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Aula 51 – Relação fisiológica entre obesidade e depressão

- A prevalência da depressão na região sul é maior, possivelmente devido ao


clima, pouca luz, etc.;
- Ambas necessitam de diagnóstico clínico, com um profissional capacitado
para o diagnóstico. No caso da obesidade é mais fácil, pode ser feito através
da conta do IMC, por exemplo. No caso da depressão, o diagnóstico pode ser
feito por meio da história clínica do paciente, escalas, etc.; é um diagnóstico
mais heterogêneo pois existem diversas formas de depressão, cada pessoa
pode manifestar de uma forma (comer mais ou menos, dormir mais ou menos,
ficar mais triste ou mais anedônico, etc.);
- Ambas as patologias têm uma expectativa de aumento nos próximos anos;
- Estudiosos tem apontado que, quando apresentadas juntas, não são
patologias distintas, existem links que as ligam entre si. Isso não indica
causalidade, mas indica uma correlação.
- Também parece existir correlação entre sobrepeso e obesidade e aumento de
risco para desenvolvimento de um quadro de depressão, ou seja, pessoas
nessas condições podem ter maior chance de desenvolver depressão. Pessoas
com depressão também estão mais pré-dispostas a desenvolverem sobrepeso
ou obesidade e isso não está ligado ao uso de antidepressivos;
- A obesidade visceral é a mais relacionada a perigos, inclusive maior chance
de desenvolver depressão;
- Alguns estudos separam a depressão em:
 Melancólica: pessoa com mais sensação de inutilidade;
 Atípica: mais relacionada à letargia, fadiga.

- Parece que a obesidade está mais associada ao desenvolvimento de uma


depressão atípica (pode ser porque a pessoa fica mais inativa e se expõe
menos a determinadas situações);
- Um rato obeso necessita de uma quantidade muito maior de moléculas de
dopamina para caminhar, quando comparado a um rato magro;
*Fatores que influenciam a depressão e a obesidade

- Temos as 3 vias agindo no corpo: HPA, inflamação e leptina/insulina – todos


possuem fator genético;
- Outros fatores que exercem influência para desregulação em cada eixo:
 HPA (Hipotálamo-Pituitária-Adrenal): estresse precoce (infância) e
crônico;
 Inflamação: estresse, infecção e microbiota não-saudável;
 Leptina/insulina: microbiota não-saudável, dieta pobre e sedentarismo.
- Não temos controle sobre fatores genéticos, estresse e infecção, diferente
dos fatores sedentarismo, dieta e consequentemente microbiota;

HPA
- Eixo Hipotálamo-Pituitária-Adrenal
- Principalmente responsável por oscilações no ciclo circadiano, e também
envolvido com o estresse;
- Quando o sujeito está estressado, existe a detecção do estresse (perigo real
ou imaginário) pelo hipotálamo. Quando este estresse passa a ser crônico, o
eixo HPA começa a se desregular;
- Quando o hipotálamo detecta o estresse, ele libera CRH (hormônio liberador
de corticotrofina); o CRH desce até a pituitária (OU adenohipofise) e estimula a
liberação de ACTH (hormônio adrenocroticotrófico); o ACTH cai na corrente
sanguíne a e viaja até a suprarrenal, que gera a liberação de cortisol;
- O cortisol atua no sistema imunológico, suprimindo-o, diminuindo sua
atividade. Por isso, quando ficamos estressados, ansiosos por muito tempo,
ficamos gripados/doentes e, nos casos de doenças autoimunes, medica-se
com corticoides, para reduzir a ação do sistema imunológico e para que ele
pare de atacar o próprio corpo;
- O cortisol também atua no fígado, aumentando a gliconeogênese (formação
de nova glicose); no músculo, aumentando o catabolismo de proteínas, e no
tecido adiposo aumentando a lipólise;
- Tem uma alça de retroalimentação, ou seja, volta a atuar no cérebro, inibindo
a produção dele mesmo (como quase tudo no nosso corpo, quando aumenta
muito, o cérebro diminui a produção; quando diminui, a produção aumenta);
- Nos casos de estresse crônico, a produção do cortisol aumenta tanto que o
organismo não consegue mais regular o hormônio, fica resistente;
- Dessa forma, o corpo não para de produzir cortisol, ou seja, mais cortisol
disponível por mais tempo no corpo (hipercortisolemia), trazendo resultados
ruins tanto para a saúde física quanto mental: sistema imunológico cai,
produção de glicose exagerada pelo fígado (diabetes e pré-diabetes), músculo
degrada proteína (perda de massa muscular) e possivelmente acúmulo de
gordura;
- Atua também no hipocampo, região envolvida com memória e controle
emocional, fazendo com que essa região também sofra com o excesso do
cortisol. Estudos indicam que pessoas com depressão crônica (20/30 anos)
apresentam um hipocampo menor, atrofiado;
- Neurônios produtores de dopamina também sofrem com o excesso de
cortisol, causando um estado anedônico (sem vontade de fazer nada). Essa
queda dopaminérgica faz com que busquemos prazeres mais rápidos (comida,
álcool, drogas etc);
- Isso gera mais impulsividade e menos controle emocional, gerando uma série
de cptos. desadaptativos (impulsividade, depressão, compulsão), aumentando
as chances de desenvolver depressão;
*Outro link fisiológico:
- Doença de cushing – a pessoa tem o cortisol alto o dia todo. 90% das
pessoas com essa doença apresentam depressão e 95% sobrepeso e
ansiedade. Quando se regula o cortisol desses pacientes, alguns sintomas de
depressão somem.
Via da Inflamação
- Link entre depressão/ansiedade e sistema imunológico;
- Em ambas as condições, o corpo da pessoa tem mais citocinas pró-
inflamatórias;
- A inflamação elevada e crônica contribui para uma redução da sinalização
dopaminérgica, fazendo com que haja alterações no cpto. Alimentar e no
humor, ambos relacionados com depressão e obesidade;
- O aumento das citocinas aumenta a atividade do eixo HPA, por isso o fator
“estresse crônico” influencia tanto a inflamação quanto o eixo HPA;

Via da desregulação leptina/insulina


- Leptina = hormônio responsável pela saciedade;
- Usar o alimento além de sua função de saciar a fome, a leptina perde sua
“força” pois tem outros eixos mandando comer (recompensa, culpa, tédio,
aspectos sociais);
- Resistência à ação da leptina, ou seja, perde a noção de saciedade;

Microbiota
- População de organismos do intestino (bactérias), que fazem uma conexão
intestino-cérebro, à medida que esses organismos são importantes para a
síntese de mensageiros e neurotransmissores;
- Parece que uma microbiota bagunçada (pobre de nutrientes) começa a ser
mais permeável e reduz seu efeito;
- Em fezes de pessoas com depressão a microbiota é diferente das de pessoas
sem depressão;
*Tanto pessoas com obesidade quanto com depressão apresentam regiões
cerebrais alteradas;
 Informações aleatórias da aula:
- Parkinson: morte de neurotransmissores de dopamina através de uma via
(nigroestriatal) ligada ao movimento, por isso a “tremedeira” característica da
doença.

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