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Universidade São Francisco (USF)

Graduação de Psicologia
Processos Psicológicos Básicos

Linguagem
Me. Bruna Braga Silva
Conceito...
• Principal meio de comunicar nosso pensamento – é universal
• Depois de aprendida, é utilizada sem esforços
• A linguagem tem dois aspectos: Produção e Compreensão

Produção: começa com um pensamento → é traduzido em um período → termina com


um som que expressa o período

Compreensão: Ouvimos um som → acrescentamos significado ao som em forma de


palavras → e então acrescentamos significado à combinação de palavras em forma de
período.
Propriedades da linguagem

Simbólica Estruturada Generativa


1) Simbólica
• As palavras representam coisas que
existem ou que ainda não existem,
fornecem a abstração.
• Permite a comunicação de objetos,
ações, eventos, sentimentos ou ideias.
• É flexível.
Ex: Asa...
2) Estruturada – normas que regem a forma como os
símbolos podem ser combinados – gramática

Sujeito
Verbo
Predicado (aquilo que se declara a respeito do
sujeito)

Ex.
EU GOSTO DE VIAJAR
(sujeito) (verbo) (predicado)
3) Generativa – as regras permitem a combinação de unidades de linguagem em
níveis maiores seguintes, propiciando a produção de um número infinito de
mensagens.
Estruturas da linguagem

• Fonemas (sons do discurso)

• Morfermas (unidades de palavras)

• Gramática (unidades do período)


Fonemas (sons do discurso)

• São menores segmentos do discurso que podem ser reconhecidos como fala;

• Os fonemas podem representar letras, mas são sons e não letras;

• São unidades básicas dos sons de uma linguagem;


Ex: letra “p” da palavra pato, ou “f” da palavra pharmácia.

• Produzimos aproximadamente 100 sons básicos;

• Os idiomas tem um conjunto diferente de fonemas

• A linguagem possui estrutura hierárquica...


A estrutura hierárquica da linguagem:

Sons básicos são combinados em unidades com sentidos (fonemas)

Que são combinadas com palavras

Que são combinadas em sentenças


• Na língua portuguesa são 34 fonemas, sendo:
13 vogais (á – átomo ,ã - amplo)
19 consoantes (m – manga, n – nervo, ñ – arranhado)
2 semivogais (y – uivo, w – frequente)

• Uma letra do alfabeto é representada por mais de um fonema se tiver mais de uma pronúncia.
Ex: letra a  mamãe; mala; Márcia.

• Fonemas podem ser representados por conjunto de letras;


Ex: ch; pl

• Quando ouvimos um discurso, não escutamos os fonemas, mas sim as palavras – carregam um
significado.
Morfema (unidades de palavras)

• É a menor unidade de significado de uma linguagem;

• Sufixos (mente) e prefixos (des) também carregam significados – podem ser adicionados
à palavras para formar palavras complexas com significados diferentes;

• Raízes das palavras, prefixos, sufixos.


Ex: amigos; inimigos

• Artigos e preposições (um, uma, o, a, de, em).


• Gramática (unidades de períodos)

• Conjunto de regras que permite nossa comunicação com os outros;


• A Semântica: estudo do significado das palavras e sentenças;
• Não carregam apenas o sentido do dicionário, mas também alguma conotação cultural ou emocional;
• Outras são ambíguas pois dão o mesmo nome a mais de um conceito
Ex:. Manga (fruta ou da camisa)
• Sintaxe: o modo como as palavras podem ser combinadas em frases e sentenças – são decompostas em
sintagmas
• Nominais e verbais. Ex: Acadêmicos sérios leem livros

Sintagma nominal Sintagma verbal


(sujeito e predicado) (predicado)
• Ao identificar os sintagmas nominais e verbais de um período e como eles estão relacionados, estamos
identificando o que é o quê, e quem fez o que para quem.
O fundamento
neural da linguagem

• Áreas cerebrais
responsáveis pela
linguagem
• Localizadas no hemisfério
esquerdo do córtex: Área
de Broca e Área de
Wernicke

*Danos nessas áreas ou nas áreas


intermediárias causam um
colapso na linguagem (afasias)
Exemplos de discursos dessas afasias
Área de Broca:
E: Você era da Guarda Costeira?
P: Não, er, sim, sim... navio. . . Massachu... chusetts... Guarda Costeira... anos. [Levanta as mãos
duas vezes com os dedos indicando “19”]
E: Ah! Você ficou na Guarda Costeira por 19 anos.
P: Oh... cara... certo... certo.
E: Por que você está no hospital?
P: [Aponta para o braço paralisado] Braço ruim. [Aponta para a boca] Fala... não pode falar...
conversar, você vê.

• O paciente entende as perguntas mas sua fala não é fluente, é pausada e hesitante.

• É um transtorno na produção da linguagem e não na compreensão.


Exemplos de discursos dessas afasias

Área de Wernicke:

Cara, estou transpirando, estou terrivelmente nervoso, você sabe, de vez em


quando eu me envolvo demais. Não posso mencionar o tarripoi, um mês atrás, um
pouco, eu fui muito bem, eu impus muito, enquanto, por outro lado, você sabe o
que eu quero dizer, eu tenho que andar ao redor, olhar por ai, trebin e todo esse
tipo de coisa.

• O paciente preserva a sintaxe, mas a fala é desprovida de conteúdo;


• É um transtorno na compreensão da linguagem e não na produção.
Desenvolvimento
da linguagem...
Aquisição da linguagem
• Behavioristas (Skinner) – aprendem por condicionamento, reforço e imitação
Condicionamento e reforço: os pais estão atentos a cada detalhe das construções
linguísticas das crianças de forma que possam condicionar ou reforçar? Parece que se
atentam mais a enunciados que podem ser compreendidos.
Imitação: importante modo de aprender palavras, mas não determina produção e
entendimento de frases

• Chomsky (1959) – capacidade inata de aprender uma linguagem, cérebro é equipado


desde o nascimento
Todas as crianças, independente do idioma ou cultura, passam pela mesma sequência do
desenvolvimento da linguagem.
Ex: Com 1 ano palavras isoladas; aos 2 anos, 2 ou 3 períodos de frases...
• Bebês de 3 meses já tem
habilidades para o aprendizado
de linguagem;

• A aquisição da linguagem tem


períodos críticos em relação a
aquisição do sistema sonoro de
uma nova linguagem

Ex.: Alice da Morgana Secco

• Balbucios de bebês são fonemas


e por aprendizagem operante
Imitação, reforço, punição são
melhoradas.
• Até 1 ano identificam fonemas de
qualquer idioma, mas perdem
progressivamente essa capacidade na
medida em que focam nos fonemas de
sua língua nativa

Ex.: Alice da Morgana Secco


Aquisição do segundo idioma

• Pesquisas mostram que quanto mais tarde ocorre, mais desvantagens


apresentam - crianças entre 3 e 7 anos tiveram melhor desempenho e menos
sotaque;

• Tem influência a interação social, psicológica e motivação na nova cultura.


Linguagem e pensamento

• Linguagem pode ser expressa por meio de gestos;


expressões faciais; movimentos e sons (tons; rapidez
etc.).

• A linguagem depende de regras (pensamento) para ser


apreendida e transmitida.

Fonte: @tutehumor
Resolução de problemas
• Resolução de problemas depende de experiências
passadas, porém, experiências passadas, se inflexíveis
podem dificultar resolver novos problemas;

• Resolver os problemas depende de como você propõe,


como representa (se lhe parece impossível ou fácil; estado
de humor; motivação; habilidades etc).
Etapas da resolução de problemas
1. Representar o problema como uma proposição ou em forma visual.

2. Determinar a meta.

3. Dividir a meta em submetas.

4. Selecionar uma estratégia de resolução de problemas e aplicá-la para alcançar


cada submeta
Solução de problemas

• Esforços ativos para


descobrir o que deve ser
feito para alcançar um
objetivo que não está
prontamente disponível
Obstáculos na resolução de problema...

• Informação irrelevante → que desviam a atenção do foco do problema;


• Inflexibilidade Funcional (fixidez): tendência de perceber um item apenas no seu
uso comum
Ex: um fio dental só serviria para os dentes.
• Direcionamento mental: usar estratégias de solução de problemas que deram certo
no passado;
• Limites desnecessários: presumir coisas que são desnecessárias e impõe limitações
à solução dos problemas.
Estratégias na Solução de Problemas...

• Tentativa e Erro (ensaio e erro): tentar soluções possíveis e descartar as erradas até
resolver o problema;
• Formando Sub-objetivos: utilizar passos intermediários para uma solução;
• Trabalho em Sentido Inverso: inverter a lógica da situação;
• Procurando Analogias: usando estratégias anteriores pode auxiliar na resolução de
problemas atuais;
• Mudando a representação do problema: a solução de um problema depende de
como formulamos o mesmo;
• Construto importante – Memória de trabalho (Baddeley, 2000).
Resolução de Problemas

Exemplo de tarefa de analogia. (Primi & Almeira, 2000 – BPR-5)

• No exemplo é necessário que o sujeito identifique qual regra está relacionada às formas 1 e 2.
• Após este processo, o sujeito deve aplicar a mesma regra à forma 3, criando uma nova forma (4), a
resposta ideal, que neste exemplo aplica-se à alternativa A.
• Este processo pode ser dividido em sete componentes: codificação, inferência, mapeamento,
aplicação, resposta e, opcionalmente, justificativa.
Vamos
exercitar?
O pai de Maria tem cinco filhas...

1 2 3 4 5

Chacha Cheche Chichi Chocho ???

Qual é o nome da quinta filha?


Chuchu?
O pai de Maria tem cinco filhas...
ERRADO!
1 2 3 4 5

O correto é Maria!

Você leu direito a


Chacha Cheche pergunta?
Chichi Chocho ???

Qual é o nome da quinta filha?


Tomada de decisões
• Teoria da Racionalidade Limitada – é difícil levar em consideração todas as análises
possíveis em decisões complexas, por isso, pode-se decidir errado;

• Quando as alternativas não são tão diferentes, pode-se entrar em conflito e adiar
decisões.
• Tomada de Decisões arriscada

• Fazer escolhas sob circunstâncias de incerteza.


Ex: jogos de azar.

• Se analisadas racionalmente, não há vantagem;

• Há o valor subjetivo
Ex. Poder sonhar em ser rico com a compra do bilhete da loteria; ter
segurança com a compra do seguro.

• Pessoas com alta autoestima tendem a arriscar mais e serem mais


confiantes em seus erros na tomada de decisões, ou seja, terem menos
arrependimento se errarem
Vieses e armadilhas das tomadas de decisões

Heurística (atalhos mentais) da Representatividade


• Heurística é um procedimento de atalho que é relativamente fácil de aplicar e pode muitas
vezes render resposta correta, mas não inevitavelmente.
• As pessoas com frequência usam a heurística no dia a dia porque a consideram útil

Ex.: Em uma experiência, foi dito a um grupo de participantes que uma equipe de psicólogos entrevistou
100 pessoas – 30 engenheiros e 70 advogados – e escreveu descrições de personalidade dessas pessoas.
Esses participantes receberam algumas descrições, e solicitou-se que indicassem a probabilidade de que
a pessoa descrita fosse um engenheiro.
Algumas descrições eram relacionadas ao protótipo de um engenheiro (por exemplo, “Jack não mostra
qualquer interesse em assuntos políticos e passa seu tempo livre trabalhando com carpintaria em casa”)
e outras eram neutras (por exemplo, “Dick é um homem com grande capacidade e promete ser muito
bem-sucedido”).
Não é surpreendente que esses participantes tenham considerado que a descrição de protótipo tivesse
mais probabilidade de ser a de um engenheiro
Caso único
• Muitas vezes tratamos nossos casos
como únicos.
Ex: Ignora-se o índice de falências no
mercado e acha que o seu negócio é
diferente; ignora-se os próprios
comportamentos de risco e repara-se nos
dos outros.

• Por que você seria diferente das


estatísticas? Ou tendemos a nos
colocar em situação diferente sem
haver tal situação?
• Crença na Lei dos Números Baixos: tendemos a acreditar em números baixos para
formular decisões.
Ex: Conheço 10 namorados que são felizes, logo, todos os namorados são felizes.

• Superestimando o Improvável: superestimamos eventos dramáticos, que recebem


cobertura da mídia;

• Tendenciosidade de Confirmação: tendência de procurar informações que dê apoio às


próprias crenças.
Ex: Quando não gosto de alguém, observo mais seus erros do que acertos.
• Perseverança na Crença : É difícil se desfazer de uma ideia
depois de acreditar nela.
Ex: Todos os Russos são a favor da guerra e querem ocupar a
Ucrânia.
(Inúmeras reportagens e posts mostram russos repudiando a
atitude do Putin e protestando contra a invasão e guerra a
Ucrânia)
Efeito da Superconfiança

• Tendemos a colocar muita confiança em nossas


estimativas e decisões.
• Estamos convencidos de que sabemos mais
acerca das coisas que são importantes para nós
ou sabemos muito, aí, não coletamos tantas
informações importantes do problema e
podemos errar.

Fonte: @tutehumor
REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA

Nolen-Hoeksema, Susan; et al. (2018)Atkinson & Hilgard: introdução à


Psicologia. 2 ed. São Paulo: Cengager. (Acervo digital da USF)

Weiten, W. (2016). Introdução à Psicologia: temas e variações. 3 ed. São


Paulo: Cenage Learning. (Acervo digital da USF)

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