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Prof.

ª Isabel Barroso
Margarida Carvalho
imbarroso@utad.pt
margaridamc1305@gmail.com
Penicilinas

Cefalosporinas

Outros β-lactâmicos

Inibidores das β-lactamases

Tetaciclinas

Aminoglicosideos

Quinolonas

2
Todos apresentam um anel β-lactâmico cuja integridade é fundamental para que possam
exercer a sua ação antibiótica.

Inibem a síntese de peptidoglicanos da parede bacteriana, impedindo o estabelecimento de


ligações transpeptídicas.

Espectro de ação depende:


Afinidade para proteínas bacterianas de ligação às penicilinas (PBPs)

Grau de resistência à inativação pelas β-lactamases

Capacidade de travessia do revestimento das células bacterianas

3
4
Antibióticos β-lactâmicos que contêm ácido 6-aminopenicilânico na sua estrutura, resultante da fusão
do anel β-lactâmico com um anel tiazolidínico.

Semi-sintéticas

Naturais: produzidas pelos fungos do género Penicillium


Benzilpenicilina (penicilina G) e Fenoximetilpenicilina (Penicilina V)
Diferentes espectros de ação:

Diferentes afinidades para as PBPs

Bactérias diferem muito entre si quanto às PBPs expressas na sua membrana

Todas as penicilinas são sensíveis à ação inativadora das β-lactamases bacterinas

Exceções Parciais: Isoxazolpenicilinas e Meticilina


Suscetiveis às penicilinases da maioria das bactérias gram-negativas
5
Resistentes à ação das β-lactamases dos Staphylococcus
6
Primeira penicilina a ser introduzida na prática clínica.

Hidroliza-se facilmente em meio ácido Não deve ser administrado via oral

Muito sensível à ação inativadora das β-lactamases.

Grande propensão para formar sais solúveis, sendo frequente administrar sob a forma de sais
hidrossolúveis (sais de sódio ou de potássio) por via intravenosa (IV) ou intra-muscular (IM).

Preparações depósito: quando adicionado a aminas, forma complexos insolúveis (administrados com
objetivo de prolongar tempo de ação)
Espectro Anti-bacteriano
Pouco amplo com tendência a ficar mais estreito.

Cocos gram-positivos aeróbios

Staphylococcus:
Staphylococcus não-produtores de β-lactamases são muito sensíveis
Maior parte das infeções são causadas por estirpes produtoras de β-lactamases
Benzilpenicilina sem interesse no tratamento destas infeções

Streptococcus:
Todos sensíveis com exceção de algumas estirpes de S. Viridans e enterococos (resistentes)
Streptococcus do grupo A, B, C e G são sensíveis a concentrações relativamente baixas
S. Pneumoniae sensível a concentrações ainda mais baixas

Infeções por S. Pneumoniae totalmente resistentes tem vindo a aumentar.


Espectro Anti-bacteriano

Bacilos gram-positivos aeróbios


De entre os mais sensíveis, destaque para bacilo diftérico e muitas estirpes de Listeria
monocytogenes, Bacillus anthracis e Erysipelothrix rhusiopathiae.

Cocos gram-negativos aeróbios


Maior parte apresente sensibilidade.
Maioria das estirpes de Moraxella catarrhalis e gonococos apresente resistência.
Meningococos resistentes são bastante raros.

Coco-bacilos gram-negativos aeróbios


Pasteurella multocida normalmente é bastante sensível.
Espectro Anti-bacteriano

Bacilos gram-negativos aeróbios

Grande parte (incluindo Haemophilus Influenzae, parainfluenzae, Bordetella, Brucella e


Legionella) tem sensibilidade moderada não suficiente para ter utilidade prática.
Pseudomonas, Acinetobacter e enterobactérias são resistentes.

Bactérias anaeróbias gram-positivas

Sensibilidade variável.
Clostridia, Peptococcus, Peptostreptococcus, Eubacterium e Peptobacterium são sensíveis a
concentrações muito reduzidas.
Algumas estirpes apresentam menor sensibilidade ou resistência.
Espectro Anti-bacteriano

Bactérias anaeróbias gram-negativas

Sensibilidade variável.
Fusobacterium, Veillonella e Bacteroides melanogenicus são sensíveis a concentrações muito
reduzidas.
Bacteroides fragilis é praticamente resistente.

Espiroquetas

Muito sensíveis.
De entre as mais sensíveis: Treponema pallidum, Borrelia burgdorferi, Borrelia recurrentis e
Leptospira.
Farmacocinética
Apesar de bem absorvida pelo intestino delgado, é intensamente inativada pelo pH ácido do estômago,
pelo que não deve ser administrada por via oral.

Administração IV:
Atingidas concentrações mais elevadas
Concentração diminui rapidamente devido à rápida excreção renal

Administação IM:
Atingidas concentrações mais sustentadas

Preparações depósito:
Atrasam a absorção, atingindo-se concentrações plasmáticas inferiores mas que se mantêm por
período de tempo superior.
Concentrações plasmáticas ≥0,03µg/mL (concentração mínima eficaz na profilaxia da febre
reumática e no tratamento da sífilis).
Penicilina G-benzatina
Penicilina G-clemizol
Penicilina G-procaína
Farmacocinética
10% circula ligada a eritrócitos e 90% circula livre no plasma (maior parte, livre).

Não se distribui de forma uniforme.

Concentrações Muito
Concentrações Elevadas
Reduzidas
• Rim +++ • Próstata
• Figado • Fluidos oculares
• Intestino • LCR
• Pele • SNC
• Trato bronco-pulmonar

Próstata e fluidos oculares: praticamente impossível obter concentrações eficazes.


Farmacocinética
SNC: - Possível obter concentrações eficazes se se usar doses muito altas de antibiótico.
- Na meningite, ocorre aumento da permeabilidade da barreira hemato-encefálica permitindo a
passagem da benzilpenicilina
- Na uremia ocorre acumulação de ácidos orgânicos que competem com a benzilpenicilina pelo
transporte ativo desde o LCR para o sangue que pode levar a fenómenos tóxicos do tipo
compulsivo.

Probenecid
Inibe o transporte ativo que permite passagem da benzilpenicilina do LCR para o sangue
Inibe a exceção da benzilpenicilina aumentando a sua concentração plasmática o que
promove a sua passagem para o SNC.

Biotransformação: muito pouco significativa. Origina ácido penicilóico e ácido penicilânico, dois
metabolitos sem ação anti-bacteriana.
Farmacocinética

Excreção:
Via intestinal é tão reduzida que não tem significado prático
Essencialmente por via renal, sobretudo por secreção tubular ativa (pode ser inibida pelo probenecid)
Atinge concentrações urinárias muito elevadas (superiores às plasmáticas), pelo que é utilizada nas
ITUs.
Na Insuficiência Renal, há aumento das concentrações de benzilpenicilina e do tempo de semi-vida.
Níveis urinários podem ser tão reduzidos que se torne ineficaz no tratamento de ITUs. Via biliar passa a
adquirir importância na excreção.
Uso Terapêutico

Importância terapêutica tem vindo a diminuir.


Sais hidrossolúveis devem ser usados em situações graves como septicemia, endocardite, pericardite e
pneumonia. Nas restante, usa-se via IM.
Normalmente opta-se por benzilpenicilina em sais de K+, exceto na insuficiência Renal (IR) por
incapacidade de suportar sobrecarga de K+.
Preparações depósito exclusivamente usadas em infeções pouco graves por agentes muito sensíveis
bem como na profilaxia de algumas infeções e no tratamento de consolidação de infeções
previamente tratadas com benzilpenicilina em sais hidrossolúveis.
Tratamento da sífilis
Profilaxia da febre reumática em doentes com amigdalites de repetição
Uso Terapêutico

Infeções Estreptocócicas
Faringites e Amigdalites Agudas
Maioria causadas por S. Pyogenes, muito sensível à benzilpenicilina o que a tornava no fármaco de eleição.
Contudo, elimina menos bactérias do que antibióticos β-lactâmicos resistentes às β-lactamases (talvez por
coexistência de bactérias produtoras de β-lactamases, que não provocam infeção) o que põe em risco o seu
uso porque o risco de febre reumática só é prevenido com a irradicação completa do Streptococcus.
Sinusites e Otites Médias Agudas
Quase sempre Pneumococcus ou Haemophilus Influenzae. Também podem ser causadas por Moraxella
catarrhalis, S. aureus, S. pyogenes e alguns bacilos gram-negativos.
Benzilpenicilina pode ser usada se infeção for causada por agente sensível. Na maioria dos casos, isso não
acontece pelo que se usa quinolonas ou cefalosporinas orais de 2ª e 3ª geração.
Uso Terapêutico

Infeções Estreptocócicas
Escarlatina e Erisipela
Maioria por S. Pyogenes, mas também Streptococcus grupo C e G (muito sensíveis).
Antibiótico de eleição.
Outras infeções estreptocócicas
Embora não seja frequente, S. Pyogenes pode causar infeções de localização meníngea, articular ou
endocárdica. Benzilpenicilina está indicada mas deve usar-se doses elevadas.
Endocardite por S. Viridans (infeção em doentes com lesões endocárdicas congénitas ou reumatismais) pode
ser tratada com elevadas doses de benzilpenicilina associada a aminoglicosídeo.
Endocardite por S. faecalis requer outro antibiótico.
Uso Terapêutico
Infeções Pneumocócicas
Um dos antibióticos de eleição para infeções por S. Pneumoniae, qualquer que seja a localização.
Nas otites médias e sinusites, pelo associação frequente entre S. Pneumoniae e Haemophilus Influenzae, é preferível
usar aminopenicilina+inibidor das β-lactamases ou cefalosporina de 3ª geração.

Infeções Meningocócicas
Antibiótico de eleição para Neisseria meningitidis (em doses elevadas).
Não elimina meningococo em portadores pelo que não se usa como profilaxia.

Infeções por anaeróbios


Infeções peri-dentais e pulmonares respondem bem à ação da benzilpenicilina embora seja preferível usar
clindamicina.
Infeções do trato gastro-intestinal são quase sempre causadas por Bacteroides fragilis, pelo que se deve usar outro
antibiótico.
Uso Terapêutico

Infeções Gonocócicas não-complicadas


Benzilpenicilina continua a ser usada, apesar do aumento de estirpes de gonococos produtores de β-lactamases.
Deve usar-se altas doses de benzilpenicilina associadas a probenecid.
Se estirpe resistente, usar outro antibiótico.

Sífilis
Fármaco de eleição para qualquer forma de infeção.
Também pode ser usada no tratamento de leptospiroses.

Outras infeções
Corynebacterium diftheriae produz toxina que é responsável pelas complicações da difteria. Bactéria geralmente é
sensível. Contudo apenas as anti-toxinas são eficazes nas complicações.
Praticamente todas as infeções estafilocócias são resistentes pelo que nestas situações se deve usar outro antibiótico.
Uso Terapêutico

Uso profilático

Infeções estreptocócicas
Recorrência da febre reumática
Infeções pós-cirúrgicas em doentes com valvulopatia

Questiona-se eficácia na profilaxia da sífilis e da gonorreia.

Uso é inútil e perigoso na profilaxia de infeções pós-parto, após cateterização das vias urinárias, em
prematuros e em doentes em choque ou coma.
Mais resistente que benzilpenicilina à inativação pelos ácidos.
Pode ser administrada por via oral (biodisponibilidade de 60%).
Distribuição no organismo e excreção semelhantes à benzilpenicilina.
Espectro de ação similar à benzilpenicilina embora apresente atividade 5-10 vezes inferior (sobretudo
contra bactérias gram-negativas).

Apenas utilizada como alternativa à benzilpenicilina em situações muito especificas.

Infeções localizadas e clinicamente pouco importantes causadas por bactérias gram-positivas muito sensíveis à benzilpenicilina
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Inclui isoxazolpenicilinas e meticilina, que são muito ativas contra Staphylococcus, sobretudo contra S. aureus.
Apenas clinicamente utilizados no tratamento de infeções estafilocócicas (exceto se S. aureus meticilino-
resistente).
Bastante resistentes à inativação por β-lactamases estafilocócicas mas facilmente inativadas por β-lactamases
produzidas por bacilos gram-negativos.
Isoxazolpenicilinas:
Dicloxacilina e flucloxacilina têm melhor farmacocinética e maior potência antibiótica.
Podem ser administradas por via oral, mas biodisponibilidade de 50%.
Fraca capacidade de ligação às proteínas plasmáticas.
Ligeira biotransformação hepática por hidroxilação.
Semi-vida relativamente curta (~4h)
Distribuição e excreção semelhantes à benzilpenicilina.
Meticilina:
Apenas administração por via parentérica.
Restantes características semelhantes às isoxazolpenicilinas.
No passado, usada para tratar infeções estafilocócicas graves.

Meticilino-sensíveis
Staphylococcus
Meticilino-resistentes
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Maior biodisponibilidade oral que restantes aminopenicilinas e espectro de ação sobreponível.

Espectro Anti-bacteriano
Ativa sobre a maioria dos cocos e bacilos gram-positivos. Ineficaz contra Staphylococcus produtores de β-lactamases
(maioria das estirpes encontradas na clínica) e contra pneumococos resistentes às benzilpenicilinas (pouco frequentes).
Pouco eficaz contra S. faecalis e Listeria monocytogenes.
Bastantes bactérias gram-negativas sensíveis – Neisseria meningitidis e N. gonorrhoeae. Bordetella pertussis tem
sensibilidade moderada. Brucella e Acinetobacter são resistentes.
Moraxella catarrhalis, H. influenzae: maioria das estirpes são produtoras de β-lactamases e, por isso, resistentes.
Enterobactérias: apenas a Salmonella e a Shigella são sensíveis. Proteus mirabilis e E. Coli têm sensibilidade razoável.
Atividade razoável contra bactérias anaeróbias gram-positivas. Eficaz contra algumas bactérias anaeróbias gram-
negativas.
Espiroquetas são sensíveis mas têm maior sensibilidade para a benzilpenicilina.
Farmacocinética

Pode ser administrada via oral porque é resistente à ação do ácido gástrico. Absorção ronda os 80%.
Pode ser administrada via IV atingindo altas concentrações que diminuem rapidamente.
Baixa capacidade de ligação às proteínas plasmáticas, distribuindo facilmente para a maior parte dos
tecidos e fluidos orgânicos (excepto humor aquoso e LCR, mesmo com meningite).
Até 1/3 sobre biotransformação com formação de ácido penicilóico.
Excretada fundamentalmente via renal, mas uma pequena fração tem excreção por via biliar.

Excreção dificultada em:


• Recém-nascidos por imaturidade enzimática dos túbulos renais
• Idosos por deterioração dos mecanismos de secreção tubular
Uso Terapêutico
Via oral: tratamento de infeções de intensidade ligeira a moderada, causadas por bactérias sensíveis.

Nunca deve ser utilizada no tratamento empírico de infeções nosocomiais.

Está a perder importância no tratamento de infeções respiratórias devido ao aumento de estirpes bacterianas
produtoras de β-lactamases.
S. faecalis, Proteus mirabilis e E. Coli não produtores de β-lactamases são pouco sensíveis. Se administrada em
altas doses, consegue ser eficaz no tratamento de infeções urinárias não-complicadas causadas por estes
agentes.
Tratamento de infeções biliares e ginecológicas de etiologia mista causadas por bactérias anaeróbias e
aeróbias sensíveis (exceto se B. fragilis).
Tratamento de uretrites gonocócicas não complicadas. Devido à elevada prevalência de gonococos produtores
de β-lactamases, normalmente opta-se por outro antibiótico.
Uso Terapêutico

Via parentérica:
Mesmas indicações que administração oral. Apenas se justifica em infeções mais graves.
Se associada a aminoglicosídeo, pode ser usada no tratamento de pneumonia grave por H. influenzae ou
Proteus mirabilis, meningite meningocócica e endocardite. Contudo, normalmente prefere-se ureidopenicilinas,
quinolonas ou cefalosporinas de 3ª geração.

Qualquer que seja a via utilizada, é sempre ineficaz na presença de agente produtor de β-lactamases.
Ampicilina
É em tudo similar à amoxicilina, exceto no facto da ampicilina ter muito pior absorção pelo trato digestivo
(30%).
Quando esterificada pelo sulbactam, passa a ter boa absorção oral.

Bacampicilina

Éster da ampicilina, utilizada como pró-farmaco para melhor biodisponibilidade (85%).


Sofre desterificação no fígado, libertando ampicilina para o sangue.
Indicações e farmacocinética similares às da ampicilina e amoxicilina.
Não pode ser administrada via parentérica.
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Espectro mais alargado que aminopenicilinas.

Carboxipenicilinas:
Carbenicilina e ticarcilina
Cada vez menos usadas.

Ureidopenicilinas:
Mezlocilina, azolocilina e piperacilina
Maior potência antibiótica que carboxipenicilinas
Todos semelhantes entre si
Espectro Anti-bacteriano

Espectro bacteriano muito largo – atua sobre a maioria das bactérias gram-negativas e gram-positivas

responsáveis por infeções clinicas.

Mais lentamente inativada por β-lactamases.

Quando associada a tazobactam (inibidor das β-lactamases) atua contra praticamente todas as bactérias gram-

negativas.

Ativa contra Klebsiella, Enterobacter e Proteus vulgaris.

Ativa contra múltiplas estirpes de Pseudomonas (incluindo P. aeruginosa)


Farmacocinética

Administração via IM ou IV concentrações mais elevadas mas menor semi-vida


Pouca capacidade de ligação às proteínas plasmáticas.
Distribuição e excreção similares às da benzilpenicilina.

Uso Terapêutico

Utilizada essencialmente em infeções graves, hospitalares, causadas por bactérias sensíveis, em qualquer local.

Pode ser usada no tratamento empírico de infeções graves.

Interesse terapêutico diminuiu muito desde aparecimento de quinolonas e cefalosporinas de 3ª geração.


Largo espectro mas resistentes
à inativação pelas β-lactamases
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Apenas ativas contra bactérias gram-negativas Ligam-se apenas à PBP2

Ativo conta maioria das bactérias gram-negativas incluindo enterobacteriáceas. Pseudomonas são resistentes.

Mecilinamo único utilizado na terapêutica. Administrado via IM ou IV.

Pivmecilinamo, um pró-farmaco, pode ser administrado via oral. Contudo não é possível obter concentrações

plasmáticas de mecilinamo que sejam eficazes no tratamento de infeções sistémicas. As concentrações

urinárias são altas.

Uso do Pivmecilinamo se restringe ao tratamento de ITUs por bactérias sensíveis.


Reações de hipersensibilidade alérgica

Efeitos por ação direta

Efeitos devido aos catiões dos sais solúveis


ou aos compostos associados à
benzilpenicilina nas formas “depósito”

Efeitos devido à própria ação anti-bacteriana


Penicilinas podem atuar como antigénios.
Reações de hipersensibilidade alérgica
O principal fator antigénico das penicilinas é a fração peniciloílica, que se

Efeitos por ação direta forma por abertura do anel β-lactâmico.

Podem surgir em indivíduos que negam contacto prévio com estes


Efeitos devido aos catiões dos sais solúveis
ou aos compostos associados à antibióticos (pensa-se que tenham contactado através dos alimentos ou com
benzilpenicilina nas formas “depósito”
fungos produtores de penicilinas)

Efeitos devido à própria ação anti-bacteriana Ausência de relação entre tipo de penicilina e frequência de reações

alérgicas.
Reações de hipersensibilidade alérgica Administração via parentérica associada a maior frequência de reações

alérgicas.
Efeitos por ação direta
Frequência de reações é independente da dose.

Via tópica apresenta maior capacidade de sensibilização alérgica. Via


Efeitos devido aos catiões dos sais solúveis
ou aos compostos associados à oral é a que apresenta menor capacidade.
benzilpenicilina nas formas “depósito”
Rash, febre, broncospasmo, vasculite e anafilaxia.

Efeitos devido à própria ação anti-bacteriana


Testes de sensibilização às penicilina podem causar reações anafiláticas graves.
Flebite e tromboflebite

Reações de hipersensibilidade alérgica Dor e reações inflamatórias estéreis

Sintomas dispépticos
Efeitos por ação direta
Aracnoidite ou encefalopatia

Efeitos devido aos catiões dos sais solúveis Depressão da medula óssea e hepatite (oxacilina)
ou aos compostos associados à
benzilpenicilina nas formas “depósito” Maior risco de convulsões (em pacientes com urémia submetidos a

benzilpenicilina)
Efeitos devido à própria ação anti-bacteriana
Ampicilina condiciona reações cutâneas relativamente frequentes devido a
toxicidade da molécula (e não reação alérgica)
Reações de hipersensibilidade alérgica
Desequilibrios electroliticos, sobretudo em doentes com insuficiência

Efeitos por ação direta renal.

Clemizol: sedação e ativação de focos temporais em epiléticos.


Efeitos devido aos catiões dos sais solúveis
ou aos compostos associados à Procaína: reação imediata, caracterizada por vertigens, cefaleias e
benzilpenicilina nas formas “depósito”
alucinações.

Efeitos devido à própria ação anti-bacteriana Procaína e benzatina: reações alérgicas.


Reações de hipersensibilidade alérgica
Disbacteriose intestinal por perda significativa da flora intestinal

Efeitos por ação direta


Super-infeções e colite pseudo-membranosa

Efeitos devido aos catiões dos sais solúveis Mais frequentemente associadas à administração oral (indevida) de
ou aos compostos associados à
benzilpenicilina nas formas “depósito” penicilinas de largo espectro com fraca absorção intestinal.

+++ Ampicilina
Efeitos devido à própria ação anti-bacteriana
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β-lactâmicos semelhantes às penicilinas mas com espectro de ação mais amplo (mais resistentes às β-
lactamases).

Inativas conta enterococos e Listeria Monocytogenes.

Mecanismo de ação: inibição do último passo da síntese da parede bacteriana (inibem a transpeptidase
bacteriana).
Cefalosporinas 1ª geração

Bastante resistentes às β-lactamases produzidas pelo S. Aureus e relativamente sensíveis às produzidas


pelas bactérias gram-negativas.

Raramente são a 1ª escolha Nunca devem ser usadas no tratamento de infeções sistémicas graves

As cefalosporinas ativas por via oral podem ser utilizadas em infeções urinárias, lesões estafilocócicas
não graves ou de celulites e abcessos de tecidos moles.

Cefalexina
Cefradina Podem ser administrados por via oral
Cefadroxil
Cefapirina
Cefazolina 1ª opção na profilaxia de infeções cirúrgicas
Cefalosporinas 2ª geração

Podem ser administrados via oral.

Eficazes contra estirpes sensíveis às cefalosporinas de 1ª geração + Klebsiella e Haemophilus.

Menos eficazes do que as cefalosporinas de 1ª geração contra bactérias gram-positivas.

1ª escolha nas otites, sinusites e infeções do trato respiratório inferior por H. Influenza e M. Catarrhalis

Cefoxitina
Peritonites e diverticulites causadas por anaeróbios
Cefotan
Cefuroxima Pneumonias causadas por H. Influenza ou K. Pneumoniae
Cefalosporinas 3ª geração
Maior espectro de ação, sendo eficazes conta maioria das bactérias gram-negativas.

Resistentes à maioria das β-lactamases, sendo ativas contra Pseudomonas e contra enterobacteriáceas
resistentes às cefalosporinas de 1ª e 2ª geração.

Penetram bem no SNC, podendo ser utilizadas nas meningites por pneumococos, meningococos, H.
influenza e enterobactérias (não L. monocytogenes).

Indicadas no tratamento de infeções de origem desconhecida, em imunocompetentes e imunodeprimidos

Cefotaxima
As mais eficazes nas meningites por pneumococos resistentes à benzilpenicilina
Ceftriaxone
1ª opção no tratamento de infeção por N. gonorrhoeae
Cefixima
Cefalosporinas 4ª geração

Cefepima: semelhante às cefalosporinas de terceira geração, embora seja mais resistente à ação das β-
lactamases de largo espectro.

Boa atividade contra a Pseudomonas aeruginosa, enterobactérias, S. Aureus, pneumococos,


Haemophilus e Neisseria.

Penetra bem no LCR, sendo eficaz em situações de meningite.

Excretada pelo rim, apresentando propriedades farmacocinéticas similares às da ceftazidima.

O seu interesse terapêutico centra-se no tratamento de infeções causadas pelas Enterobacteriáceas.


Cefalosporinas 5ª geração

Ceftarolina:

Elevada afinidade para PBPs, sendo particularmente eficaz contra bactéricas gram-positivas.

Tratamento da pneumonia adquirida em ambiente hospitalar, bem como no tratamento


de infeções bacterianas cutâneas e de estruturas cutâneas.

Principais efeitos adversos incluem náusea, cefaleias e rash.

Administração por via parentérica, apresentando um curto período de semi-vida e uma fraca
capacidade de ligação às proteínas plasmáticas.

Não sofre biotransformação apreciável e é maioritariamente excretada por via renal.


Cefalosporinas 5ª geração

Ceftobiprole:

Particularmente ativo contra bactérias gram-positivas aeróbias e anaeróbias. Inibe


a sintese das PBPs que conferem resistência aos Staphilococcus e pneumococos, sendo capaz
de atuar contra MRSA.

Ação contra os agentes gram-negativos depende da espécie de bactérias em questão.

Pensa-se que poderá ser útil na terapia da pneumonia adquirida em ambiente hospitalar, bem como
no tratamento de infeções cutâneas.

As suas propriedades farmacocinéticas são similares às da ceftarolina.

Principais efeitos adversos incluem cefaleias e perturbações gastro-intestinais.


Maioria das cefalosporinas não são absorvidas por via oral.

Atravessam facilmente a placenta, e distribuem-se bem para os líquidos sinovial e pericárdico, para os
humores aquoso e vítreo, atingindo concentrações que, embora não sejam muito elevadas, são suficientes
para que possam exercer uma razoável ação anti-bacteriana.

Atravessam mal a barreira hemato-encefálica, com exceção de algumas cefalosporinas de terceira geração
(moxalactam e cefotaxima).

Em termos gerais, as cefalosporinas são pouco metabolizadas e são maioritariamente excretadas por via renal
(a ceftriaxone é amplamente excretada por via biliar, podendo ser utilizada nas infeções biliares).

A filtração glomerular constitui o principal processo através do qual as cefalosporinas são lançadas para o
filtrado. Como são pouco metabolizadas, atingem concentrações muito elevadas na urina, sendo eficazes no
tratamento de infeções renais causadas por agentes sensíveis.
Reações Alérgicas
As cefalosporinas são relativamente pouco tóxicas. Efeitos laterais mais comuns cursam com o
desenvolvimento de fenómenos de hipersensibilidade.

Na maior parte das situações, manifestam-se através de reações cutâneas discretas, embora possa
haver génese de dermatite esfoliativa.

De referir que o risco de hipersensibilidade parece ser o mesmo para todas as cefalosporinas.

Toxicidade
Podem provocar irritação local que pode causar intensa dor local (após injeção intra-muscular) e
tromboflebites (após injeção intra-venosa).

Podem causar reações tipo dissulfiram: rubor e calor na face, náuseas, vómitos e zumbidos.

Podem originar diarreia por super-infeção sendo MRSA, enterococos e fungos os agentes mais frequentes
Enterobacter:
Cefepima (4ª)
Cefalosporina 1ª
SIM geração
Pseudomonas:
SIM Ceftazidima (3ª)
Bactéria Gram- Cefepima (4ª)
positiva?

B. fragilis:
Enterobacter, Cefoxitina (2ª)
NÃO Pseudomonas ou Cefotetan (2ª)
Bacteroides fragilis?

Cefotaxima (3ª)
NÃO Ceftizoxima (3ª)
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Apesar de se revelar extremamente eficaz contra a maior parte das bactérias gram-negativas, é praticamente
ineficaz contra as bactérias gram-positivas.

Liga-se quase exclusivamente à PBP3 existente na maior parte das bactérias gram-negativas

Pseudomonas e Acinetobacter apresentam reduzida sensibilidade e a Moraxella, Bordetella e Legionella são


praticamente resistentes.

Mal absorvido por via oral. Via intra-venosa é aquela que permite alcançar um período de semi-vida superior.

Maioritariamente eliminado por via urinária (embora também possa ser eliminado por via biliar) .

Muito pouco tóxico, embora sensação de gosto desagradável durante a injeção, elevação
das transaminases e da LDH, astenia e erupções cutâneas pruriginosas sejam comuns.

Não usar em monoterapia pelo risco de super-infeção por bactéria gram-positiva


Exceto em infeções graves por enterobactérias sensíveis.
Espectro Antibiótico

Cocos Gram-positivos: S. Aureus e epidermidis e maioria de Streptococcus são sensível. Enterococcus são
pouco sensíveis.

Bacilos Gram-positivos: pouco ativa contra L. monocytogenes.

Bactérias Gram-negativas: Neisseria, Haemophilus, Moraxella catarrhalis e Pseudomonas são muito


sensíveis, bem como a maioria das enterobactérias.

Maioria dos bacilos anaeróbios gram-positivos (incluindo C. difficile) e gram-negativos (incluindo B. fragilis
resistente à clindamicina) são sensíveis.
Farmacocinética

Facilmente inativada pela desidropeptidase I, enzima existente na bordadura das células tubulares
renais. Sempre administrada em associação com a cilastina, um potente inibidor reversível da enzima.

Não são absorvidas por via oral. Via intra-venosa é aquela que permite atingir concentrações
plasmáticas mais elevadas, mas um período de semi-vida inferior.

Grande distribuição pelo organismo, excepto para o LCR. Atravessa placenta e surge no leite materno.

Parcialmente inativada por enzimas inespecíficas que abrem o seu anel β-lactâmico.

Eliminação maioritariamente por via renal. Na IR, aumento da semi-vida é proporcional ao grau de IR
existente.

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Ações Adversas e Toxicidade

Similares às de outros β-lactâmicos.

Devido à sua inativação, administradas doses elevadas, fazendo com que aumento transitório de ureia e
creatinina, mioclonias e convulsões sejam frequentes.

CONTRA-INDICADA em indivíduos com IR ou risco de convulsões

Uso terapêutico

Reservado ao tratamento de infeções graves, hospitalares, causadas por bactérias sensíveis (incluindo
septicemia, endocardite, infeções intra-abdominais e infeções ginecológicas graves).
+++ Infeções do trato respiratório inferior, das estruturas cutâneas, dos ossos e articulações, e do
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aparelho urinário.
Meropenema
Similiar ao Imipenema mas não sofre ação da desidropeptidase I.

Mais eficaz contra algumas estirpes de Pseudomonas aeruginosa que já desenvolveram resistência ao
imipenema (contudo, nestas situações, devem ser administrados em conjunto com aminoglicosídeo).

Ligeiramente menos ativa contra cocos gram-positivos.

Menor risco de convulsões

Imipenema e Meropenema são os antibióticos ideias para tratar infeções por Enterobacter

Ertapenema
Tempo de semi-vida mais longo, sendo administrada uma vez por dia.
60
Menos eficaz contra Pseudomonas aeruginosa.
61
Quase desprovidos de atividade bacteriana.

Estrutura molecular muito semelhante à dos antibióticos β-lactâmicos. As β-lactamases ligam-se aos
inibidores e hidrolisam-nos. Assim, os antibióticos β-lactâmicos não são hidrolisados.

Ácido Clavulânico

Liga-se irreversivelmente à β-lactamase.

Bem absorvido por via oral.

Quando associado à amoxicilina, confere-lhe atividade contra as estirpes produtoras de β-lactamases de


Staphylococcus, H. influenza, E. Coli e gonococos.
62
Sulbactam

Administração oral ou parentérica.

Existem preparações de sulbactam associado a ampicilina.

Tazobactam

Frequentemente associado à piperacilina (administração parentérica).

A associação piperacilina-tazobactam não aumenta eficácia contra Pseudomonas (pode até diminuir).

Tal como os outros, apresenta pouca atividade contra β-lactamases produzidas pelas enterobactérias.

63
64
Antibióticos com espectro de ação mais amplo

Atuam por bloqueio da síntese proteica bacteriana.

Para entrarem no interior das bactérias gram-negativas, têm de atravessar:

Membrana externa: por difusão simples (processo levado a cabo pela minociclina e doxiciclina, que
apresentam elevada lipossolubilidade) ou através de poros hidrofílicos localizados na proteína IA

Membrana interna: por transporte ativo

O efeito sobre as bactérias é reversível.

65
Bactérias gram-positivas: particularmente sensíveis à ação das tetraciclinas

Bactérias gram-negativas: sensíveis à ação das tetraciclinas, embora não sejam tão sensíveis como as
bactérias gram-positivas

Ativas contra microorganismos intracelulares, muitos dos quais não estão abrangidos por qualquer
outro agente antibiótico (destaque para riquétsias, micoplasmas, clamídeas e algumas micobactérias).

Pseudomonas é naturalmente resistente.

Staphylococcus, enterococos e pneumococos têm adquirido mecanismos de resistência (devido,


também, ao consumo de carne de animais tratados com estes antibióticos).

Perda da capacidade bacteriana de Produção de uma proteína que


Inativação enzimática
concentrar tetraciclinas no seu citoplasma interfere com a ligação ao ribossoma
66
Podem ser administradas por via oral.

A absorção de é prejudicada pela presença de iões metálicos, devido à ação quelante – formam complexos
insolúveis que não são absorvidos. Poder quelante é menor na doxiciclina e na minociclina.

O volume de distribuição é maior que o da água do organismo:

- Atingem o meio intracelular;

- Sequestradas em vários tecidos (osso, a dentina e as células do sistema retículo-endotelial do fígado,

baço e medula óssea)

Atravessam facilmente a placenta mas não se difundem facilmente para o LCR.

Preferencialmente excretados sob a forma intacta e por via renal (filtração glomerular). Eliminação por via
fecal também é importante (fração que escapa à absorção intestinal, fração excretada por via biliar e
fração excretada diretamente pelos intestinos).
67
Doxiciclina é maioritariamente excretada por via intestinal
Ossos e dentes Sequestradas na zona de crescimento ósseo e na dentina

Fototoxicidade Afeta crescimento dentário

Maior vulnerabilidade a cáries, hipoplasia do esmalte dentário e coloração


Hepatotoxicidade
acastanhada dos dentes.
SNC

TGI Tetraciclinas CONTRA-INDICADAS em grávidas e


crianças até aos nove anos (fim da 2ª dentição)
Reações alérgicas

Outras
68
Ossos e dentes Ao acumular-se na pele, despoleta fototoxicidade, que pode originar dermatose
pruriginosa e edematosa.
Fototoxicidade
Evitar exposição solar.

Hepatotoxicidade Mais frequente com demeclocina.

SNC

Degenerescência gorda do fígado (aumento do risco se fármacos hepatotóxicos


TGI
concomitantes).

Reações alérgicas Por vezes associada ao desenvolvimento de pancreatite ou alterações tóxicas do


rim.
Outras
69
Ossos e dentes Tetraciclinas podem induzir cefaleias, náuseas, fotofobia, ataxia reversível e, mais
raramente, hipertensão intra-craniana com edema papilar (mais associado ao uso
Fototoxicidade de minociclina).

Hepatotoxicidade

Reações adversas gastro-intestinais são as mais frequentes (lesão da parede


SNC
intestinal e alterações da normal flora intestinal)
TGI +++ Candida albicans e Staphylococcus

Reações alérgicas Enterocolite estafilocócica pode-se desenvolver após término do tratamento.

A alteração da flora intestinal pode condicionar colite causada por uma toxina
Outras
produzida C. difficile.
70
Ossos e dentes
Reações alérgicas são raras.
Fototoxicidade
Podem surgir flebites ou alterações circulatórias com injeções intra-venosas muito
Hepatotoxicidade rápidas.

SNC Cápsulas devem ser administradas com um volume de líquido suficiente para evitar
ulcerações da mucosa do esófago.
TGI

Reações alérgicas Administração com diuréticos podem produzir retenção azotada.

Outras Alterações hemáticas, aumento da ureia e da creatinina, proteinúria e outras


alterações reversíveis do metabolismo. 71
Vias Respiratórias: Bronquite crónica causada por estirpes sensíveis e pneumonia atípica.

Vias urogenitais: Uretrites não gonocócicas (Chlamydia trachomatis ou micoplasma/ureaplasma),


linfogranulomatoses inguinais (causada pelo Haemophilus ducreyi) e prostatites.

Intestino: cólera, pseudo-tuberculose e amebíase.

Olho: tracoma.

Infeções sistémicas:

Eficazes em situações de riquetsiose, leptospirose, brucelose, tularémia e peste (nas três últimas
situações, devem ser administradas em conjunto com aminoglicosídeo).

Quando associadas com outros antibióticos, podem ser utilizadas como anti-malárico.

Minociclina pode erradicar a presença de meningococos nos portadores crónicos.


72
Gravidez

Crianças com menos de 9 anos

Miastenia gravis

Alergia às tetraciclinas

Evitar:

Exposição solar

Administração simultânea de fármacos hepatotóxicos, nefrotóxicos, diuréticos, anti-ácidos e anti-anémicos.

73
Tigeciclina

Derivado das tetraciclinas com espectro ainda mais alargado (ultrapassam todos mecanismos de resistência
conhecido para tetraciclinas)

Ativas contra bactérias gram-positivas, gram-negativas e intracelulares

Não são eficazes contra Proteus e Pseudomonas

Utilizadas em ITUs, infeções abdominais e da pele

74
75
Ação bactericida, que é tanto mais rápida, quanto maior for a sua concentração.

Ação pós-antibiótica (atividade antibacteriana residual que persiste após o antibiótico atingir concentrações
plasmáticas inferiores às concentrações inibitórias mínimas) e duração dependente da dose.

Apesar de semi-vida muito curta, são eficazes em toma única diária.

O espectro anti-bacteriano é bastante extenso, incluindo bactérias gram-negativas, bactérias gram-


positivas e bactérias que não coram pelo Gram (tais como o bacilo de Koch).

Anaeróbios obrigatórios e facultativos são resistentes.

Gentamicina, tobramicina e netilmicina: grande atividade contra bacilos gram-negativos aeróbios.

Tobramicina e amicacina: mais ativas contra a pseudomonas aeruginosa.

Gentamicina: mais ativa em relação às Serratia.


76
Impermeabilidade da membrana citoplasmática

Falta de afinidade para o ribossoma

Inativação enzimática

Mecanismo mais importante para aquisição de resistência

Aminoglicosídeos devem atravessar o espaço peri-plasmático, onde podem estar contidas


enzimas inativadoras.

Apesar de incapazes de se ligar aos ribossomas bacterianos, os metabolitos dos


aminoglicosídeos competem com os aminoglicosídeos pelo transporte através da membrana
citoplasmática.

Particularmente relevante no caso dos S. faecalis e S. faecium.

Amicacina possui características químicas que lhe conferem resistência contra várias enzimas inibidoras 77
Absorção oral é desprezável — em certas situações, é usada com fins clínicos, quando se pretende um
efeito tópico no tubo digestivo.

Quando se pretendem obter concentrações plasmáticas eficazes, procede-se à administração intra-


muscular destes antibióticos. Via intra-venosa justifica-se apenas em situações excecionais.

Volume de distribuição similar ao volume extracelular, o que leva a que atinjam baixas concentrações em
todos os tecidos (com exceção do córtex renal), secreções e líquidos orgânicos. Atravessam bem a placenta.

A excreção dos aminoglicosídeos administrados por via parentérica é feita, maioritariamente, por via renal
(filtração glomerular). Deste modo, a administração de probenecid não aumenta as semi-vidas plasmáticas
dos aminoglicosídeos.

Pequena fração quando administrados por via parentérica é excretada por via biliar, embora apenas sejam
78
atingidas concentrações sub-ótimas na bílis.
Os seus efeitos mais graves têm como alvo o nervo vestíbulo-coclear, envolvendo a alteração
das terminações periféricas das células ciliadas.

As lesões cocleares induzem um quadro de surdez progressiva, quase sempre irreversível. As


lesões vestibulares levam ao aparecimento de náuseas, vómitos, tonturas, vertigens e perturbações
do equilíbrio (menos graves que as lesões cocleares; as alterações do equilíbrio são parcialmente
compensadas pela visão e sensibilidade osteoarticular e podem desaparecer quase completamente).

Ototoxicidade pode ter início rápido mas também pode agravar-se mesmo após a suspensão da
administração destes fármacos.

Existência de lesão auditiva ou nefropatia prévias


Fatores de Risco para Ototoxicidade
Uso anterior ou simultâneo de outros ototóxicos
79
Lesões Vestibulares Lesões Cocleares

Estreptomicina Canamicina
Gentamicina Netilmicina
Amicacina

Estreptomicina Gentamicina Amicacina

Maior Ototoxicidade

80
Nefrotoxicidade

Necrose tubular aguda por acumulação no córtex renal (com redução da capacidade de concentração de
urina seguida da redução da filtração glomerular).

Deixam de poder ser excretados, passando a ocorrer acumulação plasmática destes antibióticos com
consequente aumento de todos os seus restantes efeitos tóxicos.

Ação nefrotóxica é reversível, caso sejam precocemente suspensos.

Especial atenção com idosos, hipotensos e indivíduos com lesão renal prévia, ou que estejam sob outros
fármacos nefrotóxicos ou diuréticos potentes.

Menor se administrados em toma única diária e com estreptomicina.

Várias outras ações adversas de menor importância como manifestações neurotóxicas. 81


Reações Irritativas

Administração intra-muscular: dor e inflamação local

Administração oral: diarreia e super-infeções (Candida albicans ou Staphylococcus)

Administração intra-raquidiana: irritação meníngea (o que limita o uso desta via)

A administração sistémica pode despoletar outras manifestações de frequência reduzida, tais como
dermatites de contacto, prurido, eosinofilia e rashes cutâneos.

Quadro de mal-absorção se administração via oral


Neomicina
Administrado por via tópica excepto na encefalopatia hepática

Teratogénicos: não usar em grávidas 82


Infecções causadas por bacilos gram-negativos aeróbios (nomeadamente enterobacteriáceas e Pseudomonas
aeruginosa); ITUs, pneumonia nosocomial e endocardite bacteriana.

Geralmente utilizados em associação com outras classes de antibióticos com os quais apresentam um efeito
sinérgico.

Estreptomicina: tratamento da tuberculose (2ª linha), da brucelose e da tularémia.

Estreita margem de segurança e efeitos tóxicos graves, os quais podem ocorrer após um longo período de
latência. Assim, deve-se proceder ao doseamento das suas concentrações plasmáticas.

Aminoglicosídeos e antibióticos β-lactâmicos devem ser administrados com intervalo de tempo ente eles.

83
Princípios que devem ser cumpridos, aquando da administração de aminoglicosídeos:

Devem ser administrados durante o menor período de tempo possível, e nas menores doses possíveis.

Exceto casos particulares, não devem ser administrados profilaticamente.

A gentamicina, a tobramicina e a netilmicina são aminoglicosideos de primeira escolha, enquanto a amicacina é


apenas utilizada em situações de resistência aos fármacos anteriormente referidos.

Quando utilizados no tratamento de infeções potencialmente letais, o risco de toxicidade dos aminoglicosídeos
não deve inibir a sua utilização.

Em infeções graves, e enquanto não é conhecido o agente causal, pode recorrer-se à associação de
um aminoglicosídeo com um antibiótico ativo contra bactérias gram-positivas.

Sempre que possível, os aminoglicosídeos devem ser utilizados uma única vez por dia. 84
85
Agentes terapêuticos de largo espectro de ação. Com exceção dos Streptococcus e das bactérias anaeróbias, a maioria
das bactérias gram-positivas e gram-negativas é sensível à ação das fluoroquinolonas.

Contrariamente ao que se verifica com os β-lactâmicos, em que a sua ação é dependente do tempo, a das quinolonas é
dependente da dose administrada.

Comparativamente à ciprofloxacina, as fluoroquinolonas mais recentes (levofloxacina, moxifloxacina…) possuem


uma atividade similar contra a generalidade das bactérias gram-negativas, mas menor atividade contra a
Pseudomonas aeruginosa.

Extremamente eficazes contra vários agentes patogénicos genitais, tais como N. gonorrhoeae e C. trachomatis.

Levofloxacina e fluoroquinolonas mais recentes apresentam maior eficácia contra o Streptococcus pneumoniae.

Legionella pneumophila e Mycoplasma pneumoniae são altamente sensíveis a todas as quinolonas.

Maioria dos MRSA são resistentes às quinolonas. 86


Bloqueiam a síntese de DNA bacteriano, inibindo a ação da topo-isomerase II e da topo-isomerase IV.

Resistência:

Presença de uma mutação no gene que codifica para a subunidade A da topoisomerase II

Diminuição da permeabilidade bacteriana à quinolona

Estirpes resistentes são, sobretudo, Staphylococcus, Pseudomonas e Serratia.

87
Todas as quinolonas são bem absorvidas por via oral. Podem ser administrados por via intra-venosa, obtendo-se
concentrações plasmáticas semelhantes às obtidas com idêntica dose por via oral.

A presença de alimentos, ou de catiões bivalentes reduz a absorção intestinal destes antibióticos.

A maioria das fluoroquinolonas apresenta boa distribuição para a maior parte dos tecidos.

Atingem concentrações superiores às plasmáticas nos rins, pulmões, próstata, amígdalas, músculo, útero e ovário.

Ao nível da pele, tecido subcutâneo, osso e secreções brônquicas, atingem concentrações apenas ligeiramente
inferiores às plasmáticas.

Em indivíduos sem inflamação meníngea, as concentrações no LCR revelam-se inferiores às concentrações


plasmáticas, mas superiores às concentrações inibitórias mínimas para a maioria das bactérias comuns
(exceto os Streptococcus). 88
Em regra, os metabolitos são menos eficazes do que as quinolonas que lhes deram origem (excepto a
norfloxacina que é mais ativa que a pefloxacina).

As fluoroquinoloas intactas e os seus metabolitos são excretados por via renal.

Aparecem no filtrado sobretudo por secreção tubular (bloqueada pelo probenecid) e filtração glomerular.

Nos idosos e nos indivíduos com insuficiência renal, ocorre aumento da semi-vida, sendo necessário proceder a
ajustes posológicos.

89
Grande eficácia, sendo não só utilizadas em infeções sistémicas causadas por microorganismos comuns, mas
também causadas por microorganismos resistentes às penicilinas, cefalosporinas e aminoglicosideos.

Infeções Urinárias

Atingem concentrações urinárias que as tornam eficazes contra a maior parte dos microorganismos causadores
de ITUs (incluindo os multirresistentes). Aumentam a ação bactericida e dificultam o
aparecimento de resistências.

Tratamento das prostatites, sendo adequadas para o tratamento de infeções por E. coli e
outras enterobacteriáceas. Quando causadas por Pseudomonas aeruginosa ou por enterococos, pode haver
recidivas.

Devem apenas ser usadas em infeções cuja sintomatologia surgiu há >48 horas, infeção alta das vias urinárias,
infeção urinária complicada ou em infeções que cursem com cistite hemorrágica. 90
Infeções Respiratórias

Não são agentes de primeira escolha no tratamento da maioria das infeções respiratórias (eficácia marginal contra
o Streptococcus). Apenas a levofloxacina e moxifloxacina são utilizadas nas pneumonias da comunidade.

As novas fluoroquinolonas podem ser utilizadas na terapêutica de algumas pneumonias atípicas, pois são eficazes
contra clamídias, micoplasma e Legionella.

Otites externas necrotisantes por Pseudomonas aeruginosa e nas exacerbações agudas das bronquites crónicas
causadas por agentes gram-negativos, contra os quais os antibióticos β-lactâmicos tenham sido ineficazes.

Primeira escolha no tratamento de pneumonias nosocomiais causadas por bactérias aeróbias


Ciprofloxacina
gram-negativas (tais como as Pseudomonas, Enterobacter, Klebsiella ou Serratia).
Primeira escolha em infeções por Pseudomonas em doente com fibrose cística (apenas se
91
<14anos e por um período curto)
Infeções Gastro-Intestinais

Excelente atividade anti-bacteriana contra todos os agentes causadores de diarreia.

Para além de serem muito eficazes (mesmo contra estirpes multirresistentes), as novas quinolonas atingem
grandes concentrações a nível intestinal.

A norfloxacina, a ciprofloxacina e, provavelmente, as outras fluoroquinolonas são altamente eficazes no


tratamento da febre tifóide.

Melhor meio de eliminação dos portadores crónicos de Salmonella.

Utilizadas no tratamento de infeções biliares, uma vez que estas são causadas por agentes patogénicos (E. coli e
Klebsiella) suscetiveis à ação destes antibióticos.
92
Doenças venéreas

Extremamente eficazes no tratamento da gonorreia - uma dose, cura a infeção e elimina o agente infecioso.

Primeira escolha nas infeções causadas pelo Haemophilus ducreyi (cancro mole).

Para além disso, a ciprofloxacina e a ofloxacina são eficazes nas uretrites não-
específicas por Chlamydia trachomatis (não em dose única). De facto, eficácia fica aquém da apresentada pela
doxiciclina.

CONTRA-INDICADAS em doentes com sífilis e em mulheres grávidas

93
Infeções da pele e tecidos moles

As fluoroquinolonas são muito eficazes em infeções mistas da pele causadas por bactérias aeróbias gram-
negativas.

Relativa eficácia no tratamento de infeções da pele por Staphylococcus ou Pseudomonas.

Nas infeções da pele por Streptococcus, devem ser administrados antibióticos β-lactámicos ou eritromicina.

Osteomielite

Primeira escolha em situações de osteomielite aguda hematogénea causada por Pseudomonas ou Serratia.

Ciprofloxacina e a ofloxacina são altamente eficazes no tratamento das osteomielites por contiguidade, ou das
osteomielites que surgem em consequência de um traumatismo ou de uma intervenção cirúrgica e são
94
causadas por MRSA.
Lesões articulares – evitar em crianças, adulto jovens, grávidas e mulheres a amamentar

Tendinite

Sintomas digestivos

SNC – com exceção dos sintomas digestivos, são as mais frequentes (convulsões, insónias, vertigens e cefaleias)

+++Ciprofloxacina

Reações de fotossensibilidade – desaparecem espontaneamente

Alterações do intervalo QT – gatifloxacina é a que está mais associada a Torsades de pointes

95
Margarida Carvalho
Prof.ª Isabel Barroso
margaridamc1305@gmail.com
imbarroso@utad.pt

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