futura
profissão.

Esta concepção privilegia intervenções concretizadas no “exame psicológico” e


na sessão da informação. A função do “exame psicológico” é de recurso a
estratégias instrumentais, testes vocacionais (aptidões, interesses, valores e de
personalidade), ou mais corretamente, aos psicotécnicos. Tem como objectivo
esclarecer a vocação certa, tendo como pretensão ajudar o indivíduo a
conhecer-se. A sessão de informação visa apoiar o sujeito a conhecer o
sistema de oportunidades sociais em que se insere. É de conjugação entre
estes dois conhecimentos que o orientando, na mais optimista das hipóteses,
realizará a sua vocação no mundo profissional.

Neste processo, o sujeito tem um papel meramente passivo, sendo o psicólogo


a autoridade legitimadora da sua “radiografia”, e as práticas de orientação
decorrentes desta perspectiva naturalista se colocam, intencionalmente ou não,
ao serviço do ajustamento do indivíduo, ao projecto social, uma que nem o
questionam (Campos, 1999).

Nesta abordagem, o desenvolvimento de competências circunscreve-se as


capacidades, interesses, valores e habilidades profissionais inscritos na
natureza do sujeito que se torna imperioso esclarecer, regulando a
possibilidade de um processo histórico social de construção e de
aprendizagem, não fazendo sentido a intervenção para o desenvolvimento de
competências. As competências têm uma dimensão meramente instrumental,
circunscrevendo-se às competências resultantes das actividades profissionais,
apontando claramente para mecanismos de clivagens entre a competência
pessoal e as competências profissionais.

12
1.4.2. Perspectiva racionalista/instrumental
A partir da década dos anos 70, após uma atenção predominantemente
localizada nas realidades subjectivas como dimensões privilegiadas do
desenvolvimento vocacional, volta-se de forma cíclica, a dar importância ao
peso das oportunidades sociais sobre o itinerário vocacional dos indivíduos,
devido as transformações sociais, económicas e políticas verificadas no
ocidente, nomeadamente, a recessão económica provocada pela crise
petrolífera de 1973, criando uma situação competitiva no mercado de trabalho
onde as oportunidades começam a escançar, e colocando em questão o
optimismo histórico do plano do emprego do pós-guerra. Assim, os projectos
pessoais configuram-se em função da posição social ocupada e dos grupos
sociais de pertença, ou seja, os indivíduos não escolhem, apegam-se no que
está disponível para o seu nível de qualificação escolar e profissional (Hissa &
Almeida, 2000).

Tendo em conta a recessão do mercado de trabalho e o carácter competitivo


do mesmo, ajuda o indivíduo nas tarefas vocacionais dentro desta perspectiva,
mas que construir um itinerário vocacional, implica antes, proporcionar
momentos de conhecimento das oportunidades de formação e profissão
disponíveis, e orientar para um projecto social e político, através de sessões de
informação sobre o mundo do trabalho, os sistemas de formação e, sobretudo,
através do treino de competências adequadas para conquistar, manter um
emprego e proporcionar competências de empregabilidade.

Neste contexto, surge os programas de procura de emprego, treino assertivo


de resolução de problemas, competências de criação da própria empresa,
como metodologias privilegiadas nas práticas de orientação, pressupondo que
o problema crucial da orientação era o deficit de competências (skills discretos
ou conjunto de skills instrumentais) ou o combate da ignorância através da
informação (Campos, 1992).

A visão racionalista privilegia as estratégias instrutivas para a preparação de


competências, mediante sessões de informação e o treino de grupos de
competências, em situações preferencial de simulação de, “faz de conta”
(roleplaying). As estratégias que decorrem desta perspectiva, para além da sua

13
artificialidade, têm um carácter marcadamente prescritivo e racionalista,
centrado em conteúdos onde o protagonismo do sujeito é negligenciado em
função do técnico, a dimensão relacional é minimizada em função das técnicas,
onde se constata a consequência desta negligência se traduz na redução das
competências a instrumentalidade.

1.4.3. Perspectiva histórico construtivista


Os contributos das perspectivas apresentadas proporcionaram a investigação
para a compreensão e transformação da realidade vocacional, desta feita, a
perspectiva histórica construtivista, ao considerar que os projectos vocacionais
não se descobre, mas sim se constrói nos contornos das oportunidades que os
contextos histórico-sociais viabilizam ou impossibilitam, pode surgir como uma
proposta integradora, capaz de avançar respostas plausíveis deixadas em
aberto pelo projecto global da modernidade, que sublinha as dimensões da
racionalidade em detrimento das dimensões mais emocionais e experienciais.

Dentro do quadro geral histórico-construtivista, o desenvolvimento vocacional


processa-se ao longo da história da vida do indivíduo, através das relações que
o sujeito estabelece com os segmentos diversificados da realidade, sob forma
de encontros, experiências, contactos, questionamentos e significados,
implicando a desconstrução de projectos anteriores e a reconstrução de novos
investimentos. Esta reconceptualização do desenvolvimento vocacional nos
vincula a um ponto de vista desenvolvimental e construtivista do funcionamento
psicológico vocacional, porque estes processos nos remetem para novos
pontos de partida e para sucessivas reconstruções da relação do sujeito com o
mundo, implicando reorganizações do sistema pessoal (Campos, 1992).

Segundo (Coimbra, 1994), a exploração e o investimento surgem como os dois


processos psicológicos fundamentais que nos ajudam a compreender de forma
mais adequada o desenvolvimento vocacional, porque é mediante a exploração
que o sujeito estabelece relações com os segmentos da realidade física e
social, através do qual transforma e reconstrói os seus investimentos
vocacionais.

14
1.5. Orientação Vocacional
A orientação vocacional consiste na avaliação das aptidões, capacidades e
áreas de interesses de um indivíduo, de forma a orientar o processo de escolha
de um curso, área de estudo ou profissão. Actualmente, com as constantes
mudanças no mercado de trabalho, devido a complexidade e diversificações de
funções, as pessoas precisam, cada vez mais, desenvolver habilidades e
aptidões para atenderem os seus próprios interesses e estarem actualizados
frente à demanda profissional. A velocidade com que as informações
percorrem o mundo, influência as pessoas a terem atitudes imediatistas. É
necessário ter flexibilidade e tranquilidade ao articular seu conhecimento e
experiências para adaptar-se a uma nova realidade (Junqueira, 1999).

Criar, inovar e transformar o pensamento em acção são lemas que deverão


estar presente no novo milénio, e a orientação vocacional vem buscando
diversas estratégias para melhor adaptar-se a essa nova realidade. Nesta
ordem de ideia, ter apenas formação não basta, é necessário ampliar os
conhecimentos teóricos e práticos para enfrentar os desafios e a crescente
competitividade no mercado profissional.

Para (Hurlock, 1979), o adolescente pode apresentar dificuldades tais como:


mudanças de comportamento, actitudes agressivas, impulsivas ou de
irritabilidade, aumentando a ansiedade na tomada de uma decisão. A angústia
e medo frente ao futuro leva-os, principalmente, a sentirem-se inseguros e
perdidos, é comum esses sintomas aparecerem nesse período de decisão.

A orientação vocacional não determina o curso que uma pessoa deve seguir,
porém oferece técnicas que servem para apontar os cursos, assim como as
competências com os quais o indivíduo possui. O objectivo é, pois, ajudar as
pessoas indecisas a reflectirem sobre a escolha do curso ou da profissão. A
decisão é uma escolha pessoal, cabe ao orientador acompanhar o orientando
em suas reflexões, auxiliando-o a definir, de maneira mais lúcida e segura, as
suas prioridades, para que sejam feitas de forma integrada e harmoniosa.

É, por intermédio do processo de orientação vocacional, que os indivíduos


conhecem-se melhor como sujeitos reais, percebendo suas identificações,
características e singularidades, ampliando e transformando a sua consciência

15
e adquirindo, assim, melhores condições de organizar seus projectos de vida,
especificamente no momento de fazer a sua escolha profissional, minimizando
as fantasias. Embora haja debate sobre o tema “decisão vocacional”, ou
escolha profissional, ainda existe uma grande desinformação acerca das
carreias profissionais por parte dos jovens, isto aumenta, indubitavelmente, a
dificuldade no momento de escolher uma profissão (Vasconcelo & Antunes,
1998). Questiona-se, também, qual é a finalidade do processo de orientação
vocacional. Está, por sua vez, tem como finalidade avaliar, analisar, esclarecer
e informar o indivíduo sobre as suas áreas e interesses, aptidões específicas e
gerais que se apresentam inseridas em suas possibilidades. Divulga, também,
tendências e habilidades em áreas ou campos de trabalho, tendo como
objectivo associar esses campos e seguir caminhos ou tendências profissionais
que possam estar mais próximas das possibilidades, capacidades e interesses
do examinado. A orientação vocacional pode proporcionar, ao indivíduo, uma
forma de resolver o dilema diante o momento de decisão.

1.5.1. Teorias sobre a Orientação Vocacional


Segundo (Aguiar, 1994), nos últimos 40 anos, muitas teorias foram elaboradas
para descrever e fundamentar o comportamento de um jovem frente à escolha
de uma profissão. Essas teorias tentavam circunscrever a questão vocacional,
uma vez que cada teórico possuía um enfoque sobre essa atitude de escolha e
modelo de visão diferenciada.

Vale observar que essas teorias irão proporcionar diretrizes para a


compreensão do fenómeno da escolha vocacional, pese embora as teorias não
sejam absolutas, elas permitem fazer predições (Gibson, 1927).

Segundo (Swanson, 2010), as correntes teóricas servem a um propósito muito


importante na Psicologia e, em especial, na orientação vocacional, pois
embasam os psicólogos em conceituar o comportamento humano. Em
essência, as teorias fornecem subsídios aos profissionais, provendo relações
complexas de informações sobre como se comportam os seres humanos, para
ajudá-los a compreender e a prever o seu comportamento no futuro. Conforme
o autor, deve-se ter cuidado no uso das teorias psicológicas, pois uma teoria

16
pode ser útil na compreensão das escolhas vocacionais, mas pode ser menos
útil em outras situações.

1.5.1.1. Teorias Psicodinâmicas


As teorias Psicodinâmicas são baseadas em explicações de como os jovens
organizam a sua personalidade e acabam apaixonando-se pelas profissões.
Está teoria, por sua vez, reserva grande relevância ao aspecto emocional na
profissão, isto é, o que impulsiona o indivíduo a comporta-se de certa maneira
e, consequentemente, escolher uma determinada profissão. (Ferratti, 1997).

As referidas teorias baseiam-se na psicanálise, consideram o desenvolvimento


afectivo sexual, principalmente, na primeira infância, como factor para entender
as aptidões, interesses e características de personalidade. Como se pode
perceber, esta perspectiva apresenta uma superação de uma visão inatista de
personalidade, considerando que é a partir da relação com o meio que o jovem
constitui sua identidade.

Na mesma senda em que Ferratti fez referência, isto (1997), procurando


relacionar a escolha vocacional a diversos estágios de experiências infantis
(frustrações e conflitos ainda as teorias Psicodinâmicas, que ressaltam as
primeiras experiências da criança na família (satisfação e frustração de
necessidades básicas), como delineadoras do estilo que o indivíduo escolhe
para satisfazer suas necessidades ao longo da vida, determinando os seus
objectivos e opções vocacionais.

Igualmente, o grupo de (Holland, 1997) enfatiza que as pessoas podem ser


divididas em seis tipos diferentes que são: realista, intelectual, social,
convencional, empreendedor e artístico.

Nesta teoria, a escolha vocacional está associada ao aspecto motivacional


pessoal no qual impulsionaria o futuro profissional a comportar-se de uma
determinada maneira e, portanto, vindo a escolher uma ocupação em especial
(Neiva, 2007).

17
Segundo (Gothard, 1985), o indivíduo, na medida em que ele tem liberdade de
escolher, tende a gravitar em torno das manifestações dos seus caminhos
preferenciais em busca de gratificação de defesa da ansiedade.

O autor afirma ainda que a teoria psicanalítica devia sugerir uma abordagem de
desenvolvimento da vocação capaz de examinar a varredura completa de
influências na formação da personalidade, que iria desde a concepção ao
nascimento. Reforçado por Carvalho, (1995 citado por Moura, 2008) no qual a
escolha vocacional é definida como uma expressão da personalidade do
indivíduo.

Para Moura (2008), os elementos teóricos centrais para a compreensão da


escolha vocacional seria os mecanismos de defesa do ego como a sublimação,
a compreensão e a identificação.

Neiva (2007) divide essa linha psicodinâmica em três grupos:

No primeiro, as teorias psicodinâmicas consideram que toda actividade ou


vocação é uma configuração de sublimação descrita como uma derivação dos
instintos e tendências do indivíduos para objectos altruístas e/ou materiais.
Outros teóricos desta mesma linha descrevem a escolha vocacional por meio
da reparação no qual as vocações irão expressar resposta do ego diante dos
objectos internos danificados que pedem para serem reparados. A escolha
vocacional simboliza a escolha de um objecto interno a ser reparado pelo ego.

Neiva (2007), na linhagem das teorias psicodinâmicas, representada por Roe,


defende que as primeiras experiências da infância no meio familiar, satisfação
e frustração das necessidades básicas modelam o estilo que o indivíduo
escolhe para satisfazer as suas necessidades ao longo da vida, determinando
seus objectivos e experiências vocacionais.

No último grupo, é representado por John Holland que, segundo Lock (2005),
defende que as escolhas de carreiras são uma expressão da personalidade.
Ele acredita que as pessoas desenvolvem estereótipos ou imagens típicas de
ocupações. Pesquisas apontam que muitos estereótipos profissionais têm
alguma validade.

18
1.5.1.2. Teoria decisional
Segundo (Pimenta, 1981), a teoria decisional foi baseada nos modelos de
decisão no campo da Economia. Na orientação vocacional, irá sugerir
procedimentos a serem adotados pelo orientador, a fim de auxiliar o aluno na
sua decisão. (Moura, 2008), Postula que está corrente teórica contribui para o
entendimento das questões relacionadas à escolha vocacional, propondo um
delineamento de decisão sequencial em que uma gama de decisões
intermediárias desencadeariam a uma decisão final, uma vez que, no decorrer
do processo decisional, o sujeito levanta alternativas e avalia possibilidades
que lhes são ofertadas ao longo do processo de escolha. Ele também irá
observar as consequências das várias decisões possíveis e a probabilidade de
que essas ocorram.

Segundo Neiva (2007), ao analisar os critérios das decisões consideradas, ele


irá fixar finalmente a sua decisão terminal.

Pimenta (1981) aponta quatro teóricos que merecem destaque nesta teoria:
Gellat, Hilton, Hershenson e Roth. Gellat adopta duas características no
processo decisório: na primeira, há um indivíduo que deve tomar decisão; na
segunda, há dois ou mais caminhos dos quais ele deve escolher, um a partir
das informações que ele tem sobre esses caminhos. A partir disto, propõe que
a pessoa adopte um sistema racional para poder decidir. Esse sistema racional
é composto por três subsistemas que são colocados em acção, a partir do
momento em que o indivíduo define o problema que tem a enfrentar. São eles:

❖ O preditivo no qual irá avaliar as possibilidades que são oferecidas,


as consequências possíveis das decisões e a probabilidade segundo a
qual as mesmas podem se produzir;
❖ O avaliativo que permitirá avaliar a desejabilidade dessas
consequências;
❖ O decisório que lhe permite avaliar as decisões e fixar a decisão final.

Esse modelo é definido por ele como um esquema de decisão sequencial


(Gelatt 1962, citado por Neiva, 2007).

19
Já Hilton (1962) apresenta um conceito de tomada de decisão, relacionado
com uma teoria geral de conduta. A escolha seria explicada como uma
tentativa de redução do nível de dissonância cognitiva que facilitará a tomada
de decisão. (Neiva, 2007; Pimenta, 1981) e (Hershenson & Roth, 1966)
Propõem que as escolhas profissionais, no decorrer do desenvolvimento
vocacional, são presididas por duas tendências: a) progressiva eliminação de
alternativas; b) reforçamento das alternativas não excluídas que, por
conseguinte, irão restringir a gama de opções, aumentando a certeza da
decisão (Pimenta, 1981).

1.5.1.3. Teorias desenvolvimentista


A corrente desenvolvimental surgiu em 1952 com o pioneirismo de Ginzberg e
seus colaboradores. Nessa abordagem, procura definir os estágios do
desenvolvimento vocacional que antecedem a maturidade vocacional,
entendida como a capacidade que o sujeito desenvolve para resolver tarefas
relacionadas à sua carreira profissional, inclusive na compreensão dos factores
que dificultam na escolha de uma profissão (Primi, et al., 2000), salientando
que essa escolha vocacional não é um acontecimento específico que ocorre
em um dado momento da vida, mas um processo evolutivo que ocorre ao longo
da vida, da infância à senectude, ao longo de uma curva até ao fim da
existência, nestes diferentes estágios, tarefas ou fases que irão fazer com que
o indivíduo realize uma série de compromissos que abordam as suas
necessidades e oportunidades oferecidas a ele pelo ambiente social.

Donald Super foi um dos primeiros teóricos dessa abordagem, (Gothard, 1985)
e um dos pesquisadores percursores nos estudos do desenvolvimento
vocacional (Kline 1977, citado por Aguiar, 1994). Ele afirma que o pressuposto
subjacente a esta abordagem é que uma maneira de compreender o que uma
pessoa irá fazer no futuro, é entender o que ele fez no passado. Também
postula que para entender o que ele fez no passado, deve-se analisar as
sequências de eventos e o desenvolvimento de características, a fim de
verificar os temas recorrentes e as tendências subjacentes (Gothard, 1985). A
sua teoria original propõe que o desenvolvimento vocacional se divide através
de cinco estágios ou maxi-ciclos de vida: 1- crescimento (infância); 2-

20
exploração (adolescência); 3- estabelecimento ou fixação (idade adulta); 4-
permanência ou manutenção (maturidade); 5- declínio (velhice) (Aguiar at al.,
1994). Para ele, esse processo ocorre através de cinco etapas que facilitam o
desenvolvimento de atitudes e comportamentos específicos: a) cristalização:
formulação de ideias e implementação das preferências ocupacionais; b)
especificação: tomada de uma decisão específica; c) implementação: início da
vida profissional; d) estabilização na área ocupacional escolhida; e)
consolidação da experiência profissional (Kidd, 2006).

Numa formulação mais recente, incorporou quatro etapas e, dentro de uma,


várias subfases que seguem uma ordem estabelecida. Estas etapas
desenvolvimentais seriam exploração, cristalização, especificação e realização
(Kidd, 2006). Vale salientar que cada subfase compreende objectivos que o
indivíduo deve alcançar e exigindo certas habilidades intelectuais e atitudes
cognitivas. São elas:

a) A tarefa de exploração é caracterizada pela actividade exploratória e


pela definição de autoconceitos vocacionais;
b) A tarefa de cristalização corresponde ao processo de ordenar, organizar
a informação obtida por si mesmo e sobre o campo profissional, excluir
certas opções, afunilar o campo das preferências, resultando em uma
preferência profissional provisória;
c) A tarefa de especificação leva o indivíduo a redimensionar sua
preferência provisória em fixa;
d) A tarefa de realização permite que o indivíduo materialize o projecto
profissional escolhido, iniciando os estudos na área ou buscando
emprego na ocupação escolhida por ele.

A realização dessas etapas e o cumprimento delas irão permitir que a pessoa


avance em seu processo de amadurecimento vocacional gerando, desta
maneira, um desenvolvimento das habilidades intelectuais e atitudes cognitivas
requeridas (Moura, 2008). Em todas as fases, o cliente está envolvido
activamente no processo de avaliação e o objectivo é uma solução cooperativa
e realista. Esse modelo de ativação do desenvolvimento vocacional irá fornecer
actividades e experiências para o desenvolvimento de cada subfase, as quais

21
irão agregar conhecimento ao longo da vida acadêmica do indivíduo (Pelletier,
Bujold, & Noiseux, 1979).

A base central dessa abordagem é a fase de vida profissional do indivíduo, por


isso, vai determinar o tipo de abordagem a ser adoptada pelo orientador
profissional. Assim, com jovens em desenvolvimento de carreira, o profissional
estará menos preocupado com a escolha, mas preocupado com o
desenvolvimento da sua “prontidão com a escolha”. Enfim, a teoria e a
investigação de Super contribuíram com novos conceitos à literatura
profissional, relacionada com as investigações de carreira, incluindo termos
como maturidade e adaptação na carreira, que definem as tarefas, as variáveis
afectivas e cognitivas, relacionadas com a preparação dos indivíduos para a
exploração e escolha na adolescência e, com a planificação e adaptação à
mudanças na vida adulta (Taveira & Silva, 2008). A teoria do desenvolvimento
é vista como o sistema mais completo e coerente em ajudar os clientes com
problemas em escolha de carreira (Gothard, 1985).

1.5.4. Importância da orientação vocacional na transição para o segundo


ciclo
O aluno que se encontra no nono ano aproxima-se a passos largos do final da
escolaridade obrigatória, momento em que lhe compete uma escolha que irá
determinar a sua vida futura e que coincide, precisamente, com a fase do
desenvolvimento na qual o jovem se redescobre (Lucchiari, 1993).

De facto, a escolha de uma profissão é uma necessidade. A cada dia que


passa, assistimos várias dificuldade por parte dos jovens para fazer opções. A
tecnologia está presente em todas as áreas e o fascínio por novas descobertas
vão tomando conta do jovem (Lucchiari, 1993). No campo da orientação é,
assim, habitual a referência a um “mundo vocacional” para exprimir a estrutura
social das oportunidades educativas, profissionais e de emprego (Coimbra,
1997).

De acordo com (Azevedo, 1991), na transição para o ensino secundário, a


opção vocacional dos alunos no nono ano de escolaridade, reveste-se de dois
tipos de expectativas: expectativas escolares e expectativas profissionais. As

22
expectativas escolares incluem a preferência quando a área de estudos e
percurso académico, enquanto que as expectativas profissionais são avaliadas
através de dimensões, tais como: profissão desejada e sua articulação com as
escolhas escolares; razões de preferência profissional e a qualidade de
informação sobre esta formação; e, finalmente, a percepção das oportunidades
profissionais e das características profissionais valorizadas pelos
empregadores.

Continuar a estudar após o nono ano de escolaridade, é o desejo crescente de


grande maioria dos jovens, tanto para rapazes quanto para raparigas. No
entanto, o desejo de conquistar a sua autonomia e independência, não só
economicamente, mas igualmente em relação à família, continua a constituir a
motivação pessoal para partir à procura de um emprego.

No entanto, apesar de esta realidade prosseguir os estudos, continua a ser o


objectivo da maioria dos jovens no nono ano, devido a crescente diversidade
de alternativa pós-escolaridade obrigatória, abrindo aos alunos portas do
ensino superior.

Também, o clima no qual se processa a escolha é relevante. Há muita tensão,


ansiedade de insegurança nesse momento da vida, há, igualmente, muita
pressão por definição, da própria família, dos amigos; sobretudo, muita
expectativa social que o indivíduo sente sobre si mesmo. Na verdade, essa
decisão da escolha vocacional influenciará toda a sua vida futura e determinará
o seu locus de inserção na sociedade (Prado, 1993).

A adolescência constitui-se numa fase premiada por mudanças de ordem


física, mental, emocional e social, onde o jovem acaba sendo afectado por
essas alterações, justamente no período em que precisa tomar decisões
quando a sua carreira e futuro profissional Lucchiari (1993.p.11),

“O momento da escolha de uma profissão coincide com a fase do


desenvolvimento na qual o jovem está definindo sua identidade; quem ele
quer ser e quem não quer ser”.

23
Sem a orientação adequada e com as expectativas que a família e a própria
escola depositam sobre ele em relação ao futuro, o jovem pode se precipitar
em sua escolha profissional.

De referir também que o nível socioeconómico do agregado familiar condiciona


o percurso escolar e a duração desse mesmo percurso. O que se verifica é que
alunos oriundos de famílias pertencentes a níveis socioeconómicos mais
elevados apresentam, em regra, um ritmo de aprendizagem mais rápido. A sua
maior riqueza de vivências, de contactos sociais e acesso a informação
diversa, tornam-nos mais aptos para aprender os conteúdos escolares de uma
forma mais eficaz (Freire, 1980). Como tal, estes alunos desejam, no nono ano,
realizar um trajecto escolar de mais 7 ou 8 anos, ingressando assim no ensino
superior. Confirma-se, assim, a importância dos contextos socioeconómicos na
predeterminação das escolhas sobre o prosseguimento de estudos pós-
obrigatórios (Azevedo, 1992).

1.5.5. Processo de tomada de decisão vocacional


O desenvolvimento vocacional, neste caso concreto em adolescentes, constitui
uma temática amplamente estudada no decurso das últimas décadas (Crites,
1981), sendo uma parte significativa destas abordagens relativa ao processo
de escolha ou decisão vocacional.

É difícil determinar o futuro pessoal e profissional principalmente quando a fase


da escolha ocorre na adolescência, fase de conflito e turbulência interna.
(Erikson, 1968), diz que “o adolescente está na idade da identidade versus
confusão de papeis”. E, nessa idade, raramente o jovem se identifica com os
seus pais, ao contrário, revela-se contra o domínio deles, o seu sistema de
valores e a sua intromissão na sua vida particular, pois o jovem tem de separar
a sua identidade da dos seus pais.

Segundo (Crites, 1969), um indivíduo faz com que uma escolha vocacional
expresse a intenção de entrar numa dada ocupação. Dentro da perspectiva de
decisão vocacional, existe uma linha de investigação que procura identificar e
diferenciar variáveis individuais no processo de decisão vocacional,
debruçando-se sobre a indecisão vocacional e os estilos de decisão. Em

24
termos históricos, o interesse dos investigadores centrou-se, primeiramente, na
indecisão e só, posteriormente, no processo de escolha ou decisão vocacional
(Santos & Coimbra, 1994).

Assim, poderá dizer-se acerca do adolescente de 14-15 anos de idade que


está prestes a concluir o nono ano de escolaridade e que ainda não tomou um
decisão (estado inicial) acerca do seu futuro escolar ou vocacional, confrontado
com o problema da escolha da carreira ou, simplesmente, que está indeciso.
Daqui decorre, naturalmente, que a decisão nunca é o problema; o problema é
a “não-escolha” (indecisão). De facto, decidir é um passo ou etapa fundamental
na resolução de um problema.

Experiência que Segundo Crites (1969), um indivíduo faz com que uma
escolha vocacional expresse a intenção de entrar numa dada ocupação. Dentro
da perspectiva de decisão vocacional, existe uma linha de investigação que
procura identificar e diferenciar variáveis individuais no processo de decisão
vocaicional, debruçando-se sobre a indecisão vocacional e os estilos de
decisão.

Deste modo, a indecisão vocacional não deve ser entendida como algo
extremamente negativo e “rotulador” pelo sujeito, mas antes como uma fase ou
etapa normativa do desenvolvimento vocacional. É inegável que muitos são os
alunos nas nossas Escolas secundárias que procuram os serviços de
Psicologia e Orientação, porque querem ajuda para realizar uma escolha
escolar ou profissional. Estes sujeitos, geralmente, experenciam incerteza,
dúvidas, hesitação, perplexidade e vacilação, podendo-se inferir que eles têm
um problema de (in)decisão. O que se passa em muitos casos, é que estes
indivíduos se propuseram atingir um determinado objectivo e sentem-se
incapazes de o atingir pelos seus próprios meios, ou então, já fizeram uma
escolha, mas estão inseguros e pedem uma validação externa acerca da sua
decisão (Crites, 1969).

No entando, os indivíduos podem ir adquirindo maior quantidade de informação


sobre o mundo profissional, meterem-se vocacionalmente indecisos,
necessitando de ser ajudados a adquirir ou a desenvolver outro tipo de
competências e de estratégias para resolver o seu dilema. Porém, a exploração

25
de si próprio e do meio que o rodeia são dois factores profundamente
interralacionados, e que tem um papel fundamental no processo de tomada de
decisão vocacional (Taveira M. , 2000).

O que se assiste gradualmente, ainda, é uma adopção de uma visão mais


flexível das práticas de orientação em que a dinâmica do processo de
intervenção constitui o foco de análise. Por outras palavras, a relação entre os
métodos e os objectivos, e sua adaptabilidade à condição, problema e rítmo de
progressão próprios de cada sujeito, assim como a lógica do seu
funcionamento, são encarados nesta perspeciva como constituíndo os
elementos essenciais do processo de intervenção vocacional (Coimbra,
Campos & Imaginário, 1994). Segundo (Zunker, 1986), é necessário tomar em
consideração os valores, os interesses, as habilidades e experiências do
indivíduo, em suma, as suas características individuais, mas se torna
igualmenete necessário identificar e problematizar as influências no seu
desenvolvimento vocacional, das quais fazem parte a estrutura económica, as
oportunidades profissionais e de emprego, a classe social, o grupo de pares ou
a dinâmica familiar (Imaginário, 1997).

Além disso, a tomada de decisão deverá propor aos alunos um conjunto de


actividades através das quais, partindo de acontecimentos do quotidiano,
consciencializem-se, intelectual e afectivamente, acerca do que significa tomar
decisões. Ganham progressiva noção dos principais conceitos que configuram
a tomada de decisão e da necessidade de decidir, problematizam os direfentes
tipos de processo ( decisão planeada, impulsiva, indecisão) e do conteúdo
(decisão com certeza, com risco, com incerteza) das decisões e, finalmente,
são ajudados a definir uma estratégia pessoal de tomada de decisões e a
identificar os problemas maiores que se colocam (Imaginário, 1985). Ora, uma
das principais tarefas da Orientação Vocacional é, então, apoiar o indivíduo
neste sentido, servindo-lhe de suporte e propiciando uma facilitação da escolha
vocacional (Lucchiari, 1993).

1.5.6. Factores que influenciam a escolha vocacional


Na sociedade contemporânea, hierarquizar os diferentes agentes
intervenientes no acto da escolha de uma profissão, torna-se tarefa arriscada,
26
porque todos eles podem desempenhar papel relevante no caminho de
Orientação Vocacional. O importante é identificá-los, reconhecer as
potencialidades e as limitações dos mesmos, a fim de que todos de forma
isolada, ou em conjunto possam atingir com êxito os fins em vista. A família, a
sociedade, o professor, orientador escolar e vocacional e o próprio estudante
são agentes capazes de suscitar a organização em cada jovem de uma
estrutura de interesses, de motivos, de realizações, de projectos e níveis de
aspirações, tipos de evidência, permitindo a sua forma de opção (Campos,
1999).

Segundo (Campos 1999, citado por Harnquist, 1978), considerou que as


escolhas escolares e profissionais são influenciados ou determinadas por
factores individuais e institucionais. Os primeiros factores encontram-se as
características dos alunos e as do meio próximo em que se desenvolvem, ao
passo que o segundo se refere as características do meio escolar, que
englobam condições anteriores à escolha, e condições contemporâneas das
escolas e as do meio social que compreendem factores relacionados com
aspectos económicos das profissões.

1.5.6.1. Factores individuais


De acordo Imaginário (1987), os factores individuais classificam-se em
características dos alunos e em características do meio próximo.

1.5.6.2. Características dos alunos


Segundo Imaginário (1987), o sexo, o nível de inteligência, os resultados
escolares, os interesses e as aspirações, pois estes dizem respeito às
características dos alunos.

Quanto ao sexo, o autor fez referência que, hodiernamente, persistem


profissões tipicamente masculinas e femininas, portanto áreas e níveis
ocupacionais como que reservadas a rapazes e raparigas. Está situação é
notável em alguns contextos que a actividade de secretário de dirigente é
feminizada. Se alguém do sexo masculino aparecer como secretário de
dirigente, torna-se uma aberração, daí ainda pode afirmar-se que as diferenças

27
de comportamento vocacional entre rapazes e raparigas são, sobretudo,
associáveis a diferentes orientações para os respectivos papéis sexuais o que
tem como consequência um maior investimento das raparigas nos valores
expressivos, enquanto os rapazes tendem a privilegiar os valores instrumentias
ou cursos práticos.

Sobre o nível de inteligência, a observação mais óbvia é a de que, em geral, os


indivíduos inteligentes fazem escolhas vocacionais mais consistentes com os
seus interesses, capacidades e recursos disponíveis, pelo que são as escolhas
chamadas realistas. Foi a isto que Holland (1971) chamou de “modelos de
orientação”, considerou também como um conjunto de comportamentos
adaptativos, características de motivos e necessidades psicológicas, de auto-
conceito, da história da vida, e alvo educacional e profissional. O que é visto
como produto da interacção entre indivíduo e o meio. A interacção, porém, não
garante por si só o sucesso profissional, que pode não estar imediata e
necessariamente associado ao sucesso escolar, à obtenção da formação
desejada, já que muitos outros e diversos factores interferem no sucesso
profissional.

1.5.6.3. Características do meio próximo


Neste ponto, destacam-se a família, os colegas e a comunidade de vizinhança,
como sendo aqueles grupos que podem influenciar nas escolhas vocacionais.

A educação deve fundamentar-se sobre boas escolhas. A participação dos pais


na formação dos filhos é de mágna importância e indispensável para uma
aprendizagem significativa. Concernerne a escolha do curso, deve existir uma
linha muito tênue entre ajudar e definir a carreira de um filho.
Lamentavelmente, muitos pais constumam a projectar seus sonhos e suas
vontades em seus filhos, o que de certa forma, acaba por ser errado, porque
não se pode exigir que os filhos se tornem aquilo que os pais foram incapazes
de ser. Por melhor que sejam suas intenções, os filhos é que devem escolher
suas carreiras. Dos pais espera-se todo apoio emocional e financeiro,
conselho, orientação, explicando as vantagens e desvantagens de cada curso
por ai fora, porque esta é a fase crucial da vida.

28
A educação é a favor da liberdade, aos filhos ensinem a vencer os desafios,
controlar as emoções e gostarem do que fazem, nesta ordem de pensamento,
surge a seguinte máxima: “ quem não sabe escolher, não saberá o que colher”.
O ideal é orientar e ajudar, e não definir e determinar, os pais não podem e
nem devem transferir os sonhos para os filhos, isto porque aprendizagem
significativa prima pela liberdade e autonomia.

A família exerce múltiplas e profundas inflências, é determinante o seu estatuto


socioeconómico e cultuiral, representado pelos níveis de educação e
profissional, tanto do pai como da mãe e, em menor grau, dos outros membros
da família. É de realçar que as escolhas vocacionais dos filhos são
influenciados pelas oportunidades educativas, pelos modelos e pelas práticas
de socialização dos pais que se baseaim no conhecimento sobre as profissões
e as representações socioprofissionais (Kerka 2000 citado por Araújo, 2000).

Pois, a família desempenha um papel muito importante na escolha da


profissão, mas qualquer que seja a sua atitude perante as decisões dos pais, a
maioria dos adolescentes reivindicam a liberdade de escolha. Assim, cada
escolha de profissão apresenta geralmente duas tendências em cada jovem: a
primeira escolha muito íntima, corresponde às aspirações acariciadas em
segredo e que a maior parte das vezes se revela imaginário. A segunda
escolha é toda exterior, confessada que, por vezes, procura, sobre qualquer
aspecto, conservar pelo menos um reflexo da sedução da primeira ou que
então se afirma completamente diferente (Gonçalves, 2006).

A preferência íntima é determinada pela influência do meio psicológico e


sócioeconómico, porém a acção familiar pode ser forma negativa sempre que a
família tenta exercer a pressão para que o jovem siga a carreira dos pais.

Influências dos colegas articula-se estreitamente com as das classes sociais de


que depende. Uma das questões que aqui se põe do ponto de vista das
influências dos colegas nas escolhas vocacionais, é a de chegar a saber se os
jovens procuram amigos com objectivos similares, independentemente da
classe social destes, ou se pelo contrário, mudam os seus objectivos para se
ajustarem aos dos amigos e colegas.

29
Os conceitos fundamentais da teoria da escolha vocacional de Holland (1966),
podemos retirar um dos conceitos para justificar essa influência dos colegas; “
os membros de uma profissão têm personalidades e histórias similares de
desenvolvimento pessoais”. O que quer dizer, que uma pessoa ingressa numa
profissão por ser atraída e, é retida por pessoas que aparentam ter
personalidade idêntica a dela. Portanto, a comunidade de vizinhança ou de
resistência terá também a sua influência nas escolhas vocacionais
principalmente na exposição e modelos sócioeducativos e profissionais,
embora de forma relativa, já que muitas comunidades são apenas lugares de
residência (dormitório), por outro lado muitos jovens frequentam escolas que
estão noutras comunidades, não aquelas onde residem, neste caso, tendem a
prevalecer a influência da escola relativamente à vizinhança.

1.5.6.4. Meio escolar


Constitui um dos factores institucionais que influenciam na escolha vocacional
dos jovens, tendo as características do meio escolar que engloba condições
anteriores e conteporâneas à escolha. Assim, as primeiras compreendem
principalmente a importância atribuída em algumas disciplinas, a existência de
classe terminais ou de acesso a níveis de formação ulteriores, os sistemas de
diferenciação adaptadas pela organização escolar, o funcionamento de
estruturas de orientação escolar e profissional; as segundas abordagem os
critérios de admissão e selecção, a acessibilidade dos equipamentos
educativos e a disponibilidade dos recursos para financiar a formação
(Fernandes 1996, citado por Bertolini, 2009).

É fundamental que os professores conversem com os alunos sobre os cursos


que pretendem seguir como salienta Matsuoka e Palma (2013), a escola que
proporcionar um trabalho de orientação vocacional, que oferecer condições ao
adolescente de se questionar e vivenciar actividades que promovam o
autoconhecimento fornecerá meios para uma tomada de decisão sobre a
escolha da profissão sem tantas frustrações. Quanto mais o adolescente tiver
informações sobre as profissões e como está o mercado de trabalho, mais
condições ele terá em se apropriar de conhecimentos e realizar suas escolhas
com mais critérios e responsabilidade.

30
Durante muito tempo, o ensino efectuou-se encerrada na escola, desligado da
vida para a qual ele pretendia preparar. A escola tem de ir buscar à vida real, a
inspiração para muitas das suas propostas para o trabalho, esta busca da vida
real permitirá a escola contar com o contributo dos diferentes profissionais para
poder com o testemunho vivido pelo profissional, com o relato das suas
experiências, dificuldades e alegrias do trabalho, inserir a escola na
comunidade. Uma chamada de atenção do aluno para o mundo profissional em
que o jovem irá de escolher e o que o ajudará a dar-lhe as referências para que
a sua escolha profissional traduzida num confronto das suas capacidades e
interesses com as exigências do ramo profissional em que deseja inserir-se,
sejam aceites com naturalidade (Junqueira, 1999).

Os jovens sentem-se desamparados em relação à escola, pois esta não


responde, na maioria das vezes, às suas necessidades de participação no
mundo social, político e económico. A orientação para o trabalho é feita de
maneira eficiente, por profissionais nem sempre capacitados para realizar
este tipo de reflexão entre os jovens. A falta de integração da escola com a
vida e a dificuldade das crianças sem realizarem outras actividades
diferentes das escolas levam muitas vezes os jovens a sentirem-se
desiludidos e decepcionados com a escola. (Soares, 2002)

1.5.6.5. Meio Social


Na perspectiva de Imaginário (1987), os factores sociais influenciam na escolha
vocacional, isto porque sobre determinam as variáveis individuais de que ela
depende: o acesso, o ajustamento e o sucesso que depende fortemente da
distribuição escolar e profissional entre os grupos sociais como a classe social,
a família, a escola e a comunidade. De entre tais factores, os mais importante
são, em resumo: a classe social, a escolaridade, a profissão e o rendimento
dos pais, a família, os objectivos dos pais, os valores familiares, a escola, o
aproveitamento escolar, relações com os colegas e com professores,
identificação com os valores da escola, alternativas de formação, e a
comunidade, sem se olvidar das oportunidades profissionais particulares.

31
Quando aos aspectos económicos, estes têm grande influência no
desenvolvimento vocacional, bem como na escolha de uma profissão. Um
estado democrático deve assegurar a todos uma igualdade de oportunidades,
quer isto dizer que quaisquer que seja as condições económicas e sociais do
aluno, o prosseguimento dos estudos deveriam ter factores impeditivos a suas
reais capacidades e motivações. No caso prático do nosso país, devido às
transformações sóciopolíticas, é difícil notar a existência de um determinado
regime social. Aquele jovem que nasceu em uma família pobre, ou com poucos
funcionários públicos e de baixa renda, nunca tem a possibilidade de escolher
melhores cursos, e piora a situação se a escola em que escolheu exige se
deslocar.

Assim, muitos jovens encontram barreiras nas suas aspirações por não
possuírem as condições económicas capazes de suportarem uma deslocação
para um centro urbano que tem a escola que na qual tem o curso ou a
profissão que vocacionalmente estaria vinculado. Os meios de comunicação
social são uns dos factores que a criança mais interioriza, e que passa a fazer
parte dos seus próprios princípios. Por isso, os adultos devem regular uma
parte dos seus comportamentos pelas mensagens que recebem desses meios
de comunicação, os quais assumimos e confundimos com os nossos próprios
interesses.

Os meios de comunicação social, criam e difundem estereótipos e protótipos:


modelos do que é bom e do que é mau, sobretudo, por intermédio da
publicidade, filtram os elementos constitutivos da sociedade e da vida em geral,
e reformulam-nos através do seu próprio prisma. Quando o indivíduo é
suficientemente maduro, pode ter o domínio sobre uma parte desses
conteúdos, distinguir a ficção da realidade e enfrentar essa mensagem visual,
oral ou escrita, com um mínimo sentido crítico (Hurlock, 1979). Dizer que o
melhor investimento de qualquer sociedade é a formação dos homens.

1.5.6.6. Contextualização das Tendências vocacionais em Angola


Hodiernamente, muitos trabalhos já estão desenvolvidos em matéria de
Orientação vocacional em Angola. Neste contexto, apresenta-se de forma
lacónica as principais referências consultadas.
32
Segundo (Calenga, 2014), desde a independência do nosso país, isto em 11 de
Novembro de 1975 até aqui, o trabalho de orientação vocacional, tanto a nível
nacional, provincial quanto a nível de escolas , do ensino de base, não existe e
se existe, não se faz sentir como tal.

Escolher um curso que vai de acordo com as capacidades e as habilidades de


cada um, nunca foi fácil, assim como muitos pensam. Por isso, a missão das
escolas é auxiliar e orientar os alunos/ adolescentes ou jovens para esta
grande tarefa, com objectivo de ajudá-los a fazer uma escolha acertiva
consoante os seus talentos.

A triste realidade angolana, no que concerne a Orientação Vocacional, como


ressalta (Zassala, 2005), os adolescentes/ jovens, muitas das vezes, fazem
suas escolhas, porém de forma equivocada, baseando-se por motivações
económicas, familiares, influências dos amigos, e não por inclinações
intelectuais. Esta situação pode trazer sérios problemas, como por exemplo:
multiplas reprovações, mudanças constantes de curso por optar por um curso
que na verdade não tem nada a ver com sua vocação e, por sua vez, o
resultado final é catastrófico. Por este motivo, muitos abandonam a escola por
não se sentirem adequado e satisfeitos com que estão a cursar. O jovem
adolescente que sua formação básica necessita de um bom encaminhamento,
este deve ir de acordo a demanda do mercado de trabalho, para que possa
aplicar o que aprendeu neste ano de formação. Um outro expoente pertinete
em matéria de Orientação Vocacional em Angola é (Inocêncio, 2009), que
reconheceu a insuficiência de orientação em Angola, mas que, no entando, tal
processo se encotra em evolução.

É de salientar também do trabalho de (Candongo, 2018) sobre o papel da


Orientação Vocacional na escolha de curso, este, por sua vez, obteve algumas
ilações, alegando que grande parte dos inqueridos consideram que os
professores desempenham um papel na identificação dos cursos.

33
1.6. Legislação Angolana sobre a Orientação Vocacional
Neste tema, vamos abordar a respeito das características da Legislação
angolana sobre a Orientação Vocacional, isto é, as directrizes legislativas sobre
a Orientação Vocacional em Angola.

Segundo Cambinda, (2010), a Reforma Educativa em curso em Angola, como


resposta ao cumprimento da Lei de Base do Sistema Educativa em Angola,
enfatiza-se a importância da sua contribuição para a formação de futuros
profissionais e para a formação de especialístas altamente qualificados,
capazes de combater as tarefas que demandam o desenvolvimento do país, de
maneira competente e com criatividade. Nestas nobres aspirações, adquire
uma significação relevante o trabalho de orientação sobre as profissões que
prossupõe a formação de homens e mulheres capazes de colocar-se a altura
da sua época, transformando-a ao mesmo tempo que se alcança a sua
realização pessoal, onde a escola e o professor desempenham um papel
essencial. Diversas investigações demostram que o professor constitui a figura
principal no processo de orientação vocacional e ajuda o estudante para a
busca de uma decisão auto determinada e uma adequada motivação
profissional.

A realidade da sociedade angolana encarrega, cada vez mais, à escola a


necessidade de elevar a sua formação educativa e, dentro desta, a relacionada
com a orientação da personalidade na esfera motivacional com respeito as
profissões necessárias e úteis para o país, hierarquizando a Educação e
orientação vocacional da personalidade dos estudantes de acordo com as
dimensões básicas como: a relação entre a qualidade e a quantidade, entre o
social e o individual no processo e no resultado da educação e orientação
vocacional. Os adolescentes e jovens quando ingressam no primeiro cíclo do
ensino secundário na República de Angola começam a pensar e eleger o que
farão, este é o momento da vida em que se encontram numa luta constante
entre os seus gostos, aspirações, ilusões, sonhos, opções, e desejos. É o
momento que necessitam do apoio de pessoas especializadas e de familiares
próximo que os ajudam a orientar-se e consentir as suas decisões.

34
Segundo (Clemente, 2012), em sua pesquisa sobre Orientação Vocacional em
Angola, fez uma minuciosa análise dos documentos sobre a realidade
educativa do país e de investigações realizadas, detetaram dificuldades com a
problemática da orientação vocacional no primeiro cíclo do ensino secundário,
dentre estas vamos destacar as seguintes:

❖ Não existe um programa de estudo dirigido a preparar os estudantes


para as diferentes profissões, razão pela qual os estudantes
seleccionam aquelas carreiras onde há mais lugares em oferta, sem um
conhecimento profundo dos conteúdos das mesmas;
❖ Há poucos especialistas para realizar um eficiente processo de
orientação vocacional;
❖ As poucas acções que se realizam através de actividades extra
docentes e extra escolares, tais como, círculos de interesses, planos de
férias e outras actividades, têm um carácter espontâneo e de
divulgação.

Em consequência da problemática atrás mencionada, constata-se uma prática


nula da orientação vocacional no primeiro ciclo do ensino secundário,
constituindo ,assim, uma contradição entre o que o país necessita para a
formação nas diferentes profissões e orientação vocacional que se desenvolve
no processo de ensino aprendizagem.

Segundo a Lei nº 17/16, Lei de Base do Sistema de Ensino em Angla, ilustra-


nos alguns Objectivos Gerais e Estruturais do Subsistema de Ensino Geral.
Artigo 24º (Subsistema de Ensino Geral)

O subsistema de ensino geral é o fundamental do sistema de Educação e


ensino que visa assegurar uma formação integral, harmoniosa e sólida,
necessária para uma inserção no mercado de trabalho e na sociedade, bem
como para acesso aos níveis de ensino subsequentes.

Artigo 25º (Objectivos gerais do Subsistema de Ensino Geral) é:

a) Assegurar uma formação harmoniosa e integral de qualidade que


permite o desenvolvimento das capacidades intelectuais, laborais,
artísticas, cívicas, morais, éticas e físicas;

35
b) Assegurar conhecimentos técnico-científicos e tecnológicos que
favoreçam um saber fazer eficaz e eficiente que se adapte às exigências
de desenvolvimento económico e social;
c) Educar as crianças, jovens e cidadãos adultos para adquirirem hábitos,
habilidades, capacidades e atitudes necessárias aos seus
desenvolvimentos;
d) Promover, na juventude e noutras camadas sociais, o amor ao trabalho
e potenciá-los para aprendizagem de uma actividade laboral socialmente
útil e capaz de melhorar as suas condições de vida;
e) Assegurar a nova geração uma Orientação Vocacional e profissional
sólida e útil a sua inserção na vida activa.

Segundo a Lei nº 17/16, Lei de Base do Sistema de Ensino, a luz do Artigo 32º
diz que os objectivos específicos do I Ciclo do Ensino Secundário Geral são:

a) Consolidar, aprofundar e ampliar os conhecimentos e reforçar as


capacidades, os hábitos, atitudes e as habilidades adquiridas no Ensino
Primário;
b) Permitir a aquisição dos conhecimentos das ciências e de
conhecimentos necessários ao prosseguimento dos estudos em níveis
de ensino e áreas subsequentes;
c) Assegurar o desenvolvimento do raciocínio, da reflexão e da curiosidade
científica;
d) Aprofundar os fundamentos de uma cultura humanística, baseada nos
valores morais, éticos, cívicos e patrióticos;
e) Aprofundar a formação técnica, cultural e artística que constitui suporte
cognitivo e metodológico apropriado para o eventual prosseguimento de
estudo ou para a inserção na vida activa;
f) Criar hábitos de trabalhos individual e em grupo, favorecer o
desenvolvimento de atitudes de reflexão metódica e de adaptação a
mudanças;
g) Promover o empreendedorismo, desenvolvimento hábitos, habilidades,
capacidades e atitudes para a vida e o espírito de iniciativa, criatividade
e autonomia.

36
O Ministério da Educação vem apostando na melhoria da qualidade da
educação e, por isso, a carreira do psicólogo foi também reforçada ao ser
criada pelo decreto-lei 300/97 de 31 de Outubro.

Segundo o Decreto-lei nº 190/91, de 17 de Maio de 1991, há necessidade de


conjugar diferentes factores que estão envolvidos na qualidade do sistema
como a reformulação dos recursos Humanos e ainda os recursos
especializados de apoio, nos quais se enquadra os psicólogos. O Ministério da
Educação atribui a este agente um papel importante no processo educativo,
responsabilizando-o pelo acompanhamento do aluno no seu percurso escolar,
contribuindo para a identificação dos seus interesses e aptidões, intervindo
sempre que a situação ensino/aprendizagem esteja de alguma forma
prejudicada.

O psicólogo aparece como um facilitador interagindo e acompanhando o


desenvolvimento pessoal dos alunos, assim como o seu projecto de vida. No
Decreto-lei nº300/97, de 31 de Outubro de 1997, esta ideia é reforçada ao
legislar que “a qualidade da Educação está intimamente dependente dos
recursos pedagógicos de que a Educação dispõe para o acompanhamento do
percurso escolar dos seus alunos. Este acompanhamento dispõe uma
intervenção pedagógica individualizada sempre que estejam detectadas
situações de dificuldade, mais igualmente implica apoiar os alunos nas
escolhas que terão que fazer ao longo da sua escolaridade.

De acordo com este Decreto-lei, ao Psicólogo competem variadas funções,


designadamente:

❖ Contribui para o desenvolvimento integral do aluno, assim como a


contribuição da sua identidade pessoal;
❖ Conceber e participar na definição de estratégias de superação em
situações concretas;
❖ Intervir ao nível Psicológico e Psicopedagógico;
❖ Promover cooperação entre agentes educativos, nomeadamente, pais,
professores e restante comunidade escolar e destes com os alunos;
❖ Desenvolver acções de aconselhamento pessoal e vocacional;

37
❖ Colaborar em conjunto com a comunidade educativa em acções de
prevenção.

1.7. A Orientação Vocacional no Ensino Básico em Angola


De acordo com Cambinda, (2010, citado pelo Jornal de Angola 2016) fez
recurso ao que a legislação oferece, analisar se as decisões dos adolescentes
correspondem na realidade com os interesses profissionais, resolver com ajuda
especializada algumas insuficiências que na ordem pessoal não lhes permitam
um exercício eficiente da futura profissão, assim como conjugar os interesses
individuais com sociais. É por esse e outros motivos que o ciclo terminal do
ensino básico chega a ser um dos momentos mais críticos no que as escolhas
dos jovens diz respeito.

O desenvolvimento vocacional é parte integral da construção da identidade de


cada jovem e do desenvolvimento pessoal e social. No final do ensino básico, o
aluno tem de escolher o caminho a percorrer após a conclusão do ensino
básico; não podemos deixa a escola e esperar arranjar emprego, para que isto
aconteça tem que aprender estudar e trabalhar. O objectivo comum a todos
pais, professores e psicólogos é agindo de acordo com sua disponibilidade,
saberes e funções, tornar os jovens mais aptos para construção do seu futuro.

No entanto, nem os professores, pais e encarregados de educação mais


dedicados, nem as melhores escolas do mundo são capazes do que querem
que seja se os alunos não assumirem suas próprias responsabilidades. As
decisões tomadas no ano terminal do I ciclo são vinculativas mas não são
irreversíveis: é sempre possível reformular as escolhas, estas devem dar
continuidade ao projecto vocacional do aluno, e traduzir-se num projecto
escolar ou profissional que não é imutável. Este processo vai sendo construído
a par do desenvolvimento dos interesses pelo mundo escolar e profissional, do
conhecimento de si mesmo, da sua capacidade de tomar decisões e de
assumir responsabilidades. O elevado crescimento da ciência e da tecnologia
que tem se verificado nos últimos dias no mercado de trabalho, leva-nos a crer
nas constantes mudanças.

38
Segundo Fernandes, (1996), diz que o conhecimento científico e a tecnologia,
revolucionaram matérias e a moral da existência da humanidade, modificando
desta forma as suas aspirações.

Qualquer que seja sua escolha, o mais importante é que o jovem estabeleça os
seus próprios objectivos para os seus estudos, e faça tudo para os alcançar, e
que aposte num percurso que permita a qualificação para desempenhar uma
profissão. Nesta luz de pensamento, por vezes, é importante o aluno fazer uma
escolha do curso a frequentar nos próximos três anos, isto implica estar
consciente de vários factores internos e externos que influenciam essa decisão.
O primeiro passo é ter consciência da importância de ter um projecto escolar e
profissional coerente, para isso, o aluno tem de conhecer as suas
necessidades, valores, interesses e aptidões, ou seja, saber o que quer, avaliar
o que fazer, saber o que fazer, o que aprende com facilidade, o que gosta de
fazer. É desejável que no final do ano lectivo da 9º classe o aluno tenha um
rumo e sempre vista uma qualificação para desempenhar uma profissão.

1.7.1. Papel dos professores no processo de Orientação Vocacional dos


alunos
Os professores desempenham um importante papel no processo de escolha
vocacional dos alunos Kiel, (1964), que o desenvolvimento vocacional se refere
à vertente escolar formativa, bem como a vertente profissional das decisões de
escolha, comportamento, desenvolvimento e orientação.

Segundo Paiva (1990), os professores desejam ou não exercerem sempre


influência positiva ou negativa sobre o comportamento vocacional dos alunos,
estes, por sua vez, são modelos profissionais, e induzem o gosto ou o
desprezo por aprendizagem determinadas, estimulam investimentos em
formação.

No mundo globalizado de hoje, onde há internet em todos os cantos, a escola


deixou de ser a instituição exclusiva que fornece ao jovem ansioso informações
sobre as transformações profundas das relações dentro da família e destas
com outras entidades sociais. O professor tem de formar novos objectivos
norteadores da sua actividade, criar abertura, informações, métodos e técnicas

39
que habilitem a atingir os objectivos a que se propôs, fundamentalmente, de
formar um homem autorrealizado e dirigido. Para isso, o professor deve
conhecer o aluno, as suas características, o ambiente familiar, a maneira como
ocupa os tempos livres, seus interesses, o passado fácil, uma vez que o aluno
ao passar de nível não leva todos os dados necessários sobre si, no que
concerne os conhecimentos daqueles com os quais vai criar uma nova relação.

Segundo Lisboa & Soares (2000), a formação de orientadores profissionais no


Brasil esteja num processo evolutivo lento, e isso devido a importância do tema
nas faculadades de Psicologia de de Pedagogia considerando o tratamento
dado à construção do papel de Orientador conclui-se que:

Como consequência, o desempenho da orientação vocacional se dá, por


um lado, de forma profunda, integrando a totalidade de aspectos a serem
tratados na busca de escolha profissional e, por outro, de forma superficial
ou fragmentada, em que parte de uma orientação são tidas como um todo
ou, o que se torna mais grave, pela distorção do fazer orientação
vocacional, restrigindo-se à informação parcial, a opiniões, carregadas de
valores pessoais, à simples aplicações de inventários de interesses.
(LISBOA; SOARES, 2000, p.11)

É de referir também sobre as cardenetas do aluno, aquela que contem todos os


elementos necessários para o professor conhecer aquele com o qual vai
orientar para uma profissão, tendo em conta os interesses, aptidões e de
fomentar no educando a auto avaliação das suas capacidades, seus
interesses, motivos de realização dos seus projectos vocacionais, através de
uma formação personalizada (Freire, 1980).

Neste sentido, a orientação será um conjunto de intervenções de natureza


psicopedagógica por parte do professor e da sua comunidade, visando o aluno
em particular, mas socorrendo-se de várias fontes, podendo utilizar técnicas de
grupo individualizadas, que têm por objectivo fomentar-lhes um grau de
maturação do qual resulta a possibilidade de ele escolher adequadamente as
vias que melhor o satisfaçam e que mais úteis se tornaram para a sociedade.

40
CAPÍTULO II: FUNDAMENTAÇÃO METODOLÓGICA
2.1. Preliminares da investigação

Após o período de formação no Instituto Superior de Ciências de Educação


(ISCED-Huíla), segue-se a apresentação do trabalho de fim do curso. Feita a
análise sobre a realidade de alguns alunos no Complexo Escolar nº 1V “17 de
Setembro Virei”, relativamente a decisão Vocacional. Quando a escolha do
curso, tem-se constatado dificuldades por parte de alguns alunos, visto que,
muitas das vezes, alguns alunos frequentam cursos não por questões de
vocação, tendência ou habilidade para tal, acredita-se, porém, que a escolha
do curso, hoje por hoje, tem sido uma questão de oportunidade e garantia do
bem-estar social e económico. É, com base neste quesito, que surge a ideia de
fazer um estudo no campo da Orientação Vocacional aos alunos do Complexo
Escolar nº 1V “17 de Setembro Virei”.

Desta feita, contactou-se a direcção da escola em referência, cuja anuência


permitiu inquirir os alunos da escola supracitada. Por sua vez, também, contou-
se com ajuda dos professores na mobilização dos alunos. O presente estudo
visa compreender como tem sido a tomada de decisão vocacional dos alunos
da 9ª classe do Complexo escolar nº 1V “17 de Setembro Virei” na escolha do
curso no ano terminal do ensino básico.

2.2. Tipo de investigação


O tipo de investigação é de carácter descritivo por permitir a constatação e
descrição da realidade actual sobre a orientação vocacional no processo
docente educativo dos alunos da 9ª classe do Complexo Escolar nº 1V “17 de
Setembro Virei”.

De acordo Reis (2010), a pesquisa descritiva tem como objectivos: descrever o


objecto de estudo determinado, estabelecer a inter-relação entre fenómenos e
a população (grupo social, usando variáveis como forma de procurar descobrir
a frequência com que os factos acontecem no contexto pesquisado).

41
2.3. Instrumentos
Para a realização desta pesquisa, utilizou-se como instrumento de colecta de
dados o inquérito por questionário. Optou-se pela utilização desta ferramenta
por entendermos ser eficiente na colecta de dados e por considerar que a
medida que o inquérito for indagado, facilitará a adaptação da linguagem e
enriquecimento da colecta dos dados.

De acordo Gil (2002), pode-se verificar que o inquérito por questionário


“constitui o meio mais rápido e simples de obtenção de informações, além de
não exigir treinamento de pessoas e garantir o anonimato”. Para este autor, o
questionário consiste, basicamente, em traduzir os objectivos específicos da
pesquisa em itens redigidos.

Para o presente trabalho, utilizou-se inquéritos dirigidos aos alunos e


professores, a fim de constatar-se os níveis de conhecimento sobre a
orientação vocacional dos mesmos, bem como a forma de avaliar o repertório
do aluno quanto à decisão vocacional.

2.4. Design
Segundo Eco (1988), a pesquisa descritiva desenvolve-se mais nas ciências
humanas e sociais, com o objectivo de conhecer situações, atitudes ou
costumes predominantes através de descrições detalhadas, seja de pessoas,
objectos ou actividades. Design descritivo é aquele que apenas descreve o
fenómeno.

2.5. População
Segundo Pestana (2006), a população é o conjunto de todos os valores que
descrevem o fenómeno que interessa ao investigador. A população será
constituída por 60 alunos e 20 professores da 9º classe, complexo escolar nº 1
“17 de Setembro Virei”.

2.5.1. Amostra
Para Pestana (2006), amostra é uma parte ou subconjunto da população.
Amostra será constituída por 10 professores e 30 alunos do Complexo Escolar

42
nº 1 “17 de Setembro Virei”, obtidas através do procedimento de um
amostragem por conveniência.

Tabela 1. Caracterização da Amostra dos alunos quanto ao género


N=30

Género Frequência Percentagem

Masculino 18 60%

Feminino 12 40%
Total 30 100%
Fonte: Pesquisa de campo (2021)

Os dados da tabela nº 1 revelam que, dos 30 alunos que compõem a Amostra


do trabalho 18 são do género masculino que correspondem a 60% e 12 são do
género feminino que correspondem a 40%, o que faz um total de 100%.

Tabela 2. Caracterização da Amostra dos alunos quanto a idade


N=30
Idade Frequência Percentagem
14 aos 16 anos de idade 18 60%
17 aos 18 anos de idade 12 40%
Total 30 100%
Fonte: Pesquisa de campo (2021)

Os dados da tabela nº 2 revelam que, as idades estão distribuídas em intervalo


que vai dos 14 aos 16 anos com uma frequência de 18 indivíduos que
corresponde a 60% e dos 17 aos 18 anos com uma frequência de 12 indivíduos
que corresponde a 40%.

Tabela nº 3 Caracterização da Amostra dos professores quanto ao género


N=10

Género Frequência Percentagem

Masculino 10 100%

Feminino 0 0%
Total 10 100%
Fonte: Pesquisa de campo (2021)

43
Os dados da tabela nº 3 revelam que, dos 10 professores que compõem a
Amostra do trabalho 10 são do género masculino que correspondem a 100%.

Tabela nº 4 Caracterização da Amostra dos professores quanto a


agregação pedagógica
N=10

Género Frequência Percentagem

Masculino 10 100%

Feminino 0 0%
Total 10 100%
Fonte: Pesquisa de campo (2021)

Os dados da tabela nº4 revelam que dos 10 professores que compõem a


Amostra do trabalho, 4 têm agregação pedagógica que corresponde a 40% e 6
não têm agregação pedagógica que corresponde a 60%, perfazendo um total
de 100%.

Tabela nº 5 Caracterização da Amostra dos professores quanto ao tempo


de serviço
N=30

Categoria Frequência Percentagem

0 a 5 anos 4 40%

6 a 10 anos 2 20%
11 a 15 anos 1 10%
16 a 20 anos 3 30%
Total 10 100%
Fonte: Pesquisa de campo (2021)

Os dados da tabela nº 5 revelam que dos 10 professores que compõem a


Amostra do trabalho, quanto ao tempo de serviço estão distribuídos em
intervalos que vai de 0 a 5 com 4 indivíduos que corresponde a 40%, 6 a 10
com 2 indivíduos que corresponde a 20%, 11 a 15 com 1 indivíduo que
corresponde a 10%, de 16 a 20 com 3 indivíduos que corresponde a 30%,
perfazendo um total de 100%.

44
2.7. Apresentação, análise, interpretação e discussão dos resultados
Neste ponto faz-se análise, interpretação e discussão dos resultados obtidos
através dos inquéritos aplicados a Amostra do trabalho.

2.7.1. Caracterização das respostas dos alunos ao instrumento aplicado


Tabela 6. Questão nº1: Já ouviu falar da orientação Vocacional?
N=30
Categoria Frequência Percentagem

Sim 18 60%

Não 12 40%

Se sim aonde

Escola 9 30%

Casa 9 30%

Nunca ouvir falar 12 40%

Total 30 100%

Fonte: Pesquisa de campo (2021)

Os dados da tabela nº 6 questão 1 revelam que dos 30 alunos que compõem a


Amostra do trabalho, a maior percentagem recai para a categoria de sim com
uma frequência de 18 indivíduos correspondente a 60%, onde 40% dos
inquiridos nunca ouviram falar da orientação vocacional.

Na opinião do autor do presente trabalho é importante que alunos ouvem falar


sobre orientação vocacional ou sobre vocação para que os mesmos tenham
noção do que é e como influencia em suas decisões vocacionais.

Tabela 7. Questão nº 2: Já escolheu o curso a fazer no ensino médio?


N=30
Categoria Frequência Percentagem

Sim 12 40%

45
Não 18 60%

Total 30 100%

Fonte: Pesquisa de campo (2021)

Os dados da tabela nº 7 questão 2 revelam que dos 30 alunos que compõem a


Amostra do trabalho 12 indivíduo responderam sim com uma percentagem de
40%, enquanto 18 indivíduos responderam não com uma percentagem de 60%
perfazendo um total de 100%.

Esta última percentagem, revela a importância de com maior urgência


instrumentar e implementar o serviço de orientação vocacional aos alunos da
9ª classe do complexo escolar nº 1 ‘’17 de Setembro’’ Virei, pois que, Gondim
(2002), refere que a importância da orientação vocacional está em que ajuda o
adolescente a ter um conhecimento sobre as distintas áreas de formação, e
ainda proporciona ao aluno a maior facilidade de reflectir com olhar mais
racional sobre as exigências do mercado e fazer uma certa relação das suas
habilidades pessoais e consegue estabelecer compatibilidade com a sua
escolha profissional.

Tabela 8. Questão nº3: Os teus pais, encarregados de educação, falam


sobre Orientação vocacional?
N=30
Categoria Frequência Percentagem

Sim 10 33%

Não 20 67%

Total 30 100%

Fonte: Pesquisa de campo (2021)

Os dados da tabela nº 8 questão 3 revelam que dos 30 alunos que compõem a


Amostra do trabalho a maior frequência recai para 20 indivíduos com uma
percentagem de 67%.

É importante que os pais conversem sempre com os seus filhos sobre o que os
mesmos pretendem ser no futuro. O papel ideal da família seria o de oferecer

46
suporte as decisões, ajudando o jovem na resolução da crise que envolve a
escolha. (Krawulski et al., 2000, p. 85).

As escolhas vocacionais dos filhos são influenciados pelas oportunidades


educativas, pelos modelos e pelas práticas de socialização dos pais que se
baseaim no conhecimento sobre as profissões e as representações
socioprofissionais (Kerka 2000 citado por Araújo, 2000).

Tabela 9. Questão nº4: Os teus professores falam sobre orientação


vocacional?
N=30
Categoria Frequência Percentagem

Sim 6 20%

Não 24 80%

Total 30 100%

Fonte: Pesquisa de campo (2021)

Os dados da tabela nº 9 questão 4 revela que dos 30 alunos que compõem a


Amostra do trabalho 6 indivíduos responderam sim que corresponde a 20%,
enquanto 24 indivíduos responderam não que corresponde a 80% perfazendo
um total de 100%.

É fundamental que os professores conversem com os alunos sobre os cursos


que pretendem seguir como salienta Matsuoka e Palma (2013), a escola que
proporcionar um trabalho de orientação vocacional, que oferecer condições ao
adolescente de se questionar e vivenciar actividades que promovam o
autoconhecimento fornecerá meios para uma tomada de decisão sobre a
escolha da profissão sem tantas frustrações.

Tabela 10. Questão nº5: Indica os factores que influenciam na tua decisão
vocacional?
N=30
Categoria Frequência Percentagem
Família 15 50%
Amigos 0 0%

47
Professores 3 10%
Profissão dos pais 6 20%
Profissão de outros familiares 0 0%
Outras Influencias 6 20%
Total 30 100%
Fonte: Pesquisa de campo (2021)

Os dados da tabela nº 10 questão 5 revela que dos 30 alunos que compõem a


Amostra do trabalho a maior frequência recai para 15 indivíduos que
responderam a família com uma percentagem de 50%.

Na opinião do autor do presente trabalho a família desempenha um papel


fundamental nas escolhas dos adolescente, visto que é o primeiro factor de
socialização do individuo, é onde o adolescente começa a dar os primeiros
passos, é importante que a família ajude o adolescente a escolher uma
profissão ou curso tendo em conta sua inclinação vocacional, para que o
mesmo tenha êxito em sua formação profissional.

Tabela 11. Questão nº6: Indica um motivo que influenciou na sua decisão
vocacional?
N=30
Categoria Frequência Percentagem

Salário 18 60%

Saída profissional 6 20%

Oportunidade de mercado - -

Interesse pessoal 6 20%

Toral 30 100%

Fonte: Pesquisa de campo (2021)

Os dados da tabela nº 11 questão 6 revela que dos 30 alunos que compõem a


Amostra do trabalho a maior percentagem recai para 18 indivíduos que
responderam sim correspondendo a 60%.

48
Na opinião do autor do presente trabalho urge necessidade de se implementar
os serviços de orientação vocacional no complexo escolar nº 1 para que os
alunos escolhem seus cursos ou profissões tendo em conta suas inclinações
vocacionais e não por causa do salário que certas profissões oferecem.

Tabela 12. Questão nº 7: Na tua escola, realiza-se actividades de


Orientação Vocacional?
N=30
Categoria Frequência Percentagem

Sim 3 10%

Não 27 90%

Se sim, diga quais são

Boas práticas 3 10%

Não emitiram suas 27 90%


opiniões

Total 30 100%

Fonte: Pesquisa de campo (2021)

Os dados da tabela nº 12 questão 7 revela que dos 30 alunos que compõem a


Amostra do trabalho, 3 indivíduos responderam sim que corresponde a 10%,
enquanto 27 indivíduos responderam não que corresponde a 90% perfazendo
um total de 100%.

Esta situação é preocupante e remete ao autor do presente trabalho junto da


direcção da escola, criar condições para pelo menos criar um gabinete
psicopedagógico que possa responder pelo serviço de orientação vocacional,
com uma equipa com a formação psicopedagógica.

A escola deve preocupar-se em conscientizar os jovens de que o momento de


escolha é um processo de aprendizado a ser levado para outros momentos e
que tem muito a contribuir na formação pessoal, no reconhecimento de si

49
enquanto sujeito de escolha capaz de visualizar as possibilidades que a
sociedade lhe oferece quanto a escolha profissional (Vieira, 2006).

Tabela 13. Questão nº 8: Que profissão gostarias seguir no futuro?


N=30
Categoria Frequência Percentagem

Professor 3 10%

Médico 15 50%

Jurista 3 10%

Psicólogo - -

Sociólogo - -

Economista - -

Advogado - -

Outros 9 30%

Total 30 100%

Fonte: Pesquisa de campo (2021)

Os dados da tabela nº 13 questão nº 8 revela que dos 30 alunos que compõem


a Amostra do trabalho, a maior percentagem recai para 15 indivíduos que
responderam médico com uma percentagem de 50%.

Na opinião do autor do presente trabalho, é fundamental que o professor


explique sobre as profissões a desempenhar e a importância que cada
profissão tem na sociedade, para que o adolescente entenda o valor de cada
profissão e escolher de acordo com suas inclinações.

A prática de orientação vocacional e decisão da escolha do curso a seguir,


futuramente, devem ser introduzidas desde cedo na vida escolar, decorrendo
paralelamente ao percurso da vida do sujeito, para que esse cresça e se
desenvolva de modo mais pleno e saudável possível (Nérici, 1983).

50
Tabela 14. Questão nº 9: Qual é a tua opinião sobre esta temática?
N=30
Categoria Frequência Percentagem

Muito importante 30 100%

Importante - -

Menos importante - -

Tanto faz - -

Razoável - -

Total 30 100%

Fonte: Pesquisa de campo (2021)

Os dados da tabela nº 14 questão 9 revela que dos 30 alunos que compõem a


Amostra do trabalho 30 indivíduos que corresponde a 100% responderam
muito importante.

Na opinião do autor do presente trabalho é fundamental que os alunos


encaram a decisão vocacional como um assunto sério, pois ajuda os mesmos
na tomada de decisões futuras sobre seus cursos, profissões e tendências, o
professor também desempenha um papel importante de modo a incutir nos
alunos suas inclinações, vocações de modo a escolherem cursos compatíveis
com suas habilidades.

2.7.2. Caracterização das respostas dos professores ao Inquéritos


aplicado

Tabela 15. Questão nº 1: O que entendes por orientação vocacional?


N=10
Categoria Frequência Percentagem

51
Orientação vocacional é um processo pelo
qual um indivíduo, ou seja, uma pessoa é
2 20%
dirigido a escolher uma determinada área do
saber de acordo a amabilidade da vida
profissional.

Orientação vocacional é o acompanhamento


milimétrico a um indivíduo em processo de
assimilação numa das áreas do saber, e 4 40%
incentiva-lo a prosseguir o curso ou
disciplina em que este mais se destaca.

Orientação vocacional visa descobrir o


2 20%
potencial dos alunos.

Orientação vocacional é um acto pelo qual


uma pessoa é dirigida a escolher uma
determinada área de formação e profissão
em função das habilidades ou inclinação 2 20%
que o mesmo apresenta.

Total 10 100%

Fonte: Pesquisa de campo (2021)

Os dados da tabela nº 15 questão nº 1 revela que dos 10 professores que


compõem a Amostra do trabalho, a maior frequência recai para 4 indivíduos
que responderam, que a Orientação vocacional é o acompanhamento
milimétrico a um indivíduo em processo de assimilação numa das áreas do
saber, e incentivá-los a prosseguir o curso ou disciplina em que este mais se
destaca, com uma percentagem de 40%.

Na opinião do autor do presente trabalho, é importante que o professor saiba o


que é a orientação vocacional, bem como ela é importante na vida dos

52
adolescente de modo ajudar seus alunos a decidirem sobre seus cursos futuros
assim como profissão.

Tabela 16. Questão nº2: Consideras a Orientação vocacional como


responsabilidade dos professores?
N=10
Categoria Frequência Percentagem

Sim 4 40%

Não 6 60%

Total 10 100%

Fonte: Pesquisa de campo (2021)

Os dados da tabela nº 16 questão 2 revela que dos 10 professores que


compõem a Amostra do trabalho, 6 responderam não com uma percentagem
de 60%, enquanto 4 responderam sim com uma percentagem de 40%,
perfazendo um total de 100%.

Olhando para as respostas apresentadas, ressalta no pensamento do autor do


presente trabalho, a necessidade de capacitar os professores a quanto da
temática relacionada com a orientação vocacional, para que a mesma seja feita
por professores de disciplina de maneira a ajudar as escolhas profissionais dos
alunos tendo em conta suas inclinações.

Tabela 17. Questão nº 3: Como professor que é, tens realizado actividades


relacionadas com orientação vocacional?
N=10
Categoria Frequência Percentagem

Sim 3 30%

Não 7 70%

Total 10 100%

Fonte: Pesquisa de campo (2021)

53
Os dados da tabela 17 questão 3 revela que dos 10 professores que compõem
a Amostra do trabalho, 3 responderam sim que corresponde a 30%, enquanto 7
responderam não que corresponde a 70% perfazendo um total de 100%.

Mais uma vez ressalta-se a necessidade de impulsionar debates, encontros


metodológicos com os professores para ressaltar a importância da orientação
vocacional já que é preocupante uma vez que em pleno século XXI, os
professores afirmam não terem realizado actividades relacionada com a
orientação vocacional.

Tabela 18. Questão nº 4: Ao teu ver achas que a orientação vocacional


deve ser feita por professores especializados?
N=10
Categoria Frequência Percentagem

Sim 4 40%

Não 6 60%

Total 10 100%

Fonte: Pesquisa de campo (2021)

Os dados da tabela nº 18 questão 4 revela que dos 10 professores que


compõem a Amostra do trabalho, 4 responderam sim que corresponde a 40% e
6 responderam não que corresponde a 60%, perfazendo um total de 100%.

Na opinião do autor do presente trabalho é importante que todos os


professores trabalhem a base de conhecimentos prévios sobre vocação ou
orientação vocacional como salienta (Gondim 2002, citado por Oliveira, 2017)
ao afirmar que a orientação vocacional assume grande importância porque
ajuda e orienta os alunos a terem um conhecimento sobre o mercado de
trabalho, e ter maior facilidade de reflectir com olhar mais racional sobre as
exigências do mercado de trabalho.

Tabela 19. Questão nº 5: Na escola em que trabalhas, os alunos têm


consultado o gabinete psicopedagógico?
N=10
Categoria Frequência Percentagem

54
Sim 3 30%

Não 7 70%

Total 10 100%

Fonte: Pesquisa de campo (2021)

Os dados da tabela nº 19 questão 5 revela que dos 10 professores que


compõem a Amostra do trabalho, 3 responderam sim com um percentagem de
30%, enquanto 7 responderam não com uma percentagem de 70%, perfazendo
um total de 100%.

Torna-se fundamental a escola estabelecer um vínculo de aproximação com os


alunos como salienta Soares (2002) a falta de integração da escola com a vida
e a dificuldade das crianças sem realizarem outras actividades diferentes das
escolas levam muitas vezes os jovens a sentirem-se desiludidos e
decepcionados com a escola.

Tabela 20. Questão 6: Qual é a decisão vocacional dos alunos da 9ª


classe do complexo escolar nº 1 ‘’17 de Setembro’’ Virei-Namibe?

Categoria Frequência Percentagem


Dar continuidade a 1 10%
formação
Parar os estudos 0 0%
Acompanhar os pais nos 3 30%
trabalhos de campo
Outros 0 0%
Indeciso 6 60%
Total 10 100%
Fonte: Pesquisa de campo (2021)

Os dados da tabela nº 20 questão 6 revela que dos 10 professores que


compõem a Amostra do trabalho a maior percentagem recai para 6 indivíduos
que responderam indeciso com uma percentagem de 60%.

Na opinião do autor do presente trabalho, muitos têm sido os alunos indeciso


com os seus futuros, para que seja face o aluno decidir sobre seu futuro é

55
necessário que o professor explique o aluno a importância das profissões como
salienta Junqueira (1999) ter flexibilidade e tranquilidade ao articular seu
conhecimento e experiências para adaptar-se a uma nova realidade em função
das novas tendencias.

Tabela 21. Questão nº 7: Como consideras a abordagem deste tema?


N=10
Categoria Frequência Percentagem

Muito importante 7 70%

Importante 3 30%

Menos importante 0 0%

Tanto faz 0 0%

Razoável 0 0%

Total 10 100%

Fonte: Pesquisa de campo (2021)

Os dados da tabela nº 17 questão 7 revela que dos 10 professores que


compõem a Amostra do trabalho a maior percentagem recai para 7 indivíduos
que responderam muito importante com uma percentagem de 70%.

56
CONCLUSÕES E SUGESTÕES
Conclusões gerais
Da abordagem teórica e metodológica chega-se as seguintes conclusões:

1. A falta de decisão vocacional tem influenciado as escolhas dos cursos


dos adolescentes na saída de um ciclo para o outro;
2. A orientação vocacional constitui uma oportunidade de
autoconhecimento, de alinhamento entre habilidades, características
pessoais e profissão, do sentido significativo do trabalho e da relação
trabalho e projecto de vida do indivíduo;
3. 80% dos alunos inquiridos afirmam que os professores não falam com
eles sobre a orientação vocacional;
4. 60% dos alunos inquiridos afirmam que escolhem seus cursos e
profissão em função do salário de certas profissões;
5. 70% dos professores inqueridos afirmam que não realizam actividades
relacionada com a decisão vocacional;
6. 60% dos professores inqueridos afirmam que os alunos mostram-se
indecisos em relação suas decisões vocacionais.

57
Sugestões
Com base no estudo efectuado e tendo em conta as conclusões, sugere-se o
seguinte:

1. Que outras investigações deia continuidade as temáticas relacionadas


com a orientação vocacional em outros contextos;
2. Que se implemente o serviço de orientação vocacional no complexo
escolar nº 1 ‘’17 de Setembro’’ Virei no Namibe;
3. Que escola crie uma biblioteca para ajudar os alunos a despertar as
suas aspirações, tendências e aptidões:
4. Que os professores despertem os alunos o gosto por certas profissões e
explicar a importância de cada profissão na sociedade de modo a evitar
escolhem cursos incompatíveis com suas habilidades;
5. Que os professores ajudem os alunos a decidirem sobre seus futuros,
olhando sempre em suas aptidões e habilidades.

58
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63
ANEXOS E APÊNDICES
Anexo nº I: Credencial

VI
Apêndice I: Inquérito dos alunos

INSTITUTO SUPERIOR DE CIÊNCIAS DE EDUCAÇÃO DA HUÍLA

ISCED-HUÌLA

SECÇÃO DE PSICOLOGIA

INQUÉRITO DIRIGIDO AOS ALUNOS

Caro aluno (a), o presente inquérito, faz parte de um trabalho de investigação do


Instituto Superior de Ciências de Educação, no curso de ensino de Psicologia, para
obtenção do grau de licenciatura, esta é anónima, vale reforçar que as informações
obtidas serão mantidas em absoluto sigilo.

A mesma destina-se na recolha de dados acerca da decisão vocacional na escolha


do curso dos alunos da 9ª classe do complexo escolar nº 1 ‘’17 de Setembro’’ Virei-
Namibe. Por favor, agradece-se que responda a todas as questões de forma clara e
sincera.

Obrigado pela sua colaboração.

Em conformidade com a pergunta marque com X a opção correcta escreve a


resposta.

Dados Gerais

Idade___

Sexo____________

Sobre a Decisão Vocacional

1- Já ouviu falar da orientação Vocacional?

Sim____ Não_____

Onde?_______________________________________________________
__________________________________________________________.

2- Já escolheu o curso a fazer no ensino médio?

Sim______ Não______

3- Os teus pais, encarregados de educação, falam sobre Orientação


vocacional?

VII
Sim______ Não______

4- Os teus professores falam sobre orientação vocacional?

Sim______ Não______
5- Indica os factores que influenciam na tua decisão vocacional?

Categoria de resposta Assinale com X


Família
Amigos
Professores
Profissão dos pais
Profissão de outros familiares
Outras Influencias
6- Indica um motivo que influenciou na sua decisão vocacional?

Categoria de resposta Assinale com X


Salário
Saída profissional
Oportunidade de mercado
Interesse pessoal

7- Na tua escola, realiza-se actividades de Orientação Vocacional?

Sim_____ Não_____

8- Que profissão gostarias seguir no futuro?

Categoria de resposta Assinale com X


Professor
Médico
Jurista
Psicólogo
Sociólogo
Economista
Advogado
Outros

9- Qual é a tua opinião sobre esta temática?


R:________________________________________________________
_______________________________________________________.

VIII
Apêndice II: Inquérito dos Professores

INSTITUTO SUPERIOR DE CIÊNCIAS DE EDUCAÇÃO DA HUÍLA

ISCED-HUÌLA

SECÇÃO DE PSICOLOGIA

INQUÉRITO DIRIGIDO AOS PROFESSORES

Estimado professor (a), o presente inquérito, faz parte de um trabalho de investigação do


Instituto Superior de Ciências de Educação, no curso de ensino de Psicologia o mesmo
destina-se à obtenção do grau de licenciatura.

O instrumento tem carácter de anonimato. As informações obtidas serão mantidas em


absoluto sigilo.

Assim em conformidade com a pergunta marque com X a opção correcta escreve a


resposta.

Dados Gerais

Sexo____________

Anos de docência__________

Tem agregação Pedagógica Sim____Não_____

Sobre a Decisão Vocacional

1- O que entendes por Orientação Vocacional?


____________________________________________________________________
____________________________________________________________________
___________________________________________________________________

2- Consideras a Orientação vocacional como responsabilidade dos


professores?

Sim_____ Não_____

3- Como professor que é, tens realizado actividades relacionadas com orientação


vocacional?

IX
Sim_____ Não____

4- Ao teu ver achas que a orientação vocacional deve ser feita por
professores especializados?

Sim_____ Não_____

5- Na escola em que trabalhas, os alunos têm consultado o gabinete


psicopedagógico?
Sim_____ Não____

6- Qual é a decisão vocacional dos alunos da 9ª classe do complexo escolar nº 1


‘’17 de Setembro’’ Virei-Namibe?

Sim_____ Não_____ Talvez______

7- Como consideras a abordagem deste tema?

Categoria de resposta Assinale com X


Muito importante
Importante
Menos importante
Tanto faz
Razoável

X
Anexo nº II: Fotografias

Aplicação dos inquéritos aos alunos da 9ª Classe do Complexo Escolar nº


1 ‘’17 de Setembro’’ Virei-Namibe

XI
XII
1

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