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(escrever em 1ªpessoa).
Ao tentar refletir sobre o atendimento à pessoa surda não apenas por profissionais
fonoaudiólogos, mas por todos os profissionais de saúde dos cursos das áreas biomédicas
oferecidos pela universidade onde estudo me levou a pensar para além do que experimentamos
no sentido de compreender o universo da pessoa surda apenas pelo viés da deficiência.
É necessária a atenção e a dedicação do nosso tempo com essas pessoas que veem o mundo
mergulhadas no silêncio. Com suas habilidades de comunicação atenuadas devido à surdez,
essas pessoas tendem a ser marginalizadas (no sentido etmolólógico) por muitos profissionais
de saúde que não estão capacitados a atender, tratar e reabilitar essas pessoas porque não
conseguem se comunicar com esses pacientes. Muito tem se discutido a necessidade da
humanização desse atendimento. Muita coisa já foi escrita e o caminho já aponta para a
necessidade da melhor preparação do profissional de saúde para atender à pessoa surda. Mas
o que é mesmo atender? Será que esse termo não se banalizou com o passar do tempo? De
acordo com o Dicionário Aurélio da Língua Portuguesa atender, transitivo direto e transitivo
indireto, significa dar atenção a, ouvir. Responder a um chamado. Ora, não há como
desempenhar a semântica e a pragmática apenas deste termo junto a uma pessoa surda sem se
predispor a ouví-la (e coloco o verbo ouvir neste caso, subjetivamente), sem dedicar o seu tempo
tanto na sua formação continuada específica para esta demanda, como o seu tempo e os seus
esforços para fazer com que o seu atendimento seja um instrumento que faça diferença na
caminhada da pessoa surda que lhe confiou suas queixas.
Qualquer barreira que exista entre um profissional de saúde e o seu paciente, deve ser
derrubada pelo profissional. É uma demanda ética. Ao paciente todos os esforços. À pessoa
surda toda humanização.
Conforme preconizou Miranda R. S., “os profissionais da saúde além de não dominarem a Língua
Brasileira de Sinais, tampouco têm paciência e consciência de que o ritmo das pessoas surdas é
diferente do ritmo da pessoa ouvinte para compreender a comunicação verbal ou escrita.”
Apenas quando toda a demanda da ética, que muitas vezes é suprimida pela técnica e pelo
protocolo puramente médico sem levar em consideração e em conta as necessidades
sóciopsicossociais da pessoa surda for colocada como fator preponderante para a humanização
dos atendimentos à pessoa surda estaremos trilhando o caminho da inclusão, da relação
dialógica e da competência humana para com as pessoas surdas. Aí então, talvez possamos dizer
e reiterar que os rastros dos passos da nossa gente serão de transformação.