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2. Materiais e componentes......................................................................... 06
2.1 Componentes economizadores de água............................................. 07
2.1.1 Torneira hidromecânica................................................................. 08
2.1.2 Registro regulador de vazão......................................................... 10
2.1.3 Torneira hidromecânica com dispositivo de comando
adequado a deficientes físicos................................................................. 11
2.1.4 Torneira com sensor...................................................................... 12
2.1.5 Torneira com funcionamento por pedal......................................... 13
2.1.6 Torneira monocomando................................................................. 14
2.1.7 Arejador e restritor de vazão.......................................................... 14
2.1.8 Mictório........................................................................................... 15
2.1.9 Bacia sanitária................................................................................ 18
2.1.10 Chuveiro........................................................................................ 19
3. Projeto........................................................................................................ 20
3.1 Requisitos de desempenho sob a ótica do usuário........................... 20
3.2 Projeto como um sistema de informação............................................ 21
3.3 Racionalização....................................................................................... 26
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1. Histórico dos Sistemas Prediais Hidráulicos e Sanitários
A evolução histórica dos Sistemas Prediais Hidráulicos e Sanitários (SPHS) é
intimamente ligada ao desenvolvimento da medicina no que concerne ao
entendimento das causas das epidemias.
Na Antiguidade já existiam sistemas bastante desenvolvidos como os que
foram descobertos nas seguintes pesquisas arqueológicas:
Escavações no vale do rio Indus, na Índia, mostraram as ruínas de um sistema
de instalações existente de 3.000 a 6.000 anos atrás.
No Egito foram encontrados tubos de cobre enterrados para a condução e
retirada da água de banheiros no palácio do Faraó. Cada apartamento tinha
associado seu banheiro.
Nas escavações da cidade de Kish, próximo ao rio Eufrates foram encontrados
restos de tubulações de cerâmica e piscinas. As estimativas de idade para
essas instalações são de 4.500 a.C.
A Babilônia era dotada de uma rede de dutos para escoamento de esgoto, e
que por sua vez, possuía poços de inspeção.
Os Jardins Suspensos da Babilônia deviam possuir um sistema de recalque e
de irrigação.
Na Ilha de Creta, as escavações do palácio de Cnossos mostraram a existência
de uma rede de água e esgoto já no ano 1.000 a.C. Foram encontradas
evidências de aparelhos sanitários (banheira, vaso sanitário), rede de água fria,
rede de esgoto e até um sistema de aquecimento.
Roma construiu em época muito remota a Cloaca Máxima, um grande coletor
capaz de conduzir o esgoto da região para fora da cidade. Em seu apogeu a
cidade foi dotada de extensa rede subterrânea de água e esgoto com
fornecimento direto a diversas casas. Tubulação em chumbo e bronze era
empregada para conduzir água e em cerâmica para esgoto. Peças sanitárias
construídas em mármore, dotadas de torneiras em ouro e prata tornaram-se
símbolos romanos.
Em Pompéia também foi descoberta uma rede de distribuição de água em
canos de chumbo, para as residências de toda a cidade. Cada ligação era
dotada de um registro de calçada. Havia também uma rede para coleta de
esgoto e de água pluvial.
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Os materiais mais utilizados para a condução de líquidos sob pressão eram
tubos de chumbo e cobre. Esses tubos podiam também receber um revestimento de
estanho para a melhoria da corrosão e para diminuir os efeitos tóxicos dos sais de
chumbo que já eram conhecidos àquela época.
Com a queda do Império Romano no século V, a saúde e higiene também
tiveram um retrocesso. O banho foi considerado desnecessário na Idade Média.
A higiene conseguiu prevalecer nos monastérios onde os pés eram lavados
semanalmente e tomava-se banho de duas até quatro vezes ao ano.
Nessa época os dejetos coletados durante o dia ou à noite eram simplesmente
jogados pela janela. No século XIV (1395) o rei da França instituiu uma lei proibindo
essa prática que, apesar da lei, continuou sendo praticada até meados do século
XVIII.
Após essa proibição surgiram empresas que faziam o transporte dos dejetos
durante a noite mas esses dejetos, deixados na porta das casas, eram
esparramados por animais ou transportados pela chuva.
Essas condições de higiene foram a causa das pestes que na Idade Média
assolaram a Europa. A peste bubônica matou 25 milhões de pessoas. Um terço da
população inglesa morreu de peste negra.
O costume de lançar os dejetos pela janela foi substituído pelo lançamento em
poços externos às residências. Começou-se também a construir assentos de
madeira sobre os mesmos e utilizar o próprio ambiente como sanitário. Esse cômodo
necessitava ser escuro para não atrair insetos. Esses poços facilmente colmatavam-
se e era necessário abrir outro. Não havia distanciamento adequado entre esses
poços e os que coletavam água.
Progressivamente esses poços foram sendo esvaziados e o material
transportado para outros locais. Esse material passou a ser utilizado para fertilizar as
lavouras mas o cheiro era insuportável. Um francês chamado Louis Mouras
experimentou construir um poço fechado e quando o abriu teve a surpresa em ver
que o material havia desaparecido. Com isso passou a construir as fossas Mouras na
qual o líquido excedente era removido por uma descarga. Utilizou-se também a fossa
de Moule: o vaso sanitário ficava dentro de um móvel que permitia, através de um
mecanismo, o lançamento de terra seca sobre os dejetos; esse material ia ter a um
depósito na parte inferior da casa.
No século XIX aconteceu o florescimento dos sistemas prediais. Esse fato
deveu-se principalmente à evolução da microbiologia gerando o conhecimento de
transmissão de doenças por via hídrica (acreditava-se que os mau odores eram os
causadores de doenças e epidemias).
Em 1885, Pasteur introduz o tratamento do cólera e Koch descobre os bacilos
da tuberculose. Rapidamente se isolam os germes da difteria, peste bubônica,
tétano, doença do sono. Pelo final do século, desenvolveram-se os métodos de
combate à febre amarela e à malária, pela descoberta de sua transmissão por meio
do pernilongo. É em meio a esse caldo tecnológico e científico que devemos
entender o desenvolvimento dos equipamentos sanitários.
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Os aparelhos sanitários eram peças utilizadas pela população mais abastada.
A aceitação desses aparelhos dentro das habitações foi lenta. Inicialmente o
lavatório, a banheira, a pia, o tanque e o chuveiro que não continham matéria fecal e
finalmente o vaso sanitário.
O lavatório se compunha de duas peças: o jarro e a bacia. Com o primeiro ia se
buscar a água em um poço ou um chafariz público e com o segundo se procedia a
ablução. O passo seguinte foi ele se transformar em um móvel. A bacia foi embutida
num móvel de madeira transformando-se em móvel de adorno.
A limpeza de louças, panelas ou lavagem de roupa era feita em algum córrego,
ou então no próprio chafariz público (até que as leis o proibissem). O lavatório e a
banheira eram peças extremamente caras por serem talhadas em pedra ou
mármore.
O vaso sanitário era uma peça fixa onde se colocava um recipiente para a
coleta dos dejetos.
O primeiro vaso sanitário moderno (isto é, capaz de prover a própria limpeza)
foi inventado por Joseph Bramah, um inventor inglês, em 1788.
O vaso sanitário como o conhecemos hoje começou a ser largamente utilizado
no início do século XX.
A utilização do sifão com seu fecho hídrico representa um papel extremamente
importante na higiene das habitações. O conceito reinante na primeira metade do
século XIX era de que as doenças eram transmitidas pelos odores. Durante a
primeira metade deste século não se usava praticamente o sifão. Na segunda
metade do século o sifão passou a ser utilizado em larga escala para evitar que os
odores entrassem na habitação. A preocupação com a perda do fecho hídrico tornou-
se grande e começaram os estudos para o entendimento das variações de pressão
dentro das tubulações de esgoto principalmente em prédios de múltiplos pavimentos
que começavam a se tornar comuns.
O primeiro sistema de coleta de esgoto em edifícios em altura utilizava um
único tubo de queda, sendo que os aparelhos sanitários ligavam-se todos a ele. A
primeira transformação nesse sistema foi o prolongamento do tubo de queda acima
da cobertura: ainda não era clara a necessidade de ventilação porque apenas se
iniciava o emprego de sifões, mas já havia a preocupação de lançar os odores para a
atmosfera.
O sistema com um tubo de queda e um tubo separado só para ventilação (one
pipe fully vented system), ainda largamente utilizado no Brasil, surgiu de uma norma
norte-americana de 1874 que obrigava ventilar todos os sifões de uma instalação
(trap venting law).
O Brasil seguiu o desenvolvimento dos Sistemas na Europa e nos EEUU.
A situação do abastecimento de água nas cidades brasileiras no século XVIII
era bastante precária. Cidades como São Paulo têm seu abastecimento por
chafarizes público ou soluções individuais mais precárias. Para captação da água a
população recorria a fontes desprotegidas, pequenos cursos de água, etc.
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Em 1723, a cidade do Rio de Janeiro fora equipada com seu primeiro aqueduto,
que conduzia água do Rio Carioca, através dos Arcos Velhos, até o chafariz público.
O primeiro encanamento de água foi executado pelos frades de São Francisco, em
1744, para abastecimento próprio.
O marco inicial do serviço de abastecimento público na capital paulista pode ser
representado pelo “Chafariz do Tebas”, construído em 1792 no Largo da
Misericórdia, próximo à Rua do Palácio e a Rua Direita.
2. Materiais e Componentes
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• registro de gaveta
• registro de pressão
• torneira comum
c. ÁREA DE SERVIÇO
• máquina de lavar roupas
• registro de gaveta
• registro de pressão
• tanque
• torneira comum
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Hidromecânico
O sistema de funcionamento hidromecânico é aquele em que o usuário aciona
o dispositivo de comando manualmente e o fechamento se dá após um determinado
tempo de funcionamento. Este é um sistema automático e temporizado.
Os tempos de funcionamento podem variar em função da finalidade do
equipamento. O tempo de funcionamento de um dispositivo destinado a chuveiro ou
ducha é naturalmente maior que o de uma torneira, em função das atividades
distintas que neles ocorrerão.
Segundo a NBR 13713/1996, salvo aplicações especiais, os tempos máximos
de fechamento para aparelhos hidráulicos automáticos devem atender aos seguintes
valores:
Tabela 2.01 Tempos máximos de fechamento para aparelhos hidráulicos
automáticos. (Fonte: NBR 13713/1996)
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Figura 2.01 Modelos de torneira hidromecânica de bancada e de parede e esquema
de funcionamento (Fontes: www.deca.com.br e www.docol.com.br )
O tempo de acionamento do fluxo de água também determina o uso racional
neste tipo de equipamento. Este tempo não deve ser muito curto, para evitar que o
usuário tenha que acionar a torneira várias vezes em uma única operação de
lavagem. Também não deve ser muito longo, para evitar que o usuário finalize sua
atividade e o fluxo ainda esteja ocorrendo. O ideal é que o processo de lavar as
mãos com sabão neste equipamento seja feito com, no máximo, dois ciclos: no
primeiro o usuário molha as mãos e no segundo enxágua.
Há dois tipos de torneiras disponíveis no mercado: as que permitem a
regulagem do tempo de abertura na própria peça, através de uma chave adequada e
restrita, e as que apresentam tempo de abertura preestabelecido.
Essas torneiras apresentam geralmente acabamento cromado, mas há
também equipamentos em aço inoxidável que possuem maior durabilidade. Algumas
apresentam características antivandalismo, como o confinamento de parte do
equipamento dentro de uma parede, como pode ser visto na Fig. 2.02.
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Figura 2.02 Torneira anti-vandalismo (Fonte: www.docol.com.br)
Pode-se utilizar registros reguladores de vazão incorporados a essas torneiras
com a finalidade do usuário não interferir na vazão, uma vez que o equipamento só
permite o grau de liberdade de abertura do fluxo de água. Ou seja, uma vez fixada a
pressão do sistema, o fluxo de água que sairá pela torneira pode apresentar uma
vazão adequada à função, sem perdas decorrentes do uso excessivo de água (ver
próximo item).
Abaixo uma tabela comparativa de vazões.
Tabela 2.02 Comparativo de vazões em torneiras. (Fonte: www.deca.com.br)
Baixa Pressão Alta Pressão Aplicando
2 a 10 m.c.a. 10 a 40 m.c.a. Dispositivos
Produto
Residência/Sobrado Apartamento/Indústria ( Economizadores
(A) (B) de Água
Torneira de lavatório 10 l/min 20 l/min 8 l/min
Torneira Decamatic 8 l/min 15 l/min 6 l/min (2)
(A) Valor de referência utilizado: 4 m.c.a.
(B) Valor de referência utilizado: 20 m.c.a.
(2) O produto apresenta regulagem de vazão.
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segundo as necessidades e o conforto desejado pelo usuário e pelas atividades que
se desenvolverão no local. No entanto, a regulagem pode ser alterada facilmente
pela ação de um usuário, manualmente, ou através de ferramenta apropriada.
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Figura 2.04 Torneira hidromecânica com dispositivo adequado para deficientes
(Fonte: PNCDA/ DTA F2 – revisão 2004)
2.1.4 Torneira com sensor
Para comandar esse equipamento é empregado um sensor de presença, que
capta a presença das mãos do usuário quando este as aproxima da torneira,
liberando o fluxo de água.
Nesse sistema há quatro componentes: a torneira, o sensor de presença, o
componente eletrônico de comando e a válvula solenóide.
O componente eletrônico faz o gerenciamento de informações do sistema,
emitindo um sinal de abertura ou fechamento da válvula solenóide em função das
informações transmitidas pelo sensor.
A válvula solenóide é uma válvula elétrica que abre ou fecha em função da
corrente elétrica.
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O sistema pode ser alimentado por baterias alcalinas ou pela rede de
distribuição elétrica do local (127/220V), sendo que a desvantagem da alimentação
ser pela rede de distribuição é a falta de energia. Os dois sistemas de alimentação
elétrica apresentam baixo consumo de energia, em torno de 0,6W quando o sistema
está em repouso e 7W quando o sistema está em funcionamento.
A válvula solenóide nas torneiras de bancada geralmente é instalada na saída
de água da parede e ligada através de tubulação flexível à torneira propriamente dita.
A unidade de comando eletrônica costuma ser instalada ao lado do flexível, em uma
caixa de proteção, geralmente com acabamento plástico, sob a bancada.
O funcionamento do sistema pode ocorrer imediatamente após a identificação
da presença das mãos ou após um certo período de tempo, de 1,5 a 4 segundos.
Alguns sistemas apresentam tempo máximo de funcionamento, geralmente de 30 a
150 segundos.
2.1.5 Torneira com funcionamento por pedal
Sistema caracterizado pela presença de um pedal em forma de alavanca. O
pedal libera o fluxo de água até a torneira.
Esse sistema é geralmente empregado quando as tubulações são aparentes,
sendo que o corpo da válvula onde a alavanca é instalada pode ser fixado na parede
ou no piso, de forma aparente. É adequado para locais onde haja produção, como
em indústrias ou cozinhas industriais. O sistema é de simples instalação e
manutenção.
Existem modelos que permitem a mistura de água quente e fria, com dois
pedais paralelos, podendo assim o usuário utilizar apenas um tipo de água ou a
mistura. A peça pode ter acabamento final bruto, com o próprio metal da peça, ou
pode ser cromado ou em metal polido.
Figura 2.06 Sistema de acionamento do fluxo de água em torneira com pedais para
água quente e fria (Fonte: PNCDA/ DTA F2 – revisão 2004)
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2.1.6 Torneira monocomando
São dispositivos onde é possível pré-regular a temperatura e a vazão de uso.
Existem modelos para lavatórios e pias de cozinha.
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Figura 2.09 Funcionamento de arejadores (Fonte: PNCDA/ DTA F2 – revisão 2004)
Os arejadores são utilizados nas torneiras internas da edificação. Os restritores
de vazão são utilizados em chuveiros e torneiras externas da edificação.
Em cozinhas, recomenda-se o uso de arejadores do tipo “chuveirinho”, que
facilitam a realização das atividades. Existem no mercado componentes com dupla
função: arejador e “chuveirinho”, sendo que a modificação da função é feita através
de giro da peça, permitindo um jato concêntrico ou difuso, como no chuveiro.
2.1.8 Mictório
Os mictórios podem ser individuais ou coletivos.
Os dispositivos para descarga dos mictórios são: registro de pressão; válvula de
acionamento hidromecânico; válvula de acionamento por sensor; válvula de
descarga manual; válvula de descarga do tipo fluxível (“flushometer”); válvula de
descarga temporizada.
O funcionamento do dispositivo hidromecânico e por sensor é semelhante ao
apresentado para as torneiras.
Figura 2.11 Mictório individual com válvula de acionamento por sensor de presença.
(Fonte: PNCDA/ DTA F2 – revisão 2004)
O dispositivo de descarga temporizada é um sistema onde é necessária a
montagem dos componentes pelo instalador. A descarga pode ser obtida por um
sistema de temporizador eletrônico. No temporizador eletrônico pode ser feita a
regulagem do intervalo entre descargas e do tempo de duração da descarga. O
temporizador envia um sinal a uma válvula solenóide elétrica que faz a liberação do
fluxo de água conforme os parâmetros definidos no temporizador. Esse sistema pode
ser empregado em mictórios coletivos e em baterias de vários mictórios individuais.
A válvula solenóide é instalada em um ponto estratégico da tubulação
hidráulica de água e funciona como um registro que se abre por um determinado
período de tempo, segundo a regulagem feita no temporizador. O tempo de
acionamento também é definido por regulagem do temporizador. Desta forma pode-
se prever o acionamento de uma descarga simultânea em vários mictórios individuais
ou coletivos, dependendo de onde foi feita a instalação da válvula solenóide. Para
que o sistema seja interessante em termos de economia de água deve ser previsto
em locais com grande fluxo de usuários de forma contínua.
O dispositivo com válvula fluxível é um equipamento sanitário pouco utilizado
no Brasil. Essas válvulas consomem um maior volume de água por descarga em
relação às válvulas descritas anteriormente, sendo que o volume de descarga
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liberado encontra-se na faixa de 3,79 litros. O mictório individual empregado com
esta válvula apresenta um sifão que necessita deste volume para produzir o
fenômeno de sifonagem, como uma bacia sanitária.
Figura 2.12 Mictório com válvula de descarga fluxível. (Fonte: PNCDA/ DTA F2 –
revisão 2004)
Existem mictórios que não utilizam água.
É constituído por: bacia cerâmica, suporte do cartucho, cartucho, líquido
selante, chave para troca do cartucho e protetor para a superfície do cartucho, que é
opcional. Sua aparência externa não o diferencia de um mictório que se utiliza de
água. Não apresenta dispositivos de descarga e nem a furação de descarga e
lavagem da bacia (Vickers (2001)).
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líquido selante, que é uma substância composta por mais de 90% de álcoois graxos
e o restante de biocida e corantes, segundo as composições conhecidas no
mercado, sendo sua cor predominante o azul, possui densidade menor que a da
água e da urina, permanecendo suspensa na mesma. O líquido selante se localiza
em suspensão na primeira câmara do cartucho.
A urina entra pelos orifícios da parte superior do cartucho, penetrando na
primeira câmara através do líquido selante que está em suspensão e preenchendo
toda a superfície superior do líquido desta câmara. Pelo sistema de vasos
comunicantes, a urina é expelida pelo orifício de saída do cartucho, sendo coletada
pelo copo do suporte e de lá para a rede de esgoto. Uma peça opcional do sistema é
um protetor para superfície do cartucho, também conhecido como cogumelo
cerâmico, que melhora sua aparência estética, o desempenho do sistema, uma vez
que protege a parte superior do cartucho contra o fluxo direto.
A manutenção necessária é a substituição periódica do cartucho, que é uma
peça descartável. O desempenho do sistema está associado à presença do líquido
selante no interior do cartucho, e em caso de mau cheiro, nova quantidade de
selante deverá ser colocada ou deve substituir o cartucho.
A Ideal Standard, que possui fábrica no Brasil na cidade de Jundiaí, no interior
do Estado de São Paulo e em Queimados, no Rio de Janeiro, fabrica este tipo de
mictório.
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A válvula de descarga convencional pode ser adaptada para disponibilizar 6 L
para uso conjunto com a bacia VDR mas também já existe no mercado as válvulas
de ciclo fixo de 6 L que possuem um maior controle na utilização da água.
Já são encontrados facilmente os conjuntos de bacia VDR e caixa acoplada.
As bacias com caixa acoplada dual ainda não são fabricadas regularmente no
Brasil. Esse tipo de componente permite ao usuário a possibilidade de escolha entre
dois volumes de água de descarga, um volume maior, igual ao volume útil da caixa, e
outro volume menor, igual a 50% deste volume, que pode ser utilizado quando
houver somente dejetos líquidos. Em outros países, o conjunto de bacia com caixa
acoplada dual pode ser encontrado com volume de 9 litros, e capacidade
diferenciada de descarga de 4,5 litros, e com volume de 6 litros, sendo a capacidade
reduzida de 3 litros, como é o caso do produto comercializado por empresas
francesas.
2.1.10 Chuveiro
Já foi comentado sobre os restritores de vazão para chuveiros e duchas.
Semelhantes aos das torneiras, existem sistema hidromecânico e
monocomando para chuveiros e duchas.
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3. Projeto de Sistemas Prediais
3.1 Requisitos de desempenho sob a ótica do usuário
Requisito Descrição
São requisitos referentes à necessidade do usuário de que os componentes dos SPHS não atinjam
um estado limite de ruptura, deformação excessiva ou perda de estabilidade ocasionado pelo uso
Estabilidade normal das mesmas, por impactos acidentais ou não, por fadiga, etc., bem como que as mesmas
não provoquem em outros subsistemas da edificação ou ao meio ambiente, o mesmo estado.
São requisitos referentes à necessidade do usuário de que os componentes dos SPHS limitem o
risco de um princípio de incêndio dentro do edifício. Isto é função da segurança que apresentam os
equipamentos sanitários e das propriedades de reação ao fogo dos materiais que formam os
Segurança ao fogo demais componentes das instalações. Além de limitar o risco de princípio de incêndio, os
componentes devem limitar a propagação do fogo, da fumaça e de gases tóxicos porventura
gerados durante um incêndio.
São requisitos referentes à necessidade do usuário de que os componentes dos SPHS não
Segurança em uso provoquem lesões ao serem utilizados (queima, choques, tombos, etc.).
São requisitos referentes à necessidade do usuário de que os SPHS não transmitam umidade à
Estanqueidade edificação através de vazamentos, mau funcionamento, etc., e que haja estanqueidade dos
componentes à recepção de poeiras e materiais sólidos.
São requisitos referentes à necessidade do usuário de que os SPHS não produzam ruídos com
Conforto acústico nível sonoro inaceitável ao ambiente em que estejam inseridos, a ambientes circunvizinhos e a
edificações vizinhas.
São requisitos referentes à necessidade do usuário de que as superfícies com que terá contato
Conforto tátil direto não tenham rugosidade excessiva, não sejam cortantes, viscosas, demasiadamente
aquecidas, úmidas ou molhadas.
Adequabilidade de São requisitos referentes à necessidade do usuário de que as dimensões do ambiente sanitário
espaços para usos sejam adequadas aos componentes que comporta e à sua utilização e que haja ambientes e
componentes suficientes às necessidades.
específicos
São requisitos referentes à necessidade do usuário de que o custo global dos SPHS seja
Economia compatível à disponibilidade de seus recursos financeiros. O custo global é entendido como a
soma dos custos iniciais, de operação, de manutenção e de reposição.
Conservação São requisitos referentes à necessidade do usuário de que os SPHS preservem os recursos
ambiental naturais.
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3.2 Projeto como um sistema de informação
É unanimidade na bibliografia que a etapa projeto, dentro do processo de
produção das edificações, é a responsável por uma parcela significativa de
patologias e falhas e que melhorar a qualidade da mesma deve ser um objetivo
contínuo.
Pesquisas realizadas “in loco” em empresas envolvidas nos processos de
projeto e execução dos SPHS, em cidades de médio porte, levaram às seguintes
conclusões:
a) É necessário alteração no processo de produção dos projetos dos SHP no
sentido de que eles não sejam um produto acabado e sim que acompanhem o
processo de execução do edifício.
b) A falta de compatibilização com os projetos dos outros sub-sistemas é um
fator de desvalorização dos projetos dos SPHS (desvalorização qualitativa e de valor
de mercado) que leva a uma porcentagem muito baixa de utilização do mesmo.
c) A figura de um gerenciador dos projetos é quase inexistente mas seria
fundamental para a melhoria da qualidade.
d) O projeto “as built” ainda é um conceito apenas teórico.
e) Não existe retroalimentação aos projetistas sobre problemas que ocorrem
após a ocupação da edificação.
Essas conclusões, confirmando dados bibliográficos, asseguram que a melhoria
da qualidade na etapa projeto passa pela melhoria no fluxo de informações entre os
intervenientes no processo.
O edifício é composto de um conjunto de sub-sistemas, conforme pode ser
observado na Tabela 3.01.
Tabela 3.01: Sub-sistemas da Edificação.
fundações
ESTRUTURA
superestrutura
sob o nível do solo
ENVOLTÓRIA EXTERNA
sobre o nível do solo
verticais
DIVISORES DE ESPAÇOS
horizontais
EXTERNOS escadas
verticais
DIVISORES DE ESPAÇOS
horizontais
INTERNOS escadas
suprimento e disposição de água
controle térmico e ventilação
SERVIÇOS suprimento de gás
suprimento de energia elétrica
telecomunicações
transporte mecânico
segurança e proteção
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Dentre esses sub-sistemas os Sistemas de Água Fria, Água Quente, Esgoto
Sanitário e Água Pluvial fazem parte do Sub-Sistema Serviços (Tabela 3.02).
Tabela 3.02 : Divisão do Sub-Sistema SERVIÇOS da Edificação.
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O Diagrama de Eventos apresentado refere-se a um empreendimento sob a
ótica da participação dos profissionais responsáveis pelos projetos dos Sistemas
Prediais Hidráulicos e Sanitários. Nesse diagrama é apresentado o envolvimento
desses profissionais durante todo o processo de produção dos sistemas.
Nas etapas Levantamento de Dados, Programa de Necessidades, Estudo
de Viabilidade e Estudo Preliminar do empreendimento global, o relacionamento
do empreendedor com o projetista dos SPHS ocorre na forma de consultoria. O ideal
é que esse consultor já seja o profissional que irá trabalhar posteriormente com o
desenvolvimento do projeto. A Tabela 3.03 aclara as informações que podem vir a
ser trocadas nesses eventos e que dependerão muito do tipo do empreendimento.
Tabela 3.03
Descrição da participação do projetista dos SHP nos Eventos preliminares.
EVENTO DESCRIÇÃO
Levantamento de Dados Especificação dos dados necessários a serem coletados.
Programa de Troca de informações com o Gerenciador do Projeto para definições
Necessidades macro preliminares à concepção do projeto.
Estudo de Viabilidade Estudo macro do abastecimento de água fria; da disposição dos
esgotos sanitários e do encaminhamento das águas pluviais em seus
aspectos de possíveis interferências no partido global a ser adotado
para o projeto de arquitetura e suas implicações econômicas.
Informações necessárias:
Levantamento cadastral dos serviços públicos: rede pública de água
fria; de esgotos sanitários; de águas pluviais; de gás combustível;
coleta de lixo.
Levantamento planialtimétrico/topográfico/geológico/hídrico.
Estudo Preliminar Troca de informações com o arquiteto para a definição do partido
arquitetônico indicando funções, usos, dimensões, formas, articulação
e localização dos ambientes, níveis da edificação e outras informações
básicas.
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ESTUDO
PRELIMINAR
INFORMAÇÕES DO
ESTUDO PRELIMINAR
CHECADAS B1 BANCO DE DADOS
COMPOSIÇÃO
CUSTOS
B3 BANCO DE DADOS
A1 NORMAS
TÉCNICAS
COMPATIBILIZE COM: DIMENSIONE E LOCALIZE
EQUIPAMENTOS E
COMPLEMENTOS B4 BANCO DE DADOS
*OUTROS SISTEMAS ROTINAS PARA
PREDIAIS; DIMENSIONAMENT
*OUTROS SUB-SISTEMAS
DA EDIFICAÇÃO;
*PROCESSO EXECUTIVO A2 B5 BANCO DE DADOS
DETALHES
LOCALIZE E DIMENSIONE PADRÃO
TUBULAÇÕES
B6 BANCO DE DADOS
INFORMAÇÕES
PÓS-OCUPAÇÃO
DESENHE APRESENTA
B7 NORMAS DE ÇÃO TÉCNICA: PLANTAS,
APRESENTAÇÃO ISOMÉTRICOS,ESQ.
GRÁFICA VERTICAIS, DETALHES
Figura 3.01
Fluxograma de Atividades e Informações necessárias.
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entre os diversos projetos é o ponto principal da má qualidade dos projetos. Perceba
que o projetista necessita possuir Bancos de Informações em várias etapas.
Dentre as informações preliminares é importante a confecção de um Programa
de Necessidades bastante preciso devendo o profissional responsável, utilizando de
sua experiência, alertar para necessidades que não foram percebidas pelo arquiteto.
3.3 Racionalização
Soluções em utilização
Atualmente, no Brasil, para locar as instalações (tubos, conexões, acessórios,
etc.) dos sistemas de água fria e quente trabalha-se primordialmente de duas
maneiras:
a. Loca-se a tubulação vertical principal em dutos (shafts) e as horizontais dentro de
alvenarias. Os dutos verticais já são largamente empregados, sendo cada vez
menos utilizada a solução de rasgar a parede para acomodar esta tubulação. Esta
solução é empregada tanto em sistema construtivo em concreto (com as
tubulações horizontais sendo acomodadas dentro da alvenaria de tijolos
cerâmicos através de rasgos na parede), quanto em alvenaria estrutural (que
possui blocos especiais para acomodar as tubulações horizontais) e “construção
seca” (dry-wall) com a acomodação da tubulação horizontal dentro do vazio da
própria parede (Figura 3.02).
b. Loca-se a tubulação vertical principal em dutos e as horizontais dentro do forro
falso do andar inferior. Esta solução tem sido empregada em alvenaria estrutural e
dry-wall (Figura 3.03).
c. Loca-se a tubulação vertical principal em dutos e as horizontais dentro de dutos
horizontais, isto é, espaços especialmente criados para esta finalidade (Figura
3.04).
Para o sistema de esgoto sanitário tem-se utilizado as seguintes soluções:
a. Loca-se a tubulação vertical principal em dutos e a horizontal dentro do forro falso
do andar inferior.
b. Loca-se a tubulação vertical principal em dutos e a horizontal dentro de dutos
horizontais, isto é, espaços especialmente criados para esta finalidade (Figura
3.04).
Empresas européias defendem o sistema denominado “pré-wall” que tem
como princípio a mínima interferência das instalações com a edificação (Figura 3.05).
Isso resulta em instalações colocadas em frente às paredes e fechadas dentro de
mobiliários que compõem os ambientes sanitários. Segundo os fabricantes, sua
utilização leva a edificações mais simples, mais flexíveis, mais baratas e construídas
mais rapidamente, procurando satisfazer características das demandas atuais
(Westfal, 1996). Nesse sistema utiliza-se o conceito de “equipar no lugar de embutir
e montar no lugar de instalar”. Argumenta-se também que esse tipo de sistema
diminui o conflito com o sistema estrutural. Percebe-se, outrossim, diminuição do
espaço útil o que é compensado pela utilização racional desse mobiliário.
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Figura 3.02: Dutos para tubulações verticais e tubulações horizontais inseridas na
alvenaria (alvenaria estrutural). (Fonte: Lanna, 1997)
Figura 3.03: Dutos para tubulações verticais e tubulações horizontais passando pelo
forro falso do andar inferior (sistema construtivo “dry-wall”). (Fonte: catálogo
fabricante tubo pex)
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Figura 3.04: Duto criado para acomodar a instalação horizontal. (Fonte: Wysling,
2000)
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Algumas experiências já foram realizadas com sistemas utilizando paredes
hidráulicas prontas, isto é, paredes montadas anteriormente à execução com as
instalações já inseridas. Essas paredes de concreto com as instalações inseridas
apresentaram inúmeros problemas de vazamentos em junções em pesquisas feitas
em conjuntos habitacionais.
Banheiros prontos, isto é, banheiro completo sendo instalado sobre contrapiso
pré-preparado, foram adotados de forma experimental no 13º andar de um hotel na
cidade de São Paulo. Os banheiros eram importados de uma empresa italiana e
fabricados com paredes de 4 cm em placas pré-moldadas de concreto com 40 Mpa.
Os banheiros-contêineres foram içados ao pavimento-tipo e movimentados até o
ponto de fixação com o auxílio de equipamento sobre rodas. O requadro das lajes foi
previamente rebaixado durante a concretagem. As unidades chegaram ao
pavimento-tipo com todos os acessórios e acabamentos internos, do forro ao piso
(Kiss, 1999).
Esta solução é utilizada no Japão onde podemos escolher o banheiro mais
conveniente através de catálogos.
Na etapa de execução já está sendo utilizado o conceito de “kit hidráulico”
com alguma frequência.
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4. Sistemas Prediais Hidráulicos e Sanitários
4.1 Sistema Predial de Água Fria
4.1.1 Tipos de Sistemas
Sistema indireto
O sistema indireto é aquele onde o sub-sistema de distribuição é abastecido
com a intermediação de um sub-sistema de reservação.
Quanto à pressão, pode ser conseguida por gravidade ou por sistema
hidropneumático.
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• por gravidade
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Fig. 4.03 Sistema indireto RI-RS
• hidropneumático
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Fig. 4.04 Sistema indireto hidropneumático sem bombeamento
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Sistema com redução de pressão
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Fig. 4.07 Esquema de instalação de válvula redutora de pressão
no sub-solo ou térreo
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