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ISAQUE CARVALHO FERREIRA

EXPERIÊNCIAS DE REFLEXÃO TEOLÓGICA


Caminhos e formas da teologia cristã

SÃO PAULO
2023
ISAQUE CARVALHO FERREIRA

EXPERIÊNCIAS DE REFLEXÃO TEOLÓGICA


Caminhos e formas da teologia cristã

Resenha apresentada em cumprimento


às exigências da disciplina de Introdução
à Teologia da Faculdade de Teologia de
São Paulo, ministrada pelo Dr. Rev.
Adilson de Souza Filho.

SÃO PAULO
2023
MOLTMANN, Jürgen. Experiências de reflexão teológica. São Leopoldo: Unisinos,
1999 (p. 17 - 44).

INTRODUÇÃO

Nesta resenha iremos apresentar a vivência teológica de Jürgen Moltmann,


teólogo que viveu o agir de Deus e o seu poder no “ide” do evangelho. Não somente
uma teologia de um homem, mas sim, uma teologia de encontro e identidade, onde
nem mesmo o próprio tinha intenções de ser pastor, porém, viu o trabalhar de Deus
ao ser forjado no labor teológico, como diz Karl Barth. Vejamos então, de forma
breve, o caminhar de Jurgen Moltmann.

1. O QUE É TEOLOGIA?

1.1. Onde há teologia?

MOLTMANN (1999) introduz o assunto com o questionamento de “onde há


teologia?”, trazendo a reflexão de que a teologia é encontrada na própria pessoa,
porém, em um ambiente de confronto por diversas vezes. Soldado do exército
Alemão, em 1943, MOLTMANN (1999) é levado para atuar clandestinamente na
batalha da ponte de Arnheim. Após seis meses desde ocorrido, em 1945, é tomado
para ser prisioneiro pelos britânicos, tendo grande período de tempo de reflexão
sobre o que viveu na guerra e seus delitos. O autor tem a sua experiência com
Deus na busca pelo o seu próprio “porquê” de existência, buscando o “consolo na
vida e na morte”.1 MOLTMANN (1999) então revela que o lugar onde ele encontrou o
consolo foi mediante a Bíblia, porém, isso não o isentou de seus fantasmas
interiores, levando-o a estudar Teologia após a sua saída do cativeiro, em 1948, na
busca pela verdade em Cristo
Ao encontrar a verdade em Cristo, e se casar, MOLTMANN (1999) ingressa
na área pastoral, e mais uma vez se dá defronte à teologia, desta vez a encontrando
na comunidade. No interior de Bremen-Wasserhorst, zona rural, o autor introduz os

1
CATECISMO DE HEIDELBERG apud MOLTMANN, 1999, p. 18
seus trabalhos pastorais e observa que a teologia fazia parte não somente dos
cultos nos sermões, mas nos pequenos detalhes da comunidade, seja nos louvores,
orações, nos ensinos ou nas conversas domiciliares, ali o autor obtém a sua
convicção de que a teologia do povo, a teologia vivida no dia a dia, a comum, é
totalmente superior à teologia acadêmica
O autor retrata mais um ambiente de local da teologia, sendo ela na igreja. A
solidariedade encontrada em meio a membresia, após um caos instaurado, devido
as igrejas resistirem ao regime nazista e não se unirem ao estado, confessando a
autoridade de Hitler. Nas escolas houve a extinção de professores protestantes.
Com a demissão de Paul Tillich e Karl Barth, em 1933, os docentes
nacional-socialistas tomaram conta do ensino. Isso fez com que o ensino protestante
fosse levado apenas em casas particulares, onde a práxis cristã se tornou de grande
valia. É neste cenário que MOLTMANN (1999), em 1964, desenvolve a teologia da
esperança, buscando a transformação e a esperança que não é apenas deste
mundo, mas a fé na mudança.
Por fim, em 1963, o autor ingressa no ensino teológico nas universidades,
sendo agora, funcionário estatal, levando-o a perder um pouco de sua liberdade
cristã em favor do Estado. O autor não viu isso como um grande problema, ressalta
que tem os seus contrapontos, mas foi essa a oportunidade que teve de lecionar a
todos sobre o Reino de Deus, não somente para pessoas de seu convívio.
MOLTMANN (1999) apresenta com grande sabedoria o olhar da teologia nas
universidades, sendo de forma necessária, para a comunicação reformada ao
mundo.

1.2. Quem é um teólogo ou uma teóloga?

A teologia acadêmica tem o seu valor, entretanto, se esta se desenvolver


sem o povo, não há sentido, se tornará apenas uma ciência, visto que a teologia é o
estudar sobre Deus, naquilo que Ele se revela a nós, a sua comunidade. Por outro
lado, a teologia do povo não pode caminhar sem os seus estudos acadêmicos e
questionamentos teológicos que os levam ao desenvolvimento da fé, caso contrário,
será apenas uma teologia irracional.
A fé de toda cristandade na Terra busca por conhecimento e compreensão,
afirma MOLTMANN (1999). Dessa maneira, o autor explana que todos nós somos
teólogos porque há em nós o ímpeto do questionamento de conhecer mais ao
Criador. Ademais, se todos são teólogos e essa, segundo MOLTMANN (1999), é a
“teologia de todos os crentes”,2 o autor afirma então que a teologia acadêmica é a
racionalização da comprovação das reflexões teológicas da comunidade, afirmando
que isso torna a teologia pura, sendo simples e clara, e que se estende não somente
à compreensão dos que afirmam a fé em Deus, mas também para os que
questionam sobre a existência de um ser soberano.
Ao argumentar sobre a teologia dos ateístas, MOLTMANN (1999) narra que
o cristão deve entender como é o pensamento de um povo que não confessa essa
fé, visto que estes também são ímpios. A teologia não se restringe apenas à
comunidade de fé. Logo, o desenvolvimento extra-comunidade de fé traz grandes
argumentos para desenvolvimento da intra-comunidade.

1.3. Como se chega a ser um teólogo autêntico? Sofrimento e prazer em Deus.

O teólogo MOLTMANN (1999) expõe de forma clara que para o teólogo ser
autêntico necessita entender que “a subjetividade é a verdade”3 quando se trata de
Deus. O autor apresenta um provérbio antigo dizendo que “reconhecer Deus
significa padecer Deus”,4 onde Lutero reafirma tal provérbio. MOLTMANN (1999) diz
que ao nos darmos defronte com a sabedoria que se torna sábia em Deus, não pela
ciência do saber, mas pela ciência do sentir e experimentá-lo, temos então os
passos para a autenticidade teológica, onde a paixão vem em primeiro lugar, e a
ação em sucessão.

2
MOLTMANN, 1999, p. 25.
3
KIRKEGAARD apud MOLTMANN, 1999, p. 31
4
Idem, op. Cit.
CONSIDERAÇÕES FINAIS

Nesta resenha foi possível observar a tamanha influência de Karl Barth na


vida de Jürgen Moltmann. Observa-se que as análises feitas pelo autor tem como
grande base os escritos que Barth compila em Introdução à Teologia Evangélica, o
que tornou da minha leitura demasiadamente cansativa ao observar muitos fatos
parecidos e nada de muito novo, devido a leitura anterior de Barth. Porém, este livro
não deixa de nos indagar sobre a necessidade da teologia em sua práxis, e a própria
revelação divina ao teólogo em formação.
O autor, deixa claro os seus fundamentos e pontos de vista ao se opor
diversas vezes, por aquilo que tivera lutado antes como soldado. Foi na prisão onde
teve a consciência de que não sabia quem ele próprio era, e houve a crise da
necessidade de entender o “porquê” da sua existência. Simon Sinek5 descreve que é
de suma importância que o homem saiba o seu “porquê”, pois isso faz com que ele
tenha perspectivas de futuro, e esperança para algo que será alcançado. Não é tão
diferente ao analisarmos o que o autor cria sendo a “teologia da esperança”.
Por fim, os traços pietistas que encontramos, buscando o aperfeiçoamento
do ministério e o conhecimento,6 fazem este trecho analisado ter suas valias.

5
cf. SINEK, Simon. Comece pelo porquê: como grandes líderes inspiram pessoas e equipes a agir.
Rio de Janeiro: Sextante, p.121, 2018.
6
cf. GONZÁLEZ, Justo L. Ministério: vocação ou profissão: o preparo ministerial ontem, hoje e
amanhã. São Paulo: Hagnos, p. 139-140, 2012.
BIBLIOGRAFIA

GONZÁLEZ, Justo L. Ministério: vocação ou profissão: o preparo ministerial ontem,


hoje e amanhã. São Paulo: Hagnos, 2012.
SINEK, Simon. Comece pelo porquê: como grandes líderes inspiram pessoas e
equipes a agir. Rio de Janeiro: Sextante, 2018.

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