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Heteronímia pessoana

Costa Pinheiro, Fernando Pessoa e os heterónimos


Heteronímia pessoana
TPC

1. Leitura do texto apresentado nas págs. 65 a 68,


a carta de Fernando Pessoa «A Adolfo Casais
Monteiro», que, entre outros assuntos, aborda
o tema da génese dos heterónimos.
2. Preenchimento do quadro apresentado na pág.
68, com informação recolhida no texto.
Heteronímia pessoana
8 de março de 1914:
«o dia triunfal da minha vida»
• aparecimento (conceção) dos heterónimos (e
«Chuva Oblíqua»):
 Alberto Caeiro (trinta e tal poemas de «O
Guardador de Rebanhos»; Sensacionismo)
 «Chuva Oblíqua» (Intersecionismo)
 Ricardo Reis
 Álvaro de Campos («Ode Triunfal»)
Fernando Pessoa e seus heterónimos
Tábua cronológica

Ricardo Reis: n. 19/09/1887, Porto – (?)


Fernando Pessoa: n. 13/06/1888, Lisboa – † 30/10/1935, Lisboa (47 anos)
Alberto Caeiro: n. 16/04/1889, Lisboa – † 1915, Lisboa (26 anos)
Álvaro de Campos: n. 15/10/1890, Tavira – (?)
Alberto Caeiro,
o Mestre ou o poeta da natureza
Alberto Caeiro
Dados biográficos
Linhas de sentido e temas recorrentes
Estilo e Forma
Alberto Caeiro
Dados biográficos
n. 16/04/1889, Lisboa
† 1915, Lisboa (tuberculose)
b i o g r a f i a

 órfão de pai e mãe desde cedo


 estudos até à 4.ª classe
 viveu quase toda a vida numa quinta no Ribatejo, de
pequenos rendimentos, com uma tia-avó
 sem profissão
 sem educação literária

 estatura média
físico

 louro
 olhos azuis
Alberto Caeiro
Linhas de sentido e temas recorrentes

o M e s t r e
a s e n s a ç ã o
o b j e t i v i s m o
c o n c r e t i s m o
a N a t u r e z a
c o n t r a d i ç õ e s
e s t i l o
f o r m a
Alberto Caeiro
Linhas de sentido e temas recorrentes

o M e s t r e

– «Mestre» que Pessoa opõe a si mesmo, porquanto Caeiro sabe:


- a viver sem dor;
- a sentir sem pensar;
- a envelhecer sem angústia / a morrer sem desespero;
- a não procurar sentidos para vida;
- a ser uno (não fragmentado).

– «Mestre» que exerce influência literária sobre os restantes


(principalmente, o sensacionismo de Campos e o aureas mediocritas
de Reis)
Alberto Caeiro
Linhas de sentido e temas recorrentes

a s e n s a ç ã o
– criador do SENSACIONISMO (corrente modernista pessoana),
segundo o qual a arte é a expressão de sensações;

– vive de sensações, sobretudo visuais, e expressa-as artisticamente,


pois é preciso «saber ver sem estar a pensar»,
sem tentar «encontrar o sentido das coisas»,
porque «as coisas não têm significação: têm existência»

A sensação é o processo de apreensão física da realidade (através


dos sentidos humanos), surgindo, assim, como alternativa à perceção
intelectualizada (pelo pensamento).
Alberto Caeiro
Linhas de sentido e temas recorrentes

o b j e t i v i s m o

– recusa da introspeção e a subjetividade (apagamento do sujeito)

– abertura ao mundo exterior com passividade e alegria

– poeta do real objetivo

– contemplativo e deambulatório
Alberto Caeiro
Linhas de sentido e temas recorrentes

c o n c r e t i s m o

– rejeição de todo o conceito abstrato, porque resultante do


pensamento e não de sensação

– negação do passado e do futuro (enquanto abstrações), afirmando


viver só no presente

– antimetafísico (rejeição de um sentido da vida humana, do conceito


do divino etc.)
Alberto Caeiro
Linhas de sentido e temas recorrentes

a N a t u r e z a

– identificação com a Natureza: vive segundo o seu ritmo e deseja nela


se diluir, integrando-se nas leis do Universo, como se fosse um rio ou
uma árvore;

– observador incansável da «eterna novidade do mundo» (se se souber


ver);

– panteísmo naturalista.
Alberto Caeiro
Linhas de sentido e temas recorrentes

c o n t r a d i ç õ e s
– A recusa do pensamento colide com a sua atividade poética, que é
essencialmente pensante;
– defende uma captação pura, imediata e não intelectualizada da
sensação, mas tal não é humanamente possível, como fica desvelado
nos seus poemas (em que as sensação são frequentemente
analisadas);
– rejeita a filosofia, enquanto construção artificial do pensamento
humano, mas para tal cria a sua própria filosofia (todos os seus
poemas são doutrinários).
Alberto Caeiro
Estilo e Forma

e s t i l o

– estilo discursivo;
– tendência argumentativa;
– transposição do abstrato para o concreto (emprego recorrente da
comparação objetivante):
– linguagem de grande simplicidade, em tom familiar;
– ritmo lento, calmo.
Alberto Caeiro
Estilo e Forma

f o r m a
– versilibrismo (liberdade estrófica e do verso e ausência de rima) e
versos por vezes de cariz prosaico;
– predomínio do nome concreto sobre o adjetivo;
– adjetivação objetiva;
– paralelismos, assíndetos, repetições, comparações (raras metáforas);
– predomínio do presente do indicativo (tempo da realidade);
– frases simples;
– predomínio da coordenação sobre a subordinação;
– pontuação lógica (e pouco emotiva).
Alberto Caeiro

«[…] pus no Caeiro todo o meu poder de


despersonalização dramática […]»
(Fernando Pessoa, carta a Adolfo Casais Monteiro)

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