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Disciplina: Legislação Penal Especial

Professor: Paulo Henrique Fuller


Aula: 06 | Data: 31/05/2019

ANOTAÇÃO DE AULA

SUMÁRIO

I. LEI DE EXECUÇÃO PENAL


4. Resumo: cometimento da falta grave na execução penal
II. LEI MARIA DA PENA – nº 11.340/2006
1. Objeto da Lei
2. Aplicação da Lei
3. Sujeito passivo
4. Sujeito ativo
5. Debate acerca da (in)constitucionalidade da Lei
6. Condições de incidência da Lei

I. LEI DE EXECUÇÃO PENAL

4. Resumo: cometimento da falta grave na execução penal

A falta grave enseja:

I. Sanção disciplinar do art. 53, III a V da LEP;


II. Regressão do art. 118, I da LEP (efeito relativo ao regime de cumprimento);

Obs.: se já estiver em regime fechado: perda do lapso aquisitivo para futura progressão (súmula 534 do STJ).

III. Remição;

Revogação de até 1/3 dos dias remidos (art. 127 da LEP).

“Art. 127. Em caso de falta grave, o juiz poderá revogar até 1/3 (um
terço) do tempo remido, observado o disposto no art. 57,
recomeçando a contagem a partir da data da infração disciplinar”.

IV. A manutenção do prazo de livramento condicional;

A falta grave não interrompe o lapso aquisitivo para o livramento condicional, segundo o entendimento do STJ na
súmula 441.

V. A manutenção do prazo para indulto e comutação da pena

A súmula 535 do STJ prevê:


“Súmula 535 do STJ: a prática de falta grave não interrompe o prazo
para fim de comutação de pena ou indulto”.

II. LEI MARIA DA PENA – nº 11.340/2006

Magistratura e MP Estadual
CARREIRAS JURÍDICAS
Damásio Educacional
1. Objeto da Lei

A lei trata do combate à violência doméstica e (OU) familiar contra a mulher.


O art. 5º da Lei apenas menciona o que configura a violência doméstica e familiar contra a mulher, e a conceituação
dos tipos de violências compreendidos está disposta no art. 7º da Lei:

A violência pode decorrer ou não de vínculo familiar (art. 5º, I da Lei).

2. Aplicação da Lei

Basta a presença da situação doméstica OU familiar (são situações autônomas).

3. Sujeito passivo

É classificado como crime próprio quanto ao sujeito passivo, em virtude de exigir que o ofendido seja mulher ou do
gênero feminino (qualidade especial).

4. Sujeito ativo

Pode ser homem ou mulher – é crime comum quanto ao sujeito ativo.

5. Debate acerca da (in)constitucionalidade da Lei

Na ADC 19, o STF declarou a constitucionalidade da tutela penal diferenciada da mulher, por entender se tratar de
discriminação positiva ou ação afirmativa, em que a lei estabelece uma diferenciação formal (perante a lei) para
que se possa alcançar igualdade material ou substancial:

“AÇÃO DECLARATÓRIA DE CONSTITUCIONALIDADE 19 - DISTRITO FEDERAL


RELATOR : MIN. MARCO AURÉLIO
VIOLÊNCIA DOMÉSTICA – LEI Nº 11.340/06 – GÊNEROS MASCULINO E FEMININO – TRATAMENTO DIFERENCIADO.
O artigo 1º da Lei nº 11.340/06 surge, sob o ângulo do tratamento diferenciado entre os gêneros – mulher e homem
–, harmônica com a Constituição Federal, no que necessária a proteção ante as peculiaridades física e moral da
mulher e a cultura brasileira. COMPETÊNCIA – VIOLÊNCIA DOMÉSTICA – LEI Nº 11.340/06 – JUIZADOS DE VIOLÊNCIA
DOMÉSTICA E FAMILIAR CONTRA A MULHER. O artigo 33 da Lei nº 11.340/06, no que revela a conveniência de
criação dos juizados de violência doméstica e familiar contra a mulher, não implica usurpação da competência
normativa dos estados quanto à própria organização judiciária. VIOLÊNCIA DOMÉSTICA E FAMILIAR CONTRA A
MULHER – REGÊNCIA – LEI Nº 9.099/95 – AFASTAMENTO. O artigo 41 da Lei nº 11.340/06, a afastar, nos crimes de
violência doméstica contra a mulher, a Lei nº 9.099/95, mostra-se em consonância com o disposto no § 8º do artigo
226 da Carta da República, a prever a obrigatoriedade de o Estado adotar mecanismos que coíbam a violência no
âmbito das relações familiares”.

6. Condições de incidência da Lei

São TRÊS condições cumulativas da Lei Maria da Penha, a saber:

a) Prática de violência nas formas do art. 7º da Lei

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“Art. 7º São formas de violência doméstica e familiar contra a mulher,
entre outras:
I - a violência física, entendida como qualquer conduta que ofenda sua
integridade ou saúde corporal;
II - a violência psicológica, entendida como qualquer conduta que lhe
cause dano emocional e diminuição da autoestima ou que lhe
prejudique e perturbe o pleno desenvolvimento ou que vise degradar
ou controlar suas ações, comportamentos, crenças e decisões,
mediante ameaça, constrangimento, humilhação, manipulação,
isolamento, vigilância constante, perseguição contumaz, insulto,
chantagem, ridicularização, exploração e limitação do direito de ir e vir
ou qualquer outro meio que lhe cause prejuízo à saúde psicológica e à
autodeterminação;
III - a violência sexual, entendida como qualquer conduta que a
constranja a presenciar, a manter ou a participar de relação sexual não
desejada, mediante intimidação, ameaça, coação ou uso da força; que
a induza a comercializar ou a utilizar, de qualquer modo, a sua
sexualidade, que a impeça de usar qualquer método contraceptivo ou
que a force ao matrimônio, à gravidez, ao aborto ou à prostituição,
mediante coação, chantagem, suborno ou manipulação; ou que limite
ou anule o exercício de seus direitos sexuais e reprodutivos;
IV - a violência patrimonial, entendida como qualquer conduta que
configure retenção, subtração, destruição parcial ou total de seus
objetos, instrumentos de trabalho, documentos pessoais, bens,
valores e direitos ou recursos econômicos, incluindo os destinados a
satisfazer suas necessidades;
V - a violência moral, entendida como qualquer conduta que configure
calúnia, difamação ou injúria”.

Para a Lei Maria da Penha, o termo “violência” é empregado de forma ampla, englobando qualquer espécie de
violência (não apenas a violência física como adotado no Código Penal).

b) Situações de vulnerabilidade definidas no art. 5º da Lei

“Art. 5º Para os efeitos desta Lei, configura violência doméstica e


familiar contra a mulher qualquer ação ou omissão baseada no gênero
que lhe cause morte, lesão, sofrimento físico, sexual ou psicológico e
dano moral ou patrimonial:
I - no âmbito da unidade doméstica, compreendida como o espaço de
convívio permanente de pessoas, com ou sem vínculo familiar,
inclusive as esporadicamente agregadas;
II - no âmbito da família, compreendida como a comunidade formada
por indivíduos que são ou se consideram aparentados, unidos por
laços naturais, por afinidade ou por vontade expressa;
III - em qualquer relação íntima de afeto, na qual o agressor conviva
ou tenha convivido com a ofendida, independentemente de
coabitação.

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Parágrafo único. As relações pessoais enunciadas neste artigo
independem de orientação sexual”.

Inciso I: violência doméstica; ou


Inciso II: violência familiar; ou
Inciso III: violência afetiva.

Tais situações são alternativas. É possível encontrar decisões nas quais o STJ já relativizou a presunção de
vulnerabilidade levando-se em consideração o caso concreto. Entretanto, o entendimento que ainda prevalece é
no sentido de a vulnerabilidade ser absoluta.

c) Prática contra o sujeito passivo mulher (próxima aula).

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