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Disciplina: Legislação Penal Especial

Professor: Paulo Henrique Fuller


Aula: 07 | Data: 06/06/2019

ANOTAÇÃO DE AULA

SUMÁRIO

II. LEI MARIA DA PENA – nº 11.340/2006


6. Condições de incidência da Lei

II. LEI MARIA DA PENA – nº 11.340/2006

6. Condições de incidência da Lei

São TRÊS condições cumulativas da Lei Maria da Penha, a saber:

a) Prática de violência nas formas do art. 7º da Lei1

Para a Lei Maria da Penha, o termo “violência” é empregado de forma ampla, englobando qualquer espécie de
violência (não apenas a violência física como adotado no Código Penal).

 Inciso I: violência física; ou


 Inciso II: violência psicológica (ex.: ameaça); ou
 Inciso III: violência sexual (ex.: estupro); ou
 Inciso IV: violência patrimonial (ex.: subtração/furto; destruição/dano);

Ex.: o filho furta a mãe - há a incidência de escusa absolutória (imunidade penal absoluta do art. 181, II do CP)? A
Lei Maria da Penha não afasta expressamente a aplicação das escusas absolutórias. O STJ entende que as escusas
absolutórias continuam tendo aplicação, mesmo que incida ao caso a Lei Maria da Penha: se a lei especial não
afastou as escusas absolutórias, ela, assim, incorporou a sua aplicação (com base no art. 12 do Código Penal):

“Art. 12 - As regras gerais deste Código aplicam-se aos fatos


incriminados por lei especial, se esta não dispuser de modo diverso”.

Obs.: o Estatuto do Idoso é a única lei especial que expressamente afastou a aplicação das escusas absolutórias
quando se tratar de ofendido idoso (art. 95 da Lei 10.741/03 e art. 183, III do Código Penal).

 Inciso V: violência moral (ex.: crime contra a honra).

1 “Art. 7º São formas de violência doméstica e familiar contra a mulher, entre outras:
I - a violência física, entendida como qualquer conduta que ofenda sua integridade ou saúde corporal;
II - a violência psicológica, entendida como qualquer conduta que lhe cause dano emocional e diminuição da autoestima ou que lhe prejudique e perturbe o
pleno desenvolvimento ou que vise degradar ou controlar suas ações, comportamentos, crenças e decisões, mediante ameaça, constrangimento, humilhação,
manipulação, isolamento, vigilância constante, perseguição contumaz, insulto, chantagem, violação de sua intimidade, ridicularização, exploração e limitação
do direito de ir e vir ou qualquer outro meio que lhe cause prejuízo à saúde psicológica e à autodeterminação;
III - a violência sexual, entendida como qualquer conduta que a constranja a presenciar, a manter ou a participar de relação sexual não desejada, mediante
intimidação, ameaça, coação ou uso da força; que a induza a comercializar ou a utilizar, de qualquer modo, a sua sexualidade, que a impeça de usar qualquer
método contraceptivo ou que a force ao matrimônio, à gravidez, ao aborto ou à prostituição, mediante coação, chantagem, suborno ou manipulação; ou que
limite ou anule o exercício de seus direitos sexuais e reprodutivos;
IV - a violência patrimonial, entendida como qualquer conduta que configure retenção, subtração, destruição parcial ou total de seus objetos, instrumentos
de trabalho, documentos pessoais, bens, valores e direitos ou recursos econômicos, incluindo os destinados a satisfazer suas necessidades;
V - a violência moral, entendida como qualquer conduta que configure calúnia, difamação ou injúria”.

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b) Situações de vulnerabilidade definidas no art. 5º da Lei2

É possível encontrar decisões nas quais o STJ já relativizou a presunção de vulnerabilidade levando-se em
consideração o caso concreto. Entretanto, o entendimento que ainda prevalece é no sentido de a vulnerabilidade
ser absoluta.

As situações de vulnerabilidade (de forma alternativa):

 Inciso I – violência doméstica

Na violência doméstica predomina o critério espacial, ou seja, o que importa é o lugar onde ocorreu a violência.

A lei define que o espaço doméstico é o espaço de convívio permanente de pessoas, com ou sem vínculo familiar
(é dispensável o vínculo familiar), incluindo aquelas esporadicamente agregadas ao espaço doméstico.

Obs.: tendo em vista que a violência doméstica abrange pessoas esporadicamente agregadas ao ambiente
doméstico, admite-se a aplicação da Lei Maria da Penha em caso de a ofendida ser diarista, empregada doméstica
ou babá (desde que tenham sofrido violência no espaço doméstico).

 Inciso II – violência familiar

Busca-se o laço entre o autor e a vítima, independentemente do critério espacial.

É aquela em que o agressor e a ofendida são unidos por laços de 3 tipos:

- Laços naturais: parentesco consanguíneo ou biológico;


- Laços de afinidade (ex.: sogra e cunhada);
- Laços adquiridos por vontade expressa (ex.: adoção e casamento).

Inclui-se aquele que se considera aparentado, isto é, o laço socioafetivo (ex.: padrinho, madrinha).

2 “Art. 5º Para os efeitos desta Lei, configura violência doméstica e familiar contra a mulher qualquer ação ou omissão baseada no gênero que lhe cause morte,
lesão, sofrimento físico, sexual ou psicológico e dano moral ou patrimonial:
I - no âmbito da unidade doméstica, compreendida como o espaço de convívio permanente de pessoas, com ou sem vínculo familiar, inclusive as
esporadicamente agregadas;
II - no âmbito da família, compreendida como a comunidade formada por indivíduos que são ou se consideram aparentados, unidos por laços naturais, por
afinidade ou por vontade expressa;
III - em qualquer relação íntima de afeto, na qual o agressor conviva ou tenha convivido com a ofendida, independentemente de coabitação.
Parágrafo único. As relações pessoais enunciadas neste artigo independem de orientação sexual”.

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