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UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA MARIA

CENTRO DE TECNOLOGIA
CURSO DE ENGENHARIA CIVIL

INDUSTRIALIZAÇÃO DA CONSTRUÇÃO CIVIL,


SISTEMAS PRÉ-FABRICADOS DE CONCRETO E
SUAS APLICAÇÕES

TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO

ALEX SANDRO COUTO SIRTOLI

Santa Maria, RS, Brasil


2015
INDUSTRIALIZAÇÃO DA CONSTRUÇÃO CIVIL, SISTEMAS
PRÉ-FABRICADOS DE CONCRETO E SUAS APLICAÇÕES

Alex Sandro Couto Sirtoli

Trabalho de conclusão de curso apresentado ao Curso de Engenharia


Civil, do Centro de Tecnologia da Universidade Federal de Santa Maria
(UFSM, RS), como requisito parcial para obtenção do grau de
Engenheiro Civil

.
Orientador: Prof. Dr. Joaquim César Pizzutti dos Santos

Santa Maria, RS, Brasil


2015
Universidade Federal de Santa Maria
Centro de Tecnologia
Curso de Engenharia Civil

A Comissão Examinadora, abaixo assinada, aprova o Trabalho de


Conclusão de Curso

INDUSTRIALIZAÇÃO DA CONSTRUÇÃO CIVIL, SISTEMAS PRÉ-


FABRICADOS DE CONCRETO E SUAS APLICAÇÕES

elaborado por
Alex Sandro Couto Sirtoli

como requisito parcial para a obtenção do grau de


Engenheiro Civil.

COMISSÃO EXAMINADORA:

__________________________________
Prof. Dr. Joaquim César Pizzutti dos Santos
(Presidente/orientador)

___________________________________
Prof. Dr. Jorge Luiz Pizzutti dos Santos
(Avaliador, UFSM)

__________________________________
Prof. Dr. Eduardo Rizzatti
(Avaliador, UFSM)

Santa Maria, 8de Julho de 2015.


Aos meus pais, Itacir e Norma, por sempre estarem ao meu lado.
Ao meu irmão, ItacirSirtoli Junior, pelos momentos de alegria.
À toda minha família que sempre me apoiou.
Aos meus amigos e namorada, pelo incentivo sem medida.
AGRADECIMENTOS

Aos meus pais, que me oportunizaram estar neste mundo e me ampararam


sempre, contribuindo com a minha educação, estando sendo ao meu lado nos
momentos difíceis, sempre acreditando e dando força, para que eu pudesse e
soubesse caminhar com serenidade e persistência em busca de meus objetivos.
Ao meu irmão, pelo apoio e amizade sempre oferecidos.
A minha tia Vilma Couto de Carvalho, pelo suporte e carinho durante toda
essa jornada.
Ao meu orientador, Prof.º Dr. Joaquim César Pizzutti dos Santos, pela
disposição, paciência, companheirismo e tempo dedicado, sem o qual este trabalho
nunca teria acontecido.
Aos colegas que tive, que além de colegas seguirão sendo grandes amigos.
A minha namorada, pela confiança depositada, por tornar parte desta
trajetória mais fácil, com carinho e incentivo sempre.
Aos demais amigos e familiares que me apoiaram, participaram e torceram
por mim durante esta caminhada.
A todos aqueles de que de alguma forma contribuíram para esta realização.
RESUMO

Trabalho de Conclusão de Curso


Curso de Engenharia Civil
Universidade Federal de Santa Maria

INDUSTRIALIZAÇÃO DA CONSTRUÇÃO CIVIL,SISTEMAS


PRÉ-FABRICADOS DE CONCRETO E SUAS APLICAÇÕES
AUTOR: ALEX SANDRO COUTO SIRTOLI
ORIENTADOR: JOAQUIM CÉSAR PIZZUTTI DOS SANTOS
Data e local de defesa: Santa Maria, 8 de Julho de 2015

O mercado da construção civil está cada vez mais exigente e sempre em


busca da qualidade, rapidez e pelo menor custo, o processo de industrialização de
estruturas de pré-fabricados vêm ganhando espaço, devido economia de materiais,
já que não há desperdícios na execução e na montagem da estrutura, há um rígido
controle de qualidade, facilidade de produção em séries e em grande quantidade,
facilidade de manuseio e de transporte. Com a utilização de estrutura pré-moldadas
pode-se atuar no sentido de ganho de tempo e rapidez na execução. Uma estrutura
de pré-moldados é constituída por vários elementos, entre eles pilares, vigas, lajes
entre outros, são estruturas como o próprio nome já diz são moldadas antes do seu
posicionamento definitivo na estrutura, já com uma certa resistência adquirida.

Vamos verificar através de uma revisão bibliográfica quanto é fundamental o


uso da pré-fabricação,objetivando mostrar o potencial dos pré-fabricados, do quanto
ele ainda pode crescer no Brasil e mostrar a sua gama de aplicações na construção
civil. Também serão abordados os tipos de ligações, os princípios de projeto para
uma construção pré-fabricada, processo de fabricação e um estudo de caso numa
fábrica de pré-fabricados mostrando, setor por setor, os processos e os cuidados
que passa uma peça pré-fabricada. Concluindo que a potencialidade do uso dos pré-
fabricados de concreto é definitivamente um dos caminhos de maior industrialização
da construção civil.

Palavras-chave: Construção civil, pré-moldados,pré-fabricados


LISTA DE FIGURAS

Figura 2.1– Peças pré-fabricadas separadas por papel...........................................17


Figura 2.2 – Percentual de cimento destinado a pré-fabricados e pré-moldados......18
Figura 2.3– Vantagens e desvantagens encontradas na literatura técnica..............20
Figura 3.1 – Estrutura pré-fabricada tipo esqueleto.................................................22
Figura 3.2–Exemplo de estrutura aporticada..........................................................23
Figura 3.3 – Exemplo de construção com fechamento em painéis horizontais.........24
Figura 3.4 – Exemplo de laje alveolar protendida.....................................................24
Figura 3.5 – Sistema composto por painéis arquitetônicos para fachadas................25
Figura 3.6 – Exemplo de edifício construído em células de concreto pré-moldado...25
Figura 4.1 – Exemplos de padrões de seções transversais.......................................28
Figura 5.1– Etapas de produção de elementos pré-fabricados................................29
Figura 5.2 – Exemplo de forma metálica de viga......................................................30
Figura 5.3 – Etapas da concretagem para produção de elementos pré-fabricados..32
Figura 5.4 – Esquema de veículos para transporte de elementos pré-fabricados....34
Figura 6.1(a) – Autogrua sobre pneus....................................................................35
Figura 6.1(b) – Autogrua sobre esteiras.....................................................................35
Figura 6.1(c) – Grua de torre......................................................................................35
Figura 6.1(d) – Grua de pórtico..................................................................................36
Figura 6.2(a) – Sistema rosqueado de cabo.............................................................37
Figura 6.2(b) – Sistema rosqueado com gancho rotativo.........................................37
Figura 6.3 – Exemplo de aplicações para ancoragem de transporte........................38
Figura 6.4 – Exemplo de aplicações para ancoragem de transporte........................38
Figura 6.5 – Exemplo de ligação isostática...............................................................41
Figura 6.6 – Exemplo de ligação isostática...............................................................42
Figura 6.7 – Exemplo de ligação rotulada.................................................................43
Figura 6.8 – Exemplos pinus duplos e neoprene.....................................................44
Figura 6.9 –Exemplo de ligação semi-rígida............................................................45
Figura 6.10 – Exemplo de ligação semi-rígida de alto coeficiente α..........................46
Figura 6.11 – Exemplo de ligação engastada...........................................................47
Figura 6.12 – Exemplo de ligação engastada...........................................................47
Figura 7.1 – Painel de fechamento em edificações..................................................49
Figura 7.2 – Painel de fechamento em edificações..................................................49
Figura 7.3 – Arquibancada pré-fabricada..................................................................50
Figura 7.4 – Vigas jacarés, utilizada em montagens de escadas e arquibancadas...50
Figura 7.5 – Aduelas ou galerias celulares..............................................................51
Figura 7.6 – Tubos circulares pré-fabricados...........................................................52
Figura 7.7 – Aduelas pré-fabricadas para pontes.....................................................52
Figura 7.8 – Ponte Manaus-Iranduba sobre o Rio Negro, no Amazonas, Construtora
Camargo Correa.......................................................................................................53
Figura 7.9 –Treliça Lançadeira................................................................................54
Figura 7.10 – Segmentos Pré-Fabricados para túneis..............................................55
Figura 7.11 – Método de escavaçãoTunnelBoringMachine (TBM)........................55
Figura 7.12 –Dormentes protendidos pré-fabricados.............................................56
Figura 7.13 – Detalhe de montagem de estrutura mistade painéis pré-fabricados com
cobertura metálica.............................................................................................57
Figura 7.14 – Detalhe de içamento de banheiro.......................................................57
Figura 7.15 – Silo pré-fabricado em concreto armado..............................................58
Figura 7.16 – Painel de placa dupla treliçada............................................................60
Figura 7.17 – A concretagem de todo o perímetro se faz pelo vão da laje
superior...................................................................................................................61
Figura 7.18 – As placas não requerem outro acabamento, basta a pintura..............61
Figura 8.1 – Sede da empresa DIARC Engenharia e Pré-fabricados.......................62
Figura 8.2– Setor de armação..................................................................................63
Figura 8.3 – Fôrma para armação de viga protendida..............................................63
Figura 8.4 – Central de concreto..............................................................................64
Figura 8.5 – Setor de fôrmas de vigas pilares e painéis............................................65
Figura 8.6 – Retoques também são feitos nas vigas.................................................66
Figura 8.7 – Estoque das peças pré-fabricadas.......................................................67
Figura 8.8 – Viga sendo carregada no caminhão......................................................68
Figura 8.9 – Área de produção das lajes alveolares..................................................69
Figura 8.10 – Estoque lajes alveolares......................................................................70
Figura 8.11 – Tabela de produtos fabricados............................................................71
SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO ...................................................................................11
1.1 Objetivos........................................................................................................12

1.1.1 Objetivo geral ...............................................................................................12

1.1.2 Objetivos específicos ...................................................................................12

2. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA .........................................................14


2.1 Surgimento da pré-fabricação.......................................................................15

2.2 Diferença entre pré-moldados e pré-fabricados............................................18

2.3 Vantagens e Desvantagens ............................................................................19

3. SISTEMAS ESTRUTURAIS ........................................................................22


4. PRINCÍPIOS BÁSICOS DE PROJETOS ................................................26
4.1 Padronização..................................................................................................28

5. PRODUÇÃO DOS PRÉ-FABRICADOS .................................................29


5.1 Etapas da produção do elemento pré-fabricado............................................29

5.2 Transporte da fábrica a obra............................................................................33

6. EXECUÇÃO DE OBRA EM PRÉ-FABRICADOS..................................35


6.1 Manuseio e montagem....................................................................................35

6.2 Realizações das ligações..................................................................................39

6.2.1 Tipos de ligações ............................................................................................40

6.2.1.1 Ligação isostática.........................................................................................40

6.2.1.2 Ligação rotulada..........................................................................................42

6.2.1.3 Ligação semi-rígida......................................................................................43

6.2.1.4 Ligação engastada.......................................................................................46

7. APLICAÇÕES NA CONSTRUÇÃO CIVIL...............................................48


7.1 Construções habitacionais...........................................................................48

7.2 Complexos esportivos...................................................................................50

7.3 Saneamento.........................................................................................51
7.4 Obras de infraestrutura........................................................................52

7.5 Pré-fabricado agregado a estrutura metálica..........................................56

7.6 Banheiros............................................................................................57

7.7 Silos....................................................................................................58

7.8 Muros de arrimo pré-fabricado..............................................................59

8. ESTUDO DE CASO: FÁBRICA DE PRÉ-FABRICADOS EM


CASCAVEL-PR......................................................................................62
8.1 Setor de armação.................................................................................62

8.2 Setor de preparo de concreto................................................................64

8.3 Área de moldagem das peças................................................................65

8.4 Acabamento das peças.........................................................................66

8.5 Área de estoque...................................................................................67

8.6 Inspeção das peças produzidas............................................................67

8.7 Transporte...........................................................................................68

8.8 Mão-de-obra.............................................................................................68

8.9 Lajes Alveolares...................................................................................69

8.10 Produtos fabricados na empresa.........................................................71

9. CONCLUSÃO.....................................................................................73
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS......................................................75
11

1 INTRODUÇÃO

A Construção Civil tem sido considerada uma indústria atrasada quando


comparada a outros ramos industriais. A razão disso está no fato de ela apresentar,
de uma maneira geral, baixa produtividade, grande desperdício de materiais,
morosidade e baixo controle de qualidade. (EL DEBS, 2000).

Uma das formas encontradas para diminuir esse atraso é com a utilização de
novas técnicas como os elementos pré-fabricados de concreto. O emprego dessas
técnicas recebe a denominação de concreto-pré-moldado ou de pré-moldagem e as
estruturas formadas pelos elementos pré-fabricados recebem a denominação de
estruturas de concreto pré-fabricado.

Os elementos pré-fabricados têm como vantagem em relação aos métodos


tradicionais atuar no sentido de redução do custo de materiais das estruturas de
concreto, materiais utilizados são basicamente concretos e armadura, tendo uma
economia considerável já que não há utilização de fôrmas e cimbramento que gera
um custo considerável no concreto armado feito em obra.

A industrialização tem como uma de suas características a repetição, linhas


de produção mais organizadas com a repetição das atividades, produção em alta
escala, bem como apresentada na pré-moldagem, que simplifica a execução, reduz
desperdícios, alto controle de qualidade durante a sua produção. É necessário uma
mão-de-obra qualificada, para não haver risco de produção em larga escala,
também com erros.

O uso de pré-moldados está ligado também a racionalização, já que a uma


economia na utilização de materiais.

A racionalização e a industrialização caminham juntas. A aplicação de


medidas racionalizadas aumenta o nível organizacional dos processos, que é à base
da industrialização. Entende-se por industrialização da construção o “processo
evolutivo que, através de ações organizacionais e da implementação de inovações
tecnológicas, métodos de trabalho, técnicas de planejamento e controle objetiva
12

incrementar a produtividade e o nível de produção e aprimorar o desempenho da


atividade construtiva” (FRANCO, 1992).

A indústria de pré-moldados e pré-fabricados está crescendo, com isso


também a sua gama de produtos, como, pilares, lajes, vigas, estacas, painéis,
telhas, escadas, entre outros, percebe-se que quase tudo pode ser pré-fabricados
na construção civil. Estes produtos podem ser aplicadas em todos os tipos de
construções, desde as mais simples, como casas de pequeno porte, até as
construções mais complexas, como grandesindústrias, fábricas e mercados, onde
tem sido mais aplicadas devido a uma de suas características que é a redução de
tempo de construção.

Este trabalho tem como objetivo conhecer opotencial dos pré-fabricados e


suas varias aplicações na construção civil, o quão importante e fundamental o uso
dele, seja na busca de economia ou no seu desperdício zero de materiais na
execução e na montagem. Outro ponto importante que será abordado na
industrialização da construção civil, será a observação que a pré-fabricação de
concreto é uma opção bastante interessante de escolha.

1.1 Objetivos

1.1.1 Objetivo Geral

Este trabalho tem como intuito demonstrar diversas formas ou possibilidades


de aplicações dos pré-fabricados e pré-moldados de concreto na Construção Civil, e
realizar um estudo de caso em indústria de pré-fabricados, estudando todo o
processo produtivo, desde a fabricação, deslocamento e seu emprego nas obras.

1.1.2 Objetivo Específico

Um breve histórico da pré-fabricação, do surgimento e da situação atual.

Mostrar várias aplicações em tipos de obras onde os pré-fabricados podem


ser utilizados.
13

Mostrar, os materiais utilizados, sistema de fabricação e as técnicas


aplicadas, tipos de ligações, e as vantagens e desvantagens do uso da pré-
fabricação e suas peculiaridades.

Realizar estudo de caso em indústria de pré-fabricado de concreto para uma


avaliação real do processo construtivo.
14

2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

O sistema pré-fabricado se identifica primeiramente com a história da


industrialização, que por sua vez está relacionada com o período histórico da
mecanização, ou seja, com a evolução das ferramentas e máquinas para produção
de bens. De forma gradativa as atividades exercidas pelo homem com auxílio da
máquina foram sendo substituídas por mecanismos, como aparelhos mecânicos ou
eletrônicos, ou genericamente por automatismos.

Atualmente o desenvolvimento dos automatismos industriais de sistemas pré-


fabricados está ligado não só aos processos de fabricações, mas também aos
processos de transporte, de montagem, aos métodos de inspeção e controle, à
criação de novos materiais e ao controle das consequências desses processos ao
meio ambiente. O uso de concreto pré-moldado em edificações está amplamente
relacionado à uma forma de construir econômica, durável, estruturalmente segura e
com versatilidade arquitetônica. A indústria de pré-fabricados está continuamente
fazendo esforços para atender as demandas da sociedade, como por exemplo:
economia, eficiência, desempenho técnico, segurança, condições favoráveis de
trabalho e de sustentabilidade.

Segundo Arnold Van Acker(2002), a forma mais efetiva de industrializar o


setor da construção civil é transferir o trabalho realizado nos canteiros para fábricas
permanentes e modernas. A produção numa fábrica possibilita processos de
produção mais eficientes e racionais, trabalhadores especializados, repetição de
tarefas, controle de qualidade, etc

ConformeSabbatini (1989), “evoluir no sentido de aperfeiçoar-se como


indústria é o caminho natural da construção civil”.

Portanto, industrialização da construção civil é sinônimo de evoluir, e a pré-


fabricação é um dos caminhos para essa evolução, com controle de qualidade,
racionalização, aumento da produtividade, redução de custos,

Segundo a Norma NBR 9062(2001):Projeto e execução de estruturas de


concreto Pré-moldado, um elemento pré-moldado é o elemento que é executado
fora do local de utilização definitiva na estrutura, com controle de qualidade menos
rigorosos, devem ser inspecionados individualmente ou por lotes.
15

Seguindo a Norma NBR 9062, o elemento pré-fabricado é o elemento pré-


moldado, executado industrialmente, mesmo em instalações temporárias em
canteiros de obra, sob condições rigorosas de controle de qualidade.

2.1 Surgimento da pré-fabricação

O surgimento da pré-fabricação ocorreu no período pós-guerra devido a


escassez de mão-de-obra qualificada nos países europeus e a necessidade de
construção em larga escala, então uma das soluções encontradas era deslocar o
maior número de operações que ocorriam no canteiro de obra para a indústria,
assim surgindo a pré-fabricação dos elementos antes feitos nos canteiros de obras,
afim de racionalização de materiais, mão-de-obra e diminuição de tempo e custos.

Segundo VASCONCELLOS (2002), não se pode precisar a data em que


começou a pré-fabricação, mas, se pode afirmar que ela teve início com a invenção
do concreto armado. O próprio nascimento do concreto armado ocorreu com a pré-
moldagem de elementos, fora do local de seu uso. Sendo assim pode-se afirmar que
a pré-fabricação começou com a invenção do concreto armado. A realização de
estruturas com concretagem local surgiu depois.

Conforme ORDONÉZ (1974) foi no período pós Segunda Guerra Mundial,


principalmente na Europa, que começou, verdadeiramente, a história da pré-
fabricação como “manifestação mais significativa da industrialização na construção”,
e que a utilização intensiva do pré-fabricado em concreto deu-se em função da
necessidade de se construir em grande escala.

SALAS (1988) considera a utilização dos pré-fabricados de concreto dividida


nas três seguintes etapas:

• De 1950 a 1970 – período em que a falta de edificações ocasionadas


pela devastação da guerra, houve a necessidade de se construir diversos edifícios,
tanto habitacionais quanto escolares, hospitais e industriais. Os edifícios construídos
nessa época eram compostos de elementos pré-fabricados, cujos componentes
eram procedentes do mesmo fornecedor, constituindo o que se convencionou de
chamar de ciclo fechado de produção.
16

• De 1970 a 1980 – Período em que ocorreram acidentes com alguns


edifícios construídos com grandes painéis pré-fabricados. Esses acidentes
provocaram, além de uma rejeição social a esse tipo de edifício, uma profunda
revisão no conceito de utilização nos processos construtivos em grandes elementos
pré-fabricados. Neste contexto teve o início do declínio dos sistemas pré-fabricados
de ciclo fechado de produção.

• Pós 1980 – Esta etapa caracterizou-se, em primeiro lugar, pela


demolição de grandes conjuntos habitacionais, justificada dentro de um quadro
crítico, especialmente de rejeição social e deterioração funcional. Em segundo lugar,
pela consolidação de uma pré-fabricação de ciclo aberto, à base de componentes
compatíveis, de origens diversas.

Conforme FERREIRA (2003), os sistemas pré-fabricados de “ciclos abertos”


surgiram na Europa com a proposta para uma pré-fabricação de componentes
padronizados, os quais poderiam ser associados com produtos de outros
fabricantes, onde a modulação e a padronização de componentes fornecem a base
para a compatibilidade entre os elementos e subsistemas.

Uma terceira geração de sistemas pré-fabricados é adicionado por ELLIOT


(2002) ciclos “flexibilizados”. Muitos projetistas europeus estão percebendo cada
vez mais as possibilidades dos acabamentos de alta qualidade nos elementos pré-
moldados. Entretanto, ainda é necessária uma mudança na forma tradicional de
concepção e de projeto dos sistemas pré-moldados de concreto dentro desta nova
realidade tecnológica. Neste contexto, a indústria da construção é chamada para o
projeto multifuncional, onde o uso otimizado de todos os componentes que formam o
edifício deve ser maximizado. Desta forma, esta terceira geração de pré-fabricação
está sendo chamada, em caráter “preliminar”, de sistemas de ciclos “flexibilizados”,
por entender que não apenas os componentes são “abertos”, mas todo o sistema o
é e, portanto, o projeto também passa a ser necessariamente aberto e flexibilizado
para se adequar a qualquer tipologia arquitetônica.

Já no Brasil a primeira grande obra com utilização de elementos pré-


fabricados, ocorreu em 1926, foi o hipódromo da Gávea, no Rio de Janeiro. A
empresa construtora dinamarquesa Christiani-Nielsen, com sucursal no Brasil,
executoucom diversas aplicações de elementos pré-fabricados, dentre eles, pode-se
17

citar as estacas nas fundações e as cercas no perímetro da área reservada ao


hipódromo, conforme afirmado por VASCONCELOS (2002).

No Brasil não houve devastação devido à Segunda Guerra Mundial, então


não foi preciso construção em larga escala, porém a preocupação com a
racionalização e a industrialização de sistemas construtivos teve início no fim da
década de 50. Construtora Mauá, especializada em construções industriais,
executou vários galpões pré-moldados no próprio canteiro de obras, em algumas
obras foi utilizado o processo de executar as peças deitadas umas sobre as outras
numa sequência vertical, separando-as por meio de papel parafinado.Não era
necessário esperar que o concreto endurecesse, para então executar a camada
sucessiva. Esse procedimento economizava tempo e espaço no canteiro, podendo
ser empilhadas até 10 peças. (conforme Figura 2.1)

Figura 2.1: Peças pré-fabricadas separadas por papel parafinado


(Fonte: VASCONCELOS,2002)

No entanto a primeira edificação de vários pavimentos com utilização de pré-


fabricação, segundo VASCONCELOS (2002), parece ter sido a do Conjunto
Residencial da Universidade de São Paulo - CRUSP da cidade universitária
Armando Salles de Oliveira, em São Paulo. Trata-se do conjunto residencial da USP
de 1964, constituído de doze prédios com seis pavimentos, projetados pelo Fundo
de Construção da Universidade de São Paulo – FUNDUSP, para abrigar estudantes
de outras cidades que ingressaram nas faculdades da universidade.
18

No Brasil atualmente como pode ser visto na Figura 2.2, o índice de cimento
destinado a pré-fabricação e pré-moldados é de 4,5%.

Figura 2.2: Percentual de cimento destinado a pré-fabricados e pré-moldados


(Fonte: ABCIC,2013)

2.2 Diferença entre pré-moldados e pré-fabricados

A Norma da ABNT- NBR 9062Projeto e execução de estruturas de concreto


Pré-moldado, faz a diferenciação dos elementos pré-moldados dos elementos pré-
fabricados, estabelecendo controle de qualidades, especificações de projeto e
produção.

Elemento pré-moldado: é o elemento que é executado fora do local de


utilização definitiva na estrutura, com controle de qualidade menos rigorosos, devem
ser inspecionados individualmente ou por lotes, através de inspetores do próprio
construtor, da fiscalização do proprietário ou de organizações especializadas,
dispensando-se a existência de laboratório e demais instalações congêneres
próprias.
19

Elemento pré-fabricado: é o elemento pré-moldado, executado


industrialmente, mesmo em instalações temporárias em canteiros de obra, sob
condições rigorosas de controle de qualidade.

Os elementos produzidos em usina ou instalações analogamente adequadas


aos recursos para produção e que disponham de pessoal, organização de
laboratório e demais instalações permanentes para o controle de qualidade,
devidamente inspecionada pela fiscalização do proprietário, recebem a classificação
de pré-fabricados.

Elementos fabricados, em grandes séries, por métodos de produção em


massa,são montados na obra, mediante equipamentos e dispositivos de elevação.

2.3 Vantagens e desvantagens

As vantagens da pré-fabricação, controle de qualidade, todo o processo de


produção das estruturas pré-fabricadas de concreto passa por um rigoroso
controle de qualidade. A durabilidade do material é assegurada pela obediência
rigorosa das Normas Técnicas Brasileiras.

Rapidez na execução e na montagem das estruturas, a execução da obra


é realizada em curto prazo, com baixo custo da mão-de-obra e manutenção, com
pré-fabricado existe uma redução significativa na perda de materiais, ou seja,
uma obra sustentável, barata, prática e eficiente proporcionando a garantia de
retorno financeiro rápido.

Na fabricação dos elementos, há uma grande reutilização das fôrmas, um


dos grandes motivos para a diminuição de custos e perdas de materiais.

Melhor aproveitamento do espaço interno. O sistema de protensão


utilizado na produção de peças pré-fabricadas de concreto possibilita atingir
grandes vãos livres.

Por ter sua produção fora do canteiro de obras, há uma otimização do


canteiro de obras, ou seja, redução de empregados e do cronograma de obras,
uma maior organização e limpeza, eliminação ou redução da utilização de fôrmas
e cimbramentos na obra.
20

A resistência do concreto ao fogo é bastante superior à do aço, o que faz


com que seja mais segura e resista por mais tempo em caso de incêndio.

Figura 2.3: Vantagens e desvantagens encontradas na literatura técnica (Fonte: EL DEBS, 2007)

Outra vantagem é a possibilidade de fazer projetos com previsão de


ampliações futuras. Para isso, é previsto no cálculo estrutural o acréscimo de espera
de cargas às estruturas. Consoles podem também ser moldados para receber vigas
da futura ampliação.
21

Já algumas desvantagens da utilização da pré-fabricação sãoo preço


relativamente alto, a necessidade de o projeto ser modular, a possibilidade de
apresentar fissuras na junção entre placas, mão-de-obra especializada.

Desvantagens decorrentes a colocação das peças pré-fabricadas nos locais


definitivos, limitação no transporte cuidado na carga, descarga e na movimentação
dos elementos. As limitações no caso do transporte seriam, de maneira geral, os
gabaritos de transporte e no caso da montagem seriam a disponibilidade e as
condições de acesso de equipamentos para sua realização.
22

3 SISTEMAS ESTRUTURAIS

Aparentemente a indústria de pré-moldados possui um grande número de


sistemas e soluções técnicas para as construções. Entretanto, todos estes fazem
parte de um número limitado de sistemas estruturais básicos, onde os princípios do
projeto são semelhantes.

Os tipos mais comuns de sistemas estruturais de concreto pré-moldados são:

- Estruturas em Esqueleto(Figura 3.1): Consistem de pilares, vigas e lajes,


para edificações de alturas médias e baixas, e com um número pequeno de paredes
de contraventamento para estruturas altas. As estruturas em esqueletos são
utilizadas principalmente para construções de escritórios, escolas, hospitais,
estacionamentos, etc.

O conceito da estrutura em esqueleto oferece maior liberdade no


planejamento e disposição das áreas do piso, sem obstrução de paredes portantes
internas ou por um grande número de pilares internos.

Figura 3.1: Exemplo de Estrutura pré-fabricada tipo esqueleto


(Fonte: REVISTA TÉCHNE, Projetos ed. 140, 2008)
23

- Estruturas Aporticadas (Figura 3.2):Consistindo de pilares e vigas de


fechamento, são estruturas que possibilitam o uso de grande vãos, alcançam grande
espaços abertos sem precisar de interferência de paredes.Isto é muito importante
para construções industrial, shopping centers, estacionamentos, centros esportivos,
armazéns, construções comerciais, etc.

Figura 3.2: Exemplo de estrutura aporticada(Fonte: ABCIC, 2013)

- Estruturas de painéis estruturais (Figura 3.3): São utilizados tanto para


fechamentos internos e externos como também para caixa de elevadores e etc. São
utilizados para construção de residências para grande porte como edifícios e
pequeno como casas, as superfícies são lisas para os dois lados, pronto para
receber pintura. Faz parte das chamadas técnicas de construções abertas, os quais
significam que a arquitetura é livre para criar o projeto de acordo com as exigências
do cliente. Com essa técnica é possível mudar o projeto futuramente, sem maiores
custos.
24

Figura 3.3: Exemplo de construção com fechamento em painéis horizontais


(Fonte: PERVILLE ENGENHARIA)

-Estruturas para piso (Figura 3.4): Consiste em vários tipos de elementos de


lajes como painéis maciços de concretos, painéis nervurados (seções T ou duplo T)
e vigotas pré-moldadas, as estruturas de laje são montados para formar uma
estrutura do piso capaz de distribuir a carga concentrada e transferir as forças
horizontais para os sistemas de contraventamento.As vantagens são a rapidez da
construção, a ausência de escoramento, a diversidade de tipos, a alta capacidade
de vencer vãos e a sua economia.

Figura 3.4:Exemplo de laje alveolar protendida, permite vãos de até 15 m,


Com uma espessura de laje de até 30cm e largura de 1,25m.
(Fonte: aU,RevistaPini, 2006 )
25

- Sistemas para fachadas (Figura 3.5): São constituídos de painéis maciços


ou também de painéis sanduiches, com ou sem função estrutural, apresenta todos
os tipos de formatos e execuções, desde o simples fechamento até os mais
requintados painéis em concreto arquitetônico.

Figura 3.5: Sistema composto por painéis arquitetônicos para fachadas


(Fonte:Gerolla, REVISTA TÉCHNE,2007)

- Sistemas Celulares (Figura 3.6):Consistem de células de concreto pré-


moldado e, algumas vezes, utilizados para blocos de banheiros, cozinhas, garagens,
etc.Esse sistema é vantajoso, pois é rápida, a fabricação é industrializada até o
término, e os equipamentos celulares podem ser montados completamente na
fábrica. Problema da utilização deste sistema é no transporte das peças, e a
arquitetura que não pode ser alterada.

Figura 3.6: Exemplo de edifício construído em células de concreto pré-moldado


(Fonte: CAMARGO CÔRREA, 1974)
26

4 PRINCÍPIOS BÁSICOS DE PROJETOS

Os projetistas devem considerar as possibilidades, as restrições e vantagens


da utilização do concreto pré-moldado, seus detalhes, produção, transporte,
montagem e estados de serviço antes de completar o projeto da estrutura pré-
moldada.

As empresas de pré-fabricados devem deixar informações referentes ao


projeto e à produção dos elementos disponíveis, aos clientes, arquitetos e
engenheiros responsáveis, de modo a fornecer diretrizes unificadas para toda
equipe envolvida. Desse modo assegura que todas a partes envolvidas estão a par
dos métodos adotados em todas as fases de projeto, levando ao máximo de
eficiência e benefícios. Isso é muito importante nos estágios de produção e
montagem, pois muitos engenheiros podem não estar familiarizados com alguns
métodos utilizados.

Para obter um melhor projeto para estrutura pré-moldada, a estrutura deve


ser inicia com a pré-moldagem desde o projeto preliminar e não meramente
adaptada de um método tradicional de concreto moldado in loco. De acordo com
Arnold Van Acker(2002), as maiores vantagens em soluções pré-moldadas serão
obtidas quando no estágio da concepção do projeto forem considerados os
seguintes pontos:

a) Respeito à filosofia específica de projeto

• Utilizar um sistema de contraventamento próprio;


• Utilizar grandes vãos;
• Assegurar a integridade estrutural.

b) Usar soluções padronizadas sempre que possível

A padronização é um fator importante no processo de pré-fabricação. Isso


possibilita repetição e experiência portanto, custos mais baixos, melhor qualidade e
confiabilidade, assim como uma execução mais rápida. A Padronização é aplicável
nas seguintes áreas:
27

• Modulação de projeto;
• Padronização de produtos pré-fabricados;
• Padronização interna para detalhes construtivos e padronização
de procedimentos para produção e ou montagem.

c) Os detalhes devem ser simples

Um bom projeto em concreto pré-moldado deve envolver detalhes o mais


simples possível. Devem ser evitados detalhes muito complicados ou vulneráveis.

d) Considerar as tolerâncias dimensionais

Produtos de concreto pré-moldados apresentam inevitavelmente diferenças


entre as dimensões especificadas e as executadas. Essas variações devem ser
admitidas e previstas no projeto desde o inicio, por exemplo:

• Possibilidade de tolerâncias de absorção nas ligações (entre


dois elementos pré-moldados, e entre os elementos pré-
moldados e as partes moldadas no local);
• Necessidade de almofadas (aparelhos) de apoio;
• Consequências causadas por curvaturas e diferenças em
curvaturas;
• Tolerância de movimentação, causada por retração, expansão
térmica, etc.

e) Obter vantagem do processo de industrialização

A produção de concreto pré-moldado deve se basear na industrialização.


Isso é parcialmente influenciada pelo projeto, por exemplo:

• A pré-tração permite a produção de elementos em longas pistas


de protensão;
• A padronização de componentes e de detalhes típicos garante a
padronização do processo;
• A posição adequada dos detalhes, por exemplo: barras de
espera etc., diminui o tempo dos serviços;
28

• Simplicidade na descrição do projeto ajuda a evitar erros;


• Modificações imprevistas no projeto prejudicam o planejamento
da produção, etc.

4.1 Padronização

Uma das maneiras de se obterem ganhos de produtividade é através da


padronização.

Padronização é definida por ROSSO (1966) como “a aplicação de normas a


um ciclo de produção ou a um setor industrial completo com objetivo de estabilizar o
produto ou o processo de produção”.

A padronização de produtos e processos é amplamente difundida na pré-


fabricação. Fabricantes de pré-moldados têm padronizado seus componentes
adotando uma variação de sessões transversais apropriadas para cada tipo de
componente. Geralmente, a padronização se limita a detalhes, dimensões e
geometria das seções transversais, mas raramente ao comprimento das unidades.
Produtos típicos padronizados são: pilares, vigas e lajes de piso.

Produtos padronizados são produzidos em formas preestabelecidas. O


projetista pode selecionar o comprimento, dimensões e capacidade de carga dentro
de certos limites.

A padronização constitui-se também num fator econômico importante no


processo de pré-fabricação, por causa dos baixos custos das formas,
industrialização do processo de produção com alta produtividade, larga experiência
em execução devido a repetição de processos, etc.

Figura 4.1: Exemplos de padrões de seções transversais (Fonte: Acker, 2002)

5 PRODUÇÃO DOS PRÉ-FABRICADOS


29

As etapas de produção variam do tipo de pré-fabricado empregado. No caso


de pré-fabricado de fábrica, a produção envolve basicamente as seguintes etapas
em sequencia:

- A produção das peças

- Transporte do elemento da fábrica à obra

5.1 Etapas da produção do elemento pré-fabricado

A execução dos elementos pré-fabricados numa indústria é


divididobasicamente nas seguintes etapas, conforme mostradas na Figura 5.1:

Figura 5.1: Etapas da produção de elementos pré-fabricados


(Fonte: MUNTE, 2007)

Onde:
E: Tempo de espera entre uma etapa e a sua subsequente da produção.

a) ARMAÇÃO: Consiste simplesmente na preparação das armaduras, dobramento


ou corte das barras longitudinais e estribos, amarrações são feitas
conformedeterminação dos projetos.
É imprescindível que a armadura esteja de acordo com as dimensões de
projeto, de modo a evitar cobrimentos menores que os especificados.

b) FÔRMAS (Figura 5.2): Na pré-fabricação para favorecer a repetição dos


elementos construtivos, as fôrmas são predominantemente metálicas e tem como
vantagem adicional de resultar em melhor acabamento da peça.
30

A qualidade das fôrmas tem que ser redobrada, pois qualquer imperfeição
na fôrma fica marcada no concreto. Antes do lançamento deve ter cuidados
como, limpeza das superfícies internas, e estar suficientemente estanques,
impedindo a fuga da argamassa pelas juntas, para obter tal resultado é utilizados
selantes e/ou cantoneiras, outros cuidados que deve se ter é com o nivelamento
e prumo, em conformidade com o tolerado.
O desmoldante é colocado antes da colocação da armadura para evitar a
aderência do concreto á forma. Ele deve ser espalhado homogeneamente,
evitando excessos e falta ao longo das fôrmas.

Figura 5.2: Exemplo de forma metálica de viga.

c) CONCRETO:Compreendem a dosagem, lançamento e adensamento do


concreto, cura e desmoldagem.

O concreto pré-fabricado não deve apresentar imperfeições na estética


das peças, pois normalmente são utilizados de modo aparente, como material de
acabamento.

É mais interessante garantir a qualidade das peças em cada estágio da


produção do que se tentar corrigir e reparar defeitos nas peças depois de
prontas.

O adensamento é uma atividade importante na execução do concreto pré-


moldado, pois ele tem forte implicação na qualidade do concreto e na
31

produtividade do processo. As principais formas de adensamento empregadas


são: vibração, centrifugação, prensagem e vácuo.

A cura de uma peça de concreto consiste em manter um índice satisfatório


de umidade e temperatura para o concreto recém-misturado, para que se
possam desenvolver as reações de hidratação da pasta de cimento a fim de
obter as propriedades desejadas para o concreto. Resistencia e durabilidade da
peça só são atingidas se a cura for promovida de maneira adequada. Alguns
cuidados que devem ser tomados durante a cura, o concreto deve estarprotegido
do sol e de correntes de vento que incidam diretamente sobre as peças pré-
fabricadas. O uso de agentes de cura (aditivos) pode contribuir positivamente
nessa etapa.

A desmoldagem normalmente é feita via equipamentomecânico, é


necessário dispositivo de içamento.

d) ACABAMENTO: Se for necessário sempre se deve fazer reparo nas estruturas


que apresentarem problemas como fissuras, bolhas ou bicheiras, os quais
possam trazer prejuízos estéticos ao elemento.

Para preencher os pequenos defeitos de execução são feitas as


estucagens (argamassa), e o caldeamento (pasta fluida) é aplicado na superfície
do concreto para conferir maior homogeneidade às superfícies, depois de
reparadas.

e) MANUSEIO: Para peças moldadas em fôrmas horizontais, deve-se ter cuidado


em posicionar espuma ou qualquer outro material que poça amortecer abaixo da
fôrma, de maneira a aliviar o impacto causado no saque da peça.

Já para as peças moldadas em fôrmas verticais, normalmente precisam


ser deitadas em uma plataforma onde se procede a desmontagem dos painéis
componentes da mesma. Cuidado na retirada desses painéis, uma vez que,
devido ao peso, eles podem danificar a peça. Quando da retirada da peça da
fôrma também se deve ter o cuidado de utilizar um material que tem por
finalidade amortecer.
32

A Figura 5.3 mostra as etapas pela qual o concreto passa, durante a


produção dos elementos pré-fabricados.

Figura 5.3: Etapas da concretagem para produção de elementos pré-fabricados


(Fonte: MUNTE, 2007)

Onde:

E: Tempo de espera entre uma etapa e a sua subsequente da


produção.

As subdivisões da etapa de concretagem, ou seja, passo a passo de como é


realizada em fábrica o concreto, sua colocação em fôrma e os acabamentos, podem
ser entendidas como:

a) MISTURA: após a correção da umidade dos agregados, pesagem dos materiais


e dosagem de aditivo, faz-se a homogeneização do concreto, que é
posteriormente lançado sobre a caçamba;

b) TRANSPORTE:por meio de caçambas, o concreto é içado e transportado por


ponte rolante e com auxílio de caminhão, no caso de haver necessidade de
intercomunicação entre pontes paralelas;

c) LANÇAMENTO E VIBRAÇÃO: o concreto é lançado sobre a fôrma e, então, se


realiza o seu remanejamento com pás, enxadas e adensamento com vibradores,
removendo-se manualmente o excesso de material.
33

d) DESEMPENO: o desempeno é manual, realizado esfregando-se a


desempenadeira de madeira, sobre a superfície do concreto. Com auxílio de um
socador (desempenadeira com tela de aço), o agregado graúdo é empurrado
emdireção ao fundo, restando a nata de cimento junto à quarta face do elemento
pré-fabricado, permitindo um acabamento mais bem-feito.

e) QUEIMA E ACABAMENTO: consiste em passar a colher de pedreiro, para


retirada das marcas deixadas pelo socador, e executar novamente o desempeno
manual com desempenadeira de madeira. Após o início de pega do concreto,
efetuar o desempeno manual com desempenadeira de aço. Esse procedimento é
denominado “queimar” a superfície da peça, e é repetido até se obter a
rugosidade desejada para a superfície.

5.2 Transporte da fábrica a obra

O transporte das peças pré-fabricadas pode ser feita por meio rodoviário,
ferroviário e hidroviário (marítimo). No Brasil como de costume não só na pré-
fabricação o meio de transporte mais utilizados é o rodoviário.

Deve se escolher o meio de transporte mais adequado para cada elemento


respeitando as suas características, caminhões para peças menores, carretas e
carretas especiais que consigam suportar vigas de grandes dimensões (Figura 5.4).
Todo o cuidado para não danificar os elementos, por esta razão, e também por
questão de segurança, recomenda-se cuidadosa fixação dos elementos para o
transporte.

O local de destino das peças tem que estar bem organizado com o solo
compactado para que possa facilitar a circulação dos caminhões, é preciso meios
auxiliares como uma grua adequada no local para movimentar os elementos como
também é utilizado bobcats para peças de dimensão menor, sendo preciso ter um
lugar reservado de destinos para elas.
34

Figura 5.4: Esquema de veículos para transportes de elementos pré-fabricados


(Fonte: EL DEBS, 2000)

Em regra geral, a transportadora é encarregada de obter as permissões de


circulação para cargas e dimensões acima das permitidas. Os veículos selecionados
devem ter o centro de gravidade mais baixo possível para permitir alojamento de
elementos mais centrados se possível.
35

6 EXECUÇÃO DE OBRA EM PRÉ-FABRICADOS

6.1 Manuseio e montagem

Os elementos que são empregados para a montagem das peças pré-


fabricadas, podem ser divididos em dois tipos, de uso comum e de uso restrito.

a) USO COMUM:
• Autogruas: guindastes sobre plataforma móvel.

Figura 6.1 (a): Autogrua sobre Figura 6.1 (b): Autogrua sobre
pneus (Fonte: EL DEBS, 2000) esteiras (Fonte: EL DEBS, 2000)

• Grua de torre (guindaste de torre)

Figura 6.1 (c): Grua de Torre (Fonte: EL DEBS, 2000)


36

b) DE USO RESTRITO:

• Grua de pórtico e guindaste Derrick

Figura 6.1 (d): Grua de pórtico (Fonte: EL DEBS, 2000)

Os elementos pré-fabricados são suspensos e movimentados por intermédio


de máquinas, equipamentos e acessórios apropriados em pontos de suspensão
localizados nas peças de concreto perfeitamente definidos em projeto, evitando-se
choques e movimentos abruptos. As máquinas de suspensão, balancins, cabos de
aço, ganchos e outros dispositivos são dimensionados levando-se em conta as
solicitações dinâmicas. (NBR 9062, 2001)

Exemplos de ganchos acessórios utilizados para movimentar as peças são


mostrados nas Figuras 6.2 (a) e 6.2 (b).
37

Figura 6.2 (a): Sistema rosqueado Figura 6.2 (b): Sistema rosqueado com
de cabo gancho rotativo
(Fonte: PFEIFER, 02/2006)

A montagem dos elementos pré-fabricados, em suas posições definitivas na


obra, é realizada por intermediário de máquinas, equipamentos e acessórios
apropriados, utilizando-se os pontos de suspensão localizados nas peças de
concretos devidamente definidos em projeto para esta operação, evitando-se
choques e movimentos abruptos. Da mesma forma que no manuseio, as máquinas
de montagem, balancins, cabos de aço, ganchos e outros dispositivos são
dimensionados levando-se em conta as solicitações dinâmicas.(NBR 9062,2001)

Exemplos de aplicações de ancoragem para transporte das peças pré-


fabricadas são mostrados nas Figuras 6.3 e 6.4:
38

Figura 6.3: Exemplo de aplicações para ancoragem de transporte


(Fonte: PFEIFER, 02/2006)

Figura 6.4 Exemplo de aplicações para ancoragem de transporte


(Fonte: PFEIFER, 02/2006)
39

Pode eventualmente ser previsto escoramento provisório para auxílio no


posicionamento das peças e garantia de estabilidade até que a ligação definitiva
seja efetuada. Este escoramento deve ser projetado de modo a não sofrer, sob a
ação de seu peso, do peso dos elementos pré-moldados e das cargas acidentais
que possam atuar durante a execução da montagem, deformações ou movimentos
prejudiciais ao concreto ou introduzir esforços secundários não previstos no projeto.
(NBR 9062,2001)

6.2 Realizações das ligações

As ligações são um dos pontos mais importantes em relação aos pré-


moldados.

As ligações têm como intuito realizar uma interligação entre elementos pré-
moldados para compor um sistema estrutural capaz de resistir a todas as forças
atuantes, incluindo ações indiretas provenientes da retração, movimentos térmicos,
atuação do vento, fogo, etc.

A sua função principal das ligações é a transferência das forças entre as


interfaces dos elementos pré-moldados, de forma que os elementos pré-moldados
interajam entre si como um único sistema estrutural.

A interação entre os elementos pré-moldados pode ter diferentes propósitos


como:

• Garantir o comportamento global pretendido para os subsistemas pré-


moldados;
• Conectar elementos a estrutura de apoio;
• Transferir forças do seu ponto de aplicação para um subsistema de
estabilização, como um núcleo ou parede de contraventamento.

O projeto de ligações não se limita a uma questão de escolher um dispositivo


de ligação apropriado, mas engloba a consideração da ligação como um todo,
incluindo as juntas, os materiais para preenchimento de nichos e juntas,
detalhamento das superfícies das interfaces e das zonas nas extremidades dos
elementos pré-moldados, em regiões próximas às ligações. Estas zonas nas
40

extremidades dos elementos promovem a transferência das forças dos dispositivos


de ligação para dentro dos elementos e devem ser detalhadas e armadas
considerando as forças internas e as possíveis deformações.

6.2.1 Tipos de ligações

O tipo de ligação está diretamente correlacionado com o custo da estrutura


pré-fabricada, quanto maior for a complexidade da ligação maior será o custo.

De acordo com a NBR 9062 (2001), existe somente um tipo de ligação,


denominado ligação semi-rígida. Esta ligação pode variar de rotulada a engastada
dependendo do seu fator de restrição à rotação. Para melhor explicação pode-se
dividir ou classificar em quatro tipos de ligações.

• Isostática

• Rotulada

• Semi-rígida

• Engastada

Os parâmetros de restrição a rotação é dado conforme a NBR 9062 (2001),


podendo variar de 0 a 1. É considerado engastamento perfeito quando esse valor é
1, exemplo se uma ligação que transmite 65% do momento o valor de α será de
0,65. Tem-se a seguinte classificação das ligações:

• rotulada α< 0,15;

• semi-rígidas 0,15 ≤ α ≤ 0,85;

• engastadasα> 0,85.

6.2.1.1 Ligação isostática

As ligações isostáticas (Figura 6.6) têm como característica não transmitir


momentos fletores e esforços horizontais entre os elementos pré-fabricados. Como
não há essa transmissão às peças trabalham de forma isolada, portanto não ocorre
o efeito de pórtico no estrutura.
41

Este tipo de ligação acaba sendo teórico, pois o procedimento usual de


preenchimento dos pinos de montagem da viga não é mais a utilização da
argamassa e sim o Neoprene, que acaba transmitindo esforços horizontais.

Para que este tipo de ligação funcione de forma adequada, os


deslocamentos dos pilares, não podem ser maiores que a folga entre viga-pilar
(tolerância de montagem, não sendo preenchida, permitindo deslocamento relativo),
pois o contato entre essas peças podem acarretar na transmissão de esforços,
iniciando assim o efeito de pórtico não previsto.

Para permitir pequenos deslocamentos relativos entre as peças, elas são


apoiadas sobre aparelhos de Neoprene de 1centímetro de espessura, que recebem
os esforços verticais. Os pinos que ajudam no posicionamento e impedem o
tombamento das vigas são de aço liso CA-25.

Para preenchimento dos furos onde foi colocado os pinos é usado


argamassa comum, ao se retrair ela deixa espaço para a deformação do pino que
tem baixa capacidade de resistir a compressão oriundos de deslocamentos
horizontais.

Figura 6.5: Exemplo de ligação isostática (FONTE:ABCIC, 2013)


42

Figura 6.6: Exemplo de ligação isostática


(Fonte: MUNTE, 2007)

6.2.1.2 Ligação rotulada

As ligações rotuladas (Figura 6.7) têm como características transmitir além


dos esforços verticais os esforços horizontais entre as peças. Para transmissão
desses esforços, considera-se que as ligações sejam projetadas para que se
propaguem através da resistência do aparelho de apoio (Neoprene) ao
cisalhamento. O Neoprenesimples pode ser substituído por um sistema de Neoprene
combinado com graute, que é mais eficiente, e no qual se pode contar com o efeito
pino.

Este tipo de ligação tem fator de resistência à rotação abaixo de 0,15.

A ligação rotulada deve prever capacidade rotacional, principalmente no


Estado-Limite de serviço. Esta capacidade permite que não surja patologia na
estrutura, e que não sejam introduzidos esforços indesejados e não previstos no
projeto.

A ligação pelo pino é caracterizada pela consideração de transmissão de


esforços pelo cisalhamento puro do pino. A característica principal desta ligação é o
43

preenchimento dos furos das vigas, e a operação é realizada de forma diferente da


ligação isostática, ou seja:

- o preenchimento do furo da viga é feito com graute;

- é obrigatória a retirada do tubo de PVC (molde do furo) da peça para que


haja a perfeita aderência do graute com a superfície de concreto da peça.

Figura 6.7: Exemplo de ligação rotulada


(Fonte: MUNTE, 2007)

No neoprene com graute, para transmissão dos esforços horizontais, é a


utilizadaa resistência gerada pelo atrito entre a peça (viga e console) e o graute
inserido em uma abertura do aparelho de apoio de neoprene (neoprene vazado).
Nessa opção o graute assume a função deapoio vertical definitivo para a peça. A
resistência de cisalhamento do neoprene nesse caso é desconsiderada, pois sua
área é reduzida e sua função é meramente construtiva.

6.2.1.3 Ligação semi-rígida

As ligações ditas como semi-rígidas, tem como propriedade de resistir a uma


parte do momento fletor de engastamento das peças. Portanto para que essa
ligação tenha esse efeito, é necessário que exista a resistência a rotação, de
maneira que ocorra o surgimento do binário relativo ao momento aplicado. Esse
44

binário tanto pode ser resistido pela armadura superior e a compressão de uma
região inferior da viga, como resistido exclusivamente pelo binário formado pelos
pinos utilizados como guia de montagem da viga.

O fator de restrição que engloba as ligações semi-rígidas deve estar


compreendido entre os parâmetros 0,15 ≤ α ≤ 0,85.

De acordo com MELO (2007), geralmente, esse tipo de ligação se procede


por binários formados pelos pinos, por concretagem vertical simples, e concretagem
vertical com solda.

A ligação por binário formado pelos pinos(Figura 6.8) possui uma restrição
baixa à rotação, se caracteriza pelo funcionamento do pino (um ou mais)
trabalhando sob tração e parte da região do consolo sob compressão, de maneira a
efetivar o binário resistente.

Os materiais que podem ser utilizados são aços CA-25, CA50 e CP-190; as
cordoalhas apresentam características de grandes alongamentos, portanto antes de
atingir a capacidade resistente, ocorrera a deformação da viga.

Figura 6.8: Exemplos pinus duplos e neoprene(Fonte: MUNTE, 2007)

A ligação por concretagem vertical simples (Figura 6.9) se caracteriza pela


concretagem entre e pilar e viga, ou console e viga, e também pela não inversão do
momento negativo na viga, ou seja, elas não apresentam uniões resistentes a
45

esforços de tração na região inferior da viga junto ao pilar, que é normalmente


comprimida pelo momento negativo.

A transmissão de esforços horizontais se comporta como na ligação descrita


anteriormente, além dos pinos e o atrito do neoprene, tem-se a parcela do contado
viga pilar que antes era vazio e agora é grauteado.

A armadura negativa da viga deve formar um nó com o pilar. Para isso, têm-
se duas formas de realizar o detalhe:

- com furos passantes no pilar;

- com luvas colocadas no pilar.


A utilização de furos no pilar é mais recomendada, pois com eles consegue-
se a folga necessária para a instalação da armadura negativa no local exato, no
momento da montagem, posicionando-a de forma correta após a instalação das
peças. A luva exige maior precisão de instalação na concretagem do pilar (e
montagem das peças). Na realização dos furos é recomendada a utilização de
bainhas metálicas, pois possui uma superfície rugosa adequada para a ancoragem
da armadura introduzida na obra, dando maior aderência, uso de PVC caso usado
de molde e não retirado posteriormente pode comprometer a ligação e a estabilidade
da estrutura.

Após a instalação da barra negativa, esta deve ser grauteada ou colada com
adesivo à base de epóxi no pilar. Não é permitido o preenchimento do furo com o
concreto normal da capa e/ou do complemento da viga, pois as falhas de
concretagem podem comprometer a estabilidade da estrutura.

Figura 6.9: Exemplo de ligação semi-rígida(Fonte: MUNTE, 2007)


46

Já as ligações com solda e concretagem vertical(Figura 6.10) são as mais


sofisticadas e possibilitam condições mais próximas do engaste perfeito, ou seja,
possui uma restrição a rotação alta. A ligação se diferencia da concretagem vertical
simples por um simples detalhe que é a adição de chapas de aço posicionadas na
parte superior das vigas, soldada sobre outra chapa colocada no apoio (console).

As chapas soldadas realizam a transmissão dos esforços de tração oriundos


da inversão de momentos negativos nos apoios, que em função dos esforços
horizontais, se transformam em momentos positivos.

Nessa ligação não é utilizado o neoprene no apoio, o contato é direto das


chapas metálicas.

Figura 6.10: Exemplo de ligação semi-rígida de alto coeficiente α


(Fonte: MUNTE, 2007)

6.2.1.4 Ligação engastada

A ligação engastada (Figura 6.12) é aquela cujo fator de restrição à rotação é


maior que 0,85. Neste caso, a ligação pode ser considerada como igual à realizada
na obra (moldado in loco).
47

Este tipo de ligação é obtido quando há concretagem do nó entre viga e pilar.


Podem-se deixar os arranques nas vigas, assim como nos pilares, e com a
consolidação após a montagem destas peças, a ligação passa a ser engastada.

As ligações são classificadas no modelo estrutural conforme sua resposta às


solicitações e não conforme sua execução, ou seja, qualquer ligação com luva, furos
passantes, soldas e chapas, que por acaso apresentar restrição à rotação maior que
0,85, serão consideradas engastadas.

Figura 6.11: Exemplo de ligação engastada (FONTE:ABCIC,2013)

Figura 6.12: Exemplo de ligação engastada (FONTE:ABCIC,2013)


48

7 APLICAÇÕES NA CONSTRUÇÃO CIVIL

7.1 Construções habitacionais

O pré-fabricado comporta hoje desde edifícios de alto padrão, prédios


comerciais de múltiplos pavimentos, até residências populares.

As vantagens de se utilizar esse sistema construtivo são construçõescom


menores prazos para entrega, unindo maior velocidade à redução dos custos fixos,
proporcionando a garantia de retorno financeiro rápido,busca de maior qualidade,
produtividade e redução de desperdícios,sustentabilidade,mão de obra qualificada
eresistência ao fogo.

Os elementos mais utilizados nesses tipos de construções são vigas, pilares,


lajes, painéis de fechamento, entre outros.

 VIGAS: As vigas podem ser armadas ou protendidas, quanto ao


formato variam em retangulares ou em “I”.

Dentro de uma estrutura de pré-fabricados, as vigas devem ter a maior


repetitividade possível, ou seja, devem ser projetadas com a máxima racionalidade e
facilidade de execução.

 PILARES:Os pilares são as peças mais complexas e com maior


dificuldade de execução, tanto nas definições de projeto quanto na fábrica, são os
elementos menos padronizados do sistema de pré-fabricados.

Com os consoles com formatos muito recortados, o processo de fabricação é


quase artesanal. Mesmo com introdução de fôrmas metálicas acopladas a
segmentos onde são introduzidas formas de madeiras para ser feitas as saliências
dos consoles.

 LAJES:O sistema de laje que tem maior sucesso no mercado da


construção civil é as lajes alveolares de piso. A grande eficiência estrutural das lajes
alveolares e, consequentemente, seu menor custo, são alcançadas quanto maior
49

padronização e racionalização do projeto. O produto é totalmente industrializado e


envolve baixo número de mão-de-obra na sua produção.

 PAINÉIS DE FECHAMENTO: Residências e edifícios de apartamentos


pré-fabricados são geralmente projetados com sistemas estruturais com painéis,
onde uma parte dos painéis são estruturais e outra parte possui apenas função de
fechamento. As vantagens do sistema são a rapidez de instalação, o bom
isolamento acústico e resistência ao fogo, onde a superfície pode estar preparada
para receber pintura. As inconveniências estão relacionadas com uma menor
flexibilidade no projeto, onde é quase impossível fazer adaptações futuras.

Figura 7.1: Painel de fechamento em edificações


(Fonte: Gerolla, REVISTA TÉCHNE,2007)
50

Figura 7.2: Painel de fechamento em edificações

7.2 Complexos esportivos

Nos estádios e ginásios cobertos, o concreto pré-fabricado pode ser


empregado, além das arquibancadas, na estrutura de suporte das arquibancadas as
vigas jacarés, na cobertura da construção, nas áreas de acesso como escadas e em
elementos de fachadas.

Nesse tipo de construção a aplicação de estruturas pré-fabricadas é


interessante, devido ao fato de haver uma grande repetição das peças a serem
colocadas.

Arenas e arquibancadas são normalmente compostas por sistemas em


esqueleto combinadas com paredes estruturais. Os sistemas de pisos são
compostos por elementos protendidos de laje alveolar ou em duplo T. As coberturas
em balanço para arquibancadas podem ser compostos por vigas protendidas,
fixadas no topo dos pilares por meio de chumbadores especiais parafusados. As
vigas para as arquibancadas possuem dentes sobre o seu topo para apoiar os
elementos de piso (vigas jacaré). Os elementos de piso são geralmente projetados
em elementos da laje alveolar com espessura reduzida.
51

Figura 7.3: Arquibancada pré-fabricada(FONTE: Arena do Grêmio, 2012)

Figura 7.4: Vigas jacarés, utilizada em montagens de escadas e arquibancadas.


(FONTE: Arena Fonte Nova, 2011)
52

7.3 Saneamento

Usadas para drenagem pluvial, condução de esgoto e em aterros sanitários,


entre outras obras, as galerias pré-fabricadas de concreto armado são produzidas
em processos industriais e chegam quase prontas ao canteiro, o que pode
representar ganho de tempo, qualidade e durabilidade na implantação de uma rede.

Além de servirem de tubulação, é ao mesmo tempo a estrutura do sistema,


sendo constituídas por dois tipos principais de peças: os tubos circulares ou
ovóides(Figura 7.6) e as aduelas (Figura 7.5). Estas últimas, também chamadas de
galerias celulares, são quadradas ou retangulares e em seção fechada ou aberta -
neste caso, um canal em "U". Como têm aplicações similares, o que tem
determinado a utilização de uma ou outra peça é a dimensão da obra.

Canalizações ou drenagens de grande vazão exigem que as galerias tenham


aberturas maiores e, neste caso, a solução são as aduelas. Isso porque em 90% dos
casos, segundo Alírio Gimenez, diretor técnico da Associação Brasileira dos
Fabricantes de Tubos de Concreto (ABTC), os tubos chegam a 2 m de diâmetro,
sendo o mais comum encontrá-los com 1,5 m.

Um tubo ou aduela de concreto pré-fabricado tem uma expectativa de vida útil


de 100 anos, por isso os engenheiros chamam a atenção para a execução da obra,
crucial para o bom funcionamento das galerias.

Se fizer uma galeria muito inclinada, a velocidade da água nos canais pode
desgastar precocemente as paredes de concreto.

Figura 7.5: Aduelas ou galerias celulares.


(FONTE: PINI, Infraestrutura Urbana, 2012).
53

Figura 7.6: Tubos circulares pré-fabricados.


(FONTE: PINI, Infraestrutura Urbana, 2012)

7.4 Obras de infraestruturas

• PONTES:Redução do prazo de obra e maior controle da qualidade


favorecem uso de aduelas de concreto para construção de pontes com grandes
vãos.
A montagem de tabuleiros com aduelas pré-moldadas (Figura 7.7) surgiu nos
anos 1960 como resultado da necessidade de se executar superestruturas em
períodos de tempo mais curtos e com menores custos. No Brasil, um marco para a
divulgação da tecnologia foi a ponte Rio-Niterói em 1974. Nessa obra, trechos foram
executados com elementos pré-moldados unidos por resina epóxi e comprimidos
pelas tensões de protensão.

Figura 7.7: Aduelas pré-fabricadas para pontes.


(FONTE: PINI, Infraestrutura Urbana, 2012)
54

Características Técnicas

A construção de pontes com aduelas pré-moldadas é normalmente indicada


para pontes extensas, de extensão superior a 150 m. O comprimento de vão
exequível está normalmente compreendido entre 40 e 50 m. As peças - muitas
vezes fabricadas com concreto de alta resistência para permitir redução do peso
próprio da estrutura e a realização das protensões com menor tempo de cura - são
seccionadas no sentido transversal e têm comprimentos que variam de 2 m a 8 m.
Para garantir perfeita acoplagem, as aduelas contam com saliências e reentrâncias
que encaixam nas lajes superior e inferior.

Figura 7.8: Ponte Manaus-Iranduba sobre o Rio Negro, no Amazonas, Construtora Camargo Correa.
(FONTE: PINI, Infraestrutura Urbana, 2012)

O comprimento das aduelas pré-moldadas é definido em função da


capacidade da treliça lançadeira (Figura 7.9). Daí a importância de o projetista
conhecer os equipamentos disponíveis para elaborar um projeto executivo que seja
exequível.

No Brasil, as treliças lançadeiras metálicas permitem o lançamento de vigas


e estruturas pré-moldadas de até 140 t em trechos retos ou curvos com declives de
até 6%. Segundo manual do Departamento Nacional de Infraestrutura de
Transportes (Dnit), as treliças de lançamento devem ser projetadas com
comprimentos iguais a 1,5 vezes o comprimento do vão a ser preenchido.
55

Figura 7.9: Treliça Lançadeira.


(FONTE: PINI, Infraestrutura Urbana, 2012)

• TÚNEIS: Aduelas pré-fabricadas (Figura 7.10) servem como


revestimento final e apoio à escavação em túneis executados pelo método
TunnelBoringMachine (TBM).

TBM é uma máquina tuneladora (conhecida popularmente no Brasil como


tatuzão) realiza a escavação do maciço e, simultaneamente, instala o revestimento
definitivo do túnel de forma automatizada. Assim, é possível fazer a substituição do
material escavado por um túnel pronto.

Os anéis de concreto são compostos de aduelas intertravadas


longitudinalmente por um sistema tipo macho e fêmea. Na transversal, a trava é do
tipo junta seca. Essas emendas devem garantir não só a resistência e rigidez do
revestimento, mas também a durabilidade e estanqueidade.

Fabricação de aduelas, as peças de concreto são produzidas em usina de


pré-fabricados, transportadas até o poço de trabalho e conduzidas por um
mecanismo da própria máquina tuneladora. Na produção das aduelas, normalmente
utiliza-se concreto reforçado com fibras de aço e polipropileno. As fibras ajudam a
controlar a fissuração, pois funcionam como pontes de transferência de tensões.
Além disso, conferem ductilidade ao concreto, permitindo que ele possa sofrer
deformações inelásticas em áreas de possíveis rupturas sem que ocorram grandes
perdas de sua resistência.
56

As fôrmas empregadas são metálicas e deve conferir estabilidade


volumétrica, pouca aderência ao concreto e estanqueidade.

Os anéis são formados pela junção de peças individuais chamadas de


segmentos, fabricadas com concreto reforçado por fibras. Dentre esses segmentos,
o de menor tamanho (segmento chave) tem papel de fechar o anel e concluir um
passo de avanço.

Figura 7.10: Segmentos Pré-Fabricados para túneis


(FONTE: PINI, Infraestrutura Urbana,2013)
Na medida em que a frente de escavação avança, o próprio equipamento,
alimentado com as aduelas, executa a instalação dos segmentos do anel de
concreto.

Figura 7.11: Método de escavação TunnelBoringMachine (TBM)


(FONTE: PINI, Infraestrutura Urbana, 2013)
57

• FERROVIAS (DORMENTES)(Figura 7.12): São peças fabricadas em


diversas dimensões protendidas, os dormentes não servem apenas para apoios
para os trilhos, mas eles também transferem e distribuem as cargas atuantes para o
lastro da via.

Figura 7.12: Dormentes protendidos pré-fabricados


(FONTE: weckenmann)

7.5 Pré-fabricado agregado à estrutura metálica

Recentemente a utilização de diferentes materiais vem se tornando uma


tendência, em uma única obra possibilita ao arquiteto ou engenheiro uma melhor
diversidade de escolhas, tornando mais flexível um sistema construtivo.

A utilização de materiaisdiferentes faz com que melhor se aproveite o


desempenho estrutural de cada material na composição dos elementos e
componentes, onde a ótima combinação destes traz maior benefício para o conjunto
do sistema estrutural.

Exemplo de aplicação na Figura7.13.


58

Figura 7.13: Detalhe de montagem de estrutura mista


de painéis pré-fabricados com cobertura metálica. (FONTE: ABCIC, 2013)

7.6 Banheiros

Uma novidade que pode-se destacar são os banheiros pré-fabricados ou


como são mais conhecidos “banheiros prontos” (Figura 7.14) . São produzidos em
monoblocos e chegam prontos à obra. Incluem instalações elétricas, hidráulicas e
acessórios.

Obras de hotéis, flats e até edifícios podem adotar os banheiros prontos. onde
o módulo chega ao canteiro como um contêiner para ser içado ao pavimento.

Figura 7.14: Detalhe de içamento de banheiro


(Fonte: CORBIOLLI, 2001)
59

7.7 Silos

Os silos são instalações rurais ou industriais, com a finalidade básica de


armazenar, a granel, produto sólido, granular ou pulverulento, possibilitando o
mínimo de influência do meio externo com o ambiente de estocagem, com o objetivo
de manter inalteradas as características físicas, químicas e biológicas do produto,
durante o período de armazenagem.
Segundo SILVA (1992), é necessário seguir alguns requisitos que, em geral,
constituem de normas e especificações devido à complexidade do comportamento
de cargas de um silo.
Silos de concreto usualmente são moldados "in loco",mas podendo ser pré-
fabricado, sendo que o concreto pode ser utilizado em todas as estruturas:
fundação, paredes, cobertura.
A chave para o sucesso dos silos pré-fabricados está na padronização dos
seus componentes, como vantagens desse tipo de silo cabe destacar: melhor
qualidade, devido ao rigoroso controle durante a fabricação dos elementos da
estrutura comparado ao concreto moldado no local, menor custo da estrutura em
relação ao concreto moldado no local, pois necessita de menor número de pessoas
trabalhando no local, e a não utilização de forma. A desvantagem está relacionada
ao tamanho das peças pré-moldadas, que são controladas principalmente pelas
restrições de transporte e montagem, assim para grandes silos ocorre a
segmentação destes elementos.

Figura 7.15: Silo pré-fabricado em concreto armado


(Fonte: Samec – Maquinas e Equipamentos 2012)
60

Os silos podem ser horizontais (Figura 7.15) ou verticais, sendo que os


horizontais apresentam elevada relação área/altura, de forma que a altura da
estrutura de armazenamento não é muito grande, além de ser uma variante dos
muros de arrimo. Já os silos verticais possuem diversas formas de seção transversal
e dependendo do produto a ser armazenado, a grandes alturas.

7.8 Muro de arrimo pré-fabricado

Esse tipo de contenção utiliza um painel de concreto pré-moldado como


cortina. O painel é uma placa dupla, um elemento pré-moldado tipo laje
treliça,porém,com face externa e interna. É uma peça de fácil manuseio, que
dispensa a utilização de equipamentos.

As duas faces com espessura de 3cm são ligadas por uma armação estribada
(treliçada) formando uma peça única. O vão entre essas placas, que varia de 9 a 27
cm, é preenchido com concreto especial. Essa peça será instalada entre os perfis
metálicos, previamente cravados, constituindo a cortina.

Sequência executiva: após a cravação dos perfis metálicos na periferia,


executam-se as ancoragens, dimensionadas conforme o solo, as construções
vizinhas existentes e as etapas definidas no projeto. Procede-se simultaneamente à
escavação e montagem das cortinas de contenção utilizando-se as placas duplas.
Nessa etapa inicial, a altura escavada deve atingir a cota da primeira laje do
subsolo. A montagem prossegue até concluir-se todo o perímetro da obra. Uma
eventual armação vertical pode ser colocada entre os painéis duplos, conforme
orientação do projetista estrutural, em função dos esforços decorrentes do empuxo
de terra. Segue-se então a concretagem do interior das placas no primeiro trecho.
Analogamente, a escavação avança até a cota da próxima laje, com simultânea
montagem das placas duplas e colocação da armação. Após a montagem de toda a
cortina no perímetro da obra, a concretagem é feita pelo vão da laje superior.
61

Figura 7.16: Painel de placa dupla treliçada


(Fonte: Revista "Tecne" ed. 83 Fev 2004)

As principais vantagens do uso desse sistema estão no ganho de agilidade,


custos e redução significativa de serviços durante as etapas construtivas, se
comparadas ao método convencional. São eliminados serviços como fôrmas e
escoramento para concretagem da cortina moldada in loco e acabamento dela.

Outras vantagens que pode ser observada nesse sistema é o aumento do


canteiro de obra, redução da quantidade de aço nas cortinas, diminuição do volume
de concreto (espessura final da cortina de 15 cm), industrialização e limpeza da obra
e qualidade dos serviços.O sistema chega a proporcionar uma economia de 10 a
15% em relação ao sistema convencional.
62

Figura 7.17: A concretagem de todo o perímetro se faz pelo vão da laje superior
(Fonte: Revista "Tecne" ed. 83 Fev 2004)

Figura 7.18: – As placas não requerem outro acabamento, basta a pintura


(Fonte: Revista "Tecne" ed. 83 Fev 2004)
63

8 ESTUDO DE CASO: FÁBRICA DE PRÉ-FABRICADOS EM


CASCAVEL-PR

O estudo de caso foi feito com uma visita a DIARC Engenharia e Pré-
fabricados, acompanhado pelo engenheiro civil Ademir Bolfe, empresa sediada em
Cascavel - PR trabalha nos ramos de obras comerciais, industriais e públicas, com
ênfase em estruturas pré-fabricadas de concreto. Com o objetivo de atender à forte
demanda em construções rápidas, racionalizadas e com custos reduzidos, na sua
produção contempla estruturas pré-fabricadas em concreto e estruturas metálicas.

Hoje a fábrica está implantada a margem da BR 369 zona industrial de


Cascavel, num terreno de 70.000,00 metros quadrados. O ponto forte de produção
da empresa são as lajes alveolares protendidas.

Figura 8.1: - Sede da empresa DIARC Engenharia e Pré-fabricados


(Fonte: DIARC)

8.1 Setor de armação

A montagem das armaduras é um processo artesanal, é feita de acordo com


os projetos, que vem do setor de engenharia, dizendo quantas unidades repetidas
será necessárias fabricar, as armaduras tem que estar de acordo com as dimensões
de projeto, para que não haja cobrimentos menores que o desejado.

Na armazenagem dos ferros tem-se o cuidado para que não acumule


umidade e não tenha contato com a terra.
64

Figura 8.2: Setor de armação

No setor de armação é feito os cortes dos aços na medida exigida de projeto


e posteriormente os dobramentos que são feitos em processo automatizado,
formando estribos, molduras, etc.. A seguir são encaminhados para montagem final
da armadura.

A montagem ou armação de vigas e pilares é feita numa fôrma ou um molde


de 100 metros, onde geralmente é montada em toda ela para não haver perda das
cordoalhas. Depois de feita a montagem das ferragens são colocados os cabos e
assim feita a protensão por macacos hidráulicos um em cada extremidade. Tem que
estar atento com as vigas, pois elas devem ter a mesma sobrecarga, quando pronto,
sendo dividido de acordo com as dimensões no projeta. Por exemplo, com o molde
todo montado dá para serem tiradas 10 vigas protendidas de 10 metros. Após
armadas e tracionadas são carregadas para as formas ou estoques.

Figura 8.3: Fôrma para armação de viga protendida


65

Outro cuidado que tem é na colocação dos pinos nos consoles para ligação
das peças onde geralmente é também colocado neoprene, também é deixado os
vão ou esperas de PVC para instalações hidráulicas futuras.

8.2 Setor de preparo de concreto

O concreto é produzido na própria fábrica, que possui duas centrais de


concreto, uma próxima ao setor de produção de lajes alveolares e outra próxima a
fabricação de vigas, pilares e painéis de fechamento.

Os materiais como areias e britas, são todos armazenados próximos a


central. Aditivo também é utilizado no concreto, por exemplo, a fibra de polipropileno.

Central de concreto montado na fábrica serve para agilizar o trabalho além de


garantir a qualidade das peças pré-fabricadas.

A fábrica possui laboratório, para verificar os traços, resistência e qualidade


do concreto, são retiradas corpo de provas onde é submetido a esforços e assim
verificando a qualidade do concreto que está sendo utilizado.

Na produção do concreto também é utilizado aditivos como a fibra


polipropileno, que tem como uma de suas características em reduzirem a incidência
de fissuras por retração, também promove durabilidade do concreto e
estanqueidade. Outra característica do concreto fabricado na central, é que eles são
auto adensáveis, não se utiliza mais o sistema de vibração na fabrica como mesas
vibratórias, essa mudança ocorreu a 4anos atrás, benefícios que tiveram foi que
melhorou a velocidade de produção e o acabamento das peças.

O processo de cura do concreto é feito a vapor acelerando a secagem.

Figura 8.4: Central de concreto


66

8.3 Área de moldagem das peças

Local onde se encontra as fôrmas, na fábrica a mesma fôrma que é utilizada


para concretar pilares é utilizada para concretar vigas e painéis de fechamento. As
fôrmas passam por rigoroso processo de limpeza e preparo como lixamento e
também um produto esmaltam-te em toda a fôrma antes de receber o concreto, para
que não haja problemas ou peças machucadas.

Figura 8.5: Setor de fôrmas de vigas pilares e painéis

As fôrmas possuem 100 metros, base onde se encontra as fôrmas são de


concreto plano, nas fôrmas são usadas chapas lisas e grossas para que a peça não
tenha flambagem ou fique torta, a fôrma vai se adequando a medida que vem de
projeto, na mesma fôrma pode ser feito 10 pilares de 10 metros de comprimento.
Com a adequada manutenção sendo feita, a empresa possui fôrma de 10anos de
uso.

As fôrmas fazem peças de 0,15 a1,00 metro de dimensão, o menor pilar feito
na empresa é de dimensões 20x32, portanto não é fabricado peças para casas e
obras pequenas.

As chapas que vão nas laterais das fôrmas são fixadas por parafusos na parte
superior, as fôrmas são abertas lateralmente para desmoldarem as peças, que
67

posteriormente é erguida. As peças já concretadas são erguidas e transportadas por


pontes rolantes até o local de armazenamento que fica ao lado, área externa.

Nenhuma fôrma sai com o console já concretado, os consoles variam muito a


sua forma, há obras que pode ter pilares sempre iguais, mas os consoles não se
repetem. As fôrmas dos consoles são feitas com maderito plastificado.

8.4 Acabamento das peças

Peças com pequenos defeitos normalmente é feito um capeamento ou


alisamento.

Nas lajes alveolares geralmente é feito um reforço nos encontros laje e viga a
empresa normalmente utiliza uma malha de aço, que facilita recortes, que é
colocado de acordo com o projeto estrutural e então é feito um capeamento. Outro
detalhe a se cuidar nas lajes e placas é que elas são protendidas então geralmente
ocorre que a peça fica curvada, então é feito um recapeamento para deixar ela
alinhada.

Também é feito na fábrica recortes nas lajes quando necessário para encaixe
com pilares.

Figura 8.6: Retoques também são feitos nas vigas


68

8.5 Área de estoque

Armazenamento das peças se encontra em áreas abertas, sem cobertura,


empilhadas verticalmente, com espaçamento de madeira entre uma peça e outra.

Peças que não tem aproveitamento sempre são estocadas, para futuramente
caso apareça uma obra que possa ser aproveitada, sendo marcadas com a
sobrecarga que ela suporta.

Figura 8.7: Estoque das peças pré-fabricadas

8.6 Inspeção das peças produzidas

Após as peças pré-fabricadas estarem prontas, há funcionários treinados para


fazer a inspeção nas peças, verificam se não saiu console em locais errados, se as
medidas e dimensões estão corretas, se o acabamento está bem feito, é feito todo
um check-list peça por peça, estando tudo nos conformes é liberado para ser
colocada etiqueta nas peças, na etiqueta consta nome da peça, obra que vai,
69

localização e tipo da peça, o peso e o código de barra. Quando retirada a peça da


fabrica é dado baixa direto no sistema, assim tem um controle do que sai.

8.7 Transporte

Transportes das peças pré-fabricadas são feitas por carretas e carretas


extensivas, a empresa possui duas carretas, mas também é utilizado transporte
terceirizado.

As hastes deixadas nas peças para movê-las são feitas com cordoalhas, pois
são mais resistentes. Os caminhões possuem guinchos que se prendem nas hastes
e as levantam.

Também é feito transporte de concreto, empresa possui uma usina móvel de


concreto, é utilizada quando é preciso um volume grande de concreto nas obras,
esse concreto não é usado na fabricação de peça, apenas usado em obra para não
haver necessidade de pedir concreto fora, e possui também caminhão betoneira.

Figura 8.8: Viga sendo carregada no caminhão

8.8 Mão-de-obra

Mão-de-obra varia em cada peça fabricada. Na produção das lajes alveolares


protendidas variam entre 6 a 8 funcionários nas 6 pistas, nas vigas protendidas fica
na faixa de 5 a 6 funcionários, já nos pilares chegam a 20 funcionários, pois é um
processo muito mais trabalhoso, demanda mais tempo, muito devido aos consoles.
70

8.9 Lajes alveolares protendidas

Lajes alveolares é o carro chefe da empresa, é a peça pré-fabricada que


possui maior produção.

Antes de a empresa começar a fabricar as lajes alveolares ela fabricava lajes


PI (TT), a laje PI perdeu força por diversos fatores comparando com as alveolares,
como não alcançar grandes vãos, execução e produção muito mais lenta, maior
custo de produção, maior uso de concreto, maior peso das peças e outro fator a ser
visto que com mesmo número de empregados a laje PI mal chegava a 50m² de
produção enquanto as alveolares passam de 200m². Atualmente as formas para
lajes PI estão estocadas, pois não são mais utilizadas, estão lá caso eventualmente
ainda alguém queira utilizar esse tipo de laje.

A fábrica possui 6pistas de 200 metros de lajes alveolares, geralmente é


produzida dez pistas por semana, mas também depende muito da demanda de
obras, quando é produzida a laje é utilizada o comprimento total da pista, se no final
da obra sobrar meia pista, a laje é cortada e armazenada para ser reaproveita
futuramente em outra obra.

Figura 8.9: Área de produção das lajes alveolares

No processo de protensão das lajes são colocados cabos (cordoalhas 4 vezes


mais resistente que ferragem normal) ligando de uma ponta a outra que são presos
71

por presilhas, é utilizado macacos hidráulicos nas duas extremidades garantindo a


tensão necessária.

Após protensão das ferragens é feita a concretagem com a máquina chamada


extrusora. Essa máquina despeja o concreto e já faz a extrusão na laje, ou seja, a
máquina vai passando na pista e já vai deixando a laje pronta formando um bloco
único, com suas áreas já vazadas. Após a concretagem começa o processo de cura
da laje, sendo a cura feita a vapor acelerando a secagem.O próximo passo é o corte
da laje de acordo com o pedido em projeto, que é feito por uma máquina com disco
que corta o concreto e também a ferragem. O cimento utilizado é o CP V, pois
alcança alta resistência em pouco tempo, o que é bom porque é feito uma desforma
rápida.

Normalmente a laje começa a ser produzida no início do dia e ao seu final ou


na outra manhã já pode ser cortada.

As lajes fabricadas variam de 15 a 30 centímetros de altura. É verificado nos


projetos estruturais quantas lajes se repetem em dois ou três pavimentos, para
poder ter a máxima repetição do processo e produzir tudo de uma vez, as
sobrecargas e espessuras devem ser as mesmas, sendo conduzido assim para não
haver desperdícios de material e ganho de tempo.

Figura 8.10: Estoque lajes alveolares


72

8.10 Produtos fabricados na empresa

• VIGAS PROTENDIDAS: Elementos estruturais com seção transversal “vaso”


ou retangular em concreto protendido pré-tensionado.

• ESCADAS: As escadas Diarc possuem dimensões padronizadas de espelho


e pisada, sendo respectivamente 17,5 e 28cm. Possuem larguras de 1,20 ou
1,35m, havendo a possibilidade de combinação destas peças para atingir
larguras maiores.

• LAJE ALVEOLAR PROTENDIDA: As lajes alveolares protendidas com


selo Diarc possuem larguras de 124,5 cm e espessuras de 15, 20, 25 e 30
cm.
73

Figura 8.11: Tabela de produtos fabricados

• PAINEL DE FECHAMENTO MACIÇO: Os painéis maciços Diarc possuem 8 e


12 cm de espessura, com comprimentos máximos entre eixo de pilares de 6 e
10 m, respectivamente.

• PAINEL DE FECHAMENTO ALVEOLAR: Os painéis de fechamento alveolar


são utilizados como fechamento lateral, podendo estar tanto na vertical
quanto na horizontal. São produzidos em concreto protendido pré-fabricado
com alvéolo longitudinal, o que garante uma redução no peso da peça,
permitindo cargas e alcance de vãos maiores.

• PILAR: É produzido todo e qualquer tipo de pilar. Eles são os elementos


estruturais em concreto armado que recebem as cargas das vigas, lajes e
cobertura, e são apoiados geralmente sobre sapatas e blocos de fundação.
Os consolos de apoio podem variar nas formas e posicionamento conforme
disposição estipulada no projeto.
74

9 CONCLUSÃO

Este trabalho teve intuito de demonstrar o potencial do uso de pré-fabricados


de concreto e suas diversas aplicações na engenharia, sendo o resultado de
pesquisa bibliográfica sobre o tema, pois a industrialização na construção civil está
cada vez mais presente, portanto devemos estar cada vez mais à procura de novos
e práticos métodos construtivos que nos atendam tanto na qualidade, quanto
financeira e ainda pela rapidez.

Os pré-fabricados de concreto tornaram-se fundamentais na construção civil,


pela sua aplicação em vários ramos, e por seguir uma linha de sustentabilidade, já
que não há desperdícios na sua execução e montagem. Outro fator aliado é a
velocidade de construção que é menor que as construções convencionais, moldadas
no local.

Percebe-se ao longo do trabalho, que a utilização de pré-fabricados vem


aumentando no Brasil, com surgimento de diversas novas tecnologias e a criação de
sistemas flexibilizados de pré-fabricados que possui alto grau de especificação e que
podem ser combinados com outros sistemas construtivos. Mas sempre lembrando
que para obter um melhor projeto pré-fabricado, a estrutura deve se iniciar com a
pré-fabricação desde o projeto preliminar e não meramente adaptado a outro
método. Portanto leva a crer que dentro de alguns anos conseguimos um aumento
maior da utilização desse método construtivo não apenas em obras de grandes
portes, mas também de pequeno e médio porte. Assim se consolidando no país,
como já é visto em outros países principalmente na Europa.

No estudo de caso deu para conhecer na prática como é o processo de pré-


fabricação, todos os cuidados que deve ter, nas limpezas das fôrmas, nos
acabamentos, nas identificações das peças. O cuidado para não haver desperdício
de quase nada de material, sempre sendo armazenados para um eventual uso.
Controle de qualidade dos elementos produzidos, dos concretos com a utilização de
laboratório para verificar traços e resistências. Deu para perceber a rapidez de
produção, tendo o cuidado de produzir o máximo de peças repetidas. Outro ponto de
destaque é no número de funcionários, para uma quantidade grande de produção,
75

não é necessário um número tão grande de empregados, todos devem ser


qualificados, apesar de que com a repetição de processos facilita na aprendizagem
do funcionário aumentando a qualidade com passar do tempo. Então realmente pré-
fabricação funciona como uma indústria, com grande produção, com qualidade,
menor número de mão-de-obra, maior automatização nos processos, maior rapidez
e pouco desperdício de materiais gerando sustentabilidade e economia.

É importante salientar a potencialidade do uso dos pré-fabricados de


concreto, e é definitivamente um dos caminhos em busca de maior industrialização
da construção civil.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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eexecução de estruturas de concreto pré-moldado. Rio de Janeiro: ABNT, 2001.

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DA CONSTRUÇÃO INDUSTRIALIZADA DE


CONCRETO - http://www.abcic.org.br/

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