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ÍNDICE

EsFCEx
ESCOLA DE FORMAÇÃO COMPLEMENTAR DO EXÉRCITO

Comum a Todas a Áreas do Curso de


Formação de Oficiais (CFO/QC):
ADMINISTRAÇÃO, CIÊNCIAS CONTÁBEIS, DIREITO, ESTATÍSTICA, INFORMÁTI-
CA, MAGISTÉRIO (BIOLOGIA, ESPANHOL, FÍSICA, GEOGRAFIA, HISTÓRIA, IN-
GLÊS, MATEMÁTICA, PORTUGUÊS E QUÍMICA), PEDAGOGIA E PSICOLOGIA

SL-062JH-20
CÓD: 7891122033099
EDITAL DO CONCURSO DE ADMISSÃO 2020
ÍNDICE

Língua Portuguesa
1. Compreensão e interpretação de textos de gêneros variados. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 01
2. Níveis de significação: pressupostos, subentendidos e implícitos. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 03
3. Reconhecimento de tipos e gêneros textuais. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 04
4. Ortografia oficial. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 10
5. Emprego da acentuação gráfica. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 12
6. Coesão textual: referenciação e sequenciação textual. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 14
7. Emprego/correlação de tempos e modos verbais. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 16
8. Estrutura morfossintática do período simples. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 17
9. Relações de coordenação entre orações e entre termos da oração. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 17
10. Relações de subordinação entre orações e entre termos da oração. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 17
11. Emprego dos sinais de pontuação. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 23
12. Concordância verbal e nominal. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 25
13. Emprego do sinal indicativo de crase. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 27
14. Colocação dos pronomes átonos. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 29

Geografia do Brasil
1. A Organização do Espaço Brasileiro. a. A integração brasileira ao processo de internacionalização da economia; o desenvolvimento
econômico e social; e os indicadores sociais do Brasil. b. O processo de industrialização brasileira, os fatores de localização e as suas
repercussões: econômicas, ambientais e urbanas. c. A rede de transportes brasileira e sua estrutura e evolução. d. A questão urbana
brasileira: processos e estruturas. e. A agropecuária, a estrutura fundiária e problemas sociais rurais no Brasil, dinâmica das fronteiras
agrícolas e sua expansão para o Centro-Oeste e para a Amazônia. f. A população brasileira: evolução, estrutura e dinâmica. g. A distri-
buição dos efetivos demográficos e os movimentos migratórios internos: reflexos sociais e espaciais. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 01
2. A Questão Regional no Brasil a. A regionalização do país: sua justificativa socioeconômica e critérios adotados pelo Instituto Brasi-
leiro de Geografia e Estatística (IBGE); as regiões e as políticas públicas para fins de planejamento. b. As regiões brasileiras: especiali-
zações territoriais, produtivas e características sociais e econômicas. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 26
3. O Espaço Natural Brasileiro: seu aproveitamento econômico e o meio ambiente. a. Geomorfologia do território brasileiro: O terri-
tório brasileiro e a placa sul-americana; as bases geológicas do Brasil; as feições do relevo; os domínios naturais e as classificações do
relevo brasileiro. b. A questão ambiental no Brasil. c. Os recursos minerais. d. As fontes de energia e os recursos hídricos. e. A biosfera
e os climas do Brasil. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 30

História do Brasil
1. Brasil Colônia: administração, economia, cultura e sociedade a. As Capitanias Hereditárias e Governos Gerais. b. As atividades
econômicas e a expansão colonial: agricultura, pecuária, comércio e mineração. c. Os povos indígenas; escravidão, aldeamentos;
ação jesuítica. d. Os povos africanos escravizados no Brasil. e. A conquista dos sertões; entradas e bandeiras. f. O exclusivo comercial
português. g. Os conflitos coloniais e os movimentos rebeldes de livres e de escravos do final do século XVIII e início do século XIX. h.
A transferência da Corte portuguesa para o Brasil e seus efeitos; o período joanino no Brasil. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 01
2. O Brasil Monárquico a. A independência do Brasil e o Primeiro Reinado. b. A Constituição de1824. c. Militares: a Guarda Nacional e o
Exército. d. A fase regencial (1831-1840). e. O Ato Adicional de 1834. f. As revoltas políticas e sociais das primeiras décadas do Império.
g. A consolidação da ordem interna: o fim das rebeliões, os partidos, o fortalecimento do Estado, a economia cafeeira. h. Moderni-
zação: economia e cultura na sociedade imperial. i. A escravidão, as lutas escravas pela liberdade, j. O movimento abolicionista e a
abolição da escravatura. k. A introdução do trabalho livre e a imigração. l. Política externa: as questões platinas, a Guerra do Paraguai
e o Exército. m. O movimento republicano e o advento da República. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 10
3. A República brasileira a. A Constituição de 1891, os militares e a consolidação da República. b. A “Política dos governadores”. c.
O coronelismo e o sistema eleitoral. d. O movimento operário. e. O tenentismo. f. A Revolução de1930. g. O período Vargas (1930-
1945): economia, sociedade, política e cultura. h. O Estado Novo. i. O Brasil na II Guerra Mundial; a FEB. j. O período democrático
(1945-1964): economia, sociedade, política e cultura. k. A intervenção militar, sua natureza e transformações entre 1964 e 1985. As
mudanças institucionais durante o período. l. O “milagre econômico”. m. A redemocratização. n. Os movimentos sociais nas décadas
de 1970 e 1980: estudantes, operários e demais setores da sociedade. o. A campanha pelas eleições diretas. p. A Constituição de 1988.
q. O Brasil pós-1985: economia, sociedade, política e cultura. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 18
DICA

Como passar em um concurso público?

Todos nós sabemos que é um grande desafio ser aprovado em concurso público, dessa maneira é muito importante o concurseiro
estar focado e determinado em seus estudos e na sua preparação.
É verdade que não existe uma fórmula mágica ou uma regra de como estudar para concursos públicos, é importante cada pessoa
encontrar a melhor maneira para estar otimizando sua preparação.
Algumas dicas podem sempre ajudar a elevar o nível dos estudos, criando uma motivação para estudar. Pensando nisso, a Solução
preparou esse artigo com algumas dicas que irá fazer toda diferença na sua preparação.
Então mãos à obra!

Separamos algumas dicas para lhe ajudar a passar em concurso público!

- Esteja focado em seu objetivo: É de extrema importância você estar focado em seu objetivo, a aprovação no concurso. Você vai
ter que colocar em sua mente que sua prioridade é dedicar-se para a realização de seu sonho.
- Não saia atirando para todos os lados: Procure dar atenção em um concurso de cada vez, a dificuldade é muito maior quando
você tenta focar em vários certames, devido as matérias das diversas áreas serem diferentes. Desta forma, é importante que você
defina uma área se especializando nela. Se for possível realize todos os concursos que saírem que englobe a mesma área.
- Defina um local, dias e horários para estudar: Uma maneira de organizar seus estudos é transformando isso em um hábito, de-
terminado um local, os horários e dias específicos para estar estudando cada disciplina que irá compor o concurso. O local de estudo
não pode ter uma distração com interrupções constantes, é preciso ter concentração total.
- Organização: Como dissemos anteriormente, é preciso evitar qualquer distração, suas horas de estudos são inegociáveis, preci-
sa de dedicação. É praticamente impossível passar em um concurso público se você não for uma pessoa organizada, é importante ter
uma planilha contendo sua rotina diária de atividades definindo o melhor horário de estudo.
- Método de estudo: Um grande aliado para facilitar seus estudos, são os resumos. Isso irá te ajudar na hora da revisão sobre o
assunto estudado, é fundamental que você inicie seus estudos antes mesmo de sair o edital, caso o mesmo ainda não esteja publica-
do, busque editais de concursos anteriores. Busque refazer a provas dos concursos anteriores, isso irá te ajudar na preparação.
- Invista nos materiais: É essencial que você tenha um bom material voltado para concursos públicos, completo e atualizado.
Esses materiais devem trazer toda a teoria do edital de uma forma didática e esquematizada, contendo muito exercícios. Quando
mais exercícios você realizar, melhor será sua preparação para realizar a prova do certame.
- Cuide de sua preparação: Não é só os estudos que é importante na sua preparação, evite perder sono, isso te deixará com uma
menor energia e um cérebro cansado. É preciso que você tenha uma boa noite de sono. Outro fator importante na sua preparação, é
tirar ao menos 1 (um) dia na semana para descanso e lazer, renovando as energias e evitando o estresse.

Se prepare para o concurso público!

O concurseiro preparado não é aquele que passa o dia todo estudando, mas está com a cabeça nas nuvens, e sim aquele que se
planeja pesquisando sobre o concurso de interesse, conferindo editais e provas anteriores, participando de grupos com enquetes so-
bre o mesmo, conversando com pessoas que já foram aprovadas absorvendo as dicas e experiências, analisando a banca examinadora
do certame.
O Plano de Estudos é essencial na otimização dos estudos, ele deve ser simples, com fácil compreensão e personalizado com sua
rotina, vai ser seu triunfo para aprovação, sendo responsável pelo seu crescimento contínuo.
Além do plano de estudos, é importante ter um Plano de Revisão, será ele que irá te ajudar na memorização dos conteúdos estu-
dados até o dia da realização da prova, evitando a correria para fazer uma revisão de última hora próximo ao dia da prova.
Está em dúvida por qual matéria começar a estudar?! Uma dica, comece pela Língua Portuguesa, é a matéria com maior requisi-
ção nos concursos, a base para uma boa interpretação, no qual abrange todas as outras matérias.
DICA

Vida Social!

Sabemos que faz parte algumas abdicações na vida de quem estuda para concursos públicos, sempre que possível é importante
conciliar os estudos com os momentos de lazer e bem-estar. A vida de concurseiro é temporária, quem determina o tempo é você,
através da sua dedicação e empenho. Você terá que fazer um esforço para deixar de lado um pouco a vida social intensa, é importante
compreender que quando for aprovado, verá que todo o esforço valeu a pena para realização do seu sonho.
Uma boa dica, é fazer exercícios físicos, uma simples corrida por exemplo é capaz de melhorar o funcionamento do Sistema Ner-
voso Central, um dos fatores que são chaves para produção de neurônios nas regiões associadas à aprendizagem e memória.

Motivação!

A motivação é a chave do sucesso na vida dos concurseiros. Compreendemos que nem sempre é fácil, e as vezes bate aquele
desânimo com vários fatores ao nosso redor. Porém a maior garra será focar na sua aprovação no concurso público dos seus sonhos.
É absolutamente normal caso você não seja aprovado de primeira, é primordial que você PERSISTA, com o tempo você irá adquirir
conhecimento e experiência.
Então é preciso se motivar diariamente para seguir a busca da aprovação, algumas orientações importantes para conseguir mo-
tivação:
- Procure ler frases motivacionais, são ótimas para lembrar dos seus propósitos;
- Leia sempre os depoimentos dos candidatos aprovados nos concursos públicos;
- Procure estar sempre entrando em contato com os aprovados;
- Escreve o porque que você deseja ser aprovado no concurso, quando você sabe seus motivos, isso te da um ânimo maior para
seguir focado, tornando o processo mais prazeroso;
- Saiba o que realmente te impulsiona, o que te motiva. Dessa maneira será mais fácil vencer as adversidades que irá aparecer.
- Procure imaginar você exercendo a função da vaga pleiteada, sentir a emoção da aprovação e ver as pessoas que você gosta,
felizes com seu sucesso.
Como dissemos no começo, não existe uma fórmula mágica, um método infalível. O que realmente existe é a sua garra, sua
dedicação e motivação para estar realizando o seu grande sonho, de ser aprovado no concurso público. Acredite em você e no seu
potencial.
A Solução tem ajudado há mais de 35 anos quem quer vencer a batalha do concurso público. Se você quer aumentar as suas
chances de passar, conheça os nossos materiais, acessando o nosso site: www.apostilasolucao.com.br
LÍNGUA PORTUGUESA
1. Compreensão e interpretação de textos de gêneros variados. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 01
2. Níveis de significação: pressupostos, subentendidos e implícitos. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 03
3. Reconhecimento de tipos e gêneros textuais. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 04
4. Ortografia oficial. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 10
5. Emprego da acentuação gráfica. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 12
6. Coesão textual: referenciação e sequenciação textual. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 14
7. Emprego/correlação de tempos e modos verbais. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 16
8. Estrutura morfossintática do período simples. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 17
9. Relações de coordenação entre orações e entre termos da oração. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 17
10. Relações de subordinação entre orações e entre termos da oração. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 17
11. Emprego dos sinais de pontuação. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 23
12. Concordância verbal e nominal. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 25
13. Emprego do sinal indicativo de crase. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 27
14. Colocação dos pronomes átonos. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 29
LÍNGUA PORTUGUESA
Além de uma leitura mais atenta e conhecimento prévio sobre
1. COMPREENSÃO E INTERPRETAÇÃO DE TEXTOS DE o assunto, o elemento de fundamental importância para interpretar
GÊNEROS VARIADOS. e compreender corretamente um texto é ter o domínio da língua.
E mesmo dominando a língua é muito importante ter um di-
LEITURA, COMPREENSÃO E INTERPRETAÇÃO cionário por perto. Isso porque ninguém conhece o significado de
todas as palavras e é muito difícil interpretar um texto desconhe-
Leitura cendo certos termos.

A leitura é prática de interação social de linguagem. A leitura, Dicas para uma boa interpretação de texto:
como prática social, exige um leitor crítico que seja capaz de mobi-
lizar seus conhecimentos prévios, quer linguísticos e textuais, quer - Leia todo o texto pausadamente
de mundo, para preencher os vazios do texto, construindo novos - Releia o texto e marque todas as palavras que não sabe o sig-
significados. Esse leitor parte do já sabido/conhecido, mas, supe- nificado
rando esse limite, incorpora, de forma reflexiva, novos significados - Veja o significado de cada uma delas no dicionário e anote
a seu universo de conhecimento para melhor entender a realidade - Separe os parágrafos do texto e releia um a um fazendo o seu
em que vive. resumo
- Elabore uma pergunta para cada parágrafo e responda
Compreensão - Questione a forma usada para escrever
- Faça um novo texto com as suas palavras, mas siga as ideias
A compreensão de um texto é a análise e decodificação do do autor.
que está realmente escrito nele, das frases e ideias ali presentes. A
compreensão de texto significa decodificá-lo para entender o que Lembre-se que para saber compreender e interpretar muito
foi dito. É a análise objetiva e a assimilação das palavras e ideias bem qualquer tipo de texto, é essencial que se leia muito. Quanto
presentes no texto. mais se lê, mais facilidade de interpretar se tem. E isso é fundamen-
Para ler e entender um texto é necessário obter dois níveis de tal em qualquer coisa que se faça, desde um concurso, vestibular,
leitura: informativa e de reconhecimento. até a leitura de um anúncio na rua.
Um texto para ser compreendido deve apresentar ideias sele-
tas e organizadas, através dos parágrafos que é composto pela ideia Resumindo:
central, argumentação/desenvolvimento e a conclusão do texto.
Quando se diz que uma pessoa tem a compreensão de algo,
significa que é dotada do perfeito domínio intelectual sobre o as- Compreensão Interpretação
sunto. O que é É a análise do que É o que podemos con-
Para que haja a compreensão de algo, como um texto, por está escrito no texto, cluir sobre o que está
exemplo, é necessária a sua interpretação. Para isso, o indivíduo a compreensão das escrito no texto. É o
deve ser capaz de desvendar o significado das construções textuais, frases e ideias pre- modo como interpret-
com o intuito de compreender o sentido do contexto de uma frase. sentes. amos o conteúdo.
Assim, quando não há uma correta interpretação da mensa-
gem, consequentemente não há a correta compreensão da mesma. Informação A informação está A informação está fora
presente no texto. do texto, mas tem
Interpretação conexão com ele.
Análise Trabalha com a Trabalha com a sub-
Interpretar é a ação ou efeito que estabelece uma relação de objetividadem, com jetividade, com o que
percepção da mensagem que se quer transmitir, seja ela simultânea as frases e palavras você entendeu sobre
ou consecutiva, entre duas pessoas ou entidades. que estão escritas no o texto.
A importância dada às questões de interpretação de textos de- texto.
ve-se ao caráter interdisciplinar, o que equivale dizer que a compe-
tência de ler texto interfere decididamente no aprendizado em ge- QUESTÕES
ral, já que boa parte do conhecimento mais importante nos chega
por meio da linguagem escrita. A maior herança que a escola pode 01. SP Parcerias - Analista Técnic - 2018 - FCC
legar aos seus alunos é a competência de ler com autonomia, isto é,
de extrair de um texto os seus significados. Uma compreensão da História
Num texto, cada uma das partes está combinada com as outras,
criando um todo que não é mero resultado da soma das partes, mas Eu entendo a História num sentido sincrônico, isto é, em que
da sua articulação. Assim, a apreensão do significado global resulta tudo acontece simultaneamente. Por conseguinte, o que procura o
de várias leituras acompanhadas de várias hipóteses interpretati-
romancista - ao menos é o que eu tento fazer - é esboçar um senti-
vas, levantadas a partir da compreensão de dados e informações
do para todo esse caos de fatos gravados na tela do tempo. Sei que
inscritos no texto lido e do nosso conhecimento do mundo.
esses fatos se deram em tempos distintos, mas procuro encontrar
A interpretação do texto é o que podemos concluir sobre ele,
um fio comum entre eles. Não se trata de escapar do presente. Para
depois de estabelecer conexões entre o que está escrito e a reali-
mim, tudo o que aconteceu está a acontecer. E isto não é novo, já o
dade. São as conclusões que podemos tirar com base nas ideias do
afirmava o pensador italiano Benedetto Croce, ao escrever: “Toda
autor. Essa análise ocorre de modo subjetivo, e são relacionadas
a História é História contemporânea”. Se tivesse que escolher um
com a dedução do leitor.
sinal que marcasse meu norte de vida, seria essa frase de Croce.
A interpretação de texto é o elemento-chave para o resultado
(SARAMAGO, José. As palavras de Saramago. São Paulo: Com-
acadêmico, eficiência na solução de exercícios e mesmo na compre-
panhia das Letras, 2010, p. 256)
ensão de situações do dia-a-dia.

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LÍNGUA PORTUGUESA
José Saramago entende que sua função como romancista é 03. Pref. de São Gonçalo – RJ – Analista de Contabilidade –
A) estudar e imaginar a História em seus movimentos sincrôni- 2017 - BIO-RIO
cos predominantes.
B) ignorar a distinção entre os tempos históricos para mantê- Édipo-rei
-los vivos em seu passado.
C) buscar traçar uma linha contínua de sentido entre fatos dis- Diante do palácio de Édipo. Um grupo de crianças está ajoe-
persos em tempos distintos. lhado nos degraus da entrada. Cada um tem na mão um ramo de
D) fazer predominar o sentido do tempo em que se vive sobre oliveira. De pé, no meio delas, está o sacerdote de Zeus.
o tempo em que se viveu. (Edipo-Rei, Sófocles, RS: L&PM, 2013)
E) expressar as diferenças entre os tempos históricos de modo
a valorizá-las em si mesmas. O texto é a parte introdutória de uma das maiores peças trági-
cas do teatro grego e exemplifica o modo descritivo de organização
02. Pref. de Chapecó – SC – Engenheiro de Trânsito – 2016 - discursiva. O elemento abaixo que NÃO está presente nessa des-
IOBV crição é:
A) a localização da cena descrita.
Por Jonas Valente*, especial para este blog. B) a identificação dos personagens presentes.
C) a distribuição espacial dos personagens.
A Comissão Parlamentar de Inquérito sobre Crimes Ciberné- D) o processo descritivo das partes para o todo.
ticos da Câmara dos Deputados divulgou seu relatório final. Nele, E) a descrição de base visual.
apresenta proposta de diversos projetos de lei com a justificativa
de combater delitos na rede. Mas o conteúdo dessas proposições 04. MPE-RJ – Analista do Ministério Público - Processual –
é explosivo e pode mudar a Internet como a conhecemos hoje no 2016 - FGV
Brasil, criando um ambiente de censura na web, ampliando a re-
pressão ao acesso a filmes, séries e outros conteúdos não oficiais, Problemas Sociais Urbanos
retirando direitos dos internautas e transformando redes sociais e
Brasil escola
outros aplicativos em máquinas de vigilância.
Não é de hoje que o discurso da segurança na Internet é usado
Dentre os problemas sociais urbanos, merece destaque a
para tentar atacar o caráter livre, plural e diverso da Internet. Como
questão da segregação urbana, fruto da concentração de renda no
há dificuldades de se apurar crimes na rede, as soluções buscam
espaço das cidades e da falta de planejamento público que vise à
criminalizar o máximo possível e transformar a navegação em algo
promoção de políticas de controle ao crescimento desordenado das
controlado, violando o princípio da presunção da inocência previsto
cidades. A especulação imobiliária favorece o encarecimento dos
na Constituição Federal. No caso dos crimes contra a honra, a solu-
locais mais próximos dos grandes centros, tornando-os inacessíveis
ção adotada pode ter um impacto trágico para o debate democrá-
tico nas redes sociais – atualmente tão importante quanto aquele à grande massa populacional. Além disso, à medida que as cidades
realizado nas ruas e outros locais da vida off line. Além disso, as crescem, áreas que antes eram baratas e de fácil acesso tornam-se
propostas mutilam o Marco Civil da Internet, lei aprovada depois de mais caras, o que contribui para que a grande maioria da população
amplo debate na sociedade e que é referência internacional. pobre busque por moradias em regiões ainda mais distantes.
(*BLOG DO SAKAMOTO, L. 04/04/2016) Essas pessoas sofrem com as grandes distâncias dos locais de
residência com os centros comerciais e os locais onde trabalham,
Após a leitura atenta do texto, analise as afirmações feitas: uma vez que a esmagadora maioria dos habitantes que sofrem com
I. O jornalista Jonas Valente está fazendo um elogio à visão esse processo são trabalhadores com baixos salários. Incluem-se a
equilibrada e vanguardista da Comissão Parlamentar que legisla so- isso as precárias condições de transporte público e a péssima infra-
bre crimes cibernéticos na Câmara dos Deputados. estrutura dessas zonas segregadas, que às vezes não contam com
II. O Marco Civil da Internet é considerado um avanço em todos saneamento básico ou asfalto e apresentam elevados índices de
os sentidos, e a referida Comissão Parlamentar está querendo cer- violência.
cear o direito à plena execução deste marco. A especulação imobiliária também acentua um problema cada
III. Há o temor que o acesso a filmes, séries, informações em vez maior no espaço das grandes, médias e até pequenas cidades:
geral e o livre modo de se expressar venham a sofrer censura com a a questão dos lotes vagos. Esse problema acontece por dois princi-
nova lei que pode ser aprovada na Câmara dos Deputados. pais motivos: 1) falta de poder aquisitivo da população que possui
IV. A navegação na internet, como algo controlado, na visão do terrenos, mas que não possui condições de construir neles e 2) a
jornalista, está longe de se concretizar através das leis a serem vo- espera pela valorização dos lotes para que esses se tornem mais
tadas no Congresso Nacional. caros para uma venda posterior. Esses lotes vagos geralmente apre-
V. Combater os crimes da internet com a censura, para o jorna- sentam problemas como o acúmulo de lixo, mato alto, e acabam
lista, está longe de ser uma estratégia correta, sendo mesmo per- tornando-se focos de doenças, como a dengue.
versa e manipuladora. PENA, Rodolfo F. Alves. “Problemas socioambientais urbanos”;
Brasil Escola. Disponível em http://brasilescola.uol.com.br/brasil/
Assinale a opção que contém todas as alternativas corretas. problemas-ambientais-sociais-decorrentes-urbanização.htm. Aces-
A) I, II, III. so em 14 de abril de 2016.
B) II, III, IV.
C) II, III, V. A estruturação do texto é feita do seguinte modo:
D) II, IV, V. A) uma introdução definidora dos problemas sociais urbanos e
um desenvolvimento com destaque de alguns problemas;
B) uma abordagem direta dos problemas com seleção e expli-
cação de um deles, visto como o mais importante;

2
LÍNGUA PORTUGUESA
C) uma apresentação de caráter histórico seguida da explicita-
ção de alguns problemas ligados às grandes cidades; 2. NÍVEIS DE SIGNIFICAÇÃO: PRESSUPOSTOS, SUBEN-
D) uma referência imediata a um dos problemas sociais urba- TENDIDOS E IMPLÍCITOS.
nos, sua explicitação, seguida da citação de um segundo problema;
E) um destaque de um dos problemas urbanos, seguido de sua
Texto:
explicação histórica, motivo de crítica às atuais autoridades.
“Neto ainda está longe de se igualar a qualquer um desses cra-
ques (Rivelino, Ademir da Guia, Pedro Rocha e Pelé), mas ainda tem
05. MPE-RJ – Técnico do Ministério Público - Administrativa
um longo caminho a trilhar (...).”
– 2016 - FGV
Veja São Paulo, 26/12/1990, p. 15.
O futuro da medicina
Esse texto diz explicitamente que:
O avanço da tecnologia afetou as bases de boa parte das pro- - Rivelino, Ademir da Guia, Pedro Rocha e Pelé são craques;
fissões. As vítimas se contam às dezenas e incluem músicos, jorna- - Neto não tem o mesmo nível desses craques;
listas, carteiros etc. Um ofício relativamente poupado até aqui é o - Neto tem muito tempo de carreira pela frente.
de médico. Até aqui. A crer no médico e “geek” Eric Topol, autor de O texto deixa implícito que:
“The Patient Will See You Now” (o paciente vai vê-lo agora), está no - Existe a possibilidade de Neto um dia aproximar-se dos cra-
forno uma revolução da qual os médicos não escaparão, mas que ques citados;
terá impactos positivos para os pacientes. - Esses craques são referência de alto nível em sua especialida-
Para Topol, o futuro está nos smartphones. O autor nos colo- de esportiva;
ca a par de incríveis tecnologias, já disponíveis ou muito próximas - Há uma oposição entre Neto e esses craques no que diz res-
disso, que terão grande impacto sobre a medicina. Já é possível, peito ao tempo disponível para evoluir.
por exemplo, fotografar pintas suspeitas e enviar as imagens a um Todos os textos transmitem explicitamente certas informações,
algoritmo que as analisa e diz com mais precisão do que um derma- enquanto deixam outras implícitas. Por exemplo, o texto acima não
tologista se a mancha é inofensiva ou se pode ser um câncer, o que explicita que existe a possibilidade de Neto se equiparar aos qua-
exige medidas adicionais. tro futebolistas, mas a inclusão do advérbio ainda estabelece esse
Está para chegar ao mercado um apetrecho que transforma o implícito. Não diz também com explicitude que há oposição entre
celular num verdadeiro laboratório de análises clínicas, realizando Neto e os outros jogadores, sob o ponto de vista de contar com
mais de 50 exames a uma fração do custo atual. Também é possível, tempo para evoluir. A escolha do conector “mas” entre a segunda e
adquirindo lentes que custam centavos, transformar o smartphone a primeira oração só é possível levando em conta esse dado implíci-
num supermicroscópio que permite fazer diagnósticos ainda mais to. Como se vê, há mais significados num texto do que aqueles que
sofisticados. aparecem explícitos na sua superfície. Leitura proficiente é aquela
Tudo isso aliado à democratização do conhecimento, diz Topol, capaz de depreender tanto um tipo de significado quanto o outro,
fará com que as pessoas administrem mais sua própria saúde, re- o que, em outras palavras, significa ler nas entrelinhas. Sem essa
correndo ao médico em menor número de ocasiões e de preferên- habilidade, o leitor passará por cima de significados importantes
cia por via eletrônica. É o momento, assegura o autor, de ampliar ou, o que é bem pior, concordará com ideias e pontos de vista que
a autonomia do paciente e abandonar o paternalismo que desde rejeitaria se os percebesse.
Hipócrates assombra a medicina. Os significados implícitos costumam ser classificados em duas
Concordando com as linhas gerais do pensamento de Topol, categorias: os pressupostos e os subentendidos.
mas acho que, como todo entusiasta da tecnologia, ele provavel-
mente exagera. Acho improvável, por exemplo, que os hospitais Pressupostos: são ideias implícitas que estão implicadas logica-
caminhem para uma rápida extinção. Dando algum desconto para mente no sentido de certas palavras ou expressões explicitadas na
as previsões, “The Patient...” é uma excelente leitura para os inte- superfície da frase. Exemplo:
ressados nas transformações da medicina. “André tornou-se um antitabagista convicto.”
Folha de São Paulo online – Coluna Hélio Schwartsman – A informação explícita é que hoje André é um antitabagista
17/01/2016. convicto. Do sentido do verbo tornar-se, que significa “vir a ser”,
decorre logicamente que antes André não era antitabagista convic-
Segundo o autor citado no texto, o futuro da medicina: to. Essa informação está pressuposta. Ninguém se torna algo que
A) encontra-se ameaçado pela alta tecnologia; já era antes. Seria muito estranho dizer que a palmeira tornou-se
B) deverá contar com o apoio positivo da tecnologia; um vegetal.
C) levará à extinção da profissão de médico; “Eu ainda não conheço a Europa.”
D) independerá completamente dos médicos; A informação explícita é que o enunciador não tem conheci-
E) estará limitado aos meios eletrônicos. mento do continente europeu. O advérbio ainda deixa pressuposta
a possibilidade de ele um dia conhecê-la.
RESPOSTAS As informações explícitas podem ser questionadas pelo recep-
tor, que pode ou não concordar com elas. Os pressupostos, porém,
01 C devem ser verdadeiros ou, pelo menos, admitidos como tais, por-
02 C que esta é uma condição para garantir a continuidade do diálogo
e também para fornecer fundamento às afirmações explícitas. Isso
03 D significa que, se o pressuposto é falso, a informação explícita não
04 B tem cabimento. Assim, por exemplo, se Maria não falta nunca a
aula nenhuma, não tem o menor sentido dizer “Até Maria compa-
05 B
receu à aula de hoje”. Até estabelece o pressuposto da inclusão de

3
LÍNGUA PORTUGUESA
um elemento inesperado. Os brasileiros, que não se importam com a coletividade, só se
Na leitura, é muito importante detectar os pressupostos, pois preocupam com seu bemestar e, por isso, jogam lixo na rua, fecham
eles são um recurso argumentativo que visa a levar o receptor a os cruzamentos, etc.
aceitar a orientação argumentativa do emissor. Ao introduzir uma O pressuposto é que “todos” os brasileiros não se importam
ideia sob a forma de pressuposto, o enunciador pretende transfor- com a coletividade.
mar seu interlocutor em cúmplice, pois a ideia implícita não é posta Os brasileiros que não se importam com a coletividade só se
em discussão, e todos os argumentos explícitos só contribuem para preocupam com seu bemestar e, por isso, jogam lixo na rua, fecham
confirmála. O pressusposto aprisiona o receptor no sistema de pen- os cruzamentos, etc.
samento montado pelo enunciador. Nesse caso, o pressuposto é outro: “alguns” brasileiros não se
A demonstração disso pode ser feita com as “verdades incon- importam com a coletividade.
testáveis” que estão na base de muitos discursos políticos, como o No primeiro caso, a oração é explicativa; no segundo, é restriti-
que segue: va. As explicativas pressupõem que o que elas expressam se refere à
“Quando o curso do rio São Francisco for mudado, será resolvi- totalidade dos elementos de um conjunto; as restritivas, que o que
do o problema da seca no Nordeste.” elas dizem concerne apenas a parte dos elementos de um conjun-
O enunciador estabelece o pressuposto de que é certa a mu- to. O produtor do texto escreverá uma restritiva ou uma explicativa
dança do curso do São Francisco e, por consequência, a solução do segundo o pressuposto que quiser comunicar.
problema da seca no Nordeste. O diálogo não teria continuidade se
um interlocutor não admitisse ou colocasse sob suspeita essa cer- Subentendidos: são insinuações contidas em uma frase ou um
teza. Em outros termos, haveria quebra da continuidade do diálogo grupo de frases. Suponhamos que uma pessoa estivesse em visita
se alguém interviesse com uma pergunta deste tipo: à casa de outra num dia de frio glacial e que uma janela, por onde
“Mas quem disse que é certa a mudança do curso do rio?” entravam rajadas de vento, estivesse aberta. Se o visitante dissesse
A aceitação do pressuposto estabelecido pelo emissor permite “Que frio terrível”, poderia estar insinuando que a janela deveria
levar adiante o debate; sua negação compromete o diálogo, uma ser fechada.
vez que destrói a base sobre a qual se constrói a argumentação, e Há uma diferença capital entre o pressuposto e o subentendi-
daí nenhum argumento tem mais importância ou razão de ser. Com do. O primeiro é uma informação estabelecida como indiscutível
pressupostos distintos, o diálogo não é possível ou não tem sentido. tanto para o emissor quanto para o receptor, uma vez que decorre
A mesma pergunta, feita para pessoas diferentes, pode ser em- necessariamente do sentido de algum elemento linguístico coloca-
baraçosa ou não, dependendo do que está pressuposto em cada do na frase. Ele pode ser negado, mas o emissor coloca o implici-
situação. Para alguém que não faz segredo sobre a mudança de tamente para que não o seja. Já o subentendido é de responsabi-
emprego, não causa o menor embaraço uma pergunta como esta: lidade do receptor. O emissor pode esconder-se atrás do sentido
“Como vai você no seu novo emprego?” literal das palavras e negar que tenha dito o que o receptor depre-
O efeito da mesma pergunta seria catastrófico se ela se diri- endeu de suas palavras. Assim, no exemplo dado acima, se o dono
gisse a uma pessoa que conseguiu um segundo emprego e quer da casa disser que é muito pouco higiênico fechar todas as janelas,
manter sigilo até decidir se abandona o anterior. O adjetivo novo o visitante pode dizer que também acha e que apenas constatou a
estabelece o pressuposto de que o interrogado tem um emprego intensidade do frio.
diferente do anterior. O subentendido serve, muitas vezes, para o emissor proteger-
se, para transmitir a informação que deseja dar a conhecer sem se
Marcadores de Pressupostos comprometer. Imaginemos, por exemplo, que um funcionário re-
- Adjetivos ou palavras similares modificadoras do substantivo cémpromovido numa empresa ouvisse de um colega o seguinte:
Julinha foi minha primeira filha. “Competência e mérito continuam não valendo nada como cri-
“Primeira” pressupõe que tenho outras filhas e que as outras tério de promoção nesta empresa...”
nasceram depois de Julinha. Esse comentário talvez suscitasse esta suspeita:
Destruíram a outra igreja do povoado. “Você está querendo dizer que eu não merecia a promoção?”
“Outra” pressupõe a existência de pelo menos uma igreja além Ora, o funcionário preterido, tendo recorrido a um subentendi-
da usada como referência. do, poderia responder:
- Certos verbos “Absolutamente! Estou falando em termos gerais.”
Renato continua doente.
O verbo “continua” indica que Renato já estava doente no mo-
mento anterior ao presente.
Nossos dicionários já aportuguesaram a palavrea copydesk. 3. RECONHECIMENTO DE TIPOS E GÊNEROS TEXTUAIS.
O verbo “aportuguesar” estabelece o pressuposto de que copi-
desque não existia em português.
- Certos advérbios GÊNEROS TEXTUAIS
A produção automobilística brasileira está totalmente nas
mãos das multinacionais. São textos encontrados no nosso dia-a-dia e apresentam carac-
O advérbio totalmente pressupõe que não há no Brasil indús- terísticas sócio comunicativas (carta pessoal ou comercial, diários,
tria automobilística nacional. agendas, e-mail, facebook, lista de compras, cardápio entre outros).
- Você conferiu o resultado da loteria? É impossível se comunicar verbalmente a não ser por um tex-
- Hoje não. to e obriga-nos a compreender tanto as características estruturais
A negação precedida de um advérbio de tempo de âmbito limi- (como ele é feito) como as condições sociais (como ele funciona na
tado estabelece o pressuposto de que apenas nesse intervalo (hoje) sociedade).
é que o interrogado não praticou o ato de conferir o resultado da Os gêneros são tipos relativamente estáveis de enunciados ela-
loteria. borados pelas mais diversas esferas da atividade humana. Por essa
- Orações adjetivas relatividade a que se refere o autor, pode-se entender que o gênero

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LÍNGUA PORTUGUESA
permite certa flexibilidade quanto à sua composição, favorecendo Texto Narrativo: apresentam ações de personagens no tempo
uma categorização no próprio gênero, isto é, a criação de um sub- e no espaço. A estrutura da narração é dividida em: apresentação,
gênero. desenvolvimento, clímax e desfecho.
Os gêneros textuais são fenômenos históricos, profundamen- Exemplos de gêneros textuais narrativos:
te vinculados à vida cultural e social, portanto, são entidades sócio Romance
discursivas e formas de ação social em qualquer situação comuni- Novela
cativa. Caracterizam-se como eventos textuais altamente maleáveis Crônica
e dinâmicos. Contos de Fada
Os gêneros textuais caracterizam-se muito mais por suas fun- Fábula
ções comunicativas; cognitivas e institucionais, do que por suas pe- Lendas
culiaridades linguísticas e estruturais.
Os textos, tanto orais quanto escritos, que têm o objetivo de Texto Descritivo: se ocupam de relatar e expor determinada
estabelecer algum tipo de comunicação, possuem algumas caracte- pessoa, objeto, lugar, acontecimento. São textos cheios de adjeti-
rísticas básicas que fazem com que possamos saber em qual gênero vos, que descrevem ou apresentam imagens a partir das percep-
textual o texto se encaixa. Algumas dessas características são: o tipo ções sensoriais do locutor (emissor).
de assunto abordado, quem está falando, para quem está falando, Exemplos de gêneros textuais descritivos:
qual a finalidade do texto, qual o tipo do texto (narrativo, argumen- Diário
tativo, instrucional, etc.). Relatos (viagens, históricos, etc.)
É essencial saber distinguir o que é gênero textual, gênero lite- Biografia e autobiografia
rário e tipo textual. Cada uma dessas classificações é referente aos Notícia
textos, porém é preciso ter atenção, cada uma possui um significa- Currículo
do totalmente diferente da outra. Lista de compras
Gêneros textuais – cada um deles possui o seu próprio estilo de Cardápio
escrita e de estrutura. Desta forma fica mais fácil compreender as Anúncios de classificados
diferenças entre cada um deles e poder classifica-los de acordo com
suas características. Texto Dissertativo-Argumentativo: encarregados de expor um
Gênero Literário –os textos abordados são apenas os literários, tema ou assunto por meio de argumentações. São marcados pela
diferente do gênero textual, que abrange todo tipo de texto. O gê- defesa de um ponto de vista, ao mesmo tempo que tentam persu-
nero literário é classificado de acordo com a sua forma, podendo
adir o leitor. Sua estrutura textual é dividida em três partes: tese
ser do gênero líricos, dramático, épico, narrativo e etc.
(apresentação), antítese (desenvolvimento), nova tese (conclusão).
Tipo textual –forma como o texto se apresenta, podendo ser
classificado como narrativo, argumentativo, dissertativo, descritivo,
Exemplos de gêneros textuais dissertativos:
informativo ou injuntivo. Cada uma dessas classificações varia de
Editorial Jornalístico
acordo como o texto se apresenta e com a finalidade para o qual
Carta de opinião
foi escrito.
Resenha
Quando pensamos nos diversos tipos e gêneros textuais, de- Artigo
vemos pensar também na linguagem adequada a ser adotada em Ensaio
cada um deles. Por isso existem a linguagem literária e a lingua- Monografia, dissertação de mestrado e tese de doutorado
gem não literária. Diferentemente do que acontece com os textos
literários, nos quais há uma preocupação com o objeto linguístico Texto Expositivo: possuem a função de expor determinada
e também com o estilo, os textos não literários apresentam carac- ideia, por meio de recursos como: definição, conceituação, infor-
terísticas bem delimitadas para que possam cumprir sua principal mação, descrição e comparação.
missão, que é, na maioria das vezes, a de informar. Exemplos de gêneros textuais expositivos:
Quando pensamos em informação, alguns elementos devem Seminários
ser elencados, como a objetividade, a transparência e o compro- Palestras
misso com uma linguagem não literária, afastando assim possíveis Conferências
equívocos na interpretação de um texto. Entrevistas
Os gêneros textuais são fenômenos históricos, profundamen- Trabalhos acadêmicos
te vinculados à vida cultural e social, portanto, são entidades sócio Enciclopédia
discursivas e formas de ação social em qualquer situação comuni- Verbetes de dicionários
cativa.
Caracterizam-se como eventos textuais altamente maleáveis e Texto Injuntivo: também chamado de texto instrucional, indi-
dinâmicos. ca uma ordem, de modo que o locutor (emissor) objetiva orientar
Os gêneros textuais caracterizam-se muito mais por suas fun- e persuadir o interlocutor (receptor). Apresentam, na maioria dos
ções comunicativas; cognitivas e institucionais, do que por suas pe- casos, verbos no imperativo.
culiaridades linguísticas e estruturais. Exemplos de gêneros textuais injuntivos:
Propaganda
Tipos de Gêneros Textuais Receita culinária
Bula de remédio
Existem inúmeros gêneros textuais dentro das categorias tipo- Manual de instruções
lógicas de texto, e cada texto possuiu uma linguagem e estrutura. Regulamento
Em outras palavras, gêneros textuais são estruturas textuais pecu- Textos prescritivos
liares que surgem dos tipos de textos: narrativo, descritivo, disser-
tativo-argumentativo, expositivo e injuntivo.

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LÍNGUA PORTUGUESA
QUESTÕES nessa ordem. O barco a vapor, o telégrafo e a fotografia eram as
grandes novidades, e já havia no ar um xodó pela tecnologia. Mas
01. SEDUC-CE - Professor - Língua Portuguesa – 2018 - UECE- não adiantava: aquele mundo de 150 anos atrás continuava predo-
-CEV minantemente literário.
Considerando que os gêneros estão agrupados em cinco mo- Eram tempos em que, flanando pelas grandes cidades, os mor-
dalidades retóricas correspondentes aos tipos textuais, assinale a tais podiam cruzar com os escritores nas ruas — poetas, romancis-
opção em que a correspondência dos exemplos e as respectivas tas, pensadores —, segui-los até seus cafés, sentar-se à mesa do
modalidades está correta. lado, ouvir o que eles diziam e, quem sabe, puxá-los pela manga e
A) ARGUMENTAR: novela fantástica, texto de opinião, debate oferecer-lhes fogo.
regrado. Talvez em nenhuma outra época tantos gênios morassem nas
B) EXPOR: seminário, conferência, entrevista de especialista. mesmas cidades, quem sabe até em bairros vizinhos. E todos em
C) NARRAR: fábula, curriculum vitae, lenda. idade madura, no auge de suas vidas ativas e criativas.
D) DESCREVER: regulamento, regras de jogo, carta do leitor. Na Paris de 1866, por exemplo, roçavam cotovelos Alexandre
Dumas, Victor Hugo, Baudelaire. Em Lisboa, Antero de Quental, Ca-
02. SEDUC-CE - Professor - Língua Portuguesa – 2018 - UECE- milo Castelo Branco, Eça de Queiroz. E, no Rio, bastava um pulinho
-CEV à rua do Ouvidor para se estar diante de Machado de Assis e José
de Alencar.
Receita do amor Que viagem, a 1866.
(Adaptado de: CASTRO, Ruy. Viagem a 1866. Disponível em:
Ingredientes: www.folha.uol.com.br)
• 4 xícaras de carinho
• 2 xícaras de atenção Uma característica do gênero crônica que pode ser observada
• 2 colheres de suspiros no texto é a presença de uma linguagem
• 8 pedaços de saudades A) imparcial, que se evidencia em: Talvez em nenhuma outra
• 3 colheres de respeito época tantos gênios morassem nas mesmas cidades...
• Amor, sorrisos bobos, pimenta e ciúmes a gosto B) formal, que se evidencia em: ... já havia no ar um xodó pela
tecnologia.
Modo de preparo: C) arcaica, que se evidencia em: Que viagem, a 1866.
– Misture 8 pedaços de saudade com 2 xícaras de atenção em D) coloquial, que se evidencia em: ... foi um ano cheio de do-
uma panela até virar uma mistura onde qualquer momento seja es- mingos
pecial. Acrescente sorrisos bobos até ficar homogêneo; E) argumentativa, que se evidencia em: Nasceu e morreu gen-
– Junte todo o carinho na forma e caramelize com suspiros de te.
paixão, ao sentir o cheiro de sonhos se espalhando no ambiente
retire do fogo e acrescente uma pitada de pimenta para sentirmos a 04. CREMESP - Oficial Administrativo - Área Administrativa-
intensidade dentro de nós sempre que provarmos; 2016 – FCC
– Misture bem todos os ingredientes anteriores; O Dia do Médico, celebrado em 18 de outubro, foi a data esco-
– Para não virar rotina, acrescente muito amor e uma colher lhida pelo Conselho Regional de Medicina do Estado de São Paulo
de ciúmes. Para dar um pequeno sabor de dedicação, adicione 3 (Cremesp) para o lançamento de uma campanha pela humanização
colheres de respeito. (Caso erre na medida de ciúmes coloque res- da Medicina. Com o mote “O calor humano também cura”, a ação
peito a gosto). pretende enaltecer a vocação humanitária do médico e fortalecer
(...) a relação entre esses profissionais e seus pacientes, um dos pilares
da Medicina.
Rendimento: Duas porções As peças da campanha ressaltam, por meio de filmes, anúncios
Dica de acompanhamento: Aprecie com abraços e músicas. e banners, que o médico é especialista em pessoas e que o toque,
Diêgo o olhar e a conversa são tão essenciais para a Medicina quanto a
Cabó evolução tecnológica.
Fonte:https://www.pensador.com/frase/MTgyMjExMg/. Aces- (No Dia do Médico, Cremesp lança campanha pela humaniza-
so em 08/09/2018. ção da Medicina. Disponível em: www.cremesp.org.br)

O critério que impera na determinação interpretativa do gêne- Levando em conta a linguagem, o formato e a finalidade do
ro apresentado é texto, conclui-se que se trata de
A) o suporte. A) uma notícia.
B) o contexto. B) um artigo de opinião.
C) a forma. C) uma carta comercial.
D) a função. D) uma reportagem.
E) um editorial.
03. CREMESP - Oficial Administrativo - Área Administrativa –
2016 – FCC

Outro dia, em busca de determinada informação, caiu-me às


mãos um calendário de 1866. Por força do hábito, examinei-o pelo
avesso e descobri um panorama encantador. Como todos antes
dele, foi um ano cheio de domingos. Nasceu e morreu gente. De-
clararam-se guerras e fizeram-se as pazes, não necessariamente

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LÍNGUA PORTUGUESA
05. Pref. de Maceió - AL - Técnico Administrativo – 2017 - CO- retorquir, afirmar, declarar e outros do mesmo tipo), que pode vir
PEVE-UFAL antes, no meio ou depois da fala das personagens (no nosso caso,
[...] veio depois);
- A fala das personagens aparece nitidamente separada da fala
Nada de exageros do narrador, por aspas, dois pontos, travessão ou vírgula;
- Os pronomes pessoais, os tempos verbais e as palavras que
Consumir dentro do limite das próprias economias é um bom indicam espaço e tempo (por exemplo, pronomes demonstrativos
exemplo para as crianças. “Endividar-se para consumir não está cer- e advérbios de lugar e de tempo) são usados em relação à pessoa
to”, afirma a advogada Noemi Friske Momberger, autora do livro A da personagem, ao momento em que ela fala diz “eu”, o espaço em
publicidade dirigida a crianças e adolescentes, regulamentos e res- que ela se encontra é o aqui e o tempo em que fala é o agora.
trições. Isso vale tanto para as crianças como para os pais. É preciso
dar exemplo. Discurso Indireto
Não adianta inventar regras apenas para quem tem menos de
1 metro e meio. É preciso ajudar as crianças a entender o que cabe O discurso indireto não chega ao leitor diretamente, isto é, por
no orçamento familiar. “Explico para meus filhos que não podemos meio das palavras do narrador. Por essa razão, esse expediente é
ter algumas coisas, mesmo que muitos na escola tenham três vezes chamado discurso indireto.
mais”, diz a professora de Inglês Lucia Razeira, de 30 anos, mãe de As principais marcas do discurso indireto são:
Vitor, de 7, e Clara, de 10. - falas das personagens vêm introduzidas por um verbo de dizer;
[...] - falas das personagens constituem oração subordinada subs-
Disponível em:http://revistaepoca.globo.com/Revista/Epo- tantiva objetiva direta do verbo de dizer e, são separadas da fala do
ca/0,,EMI58402-15228,00- EU+QUERO+EU+QUERO+EU+QUERO. narrador por uma partícula introdutória normalmente “que” ou “se”;
html>.Acesso em: 07 fev. 2017. - pronomes pessoais, tempos verbais e palavras que indicam
espaço e tempo (como pronomes demonstrativos e advérbios de
Considerando as características predominantes, o gênero textual lugar e de tempo) são usados em relação ao narrador, ao momento
A) é seguramente uma reportagem em que se observam argu- em que ele fala e ao espaço em que está.
mentos do autor.
B) se enquadra no tipo narrativo, uma vez que há predomínio Passagem do Discurso Direto para o Discurso Indireto
de sequências descritivas.
C) foi totalmente explicitado no recorte apresentado, já que diz No que se refere aos tempos, o mais comum é o que o verbo
respeito a um artigo de opinião. dizer esteja no presente ou no pretérito perfeito. Quando o ver-
D) é uma notícia, já que narra um fato verídico, com informa- bo dizer estiver no presente e o da fala da personagem estiver no
ções sobre a necessidade de se ensinar os limites do consumo. presente, pretérito ou futuro do presente, os tempos mantêm-se
E) é delimitado pela esfera do campo opinativo, uma vez que na passagem do discurso direto para o indireto. Se o verbo dizer
defende o ponto de vista de que é preciso haver limites para o con- estiver no pretérito perfeito, as alterações que ocorrerão na fala da
sumo, por meio de três argumentos básicos. personagem são as seguintes:

RESPOSTAS Discurso direto Discurso indireto


Tempos e modos Tempos e modos
01 B
•Presente •Imperfeito
02 D
•Perfeito •Mais-que-perfeito
03 D
•Futuro(Indicativo) •Condicional
04 A
•Futuro(Conjuntivo) •Imperfeito(Conjuntivo)
05 E
•Imperativo •Conjuntivo
DISCURSO DIRETO, INDIRETO E INDIRETO LIVRE
Demonstrativos: Demonstrativos:
Discurso Direto, Discurso Indireto e Discurso Indireto Livre são
tipos de discursos utilizados no gênero narrativo para introduzir as Este, esta, isto ... Aquele, aquela, aquilo
falas e os pensamentos dos personagens. Seu uso varia de acordo Esse, essa, isso ...
com a intenção do narrador. Há três maneiras principais de repro-
duzir a fala das personagens: o discurso direto, o discurso indireto e
o discurso indireto livre. Discurso direto Discurso indireto
Advérbios: Advérbios:
Discurso Direto • Tempo: agora,já • Tem,po: então, naquele
hoje, ontem momento, logo, imediata-
O discurso direto é o expediente de citação do discurso alheio
amanhã mente naquele dia, no dia
pela qual o narrador introduz o discurso do outro e, depois, repro-
logo anterior, na véspera no dia
duz literalmente a fala dele.
seguinte depois
As marcas do discurso são:
- A fala das personagens é, de princípio, anunciada por um ver- •Lugar: aqui cá • Lugar: ali, além, acolá, lá
bo (disse e interrompeu no caso do filho e perguntou e começou a Vocativo Desaparece ou passa a com-
dizer no caso do pai) denominado “verbo de dizer” (como: recrutar, plemento indireto

7
LÍNGUA PORTUGUESA
Discurso Indireto Livre Há a presença do discurso indireto em:
A) Eu invejava os que moravam do outro lado da rua, onde as
Há uma fusão dos tipos de discurso (direto e indireto), ou seja, casas dão fundos para o rio.
há intervenções do narrador bem como da fala dos personagens. B) Quando começavam as chuvas a gente ia toda manhã lá no
Não existem marcas que mostrem a mudança do discurso. Por quintal deles ver até onde chegara a enchente.
isso, as falas dos personagens e do narrador - que sabe tudo o que C) Então vinham todos dormir em nossa casa.
se passa no pensamento dos personagens - podem ser confundidas. D) Parecia que as pessoas ficavam todas contentes, riam muito;
As características do discurso indireto livre são: como se fazia café e se tomava café tarde da noite!
- Não há verbos de dizer anunciando as falas das personagens; E) Às vezes chegava alguém a cavalo, dizia que lá, para cima do
- Estas não são introduzidas por partículas como “que” e “se” Castelo, tinha caído chuva muita.
nem separadas por sinais de pontuação;
- O discurso indireto livre contém, como o discurso direto, ora- 02. Câmara Legislativa do Distrito Federal - Técnico Legislativo
ções interrogativas, imperativas e exclamativas, bem como interjei- – 2018 - FCC
ções e outros elementos expressivos;
- Os pronomes pessoais e demonstrativos, as palavras indica- 1. Sinto inveja dos contistas. Para mim, é mais fácil escrever um
doras de espaço e de tempo são usadas da mesma forma que no romance de 200 páginas que um conto de duas.
discurso indireto. Por isso, o verbo estar, do exemplo acima, ocorre 2. Já se tentou explicar em fórmulas narrativas a diferença en-
no pretérito imperfeito, e não no presente (está), como no discurso tre um conto, uma novela e um romance, mas o leitor, que não pre-
direto. Da mesma forma o pronome demonstrativo ocorre na forma cisa de teoria, sabe exatamente o que é uma coisa ou outra assim
aquilo, como no discurso indireto. que começa a ler; quando termina logo, é um conto. O critério do
tamanho prossegue invencível.
Exemplos: 3. Para entender o gênero, criei arbitrariamente um ponto mí-
O despertador tocou um pouco mais cedo. Vamos lá, eu sei nimo de partida, que considero o menor conto do mundo, uma sín-
que consigo! tese mortal de Dalton Trevisan: “Nunca me senti tão só, querida,
Amanheceu chovendo. Bem, lá vou eu passar o dia assistindo como na tua companhia”.
televisão! 4. Temos aí dois personagens, um diálogo implícito e uma intri-
ga tensa que parece vir de longe e não acabar com o conto. Bem,
QUESTÕES por ser um gênero curto, o conto é também, por parecer fácil, uma
perigosa porta aberta em que cabe tudo de cambulhada.
01. SEDU/ES – Professor – Língua Portuguesa – 2016 - FCC 5. Desde Machado de Assis, que colocou o gênero entre nós
num patamar muito alto já no seu primeiro instante, a aparente
As enchentes de minha infância facilidade do conto vem destroçando vocações.
Rubem Braga 6. Além disso, há a maldição dos editores, refletindo uma su-
posta indiferença dos leitores: “conto não vende”. Essa é uma ques-
Sim, nossa casa era muito bonita, verde, com uma tamareira tão comercial, não literária. Porque acabo de ler dois ótimos livros
junto à varanda, mas eu invejava os que moravam do outro lado da de contos que quebram qualquer preconceito eventual que se te-
rua, onde as casas dão fundos para o rio. Como a casa dos Martins, nha contra o gênero.
como a casa dos Leão, que depois foi dos Medeiros, depois de nossa 7. Os contos de A Cidade Dorme, de Luiz Ruffato, que já havia
tia, casa com varanda fresquinha dando para o rio. demonstrado ser um mestre da história curta no excelente Flores
Quando começavam as chuvas a gente ia toda manhã lá no Artificiais, formam uma espécie de painel do “Brasil profundo”, a
quintal deles ver até onde chegara a enchente. As águas barrentas gigantesca classe média pobre que luta para sobreviver, espremida
subiam primeiro até a altura da cerca dos fundos, depois às bana- em todo canto do país entre os sonhos e a violência.
neiras, vinham subindo o quintal, entravam pelo porão. Mais de 8. Em toda frase, sente-se o ouvido afinado da linguagem colo-
uma vez, no meio da noite, o volume do rio cresceu tanto que a quial que transborda nossa cultura pelo arcaísmo de signos singe-
família defronte teve medo. los: “Mas eu não queria ser torneiro-mecânico, queria mesmo era
ser bancário, que nem o marido da minha professora, dona Aurora”.
Então vinham todos dormir em nossa casa. Isso para nós era 9. O atávico país rural, com o seu inesgotável atraso, explode
uma festa, aquela faina de arrumar camas nas salas, aquela intimi- em todos os poros da cidade moderna.
dade improvisada e alegre. Parecia que as pessoas ficavam todas 10. Já nos dez contos de Reserva Natural, de Rodrigo Lacerda,
contentes, riam muito; como se fazia café e se tomava café tarde da que se estruturam classicamente como “intrigas”, na melhor heran-
noite! E às vezes o rio atravessava a rua, entrava pelo nosso porão, ça machadiana, o mesmo Brasil se desdobra em planos individuais;
e me lembro que nós, os meninos, torcíamos para ele subir mais e o signo forte de “reserva natural” perde seu limite geográfico para
e mais. Sim, éramos a favor da enchente, ficávamos tristes de ma- ganhar a tensão da condição humana.
nhãzinha quando, mal saltando da cama, íamos correndo para ver 11. Como diz o narrador do conto “Sempre assim”, “é tudo uma
que o rio baixara um palmo – aquilo era uma traição, uma fraqueza engrenagem muito maior”.
do Itapemirim. Às vezes chegava alguém a cavalo, dizia que lá, para (Adaptado de: TEZZA, Cristovão Disponível em: www1.folha.
cima do Castelo, tinha caído chuva muita, anunciava águas nas ca- uol.com.br)
beceiras, então dormíamos sonhando que a enchente ia outra vez
crescer, queríamos sempre que aquela fosse a maior de todas as Ao se transpor a frase: “Nunca me senti tão só, querida, como
enchentes. na tua companhia” (3o parágrafo) para o discurso indireto, o trecho
(BRAGA, Rubem. As enchentes de minha infância. In: Ai de ti, sublinhado assumirá a seguinte forma:
Copacabana. 3. ed. Rio de Janeiro: Editora do Autor, 1962, p. 157) A) se sentiria
B) sentiu-se
C) se sentira

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LÍNGUA PORTUGUESA
D) estaria sentindo-me necesse onde estava, morreria queimado. Nisso, viu um sapo que
E) estava se sentindo estava preparando-se para saltar no rio e, assim, livrar-se do fogo.
Pediu-lhe, então, que o transportasse nas costas para o outro lado.
03. (Pref. de Natal/RN – Psicólogo – IDECAN/2016) O sapo respondeu-lhe que não faria de jeito nenhum o que ele esta-
va solicitando, porque ele poderia dar-lhe uma ferroada, levandoo
Conheça Aris, que se divide entre socorrer e fotografar náu- à morte por envenenamento. O escorpião retrucou que o sapo pre-
fragos cisaria guiar-se pela lógica; ele não poderia dar-lhe uma ferroada,
pois, se o sapo morresse, ele também morreria, porque se afogaria.
Profissional da AFP diz que a experiência de documentar o so- O sapo disse que o escorpião estava certo e concordou em levá-lo
frimento dos refugiados deixou-o mais rígido com as próprias filhas. até a outra margem. No meio do rio, o escorpião pica o sapo. Este,
O grego Aris Messinis é fotógrafo da agência AFP em Atenas. sentindo a ação do veneno, vira-se para aquele e diz que só gosta-
Cobriu guerras e os protestos da Primavera Árabe. Nos últimos me- ria de entender os motivos que fizeram que ele o picasse, já que o
ses, tem se dedicado a registrar a onda de refugiados na Europa. ato era prejudicial também ao escorpião. Este, então, responde que
Ele conta em um blog da AFP, ilustrado com muitas fotos, como tem simplesmente não podia negar a sua natureza.
sido o trabalho na ilha de Lesbos, na Grécia, onde milhares de re- Narrativa popular. In: SAVIOLI, Francisco Platão e FIORIN, José
fugiados pisam pela primeira vez em território europeu. Mais de Luiz. Lições de texto: leitura e redação. São Paulo: Ática, 2006. p.87
700.000 refugiados e imigrantes clandestinos já desembarcaram no
litoral grego este ano. As autoridades locais estão sendo acusadas No trecho “O sapo disse que o escorpião estava certo e con-
de não dar apoio suficiente aos que chegam pelo mar, e há até a cordou em levá-lo até a outra margem”, tem-se um exemplo de
ameaça de suspender o país do Acordo Schengen, que permite a discurso
livre circulação de pessoas entre os Estados-membros. A) direto
Messinis diz que o mais chocante do seu trabalho é retratar, B) metalinguístico
em território pacífico, pessoas que trazem no rosto o sofrimento C) indireto
da guerra. “Só de saber que você não está em uma zona de guerra D) direto livre
E) misto
torna isso ainda mais emocional. E muito mais doloroso”, diz Messi-
nis.Numa guerra, o fotógrafo também corre perigo, então, de certa
05. Câmara Legislativa do Distrito Federal - Técnico Legislativo
forma, está em pé de igualdade com as pessoas que protagonizam
- Técnico de Arquivo e Biblioteca – 2018 - FCC
as cenas que ele documenta. Em Lesbos, não é assim. Ele está em
Atenção: Leia abaixo o Capítulo I do romance Dom Casmurro,
absoluta segurança. As pessoas que chegam estão lutando por suas
de Machado de Assis, para responder à questão.
vidas. Não são poucas as que morrem de hipotermia mesmo depois
de pisar em terra firme, por falta de atendimento médico.
Uma noite destas, vindo da cidade para o Engenho Novo, en-
Exatamente por causa dessa assimetria entre o fotojornalista contrei num trem da Central um rapaz aqui do bairro, que eu co-
e os protagonistas de suas fotos, muitas vezes Messinis deixa a câ- nheço de vista e de chapéu. Cumprimentou-me, sentou-se ao pé de
mera de lado e põe-se a ajudá-los. Ele se impressiona e se preocupa mim, falou da lua e dos ministros, e acabou recitando-me versos. A
muito com os bebês que chegam nos botes. Obviamente, são os viagem era curta, e os versos pode ser que não fossem inteiramen-
mais vulneráveis aos perigos da travessia. Messinis fotografou os te maus. Sucedeu, porém, que como eu estava cansado, fechei os
cadáveres de alguns deles nas pedras à beira-mar. olhos três ou quatro vezes; tanto bastou para que ele interrompes-
O fotógrafo grego diz que a experiência de ver o sofrimento se a leitura e metesse os versos no bolso.
das crianças refugiadas deixou-o mais rígido com as próprias filhas. – Continue, disse eu acordando.
As maiores têm 9 e sete anos. A menor, 7 meses. Quando vê o que – Já acabei, murmurou ele.
acontece com as crianças que chegam nos botes, Messinis pensa – São muito bonitos.
em como suas filhas têm sorte de estarem vivas, de terem onde Vi-lhe fazer um gesto para tirá-los outra vez do bolso, mas não
morar e de viverem num país em paz. Elas não têm do que reclamar. passou do gesto; estava amuado. No dia seguinte entrou a dizer de
Por: Diogo Schelp 04/12/2015. Disponível em: http://veja. mim nomes feios, e acabou alcunhando-me Dom Casmurro. Os vizi-
abril.com.br/blog/a-boa-e-velha-reportagem/conheca-aris-que-se- nhos, que não gostam dos meus hábitos reclusos e calados, deram
-divide-entresocorrer-e-fotografar-naufragos/.) curso à alcunha, que afinal pegou. Nem por isso me zanguei. Contei
Dentre os recursos utilizados pelo autor, é correto afirmar acer- a anedota aos amigos da cidade, e eles, por graça, chamam-me as-
ca do trecho “Só de saber que você não está em uma zona de guerra sim, alguns em bilhetes: “Dom Casmurro, domingo vou jantar com
torna isso ainda mais emocional. E muito mais doloroso” [...] (2º§), você.” – “Vou para Petrópolis, dom Casmurro; a casa é a mesma da
em discurso direto, que sua principal função é Renânia; vê se deixas essa caverna do Engenho Novo, e vai lá passar
A) conferir credibilidade ao texto e ampliar a informação apre- uns quinze dias comigo.” – “Meu caro dom Casmurro, não cuide que
sentada. o dispenso do teatro amanhã; venha e dormirá aqui na cidade; dou-
B) apresentar diferentes pontos de vista, além de um conheci- -lhe camarote, dou-lhe chá, dou-lhe cama; só não lhe dou moça.
mento maior do assunto. Não consultes dicionários. Casmurro não está aqui no sentido
C) destacar uma informação e caracterizá-la com um alto nível que eles lhe dão, mas no que lhe pôs o vulgo de homem calado
de relevância para o leitor. e metido consigo. Dom veio por ironia, para atribuir-me fumos de
D) despertar o interesse do leitor pelo assunto tratado, apre- fidalgo. Tudo por estar cochilando! Também não achei melhor título
sentando o fato objetivamente. para a minha narração; se não tiver outro daqui até ao fim do livro,
vai este mesmo. O meu poeta do trem ficará sabendo que não lhe
04. UEG - Professor de Nível Superior - 2018 - UEG guardo rancor. E com pequeno esforço, sendo o título seu, poderá
cuidar que a obra é sua. Há livros que apenas terão isso dos seus
Era uma vez um escorpião que estava na beira de um rio, quan- autores; alguns nem tanto.
do a vegetação da margem começou a queimar. Ele ficou deses- (ASSIS, Machado de. Dom Casmurro. São Paulo: Companhia
perado, pois, se pulasse na água, morreria afogado e, se perma- das Letras, 2016, p. 79-80.)

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LÍNGUA PORTUGUESA
Ao se transpor o trecho – Já acabei, murmurou ele. (3° pará- Uso do h
grafo) para o discurso indireto, o verbo “acabei” assume a seguinte
forma: O h é utilizado:
A) tinha acabado. - No final de interjeições: Ah!, Oh!
B) acabou. - Por etimologia: hoje, homem.
C) estava acabando. - Nos dígrafos ch, lh, nh: tocha, carvalho, manhã.
D) acabaria. - Palavras compostas: sobre-humano, super-homem.
E) estaria acabando. - Exceção: Bahia quando se refere ao estado. O acidente geo-
gráfico baía é escrito sem h.
RESPOSTAS
Uso do s/z
01 E
O s é utilizado:
02 C - Adjetivos terminados pelos sufixos -oso/-osa que indicam
03 A grande quantidade, estado ou circunstância: maudoso, feiosa.
- Nos sufixo -ês, -esa, -isa que indicam origem, título ou profis-
04 C
são: marquês, portuguesa, poetisa.
05 A - Depois de ditongos: coisa, pousa.
- Na conjugação dos verbos pôr e querer: pôs, quiseram.

O z é utilizado:
4. ORTOGRAFIA OFICIAL.
- Nos sufixos -ez/-eza que formam substantivos a partir de adje-
tivos: magro - magreza, belo - beleza, grande - grandeza.
ORTOGRAFIA - No sufixo - izar, que forma verbo: atualizar, batizar, hospita-
lizar.
A Ortografia estuda a forma correta de escrita das palavras de
uma língua. Do grego “ortho”, que quer dizer correto e “grafo”, por
Escreve-se com s Escreve-se com z
sua vez, que significa escrita.
É influenciada pela etimologia e fonologia das palavras. Além Alisar amizade
disso, são feitas convenções entre os falantes de uma mesma lín- atrás azar
gua que visam unificar a sua ortografia oficial. Trata-se dos acordos
ortográficos. através azia
gás giz
Alfabeto groselha prazer
O alfabeto é formado por 26 letras
Vogais: a, e, i, o, u, y, w. invés rodízio
Consoantes: b,c,d,f,g,h,j,k,l,m,n,p,q,r,s,t,v,w,x,z.
Alfabeto: a,b,c,d,e,f,g,h,i,j,k,l,m,n,o,p,q,r,s,t,u,v,w,x,y,z. Uso do g/j

Regras Ortográficas O g é utilizado:


- Palavras que terminem em -ágio, -égio, -ígio, -ógio, -úgio: pe-
Uso do x/ch dágio, relógio, refúgio.
- Substantivos que terminem em -gem: lavagem, viagem.
O x é utilizado:
- Em geral, depois dos ditongos: caixa, feixe. O j é utilizado:
- Depois da sílaba -me: mexer, mexido, mexicano. - Palavras com origem indígena: pajé, canjica.
- Palavras com origem indígena ou africana: xavante, xingar. - Palavras com origem africana: jiló, jagunço.
- Depois da sílaba inicial -en: enxofre, enxada.
- Exceção: O verbo encher (e palavras derivadas) escreve-se Escreve-se com g Escreve-se com j
com ch.
estrangeiro berinjela
gengibre cafajeste
Escreve-se com x Escreve-se com ch
geringonça gorjeta
bexiga bochecha
gíria jiboia
bruxa boliche
ligeiro jiló
caxumba broche
tangerina sarjeta
elixir cachaça
faxina chuchu
graxa colcha
lagartixa fachada

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LÍNGUA PORTUGUESA
Parônimos e Homônimos Agente Penitenciário, Agente Prisional, Agente de Segurança
Penitenciário ou Agente Estadual/Federal de Execução Penal. En-
Há diferentes formas de escrita que existem, mas cujo signifi- tre suas atribuições estão: manter a ordem, diciplina, custódia e
cado é diferente. vigilância no interior das unidades prisionais, assim como no âm-
Palavras parônimas são parecidas na grafia ou na pronúncia, bito externo das unidades, como escolta armada para audiências
mas têm significados diferentes. judiciais, transferência de presos etc. Desempenham serviços de
Exemplos: natureza policial como aprensões de ilícitos, revistas pessoais em
detentos e visitantes, revista em veículos que adentram as unidades
prisionais, controle de rebeliões e ronda externa na área do períme-
cavaleiro (de cavalos) cavalheiro (educado)
tro de segurança ao redor da unidade prisional. Garantem a segu-
descrição (descrever) discrição (de discreto) rança no trabalho de ressosialização dos internos promovido pelos
emigrar (deixar o país) imigrar (entrar no país) pisicólogos, pedagogos e assistentes sociais. Estão subordinados às
Secretarias de Estado de Administração Penitenciária - SEAP, secre-
Palavras homônimas têm a mesma pronúncia, mas significados tarias de justiças ou defesa social, dependendo da nomenclatura
diferentes. adotada em cada Estado.
Exemplos: Fonte: Wikipedia – *com alterações ortográficas.

Assinale a alternativa que apresenta todas as palavras, retira-


cela (cômodo pequeno) sela (de cavalos) das do texto, com equívocos em sua ortografia.
ruço (pardo claro) russo (da Rússia) A) atribuições; diciplina; audiências; desempenham.
B) diciplina; aprensões; ressosialização; pisicólogos.
tachar (censurar) taxar (fixar taxa) C) audiências; ilícitos; atribuições; desempenham.
D) perímetro; diciplina; desempenham; ilícitos.
Consoantes dobradas E) aprensões; ressosialização; desempenham; audiências.
- Só se duplicam as consoantes C, R, S. 02. ELETTROBRAS – LEITURISTA – 2015 – IADES
- Escreve-se com CC ou CÇ quando as duas consoantes soam Considerando as regras de ortografia, assinale a alternativa em
distintamente: convicção, cocção, fricção, facção, etc. que a palavra está grafada corretamente.
- Duplicam-se o R e o S em dois casos: Quando, intervocálicos, A) Dimencionar.
representam os fonemas /r/ forte e /s/ sibilante, respectivamente: B) Assosciação.
carro, ferro, pêssego, missão, etc. Quando há um elemento de com- C) Capassitores.
posição terminado em vogal a seguir, sem interposição do hífen, D) Xoque.
palavra começada com /r/ ou /s/: arroxeado, correlação, pressupor, E) Conversão.
etc.
03. MPE SP – ANALISTA DE PROMOTORIA – 2015 - VUNESP
Uso do hífen

Desde a entrada em vigor do atual acordo ortográfico, a escrita


de palavras com hífen e sem hífen tem sido motivo de dúvidas para
diversos falantes.

Palavras com hífen:


segunda-feira (e não segunda feira);
bem-vindo (e não benvindo);
mal-humorado (e não mal humorado);
micro-ondas (e não microondas);
bem-te-vi (e não bem te vi).

Palavras sem hífen:


dia a dia (e não dia-a-dia);
fim de semana (e não fim-de-semana);
à toa (e não à-toa);
autoestima (e não auto-estima);
antirrugas (e não anti-rugas).

QUESTÕES

01. SEAP-MG - Agente de Segurança Penitenciário – 2018 - (Dik Brownie, Hagar. www.folha.uol.com.br, 29.03.2015. Adaptado)
IBFC
Considerando a ortografia e a acentuação da norma-padrão
A ortografia estuda a forma correta da escrita das palavras de da língua portuguesa, as lacunas estão, correta e respectivamente,
uma determinada língua, no caso a Língua Portuguesa. É influencia- preenchidas por:
da pela etimologia e fonologia das palavras, assim sendo observe A) mal ... por que ... intuíto
com atenção o texto. B) mau ... por que ... intuito

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LÍNGUA PORTUGUESA
C) mau ... porque ... intuíto Proparoxítonos: quando a sílaba tônica é a antepenúltima: ár-
D) mal ... porque ... intuito vore, quilômetro, México.
E) mal ... por quê ... intuito
Acentuação gráfica
04. PBH Ativos S.A. - Analista Jurídico – 2018 – IBGP
Assinale a alternativa em que todas as palavras estão grafadas - Proparoxítonas: todas acentuadas (místico, jurídico, bélico).
conforme as regras do Novo Acordo Ortográfico relativas à sistema- - Palavras oxítonas: oxítonas terminadas em “a”, “e”, “o”, “em”,
tização do emprego de hífen ou de acentuação. seguidas ou não do plural (s): (Paraná – fé – jiló (s)).
A) Vôo, dêem, paranóico, assembléia, feiúra, vêem, baiúca. - Também acentuamos nos casos abaixo:
B) Interresistente, superrevista, manda-chuva, paraquedas. - Monossílabos tônicos terminados em “a”, “e”, “o”, seguidos
C) Antirreligioso, extraescolar, infrassom, coautor, antiaéreo. ou não de “s”: (pá – pé – dó)
D) Préhistória, autobservação, infraxilar, suprauricular, inábil. - Formas verbais terminadas em “a”, “e”, “o” tônicos seguidas
de lo, la, los, las: (recebê-lo – compô-lo)
05. MPE-GO - Auxiliar Administrativo – 2018 – MPE-GO - Paroxítonas:Acentuam-se as palavras paroxítonas terminadas
Assinale a opção que completa corretamente as lacunas do pe- em: i, is (táxi – júri), us, um, uns (vírus, fórum), l, n, r, x, ps (cadáver
ríodo abaixo. – tórax – fórceps), ã, ãs, ão, ãos (ímã – órgãos).
- Ditongo oral, crescente ou decrescente, seguido ou não de
Agora que há uma câmera de ________. isto provavelmente “s”: (mágoa – jóquei)
não _____acontecerá, mas _____vezes em que, no meio de uma
noite __________, o poeta levantava de seu banco [...] Regras especiais:

A) investigassâo mas ouve chuvosa - Ditongos de pronúncia aberta “ei”, “oi”, perderam o acento
B) investigassâo mais houve chuvoza com o Novo Acordo.
C) investigação mais houve chuvosa
D) investigação mas houve chuvosa Antes agora
E) investigação mais ouve chuvoza
Assembléia Assembleia
RESPOSTAS Idéia Ideia
Geléia Geleia
01 B
Jibóia Jiboia
02 E
Apóia (verbo) Apoia
03 D
Paranóico Paranoico
04 C
05 C - “i” e “u” tônicos formarem hiato com a vogal anterior, acom-
panhados ou não de “s”, desde que não sejam seguidos por “-nh”,
haverá acento: (saída – baú – país).

- Não serão mais acentuados “i” e “u” tônicos formando hiato


5. EMPREGO DA ACENTUAÇÃO GRÁFICA. quando vierem depois de ditongo:

ACENTUAÇÃO GRÁFICA Antes agora


Bocaiúva Bocaiuva
A acentuação gráfica é feita através de sinais diacríticos que,
sobrepostos às vogais, indicam a pronúncia correta das palavras no Feiúra Feiura
que respeita à sílaba tônica e no que respeita à modulação aberta Sauípe Sauipe
ou fechada das vogais.
Esses são elementos essenciais para estabelecer organizada- - Acento pertencente aos hiatos “oo” e “ee” foi abolido.
mente, por meio de regras, a intensidade das palavras das sílabas
portuguesas.
Antes agora
Acentuação tônica crêem creem
vôo voo
Refere-se à intensidade em que são pronunciadas as sílabas
das palavras. Aquela que é pronunciada de forma mais acentuada
é a sílaba tônica. As demais, pronunciadas com menos intensidade, - Vogais “i” e “u” dos hiatos se vierem precedidas de vogal idên-
são denominadas de átonas. tica, não tem mais acento: (xi-i-ta, pa-ra-cu-u-ba).
De acordo com a posição da sílaba tônica, os vocábulos com - Haverá o acento em palavra proparoxítona, pois a regra de
mais de uma sílaba classificam-se em: acentuação das proparoxítonas prevalece sobre a dos hiatos: (se-
Oxítonos: quando a sílaba tônica é a última: café, rapaz, escri- -ri-ís-si-mo)
tor, maracujá. - Não há mais acento nas formas verbais que possuíam o acen-
Paroxítonos: quando a sílaba tônica é a penúltima: mesa, lápis, to tônico na raiz com “u” tônico precedido de “g” ou “q” e seguido
montanha, imensidade. de “e” ou “i”.

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LÍNGUA PORTUGUESA

Antes agora QUESTÕES

averigúe (averiguar) averigue 01. Pref. Natal/RN - Agente Administrativo – 2016 - CKM Ser-
argúi (arguir) argui viço
Mostra O Triunfo da Cor traz grandes nomes do pósimpressio-
- 3ª pessoa do plural do presente do indicativo dos verbos ter e nismo para SP Daniel Mello - Repórter da Agência Brasil A exposição
vir e dos seus compostos (conter, reter, advir, convir etc.) tem acen- O Triunfo da Cor traz grandes nomes da arte moderna para o Centro
to. Cultural Banco do Brasil de São Paulo. São 75 obras de 32 artistas
do final do século 19 e início do 20, entre eles expoentes como Van
Gogh, Gauguin, Toulouse-Lautrec, Cézanne, Seurat e Matisse. Os
Singular plural trabalhos fazem parte dos acervos do Musée d’Orsay e do Musée
ele tem eles têm de l’Orangerie, ambos de Paris.
ele vem eles vêm A mostra foi dividida em quatro módulos que apresentam os
pintores que sucederam o movimento impressionista e receberam
ele obtém eles obtêm do crítico inglês Roger Fry a designação de pósimpressionistas. Na
primeira parte, chamada de A Cor Cientifica, podem ser vistas pin-
→ Palavras homógrafas para diferenciá-las de outras semelhan- turas que se inspiraram nas pesquisas científicas de Michel Eugene
tes não se usa mais acento. Apenas em algumas exceções, como: Chevreul sobre a construção de imagens com pontos.
A forma verbal pôde (3ª pessoa do singular - pretérito perfeito Os estudos desenvolvidos por Paul Gauguin e Émile Bernard
do indicativo) ainda é acentuada para diferenciar-se de pode (3ª marcam a segunda parte da exposição, chamada de Núcleo Mis-
pessoa do singular - presente do indicativo). Também o verbo pôr terioso do Pensamento. Entre as obras que compõe esse conjunto
para diferenciá-lo da preposição por. está o quadro Marinha com Vaca, em que o animal é visto em um
fundo de uma passagem com penhascos que formam um precipí-
Alguns homógrafos: cio estreito. As formas são simplificadas, em um contorno grosso e
pera (substantivo) - pera (preposição antiga) escuro, e as cores refletem a leitura e impressões do artista sobre
para (verbo) - para (preposição) a cena.
pelo(s) (substantivo) - pelo (do verbo pelar) O Autorretrato Octogonal, de Édouard Vuillard, é uma das pin-
turas de destaque do terceiro momento da exposição. Intitulada Os
Atenção, pois palavras derivadas de advérbios ou adjetivos não Nabis, Profetas de Uma Nova Arte, essa parte da mostra também
são acentuadas reúne obras de Félix Vallotton e Aristide Maillol. No autorretrato,
Vuillard define o rosto a partir apenas da aplicação de camadas de
Exemplos: cores sobrepostas, simplificando os traços, mas criando uma ima-
Facilmente - de fácil gem de forte expressão.
Habilmente - de hábil O Mulheres do Taiti, de Paul Gauguin, é um dos quadros da úl-
Ingenuamente – de ingênuo tima parte da mostra, chamada de A Cor em Liberalidade, que tem
Somente - de só como marca justamente a inspiração que artistas como Gauguin e
Unicamente - de único Paul Cézanne buscaram na natureza tropical. A pintura é um dos pri-
Dinamicamente - de dinâmico meiros trabalhos de Gauguin desenvolvidos na primeira temporada
Espontaneamente - de espontâneo que o artista passou na ilha do Pacífico, onde duas mulheres apare-
cem sentadas a um fundo verde-esmeralda, que lembra o oceano.
Uso da Crase A exposição vai até o dia 7 de julho, com entrada franca.
http://agenciabrasil.ebc.com.br/cultura/noticia/2016-05/
- É usada na contração da preposição a com as formas femini- mostra-otriunfo-da-cor-traz-grandes-nomes-do-pos-impressionis-
nas do artigo ou pronome demonstrativo a: à (de a + a), às (de a + mo-para-sp Acesso em: 29/05/2016.
as).
“As palavras ‘módulos’ e ‘última’, presentes no texto,
- A crase é usada também na contração da preposição “a” com são ____________ acentuadas por serem ____________ e
os pronomes demonstrativos: ____________, respectivamente”.
àquele(s) As palavras que preenchem correta e respectivamente as lacu-
àquela(s) nas do enunciado acima são:
àquilo A) diferentemente / proparoxítona / paroxítona
àqueloutro(s) B) igualmente / paroxítona / paroxítona
àqueloutra (s) C) igualmente / proparoxítona / proparoxítona
D) diferentemente / paroxítona / oxítona
Uso do Trema
02. Pref. De Caucaia/CE – Agente de Suporte e Fiscalização
- Só é utilizado nas palavras derivadas de nomes próprios. -2017 - CETREDE
Müller – de mülleriano Indique a alternativa em que todas as palavras devem receber
acento.
A) virus, torax, ma.
B) caju, paleto, miosotis .
C) refem, rainha, orgão.
D) papeis, ideia, latex.
E) lotus, juiz, virus.

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LÍNGUA PORTUGUESA
03. MPE/SC – Promotor de Justiça-2017 - MPE/SC
“Desde as primeiras viagens ao Atlântico Sul, os navegadores 6. COESÃO TEXTUAL: REFERENCIAÇÃO E SEQUENCIA-
europeus reconheceram a importância dos portos de São Francisco, ÇÃO TEXTUAL.
Ilha de Santa Catarina e Laguna, para as “estações da aguada” de
suas embarcações. À época, os navios eram impulsionados a vela, COESÃO E COERÊNCIA TEXTUAIS.
com pequeno calado e autonomia de navegação limitada. Assim,
esses portos eram de grande importância, especialmente para os Coerência diz respeito à articulação do texto, compatibilidade
navegadores que se dirigiam para o Rio da Prata ou para o Pacífico, das ideias e à lógica do raciocínio. Coesão referese à expressão lin-
através do Estreito de Magalhães.” guística, nível gramatical, estruturas frasais e ao emprego do voca-
(Adaptado de SANTOS, Sílvio Coelho dos. Nova História de San- bulário.
ta Catarina. Florianópolis: edição do Autor, 1977, p. 43.) Ambas relacionam se com o processo de produção e compre-
ensão do texto, mas nem sempre um texto coerente apresenta co-
No texto acima aparecem as palavras Atlântico, época, Pacífico, esão e vice-versa. Sendo assim, um texto pode ser gramaticalmente
acentuadas graficamente por serem proparoxítonas. bem construído, com frases bem estruturadas, vocabulário correto,
() Certo () Errado mas apresentar ideias disparatadas, sem nexo, sem uma sequência
lógica.
04. Pref. De Nova Veneza/SC – Psicólogo – 2016 - FAEPESUL A coerência textual é responsável pela hierarquização dos ele-
Analise atentamente a presença ou a ausência de acento gráfi- mentos textuais, ou seja, ela tem origem nas estruturas profundas,
co nas palavras abaixo e indique a alternativa em que não há erro: no conhecimento do mundo de cada pessoa, aliada à competência
A) ruím - termômetro - táxi – talvez. linguística, que permitirá a expressão das ideias percebidas e orga-
B) flôres - econômia - biquíni - globo. nizadas, no processo de codificação referido na página
C) bambu - através - sozinho - juiz
D) econômico - gíz - juízes - cajú. Coesão
E) portuguêses - princesa - faísca. É o resultado da disposição e da correta utilização das palavras
que propiciam a ligação entre frases, períodos e parágrafos de um
05. INSTITUTO CIDADES – Assistente Administrativo VII – 2017 texto. A coesão ajuda com sua organização e ocorre por meio de
- CONFERE palavras chamadas de conectivos.
Marque a opção em que as duas palavras são acentuadas por
obedecerem à regras distintas: Mecanismos de Coesão
A) Catástrofes – climáticas. A coesão pode ser obtida através de alguns mecanismos: aná-
B) Combustíveis – fósseis. fora e catáfora. Ambas se referem à informação expressa no texto
C) Está – país. e, por esse motivo, são qualificadas como endofóricas.
D) Difícil – nível. Enquanto a anáfora retoma um componente, a catáfora o ante-
cipa, contribuindo com a ligação e a harmonia textual.
06. IF-BA - Administrador – 2016 - FUNRIO Regras para a coesão textual:
Assinale a única alternativa que mostra uma frase escrita intei-
ramente de acordo com as regras de acentuação gráfica vigentes. Referência
A) Nas aulas de Ciências, construí uma mentalidade ecológica Pessoal: usa pronomes pessoais e possessivos. Exemplo: Eles
responsável. são irmãos de Elisabete. (Referência pessoal anafórica)
B) Nas aulas de Inglês, conheci um pouco da gramática e da Demonstrativa: usa pronomes demonstrativos e advérbios.
cultura inglêsa. Exemplo: Terminei todos os livros, exceto este. (Referência demons-
C) Nas aulas de Sociologia, gostei das idéias evolucionistas e de trativa catafórica)
estudar ética. Comparativa: usa comparações através de semelhanças. Exem-
D) Nas aulas de Artes, estudei a cultura indígena, o barrôco e o plo: Dorme igual ao irmão. (Referência comparativa endofórica)
expressionismo
E) Nas aulas de Educação Física, eu fazia exercícios para glute- Substituição
os, adutores e tendões. Substitui um elemento (nominal, verbal, frasal) por outro é
uma forma de evitar as repetições. Exemplo: Vamos à praia ama-
RESPOSTAS nhã, eles irão nas próximass férias.
Observe que a substituição acrescenta uma informação nova
01 C ao texto.
02 A
Elipse
03 CERTO Pode ser omitido através da elipse um componente textual,
04 C quer seja um nome, um verbo ou uma frase. Exemplo: Temos entra-
das a mais para o show. Você as quer? (A segunda oração é percep-
05 C
tível mediante o contexto. Assim, sabemos que o que está sendo
06 A oferecido são as entradas para o show.)

Conjunção
As conjunções ligam orações estabelecendo relação entre elas.
Exemplo: Nós não sabemos quanto custam as entradas, mas ele
sabe. (adversativa)

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LÍNGUA PORTUGUESA
Coesão Lexical 02. TJ-PA - MÉDICO PSIQUIATRA – 2014 - VUNESP
É a utilização de palavras que possuem sentido aproximado ou Meu amigo lusitano, Diniz, está traduzindo para o francês
que pertencem a um mesmo campo lexical. São elas: sinônimos, meus dois primeiros romances, Os Éguas e Moscow. Temos trocado
hiperônimos, nomes genéricos, entre outros Exemplo: Aquela casa e-mails muito interessantes, por conta de palavras e gírias comuns
está inabtável. Ela está literalmente caindo aos pedaços. no meu Pará e absolutamente sem sentido para ele. Às vezes é bem
difícil explicar, como na cena em que alguém empina papagaio e
Coerência corta o adversário “no gasgo”.
É a relação lógica das ideias de um texto que decorre da sua
argumentação. Um texto contraditório e redundante ou cujas ideias Os termos muito e bem, em destaque, atribuem aos termos
iniciadas não são concluídas, é um texto incoerente, o que compro- aos quais se subordinam sentido de:
mete a clareza do discurso e a eficácia da leitura. Exemplo: Ela está A) comparação.
de regime, mas adora comer brigadeiros. (quem está de regime não B) intensidade.
deve comer doces) C) igualdade.
D) dúvida.
Fatores de Coerência E) quantidade.
São inúmeros os fatores que contribuem para a coerência de
um texto. Vejamos alguns: 03. TJ/RJ – Analista Judiciário – 2015 - FGV
“A USP acaba de divulgar estudo advertindo que a poluição em
Conhecimento de Mundo: conjunto de conhecimento que ad- São Paulo mata o dobro do que o trânsito”.
quirimos ao longo da vida​e que são arquivados na nossa memória. A oração em forma desenvolvida que substitui correta e ade-
quadamente o gerúndio “advertindo” é:
Inferências: as informações podem ser simplificadas se par- A) com a advertência de;
timos do pressuposto que os interlocutores partilham do mesmo B) quando adverte;
conhecimento. C) em que adverte;
D) no qual advertia;
Fatores de contextualização
E) para advertir.
Há fatores que inserem o interlocutor na mensagem providen-
ciando a sua clareza, como os títulos de uma notícia ou a data de
04. PREF. DE PAULISTA/PE – RECEPCIONISTA – 2016 - UPE-
uma mensagem. Exemplo:
NET
— Começaremos às 8h.
Observe o fragmento de texto abaixo:
— O que começará às 8h? Não sei sobre o que está falando.
“Mas o que fazer quando o conteúdo não é lembrado justa-
Informatividade mente na hora da prova?”
Quanto mais informação não previsível um texto tiver, mais rico Sobre ele, analise as afirmativas abaixo:
e interessante ele será. Assim, dizer o que é óbvio ou insistir numa
informação e não desenvolvê-la, com certeza desvaloriza o texto. I. O termo “Mas” é classificado como conjunção subordinativa
e, nesse contexto, pode ser substituído por “desde que”.
Resumidamente: II. Classifica-se o termo “quando” como conjunção subordinati-
Coesão: conjunto de elementos posicionados ao longo do tex- va que exprime circunstância temporal.
to, numa linha de sequência e com os quais se estabelece um víncu- III. Acentua-se o “u” tônico do hiato existente na palavra “con-
lo ou conexão sequencial. Se o vínculo coesivo se faz via gramática, teúdo”.
fala-se em coesão gramatical. Se se faz por meio do vocabulário, IV. Os termos “conteúdo”, “hora” e “prova” são palavras invari-
tem-se a coesão lexical. áveis, classificadas como substantivos.
Coerência: é a rede de ligação entre as partes e o todo de um
texto. Conjunto de unidades sistematizadas numa adequada rela- Está CORRETO apenas o que se afirma em:
ção semântica, que se manifesta na compatibilidade entre as ideias. A) I e III.
B) II e IV.
QUESTÕES C) I e IV.
D) II e III.
01. TRF 5ª REGIÃO - TÉCNICO JUDICIÁRIO - TECNOLOGIA DA E) I e II.
INFORMAÇÃO – 2015 - FCC
Há falta de coesão e de coerência na frase: 05. PREF. DE OSASCO/SP - MOTORISTA DE AMBULÂNCIA
A) Nem sempre os livros mais vendidos são, efetivamente, os – 2016 - FGV
mais lidos: há quem os compre para exibi-los na estante.
B) Aquele romance, apesar de ter sido premiado pela academia Dificuldades no combate à dengue
e bem recebido pelo público, não chegou a impressionar os críticos
dos jornais. A epidemia da dengue tem feito estragos na cidade de São Pau-
C) Se o sucesso daquele romance deveu-se, sobretudo, à res- lo. Só este ano, já foram registrados cerca de 15 mil casos da doen-
posta do público, razão pela qual a maior parte dos críticos também ça, segundo dados da Prefeitura.
o teriam apreciado. As subprefeituras e a Vigilância Sanitária dizem que existe um
D) Há livros que compramos não porque nos sejam imediata- protocolo para identificar os focos de reprodução do mosquito
mente úteis, mas porque imaginamos o quanto poderão nos valer transmissor, depois que uma pessoa é infectada. Mas quando al-
num futuro próximo. guém fica doente e avisa as autoridades, não é bem isso que acon-
E) A distribuição dos livros numa biblioteca frequentemente tece.
indica aqueles pelos quais o dono tem predileção. (Saúde Uol).

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LÍNGUA PORTUGUESA
“Só este ano...” O ano a que a reportagem se refere é o ano O pretérito subdivide-se em:
A) em que apareceu a dengue pela primeira vez. - Perfeito: Ação acabada. Ex.: Eu limpei a sala.
B) em que o texto foi produzido. - Imperfeito: Ação inacabada no momento a que se refere à
C) em que o leitor vai ler a reportagem. narração. Ex.: Ele ficou no hospital por dias.
D) em que a dengue foi extinta na cidade de São Paulo. - Mais-que-perfeito: Ação acabada, ocorrida antes de outro
E) em que começaram a ser registrados os casos da doença. fato passado. Ex.: Para ser mais justo, ele partira o bolo em fatias
pequenas.
06. CEFET/RJ - REVISOR DE TEXTOS – 2015 - CESGRANRIO
Em qual dos períodos abaixo, a troca de posição entre a palavra O futuro subdivide-se em:
sublinhada e o substantivo a que se refere mantém o sentido? - Futuro do Presente: Refere-se a um fato imediato e certo. Ex.:
A) Algum autor desejava a minha opinião sobre o seu trabalho. Participarei do grupo.
B) O mesmo porteiro me entregou o pacote na recepção do - Futuro do Pretérito: Pode indicar condição, referindo-se a
hotel. uma ação futura, ligada a um momento já passado. Ex.: Iria ao show
C) Meu pai procurou uma certa pessoa para me entregar o em- se tivesse dinheiro. (Indica condição); Ele gostaria de assumir esse
brulho. compromisso.
D) Contar histórias é uma prazerosa forma de aproximar os in-
divíduos. Modos Verbais
E) Grandes poemas épicos servem para perpetuar a cultura de
um povo. Indicativo: Mostra o fato de maneira real, certa, positiva. Ex.:
Eu falo alemão.
RESPOSTAS Subjuntivo: Pode exprimir um desejo e apresenta o fato como
possível ou duvidoso, hipotético. Ex.: Se eu tivesse dinheiro, com-
1 C praria um carro.
Imperativo: Exprime ordem, conselho ou súplica. Ex.: Descanse
2 C bastante nestas férias.
3 B
Formas nominais
4 D
5 B Temos três formas nominais: Infinitivo, gerúndio e particípio, e
6 D são assim chamadas por desempenhar um papel parecido aos dos
substantivos, adjetivos ou advérbios e, sozinhas, não serem capazes
de expressar os modos e tempos verbais.

Infinitivo
7. EMPREGO/CORRELAÇÃO DE TEMPOS E MODOS VER-
BAIS. Pessoal: Refere às pessoas do discurso. Não é flexionado nas 1ª
e 3ª pessoas do singular e flexionadas nas demais:
VERBO Estudar (eu) – não flexionado
Estudares (tu) – flexionado
Exprime ação, estado, mudança de estado, fenômeno da na- Estudar(ele) – não flexionado
tureza e possui inúmeras flexões, de modo que a sua conjugação Estudarmos (nós) – flexionado
é feita em relação as variações de pessoa, número, tempo, modo, Estudardes (voz) – flexionado
voz e aspeto. Estudarem (eles) – flexionado
Impessoal: É o infinitivo impessoal quando não se refere às pes-
Os verbos estão agrupados em três conjugações: soas do discurso. Exemplos: caminhar é bom. (a caminhada é boa);
1ª conjugação – ar: amar, caçar, começar. É proibido fumar. (é proibido o fumo)
2ª conjugação – er: comer, derreter, beber.
3ª conjugação – ir: curtir, assumir, abrir. Gerúndio
O verbo pôr e seus derivados (repor, depor, dispor, compor, im-
por) pertencem a 2ª conjugação devido à sua origem latina poer. Caracteriza-se pela terminação -ndo. O verbo não se flexiona e
pode exercer o papel de advérbio e de adjetivo.
Pessoas: 1ª, 2ª e 3ª pessoa, em 2 situações: singular e plural.
1ª pessoa do singular – eu; ex.: eu viajo Exemplo: Ela estava trabalhando quando telefonaram.
2ª pessoa do singular – tu; ex.: tu viajas Particípio
3ª pessoa do singular – ele; ex.: ele viaja
1ª pessoa do plural – nós; ex.: nós viajamos Pode ser regular e irregular.
2ª pessoa do plural – vós; ex.: vós viajais Particípio regular: se caracteriza pela terminação -ado, -ido.
3ª pessoa do plural – eles; ex.: eles viajam
Exemplo: Eles tinham partido em uma aventura sem fim.
Tempos do Verbo
Particípio irregular: pode exercer o papel de adjetivo.
Presente: Ocorre no momento da fala. Ex.: trabalha
Pretérito: Ocorrido antes. Ex.: trabalhou Exemplo: Purê se faz com batata cozida.
Futuro: Ocorrido depois. Ex.: trabalhará

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LÍNGUA PORTUGUESA
Por apresentar mais que uma forma, o particípio é classifica-
do como verbo abundante. É importante lembrar que nem todos 8. ESTRUTURA MORFOSSINTÁTICA DO PERÍODO SIM-
os verbos apresentam duas formas de particípio: (aberto, coberto, PLES. 9. RELAÇÕES DE COORDENAÇÃO ENTRE ORA-
escrever). ÇÕES E ENTRE TERMOS DA ORAÇÃO. 10. RELAÇÕES DE
SUBORDINAÇÃO ENTRE ORAÇÕES E ENTRE TERMOS
Tempos Simples e Tempos Compostos DA ORAÇÃO.

Tempos simples: formados apenas pelo verbo principal. SINTAXE


Indicativo: A Sintaxe constitui seu foco de análise na sentença, ou seja,
Presente - canto, vendo, parto, etc. estuda a função dos vocábulos dentro de uma frase.
Pretérito perfeito - cantei, vendi, parti, etc. A Gramática Tradicional trabalha a Sintaxe sob a forma de “aná-
Pretérito imperfeito - cantava, vendia, partia, etc. lise sintática” que, consiste em classificar os vocábulos em sujeito,
Pretérito mais-que-perfeito - cantara, vendera, partira, etc. predicado ou outros “termos acessórios da oração” (adjunto adver-
Futuro do presente - cantarei, venderei, partirei, etc. bial, adnominal, aposto).
Futuro do pretérito - cantaria, venderia, partiria, etc.
Análise Sintática
Subjuntivo: apresenta o fato, a ação, mas de maneira incerta,
imprecisa, duvidosa ou eventual. Examina a estrutura do período, divide e classifica as orações
Presente - cante, venda, parta, etc. que o constituem e reconhece a função sintática dos termos de
Pretérito imperfeito - cantasse, vendesse, partisse, etc. cada oração.
Futuro - cantar, vender, partir.
Frase
Imperativo: Ao indicar ordem, conselho, pedido, o fato verbal
pode expressar negação ou afirmação. São, portanto, duas as for- A construção da fala é feita a partir da articulação de unidades
mas do imperativo: comunicativas. Essas unidades exprimem ideias, emoções, ordens,
- Imperativo Negativo (Formado pelo presente do subjuntivo): apelos, enfim, transmitem comunicação.São chamadas frases
Não abram a porta. Exemplos:
- Imperativo Afirmativo (Formado do presente do subjuntivo, Espantoso!
com exceção da 2ª pessoas do singular e do plural, que são retira- Aonde vai com tanta pressa?
das do presente do indicativo sem o “s”. Ex: Anda – Ande – Ande- “O bicho, meu Deus, era um homem.” (Manuel Bandeira)
mos – Andai – Andem: Abram a porta.
A frase pode ou não se organizar ao redor de um verbo. Na
Obs.: O imperativo não possui a 1ª pessoa do singular, pois não língua falada, a frase é caracterizada pela entonação.
se prevê a ordem, conselho ou pedido a si mesmo. Tipos de frases

Tempos compostos: Formados pelos auxiliares ter ou haver. A intencionalidade do discurso é manifestada através dos di-
Infinitivo: ferentes tipos de frases. Para tanto, os sinais de pontuação que as
Pretérito impessoal composto - ter falado, ter vendido, etc. acompanham auxiliam para expressar o sentido de cada uma delas.
Pretérito pessoal composto - ter (teres) falado, ter (teres) ven-
dido. Frases exclamativas: são empregadas quando o emissor quer
Gerúndio pretérito composto – tendo falado, tendo vendido. manifestar emoção. São sinalizadas com ponto de exclamação:

Indicativo: Puxa!
Pretérito perfeito composto - tenho cantado, tenho vendido, Até que enfim!
etc.
Pretérito mais-que-perfeito composto - tinha cantado, tinha Frases declarativas: representam a constatação de um fato pelo
vendido, etc. emissor. Levam ponto final e podem ser afirmativas ou negativas.
Futuro do presente composto - terei cantado, terei vendido,
etc. - Declarativas afirmativas:
Futuro do pretérito composto - teria cantado, teria vendido, Gosto de comida apimentada.
etc. As matrículas começam hoje.
- Declarativas negativas:
Não gosto de comida apimentada.
Subjuntivo:
As matrículas não começam hoje.
Pretérito perfeito composto - tenha cantado, tenha vendido,
etc.
Frases imperativas: são utilizadas para emissão de ordens,
Pretérito mais-que-perfeito composto - tivesse cantado, tivesse
conselhos e pedidos. Levam ponto final ou ponto de exclamação.
vendido, etc.
Futuro composto - tiver cantado, tiver vendido, etc.
- Imperativas afirmativas:
Vá por ali.
Siga-me!
- Imperativas negativas:
Não vá por ali.
Não me siga!

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LÍNGUA PORTUGUESA
Frases interrogativas: ocorrem quando o emissor faz uma per- - Expresso: está explícito, enunciado: Ela ligará para você.
gunta na mensagem. Podem ser diretas ou indiretas. - Oculto (elíptico): está implícito (não está expresso), mas se
As interrogativas diretas devem ser sinalizadas com ponto de deduz do contexto: Chegarei amanhã. (sujeito: eu, que se deduz da
interrogação, enquanto as interrogativas indiretas, ponto final. desinência do verbo);
- Agente: ação expressa pelo verbo da voz ativa: O Everest é
- Interrogativas diretas: quase invencível.
Escreveu o discurso? - Paciente: sofre ou recebe os efeitos da ação marcada pelo
O prazo terminou? verbo passivo: O prédio foi construído.
- Interrogativas indiretas: - Agente e Paciente: o sujeito realiza a ação expressa por um
Quero saber se o discurso está feito. verbo reflexivo e ele mesmo sofre ou recebe os efeitos dessa ação:
Precisava saber se o prazo terminou. João cortou-se com aquela faca.
- Indeterminado: não se indica o agente da ação verbal: Feriram
Frases optativas: expressam um desejo e são sinalizadas com aquele cachorro com uma pedra.
ponto de exclamação: - Sem Sujeito: enunciação pura de um fato, através do predica-
do. São formadas com os verbos impessoais, na 3ª pessoa do singu-
Que Deus te abençoe! lar: Choveu durante a noite.
Muita sorte para a nova etapa!
Predicado: segmento linguístico que estabelece concordância
Oração com outro termo essencial da oração, o sujeito, sendo este o termo
determinante (ou subordinado) e o predicado o termo determinado
É o enunciado que se organiza em torno de um verbo ou de (ou principal). Têm por características básicas: apresentar-se como
uma locução verbal. As orações podem ou não ter sentido comple- elemento determinado em relação ao sujeito; apontar um atributo
to. ou acrescentar nova informação ao sujeito.
As orações são a base para a construção dos períodos, e são
formadas por vários termos. Alguns termos estão presentes em to- Tipos de predicado:
das ou na maioria das orações. É o caso do sujeito e predicado. Ou-
tros termos não tão frequentes, ou têm um uso situacional, como - predicado nominal: seu núcleo é um nome, substantivo, adje-
os complementos e adjuntos. tivo, pronome, ligado ao sujeito por um verbo de ligação. O núcleo
do predicado nominal chama-se predicativo do sujeito, pois atribui
Exemplo: ao sujeito uma qualidade ou característica.
A mulher trancou toda a casa. - predicado verbal:seu núcleo é um verbo, seguido, ou não, de
A mulher – sujeito complemento(s) ou termos acessórios).
trancou toda a casa – predicado - predicado verbo-nominal: tem dois núcleos significativos: um
verbo e um nome
Amanheceu logo em seguida. (toda a oração é predicado)
Predicação verbal é o modo pelo qual o verbo forma o predi-
Sujeito é aquele ou aquilo de que(m) se fala. Já o predicado é cado.
a informação dada sobre o sujeito. Núcleo de um termo é a palavra Alguns verbos que, tem sentido completo, sendo apenas eles
principal (geralmente um substantivo, pronome ou verbo). o predicado. São denominados intransitivos. Exemplo: As folhas
caem.
Os termos da oração são divididos em três níveis: Outros, para fazerem parte do predicado precisam de outros
- Termos Essenciais da Oração: Sujeito e Predicado. termos: Chamados transitivos. Exemplos: José comprou o carro.
- Termos Integrantes da Oração: Complemento Nominal e (Sem os seus complementos, o verbo comprou, não transmitiria
Complementos Verbais (Objeto Direto, Objeto indireto e Agente da uma informação completa: comprou o quê?)
Passiva). Os verbos de predicação completa denominam-se intransitivos
- Termos Acessórios da Oração: Adjunto Adnominal, Adjunto e os de predicação incompleta, transitivos. Os verbos transitivos
Adverbial, Vocativo e Aposto. subdividem-se em: transitivos diretos, transitivos indiretos e tran-
sitivos diretos e indiretos (bitransitivos).
Termos Essenciais da Oração: sujeito e predicado. Além dos verbos transitivos e intransitivos, existem os verbos
de ligação que entram na formação do predicado nominal, relacio-
Sujeito: aquele que estabelece concordância com o núcleo do nando o predicativo com o sujeito.
predicado. Quando se trata de predicado verbal, o núcleo é sem-
pre um verbo; sendo um predicado nominal, o núcleo é sempre um - Transitivos Diretos: pedem um objeto direto, isto é, um com-
nome. Então têm por características básicas: plemento sem preposição. Exemplo: Comprei um terreno e cons-
- ter concordância com o núcleo do predicado; truí a loja.
- ser elemento determinante em relação ao predicado; - Transitivos Indiretos: pedem um complemento regido de pre-
- ser formado por um substantivo, ou pronome substantivo ou, posição, chamado objeto indireto. Exemplo: Não se perdoa ao polí-
uma palavra substantivada. tico que rouba aos montes.
- Transitivos Diretos e Indiretos: se usam com dois objetos: di-
Tipos de sujeito: reto e indireto, concomitantemente. Exemplo: Maria dava alimento
aos pobres.
- Simples: um só núcleo: O menino estudou. - de Ligação: ligam ao sujeito uma palavra ou expressão cha-
- Composto: mais de um núcleo: “O menino e a menina estu- mada predicativo. Esses verbos entram na formação do predicado
daram.” nominal. Exemplo: A Bahia é quente.

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LÍNGUA PORTUGUESA
Predicativo: Existe o predicativo do sujeito e o predicativo do O núcleo do aposto é um substantivo ou um pronome substan-
objeto. tivo: O aposto não pode ser formado por adjetivos. Os apostos, em
geral, destacam-se por pausas, indicadas, na escrita, por vírgulas,
Predicativo do Sujeito: termo que exprime um atributo, um es- dois pontos ou travessões.
tado ou modo de ser do sujeito, ao qual se prende por um verbo de Vocativo: termo usado para chamar ou interpelar a pessoa, o
ligação, no predicado nominal. Exemplos: A bandeira é o símbolo animal ou a coisa personificada a que nos dirigimos. Exemplo: Va-
da nação. mos à escola, meus filhos!
Predicativo do Objeto: termo que se refere ao objeto de um O vocativo não pertence à estrutura da oração, por isso não se
verbo transitivo. Exemplo: O juiz declarou o réu culpado. anexa ao sujeito nem ao predicado.

Termos Integrantes da Oração Período

São os termos que completam a significação transitiva dos ver- O período pode ser caracterizado pela presença de uma ou de
bos e nomes. Integram o sentido da oração, sendo assim indispen- mais orações, por isso, pode ser simples ou composto.
sável à compreensão do enunciado. São eles:
- Complemento Verbal (Objeto Direto e Objeto Indireto); Período Simples - apresenta apenas uma oração, a qual é cha-
- Complemento Nominal; mada de oração absoluta. Exemplo: Já chegamos.
- Agente da Passiva. Período Composto - apresenta duas ou mais orações. Exemplo:
Conversamos quando eu voltar. O número de orações depende do
Objeto Direto: complemento dos verbos de predicação incom- número de verbos presentes num enunciado.
pleta, não regido, normalmente, de preposição. Exemplo: As plan-
tas purificaram o ar. Classificação do Período Composto

Tem as seguintes características: Período Composto por Coordenação - as orações são indepen-
dentes entre si, ou seja, cada uma delas têm sentido completo.
- Completa a significação dos verbos transitivos diretos;
Exemplo: Entrou na loja e comprou vários sapatos.
- Geralmente, não vem regido de preposição;
Período Composto por Subordinação - as orações relacionam-
- Traduz o ser sobre o qual recai a ação expressa por um verbo
-se entre si.
ativo.
Exemplo: Espero terminar meu trabalho antes do meu patrão
- Torna-se sujeito da oração na voz passiva.
voltar de viagem.
Período Composto por Coordenação e Subordinação - há a
Objeto Indireto: complemento verbal regido de preposição
presença de orações coordenadas e subordinadas.
necessária e sem valor circunstancial. Representa, o ser a que se Exemplo: Enquanto eles falarem, nós vamos escutar.
destina ou se refere à ação verbal. É sempre regido de preposição,
expressa ou implícita. Orações Coordenadas
Complemento Nominal: termo complementar reclamado pela
significação transitiva, incompleta, de certos substantivos, adjetivos Podem ser sindéticas ou assindéticas, respectivamente, confor-
e advérbios. Vem sempre regido de preposição. Exemplo: Assistên- me são utilizadas ou não conjunções Exemplos: Ora fala, ora não
cia às aulas. fala. (oração coordenada sindética, marcada pelo uso da conjunção
“ora...ora”). As aulas começaram, os deveres começaram e a pre-
Agente da Passiva: complemento de um verbo na voz passiva. guiça deu lugar à determinação. (orações coordenadas assindéti-
Representa o ser que pratica a ação expressa pelo verbo passivo. cas: “As aulas começaram, os deveres começaram”, oração coorde-
Vem regido comumente pela preposição por, e menos frequente- nada sindética: “e a preguiça deu lugar à determinação”.)
mente pela preposição de.
As orações coordenadas sindéticas podem ser:
Termos Acessórios da Oração - Aditivas: quando as orações expressam soma. Exemplo: Gosto
de salgado, mas também gosto de doce.
São os que desempenham na oração uma função secundária, - Adversativas: quando as orações expressam adversidade.
qual seja a de caracterizar um ser, determinar os substantivos, ex- Exemplo: Gostava do moço, porém não queria se casar.
primir alguma circunstância. São eles: - Alternativas: quando as orações expressam alternativa. Exem-
plo: Fica ele ou fico eu.
Adjunto adnominal: termo que caracteriza ou determina os - Conclusivas: quando as orações expressam conclusão. Exem-
substantivos. Pode ser expresso: Pelos adjetivos: animal feroz; Pe- plo: Estão de acordo, então vamos.
los artigos: o mundo; Pelos pronomes adjetivos: muitos países. - Explicativas: quando as orações expressam explicação. Exem-
plo: Fizemos a tarefa hoje porque tivemos tempo.
Adjunto adverbial:termo que exprime uma circunstância (de
tempo, lugar, modo, etc.) ou, em outras palavras, que modifica o Orações Subordinadas
sentido de um verbo, adjetivo ou advérbio. É expresso: Pelos ad-
vérbios: Cheguei cedo; Pelas locuções ou expressões adverbiais: Saí As orações subordinadas podem ser substantivas, adjetivas ou
com meu pai. adverbiais, conforme a sua função.
- Substantivas: quando as orações têm função de substantivo.
Aposto: palavra ou expressão que explica ou esclarece, desen- Exemplo: Espero que eles consigam.
volve ou resume outro termo da oração. Exemplos:David, que foi - Adjetivas: quando as orações têm função de adjetivo. Exem-
um excelente aluno, passou no vestibular. plo: Os concorrentes que se preparam mais têm um desempenho
melhor.

19
LÍNGUA PORTUGUESA
- Adverbiais: quando as orações têm função de advérbio. Exem- d) A oração principal é aquela rege a oração subordinada, não
plo: À medida que crescem, aumentam os gastos. sendo possível seu entendimento sem o complemento.

QUESTÕES 03. EMSERH – Auxiliar Operacional de Serviços Gerais – 2017


– FUNCAB
01. Pref. De Caucaia/CE – Agente de Suporte e Fiscalização –
2016 - CETREDE A carta de amor

Dos rituais No momento em que Malvina ia por a frigideira no fogo, entrou


a cozinheira com um envelope na mão. Isso bastou para que ela
No primeiro contato com os selvagens, que medo nos dá de se tornasse nervosa. Seu coração pôs-se a bater precipitadamente
infringir os rituais, de violar um tabu! e seu rosto se afogueou. Abriu-o com gesto decisivo e extraiu um
É todo um meticuloso cerimonial, cuja infração eles não nos papel verde-mar, sobre o qual se liam, em caracteres energéticos,
perdoam. masculinos, estas palavras: “Você será amada...”.
Eu estava falando nos selvagens? Mas com os civilizados é o Malvina empalideceu, apesar de já conhecer o conteúdo dessa
mesmo. Ou pior até. carta verde-mar, que recebia todos os dias, havia já uma semana.
Quando você estiver metido entre grã-finos, é preciso ter mui- Malvina estava apaixonada por um ente invisível, por um papel ver-
to, muito cuidado: eles são tão primitivos! de-mar, por três palavras e três pontos de reticências: “Você será
Mário Quintana amada...”. Há uma semana que vivia como ébria.
Em relação à oração “eles são tão primitivos!”, assinale o item Olhava para a rua e qualquer olhar de homem que se cruzasse
INCORRETO. com o seu, lhe fazia palpitar tumultuosamente o coração. Se o te-
a) Refere-se a grã-finos. lefone tilintava, seu pensamento corria célere: talvez fosse “ele”. Se
b) O sujeito é indeterminado. não conhecesse a causa desse transtorno, por certo Malvina já teria
c) O predicado é nominal. ido consultar um médico de doenças nervosas. Mandara examinar
d) Tem verbo de ligação por um grafólogo a letra dessa carta. Fora em todas as papelarias
e) Apresenta predicativo do sujeito.
à procura desse papel verde-mar e, inconscientemente, fora até o
correio ver se descobria o remetente no ato de atirar o envelope
02. CISMEPAR/PR – Advogado – 2016 - FAUEL
na caixa.
Tudo em vão. Quem escrevia conseguia manter-se incógnito.
O assassino era o escriba
Malvina teria feito tudo quanto ele quisesse. Nenhum empecilho
Paulo Leminsky
para com o desconhecido. Mas para que ela pudesse realizar o seu
sonho, era preciso que ele se tornasse homem de carne e osso.
Meu professor de análise sintática era o tipo do
sujeito inexistente. Malvina imaginava-o alto, moreno, com grandes olhos negros, forte
Um pleonasmo, o principal predicado da sua vida, e espadaúdo.
regular como um paradigma da 1ª conjugação. O seu cérebro trabalhava: seria ele casado? Não, não o era. Se-
Entre uma oração subordinada e um adjunto ria pobre? Não podia ser. Seria um grande industrial? Quem sabe?
adverbial, As cartas de amor, verde-mar, haviam surgido na vida de Malvi-
ele não tinha dúvidas: sempre achava um jeito na como o dilúvio, transformando-lhe o cérebro.
assindético de nos torturar com um aposto. Afinal, no décimo dia, chegou a explicação do enigma. Foi uma
Casou com uma regência. coisa tão dramática, tão original, tão crível, que Malvina não teve
Foi infeliz. nem um ataque de histerismo, nem uma crise de cólera. Ficou ape-
Era possessivo como um pronome. nas petrificada.
E ela era bitransitiva. “Você será amada... se usar, pela manhã, o creme de beleza Lua
Tentou ir para os EUA. Cheia. O creme Lua Cheia é vendido em todas as farmácias e droga-
Não deu. rias. Ninguém resistirá a você, se usar o creme Lua Cheia.
Acharam um artigo indefinido em sua bagagem. Era o que continha o papel verde-mar, escrito em enérgicos ca-
A interjeição do bigode declinava partículas racteres masculinos.
expletivas, Ao voltar a si, Malvina arrastou-se até o telefone:
conectivos e agentes da passiva, o tempo todo. -Alô! É Jorge quem está falando? Já pensei e resolvi casar-me
Um dia, matei-o com um objeto direto na cabeça. com você. Sim, Jorge, amo-o! Ora, que pergunta! Pode vir.
A voz de Jorge estava rouca de felicidade!
Na frase “Entre uma oração subordinada e um adjunto adver- E nunca soube a que devia tanta sorte!
bial”, o autor faz referência à oração subordinada. Assinale a alter- André Sinoldi
nativa que NÃO corresponde corretamente à compreensão da rela-
ção entre orações: Se a oração escrita na carta estivesse completa, como em
a) Oração subordinada é o nome que se dá ao tipo de oração “Você será amada POR MIM”, o termo destacado funcionaria como:
que é indispensável para a compreensão da oração principal. a) complemento nominal.
b) Diferentemente da coordenada, a oração subordinada é a b) objeto direto.
que complementa o sentido da oração principal, não sendo possível c) agente da passiva.
compreender individualmente nenhuma das orações, pois há uma d) objeto indireto.
relação de dependência do sentido. e) adjunto nominal.
c) Subordinação refere-se a “estar ordenado sob”, sendo indi-
ferente a classificação de uma oração coordenada ou subordinada,
pois as duas têm a mesma validade.

20
LÍNGUA PORTUGUESA
04. EMSERH – Enfermeiro – 2017 – FUNCAB Os pais lhes queriam fechar o sonho, sua pequena e infinita
Assinale a alternativa correspondente ao período onde há pre- alma. Surgiu o mando: a rua vos está proibida, vocês não saem
dicativo do sujeito: mais. Correram-se as cortinas, as casas fecharam suas pálpebras.
COUTO, Mia. Cada homem é uma raça: contos/ Mia Couto - 1ª
O embondeiro que sonhava pássaros ed. - São Paulo: Companhia das Letras, 2013. p.63 - 71. (Fragmento).

Esse homem sempre vai ficar de sombra: nenhuma memória Sobre os elementos destacados do fragmento “Em verdade,
será bastante para lhe salvar do escuro. Em verdade, seu astro não seu astro não era o Sol. Nem seu país não era a vida.”, leia as afir-
era o Sol. Nem seu país não era a vida. Talvez, por razão disso, ele mativas.
habitasse com cautela de um estranho. O vendedor de pássaros não I. A expressão EM VERDADE pode ser substituída, sem altera-
tinha sequer o abrigo de um nome. Chamavam-lhe o passarinheiro. ção de sentido por COM EFEITO.
Todas manhãs ele passava nos bairros dos brancos carregando II. ERA O SOL formam o predicado verbal da primeira oração.
suas enormes gaiolas. Ele mesmo fabricava aquelas jaulas, de tão III. NEM, no contexto, é uma conjunção coordenativa.
leve material que nem pareciam servir de prisão. Parecia eram gaio-
las aladas, voláteis. Dentro delas, os pássaros esvoavam suas cores Está correto apenas o que se afirma em:
repentinas. À volta do vendedeiro, era uma nuvem de pios, tantos a) I e III.
que faziam mexer as janelas: b) III.
- Mãe, olha o homem dos passarinheiros! c) I e II.
E os meninos inundavam as ruas. As alegrias se intercambia- d) I.
vam: a gritaria das aves e o chilreio das crianças. O homem puxava e) II e III.
de uma muska e harmonicava sonâmbulas melodias. O mundo in-
teiro se fabulava. 05.TRE/RR -Técnico Judiciário - Operação de Computadores –
Por trás das cortinas, os colonos reprovavam aqueles abusos. 2015 - FCC
Ensinavam suspeitas aos seus pequenos filhos - aquele preto quem É indiscutível que no mundo contemporâneo o ambiente do
futebol é dos mais intensos do ponto de vista psicológico. Nos está-
era? Alguém conhecia recomendações dele? Quem autorizara
dios a concentração é total. Vive-se ali situação de incessante dialé-
aqueles pés descalços a sujarem o bairro? Não, não e não. O negro
tica entre o metafórico e o literal, entre o lúdico e o real. O que varia
que voltasse ao seu devido lugar. Contudo, os pássaros tão encan-
conforme o indivíduo considerado é a passagem de uma condição
tantes que são - insistiam os meninos. Os pais se agravavam: estava
a outra. Passagem rápida no caso do torcedor, cuja regressão psí-
dito.
quica do lúdico dura algumas horas e funciona como escape para as
Mas aquela ordem pouco seria desempenhada.[...]
pressões do cotidiano. Passagem lenta no caso do futebolista pro-
O homem então se decidia a sair, juntar as suas raivas com os
fissional, que vive quinze ou vinte anos em ambiente de fantasia,
demais colonos. No clube, eles todos se aclamavam: era preciso que geralmente torna difícil a inserção na realidade global quando
acabar com as visitas do passarinheiro. Que a medida não podia ser termina a carreira. A solução para muitos é a reconversão em téc-
de morte matada, nem coisa que ofendesse a vista das senhoras e nico, que os mantém sob holofote. Lothar Matthäus, por exemplo,
seus filhos. ___6___ remédio, enfim, se haveria de pensar. recordista de partidas em Copas do Mundo, com a seleção alemã,
No dia seguinte, o vendedor repetiu a sua alegre invasão. Afi- Ballon d’Or de 1990, tornou-se técnico porque “na verdade, para
nal, os colonos ainda que hesitaram: aquele negro trazia aves de mim, o futebol é mais importante do que a família”. [...]
belezas jamais vistas. Ninguém podia resistir às suas cores, seus Sendo esporte coletivo, o futebol tem implicações e significa-
chilreios. Nem aquilo parecia coisa deste verídico mundo. O vende- ções psicológicas coletivas, porém calcadas, pelo menos em parte,
dor se anonimava, em humilde desaparecimento de si: nas individualidades que o compõem. O jogo é coletivo, como a
- Esses são pássaros muito excelentes, desses com as asas to- vida social, porém num e noutra a atuação de um só indivíduo pode
das de fora. repercutir sobre o todo. Como em qualquer sociedade, na do fute-
Os portugueses se interrogavam: onde desencantava ele tão bol vive-se o tempo inteiro em equilíbrio precário entre o indivíduo
maravilhosas criaturas? onde, se eles tinham já desbravado os mais e o grupo. O jogador busca o sucesso pessoal, para o qual depende
extensos matos? em grande parte dos companheiros; há um sentimento de equipe,
O vendedor se segredava, respondendo um riso. Os senhores que depende das qualidades pessoais de seus membros. O torcedor
receavam as suas próprias suspeições - teria aquele negro direito a lúcido busca o prazer do jogo preservando sua individualidade; to-
ingressar num mundo onde eles careciam de acesso? Mas logo se davia, a própria condição de torcedor acaba por diluí-lo na massa.
aprontavam a diminuir-lhe os méritos: o tipo dormia nas árvores, (JÚNIOR, Hilário Franco. A dança dos deuses: futebol, cultura,
em plena passarada. Eles se igualam aos bichos silvestres, conclu- sociedade.São Paulo: Companhia das letras, 2007, p. 303-304, com
íam. adaptações)
Fosse por desdenho dos grandes ou por glória dos pequenos,
a verdade é que, aos pouco-poucos, o passarinheiro foi virando as- *Ballon d’Or 1990 - prêmio de melhor jogador do ano
sunto no bairro do cimento. Sua presença foi enchendo durações,
insuspeitos vazios. Conforme dele se comprava, as casas mais se O jogador busca o sucesso pessoal ...
repletavam de doces cantos. Aquela música se estranhava nos mo-
radores, mostrando que aquele bairro não pertencia àquela terra. A mesma relação sintática entre verbo e complemento, subli-
Afinal, os pássaros desautenticavam os residentes, estrangeiran- nhados acima, está em:
do-lhes? [...] O comerciante devia saber que seus passos descalços a) É indiscutível que no mundo contemporâneo...
não cabiam naquelas ruas. Os brancos se inquietavam com aquela b) ... o futebol tem implicações e significações psicológicas co-
desobediência, acusando o tempo. [...] letivas ...
As crianças emigravam de sua condição, desdobrando-se em c) ... e funciona como escape para as pressões do cotidiano.
outras felizes existências. E todos se familiavam, parentes aparen- d) A solução para muitos é a reconversão em técnico ...
tes. [...] e) ... que depende das qualidades pessoais de seus membros.

21
LÍNGUA PORTUGUESA
06. MPE/PB -Técnico ministerial - diligências e apoio adminis- pela mesma razão, é um “depósito de despojos”. Por um lado, o
trativo – 2015 - FCC museu facilita o acesso das obras a um status estético que as exalta.
Por outro, as reduz a um destino igualmente estético, mas, desta
O Tejo é mais belo que o rio que corre pela minha aldeia, vez, concebido como um estado letárgico.
Mas o Tejo não é mais belo que o rio que corre pela minha A colocação em museu foi descrita e denunciada frequente-
aldeia mente como uma desvitalização do simbólico, e a musealização
Porque o Tejo não é o rio que corre pela minha aldeia. progressiva dos objetos de uso como outros tantos escândalos
sucessivos. Ainda seria preciso perguntar sobre a razão do “es-
O Tejo tem grandes navios cândalo”. Para que haja escândalo, é necessário que tenha havido
E navega nele ainda, atentado ao sagrado. Diante de cada crítica escandalizada dirigida
Para aqueles que veem em tudo o que lá não está, ao museu, seria interessante desvendar que valor foi previamente
A memória das naus. sacralizado. A Religião? A Arte? A singularidade absoluta da obra? A
Revolta? A Vida autêntica? A integridade do Contexto original? Es-
O Tejo desce de Espanha tranha inversão de perspectiva. Porque, simultaneamente, a crítica
E o Tejo entra no mar em Portugal mais comum contra o museu apresenta-o como sendo, ele próprio,
Toda a gente sabe isso. um órgão de sacralização. O museu, por retirar as obras de sua ori-
Mas poucos sabem qual é o rio da minha aldeia gem, é realmente “o lugar simbólico onde o trabalho de abstração
E para onde ele vai assume seu caráter mais violento e mais ultrajante”. Porém, esse
E donde ele vem trabalho de abstração e esse efeito de alienação operam em toda
E por isso, porque pertence a menos gente, parte. É a ação do tempo, conjugada com nossa ilusão da presença
É mais livre e maior o rio da minha aldeia. mantida e da arte conservada.
(Adaptado de: GALARD, Jean. Beleza Exorbitante. São Paulo,
Pelo Tejo vai-se para o Mundo Fap.-Unifesp, 2012, p. 68-71)
Para além do Tejo há a América
E a fortuna daqueles que a encontram Na frase Diante de cada crítica escandalizada dirigida ao mu-
Ninguém nunca pensou no que há para além seu, seria interessante desvendar que valor foi previamente sacrali-
Do rio da minha aldeia. zado (3°parágrafo), a oração sublinhada complementa o sentido de
a) um substantivo, e pode ser considerada como interrogativa
O rio da minha aldeia não faz pensar em nada. indireta.
Quem está ao pé dele está só ao pé dele. b) um verbo, e pode ser considerada como interrogativa direta.
(Alberto Caeiro) c) um verbo, e pode ser considerada como interrogativa indi-
reta.
E o Tejo entra no mar em Portugal d) um substantivo, e pode ser considerada como interrogativa
direta.
O elemento que exerce a mesma função sintática que o subli- e) um advérbio, e pode ser considerada como interrogativa in-
nhado acima encontra-se em direta.
a) a fortuna. (4a estrofe)
b) A memória das naus. (2a estrofe) 08.ANAC – Analista Administrativo – 2016 – ESAF
c) grandes navios. (2a estrofe) Assinale a opção que apresenta explicação correta para a inser-
d) menos gente. (3a estrofe) ção de “que é” antes do segmento grifado no texto.
e) a América. (4a estrofe) A Secretaria de Aviação Civil da Presidência da República divul-
gou recentemente a pesquisa O Brasil que voa – Perfil dos Passagei-
07. TRF – 3ª Região – Analista Judiciário – Área Administrativa ros, Aeroportos e Rotas do Brasil, o mais completo levantamento
– 2016 – FCC sobre transporte aéreo de passageiros do País. Mais de 150 mil pas-
O museu é considerado um instrumento de neutralização – e sageiros, ouvidos durante 2014 nos 65 aeroportos responsáveis por
talvez o seja de fato. Os objetos que nele se encontram reunidos 98% da movimentação aérea do País, revelaram um perfil inédito
trazem o testemunho de disputas sociais, de conflitos políticos e do setor.
religiosos. Muitas obras antigas celebram vitórias militares e con- <http://www.anac.gov.br/Noticia.aspx?ttCD_CHAVE=1957&sl-
quistas: a maior parte presta homenagem às potências dominantes, CD_ ORIGEM=29>. Acesso em: 13/12/2015 (com adaptações).
suas financiadoras. As obras modernas são, mais genericamente,
animadas pelo espírito crítico: elas protestam contra os fatos da a) Prejudica a correção gramatical do período, pois provoca
realidade, os poderes, o estado das coisas. O museu reúne todas truncamento sintático.
essas manifestações de sentido oposto. Expõe tudo junto em nome b) Transforma o aposto em oração subordinada adjetiva expli-
de um valor que se presume partilhado por elas: a qualidade ar- cativa.
tística. Suas diferenças funcionais, suas divergências políticas são c) Altera a oração subordinada explicativa para oração restri-
apagadas. A violência de que participavam, ou que combatiam, é tiva.
esquecida. O museu parece assim desempenhar um papel de paci- d) Transforma o segmento grifado em oração principal do pe-
ficação social. A guerra das imagens extingue-se na pacificação dos ríodo.
museus. e) Corrige erro de estrutura sintática inserido no período.
Todos os objetos reunidos ali têm como princípio o fato de te-
rem sido retirados de seu contexto. Desde então, dois pontos de vis-
ta concorrentes são possíveis. De acordo com o primeiro, o museu
é por excelência o lugar de advento da Arte enquanto tal, separada
de seus pretextos, libertada de suas sujeições. Para o segundo, e

22
LÍNGUA PORTUGUESA
RESPOSTAS Ponto-e-Vírgula ( ; )
Usamos para:
01 B - separar os itens de uma lei, de um decreto, de uma petição,
de uma sequência, etc.:
02 C Art. 217. É dever do Estado fomentar práticas desportivas for-
03 C mais e não formais, como direito de cada um, observados:
I -a autonomia das entidades desportivas dirigentes e associa-
04 A
ções, quanto a sua organização e funcionamento;
05 B II -a destinação de recursos públicos para a promoção priori-
06 B tária do desporto educacional e, em casos específicos, para a do
desporto de alto rendimento;
07 C III -o tratamento diferenciado para o desporto profissional e o
08 B não profissional;
IV -a proteção e o incentivo às manifestações desportivas de
criação nacional.
- separar orações coordenadas muito extensas ou orações co-
11. EMPREGO DOS SINAIS DE PONTUAÇÃO. ordenadas nas quais já tenham sido utilizado a vírgula.

PONTUAÇÃO Dois-Pontos ( : )
Usamos para:
Pontuação são sinais gráficos empregados na língua escrita - iniciar a fala dos personagens: O pai disse: Conte-me a verda-
para demonstrar recursos específicos da língua falada, como: ento- de, meu filho.
nação, silêncio, pausas, etc. Tais sinais têm papéis variados no texto - antes de apostos ou orações apositivas, enumerações ou
escrito e, se utilizados corretamente, facilitam a compreensão e en- sequência de palavras que explicam, resumem ideias anteriores:
tendimento do texto. Comprei alguns itens: arroz, feijão e carne.
- antes de citação: Como dizia minha mãe: “Você não é todo
Ponto ( . ) mundo.”
Usamos para:
- indicar o final de uma frase declarativa: não irei ao shopping Ponto de Interrogação ( ? )
hoje. Usamos para:
- separar períodos entre si: Fecha a porta. Abre a janela. - perguntas diretas: Onde você mora?
- abreviaturas: Av.; V. Ex.ª - em alguns casos, junto com o ponto de exclamação: Quem
você ama? Você. Eu?!
Vírgula ( , )
Usamos para: Ponto de Exclamação ( ! )
- marcar pausa do enunciado a fim de indicar que os termos Usamos:
separados, apesar de serem da mesma frase ou oração, não for- - Após vocativo: Volte, João!
mam uma unidade sintática: Maria, sempre muito simpática, ace- - Após imperativo: Aprenda!
nou para seus amigos. - Após interjeição: Psiu! Eba!
- Após palavras ou frases que tenham caráter emocional: Poxa!
Não se separam por vírgula:
- predicado de sujeito; Reticências ( ... )
- objeto de verbo; Usamos para:
- adjunto adnominal de nome; - indicar dúvidas ou hesitação do falante: Olha...não sei se
- complemento nominal de nome; devo... melhor não falar.
- predicativo do objeto; - interrupção de uma frase deixada gramaticalmente incomple-
- oração principal da subordinada substantiva (desde que esta ta: Você queria muito este jogo novo? Bom, não sei se você mere-
não seja apositiva nem apareça na ordem inversa). ce...
- indicar supressão de palavra(s) numa frase transcrita: Quando
A vírgula também é utilizada para: ela começou a falar, não parou mais... terminou uma hora depois.
- separar o vocativo: João, conte a novidade.
- separar alguns apostos: Célia, muito prendada, preparou a Aspas ( “” )
refeição. Usamos para:
- separar o adjunto adverbial antecipado ou intercalado: Algu- - isolar palavras ou expressões que fogem à norma culta: gírias,
mas pessoas, muitas vezes, são falsas. estrangeirismos, palavrões, neologismos, arcaísmos e expressões
- separar elementos de uma enumeração: Vendem-se pães, populares.
tortas e sonho. - indicar uma citação textual.
- separar conjunções intercaladas: Mário, entretanto, nunca
mais deu notícias. Parênteses ( () )
- isolar o nome de lugar na indicação de datas: Londrina, 25 de Usamos para:
Setembro de 2017. - isolar palavras, frases intercaladas de caráter explicativo e da-
- marcar a omissão de um termo (normalmente o verbo): Ele tas: No dia do seu nascimento (08/08/984) foi o dia mais quente
prefere dormir, eu me exercitar. (omissão do verbo preferir) do ano.
- podem substituir a vírgula ou o travessão.

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LÍNGUA PORTUGUESA
Travessão (__ ) Tudo isto para brilhar um instante, apenas, para ser lançado ao
Usamos para: vento, - por fidelidade à obscura semente, ao que vem, na rotação
- dar início à fala de um personagem: Filó perguntou: __Maria, da eternidade. Saudemos a primavera, dona da vida - e efêmera.
como faz esse doce? (MEIRELES, Cecília. “Cecília Meireles - Obra em Prosa?
- indicar mudança do interlocutor nos diálogos. __Mãe, você Vol. 1. Nova Fronteira: Rio de Janeiro, 1998, p. 366.)
me busca? __Não se preocupe, chegarei logo.
- Também pode ser usado em substituição à virgula, em ex- “...e os habitantes da mata, essas criaturas naturais que ainda
pressões ou frases explicativas: Pelé – o rei do futebol – está muito circulam pelo ar e pelo chão, começam a preparar sua vida para a
doente. primavera que chega” (1º §)

Colchetes ( [] ) No fragmento acima, as vírgulas foram empregadas para:


Usamos para: A) marcar termo adverbial intercalado.
- linguagem científica. B) isolar oração adjetiva explicativa.
C) enfatizar o termo sujeito em relação ao predicado.
Asterisco ( * ) D) separar termo em função de aposto.
Usamos para:
- chamar a atenção do leitor para alguma nota (observação). 02. PC – CE - Escrivão da Policia Civil de 1ª classe – 2015 – VU-
NESP
QUESTÕES Assinale a alternativa correta quanto ao uso da vírgula, consi-
derando-se a norma-padrão da língua portuguesa.
01. CLIN – Auxiliar de Enfermagem do Trabalho – 2015 - CO- A) Os amigos, apesar de terem esquecido de nos avisar, que
SEAC demoraria tanto, informaram-nos de que a gravidez, era algo de-
morado.
Primavera B) Os amigos, apesar de terem esquecido de nos avisar que
demoraria tanto, informaram-nos de que a gravidez era algo demo-
A primavera chegará, mesmo que ninguém mais saiba seu nome, rado
nem acredite no calendário, nem possua jardim para recebê-la. A C) Os amigos, apesar de terem esquecido, de nos avisar que
inclinação do sol vai marcando outras sombras; e os habitantes da demoraria tanto, informaram-nos de que a gravidez era algo demo-
mata, essas criaturas naturais que ainda circulam pelo ar e pelo chão, rado.
começam a preparar sua vida para a primavera que chega. D) Os amigos apesar de terem esquecido de nos avisar que,
Finos clarins que não ouvimos devem soar por dentro da terra, demoraria tanto, informaram-nos, de que a gravidez era algo de-
nesse mundo confidencial das raízes, - e arautos sutis acordarão as morado.
cores e os perfumes e a alegria de nascer, no espírito das flores. E) Os amigos, apesar de, terem esquecido de nos avisar que
Há bosques de rododendros que eram verdes e já estão todos demoraria tanto, informaram-nos de que a gravidez, era algo de-
cor-de-rosa, como os palácios de Jaipur. Vozes novas de passarinhos morado.
começam a ensaiar as árias tradicionais de sua nação. Pequenas
borboletas brancas e amarelas apressam-se pelos ares, - e certa- 03. IPC - ES - Procurador Previdenciário I 2018 - IDECAN
mente conversam: mas tão baixinho que não se entende.
Oh! Primaveras distantes, depois do branco e deserto inverno,
quando as amendoeiras inauguram suas flores, alegremente, e to-
dos os olhos procuram pelo céu o primeiro raio de sol.
Esta é uma primavera diferente, com as matas intactas, as árvo-
res cobertas de folhas, - e só os poetas, entre os humanos, sabem
que uma Deusa chega, coroada de flores, com vestidos bordados
de flores, com os braços carregados de flores, e vem dançar neste
mundo cálido, de incessante luz.
Mas é certo que a primavera chega. É certo que a vida não se
esquece, e a terra maternalmente se enfeita para as festas da sua
perpetuação.
Algum dia, talvez, nada mais vai ser assim. Algum dia, talvez,
os homens terão a primavera que desejarem, no momento em que
quiserem, independentes deste ritmo, desta ordem, deste mo-
vimento do céu. E os pássaros serão outros, com outros cantos e
outros hábitos, - e os ouvidos que por acaso os ouvirem não terão
nada mais com tudo aquilo que, outrora, se entendeu e amou.
Enquanto há primavera, esta primavera natural, prestemos
atenção ao sussurro dos passarinhos novos, que dão beijinhos para
o ar azul. Escutemos estas vozes que andam nas árvores, caminhe-
mos por estas estradas que ainda conservam seus sentimentos an-
tigos: lentamente estão sendo tecidos os manacás roxos e brancos;
e a eufórbia se vai tornando pulquérrima, em cada coroa vermelha Em “Júnior, hoje jantaremos fora!”, a presença da vírgula é obri-
que desdobra. Os casulos brancos das gardênias ainda estão sen- gatória porque serve para:
do enrolados em redor do perfume. E flores agrestes acordam com A) Isolar o vocativo.
suas roupas de chita multicor. B) Isolar o adjunto adverbial deslocado.

24
LÍNGUA PORTUGUESA
C) Separar orações coordenadas. Amava suco gelado e doce.
D) Intercalar expressões explicativas.
Substantivos e um adjetivo: Quando há mais do que um subs-
04. - IF-MT - Direito – 2018 - IF-MT tantivo e apenas um adjetivo, há duas formas de concordar:
O uso adequado da pontuação é fundamental para o bom en-
tendimento do texto. Nos casos abaixo, a vírgula está usada de for- - Quando o adjetivo vem antes dos substantivos, o adjetivo
ma inadequada em: deve concordar com o substantivo mais próximo.
A) Todos os cidadãos brasileiros, são iguais perante a lei, con-
forme a Constituição Federal. Lindo pai e filho.
B) Além disso, à noite, fazer caminhada até a minha casa é in-
seguro. - Quando o adjetivo vem depois dos substantivos, o adjetivo
C) Agora, em relação à tecnologia, os jovens dispõem de uma deve concordar com o substantivo mais próximo ou também com
série de comodidades, salientou o pesquisador. todos os substantivos.
D) “Eu sei, mas não devia” (Marina Colasanti).
E) Ainda havia muito a se deliberar, todavia, considerando o Comida e bebida perfeita.
horário avançado, a reunião foi encerrada. Comida e bebida perfeitas.

05. EMATERCE - Agente de ATER - Ciências Contábeis – 2018 - Palavras adverbiais x palavras adjetivas: há palavras que
– CETREDE têm função de advérbio, mas às vezes de adjetivo.
Analise as duas frases a seguir em relação à ambiguidade. Quando advérbio, são invariáveis: Há bastante comida.
I. Karla comeu um doce e sua irmã também. Quando adjetivo, concordam com o nome a que se referem: Há
II. Mataram a vaca da sua tia. bastantes motivos para não gostar dele.
Fazem parte desta classificação: pouco, muito, bastante, bara-
Marque a opção CORRETA. to, caro, meio, longe, etc.
A) O problema da frase I pode ser corrigido com uma vírgula. - Expressões “anexo” e “obrigado”: tratam-se de palavras adje-
B) As duas frases podem ser corrigidas com o uso de pronome. tivas, e devem concordar com o nome a que se referem.
C) Ao colocarmos apenas um verbo, corrigiremos a frase II.
D) Apenas a frase I apresenta problema de ambiguidade. Seguem anexas as avaliações.
E) Uma preposição resolveria o problema da frase II. Seguem anexos os conteúdos.
Muito obrigado, disse ele.
RESPOSTAS Muito obrigada, disse ela.

01 D Sob a mesma regra, temos palavras como: incluso, quite, leso,


mesmo e próprio.
02 B
03 A Concordância Verbal
04 A
A concordância verbal ocorre quando o verbo de flexiona para
05 A concordar com o sujeito gramatical. Essa flexão verbal é feita em
número (singular ou plural) e em pessoa (1.ª, 2.ª ou 3.ª pessoa).

Sujeito composto antes do verbo: O sujeito é composto e vem


12. CONCORDÂNCIA VERBAL E NOMINAL. antes do verbo que deve estar sempre no plural.

João e Paulo conversaram pelo telefone.


CONCORDÂNCIA NOMINAL VERBAL
Sujeito composto depois do verbo: O sujeito composto vem
Segundo Mattoso câmara Jr., dá-se o nome de concordância à depois do verbo, tanto pode ficar no plural como pode concordar
circunstância de um adjetivo variar em gênero e número de acordo com o sujeito mais próximo.
com o substantivo a que se refere (concordância nominal) e à de um Brincaram Pedro e Vítor.
verbo variar em número e pessoa de acordo com o seu sujeito (con- Brincou Pedro e Vítor.
cordância verbal). Entretanto, há casos em que existem dúvidas.
Sujeito formado por pessoas gramaticais diferentes: O sujei-
Concordância Nominal to é composto, mas as pessoas gramaticais são diferentes. O verbo
também deve ficar no plural e concordará com a pessoa que, a nível
O adjetivo e palavras adjetivas (artigo, numeral, pronome ad- gramatical, tem prioridade.
jetivo) concordam em gênero e número com o nome a que se re- 1.ª pessoa (eu, nós) tem prioridade em relação à 2.ª (tu, vós) e
ferem. a 2.ª tem prioridade em relação à 3.ª (ele, eles).

Adjetivos e um substantivo: Quando houver mais de um ad- Nós, vós e eles vamos à igreja.
jetivo para um substantivo, os adjetivos concordam em gênero e
número com o substantivo.

25
LÍNGUA PORTUGUESA
Casos específicos de concordância verbal - Concordância verbal com um dos que: o verbo fica sempre na
3.ª pessoa do plural:
- Concordância verbal com verbos impessoais: como não apre-
sentam sujeito, são conjugados sempre na 3.ª pessoa do singular: Um dos que foram…
Faz cinco anos que eu te conheci. (verbo fazer indicando tempo Um dos que podem…
decorrido)
QUESTÕES
- Concordância verbal com a partícula apassivadora se: o obje-
to direto assume a função de sujeito paciente, e o verbo estabelece 01. Pref. de Nova Veneza/SC – Psicólogo – 2016 - FAEPESUL
concordância em número com o objeto direto: A alternativa que está coerente com as regras da concordância
nominal é:
Vende-se ovo. A) Ternos marrons-claros.
Vendem-se ovos. B) Tratados lusos-brasileiros.
C) Aulas teórico-práticas.
- Concordância verbal com a partícula de indeterminação do D) Sapatos azul-marinhos.
sujeito se: Quando atua como indeterminadora do sujeito, o verbo E) Camisas verdes-escuras.
fica sempre conjugado na 3.ª pessoa do singular:
Precisa-se de vendedor. 02. SAAEB – Engenheiro de Segurança do Trabalho – 2016 -
Precisa-se de vendedores. FAFIPA
Indique a alternativa que NÃO apresenta erro de concordância
- Concordância verbal com a maioria, a maior parte, a meta- nominal.
de,...: o verbo fica conjugado na 3.ª pessoa do singular. Porém, já se A) O acontecimento derrubou a bolsa brasileira, argentina e a
considera aceitável o uso da 3.ª pessoa do plural: espanhola.
B) Naquele lugar ainda vivia uma pseuda-aristocracia.
A maioria dos meninos vai… C) Como não tinham outra companhia, os irmãos viajaram só.
A maior parte dos meninos vai… D) Simpáticos malabaristas e dançarinos animavam a festa.
A maioria dos meninos vão…
A maior parte dos meninos vão… 03. CISMEPAR/PR – Advogado – 2016 - FAUEL
A respeito de concordância verbal e nominal, assinale a alter-
- Concordância verbal com pronome relativo que: o verbo con- nativa cuja frase NÃO realiza a concordância de acordo com a nor-
corda com o termo antecedente ao pronome relativo que: ma padrão da Língua Portuguesa:

Fui eu que contei o segredo. A) Meias verdades são como mentiras inteiras: uma pessoa
Foi ele que contou o segredo. meia honesta é pior que uma mentirosa inteira.
Fomos nós que contamos o segredo. B) Sonhar, plantar e colher: eis o segredo para alcançar seus
objetivos.
- Concordância verbal com pronome relativo quem: o verbo C) Para o sucesso, não há outro caminho: quanto mais distante
concorda com o termo antecedente ao pronome relativo quem ou o alvo, maior a dedicação.
fica conjugado na 3.ª pessoa do singular: D)Não é com apenas uma tentativa que se alcança o que se
quer.
Fui eu quem contei o segredo.
Fomos nós quem contamos o segredo 04. TRF – 3ª Região – Analista Judiciário-Área Administrativa
Fui eu quem contou o segredo. – 2017 - FCC
Fomos nós quem contou o segredo. A respeito da concordância verbal, é correto afirmar:
A) Em “A aquisição de novas obras devem trazer benefícios a
- Concordância verbal com o infinitivo pessoal: o infinitivo é fle- todos os frequentadores”, a concordância está correta por se tratar
xionado, principalmente, quer definir o sujeito e o sujeito da segun- de expressão partitiva.
da oração é diferente da primeira: B) Em “Existe atualmente, no Brasil, cerca de 60 museus”, a con-
Eu pedi para eles fazerem a tarefa. cordância está correta, uma vez que o núcleo do sujeito é “cerca”.
C) Na frase “Hão de se garantir as condições necessárias à con-
- Concordância verbal com o infinitivo impessoal: o infinitivo servação das obras de arte”, o verbo “haver” deveria estar no singu-
não é flexionado em locuções verbais e em verbos preposicionados: lar, uma vez que é impessoal.
D) Em “Acredita-se que 25% da população frequentem ambien-
Foram impedidos de entender a razão. tes culturais”, a concordância está correta, uma vez que a porcenta-
gem é o núcleo do segmento nominal.
- Concordância verbal com o verbo ser: a concordância em nú- E) Na frase “A maioria das pessoas não frequentam o museu”,
mero é estabelecida com o predicativo do sujeito: o verbo encontra-se no plural por concordar com “pessoas”, ainda
que pudesse, no singular, concordar com “maioria”.
Isto é verdade!
Isto são verdades!

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LÍNGUA PORTUGUESA
05. MPE-SP – Oficial de Promotoria I – 2016 - VUNESP E) Os especialistas da organização citam estudos que mostram
que quatro em cada dez crianças começa a fumar depois de ver
Fora do jogo atores famosos dando suas “pitadas” nos filmes.

Quando a economia muda de direção, há variáveis que logo se RESPOSTAS


alteram, como o tamanho das jornadas de trabalho e o pagamento
de horas extras, e outras que respondem de forma mais lenta, como 01 C
o emprego e o mercado de crédito. Tendências negativas nesses
últimos indicadores, por isso mesmo, costumam ser duradouras. 02 D
Daí por que são preocupantes os dados mais recentes da As- 03 A
sociação Nacional dos Birôs de Crédito, que congrega empresas do 04 E
setor de crédito e financiamento.
Segundo a entidade, havia, em outubro, 59 milhões de consu- 05 C
midores impedidos de obter novos créditos por não estarem em dia 06 C
com suas obrigações. Trata-se de alta de 1,8 milhão em dois meses.
Causa consternação conhecer a principal razão citada pelos
consumidores para deixar de pagar as dívidas: a perda de empre-
go, que tem forte correlação com a capacidade de pagamento das 13. EMPREGO DO SINAL INDICATIVO DE CRASE.
famílias.
Até há pouco, as empresas evitavam demitir, pois tendem a
perder investimentos em treinamento e incorrer em custos traba- CRASE.
lhistas. Dado o colapso da atividade econômica, porém, jogaram a
toalha. Há um caso de contração que merece destaque: A crase, que é
O impacto negativo da disponibilidade de crédito é imediato. a fusão da preposição a com o artigo definido feminino a(s), ou da
O indivíduo não só perde a capacidade de pagamento mas também preposição a com o a inicial dos pronomes demonstrativos aque-
enfrenta grande dificuldade para obter novos recursos, pois não le(s), aquela(s), aquilo, ou ainda da preposição a com um pronome
possui carteira de trabalho assinada. demonstrativo a(s), ou então da preposição a com o a inicial do
Tem-se aí outro aspecto perverso da recessão, que se soma às pronome relativo a qual (as quais).
muitas evidências de reversão de padrões positivos da última déca- Essa fusão de duas vogais idênticas, graficamente representada
da – o aumento da informalidade, o retorno de jovens ao mercado por um a com acento grave (à), dá-se o nome de crase. Veremos, a
de trabalho e a alta do desemprego. seguir, as principais regras.
(Folha de S.Paulo, 08.12.2015. Adaptado)
Usa-se a Crase:
Assinale a alternativa correta quanto à concordância verbal.
A) A mudança de direção da economia fazem com que se altere - Locuções prepositivas, locuções adverbiais ou locuções con-
o tamanho das jornadas de trabalho, por exemplo. juntivas com o núcleo um substantivo feminino: à queima-roupa, à
B) Existe indivíduos que, sem carteira de trabalho assinada, en- noite, à força de, às vezes, às escuras, à medida que, às pressas, à
frentam grande dificuldade para obter novos recursos. custa de, às mil maravilhas, à tarde, às onze horas, etc. Não confun-
C) Os investimentos realizados e os custos trabalhistas fizeram da a locução adverbial às vezes com a expressão fazer as vezes de,
com que muitas empresas optassem por manter seus funcionários. em que não há crase porque o “as” é artigo definido puro.
D) São as dívidas que faz com que grande número dos consumi-
dores não estejam em dia com suas obrigações. - Locuções que exprimem hora determinada: Ele chegou às dez
E) Dados recentes da Associação Nacional dos Birôs de Crédi- horas e vinte minutos.
to mostra que 59 milhões de consumidores não pode obter novos
- A expressão “à moda de” (ou “à maneira de”) estiver suben-
créditos.
tendida: Mesmo que a palavra subsequente for masculina há crase:
Ele é um galã à Don Juan.
06. COPEL – Contador Júnior -2017 - NC-UFPR
Assinale a alternativa em que os verbos sublinhados estão cor-
- As expressões “rua”, “loja”, “estação de rádio”, etc. estive-
retamente flexionados quanto à concordância verbal
rem subentendidas: Virou sentido à Higienópolis (= Virou sentido à
A) A Organização Mundial da Saúde (OMS) lançou recentemen-
Rua Higienópolis); Fomos à Pernambucanas (fomos à loja Pernam-
te a nova edição do relatório Smoke-free movies (Filmes sem cigar-
bucanas).
ro), em que recomenda que os filmes que exibem imagens de pes- - É implícita uma palavra feminina: Esta fruta é semelhante à
soas fumando deveria receber classificação indicativa para adultos. uva (= à fruta).
B) Pesquisas mostram que os filmes produzidos em seis países
europeus, que alcançaram bilheterias elevadas (incluindo alemães, - Pronome substantivo possessivo feminino no singular ou
ingleses e italianos), continha cenas de pessoas fumando em filmes plural: Aquela casa é semelhante à nossa. O acento indicativo de
classificados para menores de 18 anos. crase é obrigatório porque, no masculino, ficaria assim: Aquele car-
C) Para ela, a indústria do tabaco está usando a “telona” como ro é semelhante ao nosso (preposição + artigo definido).
uma espécie de última fronteira para anúncios, mensagens sublimi-
nares e patrocínios, já que uma série de medidas em diversos países - Não confundir devido com dado (a, os, as): a expressão pede
passou a restringir a publicidade do tabaco. preposição “a”, tendo crase antes de palavra feminina determinada
D) E 90% dos filmes argentinos também exibiu imagens de pelo artigo definido. Devido à chuva de ontem, os trabalhos foram
fumo em filmes para jovens. cancelados (= devido ao temporal de ontem, os trabalhos...); Já a

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LÍNGUA PORTUGUESA
outra expressão não aceita preposição “a” (o “a” que aparece é ar- - Antes de pronome adjetivo possessivo feminino singular: Pe-
tigo definido, não se usa, crase): Dada a resposta sobre o acidente diu permissão à minha esposa; Pediu permissão a minha esposa.
(= dado o esclarecimento sobre...). Mesma explicação é idêntica à do item anterior. Portanto, mesmo
com a presença da preposição, a crase é facultativa.
Fora os casos anteriores, deve-se substituir a palavra feminina - Nomes de localidades: há as que admitem artigo antes e as
por outra masculina da mesma função sintática. Caso use “ao” no que não o admitem. Para se saber se o nome de uma localidade
masculino, haverá crase no “a” do feminino. Se ocorrer “a” ou “o” aceita artigo, substitua o verbo da frase pelos verbos estar ou vir. Se
no masculino, não haverá crase no “a” do feminino. ocorrer a combinação “na” com o verbo estar ou “da” com o verbo
vir, haverá crase com o “a” da frase original. Se ocorrer “em” ou
Não se usa Crase: “de”, não haverá crase: Quero conhecer à Europa (estou na Europa;
vim da Europa); O avião dirigia-se a São Paulo (estou em São Paulo;
- Antes de palavra masculina: Chegou a tempo; Vende-se a vim de São Paulo).
prazo.
QUESTÕES
- Antes de verbo: Ficamos a admirá-los; Ele começou a ter alu-
cinações. 01. PC-MG - Escrivão de Polícia Civil – 2018 - FUMARC
Ocorre crase quando há a fusão da preposição “a” com o artigo
- Antes de artigo indefinido: Nos dirigimos a um caixa. definido feminino “a” ou entre a preposição “a” e o pronome de-
monstrativo “aquele” (e variações).
- Antes de expressão de tratamento introduzida pelos prono-
mes possessivos Vossa ou Sua ou a expressão Você: Enviaram con- INDIQUE a alternativa que apresenta uso FACULTATIVO da crase.
vites a Vossa Senhoria; Encontraremos a Sua Majestade; Ele queria A) Solicitamos a devolução dos documentos enviados à empresa.
perguntar a você. B) O promotor se dirigiu às pessoas presentes no tribunal.
C) O pai entregou àquele advogado a prova exigida pelo juiz.
- Antes dos pronomes demonstrativos esta e essa: Me refiro a D) Irei à minha sala para buscar o projeto de consultoria.
esta menina; A família não deu ouvidos a essa fofoca.
02. Pref. de Itaquitinga/PE – Assistente Administrativo – 2016
- Antes dos pronomes pessoais: Não diga a ela. - IDHTEC
Em qual dos trechos abaixo o emprego do acento grave foi omi-
- Antes dos pronomes indefinidos com exceção de outra: Fa- tido quando houve ocorrência de crase?
larei isso a qualquer pessoa. Com o pronome indefinido outra(s),
pode haver crase pois, às vezes, aceita o artigo definido a(s): Esta- A) “O Sindicato dos Metroviários de Pernambuco decidiu sus-
vam de frente umas às outras (no masculino, ficaria “Estavam de pender a paralisação que faria a partir das 16h desta quarta-feira.”
frente uns aos outros”). B) “Pela manhã, em nota, a categoria informou que cruzaria os
braços só retornando às atividades normais as 5h desta quinta-feira.”
- Quando o “a” estiver no singular e a palavra seguinte estiver C) “Nesta quarta-feira, às 21h, acontece o “clássico das multi-
no plural: Contei a pessoas que perguntaram. dões” entre Sport e Santa Cruz, no Estádio do Arruda.”
D) “Após a ameaça de greve, o sindicato foi procurado pela
- Quando, antes do “a”, houver preposição: Os livros estavam CBTU e pela PM que prometeram um reforço no esquema de se-
sob a mesa. Exceção para até por motivo de clareza: A água do rio gurança.”
subiu até à Prefeitura da cidade. (= a água chegou perto da Prefei- E) “A categoria se queixa de casos de agressões, vandalismo e
tura); se não houvesse o sinal da crase, o sentido ficaria ambíguo: depredações e da falta de segurança nas estações.”
a água chegou até a Prefeitura (= inundou inclusive a Prefeitura).
03. MPE/SC – Promotor de Justiça – 2016 - MPE/SC
- Com expressões repetitivas: Secamos a casa gota a gota. Em relação ao emprego do sinal de crase, estão corretas as fra-
ses:
- Com expressões tomadas de maneira indeterminada: Prefiro a) Solicito a Vossa Excelência o exame do presente documento.
jiló a injeção (no masc. = prefiro jiló a remédio). b) A redação do contrato compete à Diretoria de Orçamento e
Finanças.
- Antes de pronome interrogativo, não ocorre crase: A qual ( ) Certo ( ) Errado
autoridade irá se dirigir?
04. TRF-3ª Região – Técnico Judiciário – Informática – 2016 -
- Na expressão valer a pena (no sentido de valer o sacrifício, o FCC
esforço), não ocorre crase, pois o “a” é artigo definido: Não sei se O sinal indicativo de crase está empregado corretamente em:
este trabalho vale a pena. A) Não era uma felicidade eufórica, semelhava-se mais à uma
brisa de contentamento.
Crase Facultativa: B) O vinho certamente me induziu àquela súbita vontade de
abraçar uma árvore gigante.
- Antes de nomes próprios femininos: Dei os parabéns à Cida; C) Antes do fim da manhã, dediquei-me à escrever tudo o que
Dei os parabéns a Cida. Antes de um nome de pessoa, pode-se ou me propusera para o dia.
não usar o artigo “a” (“A Camila é uma boa amiga”. Ou “Camila é D) A paineira sobreviverá a todas às 18 milhões de pessoas que
uma boa amiga”). Sendo assim, mesmo que a preposição esteja hoje vivem em São Paulo.
presente, a crase é facultativa. E) Acho importante esclarecer que não sou afeito à essa tradi-
ção de se abraçar árvore.

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LÍNGUA PORTUGUESA
05. Pref. De Criciúma/SC – Engenheiro Civil – 2016 - FEPESE - Orações com conjunções subordinativas.
Analise as frases quanto ao uso correto da crase. Exemplos:
1. O seu talento só era comparável à sua bondade. Embora se sentisse melhor, saiu.
2. Não pôde comparecer à cerimônia de posse na Prefeitura. Conforme lhe disse, hoje vou sair mais cedo.
3. Quem se vir em apuros, deve recorrer à coordenação local
de provas. - Verbo no gerúndio regido da preposição em.
4. Dia a dia, vou vencendo às batalhas que a vida me apresenta. Em se tratando de Brasil, tudo pode acontecer.
5. Daqui à meia hora, chegarei a estação; peça para me aguar- Em se decidindo pelo vestido, opte pelo mais claro.
darem.
- Orações interrogativas.
A) São corretas apenas as frases 1 e 4. Quando te disseram tal mentira?
B) São corretas apenas as frases 3 e 4. Quem te ligou?
C) São corretas apenas as frases 1, 2 e 3.
D) São corretas apenas as frases 2, 3 e 4. Mesóclise
E) São corretas apenas as frases 2, 4 e 5.
É possível apenas com verbos do Futuro do Presente ou do Fu-
RESPOSTAS turo do Pretérito. Se houver palavra atrativa, dá-se preferência ao
uso da Próclise.
01 D Encontrar-me-ei com minhas raízes.
Encontrar-me-ia com minhas raízes.
02 B Ênclise
03 Certo Usa-se a Ênclise quando o uso da Próclise e Mesóclise não fo-
rem possíveis. A colocação de pronome depois do verbo é atraída
04 B
pelas seguintes situações:
05 C
- Verbo no imperativo afirmativo.
Depois de avaliar, chamem-nos.
Ao iniciar, distribuam-lhes as senhas!
14. COLOCAÇÃO DOS PRONOMES ÁTONOS.
- Verbo no infinitivo impessoal.
Preciso apresentar-te a minha irmã.
COLOCAÇÃO PRONOMINAL. O seu pior pesadelo é casar-se.

A colocação dos pronomes oblíquos átonos é um fator impor- - Verbo inicia a oração.
tante na harmonia da frase. Ela respeita três tipos de posição que Disse-lhe a verdade sobre nosso amor.
os pronomes átonos me, te, o, a, lhe, nos, vos, os, as, lhes podem Arrepiei-me com tal relato.
ocupar na oração:
- Verbo no gerúndio (sem a preposição em, pois regido pela
Próclise - o pronome é colocado antes do verbo. preposição em usa-se a Próclise).
Mesóclise - o pronome é colocado no meio do verbo. Vivo perguntando-me como pode ser tão falso.
Ênclise - o pronome é colocado depois do verbo. Faço muitos apontamentos, perguntando-lhe o motivo do fin-
Próclise gimento.

- Orações negativas, que contenham palavras como: não, nin- Com Locução Verbal
guém, nunca.
Não o vi ontem. Todos os exemplos até agora têm apenas um verbo atraindo o
Nunca o tratei mal. pronome. Vejamos como fica a colocação do pronome nas locuções
verbais (seguindo todas as regras citadas anteriormente).
- Pronomes relativos, indefinidos ou demonstrativos.
Foi ele que o disse a verdade. - Ênclise depois do verbo auxiliar ou depois do verbo principal
Alguns lhes custaram a vida. nas locuções verbais em que o verbo principal está no infinitivo ou
Isso me lembra infância. no gerúndio.
Devo chamar-te pelo primeiro nome.
- Verbos antecedidos por advérbios ou expressões adverbiais, a Devo-lhe chamar pelo primeiro nome.
não ser que haja vírgula depois do advérbio, pois assim o advérbio
deixa de atrair o pronome. - Caso não haja palavra que atraia a Próclise, Ênclise é usada
Ontem me fizeram uma proposta. depois do verbo auxiliar onde o verbo principal está no particípio.
Agora, esqueça-se. Foi-lhe dito como deveria impedir isso.
Tinha-lhe feito as malas para que partisse o mais rápido pos-
- Orações exclamativas e orações que exprimam desejo que sível.
algo aconteça.
Deus nos ajude.
Espero que me dês uma boa notícia.

29
LÍNGUA PORTUGUESA
QUESTÕES

01. Pref. de Florianópolis/SC – Auxiliar de Sala – 2017 - FEPESE


Analise a frase abaixo:
“O professor discutiu............mesmos a respeito da desavença entre .........e ........ .

Assinale a alternativa que completa corretamente as lacunas do texto.


A) com nós • eu • ti
B) conosco • eu • tu
C) conosco • mim • ti
D) conosco • mim • tu
E) com nós • mim • ti

02. Pref. de Caucaia/CE – Agente de Suporte a Fiscalização – 2016 - CETREDE


Marque a opção em que ocorre ênclise.
A) Disseram-me a verdade.
B) Não nos comunicaram o fato.
C) Dir-se-ia que tal construção não é correta.
D) A moça se penteou.
E) Contar-me-ão a verdade?

03. MPE/RS – Agente Administrativo – 2017 - MPE-RS


Assinale a alternativa que preenche correta e respectivamente as lacunas dos enunciados abaixo.
1. Quanto ao pedido do Senhor Secretário, a secretaria deverá ________ que ainda não há disponibilidade de recursos.
2. Apesar de o regimento não exigir uma sindicância neste tipo de situação, a gravidade da ocorrência ________, sem dúvida.
3. Embora os novos artigos limitem o alcance da lei, eles não ________.

A) informar-lhe – a justificaria – revogam-na


B) informar-lhe – justificá-la-ia – a revogam
C) informá-lo – justificar-lhe-ia – a revogam
D) informá-lo – a justificaria – lhe revogam
E) informar-lhe – justificá-la-ia – revogam-na

04. IPSMI – Procurador – 2016 - VUNESP


Assinale a alternativa em que a colocação pronominal e a conjugação dos verbos estão de acordo com a norma-padrão.
A) Eles se disporão a colaborar comigo, se verem que não prejudicarei-os nos negócios.
B) Propusemo-nos ajudá-lo, desde que se mantivesse calado.
C) Tendo avisado-as do perigo que corriam, esperava que elas se contessem ao dirigir na estrada.
D) Todos ali se predisporam a ajudar-nos, para que nos sentíssemos à vontade.
E) Os que nunca enganaram-se são poucos, mas gostam de que se alardeiem seus méritos.

05. BAHIAGÁS - Analista de Processos Organizacionais - Administração e Psicologia – 2016 - IESES


Assinale a opção em que a colocação dos pronomes átonos está INCORRETA:
A) Não considero-me uma pessoa de sorte; me considero uma pessoa que trabalha para se sustentar e esforça-se para se colocar bem
na vida.
B) Pagar-lhes-ei tudo o que lhes devo, mas no devido tempo e na devida forma.
C) A situação não é melhor na Rússia, onde os antigos servos tornaram-se mujiques famintos, nem nos países mediterrâneos, onde os
campos sobrecarregados de homens são incapazes de alimentá-los.
D) Deus me livre desse maldito mosquito! Nem me falem nessas doenças que ele transmite!
E) Pede a Deus que te proteja e dê muita vida e saúde a teus pais.

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LÍNGUA PORTUGUESA
06. TRT – 14ª Região – Técnico Judiciário – Área Administrativa – 2017 - FCC

No que se refere ao emprego do acento indicativo de crase e à colocação do pronome, a alternativa que completa corretamente a
frase O palestrante deu um conselho... É:
A) à alguns jovens que escutavam-no.
B) à estes jovens que o escutavam.
C) àqueles jovens que o escutavam
D) à juventude que escutava-o.
E) à uma porção de jovens que o escutava.

RESPOSTAS

01 E
02 A
03 B
04 B
05 A
06 C

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LÍNGUA PORTUGUESA
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GEOGRAFIA DO BRASIL
1. A Organização do Espaço Brasileiro. a. A integração brasileira ao processo de internacionalização da economia; o desenvolvimento
econômico e social; e os indicadores sociais do Brasil. b. O processo de industrialização brasileira, os fatores de localização e as suas reper-
cussões: econômicas, ambientais e urbanas. c. A rede de transportes brasileira e sua estrutura e evolução. d. A questão urbana brasileira:
processos e estruturas. e. A agropecuária, a estrutura fundiária e problemas sociais rurais no Brasil, dinâmica das fronteiras agrícolas e sua
expansão para o Centro-Oeste e para a Amazônia. f. A população brasileira: evolução, estrutura e dinâmica. g. A distribuição dos efetivos
demográficos e os movimentos migratórios internos: reflexos sociais e espaciais. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 01
2. A Questão Regional no Brasil a. A regionalização do país: sua justificativa socioeconômica e critérios adotados pelo Instituto Brasileiro
de Geografia e Estatística (IBGE); as regiões e as políticas públicas para fins de planejamento. b. As regiões brasileiras: especializações ter-
ritoriais, produtivas e características sociais e econômicas. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 26
3. O Espaço Natural Brasileiro: seu aproveitamento econômico e o meio ambiente. a. Geomorfologia do território brasileiro: O território
brasileiro e a placa sul-americana; as bases geológicas do Brasil; as feições do relevo; os domínios naturais e as classificações do relevo
brasileiro. b. A questão ambiental no Brasil. c. Os recursos minerais. d. As fontes de energia e os recursos hídricos. e. A biosfera e os climas
do Brasil. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 30
GEOGRAFIA DO BRASIL
Esse sistema de exploração de matérias-primas permite explicar
1. A ORGANIZAÇÃO DO ESPAÇO BRASILEIRO. a formação e a expansão territorial do Brasil, juntamente com os
A) A INTEGRAÇÃO BRASILEIRA AO PROCESSO DE IN- tratados assinados entre Portugal e Esapnha (Tratado de Tordesi-
TERNACIONALIZAÇÃO DA ECONOMIA; O DESENVOL- lhas e Tratado de Madri), que acabaram por definir, com alguns
VIMENTO ECONÔMICO E SOCIAL; E OS INDICADORES acréscimos posteriores, a área que hoje consideramos território
SOCIAIS DO BRASIL. brasileiro.
B) O PROCESSO DE INDUSTRIALIZAÇÃO BRASILEIRA,
OS FATORES DE LOCALIZAÇÃO E AS SUAS REPERCUS-
Tratado de Tordesilhas
SÕES: ECONÔMICAS, AMBIENTAIS E URBANAS.
C) A REDE DE TRANSPORTES BRASILEIRA E SUA ESTRU-
TURA E EVOLUÇÃO.
D) A QUESTÃO URBANA BRASILEIRA: PROCESSOS E
ESTRUTURAS.
E) A AGROPECUÁRIA, A ESTRUTURA FUNDIÁRIA E PRO-
BLEMAS SOCIAIS RURAIS NO BRASIL, DINÂMICA DAS
FRONTEIRAS AGRÍCOLAS E SUA EXPANSÃO PARA O
CENTRO-OESTE E PARA A AMAZÔNIA.
F) A POPULAÇÃO BRASILEIRA: EVOLUÇÃO, ESTRUTURA
E DINÂMICA.
G) A DISTRIBUIÇÃO DOS EFETIVOS DEMOGRÁFICOS E
OS MOVIMENTOS MIGRATÓRIOS INTERNOS: REFLEXOS
SOCIAIS E ESPACIAIS.

Para chegar ao tamanho atual, com um território integrado e


sem riscos iminentes de fracionamento, muitos conflitos e pro-
cessos de exploração econômica ocorreram ao longo de cinco
séculos. Uma série de fatores contribuiu para o alargamento do Espanha e Portugal foram pioneiros na expansão maritimo-co-
território, a partir da chegada dos portugueses em 1500, alguns mercial europeia, iniciada no século XV, que ficou conhecida como
desses fatores foram: Grandes Navegações e que resultou na conquista de novas terras.
- a sucessão de grandes produções econômicas para exporta- Essas descobertas geraram diversas tensões e conflitos entre os
ção (cana-de-açúcar, tabaco, ouro, borracha, café, etc.), além de dois países que, na tentativa de evitar uma guerra, em 7 de junho
culturas alimentares e pecuária, em diferentes bases geográficas de 1494 assinaram o Tratado de Tordesilhas, na pequena cidade
do território; de Tordesilhas, na Espanha. Esse tratado estabeleceu uma linha
- as expedições (bandeiras) que partiam de São Paulo – então imaginária que passava a 370 léguas a oeste do arquipélago de
um colégio e um pequeno povoado fundado por padres jesuítas Cabo Verde (África), dividindo o mundo entre Portugal e Espanha:
– e se dirigiam ao interior, aproveitando a topografia favorável e as terras situadas a leste seriam de Portugal enquanto as terras a
a navegabilidade de afluentes do rio Paraná, para a captura de oeste da Espanha.
indígenas e a busca de metais preciosos; Os limites do território brasileiro, estabelecidos por esse tra-
- a criação de aldeias de missões jesuíticas, em especial ao tado, se estendiam do atual estado do Pará até o atual estado de
sul do território, buscando agrupar e catequizar grupos indígenas; Santa Catarina. No entanto, esses limites não foram respeitados,
- o esforço político e administrativo da coroa portuguesa e terras que seriam da Espanha foram ocupadas por portugueses
em assegurar a posse do novo território, especialmente após as e brasileiros, contribuindo para que nosso país adquirisse a forma
ameaças da efetiva ocupação de frações do território – ainda que atual.
por curtos períodos – por franceses e holandeses.
É importante destacar que a construção da unidade territorial Tratado de Madri
nacional significou também o sistemático massacre, deslocamento
ou aculturação dos povos indígenas. Além de provocar a redução
da diversidade cultural do país, determinou a imposição dos
padrões culturais europeus. A geração de riquezas exauriu
também ao máximo o trabalho dos negros africanos trazidos
a força, tratados como mera mercadoria e de forma violenta e
cruel. Nesse caso, houve imposições de ordem cultural: muitos
grupos, ao longo do tempo, perderam os ritos religiosos e traços
culturais que possuíam.

Expansão Territorial do Brasil Colônia


Durante o período do capitalismo comercial (séculos XV a
XVIII), as metrópoles europeias acumularam capital com a prática
de atividades de retirada e comercialização de produtos primários
(agrícolas e extrativistas), empreendida nos territórios conquista-
dos. O Brasil na condição de colônia portuguesa, consolidou-se
como área exportadora de matérias-primas e importadora de
bens manufaturados.

1
GEOGRAFIA DO BRASIL
O Tratado de Madri, assinado em 1750, praticamente garantiu a Nos séculos XVIII e XIX, a constituição do território começou
atual extensão territorial do Brasil. O novo acordo anulou o Tratado a se consolidar com a ocupação da imensa frente amazônica. Por
de Tordesilhas e determinou que as terras pertencial a quem de motivações mais políticas do que econômicas – a defesa do ter-
fato as ocupasse, seguindo o princípio de uti possidetis. ritório contra incursões de corsários estrangeiros -, a região pas-
Dessa forma, a Espanha reconheceu os direitos dos portugueses sou a ser ocupada com a instalação de fortes e missões, acom-
sobre as áreas correspondentes aos atuais estados de Mato Grosso panhando o curso do rio Amazonas e alguns de seus afluentes.
do Sul, Goiás, Tocantins, Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Amazo- Esse avanço ocorreu inclusive sobre domínios espanhóis, que
nas, Rondônia, Pará, Amapá, entre outros. estavam mais interessados no ouro e na exploração dos nativos
do México e do Peru e em rotas comerciais do mar do Caribe
De Arquipélago a Continente (América Central) e no rio da Prata, na parte mais meridional da
É costume dizer que, ao longo do período de colonização América do Sul.
portuguesa, o território brasileiro se assemelhava a um arquipélago A dinamização das fronteiras amazônicas ocorreu mais efeti-
– um arquipélago econômico. vamente com o surto da borracha, no fim do século XIX e início
Por que um arquipélago? As regiões do Brasil colônia que foram do século XX. O desenvolvimento da indústria automobilística
palco da produção agroexportadora se mantiveram sob o domínio justificava a demanda por borracha par a fabricação de pneus.
do poder central da metrópole portuguesa, formando assim um ar- Esse período curto, mas virtuoso, foi responsável pela atração de
quipélago geográfico. Já que não existiam ligações entre as regiões. mais de 1 milhão de nordestinos, que fugiam da terrível seca que
O mesmo ocorreu no Brasil independente. se abateu sobre o sertão nordestino em 1877.
Os períodos econômicos indicados, em seus momentos de
apogeu e crise, contribuíram para determinar um processo de
regionalização do território, marcando a diferenciação de áreas.
Ao mesmo tempo, contribuíram para a integração territorial.

A expansão econômica
A expansão de atividades dos colonizadores avançou gradativa-
mente das faixas litorâneas para o interior. Nos primeiros dois sé-
culos, formou-se um complexo geoeconômico no Nordeste do país.
Para cultivar a cana-de-açúcar, os colonos passaram a importar es-
cravos africanos. A primeira leva chegou já em 1532, num circuito
perverso do comércio humano que durou até 1850. Conforme os
geógrafos Hervé Théry e Neli Mello, a produção de cana gerou ati- Café, Ferrovias, Fábricas e Cidades
vidades complementares, como a plantação do tabaco, na região O enredo de formação do território brasileiro culminou, ain-
do Recôncavo Baiano, a criação de gado nas zonas mais interiores e da no século XIX, com a economia cafeeira e a constituição de
as culturas alimentares no chamado Agreste (transição da Zona da um núcleo econômico no Sudeste do país. A cultura do café, em
Mata úmida para o semiárido). sua origem próxima à cidade do Rio de Janeiro, expandiu-se pelo
A pecuária desempenhou importante papel na ocupação do in- vale do rio Paraíba do Sul para os estados de São Paulo e de Mi-
terior, aproveitando-se o rebrotar das folhas na estação das águas nas Gerais. Mas foi no planalto ocidental paulista, sobre os solos
nas caatingas arbustivas mais densas, além dos brejos e dos trechos férteis de terra roxa (do italiano rossa, que significa vermelha),
de matas. Com a exploração das minas de ouro descobertas mais que o café mais se desenvolveu. Em torno desse circuito econô-
ao sul, foram necessários também carne, couro e outros derivados, mico, foram construídas as ferrovias para escoar o produto do
além de animais para o transporte. interior paulista ao porto de Santos. No caminho, São Paulo, a
Desse modo, a pecuária também se consolidou no alto curso do pequena vila do final do século XIX, foi crescendo rapidamente,
rio São Francisco, expandiu-se para áreas onde hoje se encontram o transformando-se em sede de empresas, bancos e serviços di-
Piauí e o Ceará, e para o Sul, seguindo o curso do “Velho Chico”, até versos e chegando a sediar a nascente industrialização do país.
o Sudeste e o Sul do território. Vários povoados foram surgindo ao O Rio de Janeiro, já na época um núcleo urbano considerável,
longo desses percursos, oferecendo pastos para descanso e engor- também veio a exercer esse papel.
da e feiras periódicas. Ao longo do século XX, intensificou-se a concentração regio-
A organização do espaço no Brasil central ganhou contornos nal das riquezas. O Sudeste, e particularmente o eixo Rio – São
mais nítidos com a exploração do ouro, diamantes e diversos mi- Paulo, passou a ser o meio geográfico mais apto a receber inova-
nerais preciosos, especialmente em Minas Gerais, Goiás e Mato ções tecnológicas e novas atividades econômicas, aumentando
Grosso, ao longo do século XVIII, o que deu origem à criação de sua posição de comando do país.
inúmeros núcleos urbanos nas rotas das minas.

2
GEOGRAFIA DO BRASIL
Vários fatores contribuíram para o processo de industrializa-
ção no Brasil:
- a exportação de café gerou lucros que permitiram o inves-
timento na indústria;
- os imigrantes estrangeiros traziam consigo as técnicas de
fabricação de diversos produtos;
- a formação de uma classe média urbana consumidora, esti-
mulou a criação de indústrias;
- a dificuldade de importação de produtos industrializados
durante a Primeira Guerra Mundial (1914-1918) estimulou a in-
dústria.
A passagem de uma sociedade operária para uma urbano in-
dustrial, mudou a paisagem de algumas cidades brasileiras, prin-
cipalmente de São Paulo e Rio de Janeiro.

Resumo das fases do desenvolvimento industrial brasileiro


Mais de trezentos anos sem indústrias
Enquanto o Brasil foi colônia de Portugal (1500 a 1822) não
houve desenvolvimento industrial em nosso país. A metrópole
proibia o estabelecimento de fábricas em nosso território, para
que os brasileiros consumissem os produtos manufaturados
portugueses. Mesmo com a chegada da família real (1808) e a
Abertura dos Portos às Nações Amigas, o Brasil continuou de-
pendente do exterior, porém, a partir deste momento, dos pro-
dutos ingleses.

História do início da industrialização


Foi somente no final do século XIX que começou o desenvol-
Observação: vimento industrial no Brasil. Muitos cafeicultores passaram a in-
Durante o século XVIII e início do XIX, diversos tratados foram vestir parte dos lucros, obtidos com a exportação do café, no es-
assinados para o estabelecimento dos limites do território brasilei- tabelecimento de indústrias, principalmente em São Paulo e Rio
ro. de Janeiro. Eram fábricas de tecidos, calçados e outros produtos
Esses tratados sempre envolveram Portugal e Espanha, com ex- de fabricação mais simples. A mão de obra usada nestas fábricas
ceção do Tratado de Utrecht (1713), assinado também com a Fran- era, na maioria das vezes, formada por imigrantes italianos.
ça, para definir um trecho de limite no norte do Brasil (atual esta-
do do Amapá), e do Tratado de Petrópolis (1903), pelo qual, num Era Vargas e desenvolvimento industrial
acordo com a Bolívia, o Brasil incorporou o trecho que corresponde Foi durante o primeiro governo de Getúlio Vargas (1930-
atualmente ao estado do Acre. Em 1801, ao ser estabelecido o Tra- 1945) que a indústria brasileira ganhou um grande impulso.
tado de Badajós, entre portugueses e espanhóis, os limites atuais Vargas teve como objetivo principal efetivar a industrialização
de nosso país já estavam praticamente definidos. do país, privilegiando as indústrias nacionais, para não deixar o
Pelo Tratado de Santo Ildefonso ou Tratado dos Limites, assi- Brasil cair na dependência externa. Com leis voltadas para a re-
nado em 1777 entre Portugal e a Espanha, esta última ficaria com gulamentação do mercado de trabalho, medidas protecionistas
a Colônia do Sacramento e a região dos Sete Povos das Missões, e investimentos em infraestrutura, a indústria nacional cresceu
mas devolveria à Coroa Portuguesa as terras que havia ocupado nos significativamente nas décadas de 1930-40. Porém, este desen-
atuais estados de Santa Catarina e Rio Grande do Sul. Resolviam-se volvimento continuou restrito aos grandes centros urbanos da
assim as contendas abertas pelo Tratado de Madrid de 1750. região sudeste, provocando uma grande disparidade regional.
Durante este período, a indústria também se beneficiou com
Industrialização no Brasil o final da Segunda Guerra Mundial (1939-45), pois, os países
A industrialização no Brasil foi historicamente tardia ou retar- europeus, estavam com suas indústrias arrasadas, necessitando
datária. Enquanto na Europa se desenvolvia a Primeira Revolução importar produtos industrializados de outros países, entre eles
Industrial, o Brasil vivia sob o regime de economia colonial. o Brasil.
Com a criação da Petrobrás (1953), ocorreu um grande de-
Fatores da Industrialização no Brasil senvolvimento das indústrias ligadas à produção de gêneros de-
rivados do petróleo (borracha sintética, tintas, plásticos, fertili-
zantes, etc.).

Período JK
Durante o governo de Juscelino Kubitschek (1956 -1960) o
desenvolvimento industrial brasileiro ganhou novos rumos e fei-
ções. JK abriu a economia para o capital internacional, atraindo
indústrias multinacionais. Foi durante este período que ocorreu
a instalação de montadoras de veículos internacionais (Ford, Ge-
neral Motors, Volkswagen e Willys) em território brasileiro.

3
GEOGRAFIA DO BRASIL
Últimas décadas do século XX Agricultura no Brasil atual
Nas décadas 70, 80 e 90, a industrialização do Brasil continuou Atualmente, a agricultura no Brasil é marcada pelo processo
a crescer, embora, em alguns momentos de crise econômica, ela te- de mecanização e expansão das atividades em direção à região
nha estagnado. Atualmente o Brasil possui uma boa base industrial, Norte.
produzindo diversos produtos como, por exemplo, automóveis, má- A atividade do setor agrícola é uma das mais importantes da
quinas, roupas, aviões, equipamentos, produtos alimentícios indus- economia brasileira, pois, embora componha pouco mais de 5%
trializados, eletrodomésticos, etc. Apesar disso, a indústria nacional do PIB brasileiro na atualidade, é responsável por quase R$100
ainda é dependente, em alguns setores, (informática, por exemplo) bilhões em volume de exportações em conjunto com a pecuária,
de tecnologia externa. segundo dados da Secretaria de Relações Internacionais do Mi-
nistério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (SRI/Mapa). A
Dados atuais produção agrícola no Brasil, portanto, é uma das principais res-
- Felizmente, o Brasil está apresentando, embora pequena, re- ponsáveis pelos valores da balança comercial do país.
cuperação na produção industrial. De acordo com dados do IBGE,
Ao longo da história, o setor da agricultura no Brasil passou
divulgados em 1 de fevereiro de 2019, a indústria brasileira apre-
por diversos ciclos e transformações, indo desde a economia ca-
sentou crescimento de 1,1% em 2018.
navieira, pautada principalmente na produção de cana-de-açú-
car durante o período colonial, até as recentes transformações
Estrutura fundiária do Brasil
A estrutura fundiária corresponde ao modo como as proprieda- e expansão do café e da soja. Atualmente, essas transformações
des rurais estão dispersas pelo território e seus respectivos tama- ainda ocorrem, sobretudo garantindo um ritmo de sequência às
nhos, que facilita a compreensão das desigualdades que acontecem transformações técnicas ocorridas a partir do século XX, como a
no campo. mecanização da produção e a modernização das atividades.
A desigualdade estrutural fundiária brasileira configura como A modernização da agricultura no Brasil atual está direta-
um dos principais problemas do meio rural, isso por que interfere mente associada ao processo de industrialização ocorrido no
diretamente na quantidade de postos de trabalho, valor de salários país durante o mesmo período citado, fator que foi responsável
e, automaticamente, nas condições de trabalho e o modo de vida por uma reconfiguração no espaço geográfico e na divisão terri-
dos trabalhadores rurais. torial do Brasil. Nesse novo panorama, o avanço das indústrias,
No caso específico do Brasil, uma grande parte das terras do o crescimento do setor terciário e a aceleração do processo de
país se encontra nas mãos de uma pequena parcela da população, urbanização colocaram o campo economicamente subordinado
essas pessoas são conhecidas como latifundiários. Já os minifundiá- à cidade, tornando-o dependente das técnicas e produções in-
rios são proprietários de milhares de pequenas propriedades rurais dustriais (máquinas, equipamentos, defensivos agrícolas etc.).
espalhadas pelo país, algumas são tão pequenas que muitas vezes Podemos dizer que a principal marca da agricultura no Brasil
não conseguem produzir renda e a própria subsistência familiar atual – e também, por extensão, a pecuária – é a formação dos
suficiente. complexos agrícolas, notadamente desenvolvidos nas regiões
Diante das informações, fica evidente que no Brasil ocorre uma que englobam os estados de São Paulo, Minas Gerais, Rio de Ja-
discrepância em relação à distribuição de terras, uma vez que al- neiro, Santa Catarina, Paraná, Rio Grande do Sul, Goiás, Mato
guns detêm uma elevada quantidade de terras e outros possuem Grosso e Mato Grosso do Sul. Nesse contexto, destacam-se a
pouca ou nenhuma, esses aspectos caracterizam a concentração produção de soja, a carne para exportação e também a cana-de-
fundiária brasileira. -açúcar, em razão do aumento da necessidade nacional e inter-
É importante conhecer os números que revelam quantas são as nacional por etanol.
propriedades rurais e suas extensões: existem pelo menos 50.566 Na região Sul do país, a produção agrícola é caracterizada
estabelecimentos rurais inferior a 1 hectare, essas juntas ocupam pela ocupação histórica de grupos imigrantes europeus, pela
no país uma área de 25.827 hectares, há também propriedades de
expansão da soja voltada para a exportação nos últimos decê-
tamanho superior a 100 mil hectares que juntas ocupam uma área
nios e pela intensiva modernização agrícola. Essa configuração
de 24.047.669 hectares.
é preponderante no oeste do Paraná e de Santa Catarina, além
Outra forma de concentração de terras no Brasil é proveniente
do norte do Rio Grande do sul. Além da soja, cultivam-se tam-
também da expropriação, isso significa a venda de pequenas pro-
priedades rurais para grandes latifundiários com intuito de pagar bém, em larga escala, o milho, a cana-de-açúcar e o algodão. Na
dívidas geralmente geradas em empréstimos bancários, como são pecuária, a maior parte da produção é a de carne de porco e de
muito pequenas e o nível tecnológico é restrito diversas vezes não aves.
alcançam uma boa produtividade e os custos são elevados, dessa Na região Sudeste, assim como na região sul, a mecanização
forma, não conseguem competir no mercado, ou seja, não obtêm e produção com base em procedimentos intensivos de alta tec-
lucros. Esse processo favorece o sistema migratório do campo para nologia são predominantes. Embora seja essa a região em que
a cidade, chamado de êxodo rural. a agricultura encontra-se mais completamente subordinada à
A problemática referente à distribuição da terra no Brasil é pro- indústria, destacam-se os altos índices de produtividade e uso
duto histórico, resultado do modo como no passado ocorreu a pos- do solo. Por outro lado, com a maior presença de maquinários,
se de terras ou como foram concedidas. a geração de empregos é limitada e, quando muito, gerada nas
A distribuição teve início ainda no período colonial com a cria- agroindústrias. As principais culturas cultivadas são o café, a ca-
ção das capitanias hereditárias e sesmarias, caracterizada pela en- na-de-açúcar e a fruticultura, com ênfase para os laranjais.
trega da terra pelo dono da capitania a quem fosse de seu interes-
se ou vontade, em suma, como no passado a divisão de terras foi
desigual os reflexos são percebidos na atualidade e é uma questão
extremamente polêmica e que divide opiniões.

4
GEOGRAFIA DO BRASIL

Produção cafeeira em Alfenas, Minas Gerais


Pecuária extensiva na área de expansão agrícola da região Norte
Na região Nordeste, por sua vez, encontra-se uma relativa plu-
As relações de trabalho no campo
ralidade. Na Zona da Mata, mais úmida, predomina o cultivo das
Diminuição do sistema de parceria:
plantations, presente desde tempos coloniais, com destaque nova-
Com a capitalização do campo, as relações de trabalho tradi-
mente para a cana, voltada atualmente para a produção de álcool e
também de açúcar. Nas áreas semiáridas, ressalta-se a presença da cionais vão desaparecendo porque são substituídas pelo traba-
agricultura familiar e também de algumas zonas com uma produção lho assalariado, ou porque o proprietário prefere deixar a terra
mais mecanizada. O principal cultivo é o de frutas, como o melão, a ociosa á espera de valorização.
uva, a manga e o abacaxi. Além disso, a agricultura de subsistência Expansão de um regime associativo:
também possui um importante papel. Com a capitalização do campo, as relações de trabalho tra-
Já a região Centro-Oeste é a área em que mais se expande o dicionais tendiam a desaparecer mais, porque são substituídas
cultivo pela produção mecanizada, que se expande em direção à pelo trabalho assalariado, no entanto, para diminuir custo e en-
Amazônia e vem pressionando a expansão da fronteira agrícola cargos, as grandes empresas desenvolveram uma nova forma de
para o norte do país. A Revolução Verde, no século passado, foi a trabalhar no campo, incentivando o pequeno e o médio produ-
principal responsável pela ocupação dos solos do Cerrado nessa re- tor a produzir para eles.
gião, pois permitiu o cultivo de diversas culturas em seus solos de
elevada acidez. O principal produto é a soja, também voltada para
o mercado externo. Êxodo rural
O êxodo rural corresponde ao processo de migração em
massa da população do campo para as cidades, fenômeno que
costuma ocorrer em um período de tempo considerado curto,
como o prazo de algumas décadas. Trata-se de um elemento
diretamente associado a várias dinâmicas socioespaciais, tais
como a urbanização, a industrialização, a concentração fundiária
e a mecanização do campo.
Um dos maiores exemplos de como essa questão costuma
gerar efeitos no processo de produção do espaço pode ser visua-
lizado quando analisamos a conjuntura do êxodo rural no Brasil.
Sua ocorrência foi a grande responsável pela aceleração do pro-
cesso de urbanização em curso no país, que aconteceu mais por
valores repulsivos do que atrativos, isto é, mais pela saída de
pessoas do campo do que pelo grau de atratividade social e fi-
nanceira das cidades brasileiras.
O êxodo rural no Brasil ocorreu, de forma mais intensa, em
apenas duas décadas: entre 1960 e 1980, mantendo patamares
relativamente elevados nas décadas seguintes e perdendo for-
ça total na entrada dos anos 2000. Segundo estudos publicados
Produção mecanizada de soja no Mato Grosso pela Embrapa (Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária), o
êxodo rural, nas duas primeiras décadas citadas, contribuiu com
Por fim, a região Norte é caracterizada por receber, atualmen- quase 20% de toda a urbanização do país, passando para 3,5%
te, as principais frentes de expansão, vindas do Nordeste e do Cen- entre os anos 2000 e 2010.¹
tro-Oeste. A região do “matopiba” (Maranhão, Tocantins, Piauí e De acordo com o Censo Demográfico de 2010 divulgado
Bahia), por exemplo, é a área onde a pressão pela expansão das pelo IBGE, o êxodo rural é, realmente, desacelerado nos tempos
atividades agrárias ocorre mais intensamente, o que torna a re- atuais. Em comparação com o Censo anterior (2000), quando a
gião Norte como o futuro centro de crescimento do agronegócio taxa de migração campo-cidade por ano era de 1,31%, a última
brasileiro. As atividades mais praticadas nessa região ainda são de amostra registrou uma queda para 0,65%. Esses números consi-
caráter extensivo e de baixa tecnologia, com ênfase na pecuária pri- deraram as porcentagens em relação a toda a população brasi-
mitiva, na soja em expansão e em outros produtos, que passam a leira.
competir com o extrativismo vegetal existente.

5
GEOGRAFIA DO BRASIL
Se considerarmos os valores do êxodo rural a partir do número Diante disso, podemos citar vários setores da economia que faz
de migrantes em relação ao tamanho total da população residente no parte do agronegócio, como bancos que fornecem créditos, indús-
campo no Brasil, temos que, entre 2000 e 2010, a taxa de êxodo rural tria de insumos agrícolas (fertilizantes, herbicidas, inseticidas, se-
foi de 17,6%, um número bem menor do que o da década anterior: mentes selecionadas para plantio entre outros), indústria de trato-
25,1%. Na década de 1980, essa taxa era de 26,42% e, na década de res e peças, lojas veterinárias e laboratórios que fornecem vacinas
1970, era de 30,02%. Portanto, nota-se claramente a tendência de de- e rações para a pecuária de corte e leiteira, isso na primeira etapa
saceleração, ao passo que as regiões Centro-Oeste e Norte, até mes- produtiva.
mo, apresentam um pequeno crescimento no número de habitantes Posteriormente a esse processo são agregados novos integran-
do campo. tes do agronegócio que correspondem às agroindústrias responsá-
Os principais fatores responsáveis pela queda do êxodo rural no veis pelo processamento da matéria-prima oriunda da agropecuá-
Brasil são: a quantidade já escassa de trabalhadores rurais no país, ex- ria.
ceto o Nordeste, que ainda possui uma relativa reserva de migrantes; A agroindústria realiza a transformação dos produtos primários
e os investimentos, mesmo que tímidos, para os pequenos produto- da agropecuária em subprodutos que podem inserir na produção
res e agricultores familiares. Existem, dessa forma, vários programas de alimentos, como os frigoríficos, indústria de enlatados, laticínios,
sociais do governo para garantir que as pessoas encontrem melhores indústria de couro, biocombustíveis, produção têxtil entre muitos
condições de vida no campo, embora esses investimentos não sejam outros.
considerados tão expressivos. A produção agropecuária está diretamente ligada aos alimen-
tos, processados ou não, que fazem parte do nosso cotidiano, po-
Entre os efeitos do êxodo rural no Brasil, podemos destacar: rém essa produção é mais complexa, isso por que muitos dos itens
– Aceleração da urbanização, que ocorreu concentrada, sobretu- que compõe nossa vida são oriundos dessa atividade produtiva,
do, nas grandes metrópoles do país, sobretudo as da região sudeste madeira dos móveis, as roupas de algodão, essência dos sabonetes
ao longo do século XX. Essa concentração ocorreu, principalmente, e grande parte dos remédios têm origem nos agronegócios.
porque o êxodo rural foi acompanhado de uma migração interna no A partir de 1970, o Brasil vivenciou um aumento no setor agroin-
país, em direção aos polos de maiores atratividades econômicas e dustrial, especialmente no processamento de café, soja, laranja e
com mais acentuada industrialização; cana-de-açúcar e também criação de animais, principais produtos
– Expansão desmedida das periferias urbanas, com a formação de da época.
habitações irregulares e o crescimento das favelas em várias metró- A agroindústria, que corresponde à fusão entre a produção
poles do país; agropecuária e a indústria, possui uma interdependência com rela-
– Aumento do desemprego e do emprego informal: o êxodo ru- ção a diversos ramos da indústria, pois necessitam de embalagens,
ral, acompanhado do crescimento das cidades, propiciou o aumento insumos agrícolas, irrigação, máquinas e implementos.
do setor terciário e também do campo de atuação informal, geran- Esse conjunto de interações dá à atividade alto grau de impor-
do uma maior precarização das condições de vida dos trabalhadores. tância econômica para o país, no ano de 1999 somente a agrope-
Além disso, com um maior exército de trabalhadores de reserva nas cuária respondeu por 9% do PIB do Brasil, entretanto, se enqua-
cidades, houve uma maior elevação do desemprego; drarmos todas as atividades (comercial, financeira e serviços envol-
– Formação de vazios demográficos no campo: em regiões como o vidos) ligadas ao setor de agronegócios esse percentual se eleva de
Sudeste, o Sul e, principalmente, o Centro-Oeste, formaram-se verda- forma significativa com a participação da agroindústria para aproxi-
deiros vazios demográficos no campo, com densidades demográficas madamente 40% do PIB total.
praticamente nulas em várias áreas. Esse processo também ocorre nos países centrais, nos quais
a agropecuária responde, em média, por 3% do Produto Interno
Já entre as causas do êxodo rural no Brasil, é possível citar: Bruto (PIB), mas os agronegócios ou agrobusiness representam um
– Concentração da produção do campo, na medida em que a me- terço do PIB. Essas características levam os líderes dos Estados Uni-
nor disponibilidade de terras proporciona maior mobilidade da popu- dos e da União Européia a conduzir sua produção agrícola de modo
lação rural de média e baixa renda; subsidiado pelos seus respectivos governos, esses criam medidas
– Mecanização do campo, com a substituição dos trabalhadores protecionistas (barreiras alfandegárias, impedimento de importa-
rurais por maquinários, gerando menos empregos no setor primário e ção de produtos de bens agrícolas) para preservar as atividades de
forçando a saída da população do campo para as cidades; seus produtores.
– Fatores atrativos oferecidos pelas cidades, como mais empregos Em suma, o agronegócio ocupa um lugar de destaque na eco-
nos setores secundário e terciário, o que foi possível graças ao rápi- nomia mundial, principalmente nos países subdesenvolvidos ou em
do – porém tardio – processo de industrialização vivido pelo país na desenvolvimento, pois garante o sustento alimentar das pessoas e
segunda metade do século XX. sua manutenção, além disso, contribui para o crescimento da ex-
portação e do país que o executa.
Agronegócio e a produção agropecuária brasileira
O agronegócio, que atualmente recebe o nome de agrobusiness Globalização e economia
(agronegócios em inglês), corresponde à junção de diversas atividades Sobre a globalização em si já falamos acima, vamos aqui abor-
produtivas que estão diretamente ligadas à produção e subprodução dar a globalização no contexto ecnomômico.
de produtos derivados da agricultura e pecuária. A globalização da economia é o processo através do qual se ex-
Quando se fala em agronegócio é comum associar somente a pande no mercado, trata-se de buscar aumentos cada vez maiores
produção in natura, como grãos e leite, por exemplo, no entanto esse a fim de ampliar ao máximo o mercado. Discute-se, portanto a ideia
segmento produtivo é muito mais abrangente, pois existe um grande de que a globalização econômica poderá desempenhar este pro-
número de participantes nesse processo. cesso num contexto em que as dinâmicas de integração global se
O agronegócio deve ser entendido como um processo, na produ- destacam cada vez mais às dinâmicas das economias nacionais ou
ção agropecuária intensiva é utilizado uma série de tecnologias e bio- até mesmo regionais, também o sistema de relações econômicas
tecnologias para alcançar níveis elevados de produtividade, para isso é e na valorização da inserção coletiva e individual na economia glo-
necessário que alguém ou uma empresa forneça tais elementos. balizada.

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GEOGRAFIA DO BRASIL
Assim, segundo Gonçalves (2003, p. 21): Held (2001, p. 71) diz ainda:
A globalização econômica pode ser entendida como a ocorrência Embora haja um reconhecimento de que a globalização econômica
simultânea de três processos. O primeiro é o aumento extraordiná- tanto gera perdedores quanto ganhadores, os neoliberais frisam a difu-
rio dos fluxos internacionais de bens, serviços e capitais. O segundo são crescente da riqueza e da prosperidade em toda economia mundial
processo é o acirramento da concorrência internacional. A eviden- – o efeito em cascata. A pobreza global, segundo padrões históricos,
cia empírica é pontual e, portanto, não há indicadores agregados a caiu mais nos últimos cinquenta anos do que nos quinhentos anterio-
esse respeito. O terceiro processo é o da crescente interdependência res, e o bem-estar das populações de quase todas as regiões melhorou
entre agentes econômicos nacionais. significamente nas ultimas décadas.
Em uma época de complexidades organizacionais e um ambien- Este processo de globalização trata-se de um desenvolvimento da
te mercadológico globalizado, compreender e aceitar esses desafios economia mundial, ou, pelo contrario, trata-se de um resultado in-
representa um dos mais importantes compromissos da sociedade trínseco e necessário do desenvolvimento e expansão das economias
capitalista na atualidade. A globalização por sua vez compreende modernas baseadas na produção para o mercado. Existe também o
um processo de integração mundial que se baseia na liberalização processo objetivo de integração econômica, de expansão espacial das
econômica, os países então se abrem ao fluxo internacional de economias e de geração e aprofundamento de interdependências que
bens, serviços e capitais. tentam transformar as dinâmicas globais que gera as dinâmicas locais
Gonçalves (2003, p. 22) coloca ainda que: e particulares que permanecem.
Este fato é evidente quando levamos em conta que uma das ca- No entanto considerar um fator importante em que assenta todo
racterísticas centrais da globalização econômica (a pós-modernida- o processo de globalização, e que é a existência de uma referência mo-
de na sua dimensão econômica) é o próprio acirramento da concor- netária. Este processo de globalização começa com o aparecimento da
rência ou a maior contestabilidade do mercado mundial. moeda e expande a utilização desta e se fixam as formas e as regras
A globalização se apresenta como um ambiente contextual, pois pelas quais é reconhecida como referencia comum.
reúne condições de atuar sobre o espaço herdado de tempos passa- Com o aparecimento de formas e funções ao sistema monetário
dos, compreendendo enfoques organizacionais construídos através internacional atual, longo e complexo foi o processo de evolução da
da evolução, remodelando as novas necessidades do mercado. economia mundial e diversas dinâmicas impulsionaram a integração
das diferentes economias locais. É fundamental neste processo e que
Segundo Ianni (2002, p. 19) convém ressaltar:
determinou a passagem a uma nova fase de evolução da economia
A fábrica global instala-se além de toda e qualquer fronteira, ar-
mundial em que as dinâmicas de globalização claramente se tornaram
ticulando capital, tecnologia, força de trabalho, divisão do trabalho
dominantes.
social e outras forças produtivas. Acompanhada pela publicidade,
Mingst (2009, p. 265) diante dessas circunstancias descreve as se-
a mídia impressa e eletrônica, a indústria cultural, misturadas em
guintes palavras:
jornais, revistas, livros, programas de radio, emissões de televisão,
Nos derradeiros do século XX, crenças sobre a teoria econômica
videoclipes, fax, redes de computadores e outros meios de comuni-
convergiram. Os princípios do liberalismo econômico mostraram-se
cação, informação e fabulação, dissolve fronteiras, agiliza os mer- eficientes para elevar o padrão de vida dos povos no mundo inteiro.
cados, generaliza o consumismo. Provoca a desterritorialização e As alternativas radicais que foram criadas para promover o desenvol-
reterritorialização das coisas, gentes e ideias. Promove o redimen- vimento econômico não mostraram ser viáveis, ainda que as alternati-
sionamento de espaços e tempos. vas de capitalismo de estado tenham continuado atrativas para alguns
Este contexto da globalização da economia demanda uma inte- estados.
gração dos agentes econômicos dentro de uma realidade competi- Contudo, essa divergência não significou a ausência de conflito so-
tiva de mercado, a velocidade da mudança e os desafios do mundo bre questões da economia política internacional. A globalização econô-
globalizado demonstram uma necessidade de considerar circuns- mica resultante do triunfo do liberalismo econômico tem enfrentado
tancias em todos os campos de atuação, que evidenciam alguma vários desafios.
forma de tecnologia para alcançar seus objetivos. A década de 70 do século XIX deve ser entendida como um período
Quando se trata especificamente da economia, Ianni (1995, p. fundamental de evolução da economia mundial que marca a passagem
17-18): de uma fase inicial de processo de globalização, isso poderá designar
Toda economia nacional, seja qual for, torna-se província da o inicio de uma globalização primitiva, para uma fase de globaliza-
economia global. O modo capitalista de produção entra em uma ção efetiva, onde se estende até a atualidade. É importante que não
época propriamente global, e não apenas internacional ou multi- se misture economia global com o conceito de economia mundial, a
nacional. Assim, o mercado, as forças produtivas, a nova divisão economia global não tende coincidir com economia mundial, ela deve
internacional do trabalho, a reprodução ampliada do capital desen- ser entendida na sua dimensão qualitativa, enquanto espaço econômi-
volvem-se em escala mundial. co e de outras realidades econômicas, nestes aspectos a globalização
Tem-se, portanto, o fato de que os termos “globalização” e transforma a economia mundial numa economia global. O surgimento
“economia global” passaram a fazer parte do vocabulário dos es- da economia global não vem marcar o esgotamento do processo de
pecialistas, agentes econômicos e políticos, que normalmente são globalização, mas sim a entrada de uma nova fase que terá suas fases
utilizados para caracterizar o processo atual de integração econô- de desenvolvimento.
mica à escala planetária e a perda de importância das economias Assim, diante de suas diferentes fases é possível distinguir a su-
nacionais, afirmações de uma grande economia de mercado glo- cessão de algumas grandes fases deste processo, a primeira delas cor-
bal. Traduzindo a realidade de um processo em movimento e em responde aos primórdios da globalização, é a fase pré-economia que
permanente transformação, não encontraram ainda uma aplicação podemos chamar de globalização primitiva.
uniforme e uma substancia teórica consolidada. A segunda vai do inicio da década de 70 ate o inicio da 1ª Guerra
Ainda sobre as questões da inserção internacional de países ou Mundial, é a fase que representa à economia global e coincide com
de espaços econômicos, é absolutamente indispensável o conjunto o sistema monetário, é a chamada globalização clássica. A terceira é
de referencias que servirão de suporte a analise que permitem for- marcada regressão do funcionamento dos sistemas e das instituições
mular um conjunto de hipóteses que possam inserir positivamente econômicas internacionais, é a fase que designamos globalização in-
nas dinâmicas de internacionalização econômica e de constituição terrompida. A quarta fase apresenta uma dupla lógica de integra-
de um espaço econômico integrado. ção econômica global, com a cisão da economia mundial, com dois

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GEOGRAFIA DO BRASIL
sistemas econômicos rivais, o sistema de economia de mercado e Membros permanentes: são aqueles países que fazem parte
o de direção central, onde ambos procuram estender a sua área integralmente do Mercosul, adotam a TEC e compõem todos os
de influencia, a esta fase chamamos de globalização rival. A quinta acordos do bloco, além de possuírem poderes de votação em ins-
fase vai de 1971 a 1989, fundamentalmente o que determina esta tâncias decisórias. São membros permanentes a Argentina, o Brasil,
fase é a recomposição das relações de força a nível internacional, o Paraguai e o Uruguai. (A Venezuela foi aceita como membro per-
impulsionada por crises econômicas internacionais, fase esta que manente em 2012 e suspensa do bloco em dezembro de 2016 e em
se denomina fase da globalização liberal. E então a sexta fase que 05 de agosto de 2017).
caracteriza o retorno da economia mundial a uma lógica única de Membros associados: são aqueles países que não fazem parte
integração global, que se sobrepõe às lógicas nacionais ou mesmo totalmente dos acordos do Mercosul, principalmente por não ado-
regionais de equilíbrio interno e externo, chamamos esta de globa- tarem a TEC, mas que integram o bloco no sentido de ampliar suas
lização uniforme. trocas comerciais com os demais países do bloco. São membros
Contudo, esta evolução do processo de globalização conside- associados a Bolívia, o Chile, a Colômbia, o Equador, o Peru, o Suri-
rando evidencias aos seus marcadores genéticos e suas dinâmicas name e a Guiana.
de transformação, fatores que darão forma e base para a susten- Membros observadores: composto pelo México e pela Nova Ze-
tação atual. Com essa ideia podemos observar que este processo lândia, esse grupo é destinado aos países que desejam acompanhar
de globalização constitui uma maior tendência do desenvolvimen- o andamento e expansão do bloco sem o compromisso de dele fa-
to das economias de mercado, podendo então sofrer com crises zer parte, podendo tornar-se um membro efetivo ou associado no
econômicas profundas ou de relações de forças internacionais. futuro. No caso do México, isso será muito difícil, haja vista que esse
Vale ressaltar a importância de distinguir globalização, enquanto país já compõe outros dois blocos: o NAFTA e a APEC.
processo histórico que encontra-se no século XVI, na sequencia da Em termos de organização interna e estruturação, o Mercosul é
integração geográfica mundial, as suas bases de desenvolvimentos formado por algumas instituições que detêm funções específicas e
modernos, da economia global, que só tem existência efetiva a par- buscam assegurar o bom andamento e o desenvolvimento do blo-
tir do século XIX. co, são elas:
Podendo então dar formas as dinâmicas de transformação da a) CMC (Conselho do Mercado Comum): É o principal órgão do
Mercosul, sendo responsável pelas principais tomadas de decisões
economia global resultando de modo como se articulam historica-
no bloco. É composto pelos Ministros das Relações Exteriores e da
mente a sustentação das relações econômicas internacionais.
Economia de todos os membros efetivos e apresenta duas reuniões
por ano, sendo a presença dos presidentes obrigatória em pelo me-
Conforme visto, há vários conceitos e abordagens acerca dos
nos uma dessas reuniões.
processos de globalização das relações sociais, abordagens estas
b) GMC (Grupo Mercado Comum): É o órgão executivo do Mer-
que diferenciam entre si a definição, escala, cronologia, impacto.
cosul, sendo composto por representantes titulares e alternativos
Muitos dos argumentos são generalizados, há uma ênfase em al-
de cada um dos membros efetivos do bloco. Esse grupo reúne-se
guns aspectos sejam eles cultural, econômico, histórico, político,
trimestralmente, mas pode haver encontros extraordinários a pedi-
algo de sumo importância principalmente quando se vê questões do de qualquer um dos seus partícipes.
fundamentais que se encontram em jogo neste conceito chamado c) CCM (Comissão de Comércio do Mercosul): É o órgão respon-
globalização. sável pela gestão das decisões sobre o comércio do Mercosul. Suas
O maior efeito ocorrido nas ultimas décadas tem sido o cres- funções envolvem a aplicação dos instrumentos políticos e comer-
cimento do mercado por todo o mundo, como consequências de ciais dentro do bloco e deste com terceiros, além de criar e supervi-
transnacionalização dos mercados. As mudanças trazidas pelos pro- sionar órgãos e comitês para funções específicas.
cessos globalizantes dos mercados, com sua força atual dada pelo d) CPC (Comissão Parlamentar Conjunta): representa os parla-
avanço tecnológico. mentos dos países-membros do Mercosul. É o órgão responsável
Assim, neste circulo vicioso que os Estados menos desenvolvi- pela operacionalização e máxima eficiência do corpo legislativo do
dos social e economicamente se encontram nesses três primeiros bloco.
anos do século XXI divididos entre as necessidades de prestigiar e) Foro Consultivo Econômico e Social: é o órgão que representa
uma economia globalizada, com o retrocesso do trabalho para atra- os setores da economia e da sociedade de cada um dos membros
ção de investimentos a fim de propiciar o crescimento econômico, do Mercosul. Ele possui um caráter apenas consultivo, opera por
e, o dever de corrigir as distorções que o mercado global tende a meio de recomendações ao GMC e pode incluir em torno de si a
produzir diante da fragilidade crescente por esse retrocesso nas participação de empresas privadas.
questões sociais. Além desses organismos, existem outros órgãos e secretarias
A globalização, no entanto, não perdoa as incertezas e as indeci- vinculados às denominações acima apresentadas. Juntos, esses ele-
sões, é capaz de transnacionalizar mercados, tecnologias, culturas, mentos compõem a estrutura do Mercosul, atuando no sentido de
valores, com a queda das fronteiras nacionais, mundializa também organizá-lo e fundamentando suas ações e estratégias de mercado.
as crises. O seu correto funcionamento significa a garantia da coesão e har-
Um fenômeno decorrente dos avanços tecnológicos e das te- monia desse importante bloco econômico.
lecomunicações, um conjunto de ações políticas econômicas e
culturais que objetivam a integração do mundo todo permitindo a Protocolos complementares ao tratado fundador
transmissão de informações com extrema rapidez de uma parte a Em razão da dinâmica presente no processo de integração, para
outra do planeta. adequar a estrutura do bloco às mudanças ocorridas, o Conselho do
Mercado Comum anexou ao Tratado de Assunção diversos proto-
Organização e estrutura do MERCOSUL colos complementares ao longo do tempo. Para ter validade, após
O Mercosul estrutura-se a partir de alguns organismos repre- receber a assinatura dos presidentes do bloco, um protocolo geral
sentados pelos países-membros efetivos do bloco que visam à cor- deve ser aprovado por decreto legislativo em todos os países sig-
reta estruturação dos acordos realizados. Esse bloco econômico natários. Ao todo, 15 protocolos receberam esta aprovação e estão
possui três grupos diferentes de países integrantes: em vigência:

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GEOGRAFIA DO BRASIL
Protocolo de Las Leñas, 1992; determinou que sentenças pro- rogação. As decisões deste tribunal têm caráter obrigatório para os
venientes de um país signatário tenham o mesmo entendimento Estados envolvidos nas controvérsias, não estão sujeitas a recursos
judicial em outro, sem a necessidade de homologação de sentença, ou revisões e, em relação aos países envolvidos, exercem força de
a que estão submetidas todas as demais decisões judiciais tomadas juízo. No Brasil, este protocolo foi registrado através do decreto le-
em países de fora do bloco. No Brasil, este protocolo foi aprovado gislativo número 712, de 15 de outubro de 2003, e promulgado por
através do decreto legislativo número 55 de 19 de abril de 1995 meio do decreto número 4 982, de 9 de fevereiro de 2004.
e promulgado por meio do decreto 2 067, de 12 de novembro de Protocolo de Assunção sobre o Compromisso com a Promoção
1996. e Proteção dos direitos Humanos no Mercosul, 2005; No Brasil, este
Protocolo de Buenos Aires sobre Jurisdição Internacional em protocolo foi registrado através do decreto legislativo número 592,
Matéria Contratual, 1994; No Brasil, este protocolo foi aprovado de 27 de agosto de 2009 e promulgado por meio do decreto núme-
pelo decreto legislativo número 129, de 5 de outubro de 1995, e ro 7 225, de 1 de julho de 2010.
promulgado através do decreto número 2 095, de 17 de dezembro Protocolo Constitutivo do Parlamento do Mercosul, 2005; No
de 1996. Brasil, este protocolo foi aprovado através do decreto legislativo nú-
Protocolo de Integração Educativa e Reconhecimento de Certi- mero 408, de 12 de setembro de 2006 e promulgado por meio do
ficados, Títulos e Estudos de Nível Primário, Médio e Técnico, 1994; decreto número 6 105, de 30 de abril de 2007.
No Brasil, este protocolo foi aprovado através do decreto legislativo Protocolo de Adesão da República Bolivariana de Venezuela ao
número 101, de 3 de julho de 1995, e promulgado por meio do de- Mercosul, 2006; Protocolo válido em razão da suspensão da Repú-
creto número 2 726, de 10 de agosto de 1998. blica do Paraguai. No Brasil, este protocolo foi registrado através
Protocolo de Ouro Preto, 1994; estabeleceu estrutura institu- do decreto legislativo número 936, de 16 de dezembro de 2009 e
cional para o Mercosul, ampliando a participação dos parlamen- promulgado por meio do decreto número 3 859, de 6 de dezembro
tos nacionais e da sociedade civil. Este foi o protocolo que deu ao de 2012.
Mercosul personalidade jurídica de direito internacional, tornando Alguns protocolos não receberam esta aprovação e, por este
possível sua relação com outros países, organismos internacionais motivo, são chamados de protocolos pendentes. No entanto, ou-
e blocos econômicos. No Brasil, este protocolo foi aprovado através tros protocolos aprovados por decreto legislativo foram aprimora-
do decreto legislativo número 188, de 16 de dezembro de 1995, e
dos posteriormente, tendo assim, sua validade revogada:
promulgado por meio do decreto número 1 901, de 9 de maio de
Protocolo de Brasília, 1991; foi revogado com a assinatura do
1996.
Protocolo de Olivos em 2002. Modificou o mecanismo de contro-
Protocolo de Medidas Cautelares, 1994; No Brasil, este proto-
vérsias inicialmente previsto no Tratado de Assunção, disponibili-
colo foi aprovado através do decreto legislativo número 192, de 15
zando a utilização de meios jurídicos para a solução de eventuais
de dezembro de 1995 e promulgado por meio do decreto número 2
disputas comerciais. Estipulou a utilização do recurso de arbitragem
626, de 15 de junho de 1998.
como forma de assegurar ao comércio regional estabilidade e so-
Protocolo de Assistência Jurídica Mútua em Assuntos Penais,
lidez. Definiu prazos, condições de requerer o assessoramento de
1996; No Brasil, este protocolo foi aprovado através do decreto le-
gislativo número 3, de 26 de janeiro de 2000, e promulgado por especialistas, nomeação de árbitros, conteúdo dos laudos arbitrais,
meio do decreto número 3 468, de 17 de maio de 2000. notificações, custeio das despesas, entre outras disposições. No
Protocolo de São Luís em Matéria de Responsabilidade Civil Brasil, este protocolo foi registrado através do decreto legislativo
Emergente de Acidentes de Trânsito entre os Estados Partes do número 88, de 01 de dezembro de 1992, e decreto número 922, de
Mercosul, 1996; No Brasil, este protocolo foi aprovado através do 10 de setembro de 1993.
decreto legislativo número 259, de 15 de dezembro de 2000, e pro-
mulgado por meio do decreto número 3 856, de 3 de julho de 2001. Alguns dados demográficos, econômicos e geográficos do
Protocolo de Integração Educativa para a Formação de Recursos Mercosul
Humanos a Nível de Pós-Graduação entre os Países Membros do - População: 300 milhões de habitantes (estimativa 2017)
Mercosul, 1996; No Brasil, este protocolo foi aprovado pelo decreto - Comércio entre os países: US$ 37,9 bilhões (em 2016)
legislativo número 129, de 5 de outubro de 1995, e promulgado - Área total: 14.869.775 km²
através do decreto número 2 095, de 17 de dezembro de 1996. - PIB: US$ 4,7 trilhões (estimativa 2017)
Protocolo de Integração Cultural do Mercosul, 1996; No Brasil, - PIB per capita: US$ 15.680 (estimativa 2017)
este protocolo foi registrado através do decreto legislativo número - IDH: 0.767 (índice de desenvolvimento humano alto) - Pnud
3, de 14 de janeiro de 1999, e promulgado através do decreto nú- 2016   
mero 3 193, de 5 de outubro de 1999. O MERCOSUL oferece ao Brasil a possibilidade de se tornar o
Protocolo de Integração Educacional para o Prosseguimento de líder de uma região com um PIB da ordem de grandeza de US$ 4,7
Estudos de Pós-Graduação nas Universidades dos Países Membros trilhões; sem conflitos étnicos, de fronteira, religiosos, históricos ou
do Mercosul, 1996; No Brasil, este protocolo foi aprovado através culturais; com sistemas financeiros relativamente desenvolvidos;
do decreto legislativo número 2, de 14 de janeiro de 1999, e pro- uma tradição capitalista de décadas; um parque industrial de porte
mulgado por meio do decreto número 3 194, de 5 de outubro de razoável; consumo de massa; e uma considerável demanda reprimi-
1999. da, visto se tratar de uma região com uma renda per capita média,
Protocolo de Ushuaia, 1998; No Brasil, este protocolo foi apro- porém com bolsões de pobreza expressivos e portanto com gran-
vado através do decreto legislativo número 452, de 14 de novembro de potencial de expansão de consumo. O MERCOSUL é o grande
de 2001 e promulgado através de decreto número 4 210, de 24 de expoente brasileiro no cenário internacional, nas relações econô-
abril de 2002. micas e até mesmo políticas, possibilitando uma maior estrutura
Protocolo de Olivos, 2002; aprimorou o Protocolo de Brasília de negociação ao gozar do status de bloco econômico, é visto, por
mediante a criação do Tribunal Arbitral Permanente de Revisão do muitos, como uma forma de fugir da gigantesca influência dos Esta-
Mercosul. Esse tribunal passou a revisar laudos expedidos pelos dos Unidos na América Latina que é uma constante preocupação no
Tribunais Arbitrais, em caso de contestação. Seus árbitros são no- que diz respeito a manter tradições e costumes culturais singulares
meados por um período de dois anos, com possibilidade de pror- dos latinos.

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GEOGRAFIA DO BRASIL
Integração regional Brasil e América Latina é muito baixa dução brasileira pra que quando a economia brasileira crescer, aí o
Países poderiam aproveitar melhor o aumento de barreiras crescimento da região se sustenta, porém, isso requer uma maior
entre EUA e China se houvesse um comércio interregional mais coordenação entre as organizações de fomento da região e de ban-
estruturado cos de desenvolvimento. Essas instituições precisam focar os recur-
Enquanto as incertezas no cenário externo aumentam devido às sos em projetos para melhorar a infraestrutura regional.
tensões comerciais entre Estados Unidos e China, apesar da trégua O diretor de Estudos e Relações Econômicas e Políticas Interna-
temporária de 90 dias acordada no encontro do G2 (grupo das 19 cionais do Ipea, reforçou que a capacidade de investimento no país,
maiores economias desenvolvidas e emergentes do planeta mais a que é baixa e depende das multinacionais e da agenda de integra-
União Europeia), especialistas alertam para a falta de integração do ção. “O Brasil tem pés de barro para ser um líder regional e uma
Brasil com os países vizinhos, que poderia ser uma forma de prote- limitação estrutural, que é determinante para qualquer integração.
ção para a região, de acordo com levantamento feito pelo Instituto A discussão de abertura comercial, cogitada pelo novo governo,
de Pesquisa Econômica Avançada (Ipea) e a Comissão Econômica precisa ter mecanismos de incentivo ao comércio intrarregional”,
pra a América Latina (Cepal), ligada à Organização das Nações Uni- afirmou. O diretor destaca ainda a necessidade de ampliação dos
das (ONU). acordos comerciais não apenas do Mercosul como forma de melho-
“Temos um quadro de integração regional que não é muito rar a integração regional.
satisfatório. Ele é muito baixo. Aproximadamente, apenas 18% do
comércio dos países latino americanos é intrarregional nos últimos Circulação e custos
anos. Ainda que ele tenha melhorado um pouco entre 2005 e 2011, O sistema de transporte é um elemento fundamental das eco-
que foram os melhores anos para o comércio na região e o Brasil nomias nacionais. Os custos de deslocamento incidem sobre os
aumentou sua participação, mas, nos últimos anos, esse comércio custos das matérias-primas e dos produtos finais destinados aos
intrarregional voltou a diminuir”. (Pedro Silva Barros - pesquisador mercados internos ou à exportação. Sistemas de transportes caros
do Ipea Pedro Silva Barros). e ineficientes reduzem o potencial de geração de riquezas e a com-
O pesquisador lembrou que um dos maiores desafios para o au- petitividade dos países. No Brasil, o desenho do sistema de trans-
mento dessa integração regional é a infraestrutura precária assim porte reflete as desigualdades regionais.
como a falta de garantias para o comércio intrarregional e a desor- Nas paisagens coexistem formas espaciais, objetos produzidos
ganização das cadeias de valor. “A estruturação das cadeias de valor pelo trabalho humano em diferentes momentos históricos. Por
não compreende nossa região como espaço de articulação. Nesse mais velozes que sejam as mudanças na sociedade, esses objetos
sentido, o Estado pode atuar para estruturar melhor essas cadeias”, nunca são destruídos ou substituídos por outros ao mesmo tempo.
disse ele, lembrando que boa parte das exportações brasileiras na Ao contrário, alguns processos novos se adaptam às formas espa-
região é de manufaturas e, no setor de serviços, a participação do ciais preexistentes, e a elas atribuem novos papéis. Isso acontece,
Brasil cresce em uma velocidade muito lenta. O técnico destacou por exemplo, quando uma região fabril é desativada e os velhos
que a Zona Franca de Manaus poderia ser um catalisador do co- galpões são reaproveitados para novos fins, como grandes restau-
mércio intrarregional, contudo, está longe de cumprir essa função. rantes, danceterias ou áreas de promoção cultural; ou quando uma
“A Suframa é um polo industrial que foi estruturado como agência antiga área portuária se transforma em polo de turismo ou lazer.
de desenvolvimento regional, mas não cumpre o seu papel”, la-
mentou.
De acordo com o representante da área de Assuntos Econômi-
cos da Cepal em Santiago, José Duran, destacou que o índice de
comércio intrarregional ficou em 17,2% das exportações totais da
América Latina, em 2017, dos quais 54% do valores das trocas entre
países vizinhos são de produtos de tecnologia alta, média e baixa.
A China é o maior destino desses produtos e importa quase 50%
do total embarcado. “A América Latina poderia se beneficiar das
maiores barreiras comerciais entre Estados Unidos e China se hou-
vesse maior integração regional”, disse Duran. A Cepal projetou um
crescimento das trocas interregionais, liderado pelas manufaturas
baseadas em recursos minerais, como derivados de petróleo, cobre
papel e papelão, e de manufaturas de tecnologia baixa e média. To-
davia, ele acrescentou que há também um potencial de crescimento
do comércio eletrônico intrarregional, mas há quatro desafios que
precisam ser enfrentados: melhorar o capital humano, aperfeiçoar
a infraestrutura logística, convergência regulatória e adequação dos
meios de pagamentos. “O Brasil participa com 42% desse comércio Estação das Artes Elizeu Ventania em Mossoró - RN. Antigo pré-
e a região está aumentando o consumo de produto importado, que dio do Sistema Ferroviário Federal, foi recuperado pela Petrobras e
vem ocupando o espaço brasileiro”, alertou. hoje abriga a maior parte das festas e eventos sociais da cidade.
Avaliações demonstram que o modelo de trocas comerciais na
região não é sustentável e muito diferente do que ocorre no sudes- O geógrafo Milton Santos chama de «rugosidades» essas
te asiático. Os países do sudeste asiático são provedores de insu- formas espaciais produzidas para atender necessidades do
mo da produção chinesa. Logo, quando a China cresce, os demais passado, mas que resistiram aos processos de transformação
países crescem junto. Agora, aqui na região, se o Brasil cresce, não social e econômico e continuam a desempenhar um papel ativo
acontece nada. no presente. É o que ocorre, por exemplo, com as redes nacionais
A condição básica para a sustentabilidade de longo prazo na in- de transporte - espelhos dos diferentes modelos de organização
tegração da América do Sul é criar a capacidade de oferta nos países da economia que se sucederam ao longo da história de um país.
menores de uma forma que eles possam prover insumos para a pro- No Brasil, as rodovias dominam a matriz de transportes. O sistema

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GEOGRAFIA DO BRASIL
rodoviário responde por 59% da matriz, em contraste com os 24% das ferrovias e os 17% das hidrovias e outros meios somados. Para
efeitos de comparação com o Brasil, um país também de dimensões continentais como o Canadá tem 46% de ferrovias, 43% de rodovias e
11% de hidrovias e outros. A opção pelas rodovias, responsáveis pelos elevados custos de deslocamento que vigoram no país, foi realizada
no contexto da acelerada industrialização que teve lugar em meados do século passado.

Ferrovia Transiberiana - maior ferrovia do mundo, corta a Rússia de leste a oeste

No final do século XIX e início do século XX, porém, o modelo de transporte adotado no Brasil contemplava, basicamente, as necessi-
dades da economia agroexportadora. Nesse período, o trem era o meio de transporte mais típico. O traçado das redes regionais interligava
as áreas produtoras de mercadorias tropicais aos portos, pelos quais a produção era escoada para o mercado externo. No caso da malha
ferroviária paulista, que estava a serviço do café, havia uma abertura em leque para as terras do interior e um afunilamento na direção do
Porto de Santos.
Essas redes configuravam as estruturas de “bacia de drenagem”, pois se destinavam a escoar produtos minerais e agrícolas para os
portos, de onde eles seguiam rumo aos mercados internacionais. Os planos de desenvolvimento de transportes visavam integrar as ferro-
vias com as hidrovias, uma vez que os rios eram bastante utilizados para a circulação regional. Um plano esboçado pelo engenheiro militar
Eduardo José de Moraes ainda no século XIX tinha como objetivo criar um sistema hidroviário integrado.

Com a emergência da economia urbano-industrial, as ferrovias e hidrovias foram paulatinamente perdendo importância para a rede
rodoviária. Na década de 1930 esboçou-se uma nova diretriz na política nacional de transporte, que passou a privilegiar a construção de
grandes rodovias. Washington Luís, presidente da República entre 1926 e 1930, adotou como lema de seu mandato a frase “governar é
construir estradas”. Nas décadas seguintes, essa política seria fortalecida pela criação da Petrobras e pelo desenvolvimento da indústria
automobilística.

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GEOGRAFIA DO BRASIL
A opção rodoviária, adotada naquela época, é atualmente uma das maiores dificuldades logísticas do país, pois teve como resultado um sis-
tema de transporte caro e ineficiente, que traz impactos negativos tanto para a economia quanto para o meio ambiente.

Mapa rodoviário do Brasil

Embora no Brasil existam grandes extensões de rios navegáveis, o país não dispõe de um sistema hidroviário. O sistema ferroviário, pratica-
mente abandonado nos últimos 80 anos, hoje apresenta enormes trechos desativados ou subaproveitados.
No que diz respeito às rodovias, apesar da presença de estradas modernas e construídas com os mais avançados recursos da engenharia,
predominam os trechos esburacados e em péssimas condições. Cerca de 16% delas foram privatizadas e receberam investimentos nas últimas
décadas, ainda que tenham se tornado extremamente caras tanto para os carros de passeio quanto para os caminhões de carga, em virtude das
elevadas tarifas de pedágio.
Entre as rodovias públicas, cerca de 80% da malha foi classificada como deficiente, ruim ou péssima por uma pesquisa da Confederação
Nacional do Transporte (CNT).

BR-230 (Transamazônica) - Trecho entre Altamira e Marabá, no Pará

A situação da maior parte da malha ferroviária brasileira também é bastante precária. Enquanto a maioria dos países desenvolvidos dispõe
de um sistema ferroviário moderno, que permite tráfego das locomotivas de até 300 km/h, os trilhos no Brasil têm mais de 100 anos, e por eles
passam trens vagarosos.
Além disso, muitos trechos da malha foram cercados por cidades: um levantamento feito pela MRS Logística, que opera a malha sudeste da
antiga Rede Ferroviária Federal, aponta a existência de 11.000 cruzamentos com estradas no Brasil. A necessidade de desacelerar nos trechos
próximos a cidades e estradas obriga os trens de carga brasileiros a andarem numa velocidade de 25 km/h, ao passo que em outros países a
velocidade média é de 80 km/h.

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GEOGRAFIA DO BRASIL

Grande parte da rede ferroviária do Brasil encontra-se suca-


teada Trecho da BR-010 (Belém-Brasília) em Dom Eliseu (PA)

Atualmente, onze linhas férreas estão convertidas em atra- Na década de 1980, a crise financeira do Estado brasileiro teve
ções turísticas. A maior delas, com 664 km de extensão é a que efeitos devastadores sobre a vasta malha rodoviária. Com a capa-
liga a capital do Espírito Santo, Vitória, à capital mineira. A me- cidade de investimentos bastante reduzido, o governo federal sim-
nor, com somente 4 km, fica na cidade do Rio de Janeiro: o Tren- plesmente deixou de realizar a manutenção das estradas, que, sob
zinho do Corcovado. o peso dos caminhões de carga e dos efeitos erosivos da chuva e do
Em muitos casos, a transformação de trechos ferroviários de- sol quente, se deterioraram em pouco tempo.
sativados em caminhos turísticos foi iniciativa dos apaixonados O péssimo estado de conservação das rodovias brasileiras não
por trens; gente que gostava de ver as locomotivas correr sobre prejudica apenas os usuários de transporte de passageiros, mas
os trilhos e lembrar com saudade da época áurea do transporte também o ramo de transporte de cargas, que tem muito mais gas-
ferroviário de passageiros no país. Reunidos em associações, es- tos com a manutenção de caminhões. Além disso, a existência de
ses militantes preservam a memória ferroviária brasileira, recu- trechos intransitáveis e a falta de maior integração entre as redes
peram locomotivas e vagões e procuram colocá-los novamente de transporte, exigem trajetos mais longos e complicados, o que
em atividade. resulta em mais poluição e mais gastos com combustíveis, além de
uma maior exposição a acidentes.

Trem Turístico puxado por uma “Maria Fumaça” que liga


São João Del Rey a Tiradentes - MG

Algumas rodovias brasileiras desempenharam (e ainda de-


sempenham) papel estratégico na integração do território na-
cional.
O Nordeste e o Sul do país foram conectados ao Sudeste por
meio da BR-116 e, depois, da BR-101. Nas décadas de 1950 e Condições das rodovias federais de acordo com uma pesquisa
1960, as capitais do Centro-Oeste e Brasília foram ligadas ao Su- feita em 2010 pela CNT
deste.
Em seguida, Brasília e Cuiabá tornaram-se os trampolins para Na década de 1990, a administração de inúmeras rodovias
a integração da Amazônia com o restante do território brasileiro. federais e estaduais passou ao controle de concessionários priva-
Os eixos principais foram a BR-153 (Belém-Brasília) e a BR-364, dos, garantindo a modernização e expansão das ligações viárias que
que parte de Mato Grosso e abre caminho para Rondônia e o servem principalmente aos eixos de circulação do Sudeste. Entre
Acre. Um eixo secundário é a BR-163 (Cuiabá-Santarém), cuja esses empreendimentos destacam-se as grandes rodovias paulis-
pavimentação se interrompe antes da divisa setentrional de tas, como os sistemas Anhanguera-Bandeirantes (entre São Paulo
Mato Grosso e só é retomada nas proximidades de Santarém. e Campinas), Anchieta-Imigrantes (entre São Paulo e a Baixada San-
tista) e Dutra-Ayrton Senna (entre São Paulo e o Vale do Paraíba).

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GEOGRAFIA DO BRASIL

Rodovia dos Bandeirantes - trecho São Paulo-Cordeirópolis

As estradas da globalização
Nos últimos anos, o Brasil tem realizado um enorme esforço para aumentar sua participação no comércio internacional. En-
tretanto, o predomínio das rodovias e a precária integração entre os diferentes modos de transportes geram elevados custos de
deslocamento, que dificultam a chegada dos produtos brasileiros aos mercados externos. Por isso mesmo, uma parcela significativa
do orçamento e das obras previstas no Plano de Aceleração do Crescimento (PAC), anunciado em 2007, está voltado para o setor.
Essas obras destinam-se a configurar uma nova estrutura em “bacia de drenagem”, por meio de empreendimentos ferroviários e
hidroviários. A perspectiva do Plano Nacional de Logística e Transporte (PNTL), do Ministério dos Transportes, é alcançar em 2015 o
equilíbrio entre os três sistemas, com a seguinte repartição: rodoviário, 33%; hidroviário, 29%.

Obras do PAC na BR-101 no município de Goianinha - RN

Alguns dos principais empreendimentos destinam-se a facilitar o escoamento da agropecuária modernizada do Centro-Oeste, na
Amazônia meridional e no leste do Pará. O centro e o sul do Mato Grosso do Sul já estão conectados aos portos de Santos e Parana-
guá por meio das ferrovias Noroeste do Brasil, Novoeste e Ferropar. Os trilhos da Ferronorte alcançaram a porção setentrional do
Mato Grosso do Sul e, numa segunda etapa, devem atingir Cuiabá e Porto Velho. O ramal ferroviário Cuiabá-Santarém é um projeto
de longo prazo, mas o trecho paraense da rodovia que liga essas duas cidades estão sendo asfaltado.
A conclusão da segunda etapa da Ferronorte representará uma dupla conexão das áreas agrícolas do oeste do Mato Grosso e
de Rondônia. Ao sul, a produção será escoada pelos portos de São Paulo e do Paraná, ou através da Hidrovia do Rio Paraná, rumo
à Argentina. Ao norte, seguirá pela Hidrovia do Madeira até chegar ao Rio Amazonas, de onde seguirá para o oceano. A estrada de
ferro também servirá para aliviar o fluxo que passa pela BR-364.

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GEOGRAFIA DO BRASIL

Ferrovia Ferronorte

A Ferrovia Norte-Sul destina-se a escoar a produção agropecuária de uma vasta área que se estende pelo oeste baiano, Goiás, Tocantins e
nordeste de Mato Grosso. A estrada de ferro está conectada às rodovias e ferrovias do Sudeste. Do outro lado, tanto a ferrovia quanto a hidrovia
projetada interligam-se à Estrada de Ferro Carajás, que transporta minérios e grãos para o porto de Itaqui, no Maranhão. O novo eixo ferroviário
em construção tende a reduzir o transporte de cargas pela BR-153.

Ferrovia Norte-Sul

Os investimentos não estão ocorrendo apenas no ramo ferroviário. Desde 2007, o Departamento Nacional de Infraestrutura e Transportes
(DNIT) está preparando uma espécie de “PAC das hidrovias”, que prevê investimentos de até R$ 18 bilhões nos próximos anos.
A mais importante entre essas obras é a ampliação da Hidrovia Tietê-Paraná. A intenção do governo é ampliar o trecho navegável, dos atuais
800 para 2.000 km. A capacidade de transporte de carga aumentaria de 5 milhões para 30 milhões de toneladas por ano. Outra vantagem é que
a hidrovia terminaria a uma distância de apenas 150 km do Porto de Santos (hoje essa distância é de 310 km).

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GEOGRAFIA DO BRASIL

HidroviaTietê-Paraná

A segunda obra em análise é a ampliação da Hidrovia do Tocantins-Araguaia. O primeiro trecho da obra contempla a construção da
eclusa de Tucuruí, que dará ao Rio Tocantins 700 km navegáveis. No futuro, pretende-se fazer mais três eclusas, elevando a distância na-
vegável para 2.200 km.
O terceiro projeto trata-se do projeto da implantação da Hidrovia Teles Pires-Tapajós, que demandará investimentos de R$ 5 bilhões
para ampliar a navegabilidade do rio de 300 km para 1.500 km.

Hidrovia Tocantins-Araguaia

A integração intermodal
A nova política de transportes não representa uma mera substituição da prioridade rodoviária pela ênfase nas ferrovias e hidrovias. A
configuração de uma estrutura de “bacia de drenagem” capaz de contribuir para a inserção competitiva do país na economia globalizada
depende da integração intermodal - ou seja, entre diferentes modos de transporte.
As cargas devem ser transferidas, com eficiência e baixos custos, entre caminhões, vagões ferroviários e comboios fluviais. Isso exige a
construção de terminais intermodais e terminais especializados junto às ferrovias, hidrovias e portos marítimos. Os trabalhos de ligações
intermodais desenvolvem-se em todas as regiões. Um exemplo é a ligação da Ferrovia Norte-Sul ao Porto de Santos, que deverá facilitar o
escoamento da safra de grãos do Centro-Oeste.

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GEOGRAFIA DO BRASIL

Os portos marítimos e fluviais nos quais atracam embarcações de longo curso representam os elos principais entre o sistema nacional
de transporte e o mercado mundial. Segundo o Ministério dos Transportes, existem no país 40 portos públicos, basicamente operados
pelo setor privado. Do ponto de vista da movimentação de cargas, os maiores portos brasileiros são dois grandes terminais exportadores
de minérios e produtos siderúrgicos: Tubarão, no Espírito Santo, e Itaqui, no Maranhão. Ambos prestam serviços para a Companhia Vale
do Rio Doce (Vale), a maior empresa mineradora do país e uma das maiores do mundo.

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GEOGRAFIA DO BRASIL

Os principais portos do Brasil

No litoral Sudeste encontra-se a maior concentração de portos de intenso movimento, com destaque para o Porto de Santos, que mo-
vimenta principalmente produtos industrializados. Na Região Sul, destacam-se as exportações agropecuárias de Paranaguá e Rio Grande.
Os custos portuários brasileiros chegaram a figurar entre os mais elevados do mundo, em razão da fraca mecanização das operações de
embarque e desembarque e da intrincada burocracia administrativa. Faltam equipamentos para movimentar a carga, há poucos estaciona-
mentos para os caminhões e os armazéns são insuficientes. Desse modo, congestionamentos e atrasos tornam-se rotina, o que dificulta a
vida de quem exporta. Nesse setor, porém, a maior parte dos investimentos está sendo realizada pelo setor privado, que já controla cerca
de 80% da movimentação portuária nacional.

Fila de carretas em direção ao Porto de Paranaguá - PR

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GEOGRAFIA DO BRASIL
Os investimentos em infraestrutura de transporte estão geran- transportes de massa com restrições ativas à circulação de veículos
do novos polos de crescimento econômico e acendem disputas particulares. No Brasil, as experiências de limitação do tráfego
pela atração de investimentos. No Nordeste, dois novos e moder- de automóveis abrangem principalmente proibições parciais de
nos portos foram empreendimentos prioritários dos governos es- circulação, por meio de sistemas de rodízios. O automóvel, antigo
taduais na década de 1990: Suape, em Pernambuco, e Pecém, no ícone da liberdade de deslocamento, tornou-se símbolo das
Ceará. Em torno deles, surgiram, graças a generosos incentivos mazelas da vida urbana.
fiscais, distritos industriais com vocação exportadora.
Destaque da Região Centro-Sul
O transporte intraurbano Com aproximadamente de 2,2 milhões de km2, cerca de 25%
As últimas décadas conheceram uma verdadeira explosão do território brasileiro, a região centro-sul abrange os estados
nas taxas de motorização individual. Entre os países desenvol- da região Sul, Sudeste (exceto o norte de Minas Gerais) e Centro-
vidos, essa taxa varia de cerca de 350 mil automóveis por mil Oeste, (Goiás, Mato Grosso do Sul, Distrito Federal, Sul do Mato
habitantes da Dinamarca até 500 ou mais na Alemanha, Itália e Grosso e de Tocantins.
nos Estados Unidos. Nos países subdesenvolvidos industrializa- É o complexo regional mais importante e o centro econômico
dos, ela é bem menor, em torno de 100 a 200 automóveis por da nação, com mais de 60% da população brasileira. Aí estão 16
mil habitantes, embora esteja crescendo em ritmo acelerado. das 22 áreas metropolitanas do país. É a mais dinâmica das regiões,
Nas cidades brasileiras com mais de 60 mil habitantes, por exem- com uma economia muito diversificada.
plo, a taxa de motorização passou de 171 veículos/mil habitantes Apresenta a maior concentração de indústrias do país, uma
em 2003 para 206 veículos/mil habitantes em 2007. Por isso, e rede complexa e interligada de cidades, a agropecuária mais mo-
apesar dos programas de redução de poluentes de veículos, a derna e a mais densa rede de serviços, comunicações e transportes.
quantidade de poluentes emitidos pelos habitantes dessas cida- É onde se produz mais emprego do que todos os complexos regio-
des apresentou aumento de 2,3% no período. nais e concentra a maior quantidade dos investimentos das grandes
A poluição atmosférica causada pelos veículos acarreta distúr- empresas.
bios de saúde em vastas camadas da população. A poluição sonora O Centro-Sul é o espaço da modernização e do dinamismo, em-
bora apresente ainda estruturas tradicionais e atrasadas, acarretan-
e os acidentes de tráfego também fazem parte da lista dos proble-
do desequilíbrios socioespaciais no seu espaço regional. Podemos
mas gerados pelo crescimento intensivo do transporte individual.
dizer que o Centro-Sul representa o “Brasil novo”, da indústria, das
grandes metrópoles, da imigração e da modernização da economia.
É a região de economia mais dinâmica do país, produzindo a
maior parte do PIB. Nos setores agrário, industrial e de serviços,
além de concentrar a maior parte da população. Apesar da maior
dinamicidade, o centro-sul possui também as contradições típicas
do desigual desenvolvimento sócieconômico brasileiro.

População Brasileira
O Brasil é considerado um dos países de maior diversidade ét-
nica do mundo, sua população apresenta características dos coloni-
zadores europeus (brancos), dos negros (africanos) e dos indígenas
(população nativa), além de elementos dos imigrantes asiáticos. A
construção da identidade brasileira levou séculos para se formar,
sendo fruto da miscigenação (interação entre diferentes etnias) en-
Ar bastante poluído na cidade de São Paulo - SP tre os povos que aqui vivem.
Além de miscigenado, o Brasil é um país populoso. De acordo
No mundo todo houve expansão da motorização individual, ao com dados do último Censo Demográfico, realizado em 2010 pelo
passo que o uso dos transportes públicos experimentou estagna- Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a população to-
ção, ou mesmo declínio. Nas metrópoles brasileiras, carentes de tal do país é de 190.755.799 habitantes. Essa quantidade faz do Bra-
adequados sistemas de transporte público, o automóvel tende a sil o quinto mais populoso do mundo, atrás da China, Índia, Estados
substituir os deslocamentos a pé ou em bicicletas. Unidos da América (EUA) e Indonésia, respectivamente.
Desde a década de 1960, as estratégias voltadas para reduzir Apesar de populoso, o Brasil é um país pouco povoado, pois a
a crise do tráfego urbano concentraram-se na multiplicação das densidade demográfica (população relativa) é de apenas 22,4 habi-
obras viárias: pistas expressas, vias elevadas, viadutos, túneis, tantes por quilômetro quadrado. Outro fato que merece ser desta-
anéis periféricos. Essas estratégias, extremamente caras, desfigu- cado é a distribuição desigual da população no território nacional.
ram grande parte da paisagem urbana, ampliaram o espaço con- Um exemplo desse processo é a comparação entre o contingente
sumido pelas infraestruturas de circulação, deterioraram áreas populacional do estado de São Paulo (41,2 milhões) com o da região
residenciais, parques e praças e fracassaram: o aumento da ofer- Centro-Oeste (14 milhões).
ta de vias de tráfego estimulou o crescimento, num ritmo ainda A demografia – ou Geografia da População – é a área da ciência
maior, da quantidade de veículos e das distâncias percorridas. que se preocupa em estudar as dinâmicas e os processos popula-
A falta de investimentos em transporte público, obriga a po- cionais. Para entender, por exemplo, a lógica atual da população
pulação a andar em ônibus cada vez mais lotados nas grandes ci- brasileira é necessário, primeiramente, entender alguns conceitos
dades básicos desse ramo do conhecimento.
A experiência do passado recente revelou que População absoluta: é o índice geral da população de um deter-
novas infraestruturas de circulação geram seus próprios minado local, seja de um país, estado, cidade ou região. Exemplo:
congestionamentos. Assim, surgiram propostas para enfrentar o a população absoluta do Brasil está estimada em 180 milhões de
desafio do tráfego urbano que buscam combinar investimentos nos habitantes.

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GEOGRAFIA DO BRASIL
Densidade demográfica: é a taxa que mede o número de pes- Desde 2016, a taxa de desemprego tem crescido e isso só au-
soas em determinado espaço, geralmente medida em habitantes menta a competição para quem deseja se recolocar ou entrar no
por quilômetro quadrado (hab/km²). Também é chamada de popu- mercado de trabalho.
lação relativa.
Superpovoamento ou superpopulação: é quando o quantitativo
populacional é maior do que os recursos sociais e econômicos exis-
tentes para a sua manutenção.
Qual a diferença entre um local, populoso, densamente povoa-
do e superpovoado?
Um local densamente povoado é um local com muitos habitan-
tes por metro quadrado, enquanto que um local populoso é um lo-
cal com uma população muito grande em termos absolutos e um
lugar superpovoado é caracterizado por não ter recursos suficientes
para abastecer toda a sua população.
Exemplo: o Brasil é populoso, porém não é densamente povoa-
do. O Bangladesh não é populoso, porém superpovoado. O Japão
é um país populoso, densamente povoado e não é superpovoado.
Taxa de natalidade: é o número de nascimentos que acontecem
em uma determinada área.
Taxa de fecundidade: é o número de nascimentos bem sucedi-
dos menos o número de óbitos em nascimentos.
Taxa de mortalidade: é o número de óbitos ocorridos em um
determinado local.
Crescimento natural ou vegetativo: é o crescimento populacio-
nal de uma localidade medido a partir da diminuição da taxa de
natalidade pela taxa de mortalidade.
Crescimento migratório: é a taxa de crescimento de um local
medido a partir da diminuição da taxa de imigração (pessoas que
chegam) pela taxa de emigração (pessoas que se mudam).
Crescimento populacional ou demográfico: é a taxa de cresci-
mento populacional calculada a partir da soma entre o crescimento
natural e o crescimento migratório.
Migração pendular: aquela realizada diariamente no cotidiano
da população. Exemplo: ir ao trabalho e voltar.
Migração sazonal: aquela que ocorre durante um determinado
período, mas que também é temporária. Exemplo: viagem de férias.
Migração definitiva: quando se trata de algum tipo de migração Taxa de desemprego no Brasil em 2017
ou mudança de moradia definitiva.
Êxodo rural: migração em massa da população do campo para Muitas pessoas recorrem ao trabalho informal, temporário ou
a cidade durante um determinado período. Lembre-se que uma mi- não, a fim de escapar da situação de desemprego.
gração esporádica de campo para a cidade não é êxodo rural.
Metropolização: é a migração em massa de pessoas de peque- Atual
nas e médias cidades para grandes metrópoles ou regiões metro- O mercado de trabalho nunca foi tão competitivo. A economia
politanas. de mercado globalizada fez com que as empresas possam contratar
Desmetropolização: é o processo contrário, em que a popula- pessoas em todos os cantos do planeta. Com o crescimento do tra-
ção migra em massa para cidades menores, sobretudo as cidades balho remoto esta tendência só tende a aumentar.
médias. Igualmente, os postos oferecidos pelo mercado de trabalho exi-
gem cada vez mais tempo de estudo, autonomia e habilidades em
Mercado de Trabalho informática.
Mercado de Trabalho é um conceito utilizado para explicar a Dessa maneira, nem sempre aqueles que são considerados
procura e a oferta das atividades remuneradas oferecidas pelas como população economicamente ativa, tem suficiente formação
pessoas ao setor público e ao privado. para ingressar no mercado de trabalho.
O mercado de trabalho acompanhou a expansão da economia
e as taxas de desemprego chegaram a registrar somente 4% de de- Tendências
socupação. As principais tendências para o aperfeiçoamento do trabalha-
Cada vez mais, exige-se o ensino médio para as profissões mais dor, em 2017, segundo uma consultoria brasileira seriam:
elementares, conhecimento básico de inglês e informática. Devido • Capacidade de Negociação
a desigualdade social do país, nem sempre esses requisitos serão • Execução de planejamento estratégico e projetos
cumpridos durante a vida escolar. • Assumir equipes de sucesso herdadas
O melhor é se dedicar aos estudos, fazer um bom currículo, • Domínio do idioma inglês
acumular experiências de trabalho voluntário e se preparar para
entrevistas. Mulher
Por isso, é preciso abandonar de vez a ideia de trabalho infantil Embora a mulher ocupe uma fatia expressiva do mercado de
e lembrar que uma criança que não estudou durante a infância será trabalho, vários problemas persistem como a remuneração inferior
um adulto com menos chances de conseguir um bom emprego. ao homem e a dupla jornada de trabalho.

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GEOGRAFIA DO BRASIL
Mesmo possuindo a mesma formação de um homem e ocupando a mesma posição, a mulher ganhará menos. Além disso, em
casa se ocupará mais tempo das tarefas domésticas do que os homens.
Segundo a Organização Internacional do Trabalho (OIT), em todo mundo, apenas 46% das mulheres em idade de trabalhar bus-
cam emprego. Na mesma faixa etária, os homens respondem por 76%.
Nos países desenvolvidos a mulher ocupa 51,6% dos postos de trabalho frente aos 68% dos homens. No Brasil, essa diferença é
de 22 pontos percentuais, aumentando a brecha salarial.
Nos gráficos abaixo podemos observar a participação da mulher no mercado de trabalho no Brasil:

Divisão do mercado de trabalho entre mulheres e homens

Jovens
Para os jovens da chamada geração Y ou os millennials – que nasceram após 1995 – o mercado de trabalho pode ser um desafio
complexo.
Os millennials se caracterizam por ter um domínio das tecnologias mais recentes, redes sociais e até programação. Possuem bom
nível de inglês e um segundo idioma, fizeram pós-graduação e quem pode, viajou para o exterior.
Por outro lado, têm dificuldades em aceitar hierarquias e, por conta de sua formação, desejam começar logo em postos de
comando. São menos propensos a serem fiéis à empresa e preferem empreender seu próprio negócio que buscar um emprego
tradicional.
A realidade dos millennials nos países subdesenvolvidos em geral e no Brasil em particular esbarra sempre no acesso à educação
formal.

Profissões mais valorizadas


Apesar de ser apenas uma estimativa, aqui estão as profissões que estão em alta e devem ser mais demandadas nos próximos
anos:
- Estatística
- Analista de dados
- Médico
- Biotecnologia e Nanotecnologia
- Economia Agroindustrial
- Administração de Empresas
- Comércio Exterior
- Turismo
- Geriatria
- Design com foco em inovação

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GEOGRAFIA DO BRASIL
Estrutura ocupacional Além dos fatores que dizem respeito aos indivíduos e suas
Nos últimos anos o ritmo de crescimento populacional foi alterado condições, existem as barreiras sociais. Uma dessas barreiras so-
pelas modificações das taxas de mortalidade e fecundidade. Nonato et ciais é como absorver um contingente mais envelhecido (ou man-
al (2012) analisando a força de trabalho, destacam que a transição de- ter ele em atividade) como o preconceito em relação ao trabalho
mográfica altera a quantidade da força de trabalho, pois altera a com- das pessoas mais envelhecidas, embora tenham um nível maior
posição relativa de peso para cada grupos da população, principalmen- de experiência em relação aos jovens, apresentam maior absen-
te em termos de números de adultos que constituem a PIA brasileira, teísmo por condições físicas e de saúde como também maior tem-
e assim modificando a oferta de mão de obra do país, como será visto po de aprendizado de algumas funções assim como dificuldades
na seção nesta seção. para lidar com modificações tecnológicas. Logo existe a necessida-
Para Camarano (2014) o Brasil estaria indo em direção à terceira de para adequação dos meios de trabalho para esse contingente
fase da transição demográfica na qual a população apresenta diminui- da população mais envelhecido, assim como ampliar o número
ção e envelhecimento. Barbosa (2014) argumenta que a demografia de oportunidade para esse grupo etário (CAMARANO; KANSO E
brasileira nas últimas décadas vem expondo um menor ritmo de cres- FERNANDES, 2014).
cimento populacional e alteração de sua estrutura etária, fato que mo- A proporção de idosos com mais de 65 anos que continuam
difica população em idade ativa (PIA), assim como, modifica o mercado no mercado de trabalho na maior parte do mundo é baixa, e ape-
de trabalho. sar desse fato foi observado nos Estados Unidos, um incremento
Nonato et al (2012) observam a força de trabalho brasileira e sua dessa parcela da população na atividade econômica, embora com
disposição de quantidade e qualidade. A quantidade da força de traba- um quadro diferenciado, pois possuem uma condição socioeconô-
lho está condicionada ao tamanho da população, número de adultos mica mais elevada em termos de saúde e escolaridade entre eles.
e a disposição de empregabilidade. Enquanto a qualidade da força de No entanto, esse grupo etário observado também se diferencia
trabalho está condicionada ao nível educacional da população. Segun- dos outros aspectos, além da idade, pois optaram por uma maior
do os autores as características quantitativa e qualitativa da força de flexibilidade em sua permanência nas atividade econômicas, tra-
trabalho brasileira modificaram-se nas ultimas décadas por três razões balhando menos horas com uma remuneração menor, o que de
centrais. A primeira diz respeito à transição demográfica e alteração da fato pode ser uma alternativa muito viável para ser aproveitado
estrutura etária, que altera a composição da PIA e consequentemente
no contexto brasileiro, pois se adotadas medidas que favoreça
o número de indivíduos da força de trabalho. A segunda são alterações
uma maior participação desse grupo etário na economia, mesmo
da qualificação, especialização, ou seja, aumentos da escolaridade que
que não integralmente, pode levar a um prolongamento do tempo
são associados a maiores níveis de participação nas atividades produ-
nas atividades econômicas (CAMARANO; KANSO E FERNANDES,
tivas. E a terceira refere-se à população feminina e sua participação no
2014).
mercado de trabalho.
Barbosa (2014) ressalta que a parcela que representa a PIA dentro
do conjunto populacional de 2012, tinha um peso próximo a 69,0% do Participação das Mulheres Brasileiras na Atividade Econômi-
total da população brasileira. No entanto a PIA tem crescido a taxas re- ca nos Últimos Anos
lativamente menores que a população com mais de 65 anos de idade, A presente seção aponta para um cenário aonde a mulher
apresentando uma tendência de desaceleração do grupo entre 15 e 64 vem incrementando sua participação no mercado de trabalho as-
anos de idade desde 1999, em função da queda da fecundidade e com sim como seu nível educacional nos últimos anos. E se comparado
projeções para sua intensificação de queda para as próximas décadas. o cenário entre homens e mulheres em termos de participação
27 nas atividades econômicas do Brasil e alguns países integrantes da
Camarano (2014) explica que o grupo da PIA apresentou uma taxa OCDE e Estados Unidos, ainda existe espaço para ampliação das
de crescimento de 1,4% ao ano, entre 2010 e 2015, taxa considerada taxa de atividades da mulher no mercado de trabalho.
relativamente alta por Camarano, mas deve apresentar crescimento O incremento da participação feminina no mercado de traba-
negativo para os períodos finais da projeção até 2050, atingindo seu lho é uma opção que pode ser explorada visto que possui espaço
máximo até 2040 com um número aproximado de 177 milhões. A de- para crescer. Comparativamente aos países da Organização para a
saceleração do crescimento para o grupo da PIA é projetado a partir de Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) e aos Estados
2045, projeta-se também que 60,0% de sua formação sejam de indiví- Unidos, as taxas por faixa etária dos homens brasileiros ficam nem
duos com mais de 45 anos de idade, e de 50,0% com mais de 50 anos níveis similares. No entanto, com relação a faixa etária entre 40 e
de idade 64 anos do grupo das mulheres brasileiras, as taxas de atividade
ficam abaixo das taxas observadas entre as mulheres da OCDE e
Camarano (2014) argumenta que as taxas de participação na ati- Estados Unidos.
vidade econômica (PEA) de 2010 ficam constantes até a projeção de Para Souza Júnior e Levy (2014) o nível de atividade das mu-
2020, no entanto para a projeção de 2020- lheres em relação ao nível de atividade do grupo dos homens é
2030 em decorrência da queda da fecundidade devem resultar menor para todas as faixas etárias. Esta diferença se amplia se
em um decréscimo aproximado de 380 mil na demanda por postos de observado o grupo das mulheres com mais de 45 anos de idade.
trabalho anuais. Ressalta que para manter o nível de atividade da eco- Nonato et al (2012) argumentam que apesar da diferença entre a
nomia brasileira de 2010, entre 2030 e 2050, 400 mil novos indivíduos participação entre homens e mulheres, existe um crescente incre-
deverão estar dispostos a ocuparem uma vaga no mercado de trabalho mento das mulheres no mercado de trabalho formal nos últimos
brasileiro. A autora argumenta que esses potenciais demandantes por anos, passando de uma taxa de participação de 32,9% para uma
vagas no mercado de trabalho poderiam resultar do declínio de mor- taxa de 52,7% entre o período de 1981 a 2009 e, que apesar do
talidade, aumento da participação feminina ou ainda uma postergação aumento nos últimos anos, ainda existe uma diferença considerá-
da saída do mercado de trabalho. vel, 20 pontos percentuais em comparação a nível de participação
Nonato et al (2012) ressalta que os efeitos de curto prazo de dimi- masculina.
nuição da população jovem será desdobrado no médio e longo prazo Logo Nonato et al (2012) observam um potencial para o aumen-
em uma redução da (PIA) e inversão da pirâmide etária. E a partir de to do grupo das mulheres no mercado de trabalho. Somado a esse
uma perspectiva do mercado de trabalho a consequência da transição potencial, uma melhora do nível de escolaridade tende a incremen-
demográfica resulta diretamente na composição da PIA brasileira e im- tar a participação dos indivíduos nas atividades econômicas assim
pactando a disponibilidade de mão de obra. como tendem a incrementar a sua produtividade. Para Barbosa

22
GEOGRAFIA DO BRASIL
(2014) dentre os fatores que influenciam a entrada das mulheres no Berlingeri e Santos (2014) argumentam que é previsto em lei
mercado de trabalho sem sombra de dúvidas a educação possui um o atendimento gratuito em creches e pré-escolas e que nos últi-
destaque. Nonato et al (2012) alega que toda a PIA brasileira tem mos anos está ocorrendo um aumentando na demanda nesses ser-
apresentado níveis cada vez maiores de escolarização nos últimos viços. Entre 1997 e 2009 a demanda por creches municipais teve
anos e evidencia um maior peso da participação das mulheres para um aumento de quatro vezes. Segundo os autores o aumento na
esse aumento no nível de escolaridade da PIA brasileira. demanda tem dois motivos principais. O primeiro é em relação às
conquistas da mulher no mercado de trabalho para complementa-
Determinantes da Participação Feminina no Mercado de Tra- ção da renda familiar, sendo que a creche aparece como uma enti-
balho dade que auxilia as mães trabalhadoras na conciliação do trabalho
Nota-se o potencial que ainda pode ser explorado em rela- e maternidade. O segundo motivo é o benefício no ensino infantil,
ção às mulheres e sua inserção no mercado de trabalho, como desenvolvimento cognitivo e socioemocional das crianças, ou seja,
já comentado neste trabalho, observa-se a diferença entre a taxa a relevância no processo educacional.
de participação nas atividades econômica brasileira feminina e a Várias modificações institucionais visando o ensino infantil fo-
internacional, como exemplo dos países que compõe Organiza- ram realizadas pelos órgãos públicos tentando suprir a crescente
ção para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) e demanda por vagas desse grupo etário como exemplo
Estados Unidos, mas principalmente, em relação à diferença nas Por meio da Lei nº 9.394/1996, que estabelece as diretrizes e
taxas de atividade masculina e feminina no Brasil. A seção aborda bases da educação nacional (Brasil, 1996), as creches foram incor-
poradas ao sistema de educação e, posteriormente, ao Fundo de
o conceito de salário reserva da mulher na tomada de decisão de
Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica e de Valoriza-
entrada ou não no mercado de trabalho, assim como trata da con-
ção dos Profissionais da Educação (FUNDEB), recebendo recursos
ciliação entre trabalho e maternidade, sendo que a presença de
diretos do governo. Outras medidas, como a Lei nº 11.114/2005
creches aponta para uma maior disposição das mulheres a exerce-
(Brasil, 2005) – que altera o Artigo 32 da LDB, determinando que
rem atividades econômicas. o ensino fundamental, gratuito e obrigatório, passa a ter início aos
A tomada de decisão em relação a entrar no mercado de tra- 6 anos de idade e estende sua duração até os 9 anos –, a Emenda
balho está ligada a oferta de trabalho e, na teoria neoclássica a Constitucional (EC) nº 59/2009 – que passa a incluir a pré-escola (4
decisão de ofertar trabalho ou não ofertar trabalho é uma decisão a 5 anos) como etapa obrigatória do ensino básico –, e o projeto
em relação à maximização da utilidade individual em relação à de lei (PL) que cria o Plano Nacional de Educação (PNE) para vigo-
quantidade de bens e lazer. Logo, a determinação quanto à oferta rar de 2011 a 2020, buscando ampliar a oferta de educação infantil
de trabalho do indivíduo está associada ao chamado salário de de forma a atender a 50% da população de até 3 anos, refletem a
reserva, ou seja, quanto o indivíduo receberá de remuneração preocupação do governo em universalizar o atendimento escolar
adicional para abrir mão de uma hora de lazer. Logo o indivíduo destinado ao público infantil (BERLINGERI; SANTOS, 2014, p.449)
estará disposto a ter menos horas de lazer quando o salário de O cenário de transformação demográfica da população brasilei-
mercado exceder seu salário de reserva. Barbosa (2014) nota que ra oferece importantes informações a respeito das demandas por
enquanto para os homens a elasticidade das horas trabalhadas vagas na educação infantil de creches e pré-escolas. Como já visto,
em relação ao salário é a principal variável dos estudos sobre ofer- a fecundidade nas ultimas décadas vem decrescendo cada vez mais
ta de trabalho. No entanto não é o mesmo para entender os de- no cenário brasileiro, que com o passar dos anos, foi alterando a
terminantes da oferta do trabalho feminino, justamente pelo con- composição etária da população, modificando principalmente os
traste da participação de ambos os sexos no mercado de trabalho. dois grupos extremos, as crianças e os idosos, pois o primeiro grupo
Barbosa (2014) aponta que o salário de reserva tem um papel perde seu peso na composição da população enquanto o segundo
importante para determinar a inserção ou não da mulher no mer- amplia seu contingente. Logo, não é comum para os formuladores
cado de trabalho, pois o mesmo indica características individuais, de políticas atenderem esse aumento de demanda presente através
familiares ou econômicas que afetam a disposição de seu nível de da expansão dos serviços de educação infantil esperando que esses
participação. Como exemplo, as mulheres com filhos pequenos, investimentos não possam ficar ociosos no futuro. Assim a deman-
possuem uma tendência a ter um salário de reserva maior do que da por esses serviços são conflitantes, pois o número de crianças do
as mulheres que não possuem filhos, assim como outros mem- grupo entre 0 e 3 anos de idade é cada vez menor, mas apesar disso,
bros dependentes no domicílio e um número maior de adultos o número de família que buscam por esse serviço é cada vez maior
(BERLINGERI; SANTOS, 2014).
também tendem a aumentar o salário de reserva das mulheres. A
Como visto neste capítulo, a população que compõe a PIA bra-
autora ainda observa variáveis como a idade e o estado conjugal
sileira vem apresentando menores taxas de crescimento com proje-
com grande influencia no salário de reserva e, que podem ter o
ções de máximo de sua população em 2040, e taxa de crescimento
efeito positivo ou negativo quanto a participação da mulher no
negativas para depois desse período. Além disso, vem apresentan-
mercado de trabalho. do maior grau de envelhecimento. Segundo Camarano (2014) para
Camarano (2004) argumenta que a presença de idosos com manter os níveis de atividade de 2010 entre 2030 e 2050 a oferta
mais de 75 é uma variável dúbia, pois se o idoso pode gerar um de mão obra trabalhadora deve crescer, e indica a possibilidade de
efeito negativo se necessitar de cuidados, assim como pode gerar incremento da participação das mulheres e aumento da permanên-
um efeito positivo se os idosos auxiliarem no cuidado dos filhos e/ cia dos trabalhadores no mercado de trabalho. Embora não elimine
ou da casa. a tendência de diminuição da população em idade ativa, essas duas
Barbosa (2014) aponta que vários estudos indicam de forma possibilidades retardam o processo.
significativa que creches e pré-escolas aumentam a participação Apesar disso, uma maior permanência nas atividades laborati-
das mulheres no mercado de trabalho assim como o aumento das vas não é uma tarefa simples, pois conforme o trabalhador vai fican-
horas trabalhadas. Barros et al (2011) observa que ao incremen- do mais velho tende a apresentar mais problemas relacionados à
tar a oferta de creches públicas em bairros de baixa renda no Rio sua condição de saúde. Como visto em média ambos os sexos saem
de Janeiro, elevou consideravelmente a participação feminina no do mercado de trabalho antes da idade mínima prevista em lei para
mercado de trabalho nestas localidades, entre 36,0% e 46,0%. aposentadoria.

23
GEOGRAFIA DO BRASIL
Logo a tendência de saída do mercado de trabalho pelo trabalhador brasileiro não está em concordância com as modificações demo-
gráficas que o país está passando, ou seja, o incremento em anos de vida que a população brasileira vem ganhando não está sendo repas-
sada em aumentos em anos nas atividades econômicas.
Contudo cabe ressaltar que em conjunto de um tempo maior de trabalho o incremento da participação das mulheres nas atividades
é outra possibilidade a ser explorada. Pois os níveis de atividade das mulheres brasileiras são menores comparativamente ao nível de
atividade dos homens brasileiros, assim como menores, quando comparadas aos níveis de atividade das mulheres dos países da OCDE e
Estados Unidos.
Barros et al (2011) observa uma relação positiva entre aumento de número de creches e aumento da participação feminina nas ativida-
des econômicas. Berlingeri e Santos (2014) argumentam que a demanda pelo serviço de creches tem aumentando nos últimos anos, mas
observa que um aumento de investimentos na ampliação deste tipo de serviço pode ficar ocioso no futuro, tendo em vista as alterações
demográficas, como um número cada vez menor de nascimentos para o grupo de crianças de 0 a 3 anos que utilizam esse serviço.
Barbosa (2014) argumenta ser incerto os cenários de aumento das mulheres na atividade econômica, e mesmo se houver este incre-
mento ainda não será o suficiente para suprir a necessidade futura de mão de obra no mercado de trabalho brasileiro, argumenta a neces-
sidade de melhores níveis educacionais e mais políticas para permanência do trabalhador no mercado de trabalho.
Nonato et al (2012) argumenta que para reduzir a diferença entre mulheres e homens em termos de níveis de atividade do mercado de
trabalho depende de modificações culturais, econômicas e sociais. Ressalta ainda que a participação feminina deve incrementar-se para os
próximos anos com mais mulheres ocupando cargos e postos nos quais ainda não estão muito presentes.

Indicadores sócioeconômicos
Os indicadores sociais são dados estatísticos sobre os vários aspectos da vida de um povo que, em conjunto, retratam o estado social
da nação e permitem conhecer o seu nível de desenvolvimento social.
Os indicadores sociais compõem um sistema e, para que tenham sentido, é necessário que sejam observados uns em relação aos ou-
tros, como elementos de um mesmo conjunto.
A partir destes indicadores sociais, pode ser avaliada a renda per capita, analfabetismo (grau de instrução), condições alimentares e
condições médicas-sanitárias de uma região ou país.

Ilustração de gráfico para indicadores sociais

Através destes indicadores, pode-se ainda indicar os países como sendo: ricos (desenvolvidos), em desenvolvimento (economia emer-
gente) ou pobres (subdesenvolvidos). Para que isso ocorra, organismos internacionais analisam os países segundo:
• Expectativa de vida (média de anos de vida de uma pessoa em determinado país).
• Taxa de mortalidade (corresponde ao número de pessoas que morreram durante o ano).
• Taxa de mortalidade infantil (corresponde ao número de crianças que morrem antes de completar 1 ano).
• Taxa de analfabetismo (corresponde ao percentual de pessoas que não sabem ler e nem escrever).
• Renda Nacional Bruta (RNB) per capita, baseada na paridade de poder de compra dos habitantes.
• Saúde (referente à qualidade da saúde da população).
• Alimentação (referente à alimentação mínima que uma pessoa necessita, cerca de 2.500 calorias, e se essa alimentação é equilibra-
da).
• Condições médico-sanitárias (acesso a esgoto, água tratada, pavimentação, entre outros).
• Qualidade de vida e acesso ao consumo (correspondem ao número de carros, de computadores, televisores, celulares, acesso à
internet, etc).

IDH (Índice de Desenvolvimento Humano)


O IDH foi criado pela ONU (Organização das Nações Unidas) com o objetivo de medir o grau econômico e, principalmente, como as
pessoas estão vivendo nos países de todo o mundo.
O IDH avalia os países em uma escala de 0 a 1. O índice 1 não foi alcançado por nenhum país do mundo, e dificilmente será, pois tal
índice iria significar que determinado país apresenta uma realidade praticamente perfeita, com elevada renda per capita, expectativa de
vida de 90 anos e assim por diante.
Igualmente é importante ressaltar que não existe nenhum país do mundo com índice 0, pois se isso acontecesse seria o mesmo que
apresentar, por exemplo, taxas de analfabetismo de 100% e todos os outros indicadores em níveis catastróficos. Os 10 países que ocupam
o topo no quesito “muito alto desenvolvimento humano” na tabela que apresenta o ranking IDH Global de 2018 são:

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GEOGRAFIA DO BRASIL

Ranking IDH Global País Nota


1 Noruega 0,953
2 Suiça 0,944
3 Austrália 0,939
4 Irlanda 0,938
5 Alemanha 0,936
6 Islândia 0,935
7 Hong Kong 0,933
8 Suécia 0,933
9 Singapura 0,932
10 Holanda 0,931

De acordo com este relatório, o Brasil figura no quesito “alto desenvolvimento humano”, ocupando a posição 79º no ranking IDH Glo-
bal, com nota 0,759.

Mapa ilustrando a visualização IDH Global

Que tipo de informação os indicadores podem dar sobre o Brasil?


A comparação entre as regiões norte, nordeste, sudeste, sul e centro-oeste é muito importante para que tenhamos condições de co-
nhecer melhor uma região ou o país. Quando comparados os indicadores sociais do nordeste com os do sudeste (por exemplo, número
de pessoas que têm em casa esgoto ligado à rede geral, água tratada e coleta de lixo), fica evidente que no nordeste as famílias vivem em
piores condições de vida do que no sudeste.
Ao mesmo tempo, estes indicadores possibilitam que tenhamos condições de avaliar com mais cuidado as ações dos governos no que
se refere à administração da vida das pessoas. Um governo conseguiu melhorar os índices de educação em várias regiões, outro pode ter
incentivado a criação de novas indústrias - os números mostram o que realmente foi realizado.

Plataforma do PNUD apresenta indicadores sociais de 20 regiões metropolitanas do Brasil


Atlas do Desenvolvimento Humano das Regiões Metropolitanas Brasileiras disponibiliza informações do IDH municipal e outros 200
indicadores socioeconômicos. Objetivo é melhorar elaboração de políticas públicas para as cidades. Iniciativa é tema de apresentações na
Terceira Conferência da ONU sobre Moradia e Desenvolvimento Urbano Sustentável, a Habitat III.
Para disponibilizar dados sobre 20 regiões metropolitanas brasileiras — de um total de 70 espalhadas pelo país —, o Programa das
Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD) e o Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA) criaram uma plataforma online com
informações sobre educação, renda, trabalho, demografia, longevidade, habitação e vulnerabilidade de grupos específicos. O objetivo é
melhorar as políticas públicas para as cidades.
A iniciativa é tema de apresentações da Terceira Conferência da ONU sobre Moradia e Desenvolvimento Urbano Sustentável, a Habitat
III, que teve início na segunda-feira (17) e termina na próxima quinta (20).
Criado também em parceria com a Fundação João Pinheiro, o Atlas do Desenvolvimento Humano das Regiões Metropolitanas Brasilei-
ras utiliza informações do projeto Atlas Brasil, que avaliou as condições de vida em 5.565 municípios.

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GEOGRAFIA DO BRASIL
Além de apresentar o índice de desenvolvimento humano de Mato Grosso formavam com Minas Gerais a região Centro. Bahia,
cada cidade (IDHM), o portal exibe outros 200 indicadores socieco- Sergipe e Espírito Santo formavam a região Leste. O Nordeste era
nômicos e sua evolução de 2000 a 2010 nas 20 regiões analisadas. composto por Ceará, Rio Grande do Norte, Pernambuco, Paraíba
Entre as regiões metropolitanas avaliadas, estão São Paulo, Distrito e Alagoas. Paraná, Santa Catarina, Rio Grande do Sul, São Paulo
Federal e Entorno, Rio de Janeiro, Manaus, Maceió, Curitiba, Porta e Rio de Janeiro pertenciam à região Sul.
Alegre, entre outras.
“O Atlas é um instrumento de democratização da informação 1945
que pode auxiliar na melhoria da qualidade de políticas públicas”,
destaca a coordenadora do Relatório de Desenvolvimento Humano
no PNUD, Andréa Bolzon.
Segundo a especialista, com a plataforma “é possível perceber
que a desigualdade em nível ‘intrametropolitano’ ainda persiste
como realidade tanto no Sudeste quanto no Nordeste”.
“Dentro da mesma região metropolitana, por exemplo, a dife-
rença em termos de esperança de vida ao nascer pode chegar a
mais de dez anos entre uma Unidade de Desenvolvimento Humano
(UDHs) e outra, quer estejamos em Campinas ou em Maceió”, ex-
plica Bolzon.
As UDHs — que podem ser analisadas separadamente na pla-
taforma — são áreas menores que bairros nos territórios mais po-
pulosos e heterogêneos, mas iguais a municípios inteiros quando
estes têm população insuficiente para desagregações estatísticas.

Através do link a seguir terá acesso, sequencialmente, à plata-


forma online e ao atlas apontado no texto.
http://www.br.undp.org/content/brazil/pt/home/presscenter/
articles/2016/10/18/atlas-do-desenvolvimento-humano-nas-regi-
-es-metropolitanas-fornece-indicadores-para-focaliza-o-de-pol-ti-
cas-p-blicas-/
Divisão regional de 1945
2. A QUESTÃO REGIONAL NO BRASIL Conforme a divisão regional de 1945, o Brasil possuía sete
A) A REGIONALIZAÇÃO DO PAÍS: SUA JUSTIFICATIVA
regiões: Norte, Nordeste Ocidental, Nordeste Oriental, Centro-
SOCIOECONÔMICA E CRITÉRIOS ADOTADOS PELO
-Oeste, Leste Setentrional, Leste Meridional e Sul. Na porção
INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA
norte do Amazonas foi criado o território de Rio Branco, atual
(IBGE); AS REGIÕES E AS POLÍTICAS PÚBLICAS PARA
FINS DE PLANEJAMENTO. estado de Roraima; no norte do Pará foi criado o estado do Ama-
B) AS REGIÕES BRASILEIRAS: ESPECIALIZAÇÕES TERRI- pá. Mato Grosso perdeu uma porção a noroeste (batizado como
TORIAIS, PRODUTIVAS E CARACTERÍSTICAS SOCIAIS E território de Guaporé) e outra ao sul (chamado território de Pon-
ECONÔMICAS. ta Porã). No Sul, Paraná e Santa Catariana foram cortados a oeste
e o território de Iguaçu foi criado.
O território do Brasil já passou por diversas divisões regionais.
1950
A primeira proposta de regionalização foi realizada em 1913 e de-
Os territórios de Ponta Porã e Iguaçu foram extintos e os
pois dela outras propostas surgiram, tentando adaptar a divisão re-
estados do Maranhão e do Piauí passaram a integrar a região
gional às características econômicas, culturais, físicas e sociais dos
Nordeste. Bahia, Minas Gerais, Espírito Santo, Rio de Janeiro
estados. A regionalização atual é de 1970, adaptada em 1990, em
razão das alterações da Constituição de 1988. O órgão responsável formavam a região Leste. Em 1960, Brasília foi criada e o Dis-
pela divisão regional do Brasil é o Instituto Brasileiro de Geografia trito Federal, capital do país, foi transferido do Sudeste para o
e Estatística (IBGE). Centro-Oeste. Em 1962, o Acre tornou-se estado autônomo e o
território de Rio Branco ganhou o nome de Roraima.
Veja o processo brasileiro de regionalização:
1970
1913 Em 1970, o Brasil ganhou o desenho regional atual. Nasceu
A primeira proposta de divisão regional do Brasil surgiu em o Sudeste, com São Paulo e Rio de Janeiro sendo agrupados a
1913, para ser utilizada no ensino de geografia. Os critérios utiliza- Minas Gerais e Espírito Santo. O Nordeste recebeu Bahia e Ser-
dos para esse processo foram apenas aspectos físicos – clima, vege- gipe. Todo o território de Goiás, ainda não dividido, pertencia
tação e relevo. Dividia o país em cinco regiões: Setentrional, Norte ao Centro-Oeste. Mato Grosso foi dividido alguns anos depois,
Oriental, Oriental, Meridional. dando origem ao estado de Mato Grosso do Sul.

1940
Em 1940, o IBGE elaborou uma nova proposta de divisão para o
país que, além dos aspectos físicos, levou em consideração aspec-
tos socioeconômicos. A região Norte era composta pelos estados
de Amazonas, Pará, Maranhão, Piauí e o território do Acre. Goiás e

26
GEOGRAFIA DO BRASIL
nais. Para tornar efetivamente pública e democrática (e menos
corporativa) a ação dos Estados é que trabalham e lutam todos os
movimentos sociais, intelectuais públicos e partidos progressistas.
Por serem movimentos mais frágeis – do ponto de vista financei-
ro e organizacional – estes atores acabam conhecendo maiores
dificuldades para terem suas pautas cotejadas e – eventualmente
– incluídas nesta agenda nacional das grandes decisões; assim, a
ação do Estado segue sendo ditada basicamente pelas vicissitudes
das grandes empresas monopólicas. A difusão recente das tecno-
logias da informação – como mostrava já o geógrafo Milton Santos
na década de 1990 – parece ser um elemento que tem contribuí-
do para aumentar a capacidade de organização e de reivindicação
dos movimentos sociais, elemento que aponta para a possibilida-
de de uma maior sensibilização da classe política em relação às
demandas inadiáveis de nossa sociedade.
Como o a regionalização pode contribuir para o processo de
redução das desigualdades que o país vem experimentando em
diversos setores?

A regionalização pode ser vista sob dois prismas principais: um


é o da formação “espontânea” das regiões, isto é: certas parcelas
Divisão regional atual dos territórios dos países se desenvolvem ao longo da história de
forma a criar algum tipo de coerência interna, ou homogeneidade,
1990 que permitem que nós denominemos estas parcelas de “regiões
Com as mudanças da Constituição de 1988, ficou definida a di- geográficas”. O outro prisma é o da “regionalização induzida”, isto
visão brasileira que permanece até os dias atuais. O estado do To- é, aquela que é em grande parte definida e implementada a partir
cantins foi criado a partir da divisão de Goiás e incorporado à região da ação do Estado (em todos os seus níveis federais e autarquias).
Norte; Roraima, Amapá e Rondônia tornaram-se estados autôno- A regionalização desse segundo tipo deve levar em conta a for-
mos; Fernando de Noronha deixou de ser federal e foi incorporado mação “espontânea” das regiões, mas pode também ser um ins-
a Pernambuco trumento poderoso para a criação de novas regiões, e de efetiva
democratização do acesso às políticas públicas no Brasil.
As regiões e as políticas públicas para fins de planejamento Já há uma bibliografia relativamente consolidada – so-
As inércias que o território carrega (suas diferenças “naturais” bretudo na geografia humana – que mostra que é pos-
e suas desigualdades socialmente criadas) têm uma enorme força. sível identificar regiões com “grandes densidades” e re-
Chegar a consensos em nossa elite política para a implementação giões com “baixas densidades” de equipamentos públicos
de políticas que alterem as características estruturais do território, de todos os tipos, desde equipamentos urbanos básicos
portanto, parece extremamente difícil no atual cenário político bra- (como arruamento, iluminação, redes de abastecimento
sileiro. Nunca é demais relembrar o seguinte: o Brasil, assim como de água, sistema de esgoto e coleta de lixo), até fixos geográficos
todos os países que foram colônias no passado, tem dificuldades públicos como hospitais, universidades, escolas, creches, delega-
adicionais de grande monta para serem superadas. Parte significa- cias, defensorias públicas etc.. A partir desta mensuração prévia, é
tiva de nossas estruturas produtivas são ainda extravertidas (volta- possível definir uma matriz de “escassez” regional, que deve guiar
das para a produção/exportação de commodities), assim como o a melhoria de certos equipamentos e/ou a construção de outros
próprio comportamento das elites políticas e econômicas nacionais em áreas de menor densidade de existência destes fixos geográ-
tem como matriz de pensamento os países do Norte. “Quebrar” a ficos públicos.
chamada herança colonial é um dos principais desafios que até hoje Por fim, cabe destacar que esse dimensionamento da “re-
enfrentamos nos países periféricos, seja em seus aspectos mate- gionalização induzida” não pode se dar sem uma concomitante
riais, seja em seus aspectos ideológicos mais gerais. consideração das “classes sociais” que ocupam cada uma destas
Se fosse possível identificar dois grandes atores que têm res- parcelas do espaço, por um motivo relativamente simples: além
ponsabilidade direta sobre as dificuldades de diminuição das desi- da questão da localização física dos equipamentos, a acessibilida-
gualdades seriam: de aos serviços tem relação direta com o nível de escolaridade e
1) os grandes grupos econômicos instalados no território; e a renda das famílias e dos indivíduos. A identificação destas duas
2) o Estado brasileiro, que é em grande parte um “Estado corpo- ordens de fenômenos (a distribuição das redes de equipamentos/
rativo”, isto é, colonizado pelos interesses específicos destes gran- serviços públicos e a “classe socioespacial” que primordialmente
des grupos econômicos. compõe cada área analisada) pode revelar quais são as priorida-
des e as carências que devem ser o núcleo de preocupação da
Todas as políticas públicas e leis federais de caráter estruturan- “regionalização induzida”, contribuindo para uma maior “justiça
te que o Estado brasileiro adota se voltam, em sua execução, para socioterritorial” no país (termo cunhado pelo geógrafo francês
manter o bom funcionamento dos grandes monopólios (no sistema Alain Reynaud).
bancário, nos ramos industriais modernos, na construção civil, na
agroindústria etc.), em detrimento da construção de uma estrutura As regiões brasileiras: especializações territoriais, produtivas
econômica e social em que os seres humanos fossem a principal e características sociais e econômicas.
preocupação. Paradoxalmente, a única instituição que tem a pos- – Um fato que se destaca nos três primeiros séculos de ocupa-
sibilidade de implementar políticas voltadas para a consecução da ção do território brasileiro é a descontinuidade espacial, formação
cidadania em qualquer país são os seus respectivos Estados nacio- de “ilhas”;

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GEOGRAFIA DO BRASIL
– Os tropeiros e pecuaristas foram os principais responsá- Síntese:
veis pela consolidação de rotas mais duradouras, bem como pela Terceira maior em área e segunda em população. Seus climas
instalação de áreas de pouco, que gradativamente se tornaram são: tropical úmido (na região litorânea e na porção leste do Planal-
núcleos de povoamento; to da Borborema), semi-árido (no Sertão nordestino) e equatorial
– O século XIX destacou-se pela aceleração do processo de (no noroeste do Maranhão). O relevo é formado pelo planalto da
expansão do território a partir de várias atividades econômicas; Borborema, próximo ao litoral, e pelo planalto do rio Parnaíba, a
– O século XX marcou a consolidação do território brasileiro oeste. Entre os dois está a Depressão Sertaneja. Os planaltos são
não somente por sua efetiva ocupação, como também pelo pro- antigos e erodidos, com baixas altitudes. A vegetação predominan-
cesso de integração, que possibilitou, com as vias de transporte, te é a caatinga, com matas tropicais e de cocais a oeste e a leste.
superar o caráter de “arquipélago”; A economia nordestina é caracterizada pela concentração in-
– somente nas últimas décadas do século XIX passou-se a dustrial na faixa litorânea e pelo predomínio das atividades agríco-
empregar o trabalhador livre; las no resto da região. Ela tem crescido por conta da migração de
– O crescimento da economia agroexportadora foi decisivo empresas do sul e sudeste, mesmo assim, cerca de 40% da popula-
para o impulso industrial das últimas décadas do século XIX. ção sobrevive com um salário mínimo.
– Graças à demanda interna e políticas estatais (financiamen-
tos, protecionismo) é que a indústria brasileira teve avanço atra- – Sudeste: (Espírito Santo, Rio de Janeiro, Minas Gerais e São
vés do processo de substituição de importações. Paulo)
– A partir da crise de 1929, a atividade industrial passou a a) SB = cidade mundial;
ser o carro-chefe da economia, ultrapassando o setor agroex- b) A produção agrícola da região apresenta os maiores níveis de
portador. mecanização do país. Importantes agroindústrias de laranja e cana
– A obtenção de financiamento norte-americano para cria- de açúcar estão principalmente no estado de SP. No entanto, como
ção da indústria siderúrgica representou a chegada da Segunda em outras regiões, essa agricultura moderna coexiste com cultivos
revolução industrial no Brasil; tradicionais e pouco mecanizados;
– em 1940, o espaço ainda é fragmentado e pouco integrado; Síntese:
Quarta maior área e a primeira em população. Seu clima típi-
– As fronteiras regionais podem ou não coincidir com as divi-
co é tropical, mas nas regiões mais altas há o tropical de altitude
sões político-administrativas estabelecidas;
(mais ameno). Ambos tem verão chuvoso e inverno seco. A vegeta-
– 1ª divisão do Brasil em regiões: 1941, pelo IBGE, 21 es-
ção predominante é a Mata Atlântica, devastada pela ocupação da
tados, 1 território, 1 distrito federal, 5 regiões de acordo com
região. O relevo é planáltico e muito erodido, bem arredondado e
características naturais e limites político-administrativos dos es-
chamado de “mares de morros”.
tados;
A economia é a maior do país e corresponde a metade do PIB
– Divisão do Brasil atual: divisão de 1967 + alterações de
nacional, contando com larga produção industrial e grande setor
1988, ou seja, Roraima e Amapá passam a ser estados, criação terciário. A agricultura é moderna e muito produtiva, com destaque
do estado de Tocantins pela divisão do norte de Goiás, 26 es- para a produção de laranja, cana-de-açúcar e milho. Há também
tados e 1 distrito federal, totalizando 27 unidades político-ad- produção petrolífera na bacia de Campos e a perspectiva de pros-
ministrativas. O Brasil encontra-se dividido em 5 macrorregiões. pecção na camada Pré-Sal. A região é destaque também por conta
– Os constantes déficits da balança comercial, associados às da cidade de São Paulo: importante centro financeiro e comercial
leis de redução das remessas de lucros, dificultaram a aceleração do mundo.
da industrialização. Somente na segunda metade dos anos de
1950, no governo J.K, houve uma guinada em relação à obtenção – Sul: (Santa Catarina, Rio Grande do Sul e Paraná)
de capitais externos. a) maior parte na zona temperada;
– O Estado permaneceu implantando a infraestrutura (trans- b) seu crescimento demográfico e econômico começou a ocor-
portes, energia, comunicações) e criando e expandindo as in- rer apenas no século XIX através dos imigrantes europeus com um
dústrias de base (siderúrgica e petroquímica), porque eram sistema de pequenas propriedades. Apresenta s melhores indicado-
considerados setores de riscos. Apesar disso, a industrialização res sociais em saúde e educação.
brasileira passou a depender da expansão capitalista dos países Síntese: Quinta região em área e terceira em população. Seu cli-
centrais, ou seja, dos investimentos das multinacionais; ma é subtropical, o mais frio do Brasil. Predomina a vegetação de
– As empresas de capital nacional passaram a ocupar um pa- Mata de Araucárias nas áreas mais elevadas e a de campos (chama-
pel secundário diante das multinacionais e das estatais; dos de Pampas), nas outras áreas. O relevo contêm, principalmente,
– Depois do golpe militar de 1964, cresceu de modo signifi- os Planaltos e Serras do Atlântico Leste-Sudeste e os Planaltos e
cativo o elo entre a economia brasileira e o capital internacional; Chapadas da Bacia do Paraná.
– O conhecido milagre econômico provocou forte concentra- A economia é diversificada, apresenta o segundo maior parque
ção de renda. O milagre foi encerrado com a primeira crise do industrial do país e uma agricultura moderna. Destacam-se a pro-
petróleo em 1973; dução de suínos, de gado, de fumo e de soja e também a indústria
alimentícia, a têxtil, a metalúrgica e a automobilística.
– Nordeste: (Bahia, Sergipe, Alagoas, Paraíba, Per-
nambuco, Rio Grande do Norte, Ceará, Piauí e Maranhão) – Centro-oeste: (Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Goiás e Dis-
trito Federal)
a) grande variedade de paisagens climatobotânicas, por isso a) Sempre se manteve afastado do centro das decisões políticas.
possui 4 sub-regiões: zona da mata, agreste, sertão e meio-nor- A partir da segunda metade do século XX, o sul da região recebeu os
te; reflexos do crescimento da economia paulista.
b)No meio-norte a expansão ocorreu no sentido norte-sul; b) com as rodovias que ligavam a nova capital ao restante do
c) Seu primeiro grande surto industrial ocorreu durante os país, migrantes sulinos, em grande maioria, passaram a desbravar
governos militares com incentivos da SUDENE. As principais o cerrado com o cultivo de grãos. O baixo preço da terra naquele
áreas industriais são Salvador, Recife e Fortaleza; momento é que provocou a atração.

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GEOGRAFIA DO BRASIL
Síntese: – Polos de desenvolvimento foram criados durante a ditadura
Segunda maior região em área e a menor em população, tem lo- como o poloamazônia, o pólo centro e o pólo noroeste, que incen-
calidades muito pouco habitadas. Predomina o clima tropical, com tivavam a exploração mineral e projetos agropecuários direcionados
verão chuvoso e inverno seco. As áreas do norte (próximas à flores- à exportação;
ta amazônica) são as mais úmidas. O relevo, marcado pelo Planalto – no governo Lula, o Estado ampliou sua participação em obras
Central, é antigo e aplainado e forma extensos chapadões que, ao públicas;
sul do Mato Grosso do Sul, dão lugar às planícies do Pantanal – ala- – A ocupação da Amazônia se fez em surtos ligados a demandas
gadas apenas durante a época chuvosa. Fora do Pantanal, a vege- externas seguidos de grandes períodos de estagnação e decadência;
tação dominante é o cerrado (chamado de cerradão onde há maior – Em SP, a maioria das ferrovias empregou capital nacional, com
numero de árvores e de cerrado típico onde há mais gramíneas). exceção da SP railway. Nas demais partes do Brasil, foi o capital inglês
A economia se baseia na agropecuária, principalmente na pro- que financiou;
dução de soja, milho e carne bovina. O cultivo de soja, muito ren- – ao final da década de 1950, o Estado estatizou boa parte das
tável e com grande mercado externo, têm avançado para a floresta
ferrovias. As ferrovias não integram regiões, mas ligam as áreas pro-
amazônica e já tomou grande parte das áreas naturais de cerrado,
dutoras aos portos;
aumentando o desmatamento da região.
– causas da decadência das ferrovias: crescimento da indústria
automobilística no país + pressão das multinacionais do setor no sen-
– Norte: (Tocantins, Acre, Pará, Rondônia, Roraima, Amapá e
Amazonas) tido de estimular o crescimento das rodovias;
a) O primeiro grande surto de ocupação foi com a borracha en- – Não se pode negar que as rodovias contribuíram para a integra-
tre 1870 e 1910; ção intra e interregional. Em outras palavras, enquanto o traçado das
b) A partir dos governos militares é que a região se integrou ao ferrovias era determinado pela áreasprodutoras de bens e seu objeti-
contexto nacional a partir de duas grandes rodovias: a transamazô- vo principal era o escoamento da produção, as rodovias, com traçado
nica e a Cuiabá-santarém; mais flexível, permitiram novas ligações entre espaços diferenciados;
c) Atualmente, a região apresenta a maior concentração de – cerca de 90% das rodovias se encontram ainda sem pavimen-
grandes propriedades do Brasil; tação;
– Com o enriquecimento, o Sudeste, liderado pela cidade de SP, – BR 364 = Cuiabá-Porto Velho. Essa estrada promoveu o rápido
tronou-se o grande articulador do processo de integração nacional. povoamento de Rondônia. O processo de ocupação teve a ação dire-
As demais regiões passaram a gravitar em torno dele; ta do Estado. Ao longo dessa rodovia ocorreu uma ocupação desor-
– Regiões geoeconômicas: Amazônia, nordeste e centro-sul. Fei- denada tanto por particulares como por companhias colonizadoras.
ta pelo geógrafo Pedro Pinchas Geiger, de acordo com os processos Ali se instalaram milhares de migrantes, sobretudo sulinos, que pro-
socioeconômicos e os limites dessas regiões não respeitam os limi- vocaram intenso processo de desmatamento;
tes político-administrativos dos estados. – O Brasil chega ao século XXI com um elevado grau de integração
– No século XX, os geógrafos Milton Santos e Maria Laura Silvei- territorial;
ra apresentaram uma nova proposta, com a divisão em 4 regiões – Na segunda metade da década de 1990, as principais rodovias
de acordo com o meio técnico-científico-informacional e são elas: passaram por privatização por meio de concessões;
Amazônia, nordeste, centro-oeste e REGIÃO CONCENTRADA (su- – A região norte foi quem mais cresceu economicamente, por
deste + sul). causa da expansão da agropecuária, como o arroz, a soja e o gado
– Na região concentrada, estariam implantados os níveis da téc- bovino;
nica, da ciência e da informação que lhe garantiriam participar mais – A principal hidrovia brasileira é formada pelos rios Paraná e seu
efetivamente do processo de globalização. Dessa forma, a região afluente, o Tietê. As barcaças que percorrem o rio transportam soja,
concentraria atividades relacionadas ao setor terciário e de serviços
álcool, milho, calcário e cana de açúcar;
superiores (finanças, marketing),
– o potencial brasileiro em hidrovias não é plenamente utilizado;
– Na região concentrada também haveria atividades industriais
– Apesar do extenso litoral, o Brasil não dispõe de um número
de ponta e atividades agrícolas mecanizadas e com alta produtivi-
elevado de portos. De modo geral, os portos brasileiros apresentam
dade. As demais regiões estariam em estágios técnico-científicos
menos avançados. baixa eficiência técnica, como a morosidade na carga e descarga, a
– 60% da Amazônia encontra-se em território brasileiro. A Ama- deficiência no armazenamento de mercadorias, etc.
zônia brasileira se chama AMAZÔNIA LEGAL e compreende a região – Atualmente, o maior porto exportador brasileiro é o de Tubarão
norte, o MT e algumas porções do MA; (ES), especializado em minério de ferro. O porto de Santos (SP) desta-
– SIVAM = sistema de vigilância da Amazônia, criado em 1990, ca-se pela variedade de produtos exportados e importados;
para controle do espaço aéreo e presença das forças armadas na – O sistema de transportes fluido concentra-se nas regiões su-
região. deste e sul. Tal concentração se dá devido a um processo circular, no
– SIPAM = sistema de proteção da Amazônia, promove o levan- qual a divisão territorial do trabalho mais intensa gera uma maior
tamento de informações que subsidiam as ações de proteção da necessidade de circulação, que encontra resposta na difusão dos
Amazônia; transportes, que permitem, por sua vez, uma maior especialização e
– O capital externo também financiou a Amazônia; distribuição das funções produtivas. Tal processo circular leva a uma
– O desenvolvimento não uniforme do país está relacionado, maior densidade do meio técnico em uma área contígua do territó-
entre outras razões, à sua grande extensão territorial; rio, denominada de Região concentrada;
– atualmente, a região Sudeste desempenha o papel de líder na Síntese:
formação do mercado interno; são as demandas nela geradas que Maior região em área e a quinta em população. Seu clima é equa-
resultam na ocupação dos espaços econômicos mais importantes torial e a vegetação é a floresta amazônica, apresentando algumas
do país. manchas de cerrado. O relevo é formado pela Planície Amazônica,
– Nas últimas décadas, tem-se verificado um movimento de pelos Planaltos Amazônicos Orientais que a envolvem e pela sequên-
desconcentração das atividades industriais rumo a outras regiões cia de depressão marginal-planalto residual, tanto no sentido norte
brasileiras; como no sul.

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GEOGRAFIA DO BRASIL
A economia se baseia no extrativismo vegetal e mineral, com destaque para a extração de madeira e para as jazidas de ferro e de
manganês na Serra dos Carajás. Indústrias aparecem, sobretudo, na Zona Franca de Manaus – onde se instalaram com incentivos fiscais a
partir da década de 60.

3. O ESPAÇO NATURAL BRASILEIRO: SEU APROVEITAMENTO ECONÔMICO E O MEIO AMBIENTE.


A) GEOMORFOLOGIA DO TERRITÓRIO BRASILEIRO: O TERRITÓRIO BRASILEIRO E A PLACA SUL AMERICANA; AS BA-
SES GEOLÓGICAS DO BRASIL; AS FEIÇÕES DO RELEVO; OS DOMÍNIOS NATURAIS E AS CLASSIFICAÇÕES DO RELEVO
BRASILEIRO.
B) A QUESTÃO AMBIENTAL NO BRASIL.
C) OS RECURSOS MINERAIS.
D) AS FONTES DE ENERGIA E OS RECURSOS HÍDRICOS.
E) A BIOSFERA E OS CLIMAS DO BRASIL.

Quando falamos em espaço natural nos referimos às inter-relações entre os diferentes componentes do quadro natural: principais
formas e estruturas do relevo terrestre (gênese e evolução) ; grandes conjuntos clímato-botânicos; águas oceânicas e continentais e sua
importância econômica. Quadro natural: recursos e aproveitamento econômico; sensibilidade do meio ambiente à ação do homem e
estratégias para seu uso e conservação.

Geomorfologia
A Geomorfologia é uma área das Ciências da Terra responsável pelo estudo das formas superficiais de relevo, tanto em suas fisiono-
mias atuais quanto em seu processo geológico e histórico de formação e transformação. Esse campo do conhecimento é visto como uma
área de intersecção entre duas diferentes ciências: a Geografia e a Geologia.
O conceito de Geomorfologia está diretamente vinculado à etimologia da palavra: Geo = “Terra”; morfo = “forma”; logia = estudo.
Assim, trata-se do estudo sobre a forma da Terra, ou seja, as manifestações do relevo e toda a dinâmica estrutural a ele relacionada. É,
portanto, uma importante ferramenta de compreensão da realidade, pois permite um maior e melhor conhecimento sobre a composição
natural do nosso planeta.
Para as sociedades e as práticas humanas em geral, a utilidade da Geomorfologia está na possibilidade de estudo sobre a superfície ter-
restre no sentido de permitir uma execução de sistemas e métodos de planejamento do processo de produção e ocupação do espaço geo-
gráfico. Assim, com os estudos empreendidos por essa área do conhecimento científico, sabemos quais são as áreas de melhor ocupação e
aquelas de maior risco, além de entender as medidas necessárias para evitar problemas relacionados com o relevo na cidade e no campo.
Desse modo, quando observamos ou acompanhamos nos noticiários casos de graves erosões, deslizamentos de Terra, ocupação de
áreas degradadas, entre outros fatores ligados à estrutura da superfície, estamos diante de problemas que poderiam ter sido evitados
mediante a aplicação de conhecimentos geomorfológicos específicos. Portanto, ao nos perguntarmos para que serve a Geomorfologia,
podemos entender que ela é relevante no sentido de auxiliar o ser humano a ocupar e utilizar o meio natural de maneira correta, de modo
a minimizar os impactos gerados sobre a natureza.
A Geomorfologia não estuda somente o relevo de maneira estática, mas todo o conjunto de processos que levam à sua transformação
nas mais diversas escalas temporais. Assim, levam-se em consideração os estudos sobre os fatores endógenos e os fatores exógenos de
transformação do relevo, isto é, os elementos naturais que atuam internamente (tectonismo, terremotos etc.) e os que atuam externa-
mente (erosão, intemperismo etc.). Com isso, entendemos melhor a formação dos tipos de relevo, a constituição dos solos e a melhor
maneira de conservá-los.

Os níveis de abordagem da Geomorfologia


Em uma divisão elaborada por Aziz Ab’Saber, citado por Casseti (1994)¹, existem três principais níveis de abordagem da Geomorfologia
ou estudos segmentados, que envolvem: a compartimentação morfológica, o levantamento da estrutura superficial e o estudo da fisio-
logia da paisagem.
a) compartimentação morfológica: análise e observação do relevo e as variações de suas topografias (o conjunto de acidentes geo-
gráficos e variações de altitude). É um procedimento útil na definição das áreas de ocupação e da delimitação das áreas de risco que um
determinado ambiente possui, sendo importante e necessário para o correto uso do solo.
b) levantamento da estrutura superficial: define as características e, enfaticamente, a fragilidade que um determinado terreno possui.
É responsável também pela análise do histórico de formação por meio da atuação dos agentes exógenos e endógenos.
c) estudo da fisiologia da paisagem: estudar a fisiologia de uma paisagem significa analisar o seu conjunto de funções e, no presente
caso, a ação e impactos dos processos morfodinâmicos (movimentação das formas de relevo) na atualidade, o que inclui os efeitos da ação
humana sobre o meio.
Portanto, ao entendermos esses níveis, podemos ter uma dimensão da complexidade e do alcance que a Geomorfologia possui ao
desnudar, em seus estudos, a alçada geológica da qual se formaram as estruturas terrestres – por meio do levantamento de sua genealogia
– até os processos naturais e antrópicos que alteram as formas de relevo e a cadeia de elementos naturais relacionados.
Território brasileiro e a placa sul americana
O território brasileiro ocupa a parte central da Placa Tectônica Sul Americana. Esta placa tem 43,6 milhões de km² de área e está loca-
lizada entre a Cordilheira dos Andes, à oeste, e a dorsal Meso-atlântica, à leste.
Praticamente toda a América do Sul se movimenta para oeste a uma velocidade que varia de 27 a 34 mm por ano. Nós mesmos não
veremos o Brasil chegar à Cordilheira dos Andes, mas vamos juntos naquela direção.

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GEOGRAFIA DO BRASIL

Cordilheira dos Andes, no lado esquerdo da América do Sul, uma área de atritos litosféricos
(mapa por Carlos A. Arango e foto por Jorge Morales Piderit)

A Placa Sul Americana


A Placa Sul Americana se move para o oeste desde a divisão do supercontinente Gondwana há 140 milhões de anos. Este movimento
continua devido ao impulso no limite divergente (ID) leste junto à Placa Africana e à tensão do cisalhamento basal (CB) relacionado ao fluxo as-
tenosférico. Por outro lado, opõem-se a tal movimento o atrito no limite convergente (AC) oeste junto à Placa de Nazca e a resistência nos Andes
(RA) devido à quantidade de massa gerada com a decorrente elevação topográfica.

Esquema de forças atuantes para a movimentação da placa Sul Americana

A Placa Sul Americana é delimitada pela Placa Africana ao leste, pelas Placas Antártica, Scotia e Sandwich ao sul, pelas Placas de Nazca ao oeste
e pelas Placas Norte Andina, Caribenha e Norte Americana ao norte. Há ainda nas proximidades outras microplacas (placas com área menor que
1 milhão de km²).

Placa tectônica Sul Americana e vizinhança (adaptado de Alataristarion)

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GEOGRAFIA DO BRASIL
Limite Leste
A Dorsal Meso-Atlântica separa as Placas Sul Americana e Africana, elevando-se 2 a 3 km acima do fundo do oceano Atlântico. Um
vale em sua crista marca o local a partir de onde as duas placas estão se afastando. Esta dorsal se estende por cerca de 16.000 km
sinuosamente desde o Oceano Ártico até próximo a ponta sul da África, com atividades vulcânicas e sísmicas em certos pontos. Sua crista
é equidistante dos continentes que a ladeiam formando elevações que, por vezes, ultrapassam o nível do mar, criando ilhas ou grupos de
ilhas como as dos Açores, Ascensão, Santa Helena e Tristão da Cunha.

Esquema simplificado mostrando as posições da América do Sul e da África há cerca de 135 milhões de anos, à esquerda, e hoje, à
direta, com a localização da Dorsal Meso Atlântica de unidades geológicas mais antigas da crosta continental, os crátons
(adaptado de Woudloper)

A Placa Africana inclui o continente africano e grandes porções dos oceanos Atlântico e Índico. Com aproximadamente 61,3 milhões de
km², é a terceira maior placa tectônica do planeta. Cerca de metade dessa área é continental, onde foram constatadas diversas mudanças
ao longo deste tempo, incluindo rifteamento e variações na subsidência de bacias sedimentares, além de vulcanismo episódico. Atualmen-
te a Placa Africana está se subdividindo em duas ou três sub-placas.
Uma colisão das Placas Eurasiática e Africana, há 38 milhões de anos, fez com que esta última desacelerasse sua velocidade, aumentasse
a tensão do cisalhamento basal (CB, já mencionado) e, consequentemente, também a velocidade da Placa Sul Americana para oeste.

Limite Sul
A Placa Sandwich é uma microplaca de aproximadamente 180.000 km² composta de litosfera oceânica. Tem limite divergente a oeste
com a Placa Scotia, através da Dorsal Scotia Leste. A leste sofre a subducção da Placa Sul Americana.
A Placa Scotia está quase inteiramente submersa sob o Mar de Scotia, perto da Antártida, exceto por uma ponta da América do Sul, em
seu lado oeste e pelas ilhas da Geórgia do Sul, no canto nordeste.

Ilha Georgia do Sul (vista aérea por NASA e foto à direita por Sascha Grabow)

Ao sul da Placa Scotia, localiza-se a Microplaca Shetland na forma de um retângulo pequeno, com cerca de 200 km de largura, mas
com limites tectônicos muito complexos.
A Placa Antártica, a mais meridional, centrada sobre o Pólo Sul, engloba 14,2 milhões de km² do continente da Antártida e ainda se
estende pela crosta oceânica circundante.

Limite Oeste
A Placa de Nazca compartilha com a Placa Sul Americana o maior limite convertente do nosso planta através da Cordilheira dos Andes,
numa extensão de 7.000 km.

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GEOGRAFIA DO BRASIL

Zonas vulcânicas

Nos últimos 70 milhões de anos elas têm convergido, tendo a Placa de Nazca um movimento relativo variável em direção à Sul Americana. Nos
períodos mais rápidos, a sua velocidade foi de 100 mm/ano e nos mais lentos a Placa de Nazca tem se movimentado a 50-55 mm/ano.
O choque da Placa de Nazca contra a Sul Americana se dá a uma velocidade de cerca de 79 mm por ano. O efeito dessa colisão deforma
a borda da Placa Sul Americana causando dobramento das rochas, aumentando a espessura vertical da litosfera na zona de colisão e, assim,
moldando a Cordilheira dos Andes.
Provavelmente a maior largura da Cordilheira dos Andes no Peru e na Bolívia (quando comparada com a largura no Chile e na Argentina) se
deve a uma subducção no norte mais rápida do que no sul.
De qualquer forma, esta convergência ainda hoje acontece fazendo com que a Cordilheira dos Andes abrigue mais de 200 vulcões potencial-
mente ativos. A Placa de Nazca, em subducção abaixo da Placa Sul Americana, causa dilatação crustal e, através de rochas sedimentares paleo-
zoicas, comprime e forma a dobra e o cinturão de pressão. São formados 4 zonas vulcânicas andinas: Norte, Central, Sul e Austral. Esta última
próxima ao limite da Placa Sul Americana com a Placa Antártica.

Vulcão Cotopaxi, no Equador, na Zona Vulcânica Norte (mapa por NASA, foto por pixabay)

A cratera tem diâmetro interno de 120 m x 250 m e externo de 800 m x 650 m.


No mapa, a cor verde corresponde às menores elevações da imagem, enquanto bege, laranja e branco representam elevações cada vez
maiores.
A Placa Norte Andina tem uma tectônica complexa por estar próxima à junção das Placas Sul Americana, Caribenha e de Nazca. Diferentes re-
gimes de estresse prevaleceram resultando na construção da Cordilheira Oriental da Colômbia. A subducção da Placa de Nazca sob a Placa Norte
Andina faz com que região, como era de se esperar, seja muito propensa a atividade vulcânica e sísmica.
A Placa Altiplano, movendo-se a 26 mm por ano para noroeste, localiza-se nas regiões sul do Peru, oeste da Bolívia e extremo norte do Chile,
consistindo principalmente os Andes centrais e o Altiplano do Peru e da Bolívia. A Placa de Nazca está em subducção sob a Altiplano, na fronteira
desta, provocando também eventos sísmicos.
Em relação à Placa Sul Americana, a Altiplano tem uma velocidade relativa média de 15 mm por ano em direção nordeste.
As regiões de orogenias do Peru e de Puna - Sierras Pampeanas, ao norte e ao sul da Placa Altiplano, não são consideradas partes rígidas da
Placa Sul Americana. São consideradas regiões de subducção quase horizontal da Placa de Nazca (condição bem caracterizada na região
das Sierras Pampeanas).

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GEOGRAFIA DO BRASIL

Vulcão Aracar, no noroeste da Argentina próximo à fronteira com o Chile, na região da orogenia Puna-Sierras Pampeanas (Vista aérea por
NASA e foto à direita por Kevin Jones)

Limite Norte
A Placa do Cocos é uma jovem placa, com cerca de 23 milhões de anos, com 2,9 milhões de km².
A Placa Caribenha, com 3,3 milhões de km², localiza-se no mar do Caribe e inclui a ilha de Hispaniola e a América Central.
A Placa Norte Americana, com cerca de 75,9 milhões de km², é a segunda maior placa tectônica do planeta. Inclui a maior parte da América do
Norte e da Islândia e é responsável pela formação da Cordilheira Meso-Atlântica. Possui alguns pontos responsáveis por atividade sísmica ativa.
A Zona de Fraturas Fifteen-Twenty (também conhecida como zona de fraturas Cabo Verde) está localizada próximo à junção das placas Norte
Americana, Sul Americana e Africana. Esta zona é uma consequência da evolução da Dorsal Meso-atlântica nesta região e tem uma tectônica
complexa.

Vantagens e desvantagens de uma área livre de atritos


O planeta Terra é um lugar dinâmico e as áreas mais instáveis se localizam nos limites das placas tectônicas. No caso da Placa Sul Americana,
a porção que permaneceu estável durante a evolução das bordas norte e, principalmente, oeste, enquanto era aberto o espaço ocupado
atualmente pelo Oceano Atlântico, é conhecida como Plataforma Sul Americana. É nela que o nosso país desfruta de um território afastado de
terremotos e vulcões.
No entanto, o que ocorre nos limites das placas tectônicas é crucial para a formação de depósitos minerais. Lá há atividade vulcânica e
hidrotermal e as rochas de profundidade encontram caminhos de ligação com a superfície. Tudo conspira para ser criado um conjunto de
condições adequadas à concentração de minerais.

Mapa da América do Sul com a distribuição dos principais depósitos minerais (Fonte: USGS)

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GEOGRAFIA DO BRASIL
A região andina oferece, além de belas paisagens, grandes possibilidades para recursos minerais. O Chile, por exemplo, é o maior produ-
tor mundial de cobre e o segundo de lítio. A mineração dá importante suporte à economia daquele país, sendo responsável por cerca de 10% do
Produto Interno Bruto (PIB) e aproximadamente 50% das exportações. No Brasil, o setor de mineração chega próximo a 5% do PIB e contribui
com 21% das exportações.
Mas é preciso sempre lembrar que a instabilidade na borda de uma placa tectônica, como a Placa de Nazca, produz erupções vulcânicas e,
como se não fosse suficiente, também causa terremotos.

Terremotos entre 1900 e 2016 na área andina da América do Sul (Fonte: USGS)

Terremotos e vulcões no Brasil


Os terremotos brasileiros, por estarmos na porção central da Placa Sul Americana, são tipicamente do tipo intraplaca, em geral, de pequena
intensidade.
Enquanto, no Chile, tremores de magnitude 5,0 na escala Richter se repetem quase semanalmente, no Brasil eles acontecem aproximadamente
a cada 5 anos. Os sismos de intensidade 6,0 só são sentidos por aqui a cada 50 anos em média. O terremoto brasileiro mais intenso aconteceu
em 31/01/1955, na Serra do Tombador, em Mato Grosso. Teve magnitude 6,2 mas não causou danos por ter ocorrido em região desabitada. O
segundo maior, com magnitude 6,1, aconteceu no mar cerca de um mês após, em 28/02/1955, na costa do Espírito Santo.
Os portugueses, quando da descoberta do Brasil, podem não ter sentido tremores ao pisar em terra firme, mas, se tivessem algum conheci-
mento a respeito, teriam levado um susto ao avistar o Pico do Cabuji, no Rio Grande do Norte. Ele é reconhecido como um neck de 19,7 milhões
de anos que registra o magmatismo continental brasileiro. Já na época do descobrimento, claro, estava extinto, mas pode ter sido o primeiro
ponto, no extremo nordeste brasileiro, a ter sedo avistado pelos portugueses, antes mesmo do Monte Pascoal, na Bahia.

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GEOGRAFIA DO BRASIL

Pico Cabuji, Rio Grande do Norte (por Patrick)

Os portugueses teriam razão em se assustar. Em média, a cada ano, 60 erupções vulcânicas acontecem no nosso planeta. São
contabilizados cerca de 1.500 vulcões atualmente no mundo, sendo que pouco mais de 600 estiveram ativos nos últimos 10.000 anos.
Para nossa tranquilidade, apenas 5% dos vulcões não se localizam nas bordas de placas tectônicas. E, para que essas exceções aconteçam,
é preciso que o manto terrestre abrigue um ponto quente (hot spot), local onde o magma concentrado consegue subir à superfície através
de alguma brecha, como ocorre nas ilhas do Havaí.
O Brasil, ainda bem, possui somente vulcões extintos, mas tem o maior e mais antigo da Terra, com idade estimada em 1,85 bilhão de
anos. Ele está localizado na província aurífera do Tapajós, no Pará, entre os rios Tapajós e Jamanxim. Apresenta uma caldeira de 22 km e
pertence ao grupo dos vulcões constituídos por magma rico em sílica, que geralmente produz complexos vulcânicos de maiores dimen-
sões. Sua erupção foi um evento catastrófico com derrame de lava e cinza que alcançou centenas de metros de espessura, mas, felizmente,
tudo isso aconteceu no Paleoproterozoico.

Estrutura Geológica do Brasil


Três estruturas geológicas distintas compõem o Brasil: escudos cristalinos, bacias sedimentares e terrenos vulcânicos.

Área de mineração na Serra dos Carajás, nesse local é extraído minério de ferro formado em escudos cristalinos.

A realização de estudos direcionados ao conhecimento geológico é de extrema importância para saber quais são as principais jazidas
minerais e sua quantidade no subsolo. Tal informação proporciona o racionamento da extração de determinados minérios, de maneira que
não comprometa sua reserva para o futuro.
A superfície brasileira é constituída basicamente por três estruturas geológicas: escudos cristalinos, bacias sedimentares e terrenos
vulcânicos.

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GEOGRAFIA DO BRASIL
• Escudos cristalinos: são áreas cuja superfície se constituiu no Pré-Cambriano, essa estrutura geológica abrange aproximadamente
36% do território brasileiro. Nas regiões que se formaram no éon Arqueano (o qual ocupa cerca de 32% do país) existem diversos tipos de
rochas, com destaque para o granito. Em terrenos formados no éon Proterozoico são encontradas rochas metamórficas, onde se formam
minerais como ferro e manganês.
• Bacias sedimentares: estrutura geológica de formação mais recente, que abrange pelo menos 58% do país. Em regiões onde o
terreno se formou na era Paleozoica existem jazidas carboníferas. Em terrenos formados na era Mesozoica existem jazidas petrolíferas.
Em áreas da era Cenozoica ocorre um intenso processo de sedimentação que corresponde às planícies.
• Terrenos vulcânicos: esse tipo de estrutura ocupa somente 8% do território nacional, isso acontece por ser uma formação mais rara.
Tais terrenos foram submetidos a derrames vulcânicos, as lavas deram origem a rochas, como o basalto e o diabásio, o primeiro é respon-
sável pela formação dos solos mais férteis do Brasil, a “terra roxa”.

Tipos de Relevo
A superfície terrestre é composta por diferentes tipos de relevo: montanhas, planícies, planaltos e depressões.

As diferentes feições da superfície formam os diferentes tipos de relevo

O relevo corresponde às variações que se apresentam sobre a camada superficial da Terra. Assim, podemos notar que o relevo
terrestre apresenta diferentes fisionomias, isto é, áreas com diferentes características: algumas mais altas, outras mais baixas, algumas
mais acidentadas, outras mais planas, entre outras feições.
Para melhor analisar e compreender a forma com que essas dinâmicas se revelam, foi elaborada uma classificação do relevo terrestre
com base em suas características principais, dividindo-o em quatro diferentes formas de relevo: as montanhas, os planaltos, as planícies e
as depressões.

Montanhas

Os Alpes, na Europa, formam uma cadeia de montanhas

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GEOGRAFIA DO BRASIL
As montanhas são formas de relevo que se caracterizam pela elevada altitude em comparação com as demais altitudes da super-
fície terrestre. Quando tidas em conjunto, elas formam cadeias chamadas de cordilheiras, a exemplo da Cordilheira dos Andes, na
América do Sul, e da Cordilheira do Himalaia, na Ásia.
Existem quatro tipos de montanhas: as vulcânicas, que se formam a partir de vulcões; as de erosão, que surgem a partir da ero-
são do relevo ao seu redor, levando milhões de anos para serem formadas; as falhadas, originadas a partir de falhamentos na crosta,
que geram uma ruptura entre dois blocos terrestres, ficando soerguidos um sobre o outro; e as dobradas, que se originam a partir
dos dobramentos terrestres causados pelo tectonismo. De todos esses tipos, o último é o mais comum.

Planaltos

Imagem do planalto tibetano

Os planaltos – também chamados de platôs – são definidos como áreas mais ou menos planas que apresentam médias altitudes,
delimitações bem nítidas, geralmente compostas por escarpas, e são cercadas por regiões mais baixas. Neles, predomina o processo
de erosão, que fornece sedimentos para outras áreas.
Existem três principais tipos de planaltos: os cristalinos, formados por rochas cristalinas (ígneas intrusivas e metamórficas) e
compostos por restos de montanhas que se erodiram com o tempo; os basálticos, formados por rochas ígneas extrusivas (ou vulcâ-
nicas) originadas de antigas e extintas atividades vulcânicas; e os sedimentares, formados por rochas sedimentares que antes eram
baixas e que sofreram o soerguimento pelos movimentos internos da crosta terrestre.

Planícies

O Rio Amazonas é cercado por uma área de planície

São áreas planas e com baixas altitudes, normalmente muito próximas ao nível do mar. Encontram-se, em sua maioria, próximas
a planaltos, formando alguns vales fluviais ou constituindo áreas litorâneas. Caracterizam-se pelo predomínio do processo de acu-
mulação e sedimentação, uma vez que recebem a maior parte dos sedimentos provenientes do desgaste dos demais tipos de relevo.

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GEOGRAFIA DO BRASIL
Depressão

Mar morto, exemplo de depressão absoluta

São áreas rebaixadas que apresentam as menores altitudes da superfície terrestre. Quando uma localidade é mais baixa que o seu
entorno, falamos em depressão relativa, e quando ela se encontra abaixo do nível do mar, temos a depressão absoluta. O mar morto, no
Oriente Médio, é a maior depressão absoluta do mundo, ou seja, é a área continental que apresenta as menores altitudes, com cerca de
396 metros abaixo do nível do mar.

A questão ambiental
O Brasil é famoso por seu território continental e por seus diversos ecossistemas. O país é também conhecido por possuir a maior diver-
sidade biológica do planeta. O gigantesco patrimônio ambiental do Brasil inclui cerca de 13% das espécies de plantas e animais existentes
no mundo.

O Brasil possui também as maiores reservas de água doce da Terra e um terço das florestas tropicais. Quase um terço de todas as
espécies vegetais do mundo se concentram no Brasil. A Amazônia por si só abriga aproximadamente um terço das florestas tropicais do
mundo e um terço da biodiversidade global, além da maior bacia de água doce da Terra. Cabe ressaltar que 63,7% da região amazônica se
encontra em território brasileiro.
A conservação do meio ambiente brasileiro é um desafio, pois o crescimento econômico do país aumenta a demanda por recursos
naturais. Utiliza-se mais a terra, extraem-se mais minerais e torna-se necessário expandir a infraestrutura. Evidentemente, a agricultura, a
mineração e a realização de novas obras impactam o meio ambiente.
Nas conferências internacionais sobre o Meio Ambiente, há um embate ideológico entre o mundo desenvolvido e o subdesenvolvido.
Se torna inviável preservar a natureza em espaços habitados por uma população miserável. Alguém que encontra dificuldades para se
alimentar não vai se preocupar com as consequências das queimadas nas lavouras e do desmatamento nas florestas; ações que resultam
na emissão de gases estufa.

39
GEOGRAFIA DO BRASIL
Por outro lado, as mudanças climáticas agravam ainda mais A Floresta Amazônica contém uma das maiores reservas de ma-
a miséria. Na maioria dos casos, as pessoas que mais sofrem as deira tropical do mundo. A extração dessa madeira e a ampliação de
consequências dos desastres naturais e dos eventos climáticos áreas usadas para o gado e o plantio da soja resultam em desmata-
extremos – inundações, furacões, deslizamentos, etc. – são os mento. O garimpo e as grandes hidroelétricas também são nocivos
pobres. Mesmo quando sobrevivem à tragédia, muitas vezes para os rios da região.
acabam perdendo todos seus bens materiais: o pouco que se O governo brasileiro precisa conter o desmatamento, demarcar
acumulou após anos de trabalho pode ser perdido algumas ho- as propriedades privadas e implementar leis que protejam as áreas
ras. de conservação.
As mudanças climáticas dificultam a redução da pobreza no É importante não confundir a Amazônia Legal com a Floresta
mundo e ameaçam a sobrevivência física de milhões de pessoas. Amazônica. A Amazônia Legal é uma área geoeconômica, delimita-
Em outras palavras, é praticamente impossível dissociar a pre- da em 1966 pelo Governo Federal, por meio da Superintendência de
servação ambiental da péssima qualidade de vida de milhões de Desenvolvimento da Amazônia (Sudam). Inclui a Floresta Amazôni-
seres humanos. ca, os cerrados e o Pantanal. A taxa anual de desflorestamento na
A riqueza material também pode causar mudanças climá- Amazônia Legal (Rondônia, Acre, Amazonas, Roraima, Pará, Amapá,
ticas, pois uma pesada pegada ecológica e de carbono exerce Tocantins, Maranhão e Mato Grosso) foi reduzida significativamente
pressão sobre o ambiente e o clima. nos últimos anos. A quantidade de árvores desflorestadas em 2011
O Brasil vem apresentando melhorarias em alguns indicado- foi a menor desde 1988. Contudo, por mais que o número tenha di-
res ambientais. Apesar de tal progresso, ainda há grandes desa- minuído, ainda é elevado: em 2009, 14,6% da Amazônia Legal já havia
fios que o país precisa superar. sido desflorestada.
As queimadas e o desflorestamento são os principais responsá-
A Floresta Amazônica e o desflorestamento veis pelas emissões de gases do efeito estufa no Brasil. Outros países
pressionam o Brasil a tomar medidas eficazes para preservar a Flores-
ta Amazônica, por esta ser considerada “o pulmão do mundo”.

Desmatamento dos outros ecossistemas


Depois da Mata Atlântica, o Cerrado é o ecossistema brasileiro
que foi mais alterado pela ocupação humana. O Cerrado, que é o se-
gundo maior bioma brasileiro e que abrange as savanas do centro do
país, teve sua cobertura vegetal reduzida pela metade. O percentual
de área desmatada nesse bioma é maior que o verificado na Floresta
Amazônica.
Um dos impactos ambientais mais graves na região foi causado
por garimpos: os rios foram contaminados com mercúrio e houve o
assoreamento dos cursos de água.
Nos últimos anos, porém, a maior fator de risco para o Cerrado
tem sido a expansão da agricultura, principalmente do cultivo da soja,
e da pecuária. Graças ao desenvolvimento de tecnologia que permi-
tiu corrigir o problema da baixa fertilidade de seus solos, o Cerrado se
tornou área de expansão da plantação de grãos, como a soja, para ex-
Desflorestamento da Floresta Amazônica portação. As atividades agropecuárias, por meio do desmatamento
O desflorestamento e a degradação produzem mais de 10% e das queimadas, estão devastando a formação vegetal dos cerrados,
das emissões mundiais de carbono. causando processos erosivos e levando à compactação do solo.
A Floresta Amazônica é a maior floresta tropical do mundo. A Mata Atlântica continua a ser desflorestada. É um dos biomas
Abrange 6,9 milhões de quilômetros quadrados em nove países mais ameaçados do mundo. No presente, há apenas 133.010 km² de
sul-americanos (Brasil, Bolívia, Peru, Colômbia, Equador, Ve- área remanescente – menos de 10% do que havia originalmente.
nezuela, Guiana, Suriname e Guiana Francesa). No Brasil, cobre A Mata Atlântica é um conjunto de formações florestais que pos-
49% do território nacional e faz parte de nove estados brasilei- sui uma enorme biodiversidade e que se estende por uma faixa do
ros: Amazonas, Pará, Mato Grosso, Acre, Rondônia, Roraima, Rio Grande do Sul ao Rio Grande do Norte, passando por 17 estados
Amapá, Tocantins e Maranhão. brasileiros. Originalmente, a Mata Atlântica se estendia por toda a
A Floresta Amazônica compreende a maior biodiversidade do costa nordeste, sudeste e sul do Brasil, com faixa de largura variável.
mundo, que inclui mais de cinco mil espécies de árvores, três Na tentativa de preservar o que restou dessa incalculável riqueza, fo-
mil de peixes, 300 de mamíferos e 1,300 de pássaros. Além dis- ram criadas Unidades de Conservação. A maior delas é o Parque Es-
so, conta com um quinto da disponibilidade de água potável do tadual da Serra do Mar, que contém 315 mil hectares. Não obstante,
mundo - a maior bacia hidrográfica do planeta. No território bra- a Mata Atlântica continua a ser ameaçada pelo constante aumento
sileiro da Floresta Amazônica habitam 20 milhões de pessoas, das cidades e pela poluição que muito dificultam as tentativas de pre-
entre elas, 220 mil indígenas de inúmeras tribos. servá-la. Na Mata Atlântica, há várias espécies em risco de extinção,
Na Floresta Amazônica, há muitas espécies em perigo de como a onça pintada e o mico-leão dourado.
extinção. A Amazônia sofre um ritmo acelerado de destruição. As frentes humanas contra o desmatamento são chamadas de:
Na década de 1970, o governo brasileiro, com o objetivo de de- empates. A “política dos empates” foi a forma encontrada pelo gru-
senvolver essa região e integrá-la ao restante do país, criou inú- po de Chico Mendes para impedir que madeireiros e fazendeiros do
meros incentivos para que milhões de brasileiros passassem a Acre praticassem o desmatamento ilegal. Já que o grupo não possui
habitá-la. Contudo, os limites de propriedades não foram clara- os recursos para enfrentar seus adversários, adotaram a estratégia de
mente delineados e o caos fundiário passou a ser uma realidade formar uma corrente humana, com as mãos de pessoas dadas, para
na região. impedir que os tratores passassem.

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GEOGRAFIA DO BRASIL
Vamos aqui falar dos principais problemas ambientais brasi- - Não Renováveis - São recursos que necessitam de eras “geológi-
leiros cas” para sua formação.
O Brasil, assim como qualquer país do mundo, enfrenta amea- Ex: Os minérios em geral e os combustíveis fósseis (petróleo e gás
ças ao meio ambiente. De acordo com uma pesquisa realizada pelo natural).
Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), 90% dos mu-
nicípios brasileiros apresentam problemas ambientais, e entre os “Um recurso que é extraído mais rápido do que é renovado por
mais relatados estão as queimadas, desmatamento e assoreamen- Processos naturais é um recurso não renovável. Um recurso que é Re-
to. A seguir, falaremos um pouco a respeito de cada um deles: posto tão rápido quanto é extraído é certamente renovável” (Irene Do-
- Queimadas: As queimadas são geralmente utilizadas para lim- menes Zapparoli).
par uma determinada área, renovar as pastagens e facilitar a co- O principal critério para a classificação dos recursos naturais é a
lheita de produtos como a cana-de-açúcar. Essa prática pode ser capacidade de recomposição de um recurso no horizonte do tempo
prejudicial para o ecossistema, pois aumenta os riscos de erosão, humano. Um recurso que é extraído mais veloz do que é renovado por
mata micro-organismos que vivem no solo, retira nutrientes e causa processos naturais é um recurso não-renovável. Um recurso que é re-
poluição atmosférica. posto tão rápido quanto é retirado é certamente um recurso renovável.

- Desmatamentos: Os desmatamentos acontecem por vários Em relação a Economia dos Recursos Naturais temos a atual clas-
motivos. Entre eles, podemos citar a ampliação da agropecuária, sificação:
extração da madeira para uso comercial, criação de hidrelétricas, - Renováveis: solos, ar, águas, florestas, fauna e flora no geral.
mineração e expansão das cidades. O desmatamento prejudica o - Não renováveis, ou exauríveis, esgotáveis ou não reprodutíveis:
ecossistema de diferentes maneiras, provocando erosões, agrava- minérios, combustíveis.
mento dos processos de desertificação, alterações no regime de O estudo da economia dos recursos naturais tem adquirido impor-
chuvas, redução da biodiversidade, assoreamento dos rios, etc. tância crescente em várias correntes do pensamento econômico, mas
a abordagem dominante ainda é a da economia neoclássica (também
- Assoreamento: O assoreamento acontece com o acúmulo de chamada de economia convencional).
sedimentos em ambientes aquáticos. Seus impactos para o meio
Existem basicamente 4 tipos de Recursos Naturais:
ambiente são grandes, como a obstrução de cursos de água, des-
truição de habitats aquáticos, prejuízos na água destinada ao con-
- Recursos Minerais: água, solo, ouro, prata, cobre, bronze;
sumo e veiculação de poluentes.
- Recursos Energéticos: sol, vento, petróleo, gás;
- Recursos Renováveis: madeira, peixes, vegetais – podem ser fini-
Apesar de esses serem os mais relatados, não significa que se-
tos, a depender do seu grau de utilização
jam os únicos problemas ambientais enfrentados em nosso país.
- Recursos Não-Renováveis: petróleo, gás, demais minérios – po-
Podemos citar ainda como ameaças ao meio ambiente: a poluição dem ser recuperados, porém em escalas de tempo sobre-humanas.
das águas, que causam doenças e prejuízo no abastecimento, a Como podemos perceber analisando o breve esquema acima a
poluição atmosférica, responsável por uma grande incidência de maioria dos recursos naturais, mesmo os renováveis, podem não ser
doenças respiratórias, e a poluição do solo, desencadeada princi- inesgotáveis, principalmente se forem utilizados de maneira irrespon-
palmente pelo acúmulo de lixo e pelo uso de agrotóxicos. sável e em larga escala. Com isso, talvez o maior desafio, não somente
Todos essas questões que afetam e ameaçam os ecossistemas dos gestores ambientais, mas de toda a espécie humana, seja justa-
e a saúde humana devem ser combatidas. Para isso, necessitamos mente o de conciliar o desenvolvimento econômico com a preserva-
de urgente criação de políticas mais eficientes a fim de evitar crimes ção e conservação do meio ambiente.
ambientais, assim como precisamos de programas voltados à cons- E uma boa alternativa pode ser, realmente, a utilização de fontes
cientização da população acerca de como diminuir os problemas de energia limpas, baratas e economicamente viáveis, para que sejam
ambientais em nosso país. Se todos fizerem sua parte, poderemos atendidas todas as necessidades energéticas da humanidade, porém,
deixar um Brasil com muito mais qualidade de vida para nossos sem prejudicar nem esgotar as reservas naturais, preservando-as e
descendentes. conservando-as para as próximas gerações que estão por vir.
Diversas soluções criativas e viáveis vêm surgindo, dia após dia,
em todo o mundo. Painéis solares à base de garrafas PET, biodigesto-
res, moinhos e cataventos geradores de energia eólica, geradores de
Recursos naturais energia a partir das ondas do mar, carregadores de celular à base de
A economia dos recursos naturais é o ramo da economia que energia solar, carros movidos à energia elétrica ou solar, computadores
lida com os aspectos da extração e exploração dos recursos naturais que funcionam movidos a pedais de bicicleta, enfim, uma verdadeira
ao longo do tempo, e a sua optimização em termos económicos e infinidade de ideias inovadoras que, com investimento e, sobretudo,
ambientais.[1] Procura compreender o papel dos recursos naturais boa vontade, podem perfeitamente ajudar a solucionar boa parte
na economia, a fim de desenvolver métodos de gestão mais sus- dos problemas ambientais, nesse caso, suprir nossas necessidades
tentável destes recursos para garantir a sua disponibilidade para as energéticas de locomoção e bem-estar.
gerações futuras.
O que se conhece por “economia dos recursos naturais” é um - Fontes de Energia.
campo da teoria microeconômica que emerge das análises neo- Fontes de energia são matérias-primas que direta ou indiretamente
clássicas a respeito da utilização das terras agrícolas, dos recursos produzem energia para movimentar as máquinas, os transportes, a
minerais, dos peixes, dos recursos florestais madeireiros e não ma- indústria, o comércio, a agricultura, as casas, etc.
deireiros, da água, todos os recursos naturais reprodutíveis e os não O carvão, o petróleo, as águas dos rios e dos oceanos, o vento e
reprodutíveis. (Maria Amélia Enriquez) certos alimentos são alguns exemplos de fontes energéticas.
- Renováveis - São recursos compatíveis com o horizonte de vida - Energia Renováveis e Não Renováveis
do homem. As fontes de energia ou recursos energéticos podem ser classifi-
Ex: solos, ar, águas, florestas, fauna e flora. cados em dois grupos: energias renováveis e não renováveis.

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GEOGRAFIA DO BRASIL

Diferentes fontes de energia: hidrelétrica, eólica, térmica, solar, nuclear

- Energias Renováveis
Energias renováveis são aquelas que regeneram-se espontaneamente ou através da intervenção humana. São consideradas energias
limpas, pois os resíduos deixados na natureza são nulos.
Alguns exemplos de energias renováveis são:
• Hidrelétrica - oriunda pela força da água dos rios;
• Solar - obtida pelo calor e luz do sol;
• Eólica - derivada da força dos ventos,
• Geotérmica - provém do calor do interior da terra;
• Biomassa - procedente de matérias orgânicas;
• Mares e Oceanos - natural da força das ondas;
• Hidrogênio - provém da reação entre hidrogênio e oxigênio que libera energia.

- Energias Não Renováveis


Energias não renováveis são aquelas que se encontram na natureza em grandes quantidades, mas uma vez esgotadas, não podem mais
ser regeneradas.
Têm reservas finitas, pois é necessário muito tempo para sua formação na natureza. São consideradas energias poluentes, porque sua
utilização causa danos para o meio-ambiente.
Exemplos de energia não renováveis:
• Combustíveis fósseis: como o petróleo, o carvão mineral, o xisto e o gás natural;
• Energia Nuclear: que necessita urânio e tório para ser produzida.

- Fontes de Energia no Brasil


A busca por fontes alternativas de energias não poluentes ou renováveis tem avançado no mundo. Seja para diminuir a dependência
do petróleo, seja para descer os níveis de poluição, o fato é que a busca por diferentes fontes de energia já são uma realidade no mundo.
No Brasil, o uso do álcool, proveniente da cana-de-açúcar, data de 1975, com a implantação do Programa Nacional do Álcool (Proál-
cool), em decorrência da crise do petróleo. Hoje o álcool é também usado como aditivo à gasolina.
Igualmente, o uso e a exploração da energia solar e eólica, vem sendo estimulada ainda que de maneira tímida por parte do governo.
Percebemos que a fonte energética mais utilizada no Brasil é a hidráulica, enquanto a energia solar praticamente não é explorada. Isso
pode ser considerado um despropósito, devido ao tamanho do território e a quantidade de luz solar a que o país está exposto.

- Transformação
As fontes de energias são encontradas na natureza em estado bruto, e para serem aproveitadas economicamente devem passar por
um processo de transformação e armazenamento.
A água, o sol, o vento, o petróleo, o carvão, o urânio são canalizados pelo ser humano e assim toda sua capacidade de produzir energia
será explorada.
Os centros de transformação podem ser:
• Usinas Hidrelétricas - a força da queda d’água faz girar as turbinas e assim convertida em eletricidade
• Refinarias de Petróleo - o petróleo é transformado em óleo diesel, gasolina, querosene, etc.
• Usinas Termoelétricas - através da queima do carvão mineral e do petróleo, obtém-se energia.
• Coquerias - o carvão mineral é transformado em coque, que é um produto empregado para aquecer altos fornos da siderurgia
e indústrias.

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GEOGRAFIA DO BRASIL
Recursos Hídricos
No Brasil, a maior parte da energia elétrica que chega às casas e às indústrias, vem das hidrelétricas.

Fotografia aérea de Itaipu - usina hidrelétrica binacional localizada no Rio Paraná, na fronteira entre o Brasil e o Paraguai

Os rios também são agentes erosivos do relevo, moldando-o ao seu bel prazer. Essas correntes líquidas, que resultam da concentração de
água em vales, podem se originar de várias fontes: fontes subterrâneas (que se formam com a água das chuvas), transbordamento de lagos ou
mesmo da fusão de neves e geleiras.

Hidrografia brasileira
O Brasil é um dos países mais ricos do mundo no que se refere aos complexos hidrográficos, contando com um dos mais complexos do plane-
ta. Aqui no país, encontramos rios de grande extensão, largura e profundidade, que nascem, em sua maioria, em regiões que são pouco elevadas,
excluindo apenas o Rio Amazonas e alguns afluentes que nascem na cordilheira dos Andes. De toda a água doce que está na superfície do planeta,
8% encontra-se no Brasil e, além disso, a maior bacia fluvial do mundo também encontra-se no Brasil, e é a Amazônica.

Bacias hidrográficas
Chamamos de bacia hidrográfica uma área onde acontece a drenagem da água das chuvas para um determinado curso de água que, normal-
mente, é um rio. O terreno em declive faz com que as águas acabem desaguando em um determinado rio, o que forma uma bacia hidrográfica.
Segundo o IBGE, Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, existem nove bacias, que são a Bacia do Amazonas, que é a maior do mundo e
encontra-se, mais de sua metade, no Brasil; Bacia do Nordeste; Bacia do Tocantins-Araguaia (maior bacia hidrográfica totalmente situada em
território brasileiro); Bacia do Paraguai; Bacia do Paraná; Bacia do São Francisco; Bacia do Sudeste-Sul; Bacia do Uruguai; e Bacia do Leste.

Usinas hidrelétricas do Brasil


As hidrelétricas no Brasil correspondem a 90% da energia elétrica produzida no país.
A instalação de barragens para a construção de usinas iniciou-se no Brasil a partir do final do século XIX, mas foi após a Segunda Grande Guer-
ra Mundial (1939-1945) que a adoção de hidrelétricas passou a ser relevante na produção de energia brasileira.
Apesar de o Brasil representar o terceiro maior potencial hidráulico do mundo (atrás apenas de Rússia e China), o país importa parte da ener-
gia hidrelétrica que consome. Isso ocorre em razão de que a maior hidrelétrica das Américas e segunda maior do mundo, a Usina de Itaipu, não
é totalmente brasileira.
Por se localizar na divisa do Brasil com o Paraguai, 50% da produção da usina pertence ao país vizinho que, na incapacidade de consumir
esse montante, vende o excedente para o Brasil. O Brasil também consome energia produzida pelas hidrelétricas argentinas de Garabi e Yaceritá.
A produção de energia elétrica no Brasil é realizada através de dois grandes sistemas estruturais integrados: o sistema Sul-Sudeste-Centro-
-Oeste e o sistema Norte-Nordeste, que correspondem, respectivamente, por 70% e 25% da produção de energia hidrelétrica no Brasil.

Principais usinas hidrelétricas do Brasil

Usina Hidrelétrica de Itaipu

Estado: Paraná | Rio: Paraná | Capacidade: 14.000 MW

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GEOGRAFIA DO BRASIL
Usina Hidrelétrica de Belo Monte Usina Hidrelétrica de Ilha Solteira
Estado: Pará | Rio: Xingú | Capacidade: 11.233 MW Estado: São Paulo | Rio: Paraná | Capacidade: 3.444 MW

Usina Hidrelétrica São Luíz do Tapajós


Estado: Pará | Rio: Tapajós | Capacidade: 8.381 MW

Usina Hidrelétrica de Jirau


Estado: Rondônia | Rio: Madeira | Capacidade: 3.300 MW

Usina Hidrelétrica de Tucuruí


Estado: Pará | Rio: Tocantins | Capacidade: 8.370 MW Usina Hidrelétrica de Xingó
Estados: Alagoas e Sergipe | Rio: São Francisco | Capacidade:
3.162 MW

Usina Hidrelétrica de Santo Antônio


Estado: Rondônia | Rio: Madeira | Capacidade: 3.300 MW

Usina Hidrelétrica de Paulo Afonso


Estado: Bahia | Rio: São Francisco | Capacidade: 2.462 MW

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GEOGRAFIA DO BRASIL
Usina Hidrelétrica Jatobá Principais hidrovias
Estado: Pará | Rio: Tapajós | Capacidade: 2.338 MW Hidrovia Araguaia-Tocantins
A Bacia do Tocantins é a maior bacia localizada inteiramente no
Brasil. Durante as cheias, seu principal rio, o Tocantins, é navegável
numa extensão de 1.900 km, entre as cidades de Belém, no Pará, e
Peixes, em Goiás, e seu potencial hidrelétrico é parcialmente apro-
veitado na Usina de Tucuruí, no Pará. O Araguaia cruza o Estado de
Tocantins de norte a sul e é navegável num trecho de 1.100 km. A
construção da Hidrovia Araguaia-Tocantins visa criar um corredor
de transporte intermodal na região Norte.

Hidrovia São Francisco


Entre a Serra da Canastra, onde nasce, em Minas Gerais, e sua
foz, na divisa de Sergipe e Alagoas, o “Velho Chico”, como é conhe-
cido o maior rio situado inteiramente em território brasileiro, é o
Hidrovias no Brasil
grande fornecedor de água da região semi-árida do Nordeste. Seu
Os últimos anos têm sido realizadas várias obras, com o intui-
principal trecho navegável situa-se entre as cidades de Pirapora, em
to de tornar os rios brasileiros navegáveis. Minas Gerais, e Juazeiro, na Bahia, num trecho de 1.300 quilôme-
Eclusas são construídas para superar as diferenças de nível tros. Nele estão instaladas as usinas hidrelétricas de Paulo Afonso
das águas nas barragens das usinas hidrelétricas. e Sobradinho, na Bahia; Moxotó, em Alagoas; e Três Marias, em
Hoje, a navegação fluvial no Brasil está numa posição inferior Minas Gerais. Os principais projetos em execução ao longo do rio
em relação aos outros sistemas de transportes. É o sistema de visam melhorar a navegabilidade e permitir a navegação noturna.
menor participação no transporte de mercadoria no Brasil. Isto
ocorre devido a vários fatores. Muitos rios do Brasil são de pla- Hidrovia da Madeira
nalto, por exemplo, apresentando-se encachoeirados, portanto, O rio Madeira é um dos principais afluentes da margem direita
dificultam a navegação. É o caso dos rios Tietê, Paraná, Grande, do Amazonas. A hidrovia, com as novas obras realizadas para permi-
São Francisco e outros. Outro motivo são os rios de planície facil- tir a navegação noturna, está em operação desde abril de 1997. As
mente navegáveis (Amazonas e Paraguai), os quais encontram-se obras ainda em andamento visam baratear o escoamento de grãos
afastados dos grandes centros econômicos do Brasil. no Norte e no Centro-oeste.
Nos últimos anos têm sido realizadas várias obras, com o in-
tuito de tornar os rios brasileiros navegáveis. Eclusas são cons- Hidrovia Tietê-Paraná
truídas para superar as diferenças de nível das águas nas barra- Esta via possui enorme importância econômica por permitir o
gens das usinas hidrelétricas. É o caso da eclusa de Barra Bonita transporte de grãos e outras mercadorias de três estados: Mato
no rio Tietê e da eclusa de Jupiá no rio Paraná, já prontas. Grosso do Sul, Paraná e São Paulo. Ela possui 1.250 quilômetros
Existe também um projeto de ligação da Bacia Amazônica à navegáveis, sendo 450 no rio Tietê, em São Paulo, e 800 no rio Para-
Bacia do Paraná. É a hidrovia de Contorno, que permitirá a liga- ná, na divisa de São Paulo com o Mato Grosso do Sul e na fronteira
ção da região Norte do Brasil às regiões Centro-Oeste, Sudeste do Paraná com o Paraguai e a Argentina. Para operacionalizar esses
e Sul, caso implantado. O seu significado econômico e social é 1.250 quilômetros, há necessidade de conclusão de eclusa na re-
de grande importância, pois permitirá um transporte de baixo presa de Jupiá para que os dois trechos se conectem.
custo.
O Porto de Manaus, situado à margem esquerda do rio Ne- Taguari-Guaíba
Com 686 quilômetros de extensão, no Rio Grande do Sul, esta
gro, é o porto fluvial de maior movimento do Brasil e com me-
é a principal hidrovia brasileira em termos de carga transportada. É
lhor infra-estrutura. Outro porto fluvial relevante é o de Corum-
operada por uma frota de 72 embarcações, que podem movimen-
bá, no rio Paraguai, por onde é escoado o minério de manganês
tar um total de 130 mil toneladas. Os principais produtos trans-
extraído de uma área próxima da cidade de Corumbá.
portados na hidrovia são grãos e óleos. Uma de suas importantes
características é ser bem servida de terminais intermodais, o que fa-
Transporte Hidroviário cilita o transbordo das cargas. No que diz respeito ao tráfego, outras
O Brasil tem mais de 4 mil quilômetros de costa atlântica na- hidrovias possuem mais importância local, principalmente no trans-
vegável e milhares de quilômetros de rios. Apesar de boa parte porte de passageiros e no abastecimento de localidades ribeirinhas.
dos rios navegáveis estarem na Amazônia, o transporte nessa re-
gião não tem grande importância econômica, por não haver nes- Aquíferos no Brasil
sa parte do País mercados produtores e consumidores de peso. Aquífero é uma formação geológica subterrânea que funciona
Os trechos hidroviários mais importantes, do ponto de vista como reservatório de água. É formado por rochas porosas e per-
econômico, encontram-se no Sudeste e no Sul do País. O pleno meáveis que retém a água da chuva, mas também permite sua
aproveitamento de outras vias navegáveis dependem da cons- movimentação. Quando a água passa pelos poros das rochas ocor-
trução de eclusas, pequenas obras de dragagem e, principalmen- re um processo natural de filtragem tornando os aquíferos fontes
te, de portos que possibilitem a integração intermodal. Entre as importantíssimas de água doce potável que serve como proveitosa
principais hidrovias brasileiras, destacam-se duas: Hidrovia Tie- fonte de abastecimento, fornecendo água para poços e nascentes
tê-Paraná e a Hidrovia Taguari -Guaíba. em proporções suficientes.
Existem várias formas de classificar os aquíferos, as mais co-
muns são de acordo com o armazenamento da água e tipo de rocha
armazenadora.
Quanto ao armazenamento:

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GEOGRAFIA DO BRASIL
• Livres: possuem uma base impermeável e a superfície livre.

• Confinados: além da base impermeável, possui uma camada impermeável acima do aquífero.
De acordo com o tipo de rocha os aquíferos podem ser:
• Porosos: estão associados com rochas sedimentares e solos arenosos (Representam o grupo de aquíferos mais importantes,
devido ao grande volume de água que armazenam e também por serem encontrados em muitas áreas).
• Fraturados: rochas ígneas e metamórficas que possuem fraturas abertas que acumulam água.
• Cársticos: formados em rochas carbonáticas. Podem atingir grandes dimensões, formando rios subterrâneos.
No Brasil, estima-se que existam 27 aquíferos, com destaque para os dois maiores e mais importantes: o Guarani, situado no
Centro-sul e que se estende por outros países e o Alter do Chão, localizado na região Norte. Apesar da importância desses aquíferos,
eles estão sendo afetados pela poluição humana, principalmente pelas atividades industriais e agrícolas.

Degradação Ambiental
Os problemas ambientais de âmbito nacional (no território brasileiro) ocorrem desde a época da colonização, estendendo-se aos
subsequentes ciclos econômicos (cana, ouro, café etc.).
Atualmente, os principais problemas estão relacionados com as práticas agropecuárias predatórias, o extrativismo vegetal (ati-
vidade madeireira) e a má gestão dos resíduos urbanos.
Os principais agravantes de ordem rural e urbana são:
- perda da biodiversidade em razão do desmatamento e das queimadas;
- degradação e esgotamento dos solos por causa das técnicas de produção;
- escassez da água pelo mau uso e gerenciamento das bacias hidrográficas;
- contaminação dos corpos hídricos por esgoto sanitário;
- poluição do ar nos grandes centros urbanos.

Biosfera e clima
O clima é uma rede intrincada de elementos e fatores que o caracterizam. Por isso, o clima muda muito conforme a região.
De todos os fatores, o mais importante é a radiação solar. O Sol é o motor que move o clima. A luz solar por si própria não gera
calor, mas é a absorção, dispersão e a reflexão dessa mesma luz que irá determinar o grau de calor de cada região.
O balanço global do sistema Terra-atmosfera é positivo, ou seja, a relação entre a energia absorvida pela atmosfera e pelos ocea-
nos e terras é de 64% (47% pela superfície terrestre e 17% pela atmosfera e pelas nuvens).

46
GEOGRAFIA DO BRASIL

Esquema ilustrativo do funcionamento da radiação solar

Os elementos e os fatores climáticos determinam as condições climáticas de cada região. Ainda que estudados separadamente,
esses elementos e fatores atuam juntos, ao mesmo tempo.

Elementos Fatores modificadores


Temperatura Latitude
Pressão atmosférica Altitude
Ventos Distância do mar
Umidade Massas de ar
Precipitação Correntes marítimas

Tempo e Clima são conceitos distintos: Tempo é o estado da atmosfera de um lugar em um determinado momento. Clima é a
sucessão dos estados de tempo da atmosfera em determinado lugar.
• Choveu hoje. Tempo
• Chove sempre nessa época do ano. Clima

Temperatura
A temperatura é a quantidade de calor em uma região. A temperatura varia não apenas de um lugar para o outro, mas também
em um mesmo lugar no decorrer do tempo.
Entre os fatores responsáveis por sua variação ou distribuição, destacam-se a latitude, a altitude e a distribuição de massas líqui-
das e solidas da Terra (maritimidade e continentalidade).
Temperatura e calor são dois conceitos bastante diferentes e que muitas pessoas acreditam se tratar da mesma coisa. No en-
tanto, o entendimento desses dois conceitos se faz necessário para o estudo da termologia. Também chamada de termofísica, a
termologia é um ramo da física que estuda as relações de troca de calor e manifestações de qualquer tipo de energia que é capaz de
produzir aquecimento, resfriamento ou mudanças de estado físico dos corpos, quando esses ganham ou cedem calor.
Os átomos e moléculas que constituem a matéria nunca estão completamente imóveis. Mesmo que se esteja observando um
material relativamente estático, parado. Ao contrário, essas partículas estão sempre animadas de um movimento vibratório, cuja
amplitude depende do estado físico da matéria.
Esse movimento vibratório constitui uma forma de energia cinética, denominada energia térmica. Quanto maior é a agitação das
partículas de um corpo, maior é a energia térmica desse corpo.
A manifestação da energia térmica de um corpo pode ser percebida pelos órgãos sensoriais de nossa pele e nos dá a sensação
de frio ou calor. Essa manifestação é popularmente chamada temperatura e, em física, recebe o nome de estado térmico do corpo.
Quanto maior é o grau de agitação das partículas de um corpo, maior é sua temperatura, ou seja, mais elevado é o seu estado tér-
mico.

47
GEOGRAFIA DO BRASIL
A energia térmica pode transferir-se de um corpo para outro, Clima equatorial úmido
mas sempre se transfere do corpo de maior temperatura para o Este tipo de clima apresenta temperaturas altas o ano todo.
de menor temperatura. Para que a transferência ocorra, é preciso As médias pluviométricas são altas, sendo as chuvas bem dis-
que exista entre os dois corpos uma diferença de temperatura. A tribuídas nos 12 meses, e a estação seca é curta. Aliando esses
energia transferida é chamada calor. Assim, a temperatura de um fatores ao fenômeno da evapotranspiração, garante-se a umida-
corpo, sua energia térmica e a agitação de suas partículas alteram- de constante na região. É o clima predominante no complexo
-se quando esse corpo recebe ou cede calor. A transferência de regional Amazônico.
calor somente termina quando os dois corpos em contato atingem
a mesma temperatura, um estado denominado equilíbrio térmico.

Temos então que, Temperatura é a grandeza física associada


ao estado de movimento ou a energia cinética das partículas
que compõem os corpos. A chama de uma vela pode estar numa
temperatura mais alta que a água do lago, mas o lago tem mais
energia térmica para ceder ao ambiente na forma de calor. No
cotidiano é muito comum as pessoas medirem o grau de agitação
dessas partículas através da sensação de quente ou frio que se
sente ao tocar outro corpo. No entanto não podemos confiar na Clima equatorial semiúmido
sensação térmica. Para isso existem os termômetros, que são Em uma pequena porção setentrional do país, existe o clima
graduados para medir a temperatura dos corpos. equatorial semiúmido, que também é quente, mas menos chu-
Calor é definido como sendo energia térmica em trânsito e voso. Isso ocorre devido ao relevo acidentado (o planalto resi-
que flui de um corpo para outro em razão da diferença de tempe- dual norte-amazônico) e às correntes de ar que levam as massas
ratura existente entre eles, sempre do corpo mais quente para o equatoriais para o sul, entre os meses de setembro a novembro.
corpo mais frio. No verão, um lago pode armazenar energia tér- Este tipo de clima diferencia-se do equatorial úmido por essa
mica durante o dia e transferi-la ao ambiente à noite na forma de
média pluviométrica mais baixa e pela presença de duas esta-
calor.
ções definidas: a chuvosa, com maior duração, e a seca.
Tipos de clima no Brasil

Clima subtropical
As regiões que possuem clima subtropical apresentam grande
variação de temperatura entre verão e inverno, não possuem uma
estação seca e as chuvas são bem distribuídas durante o ano.

Clima tropical
Presente na maior parte do território brasileiro, este tipo de
clima caracteriza-se pelas temperaturas altas. As temperaturas
médias de 18 °C ou superiores são registradas em todos os me-
ses do ano. O clima tropical apresenta uma clara distinção entre
a temporada seca (inverno) e a chuvosa (verão). O índice pluvio-
É um clima característico das áreas geográficas a sul do Trópico métrico é mais elevado nas áreas litorâneas.
de Capricórnio e a norte do Trópico de Câncer, com temperaturas
médias anuais nunca superiores a 20ºC. A temperatura mínima do
mês mais frio nunca é menor que 0ºC.

Clima semiárido
O clima semiárido, presente nas regiões Nordeste e Sudeste,
apresenta longos períodos secos e chuvas ocasionais concentra-
das em poucos meses do ano. As temperaturas são altas o ano
todo, ficando em torno de 26 ºC. A vegetação típica desse tipo de
clima é a caatinga.

Clima tropical de altitude


Apresenta médias de temperaturas mais baixas que o clima
tropical, ficando entre 15º e 22º C. Este clima é predominante
nas partes altas do Planalto Atlântico do Sudeste, estendendo-
-se pelo centro de São Paulo, centro-sul de Minas Gerais e pelas
regiões serranas do Rio de Janeiro e Espírito Santo. As chuvas se
concentram no verão, sendo o índice de pluviosidade influencia-
do pela proximidade do oceano.

48
GEOGRAFIA DO BRASIL
Fonte e/ou texto adaptado de: 03. As fronteiras brasileiras, todas elas posicionadas na América
www.atlasbrasil.org.br/www.stoodi.com.br/www.editoracontex- do Sul, totalizam 23.102 quilômetros de extensão. Desse total, mais
to.com.br/www.educador.brasilescola.uol.com.br/www.novaescola. de 15 mil quilômetros encontram-se em terras emersas, fazendo
org.br/www.ojs.ufpi.br/www.portaleducacao.com.br//www.cejain- fronteira com todos os países sul-americanos, exceto:
saovicente.blogspot.com/www.meioambiente.culturamix.com/www. a) Venezuela e Colômbia
periodicos.ufsm.br/www.mundoeducacao.bol.uol.com.br/www.mun- b) Chile e Equador
dogeografico.com.br/www.clickestudante.com/www.estudokids.com. c) Uruguai e Guiana Francesa
br/www.news.un.org/www.blogdoenem.com.br/www.brasilescola. d) Panamá e Peru
uol.com.br/www.em.com.br/www.educabras.com/www.monogra-
fias.brasilescola.uol.com.br/www.infoescola.com/www.alunosonli- 04. (Faculdade Trevisan) Em síntese, o Brasil é um país inteira-
ne.uol.com.br/www.eumed.net/www.uel.br/www.educacao.globo. mente ocidental, predominantemente do Hemisfério Sul e da Zona
com/www.resumoescolar.com.br/www.periodicos.uesb.br/www. Intertropical.
ambientesgeograficos.blogspot.com/www.scielo.mec.pt/www.bbc. Considere as afirmações:
com/www.beduka.com/www.conhecimentocientifico.r7.com/www. I) O Brasil situa-se a oeste do Meridiano de Greenwich.
suapesquisa.com/www.cta20092hidrografiasdobrasil.blogspot.com/ II) O Brasil é cortado ao norte pela Linha do Equador.
www.seropedicaonline.com/www.brasilescola.com/www.todoestudo. III) Ao sul, é cortado pelo Trópico de Câncer.
com.br/www.geografiaparatodos.com.br/www.educacao.uol.com. IV) Ao sul, é cortado pelo Trópico de Capricórnio, apresentando
br/www.estudopratico.com.br/www.obshistoricogeo.blogspot.com/ 92% do seu território na Zona Intertropical, entre os Trópicos de Câncer
www.geografia.seed.pr.gov.br//www.super.abril.com.br/www.ok- e de Capricórnio.
concursos.com.br/www.meuartigo.brasilescola.uol.com.br/www.cor- V) Os 8% restantes estão na Zona Temperada do Sul.
reiobraziliense.com.br/www.professormarcianodantas.blogspot.com/
www.cepein.femanet.com.br//www.getulionascimento.com/www. a) Apenas I, II e IV são verdadeiras.
ambientes.ambientebrasil.com.br/www.enos.cptec.inpe.br/www. b) Apenas I e II são verdadeiras.
iguiecologia.com/www.periodicos.set.edu.br//www.educacao.globo. c) Apenas IV e V são verdadeiras.
com/www.geografiasuperior.blogspot.com/www.sustentahabilida- d) Apenas I, II, IV e V são verdadeiras.
de.com/www.todamateria.com.br/www.sogeografia.com.br/www. e) Apenas I, II, III e V são verdadeiras.
meuartigo.brasilescola.uol.com.br/www.repositorio.ufsc.br/www.
todapolitica.com/www.descomplica.com.br/www.coladaweb.com/ 05. (FUNDAÇÃO OSWALDO CRUZ) A rede hidrográfica brasileira
www.portodalinguagem.com.br//www.geekiegames.geekie.com.br// apresenta, dentre outras, as seguintes características:
www.portodalinguagem.com.br////www.grupoescolar.com/www. a) grande potencial hidráulico, predomínio de rios perenes e pre-
notasgeo.com.br/www.resbr.net.br/www.enemvirtual.com.br/PENA, domínio de foz do tipo delta.
Rodolfo F. Alves/Terra, Lygia. Conexões: estudos de geografia geral e b) drenagem exorréica, predomínio de rios de planalto e predomí-
do Brasil/Rosana Hessel/Wellington Souza Silva/Eduardo de Freitas/ nio de foz do tipo estuário.
Karen Degli Exposti/ Régis Rodrigues/Rodolfo Alves Pena/ Wagner de c) predomínio de rios temporários, drenagem endorréica e grande
Cerqueira e Francisco/Michelle Nogueira/ Renilda Rocha/Rayanna Ro- potencial hidráulico.
lim/ / Eduardo de Freita/ Anderson Moço d) regime de alimentação pluvial, baixo potencial hidráulico e pre-
domínio de rios de planície.
EXERCÍCIOS e) drenagem endorreica, predomínio de rios perenes e regime de
alimentação pluvial.
01. Sobre o território brasileiro, assinale a alternativa INCORRE-
TA: 06. (IFCE – com adaptações) Sobre as características da hidrogra-
Sobre o território brasileiro, assinale a alternativa INCORRETA: fia brasileira, são feitas as seguintes afirmações:
a) o Brasil é um país com dimensões continentais. I. Considerando-se os rios de maior porte, só é encontrado regime
b) a extensão do território brasileiro denuncia a grande distância temporário no sertão nordestino, onde o clima é semiárido, no restan-
de seus pontos extremos. te do país, os grandes rios são perenes.
c) a localização do Brasil indica-se por longitudes negativas, no he- II. Predominam os rios de planalto em áreas de elevado índice
misfério ocidental. pluviométrico. A existência de muitos desníveis no relevo e o grande
d) a grande variação de latitudes explica a homogeneidade climá- volume de água possibilitam a produção de hidroeletricidade.
tica do país. III. Na região Amazônica, os rios são muito utilizados como vias de
transporte, e o potencial hidrelétrico é amplamente aproveitado.
02. “Moro num país tropical, abençoado por Deus
E bonito por natureza, mas que beleza Está correto o que se afirma em:
Em fevereiro (em fevereiro) A) I apenas.
Tem carnaval (tem carnaval)”. B) I e II apenas.
(JOR, J. B. ; SIMONAL, W. País Tropical. Intérprete: Jorge Ben Jor). C) I e III apenas.
D) II e III apenas.
Ao dizer que o Brasil é um “país tropical”, o trecho acima está, em E) I, II e III.
uma perspectiva geográfica,
a) correto, pois o território brasileiro é cortado por ambos os tró- 07. (FAC. AGRONOMIA E ZOOTECNIA de Uberaba) Leia as afir-
picos da Terra. mativas abaixo sobre a hidrografia brasileira:
b) incorreto, pois nenhum trópico, de fato, corta a área do país. I. É a maior das três bacias que formam a Bacia Platina, pois possui
c) correto, pois a maior parte do país encontra-se em uma zona 891.309 km2, o que corresponde a 10,4% da área do território brasi-
intertropical. leiro.
d) incorreto, pois não existe o “clima tropical” na classificação cli- II. Possui a maior potência instalada de energia elétrica, destacan-
mática do Brasil. do-se algumas grandes usinas.

49
GEOGRAFIA DO BRASIL
III. Em virtude de suas quedas d’água, a navegação é difícil. En- 12. Um dos principais problemas ambientais que aconte-
tretanto, com a instalação de usinas hidrelétricas, muitas delas já pos- cem no Brasil são decorrentes do acúmulo de sedimentos nos
suem eclusas para permitir a navegação. ambientes aquáticos, desencadeando obstrução dos fluxos de
Estas características referem-se à bacia do: água e destruição desses habitats. Esse problema é conhecido
a) Uruguai como:
b) São Francisco a) Desertificação
c) Paraná b) Poluição marinha
d) Paraguai c) Assoreamento
e) Amazonas d) Desmatamento
e) Degradação do solo
08. Sobre os mangues, assinale a alternativa INCORRETA:
a) São encontrados em ambientes alagados; 13. (UNINOEST) Entre os impactos ambientais causados
b) São adaptados a cursos d’água com alta concentração de sal, nos ecossistemas pelo homem, podemos citar:
em razão da proximidade com o mar; I. Destruição da biodiversidade.
c) No Brasil, são encontrados em regiões litorâneas; II. Erosão e empobrecimento dos solos.
d) A extração de caranguejo é a principal atividade econômica nes- III. Enchentes e assoreamento dos rios.
se ambiente; IV. Desertificação.
e) É uma vegetação do tipo homogênea. V. Proliferação de pragas e doenças.
09. A Amazônia é uma área em evidência, seja pela questão Assinale a alternativa que melhor representa os impactos
ecológica ou pela riqueza de seus recursos minerais. A expansão e a consequentes do desmatamento:
crescente valorização dessa área provocam uma infinidade de supo- a) Apenas I
sições a respeito do seu quadro natural. Sobre a Amazônia são feitas b) Apenas V
as afirmações a seguir: c) Apenas III, IV e V
I - As queimadas podem alterar o clima do planeta e a destruição
d) Apenas I, II, III e V
da floresta pode influenciar o aumento da temperatura;
e) I, II, III, IV e V
II - A floresta Amazônica funciona como “pulmão do mundo”, sen-
do a principal fonte produtora de oxigênio;
14. As queimadas são um problema ambiental grave en-
III - A bacia hidrográfica do Amazonas é a maior do mundo, dre-
frentado em nosso país. Analise as alternativas e marque aque-
nando em torno de 20% da água doce dos rios para os oceanos;
la que não indica uma consequência das queimadas:
IV - Os solos amazônicos são de alta fertilidade, a qual é facilmen-
a) Morte dos micro-organismos que vivem no solo.
te explicada pela concentração de matéria orgânica e pelo tempo de
b) Aumento da poluição atmosférica.
formação.
c) Diminuição dos nutrientes do solo.
As afirmações corretas são: d) Aumento dos riscos de erosão.
a) somente I e III. e) Redução do aquecimento global.
b) somente II e III.
c) somente I, II e III. 15. (UNESP) Os animais da Amazônia estão sofrendo com
d) somente II, III e IV. o desmatamento e com as queimadas, provocados pela ação
e) somente I, II e IV humana. A derrubada das árvores pode fazer com que a fina
camada de matéria orgânica em decomposição (húmus) seja
10. Muitas espécies de plantas lenhosas são encontradas no cer- lavada pelas águas das constantes chuvas que caem na região.
rado brasileiro. Para a sobrevivência nas condições de longos perío- (J. Laurence, Biologia.)
dos de seca e queimadas periódicas, próprias desse ecossistema, es-
sas plantas desenvolveram estruturas muito peculiares. As estruturas O contido no texto justifica-se, uma vez que:
adaptativas mais apropriadas para a sobrevivência desse grupo de a) a reciclagem da matéria orgânica no solo amazônico é
plantas nas condições ambientais do referido ecossistema são: muito lenta e necessita do sombreamento da floresta para ocor-
a) Cascas finas e sem sulco ou fendas. rer.
b) Caules estreitos e retilíneos. b) o solo da Amazônia é pobre, sendo que a maior parte dos
c) Folhas estreitas e membranosas. nutrientes que sustenta a floresta é trazida pela água da chuva.
d) Gemas apicais com densa pilosidade. c) as queimadas, além de destruírem os animais e as plan-
e) Raízes superficiais, em geral, aéreas. tas, destroem, também, a fertilidade do solo amazônico, origi-
nalmente rico em nutrientes e minerais.
11. O Brasil enfrenta diversos problemas ambientais que preju- d) mesmo com a elevada fertilidade do solo amazônico, pró-
dicam as diferentes espécies que aqui vivem. De acordo com o IBGE, prio para a prática agrícola, as queimadas destroem a maior ri-
três problemas ambientais são os mais relatados no Brasil. Marque a queza da Amazônia, sua biodiversidade.
alternativa que indica esses problemas: e) o que torna o solo da Amazônia fértil é a decomposição
a) Poluição do solo, poluição atmosférica e contaminação por me- da matéria orgânica proveniente da própria floresta, feita por
tais pesados. muitos decompositores existentes no solo.
b) Contaminação por metais pesados, desmatamento e caça.
c) Poluição atmosférica, queimadas e caça. 16. “O conceito de transição demográfica foi introduzido por
d) Assoreamento, desmatamento e queimadas. Frank Notestein, em 1929, e é a contestação factual da lógica
e) Queimadas, poluição do solo e contaminação por metais pe- malthusiana. Foi elaborada a partir da interpretação das trans-
sados. formações demográficas sofridas pelos países que participaram

50
GEOGRAFIA DO BRASIL
da Revolução Industrial nos séculos 18 e 19, até os dias atuais. A c) A intensa mecanização leva à redução do trabalho humano e
partir da análise destas mudanças demográficas foi estabelecido à mudança nas relações de trabalho, com a especialização de fun-
um padrão que, segundo alguns demógrafos, pode ser aplicado ções e o aumento do trabalho assalariado e de diaristas.
aos demais países do mundo, embora em momentos históricos e d) As modificações na estrutura fundiária provocam desempre-
contextos econômicos diferentes.” go no campo, intenso êxodo rural, além de aumentar o contingente
(Cláudio Mendonça. Demografia: transição demográfica e cres- de trabalhadores sem direito à terra e sua exclusão social.
cimento populacional. UOL Educação. 2005. Disponível em: http://
educacao.uol.com.br/disciplinas/geografia/demografia‐transicao‐ 21. (IFB/2017 – IFB) Nas últimas décadas, as questões am-
demografica‐e‐crescimento‐populacional.htm. Acesso em: março bientais vêm ganhando peso nas preocupações mundiais. As re-
de 2014.) lações entre o modelo de desenvolvimento econômico e o meio
Sobre a dinâmica de crescimento vegetativo da população ambiente vêm sendo profundamente questionadas. Julgue abaixo
brasileira com base no conceito de transição demográfica, deve‐se os questionamentos a este respeito, assinalando (V) para os VER-
considerar os seguintes conceitos, EXCETO: DADEIROS e (F) para os FALSOS.
a) Crescimento vegetativo: crescimento populacional menos o ( ) As ideias associadas ao modelo de desenvolvimento econô-
número de óbitos.    mico hegemônico são a da modernização e progresso, que creem e
b) Taxa de mortalidade: expressa a proporção entre o número professam um caminho evolutivo a seguir, tendo como referencial
de óbitos e a população absoluta de um lugar, em um determinado de sociedade “desenvolvida” aquela que está no centro do sistema
intervalo de tempo. capitalista.
c) Crescimento populacional: função entre duas variáveis: o sal- ( ) Os diferentes espaços urbano e rural direcionam-se para a
do entre o número de imigrantes e o número de emigrantes; e, o formação das sociedades modernas, mercadologizadas tanto em
saldo entre o número de nascimentos e o número de mortos. escala regional, quanto em escalas nacional e global, impulsionados
d) Taxa de fecundidade: número médio de filhos por mulher por um modelo desenvolvimentista, com características inerentes
em uma determinada população. Para obter essa taxa, divide‐se o de preservação ambiental.
total dos nascimentos pelo número de mulheres em idade reprodu- ( ) O modelo de desenvolvimento econômico hegemônico pri-
tiva da população considerada.    ma pelos interesses privados (econômicos) frente aos bens coleti-
vos (meio ambiente).
17. Sobre o território brasileiro, assinale a alternativa INCOR- ( ) A ideia de desenvolvimento econômico hegemônico con-
RETA: substancia-se em uma visão antropocêntrica de mundo, gerador de
a) o Brasil é um país com dimensões continentais. fortes impactos socioambientais.
b) a extensão do território brasileiro denuncia a grande distân- ( ) A crítica mais comum à sociedade de consumo, representan-
cia de seus pontos extremos. te e representada pelo modelo de desenvolvimento hegemônico,
c) a localização do Brasil indica-se por longitudes negativas, no é que essa sociedade está imersa em um processo de massificação
hemisfério ocidental. cultural.
d) a grande variação de latitudes explica a homogeneidade cli-
mática do país. A sequência dos questionamentos é:
a) F, F, V, V, F
18. As fronteiras brasileiras, todas elas posicionadas na Amé- b) V, F, F, V, F
rica do Sul, totalizam 23.102 quilômetros de extensão. Desse total, c) V, V, F, F, V
mais de 15 mil quilômetros encontram-se em terras emersas, fa- d) V, F, V, V, V
zendo fronteira com todos os países sul-americanos, exceto: e) F, V, F, V, V
a) Venezuela e Colômbia
b) Chile e Equador 22. (CESPE/2015 – MPOG) A respeito de tempo e clima, julgue
c) Uruguai e Guiana Francesa os itens a seguir.A afirmação “o aquecimento global deverá elevar
d) Panamá e Peru a temperatura média da superfície da Terra em até cinco graus Cel-
sius nos próximos anos” está relacionada ao conceito de clima.
19. No Brasil, a agropecuária é um dos principais setores da ( ) Certo
economia, sendo uma das mais importantes atividades a impul- ( ) Errado
sionar o crescimento do PIB nacional. Nesse contexto, o tipo de
prática predominante é: 23. (FUNDEP/2014 – IS/SP) Considerando-se os estudos popu-
a) a agricultura familiar, com elevado emprego de tecnologias. lacionais, demográficos e econômicos elaborados sob enfoque do
b) o agronegócio, com predomínio de latifúndios. planejamento, é INCORRETO afirmar que
c) a agricultura sustentável, com práticas extrativistas. a) a geografia da população é tão importante quanto é o estu-
d) a agricultura itinerante, com técnicas avançadas de cultivo. do da demografia naqueles trabalhos voltados para o planejamento
estratégico, uma vez que a primeira investiga e explica as leis de
20. O processo de concentração fundiária caminha junto à in- crescimento e mudança na estrutura da população; ao passo que a
dustrialização da agropecuária com predomínio de capitais. Sobre segunda investiga e explica os fatores das suas diferentes formas de
esse tema, assinale o que for incorreto: distribuição espacial.
a) O discurso de modernidade das elites tem contribuído para b) as diferentes sociedades contemporâneas passaram a se
que a terra esteja concentrada nas mãos da grande maioria dos preocupar com o conhecimento sistemático do seu efetivo popu-
agricultores brasileiros. lacional (estoque populacional disponível), tanto em nível quantita-
b) Os pequenos agricultores não conseguem competir e são tivo como qualitativo, notadamente entre os países desenvolvidos,
forçados a abandonar suas lavouras de subsistência e vender suas em razão da prática do planejamento como instrumento para o de-
terras. senvolvimento.

51
GEOGRAFIA DO BRASIL
c) o conhecimento da taxa de crescimento demográfico e da GABARITO
distribuição da população em suas diferentes faixas de idade é con-
dição necessária para qualquer política de empregos e de educa- 1 D
ção, assim como para os programas habitacionais e de saneamen-
tos básicos. 2 C
d) os estudos econômicos que se seguiram a Malthus incor- 3 B
poraram as pesquisas demográficas como segmento importante de
4 D
seu campo científico, apesar da teoria dos rendimentos decrescen-
tes por ele proposta não ter previsto o desenvolvimento das técni- 5 B
cas de produção que surgiram a partir do século seguinte à publica- 6 B
ção de sua obra.
7 C
24. (CESPE/2013 – MPU) Desde o período colonial, o espaço 8 E
geográfico brasileiro foi transformado e produzido prioritariamente 9 A
segundo as necessidades do mercado externo em detrimento da
formação econômica interna. Foi por meio dessa perspectiva colo- 10 D
nizadora que, a partir de 1530, as propriedades rurais se organiza- 11 D
ram no Brasil.
12 C
Com relação às questões agrária e agrícola no Brasil, julgue o
item. 13 E
A partir dos anos 50 do século passado, os países capitalistas 14 E
desenvolvidos intensificaram o processo de industrialização da agri-
cultura no mundo subdesenvolvido como parte da estratégia de 15 E
revigoramento do capitalismo em âmbito mundial. Esse fato ficou 16 A
conhecido como Revolução Verde. 17 D
( ) Certo
( ) Errado 18 B
19 B
25. (CESPE/2013 – SEE/AL) No que se refere à globalização,
20 A
julgue o item subsecutivo.
O mundo globalizado definiu uma nova ordem mundial, mas 21 D
não uma nova geografia do comércio internacional. 22 CERTO
( ) Certo
( ) Errado 23 A
24 ERRADO
26. (CONSULPLAN/2014 – MAPA) “O conceito de transição de- 25 ERRADO
mográfica foi introduzido por Frank Notestein, em 1929, e é a con-
testação factual da lógica malthusiana. Foi elaborada a partir da in- 26 A
terpretação das transformações demográficas sofridas pelos países
que participaram da Revolução Industrial nos séculos 18 e 19, até
os dias atuais. A partir da análise destas mudanças demográficas
foi estabelecido um padrão que, segundo alguns demógrafos, pode
ser aplicado aos demais países do mundo, embora em momentos
históricos e contextos econômicos diferentes.”
(Cláudio Mendonça. Demografia: transição demográfica e
crescimento populacional. UOL Educação. 2005. Disponível em:
http://educacao.uol.com.br/disciplinas/geografia/demografia‐
transicao‐demografica‐e‐crescimento‐populacional.htm. Acesso
em: março de 2014.)
Sobre a dinâmica de crescimento vegetativo da população
brasileira com base no conceito de transição demográfica, deve‐se
considerar os seguintes conceitos, EXCETO:
a) Crescimento vegetativo: crescimento populacional menos o
número de óbitos.   
b) Taxa de mortalidade: expressa a proporção entre o número
de óbitos e a população absoluta de um lugar, em um determinado
intervalo de tempo.
c) Crescimento populacional: função entre duas variáveis: o sal-
do entre o número de imigrantes e o número de emigrantes; e, o
saldo entre o número de nascimentos e o número de mortos.
d) Taxa de fecundidade: número médio de filhos por mulher
em uma determinada população. Para obter essa taxa, divide‐se o
total dos nascimentos pelo número de mulheres em idade reprodu-
tiva da população considerada.   

52
HISTÓRIA DO BRASIL
1. Brasil Colônia: administração, economia, cultura e sociedade a. As Capitanias Hereditárias e Governos Gerais. b. As atividades econô-
micas e a expansão colonial: agricultura, pecuária, comércio e mineração. c. Os povos indígenas; escravidão, aldeamentos; ação jesuítica.
d. Os povos africanos escravizados no Brasil. e. A conquista dos sertões; entradas e bandeiras. f. O exclusivo comercial português. g. Os
conflitos coloniais e os movimentos rebeldes de livres e de escravos do final do século XVIII e início do século XIX. h. A transferência da
Corte portuguesa para o Brasil e seus efeitos; o período joanino no Brasil. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 01
2. O Brasil Monárquico a. A independência do Brasil e o Primeiro Reinado. b. A Constituição de1824. c. Militares: a Guarda Nacional e o
Exército. d. A fase regencial (1831-1840). e. O Ato Adicional de 1834. f. As revoltas políticas e sociais das primeiras décadas do Império.
g. A consolidação da ordem interna: o fim das rebeliões, os partidos, o fortalecimento do Estado, a economia cafeeira. h. Modernização:
economia e cultura na sociedade imperial. i. A escravidão, as lutas escravas pela liberdade, j. O movimento abolicionista e a abolição da
escravatura. k. A introdução do trabalho livre e a imigração. l. Política externa: as questões platinas, a Guerra do Paraguai e o Exército. m.
O movimento republicano e o advento da República. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 10
3. A República brasileira a. A Constituição de 1891, os militares e a consolidação da República. b. A “Política dos governadores”. c. O corone-
lismo e o sistema eleitoral. d. O movimento operário. e. O tenentismo. f. A Revolução de1930. g. O período Vargas (1930-1945): economia,
sociedade, política e cultura. h. O Estado Novo. i. O Brasil na II Guerra Mundial; a FEB. j. O período democrático (1945-1964): economia, so-
ciedade, política e cultura. k. A intervenção militar, sua natureza e transformações entre 1964 e 1985. As mudanças institucionais durante o
período. l. O “milagre econômico”. m. A redemocratização. n. Os movimentos sociais nas décadas de 1970 e 1980: estudantes, operários e
demais setores da sociedade. o. A campanha pelas eleições diretas. p. A Constituição de 1988. q. O Brasil pós-1985: economia, sociedade,
política e cultura. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 18
HISTÓRIA DO BRASIL
O Brasil foi dividido em 14 capitanias que foram entregues as
1. BRASIL COLÔNIA: ADMINISTRAÇÃO, ECONOMIA, 12 donatários. O sistema de donatárias possuia sua base jurídica em
CULTURA E SOCIEDADE dois documentos:
A. AS CAPITANIAS HEREDITÁRIAS E GOVERNOS GE- -Carta de Doação: documento que estabelecia os direitos e de-
RAIS. veres do donatário e outorgava a posse das terras ao capitão dona-
B. AS ATIVIDADES ECONÔMICAS E A EXPANSÃO COLO- tário. É importante notar que o donatário não possuia a proprieda-
NIAL: AGRICULTURA, PECUÁRIA, COMÉRCIO E MINE- de da terra, mas sim a posse, o usufruto; cabendo ao rei o poder ou
RAÇÃO. não de tomar a capitania de volta.
C. OS POVOS INDÍGENAS; ESCRAVIDÃO, ALDEAMEN- -Foral: documento que estabelecia os direitos e obrigações dos
TOS; AÇÃO JESUÍTICA. colonos. Pelo regime das donatárias, os capitães donatários pos-
D. OS POVOS AFRICANOS ESCRAVIZADOS NO BRASIL. suíam amplos poderes administrativos, jurídicos e militares, sendo
E. A CONQUISTA DOS SERTÕES; ENTRADAS E BANDEI- por isto caracterizado como um sistema de administração descen-
RAS. tralizado.
F. O EXCLUSIVO COMERCIAL PORTUGUÊS.
G. OS CONFLITOS COLONIAIS E OS MOVIMENTOS RE- Fracasso Do Sistema
BELDES DE LIVRES E DE ESCRAVOS DO FINAL DO SÉCU- O sistema de capitanias hereditárias, de um modo geral, fra-
LO XVIII E INÍCIO DO SÉCULO XIX. cassou. Na maioria dos casos, a falta de recursos financeiros para a
H. A TRANSFERÊNCIA DA CORTE PORTUGUESA PARA exploração lucrativa justifica o insucesso.
O BRASIL E SEUS EFEITOS; O PERÍODO JOANINO NO Duas capitanias prosperaram: São Vicente e Pernambuco, am-
BRASIL. bas graças ao sucesso da agricultura canavieira.
Além do cultivo da cana, a capitania de São Vicente mantinha
A seção de Brasil Colônia comporta textos referentes aos con- contatos com a região do Prata e iniciaram uma nova atividade co-
teúdos do período da história do Brasil que se estendeu desde o mercial: a escravidão do índio.
descobrimento, em 1500, até a vinda da família real portuguesa em Um outro fator para justificar o fracasso do sistema era a au-
1808. Apesar da montagem do sistema colonial no Brasil começar sência de um órgão político metropolitano para um maior controle
efetivamente em 1530, nesta seção (em razão de uma opção didá- sobre os donatários. Este órgão será o Governo-Geral, criado com o
tica) estão inclusos textos referentes aos trinta anos anteriores, já intuito de coordenar a exploração econômica da colônia.
que é impossível compreender a necessidade da colonização efeti-
va sem entender os seus antecedentes. O Governo-Geral
De 1500 a 1530, os temas mais importantes são: o contato com Com a criação do Governo-Geral em 1548, pelo chamado Re-
o meio ambiente e os diferentes povos nativos, ou indígenas – fato gimento -documento que reafirmava a autoridade e soberania da
que causou grande impacto na mentalidade europeia da época, ge- Coroa sobre a colônia, e definia os encargos e direitos dos governa-
rando um imaginário que ia da demonização a imagens paradisíacas dores-gerais -o Estado português assumia a tarefa de colonização,
–; as tentativas iniciais de exploração de matérias-primas, com des- sem extinguir o sistema de capitanias hereditárias.
taque para o pau-brasil, largamente monopolizado por comercian- O Governador-Geral era nomeado pelo rei por um período de
tes portugueses como Fernando de Noronha. quatro anos e contava com três auxiliares: o provedor-mor, encar-
O início da colonização brasileira é marcada pela expedição de regado das finanças e responsável pela arrecadação de tributos; o
Martim Afonso de Souza, que possuía três finalidades: iniciar o po- capitão-mor, responsável pela defesa e vigilância do litoral e o ouvi-
voamento da área colonial, realizar a exploração econômica e pro- dor-mor, encarregado de aplicar a justiça.
A seguir, os governadores-gerais e suas principais realizações:
teger o litoral contra a presença de estrangeiros.
Para efetivar o povoamento, Martim Afonso de Souza fundou a
Tomé de Souza (1549/1553)
vila de São Vicente, em 1532 e o primeiro engenho: Engenho do Go-
-fundação de Salvador, em 1549, primeira cidade e capital do
vernador. Também iniciou a distribuição de sesmarias, isto é, gran-
Brasil;
des lotes de terra para pessoas que se dispusessem a explorá-los.
-criação do primeiro bispado do Brasil (1551);
Com este expedição, o sistema de capitanias hereditárias começou
-vinda dos primeiros jesuítas, chefiados por Manuel da Nóbre-
a ser adotado, iniciando efetivamente o processo de colonização
ga, e início da catequese dos índios; -ampliação da distribuição de
do Brasil.
sesmarias;
-política de incentivos aos engenhos de açúcar;
Administração Colonial -introdução das primeiras cabeças de gado;
A administração colonial portuguesa no Brasil girou entre dois -proibição da escravidão indígena e início da adoção da mão-
eixos: o centralismo político - caracterizado por uma grande inter- -de-obra escrava africana.
venção da Metrópole, para um melhor controle da área colonial; e
o localismo político -marcado pela descentralização e atendia os in- Duarte da Costa (1553/1558)
teresses dos colonos, em virtude da autonomia dos poderes locais -conflitos entre colonos e jesuítas envolvendo a escravidão in-
para com a Metrópole. dígena;
-invasão francesa no Rio de Janeiro, em 1555 pelo huguenotes
As Capitanias Hereditárias (protestantes), e fundação da França Antártica;
Implantadas em 1534, por D. João III, objetivavam garantir a -fundação do Colégio de São Paulo, no planalto de Piratininga
posse colonial e compensar as sucessivas perdas mercantis do co- pelos jesuítas José de Anchieta e Manuel de Paiva;
mércio com as Índias. Pelo sistema, o ônus da ocupação, exploração -conflito do governador com o bispo Pero Fernandes Sardinha,
e proteção da colônia era transferido para a iniciativa privada. Se- em virtude da vida desregrada de D. Álvaro da Costa, filho do go-
melhante processo de colonização já fora adotado pelos lusitanos vernador;
nas ilhas do Atlântico.

1
HISTÓRIA DO BRASIL
Mem de Sá (1558/1572) Várias ordens religiosas atuaram no Brasil -carmelitas, dominica-
-aceleração da política de catequese, como forma de efetivar o nos, beneditinos entre outras -com destaque para a Companhia de
domínio sobre os indígenas; Jesus, os jesuítas.
-início dos aldeamentos indígenas de jesuítas, as chamadas A Companhia de Jesus, criada em 1534, por Inácio de Loyola, sur-
missões; giu no contexto da Contra-Reforma e com o objetivo de consolidar e
-restabelecimento das boas relações com o bispado; ampliar a fé católica pela catequese e pela educação.
-expulsão dos franceses e fundação da Segunda cidade do Bra- A ação catequista dos jesuítas na colônia gerou um intenso con-
sil, São Sebastião do Rio de Janeiro, em 1565. flito com os colonos, que queriam escravizar os índios. A existência de
Com a morte de Mem de Sá, a Metrópole dividiu a administra- um grande número de índios nos aldeamentos de índios - as Missões,
ção da colônia entre dois governos: D. Luís de Brito, que se instalou atraía a cobiça dos colonos, que destruíam as Missões e vendiam os
em Salvador, a capital do Norte,e; ao sul, D. Antônio Salema, insta- índios como escravos.
lado no Rio de Janeiro. A Companhia de Jesus, pela catequese, não tinha exatamente
intensões humanitárias, pois dominavam culturalmente os índios,
União Ibérica (1580/1640) facilitando sua submissão à colonização e impondo um novo modo
D. Sebastião, rei de Portugal, morreu em 1578 durante a ba- de vida. O excedente de produção - realizado pelo trabalho indígena -
talha de Alcácer-Quibir contra os mouros sem deixar herdeiros di- era comercializado pelos jesuítas. A catequização do índio fortaleceu
retos. Entre 1578 e 1580 o reino de Portugal foi governado por D. e incentivou a escravidão negra, pelo tráfico negreiro.
Henrique, tio-avó de D. Sebastião - que também morreu sem deixar
herdeiros. Economia Colonial
Foi neste contexto que o rei da Espanha, Filipe II, neto de D. A primeira atividade econômica na colônia foi a extração do pau-
Manuel invadiu Portugal com suas tropas e assumiu o trono, ini- -brasil ( período pré-colonial ). A extração era efetuada pelos indíge-
ciando o período da União Ibérica, onde Portugal ficou sob domínio nas e em troca do trabalho, os europeus davam produtos manufa-
da Espanha até 1640. turados de baixa qualidade. Esse comércio é chamado de escambo.
Com o domínio espanhol sob Portugal, as colônias portuguesas A atividade econômica que efetivou a colonização brasileira foi o
cultivo da cana-de-açúcar.
ficaram sob a autoridade da Espanha. Este domínio implicou mu-
danças na administração colonial: houve um aumento da autorida-
Empresa Agrícola Comercial - A Cana-de-Açúcar
de do provedor-mor para reprimir as corrupções administrativas;
No contexto do antigo Sistema Colonial, o Brasil foi uma colônia
houve uma divisão da colônia em dois Estados: o Estado do Mara-
de exploração. Sendo assim, a economia colonial brasileira será de
nhão ( norte ) e o Estado do Brasil ( sul ), com o objetivo de exercer
caráter complementar e especializada, visando atender às necessida-
um maior controle sobre a região.
des mercantilistas. A exploração colonial será uma importante fonte
Outras conseqüências da União Ibérica: suspensão temporária
de riquezas para os Estados Nacionais da Europa.
dos limites impostos pelo Tratado de Tordesilhas, contribuindo para Portugal não encontrou, imediatamente, os metais preciosos na
a chamada expansão territorial; invasão holandesa no Brasil. área colonial. Para efetivar a posse colonial e exploração da área, a
Metrópole instala no Brasil a colonização baseada na lavoura da ca-
Restauração ( 1640) na-de-açúcar com trabalho escravo.
Movimento lusitano pela restauração da autonomia do reino Por que açúcar?
de Portugal, liderado pelo duque de Bragança. Após a luta contra O açúcar era um produto muito procurado na Europa e, além dis-
o domínio espanhol, inicia-se uma nova dinastia em Portugal -a di- to, Portugal já tinha uma experiência anterior nas ilhas do Atlântico.
nastia de Bragança. Contribuiu também o clima e solo favoráveis na colônia.
O domínio espanhol arruinou os cofres portugueses e levou Estrutura de produção
Portugal a perder importantes áreas coloniais, colocando Portugal Para atender as necessidades do mercado consumidor europeu
em séria crise econômico-financeira. D. João IV intensifica a explo- a produção teria de ser em larga escala, daí a existência do latifúndio
ração colonial criando um órgão chamado Conselho Ultramarino. (grande propriedade) e do trabalho escravo.
Através do Conselho Ultramarino, o controle sobre a colônia Latifúndio monocultor, escravista e exportador formam a base
não era apenas econômico, mas também político: as Câmaras Mu- da economia colonial, também denominado PLANTATION.
nicipais tiveram seus poderes diminuídos e passaram a obedecer As unidades açucareiras agro-exportadoras eram conhecidas por
ordens do rei e dos governadores. engenhos e estavam assim constituídas:
D. João IV também oficializou a formação da Companhia Geral -terras para o plantio da cana;
do Brasil, que teria o monopólio de todo o comércio do litoral bra- -a casa-grande, que era a moradia do proprietário;
sileiro e o direito de cobrar impostos de todas as transações comer- -a senzala, que abrigava os escravos;
ciais. Após pressões coloniais, a Companhia foi extinta em 1720. -uma capela;
-a casa de engenho, onde se concentrava a principal tarefa pro-
As Câmaras Municipais dutiva de transformação da cana-de-açúcar.
Os administradores das vilas, povoados e cidades reuniam-se A casa de engenho, por sua vez, era formada pela moenda, onde
na Câmaras Municipais, que garantiam a participação política dos a cana era esmagada, extraindo-se o caldo; a casa das caldeiras, onde
senhores de terra. As Câmaras Municipais eram compostas por ve- o caldo era engrossado ao fogo e, finalmente, a casa de purgar em
readores, chamados “homens bons” ( grandes proprietários de ter- que o melaço era colado em formas para secar. O açúcar, em forma
ra e de escravos). A presidência da Câmara ficava a cargo de um juíz. de “pães de açúcar” era colocado em caixas de até 750 Kg e enviado
As Câmaras Municipais representavam o localismo político na para Portugal.
luta contra o centralismo administrativo português. Havia dois tipos de engenhos. Engenhos reais eram aqueles mo-
vimentados por força hidráullica; e Engenhos Trapiches -mais comuns
A Igreja e a Colonização -movidos por tração animal. A produção de aguardente, utilizada no
A igreja Católica teve um papel de destaque na colonização escambo de escravos, era realizada pelos “molinetes” ou “engenho-
americana. cas”.

2
HISTÓRIA DO BRASIL
Muitos fazendeiros não possuíam engenhos, sendo obrigados a Formas De Exploração Das Minas.
moer a cana em outro engenho e pagando por isto, eram os chamados Havia dois tipos de exploração do ouro:
senhores obrigados. -as lavras: a grande empresa mineradora, com utilização de tra-
Deve-se destacar a intensa participação dos holandeses na ativi- balho escravo, ferramentas e aparelhos;
dade açucareira no Brasil. Eram os responsáveis pelo financiamento na -a faiscação: a pequena empresa, que explorava o trabalho livre
montagem do engenho do açúcar, transporte do açúcar para a Europa, ou escravos alforriados
refino e sua distribuição.
Os Diamantes
Tráfico Negreiro
As primeiras descobertas de diamantes no Brasil ocorreram em
A implantação da escravidão na área colonial serviu de elemento
1729, no Arraial do Tijuco, atual Diamantina. A dificuldade em se
essencial no processo de acumulação de capitais.
Os negros eram capturados na África e conduzidos para o Brasil quintar o diamante levou a Metrópole a criar o Distrito Diamantino
em navios (navios negreiros ), chamados de tumbeiros. Quando che- expulsão dos mineiros da região e a exploração passou a ser privi-
gavam ao Brasil era exibidos como mercadorias nos principais portos. légio de algumas pessoas - os contratadores - que pagavam uma
A mão-de-obra africana contribui para a acumulação de capitais quantia fixa para extrair o diamante. Em 1771, o próprio governo
no tráfico -como mercadoria; em seguida, como força de trabalho na português assumiu a exploração do diamante, estabelecendo a real
produção do açúcar. extração.

Atividades Subsidiárias Consequências Da Mineração


O mundo do açúcar será possível graças a existência de outras ati- A atividade mineradora no Brasil, como já dissemos, provocou
vidades econômicas que contribuem para a viabilidade da produção uma alteração na estrutura colonial, ou seja, provocou mudanças
açucareira: a pecuária, o tabaco e a agricultura de subsistência. econômicas, sociais, políticas e culturais.
Pecuária-atividade econômica essencial para a vida colonial. O
gado era utilizado como força motriz, transporte e alimentação. As mudanças econômicas
Atividade econômica voltada para atender as necessidades do Para começar, a mineração mudou o eixo econômico da vida
mercado interno, a pecuária contribuiu para a interiorização colonial e colonial -do litoral nordestino para a região Centro-Sul; incentivou
usava o trabalho livre ( o boiadeiro ). a intensificação do comércio interno, uma vez que fazia-se neces-
Tabaco-atividade econômica destinada ao escambo com as re-
sário o abastecimento da região das minas - aumento da produção
giões africanas, onde era trocado por escravos. A principal área de cul-
de alimentos e da criação de gado; surgimento de rotas coloniais
tivo era a Bahia. A produção do tabaco era realizada com mão-de-obra
escrava. garantindo a interligação da região das minas com outras regiões
Lavoura de subsistência-responsável pela produção da alimen- do Brasil.
tação colonial: mandioca e hortaliças. A força de trabalho era livre ( Por estas rotas, as chamadas tropas de mulas, levavam e tra-
mestiços ). ziam mercadorias. Entre estas mercadorias, destaque para o negro
A economia açucareira entra em crise a partir do século XVIII, dada africano, transportado da decadente lavoura açucareira para a re-
a concorrência das Antilhas e da produção de açúcar na Europa, a par- gião das minas.
tir da beterraba. No entanto, o açúcar sempre foi importante para a Houve também um enorme estímulo a importação de artigos
economia portuguesa, obedecendo ciclos de alta e baixa procura no manufaturados, em decorrência do aumento populacional e da
mercado consumidor. concentração de riquezas.

A Economia Mineradora As mudanças sociais


A descoberta de ouro vai provocar uma profunda mudança na es- Como dito acima, houve um enorme aumento populacional
trutura do Brasil colonial e auxilia Portugal a solucionar alguns de seus nas regiões das minas. Tal crescimento demográfico altera a compo-
problemas financeiros. sição e estrutura da sociedade. A sociedade passa a ter um caráter
A descoberta dos metais preciosos está relacionada com a expan- urbano e multiplica-se o número de comerciantes, intelectuais, pe-
são bandeirante entre os séculos XVII e XVIII. As primeiras descobertas quenos proprietários, funcionários públicos, artesãos. A sociedade
datam do final do século XVII na região de Minas Gerais.
mineradora passa a apresentar uma certa flexibilidade e mobilida-
de - algo que não existia na sociedade açucareira. Inicia-se o proces-
Administração Das Minas
Para administrar a região mineradora foi criada, em 1702, a Inten- so de uma relativa distribuição de riquezas.
dência das Minas, diretamente subordinada a Lisboa. Era responsável A sociedade torna-se mais politizada, graças a vinda de imi-
pela fiscalização e exploração das minas. Realizava a distribuição de grantes e, com eles, a entrada das idéias iluministas- liberdade,
datas -lotes a serem explorados, e pela cobrança do quinto ( 20% do igualdade e fraternidade.
ouro encontrado).
Apesar do controle metropolitano, a prática do contrabando era As mudanças políticas
muito comum e, para coibi-lá, a Coroa criou no ano de 1720, as Casas A Europa do século XVIII foi marcada pelo movimento filosófico
de Fundição- transformavam o ouro bruto ( pó ou pepita ) em barras já denominado Iluminismo. As idéias iluministas chegavam ao Brasil
quintadas, ou seja, extraído o quinto pertencente à Coroa. pelos imigrantes sedentos pelo ouro ou trazidas pelos filhos dos
A criação das Casas de Fundição gerou violentos protestos, culmi- grandes proprietários que foram estudar na Europa.
nando com a Revolta de Filipe dos Santos.
Quando ocorre o esgotamento da exploração aurífera, o governo Alguns nomes merecem destaque, como Tomás Antônio Gon-
português fixa uma nova forma de arrecadar o quinto: 100 arrobas zaga, Cláudio Manuel da Costa, Inácio Alvarenga Peixoto, entre
anuais de ouro por município. Para garantir a arrecadação é instituí- outros. Estes nomes estão relacionados ao primeiro movimento
da a derrama -a população completaria as 100 arrobas com seus bens de caráter emancipacionista da história do Brasil: a Inconfidência
pessoais. Este imposto trará um profundo sentimento de insatisfação
Mineira.
para com a Metrópole.

3
HISTÓRIA DO BRASIL
As mudanças culturais Principais Características
Toda esta dinâmica econômica, política e social favoreceu uma Estas expedições compartilhavam muitas características, mas
intensa atividade intelectual na região das minas. A intensa rique- em especial podemos citar privações como a alimentação precária,
za extraída das minas também incentiva a produção cultural, tais baseada na caça, pesca, mandiocas e algumas frutas, bem como a
como a música (Joaquim Emérico Lobo de Mesquita, padre José longa duração das viagens, as quais podiam se estender por anos.
Maurício Nunes Garcia); a literatura (o Arcadismo); a arquitetura e Por sua vez, as principais armas dos expedicionários eram o
a escultura. Nesta área destaque para Antônio Francisco Lisboa, o arco e algumas armas de fogo, como o mosquete. Vale lembrar que
Aleijadinho e para mestre Valentim. as viagens eram extremamente penosas e resultavam na morte de
vários integrantes do grupo por conta da falta de higiene, doenças,
As Contradições da Economia Mineradora ataques de animais e índios, etc.
A descoberta do ouro, como dissemos, auxilia Portugal a so- Por fim, vale ressaltar que as expedições que seguiam pelas
lucionar alguns de seus problemas financeiros, principalmente seu vias fluviais eram denominadas “monções”, caracterizadas por se-
saldo devedor para com a Inglaterra. rem mais bem estruturadas que as expedições terrestres.
Em 1703 Portugal assinou com a Inglaterra um acordo denomi-
nado Tratado de Methuen. Através dele, Portugal conseguia bene- Principais Características das Entradas
fícios alfandegários para a venda de vinhos na Inglaterra e ficavam As “Entradas” foram às expedições oficiais organizadas e finan-
obrigados a comprar manufaturados ingleses sem qualquer taxa ciadas pela Coroa portuguesa que, via de regra, respeitava os limi-
aduaneira. Assim, o Tratado de Methuen vai inibir o desenvolvimen- tes do Tratado de Tordesilhas.
to da manufaturas em Portugal e torná-lo dependente da Inglaterra. Elas tinham como prioridade realizar o mapeamento do terri-
Sendo assim, para pagar os produtos manufaturados que vi- tório recém descoberto e viabilizar sua colonização além do litoral.
nham da Inglaterra, Portugal vai utilizar o ouro encontrado no Bra- Elas também deveriam descobrir a existência de ouro e pedras
sil. O afluxo de ouro brasileiro para a Inglaterra contribui para o preciosas, bem como atuar no combate aos povos indígenas que
processo da Revolução Industrial, daí o ditado de que “a mineração resistiam ao colonizador e aos invasores europeus, principalmente
serviu para fazer buracos no Brasil, construir igrejas em Portugal e os holandeses.
enriquecer a Inglaterra”. Com efeito, estas empreitadas saiam do litoral rumo ao oeste,
para o interior da colônia e seus integrantes, que podiam chegar a
O Renascimento Agrícola algumas centenas, eram majoritariamente soldados portugueses e
No final do século XVIII, o Brasil conhece um período denomi- brasileiros brancos.
nado Renascimento Agrícola, marcado pela decadência da atividade Por conseguinte, em 1548, Tomé de Sousa e nomeado primeiro
mineradora e pelo retorno das atividades agrícolas para o processo governador-geral, vem para o Brasil com a missão de descobrir mi-
de acumulação de capitais. A seguir os fatores deste renascimento nas de ouro e prata.
agrícola: Alguns anos depois (1550), o capitão Duarte de Lemos já escre-
-esgotamento da exploração aurífera e decadência da região via à Corte afirmando existir evidências de ouro na colônia.
da minas; Assim, no ano de 1554, os expedicionários, sob comando de
-processo de independência dos EUA ( 1776 ); Francisco Bruzo de Espinosa, partem da Bahia e viajam pelo rio Par-
-processo da Revolução Industrial na Inglaterra; do, o Jequitinhonha e o São Francisco, atravessando o sertão até o
-política de fomento agrícola patrocinada pelo marquês de atual estado de Minas Gerais.
Pombal. Vale citar que, a partir do século XVII em diante, a Coroa portu-
A partir da Revolução industrial, a Inglaterra aumenta suas ne- guesa irá dar prioridade a busca por ouro e pedras preciosas.
cessidades de algodão -matéria prima para a indústria têxtil; sua
principal área fornecedora declara independência ( as treze colô- Principais Características das Bandeiras
nias inglesas ), iniciando a guerra de independência. Foi neste con- De partida, podemos dizer que as expedições de “Bandeiras”
texto que o Brasil passou a produzir algodão para atender as neces- foram às responsáveis pela expansão do território brasileiro, uma
sidades inglesas. O cultivo do algodão será no Maranhão, utilizando vez que não respeitavam os limites impostos pelo Tratado de Torde-
a mão de obra escrava. silhas e invadiam o território espanhol.
Além do algodão, outros produtos merecem destaques neste Por esse motivo, elas não eram patrocinadas oficialmente pela
período: o açúcar, o cacau e o café. Coroa portuguesa e seus custos eram financiados por empreende-
Para encerrar, uma atividade econômica serviu para a ocupa- dores particulares.
ção do interior do Brasil- assim como a pecuária- trata-se da extra- Não obstante, esse tipo de expedição se tornou mais comum
ção das “drogas do sertão”, guaraná, aniz, pimenta. após o fim da União Ibérica (1640) e da expulsão dos holandeses
do Brasil (1654).
BANDEIRAS E ENTRADAS Geralmente, a composição das Bandeiras se dava por um grupo
Das Capitania de São Paulo saíram os empreendimentos co- minoritário de brancos (brasileiros em sua maioria) e um grande
nhecidos como bandeiras e entradas, que se caracterizaram pelo contingente de mestiços e indígenas.
desbravamento do interior do país, pelo apresamento de índios e Elas podiam ir desde um pequeno grupo de desbravadores, até
pela ampliação de territórios. A formação da sociedade colonial milhares de indivíduos, especialmente nativos, os quais eram res-
passou a articular-se a partir desses elementos: economia açucarei- ponsáveis pela agricultura de subsistência, além de combater, guiar
ra, sistema escravista e adentramento no interior do país. e vigiar.
As “Entradas e Bandeiras” foram expedições de desbravamen- Os bandeirantes também buscavam metais, pedras preciosas e
to com finalidades estratégicas e econômicas, realizadas pelo inte- drogas do sertão (bandeirantismo prospector), mas também se de-
rior do Brasil Colônia entre os séculos XVII e XVIII. Com efeito, estas dicavam com afinco ao apresamento de indígenas (bandeirismo de
incursões garantiram a expansão e conquista do território brasilei- preação), a captura de escravos africanos fugitivos, bem como no
ro. combate aos quilombolas e indígenas agressivos (bandeirantismo
de contrato).

4
HISTÓRIA DO BRASIL
Partindo de São Vicente e São Paulo, estas expedições cruza- Nesse ínterim, a Espanha teve grande sorte nos lucros enviados
vam a Serra do Mar e eram favorecidas pela navegação do rio Tietê para a Metrópole, na medida que nos territórios de conquista haviam
e de seus afluentes, em direção ao centro-oeste e sul do Brasil. muitos metais preciosos para exploração, essenciais para enriquecer
a metrópole. Por outro lado, Portugal não foi beneficiado tão pronta-
Pacto Colonial mente, já que o principal produto de exploração no período do Brasil
O “Pacto Colonial”, também chamado de “Exclusivo Comercial Colonial (1500-1530) foi o pau-brasil, madeira de coloração averme-
Metropolitano” ou “Exclusivo Colonial” corresponde a um acordo lhada utilizada para o tingimento de tecidos. Assim, ficou estabelecido
entre a colônia e a metrópole, que ocorreu no Brasil durante o pe- o monopólio de tal produto à metrópole que, sem a interferência do
ríodo colonial. mercado externo, controlava essa exploração através do pagamento
Essa relação de cunho comercial, que ocorrera em grande par- de tributos e impostos.
te da América durante a época das conquistas e das grandes nave- Assim foi o Pacto Colonial entre a Metrópole e a Colônia, que por
gações (século XVI e XVII), era travada em vias de oferecer melhores sua vez oferecia produtos não podendo, em hipótese alguma, concor-
lucros à metrópole, uma vez que a intenção maior era explorar os rer com ela. Essa relação comercial unilateral, uma vez que favorecia
recursos (madeira, metais preciosos, etc.) encontrados nas novas somente a metrópole, permaneceu até o início do século XIX, ou seja,
terras e utilizá-los como forma de riqueza. com a chegada da Família Real ao Brasil, em 1808, resultando na aber-
tura dos Portos, impulsionando assim a economia do país (geração de
mercado interno), além de ampliar o leque de possibilidades, o qual
Mercantilismo
poderia exportar produtos não somente à metrópole.
O sistema mercantilista representou um sistema de práticas
econômicas que foram basilares no desenvolvimento econômico
REBELIÕES E REVOLTAS
das metrópoles durante o período colonial. Assim, o mercantilismo
O ciclo econômico do ouro, no século XVIII, que se concentrou na
era um conjunto de práticas econômicas baseado na exclusividade região Sudeste, sobretudo em Minas Gerais, deu novos contrastes à
das atividades mercantis e manufatureiras da metrópole sobre a formação da sociedade brasileira e espaço para novas ideias políticas.
colônia. Essa formação social culminou também nas famosas Rebeliões Nativis-
Além do monopólio comercial, esse sistema privilegiava uma tas e Rebeliões Separatistas, das quais se destacaram, por exemplo, a
balança comercial favorável, donde o superávit era o principal obje- Revolta de Beckman e a Inconfidência Mineira.
tivo (exportar mais do que importar), junto ao ideal do metalismo
(conjunto de metais preciosos como medida de riqueza) e do pro- Rebeliões Nativistas
tecionismo (garantia de altas taxas alfandegárias para importação o
que realçava ainda mais a relação comercial somente entre a colô-
nia e a metrópole).
Diante disso, as colônias estavam encarregadas de fornecer as
matérias-primas para a necessárias para a metrópole, fator que im-
possibilitava o desenvolvimento de um mercado interno, posto que
tudo era controlado pela metrópole, o que dificultava a importação
ou exportação de outros países.
Por fim, a colônia estava proibida de produzir artigos que apre-
sentassem concorrência com os da metrópole, que por sua vez, ga-
rantiam seus lucros na compra de matérias-primas baratas as quais
vendiam a preços elevados.

Para concluir... Desde o século XV, Portugal e Espanha eram as


grandes potências ultramarinas, os quais foram precursoras na con-
quista das novas terras encontradas do outro lado do Oceano Atlân- Revolta de Filipe dos Santos: uma das revoltas nativistas
tico, cunhada de “Novo Mundo”. Assim, desde 1492, com a chegada
de Cristóvão Colombo a América, os territórios aqui encontrados Introdução (o que foram / contexto histórico)
foram alvo de muitas disputas e exploração. As revoltas nativistas foram aquelas que tiveram como causa prin-
Nesse sentido, importante destacar que tribos indígenas e ou- cipal o descontentamento dos colonos brasileiros com as medidas to-
tros povos viviam aqui e muitos deles (caso do Maias, Incas e Aste- madas pela coroa portuguesa. Ocorreram entre o final do século XVII e
cas) construíram imensas civilizações que, aos poucos, foram sendo início do XVIII. A maior parte destas revoltas foi reprimida com violên-
dizimadas diante da ânsia dos novos conquistadores em explorar e cia pela coroa portuguesa, como forma de controlar seu domínio sobre
povoar os territórios além-mar. a colônia brasileira.
Assim, os dois países ibéricos que primeiramente se lançaram
Principais causas:
ao mar desenvolveram algumas contendas, no entanto, para que
- Monopólio português do comércio de mercadorias.
essas relações pudessem ser mais amistosas e lucrativas para am-
- Preços elevados cobrados pelos produtos comercializados pelos
bos, ficou estabelecido, no Tratado de Tordesilhas, o limite que cada
portugueses.
um possuía. No entanto, o tratado ficou somente no papel, uma
- Medidas da metrópole que favoreciam os portugueses, principal-
vez que ambos, muitas vezes, não respeitaram os limites impostos. mente os comerciantes.
Para tanto, outros documentos tornaram-se essenciais para - Conflitos culturais, políticos e comerciais entre colonos e portu-
estabelecer tais limites, assim, a Espanha, explorava os territórios gueses.
encontrados primeiramente no Novo Mundo e Portugal continuaria - Altos impostos cobrados pela coroa portuguesa, principalmente
sua busca em terras que hoje pertencem ao Brasil. Dessa forma, sobre a extração de ouro realizada pelos colonos brasileiros.
após a exploração desenfreada do pau-brasil, houve o ciclo da cana - Exploração colonial praticada por Portugal.
de açúcar e o ciclo do ouro, ambas atividades econômicas que be- - Rígido controle, através de leis, imposto pela metrópole sobre o
neficiaram a metrópole até o fim do Pacto Colonial. Brasil.

5
HISTÓRIA DO BRASIL
Principais revoltas nativistas: Havia também o problema de falta de mão de obra escrava na
- Revolta de Beckman região. Os escravos fornecidos pela Companhia eram insuficientes para
Ocorreu no Maranhão em 1684. Liderada por Manuel Be- as necessidades dos proprietários rurais. Uma solução seria a escraviza-
ckman, teve como causa principal a falta de mão de obra escrava e o ção de indígenas, porém os jesuítas eram contrários.
desabastecimento e altos preços das mercadorias comercializadas
pela Companhia Geral de Comércio do Estado do Maranhão, criada Objetivo principal:
pela coroa portuguesa em 1682. Finalizar as atividades da Companhia de Comércio do Maranhão,
para acabar com o monopólio.
- Guerra dos Emboabas
Ocorreu em Minas Gerais entre os anos de 1708 e 1709. Os Como ocorreu
bandeirantes paulistas queriam exclusividade na exploração das mi- Na noite de 24 de fevereiro de 1684, os irmãos Manuel e Tomás
nas de ouro descobertas por eles. Porém, portugueses e colonos de Beckman, dois proprietários rurais da região, com o apoio de comer-
outros estados (chamados de emboabas pelos paulistas) também ciantes, invadiram e saquearam um depósito da Companhia de Co-
queriam o direito de exploração. O conflito ocorreu pela disputa de mércio do Maranhão. Os revoltosos também expulsaram os jesuítas da
exploração do ouro entre estes dois grupos. região e tiraram do poder o governador.

- Guerra dos Mascates Reação de Portugal


Ocorreu em Pernambuco entre 1710 e 1711. Teve como princi- A corte portuguesa enviou ao Maranhão um novo governador
pal causa a disputa política entre os senhores de engenho de Olinda para acabar com a revolta e colocar ordem na região.
e os mascates (comerciantes portugueses) pelo controle de Per- Os revoltosos foram presos e julgados. Os irmãos Beckman e Jorge
Sampaio foram condenados a forca.
nambuco.
Conclusão
- Revolta de Filipe dos Santos
A Revolta de Beckman foi mais um movimento nativista que mos-
Também conhecida como Revolta de Vila Rica, ocorreu em Vila
tra os conflitos de interesses entre os colonos e a metrópole. Foi uma
Rica (Minas Gerais), atual Ouro Preto, no ano de 1720. Liderada por
revolta que mostrou os problemas de mão de obra e abastecimento na
Filipe dos Santos, teve como causas:
região do Maranhão. As ações da coroa portuguesa, que claramente
- A cobrança de altos impostos e taxas pela coroa portuguesa favoreciam Portugal e prejudicava os interesses dos brasileiros, foram,
sobre a exploração de ouro no Brasil. muitas vezes, motivos de reações violentas dos colonos. Geralmente
- A criação das Casas de Fundição, criada para controlar e arre- eram reprimidas com violência, pois a coroa não abria mão da ordem e
cadar impostos sobre o ouro encontrado na colônia. obediência em sua principal colônia.
- Proibição da circulação do ouro em pó, com punições severas
para quem fosse pego com o ouro nesta condição. Inconfidência mineira
- Monopólio das principais mercadorias pelos comerciantes A inconfidência mineira foi um movimento iniciado em 1789,
portugueses. quando, após um declínio no resultado das minerações, o governo por-
tuguês imaginou que os mineiros estivessem sonegando impostos. Isto
- Outras revoltas nativistas: gerou uma cobrança ainda maior de impostos e a entrega de parte dos
- Revolta do Sal (São Paulo e Minas Gerais - 1710). bens dos cidadãos para o pagamento de suas dívidas.
- Revolta da Cachaça (Rio de Janeiro - 1660 a 1661). Isto gerou um descontentamento ainda maior na população e
- Motins do Maneta (Salvador-BA - 1711) um movimento que visava derrubar o governo português. Dentre os
líderes deste movimento, o nome de maior destaque é o de Joaquim
Rebeliões Separatistas Silvério dos Reis, o Tiradentes.
As rebeliões separatistas foram movimentos que tinham como Com o insucesso da inconfidência mineira, Tiradentes assumiu
objetivo a separação do Brasil de Portugal, acontecendo, desta for- toda a responsabilidade, sendo assim executado por meio da forca e
ma, no período anterior ao da independência brasileira. posteriormente esquartejado, tendo partes do seu corpo expostas nas
Entre outras rebeliões separatistas destacam-se a inconfidên- cidades onde havia buscado apoio.
cia mineira, a conjuração baiana, Revolta de Beckman e a revolução
de Pernambuco. Conjuração baiana
A conjuração baiana ocorreu em 1798, quando, após a transferên-
Revolta de Beckman cia da capital do Brasil para o Rio de Janeiro, a economia baiana enfren-
A Revolta de Beckman foi uma rebelião nativista ocorrida na tou uma grande dificuldade, gerando prejuízos para muitas pessoas.
cidade de São Luís (estado do Maranhão) em 1684. Isto fez com que uma parcela da população baiana passasse a en-
Causas principais frentar condições de vida miseráveis, agravadas pelos altos impostos
Grande insatisfação dos comerciantes, proprietários rurais e que continuaram a ser cobrados pelo governo português.
população em geral com a Companhia de Comércio do Maranhão, Assim, tanto pessoas mais pobres quanto membros da elite baia-
instituída pela coroa portuguesa em 1682. na se reuniram na conjuração baiana, que terminou com a grande
Os comerciantes reclamavam do monopólio da Companhia. maioria dos revoltosos sendo presos.
Os proprietários rurais contestavam os preços pelos quais a
Companhia pagava por seus produtos. Revolução pernambucana
Já grande parte da população maranhense estava insatisfei- Em 1817, uma nova rebelião separatista aconteceu em Pernam-
ta com a baixa qualidade e altos preços cobrados pelos produtos buco, onde a população se revoltou com os altos impostos cobrados
manufaturados comercializados pela Companhia na região. Ou- desde a mudança da família real portuguesa para o Brasil.
tros produtos como trigo, bacalhau e vinho chegavam à região em Esta foi uma das últimas grandes rebeliões separatistas do período
quantidade insuficiente, demoravam para chegar e ainda vinham pré-independência, sendo a última de grande destaque, sucedida pela
em péssimas condições para o consumo. independência do Brasil poucos anos depois.

6
HISTÓRIA DO BRASIL
A Insurreição Pernambucana, por outro lado, ocorrida em Per- Apoiado em tal frágil estrutura, o reino francês afundou com
nambuco, resultou de uma situação posterior a um período de gran- facilidade numa crise econômica ocasionada principalmente pe-
díssima importância para a região Nordeste do Brasil: o período da los gastos com as intervenções militares em conflitos externos.
administração holandesa. Com a União Ibérica, partes do Nordeste Em 1785, uma forte seca quase acabou com o rebanho bovino, e,
brasileiro, sobretudo Pernambuco, foram ocupadas pelos povos fla- em 1788, péssimos resultados na safra agrícola elevaram brutal-
mengos, que lá estabeleceram um desenvolvimento econômico e mente os preços dos alimentos, fazendo a fome se alastrar. Aos
social nunca visto na colônia brasileira até então. Esse período foi milhares, os pedintes passaram a vagar pelo país, e alguns co-
também denominado de Brasil Holandês. meçaram a roubar e destruir castelos, muitas vezes assassinando
Foi uma revolta da população nordestina (a partir de 1645) con- seus proprietários. Muitos culpavam a nobreza pela miséria em
tra o domínio holandês. Sob iniciativa dos senhores de engenho, os que o reino se encontrava. Na capital, Paris, operários e artesãos
colonos foram mobilizados para lutarem. As batalhas das Tabocas e começaram a fazer greves, e desempregados saqueavam lojas.
de Guararapes enfraqueceram o poderio dos invasores europeus. Até Manifestações contra a política econômica tornaram-se comuns.
que, na batalha de Campina de Taborda, em 1654, os holandeses fo- Em 1789, para solucionar o grave déficit das contas públicas,
ram derrotados e expulsos do País. o ministro de Finanças, Jacques Necker, propôs que o clero e a
É considerada o marco inicial dos movimentos nativistas. Iniciada nobreza passassem a pagar impostos. A ideia foi rejeitada. Pouco
logo após a campanha pela expulsão dos invasores holandeses, e depois, contudo, com o agravamento da crise, Luís XVI convoca-
de sua poderosa Companhia das Índias Ocidentais, é ali que pela ria os chamados Estados Gerais pela primeira vez em quase 200
primeira vez que se registrou a divergência entre os interesses anos para discutir soluções. Nesta série de reuniões, cada estado
dos colonos e os pretendidos pela Metrópole. Os habitantes de tinha um voto em cada matéria discutida. Como seus interesses
Pernambuco começaram a desenvolver a noção de que a própria eram bastante similares, clero e nobreza tendiam a votar juntos,
colônia conseguiria administrar seus próprios destinos, até por que invariavelmente ganhando todas as votações. No dia da abertu-
eles conseguiram expulsar os invasores praticamente sozinhos, num ra dos Estados Gerais de 1789, porém, o terceiro estado pediu
esforço que reuniu negros escravos, brancos e indígenas lutando que a contagem de votos passasse a ser feita por cada deputado
juntos, com um punhado de oficiais lusitanos nos altos postos de individual. Após um mês de impasse sobre a questão, ele se reti-
comando.
raria para uma sala separada, se autoproclamando em 9 de julho
como a Assembleia Nacional Constituinte. Incapaz de dissolver a
A crise do sistema colonial começou a agravar-se na segunda
reunião independente do terceiro estado, o rei ordenou que os
metade do século XVIII, ao mesmo tempo em que a situação da Euro-
outros dois estados se unissem a ele. Enquanto isso, contudo, ele
pa tornava-se convulsiva com o advento da Revolução Francesa. Em
convocou o Exército para sufocar o que via como uma sedição.
1808, a corte portuguesa deixou Portugal em direção ao Brasil, dando
início a um novo estágio de sua história, tirando-o da condição de
colônia e elevando-o à categoria de Reino Unido, junto com Portugal
de Algarves.
Para entender a série de eventos que eventualmente levaria à
Revolução Francesa em 1789, é fundamental ter em mente o pro-
cesso geral europeu de transformação das antigas monarquias feu-
dais em Estados absolutistas, que ganhou sua mais famosa expressão
neste reino. A partir do reinado do primeiro monarca da dinastia dos
Bourbon, Henrique IV (1553-1610), os soberanos franceses habitua-
ram-se a não convocar os Estados Gerais e deixar de lado os gran-
des senhores, preferindo nomear ministros burgueses para os cargos
mais importantes do governo. No reinado do filho de Henrique IV,
Luís XIII (1601-43), o soberano passaria a ser encarado como repre-
sentante da vontade divina para o reino, sendo único intérprete dos
interesses de Estado e, logo, principal símbolo da manutenção da or-
dem e da prosperidade da nação. Mas foi com o filho de Luís XIII, Luís
XIV (1638-1715) – o Rei Sol - que o absolutismo francês assumiu sua Abertura dos Estados Gerais em 5 de Maio de 1789. Obra
forma máxima de expressão. Nas últimas décadas do século XVIII, o de Isidore-Stanislaus Helman (1743-1806) e Charles Monnet
tataraneto de Luís XIV, Luís XVI (1754-93) ainda reinaria nos mesmos (1732-1808).
moldes ideológicos estabelecidos pelos seus ancestrais.
A situação de França, no entanto, era agora crítica no plano po- Quando a notícia da traição de Luís XVI se espalhou, grande
lítico-econômico. Contando com cerca de 25 milhões de habitantes, parte da população se revoltou. Em 14 de julho, uma multidão
a sociedade era altamente estratificada. O topo da pirâmide era ocu- invadiu os arsenais do governo e se apoderou de cerca de 30 mil
pado por cerca de 120 mil pessoas que detinham cargos na Igreja, mosquetes, rumando depois até a Bastilha, antiga fortaleza onde
possuidoras de 10% das terras do reino. O chamado primeiro estado o governo encarcerava os opositores, e tomou-a após algumas
era isento de impostos, serviço militar e até mesmo julgamento em horas de combate. Embora estivesse praticamente desativada na
tribunais comuns. Já o segundo estado era composto por cerca de ocasião, ela constituía um dos maiores símbolos do absolutismo,
400 mil nobres, a maioria dos quais vivia em seus próprios castelos e sua queda costuma ser tratada com o marco zero da Revolução
ou na corte real em Versalhes. Eles também não pagavam impostos, Francesa.
sendo sustentados pelo trabalho de 98% da população – que consis-
tia, portanto, no terceiro estado, formado por mais de 24 milhões de
pessoas de diversos setores sociais, incluindo a mais miserável parce-
la da população: os camponeses. Na época de Luís XVI, cerca de 80%
da renda destes era destinada ao pagamento de impostos.

7
HISTÓRIA DO BRASIL

A Tomada da Bastilha, pintura de Jean-Pierre Louis Houël,


1789. O fato é considerado o marco inicial da Revolução Fran-
cesa.

Quando a notícia se espalhou, mais levantes se alastrariam


pelo país afora. A sublevação generalizada possibilitou que a As-
sembleia Constituinte abolisse as leis feudais que ainda vigora-
vam, suprimindo leis ainda em vigência que privilegiavam clero e
nobreza. Além disso, grupos populares armados foram transfor-
mados na chamada Guarda Nacional, cuja missão era proteger
a Assembleia de ataques. Em 26 de agosto seria proclamada a
Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão. Fortemente
inspirada pelo movimento iluminista, o documento estabelecia a
liberdade e a igualdade de todos perante a lei, além de estabele-
cer a presunção de inocência e liberdade de opinião. Rei Luís XVI da França. Pintura de Antoine-François Callet,
Nos dois anos que se seguiriam, Luís XVI e sua família per- 1789.
maneceram confinados em um palácio em Paris. Neste período,
aconteceu a promulgação da primeira Constituição da França, Uma Constituição Republicana foi em breve elaborada, con-
em 1791. A Carta Magna francesa estabelecia a divisão entre cedendo o sufrágio universal masculino. Agora predominantes
os três poderes do Estado e definia a monarquia constitucional na Convenção Nacional por sua vitória nas eleições, os jacobinos
como forma de governo. O rei seria o chefe do Executivo, tendo tiveram a força necessária para enfrentar a investida contrarre-
a prerrogativa para vetar leis, mas seu poder ainda estaria limita- volucionária liderada pela Áustria. Em abril de 1793, foi criado
do pelas normas constitucionais. O voto para eleger aqueles que o Comitê de Salvação Pública, que convocaria cerca de 300 mil
seriam os 745 membros do Legislativo, porém, seria censitário homens para a guerra. Além disso, foi criado o Tribunal Revolu-
– o que significava que apenas uma pequena parcela da popula- cionário, que julgaria diversos suspeitos de traição. Era o início
ção poderia votar. Em junho de 1791 ocorreria uma tentativa de da época do chamado Terror, que até 1794 executaria cerca de
fuga da família real para a Áustria, terra de nascimento da rainha 35 mil pessoas, entre elas a antiga rainha Maria Antonieta e o
Maria Antonieta. Detidos a poucos quilômetros da fronteira, eles próprio George-Jacques Danton.
seriam reconduzidos para o palácio parisiense, apenas para se- O governo jacobino foi de início bastante popular, uma vez
rem presos pouco depois sob a acusação de conspiração contra que criou impostos sobre os ricos, aprovou leis fixando tetos
o Estado. para preços de produtos, regulamentou salários, abriu escolas
Com a prisão do rei, o governo passou para as mãos do cha- públicas, repartiu bens de nobres exilados e promoveu a refor-
mado Conselho Executivo Provisório, liderado pelo advogado ma agrária. Como rompera com a Igreja Católica anteriormente,
George-Jacques Danton. A Assembleia Nacional foi dissolvida e também instituiu o divórcio e a liberdade religiosa, além de abo-
substituída pela Convenção Nacional, cujo controle era disputa- lir a escravidão nas colônias francesas. Em junho de 1794, as tro-
do pelos jacobinos – defensores da República e representantes pas francesas obtiveram uma vitória decisiva em cima dos exér-
da pequena e média burguesia - e pelos girondinos – políticos citos invasores. Em breve, contudo, os principais líderes jacobi-
moderados que procuravam negociar com a monarquia. Em 22 nos, como Robespierre e Saint-Just, estariam se voltando contra
de setembro, foi proclamada a República e, em 21 de janeiro do militantes ainda mais radicais, o que os faria perder apoio po-
ano seguinte, Luís XVI foi executado na guilhotina. pular. Em 27 de julho de 1794, eles seriam derrubados do poder
pelos girondinos no chamado golpe do 9 Termidor, e acabariam
na guilhotina. Algumas medidas implementadas pelos jacobinos
seriam canceladas pelo novo governo, como o tabelamento dos
preços e o fim da escravidão nas colônias. Ao mesmo tempo,
a população de Paris foi desarmada para evitar outras revoltas.

8
HISTÓRIA DO BRASIL
Tal medida já evidenciava o caráter essencialmente conserva- D. João VI também revogou o decreto que proibia a ins-
dor que teria o governo girondino. Em 1795 seria aprovada uma talação de manufaturas no país e incentivou a importação de
nova Constituição. De caráter liberal, ela acabou reintroduziu o voto matérias-primas utilizadas nessa produção. Além disso, o rei au-
censitário e colocou o poder Executivo nas mãos do chamado Dire- torizou a construção de faculdades de medicina e de museus e
tório, órgão que seria composto por cinco pessoas eleitas entre os bibliotecas na cidade do Rio de Janeiro. Essas medidas possibili-
deputados. Durante esse período, além da tensão da guerra e difi- taram um grande desenvolvimento intelectual na colônia.
culdades financeiras, o governo sofreu ataques internos por jaco- A partir dessas ações, o Brasil passou a receber grandes
binos e monarquistas. Para conter essas manifestações, o Diretório nomes da ciência e das artes. O historiador Boris Fausto afirma
pediu ajuda ao Exército e, em 1795, o jovem e promissor general que John Mawe e Saint-Hilaire foram ao Rio de Janeiro durante
Napoleão Bonaparte foi escolhido para organizar a defesa interna o período joanino. O Brasil também recebeu um grande número
do país. Graças ao seu êxito, Napoleão acabou tornando-se uma de imigrantes, e isso fez com que a população do Rio de Janeiro
importante força política na França. Seu prestígio cresceu tanto dobrasse de 50 mil para 100 mil habitantes nessa época.
que, em 1799, ele foi convidado a fazer parte do Diretório. Em 9 de D. João VI permitiu ainda a criação de tipografias no Bra-
novembro do mesmo ano – no golpe conhecido como 18 Brumário sil, com isso, houve o surgimento dos primeiros jornais, como A
– Napoleão anunciou que iria dissolver o Parlamento e substituir o Gazeta do Rio de Janeiro, primeiro jornal fundado no Brasil. As
calendário por três cônsules provisórios, dos quais ele era evidente- publicações da imprensa, no entanto, sofriam censura, e notícias
mente o mais importante. Era o início da Era Napoleônica. contra o governo e contra o catolicismo não eram permitidas.
A transferência da Corte também gerou insatisfação em mui-
Transferência da corte e período joanino tos colonos. A presença de milhares de pessoas da aristocracia
O Período Joanino foi a época da história do Brasil portuguesa causou descontentamento entre parte desses colo-
colonial iniciada com a vinda de D. João VI e a Corte portuguesa nos, principalmente porque D. João VI passou a distribuir cargos
em 1808. Nesse período, o Brasil sofreu uma série de alterações e privilégios para aristocratas portugueses em detrimento das
para dar suporte ao abrigo da Corte, que permaneceu na colônia elites locais. Além disso, para financiar os altos gastos da Corte
até 1821, quando D. João VI, por pressão das cortes portuguesas, portuguesa, o rei impôs uma política de aumento de impostos, o
retornou para Portugal. Os historiadores afirmam que essa
que desagradou a todos na colônia.
transferência da Corte para o Rio de Janeiro contribuiu para
Um dos reflexos diretos desse descontentamento manifes-
adiantar a independência do Brasil.
tou-se em Pernambuco, onde as elites locais, insatisfeitas com
a crise econômica, a alta de impostos, a distribuição de privi-
Antecedentes
légios para portugueses e influenciadas pelos ideais iluministas,
A transferência da Corte portuguesa para o Brasil estava rela-
iniciaram um movimento de caráter separatista e republicano,
cionada com os eventos que aconteciam na Europa durante o pe-
que controlou a região de março a maio de 1817. Esse movimen-
ríodo napoleônico. O imperador da França, Napoleão Bonaparte,
to, conhecido como Revolução Pernambucana, foi intensamente
determinou o Bloqueio Continental em 1806, que proibia as nações
reprimido, e parte de seus líderes foi morta e martirizada como
europeias de comercializar com a Inglaterra.
Essa medida foi tomada como forma de sufocar a economia exemplo.
inglesa e forçar a derrota desse país, uma vez que a França mostra- Na política externa, a Corou portuguesa meteu-se em duas
va-se incapaz de invadir a Inglaterra. Para impor o Bloqueio Conti- disputas, e a primeira delas foi com a França. Como represália
nental, Napoleão ordenou a invasão da Espanha e de Portugal. As pela invasão de Portugal, D. João VI, incentivado pela Inglater-
tropas francesas invadiram Portugal oficialmente em 1807. Em ra- ra, ordenou a invasão da Guiana Francesa em 1809, local que
zão disso, D. João VI ordenou a transferência da Corte portuguesa foi dominado pelos portugueses até 1817. Outra grande disputa
para o Brasil. ocorreu no sul pela posse da Cisplatina, oficialmente invadida
O embarque da Corte portuguesa aconteceu entre os dias em 1811.
25 e 27 de novembro de 1807. Estima-se que de 10 a 15 mil pes- A partir de 1815, como resposta à pressão que sofria dos
soas tenham se mudado para o Brasil junto com o rei português. países membros do Congresso de Viena, D. João VI elevou o Bra-
Durante essa viagem, muitos desafios foram enfrentados, como sil para a condição de reino, assim, foi formado o Reino de Por-
tempestades, falta de alimentos e surto de piolhos. D. João VI tugal, do Brasil e Algarves. D. João VI sofria pressão ainda para
trouxe toda a estrutura de poder de Lisboa para o Rio de Janeiro, retornar para Portugal, uma vez que as turbulências do período
incluindo importantes obras de arte e literárias e os recursos dos napoleônico haviam sido finalizadas.
cofres reais etc. Por fim, o retorno do rei português para Portugal aconteceu
D. João VI chegou à cidade de Salvador em janeiro de 1808 e como consequência dos eventos da Revolução Liberal do Porto.
em março do mesmo ano desembarcou na cidade do Rio de Janeiro. As cortes portuguesas iniciaram uma série de mudanças de ca-
A transferência da Corte demandou que a cidade de Rio de Janeiro ráter liberal em Portugal a partir de 1820 e exigiram o retorno
fosse modernizada de forma a receber a estrutura administrativa imediato do rei D. João VI para Lisboa. O rei, temendo perder
do Reino. Com isso, mudanças profundas aconteceram no Brasil. o trono português, regressou para Lisboa, deixando seu filho,
Pedro, como regente do Brasil. As medidas tomadas pelas cor-
Período joanino tes portugueses e as pressões que foram realizadas depois sobre
A primeira grande medida tomada por D. João VI, assim que Pedro de Alcântara levaram-no a conduzir o processo de inde-
chegou ao Brasil, foi promover a abertura dos portos brasileiros pendência do Brasil.
para as “nações amigas”, o que na prática significava apenas a Ingla-
terra – grande aliado e parceiro econômico de Portugal. Com essa
medida, Portugal colocava fim ao exclusivo colonial e dava permis-
são aos comerciantes e grandes proprietários brasileiros para co-
mercializar seus produtos diretamente com os ingleses.

9
HISTÓRIA DO BRASIL
Assim, em 1820, a Revolução do Porto implantou a monarquia
2. O BRASIL MONÁRQUICO constitucional e D. João VI voltou a Portugal. Aqui deixou o Príncipe
A. A INDEPENDÊNCIA DO BRASIL E O PRIMEIRO REINA- D. Pedro como Regente. Formaram-se duas agremiações rivais: o
DO. Partido Português, desejando a recolonização do Brasil, e o Partido
B. A CONSTITUIÇÃO DE 1824. Brasileiro, da aristocracia. Em 1822, por duas vezes, D. Pedro foi in-
C. MILITARES: A GUARDA NACIONAL E O EXÉRCITO. timado a retornar: em 9 de Janeiro deu a decisão do “Fico” e a 7 de
D. A FASE REGENCIAL (1831-1840). Setembro, o “Grito do Ipiranga”. Nascia o Império.
E. O ATO ADICIONAL DE 1834.
F. AS REVOLTAS POLÍTICAS E SOCIAIS DAS PRIMEIRAS O Primeiro Reinado
DÉCADAS DO IMPÉRIO. A monarquia brasileira consolidou-se de forma crítica. A marca
G. A CONSOLIDAÇÃO DA ORDEM INTERNA: O FIM DAS do 1 Reinado foi a disputa pelo poder entre o Imperador Pedro I e a
REBELIÕES, OS PARTIDOS O FORTALECIMENTO DO ES- elite aristocrática nacional. O primeiro confronto deu-se na outorga
TADO, A ECONOMIA CAFEEIRA da Constituição de 1824.
H. MODERNIZAÇÃO: ECONOMIA E CULTURA NA SOCIE- Durante o ano anterior as relações entre o governo e a Assem-
DADE IMPERIAL. bleia Constituinte foram tensas. Enquanto a maioria “brasileira”
I. A ESCRAVIDÃO, AS LUTAS ESCRAVAS PELA LIBERDA- pretendia reduzir o poder do Trono, os “portugueses” defendiam a
DE, monarquia centralista. O desfecho foi o golpe da “noite da agonia”:
J. O MOVIMENTO ABOLICIONISTA E A ABOLIÇÃO DA a Constituinte foi dissolvida. D. Pedro, então, outorgou a Constitui-
ESCRAVATURA ção que seus conselheiros elaboraram e fortaleceu-se com o Poder
K. A INTRODUÇÃO DO TRABALHO LIVRE E A IMIGRA- Moderador.
ÇÃO
L. POLÍTICA EXTERNA: AS QUESTÕES PLATINAS, A
GUERRA DO PARAGUAI E O EXÉRCITO.
M. O MOVIMENTO REPUBLICANO E O ADVENTO DA
REPÚBLICA.

Brasil Imperial ou Monárquico é um período da história brasi-


leira entre 7 de setembro de 1822 (Independência do Brasil) e 15
de novembro de 1889 (Proclamação da República). Neste período,
o Brasil foi governado por dois monarcas: D. Pedro I e D. Pedro II.
Em 1799, Napoleão Bonaparte assumiu o poder na França.
Seus projetos industrialistas e expansionistas levaram ao confronto
direto com a Inglaterra.

Quinta da Boa Vista

A reação veio na revolta da Confederação do Equador, em


1824. A repressão custou a vida de expoentes liberais, como Frei
Caneca. Neste mesmo ano os E.U.A. reconheceram o Brasil livre.
Mas os reconhecimentos português e inglês só vieram após intrin-
cadas negociações que geraram a dívida externa. Em seguida, Pedro
I envolveu-se na questão sucessória portuguesa e na Guerra Cispla-
tina, perdendo o Uruguai.
Em 1830, as agitações resultaram no assassinato do jornalista
de oposição Líbero Badaró e na “noite das garrafadas”, entre lusos
e brasileiros. Foi a crise final: no dia 7 de Abril de 1831, a abdicação
A Independência do Brasil de D. Pedro encerrou o 1 Reinado.
Em 1799, Napoleão Bonaparte assumiu o poder na França.
Seus projetos industrialistas e expansionistas levaram ao confronto As Regências do Império
direto com a Inglaterra. Por isso, em 1806, determinou o Bloqueio O Período Regencial (1831-40) foi o mais conturbado do Impé-
Continental: o continente foi proibido de manter relações com os rio. Durante as Regências Trinas, Provisória e Permanente, a disputa
britânicos. Isto afetou diretamente Portugal. pelo poder caracterizou um “Avanço Liberal”. O Partido Português
Ameaçada de invasão, a Corte do Regente D. João retirou-se tornou-se o grupo restaurador “Caramuru” defendendo a volta de
para o Brasil. Pressões inglesas e brasileiras o levaram a assinar a Pedro I; o Partido Brasileiro dividiu-se nos grupos Exaltado (“Farrou-
abertura dos portos, em 1808, pondo um fim no Pacto Colonial. Era pilha”) e Moderado (“Chimango”), respectivamente a favor e contra
o domínio inglês. uma maior descentralização política.
Os Tratados de 1810 selaram de vez tal domínio. E o Brasil foi A Regência Trina Permanente criou, em 1831, a Guarda Nacio-
elevado a Reino Unido de Portugal, em 1815. Esta submissão de D. nal, através do Ministro da Justiça Padre Diogo Feijó. A nova arma
João a Londres irritou profundamente a burguesia lusitana, pois a servia à repressão interna e deu origem aos “coronéis” das elites
Independência parecia inevitável. Mesmo a repressão joanina aos agrárias. A Constituição foi reformada através do Ato Adicional de
republicanos da Revolução Pernambucana de 1817 não bastou para 1834. Foram criadas as Assembleias Legislativas Provinciais, abolido
aplacar a ira de Lisboa. o Conselho de Estado e substituída a Regência Trina pela Una.

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HISTÓRIA DO BRASIL
Estas parcas vitórias liberais produziram, então, o Regresso Con- Em 1847, o jovem imperador prematuramente entronado em
servador. Os regentes Feijó, do Partido Progressista, e Araújo Lima, do 1840, completou vinte anos. Foi instaurado o sistema parlamenta-
Regressista, enfrentaram a radicalização das Rebeliões Regenciais: Ca- rista de governo e o café ganhou os mercados do mundo. A última
banagem (PA), Sabinada (BA), Balaiada (MA) e a Guerra dos Farrapos guerra civil do Império sangrou Pernambuco na Revolução Praieira
(RS/SC) foram as principais. Todas de caráter federativo, embora tão de 1848. A monarquia mostrava-se mais uma vez surda às reivindi-
distintas. E a principal foi o Golpe da Maioridade, em 1840. cações “radicais” dos liberais.
A estabilidade política revelou a contradição entre as aparên-
De 1840 a 1889 cias democráticas e a essência autoritária do regime. As eleições
eram censitárias e fraudulentas, apelidadas de “Eleições do Cace-
te”. Os Partidos Liberal e Conservador eram elitistas, sem diferenças
ideológicas significativas. E o parlamentarismo às avessas permitia
ao Poder Moderador do rei manipular tanto o 1 Ministro como o
Parlamento.
Entre 1851 e 1870, o Império enfrentou as Guerras Externas
no Prata. Foram conflitos sangrentos causados pelo caudilhismo ex-
pansionista, pelo controle da navegação nos rios da Bacia Platina e
influenciados pelos interesses ingleses na região.
Principalmente a Guerra contra Solano Lopes (Paraguai) trouxe
drásticos aumentos na dívida externa e influências políticas sobre
os militares, atuantes de ora em diante no movimento republicano.
O Império do Café Resumo Cronológico dos principais fatos da História do Brasil
O café foi introduzido no Brasil em princípios do século XVIII. Sua Imperial
rápida ascensão o pôs na ponta da economia entre as décadas de trinta
dos séculos XIX e XX. A independência e a revolta dos escravos no Haiti,
Principais fatos históricos do Primeiro Reinado (1822 a 1831)
principal produtor, abriu espaço para o Brasil no mercado mundial.
- 7 de setembro de 1822: Proclamação da Independência do
O café pôde aproveitar a infraestrutura econômica já instalada no
Brasil por D. Pedro I (então príncipe regente).
Sudeste, os solos adequados da região (sobretudo a terra roxa) e não
- 12 de outubro de 1822 - D. Pedro I é aclamado imperador no
precisou de mão-de-obra qualificada na instalação das primeiras lavou-
Rio de Janeiro.
ras. Assim, o investimento inicial de capital foi relativamente baixo.
- 1823 - Reunião da Assembleia Geral Constituinte e Legislati-
As consequências imediatas mostraram-se na modernização das
va com o objetivo de criar a primeira constituição brasileira. Com
relações de produção. O café foi gradativamente substituindo os es-
cravos pelos assalariados, sobretudo imigrantes europeus. Para tanto, pouco tempo de trabalha, a Assembleia é dissolvida pelo imperador
contribuíram as pressões inglesas pelo fim do tráfico negreiro. que cria o Conselho de Estado.
Em 1844, foi aprovada a Lei Alves Branco, que extinguiu taxas al- - 1824 - A Constituição Brasileira é outorgada por D. Pedro I.
fandegárias favoráveis aos ingleses, vigentes desde 1810. Invocando
os mesmos tratados daquele ano, foi promulgado o Bill Aberdeen, em A Constituição Brasileira de 1824foi outorgada por Dom Pedro
1845. Esta lei, juntamente com a Lei Eusébio de Queirós de 1850, extin- I em 25 de março de 1824.
guiram o tráfico e levantaram a questão abolicionista. A primeira Carta Magna brasileira garantia a unidade territo-
Eram os primeiros passos capitalistas de um país, ainda incapaz de rial, instituía a divisão do governo em quatro poderes e estabelecia
aceitar a industrialização sonhada pelo Barão de Mauá. o voto censitário (voto ligado à renda do cidadão).
Foi elaborada por um grupo reduzido de pessoas devido às de-
A Glória de Pedro II savenças entre o Imperador e a Assembleia Nacional Constituinte.

D. Pedro I com o exemplar da Constituição brasileira de 1824.


D. Pedro II Manuel de Araújo Porto Alegre. 1826.

11
HISTÓRIA DO BRASIL
Contexto Histórico • Poder Legislativo: era composta pela Câmera dos Deputados
Após a proclamação da independência e da aclamação de Dom e pelo Senado. Os deputados eram eleitos por voto censitário e os se-
Pedro I como imperador do Brasil, o país precisava organizar sua nadores eram nomeados pelo Imperador.
estrutura política e administrativa. • Poder Judiciário: os juízes eram nomeados pelo Imperador.
É importante lembrar que ainda havia tropas portuguesas O cargo era vitalício e só podiam ser suspensos por sentença ou pelo
lutando na Bahia e este combate só seria finalizado em 2 de julho próprio Imperador.
de 1823. • Direito ao voto: para homens livres, maiores de 25 anos, e
Para tanto foi reunida a Assembleia Nacional Constituinte com renda anual de mais de 100 mil réis era permitido votar nas eleições
deputados vindos de diversas províncias do Brasil. primárias onde eram escolhidos aqueles que votariam nos deputados
No discurso que pronunciou durante a abertura dos trabalhos e senadores.
da Constituinte, Dom Pedro I lembrou aos deputados que precisa- • Por sua parte, para ser candidato nas eleições primárias, a
vam fazer: renda subia a 200 mil reis e excluía os libertos. Por fim, os candidatos a
uma Constituição, em que os três Poderes sejam bem divididos
deputados e senadores deviam ter uma renda superior a 400 mil réis,
de forma; que não possam arrogar direitos, que lhe não compitam,
serem brasileiros e católicos.
mas que sejam de tal modo organizados, e harmonizados, que se
• Estabeleceu o catolicismo como religião oficial do Brasil. No
lhes torne impossível, ainda pelo decurso do tempo, fazerem-se ini-
entanto, a Igreja ficou subordinada ao Estado através do Padroado.
migos, e cada vai mais concorram de mãos dadas para a felicidade
geral do Estado. (...) • Criação do Conselho de Estado, composto por conselheiros
Espero, que a Constituição, que façais, mereça a Minha Impe- escolhidos pelo imperador.
rial Aceitação, seja tão sábia, e tão justa, quanto apropriada à loca- • A capital do Brasil independente era o Rio de Janeiro que não
lidade, e civilização do Povo Brasileiro (...). estava submetida à Província do Rio de Janeiro. Esta tinha sua capital
na cidade de Niterói.
Características da Assembleia Constituinte
Partido Português ou “conservadores”, que reuniam lusitanos - 1824 - Confederação do Equador: movimento revolucionário e
e brasileiros. Defendiam a monarquia absoluta e centralizada, pou- emancipacionista ocorrido na região nordeste do Brasil.
ca autonomia provincial e manutenção de seus privilégios econô- - 1825 a 1828 - Guerra da Cisplatina: movimento que tornou a re-
micos e sociais. gião do Uruguai independente do Brasil.
Partido Brasileiro ou “liberais”, formado por brasileiros e por- - 1831 - Após muitos protestos populares e oposição de vários se-
tugueses. Desejavam maior autonomia para as províncias, defen- tores da sociedade, D. Pedro I abdica ao trono em favor de seu filho.
diam uma monarquia figurativa e a manutenção da escravidão.
Podemos perceber uma terceira posição liderada por Principais fatos históricos do Período Regencial (1831 a 1840)
José Bonifácio, ministro dos Negócios Estrangeiros. Desde a - Neste período o Brasil foi governado por regentes. Regência Trina
independência, Bonifácio buscava criar uma monarquia forte, Provisória, Regência Trina Permanente, Regência Una de Feijó, Regên-
mas constitucional e centralizada. Desta maneira, se evitaria cia Una de Araújo Lima
a fragmentação do país, como ocorreu na América Espanhola. - O período foi marcado por várias revoltas sociais. A maior parte
Igualmente, pretendia abolir o tráfico de escravos e a escravidão. delas eram em protesto contra as péssimas condições de vida, alta de
Devido às crescentes desavenças entre os deputados e o Im- impostos, autoritarismo e abandono social das camadas mais popu-
perador, este manda o Exército fechar a Assembleia Constituinte. lares da população. Neste contexto podemos citar: Balaiada, Cabana-
Vários deputados foram presos, inclusive José Bonifácio, que partiu gem, Sabinada, Guerra dos Malês, Cabanada e Revolução Farroupilha.
para o exílio com sua família. - 1840 (23 de julho) - Golpe da Maioridade com apoio do Partido
Nas semanas seguintes, Dom Pedro I convoca um grupo de dez
Liberal. Maioridade de Dom Pedro II foi declarada.
pessoas para formar o Conselho Imperial e elaborar a Carta Magna.
- Guarda nacional
Constituição Outorgada x Promulgada
Durante o período regencial, observamos a eclosão de vários le-
Embora a Constituição seja a garantia dos direitos individuais
dos cidadãos, nem todas são escritas da mesma forma. vantes que questionavam a autoridade exercida pelos novos mandatá-
Há Constituições que são elaboradas por uma Assembleia Na- rios do poder. Ao manter a estrutura política centralizadora do gover-
cional Constituinte democraticamente eleita. Neste caso, dizemos no imperial, os regentes apenas eclodiram a forte insatisfação que se
que a Carta Magna foi promulgada. dirigia contra o autoritarismo da época. Vale ainda lembrar que, nessa
Entretanto, existem Constituições que são feitas por um grupo mesma época, os quadros do exército brasileiro eram bastante limita-
reduzido de pessoas. Desta maneira, a Constituição foi outorgada, dos e não poderiam controlar todas as situações de conflito.
ou seja, imposta pelo Poder Executivo ao país, como foi a Constitui- Buscando resolver tal situação, os dirigentes da regência autoriza-
ção de 1824. ram a criação de um novo organismo armado para assegurar a estabili-
dade política do país. Em agosto de 1831, a Guarda Nacional foi criada
Características da Constituição de 1824 com o propósito de defender a constituição, a integridade, a liberdade
• o regime de governo estabelecido foi a monarquia here- e a independência do Império Brasileiro. Além disso, pelo poder a ela
ditária. concedido, seus membros deveriam firmar o compromisso de sedi-
• Existência de Quatro poderes: Poder Executivo, Poder Le- mentar a tranquilidade e a ordem pública.
gislativo, Poder Judiciário e o Poder Moderador. Para formar esse novo braço armado, as autoridades oficiais esti-
• O Poder Moderador, exercido pelo imperador, lhe dava o pularam que todo o brasileiro, entre 21 e 60 anos de idade, que tivesse
direito de intervir nos demais poderes, dissolver a assembleia legis- amplos direitos políticos, deveria compor os quadros dessa instituição.
lativa, nomear senadores, sancionava e vetava leis, nomeava minis- Ao limitá-la somente aos chamados “cidadãos ativos” (eleitores e ele-
tros e magistrados, e os depunha. gíveis), o governo excluía qualquer possibilidade de participação de
• Poder Executivo: exercido pelo Imperador que, por sua pessoas de origem popular. De fato, temos aí um claro indício de quais
vez, nomeava os presidentes de províncias. interesses a Guarda Nacional deveria verdadeiramente assegurar.

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HISTÓRIA DO BRASIL
Outro fator que comprova tal perspectiva pode ser visto na Na disputa entre essas facções políticas, o Ato Adicional seria
maneira pela qual os quadros dirigentes dessa mesma instituição uma maneira de se firmar um compromisso político que estivesse
eram estipulados. A maioria esmagadora dos dirigentes da Guarda acima das rixas de cada grupo. Em primeiro aspecto, essa reforma
comprava o seu título de “coronel” junto ao Estado Brasileiro. Com da constituição autorizou cada uma das províncias a criar uma As-
isso, vários proprietários de terra adquiriram esta patente e foram sembleia Legislativa. Por meio dessa medida, os representantes po-
responsáveis pela organização local das milícias que deveriam, teo- líticos locais poderiam instituir a criação de impostos, controlarem
ricamente, apenas manter a ordem. as finanças e determinarem os membros do funcionalismo público.
Na prática, os membros da Guarda Nacional representaram Inicialmente, essa conquista parecia simbolizar uma expressa
mais uma situação histórica marcada pelo abuso das instituições vitória política dos liberais, contudo, essas assembleias ainda se
públicas para fim estritamente particulares. Com o passar do tem- viam subordinadas aos mandos do presidente da província, que era
po, os “coronéis” valiam-se de suas tropas armadas para simples- escolhido pela indicação do governo central. Além disso, havia uma
mente preservar seus interesses econômicos e políticos pessoais. recomendação em que as províncias não deveriam se contrapor às
Além disso, serviram como severo instrumento de repressão contra deliberações provenientes da administração regencial. Dessa for-
uma população que não se via representada no mando de líderes ma, observamos que a autonomia das províncias era cercada por
políticos oriundos das elites. uma infindável série de limites.
Essa mesma sensação contraditória se desenvolvia com a ex-
tinção do Conselho de Estado, mais uma das determinações criadas
Principais fatos históricos do Segundo Reinado (1840 a 1889) pelo Ato Adicional. Primordialmente, a extinção do Conselho de Es-
- 1841 - Dom Pedro II é coroado imperador do Brasil. tado dava fim àquele grupo de assessores políticos que auxiliavam
- 1844 - Decretação da Tarifa Alves Branco que protege as ma- o imperador no exercício do autoritário Poder Moderador. Porém,
nufaturas brasileiras. a preservação da duração vitalícia do cargo de Senador apontava a
- 1850 - Lei Eusébio de Queiróz: fim do tráfico de escravos. manutenção de um privilégio que agradava aos políticos conserva-
- 1862 e 1865 - Questão Christie - rompimento das relações dores.
diplomáticas entre Brasil e Grã-Bretanha. Outra importante reforma que o Ato Adicional estipulou foi a
- 1864 a 1870 - Guerra do Paraguai - conflito militar na América extinção da Regência Trina e a escolha de apenas um representante
do Sul entre o Paraguai e a Tríplice Aliança (Brasil, Argentina e Uru- para ocupar o cargo regencial. Com a formação da chamada Regên-
guai) com o apoio do Reino Unido. Em 1870 é declarada a derrota cia Una, vários candidatos se dispuseram a ocupar o novo cargo do
do Paraguai. poder executivo. Organizada por meio de eleições diretas e voto
- 1870 - Fundação do Partido Republicano Brasileiro. censitário, a escolha do regente, apesar de ser uma manifestação
- 1871 - Lei do Ventre Livre: liberdade aos filhos de escravas,
de tendência liberal, foi marcada por fraudes denunciadas em vá-
nascidos a partir daquela data.
rias regiões do território nacional.
- 1872 a 1875 - Questão Religiosa: conflito pelo poder entre a
Alguns anos mais tarde, ainda se sentido prejudicados pelas li-
Igreja Católica e a monarquia brasileira.
berdades oferecidas pelo Ato Adicional, os conservadores estipula-
- 1875 - Começa o período de imigração para o Brasil. Italianos,
ram uma reação a essa primeira reforma da constituição. Em 1840,
espanhóis, alemães e japoneses chegam ao Brasil para trabalharem
sob o domínio do regente conservador Araújo Lima, foi instituída a
na lavoura de café e nas indústrias.
Lei de Interpretação do Ato Adicional. Segundo seus ditames, essa
- 1882 - Início do Ciclo da Borracha: o Brasil torna-se um dos
principais produtores e exportadores de borracha do mundo. lei revogou o direito legislativo das províncias e estabeleceu que
- 1884 a 1887 - Questão Militar: crise política e conflitos entre a a Polícia Judiciária fosse controlada pelo Poder Executivo Central.
Monarquia Brasileira e o Exército.
- 1885 - Lei dos Sexagenários: liberdade aos escravos com mais Revoltas Regenciais
de 65 anos de idade. Várias revoltas eclodiram no Brasil entre 1831 e 1840, provo-
- 1888 - Lei Áurea decretada pela Princesa Isabel: abolição da cando grande instabilidade política no complexo processo de cons-
escravidão no Brasil. trução do Estado nacional.
- 1889 - Proclamação da República no Brasil em 15 de novem- O contexto político das revoltas regenciais
bro. Fim da Monarquia e início da República. Após a abdicação de dom Pedro I, em 1831, o governo foi exer-
cido por regentes eleitos entre os membros do Congresso, uma vez
que o sucessor, Pedro de Alcântara, futuro dom Pedro II, ainda tinha
O Ato Adicional de 1834 5 anos de idade. Nesse período eclodiram revoltas que provocaram
No dia 12 de agosto de 1834, os membros da Câmara dos De- forte reação do governo, com medidas como a criação da Guarda
putados estabeleceram um conjunto de mudanças que afetaram Nacional e a aprovação do Código de Processo Penal e de atos des-
diretamente as diretrizes da Constituição de 1824. Nesse dia, o cha- tinados a ampliar a autonomia das províncias.
mado Ato Adicional aprovou uma série de mudanças que refletiam Os regentes representavam a elite agrária brasileira e identi-
bem o novo cenário político experimentado. Agora, sem a inter- ficavam-se com as tendências políticas conservadoras, defensoras
venção do poder régio, as tendências políticas presentes, represen- da centralização do poder, em oposição aos liberais adeptos do fe-
tadas pelas alas liberal e conservadora, tentavam se equilibrar no deralismo, sistema de governo em que se permite a autonomia dos
poder. estados, compartilhando o poder.
Nessa época, o papel político a ser desempenhado pelas pro-
víncias e pelo Poder Executivo era alvo de infindáveis discussões Revolta dos Malês (1835)
que colocavam esses dois grupos políticos em oposição. Por um Em Salvador, nas primeiras décadas do século XIX, os negros es-
lado, os conservadores defendiam os moldes da monarquia consti- cravos ou libertos correspondiam a cerca de metade da população.
tucional e as suas diretrizes políticas centralizadoras. Em contrapar- Pertenciam a vários grupos étnicos, culturais e religiosos, entre os
tida, os liberais acreditavam que os poderes régios deveriam sofrer quais os muçulmanos – genericamente denominados malês -, que
limitações e que as províncias deveriam ter maior autonomia. protagonizaram a Revolta dos Malês, em 1835.

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HISTÓRIA DO BRASIL
O exército rebelde era formado, em sua maioria, por “negros O movimento ocorreu de 1835 a 1845 e foi liderado por perso-
de ganho”, escravos que vendiam produtos de porta em porta e, nagens que ganharam notoriedade no cenário político do Brasil e
ao fim do dia, dividiam os lucros com os senhores. Podiam circular de outros países: Giuseppe Garibaldi, Bento Gonçalves, Bento Ma-
mais livremente pela cidade que os escravos das fazendas, o que nuel e Anita Garibaldi. Os farrapos, como os rebeldes eram denomi-
facilitava a organização do movimento. Além disso, alguns conse- nados, reivindicavam maior autonomia política e econômica para o
guiam economizar e comprar a liberdade. Os revoltosos lutavam Sul. Na raiz do conflito estava o descontentamento dos poderosos
contra a escravidão e a imposição da religião católica, em detrimen- estancieiros gaúchos com a política de impostos do governo central.
to da religião muçulmana. Tendências políticas diferentes – republicanas ou monarquis-
A repressão oficial resultou no fim da Revolta dos Malês, que tas, federalistas ou centralistas – conviviam no interior do movi-
teve muitos mortos, presos e feridos. Mais de quinhentos negros mento. Seu possível caráter separatista tem sido objeto de contro-
libertos foram degredados para a África. vérsias entre os estudiosos. O separatismo, afinal, poderia significar
a perda do mercado brasileiro de charque. A tendência majoritária
Cabanagem (1835-1840) da rebelião, liderada por Bento Gonçalves, era a favor de um gover-
A tendência autonomista do Pará remonta ao período colo- no federativo e republicano, enquanto a minoria posicionava-se em
nial, quando o Grão-Pará estava mais ligado à metrópole do que prol de uma monarquia descentralizada.
ao restante da colônia. Com o movimento pela Independência do A rebelião expandiu-se e culminou, em 1838, com a proclama-
Brasil, acirrou-se na província o caráter republicano, especialmente ção da República Rio-Grandense, ou República de Piratini, tendo
entre os mais pobres: os moradores de regiões ribeirinhas – deno- Bento Gonçalves como primeiro presidente. Um ano depois, o mo-
minados cabanos, pois moravam em cabanas -, indígenas, negros e vimento chegou à cidade de Laguna, no litoral de Santa Catarina,
mestiços. Reivindicando terras e melhores condições de vida, os re- onde foi proclamada a República Juliana, de existência efêmera. De-
voltosos enfrentaram as forças militares do governo em 1835. Der- pois de vários anos de combates, os rebeldes foram derrotados em
rotados na capital, os cabanos prosseguiram lutando no interior até 1845 pelas tropas do governo.
1840, quando a sangrenta repressão do governo pôs fim ao conflito No Segundo Reinado o país foi pacificado. Cessaram as rebe-
da Cabanagem, com um saldo de aproximadamente 30 mil mortos, liões provinciais que marcaram o panorama político dos governos
cerca de 20% da população estimada na província do Pará. (Veja regenciais e ameaçaram a ordem social e a consolidação do Estado
mais em A Cabanagem). brasileiro. Duas rebeliões que eclodiram ainda no período regencial
chegaram ao fim no segundo reinado: a Balaiada em 1841, e a Far-
Sabinada (1837-1838) roupilha, em 1845.
Dois anos após a Revolta dos Malês (1835), outra rebelião agi- A única grande rebelião iniciada no segundo reinado foi a Re-
tou Salvador a Sabinada, assim chamada devido ao nome do seu volução Praieira, que eclodiu em 1848 na província de Pernambuco,
líder, o médico Francisco Sabino. O movimento contestava a con- mas foi debelada no ano seguinte, em 1849. A paz interna advinda
centração do poder local exercido por autoridades nomeadas pelo com o governo de dom Pedro 2º favoreceu a consolidação dos in-
governo regencial. Separatistas, os revoltosos propunham a forma- teresses da classe dominante representada pelos grandes proprie-
ção de uma república baiana até a maioridade do imperador. A re- tários rurais.
pública chegou a ser proclamada, mas durou apenas alguns meses.
Revolta urbana, a Sabinada teve participação de profissionais Escravidão e ausência de participação popular
liberais (médicos, advogados, jornalistas), servidores públicos, pe- A classe dominante estava coesa em torno da manutenção da
quenos comerciantes, artesãos e militares. Depois de um momento escravidão e da alienação (ou ausência) da participação popular nas
de avanço, no qual o governador da província foi obrigado a deixar decisões políticas governamentais. Mas tinham divergências no que
a cidade, os revoltosos sofreram violenta repressão, que debelou diz respeito a interesses econômicos e políticos locais. Assim, orga-
o movimento. Muitos morreram em combate, e os líderes foram nizaram-se politicamente em duas agremiações políticas: o Partido
executados ou deportados. Liberal e Partido Conservador.
Os dois partidos políticos disputavam o poder através de elei-
Balaiada (1838-1841) ções legislativas (para a Câmara dos Deputados). Por meio de um
A Balaiada, movimento que envolveu o Maranhão de 1838 a processo eleitoral bastante fraudulento e violento, tentavam con-
1841, foi uma das principais rebeliões do período regencial. Nasceu quistar maioria no Parlamento e influenciar as decisões governa-
das disputas políticas entre grupos rivais e das dificuldades eco- mentais na medida que seus membros fossem nomeados para for-
nômicas da província, mas a disputa entre as elites locais desem- mar os gabinetes ministeriais. No transcurso do segundo reinado,
bocou numa revolta popular. Não havia homogeneidade entre os liberais e conservadores se alternaram no poder.
revoltosos, mas alguns queriam dom Pedro II no poder. Os temas
econômicos e sociais não eram mencionados na revolta, mas sim a Parlamentarismo e poder Moderador
“liberdade”. A revolta contou com grande participação dos escravos Os anos de 1840 até 1846 foram marcados por conflitos e di-
fugitivos e um dos líderes do movimento foi Manuel Francisco dos vergências políticas entre liberais e conservadores com relação ao
Anjos Ferreira, apelidado de Balaio. sistema de governo. Em 1847, porém, foi instituído o Parlamentaris-
No âmbito das elites, havia conflitos entre os fazendeiros de mo, que passou a funcionar articulado ao Poder Moderador.
gado liberais, denominados bem-te-vis, e os conservadores da re- Criou-se o cargo de presidente do Conselho de Ministros. Des-
gião. As rivalidades se ampliaram, atingindo também as camadas se modo, o imperador em vez de escolher todos os seus ministros
populares. A revolta foi dominada em 1841 pelas tropas do coronel (regra que vigorou no período precedente), escolhia apenas o pri-
Luís Alves de Lima e Silva, futuro duque de Caxias, a mando do go- meiro-ministro. Uma vez nomeado, o primeiro-ministro se encarre-
verno regencial. gava das nomeações para formar o gabinete ministerial.
Com o ministério nomeado, restava a aprovação dos parlamen-
Revolução Farroupilha (1835-1845) tares da Câmara dos Deputados. Dispondo do Poder Moderador, o
Iniciada no Rio Grande do Sul e estendida até Santa Catarina, imperador detinha a prerrogativa de dissolver os gabinetes ministe-
a Guerra dos Farrapos, ou Revolução Farroupilha, foi a maior e mais riais como condição para formação de outro ministério, dependen-
longa revolta do período regencial. do da ocasião e da conjuntura política.

14
HISTÓRIA DO BRASIL
As campanhas platinas Escravidão negra
Durante o Segundo Reinado, o Brasil se envolveu em três O governo imperial brasileiro relutava em cumprir os acor-
conflitos armados com países fronteiriços da região Platina. Esta dos, leis e tratados firmados com a Inglaterra, país cujos inte-
é formada pela Argentina, Uruguai e Paraguai, países que fazem resses econômicos a levaram a defesa da extinção do tráfico de
fronteira ao sul com o Brasil. Naquela época, a região Platina era escravos. Em 1850 o Brasil cedeu as pressões dos ingleses pro-
muito povoada e importante economicamente em razão do intenso mulgando a Lei Eusébio de Queirós, que levou a extinção defini-
comércio local. Foram os interesses econômicos brasileiros que le- tiva do tráfico.
varam o governo imperial a guerra. O governo imperial brasileiro relutava em cumprir os acor-
Em 1851 teve início a Guerra contra Oribe e Rosas. Esse con- dos, leis e tratados firmados com a Inglaterra, país cujos inte-
flito armado envolveu a Argentina e o Uruguai (país que pertenceu resses econômicos a levaram a defesa da extinção do tráfico de
ao Brasil até 1828). Em 1851, Oribe, líder do Partido Blanco tomou escravos. Em 1850 o Brasil cedeu as pressões dos ingleses pro-
o poder no Uruguai, e com o apoio de Rosas, ditador argentino, mulgando a Lei Eusébio de Queirós, que levou a extinção defini-
bloqueou o porto de Montevideu prejudicando o comércio brasi-
tiva do tráfico.
leiro na bacia Platina. As tropas brasileiras comandadas pelo então
A proibição do tráfico negreiro levaria inevitavelmente ao
conde de Caxias aliaram-se às tropas lideradas por políticos rivais a
fim o trabalho escravo. Mas a classe dominante adiou o quando
Oribe e Rosas. O Brasil venceu a guerra em 1852.
pôde a abolição da escravidão no país. Para solucionar o proble-
Em 1864 ocorreu a Guerra contra Aguirre, líder do Partido
Blanco e governante do Uruguai. A guerra começou depois que os ma da crescente escassez de mão de obra, os fazendeiros recor-
uruguaios promoveram várias invasões ao Rio Grande do Sul para reram inicialmente ao tráfico interno de escravos, comprando-os
roubarem gado dos fazendeiros gaúchos. de regiões economicamente decadentes.
O governo imperial organizou tropas que ficaram sob o coman- Quando o problema da falta de mão de obra escrava agra-
do do vice-almirante Tamandaré e do marechal Mena Barreto. Com vou-se, os prósperos fazendeiros paulistas colocaram em prática
o apoio de tropas comandadas por opositores políticos do governo uma política de incentivo à imigração de colonos, que passaram
de Aguirre, o Brasil consegui depô-lo e transferir o governo ao líder a trabalhar sob regime assalariado. O Brasil seria um dos últimos
do Partido Colorado, Venâncio Flores. países do mundo a abolir a escravidão, em 1888.

Guerra do Paraguai Declínio do Segundo Reinado


Mas o conflito armado mais longo e violento foi a Guerra do O café tornou-se o principal produto de exportação brasilei-
Paraguai. Começou em 1864 e chegou ao fim em 1870. O Paraguai ro. A prosperidade econômica advinda com sua comercialização
nesta época era o país mais próspero da região. Contava com uma estimulou a industrialização e a urbanização. Com isso, surgiram
moeda forte e uma economia industrial que era a base do progres- novos grupos e classes sociais, portadoras de novas demandas e
so e desenvolvimento nacional. interesses. Esses grupos passariam a contestar o regime monár-
Quando o ditador nacionalista Francisco Solano López chegou quico através dos movimentos republicano e abolicionista.
ao poder, colocou em prática uma política expansionista que pre- Enquanto a produção cafeeira das regiões do vale do rio Pa-
tendia ampliar o território do Paraguai tomando terras do Brasil, raíba e do Rio de Janeiro entraram em decadência, devido ao
Argentina e Uruguai. Solano López tinha como objetivo formar o esgotamento dos solos, o oeste paulista expandia a produção
“Grande Paraguai”. beneficiado pelas terras roxas, bastante propícias à cultura do
A guerra teve início quando tropas paraguaias invadiram o terri- café. Para os interesses dessa classe de ricos proprietários rurais
tório brasileiro e argentino. Formou-se então a Tríplice Aliança, que a monarquia centralizadora - sediada no Rio de Janeiro e apoiada
unia militarmente o Brasil, Argentina e Uruguai para lutar contra o pelos decadentes senhores de engenhos nordestinos e cafeicul-
Paraguai. Os conflitos foram intensos em várias regiões, terminan- tores do vale do Paraíba -, já não tinha utilidade.
do somente em 1870 com a invasão de Assunção e a perseguição e
Enquanto puderam, defenderam tenazmente a manutenção
morte de Solano López. Para o Paraguai as consequências da guerra
da escravidão, mas progressivamente tornaram-se adeptos dos
foram desastrosas devido à destruição de sua economia industrial e
princípios federalistas contidos nos ideais do movimento repu-
a morte de cerca de 80% da população.
blicano.
O poder do café Desse modo, gradualmente, a monarquia foi perdendo le-
A estabilidade política advinda com o governo imperial de dom gitimidade diante dos novos interesses e aspirações sociais que
Pedro 2º foi amplamente favorecida pela comercialização do café. surgiram. Além disso, a partir da década de 1870, o Estado mo-
A expansão da lavoura cafeeira a partir da segunda metade do sé- nárquico entrou em conflito com duas instituições importantes
culo 19 deu novo impulso a economia agroexportadora, trazendo que formavam a base de sustentação do regime: o Exército e a
prosperidade econômica ao país e favorecendo a consolidação dos Igreja Católica. Uma aliança entre os ricos proprietários rurais do
interesses dos grandes proprietários rurais. oeste paulista e a elite militar do Exército levou a derrocada final
A produção em larga escala do café começou no Rio de Janeiro, do regime monárquico, com a proclamação da República.
nas regiões de Angra dos Reis e Mangaratiba, a partir de 1830. Em
seguida, as plantações se alastraram para o vale do rio Paraíba, a Economia, política e manifestações culturais.
partir daí a produção voltou-se para exportação. Por volta de 1850, Política externa
a lavoura cafeeira se expandiu para o Oeste paulista, favorecida pe-
las condições propícias do solo para o cultivo do café. O jogo de interesses na região platina foi administrado por
Para ser lucrativa, a comercialização do café no concorrido mer- um complexo sistema de alianças políticas que tinha o Uruguai
cado mundial exigiu dos grandes fazendeiros o emprego em larga como principal ponto de atuação. As eleições presidenciais do
escala de mão de obra escrava. Não obstante, nesta época o tráfico Uruguai, durante o século XIX, foram disputadas por dois par-
mundial de escravos entrou em declínio. tidos das suas elites econômicas: o Colorados – que contavam
com o apoio do Brasil – e os Blancos, apoiados pelo Paraguai.

15
HISTÓRIA DO BRASIL
Por duas vezes o Brasil invadiu o Uruguai para defender seus “No Rio de Janeiro, por exemplo, as autoridades locais coloca-
interesses regionais, derrubando os blancos do poder em 1861 e ram, no ano de 1864, 116 meninos, menores de dezesseis anos, à
1864. A última intervenção brasileira foi entendida pelo Paraguai disposição da armada; um ano mais tarde, essa cifra foi de 269 re-
como inaceitável, pois ameaçava sua economia e a navegação pelo crutas. Pelo menos metade desse contingente havia sido recolhida
Prata. Como retaliação o Paraguai atacou um navio brasileiro e in- nas ruas da capital brasileira, dando origem a centenas de ofícios
vadiu partes do território do Mato Grosso, Rio Grande do Sul e da nos quais as famílias solicitavam às autoridades a devolução do fi-
Argentina. Este foi o início da chamada Guerra da Tríplice Aliança lho recrutado à força.
(Argentina, Uruguai e Brasil contra o Paraguai). Nem mesmo meninos escravos, “propriedades” alheias, con-
Paralelamente, a Inglaterra forneceu grande empréstimo ao seguiam escapar a esse furor. Havia ainda duas outras origens pro-
Brasil e também à Argentina para financiar e armar estes dois paí- blemáticas dos voluntários da pátria. Uma delas dizia respeito aos
ses contra o Paraguai, único país da América do Sul que resistia ao escravos que sentavam praça usando nomes falsos, legitimando um
imperialismo inglês. O Paraguai, independente da Espanha desde projeto de fuga e garantindo casa e comida nas fileiras do exército.
1811, já possuía sua própria indústria têxtil e metalúrgica. Seus pre- A outra, decorria de uma antiga prática que consistia em pagar cer-
sidentes contavam com grande popularidade por terem realizado a ta quantia, ou apresentar um escravo-substituto, de si mesmo ou
reforma agrária e terem criado um sistema de ensino público. do filho recrutado, eximindo-se assim das fileiras do exército (...).
Havia, portanto, um aspecto muito singular na situação histó- Não sem razão, as tropas brasileiras, em boa parte formadas
rica e social do Paraguai. Sua economia estava longe de ser uma por escravos, menores abandonados e criminosos, eram descritas
potência, mas preocupava á Inglaterra e aos países vizinhos. como um bando de famintos, aventureiros e aproveitadores de toda
Sua autonomia econômica derivava de seu passado colonial. espécie. Como se não bastassem esses graves problemas, Alfredo
Nunca foi uma prioridade para o colonizador espanhol e, portanto, d’Escragnolle Taunay também indica a presença de mulheres nos
não conheceu o sistema de plantation, nem a exploração minerado- campos de batalha, carregando crianças de peito ou pouco mais ve-
ra. Foi relegada à experiência missionária dos jesuítas, que concen- lhas; mulheres que traziam no rosto os estigmas do sofrimento e da
traram ali a maior parte de suas Missões. extrema miséria e atendiam por nomes que as remetiam a grupos
Houve desta forma, a sobrevivência de costumes do povo gua- sociais de origem humilde, como o caso das Ana Preta, Ana Ma-
muda ou Joana Rita dos Impossíveis. Assim, enquanto os homens
rani e a diferenciação em relação aos vizinhos. Uma vez indepen-
entregavam-se ao roubo, jogatina e comércio, suas companheiras
dente, o Paraguai organizou e modernizou sua economia para se
voltavam-se para o saque, apoderando-se de mantos e ponchos de
defender das tendências expansionistas da Argentina e do Brasil,
paraguaios mortos, ou sobreviviam graças à prostituição, Havia ain-
que já tinha criado na região um estado em 1808 (A Província Cis-
da casos limite como o de certa Maria Curupaiti, que, aos 13 anos,
platina)
disfarçada de homem, foi aceita como voluntário da pátria, falecen-
“Apesar desses esforços “modernizantes”, não há indicações
do em combate”
de empenho dos dirigentes paraguaios em romper com o mundo
tradicional herdado da época colonial. Talvez, a afirmação contrária
Cultura no Segundo Reinado
seja a mais próxima da realidade. Nesse sentido, a reação de Fran- Na segunda metade do século XIX, as manifestações culturais
cisco Solano López, em 1864, dois anos após ter sucedido o pai no mantêm as influências européias, principalmente a francesa, mas
poder, é bastante esclarecedora: os ataques à parte da Argentina, cresce a presença de temas nacionais.
assim como ao sul de Mato Grosso e ao Rio Grande do Sul, de certa
maneira, devolviam aos paraguaios a área de domínio das missões Literatura
jesuíticas antes da expulsão no século XVIII. Portanto, a não ser do O romantismo é marcante na literatura até o final do século
ponto de vista de retorno ao passado, é pouco provável que o Para- XIX, quando cede lugar para o realismo. A prosa de ficção romântica
guai representasse um modelo alternativo para os demais países da se alterna entre o nacionalismo indigenista e o relato de costumes
América Latina. O que não significava que as decisões do governo tipicamente brasileiros. José de Alencar representa bem essas duas
local agradassem aos ingleses.” tendências, com destaque para Lucíola, Iracema e O guarani. Na
O que surpreendeu o mundo foi a capacidade do Paraguai de poesia, o maior expoente é Gonçalves Dias, autor de I-Juca Pira-
suportar quase seis anos de ataques sucessivos, no conflito mais ma e Os timbiras. Surgem também os poetas estudantes, com uma
sangrento da história da América do Sul. A resistência paraguaia, produção marcada pelo pessimismo e pelo sentimentalismo extre-
baseada no apoio popular ao governo de Solano Lopez, obrigou o mo, como Álvares de Azevedo em A noite da taverna e Macário. No
Brasil a uma profunda reorganização de suas forças armadas. realismo, a descrição objetiva da realidade e das ações dos perso-
Simplesmente não havia um exército bem estruturado, pois nagens substitui a visão romântica. Aluísio Azevedo é um dos mais
a segurança interna fora transferida à Guarda Nacional, criada em completos autores do período, com suas obras O mulato, Casa de
1830 e colocada sob o controle dos latifundiários, o que daria a ori- pensão e O cortiço. A estética anti-romântica se expressa na poesia
gem à figura do fazendeiro-coronel, ainda hoje presente na menta- pelo parnasianismo, com ênfase no formalismo da métrica, do rit-
lidade brasileira. mo e da rima. Seu maior representante é Olavo Bilac.
O Brasil improvisou um exército e a primeira medida neste sen-
tido foi a criação do Corpo de Voluntários da Pátria (1865). Ofe- Crítica social
reciam-se vantagens como pagamento em dobro, indenização aos O maior representante da crítica social na literatura é Machado
familiares gratificações. Mas este sistema trouxe dois problemas: os de Assis. Seus romances Dom Casmurro, Esaú e Jacó e Memórias
voluntários não tinham qualquer preparação anterior e seu núme- póstumas de Brás Cubas, ou os contos, como O alienista, refletem
ro ficou muito abaixo do necessário. Dos 120 mil combatentes da de maneira sutil, irônica e mordaz as transformações sociais e a cri-
Guerra, 54 mil foram do Corpo de Voluntários. se de valores dos últimos tempos do Império. Junto com outros in-
O governo brasileiro recorreu então ao recrutamento obrigató- telectuais, Machado de Assis funda a Academia Brasileira de Letras,
rio, utilizando medidas esdrúxulas: prisões foram esvaziadas, assim em 1876, da qual é o primeiro presidente. Na poesia, destaca-se
como crianças e vadios eram caçados pelas ruas das principais cida- Castro Alves, que, por sua dedicação à causa abolicionista, é um dos
des brasileiras. primeiros representantes da arte engajada no Brasil.

16
HISTÓRIA DO BRASIL
Teatro e música O contato resultou em rebeliões e fugas em massa nas décadas
O ator João Caetano funda no Rio de Janeiro a primeira companhia anteriores à abolição. A Lei do Ventre Livre, de 1871, também levava os
nacional de teatro. Em suas performances, procura substituir o estilo escravos a contestarem a situação de escravidão em que se encontra-
rígido da apresentação clássica por uma nova naturalidade e liberdade vam. Em 1885, 120 escravos da fazenda Cantagalo, localizada na cidade
de interpretação. A música popular também se diversifica no período. de Campinas, interior de São Paulo, rebelaram-se e fugiram em massa
Surgem o samba e a marcha, tocados por grupos de “chorões”, conjun- da fazenda em direção à cidade, entoando gritos de “Viva a Liberda-
tos compostos por flauta, violão e cavaquinho, presença indispensável de!” pelo caminho.
nos saraus das populações urbanas de baixa renda. Todas essas ações criavam um clima propício a uma convulsão so-
cial, caso se transformasse em ações de maior escala, colocando em
A escravidão e o processo de abolição risco o poder econômico e político da elite brasileira. Nesse sentido,
O fim da escravidão no Brasil durante muitos anos foi apresentado mas não negando os demais fatores, as lutas escravas contra a escravi-
como uma ação do Estado brasileiro, pressionado pela Inglaterra, atra- dão, conduzidas de forma autônoma pelos escravos, criaram uma rup-
vés de várias legislações, culminando com a assinatura da Lei Áurea tura interna no sistema escravista, pressionando pelo seu fim em 1888.
pela princesa Isabel, em 1888. Também foi apresentado como resulta-
do do interesse das elites latifundiárias cafeeiras, que viam o trabalho A introdução do trabalho livre no Brasil
assalariado mais lucrativo que a força de trabalho escravizada. Após quase quatro séculos de escravidão, três acontecimentos po-
Porém, pouco se fala sobre o papel desempenhado pelas lutas dos dem ser elencados como responsáveis diretos pela introdução do tra-
escravos como principal forma de pressão pelo fim da escravidão. Con- balho livre no Brasil: o movimento abolicionista; as leis assinadas pelo
siderando que a escravidão era o principal sustentáculo da sociedade governo imperial ao longo do século 19; e a entrada gradativa de mão
colonial e imperial brasileira, a lutas dos escravos representou uma ten- de obra imigrante.
dência de ruptura interna nessa relação, que ao final do século XIX não O movimento abolicionista realizou profundas críticas ao regime
poderia mais ser sustentada. de trabalho escravo no Brasil e articulou ações no sentido de minimizá-
Essas lutas existiram desde o início da escravidão. O caso mais -lo e até exterminá-lo. Utilizando-se de jornais, reuniões, assembleias,
notório durante o período colonial foi a formação do Quilombo dos revoltas armadas e denúncias diplomáticas, esse movimento conse-
Palmares, na Serra da Barriga, onde hoje se localiza o estado de Ala- guiu ganhar espaço na opinião pública nacional e internacional. Essa
goas. Vários outros quilombos foram formados, não tão grandes, é pressão colocava o governo imperial numa situação de perda de sua
certo, mas que mostraram sua importância, já que a partir da fuga das popularidade e o obrigou a tomar ações efetivas para a redução do
fazendas, os escravos pretendiam criar uma ruptura com a escravidão, trabalho escravo e introdução do trabalho livre, como a assinatura de
buscando a liberdade. quatro leis que o aboliu gradativamente.
As fugas, porém, não se davam apenas em casos de ruptura com As quatro leis assinadas de maneira gradual pelo governo imperial
a escravidão. Em sua boa parte, elas ocorriam como busca de melho- foram: Lei Eusébio de Queirós (1850) que determinou o fim do tráfico
rias dentro da escravidão. Era o caso das fugas reivindicativas, que negreiro; a Lei do Ventre Livre que libertou os escravos nascidos a partir
pretendiam exigir melhores condições de trabalho no eito. Exemplo de 1871; a Lei dos Sexagenários em 1885 que libertou escravos com
disso foi a fuga dos escravos do Engenho Santana, na região de Ilhéus, 65 anos; até a Lei Áurea que formalizou o fim do trabalho escravo e a
na Bahia. Em 1789, um grupo de escravos fugiu do engenho e formou introdução oficial do trabalho livre no Brasil.
um quilombo nas imediações da fazenda. Apresentaram a seu senhor Ao longo do século 19, a chegada da mão de obra imigrante no
um tratado, em que exigiam melhores condições de trabalho, eleição Brasil se deu gradativamente e influenciou o perfil do trabalho livre no
de outros feitores e o direito de “brincar, folgar, e cantar em todos os país, que desenvolveu a teoria do branqueamento colocando os imi-
tempos que quisermos sem que nos empeça e nem seja preciso licen- grantes europeus como superiores aos escravos alforriados e, poste-
ça.”. Tal evento demonstrou que a luta dos escravos era por alterações riormente, libertos. Segundo essa teoria, a afro-descendência era um
na vida cotidiana dentro dos locais de trabalho. problema para o desenvolvimento do Brasil, pois disseminou-se a ideia
Outra forma de luta realizada pelos escravos eram as rebeliões. Na de que os negros eram preguiçosos e rebeldes. Muito polêmica, essa
Bahia do início do século XIX, cerca de 30 rebeliões de escravos ocor- teoria contribuiu para o preconceito e o racismo ainda presente no
reram ou foram tramadas, sendo impedidas pela ação policial. A mais país.
notória delas foi a Revolta dos Malês, em 1835. Levando em conside- Na verdade, havia um desconforto e um desinteresse por parte
ração a Independência do Haiti, que no início do século foi conduzida das elites em pagar salários para escravos que antes trabalham gratui-
violentamente pelos escravos e resultou no fim da escravidão, os le- tamente. Os Barões do Café, que ocupavam grande espaço nas deci-
vantes dos africanos escravizados criavam o temor da repetição de um sões políticas do governo, pressionavam para que a escravidão fosse
evento semelhante no Brasil, que poderia custar, literalmente, a cabeça mantida. Existia no país um preconceito racial, em larga escala, e um
dos fazendeiros. temor de mudar a base econômica produtiva do Império que era fun-
A constituição de quilombos nas proximidades das cidades con- damentada no conceito escravocrata.
tribuía também para minar o sistema escravista brasileiro. A criação de Já a Burguesia Cafeeira acreditava no uso da mão de obra imigran-
redes de solidariedade próximas aos quilombos, com habitantes das te para impulsionar a atividade econômica e a diversificação de negó-
cidades (escravos libertos, parentes ou mesmo com brancos), possibili- cios a partir dos capitais acumulados com a exportação do café. Graças
tava a realização de pequenas transações comerciais que permitiam a a essa ação empreendedora, o Brasil começa a implantar indústrias,
reprodução material de suas vidas em regime de liberdade. Além disso, ferrovias, casas de comércio e fortalecer seu mercado interno, o que
havia a aproximação com as pessoas livres, criando um sentimento de criava oportunidades de trabalho.
antiescravidão. Alguns motivos adiaram a introdução do trabalho livre no Brasil,
A legislação abolicionista também resultou no acirramento dos um deles é o fato da Coroa receber recursos advindos do tráfico ne-
conflitos sociais entre escravos e senhores. A intensificação do tráfico greiro através de taxas e impostos. Existia também a crença na infe-
interno após a Lei Eusébio de Queirós, em 1850, levou às fazendas do rioridade do negro e de seu trabalho braçal. Esse tipo de preconceito
centro-sul escravos considerados “indisciplinados” e que impunham as aliado às condições desumanas da escravidão levaram os escravos a
condições do “cativeiro justo” com ritmos e trabalhos e quais trabalhos se organizarem, apoiados pelo movimento abolicionista, para fugas,
deveriam desempenhar decididos pelos escravos. estruturação de quilombos e ataques a senzalas.

17
HISTÓRIA DO BRASIL
A introdução de trabalhadores europeus era vista como so-
lução para a escassez de mão de obra qualificada. Devido a isso, 3. A REPÚBLICA BRASILEIRA
os imigrantes passaram a ser prioridade na escolha para o mer- A. A CONSTITUIÇÃO DE 1891, OS MILITARES E A CON-
cado de trabalho. O fato de já estarem habituados ao processo SOLIDAÇÃO DA REPÚBLICA.
de assalariamento mudava a cultura organizacional do mercado, B. A “POLÍTICA DOS GOVERNADORES”.
antes escravista e que neste momento histórico torna-se capita-
C. O CORONELISMO E O SISTEMA ELEITORAL.
D. O MOVIMENTO OPERÁRIO.
lista com relação ao capital-trabalho.
E. O TENENTISMO.
Apesar do custo com a logística de deslocamento do imi-
F. A REVOLUÇÃO DE 1930.
grante no sentido Europa-Brasil era mais interessante para o
G. O PERÍODO VARGAS (1930-1945): ECONOMIA, SO-
mercado ter trabalhadores qualificados do que ex-escravos. Per- CIEDADE, POLÍTICA E CULTURA.
cebendo essa tendência irreversível, o governo imperial apoiou, H. O ESTADO NOVO.
antes da Lei Áurea, a imigração. Após esse documento que for- I. O BRASIL NA II GUERRA MUNDIAL.; A FEB
malizou o início do trabalho livre para todas as etnias, iniciou-se J. O PERÍODO DEMOCRÁTICO (1945-1964): ECONOMIA,
a discriminação e a dificuldade de inserção dos libertos no mer- SOCIEDADE, POLÍTICA E CULTURA.
cado de trabalho. A liberdade chegou ao papel, mas a igualdade K. A INTERVENÇÃO MILITAR, SUA NATUREZA E TRANS-
não se deu de maneira efetiva. FORMAÇÕES ENTRE 1964 E 1985. AS MUDANÇAS INSTI-
As péssimas condições sociais dos libertos devido a sua ex- TUCIONAIS DURANTE O PERÍODO.
clusão, pobreza, analfabetismo e discriminação inibia sua as- L. O “MILAGRE ECONÔMICO”.
censão social em uma sociedade capitalista com mentalidade M. A REDEMOCRATIZAÇÃO.
preconceituosa. Em muitos casos, a introdução do trabalho livre N. OS MOVIMENTOS SOCIAIS NAS DÉCADAS DE 1970 E
ainda manteve cenários de exploração da população de libertos, 1980: ESTUDANTES, OPERÁRIOS E DEMAIS SETORES DA
devido a pouca qualificação profissional. O grande desafio era SOCIEDADE.
integrar com dignidade o negro ao novo regime de trabalho após O. A CAMPANHA PELAS ELEIÇÕES DIRETAS.
a Lei Áurea. P. A CONSTITUIÇÃO DE 1988.
Q. O BRASIL PÓS-1985: ECONOMIA, SOCIEDADE, POLÍ-
O Movimento Republicano e o 13 de Maio TICA E CULTURA.
Os partidos e grupos agrários revezavam-se no poder numa
gangorra viciada e alheia aos reclamos da sociedade em muta- Brasil República é o período da História do Brasil, que teve
ção. O trabalho assalariado imigrante e a semi-servidão sufoca- início com a Proclamação da República. A República foi proclamada
vam a escravidão. E Pedro II observava estrelas. em 15 de novembro de 1889 e vigora até os dias atuais.
Em 1870, através do jornal A República, o Manifesto Repu- A República brasileira é dividida em:
blicano de Quintino Bocaiúva lançou a proposta do Partido Re- • República Velha ou Primeira República
publicano à sociedade. Mas só três anos depois, com a fundação • Era Vargas ou Nova República
do Partido Republicano Paulista na Convenção de Itu, surgiu o • República Populista
grupo dos “Republicanos Históricos”. • Ditadura Militar
Os “Republicanos Idealistas” organizaram-se em torno do • Nova República
Exército, que fundou o Clube Militar. Dessa forma, os cafeiculto-
res e as emergentes classes médias urbanas encontravam seus República Velha ou Primeira República (1889-1930)
interlocutores. A Campanha Abolicionista tomou espaço com a Após a Proclamação da República no Brasil, instituiu-se imedia-
Lei do Ventre-Livre de 1871, mesmo ano da Questão Religiosa, tamente um governo provisório. O governo provisório era chefiado
entre o governo e a cúpula católica. pelo Marechal Deodoro da Fonseca, que deveria dirigir o País até
A Lei Saraiva-Cotegipe libertou os sexagenários em meio à que fosse elaborada uma nova Constituição.
No dia 24 de fevereiro de 1891 foi promulgada a segunda Cons-
Questão Militar. A 13 de Maio de 1888 a Princesa Isabel assinou
tituição brasileira e a primeira da República. No dia seguinte à pro-
a Lei Áurea, extinguindo a escravidão no Brasil. Foi a gota d’água.
mulgação da Constituição, foram eleitos pelo Congresso Nacional, o
A monarquia desabou no dia 15 de novembro de 1889. O Mare-
primeiro presidente e o vice.
chal Deodoro da Fonseca expulsou a família Bragança do Brasil e
A Primeira República foi dividida em dois períodos:
instaurou a República. • República da Espada (1889-1894), em virtude da condi-
ção militar dos dois primeiros presidentes do Brasil: Deodoro da
Fonseca (1891) e Floriano Peixoto (1891-1894)
• República das Oligarquias (1894-1930), período em que
as oligarquias agrárias dominavam o país, conhecido popularmente
como a “política do café com leite”, em razão da dominação paulista
e mineira no governo federal, que só terminou com a Revolução de
1930. Durante o período, apenas três presidentes não procediam
dos Estados de São Paulo e de Minas Gerais. A supremacia politica
das grandes oligarquias foi aniquilada com a Revolução de 1930.

A Constituição de 1891 foi a primeira Constituição da era


republicana.
Teve como característica a instituição do regime republicano
presidencialista e a separação entre o Estado e a Igreja.

18
HISTÓRIA DO BRASIL
Contexto Histórico Em síntese:

Preâmbulo da primeira Constituição republicana do Brasil

O Brasil passava por um momento de transição do regime


monárquico para o republicano. Desta maneira, o governo pre-
cisava mudar a Carta Magna que regia o país desde 1824 e criar
uma Constituição que ajustasse à nova realidade. Assinatura da Constituição de 1891, Eliseu Visconti
Foi escolhida uma Assembleia legislativa que elaborou a
nova Constituição em três meses. Na verdade, grande parte da A Constituição de 1891 trouxe uma nova configuração ao Brasil.
redação ficou a cargo dos juristas Rui Barbosa e Prudente de Além das cláusulas que acabavam com a monarquia, o país agora
Morais. seria configurado de outra maneira. Haveria mais autonomia provincial
A nova Constituição se inspirou, dentre outras, na Carta e foi criado o Estado Laico. A religião católica deixou de ser a oficial do
Magna dos Estados Unidos, tendo como eixo a federalização dos país e todas as confissões religiosas poderiam realizar cultos públicos.
Estados e a descentralização do poder. Inclusive o nome do novo É importante assinalar que algumas propriedades da Igreja foram
país recebeu influência americana, pois foi denominado “Esta- confiscadas nesse momento.
dos Unidos do Brasil”. Igualmente, a mudança do voto não trouxe grandes transforma-
Em 24 de fevereiro de 1891 foi aprovada e promulgada a ções. O voto era aberto e o cidadão tinha que assinar uma lista que
nova Constituição do Brasil. Esta seria alterada em 1926 e revo- podia ser facilmente controlada. Com o novo critério – saber ler e es-
gada quatro anos mais tarde por causa da Revolução de 1930. crever – o número de eleitores caiu, ao invés de aumentar.
Esta Carta Magna foi concebida para atender as demandas da eli-
Características te paulista que apoiou a proclamação da República. Estes haviam de-
A Constituição de 1891 determinava: fendido maior descentralização do Estado e com este documento, o
• A criação de três poderes Executivo, Legislativo e Judi- conseguiram.
ciário ficando extinto o Poder Moderador;
• A separação entre o Estado e a Igreja Católica. O Estado Política dos Governadores
seria o responsável pela emissão de certidões e certificados e o A Política dos Governadores foi um acordo político firmado duran-
te o período da República Velha (1889-1930).
clero católico deixaria de receber subvenção do Estado;
O intuito era unir os interesses dos políticos locais marcado pelas
• A liberdade de culto para todas as religiões;
oligarquias estatais da época juntamente ao governo federal, para as-
• A garantia do ensino primário obrigatório, laico e gra-
sim, garantir o controle do poder político.
tuito;
• A proibição do uso de brasões ou títulos nobiliárquicos; Durante o governo do paulista Campos Salles (1898-1902) o poder
• A instituição do voto universal para cidadãos alfabeti- federal uniu-se às oligarquias estaduais concentrada nas mãos dos
zados; latifundiários. O intuito era estabelecer uma relação amistosa entre as
• A criação do Poder Legislativo bicameral. Os deputados partes.
tinha um mandado de três anos e os senadores nove anos. Isto Dessa forma, a troca de favores era clara: o governo federal con-
pôs fim ao Senado vitalício; cedia poder e liberdade política e ainda benefícios econômicos para as
• O surgimento do Poder Legislativo provincial. Assim, as oligarquias estaduais.
províncias poderiam criar suas próprias leis e impostos, tendo Em troca, favoreciam a escolha dos candidatos por meio do voto
mais autonomia em relação ao poder central. aberto, comandadas e manipulada pelos coronéis, os quais represen-
tavam a força local.
Com isso, fica claro que as elites locais dominavam a cena política
e econômica dos estados, sendo monopolizada por famílias nobres e
muitas vezes comandadas pelos coronéis.
Esse movimento ficou conhecido como “coronelismo”, em que
eles partilhavam a metodologia do voto de cabresto (voto aberto). Isso
viabilizou a corrupção desde fraudes eleitorais e compra de votos. Ade-
mais, o aumento da violência por meio da dominação dos coronéis
nos denominados “currais eleitorais”.

19
HISTÓRIA DO BRASIL
Através da “Comissão Verificadora dos Poderes”, a legitimação 4- A possibilidade de nacionalizar empresas estrangeiras e
dos governadores eleitos nos estados era manipulada. de determinar o monopólio estatal sobre determinadas indús-
Isso reforçava a política dos governadores diante da triagem trias;
feito pelos coronéis apoiados e confiantes do poder federal. 5- As disposições transitórias estabelecendo que o primeiro
Se caso fosse necessário, ocorria a exclusão dos políticos da presidente da República fosse eleito pelo voto indireto da As-
oposição, os quais sofriam a “degola”, ou seja, a fraude eleitoral, sembleia Constituinte.
sendo impedidos de tomar a posse do cargo. A Constituição de 1934 também cuidou dos direitos cultu-
Essa política foi confundida com a política do café com leite. rais, aprovando os seguintes princípios, entre outros:
Nesse modelo, os fazendeiros de minas, que dominavam a produ- • O direito de todos à educação, com a determinação de
ção leiteira e os latifundiários paulistas, produtores de café, reveza- que esta desenvolvesse a consciência da solidariedade humana;
vam o poder na presidência do país. • A obrigatoriedade e gratuidade do ensino primário, in-
No entanto, diferente dessa, a política dos governadores impul- clusive para os adultos, e intenção à gratuidade do ensino ime-
sionou tal estrutura necessária para sua consolidação mais adiante. diato ao primário;
Com efeito, São Paulo e Minas Gerais dominavam a cena políti- • O ensino religioso facultativo, respeitando a crença do
ca e econômica do país. Na segunda metade do século XIX, o Brasil aluno;
era o maior produtor e exportador de café. • A liberdade de ensinar e garantia da cátedra.
Desde a Proclamação da República, em 1889, cujo modelo mo-
nárquico foi substituído por uma estrutura presidencialista republi- A Constituição de 1934 ainda garante ao cidadão:
cana, a figura do presidente passava a ser a mais importante. • Que a lei não prejudicaria o direito adquirido, o ato ju-
As oligarquias que possuíam e controlavam o poder local es- rídico perfeito e a coisa julgada;
tatal, passaram a desenvolver estratégias junto ao poder federal. • O principio da igualdade perante a lei, instituindo que
Esse método de benefício dos grandes fazendeiros e do gover- não haveria privilégios, nem distinções, por motivo de nascimen-
no federal somente terminou com a Era Vargas (1930-1945) e como to, sexo, raça, profissão própria ou dos pais, riqueza, classe so-
consequência fortaleceu a figura dos coronéis. cial, crença religiosa ou ideias políticas;
Além do governo de Campos Sales, o criador da política, outros
• A aquisição de personalidade jurídica, pelas associa-
presidentes do período de república velha usufruíram do sistema
ções religiosas, e introduziu a assistência religiosa facultativa nos
da Política dos Governadores:
estabelecimentos oficiais;
• Rodrigues Alves (1902 a 1906)
• A obrigatoriedade de comunicação imediata de qual-
• Afonso Pena (1906 a 1909)
quer prisão ou detenção ao juiz competente para que a relaxasse
• Nilo Peçanha (1909 a 1910)
e, se ilegal. requerer a responsabilidade da autoridade co-auto-
• Hermes da Fonseca (1910 a 1914)
ra;
• Venceslau Brás (1914 a 1918)
• Delfim Moreira (1918 a 1919) • O habeas-corpus, para proteção da liberdade pessoal,
• Epitácio Pessoa (1919 a 1922) e estabeleceu o mandado de segurança, para defesa do direito,
• Arthur Bernardes (1922 a 1926) certo e incontestável, ameaçado ou violado por ato inconstitu-
• Washington Luís (1926 a 1930) cional ou ilegal de qualquer autoridade;
• A proibição da pena de caráter perpétuo;
Constituição de 1934 • O impedimento da prisão por dívidas, multas ou custas;
A Constituição de 1934 foi uma consequência direta da Revolu- • A extradição de estrangeiro por crime político ou de
ção Constitucionalista de 1932. Com o fim da Revolução, a questão opinião e, em qualquer caso, a de brasileiros;
do regime político veio à tona, forçando desta forma as eleições • A assistência judiciária para os desprovidos financeira-
para a Assembleia Constituinte em maio de 1933, que aprovou a mente;
nova Constituição substituindo a Constituição de 1891. • Que as autoridades a emitam certidões requeridas,
O objetivo da Constituição de 1934 era o de melhorar as con- para defesa de direitos individuais ou para esclarecimento dos
dições de vida da grande maioria dos brasileiros, criando leis sobre cidadãos a respeito dos negócios públicos;
educação, trabalho, saúde e cultura. Ampliando o direito de cidada- • A isenção de impostos ao escritor, jornalista e ao pro-
nia dos brasileiros, possibilitando a grande fatia da população, que fessor;
até então era marginalizada do processo político do Brasil, partici- • Que a todo cidadão legitimidade para pleitear a decla-
par então desse processo. A Constituição de 34 na realidade trouxe, ração de utilidade ou anulação dos atos lesivos do patrimônio da
portanto, uma perspectiva de mudanças na vida de grande parte União, dos Estados ou dos Municípios;
dos brasileiros. • A proibição de diferença de salário para um mesmo tra-
No dia seguinte à promulgação da nova Carta, Getúlio Vargas balho, por motivo de idade, sexo, nacionalidade ou estado civil;
foi eleito presidente do Brasil. • Receber um salário mínimo capaz de satisfazer à neces-
sidades normais do trabalhador;
São características da Constituição de 1934: • A limitação do trabalho a oito horas diárias, só
1- A manutenção dos princípios básicos da carta anterior, ou prorrogáveis nos casos previstos pela lei;
seja, o Brasil continuava sendo uma república dentro dos princípios • A proibição de trabalho a menores de 14 anos, de tra-
federativos, ainda que o grau de autonomia dos estados fosse re- balho noturno a menores de 16 anos e em indústrias insalubres
duzido; a menores de 18 anos e a mulheres;
2 – A dissociação dos poderes, com independência do executi- • A regulamentação do exercício de todas as profissões.
vo, legislativo e judiciário; além da eleição direta de todos os mem-
bros dos dois primeiros. O Código eleitoral formulado para a eleição A Constituição de 1934 representou o início de uma nova
da Constituinte foi incorporado à Constituição; fase na vida do país, entretanto vigorou por pouco tempo, até a
3 – A criação do Tribunal do Trabalho e respectiva legislação introdução do Estado Novo, em 10 de novembro de 1937, sendo
trabalhista, incluindo o direito à liberdade de organização sindical; substituída pela Constituição de 1937.

20
HISTÓRIA DO BRASIL
Constituição Polaca - 1937 Uma das características da forma de governo republicana é
A Constituição Brasileira de 1937, outorgada pelo presidente exatamente a participação popular e sua representatividade na de-
Getúlio Vargas em 10 de Novembro de 1937, mesmo dia em que foi finição de políticas públicas, o que não aconteceu em 1891. Tudo
implanta a ditadura do Estado Novo, é a quarta Constituição do Bra- isso contou com o respaldo doutrinário do liberalismo clássico. Mas
sil e a terceira da república. Ficou conhecida como Polaca, por ter como assim? Alguns anos antes de sua promulgação, ocorreu o fim
sido baseada na Constituição dominadora da Polônia. Foi redigida da escravidão (1888), surgindo assim um novo contingente de po-
por Francisco Campos, então ministro da Justiça do novo regime. tenciais eleitores. A partir daí, surgiu a necessidade de aperfeiçoa-
A característica principal dessa constituição era a grande con- mento de mecanismos que garantissem a ampliação formal da par-
centração de poderes nas mãos do chefe do Executivo. Seu conteú- ticipação política, mas que ao mesmo tempo pudesse excluir – na
do era fortemente centralizador, ficando a cargo do presidente da prática – as classes menos favorecidas. Em resumo: todos poderiam
República a nomeação das autoridades estaduais, os interventores votar, desde que alfabetizados – em uma população predominante-
e a esses, por sua vez, cabia nomear as autoridades municipais. mente analfabeta, rural e de escravos recém-libertos.
Após a queda de Vargas e o fim do Estado Novo em outubro de
1945, foram realizadas eleições para a Assembleia Nacional Consti- As forças políticas e econômicas da época
tuinte, paralelamente à eleição presidencial. Eleita a Constituinte, Já vimos que o voto durante a República Velha era algo restrito
seus membros se reuniram para elaborar uma nova constituição, às elites. Mas quem era a elite daquela época? Os grandes fazen-
que entrou em vigor a partir de setembro de 1946, substituindo a deiros donos de terras. Esse domínio econômico e político da elite
de 1937. agrária ficou conhecido como coronelismo, tanto é que a República
A Constituição de 1937 deu origem a vários acontecimentos na Velha é lembrada até hoje como a república dos coronéis.
História política do Brasil que têm consequências até hoje. E, princi- O coronelismo sustentava o predomínio das oligarquias (sistema
palmente, formou o grupo de oposição a Getúlio que culminou no político concentrado na mão de poucos) na República Velha. Como
golpe militar de 1964. Este, por sua vez, deu origem à Constituição elite endinheirada daquela época, os coronéis eram os grandes pro-
de 1967, a outra constituição republicana autoritária — a segunda prietários rurais com autoridade política e econômica na região. A
e, até os dias de hoje, a última. figura do coronel predominava na vida social da região: era patrão,
padrinho de casamento, padrinho de batismo… No final das contas,
Da Constituição de 1937 pode-se destacar que: todos tinham alguma relação com o coronel e deviam favores e
• Concentra os poderes executivo e legislativo nas mãos do obediência às suas determinações.
Presidente da República; Diante dessa dependência, o povo tornou-se moeda de troca
• Estabelece eleições indiretas para presidente, que terá em negociatas políticas com as oligarquias estaduais, representadas
mandato de seis anos; principalmente pelos governadores. Essa rede de favores fez parte
• Acaba com o liberalismo; do sistema de trocas que ficou conhecida como “política dos gover-
• Admite a pena de morte; nadores” e funcionava da seguinte forma: na esfera municipal, em
• Retira dos trabalhadores o direito de greve; troca de verbas e benefícios, o coronel garantia os votos em seu
• Permitia ao governo expurgar funcionários que se opuses- “curral eleitoral” para eleger o governador. Por sua vez, na esfe-
sem ao regime; ra estadual, o governador de estado, em troca de apoio político
• Previu a realização de um plebiscito para referendá-la, o e financeiro, garantia os votos para a eleição do governo federal.
que nunca ocorreu. No final das contas, esse sistema viabilizou alternância de minei-
ros e paulistas na Presidência da República, o que ficou conhecido
O coronelismo e o sistema eleitoral como “política do café com leite”.
Instrumento da soberania popular, o voto representa o meio
pelo qual exercitamos o sufrágio universal, ou seja, o direito de Voto de cabresto
votar e ser votado. É por meio dele que elegemos nossos represen- O voto de cabresto foi a ferramenta utilizada pelos
tantes políticos em âmbito municipal, estadual e federal. Atualmen- coronéis para controlar o voto popular, por meio de abuso de
te, o art. 14 da Constituição Federal de 1988 prevê o voto direto e autoridade, compra de votos ou utilização da máquina pública. As
secreto, com valor igual para todos. Porém, nem sempre foi assim! regiões controladas politicamente pelos coronéis eram conhecidas
Diferente do atual texto constitucional, a Constituição de como currais eleitorais, sendo o povo coagido a votar nele ou no
1891 previa o voto aberto (não secreto), em que era possível seu candidato. Eram verdadeiros espaços de mando e desmando,
ver em qual candidato o eleitor iria votar. Diante desse contexto onde a decisão dos coronéis locais determinavam a ação da popu-
e somado a outros fatores daquela época, o “voto de cabres- lação.
to” tornou-se uma ferramenta poderosa utilizada pelos coronéis Como já vimos, o voto naquela época era aberto, de tal modo
durante a República Velha (1889-1930). que era possível ver em quem o eleitor iria votar. Valendo-se dessa
“brecha legal”, os coronéis deslocavam jagunços para os locais de
Voto de cabresto: contexto histórico e legal votação para ver em quem qual candidato o eleitor iria votar. Caso
Em 15 de novembro de 1889, o Marechal Deodoro da Fonseca contrariasse os interesses dos patrões, o eleitor sofria retaliações,
proclama a república, marcando o fim da monarquia. Logo depois, como: agressões físicas, perda do emprego, despejos de suas casas
em 1891, a segunda Constituição do Brasil era promulgada, conso- e suas famílias eram castigadas.
lidando a forma de governo republicana em substituição à monár- O voto aberto, somado às retaliações dos coronéis caso o povo
quica. Diferente da Constituição de 1824 (Brasil Império), em que contrariasse suas ordens, daria um resultado previsível. Um solo
o voto era baseado em renda (na prática, só os ricos podiam votar), fértil para a manipulação e fraude das eleições. Os analfabetos
a Constituição de 1891 (Brasil República) estabelece o voto univer- não votavam (lembram?), porém os coronéis davam um “jeitinho”:
sal masculino, mas deixando de fora: mulheres, analfabetos(maio- como uma das práticas de fraudes, eles entregavam aos emprega-
ria da população daquela época), menores de 21 anos, entre outros. dos um papel que já estava preenchido com o nome do candidato,
Percebeu alguma contradição? Isso mesmo: representatividade! Ou restando apenas depositá-lo na urna de votação. O transporte aos
melhor, a falta dela. locais de votação também eram garantidos por esses coronéis.

21
HISTÓRIA DO BRASIL
Além disso, a prática da compra de votos ou troca por bens ma- Para os comunistas, a situação de exploração capitalista aca-
teriais era mais uma maneira de fraudar as eleições. O eleitor troca- baria somente quando os operários assumissem o poder estatal,
va seu voto por um favor, como um bem material (sapatos, roupas e ou seja, o controle do Estado. A partir daí, então, criariam novos
chapéus) ou algum tipo de serviço (atendimento médico, remédios, valores sociais para aumentar a qualidade de vida da sociedade,
verba para enterro, matrícula em escola, bolsa de estudos). A ven- acabando, dessa maneira, com a exploração capitalista.
da, por sua vez, se dava por pequenos interesses, promessas parti- O movimento operário se consolidou e se organizou funda-
culares dos oligarcas aos pobres, camponeses e empregados locais. mentalmente no século XIX.
E se nada disso garantisse a lealdade do voto, a violência seria usa-
da como forma de convencimento. O tenentismo
O controle das oligarquias só foi abalado com o próprio desen- O tenentismo foi um movimento político e militar realizado
volvimento dos centros urbanos brasileiros. Com o passar do tem- por jovens oficiais brasileiros durante o período da Primeira
po, o meio rural e os instrumentos de dominação ligados a esse República. Esse corpo de oficiais era composto em geral por te-
espaço cederam lugar para novos grupos sociais também interessa- nentes e capitães que estavam insatisfeitos com o sistema político
dos em ampliar sua ação política. brasileiro, sobretudo com as práticas do jogo político imposto pe-
Com a Revolução de 1930 e a chegada de Getúlio Vargas à las oligarquias.
presidência do país, isso ficou ainda mais evidente. O surgimento do tenentismo na década de 1920 contribuiu
para a desestabilização da ordem política existente na Primeira
O movimento operário República. O surgimento desse movimento remonta à campanha
Com a aceleração da industrialização, a crescente concentra- eleitoral das eleições de 1922. Nessas eleições, a oligarquia
ção de capital e a formação de grandes monopólios no século XIX, paulista e mineira lançou Artur Bernardes como candidato a
diversos países europeus (como a Inglaterra, a França e a Alema- presidente e enfrentou a concorrência de Nilo Peçanha, apoiado
nha) se destacaram com o fortalecimento de suas economias. A pelas oligarquias de Rio Grande do Sul, Pernambuco, Bahia e Rio
industrialização trouxe consigo a urbanização, as cidades não chei- de Janeiro.
ravam mais a cavalo (decorrente da grande quantidade de charre- A candidatura de Nilo Peçanha ficou conhecida como Reação
tes que circulavam nas cidades), mas, sim, à fumaça e óleo (com Republicana, e sua chapa procurou conquistar o voto das classes
a introdução dos automóveis no final do século XIX). Assim, uma médias urbanas. Foi durante essa campanha eleitoral que a
rápida e desorganizada urbanização se acentuou na Europa. imagem de Artur Bernardes como político antimilitar popularizou-
A partir da ascensão do sistema capitalista (industrialização, se por causa de cartas falsas que foram veiculadas com supostas
formação de mercados, bancos, comércios), ocorreu a ascensão de críticas feitas por ele aos militares.
uma nova classe social: os operários, isto é, os trabalhadores das Apesar de ter sido divulgado à época que os documen-
indústrias capitalistas. Consequentemente, surgiram as relações so- tos eram falsos, a relação dos militares com Artur Bernardes
ciais entre donos das fábricas (exploradores) e trabalhadores das desgastou-se profundamente. A situação agravou-se de maneira
fábricas (explorados) que permearam o dia a dia das indústrias. definitiva quando o presidente eleito Artur Bernardes ordenou
Dessas relações nem um pouco amistosas entre capitalistas e o fechamento do Clube Militar e a prisão de Hermes da Fonseca.
trabalhadores surgiram na Inglaterra dois movimentos, os ludistas A partir daí, iniciou-se um movimento de revolta e contestação
e os cartistas, que tinham um objetivo em comum: encontrar solu- dentro do exército contra os governos da Primeira República.
ções para os problemas enfrentados pelos operários, principalmen- A atuação do movimento tenentista estendeu-se de 1922 a
te o desemprego (decorrente da introdução nas fábricas de máqui- 1927 e, ao longo desse período, uma série de rebeliões aconte-
nas que substituíram diversas forças de trabalho humana). Tanto ceu. A primeira grande revolta dos tenentistas aconteceu em 5
ludistas quanto cartistas reivindicavam, através de ações (como a de julho de 1922, na cidade do Rio de Janeiro, e ficou conhecida
quebra de maquinarias das indústrias), o retorno ao emprego dos como Revolta do Forte de Copacabanaou Revolta dos 18 do Forte
trabalhadores desempregados. de Copacabana.
Outra forma de reivindicação operária que não surtiu tanto Os tenentes rebelados em Copacabana queriam recuperar a
efeito foi a tentativa de alcançar melhores condições de trabalho honra dos militares, alegando que eram reprimidos pelo governo
solicitando-as ao governo. Geralmente o poder público não atendia de Artur Bernardes. Durante essa revolta, os tenentes ficaram cer-
a essas reivindicações, pois o próprio governo era dono de indús- cados no Forte de Copacabana e, em certo momento, 18 oficiais,
trias. em um ato de desespero, resolveram marchar pela avenida Atlân-
Com o decorrer das décadas, o capitalismo foi agregando novas tica na direção das tropas do governo. Somente dois oficiais dos
feições, a sociedade passou por crescentes transformações e, as- dezoito sobreviveram: Siqueira Campos e Eduardo Gomes.
sim, os operários necessitavam articular novas formas de lutar por Depois desse episódio, o ímpeto da revolta espalhou-se por ou-
suas causas. Dessa maneira, surgiram os movimentos socialistas, a tros oficiais em diferentes partes do Brasil. Houve rebeliões tenen-
partir da organização dos trabalhadores. tistas em Manaus, em 1924, que ficaram conhecidas como Comu-
Os principais movimentos socialistas que surgiram no século na de Manaus. Houve também a Revolução Paulista de 1924, que
XIX foram o anarquismo e o comunismo. Segundo as ideias anar- posteriormente deu início à Coluna Costa-Prestes, quando as
quistas, os operários somente iriam melhorar as condições de vida tropas tenentistas lideradas por Miguel Costa uniram-se com os
se o Estado e todas as formas de poder fossem extintas. Daí, temos tenentistas liderados por Luís Carlos Prestes.
as seguintes observações, tanto o anarquismo quanto o comunis- A Coluna Costa-Prestes surgiu em 1925 e foi considerada o
mo pautavam suas metas em transformações sociais profundas, maior movimento tenentista do período. Os oficiais liderados
não solicitavam somente mudanças nas relações entre patrões e por Miguel Costa e Luís Carlos Prestes marcharam no interior
trabalhadores. do Brasil durante mais de dois anos, lutando contra as tropas do
Os anarquistas acreditavam que toda forma de exploração dos presidente Artur Bernardes. Ao todo, a Coluna Costa-Prestes mar-
seres humanos teria um fim a partir do momento em que a socie- chou por 25.000 quilômetros e cruzou doze estados. O movimen-
dade se organizasse sem autoridade, sem gestores, sem escola, sem to encerrou-se em 1927, quando se exilaram na Bolívia.
polícia, ou seja, sem quaisquer outras instituições estatais.

22
HISTÓRIA DO BRASIL
Qual era a ideologia dos tenentistas? Período Vargas
Primeiramente, eles eram absolutamente contrários às práticas Muito difícil falarmos de História do Brasil sem mencionar Getúlio
políticas do período da Primeira República. Assim, eles lutavam con- Vargas. A Era Vargas compreende os anos de 1930 até 1945. No con-
tra o poder das oligarquias, sobretudo no interior do Brasil, onde as texto internacional nos deparamos com a Crise de 1929 e com a Revo-
desigualdades sociais manifestavam-se de maneira mais acentuada. lução de 1930, que contribuíram para o fim da República Velha, aquela
O projeto dos tenentistas foi considerado como um movimento da Política do Café com Leite.  Foi dado o início a esse importante pe-
salvacionista, uma vez que eles alegavam agir em defesa das insti- ríodo marcado por muitas mudanças econômicas, sociais e pela pro-
tuições republicanas. Além disso, havia uma grande insatisfação nos mulgação de uma nova constituição. Entre as características marcantes
quadros militares com o pouco investimento realizado na corpora- dos governos Vargas podemos destacar o Populismo. Vargas foi quem
ção, segundo a visão deles. implementou as Leis Trabalhistas, em voga nos dias de hoje por conta
Os tenentistas consideravam a condição política em que o Bra- da proposta de reforma nas Leis Trabalhista.
sil se encontrava como a grande causadora das carências existentes. Era Vargas é o nome que se dá ao período em que Getúlio Vargas
Como lutavam contra as oligarquias, naturalmente, eram contrários governou o Brasil por 15 anos, de forma contínua (de 1930 a 1945).
à existência do federalismo no Brasil, alegando que esse sistema Esse período foi um marco na história brasileira, em razão das inúme-
permitia a fragmentação política do Brasil, o que gerava a concen- ras alterações que Getúlio Vargas fez no país, tanto sociais quanto eco-
tração do poder em núcleos regionais. nômicas.
Os tenentistas, em geral, defendiam um projeto para o Brasil A Era Vargas teve início com a Revolução de 1930, onde expulsou
baseado no liberalismo, porém, é importante pontuar que dentro do poder a oligarquia cafeeira, dividindo-se em três momentos:
do grupo existiam oficiais que abraçavam outras ideologias, como • Governo Provisório -1930-1934
o comunismo. Além disso, defendiam a formação de uma repúbli- • Governo Constitucional – 1934-1937
ca autoritária que promovesse as mudanças necessárias. Assim, • Estado Novo – 1937-1945
conforme colocam as historiadoras Lilia Schwarcz e Heloisa Starling,
os tenentistas eram “liberais em temas sociais e autoritários em Até o ano de 1930 vigorava no Brasil a República Velha, conhecida
política”. hoje como o primeiro período republicano brasileiro. Como caracterís-
No campo econômico, defendiam a modernização e
tica principal centralizava o poder entre os partidos políticos e a conhe-
industrialização do país e o fim da política que priorizava o
cida aliança política “café-com-leite” (entre São Paulo e Minas Gerais),
café na economia brasileira. Por fim, vale ressaltar que, em
a República Velha tinha como base a economia cafeeira e, portanto,
questões sociais, eles defendiam “a reforma do ensino público, a
mantinha fortes vínculos com grandes proprietários de terras.
obrigatoriedade do ensino primário e a moralização da política”.
De acordo com as políticas do “café-com-leite”, existia um reveza-
Além disso, “denunciavam, também, as miseráveis condições de
mento entre os presidentes apoiados pelo Partido Republicano Pau-
vida e a exploração dos setores mais pobres”.
lista (PRP), de São Paulo, e o Partido Republicano Mineiro (PRM), de
Os tenentistas, no entanto, não possuíam um plano de ação e
Minas Gerais. Os presidentes de um partido eram influenciados pelo
não sabiam como implantariam as reformas que defendiam. Assim,
as lutas organizadas por eles, conforme os historiadores classificam, outro partido, assim, dizia-se: nada mais conservador, que um liberal
foram caracterizadas mais pela ação do que pelo discurso. O tenen- no poder.
tismo foi responsável por lançar nomes importantes nos quadros
políticos do Brasil nas décadas seguintes e esteve diretamente li- O Golpe do Exército
gado com a Revolução de 1930, que pôs fim à Primeira República e Em março de 1930, foram realizadas as eleições para presidente
colocou Getúlio Vargas no poder. da República. Eleição esta que deu a vitória ao candidato governista
Júlio Prestes. Entretanto, Prestes não tomou posse. A Aliança Liberal
A revolução de 1930 (nome dado aos aliados mineiros, gaúchos, e paraibanos) recusou-se a
A Revolução de 1930 foi um movimento armado, liderado pelos aceitar a validade das eleições, alegando que a vitória de Júlio Prestes
estados do Rio Grande do Sul, Minas Gerais e Paraíba, insatisfeitos era decorrente de fraude.
com o resultado das eleições presidenciais e que resultou em um Além disso, deputados eleitos em estados onde a Aliança Liberal
golpe de Estado, o Golpe de 1930. conseguiu a vitória, não tiveram o reconhecimento dos seus manda-
O Golpe derrubou o então presidente da república Washington tos. Os estados aliados, principalmente o Rio Grande do Sul planejam
Luís em 24 de outubro de 1930, impediu a posse do presidente elei- então, uma revolta armada. A situação acaba agravando-se ainda mais
to Júlio Prestes e colocou fim à República Velha. quando o candidato a vice-presidente de Getúlio Vargas, João Pessoa,
Histórico é assassinado em Recife, capital de Pernambuco.
Em 1929, as lideranças de São Paulo deram fim a aliança com Como os motivos dessa morte foram duvidosos, a propaganda ge-
os mineiros, conhecida como “política do café-com-leite”, e reco- tulista aproveitou-se disso para usá-la em seu favor, atribuindo a culpa
mendaram o paulista Júlio Prestes como candidato à presidência da à oposição, além da crise econômica acentuada pela crise de 1929; a
República. Em contrapartida, o Presidente de Minas Gerais, Antônio indignação, deste modo, aumentou, e o Exército – que por sua vez era
Carlos Ribeiro de Andrada apoiou a candidatura oposicionista do desfavorável ao governo vigente desde o tenentismo – começou a se
gaúcho Getúlio Vargas. mobilizar e formou uma junta governamental composta por generais
Em março de 1930, foram realizadas as eleições para presiden- do Exército. No mês seguinte, em três de novembro, Júlio Prestes foi
te da República, eleição esta, que deu a vitória ao candidato gover- deposto e fugiu junto com Washington Luís e o poder então foi passado
nista, o então presidente do estado de São Paulo Júlio Prestes. No para Getúlio Vargas pondo fim à República Velha.
entanto, Prestes não tomou posse, em razão do golpe de estado
desencadeado a 3 de outubro de 1930, e foi exilado. Governo provisório (1930 - 1934)
Getúlio Vargas então, assume a chefia do “Governo Provisório” O Governo Provisório teve como objetivo reorganizar a vida polí-
em 3 de novembro de 1930, data que marca o fim da República Ve- tica do país. Neste período, o presidente Getúlio Vargas deu início ao
lha e da início as primeiras formas de legislação social e de estímulo processo de centralização do poder, eliminando os órgãos legislati-
ao desenvolvimento industrial. vos (federal, estadual e municipal).

23
HISTÓRIA DO BRASIL
Diante da importância que os militares tiveram na estabilização O Golpe de Getúlio Vargas foi organizado junto aos militares e teve
da Revolução de 30, os primeiros anos da Era Vargas foram marca- o apoio de grande parcela da sociedade, uma vez que desde o final de
dos pela presença dos “tenentes” nos principais cargos do governo 1935 o governo reforçava sua propaganda anti comunista, alarmando
e por esta razão foram designados representantes do governo para a classe média, na verdade preparando-a para apoiar a centralização
assumirem o controle dos estados, tal medida tinha como finali- política que desde então se desencadeava. A partir de novembro de
dade anular a ação dos antigos coronéis e sua influência política 1937 Vargas impôs a censura aos meios de comunicação, reprimiu a
regional. atividade política, perseguiu e prendeu seus inimigos políticos, adotou
Esta medida consolidou-se em clima de tensão entre as velhas medidas econômicas nacionalizantes e deu continuidade a sua política
oligarquias e os militares interventores. A oposição às ambições trabalhista com a criação da CLT (Consolidação das Leis do Trabalho),
centralizadoras de Vargas concentrou-se em São Paulo, onde as oli- publicou o Código Penal e o Código de Processo Penal, todos em vigor
garquias locais, sob o apelo da autonomia política e um discurso atualmente. Getúlio Vargas foi responsável também pelas concepções
de conteúdo regionalista, convocaram o “povo paulistano” a lutar da Carteira de Trabalho, da Justiça do Trabalho, do salário mínimo, e
contra o governo Getúlio Vargas, exigindo a realização de eleições pelo descanso semanal remunerado.
para a elaboração de uma Assembleia Constituinte. A partir desse O principal acontecimento na política externa foi a participação do
movimento, teve origem a chamada Revolução Constitucionalista Brasil na Segunda Guerra Mundial contra os países do Eixo, fato este,
de 1932. responsável pela grande contradição do governo Vargas, que dependia
Mesmo derrotando as forças oposicionistas, o presidente con- economicamente dos EUA e possuía uma política semelhante à ale-
vocou eleições para a Constituinte. No processo eleitoral, devido o mã. A derrota das nações nazi fascistas foi a brecha que surgiu para o
desgaste gerado pelos conflitos paulistas, as principais figuras mili- crescimento da oposição ao governo de Vargas. Assim, a batalha pela
tares do governo perderam espaço político e, em 1934 uma nova democratização do país ganhou força. O governo foi obrigado a indul-
constituição foi promulgada. tar os presos políticos, além de constituir eleições gerais, que foram
A Carta de 1934 deu maiores poderes ao poder executivo, ado- vencidas pelo candidato oficial, isto é, apoiado pelo governo, o general
tou medidas democráticas e criou as bases da legislação trabalhista. Eurico Gaspar Dutra.
Além disso, sancionou o voto secreto e o voto feminino. Por meio Chegava ao fim a Era Vargas, mas não o fim de Getúlio Vargas, que
dessa resolução e o apoio da maioria do Congresso, Vargas garantiu
em 1951 retornaria à presidência pelo voto popular.
mais um mandato.
O Brasil na Segunda Guerra Mundial
Governo Constitucional (1934 – 1937)
A Segunda Guerra Mundial foi o maior conflito da história da hu-
Nesse segundo mandato, conhecido como Governo Constitu-
manidade no século XX, ocorrido entre 1939 e 1945.
cional, a altercação política se deu em volta de dois ideais primor-
As operações militares envolveram 72 nações, resultaram em 45
diais: o fascista – conjunto de ideias e preceitos político-sociais to-
milhões de mortes, 35 milhões de feridos e 3 milhões de desapareci-
talitário introduzidos na Itália por Mussolini –, defendido pela Ação
Integralista Brasileira (AIB), e o democrático, representado pela dos.
Aliança Nacional Libertadora (ANL), era favorável à reforma agrá- Calcula-se que o custo total da Segunda Guerra Mundial chegou a
ria, a luta contra o imperialismo e a revolução por meio da luta de 1 trilhão e 385 milhões de dólares.
classes.
A ANL aproveitando-se desse espírito revolucionário e com as Início da Guerra
orientações dos altos escalões do comunismo soviético, promoveu O conflito foi dividido em três fases:
uma tentativa de golpe contra o governo de Getúlio Vargas. Em • As vitórias do Eixo (1939-1941);
1935, alguns comunistas brasileiros iniciaram revoltas dentro de • O equilíbrio das forças (1941-1943);
instituições militares nas cidades de Natal (RN), Rio de Janeiro (RJ) • A vitória dos Aliados (1943-1945).
e Recife (PE).    Devido à falha de articulação e adesão de outros
estados, a chamada Intentona Comunista, foi facilmente controlada A 2ª Guerra Mundial, se iniciou com a invasão da Polônia pela Ale-
pelo governo. manha no dia 1º de setembro de 1939. Ela terminou com a rendição da
Getúlio Vargas, no entanto, cultivava uma política de centrali- Alemanha em 8 de maio de 1945.
zação do poder e, após a experiência frustrada de golpe por parte No Pacífico, as batalhas continuariam até a capitulação do Japão
da esquerda utilizou-se do episódio para declarar estado de sítio, em 2 de setembro de 1945.
com essa medida, Vargas, perseguiu seus oponentes e desarticulou As principais frentes de batalha eram formadas pelas:
o movimento comunista brasileiro. Mediante a “ameaça comunis- • As nações do Eixo (integrado por Alemanha, Itália e Japão);
ta”, Getúlio Vargas conseguiu anular a nova eleição presidencial que • As nações Aliadas (Grã-Bretanha, União Soviética e Estados
deveria acontecer em 1937. Anunciando outra calamitosa tentativa Unidos).
de golpe comunista, conhecida como Plano Cohen, Getúlio Vargas
anulou a constituição de 1934 e dissolveu o Poder Legislativo. A par- Vitórias do Eixo
tir daquele ano, Getúlio passou a governar com amplos poderes, A primeira fase da 2ª Guerra Mundial ocorreu com a invasão da
inaugurando o chamado Estado Novo. Polônia pela Alemanha em 1939.
Essa fase foi classificada como Sitzkrieg, que significa guerra de
Estado Novo (1937 - 1945) mentira.
No dia 10 de novembro de 1937, era anunciado em cadeia de Na tentativa de barrar as incursões do chanceler alemão Adolf
rádio pelo presidente Getúlio Vargas o Estado Novo. Tinha início en- Hitler (1889 - 1945), os governos de França e Grã-Bretanha impuse-
tão, um período de ditadura na História do Brasil. ram bloqueios econômicos à Alemanha. No entanto, não chegaram ao
Sob o pretexto da existência de um plano comunista para a to- conflito direto.
mada do poder (Plano Cohen) Vargas fechou o Congresso Nacional Eficaz no campo de batalha, a Alemanha realizou em 1940, uma
e impôs ao país uma nova Constituição, que ficaria conhecida de- operação em que combinou ataques terrestres, aéreos e navais para
pois como “Polaca” por ter sido inspirada na Constituição da Polô- ocupar a Dinamarca. Assim, a Sitzkrieg passou a ser chamada de Blit-
nia, de tendência fascista. zkrieg, que significa guerra relâmpago.

24
HISTÓRIA DO BRASIL
O exército alemão também tomou a Noruega como forma de sal- Com a vitória soviética em Stalingrado, os nazistas não conquista-
vaguardar a proteção do comércio de aço com a Suécia e marcar posi- ram mais nenhum território.
ção contra a Grã-Bretanha. Para tanto, foi ocupado o porto norueguês O chamado equilíbrio das forças caracteriza a fase intermediária
de Narvik. da Segunda Guerra Mundial, 1941.
Ainda em 1940, Hitler ordenou a invasão da Holanda, o que ocor- Esta etapa se inicia com a invasão da União Soviética, liderada por
reu em maio daquele ano. A Alemanha invadiu, ainda, a Bélgica e as Stalin, pelos alemães, e termina em 1943, com a capitulação da Itália.
tropas francesas e inglesas foram cercadas em Dunquenque, uma cida- A invasão da União Soviética é denominada “Operação Barboro-
de portuária francesa. sa” e tinha como finalidade a conquista de Leningrado (hoje São Peter-
sburgo), Moscou, Ucrânia e Cáucaso.
Invasão da França A entrada do exército alemão ocorreu pela Ucrânia e, posterior-
mente, pela chegada à Leningrado.
Quando as forças de Hitler chegaram a Moscou, em dezembro de
1941, foram contidas pela contraofensiva do Exército Vermelho.

Batalhas no Pacífico
Paralelo ao conflito na Europa, as forças do Japão e dos Estados
Unidos tinham as relações estremecidas.
Em 1941, o Japão invadiu a Indochina francesa. Como consequên-
cia, em novembro daquele ano, os EUA decretaram o embargo comer-
cial ao Japão, exigindo a desocupação da China e Indochina.
Em meio a negociações diplomáticas entre EUA e Japão, o segun-
do bombardeou a base naval de Pearl Harbor, no Havaí, e prosseguiu
em ofensiva contra a Ásia meridional e no Pacífico.
Hitler passeia em Paris acompanhado de seus colaboradores. Os japoneses invadiram a Malásia Britânica, o porto de Cingapura,
a Birmânia, a Indonésia e as Filipinas. Além disso, a Alemanha e a Itália
A reação das forças francesas e inglesas não impediram que o
declararam guerra aos Estados Unidos.
exército alemão rompesse a linha Maginot e invadisse a França. A linha
No meio da tensão, o Japão ocupou o porto de Hong Kong e ilhas
Maginot era constituída por um sistema de trincheiras na divisa com a
no Oceano Pacífico que pertenciam à Grã-Bretanha e aos Estados Uni-
Alemanha.
dos.
Como resposta ao ataque, a França assinou o armistício com a Ale-
Até janeiro de 1942, a ofensiva japonesa resultou na conquista de
manha e em 14 de junho, Paris foi declarada cidade aberta.
4 milhões de quilômetros quadrados e o comando de uma população
Dividida em duas áreas, a França viveria até 1944, o chamado go-
verno de Vichy, sob influência nazista. Dias antes, a Itália, aliada da Ale- de 125 milhões de habitantes.
manha, declarava guerra à França. A cenário geral da Segunda Guerra Mundial começa a mudar ao
final de 1942, quando os Aliados passam a ter êxito contra os ataques
Batalha da Inglaterra do Eixo. A Batalha de Stalingrado marca essa fase, alterando o curso
Ainda em 1940, no dia 8 de agosto, a Alemanha bombardeou as do conflito.
cidades britânicas e o parque industrial inglês com a Luftwaffe, a força O Japão sofre importantes derrotas no Pacífico, sendo impedido
aérea alemã. Assim começou a batalha contra a Grã-Bretanha, que du- de conquistar a Austrália e o Havaí.
rou até 27 de setembro. As forças britânicas e americanas também tem êxito na Líbia e Tu-
O exército inglês conseguiu neutralizar as forças alemãs, principal- nísia. A partir do Norte da África, os Aliados desembarcam na Sicília e
mente pelas ações da força aérea. invadem a Itália, em 1943.
Além do êxito em seu próprio território, o governo da Grã-Breta-
nha ordenou incursões em solo alemão. Isto levou Adolf Hitler adiar os Fim da Guerra: vitória dos aliados
planos de invasão na chamada Operação Leão do Mar.
A despeito do fracasso, a Alemanha ainda prosseguiu com a mis-
são de isolar a Grã-Bretanha. Em 1941, o exército de Hitler chegou à
Líbia, com objetivo de conquistar o canal de Suez.
Esse período foi marcado pelo fracasso da Itália na África Central e
a adesão ao Eixo pelos governos da Romênia, Hungria e Bulgária.
Em maio de 1941, foram ocupadas a Iugoslávia e a Grécia, resul-
tando no esperado isolamento da Grã-Bretanha.

Equilíbrio de Forças

O desembarque das tropas americanas e britânicas nas costas da


Fraça foi o começo da liberação do país.
A partir da capitulação da Itália, a Segunda Guerra Mundial entra
na terceira fase, que termina com a rendição do Japão em 1945.

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HISTÓRIA DO BRASIL
Na Itália, o governo de Benito Mussolini (1883-1945) é destituído Consequências para o Mundo
pelo rei Vítor Emanuel III em julho de 1943. Além do custo de vidas, o conflito gerou 1 trilhão e 385 milhões
No mês de setembro do mesmo ano, após firmar o armistício com de dólares em perdas monetárias. Do montante, 21% coube aos Es-
os Aliados, a Itália é retirada do conflito. tados Unidos, 13% à União Soviética e 4% ao Japão.
Após esse ponto, a Itália declara guerra à Alemanha em outubro Todos os 72 países envolvidos acumularam perdas em diferen-
de 1943. Em abril de 1945, após a captura das forças nazistas na Itália, tes proporções. Houve intensa queda na produção industrial e os
Mussolini tenta uma fuga para a Suíça, mas termina por ser fuzilado investimentos dos governos foram direcionados para a guerra, em
pela resistência. detrimento de outras áreas, gerando intensos problemas sociais.
O cerco à Alemanha foi fechado, justamente, com a queda da Itá- Se para a maioria dos países houve perda, para os Estados Uni-
lia. Em paralelo, em 1944, os soviéticos libertaram a Romênia, a Hun- dos, a guerra resultou em fortalecimento de sua posição imperia-
gria, a Bulgária e a Tcheco-Eslováquia. lista.
Em 6 de junho daquele ano ocorreu o Dia D. Nesse momento, o Durante o conflito, os EUA investiram US$ 300 bilhões na guer-
exército dos Aliados desembarca na Normandia, norte da França, resul- ra, que foram recuperados com o empenho na indústria armamen-
tando no recuo dos alemães e a libertação da França. tista, que cresceu 75%.
Ainda na Europa, o Exército Vermelho liberta a Polônia em janeiro Os Estados Unidos também passaram à posição de credores
de 1945, conquista a Alemanha e derrota o III Reich. Em maio, o confli- dos países destruídos e em 1948 elaboraram um plano de auxílio
to termina na Europa. financeiro, que direcionou somente para a Europa US$ 38 bilhões.
Do outro lado do mundo, no Pacífico, os Estados Unidos fecham o O Japão, que teve as cidades de Hiroshima e Nagazaki destruí-
cerco contra o Japão e no fim de 1944, conquistam as ilhas Marshall, das por duas bombas atômicas lançadas pelos EUA, receberam 2,5
Carolinas, Marianas e Filipinas. A Birmânia é conquistada em 1945 e os bilhões para a reconstrução.
EUA ocupam a ilha de Okinawa. O auxílio norte-americano, que foi denominado Plano Mar-
Sob intenso bombardeio, o Japão sofre a pior ofensiva bélica da shall, foi recusado pela União Soviética, dando início ao processo
Segunda Guerra Mundial. Em 6 de agosto de 1945, os Estados Unidos que ficou conhecido como Guerra Fria.
jogam uma bomba atômica sobre Hiroshima.
Novo Mapa da Europa
Em 9 de agosto fazem o mesmo em Nagasaki. A rendição do Japão
Uma série de decisões diplomáticas já no decorrer da Segunda
é assinada em 2 de setembro de 1945, pondo fim ao conflito.
Guerra Mundial redesenharam o mapa da Europa e redefiniram as
questões políticas mundiais.
O Brasil na Segunda Guerra Mundial
Ainda em guerra contra o Japão, em 1943, os Aliados (lidera-
O Brasil só entrou no conflito ao fim, em 1944, permanecendo em
dos por Grã-Bretanha, Estados Unidos e União Soviética) realizaram
combate durante sete meses.
uma conferência no Cairo com a participação do presidente norte-
A participação ficou a cargo da FEB (Força Expedicionária Brasilei-
-americano Franklin Roosevelt, o primeiro ministro inglês Winton
ra), formada em 9 de agosto de 1943 e integrada por um contingente Churchill e o líder da China Chiang Kai-shek.
de 25.445 soldados. Três mil soldados ficaram feridos no conflito e 450 No encontro ficou definido que após a derrota do Japão, a Chi-
morreram. na receberia os territórios ocupados no decorrer da guerra e a inde-
pendência da Coreia seria restabelecida.
Causas da Segunda Guerra Mundial Ainda em 1943, em dezembro, outro encontro, desta vez com
Entre os fatores que culminaram com a 2ª Guerra Mundial está o Churchill, Roosevelt e o líder russo Stalin, os Estados Unidos reco-
descontentamento da Alemanha com o desfecho da Primeira Guerra nheceram a anexação da Estônia, Letônia e Lituânia, além do leste
Mundial. da Polônia, pela União Soviética.
A Alemanha perdeu parte do território e foi obrigada a retificar o O encontro ficou conhecido como Conferência de Teerã, capital
Tratado de Versalhes e a pagar os dados civis resultantes da 1ª Guerra do Irã, e a reunião dos líderes passou a ser chamada de “os três
Mundial. grandes”.
A realidade alemã era marcada pela fragilidade econômica, alta Ao fim da guerra, em 1945, Churchill, Roosevelt e Stálin reuni-
inflação e acúmulo de problemas sociais. ram-se novamente em Yalta, na União Soviética.
A ascensão do Nazismo, partido fundado por Hitler, contribuiu
para a retomada do aparelhamento militar e difusão do nacionalismo. A Conferência de Yalta definiu:
Essa está entre as justificativas para o chamado Holocausto, que • Fixou a Linha Curzon como fronteira entre a União Soviéti-
foi o assassinato em escala industrial de judeus. ca e a Polônia, com a cedência dos territórios poloneses aos sovié-
Igualmente foram assassinados descapacitados mentais e físicos, ticos em partilha já firmada em 1939;
comunistas, homossexuais, religiosos e ciganos. • Anexação pela Polônia dos territórios alemães da parte
leste até as margens do rio Oder,
Consequências da Segunda Guerra Mundial • Grã-Bretanha, Estados Unidos e União Soviética passaram
A Segunda Guerra Mundial, ocorrida entre 1939 e 1945, resultou a controlar os países libertados do leste europeu,
na morte de 45 milhões de pessoas e 35 milhões de feridos. A maior • A Alemanha seria dividida em duas zonas e permaneceria
quantidade de vítimas foi registrada na União Soviética, com 20 mi- sob a direção de um conselho aliado;
lhões de mortos. • A União Soviética passou a controlar os países do leste
Na Polônia, 6 milhões foram mortos e na Alemanha 5,5 milhões. europeu
Em decorrência do conflito, morreram, ainda, 1,5 milhão de japoneses. • Um novo encontro, a Conferência de Potsdam, desta vez
Entre as vítimas na Europa, 6 milhões em judeus, que foram per- em julho de 1945, estabeleceu a partilha dos pagamentos que a
seguidos no projeto de Adolf Hitler (1889 - 1945), que ficou conhecido Alemanha deveria efetuar por conta da guerra.
como Solução Final. • Ficou estabelecido na conferência que os alemães de-
A morte durante a Segunda Guerra Mundial ocorreu em escala veriam repassar US$ 20 bilhões, sendo 50% do valor destinado à
industrial. Os nazistas alemães elaboraram complexos sistemas de eli- União Soviética, 14% à Grã-Bretanha, 12,5% aos Estados Unidos e
minação física em campos de concentração e de morte. 10% para a França.

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HISTÓRIA DO BRASIL
• A Alemanha ainda foi dividida em quatro zonas de ocu- Além disso, a Quarta República esteve sob as diretrizes da Cons-
pação. tituição de 1946. Essa Constituição foi elaborada e promulgada logo
• Como punição, a Alemanha foi obrigada a reduzir a produ- após a posse do primeiro presidente eleito desse período, Eurico
ção de aço e a maior parte da indústria siderúrgica foi transferida Gaspar Dutra. A Constituição de 1946 trouxe algumas melhorias,
para os países aliados. sobretudo em questões democráticas para o Brasil, pois restabele-
ceu direitos que haviam sido suspensos durante o período varguista
e possibilitou a ampliação da quantidade de eleitores no Brasil.
O período democrático (1945-1964) A Constituição de 1946, no entanto, criou alguns entraves na
Quarta República Brasileira foi o período da história do Brasil análise dos historiadores, pois continuou excluindo os analfabe-
que se iniciou em 1945, com o fim da Era Vargas, e que foi finali- tos de ter acesso ao direito de voto (só conquistaram esse direito
zado em 1964, com o Golpe Civil-Militar que deu início ao período com a Constituição de 1988), e os trabalhadores rurais continuaram
da Ditadura Militar. Nesse período, o Brasil teve um grande salto excluídos das conquistas trabalhistas que haviam trazido melhorias
para a condição dos trabalhadores urbanos. Por fim, uma cláusula
no crescimento econômico e industrial, bem como houve uma rá-
dessa Constituição (relacionada com a questão da reforma agrária)
pida urbanização. No entanto, as desigualdades sociais existentes
criou uma disputa política que esteve no centro da crise que atingiu
também aumentaram.
o governo de João Goulart.
Presidentes desse período
Ao longo dos 21 anos do período da Quarta República, o Brasil Principais acontecimentos de cada governo
teve diversos presidentes entre os que foram eleitos e os que assu- Eurico Gaspar Dutra, da chapa PSD/PTB, foi eleito presidente
miram, seja por morte de presidentes, seja por outros impedimen- do Brasil em 1945 após derrotar o candidato udenista, Eduardo Go-
tos. Os presidentes brasileiros na Quarta República foram: mes. O governo de Dutra foi marcado pela aplicação de duas polí-
• Eurico Gaspar Dutra (1946-1951) ticas econômicas, primeiramente uma liberal e outra caracterizada
• Getúlio Vargas (1951-1954) pela intervenção do Estado na economia.
• Café Filho (1954-1955) Em seu governo, Dutra desenvolveu mecanismos que restrin-
• Carlos Luz (1955) giram consideravelmente o direito dos trabalhadores à greve. O
• Nereu Ramos (1955-56) grande destaque do seu governo foi sua política externa. A partir
• Juscelino Kubitschek (1956-1961) de 1947, o governo Dutra alinhou-se incondicionalmente com os
• Jânio Quadros (1961) interesses dos EUA no contexto da Guerra Fria e passou a perse-
• Ranieri Mazzilli (1961) guir organizações de trabalhadores e partidos de esquerda. O PCB,
• João Goulart (1961-1964) por exemplo, foi colocado na ilegalidade em 1947.
As eleições presidenciais aconteceram especificamente nos Em 1950, Getúlio Vargas retornou para o cargo de presidente
anos de 1945, 1950, 1955 e 1960. As eleições que seriam realizadas do Brasil, dessa vez de maneira democrática. O segundo governo
em 1965 foram impedidas de acontecer pela Junta Militar, que to- de Vargas foi um período atribulado e de grande crise política,
mou o poder do Brasil em 1964. sobretudo pela oposição que o projeto político-econômico do
Política e a Constituição de 1946 governo recebeu e pela alta da inflação.
Os quadros da política brasileira nesse período tomaram forma Em seu segundo governo, Vargas procurou implantar uma políti-
a partir do Ato Adicional,decretado por Vargas no começo de 1945. ca de desenvolvimento nacionalista, o que desagradou fortemente
Por ordem de Vargas, foram criadas as condições para a formação aos grupos da oposição, representados, principalmente, pela UDN
de novos partidos políticos para o Brasil, e os grandes partidos bra- e que estavam ligados ao capital internacional. Um dos motes desse
sileiros desse período surgiram a partir de 1945. projeto foi a nacionalização dos direitos de exploração do petróleo,
o que levou à criação da Petrobras.
Os três grandes partidos que atuaram ao longo do período da
A crise política do governo de Vargas acentuou-se com a insa-
Quarta República foram:
tisfação da população com a alta da inflação e do custo de vida, le-
• União Democrática Nacional (UDN): partido de
vando a greves e manifestações. A nomeação de João Goulart para
orientação conservadora e que tinha uma visão extremamente
o Ministério do Trabalho fez com que o governo de Vargas fosse
moralista da política. Eram extremamente antivarguistas e acusado pela oposição de ser comunista – o que era falso.
anticomunistas. Ao longo desse período, tentaram por diversas A crise desse governo chegou a um ponto insustentável quan-
vezes tomar o poder a partir de medidas golpistas que iam contra a do Carlos Lacerda, principal opositor de Vargas e líder da UDN, so-
legalidade constitucional. Um grande representante desse partido freu um atentado que resultou na morte de seu guarda-costas, um
foi Carlos Lacerda. major da Aeronáutica. A crise que se desdobrou disso levou Vargas
• Partido Social Democrático (PSD): o PSD era um partido ao isolamento, até que, no dia 24 de agosto de 1954, cometeu
que havia surgido a partir da estrutura burocrática criada por suicídio.
Getúlio Vargas durante o Estado Novo. Além de ter sido criado pe- Após o suicídio de Vargas, a crise política no Brasil acentuou-
los interventores que haviam sido nomeados por Vargas, o PSD teve -se e, em um período de 17 meses, o Brasil teve uma sucessão de
grande capacidade eleitoral. Os quadros do PSD eram extremamen- três presidentes: Café Filho, Carlos Luz e NereuRamos. A oposição
te habilidosos em angariar votos e eleger candidatos, o que fez dele udenista articulou-se para tentar barrar as eleições de 1955, mas o
o maior partido do período. Um grande nome desse partido foi Jus- Ministro da Guerra, Henrique Teixeira Lott, realizou um contragolpe
celino Kubitschek. (conhecido como Golpe Preventivo) que garantiu a posse de JK.
• Partido Trabalhista Brasileiro (PTB): o PTB foi criado pelo Juscelino Kubitschek, por sua vez, candidato da chapa PSD/
próprio Vargas como continuidade do seu projeto de estabelecer PTB, foi eleito presidente do Brasil por uma margem apertada so-
uma política de aproximação com as massas, sobretudo dos bre o candidato udenista, Juarez Távora. Durante seu governo, JK
trabalhadores urbanos. Ao longo da Quarta República, o PTB impôs um projeto intenso de modernização econômica e industria-
aproximou sua política para implantar medidas defendidas pela lização do Brasil. Conhecido como Plano de Metas, o projeto de
esquerda. Os grandes nomes desse partido foram Getúlio Vargas JK defendia a priorização dos investimentos em algumas áreas da
e João Goulart. economia brasileira.

27
HISTÓRIA DO BRASIL
JK investiu maciçamente no desenvolvimento da malha rodo- brasileira sofreu com as características autoritárias, repressoras e
viária do Brasil e na ampliação da capacidade energética do país. nada democráticas desse tipo de governo: AI-5, perseguição políti-
Outra área que recebeu pesados investimentos foi a de infraestru- ca, censura, torturas e milhares de assassinatos (a mando do gover-
tura dos portos. O projeto de JK também incluía a instalação de in- no). Também podemos destacar as Diretas Já, movimento feito pela
dústrias estrangeiras no país, o que contribuiu para a geração de população, que ganhou as ruas do país e que reivindicava eleições
empregos. diretas.
O símbolo da modernização defendida por esse gover-
no foi a construção da nova capital do Brasil, a cidade de Bra- Ditadura Militar no Brasil (1964-1985), do início ao fim
sília (inaugurada oficialmente em 1960). No entanto, os altos
gastos de JK contribuíram para o endividamento do Brasil e para
o crescimento da inflação. Outro ponto extremamente negativo
foram os baixos investimentos realizados na área da educação
e da produção de alimentos, o que criou graves problemas que
estouraram na década de 1960.
Em 1960, as eleições presidenciais decretaram a vitória, pela
primeira vez, de um candidato udenista: Jânio Quadros. Sua cam-
panha foi baseada em um discurso moralista, no qual afirmava que
limparia a política brasileira de toda a imoralidade. O governo de
Jânio, no entanto, foi repleto de medidas desastradas.
Sua postura na presidência fez com que diversos atritos com o
Congresso surgissem, inclusive, com a sua própria base de apoio,
formada pela UDN. Além disso, Jânio tomou medidas na economia
que levaram ao aumento no custo de vida e medidas peculiares que
desagradaram à população (como a proibição do uso de biquíni nas
praias).
Foi a sua política externa, porém, que colocou fim a todo o
apoio que lhe restava. Jânio impôs uma política conhecida como Po-
lítica Externa Independente, na qual o país realinhava suas relações
com os EUA e abria o caminho para negociações diplomáticas com Foto: Wikimedia Commons (Reprodução/Wikimedia Com-
o bloco soviético. Isso desagradou fortemente aos seus aliados con- mons)
servadores. Jânio, isolado, renunciou à presidência ainda em 1961.
A sucessão presidencial foi caótica, uma vez que o exército não Antecedentes do golpe
aceitava a posse de Jango (João Goulart), acusando-o de ser um Entre 1964-85, o Brasil viveu sob uma ditadura militar. Durante
comunista. O Brasil esteve às vias de uma guerra civil quando uma o governo do presidente João Goulart, que foi derrubado por um
alternativa política foi adotada: Jango assumiu a presidência em um golpe de Estado, um tema que ganhou importância crescente foram
regime parlamentarista. as reformas de base. O Brasil tinha vivido grandes transformações
O parlamentarismo durou pouco tempo e, em janeiro de 1963, desde os anos 1940, de modo que, ao assumir o cargo, Jango en-
Jango obteve seus plenos poderes presidenciais. A partir daí, pro- controu muitos problemas sociais e econômicos que precisavam ser
pôs a realização de mudanças estruturais no país que ficaram co- resolvidos.
nhecidas como Reformas de Base. Estas propunham mudanças Setores da sociedade, como a classe média e a Igreja Católica,
em diferentes áreas do Brasil, e a negociação para sua implantação temiam o avanço do movimento comunista, em quem o presidente
paralisou o governo de Jango, sobretudo na questão da Reforma buscava cada vez mais apoio. Latifundiários ficaram preocupados
Agrária. com a reforma agrária e a tensão que ela poderia gerar no campo.
Os grupos oposicionistas representados pela UDN passaram a Empresas multinacionais se sentiram prejudicadas com os limites
conspirar um golpe contra o governo de João Goulart. À medida impostos à remessa de lucros para o exterior. Os militares também
que o desgaste foi aumentando, os membros do PSD migraram para passaram a apontar o perigo que as mobilizações populares repre-
a oposição. Enquanto tudo isso acontecia, o governo americano in- sentavam para a democracia, ao subverterem a ordem e a paz.
terferia nos rumos da política brasileira, financiando eleições de po- Nesse cenário de intensa agitação e radicalização política, o
líticos conservadores e instituições para organizar um golpe. golpe contra João Goulart veio dos segmentos mais conservadores.
A realização do Golpe Civil-Militar articulou o grande empre- A intervenção dos militares contou com o apoio civil, inclusive no
sariado do Brasil (portanto, civis), que estava reunido no Instituto Congresso Nacional, que oficializou um golpe contra um presidente
de Pesquisa e Estudos Sociais (Ipes), com lideranças das Forças constitucionalmente eleito. Muitos civis que apoiaram a interven-
Armadas, que planejavam havia anos a imposição de um governo ção pensaram que o golpe se resumiria ao afastamento de João
autoritário no Brasil. O golpe iniciou-se a partir da rebelião Goulart, ao restabelecimento da ordem e à passagem do poder no-
de um grupo das Forças Armadas em Juiz de Fora, no dia 31 de vamente aos civis, o que, no entanto, só ocorreu 21 anos depois.
março de 1964, e consolidou-se no dia 2 de abril, quando Auro de
Moura declarou vago o cargo de presidente no Brasil, o que colocou “Milagre econômico”
fim à experiência democrática da Quarta República. Ao longo da ditadura, o Brasil foi governado por 5 generais (e,
por um breve período, em 1969, também por uma Junta Militar).
A intervenção militar/Ditadura Militar Do ponto de vista econômico, o primeiro governo militar tomou
Ditadura Militar é, sem dúvidas, um dos assuntos mais recor- uma série de medidas visando superar a crise herdada do período
rentes no Enem e nos vestibulares. A Ditadura Militar é o período anterior. Porém, elas não surtiram o efeito esperado imediatamen-
histórico marcado por de governos autoritários, iniciado com o gol- te, o que, somado à crescente repressão, suscitou as primeiras críti-
pe de 1964, indo até 1985. Durante esses duros anos, a população cas por parte daqueles que tinham apoiado o golpe.

28
HISTÓRIA DO BRASIL
Entre 1968-73, o país viveu o chamado milagre econômico. Costa e Silva 1967-69
As exportações triplicaram, o Produto Interno Bruto ficou acima – Assinou o Ato Institucional n. 5
de dois dígitos e a inflação recuou para 20% ao ano em média. – Em seu governo iniciou-se o ciclo do milagre econômico
Grandes obras foram iniciadas nesse momento (Ponte-Rio Niterói, – Enfrentou a luta armada de esquerda
Itaipu, Transamazônica), revelando a grandeza do Brasil e de sua
economia. A conquista da Copa de 1970 contribuiu para a propa- Médici 1969-74
ganda oficial, que anunciava o destino do país em ser uma potência, – Seu governo representou os anos de chumbo
a começar pelo futebol. – Derrotou a esquerda que pegou em armas
Todos os setores da sociedade se beneficiaram do boom eco-
nômico, porém, de maneira crescentemente desigual. Com o pas- Geisel 1974-79
sar do tempo, a modernização conservadora da economia tendeu a – Lançou a proposta de abertura lenta, gradual e segura
aprofundar as desigualdades entre os mais ricos e os mais pobres. – Suspendeu a censura à imprensa e o AI-5
Os efeitos sociais desse processo, como greves por melhores salá-
rios, por exemplo, só puderam ser controlados porque o Brasil vivia Figueiredo 1979-85
sob uma ditadura. – Enfrentou uma grave crise econômica
– Aprovou a eleição direta para presidente a partir de 1988
Repressão – Foi o primeiro presidente desde 1964 a não fazer o suces-
As primeiras medidas repressivas foram tomadas logo depois sor
do golpe, com cassações de mandatos, suspensão de direitos po-
líticos, demissões de funcionários públicos e expulsão de militares Milagre econômico”
das Forças Armadas. A Operação Limpeza buscou eliminar todos os Ao longo da ditadura, o Brasil foi governado por 5 generais
elementos identificados com o período anterior ou considerados (e, por um breve período, em 1969, também por uma Junta Mi-
ameaçadores para os objetivos do novo regime. A Operação Con- litar). Do ponto de vista econômico, o primeiro governo militar
dor, por sua vez, articulou a ditadura brasileira com outros regimes tomou uma série de medidas visando superar a crise herdada
militares da América do Sul para identificar a perseguir inimigos.
do período anterior. Porém, elas não surtiram o efeito esperado
Os partidos foram dissolvidos e adotou-se o sistema bipartidá-
imediatamente, o que, somado à crescente repressão, suscitou
rio, a fim de controlar a oposição parlamentar. Ao mesmo tempo,
as primeiras críticas por parte daqueles que tinham apoiado o
uma série de medidas de exceção foi aprovada com objetivo de con-
golpe.
trolar qualquer antagonismo político. O principal deles, certamen-
Entre 1968-73, o país viveu o chamado milagre econômico.
te, foi o Ato Institucional n. 5, aprovado em 1968 e considerado um
As exportações triplicaram, o Produto Interno Bruto ficou acima
verdadeiro golpe dentro do golpe. Entre outras providências, o AI-5
de dois dígitos e a inflação recuou para 20% ao ano em média.
eliminava o habeas corpus para crimes políticos.
Com o fechamento da ditadura, em 1968, parte da oposição Grandes obras foram iniciadas nesse momento (Ponte-Rio Ni-
seguiu pelo caminho da luta armada, promovendo ações de guer- terói, Itaipu, Transamazônica), revelando a grandeza do Brasil e
rilha urbana e rural. Seus militantes foram as principais vítimas dos de sua economia. A conquista da Copa de 1970 contribuiu para a
atos de tortura cometidos durante o regime. Muitos acabaram as- propaganda oficial, que anunciava o destino do país em ser uma
sassinados, outros desapareceram e dezenas seguiram para o exílio. potência, a começar pelo futebol.
Também houve baixas entre os militares e civis inocentes. Todos os setores da sociedade se beneficiaram do boom
econômico, porém, de maneira crescentemente desigual. Com
O retorno à democracia o passar do tempo, a modernização conservadora da economia
Em 1974, um novo governo assumiu prometendo democracia, tendeu a aprofundar as desigualdades entre os mais ricos e os
assim como todos os anteriores. A abertura “lenta, gradual e se- mais pobres. Os efeitos sociais desse processo, como greves por
gura”, que terminaria apenas em 1985, com a eleição do primeiro melhores salários, por exemplo, só puderam ser controlados
presidente civil desde o golpe, contemplava várias medidas impor- porque o Brasil vivia sob uma ditadura.
tantes, como a suspensão da censura e da legislação de exceção, o
retorno do pluripartidarismo e a anistia política. A redemocratização
Em todas elas o governo sempre buscou manter o controle so- Em 1974, um novo governo assumiu prometendo democra-
bre o processo de abertura, numa política de avanços e recuos que cia, assim como todos os anteriores. A abertura “lenta, gradual
visou conferir aos militares uma posição politicamente confortável e segura”, que terminaria apenas em 1985, com a eleição do pri-
no regime democrático que se aproximava. meiro presidente civil desde o golpe, contemplava várias medi-
Porém, as greves dos metalúrgicos no ABC paulista, a mobiliza- das importantes, como a suspensão da censura e da legislação
ção pela anistia ampla geral e irrestrita e a campanha pelas Diretas de exceção, o retorno do pluripartidarismo e a anistia política.
Já! foram alguns exemplos de que a sociedade, novamente mobi- Em todas elas o governo sempre buscou manter o controle
lizada, estava disposta a contestar o projeto oficial. As oposições, sobre o processo de abertura, numa política de avanços e recuos
dentro e fora do Congresso, buscaram ampliar os limites da abertu- que visou conferir aos militares uma posição politicamente con-
ra, tomando para si a iniciativa política em relação a temas sensíveis fortável no regime democrático que se aproximava.
como as condições de vida, de trabalho, os crimes cometidos pela Porém, as greves dos metalúrgicos no ABC paulista, a mobi-
repressão e os direitos de cidadania, como o direito ao voto direto. lização pela anistia ampla geral e irrestrita e a campanha pelas
Diretas Já! foram alguns exemplos de que a sociedade, nova-
Resumo dos governos militares mente mobilizada, estava disposta a contestar o projeto oficial.
Presidente – Mandato – Fatos As oposições, dentro e fora do Congresso, buscaram ampliar os
Castello Branco 1964-67 limites da abertura, tomando para si a iniciativa política em re-
– Instituiu o bipartidarismo, com o MDB e a Arena lação a temas sensíveis como as condições de vida, de trabalho,
– Executou as primeiras medidas repressivas da ditadura os crimes cometidos pela repressão e os direitos de cidadania,
– Aprovou a Constituição de 1967 como o direito ao voto direto.

29
HISTÓRIA DO BRASIL
Os movimentos sociais Federal de 1988 que «[...] abriu espaço, por meio de legislação
História do Brasil é marcada por lutas e revoltas populares, específica, para práticas participativas nas áreas de políticas públicas,
desde o século XVI com a Confederação dos Tamoios (1562), pas- em particular na saúde, na assistência social, nas políticas urbanas e
sando pela Insurreição Pernambucana (1645), até a Inconfidência no meio ambiente” (AVRITZER, 2009, p. 29-30), seja através de ple-
Mineira (1789), a Guerra de Canudos (1896), a Revolução Consti- biscitos, referendos e projetos de lei de iniciativa popular (art. 14,
tucionalista de 1932 e o Impeachment do ex-presidente Fernando incisos I, II e III; art. 27, parágrafo 4º; art. 29. Incisos XII e XIII), seja
Collor em 1992. Os movimentos sociais no Brasil têm uma história através da participação na gestão das políticas de seguridade social
marcada por grandes lutas e embates realizados contra governos (art. 194), de assistência social (art. 204) ou dos programas de assis-
autoritários e luta pela liberdade e democracia. Mas aqui vamos tência à saúde da criança e do adolescente (art. 227).
nos deter aos movimentos sociais que marcaram o Brasil a partir da A transição política para o Estado Democrático que ganhou força
segunda metade do século XX. na década de 1980 culminou com a promulgação da Constituição
Os movimentos sociais no Brasil passaram a intensificar-se a Federal de1988.
partir da década de 70, com fortes movimentos de oposição ao Nesse período houve um aumento considerável do número de
regime militar que então se encontrava em vigência, mantendo ONGs e do terceiro setor de responsabilidade social. As associações
uma luta social e uma forte resistência, como afirma Ilse Scherer- de bairro, representantes de periferias e de moradores de classe mé-
Warren: “o movimento social mais significativo pós-golpe militar dia, também em expansão, reivindicam a concessão de direitos so-
de 1964 foi o de resistência à ditadura e ao autoritarismo estatal” ciais [...] As duas grandes mobilizações nacionais deste período fo-
(2008, p. 09 - ver também: SCHERER-WARREN, 2005). A população ram o Movimento pelas Diretas Já (1983-1984) e a mobilização da
Brasileira se manteve forte para com a ditadura que havia no sociedade civil organizada [...] para a inclusão de novos direitos na
país e dentro desse contexto ditatorial foi prevalecida a força e a Constituição brasileira, a qual veio a ser denominada de “Constitui-
organização dos movimentos estudantis e da classe operária em ção Cidadã” (SCHERER-WARREN, 2008, p. 11-12).
seus sindicatos (CARVALHO, 2004), comunidades eclesiais de base Boaventura de Sousa Santos também chama atenção para o fato
(CEBs) e pastorais, que ganhou força com a participação dos demais de como a temática dos novos sujeitos e novos movimentos sociais
setores da sociedade que sofriam as consequências desta forma de dominou a discussão sociológica na década de 1980: “Mesmo aque-
governo. les que não partilham a posição de Touraine (1978), para quem o ob-
O período da Ditadura Militar no Brasil provocou um tempo jeto da sociologia é o estudo dos movimentos sociais, reconhecem
propício para a efervescência dos movimentos sociais uma vez que a última década [de 1980] impôs esta temática com uma força
que, dentro das Universidades, as inserções e consolidação dos sem precedentes [...]” (1999, p. 221). Para uma bibliografia sobre
cursos de Ciências Sociais com a reforma pedagógica dos cursos os movimentos sociais do final da década de oitenta no Brasil e na
propiciaram um pensamento mais crítico frente à interpretação de América latina ver por exemplo: Dalton e Kuechler (1990), Laranjeira
nossa realidade. Os estudantes, com um entendimento da situação (1990), Scherer-Warren e Krischke (1987).
junto a indignação dos demais indivíduos que não aceitavam esse Os novos movimentos sociais que emergiram durante os anos
modelo de governo ditatorial, formaram uma massa de combate 90 até os atuais são como os de décadas anteriores também frutos
organizada. Sobre o papel dos movimentos sociais neste contexto, de demandas sociais como o Movimento de Mulheres (com suas
Gohn (2011, p. 23) pondera o quanto é inegável “que os movimentos lutas contra uma sociedade patriarcal e o autoritarismo do Estado),
sociais dos anos 1970/1980, no Brasil, contribuíram decisivamente, o Movimento LGBT, o Movimento Negro (ALBERTI; PEREIRA, 2006),
via demandas e pressões organizadas, para a conquista de vários Movimento Indígena entre outros.
direitos sociais, que foram inscritos em leis na nova Constituição Guimarães (2009) identifica pelo menos cinco tradições e movi-
Federal de 1988”. O movimento de oposição e contestação ao regi- mentos que contribuíram com o que ele chama de “ciclo democrático
me militar tinha um propósito claro: defesa dos valores do Estado de autoformação do povo brasileiro”. São eles: comunitarismo cristão,
democrático e crítica a toda forma de autoritarismo estatal. nacional-desenvolvimentismo, socialismo democrático, liberalismo
A resposta do governo militar foi sempre dura no sentido de republicano e a cultura popular. Ressalta também a criação da CNBB
reprimir tais manifestações, com violência, tortura, e alcançou seu – Conferência Nacional dos Bispos do Brasil em 1952, liderada por
auge com o famoso AI-5 (Ato Institucional número 5), que vigorou Dom Helder Câmara e o desenvolvimento de uma “ala esquerda
de 1968 a 1979. do catolicismo brasileiro”. “O comunitarismo cristão enraizou-se na
Um bom exemplo de organização e luta podemos encontrar vida popular por intermédio de 70 mil CEBs [Comunidades Eclesiais
através do movimento indígena no século XX na luta pelos seus di- de Base] que organizavam cerca de 2 milhões de ativistas cristãos,
reitos e reconhecimento de seus valores, cultura e tradição. A dis- agindo dos anos 1960 até os anos 1990” (GUIMARÃES, 2009, p. 18).
sertação de mestrado de Evangelista (2004 - (veja mais em: Direitos Essa corrente direcionou suas atividades para os temas da cidadania,
indígenas: o debate na Constituinte de 1988) nos fornece um amplo fazendo uma opção preferencial pelos pobres com base em princípios
debate em torno da defesa dos direitos indígenas que culmina com da moral cristã como a igualdade e a solidariedade.
a promulgação da Constituição de 1988. Na década de 1990 vale destacar os fóruns de ONGs e movimen-
Nesse período, cada movimento social foi forjando sua iden- tos sociais para a Eco/92. É também deste período o movimento po-
tidade, suas formas de atuação, pautas de reivindicações, valores, pular que ficou conhecido como os “caras pintadas” em torno do im-
seus discursos que o caracterizavam e o diferenciavam de outros. peachment (1992) do ex-presidente da República: Fernando Collor
“Foram grupos que construíram uma nova forma de fazer política de Melo.
e politizaram novos temas ainda não discutidos e pensados como Esse também foi um período de crescimento e consolidação de
constituintes do campo político. Nesse processo ampliam o sentido vários movimentos sociais rurais, com o Movimento dos Sem-Terra
de política e o espaço de se fazer política” (EVANGELISTA, 2004, p. (MST), o Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB), Movimento
35). Nesse período a sociedade civil organizada, por meio dos mo- das Mulheres Agricultoras (MMA), Movimento dos Pequenos Agricul-
vimentos sociais e populares, irá buscar espaço para influenciar nas tores (MPA), dentre outros, e do aumento das articulações interorga-
decisões políticas e na construção da Constituinte de 1988. É uma nizacionais desses atores entre si e com outros movimentos sociais
participação efetiva de cidadãos e cidadãs, na busca por direitos e urbanos, latino-americanos e globalizados (SCHERER-WARREN, 2008,
por políticas que os afetam diretamente. E foi a própria Constituição p. 13 - ver também: SCHERER-WARREN, 2007)

30
HISTÓRIA DO BRASIL
No século XXI observamos o surgimento de uma “rede de movi- Os limites podem ser apontados a partir das possibilidades de par-
mentos sociais”, com o objetivo claro de fortalecer o papel da socie- ticipação de tais movimentos na conquista de direitos, em razão de vá-
dade na esfera pública e defesa radical dos valores democráticos, com rios fatores: seja em função do fato de que os movimentos sociais têm
total autonomia dos movimentos sociais em relação ao poder público um movimento de fluxo e refluxo de suas ações, ou seja, ora adquirem
e de certo modo até mesmo dos Partidos Políticos, o que não significa força na luta por direitos, ora perdem essa força de lutar contra o po-
dizer que não seja uma forma organizada de articulação política. der instituído; seja pela pouca participação de atores, salvo em caso de
Comparando o quadro de associativismo da sociedade civil na grandes e graves conflitos; seja até pela falta de habilidade técnica ou
atualidade, Gohn (2014, p. 51) pondera como este é diferenciado em política para garantir a efetividade de seus direitos.
relação ao que predominou nas décadas de 1980 e 1990, e que “a as-
censão de novos grupos ao poder, e reformas na gestão das políticas República Brasileira de 1985 até os dias atuais
sociais são parte da explicação” Os civis voltam à Presidência da República Federativa do Brasil em
Merece destaque nesse cenário os Conselhos Gestores de Políti- janeiro de 1985, após 21 anos do Regime Militar implantado com o
Golpe de 31 de março de 1964. O ano de 1985 abre uma nova era na
cas Públicas, como um importante local de atuação destes movimentos
História do Brasil, batizada com o nome de Nova República. Ao longo
(veja mais em: Movimentos Sociais e Conselhos de Políticas Públicas).
destas duas décadas de ditadura militar o País atravessou momentos
Como ressalta Gohn (2006, p. 7)
difíceis com a cassação de mandatos políticos, com o fechamento do
Numa sociedade marcada por inúmeros processos de exclusão so-
Congresso Nacional, com focos de luta armada por grupos guerrilhei-
cial e de baixos níveis de participação política do conjunto da popula- ros, tortura e mortes de presos políticos.
ção, os conselhos assinalam para possibilidades concretas de desenvol- Mas, teve também ciclos de desenvolvimento econômico (o Mila-
vimento de um espaço público que não se resume e não se confunde gre Brasileiro) sob os militares, que planejaram e implantaram infraes-
com o espaço governamental/estatal. trutura de transportes, energia e de comunicações. Por fim, a busca
Os conselhos de políticas públicas tornam-se um amparo para que pela democracia prevaleceu, e chegou a abertura política com uma
as classes menores sejam ouvidas e possam contribuir na criação de po- Anistia negociada entre os militares e as lideranças civis, abrindo cami-
líticas públicas que atendam as necessidades destes grupos sociais, nho para a Redemocratização.
logo tendo a atuação desses indivíduos pertencentes destes grupos Veja como o País iniciou o ciclo da Nova República com as etapas
materializando e fortificando a participação social da população. das Diretas Já; o Colégio Eleitoral com a eleição de Tancredo Neves e
À guisa de conclusão podemos afirmar, como nos propõe Scherer- José Sarney; a morte de Tancredo e a posse de Sarney; a eleição e o Im-
Warren (2008, p. 19) em suas diferentes análises sobre os movimentos peachment de Fernando Collor, o governo de Itamar Franco; a eleição
sociais, que: e os dois governos de Fernando Henrique Cardoso; a eleição e os dois
No cenário brasileiro do novo milênio, há a emergência de um mo- mandatos de Luís Inácio Lula da Silva; a eleição, reeleição e o Impeach-
vimento cidadão crítico, que não atua de forma isolada, mas em redes ment de Dilma Roussef, e o início do governo de Michel Temer.
nacionais e globalizadas e que se caracteriza por estar desenvolvendo A campanha das Diretas Já!
um ideário político que visa a transposição de várias fronteiras restriti-   No final do período, em 1984, a sociedade civil mostra a força nas
vas dos movimentos sociais mais tradicionais de nossa história. ruas ao mobilizar todo o Pais na luta pela campanha das “Diretas Já!”,
Os movimentos sociais têm um importante papel a ser exercido que propunha a volta de eleições livres e diretas para presidente. Era a
tomando como base um novo conceito de planejamento público semente da Nova República.República.
marcado pela participação popular, que como o próprio nome sugere, Era uma emenda constitucional do deputado matogrossense
exige a participação dos movimentos sociais que, bem antes do Dante de Oliveira, e que não alcançou o número mínimo de votos ne-
processo de redemocratização e sobretudo por ocasião da Assembleia cessários no Congresso Nacional. Como a emenda das diretas não foi
Nacional Constituinte de 1987[3] que promulgou a Constituição Federal aprovada, a eleição seguinte seria realizada pela via indireta, através do
de 1988, vem desempenhando um papel fundamental para conso- Colégio Eleitoral constituído pelos membros do Congresso Nacional.
.
lidação do nosso Estado Democrático de Direito. Além disso, os mo-
vimentos sociais ampliam, aprofundam e redefinem “a Democra-
cia tradicional do Estado político e a democracia econômica para uma
democracia civil numa sociedade civil” (FRANK; FUENTES, 1989, p. 20).
E para que este papel possa se efetivar, não temos dúvida do
quão importante a ideia de uma educação dos movimentos popula-
res se torna fundamental e necessária. Uma Educação voltada para o
exercício da cidadania em seu sentido mais pleno, em que os cidadãos
efetivamente participam das decisões políticas que os afetam. Uma
concepção de cidadão enquanto sujeito político que exige “uma
revisão profunda na relação tradicional entre educação, cidadania e
participação política” (ARROYO, 1995, p. 74 apud RIBEIRO, 2002, p.
115).
Diante desta questão, Ribeiro (2002, p. 124) destaca limites e pos-
sibilidades de uma educação para a cidadania e seu potencial como
horizonte possível em relação aos movimentos sociais e populares.
As possibilidades podem ser visualizadas nas relações sociais con- A Disputa presidencial em 1984 reuniu de um lado Paulo Maluf, o
traditórias em que se produz/reproduz a cidadania como síntese de lu- candidato apoiado pelos partidos políticos de apoio ao Governo Mili-
tas entre classes sociais com interesses e projetos antagônicos. Assim, tar, e de outro Tancredo Neves, ex-governador de Minas Gerais, e que
se o neoliberalismo confisca os direitos conquistados pelos movimentos representava as oposições e a dissidência de partidos que até então
sociais, os partidos de esquerda, no Brasil, têm reafirmado esses direi- apoiavam os militares, e que tinham se abrigado recentemente na
tos sociais como prioridade em seus governos estaduais e municipais. agremiação ‘Frente Liberal’.

31
HISTÓRIA DO BRASIL
O vice de Tancredo, José Sarney, era membro da Frente Liberal, As eleições em 1986 foram para Deputados Federais e Sena-
e ex-presidente do partido de apoio ao Governo Militar. Nascia as- dores, que compunham o Congresso Nacional. Sarney pede para
sim, numa negociação entre antigos adversários, e com a garantia votarem em seus candidatos para que ele possa continuar seu
de transição pelos militares a Nova República. Veja na imagem co- trabalho. O PMDB e o PFL saem vitoriosos. Sarney mentiu ao di-
mício pela eleição de Tancredo Neves a presidente da república. No zer que não estava havendo problemas econômicos, que o desa-
centro da foto, da esquerda para a direita, Tancredo Neves , Ulisses bastecimento era apenas momentâneo e que tudo iria melhorar.
Guimarães (ao microfone), e José Sarney (camisa listrada).
Plano Cruzado II, o Plano Bresser (1987) e o Plano Verão
(1988/1989).
Todos esses planos tentam congelar os preços e controlar a
inflação, acabam gerando a indexação (alinhamento de indicado-
res de reajuste entre o período de inflação anterior e a correção
de salários pelos mesmos fatores apurados no ciclo inflacionário
imediatamente antecedente. Cria-se assim um ciclo de pereniza-
ção da inflação). O nome técnico dado ao mecanismo foi “gatilho
salarial”. A cada 3 meses de inflação passava-se o aumento da
inflação ao salário. Com a economia saindo do controle pode
ocorrer aumento da inflação, perda do poder de compra dos sa-
lários, e mesmo chegar à hiperinflação.
Com o fracasso do Plano Cruzado I após as eleições de 1986
o Governo Sarney lança em seguida o Plano Cruzado II, que ten-
Em 1985, logo após a posse, os problemas de saúde do Pre- tava novamente controlar a inflação. Deu errado, e a economia
sidente Tancredo Neves agravam-se, sendo internado e posterior- ficou contagiada por diversos problemas de ‘ágio1 nos preços
mente morrendo. A população fica comovida e começam a surgir dos produtos. Cortam-se mais 3 zeros da moeda. Ainda em 1987
teorias de conspiração, que tentam justificar a morte de Tancredo o Governo Federal lança o Plano Bresser, que elimina o mecanis-
como um assassinato por envenenamento, mas nada fica compro- mo do Gatilho Salarial e recorre a novo congelamento de preços
vado. O diagnóstico final foi mesmo de uma doença que Tancredo e salários. Novo fracasso, pois os produtos ou aumentavam de
Neves já trazia um mioma no abdome, foi operado, e morreu por preços ou sumiam das prateleiras.
complicações decorrentes. Quem assume é o seu vice José Sar- Em 1988 e 1989 o governo Sarney tenta equacionar a eco-
ney. Tem início, então, o ciclo de presidentes civis da Nova Repú- nomia com o Plano Verão, feito pelo então ministro Maílson da
blica. Nóbrega. O País retoma o pagamento de juros da dívida externa,
não congela preços de salários ou produtos, e inicia uma políti-
Governo José Sarney – 1985-1990 ca de tentar arrumar a casa na base do “política do feijão com
– O governo do Presidente José Sarney ficou marcado por arroz”. Ocorreram demissões de servidores públicos excedentes,
sucessivas e fracassadas tentativas de controlar a inflação. Os empresas estatais foram privatizadas, e as contas públicas foram
fundamentos econômicos do País estava fragilizados, o que restringidas. Mesmo assim a inflação continuou em alta.
leva o Brasil a entrar em condição de moratória (suspensão de No âmbito do Poder Legislativo o grande destaque durante o
pagamentos) da dívida externa, obrigando à uma renegociação com período de José Sarney na Presidência da República foi a Assem-
credores e organizações econômicas internacionais para equalizar beia Nacional Constituinte, conduzida pelo Congresso Nacional.
os pagamentos. As principais intervenções de Sarney na economia Com membros eleitos em 1986, após dois anos de trabalho foi
ocorreram através do ‘Plano Cruzado’, nas edições I e II. Veja. promulgada por Ulysses Guimarães a   Constituição de 1988,
conhecida como “Constituição Cidadã”, pois tratava no corpo
Plano Cruzado I – Decreta o Congelamento de Preços. A Supe- da Lei Magna de direitos e garantias individuais fundamentais
rintendência Nacional de Abastecimento (SUNAB), órgão do gover- para a vida em regime democrático. Um fato curioso ao final da
no federal, cria uma tabela de preços (Tablita), mas não têm êxito, Assembleia Nacional Constituinte foi que os parlamentares do
porque muitos dos preços já estavam ‘no alto’ como uma estraté- Partido dos Trabalhadores que atuaram na Constituinte se recu-
gia defensiva do empresariado contra a inflação. Com as tabelas saram a assinar o texto final da Constituição.
na mão os consumidores percorres supermercados para fiscalizar
e denunciar abusos, e surgem personagens apelidados de ‘Fiscais
do Sarney’. O início do plano aparenta sucesso, e o Governo ganha
popularidade. Nas eleições para governadores de estado em 1986
os ‘candidatos do Sarney’ vencem em quase todo o País.
Porém, logo após o período eleitoral o Plano Cruzado I começa
a entrar em crise. Ocorre um forte desabastecimento de produtos.
O Plano Cruzado I tenta promover também o Congelamento de Sa-
lários a partir de uma média dos últimos 6 (seis) meses. Mas, neste
caso, os salários ficaram defasados.
Na gestão da moeda ocorreu o corte de 3 zeros. Ou seja, o que
custava 1.000 Cruzados passa a custar 1 cruzado como valor no-
minal. O governo afirmava que era para facilitar os cálculos, mas a
medida também dava a impressão de valorização da moeda, de que
o dinheiro valeria mais. O Banco Central passa a cunhar e distribuir Ulisses Guimarães e a Constituição Federal
moedas em maior quantidade, o que também auxiliava na impres-
são de que o País teria uma moeda forte.

32
HISTÓRIA DO BRASIL
Presidentes posteriores.

1989 – Eleições Diretas para Presidente da República


A Constituição Federal de 1988 restabeleceu as eleições diretas
para a Presidência da Republica, com a primeira rodada agendada para
o ano de 1989. A última vez anterior que os brasileiros tinham vota-
do para Presidente da República fora em 1960, quando Jânio Quadros
elegeu-se presidente. Concorreram 22 candidatos, com destaque para
Fernando Collor, Luís Inácio Lula da Silva, Mário Covas, Leonel Brizola,
Afif Domingos, Enéas Carneiro, e Orestes Quércia. Fernando Collor de
Mello ganha as eleições, eleito por um pequeno partido, PRN – Partido
da Renovação Nacional, mas com o apoio de diversos partidos vincula-
dos a setores conservadores da política.
Itamar Franco (á direita) exibe notas de Real
Governo Collor – 1990-1992
Como Fernando Collor foi eleito por um pequeno partido ele teve O Presidente convocou para Ministro da Fazenda o então senador
que buscar logo uma composição e alianças no Congresso Nacional Fernando Henrique Cardoso, que levou para o Governo uma equipe
para dar sustentação ao seu governo. Logo que assume dá início à de jovens economistas com o desafio de recriar os fundamentos da
uma campanha anticorrupção, retomando um estilo que havia feito o economia do País. O resultado foi o Plano Real, que procurou fazer o
sucesso político dele no governo de Alagoas, onde ficou conhecido em reequilíbrio dos preços relativos no país como estratégia para baixar
todo o Pais como o “Caçador de Marajás”. a inflação. Uma nova moeda foi criada, o Real, e que nasceu pratica-
Na economia Fernando Collor abriu o mercado brasileiro para im- mente equiparada ao dólar nos primeiros anos. O Plano Real deu cer-
portações, e solicitou a modernização da indústria automobilística na- to, e permitiu ao Governo Itamar concluir o mandato em altos índices
cional, dizendo que os carros vendidos no Brasil eram ‘carroças’ quan- de aprovação. O Plano Real facilitou as importações e estabeleceu a
do comparados aos carros vendidos no países do 1º mundo pelas mes- ampliação do consumo, o que impulsionou a atividade econômica e
mas empresas montadoras. Adotou o mesmo padrão para a indústria as vendas. Ocorreu um aumento no consumo de bens não duráveis, o
da informática, que estivera estagnada no Brasil durante a proteção que mostra uma melhora no poder de compra.
pela ‘Reserva de Mercado’ para empresas de capital nacional adotada Os fundamentos do Plano Real deram sustentação à economia
durante o Governo Sarney. Estas mudanças foram benéficas e fizeram brasileira desde o mandato de Itamar Franco, nos dois mandatos
com que a indústria se modernizasse. de Fernando Henrique Cardoso na Presidência da República (1994 a
O Governo justificava que a política de comércio exterior, abrindo 2001), e nos dois mandatos de Luís Inácio Lula da Silva (2002 a 2009).
o mercado brasileiro, facilitando as importações, produziria a reestru- Somente a partir de 2011, no primeiro mandato de Dilma Roussef
turação da economia, tornando as indústrias nacionais mais competi- como Presidente é que os fundamentos do Plano Real foram abando-
tivas e estimuladas a igualar-se aos padrões internacionais. A trajetória nados. As consequências negativas surgiram três anos depois, com o
de políticas econômicas de corte liberal praticadas pelo presidente Fer- Brasil voltando a conviver com inflação alta, aumento do desemprego
nando Collor foi logo interrompida por uma crise de corrupção que al- e crise nas contas públicas a partir de 2014.
cançou o seu governo ainda na metade do mandato. Um tesoureiro da
sua campanha eleitoral, Paulo César Farias (PC Farias) foi denunciado Governo Fernando Henrique Cardoso (FHC) – 1994-2001
em diversos processos e procedimentos, alcançando o círculo íntimo O sucesso do Plano Real embalou a candidatura de Fernando
de poder vinculado ao então presidente Collor. Henrique Cardoso à Presidência da República. Ele foi eleito em
O Congresso Nacional distancia-se de Collor e abre uma CPI para primeiro turno, derrotando Luís Inácio Lula da Silva, que concorrendo
investigar os casos de corrupção. Os trabalhos concluem pelo envolvi- pelo Partido dos Trabalhadores chegou em segundo lugar. Fernando
mento de Fernando Collor, que passa a sofrer um processo de Impea- Henrique dá continuidade ao Plano Real e faz a consolidação e
chment em 1992, acusado de enriquecimento ilícito e de corrupção estabilização da nova moeda, evitando a retomada das altas taxas
durante o seu governo. Seu irmão delatou o esquema organizado pelo inflacionárias.
seu tesoureiro de campanha PC Farias. Em 29 de setembro de 1992, O governo de FHC tinha como meta além da economia criar condi-
Na mesma data em que estava sendo votado o Impeachment no Con- ções para a reversão do quadro de miséria que atingia grande parte da
gresso Nacional o presidente Collor renuncia ao mandato. Assume o população. Mas, o compromisso com a manutenção de contas públicas
então vice presidente, o ex-governador de Minas Gerais e ex-senador saudáveis foi um freio permanente para os gastos e investimentos do
Itamar Franco. governo FHC na área social e nos investimentos. Para reduzir a pressão
sobre as contas públicas e provocar um ciclo de modernização em seto-
Governo Itamar Franco e o Plano Real- 1992-1993 res que estavam atrasados no Brasil em relação a outros países iniciou
Itamar Franco assume em clima de conciliação nacional, chaman- um programa de privatização de empresas estatais, com destaque para
do para compor o governo os partidos mais arraigados na cultura polí- os setores de telefonia, mineração e aviação.
tica do País, liderados pelo PMDB, de onde Itamar Franco era egresso.
Alia-se também ao Partido da Social Democracia Brasileira, o PSDB.
Pelo seu estilo informal do interior de Minas Gerais o período de Itamar
Franco ficou conhecido como ‘República do Pão de Queijo’.
Durante o governo de transição de Itamar Franco ocorreu a maior
e mais perene transformação na economia brasileira. Para combater a
inflação Itamar percebeu que as estratégias anteriores de congelamen-
tos de preços, gatilhos salarias, moratórias e outras estratégias tinham
todas um viés de fracasso após curtos períodos de aparente sucesso.
Fernando Henrique Cardoso e cédula de 1 Real

33
HISTÓRIA DO BRASIL
Um destaque social no governo FHC foi a inclusão educacional O efeito também foi sentido no setor econômico com uma
promovida para as crianças na Educação Fundamental, chegando a aceleração do consumo e da produção durante os primeiros anos.
colocar 94% das crianças na escola, feito até então inédito no Brasil. O final do primeiro mandato de Lula enfrentou problemas com es-
Os ajustes na economia, ainda derivados do compromisso com a es- cândalos de corrupção que se consolidaram em 2005 com o nome
tabilização da moeda funcionaram nos dois mandatos de Fernando de Mensalão, maculando a imagem do Partido dos Trabalhado-
Henrique Cardoso como um freio para o investimento social e na res (PT) pelo desvio de dinheiro público para o financiamento de
infraestrutura. campanhas eleitorais e pagamento de mesadas a parlamentares
O Governo conseguiu que o Congresso aprovasse o fim do mo- aliados no Congresso Nacional. Mesmo com estes problemas Lula
nopólio estatal nos setores de telecomunicações e de explorações foi reeleito em 2006, e iniciou novo mandato em 2007, governan-
e refino de petróleo, com a justificativa de aumentar a competitivi- do até 2010 praticamente dando continuidade aos programas do
dade nestes segmentos. No plano político FHC aprovou uma emen- primeiro mandato. Escolhe como candidata para a sucessão Dil-
da constitucional que criou o mecanismo da reeleição. Disputou e ma Roussef, sua ex-ministra de Minas e Energia e ex-Chefe da Casa
novamente foi eleito no 1º turno, tendo como principal adversário Civil. Dilma vence as eleições, e toma posse em 1º de janeiro de
o mesmo candidato do PT da eleição anterior, Luís Inácio Lula da 2011.
Silva. Foi reeleito em 1998, e iniciou o segundo mandato em 1999,
concluindo em 2002. Governo Dilma Roussef: 2011 a 2016 –
As duas principais características do primeiro mandato de
Governo Luís Inácio Lula da Silva – 2003 a 2010 Dilma Roussef no período de 2011 a 2014 foram a mudança da
política econômica no equilíbrio fiscal entre receitas e despesas
da União, e de manter a ênfase nas políticas sociais herdadas do
ex-presidente Lula. Todos os programas sociais existentes foram
mantidos, e foi dada uma aceleração à construção de moradias
populares com o programa ‘Minha Casa Minha Vida’.
Mas, Dilma Roussef implementou um aumento do gasto no
orçamento público que terminou por gerar um desequilíbrio nas
contas públicas. Como consequência o Brasil retornou aos tempos
da inflação e ao desemprego, o que levou à aprovação da abertura
de processo de Impeachment da presidente em maio de 2016,
com a suspensão do mandato, e posse do vice-presidente Michel
Temer.

Lula foi eleito Presidente da Republica em oposição ao candi-


dato de Fernando Henrique Cardoso. Derrotou José Serra com uma
proposta de acelerar a economia com mais geração de empregos
e com a criação de planos de apoio às parcelas de maior carência
econômica e social. Porém, assim que assumiu, teve como maior
mérito do governo petista reconhecimento e a manutenção dos
fundamentos de política econômica estabelecidos na criação do
Plano Real, ainda no governo de Itamar Franco.
Lula deu continuidade ao programa que controlou a inflação,
assegurou a estabilidade econômica e com um ciclo de expansão
mundial da economia aproveitou os excedentes gerados pelo Brasil
na exportação de minérios e soja (principalmente) para criar políti-
cas sociais. A ‘Nova República’ tinha, portanto, uma linha de conti-
nuidade econômica.
Neste contexto, com a economia estabilizada, os programas As principais bandeiras da presidente Dilma Roussef no cam-
de redistribuição de renda foram o principal destaque no primeiro po da Educação foram o financiamento estudantil para alunos de
mandato de Lula. A bandeira inicial de Lula era o “Fome Zero”, para cursos superiores em instituições privadas, com regras mais flexí-
distribuição de alimentos. Mas o projeto não decolou, pois não ha- veis e com juros baixos no FIES (Programa de Financiamento Estu-
via ‘fome’ no Brasil, mas sim carência de recursos para aquisição de dantil), e subsídios para criar o PRONATEC (Programa Nacional de
bens e serviços, uma vez que a comida (de certa forma) estava asse- Acesso ao Ensino Técnico).
gurada para a quase totalidade da população. Após o esvaziamen- No campo econômico, porém, Dilma Roussef mudou a equipe
to do ‘Fome Zero’ ganhou destaque no governo Lula o programa econômica deixada pelo ex-presidente Lula e alterou os rumos da
“Bolsa Família”, com a distribuição de um cartão para saquem em gestão macroeconômica, abandonando as premissas estabeleci-
dinheiro para milhões de brasileiros abaixo de uma determinada das desde o Plano Real ainda no Governo Itamar Franco, e que
linha de corte sócioeconômico. ficaram estáveis durante os dois mandatos de FHC e de Lula.
Lula colocou também em pauta a recuperação do valor do Sa- As consequências destas mudanças começaram a aparecer já
lário Mínimo dentro do quadro de expansão da economia, o que no final do segundo ano do primeiro mandato da presidente Dil-
permitiu um ciclo de ascensão social no seu primeiro mandato. Para ma, com a redução na velocidade do crescimento da economia.
estimular a produção industrial interna e também as importações Dilma conclui o primeiro mandato já com a economia estagnada,
o governo federal passou a incentivar políticas de crédito a juros mas consegue ser reeleita em 2014 com uma campanha baseada
baixos para compra de automóveis, para a casa própria, e para o na continuidade dos programas de inclusão econômica, social e
Crédito Consignado (empréstimos a servidores públicos, aposenta- educacional criados desde o primeiro mandato do ex-presidente
dos e pensionistas). Lula.

34
HISTÓRIA DO BRASIL
Operação Lava-Jato Diante de tantas dúvidas, uma coisa é certa: Jair Bolsonaro enfren-
Porém, o início do segundo mandato de Dilma Roussef em 2015 tará um quadro desafiador, com grande oposição política, cenário eco-
ocorre com o País conturbado em função da realidade econômica nômico ainda fragilizado e a piora na oferta de serviços públicos. Além
agravada no começo de 2015, com um cenário de crise nas contas disso, contará com um Congresso mais fragmentado e o crescimento
publicas e de corrupção em empresas estatais importantes como a de bancadas com interesses corporativistas, o que pode se mostrar um
Petrobrás, a Caixa Econômica Federal, e em fundos de pensão de grande empecilho ao avanço da agenda econômica. Custará ao novo
empresas com os Correios. presidente aglutinar a população altamente polarizada em torno de
A Justiça Federal investiga, apura e condena políticos e gestores um projeto nacional suprapartidário.
públicos envolvidos em corrupção num longo processo denomina- Enfim, esse novo governo tem que arrumar a casa, porque hoje
do ‘Operação Lava-Jato’, conduzido pelo Juiz Sérgio Moro. É mais o que está errado no Brasil é o setor público, não é o privado. O setor
um capítulo da ‘Nova República’. privado precisa de um ambiente de negócios favorável ao investimento
e cabe ao setor público tomar as medidas necessárias para que esse
O Governo de Michel Temer ambiente volte a proporcionar crescimento e desenvolvimento.
Michel Temer assume o poder como presidente da República
em 12 de maio de 2016, sendo esta a mesma data em que Dilma Fonte:
Roussef foi afastada pelo Senado Federal após aprovação da aber- www.prouniversidade.com.br//www.historiadigital.org/www.
tura de processo de Impeachment. geekiegames.geekie.com.br/www.guiadacarreira.com.br/www.estu-
O início do governo de Temer foi marcado pela tentativa de re- dopratico.com.br/www.resumoescolar.com.br/www.mundoeduca-
compor as contas públicas, para equalizar os problemas de inflação cao.bol.uol.com.br/www.infoescola.com/www.brasilescola.uol.com.
e de desinvestimento gerados ao final do período de Dilma Roussef, br/www.blogdoenem.com.br//www.nexojornal.com.br//www.cole-
que deixou o país com 11 milhões de desempregados e com as con- gioweb.com.br/www.escolaeducacao.com.br/www.todamateria.com.
tas públicas deficitárias, no pior desempenho da história do Brasil. br/www.pt.wikipedia.org/www.noseahistoria.wordpress.com/www.
A economia estava em desequilíbrio radical nas contas públi- guerras.brasilescola.uol.com.br/www.alunosonline.uol.com.br/www.
cas, e governar para produzir ‘Ordem e Progresso’ era a bandeira sohistoria.com.br/www.historialivre.com/www.monografias.brasiles-
do governo recém-empossado. Reformas na Lei Trabalhista e mu- cola.uol.com.br/www.coladaweb.com/www.suapesquisa.com/www.
danças na Constituição para proteger as contas públicas contra os historiadobrasil.net/www.mundoeducacao.uol.com.br/www.profgui-
abusos dos próprios governantes estavam na pauta do país. Até que monteiro.blogspot.com/www.educacional.com.br/www.educacaoes-
no primeiro semestre de 2017 novos escândalos de corrupção atin- cola.com.br/www.poetawagner.blogspot.com/www.educacao.globo.
gissem diretamente o Presidente da República e a sua equipe de com/www.historiadomundo.com.br/www.historiageralcomgd.com/
governo sediada no Palácio do Planalto. www.educacao.uol.com.br/www.conteudoseducar.com.br/www.al-
Assessores diretos de Michel Temer foram filmados e presos gosobre.com.br/www.politize.com.br/www.guiadoestudante.abril.
recebendo dinheiro embalado em malas ou mochilas. E, o próprio com.br/www.sabedoriapolitica.com.br/www.mundovestibular.com.
Temer teve uma conversa sobre corrupção gravada por um empre- br/www.todapolitica.com//www.jcmontteiro.webnode.com.br/www.
sário investigado. webartigos.com/www.sergiokbsa.blogspot.com.br/Antonio Gaspare-
tto Junior/Rainer Gonçalves/Cláudio Fernandes/Armando Araújo Sil-
Desafios do presidente eleito Jair Bolsonaro vestre/Fernanda Paixão Pissurno/Sergio Cabeça/Rodolfo Alves Pena/
Vamos explicar brevemente o cenário econômico do Brasil para Leandro Augusto Martins Junior/Gibson Dantas /Pe. Vergílio/Fernanda
entendermos um pouco dos desafios que nosso próximo presiden- Paixão Pissurno/Rainer Sousa/Armando Araújo Silvestre
te encontrará pela frente. O Brasil tem um enorme problema fis-
cal a ser resolvido, uma indústria com capacidade ociosa bastante EXERCÍCIOS
alta, desemprego em níveis altos (embora em trajetória de gradual
queda), níveis de burocracia que entravam a nossa produtividade e 1) (GV)- Quais as características dominantes da economia colo-
bancos com linhas de crédito ainda em níveis muito abaixo dos re- nial brasileira:
cordes, principalmente do BNDES. Além disso, sofre de baixo nível a) propriedade latifundiária, trabalho indígena e produção mono-
de confiança de investidores tanto nacionais quanto internacionais, -cultora
o que gera uma pressão negativa no preço de nosso ativos. b) propriedades diversificadas, exportação de matérias-primas e
O mercado hoje busca sinalizações quanto a priorização de re- trabalho servil
formas e propostas mais complexas de difícil aprovação pelo Legis- c) monopólio comercial, latifúndio e trabalho escravo de índios e
lativo, uma vez que esse tema não foi central durante o período de negros
campanha eleitoral. A não priorização de temas chave traria risco d) pequenas vilas mercantis, mono-cultura de exportação e tra-
e volatilidade aos ativos brasileiros, sendo o valor de nossa moeda balho servil
frente ao dólar o primeiro alvo dos investidores. e) propriedade mini-fundiária, colônias agrícolas e trabalho escra-
A Reforma da Previdência é vista como um possível divisor de vo.
águas do novo governo dada a sua urgência. “A reforma [da pre-
vidência] proposta pelo governo já não é mais suficiente, dada a 2) (FUVEST) No Brasil colonial, a escravidão caracterizou-se es-
intensidade dos problemas que se acumularam desde então, no- sencialmente
tadamente o aumento dos gastos com pessoal, que tolheu o es- a) por sua vinculação exclusiva ao sistema agrário exportador
paço para as demais despesas” diz Fabio Giambiagi, chefe do De- b) pelo incentivo da Igreja e da Coroa à escravidão de índios e ne-
partamento de Pesquisa Econômica do BNDES (Banco Nacional de gros
Desenvolvimento Econômico e Social). O projeto que for aprovado c) por destinar os trabalhos mais penosos aos negros e mais leves
pelo Legislativo poderá definir o cenário econômico nacional nos aos índios
anos seguintes. A Reforma Tributária, abertura comercial e priva- d) por estar amplamente distribuída entre a população livre, cons-
tizações são alguns exemplos. Em breve publicaremos textos ana- tituindo a base econômica da sociedade
lisando mais profundamente as propostas e quais os impactos nos e) por impedir a emigração em massa de trabalhadores livres
principais ativos. para o Brasil.

35
HISTÓRIA DO BRASIL
03. Acerca da história do Brasil, é incorreto afirmar: 7)(FUVEST) - Podemos afirmar sobre o período da minera-
a) Em 15 de novembro de 1889, ocorreu a Proclamação da Re- ção no Brasil que:
pública pelo Marechal Deodoro da Fonseca e teve início a Repúbli- a) atraídos pelo ouro, vieram para o Brasil aventureiros de
ca Velha, que só veio terminar em 1930 com a chegada de Getúlio toda espécie, que inviabilizaram a mineração
Vargas ao poder. A partir daí, têm destaque na história brasileira a b) a mineração contribuiu para interligar as várias regiões do
industrialização do país; sua participação na Segunda Guerra Mun- Brasil, e foi fator de diferenciação da sociedade
dial ao lado dos Estados Unidos; e o Golpe Militar de 1964, quando c) a exploração das minas de ouro só trouxe benefícios para
o general Castelo Branco assumiu a Presidência. Portugal
b) A ditadura militar, a pretexto de combater a subversão e a d) a mineração deu origem a uma classe média urbana que
corrupção, suprimiu direitos constitucionais, perseguiu e censurou teve papel decisivo na independência do Brasil
os meios de comunicação, extinguiu os partidos políticos e criou o e) o ouro beneficiou apenas a Inglaterra, que financiou a sua
bipartidarismo. Após o fim do regime militar, os deputados federais exploração.
e senadores se reuniram no ano de 1988 em Assembléia Nacional
Constituinte e promulgaram a nova Constituição, que amplia os di- 8) O Renascimento Agrícola, para muitos estudiosos, um
reitos individuais. O país se redemocratiza, avança economicamen- período de transição entre a mineração decadente e a ascen-
te e cada vez mais se insere no cenário internacional. são da cafeicultura, é explicado por uma série de condições,
c) O período que vai de 1930 a 1945, a partir da derrubada do em que se excetua:
presidente Washington Luís em 1930, até a volta do país à demo- a) a Revolução Industrial inglesa;
cracia em 1945, é chamado de Era Vargas, em razão do forte con- b) a guerra de independência dos EUA;
trole na pessoa do caudilho Getúlio Domeles Vargas, que assumiu c) a retomada da importância da atividade açucareira;
o controle do país, no período. Neste período está compreendido o d) a ação do marquês de Pombal;
chamado Estado Novo (1937-1945). e) a guerra de Secessão.
d) Em 1967, o nome do país foi alterado para República Fede-
rativa do Brasil. 9) (UCSAL) - Ao estabelecer o Sistema de Capitanias Here-
e) Fernando Collor foi eleito em 1989, na primeira eleição dire- ditárias,
ta para Presidente da República desde 1964. Seu governo perdurou D. João III objetivava:
até 1992, quando foi afastado pelo Senado Federal devido a proces- a) demostrar que as sugestões feitas por Cristovão Jacques,
so de “impugnação” movido contra ele. alguns anos antes, eram extraordinárias;
b) repetir em territórios brasileiros uma experiência bem
4) (FUVEST)- NO século XVII, contribuíram para a penetração sucedida nas ilhas do Oceano Atlântico e no litoral oriental da
do interior brasileiro: África;
a) o apresamento de indígenas e a procura de riquezas minerais c) povoar o litoral brasileiro em toda sua extensão concomi-
b) o desenvolvimento da cultura de cana-de-açúcar e a cultura tantemente, impedindo assim novas incursões estrangeiras;
de algodão d) incentivar o cultivo da cana-de-açúcar por meio da doa-
c) a necessidade de defesa e o combate aos franceses ção
d) o fim do domínio espanhol e a restauração da monarquia de terras a estrangeiros, modernizando assim a produção;
portuguesa e) fortalecer o poder da nobreza portuguesa que se encon-
e) a Guerra dos Emboabas e a transferência da capital da colô- trava em declínio, oferecendo-lhe vastas áreas de terras no Bra-
nia para o Rio de Janeiro. sil.

05. Sobre a redemocratização no Brasil pós - ditadura, assina- 10. Leia atentamente as alternativas abaixo.
le a alternativa correta. I – No governo Médici, observamos o auge da ação dos ins-
a) Uma das ações que marcou o processo de redemocratização trumentos de repressão e tortura instalados a partir de 1968. Os
foi a campanha pelas eleições diretas para a presidência da Repúbli- famosos “porões da ditadura” ganhavam o aval do Estado para
ca, que ficou conhecida como “Diretas já”. promover a tortura e o assassinato no interior de delegacias e
b) O bipartidarismo foi uma das marcas do período pós-dita- presídios;
dura, motivo pelo qual a ARENA e o MDB foram os únicos partidos II – A repressão aos órgãos de imprensa foi intensificada,
políticos autorizados a funcionar no período impossibilitando a denúncia das arbitrariedades que se espalha-
c) O presidente Tancredo Neves foi o primeiro presidente eleito vam pelo país. Ao mesmo tempo, no governo de Médici, foi ob-
pelo voto popular após a ditadura militar. servado o uso massivo dos meios de comunicação para instituir
d) Devido às graves denúncias que ocorreram, o presidente uma visão positiva sobre o Governo Militar;
José Sarney foi afastado da presidência da República. Esse processo III – A participação do Estado na economia ampliou-se sig-
ficou conhecido como impeachment nificativamente com a criação de aproximadamente trezentas
e) Fernando Collor de Mello foi um dos presidentes eleitos empresas estatais entre os anos de 1974 e 1979. A expansão do
após a ditadura militar e ficou famoso pela criação do Programa setor industrial, viabilizada por meio da expansão do crédito, a
Bolsa-Família. manutenção dos índices salariais e a repressão política incitaram
uma explosão consumista entre os setores médios da população.
6) (UNIFENAS) - Foram conseqüências da mineração, exceto:
a) o surgimento de um mercado interno; Indique a alternativa correta abaixo:
b) a urbanização; a) se somente as afirmativas I e II estiverem corretas.
c) a melhoria do nível cultural; b) se somente as afirmativas I e III estiverem corretas.
d) a decadência da atividade açucareira; c) se somente as afirmativas II e III estiverem corretas.
e) a maior fiscalização da Coroa sobre a colônia. d) se todas as afirmativas estiverem corretas.
e) se todas as afirmativas estiverem incorretas.

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HISTÓRIA DO BRASIL
11. No período do milagre econômico, c) Com o coronelismo, controlou-se o eleitorado no campo, in-
a) após 1973, a ampliação dos fluxos de capitais e a redução corporado ao processo político pelo fim do critério censitário, e ga-
das restrições externas entraram em evidência. rantiu-se a hegemonia das oligarquias rurais regionais, interferindo
b) as desigualdades de renda foram reduzidas. no processo eleitoral.
c) o II Plano Nacional de Desenvolvimento voltou-se ao desen- d) Com a criação de um novo ator político - os governadores,
volvimento da indústria de insumos básicos e de bens de capital eleitos a partir das máquinas estaduais -, os estados aprofundaram o
como forma de superar o problema da restrição externa da eco- federalismo e combateram o coronelismo, visto como sobrevivência
nomia. arcaica da ordem imperial.
d) os salários cresceram acima da produtividade. e) Com o pacto federativo, acirraram-se as hostilidades existen-
e) a agropecuária observou ampliação da participação do PIB tes entre Executivo e Legislativo, criando a disputa entre São Paulo e
devido ao avanço tecnológico. Minas Gerais pela presidência da República.

12. A derrocada do “milagre econômico” brasileiro, em mea- 15. (MPE-GO/2016 - MPE-GO) Em 1945 chega ao fim o Estado
dos dos anos 1970 está associada Novo implantado pelo presidente Getúlio Vargas. Entre as causas
a) ao primeiro choque internacional do preço do petróleo, re- tivemos a(s)
velando a vulnerabilidade externa da economia brasileira. a) Revolução de 1945 realizada pelos sindicatos e apoiado pelo
b) ao encarecimento do crédito externo, com a reciclagem dos Partido Trabalhista Brasileiro daquela época.
petrodólares. b) Atuação do movimento estudantil, liderado pela UNE, que as-
c) ao acúmulo de crescentes déficits comerciais, nos últimos sumiu o poder apoiando o partido da União Democrática Nacional.
cinco anos dessa década. c) Pressões norte-americanas obrigando Getúlio Vargas a extin-
d) à chamada privatização do endividamento externo. guir o Estado Novo e tornar o país uma democracia.
e) à redução absoluta das reservas do país, em moeda d) Adesão de Getúlio ao Fascismo, propiciando que ele implante
estrangeira. no Brasil um regime semelhante após 1945.
e) Participação do Brasil na 2ª Guerra Mundial ao lado das demo-
13. (UFMT/2015 - IF-MT) Durante o período imperial brasilei- cracias, criando uma situação interna contraditória, pois o país vivia,
ro, o liberalismo foi uma das correntes políticas influentes na com- até aquele ano, uma ditadura.
posição do nascente Estado independente, tendo, em diferentes
momentos, pautado seus rumos. Há que se observar, no entanto, 16. (MPE-GO/2016 - MPE-GO) Com relação à ditadura militar
que, diferentemente do modelo europeu, o liberalismo encontra- brasileira, que teve início em 1964, e a redemocratização no Brasil
do no Brasil tinha suas idiossincrasias. A partir do exposto, mar- pós - ditadura, identifique as afirmativas a seguir como verdadei-
que V para as afirmativas verdadeiras e F para as falsas. ras(V) ou falsas (F):
( ) Os limites do liberalismo brasileiro estiveram marcados pela ( ) A publicação dos atos institucionais foi um forma de legitimar
manutenção da escravidão e da estrutura arcaica de produção. rapidamente as medidas do governo. Entre os atos publicados no pe-
( ) Os adeptos do liberalismo pertenciam às classes médias ur- ríodo, o AI-5 concedia ao presidente da República plenos poderes,
banas, agentes públicos e manumitidos ou libertos. como o direito de cassar mandados.
( ) O liberalismo brasileiro mostrou seus limites durante a ela- ( ) O período foi marcado por significativo desenvolvimento eco-
boração da Constituição de 1824. nômico, que ficou conhecido como “milagre brasileiro”.
( ) A aproximação de D. Pedro I com os portugueses no Brasil ( ) Em meio a manifestações de artistas e estudantes contrários
ajudou a estruturar o pensamento liberal no primeiro reinado. ao regime, os operários conseguiram manter um diálogo contínuo
com o governo, devido à importância dessa classe trabalhadora para
Assinale a sequência correta. a economia do país.
a) F, V, F, V ( ) Uma das ações que marcou o processo de redemocratização
b) V, V, F, F foi a campanha pelas eleições diretas para a presidência da Repúbli-
c) V, F, V, F ca, que ficou conhecida como “Diretas já”.
d) F, F, V, V ( ) O bipartidarismo foi uma das marcas do período pós-ditadura,
motivo pelo qual a ARENA e o MDB foram os únicos partidos políticos
14. (FGV/2016 – SME/SP) “Comecemos pela expressão ‘Repú- autorizados a funcionar no período
blica Oligárquica’. Oligarquia é uma palavra grega que significa
governo de poucas pessoas, pertencentes a uma classe ou família. Assinale a alternativa que apresenta a sequência correta, de
De fato, embora a aparência de organização do país fosse liberal, cima para baixo
na prática o poder foi controlado por um reduzido grupo de políti- a) V - F - V - V - F
cos em cada Estado.” b) V - V - F - V - F
FAUSTO, Boris. História do Brasil. São Paulo: c) F - F - V - F - V
EDUSP, 1995, p. 61. d) F - V - F - F - V
Assinale a opção que caracteriza corretamente um dos meca- e) V - V - F - V - V
nismos próprios da ordem oligárquica brasileira na Primeira Re-
pública. 17. Em 25 de abril de 1984, a Emenda Constitucional das “Dire-
a) Com a política dos governadores, o governo estadual pas- tas Já!”, relativa à eleição direta para presidente e vice-presidente
sou a sustentar os grupos dominantes em cada estado, em troca de da República, foi:
apoio eleitoral para o Executivo federal. a) aprovada pela Câmara dos Deputados, obrigando o gover-
b) Com a aliança entre Minas Gerais e Rio de Janeiro, detento- no Figueiredo a controlar os grupos militares de extrema direita.
res das maiores bancadas no Congresso no período, as oligarquias b) rejeitada pela Câmara dos Deputados, levando à posterior
do Centro-Sul garantiram o controle do Executivo e do Legislativo formação da Aliança Democrática e à candidatura de Tancredo Ne-
federais. ves.

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HISTÓRIA DO BRASIL
c) aprovada pela Câmara dos Deputados, permitindo ao GABARITO
governo o estabelecimento de medidas de emergência nos es-
tados. 1 C
d) rejeitada pela Câmara dos Deputados, propiciando for-
te reação da classe trabalhadora, que se decidiu pela formação 2 D
do Partido dos Trabalhadores. 3 E
e) aprovada pela Câmara dos Deputados, articulando-se a 4 A
anistia geral e a extinção do bipartidarismo.
5 A
18. Após duas décadas de governos militares e de intensa 6 D
campanha popular pelas diretas em 1984, as eleições presiden- 7 B
ciais de 1985 foram:
a) diretas, vencidas por José Sarney, candidato do PDS (Par- 8 E
tido Democrático Social), que apoiava o regime militar. 9 C
b) diretas, vencidas pelos partidos de esquerda que nasce- 10 D
ram após a anistia política de 1979: PT (Partido dos Trabalhado-
res) e PDT (Partido Democrático Trabalhista). 11 C
c) indiretas, vencidas pelo general João Figueiredo, da Arena 12 A
(Aliança Renovadora Nacional), que se tornou o último presiden- 13 C
te militar do Brasil.
d) indiretas, vencidas pela Aliança Democrática, que reunia 14 C
o PMDB (Partido do Movimento Democrático Brasileiro), de opo- 15 E
sição, e setores dissidentes do PDS. 16 B
e) indiretas, vencidas pelo PFL (Partido da Frente Liberal),
17 B
que apoiara o regime militar e que, após a redemocratização,
passou para a oposição. 18 D
19 B
19. . A volta democrática de Getúlio Vargas ao poder, após
20 C
ser eleito no ano de 1950, ficou caracterizada pelo presidente:
a) ter se aproximado dos antigos líderes militares do Estado
Novo e ter dado um golpe de Estado em 1952.
b) ter exercido um governo de tendência populista e ter se
suicidado em 1954.
c) ter exercido um governo de tendência autoritária, com o
apoio de Carlos Lacerda.
d) ter exercido um governo de tendência populista que foi a
base para sua reeleição em 1955.
e) não ter levado o governo adiante por motivos de saúde,
sendo substituído por seu vice, Café Filho, em 1951.

20. (MPE/RS – 2015 – MPE/RS) Considere as seguintes afir-


mações, relativas à história recente do Brasil.
I. O período entre 1986 e 1990 foi marcado pela estabilidade
monetária, com a criação do plano cruzado, e pela recuperação
da economia após a crise do petróleo da década de 1970.
II. Com ampla participação popular, mobilizada através do
movimento das “Diretas Já!”, foram realizadas em 1985 as pri-
meiras eleições diretas para a Presidência da República, sendo
vitoriosa a chapa encabeçada por Tancredo Neves e José Sarney.
III. A Constituição de 1988 valorizou direitos políticos e so-
ciais, reconheceu a organização social indígena e alterou o sis-
tema tributário nacional, repassando aos estados e municípios
parte dos recursos anteriormente destinados à União.

Quais estão corretas?


a) Apenas I.
b) Apenas II.
c) Apenas III.
d) Apenas I e II.
e) Apenas II e III.

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