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Aplicada à Farmácia
Material Teórico
Introdução a Química Analítica
Revisão Textual:
Prof. Me. Claudio Brites
Introdução a Química Analítica
• O Processo Analítico;
• A Importância e os Objetivos da Química Analítica;
• Métodos Clássicos para Análise Química;
• Etapas Gerais de uma Análise Química;
• Amostragem, Principais Escalas e Unidades;
• Ensaios Químicos Via Úmida e Via Seca.
OBJETIVO DE APRENDIZADO
• Compreender os conceitos básicos de Química Analítica, as principais etapas de uma
análise química, seus principais íons de interesse e suas reações de identificação.
Orientações de estudo
Para que o conteúdo desta Disciplina seja bem
aproveitado e haja maior aplicabilidade na sua
formação acadêmica e atuação profissional, siga
algumas recomendações básicas:
Conserve seu
material e local de
estudos sempre
organizados.
Aproveite as
Procure manter indicações
contato com seus de Material
colegas e tutores Complementar.
para trocar ideias!
Determine um Isso amplia a
horário fixo aprendizagem.
para estudar.
Mantenha o foco!
Evite se distrair com
as redes sociais.
Seja original!
Nunca plagie
trabalhos.
Não se esqueça
de se alimentar
Assim: e de se manter
Organize seus estudos de maneira que passem a fazer parte hidratado.
da sua rotina. Por exemplo, você poderá determinar um dia e
horário fixos como seu “momento do estudo”;
No material de cada Unidade, há leituras indicadas e, entre elas, artigos científicos, livros, vídeos
e sites para aprofundar os conhecimentos adquiridos ao longo da Unidade. Além disso, você tam-
bém encontrará sugestões de conteúdo extra no item Material Complementar, que ampliarão sua
interpretação e auxiliarão no pleno entendimento dos temas abordados;
Após o contato com o conteúdo proposto, participe dos debates mediados em fóruns de discus-
são, pois irão auxiliar a verificar o quanto você absorveu de conhecimento, além de propiciar o
contato com seus colegas e tutores, o que se apresenta como rico espaço de troca de ideias e de
aprendizagem.
UNIDADE Introdução a Química Analítica
O Processo Analítico
A química analítica é a ciência de medição que consiste em estudar os princípios
e métodos teóricos da análise química. Já a análise química consiste em um con-
junto de técnicas que permite identificar quais os componentes que se encontram
presentes em uma determinada amostra e sua quantidade.
A Importância e os
Objetivos da Química Analítica
A química analítica tem uma importância científica e prática enorme, já que
representa um conjunto de métodos de investigação das substâncias e das suas
transformações. A análise química tem grande valor na economia nacional, pois,
sem sua ajuda, não seria possível realizar o controle químico da produção em im-
portantíssimos campos da medicina e da indústria, como a alimentícia, petrolífera
e de medicamentos (Figura 1).
Alguns exemplos interessantes de aplicação da química analítica na indústria são:
• A determinação das concentrações de oxigênio e de dióxido de carbono em
amostras de sangue usadas para diagnosticar e tratar doenças;
• A avaliação da eficiência dos dispositivos de controle da poluição do ar através
da quantificação das quantidades de hidrocarbonetos, óxidos de nitrogênio e
monóxido de carbono presentes nos gases de descarga veiculares;
• A análise do aço durante sua produção, o que permite o ajuste nas concentra-
ções de elementos, como o carbono, níquel e cromo, para que se possa atingir
a resistência física, resistência à corrosão e a flexibilidade desejadas;
• A identificação da fonte de vidros vulcânicos (obsidiana), por arqueólogos, pe-
las medidas de concentração de elementos minoritários em amostras de vários
locais, o que torna possível rastrear as rotas de comércio pré-históricas de fer-
ramentas e armas confeccionadas a partir da obsidiana.
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QUÍMICA
Bioquímica
Química Inorgânica
Química Orgânica
BIOLOGIA
Físico-química FÍSICA
Botânica
Genética Astrofísica
Microbiologia Astronomia
Biologia Molecular Biofísica
Zoologia
GEOLOGIA ENGENHARIA
Geofísica Civil
Geoquímica Química
Paleontologia Elétrica
Paleobiologia Mecânica
Química
Analítica
CIÊNCIAS DO MEDICINA
MEIO AMBIENTE Química Clínica
Ecologia Quîmica Medicinal
Meteorologia Farmácia
Oceanografia Toxicologia
AGRICULTURA
Agroniomia
Ciência dos Animais CIÊNCIA DOS MATERIAIS
Ciência da Produção Metalurgia
Ciência dos Alimentos Polímeros
Horticultura Estado Sólido
Ciência dos Solos CIÊNCIAS SOCIAIS
Arqueologia
Antropologia
Forense
Figura 1 – Relações entre a química analítica, outras áreas da química e outras ciências
A localização central da química analítica no diagrama representa sua im-
portância e a abrangência de sua interação com muitas outras disciplinas.
cia da química analítica ocorreu quando a nave espacial Pathfinder quicou várias vezes até
estacionar no Ares Vallis, em Marte, e liberou o robô Sojourner com seu corpo tetraédrico
para a superfície marciana. O mundo ficou fascinado pela missão Pathfinder. Como resultado,
inúmeros sites que acompanhavam a missão ficaram congestionados pelos milhões de na-
vegadores da rede mundial de computadores que monitoravam com atenção os progressos
do Sojourner em sua busca por informações relacionadas à natureza do planeta vermelho.
O experimento-chave do Sojourner utilizou o APXS, ou espectrômetro de raios X por prótons
alfa, que combina três técnicas instrumentais avançadas: 1) A espectroscopia retrodispersiva
de Rutherford; 2) A espectroscopia de emissão de prótons; e 3) A fluorescência de raios X.
Os dados de APXS foram coletados pela Pathfinder e transmitidos para a Terra para análises
posteriores, visando determinar a identidade e concentração da maioria dos elementos da
tabela periódica.
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UNIDADE Introdução a Química Analítica
Explor
A determinação da composição elementar das rochas marcianas permitiu que geólogos as
identificassem e comparassem com rochas terrestres. A missão Pathfinder é um exemplo
excelente que ilustra uma aplicação da química analítica a problemas práticos. Os experi-
mentos realizados pela nave espacial e os dados gerados pela missão também ilustram como
a química analítica recorre à ciência e à tecnologia para identificar e determinar as quantida-
des relativas das substâncias em amostras de matéria (SKOOG et. al., 2005).
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Métodos Clássicos para Análise Química
Para atingir suas finalidades, na análise qualitativa e quantitativa, recorre-se a
vários métodos: químicos, físicos e físico-químicos.
Nos métodos químicos de análise qualitativa, o elemento ou íon pesquisado é trans-
formado em um composto que possua determinadas propriedades características
que permitam ter a certeza de que foi esse o composto obtido. Essa transformação
química é chamada de reação analítica e a substância que a provoca é chamada
de reagente.
Os métodos de análise qualitativa são classificados de acordo com a quantidade
de substância com a qual se opera para realizar as reações analíticas. Dividem-se
em macroanálise, microanálise, semimicroanálise e ultramicroanálise.
A macroanálise utiliza quantidades relativamente grandes de analito, de 0,5 a 1
g ou, no caso de solução, de 20 a 50 mL, e, considerando uma tomada de ensaio
maior, pode representar resultados mais precisos em análises de solo ou combustí-
veis fósseis, por exemplo.
Na microanálise, são empregadas quantidades bem menores de substância,
cerca de alguns miligramas de substância sólida ou uns décimos de mililitros de
solução. Como as quantidades de amostra são bem menores, há a necessidade de
utilização de reagentes de grande sensibilidade, que permitem identificar a presença
de vários componentes, mesmo que existam somente vestígios de alguns.
As semimicroanálises ocupam um lugar intermediário entre a macro e a micro-
análise. Nelas são utilizadas quantidades de substâncias da ordem de 1/20 ou 1/25
das usadas na macroanálise, ou seja, cerca de 50 mg de substância sólida ou 1 ml
de solução. A semimicroanálise apresenta inúmeras vantagens sobre a macroaná-
lise, já que, mesmo com a diminuição da escala de amostragem, é possível obter
resultados tão precisos quanto os da macroanálise.
Para as ultramicroanálises, é feito o uso de quantidades de substâncias inferio-
res a 1 mg. Essas são comumente empregadas em análises toxicológicas e micros-
cópicas de amostras de origem biológica, como sangue, saliva ou urina.
A cada ano são descobertas novas substâncias que poderão ser usadas como medicamentos ou
Explor
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DOPING
Figura 4 – Atleta
Fonte: Getty Images
Explor
Estricnina: http://bit.ly/345xAti
A estricnina é um alcaloide cristalino muito tóxico. Foi muito usada como pesticida, princi-
Explor
palmente para matar ratos. Porém, devido à sua alta toxicidade, não só em ratos, mas em
vários animais e também no homem, o seu uso é proibido em muitos países.
A análise do controle de dopagem no esporte associa diversos conhecimentos que vão desde
a Química Analítica e a Química Orgânica até as áreas da Farmacologia, Bioquímica e Fisiolo-
gia Humana. Esteroides anabólicos androgênicos (EAA), por exemplo, são um grupo de subs-
tâncias que mimetizam a ação da testosterona (hormônio tipicamente masculino) produzida
no organismo humano. Sua detecção, no contexto do controle de dopagem no esporte, é
realizada pela técnica de Cromatografia Gasosa de Alta Resolução acoplada a Espectrometria
de Massas (CGAR-EM). Essa técnica é amplamente usada em laboratórios de pesquisa e no
controle de qualidade, possui alta sensibilidade, sendo extremamente útil e empregada no
estudo de matrizes muito complexas, como as de alimentos e de fluidos biológicos.
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Seleção do
método
Obtenção
da amostra
Processamento
da amostra
A amostra Realização da
é solúvel? dissolução química
Mudança da Propriedade
forma química mensurável?
Eliminação das
interferências
Medida da
propriedade X
Cálculo dos
resultados
Estimativa da confiabilidade
dos resultados
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A escolha do método
A primeira etapa essencial de uma análise química é a seleção do método de
análise, algumas vezes a escolha é difícil e requer experiência, assim como intuição.
Uma das primeiras questões a ser considerada no processo de seleção de um méto-
do analítico é o objetivo, ou seja, o que de fato se deseja analisar, e assim é possível
definir o nível de exatidão da informação desejada.
Amostra
É uma porção de material tomada do universo e de tal modo selecionada que
possua as características essenciais do conjunto que está representando. O universo
poderá ser um meio homogêneo e qualquer amostra irá representá-lo; ou hetero-
gêneo. Se o universo a ser representado for um meio heterogêneo, a amostragem
pode ter por objetivo conhecer as particularidades dos componentes ou estabelecer
a composição média do universo.
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A natureza física do universo conferirá características específicas à etapa da
amostragem:
• Amostragem de sólidos: é mais difícil do que a de líquidos e gases, pois há
maior probabilidade de ter-se um meio heterogêneo. Para obter amostras con-
fiáveis, é aconselhado que o tamanho da amostra esteja entre 1/50 e 1/100
do tamanho do universo, coletada preferencialmente enquanto o sólido estiver
em movimento;
• Amostragem de líquidos: os líquidos misturam-se lentamente por difusão e,
para obter maior homogeneidade, os líquidos devem ser agitados. Para mis-
tura homogênea de líquidos, uma amostra aleatória representará o todo; para
universos de tamanho grande, a amostra deve ser coletada enquanto o líquido
estiver em movimento, preferencialmente logo após o bombeamento;
• Amostragem de gases: é feita criando uma zona de baixa pressão que obriga
o gás a deslocar-se para o interior do recipiente coletor. O uso de uma bomba
de vácuo ou o deslocamento de um líquido no qual o gás seja pouco solúvel
é adequado para criar o vácuo. É importante lembrar que a temperatura e a
pressão têm grande influência no volume dos gases e, por conseguinte, na
amostra coletada.
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O material utilizado para fazer a coleta de gases pode ser de vidro, metal ou
porcelana. Deve-se levar em consideração a natureza e a temperatura do gás na
escolha do material.
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Coleta de materiais sólidos
Para sólidos na forma de fragmentos grosseiros, como em uma carga de minério,
formada por partículas de tamanhos variados e composição diversa, a amostragem
pode ser feita dividindo o material total em seções e retirando de cada seção um
determinado número de amostras de diferentes posições, e de diferentes tamanhos
(Figura 9), para que a amostragem seja representativa do montante do material.
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A luminosidade da chama é dividida em zonas, sendo cada uma mais adequa-
da dependendo da composição da amostra a ser analisada. As principais zonas de
uma chama do Bico de Bunsen diferem entre si quanto à distribuição do calor, e
são as seguintes:
• Base da chama ou zona de temperatura mais baixa: Isso ocorre porque o
gás que está sendo queimado é resfriado pelo gás que está subindo pelo corpo
do queimador. Essa zona é utilizada na análise de compostos muito voláteis
e que são reconhecidos pelas cores características que emprestam à chama
(Figura 12);
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Material Complementar
Indicações para saber mais sobre os assuntos abordados nesta Unidade:
Livros
Química Orgânica
MCMURRY, J. Química Orgânica. vol. 1 e 2. 6. ed. São Paulo: Cengage
Learning, 2005.
Físico-Química: fundamentos
ATKINS, P. W. Físico-Química: fundamentos. 3. ed. Rio de Janeiro: LTC, 2003.
Físico-Química: para as ciências químicas e biológicas
CHANG, R. Físico-Química: para as ciências químicas e biológicas. vol. 1 e 2. 4. ed.
Porto Alegre: AMGH, 2009. [e-book]
Iniciação à química analítica quantitativa não instrumental
MERCÊ, A. L. R. Iniciação à química analítica quantitativa não instrumental.
Curitiba: Intersaberes, 2012. [e-book]
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Referências
ATKINS, P. W.; JONES, L. Princípios de química: questionando a vida moderna
e o meio ambiente. 3. ed. Porto Alegre: Bookman, 2006.
LEE, J. D. Química Inorgânica não tão concisa. 1. ed. São Paulo: Edgard
Blucher, 2003.
________. et. al. Fundamentos de Química Analítica. 1. ed. São Paulo: Cengage
learning, 2005.
VOGEL, A. I. et. al. Análise Química Quantitativa. 6. ed. Rio de Janeiro: LTC,
2002. [e-book]
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