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Consistirá na elaboração de um texto acerca do atendimento à pessoa Surda, considere aspectos

como barreiras comunicacionais, cuidado humanizado, acessibilidade, entre outros. Durante


a elaboração, leve em consideração suas percepções individuais sobre o tema e também sua
possível atuação como futuro profissional da saúde

(escrever em 1ªpessoa).

Ao tentar refletir sobre o atendimento à pessoa surda não apenas por profissionais
fonoaudiólogos, mas por todos os profissionais de saúde dos cursos das áreas biomédicas
oferecidos pela universidade onde estudo me levou a pensar para além do que experimentamos
no sentido de compreender o universo da pessoa surda apenas pelo viés da deficiência.

Todos temos a compreensão de que as ciências biológicas e biomédicas exigem um critério


técnico de precisão no fazer científico que abre pouca ou nenhuma margem para a área das
humanidades. Ora, mas os profissionais dessas áreas em sua grande maioria não vão lidar com
pessoas? Quantos de nós já não fomos a uma consulta médica em que o profissional fica de
frente pra uma tela de computador ouvindo a queixa do seu paciente sem às vezes nem olhar
para este nos olhos e depois assina uma prescrição de medicamentos e uma série de pedidos de
exames e dispensa o paciente. Porque o tempo é tão curto? Minha reflexão no que concerne a
este texto, passará pela questão do Chronos. Porque entendo que não há uma forma de lidar
com nenhum paciente, nesse caso, especificamente, uma pessoa surda, sem, além de ter o
conhecimento técnico, científico e prático, ter habilidade humana para lidar com este grupo que
requer um olhar e um tratamento individualizado e de profunda atenção e escuta.

Considero, a partir do acúmulo de conhecimentos que a atuação em saúde parte de três


princípios básicos: a técnica, o protocolo e a ética. A técnica e o protocolo não podem ser
mudados. A humanização do cuidado vem da ética. Esta sim, podemos esmiuçar e dentro da
amplitude que requer a práxis do profissional de saúde, transformar a forma como lidamos com
os nossos pacientes. Principalmente os pacientes surdos.

É necessária a atenção e a dedicação do nosso tempo com essas pessoas que veem o mundo
mergulhadas no silêncio. Com suas habilidades de comunicação atenuadas devido à surdez,
essas pessoas tendem a ser marginalizadas (no sentido etmolólógico) por muitos profissionais
de saúde que não estão capacitados a atender, tratar e reabilitar essas pessoas porque não
conseguem se comunicar com esses pacientes. Muito tem se discutido a necessidade da
humanização desse atendimento. Muita coisa já foi escrita e o caminho já aponta para a
necessidade da melhor preparação do profissional de saúde para atender à pessoa surda. Mas
o que é mesmo atender? Será que esse termo não se banalizou com o passar do tempo? De
acordo com o Dicionário Aurélio da Língua Portuguesa atender, transitivo direto e transitivo
indireto, significa dar atenção a, ouvir. Responder a um chamado. Ora, não há como
desempenhar a semântica e a pragmática apenas deste termo junto a uma pessoa surda sem se
predispor a ouví-la (e coloco o verbo ouvir neste caso, subjetivamente), sem dedicar o seu tempo
tanto na sua formação continuada específica para esta demanda, como o seu tempo e os seus
esforços para fazer com que o seu atendimento seja um instrumento que faça diferença na
caminhada da pessoa surda que lhe confiou suas queixas.

Qualquer barreira que exista entre um profissional de saúde e o seu paciente, deve ser
derrubada pelo profissional. É uma demanda ética. Ao paciente todos os esforços. À pessoa
surda toda humanização.
Conforme preconizou Miranda R. S., “os profissionais da saúde além de não dominarem a Língua
Brasileira de Sinais, tampouco têm paciência e consciência de que o ritmo das pessoas surdas é
diferente do ritmo da pessoa ouvinte para compreender a comunicação verbal ou escrita.”

Apenas quando toda a demanda da ética, que muitas vezes é suprimida pela técnica e pelo
protocolo puramente médico sem levar em consideração e em conta as necessidades
sóciopsicossociais da pessoa surda for colocada como fator preponderante para a humanização
dos atendimentos à pessoa surda estaremos trilhando o caminho da inclusão, da relação
dialógica e da competência humana para com as pessoas surdas. Aí então, talvez possamos dizer
e reiterar que os rastros dos passos da nossa gente serão de transformação.

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