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 AFECÇÃO: para Deleuze, é quando o corpo sofre ação de outros corpos,

onde um corpo age sobre outro e recebe, nas relações, característica do


primeiro a partir das interações, da “mistura de corpos”, expressando os
efeitos desse encontro. As afecções indicam o estado de um corpo
modificado, intercalando entre o estímulo recebido e o movimento executado,
com uma face perceptiva e outra ativa, mas, também, do intervalo entre elas
(MACHADO, 2009, p. 74, p. 257).

 AGENCIAMENTOS: Modo de funcionamento de um plano coletivo, que surge


como plano de criação, de co-engendramento dos seres” (ESCOSSIA;
KASTRUP, 2005, p. 303).

 COLETIVOS: multiplicidade, para além do indivíduo, aquém da pessoa, “[...]


junto a intensidades pré-verbais, derivando de uma lógica dos afetos mais do
que de uma lógica de conjuntos bem circunscritos” (p. 303).

 ENTRE: universo intocável, que vive no entre, na relação entre coisas – entre
salas de aula e recreios, entre um professor e um aluno, entre alunos, entre
celulares e dedos ávidos por conexão, entre... – que podemos perceber
mesmo temporariamente. São forças que conectam partículas para constituir
um grupo, um bando, uma matilha, um estar isolado, e são outras forças que
fazem ver um corpo.

 CORPO HUMANO: O corpo humano, segundo Espinosa (2007), é um


indivíduo extremamente complexo, composto de vários corpos, cada um dos
quais, também, muito composto. Graças a essa complexidade, ele é apto a
afetar e ser afetado de diversas maneiras pelos corpos exteriores, sendo
capaz de reter essas afecções, isto é, as modificações nele causadas por
essas interações.

 COTIDIANO COMO MICROPOLÍTICA: Desse modo, a base da concepção de


cotidiano como micropolítica se fundamenta na complexidade e multiplicidade
dos encontros dos corpos que, pelo conatus, ou seja, pelo esforço de
perseverar na existência, buscam potencializar uma vida ativa e, portanto,
ético-política (CARVALHO, 2012).

 CONATUS: Termo latino que significa esforço. Para Espinosa (2007, p. 293):
“Proposição 25[...]. Demonstração: O esforço pelo qual cada coisa se esforça
por perseverar em seu ser é definido exclusivamente pela essência da própria
coisa (pela Prop. 7). E exclusivamente dessa dada essência, e não da
essência de outra coisa, segue-se (pela Prop. 6) necessariamente que cada
um se esforça para conservar o seu ser”.

 CORPOS: São como forças em relação com outras forças que irão afetar-se
e modificar-se a cada relação.
 MACROPOLÍTICA E MICROPOLÍTICA: A micropolítica trata do campo das
forças, do que é invisível, enquanto a macropolítica trata das formas, do que é
visível.
A micropolítica é um modo de recortar a realidade a partir do campo das forças, na medida em que
essas também produzem realidades, afetos, desejos. A micropolítica nos permite analisar cada saber,
cada corpo, cada endereço, cada objeto sob uma perspectiva de produção de realidade a partir das
relações de poder.

MULTIPLICIDADES: Para Deleuze e Guattari (2011, p. 10) “As multiplicidades são a própria
realidade, e não supõem nenhuma unidade, não entram em nenhuma totalidade e tampouco
remetem a um sujeito. As subjetivações, as totalizações, as unificações são, ao contrário,
processos que se produzem e aparecem nas multiplicidades. . Mil platôs. v. 1. São
Paulo: Editora 34, 2011.


 DEVIR: “devir” é um verbo com toda sua consistência. O movimento, o devir,
é multiplicidade e singularidade, é por natureza imperceptível e se compõe de
puras relações de velocidade e lentidão, de puros afetos que estão abaixo ou
acima do limiar de percepção, percebidos apenas no plano de imanência.

 REDE DE CONVERSAÇÕES: As redes de conversações se constituem em


trocas de experiências vividas e compartilhadas, que se alimenta “[...] pela
participação ativa, que combina em si duas dimensões: a poética da
participação e a sociabilidade, articulando vozes, assuntos, em participação
criativa” (CARVALHO, 2006, p. 282).

 AFECTO: Afecto, entendido com base em Spinoza (2008), que significa afecção corporal
que pode aumentar ou diminuir a potência de agir, e pode variar conforme as intensidades
dos encontros. Se os encontros são bons, eles trazem alegria e isso expande a potência. Se os
encontros são ruins eles trazem tristezas e reduzem a força intensiva (SPINOZA, 2008).
Percepto, por sua vez, é diferente de percepção. O percepto “[...] consiste numa atmosfera
que excede as situações vividas e suas representações” (ROLNIK, 2018, p. 53). Os perceptos,
não são as interpretações das imagens, mas manifestações de sensações, sentimentos,
emoções e inquietações causadas pelas afecções dos signos artísticos no corpo.

 PERCEPTO: Percepto, por sua vez, é diferente de percepção. O percepto “[...] consiste
numa atmosfera que excede as situações vividas e suas representações” (ROLNIK, 2018, p.
53). Os perceptos, não são as interpretações das imagens, mas manifestações de sensações,
sentimentos, emoções e inquietações causadas pelas afecções dos signos artísticos no corpo.

O filósofo francês Gilles Deleuze desenvolveu uma série de conceitos e


agenciamentos em sua obra que são fundamentais para sua filosofia. Alguns dos
principais conceitos e agenciamentos deleuzeanos incluem:
1. Agenciamento: Deleuze e seu colaborador Félix Guattari usaram o termo
"agenciamento" para se referir a uma rede de relações entre elementos
heterogêneos, sejam eles individuais, sociais, culturais ou naturais. Esses
agenciamentos podem ser vistos como formas de organização que dão
origem a diferentes realidades.
2. Rizoma: Deleuze e Guattari introduziram o conceito de "rizoma" como uma
forma de pensar sobre a estrutura não hierárquica e não linear das conexões
entre elementos em um agenciamento. Em contraste com a árvore, que possui
uma estrutura hierárquica, o rizoma representa uma rede de conexões
múltiplas e interconectadas.
3. Máquina desejante: Esse é um conceito central na obra "O Anti-Édipo", de
Deleuze e Guattari. Refere-se a como os desejos são produzidos e circulam
dentro de um sistema social, político e cultural. As máquinas desejantes são
complexas e envolvem processos de produção e reprodução do desejo.
4. Corpos sem órgãos: Esse é outro conceito importante de "O Anti-Édipo". Ele
se refere a um corpo que não está estruturado pelos órgãos como entidades
fixas, mas sim como um campo de potencialidades. Os corpos sem órgãos
representam um estado de fluxo e transformação constante.
5. Diferença e Repetição: Este é o título de uma das obras mais conhecidas de
Deleuze. Ele explora a ideia de que a diferença e a repetição são conceitos
fundamentais na filosofia e na experiência humana. Deleuze argumenta que a
repetição não é simplesmente a reprodução do mesmo, mas sim a produção
do novo por meio de diferenças internas.
6. Linhas de fuga: As linhas de fuga representam a capacidade de escapar das
estruturas e limitações impostas pelo sistema social e cultural. São caminhos
de liberdade e criatividade que permitem a abertura para novas possibilidades.
7. Nomadismo: Deleuze e Guattari exploraram o conceito de nomadismo como
uma forma de resistência às estruturas fixas e hierárquicas. Os nômades são
aqueles que estão em constante movimento e adaptação, desafiando as
categorias estabelecidas.
8. Dobra: Deleuze também discute a ideia da dobra como uma maneira de
pensar sobre a relação entre diferentes dimensões da realidade. Ele sugere
que a realidade pode ser pensada como uma série de dobras, onde diferentes
dimensões se entrelaçam.

Esses são apenas alguns dos conceitos e agenciamentos chave na filosofia de


Deleuze. Sua obra é altamente complexa e influente, e suas ideias têm sido aplicadas
em uma variedade de campos, incluindo filosofia, psicologia, teoria social, arte e
literatura.
REFERÊNCIAS
ESCOSSIA, Liliana da; KASTRUP, Virginia. O conceito de coletivo como superação
da dicotomia indivíduo-sociedade. Psicologia em Estudo, Maringá, v. 10, n. 2, p. 295-
304, maio/ago. 2005.
ESPINOSA, Benedito de. Ética. Tradução de Tomaz Tadeu. Belo Horizonte:
Autêntica, 2007.
CARVALHO, Janete Magalhães. Espinosa: por um currículo político ético-afetivo no
cotidiano escolar. In: FERRAÇO, Carlos Eduardo; GABRIEL, Carmem Teresa;
AMORIM, Antonio Carlos (Org.). Teóricos e o campo do currículo. Campinas:
Unicamp/ABEC/Abeu, 2012. v. 1, p. 120-140.

ROLNIK S. Esferas da insurreição: notas para uma vida não cafetinada. São Paulo:
Editora N-1, 2018.
SPINOZA, B. Ética. Belo Horizonte: Autêntica, 2008
MACHADO, R. Deleuze, a arte e a filosofia. Zahar, 2009.

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