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INFERNO

Elemental Mates Book 02


MIRANDA BRIDGES
&

KYRA SNOW
Estou em um zoológico alienígena. O único problema é que sou eu que

estou na exposição.

Se eu achava que ser abduzida era assustador, não é nada comparado a

ser encarada por alienígenas todos os dias.

Alguns deles parecem querer me comer, enquanto outros parecem

querer brincar comigo.

No entanto, há um homem que me encara com uma fome ardente que é

tão brilhante quanto seu cabelo ruivo.

Isso me faz pensar que ele quer me comer e brincar comigo das formas

mais pecaminosas.

Não tenho tempo para isso, mas isso não me impede de pedir sua ajuda.

Ele concorda apenas se eu prometer ser sua companheira.


Sim, tanto faz. Direi e farei qualquer coisa para voltar para minha irmã.

Posso me afastar das chamas do desejo dele sem me queimar?

Ou ele vai me fazer dele, efetivamente incinerando minhas intenções de

sair?

The Elemental Mates Series:

Book 1- Glacier (Hazel & Xelias)-------Feito

Book 2- Inferno (Kayla & Blaze)-------Feito

Book 3- Obsidian (Jade & Castien)

Book 4- Tempest (Zoey & Ekaitz)

Book 5- Zephyr (Dawn & Daxis)

Book 6- Terra (Ivy & Maxim)

Book 7- Amethyst (Cora & Ashryn)


ESTÁ TRADUÇÃO FOI FEITA
POR FAS E PARA FAS.
Nós realizamos está atividade sem fins lucrativos e
temos como objetivo incentivar a leitura de autores cujas
obras não são traduzidas para o PORTUGUÊS.
O material a seguir não pertence a nenhuma
editora NO BRASIL, e por ser feito por diversão e amor à
literatura, pode conter erros.

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CAPÍTULO UM

KAYLA
Eu sou uma empata.

Considerando o quanto eu amo pau, nunca pensei que me encontraria

nessa posição.

— Eu não estou dizendo que você não pode fazer outras coisas, Khloe,

mas sexo não deveria ser um fator agora — eu argumento. — Estamos no

meio do maldito apocalipse, então engravidar é algo que não precisamos

agora.

Minha gêmea me encara enquanto cruza os braços. — Você age como se

tivesse sido uma santa esse tempo todo.

— Eu parei com essa bobagem há muito tempo, e você sabe disso. Olha,

mal temos comida suficiente e às vezes nem isso. Um bebê seria desastroso,

para não mencionar que este dificilmente é o mundo em que alguém gostaria

de criar uma criança.

Khloe olha para o objeto de sua luxúria, seus olhos vidrados; Adam é

bonito. Mas ele também é o irmão mais velho da nossa amiga Hazel. Esse é

apenas mais um problema que não precisamos.


Tem sido uma vida difícil com certeza desde que o planeta decidiu ir para

cima. No entanto, não há órfãos cantando e merda nenhuma. Mas há muitos

órfãos. Nosso grupo de cinco, junto com muitos outros, é prova disso. Embora

eu tenha certeza de que parecemos mais sombrios e patéticos do que qualquer

show da Broadway de todos os tempos. E tenho certeza que estamos chorando

muito mais. Ou estaríamos se não estivéssemos tão desidratados.

— Eu realmente gosto dele, diz Khloe, me tirando dos meus

pensamentos sombrios.

— Tenho certeza que sim.

Ela franze a testa para mim, sua boca puxando para baixo. — Por que

você fala assim? Ele pode ser deficiente, mas isso não significa que seu pau está

quebrado também.

— O que é exatamente o meu ponto.

Um leve rubor cobre suas bochechas, instantaneamente perceptível

devido à sua pele clara. — Oh, certo.

Eu suspiro, me perguntando como diabos eu sou a irmã mais nova.

Nossos pais sempre me disseram que cheguei tarde, mas quando olho para

minha irmã, acho que foi ela quem chegou mais cedo. Logo, cheguei na hora.

E ela está se precipitando novamente, exceto com sexo.

— Olha , eu digo, pegando a mão dela e dando um aperto suave. — Você

pode, por favor, ajudar Adam a manter seu pau em suas calças? E, para constar,

não me importo se suas mãos estão nas calças dele.

— Kayla. — A maneira como ela diz meu nome me deixa saber que

ganhei a discussão. — Você é estupida. — E então ela sorri.


Eu devolvo o sorriso torto que se parece muito com o meu. Não somos

gêmeas idênticas, mas compartilhamos cores semelhantes com nossos cabelos

loiros e olhos azuis. E é aí que a semelhança para. Khloe é meu oposto em quase

todos os sentidos. Onde eu sou alta e ousada, ela é reservada e tímida. Sou eu

quem vê o quadro geral, e ela é quem só pensa no presente.

E esse período de tempo atual inclui o pau de Adam.

Embora, eu estou esperando ter falado algum sentido para ela. Eu não

estava brincando quando disse que era a última complicação que

precisávamos. Tivemos experiências de quase morte, fomos feridas e

basicamente vimos o mundo se tornar um banheiro cheio de dejetos humanos.

E depois há os alienígenas.

Estremeço só de pensar nessas aberrações.

— Vamos — eu digo. — Estou morrendo de fome e espero que tenhamos

algo para comer.

— Eu também. — Khloe esfrega a barriga, e o sorriso de antes foi

substituído por uma expressão de desamparo.

— Quanto tempo mais até nos tornarmos canibais? — Eu digo. Estou

apenas meio brincando. Acho que nunca conseguiria comer outro ser humano,

mas durante essas longas horas entre as refeições, meu açúcar no sangue cai e

me faz ter pensamentos malucos.

— Eca — minha irmã diz, me olhando como se eu fosse louca.

Talvez eu seja. Mas agora isso se transformou em uma oportunidade

para eu provocar minha irmã, o que é algo que não consigo resistir. Deus sabe

que não temos muito para nos fazer felizes, mesmo que apenas

temporariamente.
Eu mantenho meu rosto vazio da diversão borbulhando dentro de mim,

certificando-me de soar como se eu estivesse falando sério. — Você sabe como

as pessoas dizem: 'Coma um pau'? Estou pensando que isso pode se tornar

realidade com você e Adam. — Eu continuo falando apesar do suspiro de

horror da minha irmã. — Talvez você possa fingir que é um cachorro-quente?

— Kayla. Cala. A. Boca.

Eu dou de ombros. — Só estou dizendo que essa frase assumiu um

significado totalmente novo neste apocalipse.

— Em seguida, você estará falando sobre zumbis e comendo cérebros.

Ela faz uma careta para mim, seus olhos e seu nariz delicado franzindo juntos.

— Prefiro ser abduzida por alienígenas do que me tornar uma canibal.

Estamos perto da parte do complexo que é o local designado para o nosso

grupo. Partes da base militar foram queimadas durante os incêndios que

destruíram nosso mundo. Conseguimos salvar o que pudemos do prédio

principal e estamos escondidos aqui há algum tempo. Não é muito, mas é o lar.

Sigo minha irmã até o refeitório, onde Hazel e seu irmão se sentam à nossa

mesa de sempre. Outras pessoas se movem ao nosso redor, mas ninguém está

comendo. Mal temos rações sobrando.

— Eu me mataria antes de deixá-los me levar — eu finalmente respondo,

sentando ao lado de Hazel.

— Quem? — ela pergunta, olhando entre mim e Khloe.

Minha irmã se senta bem ao meu lado, mas é claro que é perto de onde

Adam está. Ela não está enganando ninguém, mas contanto que ela seja

cuidadosa, eu não me importo.

— Aliens — diz Khloe, chamando a atenção de um caminhante.


Embora compartilhemos o complexo com outros humanos, todos

tendemos a nos ater aos nossos pequenos grupos. Prefiro dessa maneira. Por

mais simpáticos que alguns dos outros sejam, não confio em ninguém além das

pessoas sentadas nesta mesa e em nenhuma outra.

— Onde está Jade? — Eu pergunto, não vendo o último membro do nosso

grupo.

— Ela está dando um passeio. — Hazel me dá um olhar que me deixa

saber o quão ridículo ela acha o comportamento de nossa amiga. Jade é uma

garota de fala mansa com um grande coração, e tentamos cuidar dela o máximo

possível. Não é que ela seja burra, é só que sua serenidade parece atrair o tipo

errado de pessoas. Bem, isso e suas curvas. Ao contrário do resto de nós, Jade

ainda é bem dotada, apesar da falta de nutrição.

Eu olho para os meus seios pequenos. Pelo menos eu não tenho que me

preocupar em atrair atenção indesejada por causa dessas bolsas divertidas

patéticas.

Hazel bate os dedos na mesa, uma ação sem sentido, mas não quando se

trata dela. Ela é inteligente e mais corajosa do que o resto de nós juntos, e é por

isso que ela sempre foi aquela que procura comida. Eu me ofereci em várias

ocasiões para ajudar, mas ela geralmente me recusa. No começo eu assumi que

era porque Hazel achava que ela era boa demais para nós, mas na verdade era

porque ela confiava em mim para proteger seu irmão.

E eu tenho desde então.

— Eu vi outra nave hoje — Adam diz calmamente. — E com base na

trajetória, pousou bem perto de nós.

Hazel murmura xingamentos baixinho e fica de pé. — Vou conferir.


— Você quer que eu vá? — Eu pergunto. — Esta não é uma corrida de

comida básica, então ter alguém com você pode ser mais seguro.

Seu olhar pisca para Adam e depois de volta para mim. Eu aceno uma

vez, deixando-a saber que vou honrar seu desejo de que eu cuide de seu irmão.

— Vai ser mais rápido se eu for sozinha — diz Hazel. Então ela sorri, e

o verde de seus olhos brilha como musgo orvalhado, um tom brilhante que

ainda não encontramos em nenhum lugar deste lugar estéril e queimado.

—Talvez esses novos alienígenas tenham algo para comer.

— Deus, sim. — Khloe sopra uma respiração afiada. — Acho que comerei

qualquer coisa agora.

— Qualquer coisa? — Eu pergunto, dando-lhe um sorriso.

O olhar da minha irmã desliza para Adam, e suas bochechas ficam com

um lindo tom de rosa. — Não qualquer — ela murmura. — Estou com fome

porque não comemos desde ontem.

— Hazel vai encontrar alguma coisa — diz Adam. — Ela sempre faz isso.

— Eu tento — diz Hazel.

— Fique segura, ok? — Eu digo, dando-lhe um pequeno aceno.

— É claro. — Hazel dá um tapinha na faca que está enfiada no cinto.

—Eu voltarei em breve.

Depois que Adam e Khloe se despedem, Hazel sai do complexo,

seguindo a direção que seu irmão indicou. Meus nervos estão sempre tão ruins

quando ela sai, e não é só porque temo por sua vida. É porque eu sei que terei

que cuidar do grupo se alguma coisa acontecer com ela. Eu posso ser egoísta,

mas não é uma responsabilidade que eu quero, já que me forçaria a deixar

Khloe para procurar comida.


Minha irmã foi e sempre será minha prioridade. Acho que é assim que

Hazel se sente em relação a Adam – se isso é devido à sua deficiência ou não,

não posso dizer. Tudo o que sei é que ela e eu somos as irmãs mais novas que

cuidam dos mais velhos. Hazel e eu compartilhamos o mesmo fardo de amor,

e há essa compreensão mútua entre nós duas.

O ronco do estômago de alguém me tira dos meus pensamentos.

— De quem foi? — Eu pergunto, olhando entre Khloe e Adam.

— Fui eu — diz ele. Ele deixa a cabeça cair para trás, enfatizando o pomo

de Adão enquanto engole. — Estou com tanta fome. Tem dias que eu tento

lembrar como era comer quando a gente queria, mas é uma memória tão

nebulosa.

Khloe acena com a cabeça. — Aqueles eram os bons dias.

— Sinto falta de fast food — eu digo. — Especialmente batatas fritas.

Adam geme e então levanta a cabeça para olhar para nós. — Se você

pudesse comer qualquer coisa, o que seria?

— Um cachorro-quente — eu digo, meus lábios se contraindo enquanto

olho para minha irmã. — Boa e velha salsicha, hein, Khloe?

— Eu gostaria de sorvete — diz ela, atirando punhais em mim. — Nada

nem perto de um apêndice humano.

Comecei a rir, incapaz de me conter. Adam sorri, embora não tenha ideia

do que está acontecendo. Ele é sempre descontraído e um cara muito legal na

maioria das vezes. De vez em quando, ele tem um dia sombrio, mas eu não o

culpo. Deve ser difícil ver sua irmãzinha arriscar a vida por você repetidas

vezes.
Khloe faz o possível para não rir, mas logo as risadas começam a sair

dela. — Kayla, pare com isso.

— E você, Adam? — Eu pergunto, balançando minhas sobrancelhas para

minha irmã e depois para ele.

— Eu gostaria de um bife com purê de batatas com alho e feijão verde

com sabor de bacon — diz Adam.

Eu gemo e caio, jogando meu braço sobre meu rosto. — Acho que acabei

de gozar.

Desta vez, nós três rompemos em um coro de risadas. Mas não dura

muito.

Um grito me faz sentar e inclinar a cabeça. Mais gritos se seguem, e isso

me faz ficar de pé, o cabelo na parte de trás do meu pescoço se arrepiando.

— O que é isso? — Khloe pergunta, sua voz quase um sussurro.

— Não sei. — Eu estendo minha mão. — Fique aqui. Irei conferir.

Minha irmã diz alguma coisa, mas não a ouço porque estou me

esforçando para entender os sons vindos do pátio. Eu sigo alguns dos outros

para fora e me mantenho na parede do quartel abandonado, segurando minha

faca na mão. Hazel e eu temos uma, e praticamos de vez em quando. Nenhuma

de nós é boa, mas fazemos o que podemos, e isso ajuda a manter nossos

reflexos um pouco afiados. Hazel é leve em seus pés, e eu também não sou tão

ruim.

Os gritos que se misturam no ar agora carregam os tons altos dos gritos,

fazendo a pele da minha nuca formigar de tensão e consciência. Minha

adrenalina está em pleno vigor, mas esse estado é comum para mim agora.

Antes que o mundo pegasse fogo, eu achava que sabia o que era estresse, mas
agora sei que é quando sua vida está em jogo. Não há nada que faça seu coração

acelerar e seu sangue bater mais.

Minhas botas perturbam o manto de sujeira e cinzas que está sempre

presente, mas hoje não estou xingando a substância pulverulenta porque está

abafando meus passos. A asma de Khloe aumentou tanto desde que as

primeiras chamas se espalharam pela Terra, devorando tudo dentro do

alcance. Felizmente, roubei já um monte de inaladores da farmácia local

quando o mundo ficou oficialmente louco, mas há muito tempo se esgotaram

e não sei mais o que fazer. Eu só rezo para que seus pulmões sejam fortes o

suficiente para sobreviver até...

Bem, foda-se se eu sei para que estamos vivendo. No entanto, não a

deixarei morrer no meu turno.

É melhor ela manter a bunda no refeitório até eu descobrir o que está

acontecendo aqui.

Ao ver o jovem correndo por mim, chamo seu nome em um sussurro alto:

— Jacob!

Ele para imediatamente, um olhar de pânico escrito claramente em seu

rosto. — Eles estão aqui, Kayla. Eles estão aqui!

E então ele foge antes que eu possa perguntar quem são eles. Não que eu

realmente precise perguntar. Quando olho para o céu para a sombra que se

estende sobre o complexo, vejo a nave alienígena. Enquanto outras pessoas

correm em pânico, eu corro de volta para o refeitório. Minha irmã está saindo

com Adam mancando atrás dela, sua muleta debaixo do braço. Ambos

parecem assustados, mas pelo menos foram racionais o suficiente para pegar

nossos suprimentos de emergência.


— Precisamos sair daqui — diz Khloe, me jogando uma mochila.

— E quanto a Jade? — Eu pergunto, meu olhar percorrendo a área

enquanto tento desesperadamente encontrar a mulher de cabelos negros.

— Não podemos simplesmente deixá-la.

— Ela conhece o plano de evacuação como o resto de nós. — Adam exala,

e naquele momento, ele parece muito mais velho do que seus vinte e tantos

anos. — Temos que confiar que ela nos encontrará no ponto de encontro. Além

disso, não poderemos ajudá-la se formos pegos.

Eu aceno, puxando as alças sobre meus ombros. — Se nos apressarmos

agora, podemos sair antes que eles nos vejam. Vamos!

Corremos o mais rápido que podemos para o outro lado do complexo,

onde um buraco na cerca nos espera. Até agora a costa está limpa, mas ainda

posso ouvir os gritos de misericórdia dos outros. Os sons me estimulam, meu

coração agora ecoando os tiros disparados em rápida sucessão.

Khloe tosse uma vez, e eu amaldiçoo as cinzas e a poeira que estão

agravando sua asma. Milagrosamente, ela acompanha Adam, que, pela

primeira vez nos dois anos que o conheço, não está ficando para trás. Não pode

ser fácil carregar bundas com apenas uma perna que funciona. Espero em Deus

que não ceda, já que ele raramente anda sobre ela, quanto mais correr.

Precisamos encontrar Hazel e depois dar o fora daqui.

Quando entramos no pátio dos fundos, o alívio me enche ao vê-lo vazio.

Os gritos de partir o coração estão se tornando mais difíceis de ouvir, mas isso

não é necessariamente uma coisa boa; espero que alguns dos outros consigam

escapar.
No entanto, Khloe e Adam são meu foco agora.

Eu chego à cerca primeiro, e quando olho para eles, meu coração dá uma

guinada com o ataque iminente.

— Khloe, cuidado!
CAPÍTULO DOIS

KAYLA
Minha irmã mal deve ouvir meu choro quando os alienígenas pulam

do telhado. Eles cercam ela e Adam como uma matilha de lobos sedentos de

sangue, exceto que eles são alienígenas – lagartos humanoides envoltos em

grossas camadas de roupas com os mesmos tons desérticos de sua carne.

O pânico toma conta de mim, e eu jogo uma de minhas facas com a maior

precisão possível. A lâmina voa em direção ao soldado à esquerda de Khloe,

mas ricocheteia em suas escamas e espirais na terra. Com um silvo, o alienígena

separa Khloe de Adam à medida que mais soldados aparecem ao virar da

esquina. Alguns deles até deslizam pelos prédios em suas frentes, seus

movimentos uma série de borrões repugnantes.

Ao som dos gritos de Khloe, corro em direção a ela enquanto vasculho

freneticamente minha mochila em busca de minhas outras facas. Graças a Deus

Khloe se lembrou de embalá-los. Agarrando a maior faca, vou para matar,

certo de que desta vez verei sangue. Mas um alienígena rasteja para fora da

areia e salta em cima de mim, efetivamente me derrubando no chão em uma

rápida investida. O ar deixa meus pulmões, e eu luto para respirar, quanto


mais pegar minhas armas espalhadas. As lágrimas se acumulando em meus

olhos as borram e, por um momento, tudo o que posso fazer é suspirar por ar

como um peixe fora d'água.

O alienígena desliza para seus pés e se eleva sobre mim, suas feições

estranhas puxadas em um rosnado. — Fique abaixada, mulher, ou terei grande

prazer em fazer você.

Como diabos ele pode falar inglês?

— Aqui está uma ideia. Por que você não vai se foder? — Eu digo,

dissimuladamente esticando meus dedos o máximo que posso. A faca ao meu

alcance está praticamente me provocando com o quão perto ela está.

Vamos lá... só mais um pouco... tão perto...

— Fique. Abaixada — o lagarto range os dentes afiados e pontiagudos.

Então ele olha por cima do ombro, latindo algo em sua língua nativa para um

alienígena próximo.

O outro soldado acena com a cabeça uma vez e aponta uma arma para a

cabeça de Adam. Agora, eu darei a Adam suas dívidas. Ele pode não ser o mais

ágil, mas tem um ótimo gancho de direita. Ele prova isso quando dá um soco

no rosto do soldado, fazendo com que o sangue de ébano escorra do nariz

inclinado da criatura.

— Não toque nelas, porra! — Adam grita com uma ferocidade que eu

nunca vi nele antes. Estou tocada e impressionada com sua bravura. Também

distrai o lagarto em cima de mim, mesmo que apenas por um momento, mas

isso é tudo que eu preciso. Pego a faca e tento cravá-la no estômago do soldado,

esperando que gemidos guturais me recebam logo em seguida.

Mas eles não.


Em vez disso, a faca reverbera contra a pele não penetrada, sacudindo

meu braço tão violentamente que o deixo cair. Minha tentativa fracassada de

tirar a vida do alienígena parece irritá-lo. Sua mão ligeiramente palmada trava

em volta da minha garganta como um torno, e então ele me levanta do chão,

me forçando a balançar alguns centímetros acima dele.

— Kayla!

Os gritos da minha irmã se fundem com a tontura nublando minha

mente. A escuridão ameaça penetrar e devorar minha linha de visão, mas uma

voz profunda logo a penetra, e o aperto do soldado em mim afrouxa.

— Liberte a fêmea neste instante.

O soldado obedece relutantemente, seus lábios finos repuxados em um

rosnado. Eu desabo no chão a seus pés, engasgando e agarrando minha

garganta, desejando que meus pulmões se encham de ar.

O maldito filho da puta quase me matou!

Através das lágrimas embaçando minha visão, vejo como os braços de

Khloe são torcidos atrás das costas e Adam cai no chão, sem se mover. Botas

cobertas de poeira chutam a areia e param na minha frente. Eu levanto meu

olhar até que eles pousam no mais alto dos alienígenas até agora. Ele é

obviamente o líder deles pela forma como os outros abriram um caminho

imediato para ele. Seus olhos alaranjados me encaram, e quando ele pisca,

pálpebras brancas deslizam sobre as íris verticais. Lentamente, ele se abaixa, e

uma sugestão de sorriso dança sobre seus lábios pálidos.

— Você seria sábia para não resistir a mim, humana. Jogue bem e

nenhum mal acontecerá a você ou ao seu povo. Você entende?


Ainda não consigo respirar direito, muito menos falar. Provavelmente é

uma coisa boa porque sem dúvida diria a ele para ir se foder como eu disse ao

seu amiguinho. Nenhum mal virá para nós, minha bunda. Ele já matou um

monte de gente.

— Gunnar, o que devemos fazer com este macho? — um soldado

pergunta.

O alienígena agachado na minha frente se levanta e lança um olhar na

direção de Adam. — Deixe-o. Ele está com defeito.

E então, assim, estou sendo puxada para fora do complexo, onde uma

enorme nave me espera. Os alienígenas nos conduzem pela rampa como gado,

e se fosse em qualquer outra circunstância, eu estaria totalmente empolgado

por estar dentro de um de seus veículos espaciais. Eu só os vi no céu. Mas em

vez disso estou me aconchegando com Khloe no canto, esmagada entre

algumas outras pessoas que reconheço. Procuro no espaço por Jade, mas com

todos nós amontoados, não consigo ver muito.

Levo um momento para perceber que há apenas mulheres a bordo. Se eu

colocar dois e dois juntos, isso significa que estamos na merda.

— Nós temos que sair daqui — eu sussurro para Khloe. — Acho que

esses alienígenas estão procurando por reprodutoras.

Minha irmã engole e a mulher de cabelos ruivos ao lado dela acena com

a cabeça, seu rosto sombrio.

— Eu não ficarei por aqui — Brianna diz. — Eles vão ter que me matar

primeiro.

Agora sou eu quem assente. — Assim que pudermos, vamos correr para

isso.
— Você acha que Adam está bem? — Khloe pergunta, seus olhos se

enchendo de lágrimas.

Eu quero dizer a ela que estamos em mais problemas do que ele, mas ela

vai aceitar a realidade em breve. Em vez disso, digo: — Ele está bem. Quando

o vi pela última vez, ele ainda estava vivo. Você vê Jade?

Minha irmã balança a cabeça, e depois disso o resto da viagem é feito em

silêncio, ocasionalmente perturbado por um choro silencioso. Não culpo as

mulheres por isso, mas aprendi há muito tempo que não ajuda em nada. Só a

ação faz.

A nave para e meu coração bate no meu peito como um tambor. Fico na

ponta dos pés e estico o pescoço tentando ver onde estamos, mas é difícil com

todas as mulheres no caminho. Assim que saio, descubro que chegamos a outra

base militar, exceto que esta é menos dilapidada do que a onde moro. Isso não

quer dizer muito, mas a cerca alta junto com o arame farpado me impede de

fugir.

Eu varro meu olhar de um lado para o outro enquanto os alienígenas nos

conduzem para dentro. Por mais que eu não queira seguir, eu faço. As armas

que eles carregam fariam um buraco em mim em um instante, o que as torna

bastante dissuasivas.

O corredor por onde andamos está iluminado, mas há um zumbido como

se a eletricidade estivesse lutando para manter sua corrente contínua em toda

a fiação. Junto com esse som está o arrastar de nossos pés enquanto nos

amontoamos depois de entrar em uma grande sala. Eu observo as varandas em

camadas e o teto abobadado. Isso provavelmente costumava ser um auditório


de algum tipo, exceto que todas as cadeiras foram removidas e em seu lugar

há uma espécie de centro médico.

E muitos alienígenas.

Eles estão espalhados por toda a sala, cada um deles cuidando de uma

mulher humana diferente. Alguns dos lagartos estão examinando as mulheres

com dispositivos portáteis, enquanto outros estão enganchando fios em seus

braços e pernas. Embora sejam semelhantes aos cabos de eletrocardiograma,

ainda me encontro na ponta dos pés e pronta para correr. No canto mais

distante estão cápsulas em forma de ovo ou algum tipo de máquina com tampa

de vidro. Não sou claustrofóbica, mas a ideia de ser enfiada em uma dessas faz

meu estômago revirar de náusea.

— Bem-vindo à estação de sondagem — murmura Brianna.

Khloe se aproxima de mim e eu pego sua mão. Eu não queria confortá-la

onde os alienígenas pudessem ver, apenas no caso de fazer com que eles nos

separassem. Mas agora eu me agarro a ela para me manter firme, já que estou

prestes a enlouquecer. Pelo que vejo, não há como escapar.

Os alienígenas nos dividem em grupos de cinco e levam cada um a um

posto médico diferente. O lagarto da nossa pega uma das meninas comigo e

diz para ela deitar na mesa de exame. Não tenho ideia do que diabos está

prestes a acontecer, mas observo, incapaz de desviar o olhar. Khloe enterra o

rosto no meu ombro, e eu gostaria de ter alguém para se apoiar como ela.

— Fique quieta — o alienígena diz em inglês. — Você está sendo

equipada com um dispositivo de tradução programado com mais de duzentos

idiomas e dialetos. É uma ciência delicada e, a menos que você queira que eu

perfure seu crânio, você não se moverá.


A garota fica tão quieta que nem tenho certeza se ela está respirando. No

entanto, minha respiração está rápida, quase como se eu estivesse à beira de

hiperventilar. O alienígena pega uma espécie de seringa e injeta a garota logo

atrás da orelha. Ela choraminga, e lágrimas escorrem pelo seu rosto, mas ela

não se move.

E então é a vez de Brianna.

Para minha surpresa, ela se deita como um cachorrinho dócil e toma a

injeção como uma campeã. Então ela pula da mesa como se nada estivesse fora

do comum.

— Conhecimento é poder — ela sussurra para mim enquanto passa.

Eu sigo sua liderança e tomo meu lugar em seguida. Não apenas para ser

corajosa por Khloe, mas porque Brianna está certa. Saber falar e entender a

língua dos alienígenas é uma vantagem que não posso deixar passar. Deus sabe

que preciso de toda a ajuda possível.

A injeção arde como uma cadela, mas não mais do que a típica vacina

contra a gripe. É apenas muito mais assustador. Então é a vez de Khloe, e ela

me surpreende por não fazer barulho. Uma vez que todos os membros do

nosso grupo obtiveram um, somos direcionados para a próxima estação.

Foi quando finalmente avistei Jade.

É uma merda que ela tenha sido pega como o resto de nós, mas pelo

menos ela está viva. Eu a encaro do outro lado da sala, desejando que ela olhe

na minha direção, mas ela não olha. Em vez disso, ela mantém o olhar abaixado

enquanto espera na fila pela sua vez de ser examinada, ou o que quer que

estejam fazendo lá.


O alienígena em nossa nova estação não perde tempo e imediatamente

começa a escanear Brianna enquanto murmura para si mesmo. As palavras que

ele fala não são mais distorcidas, então suponho que estou ouvindo e

entendendo sua língua nativa.

— Desnutrida e desidratada como as outras — diz o alienígena e então

digita em um tablet, suas garras fazendo um som de batida. — Muito fértil,

jovem, composição genética decente… pronta para os fluidos e nutrientes e

depois envio.

As bochechas de Brianna ficam coradas, e quando seu exame termina, eu

juro que há vapor saindo de seus ouvidos. Dou-lhe um olhar de advertência,

esperando ajudá-la a lembrá-la de que não vale a pena morrer, mas ela não me

reconhece.

Khloe é a próxima, e o alienígena faz a mesma rotina de antes.

— Desnutrida e desidratada como as outras, mas com capacidade

pulmonar de apenas quarenta e cinco por cento. Os detritos devem ser

removidos e os pulmões limpos antes que o processamento possa ser

considerado completo. Caso contrário, jovem e um pouco fértil.

Meu coração afunda no meu estômago ao ouvir as estatísticas da minha

irmã. Eu sabia que ela tinha dificuldade para respirar, mas ouvir o que o

alienígena disse é como um golpe físico. Meu medo por ela me fez fazer algo

tolo, algo que eu normalmente não consideraria.

— O que você vai fazer com os pulmões dela? — Eu pergunto,

aproximando-me do alienígena.

Ele olha para mim, seus olhos reptilianos se estreitando no meu rosto. —

Vamos reparar os danos.


Eu começo, surpresa que me respondeu, mas não perco a oportunidade

de aprender mais.

— Quão?

O alienígena sacode sua cabeça escamosa em direção às cápsulas. — Ela

entrará em uma forma de hipersono onde seu corpo se curará lentamente com

a ajuda de nossos medicamentos.

Eu pisco várias vezes, quase incapaz de acreditar no que acabei de ouvir.

— Os problemas respiratórios desaparecerão ou isso é apenas uma correção

temporária?

A cauda do alienígena balança, batendo no chão de ladrilhos com um

baque agudo. Não é preciso ser um zoólogo para perceber que está começando

a ficar chateado comigo. No entanto, ainda me dá uma resposta, apesar de sua

irritação.

— Qualquer doença que ela teve até este ponto deixará de existir.

Uma longa expiração me deixa, agitando as mechas soltas de cabelo ao

redor do meu rosto. Minha irmã ficará mais do que curada; ela ficará inteira e

não sofrerá mais dessa condição médica. Eu fico lá com meus lábios separados

enquanto o peso disso me atinge.

Minha alegria dura pouco.

— E então ela será enviada para o comprador assim que seu corpo estiver

funcionando corretamente.

Por vontade própria, minha cabeça se vira na direção do alienígena e dou

um passo à frente. A sensação de uma ponta afiada cavando meu peito me

para. Não tiro os olhos do lagarto, mas posso ver pela minha visão periférica

que ele está segurando uma espécie de lâmina.


— Volte para a fila.

Eu aceno para a criatura e dou um passo para trás para que ela possa

retomar a inspeção de Khloe. Desta vez, quando olho para Brianna,

compartilhamos um olhar que traduz com mais precisão do que as palavras

jamais poderiam.

Temos que dar o fora daqui.

Eu abaixo meu olhar, não querendo que o alienígena pegue o olhar de

desespero que com certeza estará em meus olhos. É preciso tudo o que tenho

para não fugir. Em vez disso, eu me aproximo de onde Brianna está, e ela, por

sua vez, inclina a cabeça para a minha direita, onde um guarda alienígena se

aproxima. A energia que rola de nós dois está praticamente vibrando, e me

pergunto como aqueles ao nosso redor não a sentem.

Assim que Khloe se aproxima de mim, olho para Brianna e depois olho

para a arma de raios que o guarda está segurando. Brianna projeta seu queixo

um pouco, e eu dobro meus joelhos, preparando-me para correr. Ela me dá

uma piscadela antes de caminhar até o lagarto que está examinando outra

garota.

— Fique com seu grupo — diz o alienígena, acenando com a mão em

forma de garra.

Brianna levanta o braço e bate o punho em seu rosto. É tão chocante que

eu fico lá congelada por um segundo. Eu não sei o que eu esperava que ela

fizesse, mas não era isso. O alienígena assobia para ela, e o som me tira do meu

estupor. Enquanto o alienígena avança sobre Brianna, eu me esgueiro atrás da

pequena briga, arrastando Khloe atrás de mim.


Imediatamente o guarda corre para o nosso grupo, e eu caio no chão

agachada, varrendo minha perna em um amplo arco. Para minha surpresa, ele

realmente funciona e se conecta com o tornozelo, fazendo com que o guarda

tropece. Eu me levanto e me jogo no alienígena, mantendo meus olhos fixos na

arma.

Mas meus reflexos não são tão rápidos quanto os da criatura.

Ele não apenas arranca a arma das minhas mãos, mas então me dá um

tapa tão forte que eu caio no chão, com minha bochecha ardendo loucamente.

O grito de Khloe soa em meus ouvidos, e o mundo inteiro está em câmera lenta

enquanto manchas aparecem na minha visão. Eu alcanço a mão da minha irmã,

mas em vez de sentir o calor de sua pele, meus dedos tocam algo frio e duro.

O fim de uma arma de raios.

Eu pisco lentamente, tentando colocar tudo em foco, mas pontos pretos

preenchem minha visão. Quando sucumbi à escuridão, porque é inevitável,

não tenho certeza se é porque fiquei inconsciente ou se morri.

E isso é uma grande diferença. Apenas dizendo.


CAPÍTULO TRÊS

BLAZE

Alguns dias mais tarde...

Enquanto meus irmãos partem para resgatar suas fêmeas, um sorriso

brinca em meus lábios enquanto eu faço meu caminho para a baia médica da

nave de Xelias. Eu já vislumbrei uma mulher, uma que eu tenho certeza de que

é compatível comigo. Não há outra explicação para o porquê de me sentir

atraído por ela. Além disso, não desejo procurar uma boceta que não possa

revelar meu verdadeiro potencial. Soa como uma perda de tempo para mim.

Não, estou mais do que feliz em deixar os outros fazerem o trabalho enquanto

colho as recompensas aqui nesta nave. Já é hora de eu dar um tempo para

salvar suas bundas o tempo todo.

Quando viro a esquina da sala de exames, Eli se afasta na outra direção,

seu foco no tablet em sua mão. No momento ideal, coloco meu próprio tablet

no bolso de trás e tiro um cartão-chave antes de passá-lo pela fechadura da

porta. Eli arrancaria minhas bolas se soubesse que dupliquei a autorização de

segurança de seu cartão e coloquei no meu. Sem usar minhas habilidades de


hacker para obter esses códigos, eu não teria como ficar algum tempo sozinho

com as fêmeas, já que os Icebloods são muito suspeitos. Aparentemente, eu não

sou confiável com as fêmeas, mas foda-se sabe por quê. Não é como se eu fosse

raptá-las ou algo assim.

Ah, mas, novamente, dizer que não pensei nisso seria uma mentira.

Quando aterrissei pela primeira vez neste planeta moribundo e descobri que

Xelias estava escondendo a verdade de mim, considerei tirar as fêmeas debaixo

de seu nariz. Posso ser do tipo cabeça-quente, mas não sou tolo o suficiente

para arriscar uma guerra com Xelias quando ele está tão cheio de si. Isso é uma

coisa que eu nunca gostei sobre sua facção: eles são muito reservados. Preciso

esperar até ter meus poderes; então estaremos no mesmo nível novamente.

E então eu posso chicotear sua bunda por mentir para mim.

A porta se abre e eu entro na sala sem graça, varrendo meu olhar sobre

as fêmeas. Eu só tenho olhos para a da janela. Khloe, eles a chamam. O nome

não faz nada por mim, mas é na boceta dela que estou interessado. Ela ergue

os olhos do livro em seu colo quando me aproximo dela, praticamente

encolhida sob minha leitura. Minha sombra a engole, o que só a faz parecer

mais frágil e tímida. Essa não é uma companheira para um Fireblood de forma

alguma. Espero que seu espírito seja mais forte do que seu corpo ou então ela

nunca vai se igualar a mim.

— Venha — eu digo, estendendo minha mão.

— Para onde você está levando-a?

Eu estalo meu olhar para a mulher pálida e esquelética correndo. Eu já

ouvi falar desse bichinho. Ela vendeu seu povo para Xelias em troca de

provisões. Embora eu seja grato por sua falta de honra nos levar à descoberta
de mais mulheres, há algo a ser dito sobre aqueles que traem aqueles que

juraram proteger. Tenho pena do guerreiro que combina com uma traidora

como Meghan, boceta útil ou não.

— Para algum exercício diário — eu rosno, meus olhos fixos em Khloe.

— Com seu pau? — Meghan rosna. — Khloe, fique onde está. Este é

provavelmente como o resto. Pervertidos.

Bem, suponho que isso não seja totalmente falso.

— Venha — eu repito para a fêmea. — Eu não te machucarei, Khloe.

Ela larga o livro e se levanta da cama. — Eu ficarei bem — ela diz para a

outra, dispensando minha mão estendida. — Vejo você quando eu voltar.

Levo a fêmea para o quarto ao lado e giro a fechadura atrás de mim. Não

quero distrações durante um momento tão importante da minha vida. Xelias e

Eli podem se foder até eu receber o que me é devido. Se não fosse pela minha

ajuda, muitas dessas mulheres não teriam sobrevivido, e tudo o que peço em

troca é meu verdadeiro potencial.

— Você olha muito — diz a fêmea, arrastando minha atenção da porta

para ela. Ela torce as mãos nervosamente e se contorce sob o meu olhar. Até

agora não há fogo em sua alma. — Por que você olha?

Eu considero sua pergunta por um momento. O fato de que devemos —

conquistar— essas mulheres ainda me irrita. Não é que eu não queira, mas ao

contrário de Xelias, não tenho tempo. No entanto, parece que devemos

conquistá-las, e tenho tentado pensar na melhor maneira de fazer isso sem

estragar tudo.

O que foi que Xelias disse de novo? — O medo suprime a reação deles.

— Eu olho porque estou atraído por você, Khloe.


Um tom rosado sobe para suas bochechas. — Sério? Mas eu... não sou

nada como as outras garotas.

— Você é tudo para mim — eu digo, parando ao lado dela. — Posso te

tocar?

Ela solta um guincho surpreso, seu rosto ficando escarlate. — T...tocar

em mim onde?

Em resposta, estendo minha mão, e lentamente ela coloca a dela na

minha. Espero o momento que ansiei por toda a minha existência, mas nada

acontece. Não há reação ou lampejo de poder, e qualquer esperança que eu

tinha de uma partida rapidamente despencou. Que porra? Eu tinha certeza de

que ela era compatível pela forma como meu fogo queimava por ela.

Tocar em Khloe deve resultar em algo, mas não em raiva ou frustração.

— Eu te disse. — Ela puxa a mão para trás e envolve os braços sobre o

peito. — Você ficaria melhor com minha irmã.

Agora, isso reacende meu interesse. — Você tem um parente de sangue?

Ela acena. — Uma gêmea, na verdade, que foi enviada com as outras.

Hazel disse que seu povo prometeu trazê-las de volta. Isso é verdade?

— Parece que sim.

Esta fêmea não é a que estou procurando, é a outra parte dela. Está —

gêmea— que foi sequestrada e enviada pelos Torags. Parece que vou me juntar

aos meus irmãos nesta missão de resgate, afinal. A porra da ironia.

— Obrigada — diz a fêmea, um tremor pegando seu lábio inferior. — Eu

me sinto tão impotente apenas sentada aqui enquanto Kayla está... eu não

consigo nem pensar no que ela está passando.


— Kayla é sua irmã? — O nome rolando da minha língua envia uma

sacudida ao meu pau.

A fêmea assente. — Ela nasceu seis horas depois de mim, então mamãe

a chamou de Kayla por causa de nossa tia que estava sempre atrasada. É uma

piada que costumávamos ter porque Kayla geralmente é a mais atrasada.

Dou um passo para trás, apontando para a porta. — Você tem minha

palavra de que vou resgatar e proteger Kayla com minha vida.

Ela cruza o comprimento da sala. — Minha irmã pode ser um pouco...

desconfiada de estranhos. Se você mencionar a tia Kayla, ela confiará em você.

Somos as únicas pessoas vivas que se lembram dela.

Concordo com a cabeça e sem palavras acompanho a fêmea de volta aos

seus aposentos. Quando fecho a porta, Eli me espera com o rosto contorcido

em desprezo.

— O que. Você. Fez? — Ele agarra meu braço, seus dedos cavando

através da minha pele exposta. — Essas fêmeas são inestimáveis para minha

pesquisa...

Eu olho para o seu aperto, meus olhos se estreitaram em fendas. —

Abaixe-se, soldado, ou queimarei sua mão, dificultando a punheta. Você me

escuta?

Ele rapidamente remove a mão e olha para as fêmeas. — Perdoe-me,

senhor. É que... elas são cruciais para o desenvolvimento de nossos poderes, e

se alguma coisa acontecer com elas...

— Nenhum mal virá para as fêmeas — eu rosno. A porra do médico tem

sorte de eu não cortar a cabeça dele por seu desrespeito. — Agora, eu tenho

um lugar para estar. Isso é Fireblood para 'fique fora do meu caminho.'
Antes que ele possa espremer outra palavra, marcho até a esquina e pego

meu tablet para escanear as tarefas. Estou surpreso ao ver que nem todas as

fêmeas, incluindo as atribuídas a mim, foram enviadas para o planeta escravo

Lixis. Com certeza temos nosso trabalho cortado para nós. Quando vejo Kayla

listada em Castien, eu aperto minha mandíbula e me concentro em sua

localização. Guuldor. Já faz muito tempo desde que estive lá.

E enquanto Jade pode ser um páreo para um dos meus guerreiros, eu

prefiro investir meu tempo resgatando Kayla para que eu chegue ao meu

poder primeiro. Isso me permitirá proteger minha tripulação com mais

eficiência ao resgatar as outras. Acho que é hora de pedir meu favor mais cedo

com Xelias.

Tenho certeza que ele ficará positivamente encantado.

Meu temperamento foi reprimido quando chego à sala de reuniões.

Xelias e sua fêmea ainda estão lá dentro, embora seu rosto esteja visivelmente

corado e eu sinta o cheiro de Iceblood nela quando ela pula de seu colo. O

ciúme me provoca com garras afiadas, acentuando a ausência da minha

companheira.

— Blaze, eu pensei que você tivesse partido — Xelias comenta, seu

sorriso desaparecendo como neve sob o sol.

— Estou interrompendo? — Faço uma pausa ao lado deles, espiando

suas aparências desgrenhadas. — Não há necessidade de parar por minha

causa, irmão. Eu não me importo de assistir. Na verdade, eu gosto bastante.

— Não seja tão vil. — Xelias ajeita as calças enquanto a fêmea sai

correndo do quarto, seu rubor se aprofundando a cada segundo. — O que você

procura?
— Estou aqui simplesmente para o pagamento que você me deve.

Ele olha para cima, levantando as sobrancelhas. — Não me lembro a que

pagamento você está se referindo.

— Chega de besteira, Xelias. Salvei seu traseiro na nave de Gunnar.

Agora é hora de você me ajudar.

Xelias me avalia por um longo tempo, seus olhos semicerrados em fendas

geladas. — Que tipo de ajuda?

Eu despejo o tablet na mesa diante dele. — Dê-me a tarefa contendo a

fêmea Kayla. Eu acredito que ela foi dada a Castien.

O Iceblood examina o dispositivo, depois se recosta na cadeira e bate os

dedos na mesa. — Enquanto eu estou curioso para saber o seu motivo, Castien

já partiu para recuperar isso... Kayla.

— Então mude. Ele pode ter Jade e eu terei Kayla.

Xelias solta um suspiro exagerado. — Você sabe que eu não posso fazer

isso. Talvez você possa buscar outro pagamento no futuro? No entanto, agora,

minhas mãos estão muito atadas.

Só por sua expressão, sei que não há como convencer Xelias a alterar as

atribuições. O teimoso Iceblood é mais frígido do que as geleiras presentes em

Koraxia. Metade de mim quer correr o risco de ficar congelado só para dar um

soco na cara dele, mas a violência nem sempre é a resposta. Eu também sou

um dos melhores hackers de toda Koraxia, então acho que é hora de colocar

minhas habilidades em bom uso. Pego o tablet e vou até a porta sem responder.

A voz de Xelias me pega antes que eu desapareça completamente. —

Tenha cuidado com as decisões que você toma lá fora, irmão. Sou grato por sua

ajuda e pagarei a dívida quando puder, mas você não deseja fazer de mim ou
dos outros um inimigo. Precisamos dos comandantes do nosso lado se

quisermos levar esta missão até o fim.

Seu comentário brevemente atrapalha meus passos enquanto registro as

palavras do Iceblood. Xelias pode dizer isso agora que encontrou sua

companheira. Não há nada que eu não faria para conseguir a minha, e tenho

certeza de que Xelias sentiu o mesmo para começar. Koraxians joga sujo para

conseguir o que queremos, e às vezes essa é apenas a natureza do jogo. Duvido

que o eldar tenha subido ao poder sem correr riscos e dobrar um pouco as

regras.

Fora da sala de reuniões, giro o relógio no pulso e digito um código.

Então uma luz laranja pálida me envolve e me transporta para a ponte do Pyro.

Yarex, meu segundo em comando, levanta-se de sua estação e aguarda sua

ordem, seu rosto tatuado sombrio.

Eu me acomodo no meu lugar antes de me virar para ele. — Ligue os

motores. É hora de darmos o fora deste planeta.

Isso recebe uma série de acenos da minha tripulação enquanto se

preparam para a decolagem. Eu conecto o tablet ao meu computador e um

enxame de pixels se materializa na minha frente. O perfil de Kayla paira com

os outros, e é a primeira vez que vejo seu rosto. Não estou surpreso com o quão

parecida ela se parece com a outra mulher, mas há uma diferença na maneira

como Kayla olha para a câmera que Khloe não tinha. Os olhos azuis

penetrantes de Kayla, os delicados lábios curvados e o nariz delicado -

emoldurado pelas mechas loiras que descansam em seus ombros - são cada vez

mais atraentes do que Khloe tem sido.


Depois de descriptografar os dados de segurança no banco de dados de

Xelias, troco Kayla por Jade, e a alteração imediatamente atualiza os

dispositivos dos outros comandantes. Um sorriso surge em meus lábios

enquanto emito as novas coordenadas para minha tripulação. Se Xelias pensou

que eu ia jogar o jogo dele sem trapacear, ele entende muito mal a natureza de

um hacker Fireblood quando ameaçado com a perda de seu poder.

Esta fêmea Kayla é minha, e eu serei aquele que a salva.

Ninguém mais.
CAPÍTULO QUATRO

KAYLA
Tink. Tink. Tink. (SOM)

O som agudo de vidro sendo batido corta meu cérebro.

Com uma expiração pesada, eu me concentro em abrir meus olhos, o que

é muito mais difícil do que deveria ser. Minhas pálpebras parecem estar

fechadas com fita adesiva, mas depois de muito esforço, finalmente consigo

que elas cooperem. Assim que meu olhar entra em foco, olho para cima e a

forma azul fica mais clara.

— Veja. Ela está acordada.

Abro a boca para gritar, mas nada sai. Em vez disso, continuo ali deitada

com os lábios entreabertos e a respiração irregular. Torna-se ainda mais

quando a criatura aquática pairando sobre mim pressiona seu rosto na cúpula

de vidro acima de mim.

— Você vê a coloração dela, Astro? — o alienígena azul diz, suas palavras

quase um gorgolejo. — Simplesmente magnífico. Eu sabia que ela seria uma

grande adição à coleção do Mestre, e eu estava certo.


Há um resmungo, mas mesmo que eu procure no espaço acima de mim,

não encontro a fonte. Meu corpo inteiro parece estar coberto de concreto, me

mantendo imóvel. É uma luta mexer meus dedos das mãos e dos pés, mas

quando o faço, sei que não estou paralisada. No entanto, não importa porque

eu não posso fazer muito mais. E isso me apavora mais do que tudo.

Há uma série de bipes, e então a criatura anfíbia levanta a tampa de vidro

acima de mim. Como se meu gabinete estivesse pressurizado, o ar escapa com

um silvo. A pessoa peixe gigante se inclina, piscando seus olhos amarelos

bulbosos para mim como se eu fosse uma aberração, e não o contrário. Embora

eu tenha certeza de que meus olhos estão saltando da minha cabeça neste

momento.

A criatura me pega e, assim que toca minha pele, acho que meu coração

explodirá no peito. E é porque percebo naquele momento que estou nua. Puro

terror me atinge, e mesmo que minha mente grite para que eu faça alguma

coisa, não consigo.

— Sua frequência cardíaca está se aproximando de um nível perigoso —

diz o peixe. — Eu terei que dar a ela algo para acalmá-la. Não podemos tê-la

expirando tão cedo. — Ele olha para mim e sorri. Bem, acho que é isso que ele

faz, já que os cantos de sua boca se inclinam um pouco para cima e as brânquias

nas laterais do rosto se abrem. — Não se preocupe, minha querida. Eu terei

você bonita em pouco tempo. Na verdade, não há tempo nenhum.

Ele me coloca em uma mesa de metal fria, gentilmente colocando meus

braços ao meu lado e juntando minhas pernas. É quando percebo que ele tem

apenas três dedos, que são palmados. Para minha surpresa, sou capaz de virar

um pouco a cabeça e finalmente ver com o que o peixe está falando. É outro
alienígena, exceto que este é consideravelmente menor com olhos enormes e

esbugalhados. Ele tem um rosto achatado com sulcos amarelos no centro e três

fendas verticais no final que acho que são narinas. As orelhas trêmulas na

lateral de seu crânio, completas com tufos de cabelo preto em sua coroa, me

lembram uma pequena girafa mais do que tudo.

Meu olhar volta para o azul enquanto ele fala comigo.

— Você estava em um estado criogênico, e eu preciso não apenas

higienizar você, mas também trazer a temperatura do seu corpo de volta. —

Ele aponta para a engenhoca acima de mim que é um cruzamento entre uma

abertura e uma luz fluorescente. — Isso vai fazer muito barulho, mas prometo

que não te machucará. Astro, ligue-o.

O peixe fica para trás, e eu fecho meus olhos em preparação. Uma forte

rajada de ar passa por mim, fazendo minhas pálpebras tremerem e meu cabelo

voar sobre minha cabeça. Quando isso é feito, há um zumbido suave,

imediatamente seguido por um calor que roça meu corpo. É como se eu não

soubesse que estava com frio antes disso, porque todo o meu corpo treme e

meus dentes batem ruidosamente.

— Eu quase esqueci — diz o alienígena azul, agora pairando sobre mim.

— Eu deveria ter feito essa parte primeiro, antes de você descongelar, mas eu

estava tão animado com sua chegada que perdi minha linha de pensamento.

Há uma estranha pressão na parte de trás do meu pescoço, seguida por

uma queimação intensa. Mesmo que eu esteja tremendo tanto que mal consigo

inalar, um gemido de dor me escapa. Tanto para este procedimento não doer.

— Quase pronto, minha querida.


Vagamente eu ouço a voz do alienígena enquanto minha pele se arrepia,

um formigamento agudo que acabou e que efetivamente tira minha mente do

meu pescoço. Eu suspiro quando a sensação se torna dolorosa, mas quando

estou prestes a gritar, ela para abruptamente quando uma frieza desliza sobre

mim. Um pequeno suspiro de alívio sai de meus lábios, e é quando percebo

que tenho controle sobre meus braços e pernas novamente. Eu me sento, e o

peixe vem para ficar na minha frente, me impedindo de pular da mesa.

— Se sentindo melhor? — ele pergunta.

Eu nem tento não olhar. Embora os alienígenas tenham começado a

chegar à Terra logo após os incêndios, nunca vi nenhum deles de perto. Porque

a maioria das pessoas que o fizeram nunca mais foi vista.

Eu envolvo meus braços em volta dos meus seios, escondendo-os da

vista. — Onde estou? — Minha voz não é nada mais do que um coaxar, mas

estou tão feliz por finalmente poder falar.

— Você está no planeta Guuldor. — O peixe pisca para mim e então

inclina a cabeça. — Eu assumi que os Torags lhe contaram seu propósito e

destino de antemão.

— Você supõe incorretamente.

Um som borbulhante vem da criatura, e suas guelras se contraem. — Isso

não vai dar. Esses Torags são bestas tão primitivas, apesar de sua tecnologia

avançada.

Astro bufa, e o peixe balança a cabeça em aprovação.

— Quem é Você? — Eu pergunto. — E o que você vai fazer comigo?

— Eu sou Bielthezarian, mas você pode me chamar de Biel. E eu sou o

tratador, encarregado de todas as criaturas maravilhosas do Mestre. Você,


minha querida, é minha carga, minha responsabilidade. Cuidarei para que

você seja cuidada e apresentável.

Eu balanço minha cabeça, jogando meus fios soltos. — Jardim zoológico?

Apresentável? — Conforme repito as palavras de Biel, elas penetram no meu

cérebro, causando uma dor lancinante na minha cabeça e uma dor adicional no

meu peito.

Que porra nem chega perto de expressar como estou me sentindo.

— Astro, seu coração está acelerado mais uma vez — diz Biel, correndo

um único dedo ao longo da borda de sua guelra. — Eu posso ver que ela é

inteligente, o que pode ser um problema.

— Eu não quero causar nenhum problema — eu digo, tornando minha

voz dócil. — Eu só quero ter certeza de que você não vai me machucar.

— É muito irritante que os Torags não tenham preparado você

adequadamente para seu papel aqui — murmura Biel. — Meu trabalho é

muito mais fácil quando as atrações entendem seu lugar.

— Existem outras humanas como eu?

Eu penso em Khloe e me pergunto se ela está em uma cápsula em algum

lugar próximo. A última coisa de que me lembro é desmaiar depois de ser

atingida no rosto, e me aterroriza pensar no que aconteceu enquanto estive

inconsciente.

— Astro! Se apresse. — Biel dá um tapinha na minha cabeça sem jeito e

pisca para mim, o filme sobre seus olhos aparecendo e depois desaparecendo.

— Não, minha querida — ele diz para mim. — Você é a única Homo sapiens

neste planeta. Não seria bom ter outro porque diminuiria sua singularidade.
Eu mordo o interior da minha bochecha, tentando descobrir o que fazer

a seguir. Infelizmente, Biel usa esse momento para me injetar com algo que

Astro entregou a ele enquanto eu estava distraído.

— O que é que foi isso? — Eu digo, quase gritando.

— Só uma coisinha para mantê-la complacente, minha querida. Nada

para se preocupar.

Ele me oferece uma mão, e eu recuso deslizando para fora da mesa sem

ajuda. O azulejo frio me faz mexer os dedos dos pés enquanto olho ao redor

completamente. A sala parece algo que você encontraria em um salão de

bronzeamento com suas várias máquinas. Eu não posso nem começar a

adivinhar o que eles fazem e descobrir que eu não me importo.

— Siga-me,— diz Biel.

Sem outra alternativa, faço o que ele diz, mas também porque sinto a

necessidade de ser obediente. É estranho. Meus braços caem para os lados

como se minha nudez não fosse mais um problema, embora eu saiba que não

me sinto confortável o suficiente para estar nesse estado.

Ele me leva para uma sala em um corredor curto e gesticula para que eu

entre. Este espaço é muito diferente do anterior. Se o anterior era um centro

médico, então este é uma loja de departamentos. Tecidos de todos os matizes

e texturas estão pendurados em prateleiras de metal que revestem todas as

paredes. Baús cheios de joias de todos os tipos ficam bem em frente a um

conjunto de espreguiçadeiras, junto com uma prateleira de garrafas de vidro

coloridas. Um grande espelho está ao lado, e vou direto para ele.

Apesar de estar obviamente muito familiarizada com o meu rosto, sinto

que não me reconheço. Cada imperfeição da minha pele está faltando, junto
com os arranhões que o Torag deixou na minha bochecha. Meu cabelo é

vibrante e sedoso ao toque. Eu trago meus dedos aos meus lábios, notando sua

plenitude, e então aperto meu peito. É pesado e bem arredondado. Deslizo as

palmas das mãos sobre meus quadris, não familiarizada com a forma

rechonchuda deles. Até meus olhos estão vibrantes, embora dilatados por

qualquer droga que esteja no meu sistema.

Eu me viro para encarar Biel. — O que aconteceu comigo?

— Enquanto você estava em sua cápsula de regeneração, os

medicamentos que fluíam através de sua corrente sanguínea curavam cada

parte de você, erradicando qualquer problema de saúde e trazendo todo o

potencial do seu corpo. — Ele acena com a mão em direção aos itens na sala.

— Adorne-se adequadamente, mas se você se sentir muito cansada, pedirei ao

Astro para ajudá-la.

Astro se anima com a sugestão, mas esvazia quando eu balanço minha

cabeça com veemência.

— Eu sei como me vestir.

Lentamente ando pela sala, arrastando meus dedos sobre os vários

materiais, testando-os por sua maciez. Não há como negar que os materiais são

lindos, mas quando eu os tiro das prateleiras e os seguro no meu corpo, eles

deixam pouco para a imaginação. Eu me acomodo com um sutiã lavanda

escuro e uma saia de chiffon com fendas que vão até a minha cintura. O cinto

da saia é coberto por finas correntes prateadas que emolduram as curvas dos

meus quadris e trilham até o decote do sutiã, lembrando-me dos cintos de

quadril que eu usava durante meus dias de dança do ventre. Na verdade, toda
essa roupa é bem parecida com um bedleh, e talvez seja por isso que eu a

escolhi. É algo familiar em um planeta que é estranho para mim.

Depois que estou vestida, estendo meus braços e levanto uma

sobrancelha para Biel. — Estou apresentável agora?

— Você está perdendo os acessórios, minha querida.

— Nós não podemos ter isso — eu murmuro, meus lábios se afinando

enquanto me dirijo para o peito.

Dentro, descubro fileiras de joias brilhando em pequenos ganchos de

metal. Eu deslizo meus dedos sobre eles, reconhecidamente paralisada pelo

diamante enquanto uma memória distante rasteja em minha mente. Uma caixa

embrulhada em fita azul-claro e o colar em forma de coração que repousava

sobre a pequena almofada de veludo. Foi um presente de aniversário do meu

pai para minha mãe pouco antes do apocalipse. Khloe ainda o usa até hoje em

memória deles, e lágrimas picam meus olhos quando pego um colar em forma

de lua. Essa coisinha é tudo que eu tenho para me sentir perto de qualquer um

deles agora.

Eu descanso a lua sob o vale da minha garganta. — Estou apresentável

agora?

— Muito adorável — diz Biel. — Tenho certeza de que as pessoas

solicitarão sessões privadas com você assim que for permitido.

Mesmo que meu corpo esteja calmo, minha mente é tudo menos isso.

— O que isto quer dizer? — Eu pergunto, irritada com o tom complacente

da minha voz.

— Por uma grande quantia, os clientes poderão garantir uma sessão

individual com você.


Eu balancei minha cabeça lentamente em descrença e puro horror.

Embora eu não saiba por que ainda estou relaxada pra caralho. Eu quero

perguntar a ele quanto tempo essa merda ficará no meu sistema, mas eu não

quero provocá-lo para me dar mais porque eu sei que ficarei lá como uma

idiota enquanto ele faz isso.

Ele acena com a mão em despedida. — Você não precisa se preocupar

com isso agora, mas levanta a questão de como você vai entretê-los? — Ele usa

os três dedos para bater no queixo em pensamento. — Você tem algum talento

especial?

Ele está perguntando se eu posso chupar pau ou se eu posso cantar no

tom? É uma grande diferença. Apenas dizendo.

— Eu posso dançar um pouco — eu digo, pensando no verão em que

tive aulas de dança do ventre. No entanto, isso foi há tanto tempo que espero

me lembrar o suficiente para me manter longe de problemas. Na verdade,

preciso dar o fora daqui antes que uma dessas sessões VIP seja marcada. É

altamente duvidoso que alguém que queira um desses ficará feliz com apenas

um pouco de ação no quadril.

Biel assente. — Sim, isso vai fazer muito bem. Agora venha, minha

querida. Não queremos nos atrasar para a sua exibição.

Tudo dentro de mim grita para desobedecer, para lutar, mas me vejo

humildemente seguindo atrás dele. No entanto, minha boca ainda funciona,

pelo menos.

— Minha exibição?

— É bem emocionante. Você estará em exibição pela primeira vez, e

muitas pessoas virão de longe para vê-lo.


— Como em um zoológico literal?

Biel acena com a cabeça, fazendo suas guelras balançarem. — Com

certeza. Eles vão ficar boquiabertos e admirar. O tempo todo, você vai

deslumbrá-los com suas características e, se tiverem sorte, seu corpo.

Algo sobre sua declaração penetra através do torpor em que estou,

limpando um pouquinho as teias de aranha do meu cérebro. Eu paro e franzo

a testa, incapaz de fazer muito mais.

— Foda-se isso. — As palavras saem ofegantes e fracas, como se levasse

tudo em mim para poder dizê-las.

Biel se vira e caminha até mim, colocando os dedos no meu braço. — Eu

sabia que você era mentalmente forte, mas não quero que isso seja sua ruína.

Talvez precisemos lhe dar algo além do sedativo. — Ele tira uma seringa do

bolso, aperta uma série de botões e depois me injeta mais uma vez. Mesmo que

eu queira me mexer, tudo o que faço é ficar ali como um cordeiro dócil. —

Assim está melhor, minha querida. Sua frequência cardíaca está finalmente em

um ritmo estável — diz ele.

Eu olho para ele, minha respiração agora mais lenta junto com meu

piscar. Meu corpo parece tão leve e arejado, como se eu pudesse flutuar para

longe pulando muito alto. Quando sorrio para Biel, sei que estou em apuros.

Sinto-me eufórica, embora minha mente esteja me dizendo que estou em sério

perigo.

Mas quando meus mamilos endurecem e meu clitóris formiga, eu quero

gritar de frustração.

Eu sei que Biel não está me excitando nem um pouco, no entanto, há um

fio de excitação que está serpenteando através de mim, aumentando meus


sentidos e me deixando muito consciente do meu corpo. Especialmente as

partes que têm a ver com sexo.

Quando Biel começa a andar, eu passo atrás dele. Ele me leva a uma

exposição que quase poderia passar por um quarto. No meio do chão há um

futon com almofadas de veludo e cobertores de pele espalhados ao redor. O

chão de ladrilhos está frio sob meus pés, e a única coisa que parece que posso

passar o tempo com ele é a estante no canto mais distante.

Meus olhos são atraídos para a enorme janela no lado oposto da sala.

Tem vista para o zoológico e oferece privacidade absolutamente zero. Claro

que não. Felizmente, há uma suíte aqui escondida por uma folha de vidro

fosco, o que me traz uma estranha sensação de conforto neste momento

hediondo de escuridão. Pelo menos eu serei capaz de fazer algo sozinho.

— Lembre-se,— ele diz do lado de fora da porta — eles vão te amar,

então seja uma boa menina e entretenha-os. Vá agora.

Como se estivesse no piloto automático, entro no espaço escuro. Onde

normalmente haveria medo, há uma curiosidade, e isso me impulsiona para a

janela do outro lado. Eu pressiono as palmas das mãos no vidro frio e depois

na minha bochecha, amando a sensação dele contra a minha pele. Deslizo até

o chão e me estico enquanto mantenho os dedos na superfície reflexiva.

Repetidamente, traço pequenos padrões imaginários enquanto afundo cada

vez mais em um estado quase catatônico.

Meus mamilos ainda estão duros, e eu os pressiono contra a janela

também, suspirando com o contato. O leve frio é celestial contra os picos

doloridos. Se eu pudesse fazer as divisões, tenho certeza de que meu clitóris


seria esmagado contra o vidro também. Ele lateja sem parar e, para não me

acariciar, continuo a fazer desenhos que só eu posso ver.

Por mais que eu tente, não consigo me concentrar em nada, exceto no que

está na minha frente. Minha preocupação com minha irmã é uma preocupação

distante junto com meu futuro incerto. Eu mal consigo lembrar por que eu

deveria estar com medo quando tudo que eu sinto é alto e excitado.

As luzes fracas se iluminam, me fazendo piscar em aborrecimento, mas

minha atenção é atraída para o movimento do lado de fora da minha janela.

Vários pares de olhos me encaram e, em vez de ter medo, sorrio levemente e

traço as formas no vidro. Torna-se um jogo à medida que descrevo as

diferentes pessoas que se aproximam do meu recinto. É difícil vê-los além da

iluminação e do reflexo, e estou um pouco decepcionado com esse obstáculo.

Eu perco a noção do tempo, e um dia se mistura com o outro, comigo

olhando para longe. Periodicamente, Biel para pra me alimentar e me encoraja

a esvaziar minha bexiga, mas são apenas pequenas interrupções, e não demoro

muito para retomar minha posição na frente da janela. E raramente durmo,

mesmo com Biel continuando a me injetar com seu coquetel medicinal. Minha

mente está enevoada e minha alma está no marasmo, não me dando nada pelo

que viver, nenhuma centelha de esperança.

Até eu ver o fogo.

Aparece na forma de um homem, e o brilho de seu cabelo que emoldura

seus ombros maciços me hipnotiza. Eu não posso desviar o olhar, e eu não

quero. Seus olhos são da cor âmbar, como chamas gêmeas brilhando

ardentemente enquanto me encaram. Ele é de tirar o fôlego, atraente além das


palavras. O calor varre meu corpo, fazendo com que um rubor se espalhe sobre

mim junto com uma intensa consciência sexual.

Não adianta negar o fato, já que meu sexo fica encharcado apenas pelo

pequeno sorriso que inclina seus lábios. É cheio de travessuras, mas também

há uma arrogância nisso que faz meu sangue bombear mais rápido nas minhas

veias.

Eu sei que o olhar sedutor dele não se destina especificamente a mim,

mas ainda me aquece de dentro para fora e torna minha respiração irregular.

Para recuperar meu estado de calma, traço o contorno de suas tatuagens. As

linhas em forma de chama rastejam por seus antebraços, e isso me faz pensar

se essas são as únicas que ele tem.

Tão perdida em minhas reflexões, não percebo quando ele se aproxima

do vidro. Tudo em que posso me concentrar é o vermelho vibrante cruzando

seus braços lindamente esculpidos.

E então eu olho para cima, travando olhares com ele.

Sua proximidade me fez sentar para ter uma visão melhor. Eu jogo meu

cabelo sobre meu ombro e me inclino o mais perto que a janela permite, indo

tão longe a ponto de pressionar meus seios contra ela. Eu coloco minha palma

contra o material frio como se eu pudesse realmente estender a mão e tocá-lo.

Ele é definitivamente um alienígena com sua atratividade de outro mundo,

mas ele é a coisa mais próxima de um humano, e por algum motivo isso me

conforta.

E me excita mais.

Minha respiração embaça o vidro enquanto continuo a olhar para ele. Eu

sei que deveria estar envergonhado com meu comportamento, mas Biel disse
que eu deveria entreter os convidados, e esse macho parece muito encantado

comigo mesmo que eu ainda não tenha feito nada.

Então eu sorrio para ele.

O macho me surpreende quando coloca a palma da mão rente à minha

no vidro. Eu sei que não posso sentir seu calor, mas minha mente evoca o

sentimento, e meu sorriso se alarga à medida que nossa conexão se aprofunda.

Seu olhar está cheio de tantas emoções enquanto ele olha para mim, mas a mais

proeminente é a preocupação. Isso é inesperado, mas meu coração está

batendo descontroladamente no meu peito de qualquer maneira.

A outra coisa que posso discernir claramente em seu olhar é uma luxúria

intensa que ilumina suas íris âmbar. Eles parecem queimar com um fogo

próprio, que fica mais quente quanto mais ele olha para mim. Minha excitação

aquece a um nível insuportável, me fazendo gemer baixinho.

Quem quer que seja esse macho, quero fodê-lo.


CAPÍTULO CINCO

BLAZE

— Eu não acredito nisso. — Teo, o membro mais jovem da minha equipe,

franze a testa para a tela. — É um zoológico. Um zoológico de verdade .

Yarex cruza os braços com um grunhido. — Maneira de dizer o óbvio,

garoto. Parece que o Mestre decidiu colocar as mãos em um pouco de carne

fresca da Terra.

— Sim, bem, agora ele está prestes a ficar amargamente desapontado —

eu rosno, descendo da minha cadeira. — Apenas me leve até lá e siga o plano.

Teo, está tudo em ordem?

— Sim senhor. Os implantes de retina estão alimentando perfeitamente

nosso console de transmissão. Seremos capazes de ver e ouvir tudo o que você

faz. Certifique-se de que nenhuma água entre em seus olhos ou isso

atrapalhará as funções.

Concordo com a cabeça, ajustando o implante no meu ouvido, que se

conecta ao do meu olho. — Então vamos colocar esse show na estrada.


Com o apertar de um botão, sou transportada para a entrada do

zoológico. Não perco tempo e deslizo pelas portas giratórias. Todos os tipos de

espécies preenchem a área principal, mas só tenho olhos para o escritório de

admissões. A criatura sentada atrás da mesa se anima quando me vê, e penas

cor-de-rosa saem de seu pescoço longo e fino. Na verdade, as penas cobrem a

maior parte de seu corpo, além de seu rosto em forma de coração.

Pelo menos eu acho que é ela.

— Bem-vindo ao Solarix Zoo. Como posso ajudá-lo?

Eu olho para a pequena criatura, me perguntando por que ela não está

em uma exposição. — Eu gostaria de comprar uma única admissão, por favor.

As cristas lilás em sua têmpora se aprofundam na cor. — Sinto muito,

senhor, mas estamos atualmente em plena capacidade. — Ela aponta para o

letreiro de neon acima dela e, com certeza, diz fechado . — Talvez você possa

voltar amanhã?

Improvável.

Eu abro meus lábios em um sorriso e me inclino contra a mesa, apenas

conseguindo manter minha raiva sob controle enquanto olho para seu crachá.

Não sairei deste zoológico sem Kayla. Vou derrubar este prédio no chão se for

preciso. A criatura seria sábia em ceder.

— Aqui está a coisa, Jeska. Eu realmente preciso entrar no zoológico hoje.

Estou querendo investir em uma das atrações do Mestre, mas primeiro preciso

ver se alguma coisa me desperta o interesse, o que significa que preciso entrar.

Acha que pode me ajudar, coisa fofa?

Ela olha para o computador, claramente sem saber o que dizer. Suas

fendas oblíquas se alargam e seus lábios se abrem para deixar escapar sua
respiração superficial. Eu uso o desejo de Jeska por mim a meu favor e me

inclino para mais perto. Minha proximidade parece ter um efeito sobre ela, pois

de repente ela prende a respiração e dá um aceno tímido. Eu sabia que ela

cederia eventualmente.

— Ok. Eu realmente não deveria fazer isso, mas já que você está

sozinho...— Seus olhos de ametista vagam sobre mim enquanto ela lambe a

costura de seus lábios. — Você gostaria de ter acesso a uma exposição ou a

todas elas?

Sem saber onde o Mestre está mantendo a fêmea, escolho a última.

— Todos elas.

Ela balança a cabeça e digita em seu computador. —São vinte créditos,

por favor.

— Dê-me dois segundos — diz Teo no meu ouvido. Ele digita

rapidamente enquanto eu lentamente enfio a mão no bolso, tentando ganhar

tempo. — Aaaah... lá vamos nós. Créditos baixados, cortesia do Mestre. Não

gaste tudo de uma vez, comandante.

Deslizo meu cartão de titânio pela mesa e, assim que o dinheiro é sacado

da minha conta, Jeska carimbar minha mão com um laser antes de devolver

meu cartão. Me diverte que ela acabou de aceitar o dinheiro que eu roubei de

seu chefe e não é o mais sábio.

— Espero que você se divirta muito — diz ela, em seguida, baixando a

voz, acrescenta — e se houver alguma coisa, e quero dizer qualquer coisa ,

mais eu posso fazer por você, por favor, deixe-me saber.

— Claro, agora que eu vi seu lindo rosto.


A fêmea fica com um tom ainda mais escuro de rosa, então eu pisco para

ela e coloco meu cartão no bolso. Assim que passo pelos detectores de

segurança, examino a lista de exposições que foram subdivididas com base na

classificação dos animais.

— Ela provavelmente estará na exposição de sapiens — diz Teo. — Você

precisa virar à esquerda na fonte de água na esquina.

— Não precisa de comentários corridos, garoto.

Passo pelas portas de aço e entro no primeiro grupo de exposições. O

ambiente desértico me lembra a paisagem árida de onde acabei de vir. Exceto

que as criaturas aqui parecem ser felizes em sua maior parte, ao contrário dos

sobreviventes terrestres. Talvez para alguns, isso seria um alívio bem-vindo.

Eu, pessoalmente? Não consigo pensar em nada pior do que ser mantida em

cativeiro assim.

Quando chego à última exposição neste andar, não há mulheres que

correspondam ao perfil de Kayla, e minha frustração cresce. Na verdade, não

parece haver nenhum do mesmo planeta que ela.

— Pelo amor de Deus!

Chuto a lata de lixo próxima, chamando a atenção de uma criança. Sorrio

para a garota, mas ela foge chorando, que é o efeito normal que tenho nelas.

Eu pareço ter mais sorte com mulheres adultas, já que elas geralmente

reconhecem um bom momento quando veem uma.

— Onde diabos ela está, Teo?

— Não tenho certeza, senhor. Talvez procure um manipulador e

pergunte sobre sua mais nova atração. Ou melhor ainda, procure por

Bielthezarian. Sim, você deve totalmente fazer isso, senhor! Ele é o tratador.
Em outras palavras, o fantoche do Mestre. Ele atende pelo nome de Biel, e

geralmente é encontrado na exposição de água. De acordo com a planta, você

deve encontrar uma escada no final deste corredor que o levará direto para lá.

Abro a porta e subo as escadas de dois em dois. O cheiro de algas invade

meus sentidos quando entro na próxima exposição, mas é tolerável pelas

criaturas exóticas nadando em seus tanques de vidro. Embora a maioria deles

se esconda dos jovens excitados que pressionam o vidro manchado. Não posso

negar que as criaturas, com seus corpos meio humanos e longas barbatanas

esvoaçantes, são interessantes de se olhar, mas ainda me sinto mal por todos

esses desgraçados tristes trancados como animais.

Minha pena por eles desaparece no instante em que vejo o anfíbio azul

desfilando em seu terno risca de giz. O distintivo em sua lapela transmite seu

nome até do outro lado da sala para mim. Agora que encontrei Biel, é hora de

pescar um pouco.

Ando ao redor da exposição, examinando cada um dos tanques com um

lazer que realmente não sinto por dentro. Quando estou ao alcance da voz do

tratador, zombo da criatura masculina segurando suas mãos palmadas até o

vidro. Enquanto outros estão apaixonados por ele, cruzo os braços e balanço a

cabeça com desinteresse exagerado.

— Patético — eu digo, passando para o próximo. — E eles chamam isso

de zoológico? Eu teria um tempo melhor quebrando um, e seria de graça

também.

— Desculpe - me?

Eu me viro e apenas consigo esconder meu sorriso quando vejo Biel

parado diante de mim. As brânquias ao lado de sua cabeça se dilatam junto


com suas narinas oblíquas. Não entendo por que Teo ficou tão animado com

essa criatura. Eu poderia esmagar seu crânio com uma mão.

As sobrancelhas de Biel se juntam. — Corrija-me se estiver errado, mas

por um momento, pensei que você chamou meu zoológico de patético e uma

perda de tempo.

Eu dou de ombros, mantendo minhas feições sob controle. —

Praticamente resume tudo, você não acha? Não há quase nada aqui que eu não

tenha visto antes. Eu estava procurando investir em uma de suas atrações, mas

agora estou me perguntando por que estou perdendo meu tempo.

— Desperdiçando—seu— tempo? — O tratador engasga cada uma das

palavras, suas sobrancelhas brancas atirando para cima. — Existem mais de

duzentas espécies no meu zoológico, e algumas delas você nunca ouviu falar,

muito menos viu!

— Você fala muito — digo, cruzando os braços — mas não mostra

muito.

— Como se atreve!

— Esqueça. Eu só vou arrastar minha bunda e dinheiro para fora daqui,

está bem? Pelo que parece, você não tem o que eu quero investir de qualquer

maneira.

— Espere um minuto! — Biel para na minha frente. — Em quais espécies

você quer investir?

Eu expiro alto. — Apenas o melhor e mais raro de seu tipo. Algo em

perigo, pode-se dizer. Também quero acesso privado, e sei que é algo que você

oferece aqui. Eu não me importo com o preço. Só quero sair daqui satisfeito.
Ele esfrega o queixo pensativo. — Eu acredito que posso ter o que você

está procurando. Ela só tem esse momento em exibição, então ela é um pouco

incoerente. Venha comigo.

Aguçada minha curiosidade, sigo o tratador pelas exposições restantes.

Não presto atenção a eles, mas olho cada placa para que minha equipe possa

registrar a rota, caso Biel esteja me levando a Kayla.

— Parece que ele está levando você para a exposição VIP — diz Teo, e

meu pulso dispara com a expectativa de ver minha companheira.

Dois lances de escada depois, entro na exposição de espécies ameaçadas

de extinção. É inconfundivelmente diferente do resto. Os recintos aqui são

translúcidos e ficam em uma linha vertical, cada fileira contendo uma única

atração que dá uma performance de algum tipo. Alguns deles dançam e

cantam ou tocam instrumentos musicais, enquanto outros dormem, talvez na

esperança de evitar seus espectadores. Existem várias portas atrás dos recintos,

incluindo um arco fechado. Mesmo os visitantes que espreitam os recintos são

uma clientela diferente do andar de baixo. Eles são principalmente homens

mais velhos, e seus trajes me dizem que eles vêm de posições de poder. Em

essência, eles são o tipo de bastardos arrogantes que eu odeio estar por perto e

não pensaria duas vezes antes de matar.

Biel passa pela primeira metade dos cercados sem parar. Eu examino

cada um deles em busca da fêmea, e enquanto cada atração parece tão

miserável quanto a outra, meu sangue ferve com a ausência de Kayla.

Onde diabos ela está?

— Aqui estamos. — Biel acena para a última cápsula, e eu cerro os dentes

para o grupo de machos reunidos ao redor dela. Se minha fêmea estiver lá, é
melhor eles recuarem rápido ou então haverá sangue. — Agora deleite seus

olhos com esta bela criatura e me diga novamente que o zoológico do Mestre é

patético.

Biel fica para trás e me observa abrir caminho para a frente. Meu pulso

acelera quando vejo a fêmea, seus olhos vidrados enquanto ela traça imagens

no vidro embaçado. Suas roupas, ou a falta delas, mal cobrem seu corpo

pequeno, e a possessividade que sinto por ela aperta meus músculos ao ponto

de desconforto.

— É ela — diz Yarex. — Senhor, essa é a fêmea.

— Eu sei disso — eu rosno, cerrando minhas mãos em punhos ao meu

lado. Indo pelo olhar atordoado em seu rosto, a fêmea não é apenas incoerente

– ela foi drogada. Esses filhos da puta têm sorte de eu não ter minhas armas ou

eu mataria cada um deles.

— O que você disse? — Biel para ao meu lado, sua cabeça inclinada para

o lado.

— Eu disse que agora é mais parecido com isso.

Ele acena com a cabeça, treinando seus olhos na fêmea. — Ela não é de

tirar o fôlego? Eu sempre quis um colorido dela, e seu temperamento é muito

doce também. Ouso dizer que ela se tornará a atração mais popular do

zoológico. Ninguém sabe quem ou o que ela é, apenas que ela é impressionante

de se olhar.

Minha. Ela é minha, porra. É tudo o que posso pensar agora que a vi.

— Eu quero tocá-la. — Eu mantenho meus olhos em Kayla enquanto digo

as palavras.
— Temo que a fêmea não esteja disponível para sessões privadas no

momento — diz Biel, forçando os outros machos a passar para a próxima

exposição, os espectadores claramente desapontados com essa notícia. — Mas

ela será assim que se acostumar.

Eu olho de lado para ele friamente. — Você está desperdiçando meu

tempo? Eu disse que quero uma sessão privada, agora mesmo, com sua atração

mais rara. Se você não pode me dar isso, ficarei feliz em ir para outro lugar.

— Diga a ele, comandante!

Sorte do Teo ser meu sobrinho e navegador subsequente, senão eu

chutaria sua bunda por gritar no meu ouvido.

Um gorgolejo se forma no fundo da garganta de Biel, o som quase como

um rosnado. — Eu não sou uma perda de tempo! Você disse que estava

interessado em investir. — Bem – ele acena para a fêmea – — O Mestre gostaria

de obter mais de sua espécie para uma procriação potencial. Isso é algo que

você está interessado? Se você se tornar um investidor, terá acesso privado a

todas as exposições e eventos VIP assim que adquirirmos mais deles. Isso eu

posso prometer a você.

Agora estamos a falar.

— Nós iremos? — ele insiste quando não dou uma resposta imediata, e

posso dizer que ele está ansioso para que eu diga sim; Tenho o peixe

exatamente onde quero. — Você gostaria de se tornar um investidor, Sr....?

— Blaze, e eu estou indeciso. — Eu dou de ombros para esconder minha

excitação. Ela está tão perto que eu quase posso sentir o cheiro dela. — Eu

quero tocá-la primeiro ou então o negócio está fora.


Biel hesita, claramente desconfortável com a demanda. — Não tenho

certeza se uma sessão privada seria sensata. A fêmea ainda é incoerente e assim

permanecerá até que ela se acomode.

— Não importa para mim. — Eu o olho morto nos olhos. — Mas acredite

em mim quando digo que o Mestre vai me querer como investidor. Eu sou um

dos poucos koraxianos que sabem de qual planeta essa humana vem e onde

encontrar mais de sua espécie.

— Você faz? — Biel dá um passo para trás e me dá uma olhada de

avaliação. — Você disse que é de Koraxia? — Ele olha para mim como se eu

fosse mais um troféu para adicionar à sua coleção. Em seus malditos sonhos.

— Estarei de volta em breve, Sr. Blaze. Devo discutir seu pedido com o Mestre.

Você vai esperar aqui?

Eu nem olho para ele quando respondo: — Até eu ficar entediado. Eu

sugiro que você se mova rapidamente.

Biel sai correndo enquanto eu olho para a fêmea. Agora que estou

sozinho, na maior parte do tempo, suavizo minhas feições e a observo mais de

perto. Há algo sobre o jeito que ela olha para mim, seus lábios curvados

entreabertos e seus olhos arregalados de admiração, que envia sangue

correndo para o meu pau. Mesmo quando ela se levanta e empurra seu corpo

para o vidro, chamando a atenção dos espectadores próximos, não consigo

tirar os olhos dela para encará-los. Eu quero. Porra, eu quero. Mas não posso.

— Ela é muito cativante — diz Yarex. — Ela me faz querer ter minha

própria fêmea da Terra.


Eu ignoro sua observação e mantenho meus olhos em Kayla. É verdade

que também sou cativado por ela – lançado sob o feitiço da fêmea – e cada fibra

do meu ser diz proteger.

Proteja, liberte e reivindique. Esta mulher me chama de uma forma que

sua gêmea não fez, e eu não posso acreditar que eu realmente pensei que Khloe

era minha companheira. Que idiota. Kayla é quem vai me dar meu verdadeiro

potencial. Quando ela estende a mão e coloca a palma da mão no vidro, eu

pressiono a minha na dela, prometendo tirá-la daqui, não importa o sacrifício.

Não se preocupe, pequena. Eu estou aqui agora.

— Parece que ela gostou de você, Sr. Blaze.

Eu puxo minha mão para trás e educo minhas feições. — O que posso

dizer? Eu costumo ter esse efeito nas mulheres.

— De fato. — Biel olha para Kayla e depois para mim novamente, seus

olhos se estreitando. — O Mestre concedeu seu pedido e espera discutir seu

investimento depois. Se você quiser seguir minha subordinada, Jeska, ela

anotará seus dados e depois o acompanhará até a sala VIP. Espero que você

tenha uma sessão satisfatória.

Ah, eu pretendo.

Jeska sorri e gesticula para que eu a siga pela exposição. Ela então me

leva para uma passagem escura com portas carmesim que revestem as paredes.

Há uma mesa no final com uma estação de computador que lança um halo

branco de luz que sangra sobre o chão.

— Você já esteve aqui antes? — Jeska liga a máquina, seus dedos

trêmulos enquanto digita uma senha. —Na verdade, acho que me lembraria

de você se você o fizesse.


— Eu tenho um rosto memorável. — Fico na frente da mesa e cruzo os

braços. — Às vezes nem sempre é uma coisa boa.

A fêmea olha para minhas marcas de nascença. — Sim, mas você também

é Koraxian, o que faz você se destacar ainda mais. — Ela desliza sobre uma

máquina de cartão. — Eu nunca conheci um antes. Por favor, insira seu cartão.

— Não há muitos de nós por aí hoje em dia — digo, pagando pela sessão

sem reconhecer o preço; não é como se os créditos estivessem saindo da minha

conta, mas sim do Mestre. Teo, por outro lado, quase estoura meu tímpano

quando vê a quantia.

— Só para uma sessão? Uau. Graças a Deus o Mestre está pagando por

isso, hein? Quero dizer, podemos pagar, mas uau, isso é muito dinheiro. Esse

é quase o preço de toda a nossa nave. Pense no que poderíamos comprar com

isso...

Eu bato o implante no meu ouvido, efetivamente silenciando-o, e faço

uma nota mental para nunca mais deixar Teo no comando do console de

transmissão novamente. Se ele não está falando ou digitando, ele está

chupando suas bebidas energéticas e mastigando comida constantemente, os

sons rangendo no meu ouvido. O que o torna mais irritante é o fato de ele

comer por diversão e raramente para se sustentar.

— O pagamento foi feito com sucesso — Jeska diz, seu lábio inferior

arrastado entre os dentes. — Você gostaria que eu o acompanhasse até o quarto

agora, ou há mais alguma coisa em que eu possa ajudá-lo? E eu realmente

quero dizer qualquer coisa…

— Primeiro é melhor eu fazer valer meus créditos, você não acha?


A fêmea franze a testa, mas se afasta da mesa. — Sim, você está certo. É

só por aqui.

Enquanto eu a sigo pela passagem estreita, ela passa por cima das regras,

e eu finjo prestar atenção como se eu realmente planejasse segui-las. Não há

regras quando se trata de minha mulher, já que ela é minha.

— O Mestre é muito gentil com seus VIPs — diz Jeska. — Ele encoraja

você a explorar suas atrações da maneira que desejar, mas há uma regra final

que tem consequências mais terríveis do que o resto se não for seguida. Isso

não apenas resultará em acesso restrito a todos os nossos locais do Solarix, mas

também dará ao Mestre o direito de buscar retribuição e compensação.

Ela para em uma das portas e acena com a palma da mão sobre a

fechadura. A entrada se abre, e eu passo pela soleira, minhas botas afundando

em um carpete vermelho no chão. Um dossel de sedas pende baixo do teto,

oscilando sobre as almofadas e tapetes espalhados em abundância. Para o olho

destreinado, a câmera no teto é invisível sob todas as sedas, mas posso ver a

luz vermelha pulsando periodicamente. Eu só preciso que Kayla fale o

suficiente para meus guerreiros replicarem sua voz para que eles possam criar

uma conversa fabricada para tocar no feed de áudio do zoológico. É a única

maneira de proteger nossa privacidade. Eles ainda poderão vê-la, o que é

lamentável, mas pelo menos ficarão surdos ao que estamos discutindo.

— Então essa regra digna de nota que você estava falando... — Eu me

viro para Jeska. — O que é isso exatamente?

— Ah, sim, a atração. Nenhum abuso ou penetração é permitido, Sr.

Blaze. Nenhum.
Eu tiro minha jaqueta de couro, o canto da minha boca se contorcendo.

— Venha agora. Você precisará ser mais específico do que isso. Qual parte dela

não pode ser penetrada?

A fêmea corre para fora da sala sem oferecer uma resposta. Acho que

terei que ler nas entrelinhas deste. Sem penetração, né? Bem. Eu jogarei bem

por uma vez. Mas essa regra não significa que eu não tenho permissão para

tocar em Kayla, e pretendo fazer muito disso quando ela chegar aqui.
CAPÍTULO SEIS

KAYLA

No momento em que o estranho de cabelos cor de fogo se afasta da minha

exposição com Biel, experimento uma sensação de perda. É menor, o que o

torna pouco significativo. No entanto, é para mim. Depois de ter perdido tantas

pessoas na Terra durante os incêndios e o caos que se seguiu, não me permiti

me apegar a ninguém fora do meu grupo. Tudo o que eu sempre me importei

é Khloe, Adam, Jade e Hazel.

E, no entanto, a conexão que sentia com o macho era inegável.

Embora, eu não possa decidir o que fazer com a minha reação física a ele.

Sim, ele é lindo, então isso certamente é um fator, mas a luxúria que estava

correndo por mim era insana. Eu sei que não pude evitar por causa das drogas,

mas uma parte de mim suspeita que havia mais do que isso, já que não agi

dessa maneira com mais ninguém. Mas isso não significa que não poderia

acontecer novamente.

Assusta-me pensar no que teria feito se estivesse livre para tocar o

estranho.
Minha excitação, em vez de furiosa como era quando ele estava na frente

do meu recinto, agora se tornou uma queima lenta. Eu ainda sinto formigar em

vários lugares, mas é administrável. Um pouco. Ainda estou tentada a me

tocar, mas mesmo a medicação dentro de mim não me levará tão longe.

Pelo menos espero que não aconteça enquanto o zoológico estiver aberto.

Deixei minha mente vagar como antes da agradável interrupção do

sedutor alienígena, tentando colocar todos os pensamentos sensuais de lado.

Ele deriva para um lugar de completa calma e serenidade, especialmente

porque não consigo ouvir todo o barulho do lado de fora do meu recinto. Isso

é definitivamente uma vantagem.

Mesmo que eu ainda possa sentir os olhares dos espectadores em mim,

eu não me importo. A única coisa que posso fazer agora é ficar relaxada e

esperar que as drogas saiam do meu sistema. Quando estiver completamente

coerente, posso bolar um plano para escapar. Pode ser impossível, mas prefiro

tentar em vez de aceitar minha vida como uma atração alienígena.

O som da minha porta se abrindo me faz me afastar da janela para espiar

por cima do ombro. Biel gesticula para que eu vá até ele, então eu lentamente

fico de pé, certificando-me de manter o volumoso trem de tecido atrás de mim.

— Venha rápido, minha querida — diz ele como forma de saudação. —

Você tem um visitante que está ansioso para vê-la.

Imediatamente paro, um pouco da minha tranquilidade evaporando com

a notícia inesperada. — O que você está falando? Achei que você disse que eu

não precisava entreter ninguém, já que eu era nova no zoológico?

— Geralmente é assim que conduzimos os negócios, mas esse cliente está

disposto a pagar uma quantia obscena apenas pela chance de estar na mesma
sala que você. — Biel bate as pontas dos dedos, claramente incapaz de esconder

sua excitação. — Este é um evento muito fortuito, pois há apenas um pequeno

número de pessoas que têm fundos para solicitar isso.

Eu balanço minha cabeça, e a sala leva um momento para se endireitar

depois. Merda. Mesmo agora, quando deveria estar com medo, acho que estou

mais perturbada do que qualquer coisa. Desde quando —ligeiramente

perturbada — equivale a estar — bem com um possível ataque?

— Você não tem escolha, querida — diz Biel. — Não vamos deixá-lo

esperando.

— O que eu devo fazer com ele?

Os olhos esbugalhados de Biel parecem ficar maiores. — Este macho

Koraxian quer interagir com você.

— Isso é uma maneira educada de dizer que ele quer me foder? — Eu

bato minhas mãos em meus quadris com tanta força que as correntes que

repousam em minhas coxas tilintam. — Foi por isso que você me deu as

drogas? Para que eu ficasse excitada e não apenas concordasse com isso, mas

encorajasse o sexo?

— Relaxe, minha querida. O Sr. Blaze não tem permissão para ter

relações sexuais com você. Na verdade, não é permitido nenhum tipo de

penetração em sua pessoa. O Mestre não quer você arruinada ou prejudicada.

Que reviravolta na trama; Eu não vi isso chegando.

Eu solto um suspiro e vou para o lado de Biel. — Então tudo que eu tenho

que fazer é falar com ele? É isso?


O alienígena aquático me leva para fora do meu recinto, e meus pés

pisam suavemente no chão de mármore. O longo trem de material se espalha

atrás de mim, arrastando-se com um som suave e sibilante.

— Você vai falar, dançar ou fazer o que for preciso para agradá-lo — diz

Biel, suas guelras balançando como se quisesse enfatizar seu ponto de vista.

—Esta é uma grande chance de provar o quão valiosa você é, porque se o

Mestre souber disso, você será muito bem cuidada e protegida com mais

ferocidade.

Não tenho certeza se ter mais guardas observando meus movimentos é

necessariamente o resultado que estou procurando, já que isso impedirá minha

fuga. Mas também não posso dizer que quero ser — lançada aos lobos — e

deixada para me defender. A luxúria é fácil de reconhecer nos olhos de uma

pessoa, não importa a espécie, então um pouco de proteção não seria a pior

coisa. Dado alguns dos olhares que testemunhei do outro lado da minha janela,

o estupro é definitivamente algo que eu preciso de proteção.

Eu estou andando na corda bamba se eu quiser agradar esse cliente e

ainda manter minha sanidade. Um passo em falso vai me mandar

despencando.

— Ah, aqui estamos, minha querida. — Biel me dá um leve empurrão e

então entra no corredor. — Eu irei buscá-la quando o tempo dele acabar.

Eu espio na sala mal iluminada, meu coração na garganta mesmo com os

produtos químicos bombeando em minhas veias. Por um momento, quero

seguir o caminho covarde e pegar mais algumas drogas felizes quando a porta

se fecha e tranca atrás de mim. Mas isso provavelmente seria acompanhado de

um afrodisíaco, que é a pior coisa que posso pensar.


Especialmente porque eu já tinha alguns.

— Quanto tempo.

O estrondo profundo faz meu olhar disparar para o canto mais distante

da sala, onde o homem ruivo descansa contra um monte de travesseiros

empilhados no chão. Ele me dá um olhar que desmente a verdadeira natureza

do nosso encontro. Em vez de olhar para mim como se eu fosse uma exibição

de zoológico, seus olhos seguem e traçam cada centímetro da minha pele nua.

Ele me vê como se eu fosse sua amante, alguém que ele conhece intimamente.

Não alguém em quem ele simplesmente pôs os olhos.

Mais uma vez, minha atração por ele aumenta, colocando todo o meu

corpo em alerta.

— Por que eu? — Minha pergunta é quase inaudível, mesmo na sala

silenciosa. É o mais suave dos sussurros, mas sei que ele me ouviu. Está na

maneira como ele me encara por um tempo, como se estivesse bebendo na

minha visão. Esse olhar intenso, mais o dinheiro que ele gastou, me faz saber

que sou algo especial, mas ele parece mais exótico e atraente do que eu. Aposto

que ele traria mais dinheiro para o Mestre do que eu faria em qualquer dia.

— Nós chegaremos a isso — diz o macho. Ele dá um tapinha no espaço

vazio no chão ao lado dele. — Mas primeiro, a sobremesa. — Quando franzo o

rosto em confusão, ele diz: — Aparentemente, essas sessões VIP incluem algo

para comer. Pelo que eu paguei, eles deveriam incluir mais do que a porra de

um cupcake — ele murmura.

Eu balanço minha cabeça para limpá-la enquanto me forço a entrar em

movimento. Posso não ter que fazer tudo o que ele quer, mas ainda preciso
fazê-lo feliz. Se tudo o que é preciso é uma simples conversa, então eu posso

fazer isso.

Se eu puder evitar me empalar em seu pau, isso seria ótimo.

— Eu não estou com fome, mas obrigada — eu digo, sentando, tomando

cuidado para mantê-lo a um braço de distância. — Eu sou Kayla. É o Sr. Blaze,

certo?

Ele revira os olhos, e a resposta é tão normal, tão humana, que minha

guarda baixa um pouco. Ele é a coisa menos assustadora que eu vi desde que

cheguei a este zoológico.

— Não, é apenas Blaze.

— Por causa do seu cabelo?

Ele balança a cabeça. — É porque eu posso controlar o fogo.

Mais uma vez, por que ele não está em uma exposição?

— Uau. Isso é incrível. — Eu me inclino para frente e abaixo minha voz,

sem saber se estamos sendo observados. — Alguma chance de você querer

colocar fogo nessa cadela e me tirar daqui?

Ele sorri para mim, e isso faz meu coração gaguejar no meu peito. —

Como eu disse antes, chegaremos a isso. — Ele bate no ouvido interno duas

vezes, e então as linhas ao redor de sua boca relaxam e desaparecem. — Nossa

privacidade foi garantida, então agora você pode me perguntar qualquer coisa

sem medo de ficar em cima, mas lembre-se de que eles ainda podem nos ver

através das câmeras. Então você precisa me entreter em algum momento como

eles esperam que você faça, para não levantar suspeitas.

Se eu estava intrigada antes, agora estou excitada além da medida. O que

no mundo é que o macho está fazendo?


Encolho os ombros em um ato de indiferença, não querendo que ele saiba

o quanto estou realmente interessada. — Então, o que te traz aqui, Blaze?

— Você.

Ele diz isso sem hesitação, mas com uma porra de convicção. Ele está

falando sério. A energia intensa rolando dele me envolve, e eu estou feliz por

já estar sentada ou então eu poderia ter caído.

Eu abaixo meus cílios, baixando meu olhar para o chão. Eu não estou

tentando ser tímida, mas se parecer assim, então talvez isso não seja uma coisa

ruim nessa situação com ele. Dado seu claro interesse em mim, eu deveria

tentar encontrar uma maneira de obter sua ajuda, se possível. Ele pode ser

minha única saída daqui.

Então, talvez um pouco de flerte esteja em ordem. E isso não será difícil,

considerando como eu respondi à sua presença mais cedo. E agora não é

diferente.

— Eu? — Eu digo, arrastando meus dedos pelo tapete exuberante. — E o

que você quer? Como você sabe, não sou nada mais do que uma prisioneira

aqui, então isso significa que não posso lhe dar muito.

Ele se inclina para mim, e mesmo que não estejamos nos tocando, ele está

perto o suficiente para que eu possa sentir o calor vindo dele. Estou com tanto

frio ou ele está muito quente? Dado o fato de que ele pode controlar o fogo,

estou inclinada a pensar no último.

— Você pode me dar tudo que eu sempre quis — ele murmura.

Isso me faz levantar a cabeça para olhar para ele, e eu quase desejo não

ter feito isso. A atração que tenho por ele floresce e se espalha dentro de mim,

e antes que eu perceba, estou me inclinando para mais perto dele como se fosse
arrastada por uma força magnética. Agora posso ver claramente seus olhos

âmbar, derretidos e mais brilhantes do que antes.

— Eu não tenho nada para lhe dar — eu digo. Embora o jeito que ele está

olhando para mim agora me faz querer dar a ele algo que eu não deveria. Um

monte de coisas.

— Você pode começar com um beijo. — Ele me dá um sorriso preguiçoso,

um que me faz apertar minhas coxas. — É grátis e não vai machucar ninguém.

— Mas Biel disse sem penetração.

Ouvir a palavra sair da minha boca me fez imaginar todos os tipos de

penetração que poderiam acontecer com Blaze, e não tenho certeza se posso

mais culpar as drogas pelos pensamentos que passam pela minha mente.

A cadência provocante da voz de Blaze me tira da cabeça. — Eu não tinha

ideia de que você não podia beijar sem usar a língua — diz ele. — Esta é uma

grande novidade.

— Cale-se. — Meus olhos se arregalam com o meu erro. Não posso

insultar o cliente e esperar que ele fique feliz, mas estou tão irritada comigo

mesma que estou transferindo para ele. E tudo porque quero fazer todas as

coisas que sei que não deveria.

Um beijo com ele poderia muito bem ser minha ruína...

— Sinto muito — eu digo rapidamente. — Eu nunca estive nessa situação

antes, e estou fazendo uma bagunça. — Eu respiro e olho profundamente em

seu olhar. — Se você quer um beijo simples e inofensivo, então estou bem com

isso.
Blaze se move para que estejamos a centímetros de distância, e seu hálito

quente roça minha bochecha quando ele fala. — Nada sobre mim é simples ou

inofensivo, Kayla.

Antes que eu tenha a chance de pensar em uma resposta, seus lábios

estão nos meus. Dada a assertividade de Blaze antes, estou surpresa com a

gentileza do beijo. Por instinto, meus olhos se fecham e eu me entrego à atração

que sinto por ele, descobrindo que não posso mais lutar contra isso.

E eu não quero.

Ele varre seus lábios sobre os meus antes de mordiscar meu lábio inferior,

e eu respiro enquanto meu sexo pulsa. Mas quando ele passa a língua no

mesmo lugar, meu sexo amortece. De novo e de novo ele não faz nada além de

provar meus lábios no mais suave dos beijos, mas eu me sinto tão excitada que

estou perto de derrubá-lo no chão. E ele nem me tocou com as mãos.

Então eu início o contato.

Cegamente eu o alcanço, enrolando meus dedos em torno de seus fios de

fogo, e o puxo para mim. Ele segue minha liderança enquanto eu deito de

costas e o trago para pairar sobre mim. No instante em que seu corpo pressiona

o meu, eu gemo, amando a sensação dele. Meus mamilos endurecem contra

seu peito, e com a sensação de seu pau descansando na minha coxa, estou

pronta para quebrar todas as regras do livro.

A penetração nunca soou tão bem.

Eu mergulho minha língua em sua boca assim que seus lábios se abrem,

ganhando um gemido dele. Satisfação flui através de mim com o som

primitivo. Estou feliz por não ser o único enredado por essa atração entre nós.
Ele responde rapidamente, assumindo o beijo. E eu me rendo, amando

seu domínio. Nossas línguas provam e exploram, provocam e acariciam. Cada

segundo nos aproxima até que seu pau repousa entre minhas coxas e suas

mãos estão emaranhadas no meu cabelo. Eu envolvo meus braços ao redor de

seu pescoço e me agarro a ele enquanto o mundo ao meu redor desaparece.

Agora somos apenas ele e eu, e nossa necessidade um do outro é um inferno

que arde mais do que qualquer sol. Estou mais quente do que nunca, e a ideia

de ser queimada por seu desejo me faz tremer.

Blaze se afasta, e eu pisco para ele em confusão, não querendo que isso

acabasse.

— Eu sabia que você era a única — diz ele, olhando para mim com

triunfo em seus olhos. Ele ergue o braço, inspecionando as tatuagens brilhantes

que pulsam com uma energia invisível.

Minhas sobrancelhas se juntam enquanto eu lentamente saio da névoa

sensual que ainda paira sobre mim. Tenho certeza que ele não estava

iluminado assim antes. Mesmo drogada eu teria notado.

Ele segura meu rosto, o calor de seu toque muito mais do que eu

esperava. — Você é minha, Kayla. E eu tirarei você daqui.


CAPÍTULO SETE

KAYLA
— Huh?

Essa é a minha resposta brilhante.

Eu quero culpar minha idiotice na lentidão da minha mente devido aos

narcóticos fluindo através de mim, mas não posso. É pura luxúria que me deixa

desconcertada. E agora é mais forte do que qualquer medicação e

definitivamente mais viciante.

Minha fuga deve ser a única coisa que importa para mim, mas ainda

estou achando difícil superar meu desejo por Blaze e me concentrar. Em vez

de fazer as perguntas apropriadas, olho para sua boca, querendo que ele me

beije novamente.

A maneira como ele sorri para mim me faz pensar que ele pode ler minha

mente.

Em um movimento fluido, ele se levanta e então me oferece sua mão. —

Vamos sentar você.

Eu arremesso meu olhar de sua mão para seu rosto, minha confusão

crescendo. Ele não gostou do que acabamos de fazer? Eu senti seu pau enorme
contra a minha perna, então eu tenho certeza que ele sentiu, e ainda assim ele

não está tentando levar as coisas adiante. Eu lanço um olhar para a

protuberância em sua calça de couro, confirmando o que eu pensava.

A mão que Blaze está oferecendo treme, embora sua expressão divertida

ainda esteja firme no lugar. — Pare de me olhar assim ou farei mais do que

quebrar a regra de não penetração. Na verdade, se você foder meu pau com os

olhos de novo, serei eu quem lhe dará uma sessão VIP.

Eu corro minha língua sobre meu lábio superior de forma sedutora.

Blaze olha duas vezes e então olha para mim, seu olhar me prendendo

no chão. Dentro de mim há uma batalha que se enfurece. Eu sei que deveria

estar horrorizada, e há uma parte de mim que está. Infelizmente, essa pequena

porção está escondida nos recessos profundos da minha mente. A outra parte

de mim, aquela que quer Blaze, não dá a mínima.

Eu pego sua mão, e ele fecha seus dedos ao redor dos meus, o calor de

seu toque passando por mim. Assim que estou de pé, aperto minha mão com

mais força e, em seguida, jogo meu braço em volta do pescoço enquanto

envolvo minha perna atrás de sua panturrilha. Com nossos corpos corados, eu

pressiono um beijo em sua mandíbula, mais do que capaz de ouvi-lo ranger os

dentes.

— Kayla — ele rosna.

Eu chupo seu lábio inferior e então mordo do jeito que ele fez no meu

mais cedo. — Hum?

— O que você está fazendo? — Sua voz, embora ainda assertiva e

dominante, agora está um pouco rouca. Ouvir a pequena mudança me fez


querer sorrir, já que eu sei que ele é mais afetado por mim do que está deixando

transparecer.

— Estou tentando dar a você o valor do seu dinheiro durante a sua sessão

e me apresentar para as câmeras — eu digo, arrastando meus lábios por seu

pescoço.

Blaze agarra meus braços como duas algemas, mostrando sua força. —

Você não me ouviu dizer que tirarei você daqui?

— Você vai fazer isso agora? — Eu pergunto, a sala girando um pouco

enquanto eu olho para ele.

— Assim que eu terminar aqui, eu pretendo me oferecer para comprar

você.

Eu passo minha língua entre seus lábios, provocando um assobio dele.

— Então ainda temos tempo — eu ronrono.

— Passei todo esse tempo procurando minha companheira apenas para

encontrá-la drogada e delirante — ele murmura. Ele deixa cair as mãos e dá

um passo para trás, sua boca puxada para baixo. — Se Xelias pudesse me ver

agora, ele riria de eu ser o único querendo esfriar o sexo. Inacreditável.

A evidente auto aversão que Blaze está exibindo me diverte. É claro que

ele me deseja, mas algo o está segurando.

Isso me faz querê-lo ainda mais.

Eu caminho até ele, mas em vez de tocá-lo como eu quero, eu lentamente

arrasto minhas mãos ao longo dos meus quadris e pelas curvas dos meus seios,

então as seguro acima da minha cabeça. Blaze me observa com uma expressão

cautelosa, mas não faz nenhum movimento para interromper. No entanto,

quando eu faço um rolo de barriga, sua boca cai aberta. Agora que tenho
certeza de que tenho toda a sua atenção, giro meus quadris e sigo esse

movimento com um movimento de ombros, acentuando meus seios. Cada um

dos meus movimentos é fluido e gracioso enquanto danço, minhas lições do

passado são facilmente lembradas. É a memória muscular no seu melhor

enquanto balanço e mergulho meus quadris, mantendo-me em movimento

constante, facilmente transitando de uma posição para outra.

Biel ficará orgulhoso por eu entreter esse VIP, e Blaze deve ficar feliz por

eu estar me apresentando para as câmeras, mas não estou fazendo isso por eles.

É para mim. Eu ainda quero Blaze e planejo usar minhas artimanhas femininas

se for preciso para ele ceder.

— Eu sou sua companheira? — Eu pergunto.

Blaze acena com a cabeça, e eu me pergunto se é difícil para ele falar.

Espero que sim.

Eu me viro lentamente até estar de costas para ele e então lhe dou um

olhar tímido por cima do ombro. — O que isso significa? — Eu serpenteio meu

corpo para frente e para trás, certificando-me de que minha bunda balança

como um pêndulo.

Dado o olhar em seu rosto, eu acho que Blaze está hipnotizado.

Eu nunca paro de me mover, mantendo meu corpo em um ritmo

consistente, mas sensual. — Blaze?

Ele sacode e pisca antes de me responder. — Significa que você é a única

mulher que vai desbloquear meu verdadeiro potencial.

Eu franzo meus lábios em um sorriso sugestivo e arqueio uma

sobrancelha.

Ele retribui meu sorriso e assente. — Requer algo nesse sentido.


— E as suas tatuagens? — Eu corro meus dedos sobre seu antebraço,

usando minha dança como uma desculpa para tocá-lo. As espirais e barras

vermelhas brilhantes são lindas, e me fazem pensar se são as únicas que ele

tem. — Isso é um truque legal — eu digo, não tentando esconder meu espanto.

Blaze levanta uma sobrancelha sardônica, o lado de sua boca se

inclinando um pouco. Uma mistura perfeita de sensualidade e confiança. —

Muito em breve você verá as outras partes de mim que se iluminam.

— Você tem uma Vareta luminosa? — Eu pergunto, tentando suprimir

minha risada. Ele escapa em uma pequena risadinha, mas eu tento encobri-lo

com um giro.

— Vareta luminosa? — ele pergunta, cobrindo o peito como se estivesse

ferido. — Mais como um bastão brilhante.

Minha risada ecoa, e paro de dançar, tentando me controlar. Há algo

sobre este macho que é diferente de qualquer um que eu já conheci. Eu não o

conheço, mas me sinto tão confortável e despreocupada em sua presença.

Quando Biel me contou pela primeira vez sobre a sessão VIP, eu estava com

medo - tão medo quanto as drogas em mim permitiriam - mas agora estou

eufórica e com tesão.

Respiro fundo e me concentro. Mesmo que eu ainda deseje Blaze, está

ficando claro que ele não vai aceitar meu convite descarado. Digo a mim

mesma que isso é uma coisa boa, mas a frustração me faz ranger os dentes, a

necessidade de liberação sexual me deixa louca.

— E agora? — Eu pergunto, caindo em um travesseiro macio. — Você

acha que eu sou sua, mas você nem vai passar da primeira base comigo?
Ele se acomoda ao meu lado, deitado de lado. Seu cabelo comprido cai

sobre seu ombro, tão brilhante quanto suas tatuagens ainda iluminadas, e eu

corro meus dedos ao longo do tapete para não estender a mão para tocá-lo. E

não consigo parar de pensar em beijá-lo.

Ou transando com ele.

Antes de sairmos, eu poderia pedir a Blaze para colocar fogo em Biel por

me drogar.

— O que é primeira base? — Blaze pergunta. Então ele balança a cabeça.

— Deixa para lá. Acho que entendi o que você quis dizer. — Ele limpa a

garganta e diz: — Recebi a notícia de outro comandante que os machos

koraxianos eram compatíveis com as fêmeas humanas. O único problema é que

quando apareci em seu planeta, muitas das fêmeas haviam sido vendidas para

vários compradores. Eu, juntamente com outros cinco comandantes, tornamos

nossa missão resgatar todas as cativas. Então estou aqui por sua causa.

Eu mordo minha bochecha interna, tentando confundir a informação que

ele me deu. Algo não está bem comigo, mas eu sei que prefiro sair com Blaze

do que ficar aqui.

— Como você sabia que eu era sua companheira e não outra fêmea? —

Eu pergunto, apertando os olhos para ele. — Por mais que eu queira sua ajuda,

não entendo como tudo isso funciona.

Blaze se inclina para mais perto para segurar minha bochecha e, em

seguida, lança seu olhar para seu antebraço brilhante. — Só você faz meus

poderes ganharem vida, e é por isso que isso acontece toda vez que eu toco em

você. É por isso que você é minha e só minha.

— Mas como você sabia disso antes de vir para cá?


Ele retira a mão e dá de ombros. — Eu não tinha certeza. Se não fosse

você, então eu teria que continuar procurando.

— Entre as outras cativas?

— Sim. Eu quero meu verdadeiro potencial. Isso nunca foi uma discussão

para mim.

Ciúme agita na boca da minha barriga junto com indignação. Agora

minha pele está tão quente quanto a dele devido às minhas emoções

tumultuadas. A ideia de Blaze seguir em frente depois de descobrir que eu não

sou sua companheira faz algo comigo. Eu sei que não deveria me importar, que

deveria estar mais chateada do que qualquer outra coisa, mas mesmo que

esteja, ainda não sei como conciliar a atração que tenho por ele. No entanto, eu

sei que não devo desenvolver sentimentos por alguém que não seja minha

família, então preciso terminar o que quer que seja entre nós.

Khloe.

O nome da minha irmã sussurra em minha psique como uma carícia

gentil, mas minha reação é chocante quando os tremores serpenteiam por mim.

Eu não posso acreditar que eu não pensei nela imediatamente. A culpa me

inunda, finalmente afogando minha excitação a ponto de eu poder me

concentrar em outra coisa.

Eu volto meu foco para Blaze. — Quando você disse outras cativas, você

quis dizer alguma fêmea que foi levada por aqueles homens lagartos?

Enquanto espero que ele responda, descubro que não consigo respirar. E se

Blaze for a chave para encontrá-la?


Ele acena com a cabeça, e minha respiração sai de mim tão rapidamente

que estou momentaneamente tonta. Mas me recupero rapidamente quando ele

começa a falar; Eu não quero perder nada.

—Os Torags, ou homens-lagarto, são conhecidos por varrer planetas

moribundos, e o seu foi atingido recentemente. Então, como eu disse antes,

estamos tentando encontrar todas as fêmeas que eles levaram.

Eu seguro sua mão na minha, descaradamente ignorando o brilho de

suas tatuagens. O milagre disso empalidece em comparação com encontrar

Khloe. — Então alguém vai encontrar minha irmã, já que ela estava comigo

quando fui feita prisioneira?

Ele balança a cabeça lentamente, seu olhar piscando com algo que não

consigo decifrar. Eu libero sua mão para trazer a minha para minha testa

enquanto ela lateja. Khloe e eu seremos resgatadas e reunidas. É inacreditável.

Eu dou uma espiada em Blaze apenas para encontrá-lo olhando para

mim. Desde que fui pega, eu deixo cair minha mão e retorno seu olhar.

— Eu preciso voltar para minha irmã, então, quando vamos embora?

Estou assumindo que você e seus comandantes estão nos reunindo em um local

central ou algo assim para ver se há algum...— Minha testa franze enquanto

procuro a palavra.

— Companheiros — diz ele. — E sim, estamos nos encontrando em um

local seguro.

— Excelente. Vamos dar o fora daqui.

Blaze sorri para mim. — Eu mesmo não poderia ter dito melhor.

CAPÍTULO OITO
BLAZE

Eu fecho a porta com um sorriso satisfeito puxando meus lábios e desço

a passagem. Minhas marcas de nascença vibram e brilham com poder, uma

sensação que nunca pensei que experimentaria. Eu também nunca pensei que

reagiria a Kayla da maneira possessiva que tenho. Não é só que meu corpo a

quer, mas uma parte profunda de mim – que esteve adormecida toda a minha

vida – a deseja, e não é apenas pelo meu poder.

Por mais que eu odeie admitir, Xelias está certo: essas fêmeas são nossas

companheiras, não apenas chaves para desbloquear nossos verdadeiros

potenciais. E minha companheira tem um fogo tão quente quanto o meu. Ela é

mais forte do que as outras fêmeas, mas também há uma ferocidade dentro

dela que combina com a de um Fireblood.

Ela é fodidamente perfeita para mim.

Gemidos circulam no ar ao meu redor, sinalizando que não sou o único

que pagou por uma sessão privada. Meus músculos travam com desconforto,

e eu preciso me lembrar que não demorará muito até eu tirar Kayla daqui. Eles

não vão tocá-la. Contanto que eles fiquem longe de Kayla, eu não dou a mínima

para o que os clientes estão fazendo neste lugar.


— Como foi, comandante? Ela é compatível?

Eu ligo o implante para que Teo possa ouvir minha resposta. — Foda-se,

sim, ela é.

— Você vai comprá-la agora? Já baixei os fundos apropriados para você,

senhor.

— Bom trabalho. Agora prepare-se para nos translocar de volta a nave

sob meu comando.

Jeska está na recepção, passando por uma lista de hologramas. Ela se

assusta ao me ouvir, e os pixels se dispersam na tela do computador.

— Senhor Blaze. Espero que tenha tido uma sessão satisfatória?

Eu aceno, segurando a borda da mesa. — Absolutamente eu fiz. Agora

com quem eu falo sobre comprá-la? Estou em um aperto de tempo.

— Permita-me fazer uma ligação rápida, e eu descobrirei. — Ela

pressiona o capacete e fica em silêncio por um tempo, o olhar fixo na tela do

computador. — Sim senhor. Sim, ele está bem aqui. Claro senhor. Eu o trarei

imediatamente. — Outra pressão e ela se vira para mim com um sorriso. — Por

favor, venha comigo.

Ela empurra a palma da mão contra a parede atrás da mesa, e uma porta

escondida aparece. Eu a sigo e entro em uma sala banhada em tons brilhantes

de neon que apunhalam meu crânio. As luzes que sangram sobre os recintos

quase distraem as criaturas lá dentro. Uma vez que minha visão se aclimata,

eu rapidamente percebo que tipo de exposição é essa. As atrações estão ainda

mais vestidas de forma lasciva do que Kayla, e isso quer dizer alguma coisa.

— Bastante variedade — eu digo, varrendo meu olhar para frente e para

trás.
— Sim. Esta é a coleção particular do Mestre. — Ela sobe em uma escada

em espiral, sua mão deslizando pelo corrimão. — Ele esperava colocar a fêmea

aqui assim que ela se aclimatar.

Porra, se eu o deixarei fazer isso.

— Qual é exatamente o propósito deles, Jeska?

A fêmea faz uma pausa nas escadas. — Não é da minha conta dizer, mas

há rumores...

E essa é toda a informação que preciso para confirmar minhas

especulações. Este é claramente um sortimento privado para o Mestre e Biel.

Foda-se doente.

A borda dos meus lábios se curva para cima. — Acho que ele terá que

encontrar outra humana para sua coleção particular, hum?

Ela continua subindo novamente, sem olhar para mim quando responde:

— Parece que sim.

— O Mestre é um pervertido — Teo murmura em meu ouvido.

Na verdade, ele é, e se ele pensa que pode tocar minha fêmea, ele não

tem ideia do que um koraxiano é capaz. Eu vou esmagar todos os ossos do

corpo dele se ele olhar para ela dessa maneira. O pensamento dele a tocando

alimenta minha raiva, e eu fecho minhas mãos. É preciso cada grama do meu

poder para impedir que meu temperamento se esgote. Preciso controlar essa

merda se quiser vencer o tratador em seu próprio jogo. Ele quer que eu ladre?

Eu vou uivar pelo filho da puta se isso significa tirar Kayla daqui.

No topo das escadas, a sala se espalha em um aquário em plano aberto.

Uma porta em arco fica no meio da tela, e Jeska acena para ela.

— Biel está esperando por você. Boa sorte, Sr. Blaze.


Ela desce correndo as escadas antes que eu possa dizer que não preciso

da sorte dela. Minha compra de Kayla é uma mera formalidade – um tapa final

na cara do Mestre, se você preferir, considerando que ele é o idiota estúpido

que está pagando por ela.

A porta do escritório se abre com a minha chegada. Eu giro meu pescoço

e abro minhas mãos antes de entrar. O aquário chega ao escritório de Biel,

contornando as paredes antes de se reunir em uma piscina integrada ao piso,

principal característica da sala. Os peixes nadam ao redor e para cima através

dos tubos transparentes que emolduram as janelas do chão ao teto. É uma sala

impressionante, mas nada disso prende meu interesse uma vez que meu olhar

pousa na figura mascarada curvada em frente a uma mesa de mármore. Biel

está ao lado dele, mas ele empalidece em comparação com o macho girando

um isqueiro de algum tipo entre os dedos enluvados. O que não está coberto

por seu terno preto é velado por um longo manto de ébano. Uma máscara de

ouro cobre seu rosto com apenas seus olhos visíveis através das fendas

verticais.

— Uau, esse deve ser o Mestre. — O entusiasmo de Teo é pontuado pelos

sons de mais goles, tentando-me a silenciá-lo novamente. — Eu me pergunto

o que ele quer.

Só há uma maneira de descobrir.

— O Mestre gostaria de agradecer seu interesse e está pronto para

discutir seu investimento agora. — Biel acena com a mão ao redor da sala. Ele

faz uma pausa na cadeira vazia, indicando para eu me sentar.

Eu paro ao lado dele, meus braços cruzados. — O Mestre não pode falar

por si mesmo?
É um fato bem conhecido que ele raramente é visto, muito menos ouvido.

Ninguém sabe quem ou o que ele é, e agora que estou olhando para ele, estou

ansioso para descobrir. Rasgar a máscara provavelmente não será uma boa

maneira de fazer esse negócio de compras.

Biel abre a boca para responder, mas o Mestre o antecipa com um simples

movimento de sua mão. Por um longo tempo, ele me estuda por trás de sua

máscara, e eu mantenho seu olhar com a mesma frieza. Este macho não me

intimida. Tenho uma equipe de guerreiros prontos em sua localização, pronta

para explodi-la ao meu comando.

Isso se a merda atingir o ventilador.

Espero que eu possa evitar isso. Ao contrário do que as outras facções

acreditam, prefiro não sujar as mãos se puder evitar.

— Falarei em nome do Mestre. — Biel aponta para a cadeira. — Por favor,

sente-se para que possamos começar.

Assim que me acomodo, cruzo um tornozelo sobre o joelho. Biel enfia a

mão no bolso do terno e tira um tablet semelhante ao que Xelias me deu. Eu

quase suspeito que é o mesmo até ver a cor dele. Isso poderia ter acabado mal.

— Como você encontrou sua sessão com a fêmea? — Biel pergunta, sem

se preocupar em desviar o olhar da tela.

Eu dou de ombros com desdém. — Estou interessado o suficiente para

comprá-la.

— Sim, estou ciente. — Ele vira o tablet. — Você pode explicar o que

aconteceu aqui, Sr. Blaze? O Mestre está muito ansioso para ouvir sua resposta.

Eu examino o dispositivo com desinteresse fingido, embora meu pulso

acelere quando vejo Kayla. A conversa é falsa, já que fiz minha equipe hackear
o sistema de segurança do zoológico, mas é óbvio o que está acontecendo: a

fêmea está me tocando e estou reagindo a ela com a consciência de um

companheiro. Estou praticamente brilhando como uma tocha sob seus dedos.

Porra-merda-caramba-foda-se.

— Acontece o tempo todo — eu digo, encolhendo os ombros com uma

indiferença que não sinto mais.

Biel junta os lábios azuis e suga o ar pelo nariz. — O Mestre não é tolo,

Sr. Blaze, e eu o advirto para não tratá-lo como tal. Ele sabe qual reação você

exibiu porque é precisamente a reação que estamos procurando.

Apesar do pavor revirando meu estômago, neutralizo minhas feições

para não revelar nada. Eles não podem saber o quanto Kayla significa para

mim. — Olha, pessoal, estou aqui só para comer carne fresca. Que tal cortarmos

o dinheiro e eu seguir meu caminho?

— Receio que a fêmea não esteja mais à venda.

A raiva me atinge como fogo, se espalhando pelo meu peito e fazendo

arder enquanto eu luto para segurá-la. — Então por que diabos estou sentado

aqui? — Eu pergunto, minha voz escurecendo.

— Você pode se lembrar de como eu disse que o Mestre deseja obter mais

espécies da fêmea? — Concordo com a cabeça e ele continua: — Ele não quer

mais investir na espécie dela por enquanto —. Biel circunda a mesa para ficar

na minha frente, perto o suficiente que eu poderia quebrar seu cérebro com um

soco. — Agora o Mestre quer investir em você .

— Eu? — Eu papagueio a palavra em descrença. Não tenho interesse em

me tornar uma das atrações do Mestre. — Eu sou um guerreiro, não um

maldito animal.
— Mas você é um koraxiano! — A excitação voltou à voz de Biel

novamente, do tipo que ele tinha quando descobriu o que eu era. — Sua espécie

já está diminuindo, mas veja, contra todas as probabilidades, você é compatível

com uma humana. É uma descoberta importante que deve ser pesquisada e

documentada.

Eu calmamente me levanto da minha cadeira e passo a mão pelas minhas

roupas. — Parece que você e eu queremos duas coisas diferentes. O acordo está

encerrado, tratador. Fique com a fêmea e alimente-a com seus peixes. De jeito

nenhum eu serei uma de suas atrações.

Vou tirar Kayla daqui do meu jeito. Um que não envolva eu ficar preso

aqui com todos os outros filhos da puta tristes.

— O Mestre achou que você diria isso. — Biel suspira e coloca o tablet na

mesa. — É por isso que ele está disposto a chegar a um acordo em troca da

fêmea, que ele sabe que você deseja acima de tudo. Mais do que a própria vida.

— Eles estão realmente prestes a chantageá-lo, senhor?

Dispenso Teo e mantenho meus olhos fixos no tratador. — Prossiga.

Biel limpa a garganta e levanta a cabeça, suas guelras batendo — com

excitação ou nervosismo, não tenho mais certeza. — O Mestre quer que você

se apresente com fogo em nosso próximo Luna Equinox. Este é um evento

anual que organizamos para nossa clientela mais discreta, porém mais rica. Se

você concordar em fazer isso, o Mestre permitirá que você compre a fêmea. Seu

tempo aqui como uma atração temporária garantirá a segurança de sua fêmea

até que a ação seja feita.

Teo engasga com alguma coisa. — Bem. Ele fez isso. Ele chantageou você.

Prepare-se para morrer.


Eu me seguro na cadeira e sorrio com uma raiva enganosa que borbulha

na minha superfície. — Você tem muita coragem para me chantagear. Eu te

darei isso, tratador.

— Chantagem? — O Mestre ri, sua voz profunda e mecânica, arrastando

minha atenção diretamente para ele. — Quem falou em chantagem? Mas agora

que você mencionou...— Ele ergue o isqueiro e sacode a tampa para revelar

um botão dourado. — Coisa curiosa, este pequeno dispositivo. — Ele a rola

entre o dedo indicador e o polegar, o objeto brilhando na luz. — Uma

ferramenta tão insignificante, mas com o pressionar de um botão, o microchip

embutido na base do crânio de sua fêmea se romperá.

Eu mantenho meus olhos fixos no detonador, cada grama do meu ser

tomado por uma fúria ardente que arrebata o ar em meus pulmões. Esses filhos

da puta realmente acham que podem me chantagear? Mas é exatamente o que

eles pensam... e estão conseguindo.

Não há nada que eu não faça para proteger Kayla.

Desde o momento em que coloquei os olhos nela, eu sabia que ela era

mais do que um meio para liberar meu verdadeiro potencial. Perder minha

companheira não é uma opção, e tirá-la deste zoológico não vai significar nada

a menos que o chip seja removido dela. Enquanto o Mestre segurar aquele

dispositivo, ele detém todo o poder. Pelo menos até eu ganhar meu verdadeiro

potencial.

Então ele está muito fodido porque eu planejo incendiar este lugar no

chão.

— Atue para mim, Fireblood, e eu a entregarei a você. — O Mestre coloca

o detonador na mesa, zombando de mim com sua proximidade. — Nenhum


mal acontecerá a ela se você obedecer e fizer um bom show para meus

convidados.

O sangue latejando em meus ouvidos abafa sua voz enquanto minha

raiva sangra de mim. Em um momento de fúria descontrolada, eu chuto a

cadeira do outro lado da sala e bato meu punho na mesa, quebrando a madeira.

A cadeira bate no aquário, mas não penetra no vidro. Biel rapidamente enfia a

mão no bolso e tira um dispositivo, provavelmente para convocar seu bando

de vira-latas.

Em comparação, o Mestre nem sequer vacila. Com um simples

movimento de sua mão, um laser de ametista escura envolve-me como uma

serpente, enrolando-se ao redor do meu corpo e me mantendo imobilizado,

sufocando qualquer esforço para respirar, quanto mais resistir a ele.

— O que você quer que façamos, senhor? Senhor? Senhor!

O pânico de Teo é ecoado pelos sons dos meus guerreiros entrando em

ação.

— Levante-se — eu consigo engasgar, então olho para o Mestre. — Você

tem... um acordo... sob uma... condição.

Eu tenho que fazer isso agora. Realmente não há outra maneira de

resgatar Kayla. Eu preciso ficar para tirá-la, e eu preciso que aquele maldito

chip seja removido dela.

Ao testemunhar minha rendição, o Mestre relaxa seu domínio sobre

mim. No entanto, não é antes de ele arrancar o implante da minha orelha com

outro laser, que desativa meu retinal e corta completamente o contato com

minha nave.
— E sua condição é? — o Mestre pergunta, inclinando a cabeça para mim

levemente.

— Eu sou colocado no mesmo recinto que a fêmea. Se você quer que eu

me apresente em seu evento, preciso do meu poder, e a única maneira de

conseguir isso é acasalar com ela. Caso contrário, tudo que você tem é um

guerreiro, e isso não é exatamente nada de especial.

O Mestre se levanta, suas vestes negras ondulando atrás dele como

fumaça. Com um aceno de sua mão, o fio de ametista desaparece e eu posso

me mover novamente. Eu quebraria o pescoço do Mestre se ele não tivesse o

detonador na mão, mas não há como escapar disso se eu quiser resgatar Kayla

com segurança. Uma vergonha profunda se enraíza dentro de mim por ser

contido por outro macho. Nunca em todos os meus anos fui dominado dessa

maneira. Meus dedos ficam brancos enquanto eu cavo minhas unhas na palma

da minha mão. No entanto, eu me lembro que não há nada que eu não faça por

minha companheira e meu poder. Nada.

— Está combinado — diz o Mestre antes de sair da sala.

Biel estala os dedos e dois manipuladores correm para dentro. Eles me

arrastam para os meus pés, e eu os dou de ombros o melhor que posso, mas

não posso negar o quão fraco o poder do Mestre me deixou. Não vejo nada tão

forte como isso desde o Expurgo, mas os Aetherbloods foram exterminados. E,

no entanto, há definitivamente algo sinistro no poder do Mestre.

— Temos uma nova atração — diz Biel aos manipuladores, sua voz

marcadamente menos confiante do que quando entrei aqui. Há quase um

lampejo de remorso quando ele olha para mim. Se eu tivesse força, eu o mataria
por me lançar aquele olhar lamentável. — Leve Blaze para seu exame e depois

o escolte até o recinto da nova fêmea humana.

Com a ajuda dos tratadores, sou levado do escritório de Biel, e meu

principal pensamento é como me tornei uma atração no Zoológico Solarix com

a única fêmea que vim aqui resgatar. Os outros comandantes nunca me

deixarão viver isso assim que eu sair daqui, o que farei.

Eu só preciso do meu verdadeiro potencial primeiro.


CAPÍTULO NOVE

KAYLA

Assim que Blaze sai da sala, há uma sensação de vazio no meu peito

que se mistura com excitação. Eu gostaria que ele pudesse me tirar daqui agora,

mas obviamente, se fosse tão fácil, então teríamos sumido no segundo em que

sua sessão comigo terminasse. Eu não posso acreditar que eu realmente terei a

chance de me reunir com minha irmã. Não é uma garantia, mas estou cheia de

mais esperança do que há pouco tempo.

No entanto, estou cheia de mais luxúria também.

Droga de droga. Eles têm que ser a razão pela qual eu estava agindo

como uma prostituta antes. Sim, Blaze é quente, mas não há como eu jogar de

lado minhas inibições assim com alguém que acabei de conhecer. Em poucos

minutos eu estava tentando me comportar como um animal de verdade em um

zoológico, apenas fazendo sexo, mesmo que todos pudessem ver. A falta de

controle que eu tinha sobre mim mesma é perturbadora, mas a liberdade era

incrível. Nesta sala com Blaze, senti como se não tivesse nenhuma preocupação
no mundo. Esqueci minha irmã, meus amigos e meus planos de fuga, tudo

porque algum macho valsou parecendo sexo em uma vara.

Bem, isso e sua vareta luminosa. Bastão. Taco de beisebol. Qualquer que

seja.

Eu balanço minha cabeça como se isso fosse me ajudar a me livrar dos

produtos químicos do meu corpo, mas é claro que não. No entanto, Astro chega

um momento depois, tirando minha mente do Koraxian.

— Estou aqui para levá-la de volta ao seu recinto — diz Astro,

apontando-me para frente.

Depois de ficar de pé, olho para o alienígena e espero que a luxúria cresça

dentro de mim. E nada acontece. Só para ter certeza, coloco minha mão em seu

antebraço, me perguntando se o contato é necessário para provocar a excitação

que tem sido tão predominante ultimamente.

Um sorriso malicioso se espalha pelo rosto de Astro e, em vez de haver

atração, estou enojada. Aparentemente eu não sou atraído por todos os

alienígenas. Apenas ousados e dominantes.

Com paus grandes.

Eu retiro minha mão rapidamente e limpo minha garganta. — Você sabe

se o remédio que Biel me deu tinha algum tipo de afrodisíaco?

Quando os olhos de Astro brilham, não tenho certeza se perguntar a ele

é a melhor ideia. — Faz um pouco — diz ele.

Um pouco? Ah foda-se. Estremeço ao pensar no que teria acontecido se

Biel tivesse aumentado a dose.

— Eu realmente queria agir de forma inadequada com o homem que

acabou de pagar por uma sessão VIP comigo — eu digo, silenciosamente


apreciando a carranca que aparece no rosto de Astro. — Eu só estava me

perguntando se a medicação era o motivo.

Astro sacode a cabeça, indicando a direção que devo seguir. Ele me leva

pelo corredor, e eu nunca estive tão pronta para voltar ao meu recinto. Foi um

erro engajá-lo na conversa. Eu sabia que as drogas eram o motivo das minhas

ações mais cedo, então eu deveria ter ficado quieta. Acho que só queria

confirmar que não foi minha culpa ter agido como uma cadela no cio.

Assim que Astro me tranca em meu quarto temporário, respiro de alívio.

Sem saber o que fazer comigo mesma, vou até a janela, não surpresa por ainda

encontrar clientes vendo as exposições ao meu redor. Vários indivíduos se

aproximam do vidro e me observam com expressões curiosas enquanto eu

arrasto meu dedo pela superfície lisa em movimentos irracionais. Eu não tenho

ideia de quanto tempo Blaze vai levar para conseguir minha liberdade, mas eu

posso muito bem fazer minha parte para não atrair suspeitas.

O tempo passa, assim como da última vez que estive aqui. Eu apenas

continuo a olhar para as pessoas que olham para mim. Está lentamente se

tornando um jogo para mim, mas não faço nada sugestivo. Não faria bem para

ninguém solicitar uma sessão VIP comigo antes que Blaze tivesse a chance de

concluir as negociações para minha libertação.

Quando minha porta se abre, eu me viro para encontrar Biel e Blaze. Eu

me levanto o mais rápido que posso, apesar da letargia que me puxa, e corro

para eles. Embora, meus passos diminuam assim que percebo a expressão no

rosto de Blaze.

Parece que explodirá. Suas tatuagens brilhantes brilham no espaço mal

iluminado, lançando seu rosto em um véu carmesim que combina com seus
olhos. O âmbar de antes se foi, e agora eles brilham como um par de rubis. Ele

trabalha sua mandíbula, os músculos de seu rosto ficam tensos, e seu peito

sobe e desce com suas respirações profundas.

Eu paro, olhando entre os dois machos, até que Biel se vira para mim. —

Eu trouxe para você um companheiro de cela, minha querida — ele diz. — É

o desejo do Mestre que vocês dois se conheçam melhor antes do Equinócio

Lunar.

— O que está acontecendo? — Eu pergunto, não tenho certeza para quem

estou direcionando minha pergunta. — E o que é isso?

Biel acena com a mão em despedida. — Tenho certeza de que o Sr. Blaze

irá informá-lo sobre todos os detalhes aqui em breve. — Ele se vira para sair,

mas a mão de Blaze em seu braço o impede.

— Solte-me — diz Biel, sua voz ficando estridente. — Eu sou o tratador,

e não é sábio você me ameaçar.

Blaze levanta uma sobrancelha e sorri, mas não há diversão em seu olhar.

— Você precisa dar algo a Kayla para remover os narcóticos de seu sistema.

Não posso tê-la drogada e incoerente se quiser cumprir minha parte no trato.

Isso não soa bem. Eu pensei que uma compra era um processo simples.

Dinheiro é igual à liberdade de Kayla. Não é tão difícil.

— Os efeitos vão se dissipar em breve — diz Biel. — Não é como se eles

a estivessem machucando. Eu nunca faria isso com minhas preciosas criaturas.

— Faça isso agora. — Blaze estreita seu olhar para a criatura azul, seus

olhos brilhando. — Não vou me repetir.

Biel pisca seus olhos bulbosos e gagueja uma resposta. — V... você não

tem influência para fazer exigências, não com a situação em que se encontra,
Koraxian. Preciso lembrá-lo de um determinado dispositivo que é capaz de

causar morte instantânea?

— Se eu perder, você também perde — Blaze grita.

— Isso é muito improvável, já que há mais espécimes disponíveis.

O silêncio desce na sala, mas é apenas por um momento. O grito

gorgolejante de Biel me faz estremecer enquanto meu olhar se move para frente

e para trás, tentando localizar o motivo disso. E eu não descubro até sentir um

cheiro de marisco queimado atacando minhas narinas.

— Kayla, você gosta do seu peixe cru ou extra crocante? — Blaze inclina

a cabeça para Biel. — Pessoalmente, nunca gostei de comida mal cozida, então

acho que devo me certificar de que ele esteja bem passado.

— É suficiente! — As guelras de Biel batem descontroladamente, quase

como se estivessem tentando se preparar para o voo. — Pare e eu pegarei um

remédio para ela imediatamente.

Imediatamente Blaze libera o tratador e se inclina contra a parede, sua

postura casual e relaxada. Enquanto isso, Biel quase sai correndo da sala,

batendo a porta atrás dele.

— O que diabos está acontecendo? — Eu pergunto, torcendo meu nariz

com o cheiro de peixe grelhado.

Blaze inclina a cabeça levemente. — Ele e o Mestre querem que sejamos

uma fonte de entretenimento para o próximo evento.

— Nada disso faz sentido. — Eu começo a andar de um lado para o outro,

fazendo o material ao redor das minhas pernas vibrar com meus movimentos

bruscos. — Você não deveria estar me tirando daqui?!

— Houve uma mudança de planos.


Eu paro tão de repente que as correntes em meus quadris tilintam. — De

que forma?

— As coisas não saíram como eu esperava.

Estou prestes a soltar uma torrente de maldições, mas na abertura da

porta, eu as engulo. Biel entra com uma seringa na mão. Ele não reconhece

Blaze enquanto caminha até mim e injeta a medicação no meu braço.

— Isso a deixará livre e livre de qualquer um dos efeitos anteriores muito

em breve — diz o tratador.

Eu aceno com a cabeça, meu olhar pousando brevemente nas bolhas em

seu braço. Blaze não estava brincando sobre ser capaz de manejar fogo. Eu me

sentiria mal por Biel se ele não tivesse me drogado.

Mas para isso ele pode queimar, seja no inferno ou por causa de Blaze,

não me importo.

Assim que Biel sai, deixando-me e Blaze sozinhos, a sala parece encolher.

Para criar alguma distância entre nós, vou até a janela e encosto meu

ombro nela. Mesmo sabendo que não estou em perigo com Blaze, há uma

vibração na minha barriga que não vai diminuir. Isso me faz suspeitar que o

efeito das drogas já está começando a diminuir porque esta é a primeira vez

que me sinto apreensiva em sua presença. Todas as outras vezes eu fiquei

encantada.

OK tudo bem. Eu estava com tesão.

Nós nos encaramos, o silêncio crescendo na sala. Eu nunca fui uma

pessoa quieta, mas as palavras que quero dizer estão presas na minha

garganta. Então eu limpo e encontro o olhar de Blaze, instantaneamente

atraído pela beleza de seus olhos âmbar.


— Apenas me diga o que está acontecendo.

Ele exala longa e ruidosamente, deixando os braços caírem para os lados,

mas não faz nenhum movimento para sair de onde está. — Quando eu fui

oferecer para comprar você do Mestre, ele me chantageou para ficar aqui como

sua atração para o Luna Equinox. Essa é a essência disso.

— E então é isso? — Eu pergunto, minha incredulidade deixando minha

voz um pouco rouca. — Estamos presos aqui.

Blaze balança a cabeça, jogando os fios de fogo. — O Mestre se ofereceu

para liberar nós dois assim que o evento terminar.

Eu franzo meu rosto em descrença. — Você acha que ele vai realmente

fazer isso?

— Foda-se não. Isso apenas atrasou nossa fuga, não impediu que isso

acontecesse.

Um lampejo de movimento chama minha atenção, e eu viro minha

cabeça para olhar pela janela. Com certeza, algum alienígena com chifres e pele

verde está acenando para mim como se estivesse tentando chamar minha

atenção. Quase me esqueci do meu público, o que me faz pensar se os visitantes

do zoológico não são os únicos nos observando.

Olho ao redor do recinto, procurando algo que possa ser uma câmera,

mas não consigo encontrar nada. No entanto, isso não significa que não há.

Blaze deixou transparecer que estávamos sendo observados na sala VIP, então

por que não aqui também?

— Tem certeza que deveríamos estar falando sobre isso? — Eu pergunto,

baixando minha voz. — Eles podem estar ouvindo tudo o que dizemos e nos

impedir de sair.
Blaze se afasta da parede e caminha lentamente para se juntar a mim na

janela. O alienígena verde ainda está lá e agora aponta animadamente para as

tatuagens brilhantes de Blaze.

Então Blaze dá o dedo ao cara.

— Minha equipe está bem ciente do fato de que estou sendo refém — diz

ele, sorrindo para o alienígena verde que sai para ver a exposição ao lado da

nossa. — Acredito que dei a eles tempo suficiente para criar um feed de áudio

que não levantará suspeitas ao mesmo tempo em que silencia o que é dito aqui.

Assim como eu fiz antes. No entanto, levará mais tempo para criar um feed de

vídeo.

Alívio sobe através de mim enquanto eu aceno em compreensão.

— Então qual é o plano?

Eu passei de excitada por causa de Blaze para excitada com minha

potencial liberação para ter minhas esperanças frustradas. Agora estou

cautelosa para estar em êxtase mais uma vez. Depois de estar em uma

montanha-russa emocional o dia todo, digo a mim mesma que é melhor para

mim não esperar muito. No entanto, isso não impede meu coração de bater no

meu peito de pura antecipação com o que ele vai dizer a seguir.

— Vamos fazer exatamente o que o Mestre quer — diz Blaze. — Vamos

nos apresentar no evento e depois fugir, assim que for seguro para você. Com

o olhar de confusão no meu rosto, ele esfrega a mandíbula. — Você foi

implantada com um chip que vai matá-la com o pressionar de um botão.

— Só podes estar a brincar comigo! — Meu grito é tão alto que Blaze

estremece. — Inacreditável!

— Eles podem estar mentindo, mas prefiro não arriscar — diz ele.
Eu faço uma careta para Blaze, mas então o dispenso enquanto tento me

lembrar de quando Biel teria colocado isso dentro de mim. É possível que ele

tenha colocado na seringa, mas isso parece improvável. E eu sei que tenho sido

coerente com qualquer tipo de procedimento que Biel tenha feito comigo.

Eu giro e levanto meu cabelo quando uma teoria me ocorre. — Eu tenho

uma cicatriz na parte de trás do meu pescoço?

Meu coração troveja no meu peito enquanto espero que Blaze responda,

mas quando ele diz que sim, eu quase enlouqueço.

— Porra, porra — eu digo, deixando meu cabelo cair de volta no lugar.

— Está dentro de mim esse tempo todo. Por que você acha que eles fizeram

isso?

Blaze dá de ombros. — Pode ser um procedimento padrão para garantir

sua conformidade.

— Sim — eu digo lentamente. — Isso faz sentido. Mas não é apenas a

minha conformidade que eles estão atrás agora.

Ele balança a cabeça em concordância, seu olhar tão expressivo como eu

já vi. Há algo nele que queima, e se eu tivesse que adivinhar, eu diria que é

raiva porque eles ousaram ameaçar minha vida. Mas funcionou. E pode ser a

única coisa que teria quando se trata de Blaze.

— Eles me usaram para chegar até você. — A revelação me atinge com

tanta força que eu afundo lentamente no chão e pressiono minha testa contra

o vidro. — Eu realmente sou sua companheira.

— Sim, mas não completamente.


CAPÍTULO DEZ

KAYLA

EU não tenho ideia do que ele quer dizer com isso, e agora eu não quero.

Meus pensamentos estão saltando na minha cabeça, fazendo doer. Eu

pressiono meus dedos nas minhas têmporas e massageio a dor logo abaixo.

— Não adianta esconder a verdade, Kayla.

Eu empurro meu olhar para ele, deixando cair minhas mãos. — Eu não

estou me escondendo — eu estalo. — Estou processando, e essa informação

tem muitas consequências. Apenas me dê a porra de um minuto.

É bom estar irritada com ele em vez de querer enfiar em seus miolos.

Parece que o novo medicamento está definitivamente funcionando.

Surpreendentemente, Blaze fica quieto depois, me deixando sozinha. O

zoológico continua a canalizar os visitantes pelo corredor que mostra nossa

exposição, e várias centenas de pessoas passam. Seus rostos, não importa quão

únicos e exóticos, não são capazes de me tirar da cabeça. Enquanto estou

sentado lá, ignorando o mundo ao meu redor, chego à conclusão de que Blaze

está certo. Não posso me dar ao luxo de fugir da verdade da minha situação.
Se eu for realmente a companheira de Blaze, então poderei contar com ele me

ajudando. E não apenas isso, mas ele vai me proteger também.

A imagem da pele queimada de Biel aparece em minha mente, um

lembrete desagradável de quão sério Blaze estava sobre me fazer funcionar

plenamente. Ele não precisava fazer isso. Na verdade, ele teve várias chances

de se aproveitar de mim enquanto eu estava drogada, mas não o fez. Mesmo

agora, ele ainda não me pressionou por sexo. Desde o início, ele tem sido

honesto sobre tudo, até onde posso dizer. Então devo confiar nele em algum

nível se estou disposta a ir com ele e me afastar deste lugar.

E por último, ele ficou por mim porque não queria me ver machucada.

Não consigo imaginar um macho como ele se submetendo alegremente às

exigências de outro, especialmente depois de saber que ele comanda sua

própria nave. Ele é obstinado e obviamente acostumado a ter autoridade, então

isso deve ser um sacrifício para ele.

O último dos visitantes do zoológico finalmente sai, sinalizado pelo

escurecimento de todas as luzes ao nosso redor, exceto uma única lâmpada

fraca no meio do nosso recinto. A janela vai de clara a opaca, bloqueando

efetivamente minha visão, mas também dando ao nosso quarto uma sensação

de privacidade.

Eu lanço um olhar para Blaze, que não se moveu desde a última vez que

conversamos, e dou uma olhada em seu perfil. Sua postura é relaxada, mas há

uma rigidez em seus ombros que ele não consegue esconder. Como brasas,

suas tatuagens criam um brilho pacífico, fornecendo mais luz do que a

lâmpada acima, mas são menos brilhantes do que antes quando nos beijamos.
Eu olho para seus lábios, lembrando facilmente como eles se sentiram nos

meus, e sinto os primeiros tentáculos de excitação.

Só que desta vez estou completamente lúcida.

Se eu vou abraçar a verdade sobre Blaze e tudo que vem com isso, não

posso continuar negando minha atração por ele. As drogas diminuíram

minhas inibições e aumentaram minha excitação, mas minhas intenções

permanecem as mesmas. Eu quero fugir. Mas também quero beijá-lo

novamente.

E talvez faça mais do que isso...

Há tantas coisas que eu preciso perguntar a ele, então eu começo com a

pergunta mais fácil em um esforço para tirar minha mente de assuntos sexuais.

Por enquanto.

— O que temos que fazer neste evento?

Ele se vira para mim, seus olhos brilhando na escuridão. — Preciso

mostrar minhas habilidades.

— Para controlar o fogo? — Depois que ele balança a cabeça, eu continuo.

— E o que devo fazer?

— Ajude-me a fazer isso.

— Como? — Eu pergunto.

Eu endireito minha coluna e inclino meu queixo, preparada para

qualquer verdade que ele vá revelar. Tive o dia todo para me conformar com ,

e não serei mais covarde quanto a toda essa situação. Estou em pleno

funcionamento, as drogas já se foram há muito tempo, e tenho de pensar na

minha irmã. Não é hora de ser tímida.


Blaze estende os braços na frente dele e olha para os redemoinhos

vermelhos brilhantes como se estivesse hipnotizado. — Um macho Koraxian

não pode acessar seus poderes até que ele encontre sua companheira e eles

solidifiquem o vínculo através do sexo.

Minha boca fica seca, mas meu sexo fica úmido. Ele insinuou sobre isso

na sala VIP, mas eu estava tão maluca que não tinha certeza se interpretei isso

corretamente. É uma verdade séria para reconciliar – tanto o fato de que ele

precisa de mim quanto o fato de que meu corpo não parece ter problemas com

isso.

No entanto, minha mente é uma parte diferente de mim e, por enquanto,

está dirigindo o trem.

— Este é o único caminho? — Eu pergunto, tentando manter a esperança

do meu tom para que eu não o insulte abertamente.

Seus olhos se estreitam infinitesimalmente, mas é o suficiente para eu

saber que ele não está satisfeito com o que eu disse. Ele balança a cabeça, seu

olhar me prendendo no chão.

— Eu não sou o único que eles querem ver se apresentar — diz ele.

Quando você e eu fizermos sexo, você receberá alguns traços Koraxianos como

minha companheira, e um deles é a habilidade de conjurar fogo. No entanto,

seu poder será apenas uma fração do meu.

Tenho certeza de que meus olhos estão esbugalhados tanto que são

maiores que os de Biel. Eu bato a mão na minha testa enquanto inalo

profundamente. — Deixe-me apenas ter certeza de que estou entendendo tudo

corretamente. Você queria me ajudar a escapar porque eu sou sua

companheira, mas esse plano foi fodido. Então agora temos que fazer algum
tipo de circo alienígena para ganhar nossa liberdade, o que não é verdade, já

que esses idiotas estão mentindo. E não esqueceremos que eu preciso fazer

sexo com você para fazer tudo isso acontecer, porque se eu não fizer, não só

nunca mais verei minha irmã, mas alguém vai estourar minha cabeça como um

balão. — Faço uma pausa e respiro, tendo ficado tonta. — Isso é tudo?

Blaze inclina a cabeça. — Acho que você esqueceu a parte em que vou

resgatá-la, mas houve um pequeno atraso.

— Atraso? — Minha voz fica afiada, e estou muito feliz que a janela seja

à prova de som. Eu fico de pé, com raiva jogando de lado o pedaço estúpido

de material que está emaranhado nas minhas pernas. —Por causa desse atraso,

agora tenho que sacrificar meu corpo em troca da minha liberdade. Ou eu

perdi alguma coisa?

Ele olha para cima como se estivesse pensando sobre isso. Então ele

abaixa o queixo, seu olhar se fixa em mim. — Não, acho que é isso.

Eu bufo e retomo a caminhada, basicamente rondando como um leão no

meu recinto. Não sei se rosno em algum momento, mas estou tão frustrada que

não tenho certeza. Só porque confio em Blaze e estou atraída por ele não

significa que quero fazer sexo com ele agora. Um pensamento me ocorre, e eu

me viro em sua direção e aponto um dedo para ele.

— Como eu sei que isso não é um truque só para que você possa obter

seus poderes de fogo? — Eu pergunto.

Ele faz uma careta, e seus olhos brilham com intensa emoção, mas ele não

interrompe meu discurso.

— E para quantas outras você disse exatamente a mesma coisa antes de

usá-las? É assim que os koraxianos tratam as fêmeas?


As chamas saindo de suas mãos são minha primeira pista.

Minhas costas batem contra a janela enquanto Blaze me prende com seu

corpo. Ele é escaldante, e não estou dizendo isso apenas de forma sexual. Sinto

como se estivesse sendo pressionada contra um aquecedor. Um que tem

muitos músculos duros.

Ele coloca uma mão bem ao lado da minha cabeça e pega meu queixo

com a outra, inclinando-a com um puxão. Sua raiva transformou seus olhos

em ouro puro, fazendo com que eles perdessem todos os traços de laranja, e

eles me paralisaram momentaneamente. Minha respiração vem rapidamente,

meus seios se moldando aos contornos duros de seu peito. Seu coração

tamborila contra mim, e estou surpresa que esteja batendo tão rápido quanto

o meu.

Seu lábio se curva em um rosnado, e ele aperta meu queixo só um

pouquinho. — Eu posso foder fêmeas, mas eu não as estupro, e elas sabem com

certeza o que estão recebendo quando abrem as pernas. Meu plano era tirá-la

desta fossa e levá-la para um lugar mais confortável onde eu pudesse seduzi-

la. Então, sim, eu quero foder você, mas você virá de bom grado depois de

ouvir a verdade ou não.

Eu olho para Blaze, completamente oprimida por ele. Ele pode ser direto

e um pouco duro, mas é fácil ler nas entrelinhas com ele. Ele não gosta do que

está acontecendo conosco mais do que eu. E o fato de que ele planejava me

seduzir não me incomoda tanto quanto deveria. Não tenho certeza se é porque

estou atraída por ele ou se é porque ele estava pelo menos disposto a me dar

uma chance de rejeitar seus avanços. Acho que é um pouco dos dois.
Ele solta o meu queixo e bate a mão cerrada no vidro, me fazendo pular.

— Isso não era o que eu queria para você, Kayla. Mas mesmo eu não posso

controlar o destino. — Ele fecha os olhos brevemente, mas quando os abre, eles

queimam com uma determinação que me deixa sem fôlego. — Eu não deixarei

você morrer, e se eu vou mantê-la segura, então eu preciso de meus poderes

para protegê-la. Você não consegue ver isso?

Meu coração suaviza em direção a ele instantaneamente ao ouvir a

paixão em sua voz.

— Pare de falar merda,— eu digo.

Eu pego o olhar surpreso em seu rosto logo antes de meus lábios

encontrarem os dele, e eu fecho meus olhos. Sua boca é quente e macia, mas

esse é o primeiro e último pensamento que tenho antes que ele deslize a mão

pela minha coxa para agarrar minha bunda. Eu separo meus lábios em um

suspiro, e ele engole enquanto mói seu pau contra mim. Mesmo que eu tenha

sentido isso antes, ainda estou em choque com o tamanho disso. No entanto,

estou mais do que ansiosa para fazer sexo com Blaze, e desta vez não há drogas

para culpar minha excitação. É puramente por causa dele.

Eu levanto minha perna e a curvo em torno de seu quadril, fazendo com

que seu pau pressione contra meu clitóris. O calor jorra dele, me deixando

corada enquanto eu o embalo entre minhas coxas. Eu raspo minhas unhas ao

longo de seu torso esculpido, amando o quão difícil é, mas eu quero realmente

ver. Como se estivesse lendo minha mente, Blaze dá um passo para trás e

começa a puxar sua camisa para cima e sobre sua cabeça. Eu fico ali perplexa

enquanto observo os músculos ondulantes junto com as linhas definidas de seu

estômago que descem para dentro de suas calças. Suas tatuagens, agora mais
brilhantes do que nunca, chamam minha atenção. Ele também tem alguns que

descem do ombro, passam pela clavícula e terminam logo acima dos mamilos.

Assim que ele está perto o suficiente, eu pressiono minhas palmas

diretamente sobre a pele brilhante. O calor penetra em mim, e eu sorrio para

ele.

— Essas tatuagens são incríveis.

Ele cobre minhas mãos com as dele. — São marcas de nascença.

— E esses? — Deslizo meus dedos pelo braço dele e bato levemente em

uma das faixas que circundam seu bíceps. — Por que você os tem?

— Eles agem como um canal para meus poderes.

Eu pisco para ele. — Mas você não os tem.

Ele se inclina para mim, me prendendo contra a janela. Eu chupo uma

respiração quando ele segura meu sexo e traz seus lábios ao meu ouvido. —

Assim que eu tomar sua boceta, eu vou — ele murmura.

— E depois? — Eu desafio.

Ele levanta a cabeça para olhar para mim, fazendo meu coração bater

furiosamente. — E então eu vou foder você, de novo e de novo, até que não

reste nenhuma dúvida em sua mente de que você pertence a mim. Porque eu

não compartilho o que é meu, Kayla.

Meu peito arfa com respirações irregulares enquanto ele me encara com

uma determinação inabalável, e suas palavras ricocheteiam em minha mente.

Este macho não está aqui apenas para sexo, ou mesmo para ganhar seu

verdadeiro potencial. Não, ele está aqui para me fazer dele, para me reivindicar

como sua companheira.


Mesmo sabendo que não posso ser dele para sempre, isso não me impede

de desejá-lo com um desespero que beira a insanidade. Então eu alcanço o

fecho no meu ombro e o abro. O material de lavanda desce para cair na minha

cintura, expondo meus seios, que parecem pesados e cheios. Blaze inala

bruscamente enquanto olha para eles, o fogo em seus olhos brilhando

ardentemente. Em vez de me tocar, ele dá um único passo para trás, suas mãos

em punhos ao lado do corpo. Seu pomo de Adão balança enquanto ele engole

profundamente, e é como se ele estivesse esperando por algo.

Ele está me deixando definir o ritmo? Eu vago meu olhar sobre ele e

chego à conclusão de que ele não está apenas me deixando assumir o controle,

mas ele quer que eu vá até ele.

Apesar de me sentir constrangida, eu enfio meus polegares no material

reunido em meus quadris e o empurro lentamente para baixo. Ele me observa

atentamente enquanto revelo o resto do meu corpo centímetro por centímetro.

Eu sei o que ele vê quando olha para mim porque está refletido em seu olhar.

É muito claro que ele me acha bonita.

— Kayla.

Meu nome sai de seus lábios em uma grossa voz que está quase sem

fôlego, e o desespero em sua voz faz meu sexo pulsar. Ouvir esse som me

anima a ponto de qualquer incerteza que eu tinha sai imediatamente,

substituída por uma confiança silenciosa. Depois de inclinar o queixo, ando até

ele e agarro os fechos de suas calças. Assim que eles saem de seu corpo, eu fico

lá, olhando para ele. Agora sou eu que o vejo bonito.

Com uma mão trêmula, eu pego seu pau, maravilhando-me com a

dureza e o comprimento dele. Eu acaricio uma vez em uma carícia


dolorosamente lenta, certificando-me de sentir cada centímetro da base à

ponta. Imaginar ele dentro de mim faz meu sexo quase pingar com o desafio.

Vai ser um ajuste apertado, mas isso só me deixa ainda mais ansiosa.

Blaze abaixa o queixo, seu olhar se lança para a minha mão enquanto

continuo a dar prazer a ele. — Baseado no jeito que você está fazendo isso, eu

estou supondo que você não é virgem?

Eu aperto seu pau, ganhando um grunhido dele enquanto levanto uma

sobrancelha. — E eu estou supondo que isso não é uma vareta luminosa?

Ele sorri para mim, e a sensualidade disso faz minha respiração gaguejar

no meu peito. — Touché.

O sorriso em seu rosto cai no segundo em que caio de joelhos e o tomo

em minha boca. Ele entrelaça os dedos no meu cabelo, agarrando os fios quase

dolorosamente enquanto eu arrasto as pontas dos meus dentes na cabeça de

seu pau. Então ele sussurra quando eu seguro suas bolas com minha mão livre

e começo a brincar com elas.

— Sim — ele geme, sua cabeça caindo para trás.

Sua rendição é o que eu quero, então eu exijo isso com cada lambida da

minha língua e puxo dos meus lábios. Os sons que ele faz e a irregularidade de

sua respiração me deixam saber o quanto ele gosta do que estou fazendo com

ele, mas eles também fazem meu clitóris pulsar. Eu estive no limite desde a

primeira vez que vi Blaze, e eu preciso gozar tanto que me contorce.

Para minha surpresa, ele puxa seu pau da minha boca, deixando-me

olhar para ele em confusão.


— Eu não quero gozar na sua boca — diz ele. — Quando eu fizer isso,

será na sua boceta primeiro. — Então ele anda ao meu redor até que eu não

posso mais vê-lo. — Coloque seu rosto no chão, Kayla.

Sem hesitar, faço o que me mandam. O chão frio faz meus mamilos

formigarem, mas a antecipação desliza pela minha pele como volts de

eletricidade. Eu me contorço ao sentir seus dedos traçando o comprimento da

minha coluna e terminando com um pequeno golpe na minha bunda. Respiro

com a ação inesperada, mas então estou ofegante, o calor da minha respiração

aquecendo o chão debaixo de mim.

— Coloque sua bunda bonita no ar — diz Blaze. — Um pouco mais alto.

Sim, boa menina. — Ele massageia o local que atingiu, e eu gemo baixinho. —

Você sabe o que me faz ver você assim? — ele rosna.

Eu balanço minha cabeça, sem saber se ele quer uma resposta ou não.

— Tantas coisas...

A sala fica em silêncio, exceto pelo movimento sutil de Blaze. Quando

sinto a sedosidade de seu cabelo roçar minhas panturrilhas, levanto minha

cabeça e a giro para olhar para ele. Ele está deitado de costas entre as minhas

coxas, olhando para o meu sexo. Vê-lo ali me faz tremer as pernas, mas consigo

me manter de pé.

— O que você está fazendo? — Eu sussurro, sentindo como se estivesse

sem fôlego.

Ele bate na minha bunda novamente, me fazendo querê-lo ainda mais.

— Coloque seu rosto no chão e mantenha-o lá. Se você trapacear e olhar, eu

baterei em você várias vezes até que você obedeça. — Com as duas mãos, ele
agarra meu traseiro e o puxa para baixo até que seus lábios roçam meu clitóris.

Eu grito quando ele diz: — Seja uma boa menina e venha para mim.

Então ele fecha os lábios ao redor do meu broto inchado, e eu gemo alto.

Meus quadris estremecem, e ele os mantém ancorados com as mãos nas minhas

costas, me forçando a ficar parada. Repetidamente ele chupa e lambe, me

deixando tão quente que eu acho que sou a única que pode manejar fogo. É

como se chamas estivessem ganhando vida em cada parte de mim que ele toca,

e eu me aproximo cada vez mais da combustão. Mas quando Blaze enfia os

dedos no meu sexo, eu me afundo, desesperada por liberação.

E então eu vou.

Como um fogo violento, meu orgasmo me atinge, roubando o ar dos

meus pulmões. Eu separo meus lábios para gritar, mas nenhum som surge

enquanto onda após onda de êxtase me queima de dentro para fora, limpando

toda a minha frustração sexual e substituindo-a por algo que está além da

euforia.

Blaze se afasta enquanto mantém seus dedos no meu sexo, e sua

respiração quente roça meu broto inchado, me fazendo assobiar. — De novo,

Kayla.

Após esse comando, ele ataca meu clitóris com uma fome que me faz

desmaiar de prazer. Ele não para seu ataque sensual enquanto move as mãos

para me manter de pé, e mais uma vez estou subindo em direção ao meu

orgasmo. Não demora muito quando ele começa a me foder com os dedos, suas

unhas raspando suavemente as paredes do meu sexo. Tudo o que posso pensar

enquanto gozo é que não serei capaz de lidar com seu pênis sem desmaiar de

prazer.
Uma vez que meu orgasmo morre, Blaze muda mais uma vez, e eu mal

registro isso, ainda perdida em um torpor. Mas a sensação de seu pau na minha

entrada faz meus olhos se arregalarem e meus pulmões se comprimirem.

— Vá com calma — ele murmura, empurrando em mim suavemente. —

Essa é uma boa garota.

Eu gemo a cada centímetro que me preenche; a sensação é como nada

que eu já senti. E eu quero mais. Então eu me inclino para trás, tentando tirar

tudo dele, mas ganho um golpe pelo meu esforço.

— Eu não serei apressado ao reivindicar você — diz ele com os dentes

cerrados. — Mas confie em mim, você vai levar todo o meu pau para esta sua

boceta apertada. — Ele continua a entrar em mim por trás e finalmente me

enche até o cabo com um gemido alto.

Mas quando ele começa a se mexer, sou eu que grito de êxtase. Enquanto

ele empurra em mim, eu perco toda a noção do tempo e do meu entorno. Nada

existe a não ser ele e eu e o prazer que nos percorre.

Blaze envolve meu cabelo em torno de seu pulso, empurrando minha

cabeça para trás enquanto ele me fode. — Você pode olhar agora e me ver

enquanto eu tomo posse de você, minha companheira, junto com meu

verdadeiro potencial.

Estou sem palavras ao testemunhar pares gêmeos de asas flamejantes se

desenrolarem atrás de suas costas. Eles iluminam a sala, além de suas

tatuagens, que são mais brilhantes do que eu já vi. Eles parecem fogo real, e eu

me pergunto se eles queimam como tal, já que a sala fica incrivelmente quente.

A transpiração cobre meu corpo assim como o de Blaze, e o brilho está

refletindo a luz sobrenatural que vem dele.


Em um movimento rápido, ele solta meu cabelo e, em seguida, agarra

meus quadris antes de me virar de costas. Ele está dentro de mim mais rápido

do que posso piscar, e tudo o que posso fazer é assistir enquanto ele me

reivindica uma e outra vez.

— Essa é uma boa boceta — ele rosna. — Pegue tudo e vá fundo.

A visão dele, com sua mandíbula apertada e seus músculos tensos,

desencadeia meu orgasmo, e eu estou gritando, o som ecoando na sala. O

rugido de Blaze segue, seu pênis inchando antes de gozar. Ele não para de

empurrar em mim por um longo tempo; apenas o ritmo diminui.

— Eu nunca terei o suficiente — diz ele depois de descansar a testa na

curva do meu pescoço. — Nunca. Porra, Kayla, você é incrível.

Quando ele finalmente fica parado, nenhum de nós se move. Eu deito lá

com meus olhos fechados, me sentindo contente com os braços de Blaze em

volta de mim, seu corpo em cima de mim, e seu pau dentro de mim. Talvez ele

esteja certo: eu nunca terei o suficiente.

Ele levanta a cabeça, e eu espero pelo sorriso ou um sorriso preguiçoso,

cheio de satisfação masculina, mas nunca vem. Em vez disso, há um olhar de

ternura em seu olhar que pica meu coração.

— Fui muito duro com você? — Seu olhar procura o meu, brilhando com

preocupação, até que eu balancei minha cabeça. Ele exala. — Obrigado porra.

— É meio tarde para isso,— eu digo com um sorriso. — O dano já foi

feito.

E realmente tem. Fisicamente estou bem, além de relaxada, mas

emocionalmente estou um caco. Como um encontro sexual com Blaze me

deixou tão vulnerável? É apenas sexo, mas a sensação de conexão que tenho
com ele é indescritível. Ele disse que eu teria alguns traços Koraxianos, mas o

vínculo de acasalamento é um deles? Porque agora só o pensamento de não

estar com ele faz meu coração dar uma guinada no meu peito.

— Você está certa — diz ele, olhando profundamente em meus olhos. —

O dano já foi feito.

Olho para ele, me perguntando se estou imaginando a mensagem oculta

nessa declaração ou se estou realmente ouvindo Blaze admitir que também o

aborreci.

Antes que eu possa decifrar a emoção à espreita em seu olhar, ele se retira

do meu corpo e fica de pé. Ele me levanta do chão, e eu me derreto nele, tão

lânguido que meus músculos são como um líquido. Depois de me colocar na

cama, ele se junta a mim, trazendo as cobertas sobre nós, e então me envolve

em seus braços. Eu coloco minha cabeça logo acima de seu coração, surpresa

ao descobrir que está batendo descontroladamente.

Que tipo de pensamentos ele está tendo?

Ele preguiçosamente passa os dedos pelo meu cabelo enquanto eu fecho

meus olhos, uma sensação de segurança me envolvendo mais

confortavelmente do que os cobertores sob os quais estamos. Viver no

apocalipse me deixou paranoica com muitas coisas, uma delas sendo o sono.

Você nunca sabe quando a morte está à espreita de uma forma ou de outra,

esperando para devorá-lo. Mas com Blaze, essa sensação de mau presságio se

foi. Fui sequestrada, vendida, pasmada e drogada, mas tudo isso desaparece

quando estou com ele.


Eu não estou apenas em perigo de ser uma prisioneira neste zoológico

para sempre. Também corro o risco de ser prisioneira de Blaze se ele incendiar

meu coração com o poder mais forte de todos: o amor.


CAPÍTULO ONZE

BLAZE

Faça amor quando minha companheira fica com raiva.

Por todos os meios, eu não deveria, mas foda-se se o fogo queimando em

seu olhar não tenta a besta dentro de mim. Imagino empurrá-la contra a janela

e tomá-la novamente. Quando ela se vira, segurando seus braços que agora

brilham como os meus, eu me preparo para fazer exatamente isso para silenciá-

la. O desejo de afundar em sua boceta doce e senti-la apertando meu pau

consome minha mente ao ponto de intoxicação.

Minha companheira tem alguma ideia de quão profundamente eu sinto

por ela agora? Quão absolutamente perfeita e incrível ela é?

— O que diabos são isso? — Ela aponta para as marcas de nascença

serpenteando ao redor de seu antebraço. — O cabelo vermelho eu posso lidar.

Mas você esqueceu de me dizer que eu também acenderia como uma vareta de

luz?

Eu cruzo meus braços, um sorriso inclinando meus lábios. — Eu informei

que haveria algumas mudanças. Agora que você está acasalada comigo, você
ganhou um pouco do meu poder. É o poder elemental que muda seu cabelo e

te marca com as mesmas marcas que eu. Ela nos une para a eternidade.

Ela franze a testa para as marcas de rubi que são idênticas ao seu cabelo,

e não é difícil adivinhar que as mudanças a incomodaram. Seu batimento

cardíaco não é apenas acelerado, mas errático, e tenho certeza de que o tom de

fogo em suas bochechas não deriva apenas de seu poder. Por um momento

suspeito que ela está prestes a incendiar minha bunda, e parte de mim quer

que ela tente. Eu quero ver o quão forte o fogo dela queima contra o meu.

— Existem outras mudanças que eu deveria estar ciente? — ela pergunta,

seu foco ainda nas listras vermelhas brilhantes que ziguezagueiam por seus

braços.

— Bem, isso depende. — Eu levanto minhas sobrancelhas e dou uma

piscadela sugestiva. — Você sente calor em outro lugar?

— Você está falando sério?

— Vou tomar isso como um sim. Está tudo bem, fêmea. — Eu fecho a

distância entre nós e fico sobre ela, pegando sua mão. — Você pode admitir

seu desejo por mim agora que estamos acasalados. Não fuja disso. Não fuja de

mim. Garanto-lhe que sempre a pegarei e reivindicarei sua boceta como minha.

Seu pulso acelera quando examino seus dedos delicados e corro a ponta

do meu polegar sobre uma das marcas. As veias queimam sob a minha carícia,

e quando uma onda de fogo passa por elas, uma sensação de alívio me invade.

Não tenho certeza do porquê, mas acho que uma parte de mim temia que meu

acasalamento com ela fosse ineficaz. Esperei tanto — muito tempo — por isso,

e a evidência parecia quase inviável, apesar das alegações de Xelias. Agora

funcionou, e o peso que carregava desaparece de mim.


— Então nós literalmente iluminamos os mundos um do outro agora,

hein? — A fêmea franze o rosto. — Como essa coisa de fogo funciona?

Eu abro minha boca para responder, mas antes que eu possa, as luzes do

lado de fora do recinto se acendem e sangram em nosso quarto, sinalizando

que o zoológico está prestes a funcionar. Nem um segundo depois, a porta se

abre, e Biel está lá olhando para nós, com os braços cruzados atrás das costas.

Ele dá uma olhada em mim e o lampejo de desconforto que sombreia suas

feições é substituído por uma excitação imediata.

— Foi bem sucedido? — Ele corre e alcança Kayla.

Meus músculos flexionam e apertam enquanto uma raiva possessiva

serpenteia pela minha espinha. O fogo se acumula em minhas palmas,

chamando a atenção de Biel.

— Claro, eu tinha minhas dúvidas, mas estou muito feliz em ver que seu

acasalamento foi um sucesso. Como é maravilhosa esta descoberta!

Eu abro meus dedos e inalo, meu fogo diminuindo. — Se você quer que

pratiquemos para sua pequena apresentação, precisaremos ir a algum lugar à

prova de fogo. E minha companheira tem que ser coerente se eu quiser treiná-

la adequadamente. Não há mais drogas a partir de agora. Isso só vai distrair a

performance, e o Mestre não quereria isso, não é?

— Ora, claro que não. — Biel acena com a cabeça e pega o cabelo de

Kayla. — Tão notável.

Eu ranjo meus dentes para ele avaliando as mudanças na minha

companheira. Cada centímetro de mim quer rasgá-lo em pedaços por tocar o

que agora me pertence. Mas também não sou bobo. Haverá momentos durante

nosso cativeiro aqui em que serei forçado a controlar meu temperamento,


minha proteção sobre Kayla, e este é um desses momentos que me mata. Pelo

menos é apenas temporário. Assim que eu tirar essa maldita ficha dela, posso

matar qualquer um neste zoológico que olhe para a minha companheira.

— Um centro de treinamento foi preparado para você — continua Biel,

acariciando o cabelo de Kayla com um sorriso de adoração que aumenta minha

fúria. — Nunca vi nada tão incrível. O Mestre ficará satisfeito com o seu

progresso. Oh sim. Muito satisfeito. — Seus olhos saltam para mim,

provavelmente porque meu braço esquerdo está agora coberto de fogo, pronto

para servir peixe carbonizado no café da manhã. — Ah, me perdoe. Eu sei

como os acasalamentos podem ser problemáticos. Serei mais cuidadoso até que

você ganhe o controle de seu poder.

Assim me impedirá de cremá-lo. No ritmo que ele está indo, será um

prazer quando tudo isso acabar.

Biel alisa seu terno cinza e volta correndo para a entrada. — Como você

sabe, o Mestre está hospedando o Luna Equinox amanhã à noite. Espero que

você já tenha ensaiado uma apresentação até lá. Astro lhe trará uma refeição e

depois o levará para a sala de treinamento para que você possa começar a

ensaiar. Boa sorte, e lembre-se, o Mestre deseja que você faça uma grande

demonstração de seu poder. Não o decepcione. Acredite em mim quando digo

que você não quer ver o que acontece.

A porta se fecha, e a fêmea dá um suspiro de alívio. — É impressão minha

ou ele estava olhando para nós de forma diferente?

Eu ranjo meus dentes por um momento enquanto contemplo a ameaça

do tratador. — Se não fosse pelo chip em você, eu o mataria porra — eu rosno.


— Ei...— A mão de Kayla cai no meu ombro, me distraindo dos meus

pensamentos de sangue e vingança. — Fizemos um plano, não foi? Nós

tocamos junto, pulamos em seus arcos, e então damos o fora daqui quando a

performance termina. Não ficaremos aqui para sempre. E por mais chateada

que eu esteja por você não me dizer que eu teria tatuagens, estou meio

empolgada para sair deste recinto e testar meus poderes.

Eu estendo a mão e arrasto meus dedos por sua bochecha. O fogo girando

em seus olhos acalma a besta que quer sair de mim. — Vamos pegar algo para

você comer primeiro.

A porta se abre novamente como se fosse uma deixa. O lacaio de Biel

roda em um carrinho carregado com vários itens de comida humana e, para

minha surpresa, comida koraxiana.

Kayla segura um pedaço de fruta que é popular no meu planeta. — Um.

O que é isso?

— Estes são do meu planeta, Koraxia. Eles são chamados de haxai. Pego

a fruta dela e corro o dedo sobre os espinhos pretos que formam uma casca

protetora. — Traduz-se como 'bichinho espinhoso' em inglês.

— Inseto espinhoso? — Ela pega outro e o cheira com um olhar de nojo.

O desgosto muda quando ela sente seu cheiro, como eu pensei que aconteceria.

— Oh. Na verdade, cheira bem. Por que tem um nome estranho? Parece um

ouriço. Não é um ouriço, é? Por favor, me diga que isso não é algum tipo de

maldito roedor.

Depois de bater a fruta contra a parede, abro a casca para revelar a

suavidade de dentro. Uma poça de líquido fica no vale da concha. Eu entrego

para ela, e ela se inclina para cheirá-lo.


— Oh meu Deus! Tem cheiro de coco. — A fêmea estica a língua e lambe

a borda, o gesto me faz sorrir. — Mas tem gosto de banana.

— Não estou familiarizado com esses termos. Haxai são encontrados em

toda Koraxia. Eles podem sustentar um guerreiro por um dia inteiro se você

comer o interior e beber o néctar. Tente.

Ela o faz, e o suspiro de satisfação que ela dá me agrada imensamente. O

que eu não espero que ela faça é beber tudo, colher e comer o resíduo dentro

com duas mordidas enormes, então pegar outra. Uma vez que ela devora o

segundo haxai, ela passa para o que só posso imaginar ser comida humana,

que não me parece apetitosa.

— Por que você não está comendo? — ela pergunta. — Esta é a primeira

vez que eles me alimentam desde que cheguei aqui.

Um rosnado ressoa no meu peito com o pensamento dela morrendo de

fome. — Minha espécie não come com tanta frequência. Eu acredito que a sua

é o completo oposto. — Eu rio interiormente com o nome que os Icebloods

deram à companheira de Xelias, Hazel. Não me diga que eu também tenho um

vellatha?

Eu me afasto e observo a fêmea comer seu peso em comida. Verdade seja

dita, estou muito concentrado para comer qualquer coisa. Eu quero levá-la

para a sala de treinamento e acabar com isso o mais rápido possível. Uma vez

que a performance esteja completa, eu posso tirá-la daqui e então salvar as

outras fêmeas que foram designadas para mim.

Outro lacaio aparece que só posso supor que seja Astro, já que ele faz

sinal para que o sigamos para fora. Eu lidero o caminho, meu corpo queimando

com proteção sobre a fêmea. Duas vezes eu olho para trás para ver como ela
está, e duas vezes ela sorri para mim, o gesto me deixando ainda mais

determinado a protegê-la. Ela parece mais fascinada do que assustada com o

nosso entorno a caminho do centro de treinamento, e não tenho certeza do

porquê, mas isso me preocupa mais do que tudo. Eu preciso que ela seja um

pouco mais cautelosa com este zoológico se eu quiser tirá-la dele com sucesso.

No final do terceiro corredor, entramos em um ginásio atualmente vazio

de manipuladores. Duvido que fique assim por muito tempo. Eu vi os

manipuladores que rondam esta junta, e eles são mais guerreiros do que

qualquer coisa. Eu acho que eles teriam que ser, com algumas das criaturas que

eles mantêm enjaulados aqui. A presa não pode sair caçando os predadores.

Astro nos leva ao que parece ser um antigo campo de tiro. O

equipamento, incluindo os alvos e as faixas particionadas, foi varrido para

fornecer espaço no piso de concreto. Extintores de incêndio pendurados nas

paredes que parecem ser à prova de fogo em sua maior parte. Uma sensação

de perda afunda em mim enquanto eu varro meu olhar ao redor da sala. Temos

instalações semelhantes em casa, mas estão vazias há séculos, reduzidas a nada

mais do que lembranças dolorosas do que deveria ser, mas nunca poderia ser

novamente.

Bem, tudo isso está prestes a mudar agora.

Incluindo Xelias, isso faz com que dois guerreiros Koraxianos tenham

alcançado seus verdadeiros potenciais. Não descansarei até que todos os

Sangue de Fogo sob meu comando tenham conquistado o deles. Nesse ponto,

os salões de treinamento vazios estarão cheios de guerreiros que nunca mais

lamentarão a perda de seus companheiros e poder. Seremos imparáveis, e meu

objetivo de sentar à mesa do conselho finalmente estará ao nosso alcance. Mal


posso esperar para ver a expressão nos rostos dos outros comandantes quando

eu for promovido, especialmente porque o eldar prometeu me considerar

favoravelmente.

Ao contrário dos outros comandantes, consegui chegar ao topo. Nada

nunca foi entregue a mim. Eu não tinha família ou status para me apoiar ou

influenciar meu sucesso. Com Kayla ao meu lado, serei o primeiro eldar que

veio da classe Koraxiana mais baixa, e farei mudanças que erradicarão o

sistema de castas indefinidamente. É tudo besteira completa para mim de

qualquer maneira. A força de um guerreiro não pode ser medida com base em

sua origem. No entanto, parece que sou um dos poucos comandantes que

acredita nisso. O resto tem me mostrado rotineiramente que eles não

compartilham a mesma crença que os Firebloods, e é isso que nos torna

melhores que eles. Melhor porque somos mais justos, e com justiça vem

respeito e poder.

Astro aponta uma mão esquelética para a sala de controle no canto

superior. — Eu vou te observar de lá. Diga-me quando estiver pronto e

começaremos. — Ele desliza um olhar para Kayla que a faz mudar sob seu

olhar. Se eu descobrir que ele fez alguma coisa com ela, vou estripá-lo em

pedaços.

— Terra para Blaze? — Kayla acena com a mão na minha frente. — Olá ?

Alguém está em casa?

Eu inclino minha cabeça em busca da tradução correta. — Não entendo.

—Você estava atordoado — diz ela, franzindo a testa para mim. — Tipo,

longe, cabeça nas nuvens. O que o deixou tão distraído?


Decido não contar a ela que estava imaginando matar Astro por deixá-la

desconfortável. Em vez disso, dou um passo para trás e aceno para os alvos do

outro lado da sala. — Você acha que pode incendiar um desses?

Kayla olha para eles. — Não tenho certeza, mas quero tentar. — Seu olhar

dispara para encontrar o meu. — Como eu faço isso?

— Dê-me suas mãos, e eu lhe mostrarei.

Ela os estende, seu coração pulando de emoção. Eu examino as chamas

correndo em suas veias com uma admiração quase extasiada, como se esta

fosse a primeira vez que eu visse seu inferno. Quando eu pressiono minha mão

na dela e entrelacei nossos dedos, meu poder surge através de mim e dentro

dela. Sua inspiração afiada me diz que ela pode sentir isso também. Foi bem o

que pensei. É comum que os Koraxians passem um pouco de seu poder para

seus companheiros.

Eu aceno para nossas mãos. — O fogo correndo por você agora. Como é?

— Bom — ela sussurra, seu corpo aquecendo em meus braços. — Muito

bom.

— É assim mesmo? — Eu levanto uma sobrancelha e então me posiciono

atrás dela. — Imagine como será bom quando você deixar o fogo lamber cada

centímetro do seu corpo tentador. — Envolvendo meus braços ao redor dela,

eu pego suas mãos novamente. Chamas dançam entre nós, crepitando como

brasas. — É uma sensação comparável a nenhuma outra.

Ela mantém o olhar fixo em nossas mãos unidas, mas seu coração salta

em meus ouvidos quando o poder toma conta dela. — Só espero que não doa.
— Não, não vai. — Eu levanto meu queixo na direção da sala de controle.

— Mas aquele filho da puta gorduroso? Só um pouco. Tudo bem, talvez muito,

mas isso é apenas parte da diversão.

— Você sabe que eu posso ouvir cada palavra que você está dizendo?

Astro rosna, sua voz ecoando pelos alto-falantes. — Treinamento começando

em três... dois... um.

A primeira esfera prateada que aparece assobia no ar acima de nós. Eu

canalizo meu poder em Kayla e levanto suas mãos. Ela solta a bola de fogo

antes que tenhamos a quantidade certa de impulso e erra o orbe por um tiro

longo.

Eu trago meus lábios em seus ouvidos, minha respiração escorrendo pelo

lado de seu pescoço. — Mantenha seus olhos no alvo, Kayla. Deixe o fogo

crescer primeiro antes de soltá-lo. Quanto mais você se agarrar a ela, mais

brilhante o fogo ficará e mais ardentes serão suas chamas.

Um orbe de safira se manifesta, mas desta vez ele voa em nossa direção.

Kayla salta em minhas mãos, liberando a bola de fogo prematuramente. Ela

geme e murmura uma lista de palavrões frustrados ao ver seu alvo perdido.

Eu beijo seu pescoço para me tranquilizar, arrastando meus lábios sobre sua

carne delicada. Minha companheira está claramente irritada com sua

inexperiência, mas ela já está muito além dos Firebloods que não têm seus

poderes. Ou seus companheiros.

— Tente assim. — Viro as palmas das mãos para que fiquem voltadas

para cima. Ela se contorce e esfrega contra o meu pau, que não é a distração

que eu preciso agora. Minha tentadora perversa. — Deixe o fogo aumentar


gradualmente. Lembre-se de que você é quem está no controle, não o elemento.

Depende inteiramente de você para a direção. Você não é escravo do fogo.

Kayla acena com a cabeça, seus olhos fixos nas chamas novamente.

Lentamente eles crescem, e suas mãos não tremem mais como antes, o que me

faz acreditar que ela está pegando o jeito.

— Você já fez isso antes? — Ela balança a cabeça assim que faz a

pergunta. — Deixa para lá. Esqueci que você não tinha seu verdadeiro

potencial até recentemente.

Eu mantenho nossos dedos unidos, impressionado com o quão

lindamente feminina sua mão parece embalada na minha. — Meu pai

costumava fazer esse tipo de truque para me divertir quando eu era jovem.

Isso foi antes de minha mãe morrer e ele perder o poder.

— Ele perdeu? — Kayla estica o pescoço para olhar para mim, suas

sobrancelhas finas unidas.

— Olhos para frente. — Assim que ela obedece, decido responder, apesar

da dor que sinto quando falo dos meus pais. — Sim, meu pai perdeu seu poder,

assim como todos os koraxianos quando suas companheiras morrem.

Seus lábios tremem enquanto seus olhos ficam vidrados. — Como...

como ela morreu?

— Ela foi morta por um vírus que eliminou as fêmeas do meu planeta.

Nenhuma sobreviveu, e os companheiros que foram deixados para trás

acabaram murchando, incluindo meu pai.

Kayla balança a cabeça lentamente. — Não consigo nem imaginar um

planeta inteiro de guerreiros incapazes de usar seus poderes.


A preocupação da fêmea comigo está se movendo, e não posso resistir a

tocá-la novamente. — Nós não somos facção,— eu digo, mordiscando o lado

de seu pescoço antes de me afastar. — Há mais cinco, um para cada elemento

de poder. Icebloods, Darkbloods, Stormbloods, Airbloods e Earthbloods. E,

claro, a melhor facção de todas, Firebloods. Uma vez um eldar de cada facção

governou nosso planeta, mas agora só temos um depois que uma facção

exilada, Aetherblood, os derrubou durante uma revolta.

Já que ela está muito focada em nossa discussão para liberar seu poder

prematuramente novamente, eu deslizo minhas mãos por seus braços e

descanso em seus ombros. — Deixe ir, Kayla. Você está pronta agora.

Um trio de orbes navega pela sala simultaneamente, formando um

amplo arco. Kayla libera seu poder, e a bola de fogo atinge cada um dos orbes.

Eles mudam de prata para laranja antes de se quebrarem em rajadas de poeira

que caem no chão.

— Eu fiz isso! — Ela se vira e sorri para mim, sua expressão semelhante

à que eu tinha quando meu pai usou seus poderes. No entanto, sua excitação

desaparece mais rápido do que a minha. — Sinto muito pelo que aconteceu

com seu povo. Seus pais. Isso deve ter sido trágico.

Eu a viro de volta para que sua coluna fique nivelada com o meu peito e

entrelace nossas mãos novamente, juntando outra bola de fogo. — Está no

passado. Agora, o presente é tudo o que importa para mim. Você é tudo o que

importa.

A fêmea se vira e pressiona seus lábios nos meus em um movimento

incrivelmente rápido. Seu toque é mais forte do que o normal, mais faminto e

mais urgente, e foda-se isso me faz querer parar este treinamento para deitá-la
no chão e fazer amor com ela. Não foder ou preencher ou reivindicá-la. Mas

faça amor intenso e intenso com ela – minha companheira – com cada grama

do meu ser.

— Se você pudesse manter a bobagem de amorzinho para o tempo

privado — Astro rosna pelo interfone. — Você tem treinamento para fazer.

Para sair dessa.

Eu arrasto o lábio de Kayla entre meus dentes enquanto ela lentamente

se afasta. Orbes navegam ao nosso redor em todas as direções. Eu libero Kayla

e pratico empunhar meu próprio fogo. Acertei a maioria dos orbes, mas não

todos, e Kayla não está muito atrás. Astro pode pensar que estamos apenas

ensaiando para amanhã, mas estou usando esse tempo para me familiarizar

com meu poder para que eu possa incendiar o Zoológico Solarix após nossa

apresentação. O Mestre acha que é ele quem tem os truques na manga, mas

duvido que ele saiba o que pretendo fazer.

— Ai! — Kayla dá uma guinada para frente e envolve seus braços na

cintura, instantaneamente parando meus movimentos.

Eu apago meu fogo e corro para o lado dela, apenas um pouco sem fôlego

do treinamento. — O que é isso? Mostre-me.

Lentamente ela se endireita, revelando um pequeno corte acima de seu

abdômen. O orbe intacto a seus pés deve tê-la ferido. O corte pode ser pequeno,

mas a raiva queima através de mim ao ver minha companheira machucada, e

uma explosão de fogo cobre meu corpo. Eu olho para a sala de controle, onde

Astro dá de ombros e aperta outro botão. No instante em que o orbe de safira

aparece, eu o pego com uma corrente de fogo carmesim, então eu o bato contra
a janela da sala de controle. Meu poder não derrete o vidro como eu esperava,

mas o impacto do orbe o fratura um pouco, deixando grandes rachaduras.

Astro cai da cadeira, e seu medo me acalma um pouco. Mas não o

suficiente.

— Tome isso como seu único, e eu quero dizer apenas, porra de aviso!

Nunca mais toque na minha companheira, ou eu vou te matar e te alimentar

com os peixes na exposição de água.

A porta se abre e um bando de manipuladores aparece, todos equipados

com tasers e armas de raios.

— Parece que nosso treinamento acabou por hoje — Kayla diz,

deslizando seus dedos pelos meus.

Eu envolvo um braço ao redor de sua cintura protetoramente e olho para

Astro rastejando de volta para sua cadeira. — Sim. Parece que sim.
CAPÍTULO DOZE

BLAZE

O vínculo de acasalamento que sinto por Kayla se intensifica a cada

momento que passa.

Toda uma multidão de visitantes espia nosso recinto, aparentemente

paralisada pela singularidade que nos une. Sua leitura me enche de uma raiva

sem paralelo, especialmente quando os machos olham para Kayla como se ela

fosse apenas um animal de estimação exótico.

Eles têm sorte de estarem protegidos por vidro à prova de fogo, ou eu

cremaria cada um deles.

Quando a porta se abre e Biel está ali, chamas dançam sobre minha pele.

— Um cliente solicitou uma sessão VIP — diz ele, apontando o queixo em

direção à porta. — Venha comigo.


Eu descasco meus lábios de volta em um rosnado. — Isso não fazia parte

do acordo.

O tratador observa minha demonstração de poder, seus olhos cor de

âmbar se arregalando. — Sim, esse foi o acordo; no entanto, este cliente está

disposto a pagar uma quantia extravagante por esta sessão.

Kayla me lança um olhar cauteloso enquanto se levanta e ajusta suas

roupas. O pensamento de suas mãos tocando minha companheira, explorando

seu corpo quando só eu possuo o direito, acende minha fúria até eu queimar

em fogo. A explosão derrete a parede nas minhas costas e transforma os

travesseiros ao meu redor em cinzas. Minha explosão recebe uma salva de

palmas de nossos espectadores, que torcem e exigem um bis.

— Blaze, você vai se acalmar neste instante — exige Biel, correndo para

fora do recinto. A porta permanece aberta para que eu possa vê-lo. Maldito

covarde. — Você não pode entrar na sessão em tal estado.

— Espere a porra de um minuto. — O fogo que devora meu corpo

desaparece tão rapidamente quanto se manifestou. — A sessão é comigo?

Biel acena com a cabeça, olhando para a parede carbonizada e depois de

volta. — Sim. Eles fizeram uma oferta que eu não pude recusar.

Olho para a fêmea, cada um de nós levantando uma sobrancelha. —

Quem diabos quer ter uma sessão comigo?

O tratador suspira, aparentemente esgotado com o assunto. — Um

cliente extremamente rico. Venha, Blaze. Não deixamos nossos clientes VIP

esperando.

Sim. E eu não fodo nada que não seja minha companheira.


Eu ignoro Biel e vou até Kayla. Seu olhar queima com as perguntas não

ditas que agora atormentam minha própria mente. Afasto o cabelo de seu rosto

e coloco as mechas vermelhas soltas atrás de suas orelhas. Ela olha para a

janela, mas eu inclino seu queixo para forçá-la a olhar para mim, não para os

espectadores.

— Prefiro que seja eu do que você, Kayla.

Ainda não é seguro discutirmos qualquer coisa enquanto Biel estiver

presente. Ela parece perceber isso enquanto olha para mim. Antes que ela

pronuncie uma palavra, eu reivindico seus lábios com uma paixão profunda e

ardente que ferve até o meu núcleo. Seus dedos deslizam em meu cabelo, e ela

retribui o beijo como a companheira de um guerreiro prestes a ir para a batalha.

Que honra seria lutar e morrer por ela.

— Blaze — o tratador grita, fazendo com que a fêmea se afaste.

Eu sorrio para ela. — Não faça muito show para essas criaturas enquanto

eu estiver fora, você ouviu?

Os lábios de Kayla se contorcem. — Você está sentindo um pouco de

ciúmes?

— Com ciúmes? Não. Mas possessivo? — Eu puxo seu corpo para o meu

e a esfrego contra meu pau, marcando-a com meu cheiro. — Porra, sim, eu

estou porque isso...— Eu deslizo minha mão para baixo e acaricio suavemente

sua boceta. —… é minha agora.

Seu coração dispara deliciosamente em meus ouvidos. No entanto, um

aplauso impaciente de Biel me obriga a soltá-la e sair do recinto. Não importa.

Vou continuar de onde parei assim que voltar. Porra, ela está intoxicando

minha mente. Só consigo pensar nela.


Sigo o tratador pelo corredor que leva aos quartos privados. Ele faz uma

pausa do lado de fora do final e me dá uma avaliação mais uma vez. Ele então

enfia a mão no bolso e tira um par estreito de faixas de aço, semelhantes às que

emolduram meus braços.

— Por razões de segurança, o Mestre deseja que você os use sempre que

não estiver treinando. — Ele faz um gesto para que eu estenda minhas mãos.

Eu faço isso com um rosnado, meus dedos embranquecendo. — Eles são

projetados para ajudar a controlar seu poder enquanto você ainda está

aprendendo a aproveitá-lo.

Sim, tanto faz. Controle é apenas outra palavra para suprimir. Eu

realmente não posso culpar a precaução do Mestre, já que eu ameacei servir

Biel no café da manhã.

— Lá. — Biel encaixa os elásticos no lugar e então dá um passo para trás.

— Agora você está pronto para sua sessão.

— Sabe, espero que a regra de não penetração se aplique a todas as suas

atrações — digo secamente, minha voz pingando veneno. — Porque eu sou

um tipo de cara que fode apenas para sair, sabe?

Biel bate os lábios e assente. — A regra se aplica a todas as minhas

criaturas. Nenhum mal lhe acontecerá, mas você deve agradar este cliente

como ele desejar.

Meu pulso dispara. — Recue um pouco. Você acabou de dizer ele?

Em resposta, o tratador abre a porta e me faz sinal para entrar. Que tipo

de macho seria louco o suficiente para pagar por uma sessão com um guerreiro

Koraxiano? Eu poderia matá-lo em um piscar de olhos apenas com minha

força. Curioso, entro na sala e olho em volta até que meu olhar pousar na figura
relaxada em um sofá de couro. No começo, eu quase não consigo distingui-lo.

Não é até que ele fala que eu percebo o que - ou melhor, quem - ele é, e meu

sangue fervendo congela em minhas veias.

O que. Porra.

— Bem, bem, bem. Você não é um banquete para os olhos?

Yarex se levanta do sofá e atravessa a sala. Estou muito focado na

extravagância de seu andar e roupas para entender o que está acontecendo. De

sua camisa floral rosa e calças de couro apertadas, meu segundo em comando

- o mais alto e mais intimidante dos meus guerreiros - parece quase

irreconhecível. Até mesmo seu tom profundo foi alterado para um tom mais

alto e feminino que combina com a maquiagem e o brilho que mascaram as

tatuagens em seu rosto. O traço ousado de tinta sobre seus olhos é o que as

fêmeas Koraxian costumavam fazer antes dos rituais de acasalamento.

Por que meu segundo em comando parece uma fêmea Koraxian que está

prestes a acasalar?

— Não precisa ser tímido. — Yarex para na minha frente, apenas dois

centímetros mais baixo, e acena com a mão com um toque teatral. As duas

faixas douradas em seu pulso piscam nas luzes fracas. — Eu não mordo. Não,

a menos que você deseje esse tipo de coisa.

— O que você...

— Silêncio agora, meu querido. — Ele pressiona um dedo feito manicure

nos meus lábios, olhando para as câmeras na sala e depois para as minhas

restrições. — Eu não estou pagando para você usar sua boca a menos que esteja

enrolada em meu pau. Agora, tire sua camisa e deixe-me ver você. Eu quero

fazer valer o meu dinheiro, já que você me custou uma boa quantia. Ah, mas,
infelizmente, tenho certeza de que valerá a pena. Apresse-se agora. Não temos

muito tempo.

Filho da Puta.

Ele está claramente ganhando tempo até que minha equipe substitua os

feeds da câmera, mas isso não torna essa pretensão menos embaraçosa.

Yarex pega minha camisa e a levanta até que ela fique sobre meus

peitorais. O sorriso zombeteiro que desliza sobre seus lábios ferve meu sangue.

— Oooh, que músculos grandes você tem. Eu me pergunto o que mais é

grande?

Eu vou matá-lo. Vou matá-lo assim que sair daqui.

O sorriso de Yarex se alarga. — Não me diga que você é tímido? — Ele

puxa minha camisa sobre meus ombros e a joga no chão em um movimento

fluido. Suas mãos caem no meu bíceps e acariciam meus músculos, fazendo

meus olhos se contraírem. — Um Koraxian tímido. Oh, como os deuses me

olharam favoravelmente neste dia!

Agora ele corre os dedos pelos meus braços, prestando muita atenção nas

minhas marcas de nascença brilhantes. Minha pele se arrepia com o contato,

mas permaneço estagnado, principalmente com medo de incendiá-lo. Não é

até que ele pega meu anel de ouro e desliza uma câmera minúscula por baixo

que eu libero a tensão crescente em meu corpo. O aparelho é parecido com o

que eu tinha no ouvido, só que é menor e menos detectável. Obrigado, porra,

seu toque não serviu para nenhum propósito sexual, ou eu estaria tendo

palavras fortes com ele quando tudo isso acabasse. Eu sou o comandante dele,

pelo amor de Deus.


Yarex dá um tapinha no ouvido, depois dá um passo para trás e acena

com a cabeça. — Tudo bem, entendi. Terminamos, senhor.

Eu alcanço minha camisa, rosnando: — Porra, foi tudo isso comovente?

Ele dá de ombros. — Você sabe que eu tive que esperar meu tempo até

que Teo substituísse seus feeds de segurança. Agora podemos discutir como

tirar você daqui.

— Isso eu entendo — eu digo, puxando minha camisa. — O que eu não

entendo é todo o... ato.

— Eu tive que fazer o papel, senhor. — Yarex cruza os braços, seu sorriso

demorado. — Mas não se preocupe. O Mestre está pagando por esta sessão.

Novamente.

Eu grunhi com isso. — Pelo menos meu treinamento não foi

desperdiçado com você. — Sento-me no sofá, cruzando um tornozelo sobre o

joelho. — Então, que feed você está mostrando a eles?

Ele arqueia uma sobrancelha com cicatrizes finas. — Vamos apenas dizer

que estou realmente recebendo o valor do meu dinheiro aqui…

Há uma pitada de alegria por trás do meu grunhido, embora eu me

encolho com o que Teo está alimentando na câmera.

— Eu estou supondo que você também está substituindo as câmeras do

recinto? — Eu pergunto.

— Sim. Quando a comunicação caiu, imaginamos que você estaria

tentando planejar uma fuga com a fêmea. As câmeras não podem ver ou ouvir

o que está acontecendo agora que Teo as substituiu por imagens genéricas.

— Bom. — Abro os braços no encosto do sofá, satisfeito com a

privacidade que tenho com Kayla. Certamente me faz querer fodê-la ainda
mais quando estamos sozinhos novamente. — Agora, o Luna Equinox

acontecerá amanhã à noite. Não sei o que o Mestre realmente tem em mente,

mas algo me diz que não é apenas uma demonstração do meu poder. Preciso

que Zeko seja trazido enquanto as festividades estão em andamento. Assim

que estiver a sós com a Kayla, ele pode retirar o chip e sairemos daqui. Vou

incendiar este lugar se precisar.

Yarex acena com a cabeça, as veias em sua garganta pulsando. — Eu

darei o comando em sua palavra, senhor.

— O que? Não mais querido?

Agora meu verdadeiro guerreiro sai quando levanta as mãos em uma

súplica simulada. — Ei, ei. Você sempre disse que eu era um bom ator.

— Mm-hum. Mas eu literalmente pensei que você estava prestes a se

ajoelhar e me chupar, o que não é o que eu estava me referindo quando disse

isso.

Ele ri, e eu me vejo incapaz de ficar irritado com ele. Se mais alguém

tivesse entrado aqui e se aproximado de mim do jeito que ele fez, eu teria

quebrado seu pescoço mais rápido do que eles poderiam respirar. Somos

irmãos desde os tempos de favela, quando morávamos nas ruas de Koraxia.

Yarex não é apenas meu guerreiro. Ele é meu sangue e sempre será.

Eu levanto minhas mãos e sorrio para ele. — Se você gosta de chupar pau

ou ter seu pau chupado por outros machos, eu estou bem com isso, desde que

não seja meu pau ou minha boca. Eu sou tudo sobre bater nessa buceta.

Uma batida na porta chama nossa atenção. A maçaneta gira, e Yarex se

move na minha frente, puxando as calças para baixo logo abaixo da cintura.
— Certamente minha sessão não pode terminar tão cedo? — Ele estica o

pescoço, e eu evito meu olhar de sua virilha, tentada a incendiar seus púbis por

empurrá-los na minha cara. — Quão rápido meu tempo passou com esta

criatura magnífica. — Ele olha de volta para mim, seu rosto contorcido com

alegria irônica. — Parece que nosso interlúdio chegou ao fim, querido, mas não

tema. Você valeu cada crédito, e eu o verei novamente em breve.

Eu mordo minha língua e o observo dar um passo para trás enquanto

abotoa as calças. Enquanto eu aplaudo seu pensamento rápido, eu nunca em

todos os meus dias pensei que Yarex iria enfiar seu pau na minha cara.

— Obrigado por sua compra — diz Biel. — Meu colega Astro está aqui

para acompanhá-lo.

Antes de Yarex sair com Astro, ele se vira para mim. — Até nos

encontrarmos novamente, meu lindo querido.

Mais uma vez permaneço em silêncio, com certeza de que tirarei o sorriso

do rosto dele com um soco.

O tratador limpa a garganta e eu me levanto do sofá. Silenciosamente, ele

me acompanha para fora da sala e através de várias exposições até parar do

lado de fora de uma parede de vidro. Não parece ser uma exposição de

qualquer tipo e apenas exibe nossas reflexões. Os visitantes que passam nem

olham para a janela.

— O Mestre preparou um tratamento especial para você em preparação

para amanhã. — Ele pressiona a mão no vidro, e uma porta se materializa

lentamente. — Sua companheira está esperando por você lá dentro, e enquanto

você estava entretendo o VIP, eu me certifiquei de que seu ferimento fosse

tratado. Ela está totalmente curada. Apreciar.


À menção da minha companheira, não me importo com o que eles

organizaram para nós. Eu só quero vê-la. Eu marcho pela porta e procuro por

ela no quarto. Ela está atrás de uma tela de privacidade de treliça, mas ainda

posso dizer que ela está despida de suas roupas, seu corpo nu e nu diante de

mim. A luz das velas que sangra das arandelas banha seu corpo em um suave

tom âmbar.

— Agora, esta é uma surpresa agradável,— eu digo, acenando para as

velas espalhadas ao redor da piscina, integradas ao chão, e a cama envolta em

sedas no canto. — Eu não achei que você fosse do tipo romântico.

Kayla desvia o olhar, e isso a torna querida para mim, ver esse lado

tímido dela. — Aparentemente tudo isso é uma tradição antes do Luna

Equinox. — Então ela me espia, um lindo rubor em suas bochechas que eu

suspeito que não tenha nada a ver com seus poderes. — É para nos encorajar

a…

— Foder? — Eu forneço com um sorriso.

Seus lábios se abrem quando sua respiração falha, e quando ela olha para

mim, não há como confundir o convite em seu olhar. Eu atravesso a sala, o

sangue em minhas veias como lava derretida, me fazendo queimar por ela.

Depois que eu seguro seu rosto em minhas mãos, ela engasga com a ferocidade

do meu toque. Eu sei que não estou nem perto de ser gentil quando coloco

meus lábios nos dela, mas não posso mais me conter.

Eu engancho suas pernas em volta da minha cintura e a pressiono contra

a parede, inclinando-me em seu corpo macio. Seus gemidos inundam minha

boca enquanto ela emaranha os dedos no meu cabelo, os sons desesperados

fazendo meu pau doer com a necessidade de fodê-la. Um grunhido ressoa no


meu peito quando ela mordisca minha língua, um esforço inútil para dominar

o beijo. Minha pequena companheira tem muito a aprender, e terei muito

prazer em treiná-la.

Quando eu pego suas mãos e as prendo acima de sua cabeça, ela se afasta.

— Blaze, há pessoas...— Ela olha para a janela atrás de mim e depois traz seu

olhar de volta para o meu. — E não estamos atrás da tela…

Eu rio do rubor que mancha ainda mais suas bochechas. — Eles não

podem ver o interior.

Apertando meu aperto sobre ela, eu ando para o outro lado da sala e

pressiono sua coluna no vidro. Seus olhos azuis estão arregalados, mas são

mais brilhantes do que o centro de qualquer chama e tão aquecidos quanto.

Lentamente eu deslizo minha palma para baixo e corro meus dedos sobre suas

dobras antes de mergulhar meu dedo dentro de sua boceta. A umidade que

encontro lá me faz gemer.

— Você gosta da ideia de ter um público desconhecido, não é? — Eu

raspo.

Ela lambe os lábios, sua língua rosa saindo rapidamente para deixar um

brilho de umidade. — Tem certeza que eles não podem ver?

Eu removo meu dedo, mas apenas para que eu possa agarrar sua boceta.

— Isso aqui — eu digo, agarrando-a ainda mais forte — É meu, e eu não vou

compartilhar com ninguém. Então você realmente acha que eu deixaria eles

verem?

Kayla balança a cabeça, mas eu quero uma resposta verbal, então flexiono

meus dedos, arrancando um suspiro dela.

— Não — ela diz, sua voz pouco acima de um sussurro.


— Você faria bem em se lembrar disso.

Eu a coloco no chão, e ela se inclina pesadamente contra o vidro enquanto

eu desabotoo minha camisa. No momento em que eu removi todas as minhas

roupas e silenciei o implante debaixo da minha banda, o cheiro de excitação de

Kayla enche o ar. Seu olhar percorre meu corpo lentamente, e eu a deixo me

beber. Quando ela engole profundamente, traz de volta imagens do tempo que

eu fodi sua boca, e tanto quanto eu quero isso, eu quero estar mais dentro dela.

Eu envolvo minha mão em volta do meu pau e acaricio languidamente,

meus olhos fixos nela. — Você vê o que você faz comigo?

Sua resposta é arrastar o lábio inferior entre os dentes, e foda-se, isso me

desfaz.

Estou sobre ela em um segundo, segurando seus quadris e levantando-a

até que estejamos no nível dos olhos. E então eu empurrei nela, amando a

sensação de sua boceta apertada apertando meu pau. Ela se ancora, agarrando

meus ombros enquanto eu me choco nela repetidamente, seu cabelo ruivo

levitando enquanto seu poder acende, atormentando o meu.

Eu saio de seu corpo exuberante, e ela franze a testa para mim, mas então

eu a estou girando. Depois de agarrar seus pulsos e prendê-los acima de sua

cabeça, eu a prendo contra a janela.

— É melhor suas palmas não se levantarem desse vidro ou eu vou foder

sua bunda com tanta força quanto foder sua boceta. — Eu a libero, e ela

imediatamente estende as mãos contra a janela, me fazendo sorrir com

satisfação. — Essa é minha boa menina. — Eu corro meus dedos pelo

comprimento de seus braços antes de chegar ao redor e segurar seus seios,

olhando para seu reflexo. — Diga-me o que você vê, Kayla.


— Você. — Sua resposta é um gemido torturado enquanto eu belisco seus

mamilos.

— E o que mais, minha companheira?

Sua cabeça cai entre os braços estendidos, suas tranças vermelhas

balançando como chamas. Ela ofega e se contorce enquanto continuo a

acariciá-la, até beliscando de vez em quando.

— Eu te fiz uma pergunta — eu digo. Depois de dar uma carícia final em

seus seios, eu arrasto minhas mãos por sua barriga e não paro até que eu esteja

deslizando minha mão direita entre suas coxas, onde eu quero

desesperadamente estar. Meu pau é como uma fodida pedra enquanto eu o

pressiono contra sua bunda, me forçando a esperar. — Responda-me — eu

digo, sacudindo seu clitóris.

— Eu me vejo — ela grita.

— Ah, mas você não. — Com minha mão livre, eu enrolo seu cabelo em

volta do meu pulso e puxo sua cabeça para trás até que esteja nivelada. Seu

olhar ardente encontra o meu no vidro, e eu juro que ela está prestes a

incendiar o quarto quando eu esfrego seu clitóris. — Agora, me diga o que você

vê?

Seus lábios se separam em um gemido luxurioso, e eu quase gozo ao vê-

la assim, com minhas mãos sobre ela, persuadindo o prazer de seu corpo. —

Eu vejo sua companheira — ela chora.

— Essa boa resposta merece uma boa foda.

Estou dentro dela antes que ela possa dar o próximo fôlego, enchendo-a

ao máximo. Mas quando ela respira, ela canta meu nome como se fosse a única

coisa que a manteria viva.


Eu empurrei dentro dela, cronometrando meus golpes com aqueles em

seu clitóris, e nem uma vez eu tiro meus olhos dela. — Você sabe o que eu vejo?

— Eu pergunto, minha respiração difícil, meu peito arfando. — Eu vejo minha

companheira com meu pau dentro dela. Eu vejo sua doce boceta pegando tudo,

levando fundo do jeito que eu gosto.

— Oh Deus...— Kayla joga a cabeça para trás e sacode os quadris,

montando em mim com abandono.

— Não há deuses aqui — eu digo, nunca diminuindo meu ritmo. — Mas

ouvirei com prazer seus gritos de êxtase enquanto fodo sua boceta e você me

implora para não parar. E eu não vou. Vou continuar até que você conheça

toda a extensão do meu desejo por você.

Concentro-me na coluna de sua garganta enquanto gemidos saem dela,

mas assim que o som muda para um grito, estou pronto para segui-la. Ela goza,

sua boceta aperta meu pau a ponto de eu não poder fazer nada além de fodê-

la loucamente enquanto gozo. Prazer bate em mim, me incinerando de dentro

para fora, obliterando tudo, exceto ela.

Quando finalmente fico quieto, percebo que sexo não é suficiente. Assim

como o fogo precisa de oxigênio para sobreviver, é assim comigo e com Kayla.

Se alguma coisa acontecesse com ela, eu me extinguiria, deixando de existir.

O pensamento me faz agarrá-la com força até que ela se mexe dentro do

meu domínio. Com meu pau ainda dentro dela, eu a seguro contra a janela e

destranco a faixa do meu braço esquerdo. Seus olhos seguem meu movimento

no vidro enquanto coloco a faixa em seu pescoço e a prendo. Seus dedos roçam

o ouro, e eu corro os meus até o vale de sua garganta.

— É lindo — diz ela, sua mão cobrindo a minha. — Obrigada.


Eu seguro o lado de seu rosto com minha mão livre. — Pertence a você,

Kayla. Cada Fireblood tem duas bandas, uma para eles e outra para sua

companheira. Eles são forjados com o metal mais forte de Koraxia.

— O que isso faz?

— Isso nos une de uma maneira que nenhuma outra facção é capaz de

experimentar. Também fortalece nosso poder, passando de uma banda para a

outra. Meu poder carregará o seu e vice-versa.

Um bocejo lhe escapa enquanto ela acaricia lentamente sua nova coleira.

Eu a coloco no chão e a levo até a cama. Depois de me acomodar, eu envolvo

meu braço em volta de sua cintura, puxando-a para cima de mim. Sua cabeça

repousa no meu peito, e por um longo tempo ficamos assim, em silêncio, seu

batimento cardíaco tocando em meus ouvidos e minha mão correndo

distraidamente por seu cabelo sedoso e ardente.

— O que aconteceu durante a sessão VIP? — ela pergunta baixinho.

— Eu não tenho certeza se é seguro para nós conversamos aqui — eu

digo, enrolando seu cabelo entre meus dedos. — Mas não aconteceu nada com

que você precise se preocupar.

Ela levanta a cabeça e olha para mim. — Ela tocou em você?

Eu continuo acariciando seu cabelo novamente. — Não. E era um ele.

Seus olhos se arregalam em orbes. — O cliente era um cara? — Para

minha surpresa, ela apenas ri. —Por alguma razão, isso me faz sentir melhor.

— Você se preocupou comigo? — Eu sussurro, correndo um dedo por

sua bochecha corada. — Ou talvez até com ciúmes?

— Com ciúmes? — Kayla balança a cabeça. — Não. No entanto,

possessiva? Talvez um pouquinho.


Eu rio e a puxo para beijá-la. Ela dá um suspiro satisfeito e se aproxima

até que sua boceta está posicionada sobre meu pau. Deslizo minha mão pela

curva de seu corpo e gentilmente agarro seu monte, dando um aperto suave.

O gemido que escapa dela endurece meu pau, e estou pronto para ir de novo.

Minha companheira, com colarinho e envolto em meus braços assim,

com uma boceta que só eu posso preencher...

Que época para estar vivo.

Agora eu só preciso tirá-la daqui, e então podemos passar o resto de

nossas vidas assim.


CAPÍTULO TREZE

KAYLA

Piso térreo do estádio está vazio.

Eu protejo meu olhar contra a luz do sol que atravessa o telhado aberto.

Os assentos em camadas estão cheios de espectadores olhando para nós,

observando nossos trajes de voo combinando. O material preto adere ao meu

corpo como uma segunda pele, e as chamas vermelhas bordadas pelos meus

braços e pernas brilham quando eu me torço para observar o ambiente.

— Onde você acha que estão os alvos? — Eu pergunto a Blaze, virando-

me para pegar os músculos apertado com força em sua mandíbula.

Antes que ele possa me responder, outra porta se abre, e a plateia explode

em aplausos com os alienígenas entrando. Eu não tenho ideia do que essas

criaturas são, mas elas estão todas blindadas e carregando armas do

comprimento do meu corpo. Eu fico tonta ao vê-los.

— Parece que nós somos os alvos — Blaze diz, e mesmo que sua voz soe

calma, eu sou tudo menos isso.


Eu lanço meu olhar entre ele e os alienígenas que avançam, quase me

deixando tonta. — Mas somos nós que temos os poderes de fogo.

Sua expressão escurece enquanto ele examina a área. — Bem-vindo ao

maior churrasco deste lado da galáxia.

Meu coração afunda na boca do estômago quando percebo que isso é

uma arena, não um estádio. Eu deveria saber que a coisa toda da performance

era uma armadilha. A julgar pela forma como Blaze pega minha mão e me

puxa protetoramente para o seu lado, eu não acho que ele sabia que isso

aconteceria também. O Luna Equinox não é uma demonstração de nosso

poder, é uma demonstração de nossa sobrevivência.

À medida que o ataque que se aproxima, fico mais congelada. Há tantos

aspectos disso que são errados e abomináveis, mas não consigo sair da minha

cabeça e me afastar dos meus pensamentos debilitantes. Eles me paralisaram

tão efetivamente quanto o veneno de uma cobra.

Até que Blaze agarra meus ombros, seus dedos cavando em minha pele

a ponto de doer, e me gira para encará-lo. Eu olho para ele de boca aberta antes

de virar a cabeça para olhar para os alienígenas novamente.

— Olhe para mim — Blaze rosna, me sacudindo. Meu olhar se fixa ao

dele, testemunhando o vermelho agora girando em seus olhos. — Eu vou te

proteger, mas não posso fazer isso se você não se recompor. Agora não é hora

de você ficar fria comigo porque somos nós ou eles. — Ele segura minhas

bochechas com as duas mãos, a ternura em seu toque um forte contraste com

a aspereza de seu tom. — Você está acasalada com um Fireblood, então, porra,

aja como tal.


Suas palavras penetram na névoa de terror que me cerca, e eu pisco para

ele enquanto minha mente clareia. — Ok — eu digo com um aceno conciso.

Em vez de responder, ele bate sua boca na minha, espetando meus lábios

com sua língua. Naquele momento eu posso sentir cada grama de preocupação

e paixão que Blaze tem por mim. O beijo acaba antes que tenha a chance de

realmente começar, e então ele me solta, posicionando-se na minha frente para

formar um escudo.

Os alienígenas avançam em nossa direção, e Blaze explode em fogo, cada

centímetro de seu corpo esculpido pelas chamas ardentes. Ele pega minha

mão, e isso não me queima, mas seus olhos sim, todo o caminho até o meu

núcleo.

— Vamos colocar fogo nessa cadela — diz ele com uma piscadela.

Lembro-me exatamente dessas palavras da minha sessão VIP com ele,

mas não tenho tempo para me divertir. As tatuagens em meus antebraços

brilham e formigam com o calor, então eu as estendo e deixo a energia fluir

através de mim. Fitas de fogo serpenteiam em volta dos meus braços até que

se desprendem da minha pele e deslizam para o chão. Eu levanto minhas mãos

e então as abaixo, o som estalando como o de um chicote.

E é exatamente nisso que meu poder se transformou - chicotes envoltos

em fogo.

Eles cortam o ar e silvam contra os alienígenas que entram em contato

com eles. As criaturas voltam a se contorcer, seus corpos escaldantes agora

cobertos de fogo. Blaze me lança um olhar orgulhoso antes de derrubar uma

criatura monstruosa de seis patas no chão com um único soco.

Uau, ele é muito mais forte do que eu pensava.


Blaze pega suas espadas e, com um único toque, as lâminas se

transformam em fogo carmesim como seu cabelo. Estou hipnotizada pela

maneira como ele se move, cada passo perfeitamente concentrado e

cronometrado. No entanto, há um frenesi em seus movimentos enquanto ele

atravessa os alienígenas que avançam em minha direção. No segundo em que

sua lâmina os toca, eles se transformam em cinzas que caem no chão manchado

de sangue. Não tenho tempo para me sentir mal por eles. São eles ou nós neste

momento, e não pretendo morrer neste inferno.

Com a sobrevivência na vanguarda da minha mente, luto ao lado de

Blaze, derrubando aqueles em nosso caminho. A tensão de usar meu poder não

é tão exaustiva quanto eu pensei que seria. É como se os chicotes fossem parte

do meu ser, apenas mais uma extensão de mim mesma, e eu os empunhava

quase sem esforço. A única vez que paro é quando uma mão longa e

esquelética agarra minha garganta e espreme o ar do meu corpo.

Meus pés balançam no chão enquanto uma criatura grotesca de olhos

esbugalhados me segura. Sua língua bifurcada desliza para fora através de

várias fileiras de dentes de tubarão, e baba uma gosma verde nojenta no meu

rosto antes de me jogar pela arena como um dardo. Eu bato em poças de

sangue, e mesmo enquanto luto para respirar ou ver através da minha visão

nebulosa, o inferno de Blaze me chama.

— KAYLA!

Eu rolo de lado, assobiando com a dor aguda que assalta minhas costelas,

e procuro na área por Blaze. Minha respiração falha quando eu o vejo fazer seu

caminho em minha direção do outro lado da arena, matando tudo em seu

caminho. A maneira como ele rasga os alienígenas que nos separam é


hipnotizante e aterrorizante de assistir. O mais preocupante de tudo é como

ele está tão focado em me alcançar que perdeu o controle de seu poder.

O fogo não protege mais seu corpo, e isso revela todas as feridas que

penetram em suas roupas rasgadas. Mesmo assim ele não para. Seus olhos

estão fixos em mim o tempo todo que ele carrega pela arena. Cadáveres

alienígenas se espalham pelo chão enquanto Blaze desfere um golpe mortal

após o outro, mas ele tropeça, incapaz de evitar o alienígena que pula em suas

costas. Meu grito mal sai dos meus lábios enquanto eu me esforço para ficar de

pé. Blaze está tão determinado a me alcançar que não está prestando atenção

nos alienígenas em seu rastro. Se eu não chegar a ele primeiro, ele certamente

vai morrer, e eu não deixarei isso acontecer.

Reunindo a pouca força que tenho, pego uma espada próxima e corro em

direção a ele. Meu poder cobre a lâmina com fogo, e eu rasgo os alienígenas ao

meu alcance, transformando-os em cinzas no momento em que os toco. Não é

até que o calor intenso me consome que eu paro momentaneamente. O calor

corre da minha cabeça até a base da minha coluna. Então eu levanto minha

espada para olhar meu reflexo. Que porra?

Meu cabelo está pegando fogo.

Cada fio é acariciado pelas chamas que percorrem meu corpo. No mesmo

instante, gotas de chuva caem do céu e chamuscam assim que entram em

contato comigo. No entanto, não há dor, apenas um desejo profundo e ardente

de alcançar Blaze. Estou tão perto que seus rugidos ensurdecedores chegam

sem esforço aos meus ouvidos. O colar em volta do meu pescoço vibra devido

à sua proximidade, me estimulando, mas meu estômago se revira quando o

alienígena que me jogou aparece atrás de Blaze.


Estou jogando minha espada nele antes mesmo de poder registrar o que

estou fazendo.

A arma voa pelo ar, criando um arco de fogo, e mergulha no crânio do

alienígena, o metal estremece depois. Blaze gira e chuta a criatura no peito,

enviando-a voando pela arena, e então ele está olhando para mim, seu olhar

cheio de uma fome frenética que eu ainda não tinha visto antes. Corremos um

em direção ao outro, eliminando o último dos alienígenas que estão em nosso

caminho.

A plateia explode em aplausos quando nos reunimos, quase me

ensurdecendo com seu júbilo. Eu não presto atenção a eles enquanto olho para

Blaze, meu coração aperta ao vê-lo tão abatido. Ele corre seu olhar sobre mim

também, suas feições escurecendo com cada pequeno ferimento que ele

encontra. Seus lábios sangrando se abrem, mas ele é impedido pelo som da voz

desencarnada do Mestre.

— Agora não foi uma performance maravilhosa? — ele diz, levantando-

se para se dirigir ao público. Seu movimento chama minha atenção para uma

sala que está bem acima do público, uma espécie de caixa de imprensa que é

emoldurada com paredes de vidro. Mesmo que o Mestre esteja longe de mim,

não há dúvida de que a figura encapuzada com uma máscara dourada é ele

quando Blaze xinga baixinho.

Eu mudo meu olhar para olhar para o mar de corpos que nos cercam. Eu

deveria sentir algum tipo de remorso, mas não sinto. Realmente éramos nós ou

eles, e eu não tinha intenção de perder Blaze ou nunca mais ver minha irmã.

Eu tive que fazer isso.


— Depois do banquete — o Mestre recomeça, chamando minha atenção

mais uma vez — os vencedores serão exibidos para seu prazer. — Ele se move

um pouco, e eu juro por tudo que seu olhar está em mim, mesmo que não haja

como confirmar a essa distância. — Sessões privadas também serão permitidas

— diz ele — então sugiro que você se apresse.

Ao ouvir isso, Blaze perde a porra da cabeça.

Seu corpo queima em chamas mais uma vez, e ele bate os punhos no

campo de força que protege o público, fazendo-os gritar de prazer. Sem ele me

segurando, meu poder diminui e meu corpo dói, deixando-me muito

consciente dos meus numerosos ferimentos. Eles são pequenos, mas conforme

minha adrenalina diminui, a dor deles se multiplica, e eu balanço

precariamente.

A escuridão ameaça me consumir enquanto eu afundo no chão. Blaze

continua atacando o campo de força com cada grama de poder que ele tem, e

a multidão está frenética neste momento. Eu tento falar, pedir para ele parar,

mas as palavras apertam no fundo da minha garganta. Enquanto Blaze não

pode penetrar no campo de força, ele consegue quebrar a barreira levemente,

e as expressões alegres das pessoas do outro lado desaparecem rapidamente.

Um feixe de cor ametista, ou laser, dispara para cercar o corpo de Blaze,

deixando-o imóvel enquanto ele é elevado do chão. Sigo a luz com o olhar e

prontamente encontro a fonte. Apesar da minha exaustão, ainda solto um

suspiro com a descoberta. O Mestre tem uma única mão levantada, e o poder

flui dele.

— Solte-me! — Blaze ruge. Ele tenta se libertar, mas o poder da ametista

o segura como um torno. E então outro laser bate no meu peito e me levanta
no ar ao lado de Blaze. Eu grito quando a dor ondula através de mim em ondas,

e minha visão escurece.

— Deixe. Ela. Ir! — As palavras de Blaze estão cheias de algo que eu

nunca ouvi dele antes: medo.

O Mestre o ignora e opta por girar o pulso. O poder me cortando

rapidamente se intensifica, e meu coração convulsiona no meu peito, quase

como se estivesse prestes a explodir.

— Você está matando ela! — Blaze grita, o terror em sua voz espelhado

dentro de mim. — Deixe-a ir ou eu direi a eles o que você é, irmão!

Para minha total surpresa, o Mestre nos solta e caímos no chão.

Imediatamente depois, mãos agarram meus ombros e me arrastam rudemente

para os meus pés. Eu não vejo Blaze através das lágrimas enchendo meus

olhos, mas seu calor irradia para mim, misturando-se com a agonia persistente

que ainda fervilha meu corpo.

— Não toque nela — Blaze rosna, e o cheiro de carne queimada permeia

o ar logo antes de Blaze me pegar em seus braços. Seu toque por si só é

suficiente para me dar um pequeno impulso na força, e eu finalmente sou

capaz de ver. Assim que minha visão clareia, no entanto, alguém puxa Blaze e

o prende na parede. Ele me agarra com força contra seu peito, seu aperto

doloroso.

— Eu preciso levá-la para a clínica — diz ele.

O manipulador que o prendeu olha para meu companheiro e, após um

breve aceno, eles permitem que Blaze ande, mantendo-o preso entre eles.

Eventualmente, chegamos ao nosso destino, mas não tenho forças para me

importar. Tudo o que sei é que estou com Blaze e ele vai cuidar de mim.
— Como devo tratar as atrações com vocês dois pairando sobre elas?

Os manipuladores recuam e eu viro a cabeça em busca da voz. Um

homem alto de jaleco branco se afasta de um computador e se aproxima de

Blaze. O médico olha para Blaze antes de pressionar a mão na minha têmpora.

Sua temperatura é anormalmente quente como a de um Fireblood, mas ele não

tem nenhuma tatuagem visível como nós e seu cabelo é branco.

— O Mestre os quer curados e preparados para a celebração — diz um

manipulador.

— Sim, eu já sei disso. — O médico bate as mãos em um movimento de

enxotar. — Vai. Eu tenho meu trabalho cortado para mim se eu quiser curá-los

a tempo. — Então ele se vira para Blaze e diz: — Por favor, coloque-a na mesa

de exame para que eu possa avaliar seus ferimentos.

O manipulador troca um olhar preocupado com seu colega enquanto

Blaze me deita. — Temos ordens para permanecer aqui até que você tenha

realizado o tratamento necessário — diz ele, ajustando a arma de raios em seu

quadril. — O macho também deve ser contido novamente, pois ele é instável.

— É assim mesmo? — O médico para o que está fazendo e vai até ele.

— Eu tenho exatamente vinte minutos para realizar a cirurgia necessária

nessas atrações antes que elas sangrem e morram, então, a menos que você

queira manter o Mestre esperando e posteriormente arruinar sua festa, você

me deixará fazer meu trabalho em particular.

Depois de um momento tenso, o manipulador assente. — Vamos amarrar

o macho e depois esperar do lado de fora.

— Bom pequeno manipulador. Vá embora agora.


O macho retira algemas de prata de seu bolso e as prende nos pulsos de

Blaze antes de prendê-lo a um anel de metal com uma corrente presa a ele que

está embutida na parede. Depois disso, ele acena para o médico e sai com seu

colega.

Uma vez que estamos sozinhos, Blaze levanta as mãos, sacudindo os elos

da corrente. — Você está atrasado, Zeko. E tire isso de cima de mim.

— Perdoe-me, comandante. Demorei um pouco. — Zeko atravessa a sala

e abre a porta do armário, seu cabelo trançado chicoteando atrás dele como um

rabo. Amarrado e amordaçado dentro do compartimento está um Astro

ligeiramente surrado, seus olhos aterrorizados instantaneamente me

procurando. — Mas você me conhece, senhor, sempre pronto para um desafio

— diz o médico, seu tom alegre.

Eu sabia que algo não estava certo quando Blaze não lutou com o

manipulador enquanto ele o acorrentava. Isso, combinado com a temperatura

escaldante do médico, deveria ter me dado uma pista; é claro que Blaze tem

alguém do lado de dentro. Eu acho que eu estava muito fora disso para juntar

os fatos.

Zeko bate à porta e corre de volta para Blaze, que estende as mãos e

espera enquanto o médico passa um cartão na lateral das algemas. Eles

destravam e então caem no chão.

— Você fez bem, soldado. — Blaze dá um tapinha no ombro de Zeko.

— Agora remova o chip da minha companheira para que possamos

retornar a nave.
— Tenho tudo preparado. — Zeko enfia a mão no bolso e tira uma pinça

e uma agulha. O sangue corre para minha cabeça ao vê-los. — O tenente Yarex

está pronto para nos transferir para a nave sob seu comando — diz ele.

— Tenho suprimentos limitados, pois fui forçado a passar pela

segurança, mas acredito que Yarex colocou um transportador em sua banda.

Enquanto o médico se prepara para a cirurgia, Blaze retira um pequeno

implante de sua braçadeira esquerda. Não é maior do que a unha do meu dedo

mindinho.

Zeko para ao lado da cama, a ponta da agulha brilhando na luz que entra

pela janela atrás de mim. — Receio que não tenhamos tempo para administrar

nada além de alívio básico da dor, o que significa que isso vai doer um pouco,

mas farei o meu melhor para realizar a cirurgia o mais rápido possível.

Eu engulo meus nervos e aceno. — Apenas me diga o que fazer.

— Por favor, deite-se de bruços.

Blaze se move para o meu lado enquanto eu faço isso. Sinto-me um pouco

ridículo, mas estendo a mão para ele. Ele me segura com um aperto firme, mas

reconfortante, e eu fecho meus olhos assim que a agulha toca minha nuca. A

primeira picada é suportável, quase como doar sangue. Mas quando ele

perfura minha carne em busca do chip, a dor se torna intensa, e eu luto para

conter meus gritos. Eu os abafo o melhor que posso e seguro a mão de Blaze

enquanto o médico começa a remover o chip do meu pescoço.

De todas as coisas que enfrentei na minha vida – fome, experiências de

quase morte, perder meus pais, ser presa em um zoológico alienígena – esta é

a que me faz chorar. Eu riria se não fosse tão humilhante.


— Quase lá… — diz Zeko. Então ele exala em alívio. — O explosivo foi

removido com segurança da fêmea, senhor. Agora para os pontos.

Ele coloca a pinça em um carrinho médico próximo, e eu espio o chip no

canto do meu olho. Não é maior que uma unha. Como diabos isso poderia fazer

minha cabeça explodir? Tonta pela dor, fecho os olhos e me concentro na

respiração. A frieza de um pano úmido escovando meu pescoço é um alívio

bem-vindo, e eu gemo baixinho.

— Depressa — Blaze ordena, sua mão quente massageando círculos nas

minhas costas.

O médico acena com um dispositivo de varredura ao longo do meu

corpo. — Assim que a luz azul tocar você, o sangue que cobre sua pele

evaporará e todas as suas feridas serão costuradas. As contusões e o inchaço

permanecerão, mas pelo menos você pode funcionar corretamente.

Blaze aperta minha mão e então marcha para o outro lado da sala. Zeko

joga um tablet para ele, e Blaze o conecta a um computador próximo, então

começa a digitar tão rapidamente que seus dedos são um borrão.

— O que você está fazendo? — Eu pergunto, examinando sua aparência

maltratada. Quase todas as partes de seu corpo são visíveis através de suas

roupas rasgadas, e a visão de todos os seus ferimentos, mesmo que não sejam

fatais, cria um nó na minha garganta. — Você precisa se curar.

Zeko acena com a cabeça e se aproxima de Blaze com o scanner. — Se

você me permitir escanear você.

— Sem tempo. — Blaze mantém seu foco no computador. — Eu preciso

ajustar o cronômetro antes de sairmos daqui. A segurança de Kayla é minha

única prioridade agora.


O médico franze as sobrancelhas, mas cede com um aceno silencioso. Eu

não deixarei Blaze sofrer apenas para me proteger. Ele precisa ser curado tanto

quanto eu, então desço da mesa e pego sua mão.

— Por favor, deixe-o curar você?

Ele me olha duro por um momento. — Muito bem, Zeko, faça o que

quiser. — Então, virando-se para o médico, ele acrescenta: — Apenas o

suficiente para que eu possa chegar à minha nave. Pressa. Os cronômetros para

as atrações já foram ativados.

Uma vez que Zeko escaneou e curou a maioria dos ferimentos de Blaze,

ele empurra para fora da cama e pega minha mão na dele, puxando meu corpo

contra ele.

— Não importa o que aconteça, eu tirarei você daqui Kayla — ele diz, e

então ele bate em sua orelha, seus olhos ainda presos em mim. — Feche o

zoológico.
CAPÍTULO QUATORZE

BLAZE

Eu devo ter perdido muito sangue porque o som da voz de Teo

realmente me faz sorrir.

— Eu desmobilizei com sucesso o sistema de segurança do zoológico.

Você tem cerca de dez minutos, senhor, antes que eles percebam que algo está

acontecendo.

Eu aceno para Zeko, que também recebe a mensagem de Teo. — E

quantos manipuladores estamos enfrentando? — Eu pergunto, pegando a faca

oferecida pelo meu guerreiro. Empalidece em comparação com minhas

espadas, mas terá que servir.

— Há dois do lado de fora da porta — diz Teo, digitando em seu teclado.

— O resto do caminho está livre até chegar à exposição de espécies ameaçadas

de extinção, onde está sendo realizada a pós-festa. Você só precisa passar por

lá e, quando estiver do lado de fora, posso transporta-lo para a nave.

— Parece fácil o suficiente. — Zeko tira o casaco e alcança a porta,

parando para olhar para mim. — Pronto, senhor?


Eu aceno, e ele abre a porta. Cortes rápidos e delicados na garganta dos

manipuladores são tudo o que é preciso. Seus corpos imediatamente caem

flácidos, e nós os arrastamos para a sala de medicina antes de pegar suas armas

de raios e jogá-las no chão como carne descartada. Nossa furtividade ainda não

detectada, saímos para a parte principal da enfermaria e seguimos para a

exposição VIP.

A mão de Kayla desliza na minha, e ela me dá um aceno firme. Minha

companheira é forte diante do perigo, e meu orgulho por ela aumenta

exponencialmente com sua bravura. Preciso tirá-la deste zoológico, de

preferência sem ser detectada. Posso não ser tão silencioso quanto Xelias, mas

meu poder arde com a mesma intensidade.

Os sons de alegria chegam aos meus ouvidos muito antes de chegarmos

à exposição. Um treinador solitário fica de guarda do lado de fora, seu foco na

criatura correndo em seu recinto cheio de areia. Eu uso sua distração para

minha vantagem e libero a mão de Kayla para rastejar para frente e quebrar

seu pescoço sem um lampejo de remorso. Esses filhos da puta me

chantagearam e me prenderam, um guerreiro Koraxian, mas pior do que isso,

eles fizeram o mesmo com Kayla. Eu posso lidar com um monte de merda, mas

quando se trata de brincar com minha companheira, não há nível de vingança

que eu não esteja disposto a exigir.

Fundindo-se com as sombras da entrada, observo a exposição. O espaço

é iluminado com luzes de néon que piscam pelo chão. Os manipuladores se

movimentam, mas a principal fonte de entretenimento vem do arco, que estava

fechado quando estive aqui pela última vez. Através da porta aberta, os

espectadores da arena bebem e riem enquanto o Mestre se senta em um trono


dourado. A visão deles ferve meu sangue a um grau incinerador. Eu preciso

distrair os manipuladores se eu quiser matar o Mestre e seus seguidores no

meu caminho sem colocar em risco minha companheira.

— Afaste-se — eu digo, pegando fogo nas palmas das minhas mãos.

— O que você está fazendo agora? — O sussurro de Kayla pinga com

uma energia nervosa que canaliza para mim. — Blaze?

— Vou combater fogo com fogo.

Os olhos da minha companheira se arregalam. — E as atrações? Eles não

vão se machucar?

— O comandante colocou um cronômetro neles — Zeko a lembra — que

abrirá os cercados e deve permitir que eles escapem ilesos se saírem rápido o

suficiente. Eles são simplesmente programados para nos dar alguns minutos

de vantagem.

Concordo com a cabeça, examinando a exposição novamente. — Assim

que eu atear fogo, os manipuladores vão se distrair, e eu quero que você fuja

com Zeko. Não olhe para trás. Eu não estarei muito atrás de você.

Kayla agarra meu braço, arrastando minha atenção para ela. Apesar da

preocupação em seu olhar, fico feliz que ela não refute a ordem e, em vez disso,

me observa jogar uma bola de fogo no canto da exposição. As chamas

explodem rapidamente, e os manipuladores correm em um esforço para

extingui-las. Enquanto isso, Zeko corre com Kayla pela sala, suas facas e arma

de raios em punho.

Depois que eles passam pela saída, não perco tempo e ateio vários

incêndios ao redor da sala. Meu foco principal é o arco, mas o fogo se curva ao

redor da entrada como se estivesse protegido por outro campo de força. Este é
provavelmente o mesmo escudo que foi usado na arena, e meu palpite é que é

apenas conducente ao poder dele, não ao meu.

O Mestre sabia que eu tentaria matá-lo novamente, e parece que

precisarei voltar outro dia para me vingar.

— É o Koraxian. Pegue-o!

Os manipuladores certamente tentam me prender, mas sou muito mais

rápido do que eles. Eu incêndio o chão aos meus pés, criando uma barreira que

racha e assobia enquanto sobe em direção ao teto. No mesmo momento, os

recintos se abrem, permitindo que as criaturas escapem em meio ao caos.

Muitos deles atacam os manipuladores, finalmente livres para vingar-se.

Eu corro para fora e faço meu caminho pelo zoológico, incendiando cada

seção do prédio por onde passo. O caminho para a saída eu me lembro

claramente, mas é caótico com todas as atrações correndo, algumas brigando

entre si. Espero que tenham algum nível de inteligência ou vão queimar com o

resto deste lugar.

A entrada aparece, e eu desço a escada com ainda mais pressa. No final,

entro em um corredor, surpreso ao encontrá-lo quase vazio, exceto por três

entidades familiares. Kayla e Zeko estão do outro lado, mas entre mim e eles

está o tratador. Minhas mãos queimam ao meu lado enquanto eu

silenciosamente rastejo atrás de Biel.

— Por favor, repense isso, minha querida — diz Biel. — Fugir é suicídio.

Kayla balança a cabeça para ele, seus olhos correndo por cima do ombro dele

para mim. — Nós não pertencemos aqui.

— Claro que sim — argumenta Biel, desafiando um passo à frente.


Zeko puxa Kayla atrás dele e levanta suas armas. Ele não tira o olhar do

tratador.

Biel para e estende as mãos de maneira suplicante. — Esta é sua casa

agora, minha querida. Você é minha atração mais preciosa. Se você voltar

comigo, vou convencer o Mestre a não punir você ou seu companheiro.

Ninguém precisa morrer esta noite.

— Morrer? — Kayla zomba dele. — Você não se importa com quem

morre ou não. Basta olhar para o que você fez para nós e todas aquelas criaturas

na arena.

— Isso... eu não tinha controle sobre isso. — Biel dá mais um passo, e

tenho certeza de que Zeko está prestes a me dar um soco e matá-lo. — Eu adoro

todas as minhas atrações igualmente, mas você e Blaze são especiais para mim.

Seria uma vergonha terrível perder qualquer um de vocês, então, por favor...

Eu bato meu cotovelo no crânio de Biel, e ele solta um grito estrangulado

antes de desmoronar em uma pilha esparramada no chão.

— Sabe, eu nunca gostei muito de peixe — digo, cutucando a cabeça de

Biel com minha bota com tampa de aço. — Especialmente os azuis.

Embora seja satisfatório ver Biel inconsciente assim, estou tentado a

esmagá-lo para uma satisfação extra e tudo o que ele nos fez passar. Se não

fosse por Kayla pulando em meus braços, eu faria exatamente isso.

Eu a seguro contra o meu peito, o toque e a sensação dela

instantaneamente acalmando o inferno dentro de mim. — Agora, fêmea... Um

sorriso puxa meus lábios enquanto eu olho para ela. — Que tal eu te tirar daqui

como prometi?

Ela sorri, seus olhos cheios de lágrimas. — Sobre a porra da hora.


Com o zoológico queimando ao nosso redor, eu pego a mão de Kayla e

corro para fora do prédio, grata pelo ar fresco e pela liberdade que me espera.
CAPÍTULO QUINZE

KAYLA

Eu estou livre.

No entanto, quando meu olhar pousa em Blaze, sinto tudo menos isso.

De alguma forma, ele me amarrou a ele com pequenas cordas de emoção, cada

uma diferente, mas não menos forte. Embora, há três que superam todo o resto,

me prendendo a ele com tanta força que não tenho certeza se vou escapar.

A primeira é a admiração. Ele estava completamente confiante durante

todo o tempo em que estivemos presos no zoológico, mesmo quando as coisas

ficaram incompletas. Eu sabia que podia contar com ele para me manter calma

e focada, mesmo que eu quisesse entrar em pânico. A segunda emoção que

experimentei ao redor dele foi uma sensação de segurança ou proteção. E isso

só crescia a cada vez que ele me protegia. Depois de arcar com o fardo de cuidar

de Khloe, foi tão bom ter alguém cuidando de mim e colocando meus melhores

interesses em primeiro lugar. E a terceira emoção é o amor. Eu me apaixonei

por ele apesar do nosso breve tempo juntos. Cada desafio e ameaça que

enfrentamos me aproximava dele, me fazia perceber o quanto eu confio nele.


Blaze é um homem teimoso que é falho, mas essas imperfeições não diminuem

quem ele é.

E ele é alguém que quer ficar comigo para sempre.

Eu me inclino contra a parede da ponte, mais fraca emocionalmente do

que fisicamente. A atração que tenho por Blaze cresceu a uma taxa exponencial,

e temo que não vá parar tão cedo. Ou em tudo. Então, como isso funcionará

com minha irmã, supondo que estaremos unidos em um futuro próximo? E o

que eu faço da minha vida agora? Depois de tudo o que aconteceu, não consigo

imaginar voltar a viver o que vivi. Se você pudesse considerar isso uma vida.

Era mais uma existência patética do que qualquer coisa.

Não ter as respostas para minhas perguntas me frustra tanto quanto me

esgota. Então eu empurro os pensamentos de lado e redireciono meu foco para

Blaze enquanto ele dá ordens em rápida sucessão, sua voz forte e segura. Ele

está de volta ao seu elemento, no lugar a que pertence. É fácil ver que ser um

comandante é natural para ele, e sua tripulação parece respeitá-lo. Eles correm

para executar suas instruções, preparando a nave para viajar.

Eu mudo meu olhar para a grande janela e olho para o planeta abaixo

com um sentimento quase desapegado. Os incêndios iniciados por Blaze

provavelmente estão consumindo todo o zoológico agora, deixando-o fora de

ação permanentemente. O Mestre sempre pode reconstruir, mas esse é um

problema diferente para uma pessoa diferente. Meu único pensamento é que

os incêndios podem destruir mais do que os jardins do zoológico,

possivelmente criando o mesmo problema que tivemos na Terra.

É irônico que eu tenha passado a maior parte da minha vida com medo

do fogo e agora eu o incorporo.


Assim que a nave se lança no espaço e o planeta não está mais à vista,

Blaze caminha até mim e coloca uma mão ao meu lado, inclinando-se

casualmente contra a parede. Seu cabelo vermelho-rubi balança quando ele

inclina a cabeça, seus olhos âmbar me estudando.

— Você está bem? — ele pergunta baixinho.

— Sim. Eu só estou cansada.

Ele acena com a cabeça e depois se afasta da parede. Depois de pegar

minha mão na dele, ele me leva para fora da sala como se não tivesse uma nave

para navegar e uma tripulação para comandar. Então eu o paro com um

pequeno puxão em nossos dedos unidos.

— Tem certeza que não deveria ficar? — Eu lanço meu olhar para os

soldados koraxianos. — Eu posso esperar.

— Minha companheira tem precedência sobre tudo. — Ele abaixa a voz

para um nível conspiratório e aproxima seu rosto do meu. — Além disso, está

nave praticamente pilota a si mesma, então qualquer idiota poderia fazê-lo.

Ele pisca para mim e depois se endireita. — Vamos sair daqui.

Com um encolher de ombros, eu o sigo, meu olhar percorrendo o interior

da espaçonave. Existem tantos corredores diferentes que se desviam em várias

direções, mas o tema comum é a tecnologia avançada combinada com um

design elegante. Existem telas e botões iluminados com símbolos localizados

do lado de fora de certas portas. Presumo que sejam um tipo de medida de

segurança, mas estou exausta demais para perguntar a Blaze sobre isso. Luzes

revestem as passarelas, bem como o teto acima, e periodicamente uma voz

computadorizada faz um anúncio geral sobre o status da nave ou para notificar

um membro da tripulação sobre algo mundano.


Em suma, isso é incrível.

Finalmente Blaze me leva para dentro de uma sala que ele diz ser os

aposentos do comandante. A mobília é tão elegante quanto o resto da nave,

exceto que a roupa de cama é envolta em peles pretas e carmesim que carregam

por todo o quarto. Blaze passa pela cozinha moderna e aponta para os sofás de

couro aninhados ao redor de uma lareira elétrica vermelha. O aroma nítido e

limpo se choca fortemente com o cheiro de fumaça que ainda gruda no meu

cabelo e roupas, chamando minha atenção.

— Posso tomar um banho e ter algumas roupas limpas? — Eu pergunto.

— Estou farta da fumaça.

Blaze sorri para mim. — Melhor se acostumar com isso, companheira.

Onde há fumaça há fogo. E onde há fogo, com certeza haverá Firebloods

fodendo.

Eu tenho que cerrar meus punhos e minhas coxas para não enfrentá-lo.

Sexo com Blaze é incomparável, mas minhas perguntas precisam de respostas

antes que eu seja pega no turbilhão de sedução que ele cria. É difícil pensar

com clareza quando ele me beija ou coloca seu pau em mim.

Blaze basicamente fode meus miolos, me deixando sem pensar.

— Por mais tentador que seja — eu digo, vendo seu sorriso se achatar —

Terá que esperar. Eu realmente quero me livrar de qualquer coisa que tenha a

ver com o zoológico e meu tempo lá.

Ele passa a mão pelo cabelo carmesim, fazendo-me arrepender das

minhas palavras enquanto percebo a forma como seus músculos se contraem.

— Você tem razão. É difícil não querer estar dentro de você a cada segundo.
Depois de me mostrar como operar os mecanismos do chuveiro e apontar

a localização dos produtos de higiene, ele sai. Enquanto tiro minhas roupas do

meu corpo e as jogo no chão, continuo esperando Blaze voltar ao banheiro e

tentar me seduzir novamente. Mas ele nunca faz. Eu pondero sobre isso

enquanto tomo banho, mas não por muito tempo, porque se eu insistir nisso,

então eu ficarei louca. Sou eu quem queria espaço, e sou grata por ele ter me

dado, mas isso é tão diferente dele. Blaze é alguém que pega o que quer.

Mas eu também. E agora quero respostas.

Uma vez que estou relaxada e limpa, saio do chuveiro para me secar

rapidamente e, em seguida, coloco as roupas que Blaze deixou para mim. O

vestido de seda desliza sobre meu corpo e brilha como a lua contra a água

quando me viro para olhar meu reflexo. Eu me pergunto se Blaze escolheu a

cor por causa do colar de lua que usei no zoológico. O pensamento me faz

sorrir enquanto coloco uma calcinha de renda e deslizo meus pés em um par

de sandálias que envolvem minhas pernas até os joelhos, logo abaixo de onde

o vestido termina.

Assim que eu entro na sala, Blaze vira a cabeça na minha direção, seu

olhar travando em mim. Um sorriso floresce em seus lábios e, embora

certamente esteja cheio de desejo, há muito mais do que isso. Pode até ser

amor...

— Pegue o que lhe agradar. — Ele gesticula para a mesa cheia de comida

que não é familiar para mim. No entanto, depois de experimentar alguns que

uma vez no recinto, tenho mais vontade de experimentar a comida Koraxian.

Só espero que nada disso se pareça com um ouriço. — Eu já tive o meu

preenchimento — diz ele. — Mas você ainda precisa comer, e com frequência.
Deslizo para a cadeira em frente à dele e me inclino para trás, batendo

levemente meus dedos contra minha coxa. — Eu costumava comer o tempo

todo, mas isso foi antes dos incêndios queimarem o planeta e matarem seu

suprimento de alimentos. Agora eu só como o que posso, sempre que tenho a

sorte de encontrar alguma coisa.

— Isso — ele diz, seu tom duro e seus olhos brilhando, nunca vai

acontecer com você novamente.

Eu sorrio para ele, amando sua necessidade de cuidar de mim, mas não

posso deixar isso atrapalhar meus pensamentos. — Não sou só eu que vivo

assim — digo, pensando nos meus amigos.

— Costumava viver assim.

— Isso é verdade. Por enquanto.

O fogo em seus olhos brilha quando ele olha para mim. — Onde você

quer chegar?

— Eu preciso encontrar minha irmã. Ela é minha prioridade e sempre foi.

— Com o olhar de fúria contida de Blaze, estou batendo meus dedos na minha

perna muito mais rápido à medida que minha ansiedade aumenta. Não quero

irritá-lo, mas isso precisa ser discutido. — Eu estou rezando para que vocês a

encontrem porque eu não posso imaginar... — Eu tomo uma respiração

fortificante para manter minhas emoções sob controle. — Depois que ela for

encontrada, e daí?

Um músculo estala em sua mandíbula, seguido por uma mudança sutil

em seu assento. — Esta é uma pergunta capciosa?

Eu balanço minha cabeça lentamente. — Há outras pessoas com quem

me importo que precisam ser encontradas, além da minha irmã. Estou


preocupada com eles mais do que posso expressar, especialmente sabendo que

estão todos escravizados e espalhados pela galáxia. Então, estou perguntando

quais são seus planos, para ver se eles se alinham com os meus.

— E quais são seus planos? — ele pergunta.

— Fazer o que for preciso para encontrá-los. Se você não puder ou não

quiser me ajudar, pedirei a outro koraxiano assim que voltarmos à Terra.

— Quais são os nomes deles?

A investigação me pega desprevenida. Não só eu não estava preparada

para isso, mas ele perguntou tão baixinho que eu mal podia ouvi-lo. Blaze é

sempre alto e impetuoso, nunca calmo e controlado. Mas agora ele está imóvel,

e esse ar calmo sobre ele é enervante. Os únicos sinais de vida são suas

tatuagens que brilham a cada respiração, o que faz com que seu peito inche

como se estivesse com vapor. E depois há seus olhos, que perderam sua cor

âmbar para serem substituídos por um vermelho-sangue.

Eu inclino meu queixo e endureço minha coluna. Eu faria qualquer coisa

pelos meus amigos, mesmo que isso significasse enfrentar a raiva de Blaze.

— Khloe, Adam, Hazel e Jade.

Ele segura meu olhar por um longo tempo, e eu agarro os braços,

cravando meus dedos no material, para não desviar o olhar. Este macho alfa

está afirmando seu domínio, e enquanto isso está quente no quarto, não posso

me render a isso. Ele precisa entender que estou falando sério.

— Hazel é a fêmea humana que acasalou com Xelias, o comandante dos

Icebloods — Blaze finalmente diz.

— Que porra é essa? — Minha mente tenta absorver essa informação,

mas é como se mil pensamentos estivessem pulando como bolas de pingue-


pongue na minha cabeça, perturbando minha concentração. — Quando?

Como?

— Eu vi a transformação dela antes de sair para encontrar você — diz

ele. Ele arqueia uma sobrancelha, sua boca ligeiramente inclinada. — Quanto

ao como ... acho que você já sabe.

— Antes de você vir me encontrar? — Repito, meu coração batendo mais

rápido a cada segundo. — Você sabia que ela estava segura e não me contou?

Blaze dá de ombros, mas o gesto indiferente não combina muito com o

conjunto tenso de seus ombros. — Não havia tempo antes de agora.

— Porque você estava muito ocupado tentando me foder? — Eu assobio.

Seu olhar se estreita em fendas. — Entre outras coisas.

Meu poder ondula através de mim, desencadeado pela minha raiva. Eu

fecho meus olhos e respiro fundo para não colocar fogo em Blaze. Não

funcionaria, mas me faria sentir melhor.

— Você está derretendo a cadeira, Kayla.

Meus olhos se abrem quando eu puxo minhas mãos para trás e as coloco

no meu colo. Com certeza, os braços estão destruídos. Um odor metálico

assalta minhas narinas, e estou chocada por não ter sentido o cheiro antes deste

momento. Dadas as profundas reentrâncias onde meus dedos estavam, é óbvio

que causei muitos danos naqueles dois segundos.

— E Adam? — Eu pergunto, redirecionando a conversa. — Eu sei que

você não tem interesse em homens, mas os Torags também não, então ele pode

estar vivo.

— Ele também está lá.


Meu corpo aquece a um nível quase insuportável, e eu ficaria

preocupada em entrar em combustão se não estivesse tão furiosa. Minha raiva

está mais quente que o fogo do inferno agora.

— Jade? — Seu nome sai mais como um grunhido do que um discurso

real.

Blaze balança a cabeça. — Infelizmente, essa fêmea ainda não foi

recuperada. No entanto, você pode ficar tranquilo sabendo que Castien, o

comandante Darkblood, está a caminho para recuperá-la. Eu não vou mentir

para você; ela foi enviada para o planeta escravo Lixis.

Meu corpo inteiro fica mole, fazendo com que meus braços caiam

apáticos ao meu lado e minha cabeça bata contra o encosto da cadeira. Jade,

minha amiga de natureza doce, a mais gentil do nosso grupo, foi enviada para

o lugar mais horrível que posso imaginar.

E isso diz muito, considerando que eu estava em um zoológico

alienígena.

Nenhuma lágrima vem, mas não importa porque meu coração chora por

Jade, doendo no meu peito a cada batida. Se Blaze não tivesse me dito que

alguém estava a caminho para resgatá-la, eu o manteria como refém e exigiria

que ele fizesse isso. Eu não sei se eu poderia realmente tirar a vida dele, mas

com o quão chateada eu estou, é uma coisa boa eu não ter que escolher entre a

sobrevivência dele e a de Jade.

Blaze se senta para frente em seu assento, o movimento atraindo meu

olhar. Eu levanto minha cabeça e o prendo com um olhar, minha fúria

retornando com força total. Eu não tenho certeza se ele ia tentar me confortar
ou se ele estava apenas se ajustando, mas Blaze continua mortalmente imóvel.

Juro por Deus que se ele fizer um movimento para me tocar, vou mordê-lo.

Parece que meu tempo como atração do zoológico teve alguns efeitos

latentes que eu não sabia.

— Quem a comprou não vai matar a fêmea — Blaze diz. —Ela é muito

valiosa para isso.

Eu cerro os dentes para não comentar. Há coisas piores do que a morte,

como estupro, abuso e a perda de um ente querido. Só de pensar em Khloe fico

sem fôlego. Eu tenho que respirar fundo várias vezes para não desmaiar com

o pensamento dela estar morta. Mesmo que eu queira perguntar sobre minha

irmã, não tenho certeza se posso lidar com a verdade. Ela é minha única razão

de viver agora que Blaze me traiu. Antes de sua decepção, eu teria continuado

por causa dele, não querendo que ele experimentasse a perda de sua

companheira junto com seus poderes, mas agora...

Foda-se ele e o cavalo, e essa nave espacial em que ele montou.

Não sei quanto tempo ficamos sentados em silêncio, e isso não importa.

Eventualmente, reuni força emocional suficiente para perguntar sobre minha

irmã. O que quer que Blaze me diga, determinará meu futuro e,

inadvertidamente, o dele.

— E Khloe, minha irmã? — Minhas palavras são um sussurro, quieto e

fraco. Estou surpreso que ele possa ouvi-los, mesmo com seus sentidos

sobrenaturais.

— Ela está segura na Terra.

Meu corpo inteiro treme violentamente com a notícia. Desta vez minha

reação é tão severa que Blaze se levanta e corre para o meu lado. Estou
tremendo tanto que não consigo pronunciar as palavras para dizer a ele para

recuar. Ele agarra meus ombros e me puxa para fora da cadeira e me abraça,

enrolando os braços em volta da minha cintura para me manter de pé. Pontos

pretos preenchem minha visão, e minha cabeça se acalma, batendo em seu

peito. Ele me segura com tanta força que não consigo ouvir nada além do som

de seu coração batendo em meus ouvidos em um ritmo acelerado.

O alívio pelo bem-estar de minha irmã demora a se espalhar por mim. É

como melado enquanto desliza sobre mim, finalmente acalmando meus

tremores e regulando minha respiração. Mas essa garantia é seguida por um

profundo sentimento de perda. Ele rasteja ao longo de cada centímetro da

minha pele, me deixando fria apesar dos meus poderes de fogo

constantemente aquecendo minha pele. Quando a dor de tudo isso atinge meu

coração, eu respiro enquanto ela se quebra no meu peito.

— Como você pode? — Eu digo baixinho. Eu levanto minha cabeça e

olho para ele, minha voz ganhando força. — Como você pôde me deixar sofrer

de preocupação pela minha família?

Quando ele não me responde, eu agarro o material de seu traje de voo,

meus punhos tão apertados que doem. — Se você quer o melhor para mim, por

que não me contou sobre Khloe?

Com seu silêncio contínuo, um inferno de raiva cresce dentro de mim, e

eu o empurro com todas as minhas forças. Ele tropeça e então me encara com

os olhos arregalados, sua boca ficando frouxa. Eu corro meus dedos ao longo

do colar dourado em volta da minha garganta, e uma vez que localizo o botão

de liberação, eu o arranco do meu pescoço. Um estrondo alto ecoa na sala

quando eu o bato na mesa, e eu juro que pego Blaze se encolhendo.


— Pegue isso e encontre uma nova companheira, ou enfie na sua bunda,

porque terminamos.
CAPÍTULO DEZESSEIS

KAYLA

A visão da Terra do espaço é de partir o coração.

Em vez dos azuis, verdes e brancos vibrantes, não há nada além de preto,

vermelho e cinza. As cores representam a morte, e isso condiz com o status do

planeta, já que está quase lá. Mas é onde minha irmã espera por mim, então,

apesar da imagem deprimente que apresenta, estou feliz em ver a Terra mais

uma vez.

E dar o fora desta nave, longe de Blaze.

Depois que ele admitiu saber que minha irmã, junto com Adam e Hazel,

estão seguros, eu não aguentei vê-lo. Então me deram um quarto separado,

longe do dele. E eu não o deixei nenhuma vez.

O que significa que eu não tenho falado ou visto aquele fodido mentiroso

em dias.

Minha raiva esfriou de uma raiva fervente para um fogo brando, mas

meu coração ainda me dói. Embora, eu gostaria que não, porque isso mostra

que eu ainda me importo com ele. Neste ponto, estou mais do que ansiosa para
ver minha irmã porque senti falta dela e preciso de uma distração.

Desesperadamente.

Em poucos minutos, a nave aterrissa no deserto estéril que é a parte norte

dos Estados Unidos, e é mais sombrio do que me lembro. Claro, o planeta

inteiro se parece com isso, mas é minha casa. No entanto, estremeço com o

pensamento de estar lá novamente, mal sobrevivendo.

— Por favor, apresente-se na doca de carregamento — diz uma voz

feminina computadorizada. — A chegada ao planeta chamado Terra está agora

completa.

Excitação e pavor rodopiam em minhas entranhas enquanto saio da

espaçonave. Eu sei que não posso evitar Blaze para sempre, e a ideia de vê-lo

faz meu estômago apertar. Mas o pensamento de me reunir com minha família

acelera meus passos até que estou correndo pelos corredores. Uma curta

viagem de elevador e um passeio por um corredor me levam à rampa que já

está baixada. Um grupo de Firebloods está esperando na saída, mas apenas um

está olhando para mim.

Eu lanço meu olhar para Blaze e aceno uma vez. Então eu viro minha

cabeça e o dispenso dos meus pensamentos enquanto desço a rampa. Apenas

para parar de repente ao ver meus amigos esperando por mim.

Hazel tem cabelos e tatuagens azul-gelo, denotando seu status de

acasalada. Adam está de pé e parece mais robusto e saudável do que eu jamais

poderia imaginar.

E então há Khloe, minha gêmea…


Em vez de loira, ela agora tem cabelo preto meia-noite com mechas

metálicas passando por ele, mas eles parecem metal de verdade, o que combina

com as tatuagens prateadas gravadas em seus antebraços.

Minha boca cai aberta quando chego a um acordo com o fato de que

minha irmã também está acasalada com um Koraxian. Sua expressão espelha

a minha enquanto seu olhar me examina da cabeça aos pés. A última vez que

nos vimos, éramos completamente normais, e agora somos tudo menos isso.

— Sua puta! — ela grita. — Você está atrasada, como sempre.

— Cadela hipócrita! — Eu grito de volta. — Cheguei a tempo.

E então eu estou cegamente correndo para ela com lágrimas escorrendo

pelo meu rosto. Eu a esmago para mim assim que ela está ao meu alcance, e

Hazel se junta jogando seus braços em volta de nós. Essa rara demonstração

de carinho dela me faz chorar ainda mais.

— Abraço coletivo! — Adam diz alegremente. E então ele entra em ação.

Nós nos abraçamos por um longo tempo antes de nos soltar. Mesmo

assim, eu pego a mão de Khloe e dou um aperto.

— Eu não posso acreditar que estamos todos aqui — eu digo, enxugando

meu rosto com minha mão livre. — Pensei que nunca mais te veria.

— Você e Jade estavam entre as mulheres que foram despachadas antes

que pudéssemos resgatá-las — diz Hazel. — Encontramos Khloe em uma das

cápsulas regenerativas, onde ela estava sendo mantida até que seus pulmões

estivessem funcionando completamente. É por isso que ela ainda estava no

complexo.
— Não me lembro muito depois que eles levaram você — diz Khloe,

— mas quando acordei, Hazel estava lá e todos os meus problemas

respiratórios desapareceram.

— E Jade? — Eu pergunto.

—O comandante Darkblood, que atende pelo nome de Castien, está a

caminho para recuperá-la — diz Hazel. — Por que você não vem a bordo da

nave de Xelias para que possamos conversar um pouco?

Adam faz uma careta, mas seus olhos brilham com diversão. — Eu não

estou interessado em conversa de garotas, então vejo vocês mais tarde.

— Você vai fazer treinamento de armas com Titan? — Hazel pergunta,

arqueando uma sobrancelha. — É melhor você ter cuidado com ele. Ele é leal

a Xelias, mas não posso dizer se Titan está brincando sobre ajudá-lo na prática

de tiro ao alvo ou querendo que você seja o alvo.

— Ele está sempre falando merda. — Adam se inclina e dá um beijo na

bochecha dela. Ele esfrega os braços depois e sorri. — Ainda não estou

acostumado com o quão fria sua pele está agora.

— Apenas certifique-se de que Titan não vá longe demais ou eu vou

congelar suas bolas e estilhaçá-las — diz Hazel.

Com uma piscadela, Adam vai embora e Hazel suspira. — Venha

comigo.

Nós a seguimos até a nave e depois em uma área comum cheia de

mulheres humanas. Algumas delas eu reconheço do complexo, mas o resto são

estranhas para mim. No entanto, todas elas parecem saudáveis, e a maioria

delas está sorrindo enquanto conversam ou brincam com tablets. É incomum


ver tantas pessoas relaxadas e sem aquele olhar esquelético em seus olhos

enquanto esperam pela próxima refeição.

Depois que todos nos sentamos em um sofá que fica no canto mais

distante da sala, o olhar de Hazel encontra o meu. — Como Blaze tratou você?

Eu franzo meus lábios enquanto reúno minhas palavras. — Ele salvou

minha vida, e eu sou grata que ele me trouxe de volta para vocês. Mas…

— Ele é um idiota — Hazel termina.

— Ele pode ser. — Com um suspiro pesado, deixei minha cabeça cair

para trás para descansar no sofá e olhar para o teto. — Houve momentos em

que eu realmente pensei que ele se importava comigo, mas ele mentiu para

mim o tempo todo, e eu não consigo superar isso.

Khloe descansa a cabeça no meu ombro. — Sobre o que ele mentiu?

Eu me mexo para olhar para ela. — Ele não me disse que você, Hazel e

Adam estavam seguros aqui. Embora ele não tenha dito o contrário, ele me

deixou acreditar que você ainda precisava ser resgatada.

— Mas por que? — Khloe olha para Hazel como se ela tivesse a resposta.

— Se ele tivesse lhe contado a verdade, então isso não faria dele o herói, já que

ele seria aquele que o resgataria e a traria de volta para nós?

Hazel cruza os braços e pressiona os lábios tingidos de azul. Sua

aparência gelada combina com sua expressão facial fria. É óbvio que ela

conheceu Blaze antes e não está tão impressionada.

— Eu não acho que ele me disse para que eu não tivesse outra escolha a

não ser dormir com ele — eu digo. Com o olhar horrorizado no rosto da minha

irmã e o estreitamento do olhar de Hazel, apresso-me a explicar. — O dono do

zoológico em que eu estava prendeu Blaze e disse a ele que ele nos deixaria ir
se usássemos nosso fogo para entreter seus convidados de elite. Mas todos nós

sabemos o que é preciso para que isso aconteça.

Minha irmã cora, mas Hazel permanece inalterada.

— Olhando para trás, acho que era a única opção para mim — digo.

— Sem Blaze ter seu verdadeiro potencial, nunca teríamos saído de lá. E não,

ele não me forçou.

Todo o corpo de Hazel relaxa e Khloe exala silenciosamente.

— Mas por que ele omitiu essa informação? — Hazel pergunta,

inclinando a cabeça para olhar para mim. Quando dou de ombros, ela

continua: — Acho que ele fez isso porque estava com medo.

Minha testa franze enquanto eu amasso meu rosto. — Sobre o que? Blaze

não tem medo de nada.

— Ele estava com medo de perder você — diz Hazel suavemente, o frio

em seus olhos agora desapareceu. — Esses machos Koraxianos vieram para a

Terra com a única intenção de localizar potenciais companheiras que

pudessem desbloquear seus poderes, mas o que eles não sabiam era que eles

se uniriam às fêmeas humanas. Esse apego os faz agir irracionalmente porque

o pensamento de ficar sem sua companheira é algo que eles não conseguem

entender.

Khloe pega minha mão, puxando meu olhar para ela. — Blaze deve ter

assumido que você não ficaria com ele se soubesse sobre mim.

— Ficar com ele onde? — Eu pergunto.

— Todos os comandantes estão espalhados pelas galáxias para recuperar

as outras mulheres — diz Hazel. — Enquanto isso, Xelias e eu estamos no

processo de localizar mais refugiados aqui na Terra, e nem todas as ameaças


vêm de alienígenas. Essa garota chamada Meghan estava realmente sendo

mantida prisioneira em um maldito culto, e quando os guerreiros de Xelias

foram resgatá-las, os homens humanos mataram todas as mulheres. Foi de

partir o coração.

Hazel limpa a garganta e me dá um pequeno sorriso. — Acho que Blaze

sabia que você gostaria de ficar com Khloe em vez de com ele, o que significava

que ele estaria partindo para a próxima missão de resgate sem você, Kayla.

Khloe acena com a cabeça. — Nydris ficou aqui comigo em vez de sair

com seu comandante, Castien, porque ele não queria ficar sem mim. Mas Blaze

é um comandante, então ele não tem essa opção, já que deu sua palavra para

ajudar os outros.

Como um balão, eu desinflo e afundo no sofá enquanto todas essas

informações me bombardeiam, abrindo buracos na minha parede de raiva.

Durante toda a jornada para casa, eu estava tão convencida de que Blaze era

um idiota mentiroso que não queria nada mais do que transar para que ele

pudesse obter seu verdadeiro potencial. Com Hazel pintando-o sob uma nova

luz e me permitindo ver suas inseguranças, eu entendo suas ações. Embora eu

não concorde com eles e nunca concordarei, posso simpatizar.

Especialmente porque eu não quero perdê-lo também.

— Xelias puxou a mesma merda comigo — diz Hazel com um revirar de

olhos. — Eu já tinha planejado ficar, e ele basicamente me disse que eu tinha

que ficar. Isso não foi muito bom para mim, mas terminou com um incrível

sexo de reconciliação, então não estou bravo com isso.

O rubor de Khloe retorna. — Nydris e eu não tivemos nenhum problema,

mas não estamos juntos há tanto tempo.


— Falando nisso — eu digo, sorrindo para ela — eu estou assumindo

que ele tem um cachorro-quente mais apetitoso do que sua paixão anterior?

— Kayla — minha irmã diz com os dentes cerrados.

A essa altura, não acho que seu rosto possa ficar mais vermelho, um

contraste gritante com o cabelo da meia-noite. Eu levanto minhas mãos em

rendição com meu sorriso ainda no lugar, enquanto o olhar de Hazel se move

de um lado para o outro entre nós.

— Eu não entendo — diz ela.

Khloe me dá um olhar aguçado. — É uma coisa gêmea. Certo?

A vontade de rir faz minhas bochechas doerem enquanto eu me seguro.

Eu não tenho certeza se Khloe está apenas envergonhada porque Hazel está

aqui e eu estou falando sobre o pau de seu irmão ou se minha irmã está

preocupada que Hazel vai machucá-la de verdade. Tenho certeza de que Khloe

também tem poderes e pode se defender, mas se não, vou derreter Hazel com

prazer. Mas só um pouco porque ela é da família.

— Sim, é uma coisa gêmea — eu digo. — Mas vocês estão felizes? — Eu

olho para as duas, estudando seus rostos.

Hazel acena com a cabeça, seus lábios se inclinando para cima. — Eu não

me importei com Xelias no começo, mas depois que eu o descongelei, encontrei

seu coração enterrado sob todo aquele gelo.

— Diga a Kayla o que mais está acontecendo em seu freezer — diz Khloe

com um sorriso.

Agora sou eu quem está olhando entre as duas mulheres. — O que é isso?

— Estou grávida, diz Hazel.


Khloe grita como se fosse a primeira vez que ela está ouvindo as notícias

quando obviamente não é. — Isso não é excitante?

Meus olhos se arregalam e pisco várias vezes antes de poder falar, e

mesmo quando o faço, é um desafio. — Isso é maravilhoso — eu digo, quase

empurrando as palavras. Não estou pronta para um bebê, mas isso não

significa que seja uma coisa ruim.

Se alguma coisa, isso me dá esperança para um novo futuro.

Perdi a conta do número de anos que todos vivemos em desolação

porque não valia a pena contar quando quanto maior o número, mais

deprimido você ficava. Mas agora o tempo tem um novo significado para ele.

Não conto as horas até minha próxima refeição, assim como não conto minhas

rações, estimando os dias que vão durar. Com os Koraxians invadindo nossas

vidas, eles fizeram mais do que apenas cuidar de nós. Eles nos deram a chance

de realmente viver e não apenas sobreviver. O bebê de Hazel será protegido e

amado, não um fardo para alimentar e um obstáculo ao viajar. Na verdade,

terá uma infância, uma vida digna de ser vivida. Por mais que eu esteja em

conflito sobre Blaze, eu sei que ele faria o certo por mim e qualquer filho que

tivéssemos juntos.

Eu olho para minha irmã quando um pensamento me ocorre. — Você

também está grávida?

Ela ri e balança a cabeça. — Ainda não. E você? É óbvio que você não foi

celibatária.

— Eu não estou grávida, tanto quanto eu sei, eu digo.

— Então o que você vai fazer agora? — Hazel pergunta. — Blaze vai sair,

se ele já não tiver ido.


Eu salto para os meus pés, meus olhos se arregalando. — O que? —

Várias das mulheres na sala olham na minha direção, mas eu as ignoro.

—Achei que ele ficaria mais do que algumas horas.

— Blaze tem algo para ficar? — Hazel pergunta. Então ela franze a testa

enquanto olha para mim, seus lábios achatando. — Tente não colocar fogo em

nada, ok? Eu não quero ter que correr atrás de você, congelando tudo à vista.

Meu rosto queima de vergonha quando apago as chamas nas palmas das

mãos e cruzo os braços. — Desculpe. Eu não estava pensando. Gente, eu

preciso ir falar com ele.

— Não deixe este planeta sem mim — diz Khloe. — Não posso passar

por isso de novo.

Eu bufo, soprando uma mecha carmesim da minha testa. — Eu não vou

embora. Eu só quero falar Blaze.

— Bem, ele está saindo — diz Hazel em seu estilo sem restrições. — De

acordo com Xelias, o comandante Fireblood resgatou você primeiro e trouxe

você aqui em vez de ir para o local de sua próxima missão. — Ela inclina a

cabeça e me olha com um olhar conhecedor. — Parece-me que ele trouxe você

aqui para que você não tivesse que esperar para ver Khloe. Para um idiota, ele

é meio doce.

— Oh meu Deus — minha irmã e eu dizemos em uníssono. Seu tom é

mais um grito, enquanto o meu é um gemido.

Khloe coloca a mão no meu braço, olhando para mim. Podemos não

parecer mais gêmeas, mas nossos olhos ainda são exatamente do mesmo tom.

E agora não há nada além de amor no azul de seus olhos, que se reflete nos

meus. — Eu acho que você deveria ir falar com ele — diz ela suavemente.
Eu aceno, apenas me movendo quando ela me dá um empurrãozinho.

—Eu volto já.

— Como eu disse, não vá a lugar nenhum sem mim.

— Sempre cuidei de você — digo a Khloe — e não pararei tão cedo,

então você pode apostar sua bunda que estará comigo, não importa onde eu

vá.

— Ouça-me, Kayla. Sempre apreciei o que você fez por mim, mas agora

tenho Nydris, então você não precisa mais me proteger. Além disso, tenho

poderes próprios. — Khloe retira a mão do meu braço e mexe os dedos. Fios

de fumaça se enrolam e ondulam no ar, ganhando densidade e escurecendo de

um cinza carvão para um preto escuro. E então ela toca meu pulso, e seu poder

inunda minhas veias com escuridão. A dor desaparece assim que ela se afasta,

o que foi apenas por um momento.

— Puta merda — eu suspiro, olhando para minha irmã. — Isso é tão

legal!

Ela sorri para mim.

— Show-off — diz Hazel, seus lábios se contraindo com o riso reprimido.

Khloe faz uma careta para ela e depois olha para mim. — Como eu disse,

eu ficarei bem. Agora vá buscar seu companheiro.

Eu começo a sair, mas então me viro e jogo meus braços em volta da

minha irmã. — Eu te amo.

—Eu sei.

Depois disso, abraço Hazel, lutando para não me emocionar. — Estou

muito feliz por você, e estou tão feliz que estaremos todos juntos novamente,

assim que Jade for encontrada.


— Hormônios estúpidos — diz Hazel, afastando-se para enxugar o rosto.

— Mas sim, eu também.

Esfrego minhas mãos, e elas aquecem instantaneamente. — Adam estava

certo. Você está fria.

— É uma das razões pelas quais Xelias e eu estamos aqui. Nós,

juntamente com os outros Icebloods, estamos extinguindo lentamente o fogo

da Terra na esperança de salvá-la antes que seja irrecuperável. — Ela acena

com a mão, e eu juro que um floco de neve flutua no ar como resultado. — Vá

pegar seu Fireblood, Kayla. Alguém precisa manter sua temperatura de cabeça

quente sob controle.

— Eu vou se eu não incinerá-lo primeiro.

Enquanto me afasto, ouço vagamente Hazel dizer a Khloe: — O sexo de

reconciliação deles vai incendiar o planeta novamente. Acho que devo avisar

Xelias.
CAPÍTULO DEZESSETE

BLAZE

Xelias olha para mim incrédulo como se eu tivesse acabado de bater

meu pau na mesa.

— Você tem certeza de que o Mestre exerceu o poder proibido?

Eu me inclino para trás em minha cadeira dentro da sala de conferências

e coloco minhas mãos atrás da cabeça. — Agora, eu mentiria para você, Xelias?

O Iceblood olha para mim friamente, seu semblante vazio de emoção.

— Eu diria que não. Fireblood são muitas coisas, mas mentirosos raramente é

uma delas. Você diz que o Mestre usou seu poder em você?

— Claro que ele fez. E sim, era como se tivesse vindo de um Aetherblood.

Machucou como uma cadela.

Nós dois xingamos com a menção da facção exilada.

Xelias abre a boca, então a fecha com força quando o tablet colocado

diante dele pisca.

— Chamada de conferência recebida — relata a IA. — Deseja aceitar ou

recusar esta ligação, Comandante Xelias?


—Aceito — diz ele, endireitando e juntando os dedos sobre a mesa.

Uma a uma, as quatro cadeiras vazias se enchem de hologramas dos

outros líderes da facção. Castien é o último a se juntar, e ele é o único preso em

sua cadeira de comandante. Ele ainda deve estar a caminho de Lixis para

recuperar a fêmea Jade. Os outros comandantes estão em salas de conferência

semelhantes às nossas. Estranhamente, esta é a primeira vez que os vejo e não

desprezo imediatamente seus rostos.

Xelias olha ao redor da mesa lentamente e reconhece cada macho.

— Antes de começarmos esta reunião, gostaria de me desculpar,

principalmente com Maxim e Castien. Parece que você estava certo quando

sugeriu que o elemento Koraxian que encontrei aqui no planeta Terra poderia

ter vindo de um Aetherblood. Eu suspeito que eles estavam envolvidos com os

incêndios que devastaram este planeta, o que significa que sua existência não

é mais um boato.

Um silêncio denso cobre a sala, envolvendo-a com inquietação.

Enquanto estou sentado lá, vários pensamentos circulam pela minha

mente, mas um tem precedência sobre os outros, e isso me gela a ponto de

minha temperatura corporal rivalizar com a de Xelias.

— Então, basicamente, você está dizendo que alguém tentou matar

minha companheira com aqueles incêndios antes que eu chegasse a ela? — Eu

pergunto.

O olhar de Xelias fica tão frio que acho que ele vai congelar a mesa como

fez durante a última reunião. — Não quero tirar conclusões precipitadas, mas

parece que há um jogo sujo envolvido. — O Iceblood tamborila seus dedos,

seus lábios apertados. — Precisamos de mais dados.


— Vou recuperar o diário de viagem da nave de Gunnar, e podemos ver

onde mais os Torags estiveram — digo. — Eles seriam os primeiros a varrer

qualquer planeta moribundo, então provavelmente já estiveram em vários

locais. Podemos tirar amostras desses planetas e ver se há vestígios de

Aetherbloods lá também.

Castien passa um dedo anelado sobre o lábio inferior. — Você está se

voluntariando para o trabalho?

— Talvez, já que eu já tenho minha companheira. Você já encontrou a

sua, Castien? — Eu me viro para ele, observando com prazer enquanto o

sorriso derrete em seu rosto. — Eu me apressaria, irmão, porque a meu ver,

isso me deixa um passo à frente de você.

Ele estreita o olhar e abre a boca, mas o silêncio cai sobre ele quando Kai

bate um punho na mesa. Não há som, mas o movimento é claro o suficiente

para transmitir sua frustração.

— Chega de brigas — ele estala para nós e então se vira para Xelias.

— Esta reunião deveria ser sobre os Aetherbloods. Há mais alguma coisa que

precisamos estar cientes?

Xelias olha em minha direção. — É hora de explicar o que você descobriu

no Zoológico Solarix.

Concordo com a cabeça, pegando meu tablet e, em seguida, procuro os

dados necessários. Pictogramas e recibos incham no ar, e eu os deslizo sobre o

centro da mesa para que todos vejam.

— Eu pesquisei enquanto estava no zoológico e descobri que o Mestre

está comprando grandes quantidades de Elyxim de todo o universo. Tenho

certeza que todos sabem o que é isso, mas para aqueles que não sabem, é um
cristal antigo que foi usado para carregar poderes Koraxianos. Não foi visto

em nosso planeta desde que levou os Aetherbloods à insanidade, mas ainda é

comercializado em outros lugares.

— Por que o Mestre exigiria uma coisa dessas? — Daxis questiona,

tirando as luvas de couro para percorrer seu próprio tablet. — Ele não é

koraxiano.

— Isso é o que eu pensava até que ele demonstrou seu poder.

Daxis ergue os olhos de seu aparelho. — Você quer dizer que ele possuía

habilidades de Aetherblood?

— Parecia assim.

— Interessante. — O Airblood toca sua tela enquanto avalia os dados

piscando sobre a mesa. — Precisamos investigar isso mais a fundo. Se houver

mais como o Mestre, devemos mantê-los dentro do nosso radar.

— Bem, sobre isso...

— Minha rota me levará primeiro para mais perto de Guuldor, agora que

Blaze não está mais lá — Maxim interrompe, digitando em seu tablet. —

Vou interrogar o Mestre.

— Isso é se o Mestre ainda estiver vivo, eu digo, incapaz de esconder o

sorriso presunçoso puxando meus lábios. — Eu posso tê-lo matado ao sair.

— Você fez o quê? — Castien praticamente engasga com a palavra.

Eu dou de ombros para ele. — Ele colocou a vida da minha companheira

em risco. Eu fiz o que todo filho da puta ao redor desta mesa teria feito.

O olhar de Castien escurece. — Você destruiu o que poderia ter sido uma

informação fundamental para a nossa causa. — Ele passa a mão pelo cabelo
escuro e depois zomba. — Por que estou surpreso? Eu deveria esperar isso de

você.

—Você deveria calar a boca, Castien, ou eu queimarei esse seu rosto de

menino bonito. — O fogo escorre pelos meus braços e cobre minha carne em

chamas vermelhas. — De qualquer forma, você entenderá minha razão se

conseguir encontrar sua companheira.

O Darkblood é raro para mostrar sua raiva, mas agora suas feições se

contorcem em uma careta venenosa que muda seus olhos de preto para prata.

Essa é a primeira vez.

Um arrepio gelado percorre minha espinha enquanto a temperatura na

sala cai para um nível quase insuportável. Xelias se levanta de sua cadeira, um

sinal revelador de que eu preciso parar de incitar Castien.

— Blaze está certo — diz o Iceblood.

Agora, isso me pega de surpresa. É raro Xelias concordar comigo tão

facilmente. Eu libero a tensão em meus ombros e reprimi meu poder com uma

facilidade inesperada. É tão diferente das vezes em que queimei no zoológico.

— As fêmeas não são mais apenas um meio biológico para liberar nossos

verdadeiros potenciais — diz Xelias, segurando a borda da mesa. — Elas são

nossas companheiras predestinadas. Elas nos completam de uma forma que

nenhum poder jamais poderia. Com elas ao nosso lado, nossa agressão é

moderada na maior parte, mas o acasalamento também traz um lado protetor

para nós que é completamente sem precedentes. — Suas feições endurecem

consideravelmente. — Mas o lembrarei de que, embora algumas das fêmeas

que você resgata possam não ser suas companheiras predestinadas, elas são
companheiras de outros guerreiros Koraxianos, então trate-as com o máximo

cuidado e respeito.

Eu levanto meu queixo em direção a ele em concordância. — Todos nós

sabemos que eu seria o primeiro a chamar a atenção de Xelias, mas ele está

dizendo a verdade aqui. As fêmeas são tudo para nós.

Cada um acena com a cabeça, suas expressões sóbrias com a realidade da

situação: nossas companheiras são mais importantes que nossos poderes.

Kai então treina seu foco em mim, uma sugestão de um sorriso puxando

seus lábios. — Além de potencialmente matar o Mestre, notei que você não é

tão cabeça quente quanto normalmente é.

— Não se preocupe, eu ainda tenho uma cabeça quente — eu digo,

apontando para o meu pau, meu sorriso se alargando. — Talvez ainda mais

desde que encontrei minha companheira.

— Então está combinado — diz Xelias, voltando ao assunto em questão.

— Continuar resgatando nossas companheiras o mais rápido e seguro possível,

pois elas são a prioridade. Mas depois disso, precisamos coletar amostras dos

planetas no registro de Gunnar para ver se há uma conexão. Qualquer

evidência que possamos reunir é imperativa se quisermos chegar ao fundo

disso. — Ele se vira para Maxim. — O Mestre pode ainda estar vivo e crucial

para descobrir se há mais Aetherbloods por aí.

— Já terminamos? — Eu pergunto. Xelias me lança um olhar fulminante,

e eu dou de ombros. Eu preciso falar com minha companheira, e quanto mais

tempo eu passo aqui, menos eu fico com ela.

— Sim, terminamos. — diz Xelias. — Boa sorte, irmãos.


Cada comandante acena com a cabeça antes que sua transmissão se

disperse. Eu me viro para Xelias, mas a porta se abre, e Kayla invade a sala de

reuniões, determinação queimando em seu olhar. Xelias dá uma olhada em sua

expressão e me dá uma saudação zombeteira antes de sair. Enquanto isso,

Kayla marcha até mim.

Se olhar sozinho pudesse matar, eu não seria nada além de cinzas agora.

— Onde você está indo? — Seu tom é preocupado, me surpreendendo.

Evito meu olhar dela quando respondo, incapaz de suprimir a culpa que

aperta minha garganta. — Tenho o dever de honra de resgatar as outras fêmeas

que foram designadas para mim. Devo voltar e recuperá-las.

Ela abre a boca como se fosse falar, então a fecha e fica de costas para

mim. Por um longo tempo, ela apenas caminha ao lado da mesa, mordendo o

lábio inferior em contemplação. Finalmente ela se vira para mim, o vinco entre

suas sobrancelhas finas suavizando.

— Eu preciso saber uma coisa, Blaze.

— Qualquer coisa — eu sussurro, treinando minhas feições para não

revelar meu desconforto.

Com uma inspiração afiada, ela assente. — Diga-me a verdadeira razão

pela qual você nunca me contou sobre Khloe e os outros.

Eu descanso contra o lado da mesa e cruzo os braços. Tive muito tempo

para refletir sobre minhas razões, mas ao considerar cuidadosamente quais

palavras dizer, nenhuma delas é suficiente.

Porque eu a perdi, e nada vale isso.

Olhando para ela agora, é tudo que posso fazer para não agarrar Kayla.

Eu não toquei ou falei com minha companheira em dias, e isso está me


matando. Ficar longe dela parecia a melhor ideia na época, mas agora me

arrependo quase tanto quanto me arrependo de esconder a verdade dela.

— Eu tinha toda a intenção de trazer você de volta à Terra, Kayla. Eu só

queria um tempo com você primeiro. Eu queria convencê-la a ficar comigo

depois que eu a levasse para casa, mas eu sabia que você gostaria de ficar com

sua irmã e não pensaria duas vezes em mim. — Ao erguer as sobrancelhas,

acrescento: — Sim, foi egoísta, mas eu queria você desde o momento em que a

vi naquele maldito recinto. E eu sabia que faria qualquer coisa para resgatá-la

e reivindicá-la como minha companheira.

Posso não ter mentido diretamente para a fêmea, mas escondi a verdade

dela e nunca mais farei isso. Existem incontáveis lados da minha companheira

que aprendi a buscar e desfrutar; sua dor não é uma delas. Não quero ver a

mágoa nos olhos dela que testemunhei na minha nave. Prazer, contentamento,

alegria e êxtase são as únicas coisas que quero ver.

— Então é por isso que eu nunca te disse no começo...— Eu paro,

momentaneamente apertando minha mandíbula. — Bem, isso e eu também

estava envergonhado.

— Envergonhado? — ela ecoa, seus olhos se arregalando.

Eu expiro e limpo minha garganta. — Quase confundi Khloe com minha

companheira quando a vi. Acabou que era apenas o DNA dela que me atraía.

Durante toda a nossa vida, os koraxianos são informados de que você

conhecerá sua companheira assim que os vir, que é um instinto inato, e ainda

assim meu idiota fodeu tudo na primeira vez.

Kayla bate o lábio em pensamento. — Bem, ela é minha gêmea idêntica.

Não é como se você fosse atraído por algum Tom, Dick ou Harry aleatório.
Agora é minha vez de inclinar minha cabeça enquanto uma onda de

ciúme atravessa meu estômago. — Quem diabos é Tom? E por que você está

falando sobre o pau peludo dele?

Para minha surpresa, ela começa a rir, e eu juro que é o som mais incrível.

Pelo endurecimento do meu pau, acho que ele concorda.

— Não importa — diz ela, balançando a cabeça.

Suas tranças de fogo deslizam para lá e para cá, e eu tenho que fechar

minhas mãos para não alcançá-la. Enquanto observo seu sorriso e o brilho de

seus olhos, sei que não deixarei este planeta a menos que ela esteja ao meu

lado. Não vou aceitar um não como resposta. Mas não tenho certeza de como

consertar as coisas entre nós. Se ela me desse uma segunda chance...

Porque se ela não fizer isso, eu não sei o que diabos eu farei.

Ela sorri para mim. — Só quero dizer, não é irreal que você tenha sido

atraído por ela como sua companheira, já que compartilhamos o mesmo DNA.

Suas palavras liberam a tensão em meu corpo, e expiro longa e

ruidosamente. — Estou feliz que você não me considere um tolo, então.

— Ah, você definitivamente é isso.

Eu rodo meu olhar sobre a peculiaridade de seus lábios e seu corpo,

notando que ela está se inclinando em minha direção. Este é um bom sinal,

então eu faço o mesmo. Seu cheiro atormenta meus sentidos, e eu esqueço

temporariamente que ela acabou de me insultar, mas com razão. Eu mereço

suas palavras de desagrado pela dor que causei a ela.

— Eu sou um idiota do caralho — eu digo, fechando os olhos

brevemente. — Eu deveria ter te contado tudo.

— Isso mesmo.
Eu franzo a testa, mas seu tom não tem traços de ressentimento. De

qualquer forma, eu não me importo com o que ela me chama contanto que ela

continue olhando para mim do jeito que ela está agora.

— Você não precisa concordar, cara.

Ela dá um passo para perto de mim. — Nem sempre vou concordar com

você, mas posso perdoar.

Eu alcanço sua mão, e o alívio vem quando ela não me rejeita.

— Depois de falar com minha irmã e nossos amigos, entendo por que

você distorceu um pouco a verdade. Você só estava com medo de que eu te

deixasse assim que chegasse em casa.

O medo é uma emoção que eu pensei que nunca admitiria experimentar,

mas é exatamente como eu me sinto quando penso em perder minha

companheira. Depois de passar séculos ansiando por ela, nunca mais quero

ficar sem Kayla. E então eu aceno, reconhecendo aquela emoção profunda que

reprimi durante minha longa existência.

— Você é minha companheira — digo a ela, puxando-a contra o meu

peito. — Eu sei que estraguei tudo, mas quero que você saiba que não há nada

que eu não faça para ganhar seu perdão. Vou amarrar meu fogo ao sol desta

terra e trazê-lo para você, se for preciso.

Seus lábios se espalham em um sorriso que aquece seu rosto como raios

de sol. — Eu te perdoei antes de entrar aqui, Blaze, porque isso é amar alguém.

Perdão.

Eu escovo meu polegar sobre a costura de seus lábios. — Você poderia

realmente amar um Fireblood como eu?


Ela franze a testa, suas sobrancelhas finas se juntando. — Por que eu não

faria isso? Você voou por uma galáxia inteira para me salvar. Você foi preso e

quase morreu só para me levar para casa, para meus entes queridos. Eu não

preciso de um maldito sol para saber o quanto eu significo para você. — Sua

carranca desaparece, substituída por outro sorriso que faz um fogo pálido

tremeluzir sobre minha pele. — Só não minta para mim, ok? Ou eu queimarei

sua bunda sexy no chão. Eu me tornei bastante habilidosa com meu poder

agora.

Com um sorriso, inclino seu queixo e esmago minha boca na dela,

incapaz de conter meu amor por ela por mais tempo. O calor que se filtra entre

nós explode em um fogo insaciável que envolve nossos corpos em chamas

incandescentes. Eu a solto para pegar no meu bolso a faixa que carrego comigo

desde que ela a tirou.

Esta banda só pode e sempre pertencerá a ela: Kayla, minha companheira

predestinada.

Eu prendo a faixa em volta de seu pescoço e deslizo meus dedos pela

coluna de sua garganta até chegar ao vale de seus seios. Ela olha para mim

através de seus cílios, e a visão dela amarrada a mim novamente faz meu

coração inchar no meu peito.

— Agora podemos passar a eternidade juntos — eu digo.

Seu pulso vibra em seu pescoço. — Eu não achei que você fosse do tipo

romântico.

Eu ri disso. — Eu quis dizer isso literalmente. Todos os Koraxians são

imortais, e assim que acasalamos com quem amamos, nossas companheiras

também se tornam imortais. É o caminho da nossa espécie.


Aqueles olhos azuis hipnotizantes dela se arregalam em orbes. — Você

está brincando comigo?

—Pense assim... agora você pode passar a eternidade comigo e sua irmã,

já que ela acasalou com um Koraxian enquanto estávamos fora. Você obtém o

melhor dos dois mundos dessa maneira.

— Isso significa que você deixará minha irmã vir conosco? Podemos

resgatar as outras mulheres humanas juntas.

— Mas ela está acasalada com um Darkblood...— Eu acaricio meu

queixo, fingindo pensar sobre isso. E então ela me dá um soco, me fazendo rir.

Eu levanto minhas mãos em falsa rendição, e seus lábios franzidos se inclinam

em um sorriso. — Eu deixaria cada Darkblood em minha nave se isso fizesse

você ficar comigo. Embora sejam um grupo astuto e licencioso. Não é

realmente o tipo de macho que eu gostaria ao redor da minha companheira.

Na verdade, pode causar um prob...

— Pare de falar, Blaze.

Eu a puxo em meus braços, prendendo-a contra o meu peito. — Eu me

lembro do que aconteceu depois que você disse essas palavras para mim no

recinto.

Ela arqueia uma sobrancelha. — Então por que você ainda está vestido?

Eu a saúdo, em mais de uma maneira. Então eu roubo seus lábios para

um beijo que a deixa sem fôlego.

Parece que o destino sabe mais do que um estúpido macho Koraxian,

porque mesmo que eu tenha vindo para a Terra com a intenção de obter meu

verdadeiro potencial, acabei com algo melhor: uma companheira que é perfeita

para mim em todos os sentidos. Seu fogo, também incrível, não queima mais
do que seu amor por mim, e é isso que eu realmente busquei toda a minha

vida. Eu só não percebi isso até conhecer Kayla.

Agora, se eu conseguir evitar foder, seria ótimo. Então acho que terei que

convencer o destino a me abençoar mais uma vez, porque não há como me

comportar por toda a eternidade.

No entanto, com base no olhar no rosto de Kayla, estou pensando que

pode ser uma coisa boa…

CONTINUA ...

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