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“Qual é o impacto do Brexit no investimento direto estrangeiro no RU e

na UE? - Efeitos nas multinacionais.”


A saída do Reino Unido, conhecida como Brexit, é para muitos considerada como o
maior desafio na história da União Europeia desde a sua origem. Ao fim de quase 45 anos de
permanência, através de um referendo realizado no dia 23 de junho de 2016, o povo britânico
decidiu sair da União Europeia. O facto de este ter sido o primeiro recuo na história da
integração económica europeia despertou-nos um maior interesse para estudar este tema.
Desde o Plano Marshall e da necessidade de coordenar políticas para a reconstrução
da Europa após a 2ª Guerra Mundial que o RU apresentava uma visão mais
intergovernamentalista para o projeto europeu. Apoiava a ideia de Livre-Comércio Europeu
(que acabaria por se realizar através da fundação da EFTA) em oposição à ideia de uma união
aduaneira defendida pela França e Alemanha. Durante o processo de reconstrução europeia o
que se começou a observar foi o rápido desenvolvimento e constante aproximação do PIB per
capita dos membros da CE (EU6) ao PIB per capita britânico, que era bastante superior. O
Reino Unido desde o início do projeto integração europeu, leia-se Plano Marshall, sempre teve
uma posição muito diferente dos países do centro da Europa. Na sua permanência até ao
Brexit na UE, o RU nunca teve o mesmo nível de compromisso que os membros fundadores e
dos posteriores países integrantes. A sua entrada e permanência na UE deveu-se
principalmente do benefício para a sua economia com o acesso ao Mercado Comum. Além
disso, na história repetem-se os exemplos em que os Estados-Membros pró-aprofundamento
da UE, liderados pela Alemanha e França, sempre que pretendiam aprofundar a integração
europeia eram obrigados a cedências que beneficiavam o RU para que o aprofundamento da
comunidade europeia pudesse avançar.
Esta rutura teve graves implicações sociais, políticas e económicas. A nível político o
BREXIT significa que todo o acervo da UE deixa de fazer parte do direito do Reino Unido, o RU
deixa de ter voto nos órgãos de decisão da UE e os cidadãos britânicos perdem a cidadania
europeia. Ao nível comercial o RU deixa de fazer parte do Mercado Comum, passando a ser
considerado como um país terceiro perante os restantes Estados Membros (EMs) da União.
Apesar de deixar de contribuir financeiramente para o funcionamento da Comunidade
Europeia, o RU perde a vantagem de comercializar sem barreiras alfandegárias com os seus
principais parceiros, os países da União Europeia.
Adam Smith demonstrou as vantagens da livre troca, ao observar que a abertura ao
exterior conduz a um ganho importante para os dois parceiros comerciais (embora podendo
não ser equitativo) e, portanto, também para a economia mundial (originando o aumento
global da riqueza). Assim, tem-se que uma economia fechada não é benéfica para o país. Posto
isto teremos a oportunidade de verificar se na prática a teoria económica se aplica.
Imediatamente à saída do Reino Unido verificou-se grandes oscilações económicas
para os dois intervenientes. Ressaltam-se as seguintes: forte queda da libra esterlina; queda da
bolsa e mercado imobiliário; diminuição das taxas de juro; aumento dos empréstimos
bancários por parte do governo britânico para conter uma possível perda de capitais. Destaca-
se a diminuição do valor da libra esterlina face ao dólar e face ao euro. Além disso, várias
empresas mudaram as suas sedes para países como a Holanda e a França. Enquanto na
perspetiva da União Europeia, destaca-se a perda da contribuição monetária do Reino Unido; a
renegociação de todos os tratados comerciais com o RU. Nota-se ainda o receio que o Brexit
inspire outros países a fazer o mesmo.

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Estas consequências devem-se em grande parte ao aumento das barreiras à livre
circulação o que significou que os custos do comércio aumentaram e as empresas
multinacionais do Reino Unido e da União Europeia deixaram de beneficiar da livre circulação
de capitais, bens e serviços entre si, uma vez que, estariam sujeitas a regulamentos mais
rigorosos e custos de produção mais altos. No mesmo sentido as multinacionais diminuíram o
seu investimento no Reino Unido e outras chegaram mesmo a mudar a sua atividade para
outros países onde continuassem a beneficiar do mercado livre. Assim, abordaremos o
impacto dos custos comerciais e restrições no investimento direto estrangeiro na produção e
bem-estar, tanto no Reino Unido como na União Europeia.
Teoricamente, num mundo globalizado, um país que ergue barreiras ao IDE sofre
perdas de bem-estar porque a inovação estrangeira é efetivamente bloqueada, tornando-se
mais cara a nível interno. O Reino Unido ao atuar sozinho acaba por restringir o IDE da UE, as
empresas da UE têm menos incentivos para investir em capital tecnológico. Este menor
investimento tem um impacto negativo sobre o Reino Unido. Com menos capital tecnológico
vindo do estrangeiro, as empresas britânicas devem aumentar o seu próprio investimento em
I&D e outros intangíveis, o que é dispendioso.
Neste trabalho o objetivo principal é debruçar-nos sobre os impactos económicos,
ainda que a diferenciação exata dos aspetos comerciais, políticos e sociais não seja possível.
Iremos também averiguar a importância das multinacionais estrangeiras no Reino Unido a este
nível. Assim sendo, o trabalho terá inicialmente uma abordagem de revisão da literatura
seguido de confronto de dados (procurando integrar agregados macroeconómicos relevantes e
teoria económica na análise. Seguem os resultados e conclusões, por forma a responder à
questão escolhida.

Anabela Dias nº 102969


Andreia Costa nº 102541
Camila Pereira nº 102746

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