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Capítulo 1 – “Projeto político-pedagógico: Considerações sobre sua elaboração e concretização”, pp. 21-71.
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2.2. Finalidade:
2.2.1. Antônio Joaquim Severino, “O diretor e o cotidiano da escola”, 1992: projeto como instrumento para ajudar a
construir uma “intencionalidade compartilhada”.
2.2.2. Portanto, o PPP tem por finalidades:
2.2.2.(1). Superar a crise de sentido das ações da escola.
2.2.2.(2). Gerar esperança na transformação da realidade.
2.2.2.(3). Gerar solidariedade e parceria (um referencial de conjunto).
2.2.2.(4). Superar o caráter fragmentário das práticas escolares.
2.2.2.(5). Racionalizar os esforços e recursos.
2.2.2.(6). Criar canais de participação efetiva na escola (contra o autoritarismo e isolamento).
2.2.2.(7). Diminuir o sofrimento advindo dos desafios cotidianos do trabalho.
2.2.2.(8). Fortalecer a identidade do grupo.
2.2.2.(9). Promover a formação dos participantes.
2.2.3. Alerta: não é remédio milagroso – depende da qualidade política e da qualidade técnica do processo.
2.2.3.1. O PPP é instrumento de luta: mecanismo para consolidar a autonomia da escola e instaurar um ethos
de corresponsabilidade pelos resultados dela.
2.2.3.2. A falta de autocrítica da escola deixa ela à mercê de juízos e soluções definidas de fora para dentro.
2.3. Estrutura do PPP:
2.3.1. A estrutura deve corresponder naturalmente às três dimensões do processo de elaboração do planejamento.
2.3.1.1. Projeção de finalidades = Marco Referencial.
2.3.1.2. Análise da realidade = Diagnóstico.
2.3.1.3. Elaboração das formas de mediação = Programação.
2.3.1.3.1. Para uma análise mais aprofundada dessa estrutura: Celso Vasconcellos, Planejamento:
Projeto de Ensino-Aprendizagem e Projeto Político-Pedagógico, 1999.
2.3.2. As partes:
2.3.2.1. Marco Referencial: explicitação das opções político-pedagógicas e dos valores assumidos.
2.3.2.1.1. É composto por:
2.3.2.1.1.1. Marco Situacional: leitura da realidade.
2.3.2.1.1.2. Marco Filosófico: ideais gerais.
2.3.2.1.1.3. Marco Operativo: ideais específicos.
2.3.2.1.2. Serve para fornecer os parâmetros para o Diagnóstico.
2.3.2.2. Diagnóstico: pesquisa e análise da realidade da escola.
2.3.2.2.1. Coleta de dados de diferentes fonte e emissão de um juízo sobre eles.
2.3.2.2.1.1. I.e.: o quão longe se está daquilo que se deseja?
2.3.2.2.2. Serve para descobrir as necessidades da escola.
2.3.2.3. Programação: o que é necessário e possível fazer?
2.3.2.3.1. Serve para decidir quais caminhos seguir.
2.3.3. Essas três dimensões/partes devem estar articuladas sempre: desejo de mudança + consciência do possível.
2.3.3.1. O sonho é importante; mas no lugar certo (qualificação dos sonhos).
2.4. Método: planejamento participativo.
2.4.1. A próxima seção irá se concentrar nas estratégias de elaboração.
2.4.2. No entanto, é preciso dizer que o planejamento participativo traz muitas contribuições para a qualidade do PPP.
2.4.2.1. Qualidade formal: rigor teórico-metodológico.
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2.4.2.2. Qualidade política: participação como direito e dever do sujeito.
2.4.2.2.1. A participação é uma forma de atender o anseio fundamental do ser humano ser notado.
2.4.2.2.1.1. Pela participação, o indivíduo se faz sujeito.
2.4.2.2.2. O indivíduo pode inclusive escolher não participar: neste caso, as contradições do
(des)engajamento ficam para a própria pessoa, e não para o grupo.
2.4.3. Por isso, é melhor evitar práticas comuns, como elaborar o PPP por comissões de representantes ou por meio de
um texto-base elaborado alhures e submetido à apreciação do grupo.
2.4.4. Ganhos da participação direta:
2.4.4.1. Psicológicos: gera engajamento.
2.4.4.2. Epistemológicos: produz-se conhecimento sobre o seu cotidiano.
2.4.4.3. Políticos: resgata a cidadania dos sujeitos.
2.4.4.4. Pedagógicos: qualifica a equipe.
2.4.5. Além disso, a participação gera corresponsabilização.
2.4.5.1. Não se planeja para outros: luta-se pela legitimação do trabalho pedagógico coletivo.
2.4.5.2. As resistências internas se transformam apenas em obstáculos a serem tratados pela prática
democrática do convencimento.
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3.2.2.3. Diagnosticar cedo demais pode levar alguns a se sentirem atacados como “responsáveis” pelo
problema.
3.2.2.4. Começar pela realidade pode limitar o desejado.
3.2.2.5. É mais difícil o consenso sobre os problemas e suas causas do que sobre os sonhos a se perseguir.
4. Sobre a construção do PPP. (pp. 52-53)
4.1. Como qualquer processo educativo, a elaboração do PPP exige competência:
4.1.1. Conceitual: precisão sobre o que é e quais as finalidades do PPP.
4.1.1.1. Importante para não confundir PPP com regimento escolar, com a mera costura de planos individuais
ou com a adoção de uma “linha pedagógica”.
4.1.2. Atitudinal: o desejo de fazer o projeto.
4.1.2.1. Assunto da próxima seção.
4.1.3. Procedimental: o caminho para se fazer o PPP.
4.1.3.1. Assunto de seção mais à frente.
5. Sobre o desejo/necessidade de fazer o PPP. (pp. 53-59)
5.1. Como promover o engajamento com a tarefa complexa de elaborar o PPP?
5.2. Importância de um período prévio de sensibilização.
5.2.1. Simplesmente avisar que “tem que” ser feito o PPP já é desmobilizador.
5.2.2. Tal qual na aprendizagem em sala de aula, é preciso investir na dialética cognição-afetividade: bons argumentos
aliados à consciência da necessidade e possibilidade de mudança.
5.3. Como fazer isso?
5.3.1. Despertar: resgatar o sujeito.
5.3.1.1. Exercitar a percepção das contradições e exclusões da realidade.
5.3.1.2. Instigar a ruptura da posição meramente reativa: tomada de posição, mesmo a de não querer
participar.
5.3.1.3. Ouvir outras vozes: alunos, setores marginalizados etc.
5.3.2. Projetar: tematizar o planejamento explicitamente.
5.3.2.1. Levantar as representações dos sujeitos sobre o planejamento.
5.3.2.2. Apresentar os objetivos, a finalidade, a lógica, as etapas, os métodos do PPP.
5.3.2.3. Ser realista: PPP não é panaceia.
5.3.2.4. Valorizar os momentos de tomada de decisão, assegurando tempos para trocas de opiniões.
5.3.3. Decidir: a sensibilização não pode ser eterna.
5.3.3.1. Momento de decisão real, e não de cartas marcadas: tem que ser possível decidir não fazer o PPP.
5.3.3.1.1. Se for uma exigência o documento, que se faça pelos outros métodos mencionados antes.
5.3.3.2. A envolvimento dos sujeitos será confirmado (ou não) pela continuidade dos trabalhos.
6. Sobre o caminho de elaborar o PPP. (pp. 58-67)
6.1. Etapas de elaboração (baseadas em experiências prévias e na bibliografia do planejamento participativo):
6.1.1. Apresentação da tarefa: elucidar bem o que se espera dos trabalhos.
6.1.2. Resposta individual: expressão livre das ideias de cada participante.
6.1.3. Sistematização das respostas: em grupos, articular as respostas individuais em textos coesos.
6.1.3.1. Etapa que exige que se evite a interpretação: o objetivo é ser fiel a cada posicionamento.
6.1.3.1.1. Na impossibilidade de consenso já nessa etapa, é preferível manter o texto original.
6.1.3.2. Em sua conclusão, deve-se distribuir todos os textos redigidos para todos.
6.1.4. Plenário: hora de fazer a apreciação crítica dos textos coletivamente.
6.1.4.1. Começa pela explicitação do procedimento de redação.
6.1.4.2. Leitura do texto.
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6.1.4.3. Análise de fidelidade: todos se reconhecem no texto?
6.1.4.4. Análise técnica: o texto pertence à parte do PPP em elaboração? O texto está claro?
6.1.4.5. Análise do conteúdo: o grupo concorda com o que está dito?
6.1.4.5.1. Esta é a hora da construção do consenso.
6.2. Questão do papel da coordenação do processo de elaboração.
6.2.1. Não é preciso que todos os participantes supervisionem cada aspecto da elaboração: é bom ter um coordenador.
6.2.2. Compete à coordenação:
6.2.2.1. Estar atenta ao plenário, mas manter o trabalho produtivo.
6.2.2.2. Manter certo distanciamento em relação aos debates.
6.2.2.3. Manter certo distanciamento dos órgãos diretores; preferencialmente, ser um professor.
6.2.3. Para manter a credibilidade do processo:
6.2.3.1. Assegurar que o processo de elaboração não demore muito.
6.2.3.2. Assegurar que as decisões tomadas realmente virem ações.
6.2.3.2.1. Prestar atenção para a natureza dinâmica da realidade: as necessidades podem mudar.
6.2.3.2.1.1. Nada impede de rever algo que foi decido, de modo a revogar uma ação planejada.
6.3. Alguns cuidados:
6.3.1. Atenção à função crítica do PPP: não é texto pelo texto, e sim qual o impacto transformador das ações.
6.3.2. Ter clareza dos conceitos: não perder tempo debatendo conceitos sem importância.
6.3.2.1. Alguns temas podem ser estudos antes de começar a elaboração do PPP.
6.3.2.2. Outros temas podem surgir no curso dos debates, e é melhor que se resolvam ali mesmo.
6.2.2.3. Se alguma questão for muito polêmica, nada impede que ela apareça na Programação como uma ação
de formação para aprofundar seu entendimento.
6.3.3. Explicitar o “o que” e o “para que” das ações na Programação.
6.3.4. Administrar bem o tempo da elaboração.
7. Concretização do projeto e avaliação institucional. (pp. 67-71)
7.1. Por que, às vezes, o que é planejado não é executado?
7.1.1. Evidentemente, há interferência de fatores externos.
7.1.2. Mas, muitas vezes, o que houve foi falha em alguma fase da elaboração:
7.1.2.1. Na sensibilização: o indivíduo envolvido na ação enxerga o projeto como algo de outro agente.
7.1.2.2. Na localização das necessidades: a ação ou a demanda não faz sentido.
7.1.2.3. No dimensionamento das possibilidades: está difícil demais.
7.2. Sempre que essas dificuldades surgirem, é importante seguir com a metodologia participativa: tratar com o grupo.
7.2.1. Daí a importância das reuniões pedagógicas semanais, para monitorar a concretização do PPP.
7.3. A autoavaliação da escola ocupa papel vital na concretização do PPP.
7.3.1. Tal qual a avaliação da aprendizagem, ela deve ser formativa e emancipatória (e não punitiva e excludente).
7.3.2. Roteiro:
7.3.2.1. Análise da programação: as ações ocorreram? Atingiram seus objetivos? Está se avançando?
7.3.2.2. Análise das necessidades: as demandas foram supridas? Algo mudou? Há novas demandas?
7.3.2.3. Análise do Marco Referencial: é preciso mudar alguma coisa com a qual o grupo não se identifica mais?
7.4. A autoavaliação da escola deve estar prevista na Programação.