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DOS ESPORTES
INDIVIDUAIS
Metodologia do Ensino
DOS ESPORTES
INDIVIDUAIS
UNIVERSIDADE LA SALLE PRODUÇÃO DE CONTEÚDO
Reitor Coordenador de Produção
Prof. Dr. Paulo Fossatti - Fsc Prof. Dr. Jonas Rodrigues Saraiva
UNIDADE 2
Esportes Individuais: Corridas..................................................................................................................................63
Objetivo Geral............................................................................................................................................................63
Parte 1
Corridas de Velocidade......................................................................................................................................................65
Parte 2
Corridas de Resistência.....................................................................................................................................................83
Parte 3
Corridas com Barreiras e Corridas de Revezamento..........................................................................................................99
UNIDADE 3
Esportes Individuais: Saltos, Arremesso e Lançamentos......................................................................................119
Objetivo Geral..........................................................................................................................................................119
Parte 1
Saltos Verticais: Altura e com Vara...................................................................................................................................121
Parte 2
Saltos Horizontais: Distância e Triplo................................................................................................................................ 141
Parte 3
Lançamentos: Disco, Martelo e Dardo..............................................................................................................................159
Parte 4
Arremesso de Peso.........................................................................................................................................................181
UNIDADE 4
Esportes Individuais: Lutas e Esportes de Combate..............................................................................................201
Objetivo Geral..........................................................................................................................................................201
Parte 1
Modalidades Olímpicas de Combate................................................................................................................................203
Parte 2
Metodologia das Lutas....................................................................................................................................................227
Parte 3
Potencial Pedagógico das Lutas......................................................................................................................................245
unidade
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V.1 | 2022
Estamos começando uma unidade desta disciplina. Os textos que a compõem foram organizados com
cuidado e atenção, para que você tenha contato com um conteúdo completo e atualizado tanto quanto
possível. Leia com dedicação, realize as atividades e tire suas dúvidas com os tutores. Dessa forma, você,
com certeza, alcançará os objetivos propostos para essa disciplina.
Objetivo Geral
Compreender a estruturas dos esportes individuais e sua presença na sociedade.
unidade
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Parte 1
Prática Docente nos
Esportes Individuais
Introdução
Embora tenham menos destaque nas aulas de educação física, os esportes
individuais são importantes conteúdos da disciplina, já que promovem
benefícios fundamentais para os seus praticantes, como autonomia,
maior concentração e desenvolvimento intrapessoal.
Por serem bastante diversificados e com especificidades distintas,
esses esportes exigem uma atenção específica do professor no processo
de ensino-aprendizagem, a partir de uma metodologia adequada que
permita vivências em sala de aula capazes de dar ao aluno um importante
instrumento da cultura corporal do movimento.
Neste capítulo, você identificará a natureza dos esportes individuais,
analisará a metodologia do ensino-aprendizagem nos esportes individuais
e reconhecerá o papel dos esportes individuais na investigação da cultura
corporal do movimento.
Introdução aos Esportes Individuais | UNIDADE 1
2 Prática docente nos esportes individuais
Prática Docente nos Esportes Individuais | PARTE 1 11
Peteca Natação
Squash Skate
Boxe Halterofilismo
Ciclismo
Canoagem
Deve-se ter cuidado nos casos dos esportes de rede citados, pois o voleibol é igual-
mente um esporte desse perfil e com o mesmo objetivo, porém o que o diferencia
são os números de jogadores, fazendo com que seja considerado um esporte coletivo.
Metodologia de ensino-aprendizagem
dos esportes individuais
Como vimos anteriormente, os esportes individuais têm estruturas bastante di-
ferenciadas, podendo ser classificados conforme suas interações e/ou objetivos,
características que, segundo Vancini et al. (2015), particularizam o processo
pedagógico e metodológico do ensino-aprendizagem, visto a dificuldade de
haver um método generalizante que abranja todos esses esportes.
Sobre as características que devem ser consideradas na hora da aprendi-
zagem, os autores ainda descrevem:
Cabe lembrar, que, embora a maioria de suas provas seja individual, o atletismo também
abrange uma prova coletiva: as corridas de revezamento, nas quais cada atleta corre
determinado trecho da prova e entrega o bastão para que o colega siga na competição.
Conheça um pouco mais sobre as ginásticas artística e rítmica acessando o link a seguir.
https://qrgo.page.link/Lk8Nh
Leituras recomendadas
BENVEGNÚ JÚNIOR, A. E. Educação física escolar no Brasil e seus resquícios históricos.
Revista de Educação do IDEAU, [s. l.], v. 6, n. 13, 2011. Disponível em: https://www.bage.
ideau.com.br/wp-content/files_mf/c6c2c313da7798b65af08ed1f95e79de151_1.pdf.
Acesso em: 06 jan. 2020.
BRASIL. Ministério da Educação. Secretaria de Educação Fundamental. Parâmetros
curriculares nacionais: educação física. Brasília: MEC, 1997.
TUBINO, M. J. G. Dimensões sociais do esporte. 2. ed. São Paulo: Cortez, 2001.
Os links para sites da Web fornecidos neste capítulo foram todos testados, e seu fun-
cionamento foi comprovado no momento da publicação do material. No entanto, a
rede é extremamente dinâmica; suas páginas estão constantemente mudando de
local e conteúdo. Assim, os editores declaram não ter qualquer responsabilidade
sobre qualidade, precisão ou integralidade das informações referidas em tais links.
PREZADO ESTUDANTE
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Parte 2
Introdução ao Atletismo
Introdução ao atletismo
Objetivos de aprendizagem
Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados:
Introdução
O atletismo é uma das modalidades esportivas mais antigas de que se tem co-
nhecimento. Essa modalidade evoluiu de movimentos que estavam associados
à própria sobrevivência do ser humano, como se locomover de um lugar para
outro, fugir, subir em árvores e saltar ou lançar objetos para caçar, resultando
em práticas como correr, saltar, lançar e arremessar.
O atletismo como esporte tem como objetivo avaliar as ações motoras de
correr, saltar, lançar e arremessar, verificando quais são os melhores atletas
para cada ação. Normalmente, o melhor corredor não será o melhor saltador,
uma vez que essas ações motoras específicas também acabam exigindo ca-
pacidades físicas específicas. Os resultados das competições são dados por
medidas de tempo e distância, sendo campeões o mais rápido, quem dá o
maior salto e quem lança mais longe.
Neste capítulo, você vai estudar as principais características históricas
e evolutivas do atletismo, as diversas modalidades, tanto em pista como em
campo, bem como as principais capacidades físicas que são exigidas e que
podem ser desenvolvidas nessa modalidade.
Introdução aos Esportes Individuais | UNIDADE 1
Introdução ao Atletismo | PARTE 2 25
2 Introdução ao atletismo
pequena pá, cavavam um buraco na pista para apoiar os pés. Mais tarde, as
pistas passaram a ser de piso emborrachado, e surgiram os blocos de partida.
Muitos heróis do atletismo surgiram ao longo dos anos, como: Paavo Nurmi, que
dominou as provas de 1.500 a 10.000 metros; Emil Zatopek, conhecido como a loco-
motiva humana, que venceu os 5.000 e 10.000 metros e a maratona em uma mesma
edição dos Jogos; e Jesse Owens, que ganhou quatro medalhas de ouro nos Jogos
de Berlim em 1936, derrubando o mito da superioridade da raça ariana, entre outros
(CONFEDERAÇÃO..., c2019).
como a largura das raias, o raio da curva, assim como a forma de medição
tanto de tempo como de distância. Além disso, questões ambientais, como
a velocidade do vento, podem influenciar um recorde mundial, por isso são
controlados. Ainda, os atletas devem manter condutas esportivas, sem que
prejudiquem o desempenho de outros competidores.
O atletismo é um esporte importante para a formação básica na escola,
visto que seus gestos contribuem para a construção motora de diversos movi-
mentos esportivos. Além disso, é um esporte composto por regras simples, o
que facilita sua compreensão e participação. É classificado como um esporte
de marcas, pois são realizadas medidas de tempo e distância; assim, vence
quem corre mais rápido, salta mais longe ou mais alto, lança ou arremessa
mais longe. Essa simplicidade pode ser também percebida pela necessidade
de poucos acessórios ou equipamentos para sua prática, muitos deles podendo
ser improvisados para sua iniciação. Além disso, para correr, basta um simples
par de tênis, o que colabora ainda mais para a popularidade do esporte.
No link a seguir, você encontra uma breve evolução histórica das provas de atletismo
tanto masculinas quanto femininas.
https://qrgo.page.link/Q1J41
das, que são formadas tanto por provas de campo como por provas de pista.
Também existem as provas de pedestrianismo, que ocorrem nas ruas, entre
elas a maratona (42,195 km), e as provas de marcha atlética de 20 km, para
homens e mulheres, e de 50 km, apenas para homens.
O Quadro 1 apresenta um resumo das provas oficiais de pista, de campo
e combinadas.
Provas de pista
Obstáculos 3.000 m
Provas de campo
Provas combinadas
Provas de pista
As provas de pista ocorrem no estádio de atletismo, na pista de corrida, que
possui a distância de 400 metros medidos na raia interna e é formada nor-
malmente por oito raias. Algumas provas ocorrem na reta, como é o caso dos
100 metros rasos e dos 110 metros com barreiras. Já outras provas ocorrem
utilizando as curvas. Nesse caso, para compensar a diferença entre quem
larga na raia interna e quem larga na raia externa, são utilizadas as largadas
escalonadas; assim, o atleta que está na raia externa larga um pouco à frente
para compensar a corrida na curva e realizar o mesmo percurso de quem está
na raia interna, conforme descreve a CBAt (CBAT; IAFF, 2017).
As provas de corrida no atletismo são diferentes não apenas pela distância
a ser percorrida, mas também por possuírem particularidades, podendo variar
nos seguintes aspectos:
Figura 1. Nas figuras, é possível observar a diferença entre (a) barreira, (b) fosso e (c) obstá-
culo. As alturas das barreiras variam de acordo com a prova: 110 metros (1,07 m), 400 metros
masculino (0,91 m), 100 metros (0,84 m) e 400 metros feminino (0,76 m).
Fonte: (a) CWG 14... (2014, documento on-line); (b) The daily dose (2017, document on-line); (c) Pecher
(2007, documento on-line).
Provas de campo
As provas de campo ocorrem normalmente na parte interna da pista de corrida,
principalmente as provas de arremessos e lançamentos, podendo algumas
provas ocorrer no entorno da pista, como é o caso do salto em distância e triplo,
mas tudo isso depende do estádio de atletismo. Os locais possuem algumas
características específicas, segundo as regras da CBAt (CBAT, IAFF, 2017).
Figura 2. Nas figuras, é possível observar os quatro implementos utilizados nas provas de
arremessos e lançamentos: (a) discos; (b) dardo; (c) martelo; (d) peso. Os pesos dos objetos
variam entre homens e mulheres.
Fonte: (a) wavebreakmedia/Shutterstock.com; (b) Papa Annur/Shutterstock.com (c); Jim Parkin/Shut-
terstock.com; (d) Mark Herreid/Shutterstock.com.
Provas combinadas
Essas provas combinam tanto provas de pista como provas de campo. Nas
provas combinadas, o atleta realiza diversas provas e, após o resultado de
cada prova, recebe uma pontuação, de acordo com a marca obtida; existe
uma tabela de pontos que regulamenta isso. Vence o atleta que obtiver a
maior pontuação; portanto, uma regularidade nos resultados contribui
muito para o resultado.
Assim, um atleta de provas combinadas deve possuir qualidades que
o destaquem em diversas provas. No entanto, isso acaba sendo difícil de
obter, pois, devido às especificidades de cada prova, várias capacidades
físicas são exigidas. O exemplo mais claro pode ser demonstrado ao se
comparar um atleta de velocidade com um atleta de resistência; são ca-
pacidades físicas totalmente diferentes que precisam ser desenvolvidas.
Portanto, o atleta de provas combinadas acaba sendo conhecido como o
atleta mais completo.
Lançamento do disco
Dentre os principais atributos físicos necessários para a prova de lançamento
do disco estão a força e a velocidade, que resultarão na potência do lançamento,
para lançar o disco o mais longe possível. As forças em membros inferiores,
tronco e membros superiores são bem importantes, pois, devido à acelera-
ção na parte final do lançamento, com o disco vindo atrasado em relação à
linha dos ombros e sendo lançado lateralmente, o tronco contribui tanto na
aceleração como na estabilidade do movimento. A falta de estabilidade em
Introdução aos Esportes Individuais | UNIDADE 1
14 Introdução ao atletismo Introdução ao Atletismo | PARTE 2 37
Lançamento do dardo
No lançamento do dardo, não há um limite máximo para a corrida de aceleração;
dessa forma, há uma área maior para acelerar o dardo antes de ser lançado,
diferentemente dos outros lançamentos. Segundo Barros e Dezem (1990), essa
corrida deve ser progressiva e veloz, mas sem que atrapalhe a coordenação
durante o lançamento. São necessárias uma força explosiva (potência) para o
lançamento, uma boa velocidade para a corrida de aproximação e, principal-
mente, uma boa aceleração nos 30 metros iniciais.
A agilidade é bem importante na mudança da posição do corpo da fase
de aproximação para a fase preparatória, mantendo a velocidade adquirida.
Uma boa mobilidade de ombro permite ao atleta aumentar o tempo da fase de
aceleração antes de lançar o dardo. Os lançadores, de acordo com Schmolinsky
(1982), possuem, de certa forma, uma estatura mediana, com alturas próximas
a 1,75 m para as mulheres e 1,80 m para os homens, com peso aproximado de
70 kg e 90 kg para mulheres e homens, respectivamente.
38 METODOLOGIA DO ENSINO DOS ESPORTES INDIVIDUAIS
Introdução ao atletismo 15
Lançamento do martelo
A velocidade de aceleração do martelo, de acordo com Schmolinsky (1982), é
fundamental para um bom lançamento, podendo chegar a 27 m/s no momento
do lançamento. Além disso, é uma prova que, devido ao peso do martelo, exige
uma grande força, principalmente nos membros inferiores, bem como uma boa
força explosiva. A força é importante devido à fase final do lançamento, em que
o atleta tem que suportar uma grande carga devido à força centrífuga; por isso,
uma boa força em membros inferiores, costas e mãos é essencial nessa fase.
Essa prova exige uma grande agilidade específica, devido ao complexo
movimento de deslocamento, podendo ser considerada uma das provas mais
difíceis, pois a aceleração de três voltas exige um grande equilíbrio e sentido
de orientação. Também é exigida uma boa mobilidade de ombros, quadril e
coluna vertebral, devido aos movimentos iniciais de aceleração do martelo.
Ao conduzir o martelo com as duas mãos, o gesto fica muito próximo a um passe
no rúgbi; as capacidades físicas de força também contribuem. O equilíbrio adquirido
com os giros contribui nas ações de drible e mudanças de direção rápidas do corpo
em diversos esportes.
Introdução aos Esportes Individuais | UNIDADE 1
16 Introdução ao atletismo Introdução ao Atletismo | PARTE 2 39
Arremesso do peso
Segundo Fernandes (1978), entre as capacidades físicas mais importantes
do arremessador de peso estão a força e a velocidade. Dessa forma, a força
máxima é algo a ser trabalhado durante os treinamentos. Devido à técnica, a
estatura é um fator que pode facilitar o arremesso. A velocidade é outro fator
importante, no intuito de acelerar o peso a ser lançado, facilitando, assim, a
aplicação da força — afinal, a área de aceleração é bem restrita. A velocidade
do peso no momento da saída, segundo Schmolinsky (1982), pode chegar a
aproximadamente 12 m/s. A estatura dos arremessadores está em torno de
1,92 m para os homens e 1,77 m para as mulheres, já o peso, entre 120 kg para
os homens e 86 kg para as mulheres.
Salto em distância
O salto em distância, segundo Barros e Dezzem (1990), é uma das habilidades
mais naturais do ser humano, sendo comumente observada em diversas brin-
cadeiras infantis. Os saltadores em distância precisam de uma boa velocidade.
Segundo Schmolinsky (1982), os saltadores na marca de 8 metros correm os 100
metros rasos em 10,5 segundos, enquanto as mulheres que saltam mais de 6,5
metros correm os mesmos 100 metros em menos de 12 segundos. Dessa forma,
percebe-se que a velocidade é um fator importante para o salto em distância
— não somente a velocidade, mas também a capacidade de aceleração nos
metros iniciais. Uma boa percepção rítmica é importante para a aproximação
até a tábua de impulsão, para que o atleta não perca velocidade e chegue com
o pé corretamente posicionado para o salto. Além disso, é necessário boa
agilidade para conduzir o corpo durante a fase de voo.
40 METODOLOGIA DO ENSINO DOS ESPORTES INDIVIDUAIS Introdução ao atletismo 17
Salto triplo
O salto triplo, segundo Fernandes (1984), tem características parecidas
com as do salto em distância, já que também exige uma boa velocidade
de aproximação dos atletas, mas, principalmente, necessita de uma boa
transferência de energia para os próximos saltos — dessa forma, exige uma
boa força reativa. Portanto, os saltadores precisam de uma força específica,
principalmente na transição do primeiro salto para o segundo, no local onde
o atleta aterrissou e vai gerar o novo impulso, com a mesma perna. Além
disso, é necessário boa coordenação e agilidade, para realizar as trocas de
pernas sem perda de velocidade para realizar o terceiro salto, assim como
uma boa sensibilidade rítmica.
Assim como no salto em distância, esportes que necessitam de percep-
ção rítmica fazem uso dos saltos. Exercícios que desenvolvem a potência
são amplamente utilizados, como saltos sequenciais, estimulando a força
reativa.
Salto em altura
O salto em altura apresentou uma evolução técnica nítida, segundo Barros
e Dezem (1990), pois a passagem sobre o sarrafo inicialmente era realizada
na posição sentada, com o movimento do salto tesoura, e depois evoluiu
para a posição deitada de costas, conhecida como Fosbury fl op, atingindo,
assim, maiores alturas. Entre as capacidades físicas do salto em altura está
a boa capacidade de saltar, ou seja, transformar a energia horizontal em
vertical, para passar determinada altura. Assim, segundo Schmolinsky
(1982), uma boa estatura associada principalmente com um bom compri-
mento de pernas facilita a execução do salto, com os homens chegando
a aproximadamente 1,90 m, e as mulheres, 1,79 m, com pesos de 80 kg,
para os homens, e 66 kg, para as mulheres. A agilidade é fundamental
na coordenação dos movimentos; após a impulsão, ela dará continuidade
ao movimento. Uma boa percepção espaçotemporal vai contribuir para
a aproximação, para realizar a impulsão em um ponto adequado para a
realização do salto e a transposição do sarrafo.
Introdução aos Esportes Individuais | UNIDADE 1
Introdução ao Atletismo | PARTE 2 41
18 Introdução ao atletismo
Assim como nos saltos horizontais, a percepção espacial e rítmica é bem desenvolvida
no salto em altura. Portanto, esportes ou gestos que necessitam dessa habilidade
podem ser estimulados, como o tempo de aproximação para fazer uma bandeja ou
cabecear uma bola.
O salto com vara é um esporte bastante complexo, com diversas fases que necessitam
de muito equilíbrio e força em membros superiores. Portanto, esportes ginásticos são
amplamente utilizados na preparação física.
42 METODOLOGIA DO ENSINO DOS ESPORTES INDIVIDUAIS Introdução ao atletismo 19
Corridas
As provas de corrida apresentam algumas particularidades fisiológicas rela-
cionadas ao tempo de realização da prova. A velocidade com que uma prova é
concluída está relacionada com o tempo que o atleta demora em sua conclusão.
Porém, de acordo com o tempo de execução de uma determinada prova, as vias
energéticas começam a se esgotar; assim, um atleta não tem a capacidade de
sustentar uma determinada velocidade por muito tempo, devido ao esgotamento
de seus recursos energéticos. Por isso, segundo Schmolinsky (1982), cada prova
tem uma determinada característica de ritmo, que vai priorizar determinada
via energética; conforme o aumento do tempo de duração da prova, há uma
maior contribuição do sistema aeróbio (oxidativo).
Corridas de velocidade
Força, velocidade e resistência de velocidade são atributos físicos importantes
para o desenvolvimento da performance nas corridas de velocidade, sendo
desenvolvidos com exercícios de força gerais e específicos ao gesto em asso-
ciação à velocidade. Segundo Schmolinsky (1982), a força contribui para a
aceleração. A velocidade está associada à rapidez na execução dos movimentos,
que exige uma grande coordenação. A resistência de velocidade é fundamental,
devido à capacidade de sustentar a velocidade, criando adaptações fisiológicas
e atendendo à demanda energética necessária.
Algumas provas são classificadas como velocidade pura, segundo Fer-
nandes (2003), como é o caso dos 100 e 200 metros rasos. Nessas provas,
o objetivo é atingir a velocidade máxima o mais rápido possível e tentar
sustentá-la o máximo possível também. Como são provas mais curtas, usam
predominantemente como via energética o sistema ATP-CP. Portanto, atletas
que tenham um predomínio de fibras do tipo II acabam tendo certa vantagem
nesses tipos de provas; o objetivo com o treino é melhorar as reservas de
ATP-CP. As provas de 100 e 110 metros com barreiras também possuem essa
característica. Além disso, os atletas que competem nessas provas têm como
característica pernas compridas, o que facilita a passagem das barreiras.
Nas provas classificadas como velocidade prolongada, como é o caso dos
400 metros rasos, o atleta tenta sustentar a velocidade máxima por um período
maior; como chegam próximos à velocidade máxima e devido à duração da
prova, acabam priorizando o sistema glicolítico. Portanto, atletas que tenham
um predomínio de fibras do tipo II também acabam tendo certa vantagem
nesses tipos de provas, mas começam a ser mais leves do que os atletas de
Introdução aos Esportes Individuais | UNIDADE 1
20 Introdução ao atletismo Introdução ao Atletismo | PARTE 2 43
Corridas de resistência
A resistência está relacionada à duração da corrida; quanto maior essa
duração, maior deve ser a resistência ou a capacidade de sustentar um tra-
balho. Cada distância exige um certo grau de intensidade relativa, segundo
Schmolinsky (1982). Assim, quanto maior a distância, maior a contribuição
do sistema aeróbio, e quanto menor a distância, maior a contribuição do
sistema anaeróbio.
Assim, nas provas de meio-fundo, como é o caso dos 800 e 1.500 metros
rasos, ocorre uma cadência no ritmo, mas ainda há estímulos de velocidade,
ocorrendo um equilíbrio entre a resistência e a velocidade. Portanto, ocorre
também um equilíbrio entre o sistema glicolítico e o oxidativo. Assim, atletas
que tenham um equilíbrio de fibras do tipo I e II acabam tendo certa van-
tagem nesses tipos de provas, pois elas também necessitam de velocidade.
O objetivo com o treino é melhorar o aproveitamento das reservas glicolíticas
e oxidativas, melhorando principalmente a capacidade de manter a velocidade
alta usando o sistema oxidativo.
Nas provas de fundo, como é o caso dos 5.000 e 10.000 metros rasos, há
uma exigência maior de resistência; assim, o ritmo também é mais caden-
ciado. Devido à duração da prova, há um predomínio do sistema oxidativo.
Portanto, atletas que tenham um predomínio de fibras do tipo I acabam tendo
certa vantagem nesses tipos de provas. Os objetivos do treino são melhorar
o aproveitamento das reservas oxidativas e aumentar o número de mitocôn-
drias, para maximizar a produção energética com o sistema oxidativo, além
44 METODOLOGIA DO ENSINO DOS ESPORTES INDIVIDUAIS
Introdução ao atletismo 21
1
V.1 | 2022
Parte 3
Exercícios Educativos
Para Corrida
Exercícios educativos
para corridas
Objetivos de aprendizagem
Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados:
Introdução
A corrida está entre os movimentos naturais do ser humano, utilizada
por nossos antepassados desde a Pré-história e praticada desde os pri-
meiros anos de nossas vidas. A corrida é realizada em diversas situações;
podemos citar como exemplos uma corrida recreativa executada em
um parque, uma corrida competitiva, utilizada em diversos esportes,
ou, ainda, uma corrida realizada em alguma emergência, em que nos
vemos forçados a correr.
A corrida é um dos esportes que mais têm ganhado notoriedade nos
últimos anos, principalmente devido aos seus resultados positivos para a
saúde. No entanto, quando pensamos em saúde e exercícios, precisamos
tomar alguns cuidados; afinal, um exercício feito sem a orientação de um
profissional pode trazer problemas para a saúde, em vez de benefícios.
Um profissional capacitado deve orientar a prática de corrida desde seu
aquecimento até a correção técnica, para a melhora do desempenho e
a prevenção de lesões.
Neste capítulo, você vai estudar sobre a importância do aquecimento
para as sessões de treinamento. Você também vai identificar os principais
erros técnicos que ocorrem durante a corrida, bem como suas formas
de correção.
Introdução aos Esportes Individuais | UNIDADE 1
2 Exercícios educativos para corridas Exercícios Educativos para Corrida | PARTE 3 49
No link a seguir, é possível encontrar uma reflexão sobre os diferentes tipos de aque-
cimento e seus efeitos sobre a força.
https://qrgo.page.link/vDdCS
Figura 2. Fases da corrida: (1) e (5) fase aérea da passada; (2) e (3) fase de
aterrissagem; (4) fase de impulso da passada.
Fonte: Olga Bolbot/Shutterstock.com.
Introdução aos Esportes Individuais | UNIDADE 1
6 Exercícios educativos para corridas Exercícios Educativos para Corrida | PARTE 3 53
Além disso, deve-se distribuir toda a energia ao longo dos pés. Segundo
Brown (2005) e Machado (2011), o tornozelo deve estar relaxado para diminuir o
impacto, os joelhos devem ser projetados para cima, para um melhor movimento
54 METODOLOGIA DO ENSINO DOS ESPORTES INDIVIDUAIS Exercícios educativos para corridas 7
Erros e correções
Após entender a mecânica da corrida, podemos analisar a corrida e identifi-
car alguns erros que podem ser solucionados de forma simples, com alguns
exercícios, segundo Schmolinsky (1982).
O fato de o atleta produzir um barulho muito grande enquanto corre,
devido ao impacto dos pés no solo ao longo das passadas, está associado a
dois problemas: a amplitude da passada deve estar muito grande e/ou o atleta
deve estar aterrissando com os joelhos travados (estendidos). Assim, deve-se
evitar a aterrissagem com o joelho estendido, o que traz como consequência um
grande impacto na articulação do joelho. Deve-se orientar o atleta a encurtar
a passada e a tentar flexionar o joelho na aterrissagem, buscando uma corrida
mais suave, com a aterrissagem feita sobre os calcanhares e o médio pé.
Uma insuficiente extensão da perna de impulso pode fazer com que o
indivíduo realize uma corrida meio sentada. Normalmente, isso ocorre de-
vido à falta de força para a finalização da passada. Portanto, exercícios como
saltito e corrida com saltos podem ajudar na correção. Pode também não estar
sendo realizada a flexão da perna de impulso após a impulsão, prejudicando
também a amplitude da passada, o que pode ser corrigido com o exercício de
elevação de calcanhares.
Correr com os pés afastados ou posicionados para fora pode fazer com que
o atleta oscile durante a corrida. Trata-se de uma estratégia compensatória
usada por indivíduos com osteoartrite no joelho. Esse erro pode ser corrigido
ao correr sobre uma risca ou se concentrar em manter os pés alinhados.
A corrida saltada ocorre quando é aplicada a força demasiadamente para
cima. Ela pode ser corrigida ao tentar alongar a passada. Assim, a projeção
dos joelhos à frente e um bom tracionamento do solo empurrando para trás e
para cima contribuem para um melhor posicionamento da passada.
Introdução aos Esportes Individuais | UNIDADE 1
8 Exercícios educativos para corridas Exercícios Educativos para Corrida | PARTE 3 55
Correr com o tronco inclinado para trás ou para a frente pode ser resultado
de músculos da coxa e do tronco fracos. Assim, esse problema pode ser cor-
rigido com o exercício de elevação de joelhos, em que o atleta busca manter
o tronco levemente inclinado para a frente, além da corrida em subida, em
escadaria ou tracionando uma resistência contrária. Já no início da fase de voo,
se não ocorre uma elevação adequada da perna da frente, pode ser devido à
falta de força nos flexores do quadril, que pode ser corrigida com exercícios
como a elevação de joelhos, o saltito e a corrida em subida ou degraus.
Se, durante a corrida, a amplitude da passada é reduzida e o indivíduo corre
quase arrastando os pés no chão, tal fato também pode ser devido à falta de
força nos flexores do quadril para elevar a perna da frente. Essa questão pode
ser corrigida com os exercícios de elevação de joelhos, o saltito, a corrida com
saltos ou degraus, a corrida passando por cima de bastões ou a escadinha de
agilidade. Com um feedback visual, o atleta é obrigado a elevar os pés do chão,
o que, gradativamente, vai fortalecendo a musculatura exigida.
Em corridas de velocidade, o ato de não realizar o toque com a ponta dos pés
na fase de aterrissagem, normalmente, é devido à falta de força para amortecer
o impacto. Essa questão pode ser trabalhada com os exercícios de elevação de
joelhos, de elevação de joelhos subindo escada, de repique e de pular cordas.
O toque no solo com a ponta dos pés ajuda a fortalecer a panturrilha, o que
vai ajudar também na finalização.
Outro problema é correr com os cotovelos flexionados e as mãos relaxadas
no prolongamento do antebraço. Pode ser corrigido ao movimentar o braço
alternadamente ao lado do corpo, cuidando para manter a posição correta.
Ainda, correr olhando para baixo altera a postura do tronco, causando um
desequilíbrio para a frente. Isso pode ser corrigido ao correr olhando cerca
de 20 ou 30 metros para a frente.
Lesões na corrida
Algumas das lesões ocorrem devido a uma sobrecarga de treinamento, sem
o atleta estar com a musculatura devidamente preparada. Assim, o fortaleci-
mento e o alongamento são fundamentais para evitar esses inconvenientes,
bem como uma progressão adequada das cargas de treinamento. Puleo e
Milroy (2011) sugerem não aumentar as cargas de treinamento mais do que
5 a 10% por semana.
A dor normalmente é o primeiro sinal para alertar sobre uma lesão; assim, o
corredor deve buscar identificar se a dor é proveniente do esforço do treino ou
um sinal de lesão. As regiões mais acometidas por lesões são a região lombar e
56 METODOLOGIA DO ENSINO DOS ESPORTES INDIVIDUAIS Exercícios educativos para corridas 9
Análises biomecânicas por meio de vídeos são realizadas há um bom tempo e podem
ajudar a identificar erros durante a corrida. Porém, com o avanço das tecnologias em
smartphones, atualmente já existem alguns aplicativos, como Coach’s Eye, Vip & Team
Coach’s Eye Members, Keelo Lift, iAnalyze, entre outros, que permitem filmar o atleta e
medir ângulos ou fazer marcações. Dessa forma, fica fácil e prático realizar o feedback
do movimento para o atleta.
Figura 3. Tipos de treinamento que desenvolvem a força específica para a corrida: (a) corrida
em rampa; (b) corrida em escada; (c) corrida puxando uma carga; (d) corrida empurrando
uma carga.
Fonte: (a) Evolua... (2018, documento on-line); (b) Treino… (2018, documento on-line); (c) 3 exercícios...
(2017, documento on-line); (d) Miezio (2019, documento on-line).
Treinamento da flexibilidade
A flexibilidade, segundo Dantas (2014), pode ser trabalhada de duas formas:
alongamento e flexionamento. O alongamento tem por objetivo mobilizar a
articulação em toda a sua amplitude, retirando-a de um estado mais enrijecido
e, normalmente, trabalhando dentro da faixa de normalidade da amplitude do
movimento, sem riscos de lesão. Assim, o alongamento pode ser realizado
por meio dos métodos descritos a seguir.
Suponha que você é procurado por uma mulher de 30 anos, com leve sobrepeso, que
deseja realizar atividades de corrida. Inicialmente, deve ser realizada uma anamnese, em
que você vai identificar os objetivos da mulher, sendo esse objetivo realizar uma corrida
de 5 km. Além disso, você deve verificar os possíveis riscos que ela possa apresentar,
como histórico de hipertensão, problemas cardíacos ou lesões.
Uma avaliação postural ajuda a identificar alguns desvios posturais que podem
ser corrigidos com fortalecimento e alongamento. Um dos pontos identificados é
um encurtamento na região posterior da coxa, além de joelhos valgos. Portanto, é
recomendada a execução de exercícios de fortalecimento para a região lateral da
coxa, com uma rotina de exercícios que incluem adutores, agachamento, extensores
e flexores do joelho e da panturrilha. Também serão acrescentados exercícios para a
região do core, além de alongamentos para a região posterior de coxa, o tornozelo
(panturrilha) e o trato iliotibial.
Os treinos serão divididos em duas sessões de fortalecimento por semana, realizadas
na sala de musculação, e duas sessões de corrida, em que será trabalhada a iniciação
à corrida, intercalando-se percursos de corrida com caminhada e dando mais ênfase
à caminhada com um ritmo mais acelerado, devido ao leve sobrepeso que a iniciante
apresenta. Esse trabalho será mantido por quatro semanas e, na sequência, deve-se
buscar acrescentar mais uma sessão de corrida.
60 METODOLOGIA DO ENSINO DOS ESPORTES INDIVIDUAIS Exercícios educativos para corridas 13
Leitura recomendada
IAAF. Correr, saltar e lançar: guia oficial da IAAF de ensino do atletismo. [S. l.]: IAAF, 2018.
Disponível em: http://www.cbat.org.br/publicacoes/CorrerSaltarLancar_GuiaOffi-
cial_IAAF_deEnsinoDoAltetismo.pdf. Acesso em: 12 jun. 2019.
Introdução aos Esportes Individuais | UNIDADE 1
Exercícios Educativos para Corrida | PARTE 3 61
PREZADO ESTUDANTE
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V.1 | 2022
Estamos começando uma unidade desta disciplina. Os textos que a compõem foram organizados com
cuidado e atenção, para que você tenha contato com um conteúdo completo e atualizado tanto quanto
possível. Leia com dedicação, realize as atividades e tire suas dúvidas com os tutores. Dessa forma, você,
com certeza, alcançará os objetivos propostos para essa disciplina.
Objetivo Geral
Reconhecer as principais técnicas e regras das provas de corridas de velocidade.
unidade
2
V.1 | 2022
Parte 1
Corridas de Velocidade
Corridas de velocidade
Objetivos de aprendizagem
Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados:
Introdução
As provas de velocidade chamam a atenção em competições de atletismo
por, normalmente, intitularem o seu vencedor como “o atleta mais rápido
do mundo”. Elas estão presentes nos jogos olímpicos desde a Antiguidade,
quando eram denominadas stadium e os atletas corriam uma distância de
aproximadamente 200 metros. A provas de velocidade são mais curtas, e
detalhes fazem a diferença entre quem vence ou perde uma prova. Por
isso, a largada, a técnica de corrida e a chegada são etapas importantes
para atingir o máximo desempenho.
As provas de 100 metros rasos masculinos fazem parte do programa
olímpico desde 1896; já os 200 metros rasos masculinos foram incorpo-
rados em 1900. As mulheres começaram a correr as provas de velocidade
em 1928, com as provas de 100 metros rasos, depois, em 1948, os 200
metros rasos e, em 1964, os 400 metros rasos.
Neste capítulo, você vai estudar sobre as provas de velocidade e suas
características, identificando as formas de saída, os equipamentos, as
técnicas e a fisiologia envolvida nas provas. Você também vai analisar as
formas de treinamento e aprendizagem dessas corridas.
Esportes Individuais: Corridas | UNIDADE 2
2 Corridas de velocidade
Corridas de Velocidade | PARTE 1 67
Provas de velocidade
As provas de velocidade no atletismo, segundo Fernandes (2003), estão
divididas em provas de velocidade pura, que são as provas de 100 e 200
metros rasos, e de velocidade prolongada, que é a prova de 400 metros
rasos, sendo realizadas tanto por homens quanto por mulheres. Nas provas
de velocidade pura, não há um arranque no fi nal da prova; o objetivo é
atingir a velocidade máxima o mais rápido possível e sustentá-la até o fi m
da corrida. Essa tarefa não é fácil, tendo em vista que, com o passar do
tempo, o organismo sofre depleção, e as reservas energéticas e a quantidade
de fibras musculares envolvidas no trabalho vão diminuindo, ocasionando
a perda da velocidade.
Quanto à classificação das provas de velocidade, as provas podem ser:
Homens
Tempo Velocidade
Prova Atleta Ano
(segundos) média
Wayde
400 metros rasos 43”03 33,47 km/h 2016
Van Niekerk
(Continua)
68 METODOLOGIA DO ENSINO DOS ESPORTES INDIVIDUAIS
Corridas de velocidade 3
(Continuação)
Mulheres
Tempo Velocidade
Prova Atleta Ano
(segundos) média
Florence
100 metros rasos 10”49 34,32 km/h 1988
Griffith-Joyner
Florence
200 metros rasos 21”34 33,74 km/h 1988
Griffith-Joyner
O link abaixo apresenta um pouco da história de Jesse Owens, um atleta negro que de-
fendeu, além de seu país, a igualdade entre as raças, em um período de segregação racial.
https://qrgo.page.link/mkdte
Largadas e chegadas
Na prova de 100 metros rasos, os atletas largam alinhados lado a lado,
pois estão em uma reta. Já nas provas de 200 e 400 metros rasos, como as
largadas ocorrem em curva, para compensar a diferença entre quem corre
na raia interna e quem corre na raia externa, é utilizada a saída escalonada.
Portanto, quem larga na raia externa fica posicionado alguns metros à frente
de quem larga nas raias internas. Além disso, normalmente, nas partidas dos
200 e 400 metros rasos, o bloco é posicionado tangente à linha da trajetória,
um pouco mais próximo à linha externa da raia; assim, os primeiros passos
são dados em linha reta.
Em todas essas provas, os atletas utilizam o bloco de partida para a
largada (Figura 1a), sendo realizada obrigatoriamente a largada do tipo baixa.
Durante a prova, normalmente os atletas usam uma sapatilha específica
para corridas (Figura 1b), que contém pregos no solado, o que fornece uma
maior aderência, proporcionando um tracionamento melhor junto à pista.
Esportes Individuais: Corridas | UNIDADE 2
Corridas de Velocidade | PARTE 1 71
6 Corridas de velocidade
Figura 1. (a) Bloco de partida utilizado para as largadas e (b) sapatilha para corridas em
pista de atletismo.
Fonte: (a) Mezzotint/Shutterstock.com; (b) Vaclav Volrab/Shutterstock.com.
Para que o atleta tenha uma boa largada, além do treinamento técnico do
movimento da saída, também é necessário desenvolver uma boa velocidade
de reação, que é a capacidade do atleta em responder o mais rápido possível
a um estímulo externo. Para o treinamento dessa velocidade de reação, são
utilizados os canais sensoriais da visão, da audição e do tato. Assim, normal-
mente, no momento de uma saída, o atleta responde aos estímulos auditivo,
quando escuta o tiro de partida, e visual, quando, com sua visão periférica,
percebe a movimentação dos demais competidores ao seu lado.
72 METODOLOGIA DO ENSINO DOS ESPORTES INDIVIDUAIS
Corridas de velocidade 7
Figura 2. Posição após a largada, com um impulso forte no bloco, estendendo bem as
articulações e coordenando o movimento de braços e pernas.
Fonte: MinDof/Shutterstock.com.
Figura 3. Descrição das fases da corrida. Nos momentos 1 e 3 ocorre a fase de apoio, e, no
momento 2, a fase de voo. No momento 1, ocorre a impulsão com a perna direita, enquanto
a perna esquerda realiza o balanceio anterior. No momento 3, podemos identificar a fase de
aterrissagem com a perna direita e a fase de recuperação com a perna esquerda.
Fonte: Adaptada de Michal Sanca/Shutterstock.com.
Segundo Weineck (1999), pode-se encontrar alguns tipos de velocidade pura, como:
Velocidade de reação — capacidade de resposta a um estímulo no menor tempo
possível; por exemplo, iniciar uma corrida após um apito.
Velocidade de ação — capacidade de realizar movimentos únicos ou acíclicos; por
exemplo, um salto, o impulso no bloco de partida, na largada da corrida, ou um
chute, em esportes de combate.
Esportes Individuais: Corridas | UNIDADE 2
Corridas de Velocidade | PARTE 1 77
12 Corridas de velocidade
Figura 4. Treino de resistência de velocidade com o uso do trenó com carga. Normalmente,
sugere-se o uso de 5 a 8% do peso corporal como carga.
Fonte: WoodysPhotos/Shutterstock.com.
Leituras recomendadas
MATTHIESEN, S. Q. Atletismo se aprende na escola. 2. ed. Jundiaí: Fontoura, 2009.
MATTHIESEN, S. Q. Fundamentos de educação física no ensino superior atletismo: teoria
e prática. 2. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2017.
PREZADO ESTUDANTE
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V.1 | 2022
Parte 2
Corridas de Resistência
Corridas de resistência
Objetivos de aprendizagem
Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados:
Introdução
A corrida é um movimento natural do ser humano; as crianças, por
exemplo, correm em diversas brincadeiras. Porém, alguns hábitos nada
saudáveis têm tornado o ser humano cada vez mais sedentário e, junto
com isso, têm aumentado a incidência de doenças provenientes desses
hábitos. Dessa forma, muitos adultos têm se tornado indivíduos seden-
tários, o que acaba aumentando o risco de diversas doenças silenciosas,
como a hipertensão e o diabetes.
A corrida de resistência surge como uma opção na tentativa de tornar
esse indivíduo mais ativo. Estudos iniciados pelo médico americano
Kenneth Cooper, na década de 1970, já mostravam resultados positivos
para a saúde com a prática de corridas em ritmo moderado. Assim, a
prática dessas corridas recebeu um grande estímulo, o que resultou em
um aumento significativo no número de praticantes. Esse aumento é
facilmente percebido devido ao aumento do número de assessorias que
surgiram para atender à demanda de novos corredores. Além do apelo
da melhora na saúde, as corridas de resistência geram grande motivação
pela superação de limites; nelas, o homem é motivado a correr cada
vez mais e mais rápido. Um exemplo de motivação é a atual busca dos
atletas pelo rompimento da barreira de 2 horas na maratona masculina.
Esportes Individuais: Corridas | UNIDADE 2
2 Corridas de resistência Corridas de Resistência | PARTE 2 85
mulheres acabaram passando mal após a prova devido ao esforço, ela foi
excluída, retornando apenas nos jogos de Roma, em 1960.
A prova de 1.500 metros está presente nos jogos também desde a primeira
edição; nela, os atletas realizam três voltas completas e ¾ de uma volta, sendo
essa prova equivalente à distância clássica da milha (1.609 metros), que era
uma corrida comum nos Estados Unidos e na Grã-Bretanha, devido ao sistema
métrico. As mulheres estrearam apenas nos jogos de Munique, em 1972,
conforme aponta a Associação Internacional de Federações de Atletismo
(CBAT; IAFF, 2017).
A prova de 5.000 metros também foi disputada desde a Antiguidade,
inspirada nos grandes feitos dos mensageiros militares, e chamava-se “doli-
chos”. Nessa prova, os atletas realizam 12 voltas e meia na pista (CBAT; IAFF,
2017). Ela está presente nos jogos modernos desde 1912, em Estocolmo. As
provas de resistência feminina são recentes; sua estreia ocorreu nos jogos de
Los Angeles, em 1984, na distância de 3.000 metros; nos jogos de Atlanta, foi
substituída para os atuais 5.000 metros.
A prova de 10.000 metros está presente nos jogos modernos desde 1912,
em Estocolmo. Nela, os atletas realizam 25 voltas completas na pista. As
corridas para fins de apostas eram muito populares na Grã-Bretanha e nos
Estados Unidos no século XIX. A versão feminina estreou apenas em Seul,
em 1988 (CBAT; IAFF, 2017).
As provas de 5.000 e 10.000 metros tiveram atletas finlandeses com grande
destaque internacional, como Paavo Nurmi e Lasse Viren, além do tcheco Emil
Zatopek, conhecido com a “locomotiva humana”. A partir dos anos 1980, os
etíopes e quenianos passaram a dominar os eventos masculinos, enquanto,
entre as mulheres, a China e a Etiópia se destacam.
Normalmente, fora da pista o percurso oferece alguns obstáculos relaciona-
dos à altimetria, que se refere às subidas com diferentes graus de inclinação.
Devido a essas variações, existem locais onde são realizadas essas provas que
favorecem a quebra de recordes, por possuírem um percurso favorável, ou seja,
uma altimetria baixa. Já outros percursos acabam ficando conhecidos por sua
dificuldade. Assim, torna-se difícil reproduzir em locais diferentes provas
com as mesmas características. O Quadro 1 apresenta as melhores marcas de
algumas provas de resistência, tanto em pista como em rua.
Esportes Individuais: Corridas | UNIDADE 2
Corridas de Resistência | PARTE 2 87
4 Corridas de resistência
Em pista
Na rua
5 km 30% 70%
10 km 20% 80%
Influência no desempenho
Entre os fatores que determinam o desempenho, segundo Evangelista (2010),
está a economia de corrida, que está relacionada à absorção de oxigênio pelo
corpo. Assim, atletas com os mesmos valores de VO2máx não necessariamente
correm na mesma velocidade; essa economia está relacionada à capacidade
de correr em velocidades maiores com menor gasto energético. Uma maior
quantidade de mitocôndrias está relacionada a uma menor produção de lactato,
a densidade de capilares está relacionada ao fornecimento de sangue com
oxigênio aos músculos, e uma maior capacidade cardíaca também vai fornecer
maior quantidade de sangue aos tecidos musculares.
Segundo Machado (2009), as corridas de resistência podem proporcionar
respostas agudas e crônicas. A melhora do desempenho com o treinamento
está relacionada com mudanças crônicas.
Esportes Individuais: Corridas | UNIDADE 2
Corridas de Resistência | PARTE 2 93
10 Corridas de resistência
Treino em altitude
Os treinos em altitudes acima de 1.800 metros podem acarretar melhoras
entre 1,8 a 2,5% na performance do atleta, segundo Evangelista (2010). Entre
as alterações encontradas, a permanência por no mínimo duas semanas em
elevadas altitudes pode gerar aumento no número de células vermelhas e,
entre 3 e 6 semanas, aumento da capacidade mitocondrial.
96 METODOLOGIA DO ENSINO DOS ESPORTES INDIVIDUAIS
Corridas de resistência 13
Durante as corridas de resistência, sempre surge a dúvida: “devo respirar pela boca ou
pelo nariz?” Normalmente, em repouso, respiramos pelo nariz, pois essa respiração
atende à nossa demanda de oxigênio. Além disso, o ar é aquecido e filtrado antes de
chegar aos pulmões. Porém, durante o exercício, a frequência respiratória aumenta,
devido à necessidade de mais oxigênio para manter o trabalho. Assim, com uma
frequência elevada, fica desconfortável respirar pelo nariz, além de a quantidade de
ar demandada ser insuficiente. Por isso, a respiração pela boca acaba sendo utilizada,
pois atende à demanda de oxigênio necessária para o exercício.
CBAT; IAFF. Atletismo: regras oficiais de competição 2016-2017. São Paulo: Phorte, 2017.
EVANGELISTA, A. L. Treinamento de corrida de rua: uma abordagem metodológica e
fisiológica. São Paulo: Phorte, 2010.
FERNANDES, J. L. Atletismo: corridas. 3. ed. São Paulo: EPU, 2003.
GOMES, A. C. Treinamento desportivo. Porto Alegre: Artmed, 2009.
MACHADO, A. Bases científicas do treinamento de corridas. São Paulo: Icone, 2011.
MACHADO, A. Corrida: teoria e prática do treinamento. São Paulo: Icone, 2009.
MCNAB, T. Corridas de velocidade, fundo e meio fundo. Porto: Talus, 1983.
Leitura recomendada
BROWN, R. L. Corrida como condicionamento físico. São Paulo: ROCA, 2005.
Esportes Individuais: Corridas | UNIDADE 2
Corridas de Resistência | PARTE 2 97
PREZADO ESTUDANTE
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V.1 | 2022
Parte 3
Corridas com Barreiras e
Corridas de Revezamento
Introdução
As provas de revezamentos se caracterizam por serem provas coletivas,
em que cada integrante da equipe corre uma parte do percurso. Existem
vários tipos de provas de revezamentos; por exemplo: provas realizadas
por influência cultural, como as provas indígenas; provas de pedestria-
nismo, como maratonas de revezamento; ou, ainda, desafios maiores,
como ultramaratonas de revezamento, que envolvem maiores distâncias.
Porém, em pista, as provas mais conhecidas são as de 4 × 100 metros e
de 4 × 400 metros, tanto masculinas quanto femininas, que envolvem
distâncias mais curtas e são caracterizadas como provas de velocidade.
Já as provas de barreiras são provas que envolvem tanto distâncias
curtas quanto distâncias longas, como é o caso das provas de obstácu-
los. Essas provas combinam a corrida com a passagem por obstáculos
específicos, que acabam exigindo do atleta não apenas velocidade ou
resistência, mas também outras habilidades físicas, como força e uma
boa percepção espaço-tempo.
Conhecer essas modalidades é importante para o futuro profissional
de educação física. Isso porque a combinação dos estímulos associados
a essas provas acaba contribuindo de forma importante não apenas
para a formação motora das crianças, mas também para a formação
Esportes Individuais: Corridas | UNIDADE 2
2 Corridas com barreiras e corridas de revezamentoCorridas com Barreiras e Corridas de Revezamento | PARTE 3 101
Barreiras
O atleta deve permanecer em sua respectiva raia do início ao fim; caso saia
de sua raia, derrube alguma barreira voluntariamente ou não passe por alguma
barreira, será desclassificado, conforme aponta a Confederação Brasileira de
Atletismo (CBAT; IAAF, 2017). As barreiras derrubadas involuntariamente
não implicam em nenhuma penalização para o atleta.
Esse é um aspecto interessante dessas provas, pois, até 1935, os atletas
eram desclassificados por derrubarem três barreiras ou mais. Atualmente, o
critério para desqualificação do atleta é subjetivo e definido pelo árbitro, que
considera como ato voluntário se o atleta quis derrubar a barreira, porque a
atingiu no meio, atropelando-a, ou como ato involuntário, quando ele esbarra
sem querer e a barreira cai, conforme leciona a Associação Internacional de
Federações de Atletismo (IAAF, [2019]). O Quadro 2 apresenta os recordes
mundiais das provas de barreiras masculinas e femininas.
Barreiras
atuais 100 metros, assim como o aumento do número de barreiras para 10.
Em 1972, em Munique, a prova já ocorreu com a distância atual.
Entre os destaques dessa prova está Yordanka Donkova, atleta búlgara
que conquistou a medalha de ouro nas Olímpiadas de Seul, em 1988, e esta-
beleceu quatro recordes mundiais, o último com a marca de 12"21, em 1988.
Esse recorde foi superado pela americana Kendra Harrison apenas em 2016.
Entre os países mais fortes nessa categoria estão Estados Unidos, Alemanha,
Bulgária, Rússia, Suécia e Canadá, conforme a IAAF ([2019]).
Figura 1. Obstáculo do fosso na prova de 3.000 metros com obstáculos. Esse fosso é mais
fundo na região próxima ao obstáculo, depois vai ficando raso com a maior distância do
obstáculo.
Fonte: charnw/Shutterstock.com; 3000m… (2018, documento on-line).
Esportes Individuais: Corridas | UNIDADE 2
6 Corridas com barreiras e corridas de revezamentoCorridas com Barreiras e Corridas de Revezamento | PARTE 3 105
Obstáculos
consecutivos nessa prova entre 1984 e 1992. Porém, os jamaicanos liderados por
Usain Bolt reescreveram os recordes, sendo a primeira equipe a correr abaixo dos
37 segundos. Em 2012, Bolt obteve a incrível marca de 8,70 segundos nos 100
metros finais. Nessa prova, o atleta já estava em uma corrida lançada para pegar
o bastão; assim, não perdeu tempo com a aceleração, mostrando que é possível
a busca por novas marcas, conforme aponta a IAAF ([2019]).
O Brasil obteve bons resultados, como a medalha de bronze nos Jogos
Olímpicos de Atlanta, em 1996, e a medalha de prata nos Jogos Olímpicos de
Sydney, em 2000. Nessa oportunidade, foi conquistada a melhor marca do
Brasil; a equipe era composta por Vicente Lenílson, Edson Ribeiro, André
Domingos e Claudinei Quirino (CBAT; IAAF, 2017).
No link a seguir você encontra um guia de mídia produzido pela Confederação Brasileira
de Atletismo (CBAt), que apresenta os atletas do revezamento brasileiro no campeonato
mundial de 2019, além de mostrar as principais marcas desses atletas.
https://qrgo.page.link/pQZLh
Passagem do bastão
A técnica de corrida empregada nas provas de revezamento, segundo Matthiesen
(2017), é muito semelhante às utilizadas em corridas de velocidade, até porque
os atletas que compõem os revezamentos competem individualmente em suas
respectivas provas. Uma das características que diferenciam os revezamentos
é a passagem do bastão, que, no revezamento 4 × 100 metros, é uma etapa
fundamental, por ser uma prova mais curta. Nos 4 × 400 metros, por ser uma
prova mais longa, a passagem do bastão precisa apenas ser bem executada.
Assim, podemos dizer que, na prova de 4 × 100 metros, a passagem é não
visual, pois os atletas não olham para o companheiro para receber o bastão.
Essa passagem precisa ser bem treinada, e os atletas precisam estar em sintonia.
A prova é executada em altíssima velocidade, e, no momento da passagem, os
atletas ficam quase lado a lado na mesma raia. Caso o atleta olhe para trás,
a chance de sair da raia é muito grande, o que faria com que a equipe fosse
desqualificada. Portanto, durante a passagem do bastão, o atleta olha para a
frente e mantém sua corrida em aceleração; quando se aproximar do recebedor,
deve emitir um sinal sonoro como “já” ou “vai”, para que o recebedor estenda
o braço para trás e receba o bastão.
Além disso, no momento da passagem, os atletas precisam estar em uma
velocidade similar. Por isso, quem vai receber precisa começar a correr antes
de entrar na zona de passagem, para quando entrar nessa área estar em uma
velocidade compatível. Assim, os atletas precisam estar bem entrosados,
para evitar que um dos atletas acelere antes e acabe não sendo alcançado
pelo companheiro na zona de passagem, tendo que desacelerar, ou que seja
atropelado pelo companheiro por não ter acelerado a tempo de receber o bastão
na mesma velocidade, exigindo a desaceleração e acarretando perda de tempo.
O bastão deve ficar posicionado na mão esquerda ou direita, dependendo
do percurso, isto é, se o atleta corre na reta ou na curva. Quem corre na curva
110 METODOLOGIA DO ENSINO DOS ESPORTES INDIVIDUAIS Corridas com barreiras e corridas de revezamento 11
corre com o bastão na mão direita, para poder ficar na parte interna da raia;
já quem corre na reta segura o bastão na mão esquerda.
Os atletas também são posicionados de acordo com o percurso, possuindo
características diferentes. Veja-as a seguir.
Primeiro corredor: deve ter uma excelente largada, com boa aceleração,
além de ser um excelente corredor de curva.
Segundo corredor: deve ter uma boa habilidade para a passagem do
bastão e conseguir realizar uma boa corrida lançada.
Terceiro corredor: deve ter uma boa habilidade para a passagem do
bastão, realizar uma boa corrida lançada e ser um excelente corredor
de curva.
Quarto corredor: deve ter uma boa habilidade para a passagem do bastão
e, normalmente, é o melhor corredor da equipe.
Na prova de 100 ou 110 metros, após realizar a saída, o atleta deve buscar
posicionar a perna de ataque, com a qual executa o movimento com maior
facilidade, para iniciar as passagens. Além disso, devido à proximidade da
barreira, diferentemente da prova de 100 metros rasos, em que o atleta vai
assumindo a posição de corrida próximo aos 20 metros, na prova de barreiras,
ele deve assumir rapidamente a posição ereta, para se preparar para a passagem
da barreira. Normalmente, executa-se esse percurso com sete a oito passos.
Já na prova de 400 metros, há uma distância maior até a primeira barreira, e
o atleta executa em torno de 21 a 24 passos.
Após a passagem, o atleta mantém o número de passadas entre as barreiras,
para evitar a troca da perna de ataque. Portanto, a barreira deve ser atacada
estendendo-se a perna; para que isso ocorra, a impulsão deve ser feita a uma
distância suficiente para que o atleta consiga estender a perna de ataque mantendo
a velocidade e o ritmo. É muito comum que iniciantes façam a passagem muito
próximos à barreira, segundo Barros e Dezem (1990), e, com isso, acabam fazendo
um movimento de salto sobre a barreira, e não de passagem; assim, seu centro de
gravidade oscila muito, além de aumentar seu tempo de voo. Por isso, o ideal é
executar a impulsão para a passagem aproximadamente 6 a 8 pés antes da barreira,
possibilitando projetar a perna de ataque estendida para realizar a passagem.
Normalmente, nas provas de 100 e 110 metros, os atletas realizam três
passos completos — o quarto passo seria a passagem da barreira — ou quatro
tempos — quatro toques no chão entre cada barreira, o que permite manter
o ataque sempre com a mesma perna. Para isso, alguns pontos podem ser
observados, como os a seguir.
3000M Steepleachase. Belarus, [s. l.], 25 jun. 2018. Disponível em: https://www.belarus.
by/en/press-center/photo/i_16586.html?page=6. Acesso em: 5 jun. 2019.
BARROS, N.; DEZEM, R. O atletismo. 2. ed. São Paulo: Apoio, 1990.
CBAT; IAAF. Atletismo: regras oficiais de competição 2016-2017. São Paulo: Phorte Edi-
tora, 2017.
IAAF. Disciplines. International Association of Athletics Federations, [s. l.], [2019]. Disponível
em: https://www.iaaf.org/disciplines. Acesso em: 5 jun. 2019.
LOPE, M. V.; BENEJAM, J. C. Tratado de atletismo. Madrid: Esteban Sanz Martínez, 1998.
MATTHIESEN, S. Q. Fundamentos de educação física no ensino superior atletismo: teoria
e prática. 2. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2017.
Leitura recomendada
MATTHIESEN, S. Q. Atletismo se aprende na escola. 2. ed. Jundiaí: Fontoura, 2009.
PREZADO ESTUDANTE
3
V.1 | 2022
Estamos começando uma unidade desta disciplina. Os textos que a compõem foram organizados com
cuidado e atenção, para que você tenha contato com um conteúdo completo e atualizado tanto quanto
possível. Leia com dedicação, realize as atividades e tire suas dúvidas com os tutores. Dessa forma, você,
com certeza, alcançará os objetivos propostos para essa disciplina.
Objetivo Geral
Reconhecer as principais técnicas e regras das provas de arremesso, lançamentos e saltos.
unidade
3
V.1 | 2022
Parte 1
Saltos Verticais:
Altura e com Vara
Saltos verticais:
em altura e com vara
Objetivos de aprendizagem
Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados:
Introdução
Os saltos na vertical, em que os atletas buscam atingir a maior altura
possível, fazem parte das provas de atletismo e, em competições oficiais,
são denominados salto em altura e salto com vara. Apesar da técnica
extremamente apurada e precisa, esses movimentos partem da incor-
poração e especialização da habilidade básica de saltar.
Neste capítulo, você vai estudar o processo evolutivo das provas
de saltos no atletismo, verificando desde a sua prática nos jogos da
Antiguidade até a sua inserção em práticas cotidianas. Você vai analisar
as mudanças na ação motora, nas regras e na forma de aprendizagem
e treinamento dos saltos verticais, com o intuito de ampliar seu conhe-
cimento sobre a modalidade e o seu histórico. O objetivo é conduzi-lo
a uma compreensão da prática de saltos verticais em diferentes níveis
(escolar ou de treinamento) e espaços (competitivos ou de participação).
Jonath, Haag e Krempel (1981) ainda destacam que, no ano de 1936, passou a
ser executado um salto em que o atleta, a partir da corrida, faz a ultrapassagem
do sarrafo com o corpo na posição de decúbito ventral. Esse estilo de saltar foi
denominado rolamento ventral (Figura 2). Entre os anos de 1936 e 1960, essa
passou a ser a forma de saltar mais utilizada entre os atletas de elite, pois permitia
que a impulsão realizada ganhasse potência quando o tronco era estendido em
uma posição quase totalmente horizontal durante a passagem pela barra.
124 METODOLOGIA DO ENSINO DOS ESPORTES INDIVIDUAIS
Saltos verticais: em altura e com vara 3
Foi nos Jogos Olímpicos do México, em 1968, que o estilo flop passou a
ser conhecido. Conforme conta Jonath, Haag e Krempel (1981), esse estilo foi
criado a partir de um erro na execução do salto em tesoura. O atleta norte-
-americano Richard (Dick) Fosbury costumava ter muito sucesso em suas
tentativas de saltar em tesoura, inclusive tendo melhor performance do que
quando se utilizava do estilo rolamento ventral. Como sua equipe necessitava
de uma boa pontuação, o treinador e o atleta optaram pelo uso do salto tesoura.
Porém, durante uma das tentativas, um deslizamento da perna de impulsão
fez com que o atleta mudasse o movimento do corpo, com um resultado
surpreendente. Silva e Silva (2013, documento on-line) descrevem o seguinte:
Na tentativa de saltar uma altura que quebraria o seu recorde pessoal, o rapaz
ao fazer a corrida de aproximação muito mais rápida do que o normal perdeu
um pouco do equilíbrio para impulsão. Seu pé de impulsão deslizou um pouco
e, para não bater no sarrafo, ele fez um giro no ar e acabou passando de costas
de uma forma um tanto desengonçada para quem assistia. Ali começava a
nascer o flop ou o Fosbury flop como foi inicialmente chamado esse salto em
homenagem ao rapaz que o “inventou”, Richard (Dick) Fosbury (1947), que
viria a se sagrar campeão olímpico do salto em altura, no México, em 1968.
https://qrgo.page.link/gNHix
Esportes Individuais: Saltos, Arremesso e Lançamentos | UNIDADE 3
6 Saltos verticais: em altura e com vara Saltos Verticais: Altura e com Vara | PARTE 1 127
1. preparação;
2. corrida de aproximação;
3. salto, que se estabelece na impulsão;
4. elevação e transposição;
5. queda.
O estilo tesoura, segundo Matthiesen (2017), é o estilo que tem maior faci-
lidade para a aprendizagem e, de certa forma, é utilizado como um processo
educativo para o estilo flop. Contudo, o uso do salto tesoura limita a aquisição
de grandes alturas, pela fragilidade de seu processo de impulsão.
Nesse estilo, a corrida se dá em uma velocidade adequada para estimular
a impulsão, que é realizada pela perna externa em relação à posição lateral,
com base no sarrafo. Assim, dependendo de como será estabelecida a melhor
perna para essa impulsão, a corrida será iniciada pelo lado esquerdo ou pelo
lado direito. A perna que vai ser chutada para cima é aquela que está mais
próxima ao sarrafo, iniciando, assim, o movimento de troca de pernas.
Como a perna de impulsão terá uma ligeira flexão, o centro de gravidade
estará baixo. Porém, pelo movimento de extensão dessa mesma perna, o
corpo é projetado para cima, e, ao mesmo tempo, acontece o lançamento da
perna para cima, quase já ultrapassando o sarrafo. O braço sempre auxiliará
o movimento. Quando o sarrafo for ultrapassado, a primeira perna que foi
128 METODOLOGIA DO ENSINO DOS ESPORTES INDIVIDUAIS Saltos verticais: em altura e com vara 7
Já no estilo rolo ventral, a corrida vai acontecer pelo lado contrário do estilo
tesoura; isto é, a perna de impulsão será aquela que estiver mais próxima ao
sarrafo, e a corrida se inicia por esse mesmo lado. Assim, a perna com que
será realizado o chute é aquela que se posiciona mais distante do sarrafo.
Ao iniciar o salto, há uma flexão com rápida extensão da perna de impulso.
Nesse momento, a perna do chute tem certo atraso com relação ao movimento.
Quando os braços se impulsionam para cima da cabeça, a perna do chute é
impulsionada também para cima. O tronco, que está no prolongamento do
movimento corporal, mantém-se em decúbito ventral, realizando um giro
longitudinal em relação à barra.
Nesse estilo, o amortecimento da queda é necessário; por isso, o uso
do colchão é sempre recomendado. A movimentação completa do corpo
faz com que o atleta caia de frente ou de costas, dependendo de como
Esportes Individuais: Saltos, Arremesso e Lançamentos | UNIDADE 3
8 Saltos verticais: em altura e com vara Saltos Verticais: Altura e com Vara | PARTE 1 129
Por fim, no estilo Fosbury flop, conhecido como flop, a corrida é mais
veloz do que nos outros estilos, realizando-se uma curva ao final da fase de
aproximação. Esse deslocamento provoca uma inclinação do tronco para dentro
nessa fase. A entrada para o salto se dá paralelamente ao sarrafo, e o impulso
é realizado com a perna externa, “[...] ao mesmo tempo em que realiza um
giro no momento da elevação. A transposição do sarrafo que virá a seguir é
decorrência de um arco pronunciado de costas que favorecerá o ‘chute’ das
pernas para cima”, conforme descreve Matthiesen (2017, p. 119).
O joelho da perna do chute deve permanecer alto nessa fase que an-
tecede a transposição. O arco que será executado faz com que os braços
e a cabeça estejam posicionados para trás. Na aproximação do colchão,
que acontece com as costas, o arco vai se desfazendo, mas é importante
ter cuidado para que o sarrafo não caia. A Figura 6 representa a técnica
do salto Fosbury flop.
130 METODOLOGIA DO ENSINO DOS ESPORTES INDIVIDUAIS
Saltos verticais: em altura e com vara 9
Sobre as regras básicas dessa prova, o salto deve ser realizado utilizando-
-se da impulsão de um pé. Serão autorizadas três tentativas, e um salto é
considerado falho quando, após o salto, a barra não permanecer nos suportes,
devido à ação do atleta enquanto salta (CBAT; IAAF, 2018).
A escolha da altura em que as tentativas serão iniciadas é estabelecida de
forma livre pelo saltador, mas o sarrafo não poderá ser elevado menos de 2
cm. Ainda sobre as falhas, caso uma falha aconteça na primeira tentativa, o
atleta pode optar por não realizar o segundo e o terceiro saltos e passar para
o salto na altura subsequente.
1. empunhadura;
2. corrida;
3. preparação para o encaixe;
4. salto, marcado por impulsão;
5. elevação, giro e transposição;
6. queda.
Como o salto com vara ainda é uma prova pouco praticada, devido a todas
as exigências de uso do implemento e à dificuldade de execução, ela também
é pouco disseminada no contexto escolar, e sua forma de execução passa a
ser evitada. Isso faz com que, na iniciação, vários erros sejam cometidos,
pela falta de experiência e vivências nesses movimentos por parte dos alunos.
Por isso, é preciso que, no momento da aprendizagem, sejam evitados alguns
erros comuns dessa prova, conforme mostra o Quadro 1 a seguir, organizado
por Matthiesen (2017).
Erros Correções
Quando o sarrafo for derrubado por qualquer parte do corpo ou não per-
manecer na posição, a tentativa será considerada falha. Essa regra é básica
para que o atleta sempre esteja focado em como realizar seu movimento, pois
qualquer descuido, mesmo que seja após a transposição do sarrafo, pode causar
contato com a vara, e essa ação leva à realização de um salto falho.
Sobre as varas, as regras registram que elas podem ser feitas de qualquer
material, de qualquer comprimento ou diâmetro; contudo, a superfície deve
ser lisa. Não é permitido que um atleta use a vara de outro atleta sem o
consentimento deste; por isso, cada atleta deve se apresentar com sua própria
vara na área de competição.
Sobre essa utilização, é possível relembrar um fato ocorrido com a atleta
brasileira Fabiana Murer na Olimpíada de Pequim, em 2008, quando uma
de suas varas sumiu durante a competição, e ela teve que executar o salto
com outra de suas varas. Nessa competição, ela acabou não conquistando
nenhuma medalha.
Acesse o link a seguir e assista a reportagens sobre o ocorrido com Fabiana Murer,
atleta do salto com vara representante da Seleção Brasileira.
https://qrgo.page.link/ELrPH
Ainda sobre o salto com vara nas competições oficiais, é preciso relem-
brar a conquista olímpica do atleta brasileiro Tiago Braz, que se consagrou
campeão nos Jogos Olímpicos do Rio de Janeiro, em 2016, saltando a altura
de 6,03 m. Nessa final, o atleta saltou pela primeira vez essa altura, em toda
sua carreira; como em uma tentativa única de superar um atleta francês, o
brasileiro superou seus limites e buscou com determinação o ouro olímpico.
Sempre é importante que os professores e treinadores conheçam as infor-
mações, a história e os recordes de atletas brasileiros, principalmente porque
são esses fatos que darão significado às aprendizagens, gerando interesse e
motivação em contextos escolares ou na iniciação esportiva. É preciso que
o professor compreenda todos os aspectos e conceitos da modalidade, pois
cabe a ele repassar essas informações, bem como usá-las nos processos de
ensino e aprendizagem.
Esportes Individuais: Saltos, Arremesso e Lançamentos | UNIDADE 3
14 Saltos verticais: em altura e com vara Saltos Verticais: Altura e com Vara | PARTE 1 135
Acesse o link a seguir e consulte o guia prático elaborado pela CBAt, que apresenta os
materiais a serem utilizados em uma proposta de miniatletismo.
https://qrgo.page.link/9QBs7
Leia o estudo de Otaviano Helene, “Alguma física dos saltos em altura e distância”,
disponível no link a seguir, e compreenda a influência dos princípios físicos na execução
dos saltos.
https://qrgo.page.link/EBdMb
CBAT. Histórico das provas: masculino. CBAt, Bragança Paulista, [20--]. Disponível em:
http://www.cbat.org.br/provas/historico_masculino.asp. Acesso em: 14 maio 2019.
CBAT; IAAF. Regras oficiais de competições da IAAF 2018-2019: edição oficial para o Brasil.
São Paulo: CBAt, 2018. Disponível em: http://www.cbat.org.br/repositorio/cbat/do-
cumentos_oficiais/regras/regras_oficiais_2018_2019.pdf. Acesso em: 31 maio 2019.
Esportes Individuais: Saltos, Arremesso e Lançamentos | UNIDADE 3
Saltos Verticais: Altura e com Vara | PARTE 1 139
18 Saltos verticais: em altura e com vara
3
V.1 | 2022
Parte 2
Saltos Horizontais:
Distância e Triplo
Saltos horizontais:
em distância e triplo
Objetivos de aprendizagem
Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados:
Introdução
O salto horizontal é uma ação motora fundamental que, ao longo do
tempo, evoluiu até incorporar as técnicas específicas utilizadas nas provas
competitivas do atletismo, passando a ser executada nas provas de salto
em distância e salto triplo. Além das competições olímpicas, o salto na
horizontal está presente em alguns testes que são referência na área da
educação física, para a classificação do desenvolvimento motor de crianças
ou como forma de mensuração da potência dos membros inferiores.
Esse tipo de salto é importante para o desenvolvimento motor em várias
idades e níveis escolares, e a exploração dessa tarefa motora qualifica a
execução do movimento em espaços competitivos.
Neste capítulo, você vai estudar a história dos saltos em distância, veri-
ficando as mudanças promovidas nas regras e nas técnicas de execução.
Você também vai identificar as técnicas mais utilizadas atualmente em
treinamentos e vai analisar como essas técnicas podem ser incorporadas
no ensino e na aprendizagem dos saltos horizontais.
Esportes Individuais: Saltos, Arremesso e Lançamentos | UNIDADE 3
2 Saltos horizontais: em distância e triplo Saltos Horizontais: Distância e Triplo | PARTE 2 143
História e evolução
Os saltos horizontais se originam de saltos que buscam atingir maiores dis-
tâncias com movimentos que impulsionam o corpo horizontalmente. A meta é
sempre saltar mais longe. O homem executa a forma básica desse movimento em
diferentes situações, como atravessar uma poça de água ou dar um passo largo
para subir em uma calçada, ou ainda ultrapassar algum obstáculo no caminho.
Na infância, entre as brincadeiras infantis, o saltar mais longe está presente
de forma significativa. Nas aulas de educação física, principalmente nos anos
iniciais, pular para além de cordas, arcos e caixas sempre é motivador. As
disputas entre os alunos para verificar quem salta mais longe, ou o desafio
de ultrapassar as próprias metas em distância dos saltos, são estratégias que
favorecem inúmeros aspectos do desenvolvimento infantil, como o próprio
aspecto motor, além de abranger questões como saber ganhar e perder, auto-
conhecimento e autossuperação.
Como uma prática esportiva, os saltos em distância surgem do refina-
mento de uma habilidade motora básica, da mesma forma que outras técnicas
esportivas. O saltar em extensão pode ser entendido como um movimento
culturalmente determinado que, ao longo de sua utilização como prática
corporal esportiva, foi ganhando exigências e sendo limitado por regras e
aperfeiçoado pela necessidade de uma eficácia na execução.
https://qrgo.page.link/7N2bi
Esportes Individuais: Saltos, Arremesso e Lançamentos | UNIDADE 3
4 Saltos horizontais: em distância e triplo Saltos Horizontais: Distância e Triplo | PARTE 2 145
1. a fase de preparação;
2. a realização dos três impulsos e do salto;
3. a queda.
Erros Correções
1. fase de preparação;
2. corrida de aproximação;
3. flutuação;
4. queda.
Esportes Individuais: Saltos, Arremesso e Lançamentos | UNIDADE 3
10 Saltos horizontais: em distância e triplo Saltos Horizontais: Distância e Triplo | PARTE 2 151
Contudo, cabe lembrar que esse estilo exige maior técnica e consciência
corporal e, por isso, geralmente se apresenta nos treinos de competidores.
Independentemente do estilo utilizado na queda, são os calcanhares que devem
fazer o primeiro contato com o solo.
Esportes Individuais: Saltos, Arremesso e Lançamentos | UNIDADE 3
12 Saltos horizontais: em distância e triplo
Saltos Horizontais: Distância e Triplo | PARTE 2 153
alcançadas nos saltos da turma são iguais? Por que? O que pode ser feito como
auxílio para que os resultados sejam melhorados de forma coletiva? Ou, ainda:
você consegue perceber a limitação de movimento para a realização do salto
em alunos/colegas com algum tipo de deficiência?
Essa proposta gera uma reflexão coletiva sobre as possibilidades e as
fragilidades de cada um em relação à execução dos saltos. Ainda, faz com que
temas como ganhar a qualquer custo, uso de substâncias ilícitas para melhorar
os resultados, mulheres nos esportes, condições de treinamentos, entre outros,
possam se tornar temas transversais, em um efetivo aprofundamento sobre os
conteúdos que envolvem os saltos.
No trabalho dos conteúdos conceituais, é possível destacar experiências
reais como referências para a aprendizagem do salto. Essa possibilidade é po-
tencializada pelo uso das histórias de saltadores como João do Pulo e Maurren
Maggi, atletas brasileiros que se destacaram no cenário internacional. Para
esse tipo de conteúdo, diferentes estratégias, como pesquisas, seminários,
construção de painéis e mostras culturais esportivas, levam os alunos à com-
preensão do que o esporte representa como fenômeno social. O Quadro 2 traz
um exemplo de atividades que podem ser propostas para o desenvolvimento
conceitual na aprendizagem dos saltos em distância e triplo.
Acesse o link a seguir e assista a um vídeo sobre a história da vida de João do Pulo e
algumas homenagens que o atleta recebeu.
https://qrgo.page.link/SjmwN
No link a seguir, você pode assistir à prova do salto em distância feminino nos Jogos
Olímpicos de Pequim em que Maurren Maggi foi consagrada campeã olímpica.
https://qrgo.page.link/xh5Pd
CBAT; IAAF. Regras oficiais de competições da IAAF 2018-2019: edição oficial para o Brasil.
São Paulo: CBAt, 2018. Disponível em: http://www.cbat.org.br/repositorio/cbat/do-
cumentos_oficiais/regras/regras_oficiais_2018_2019.pdf. Acesso em: 27 maio 2019.
CRAVEIRA, N. João, 21 anos, um novo recordista mundial. O Estado de São Paulo, São Paulo,
14 out. 1975. Disponível em: https://acervo.estadao.com.br/imagens/105x65/1975._10.16.
jpg. Acesso em: 27 maio 2019.
DUARTE, O. História dos esportes. 6. ed. São Paulo: Senac, 2019.
MATTHIESEN, S. Q. (org.). Atletismo se aprende na escola. Jundiaí: Fontoura, 2005.
MATTHIESEN, S. Q. Atletismo na escola. Maringá: Eduem, 2014.
MATTHIESEN, S. Q. Atletismo: teoria e prática. 2. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2017.
MATTHIESEN, S. Q. Atletismo: teoria e prática. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2007.
MATTHIESEN, S. Q. et al. A história do atletismo em aulas de educação física: sobre o
projeto “atletismo se aprende na escola V. Rio de Janeiro: Cultura Acadêmica, 2011.
MATTHIESEN, S. Q. Memórias do salto triplo: uma história que não se conta. In: ENCONTRO
FLUMINENSE DE EDUCAÇÃO FÍSICA ESCOLAR, 7., 2003, Niterói. Anais [...]. Rio de Janeiro,
2003. Disponível em http://cev.org.br/biblioteca/memorias-salto-triplo-registro-uma-
-historia-que-nao-se-conta/. Acesso em 24 de abril.
MAURRENMAGGI_PEQUIM2008_GET_95. [S. l.], [2012]. Largura: 402 pixels. Altura: 254
pixels. Formato: JPG Disponível em: http://s.glbimg.com/es/ge/f/original/2012/07/20/
maurrenmaggi_pequim2008_get_95.jpg. Acesso em: 27 maio 2019.
SIBILA, C. B. A história do salto triplo como subsídio para o seu ensino na escola. 2011.
Trabalho de Conclusão de Curso (Licenciatura em Educação Física) — Instituto de
Biociências, Universidade Estadual Paulista, Rio Claro, 2011.
Leituras recomendadas
FERNANDES, J. L. Atletismo: os saltos. 2. ed. São Paulo: EPU, 2003.
RUBIO, K. Heróis olímpicos brasileiros. Porto Alegre: Zouk Editora, 2004.
RUBIO, K. Medalhistas olímpicos brasileiros: memórias, histórias e imaginário. São Paulo:
Casa do Psicólogo, 2006.
Esportes Individuais: Saltos, Arremesso e Lançamentos | UNIDADE 3
Saltos Horizontais: Distância e Triplo | PARTE 2 157
PREZADO ESTUDANTE
3
V.1 | 2022
Parte 3
Lançamentos: Disco,
Martelo e Dardo
Lançamentos: disco,
martelo e dardo
Objetivos de aprendizagem
Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados:
Introdução
Os lançamentos de dardo, martelo e disco, como provas oficiais do
atletismo e como tarefas motoras da iniciação esportiva, apresentam
características comuns, ao mesmo tempo que possuem especificidades
que devem ser respeitadas. Ao longo dos tempos, houve a evolução
dos implementos e das provas de lançamentos, e tais transformações
representaram também inovações nos treinamentos e nos processos
de iniciação ao esporte.
Assim, neste capítulo, você vai estudar os lançamentos de dardo,
martelo e disco, explorando tanto o treinamento desses movimentos
como a aprendizagem em contextos escolares. Além do histórico dessas
práticas, você vai analisar as estratégias de ensino, a construção de
materiais alternativos e as formas de execução dos movimentos.
Esportes Individuais: Saltos, Arremesso e Lançamentos | UNIDADE 3
2 Lançamentos: disco, martelo e dardo
Lançamentos: Disco, Martelo e Dardo | PARTE 3 161
No link a seguir, você tem acesso a um estudo que trata do uso da tecnologia nos
implementos e equipamentos do atletismo. Entre as páginas 44 e 56 do estudo, o autor
faz uma análise detalhada sobre a construção e a utilização das gaiolas.
https://qrgo.page.link/Nwnhv
Lançamento de disco
Para o lançamento de disco, é importante a execução de cinco etapas: balanceio,
giros, lançamento propriamente dito, recuperação do equilíbrio e finalização.
O atleta se posiciona de costas para o setor de lançamento e lateralmente à
Esportes Individuais: Saltos, Arremesso e Lançamentos | UNIDADE 3
6 Lançamentos: disco, martelo e dardo Lançamentos: Disco, Martelo e Dardo | PARTE 3 165
área de queda do implemento. A empunhadura deve ser feita pelo apoio das
falanges, e o polegar e a palma da mão fazem o apoio lateral do disco (Figura 3).
(Continua)
Esportes Individuais: Saltos, Arremesso e Lançamentos | UNIDADE 3
Lançamentos: Disco, Martelo e Dardo | PARTE 3 167
8 Lançamentos: disco, martelo e dardo
(Continuação)
Lançamento de dardo
Para o lançamento de dardo, é possível utilizar três empunhaduras (Figura 5):
Figura 5. Tipos de empunhadura do dardo: (a) garfo; (b) finlandesa; (c) americana.
Fonte: Matthiesen (2017, p. 135).
O dardo deve ser segurado na empunhadura somente com uma das mãos.
Será lançado sobre o ombro ou acima da parte superior do braço de
lançamento e não deve ser lançado com movimentos rotatórios. Estilos
não ortodoxos não são permitidos.
Um lançamento é válido somente se a cabeça metálica do dardo tocar
o solo antes de qualquer outra parte.
Em nenhum momento durante o lançamento, e até que o dardo tenha
sido solto no ar, o atleta pode girar completamente, de modo que suas
costas fiquem na direção do arco de lançamento.
O dardo consiste de três partes: o corpo, a cabeça e uma empunhadura
de corda. O corpo pode ser sólido ou oco e será construído de metal ou
outro material similar adequado, de maneira que se constitua fixado e
integrado perfeitamente. O corpo terá fixado a ele uma cabeça metálica,
terminando em uma ponta aguda.
Deve-se respeitar as especificações para cada categoria e para provas
masculinas e femininas, conforme o Quadro 2.
170 METODOLOGIA DO ENSINO DOS ESPORTES INDIVIDUAIS
Lançamentos: disco, martelo e dardo 11
Sub-20/ Sub-20/
Sub-18 Sub-18
Dardo adulto adulto
feminino masculino
feminino masculino
Lançamento de martelo
Na empunhadura do martelo, a mão esquerda segura a manopla do martelo;
acima dela, posiciona-se a mão direita (Figura 7). Nesse momento, o lançador
está de costas para o setor de queda e na parte posterior do círculo, com as
pernas ligeiramente afastadas. Os balanceios iniciam quando o martelo é
elevado à direita e atrás, com o acompanhamento do movimento corporal. Nos
Esportes Individuais: Saltos, Arremesso e Lançamentos | UNIDADE 3
12 Lançamentos: disco, martelo e dardo Lançamentos: Disco, Martelo e Dardo | PARTE 3 171
molinetes (movimentos giratórios que são executados pelo martelo), que são
iniciados pelos balanceios, o martelo é impulsionado para a frente e para trás
do corpo, com posicionamento dos braços ora acima da cabeça, ora estendidos
à frente do corpo. Nesse movimento contínuo, há uma inclinação do tronco
para o lado contrário de onde se encontra o martelo (Figura 8).
Sub-20/
Sub-18 Sub-18 Sub-20 Adulto
Peso adulto
feminino masculino masculino masculino
feminino
Diâmetro da cabeça
Objetivo de Conteúdo
Estratégia de ensino
aprendizagem de ensino
Compreender valores Valores sociais: inclu- Solicitar aos alunos que tra-
sociais na prática dos são, gênero, racismo, gam para a aula reportagens
lançamentos entre outros de jornais, revistas e sites que
tratem sobre os lançamentos
praticados por mulheres, defi-
cientes, negros e outros e que
possibilitem um debate sobre
os valores sociais. É preciso que
os alunos manifestem opiniões,
bem como se interessem por
esse tema em outros contextos.
Após o debate, será constru-
ído um cartaz, para que os
temas sejam constantemente
debatidos.
https://qrgo.page.link/KT8M4
0,,15317322-EX,00. Globo Esporte, Rio de Janeiro [20--]. Largura: 212 pixels. Altura:
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CBAT; IAAF. Regras oficiais de competições da IAAF 2018-2019: edição oficial para o Brasil.
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MANUAL do Treinador — nível I: lançamentos em rotação. [S. l.: s. n.], [20--?]. Dispo-
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MATTHIESEN, S. Q. (org.). Atletismo se aprende na escola. Jundiaí: Fontoura, 2005.
MATTHIESEN, S. Q. Atletismo na escola. Maringá: Eduem, 2014.
MATTHIESEN, S. Q. Atletismo: teoria e prática. 2. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2017.
Leituras recomendadas
CBAT. O atletismo: origens. Confederação Brasileira de Atletismo, Braganca Paulista, [2010?].
Disponível em: http://www.cbat.org.br/atletismo/origem.asp. Acesso em: 31 maio 2019.
DUARTE, O. História dos esportes. 6. ed. São Paulo: Editora Senac São Paulo, 2019.
FERNANDES, J. L. Atletismo: lançamentos e [arremesso]. 2. ed. São Paulo: EPU, 2003.
GUIMARÃES, V. D. Evidências tecnológicas no universo do atletismo: uma análise dos
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vimento humano e Tecnologias) — Instituto de Biociências, universidade Estadual
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IORA, J. A. et al. A Construção de materiais e a utilização de espaços alternativos para
o ensino do atletismo. Saúde e Desenvolvimento Humano, [s. l.], v. 4, n. 2, p. 79-88, 2016.
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RAVACHE, R. Atletismo paraolímpico: manual de orientação para professores de educação
física: Brasília: Comitê paraolímpico Brasileiro, 2006.
SIMONI, C. R.; TEIXEIRA, W. M. Atletismo em quadrinhos: história, regras, técnicas, glossário.
Porto Alegre. Editora Rigel, 2009.
Esportes Individuais: Saltos, Arremesso e Lançamentos | UNIDADE 3
Lançamentos: Disco, Martelo e Dardo | PARTE 3 179
PREZADO ESTUDANTE
3
V.1 | 2022
Parte 4
Arremesso de Peso
Arremesso de peso
Objetivos de aprendizagem
Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados:
Introdução
A prática do arremesso de peso vem se transformando ao longo da his-
tória. Trata-se de uma prática que se baseia em um movimento básico do
ser humano e cujas finalidades foram se transformando, até culturalmente
ser compreendida como uma prova da modalidade esportiva atletismo.
É possível evidenciar diferentes propostas para o processo de ensino e
aprendizagem do movimento motor do arremesso, abrangendo adapta-
ções, processos pedagógicos e lúdicos, utilização de materiais alternativos
e a interlocução do ato de arremessar com outras práticas esportivas.
No entanto, na prática competitiva, o arremesso assume características
próprias definidas por regras e normas, que estabelecem desde a forma
correta da execução do movimento técnico até a configuração dos locais
de provas. Nesse sentido, os métodos de aprendizagem, desde a iniciação
até o treinamento do alto rendimento, também se tornam mais específicos.
Neste capítulo, você vai estudar a origem, a evolução e os espaços das
provas de arremesso. Você também vai identificar as regras e técnicas utiliza-
das nessas provas e vai analisar os processos de ensino e de aprendizagem das
técnicas de arremesso de peso, relacionando a prática com outros esportes.
em 1948. No decorrer dos anos, a prova vem sendo estabelecida com base em
características que respeitem os perfis masculino e feminino, principalmente
na definição de pesos específicos.
Atualmente, nas competições oficiais, há competidores de ambos os gê-
neros que disputam recordes e medalhas. Os resultados são definidos pela
maior distância em que o implemento é arremessado, sendo que os recordes
atingidos por homens em competições olímpicas ainda são maiores do que os
das mulheres. Por exemplo, o recorde olímpico dos homens é de 22,52 metros,
e o das mulheres é de 22,41 metros; já o recorde mundial se apresenta com as
seguintes distâncias: 23,12 metros, para os homens, e 22,63, para as mulheres.
Essas marcas foram atingidas em provas que respeitam as regras sobre o peso
do implemento para cada gênero, conforme mostra o Quadro 1.
Sub-20/
Sub-18 Sub-18 Sub-20 Adulto
Peso adulto
feminino masculino masculino masculino
feminino
Diâmetro
Vem crescendo nos últimos anos a prática do arremesso de peso entre indiví-
duos com deficiência. Conforme afirmam Resplandes e Barros (2017, documento
on-line), “O esporte adaptado abrange inúmeras modalidades, dentre as quais
se destaca o atletismo, que simula movimentos naturais do ser humano com
fácil adaptação”. Nessa proposta, o movimento técnico do esporte é adaptado
Esportes Individuais: Saltos, Arremesso e Lançamentos | UNIDADE 3
6 Arremesso de peso Arremesso de Peso | PARTE 4 187
No link a seguir, você tem acesso ao vídeo que apresenta a prova de arremesso de
peso de Parry O’Brien nos jogos olímpicos de Helsinque.
https://qrgo.page.link/HDvu9
Ainda, é proibido que o atleta saia do círculo antes que o peso tenha tocado
o solo. Contudo, ele poderá abandonar a tentativa e reiniciá-la, desde que não
tenha cometido nenhuma infração sobre as regras do arremesso e esteja dentro
do tempo permitido de 1 minuto (esse tempo pode ser alterado conforme
regulamento específico da competição). Após a realização do arremesso, o
competidor deve deixar o círculo, passando de forma exclusiva pela metade
de trás do círculo de lançamento.
As competições de arremesso de peso são organizadas conforme o número
de competidores. A regra geral para as provas de campo prevê que, no caso
de mais de oito competidores inscritos, estes deverão cumprir três tentativas,
sendo que os atletas que tiverem atingido os oito melhores resultados válidos
terão mais três tentativas. No caso de competições com menos de oito ins-
critos, o atleta poderá executar seis tentativas. É importante destacar que os
regulamentos específicos de cada evento competitivo devem prever como será
desenvolvida essa forma de disputa e como será feito o sorteio para a ordem
de realização das tentativas de arremesso.
A ordem de classificação é dada a partir do resultado obtido em cada
tentativa, sendo declarado vencedor aquele atleta que conseguir arremessar
o peso na maior distância, respeitando todas as regras previstas pelo regula-
mento da competição. A medição da distância é realizada por árbitros, que
se pautam no primeiro ponto de contato com o solo quando da queda do peso,
seguindo uma linha até a parte interna do anteparo.
Atualmente, os campeonatos internacionais mundiais e olímpicos têm
provas específicas para homens e mulheres, em que os resultados são definidos
em cada uma das provas. Ainda, nas competições paraolímpicas, deve ser
respeitada a classificação funcional da deficiência apresentada pelo atleta.
190 METODOLOGIA DO ENSINO DOS ESPORTES INDIVIDUAIS Arremesso de peso 9
O peso deve ser arremessado partindo do ombro com uma só mão. No momento
em que um atleta assumir uma posição no círculo para começar um arremesso,
o peso deverá tocar ou estar bem próximo ao pescoço ou ao queixo, e a mão
não deverá ser abaixada dessa posição durante a ação do arremesso. O peso
não deve ser arremessado detrás da linha dos ombros.
1. ortodoxa-linear;
2. O’Brien ou linear de costas;
3. com giro ou rotacional.
Estilo ortodoxo-linear
https://qrgo.page.link/wspUW
Acessando o link a seguir, você tem acesso a um vídeo que explica as técnicas de
O’Brien e rotacional de arremesso de peso.
https://qrgo.page.link/LvrLP
O processo de aprendizagem
do arremesso de peso
A partir do entendimento das técnicas do arremesso de peso, é possível iden-
tificar que o movimento, de forma geral, é estabelecido em cinco fases: a fase
preparatória, a aceleração, o arremesso propriamente dito, a recuperação e a
finalização. De certa forma, essas fases se estruturam em todas as provas que
envolvem o arremesso e o lançamento.
A fase preparatória é definida pela concentração que o atleta imprime ao
realizar o movimento, estando ele focado na forma correta de execução e em
toda a preparação feita até aquele momento. Aqui, o principal cuidado está na
empunhadura do implemento e na posição inicial de realização do arremesso.
Na fase de aceleração, o movimento é iniciado; independentemente da
técnica utilizada, após o atleta se movimentar, é importante que nenhum erro
194 METODOLOGIA DO ENSINO DOS ESPORTES INDIVIDUAIS Arremesso de peso 13
É necessário que o aprendiz perca o medo do contato com o peso; ele deve se identificar
como capaz de jogar o peso para cima e, independentemente da forma como o peso
cai, recuperá-lo. Para estimular esse tipo de movimento, os implementos construídos
com materiais alternativos são sugestões que estimulam a execução da prática. Eles
podem ser construídos pelos próprios alunos e podem ser confeccionados com
diferentes materiais. Assim, a prática é estimulada pela capacidade criativa dos iniciantes,
ao mesmo tempo que facilita a exploração do implemento sob diferentes perspectivas.
250PX-REMIGIUS_MACHURA_SENIOR_CZ_CHAMPIONSHIPS_IN_ATHLETICS_
KLADNO_2005. Wikimedia, [s. l.], 2005. Disponível em: https://upload.wikimedia.org/
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in_athletics_Kladno_2005.jpg/250px-Remigius_Machura_senior_CZ_championships_
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198 METODOLOGIA DO ENSINO DOS ESPORTES INDIVIDUAIS
Arremesso de peso 17
DUARTE, O. História dos esportes. 6. ed. São Paulo: Editora Senac São Paulo, 2019.
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HAYWOOD, K. M.; GETCHELL, N. Desenvolvimento motor ao longo da vida. 3. ed. Porto
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IORA, J. A. et al. A Construção de materiais e a utilização de espaços alternativos para
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MATTHIESEN, S. Q. Atletismo na escola. Maringá: Eduem, 2014.
MATTHIESEN, S. Q. (org.). Atletismo se aprende na escola. Jundiaí: Fontoura, 2005.
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Acesso em: 21 maio 2019.
Leituras recomendadas
MATTHIESEN, S. Q. et al. Atletismo para crianças e jovens: vivência e conhecimento.
Motriz, Rio Claro, v. 14, n. 3, p. 354-360, jul./set. 2008. Disponível em: https://cev.org.br/
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SANCHES, A. B. Estágios de desenvolvimento motor em estudantes universitários na
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distância percorrida pelo implemento. Revista Brasileira de Educação Física e Esporte,
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Esportes Individuais: Saltos, Arremesso e Lançamentos | UNIDADE 3
Arremesso de Peso | PARTE 4 199
PREZADO ESTUDANTE
4
V.1 | 2022
Estamos começando uma unidade desta disciplina. Os textos que a compõem foram organizados com
cuidado e atenção, para que você tenha contato com um conteúdo completo e atualizado tanto quanto
possível. Leia com dedicação, realize as atividades e tire suas dúvidas com os tutores. Dessa forma, você,
com certeza, alcançará os objetivos propostos para essa disciplina.
Objetivo Geral
Identificar a presença das lutas como uma possibilidade nos esportes individuais.
unidade
4
V.1 | 2022
Parte 1
Modalidades Olímpicas de Combate
Modalidades olímpicas
de combate
Objetivos de aprendizagem
Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados:
Introdução
Os Jogos Olímpicos surgiram na Grécia Antiga e eram um grande evento
dessa civilização. Nessa época, destacavam-se, junto ao atletismo, algumas
modalidades que inspiraram várias das lutas que conhecemos hoje e que
são parte integrante do calendário dos Jogos Olímpicos da Era Moderna.
Neste capítulo, você conhecerá o histórico das modalidades de
combate no contexto dos Jogos Olímpicos. Além disso, conhecerá as
características das modalidades de luta dos Jogos Olímpicos e Paralím-
picos atuais.
Todavia, nos Jogos Olímpicos de 1900, a luta olímpica (ou wrestling) ficou de
fora do cronograma, voltando nos Jogos Olímpicos de 1904, em Saint Louis. Essa
foi a primeira vez que a modalidade foi disputada por atletas americanos. Além
disso, essa Olimpíada ficou marcada pela primeira separação por categorias de peso
da modalidade. Embora as categorias tenham mudado, acompanhando a evolução
do esporte, a ideia de separar os atletas por categorias conforme a sua condição
física é perpetuada até hoje em diferentes modalidades de luta (CBW, 2019).
judô,
luta olímpica estilo livre;
luta olímpica greco-romana;
boxe;
esgrima;
taekwondo;
karatê.
Judô
Com origem em 1882, no Japão, o judô apresenta como principal característica
o fato de que não são permitidos socos ou chutes. O objetivo dessa modalidade
é derrubar o adversário e imobilizá-lo. Os atletas utilizam uma indumentária
conhecida como judogi (STUBBS, 2012), tendo uma separação por cores para
permitir a melhor contagem de pontos e faltas — um atleta usa o judogi branco,
e o outro, azul (FRANCHINI; DELVECCHIO, 2011). Contudo, é apenas em
1972, nas Olimpíadas de Tóquio, que o esporte entra na agenda oficial dos
Jogos Olímpicos (COB, 2020a).
O judô conta com sete categorias de peso na modalidade masculina, são elas:
Figura 1. Duas atletas lutando judô. A atleta de judogj azul está derrubando a adversária
com as costas voltadas para o chão, golpe conhecido como ippon, que possui a maior
pontuação da modalidade.
Fonte: Everyonephoto Studio/Shutterstock.com.
Boxe
O boxe aparece pela primeira vez nos Jogos Olímpicos da Era Moderna na
edição de 1904, em Saint-Louis, nos Estados Unidos. Essa modalidade possui
sete categorias de peso, e apenas em 2008 começou a ser disputada por mu-
lheres. O boxe requer grandes habilidades não apenas das mãos, mas também
dos pés, além de uma grande resistência física. Nesse esporte, os atletas usam
luvas para a proteção e buscam acertar os adversários com socos, porém os
pontos são alcançados apenas quando o adversário for acertado com a parte
frontal da luva de boxe (STUBBS, 2012). A Figura 2 apresenta o equipamento
de proteção completo que os boxeadores precisam utilizar nas Olimpíadas.
As lutas de boxe duram até três assaltos de três minutos cada, e a marcação
dos pontos ocorre pelo número de socos desferidos no adversário (STUBBS,
2012). A primeira medalha olímpica brasileira na modalidade foi adquirida
em 1968, quando o atleta Servílio de Oliveira conquistou o bronze. Já a pri-
meira medalha de ouro na modalidade ocorreu em solo brasileiro, nos Jogos
Olímpicos do Rio, em 2016, com o baiano Robson Conceição (CBB, 2020).
No naipe feminino, a única medalha brasileira no boxe foi conquistada pela
pugilista Adriana Araújo, medalhista de bronze nos Jogos Olímpicos de Lon-
dres, em 2012.
O boxe é disputado tanto por homens quanto por mulheres, com diferentes
modalidades para eles. Para os homens, existem oito categorias, listadas a
seguir:
Esgrima
A esgrima é um estilo de esporte de combate que remete à luta com espada.
Com origem na França, no século XVII, essa modalidade está presente desde
a primeira edição dos Jogos Olímpicos da Era Moderna, em 1896 (nas mo-
dalidades de florete e sabre). Já a modalidade da espada entrou nos Jogos
Olímpicos em 1900 (CBE, 2020).
A esgrima ocorre em uma pista com 14 metros de comprimento, e o obje-
tivo é atingir o adversário em pontos-chave, sendo este um esporte bastante
ágil e dinâmico (CBE, 2020). Em 1939, foi implementado o uso da pontuação
eletrônica, que detecta quando a arma toca no oponente, o que faz a roupa
brilhar quando o alvo é acertado.
Existe a possibilidade de disputa por equipes, quando os times de três com-
petidores se enfrentam em nove séries de três minutos, vencendo aquele que
acumular mais pontos ou atingir o adversário 45 vezes. As disputas individuais,
em naipe masculino e feminino, têm duração de três rounds de três minutos
cada ou até que um dos esgrimistas toque 15 vezes o adversário (CBE, 2020).
Atualmente, existe apenas a esgrima esportiva, dividida em categorias
quanto à arma utilizada (Figura 3) (STUBBS, 2012), como descrito a seguir.
(a)
(b)
Figura 3. Na ordem que aparecem: florete, espada e sabre, apresentando suas diferenças
de tamanho, forma e empunhadura.
Fonte: (a) CONFEDERAÇÃO BRASILEIRA DE ESGRIMA (2020, documento on-line); (b) adaptada de Stubbs
(2012).
Taekwondo
O taekwondo é o esporte de combate mais novo, uma vez que o seu surgimento
data de 1955. De origem coreana, sua inclusão nas Olimpíadas foi bastante
conturbada, uma vez que, nas Olimpíadas de Seul, em 1988, e de Barcelona,
em 1992, o taekwondo participou como esporte de exibição. Essa modali-
dade ficou ausente dos Jogos de Atlanta, em 1996, e retornou em Sydney, em
2000, quando foi incluída no programa olímpico e passou a valer medalhas.
até 58 kg;
até 68 kg;
até 80 kg;
acima de 80 kg.
até 49 kg;
até 57 kg;
até 67 kg;
acima de 67 kg.
metro e 1,5 metro de borda. Além disso, no centro do círculo, são desenhados
outros dois círculos perpendiculares, com distância de 40 centímetros entre
eles (REDE NACIONAL DO ESPORTE, 2019).
As modalidades greco-romana e estilo livre possuem poucas diferenças entre si, tanto
que os equipamentos, o espaço, o tempo e as categorias são comuns entre elas.
A principal característica que as difere é que, no estilo livre, é permitida a participação
de mulheres, o que não ocorre na luta greco-romana. Além disso, no estilo livre,
é permitido utilizar os membros inferiores para aplicar golpes, o que não é permitido
na lua olímpica greco-romana.
até 55 kg;
até 60 kg;
até 66 kg;
até 74 kg;
até 84 kg;
até 96 kg;
até 120 kg.
A luta olímpica de estilo livre possui sete categorias masculinas, são elas
(REDE NACIONAL DO ESPORTE, 2019):
até 55 kg;
até 60 kg;
até 66 kg;
até 74 kg;
até 84 kg;
até 96 kg; e
até 120 kg.
até 48 kg;
até 55 kg;
até 63 kg;
até 72 kg.
Karatê
O karatê teve origem em uma região que, na época, pertencia à China (pos-
teriormente passou a ser ocupada pelo Japão). Essa técnica, criada por um
monge, permitia uma forma de autodefesa sem armas e, por muito tempo, foi
ensinada de maneira secreta e clandestina. Somente no início do século XIX
é que o karatê passa a ser praticado não mais como uma ferramenta de luta e
defesa, mas sim como atividade física e desportiva. No Brasil, o primeiro dojô
foi inaugurado em 1956, na cidade de São Paulo (COB, 2020b).
O karatê fará sua estreia nos Jogos Olímpicos em 2020, e será dividido
em duas categorias: kumite (combate entre dois atletas) e kata (movimentos
realizados de maneira individual, tendo sua performance aprovada por juízes),
nas modalidades femininas e masculinas, separadas por peso. Cada categoria
contará com um total de dez atletas, sendo permitido apenas um atleta por
país (COI, 2020b).
No kumite (Figura 5), as lutas possuem duração de três minutos, e o cam-
peão é aquele que obtém uma clara vantagem de oito pontos ou o competidor
que tem o maior número de pontos no tempo limite. Em caso de empate,
o vencedor é determinado pela primeira vantagem de pontos sem oposição
ou por uma decisão majoritária dos juízes. Os pontos são somados conforme
a execução correta de técnicas de socos e chutes, sendo elas:
Conhecer o mundo das lutas é realmente impressionante, uma vez que elas
possuem características, histórias e regras muito próprias. Até o momento,
foram abordadas apenas modalidades presentes nas Olimpíadas, contudo,
nas Paralimpíadas, também estão presentes diferentes modalidades de lutas,
as quais serão apresentadas a seguir.
Parataekwondo
Em 2009, iniciou-se um movimento no cenário mundial do taekwondo sobre
a necessidade de se ampliar o esporte para pessoas com deficiência; essa nova
modalidade do esporte foi chamada de parataekwondo. O parataekwondo
teve a sua primeira participação (como exibição) em Paralimpíadas em 2015,
e foi anexado ao calendário olímpico oficial para as Paralimpíadas de 2020
(PATATAS, 2012).
O parataekwondo pode ser dividido em duas modalidades: poonse e kioru-
gui. A modalidade de poonse é disputada por atletas com deficiência visual,
deficiência intelectual, deficiência física e baixa estatura, e a classe KP60
é exclusiva dos surdos. Já a modalidade kiorugui é para deficientes físicos
(havendo a diferenciação entre deficiências físicas de membros superiores e
inferiores). É importante ressaltar que nem todas essas modalidades fazem
Categoria Características
Judô paralímpico
Esse esporte passa a fazer parte do calendário paralímpico oficial em 1998.
Ao contrário das demais modalidades de combate, o judô paralímpico é dispu-
tado por homens e mulheres com deficiência visual, divididos em categorias
de acordo com o peso corporal e o grau da deficiência (CPB, 2020d).
Os links para sites da web fornecidos neste capítulo foram todos testados, e seu fun-
cionamento foi comprovado no momento da publicação do material. No entanto, a
rede é extremamente dinâmica; suas páginas estão constantemente mudando de
local e conteúdo. Assim, os editores declaram não ter qualquer responsabilidade
sobre qualidade, precisão ou integralidade das informações referidas em tais links.
PREZADO ESTUDANTE
4
V.1 | 2022
Parte 2
Metodologia das Lutas
Introdução
Culturalmente, a luta sempre esteve presente na história. De uma forma
de sobrevivência dos povos primitivos à espetacularização como esporte
de combate, a luta nos traz ensinamentos que a tornam um tema valioso
para ser desenvolvido nas aulas de educação física escolar. No entanto,
ainda hoje, a luta é vista como um conteúdo tabu por muitos professores,
tendo, assim, bastante dificuldade de penetrar nos programas dessa
disciplina. Sendo assim, desenvolver metodologias adequadas para o
ensino de lutas é essencial para que o professor consiga trazer esse tema
para suas aulas, permitindo que os alunos entrem em contato com novos
aprendizados.
Neste capítulo, você vai estudar a origem e a classificação dos espor-
tes de combate. Você também vai conferir estratégias e conteúdo para
o desenvolvimento das lutas na educação física escolar e modelos de
planos de aulas para o ensino dos esportes de combate nas diferentes
etapas escolares.
[…] uma prática de oposição geralmente entre duas pessoas, na qual realize-
-se uma ação (toque ou agarre) com o objetivo de dominar a outra, dentro
das regras específicas. Duas condições são essenciais para considerarmos
atividade como luta: o alvo da ação ser a própria pessoa e a possibilidade de
finalização do ataque ser mútua, a qualquer momento, inclusive, simultânea.
Os esportes de combate são uma interface da luta, ou seja, são modalidades de luta que
foram esportivizadas com o objetivo de trazer mais adeptos para as lutas, aumentando
sua popularidade e garantindo sua sobrevivência, como no caso do judô, conforme
apontado por Del’Vecchio e Franchini (2006).
De todas as lutas citadas, o judô é a única que não tem seu surgimento no período
da Antiguidade, pois foi criada no Japão, no ano de 1882, pelo professor de educação
física Jigoro Kano. Kano se inspirou nas técnicas do jiu-jitsu, inserindo alguns princípios
como equilíbrio, gravidade e sistema de alavancas nas execuções dos movimentos
(RUFINO; DARIDO, 2015).
230 METODOLOGIA DO ENSINO DOS ESPORTES INDIVIDUAIS Metodologia das lutas 3
preconceito;
falta de materiais;
condições de infraestrutura e formação insuficientes.
Lutas versus briga: esta é uma questão fundamental até para combater o
preconceito. É importante que o aluno tenha clareza de que luta e briga
são coisas distintas. A luta tem regras, respeito entre os praticantes e toda
uma organização social, enquanto as brigas constituem uma maneira
violenta de resolver conflitos sem regras e sem respeito.
Práticas previsíveis e imprevisíveis: é importante que o aluno com-
preenda a diferença entre práticas demonstrativas e lutas de enfrenta-
mento, diferenciando suas características.
Aspectos gerais das lutas: referem-se às características elementares,
como o enfrentamento físico, as regras, a oposição, o objetivo centrado
no corpo etc., relacionando esses aspectos com as demais práticas
corporais.
Noção da distância das lutas: trata-se da compreensão entre as lutas de
distância curta, média e longa e o que as diferencia, sabendo qual é a
ação adequada para cada uma — toque ou agarre.
Entendimento de algumas modalidades: embora existam muitas lutas
diferentes e um tempo não muito grande de aula, é importante que os
alunos possam desenvolver um entendimento mais profundo de algumas
modalidades, podendo-se utilizar aquelas que estão mais próximas do
aluno ou mais difundidas no país como exemplos.
https://qrgo.page.link/u6Vje
Dentro do contexto de lutas pelo mundo, indicado pela BNCC (BRASIL, 2018) como
conteúdo do 8º e 9º anos do ensino fundamental, podemos citar como luta de destaque
no país o judô (Figura 2), que é o esporte individual que mais trouxe medalhas ao Brasil
em jogos olímpicos, trazendo nomes de destaque como Aurélio Miguel, Rafaela Silva,
Rogério Sampaio, Tiago Camilo, entre outros.
Educação infantil
■ Turma: pré-escola.
Esportes Individuais: Lutas e Esportes de Combate | UNIDADE 4
12 Metodologia das lutas Metodologia das Lutas | PARTE 2 239
Ensino fundamental
■ Turma: 6º ano.
■ Conteúdo: capoeira.
■ Objetivos: desenvolver o estudo da história africana a partir da
capoeira.
■ Recursos: instrumentos de capoeira.
■ Sequência programática:
– Parte inicial: na parte inicial, o professor vai contar a história da
capoeira, a partir da chegada dos africanos escravizados no Brasil,
que desenvolveram uma luta em forma de dança.
– Parte principal: serão explorados movimentos básicos da capoeira,
como ginga (base do capoeirista), aú (estrelinha), cocorinha (defesa),
240 METODOLOGIA DO ENSINO DOS ESPORTES INDIVIDUAIS Metodologia das lutas 13
Ensino médio
■ Turma: 1º ano.
■ Conteúdo: MMA.
■ Objetivos: vivenciar a prática de uma luta de distância mista.
■ Recursos: rádio.
■ Sequência programática:
– Parte inicial: no começo da aula, o professor pode perguntar o
que os alunos conhecem do MMA, se acompanham pela mídia,
quais golpes são permitidos, quem são os principais lutadores e
quais são os eventos realizados. Também é importante esclarecer
a sigla e a classificação.
– Parte principal:
– Atividade 1 (ações com distância) — em duplas, um será o ata-
cante, e o outro, o defensor, com posterior inversão. Os exercícios
serão: sequência de jab, direto e chute.
– Atividade 2 (aproximação) — na mesma posição, porém mais
próximos, os alunos deverão trabalhar o clinch e simular joelhadas
no companheiro.
– Atividade 3 (ações no solo) — em duplas, um deverá estar no
chão, e o outro, em pé; o aluno de pé tentará passar pela guarda
do que está deitado.
– Parte final: executar todas as ações junto, simulando um confronto
em duplas.
■ Metodologia: aula expositiva.
Como se pôde observar, as lutas sempre fizeram parte da história. Elas são
consideradas disputas corporais, nas quais os participantes empregam técnicas,
táticas e estratégias específicas para imobilizar, desequilibrar, atingir ou excluir
o oponente de um determinado espaço, combinando ações de ataque e defesa
dirigidas ao corpo do adversário. A luta ainda tem dificuldade de se tornar,
Esportes Individuais: Lutas e Esportes de Combate | UNIDADE 4
14 Metodologia das lutas Metodologia das Lutas | PARTE 2 241
PUCINELI, F. A. Sobre luta, arte marcial e esporte de combate: diálogos. 2004. Trabalho
de Conclusão de Curso – Faculdade de Educação Física, Universidade Estadual de
Campinas, Campinas, 2004.
RUFINO, L. Lutas. In: GONZÁLEZ, F. J.; DARIDO, S.; OLIVEIRA, A. (org.). Lutas, capoeira e
práticas corporais de aventura. 2. ed. Maringá: Eduem, 2017. p. 29-68.
RUFINO, L.; DARIDO, S. C. O ensino das lutas na escola: possibilidades para a educação
física. Porto Alegre: Penso, 2015.
SILVA, J. Capoeira e identidade: um olhar ascógeno do racismo e da identidade negra
através da capoeira. Dissertação (Mestrado) – Instituto Ecumênico de Pós-Graduação
Religião e Educação, Escola Superior de Teologia, São Leopoldo, 2007.
SILVA, J. Roda de capoeira: do controle social ao reconhecimento. In: QUEVEDO, J.;
ROCHA, A. C. (org.). Africanidades: reflexões afro sul-brasileiras. Porto Alegre: Martins
Livreiro, 2016.
TELLES, T. S.; MELO, M. Meu Brasil africano. 2. ed. São Paulo: IBEP, 2013.
VIDOR, E.; REIS, L. Capoeira: uma herança cultural afro-brasileira. São Paulo: Selo Negro,
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Leituras recomendadas
BRASIL. Secretaria de Educação Fundamental. Parâmetros curriculares nacionais: Edu-
cação Física. Brasília, DF: MEC, 1998.
HUIZINGA, J. Homo ludens: o jogo como elemento de cultura. São Paulo: Perspectiva,
1971.
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cionamento foi comprovado no momento da publicação do material. No entanto, a
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Esportes Individuais: Lutas e Esportes de Combate | UNIDADE 4
Metodologia das Lutas | PARTE 2 243
PREZADO ESTUDANTE
4
V.1 | 2022
Parte 3
Potencial Pedagógico das Lutas
Potencial pedagógico
das lutas
Objetivos de aprendizagem
Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados:
Introdução
O esporte está presente na escola: na atual Base Nacional Comum Curri-
cular (BNCC) (BRASIL, 2017), consta a introdução dos esportes de combate,
que engloba as lutas como um todo e que tem o objetivo de permitir a
experiência de diferentes práticas corporais.
Dentro das lutas, ainda é possível observar diversas dimensões a
serem abordadas durante a aula, visando um entendimento integral e
completo das diversas modalidades que são embarcadas nessa categoria.
É importante que, durante uma aula de educação física, trabalhe-se
à luz das diferentes dimensões em que são separados os objetos de
conhecimento.
Neste capítulo, você vai compreender como é possível desenvolver
habilidades na dimensão atitudinal, como construir conhecimentos de
diferentes maneiras na dimensão procedimental e, por último, vai co-
nhecer as possibilidades da dimensão conceitual.
Você pode aprofundar seu conhecimento sobre a maneira como as lutas aparecem
na Base Nacional Comum Curricular acessando o site no link a seguir.
https://qrgo.page.link/ZAZK3
248 METODOLOGIA DO ENSINO DOS ESPORTES INDIVIDUAIS O potencial pedagógico das lutas 3
A dimensão procedimental pode, por vezes, ser vista como uma dimensão
rígida, o que de certa forma pode ser verdade, quando a aplicamos de maneira
isolada, sem englobá-la em um contexto. A técnica é um apoio que facilita o
desenvolvimento do sujeito. Ao longo dos anos, a educação física se dedicou
exclusivamente ao ensino exclusivo dessa dimensão, focando no saber fazer, e
não no saber sobre a cultura corporal ou sobre como se deve ser. É claro que a
forma como as técnicas são apresentadas as estudantes devem ser levadas em
consideração, pois não se pode pensar na “prática pela prática”, na repetição
infundada e vazia de sentido que resulta em alienação, mas, sim, buscar enaltecer
as diferenças individuais como forma de emancipação dos envolvidos no pro-
cesso. A prerrogativa que se abre não é mais se é possível ou não ensinar esses
conteúdos, e sim o que ensinar desses conteúdos (RUFINO; DARIDO, 2013).
Então, nesse aspecto, é possível utilizar os jogos como uma estratégia para
o ensino das lutas, desde que sejam respeitadas as suas características básicas,
quais sejam: enfrentamento físico direto, regras, oposição entre indivíduos,
objetivo centrado no corpo da outra pessoa, ações de caráter simultâneo e
imprevisibilidade. Veja, no Quadro 1, uma descrição de tais características.
Uma brincadeira muito tradicional que pode ser usada no ensino dos esportes de
combate é o pega-pega, em que cada aluno possui um número determinado de
prendedores de roupa espalhados pelo corpo e o objetivo é recolher esses prendedores
de seus colegas, protegendo os seus. Esse jogo é uma excelente maneira de introduzir
a luta nas aulas de educação física, pois, com ele, é possível compreender diversos
fundamentos de várias modalidades.
[...] está se tornando palco de exclusões de alunos, por esses não possuírem
habilidades motoras adequadas para uma simples vivência motora durante a
aula. Nos dias atuais, na área escolar, os gestos motores estão cada vez mais
sendo cobrados pela ‘sociedade’ formada pelos alunos ditos como habilidosos,
na qual o não habilidoso é deixado de lado.
[...] não é necessário que o professor de educação física tenha profundos co-
nhecimentos das lutas para que elas possam ser tratadas na educação física
escolar, contanto que o professor tenha uma formação que o possibilite ter
contato com esses conteúdos, como [...] as formas de ensinar (LAÇANOVA,
2007 apud SOUSA, 2012, p.12).
Leituras recomendadas
ALENCAR, Y. O. et al. As lutas no ambiente escolar: uma proposta de prática pedagó-
gica. Revista Brasileira de Ciência & Movimento, v. 23, n. 3, p. 53-63, 2015. Disponível em:
https://bdtd.ucb.br/index.php/RBCM/article/view/5092. Acesso em: 21 maio 2019.
DARIDO, S. C. Educação física na escola: conteúdos, suas dimensões e signifi-
cados. In: UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA. Prograd. Caderno de formação:
formação de professores didática geral. São Paulo: Cultura Acadêmica, 2012.
p. 51-75, v. 16. Disponível em: https://acervodigital.unesp.br/bitstream/123456789/4
1549/1/01d19t03.pdf. Acesso em: 21 maio 2019.
FERREIRA, H. S. As lutas na educação física escolar. Revista de Educação Física, v. 75, n.
135, p. 36-44, nov. 2006. Disponível em: http://177.38.96.106/index.php/revista/article/
view/428/450. Acesso em: 21 maio 2019.
LOPES, R. G. B.; OKIMURA-KERR, T. O ensino das lutas na Educação Física escolar: uma
experiência no ensino fundamental. Motrivivência, Florianópolis, v. 27, n. 45, p. 262-279,
set. 2015. Disponível em: https://periodicos.ufsc.br/index.php/motrivivencia/article/
view/2175-8042.2015v27n45p262/30210. Acesso em: 21 maio 2019.
MADURO, L. A. Considerações e sugestões para o ensino das lutas no ambiente esco-
lar. Cadernos de Formação RBCE, v. 6, n. 2, p. 101-112, set. 2015. Disponível em: http://
oldarchive.rbceonline.org.br/index.php/cadernos/article/view/2070/1160. Acesso em:
21 maio 2019.
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