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HISTÓRIA DAS POLÍTICAS DE SAÚDE NO BRASIL

Profª Ma. Tatiane Santos Couto de Almeida

OBJETIVO: Conhecer a história das políticas de saúde no Brasil com a finalidade de colaborar
com a formação de opinião e crítica a respeito do passado, presente e futuro da saúde pública
no país.

A CRISE NO SISTEMA DE SAÚDE BRASILEIRO

 Filas frequentes de pacientes nos serviços de saúde;


 Falta de leitos hospitalares para atender a demanda;
 Escassez de recursos financeiros, materiais e humanos para manter os serviços de
saúde;
 Atraso no repasse dos pagamentos do MS para os serviços conveniados;
 Baixos valores pagos pelo SUS aos diversos procedimentos médicos-hospitalares;
 Aumento de incidência e o ressurgimento de diversas doenças transmissíveis;
 Denúncias de abusos cometidos pelos planos privados.

HISTÓRIA DAS POLÍTICAS DE SAÚDE: PREMISSAS

 Relaciona-se com a evolução político-social e econômica;

 A saúde nunca ocupou lugar central dentro da política do estado brasileiro;

 O processo evolutivo sempre obedeceu à ótica do capitalismo na sociedade brasileira;

 As ações de saúde propostas pelo governo sempre incorporaram os problemas de


saúde de grupos sociais importantes;

 A conquista dos direitos sociais tem sido sempre uma resultante do poder de luta e
organização dos trabalhadores.

DA COLONIZAÇÃO À REPÚBLICA

 Medicina exercida por poucos médicos, cirurgiões e boticários de formação europeia,


em cidades grandes e para a elite;
 As ações dos poderes públicos se restringiam a arte de curar;

 1832: Faculdades de medicina na BA e RJ, mas sem mudança no cenário;

 Meados Séc XIX: crise sanitária e degradação do quadro sanitário no país (epidemia de
febre amarela e varíola);

 1849-1851: Junta Central de Higiene Pública (polícia sanitária – limpeza e aeração


urbana, vacinação antivariólica);

DA COLONIZAÇÃO À REPÚBLICA

 Dinamisno da economia agroexportadora e expansão da lavoura cafeeira;

 Crescimento do setor de serviços, riqueza proveniente do setor café favorecia a troca


de bens, estímulo à urbanização;

 Crescente utilização da mão-de-obra imigrante trazida para o Brasil;

DA COLONIZAÇÃO À REPÚBLICA

 1896: Reforma da Saúde Pública - Diretoria Geral de Saúde Pública (DGSP)

• Direção dos serviços sanitários dos portos marítimos e fluviais;

• Fiscalização do exercício da medicina e farmácia;

• Estudos sobre doenças infecciosas;

• Auxílios aos Estados em movimentos epidêmicos.

REPÚBLICA - PRIMEIRAS DÉCADAS

 Novas ondas de epidemias no RJ: varíola, malária, febre amarela, peste bubônica;

 Reformas urbanas e saneamento;

 Oswaldo Cruz: diretor DGSP, propôs a erradicar a febre amarela, a peste e a varíola:
campanhas sanitárias, cujo uso da força e da autoridade eram instrumentos
preferenciais de ação;

REPÚBLICA - PRIMEIRAS DÉCADAS

 Insatisfação da população que se agrava com a Lei Federal 1261/1904: vacinação


obrigatória contra varíola (Revolta da vacina);
 Transformação do perfil epidemiológico do RJ: controle da Febre Amarela e da Peste;

 Ações de Saúde Pública voltadas para as grandes cidades, deixando às margens todo o
interior do país;

 Publicização da situação levou a algumas iniciativas para o saneamento rural.

REPÚBLICA - PRIMEIRAS DÉCADAS

 Movimento para Saneamento Rural tinha a criação de um Ministério da Saúde como


principal objetivo;

 1919: Departamento Nacional de Saúde Pública (DNSP): direção de Carlos Chagas;

 Educação sanitária na técnica rotineira de ação, inovando o modelo campanhista de


Oswaldo Cruz que era puramente fiscal e policial;

• Normatização das construções rurais para impedir a proliferação da Doença de


Chagas;

• Inspetoria de Higiene Industrial e Alimentar e de Profilaxia da Tuberculose.

O NASCIMENTO DA PREVIDÊNCIA SOCIAL

 Industrialização + urbanização + péssimas condições de trabalho;

 Surgimento de movimentos operários;

 1923: Lei Elói Chaves (marco inicial da Previdência Social)

• Caixas de Aposentadoria e Pensão (CAP): organizadas por empresas para os


trabalhadores urbanos;

• Sua criação não era automática (mobilização e organização dos trabalhadores);

• CAP: mantidas por empregados, empresas e consumidores dos serviços das


mesmas;

• Socorro médico/medicamentos/aposentadoria/pensão para seus herdeiros em


caso de morte.

A ERA VARGAS
(1930-1945/1951-1954)

 1930: Criação de Ministério da Educação e Saúde Pública e reforma dos serviços


sanitários do país (BARTOLLI FILHO, 2011);
 Substituição das CAP pelos Institutos de Aposentadorias e Pensões (IAP), organizados
por categorias profissionais;

 Constituição 1934: assistência médica, licença à gestante trabalhadora, jornada de 8h e


salário mínimo;

 1934: CLT.

 1951-1954: 2º Governo Vargas (Política de Saúde subordinada ao progresso da


nação);

 1950: 2ª Conferência Nacional de Saúde (condições de higiene e de segurança no


trabalho, assistência médico-sanitária e preventiva para trabalhadores e gestantes e
malária);

 1953: Criação do Ministério da Saúde: sem uma nova postura do governo e


preocupação em atender aos importantes problemas de saúde pública;

 1956: Departamento Nacional de Endemias Rurais (serviços de febre amarela, malária


e peste)

A SAÚDE PÚBLICA NA ERA PÓS VARGAS

 1960: Lei Orgânica da Previdência Social

• Trabalhadores no regime CLT (exceção dos trabalhadores rurais, empregados


domésticos e servidores públicos);

 1964: Golpe militar (efeitos negativos sobre o MS com redução das verbas destinadas à
saúde pública)

• Aumento dos casos de dengue, meningite e malária.

 1966: Criação do Instituto Nacional de Previdência Social (INPS)

• Centralização administrativa, financeira e uniformização dos benefícios dos


segurados;

• Tendência à universalização da cobertura: ampliação da abrangência das ações


e incorporação de segmentos de trabalhadores: acidentes de trabalho (1967);
Programa de Assistência ao Trabalhador Rural e Fundo de Assistência ao
Trabalhador Rural (1971), empregadas domésticas (1972) e trabalhadores
autônomos (1973);

• Não contribuintes;

 Características da Previdência Social (OLIVEIRA; TEIXEIRA, 1986):

• Extensão da cobertura Previdenciária para trabalhadores urbanos formalmente


inseridos;
• Prática médica individual, assistencialista;

• Estímulo à criação de um complexo médico-industrial;

• Padrão de organização da prática médica orientada para lucratividade do setor


saúde, incorporando modelo capitalista (contratação de serviços de terceiros).

 Medicina de Grupo: modalidade sustentada pela Previdência

 1978: complexidade leva criação do Instituto Nacional de Assistência Médica da


Previdência Social (INAMPS)

A SAÚDE PÚBLICA NA ERA PÓS VARGAS

 1981: crise da previdência torna-se pública

• Implantação do Conselho Consultivo de Administração da Saúde Previdenciária


(CONASP): propor medidas racionalizadoras para conter os gastos da
Previdência com assistência médica;

 1983: criação das Ações Integradas de Saúde (AIS) – projeto interministerial [Saúde,
Assistência Social e Previdência]: modelo que incorporava ao setor público integração
das ações curativas, preventivas e educativas;

• Estratégias para unificação do sistema de saúde

TRANSIÇÃO DEMOCRÁTICA E CRIAÇÃO DO SUS (1985-1990)

 1985: Movimento das DIRETAS JÁ e eleição de Tancredo Neves marcaram o fim do


regime militar;

 Movimentos sociais inclusive na área de saúde e a grande mobilização nacional por


ocasião da realização da VIII Conferência Nacional de Saúde;

 1987: Criação do Sistema Único Descentralizado de Saúde (SUDS);

 1988: Criação do Sistema Único de Saúde (SUS).

REFERÊNCIAS
 GIOVANELLA, L; LOBATO, L.V.C, NORONHA, J.C, CARVALHO, A.I. Políticas e Sistema de
Saúde no Brasil. 2ª Edição revista e ampliada. Rio de Janeiro: Editora Fiocruz; 2012.
 POLIGNANO, M. V. História das políticas de saúde no Brasil: uma pequena revisão.
Disponível em: http://www.medicina.ufmg.br/dmps/internato/saude_no_brasil.rtf
 ROSEMBURG, A. M. F. A. Breve história da Saúde Pública no Brasil. Epidemiologia e
Saúde.

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