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Aplicações terapêuticas da

penicilina G
Roteiro da aula
1. Descrever as características gerais dos antibióticos beta-lactâmicos
2. Discutir as penicilinas em relação a eficácia, segurança, espectro de
atividade, mecanismo de ação, indicações de uso, administração e
resposta terapêutica
3. Diferenças entre penicilinas de espectro ampliado
4. Descrever as características das drogas inibidoras de beta-lactamase
5. Discutir semelhanças e diferenças entre cefalosporinas e penicilinas
6. Diferenciar cefalosporinas em relação ao espectro, indicações e efeitos
adversos
7. Mecanismos de resistência aos beta-lactâmicos
8. Reações de hipersensibilidade aos beta-lactâmicos
Modo de ação de antibióticos
Betalactâmicos
Antibióticos β lactâmicos
Alexander Fleming - 1928
Estrutura química das penicilinas
Estrutura química das penicilinas
Classificação das penicilinas
 As modificações realizadas na molécula do 6-APA permitiram a classificação
das penicilinas nos seguintes grupos:

Grupo 1 – Penicilinas sensíveis à penicilinase.


- Benzilpenicilina ou penicilina G
- Fenoximetilpenicilina ou penicilina V
- Carbenicilina

Grupo 2 – Penicilinas que resistem a penicilinase.


- Meticilina
- Nafcilina
- Oxacilina
- Dicloxacilina
- Cloxacilina
Classificação das penicilinas
Grupo 3 – Penicilinas de espectro aumentado (Aminopenicilinas)
Amoxilina
Ampicilina

Grupo 4 – Penicilinas antipseudomonas (Carboxipenicilinas)


Ticarcilina
Carbenicilina

Grupo 5 – Penicilinas de 4ª. Geração (Ureidopenicilinas)


Azlocilina
Mezlocilina
Piperacilina
Problemas com as primeiras
penicilinas
 São sensíveis ao ácido
 Não são ativas em bactérias gram negativas
 As bactérias resistentes têm b-lactamases

H H
S ROCHN S
ROCHN CH3 H+

N CH3 HO2C HN
O CO2H
CO2H

H H
S ROCHN S
ROCHN CH3
-lactamase
N CH3 HO2C HN
O CO2H
CO2H
Penicilinas semi-sintéticas
+ ácido carboxílico
6-APA + Cloretos de acila
+ Anidridos de ácidos (cíclicos)

Penicilinas ácido- Penicilinas β-lactamase


resistentes resistentes

Penicilinas de amplo Penicilinas ácido e β-lactamase


espectro resistentes
Penicilinas ácido-resistente
Grupo eletrofílico ligado a cadeia lateral aminada - ↓ a densidade
eletrônica da carbonila
Penicilinas β lactamase resistente
(antiestafilocócica)
Grupo volumoso ligado a cadeia lateral aminada
Penicilinas ácido e β lactamase
resistente
Grupo volumosos e eletrofílico ligado a cadeia lateral aminada
Penicilinas de amplo espectro
(aminopenicilinas)
Caráter hidrofílico da cadeia lateral → > atividade contra G-
Associação de penicilina e
inibidor de β lactamase
Ampicilina + Sulbactam

Amoxicilina + Ácido-clavulânico

Ticarcilina + Ácido-clavulânico

Piperacilina + Tazobactam
Associação de penicilina e
inibidor de β lactamase
Associação de penicilina e
inibidor de β lactamase
Ação antibiótica prologada: Sais
de penicilina de baixa solubilidade
H
N S O
+N
O N H O
O
O O NH2

benzilpenicilina-procaína

H
N S
+ +
N N
O N H2 H2
O
O O
2

Benzilpenicilina-benzatina (Benzetacil R)

Administração IM em veículo oleoso forma depósito


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Ação antibiótica prologada: Sais
de penicilina de baixa solubilidade
CONCENTRAÇÃO SÉRICA U/ml

SENSIBILIDADE – U/ml
Gonococo – 0,5
8
Penicilina G cristalina
Pneumococo – 0,1
Meningococo – 0,1
Estreptococo – 0,01
Treponema – 0,005
1

Penicilina G procaína
0,3
Penicilina G benzatina
0,1
0,02

4h 8h 24h 7 dias
Níveis séricos de penicilina circulante após administração IM de
mesma dose das diferentes apresentações da penicilina G
Adaptado de: TAVARES, W. Antibióticos e quimioterápicos para o clínico. 2007.
Antibióticos β lactâmicos
Histórico
❑ Descoberto em 1945 → Profº Giuseppe Brotzu

❑ Cephalosporium acremonium
❑Cefalosporina C (Newton e Abraham, 1953)

•Espectro de ação amplo


•Resistente à ação da penicilinase estafilocócica
Histórico
❑ Descoberto em 1961 → ácido 7-aminocefalosporâmico (7-ACA)
❑ Deu origem às cefalosporinas
❑ Modificações em R1
❑ Espectro de ação
❑ Estabilidade às β-lactamases
❑ Afinidade da molécula pelo alvo Anel β-lactâmico

❑ Modificações em R2
❑ Aumento da meia-
vida
Cefalosporinas de primeira
geração
Droga Administração Atributos

Cefadroxil Oral • Estável frente ao ácido


• Estável contra β lactamases TEM
& SHV
Cefazolina Parenteral • Ativo contra cepas G+: MSSA,
S.pyogenes
• Moderadamente ativo contra G-
Cefalexina Oral

Cefradine Oral
Cefalosporinas de segunda
geração
Droga Administração Atributos

Cefaclor Oral • Mais potente contra algumas G-:


E.coli, Kleb., Proteus
• Algumas tem boa atividade
Cefprozil Oral contra patógenos respiratórios:
H.influenzae & Neisseria spp.
• Menos ativo contra G+ que os
Cefuroxima Oral & 1a. geração
Parenteral • Nenhuma atividade contra
Pseudomonas
Loracarbef Oral
Cefalosporinas de terceira
geração
Droga Administração Attributes

Cefdinir Oral • Muito potente contra G-


• Algumas tem excelente
Cefixima Oral atividade contra Pseudomonas
• Um pouco menos ativo dos que
Cefotaxima Parenteral os de 1a. Geração contra G+
• Moderadamente ativo contra
anaerobios
Ceftriaxona Parenteral
Ceftazidima Parenteral

Cefopera- Parenteral
zona
Cefalosporinas de quarta geração
Droga Administração Atributos

Cefepima Parenteral • Espectro mais equilibrado


• Permeabilidade de membrana
elevada
• Ativas contra G+ & G-
Cefpiroma Parenteral
• Modesta atividade contra
anaerobios
Cefoselis Parenteral

Cefclidin Parenteral
Espectro de ação das
cefalosporinas
4ª Geração

Gram positivos

3ª Geração

2ª Geração
P. aeruginosa

1ª Geração
Cocos gram-negativos
Cocos gram-negativos
H.Infuenzae, M.
H.Infuenzae, M. catarrhalis catarrhalis(produtoras de
btalactamases)
Enterobactérias
Enterobactérias (resistentes
blactamases)

Ceftazidima

Gram negativos
Cefalosporinas de quinta geração
(Ceftobiprole)
7ACA
Deresinski SC. Ceftibiprole: breaking therapeutic dogmas of the beta lactam class.
Diag Micro Infect Dis 2008; 61: 82 – 85.
Antibióticos β lactâmicos
Carbapenêmicos

 Produzido por Streptomyces cattleya


 Possui espectro de atividade mais amplo que os
outros β lactâmicos
 Principal representante: Imipenem
(administrado em combinação com a cilastatina
→ Inibidor de desidropeptidase tubular renal)
 Atividade contra microorganismos aeróbios e
anaeróbios (Estreptococos, Enterococos,
Estafilococos e Listeria)
Monobactâmicos

 Produzido por Chromobacterium violaceum


 Principal representante: Aztreonam
 Atividade apenas contra gram negativos
(semelhante aos aminoglicosídeos)
 Atividade contra enterobacterias e
pseudomonas
 Útil em pacientes alérgicos a penicilina
Mecanismo de ação dos β
lactâmicos
Parede celular bacteriana
Transglicosilação
Biossíntese da parede celular
bacteriana

Transpeptidação
Similaridade estrutural
R
1,48 1,38
H H H
N
1,25
1,40 S
O 1,52
1,17 1,40 N
O
penicilina O OH

R
1,53 1,32
H
N
1,24
O
1,47
H
1,53 H
1,24 1,32 N
O

D-Ala-D-Ala
O OH
53
Reações adversas aos β
lactâmicos
Reações alérgicas aos β
lactâmicos
Reações alérgicas aos β
lactâmicos
Glicopeptídeos
Farmacologia Ilustrada – Richard Finkel, Luigi X. Cubeddu, Michelle A. Clark
Farmacologia Ilustrada – Richard Finkel, Luigi X. Cubeddu, Michelle A. Clark
Estrutura química
 Estruturas cíclicas complexas
◦ Aminoácidos
◦ Açúcares
 Tricíclicas: Vancomicina
 Tetracíclicas: Teicoplanina
Vancomicina
 Histórico
◦ Produzido do Streptomyces orientalis
◦ 1956
◦ Alternativa estafilococos resistentes penicilina
Mecanismo de ação
Vancomicina
 INDICAÇÕES:
• Pneumonia, abscesso pele e partes moles,
osteomielite, sepses, meningite, endocardite
• Profilaxia: cirurgia cardíaca, neurológica e ortopédica
• Enterocolite por C. difficile - metronidazol R
• Neutropenia febril (associação)
Vancomicina
 EFEITOS ADVERSOS:
◦ Dor local, flebite, febre, calafrios, formigamento e
náuseas.
◦ Síndrome do homem vermelho: liberação de
histamina, angioedema, prurido, eritema, congestão,
e raramente choque.
◦ Erupções cutâneas – 5%
◦ Leucopenia e eosinofilia
◦ Nefrotoxicidade
◦ Otoxicicidade – doses altas
Resistência a Antibióticos
Tipos de β lactamases

 Classe A: Espectro ampliado – Destroem as


penicilinas, algumas cefalosporinas e
carbapenêmicos
 Classe B: Destroem todos os β-lactâmicos
exceto Aztreonam
 Classe C: Destroem as cefalosporinas
 Classe D: Destroem a cloxacilina
De volta a era pré-antibiótico?

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