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TEORIA DOS PRINCÍPIOS

Referência: Humberto Ávila –


Teoria dos Princípios: da definição
à aplicação dos princípios jurídicos
(2015)
Introdução
• Princípios e Regras não se distinguem pelo nível
de abstração ou sobreposição, pois não possuem
as mesmas propriedades. O que os distinguem é
o modo de aplicação e pela forma de solução dos
conflitos.
PRINCÍPIOS
• Neste sentido Robert Alexy sustenta que os princípios
são aplicados em parte, pouco a pouco, e as regras de
maneira integral, por meio da técnica da subsunção
(quando o caso concreto se enquadra à norma legal em
abstrato. É a adequação de uma conduta ou fato
concreto (norma-fato) à norma jurídica (norma-
tipo). Ex: é a tipicidade, no direito penal; bem como é o
fato gerador, no direito tributário).
PRINCÍPIOS
• Quanto à forma de solucionar eventuais
conflitos, no caso dos conflitos utiliza-se a
técnica da ponderação (ou solução conciliadora).
Sua proposta visa solucionar possíveis colisões
entre direitos fundamentais, aos quais reputa a
natureza de princípios.
PRINCÍPIOS
• Pode-se sintetizar que os princípios constituem
mandados de otimização e nessa medida
estabelecem ideais a serem atingidos, podendo
ser aplicados em diferentes graus. Ex. direito à
vida X autorização nos casos de guerra
declarada.
REGRAS
• Quanto às regras, afirma Alexy que sua
formulação, a qual se dá por meio da descrição
de hipóteses e respectivas consequências,
conduz a que sejam aplicadas mediante
subsunção e que eventuais antinomias devam
ser solucionadas de modo mais retilíneo, ou seja
REGRAS

• ou seja, concluindo-se pela invalidação de uma


delas ou por tê-la como exceção frente à outra. E
existem diversos mecanismos que os senhores
estudarão ao longo do curso para saber qual o
melhor método para resolver este conflito.
REGRAS
• Mas note-se que estes conceitos não são
estanques. É preciso reconhecer que um mesmo
dispositivo pode gerar regra ou princípio,
conforme se enfatize o aspecto comportamental
(regra) ou finalístico (princípio).
REGRAS
• Por exemplo, assim como é possível extrair de
um único dispositivo várias normas, pode-se
retirar de vários dispositivos conjugados uma
mesma norma. E isso não significa que uma
invalidou a outra, mas apenas que o momento
de análise são diversos.
REGRAS
• Logo, cabe ao intérprete reconstruir o significado da
norma, a partir do enunciado legislativo, a partir de
conexões axiológicas (valorativas) que não podem
ser indiscriminadamente empregadas, mas se
vinculam a partir de possibilidades
interpretativas atreladas ao uso linguístico e aos
fins prescritos (expressa o implicitamente).
EFICÁCIA
• Os princípios, assim como as regras, têm eficácia
interna (direta e indireta, que dizem respeito
aos efeitos exercidos sobre outras normas) e
externa (que se refere aos efeitos sobre fatos e
provas).
EFICÁCIA
• A eficácia interna direta dos princípios, dada a
sua construção finalística, se traduz em propiciar
uma solução, sem intermediação ou interposição
de casos concretos (função integrativa, em que o
princípio complementa o ordenamento jurídico,
dele se retirando diretamente a solução para o
caso analisado).
EFICÁCIA
• Ex. emprego do devido processo legal para se
assegurar que se estabeleça a contagem dos de
prazos recursais a partir da intimação da parte,
ainda que a lei não preveja, mas decorre do
sistema.
EFICÁCIA INTERNA
• A eficácia interna direta dos princípios, dada a
sua construção finalística, se traduz em propiciar
uma solução, sem intermediação ou interposição
de casos concretos (função integrativa, em que o
princípio complementa o ordenamento jurídico,
dele se retirando diretamente a solução para o
caso analisado).
EFICÁCIA INTERNA
• Ex. emprego do devido processo legal para se
assegurar que se estabeleça a contagem dos de
prazos recursais a partir da intimação da parte,
ainda que a lei não preveja, mas decorre do
sistema
EFICÁCIA INTERNA
• A eficácia interna indireta dos princípios
consiste em sua atuação mediante intermediação
ou interposição entre outro subprincípio ou
regra. Disto decorrem funções que revelarão o
alcance definidor e interpretativo do princípio.
Ex. taxatividade e legalidade penal para
configuração do comportamento criminoso.
EFICÁCIA EXTERNA
• A eficácia externa diz respeito à irradiação
dos princípios sobre fatos ou provas, na
capacidade de influenciar na seleção dos fatos
que servirão de base à tomada de decisão. Na
capacidade de valorar estes fatos selecionados.
Na capacidade de argumentar sobre as razões
justificativas para a adoção de tal postura.
PRINCÍPIOS
• Por fim é preciso deixar claro que os princípios
detêm força normativa, pois são englobados pelo
ordenamento jurídico como prescrições
instituidoras de finalidades a serem atingidas,
ou estados ideais de coisas a serem obtidas.
PRINCÍPIOS

• Disto se conclui que os princípios não formam

uma “massa homogênea ou um bloco

monolítico” há uns que se sobrepões aos

outros.
PRINCÍPIOS
• O elemento essencial dos princípios é a
indeterminação estruturante, pois são
prescrições finalísticas com elevado grau de
generalidade, sem preverem consequências
específicas previamente determinadas.
Mas antes de entrarmos em quais são os
princípios fundamentais do direito penal
precisamos ter em mente que existem
postulados, isto é, ideias gerais despidas
de critérios orientadores de aplicação que
irradiam por todo o sistema jurídico.

• São eles:
POSTULADOS
• O postulado da igualdade

▫ A igualdade, deve-se ponderar de início, pode


consubstanciar uma regra ou um princípio.
Enquanto regra, impede que seja adotado
tratamento discriminatório. Como princípio,
institui um estado ideal de coisas, consistente
na busca de um status isonômico como fim a
ser promovido.
POSTULADOS
• O postulado da razoabilidade

▫ A razoabilidade pode ser empregada em três


diferentes acepções:

1. Como diretriz que aponta a necessidade de se


estabelecer uma relação entre a norma geral e as
particularidades do caso concreto;
POSTULADOS
• O postulado da razoabilidade

2. Como parâmetro que impõe uma vinculação da norma


jurídica à realidade concreta à qual faz referência
reclamando um suporte empírico adequado entre a
medida e o fim;

3. Como caminho a se estabelecer uma equivalência entre


duas grandezas.
POSTULADOS
• O postulado da proporcionalidade
▫ Este postulado somente se aplica enquanto
metanorma (norma que estrutura a aplicação de
outra norma) quando existir situações em que seja
possível identificar um meio visando à consecução
de determinando fim, avaliando-se a conexão
entre ambos, mediante três exames fundamentais:
POSTULADOS
1. O da adequação – para saber se o meio promove o

fim visado (aspectos quantitativos, qualitativos e

probalísticos – de estatística, que nos autoriza

comparativamente a afirmar que tal solução foi a

melhor solução para aquele caso concreto);


POSTULADOS
2. O da necessidade – a fim de determinar se, entre
os meios possíveis, há outros menos restritivos dos
direitos fundamentais (e ao mesmo tempo aptos a
satisfazer o fim);
3. O da proporcionalidade em sentido estrito, isto é,
analisar se as vantagens promovidas superam as
desvantagens provocadas pelo emprego do meio.
POSTULADOS
• O postulado da proibição do excesso
Este postulado traduz-se na proteção dos interesses
individuais contra uma intervenção desarrazoada do
Poder Público. Procura-se estabelecer uma relação
de equilíbrio entre o “meio” e o “fim”, isto é, entre o
objetivo que a norma procura alcançar e os meios
por ela empregados.
POSTULADOS
• O postulado da proibição da proteção deficiente
▫ Os direitos individuais não conduzem a uma visão
puramente unilateral e egocêntrica, haja vista
possuírem todos eles uma dimensão social que
vincula materialmente o legislador. Não há dúvida
que as pessoas para além de usufruírem de
direitos, devem cumprir determinados deveres.
POSTULADOS
• Neste sentido os postulados da proibição do
excesso e da vedação da proteção insuficiente
conjugam-se para aferir se a prestação
legislativa é adequada, estabelecendo-se um
padrão mínimo de atuação estatal.

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