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Universidade Católica de Moçambique

Instituto de Ensino à Distância


Curso de Licenciatura em Ensino de Geografia

Cristina Pedro

Efeitos do Ciclone Ana, Caso da Localidade de Murruro, Distrito de Liupo (2022 -


2023)

Nampula, Março de 2023

i
Universidade Católicas Moçambique
Instituto do Ensino à Distância
Curso de Licenciatura em Ensino de Geografia

Cristina Pedro (708191220)

Efeitos do Ciclone Ana, Caso da Localidade de Murruro, Distrito de Liupo (2022 -


2023)

Monografia Científica submetida ao Instituto do


Ensino à Distância, Universidade Católica de
Moçambique, como requisito parcial para a Obtenção
do grau de licenciatura em ensino de Geografia.

Supervisor: dr. Jeremias Fernando Viliquiua

Nampula, Março de 2023

ii
DECLARAÇÃO DE HONRA

Declaro por minha honra que esta Monografia que, no presente momento, submeto à
Universidade Católica de Moçambique, em cumprimento dos requisitos para a obtenção do
grau de licenciatura em ensino de Geografia, nunca foi apresentada para a obtenção de
qualquer outro grau académico e que constitui o resultado da minha investigação pessoal,
tendo indicado no texto e na bibliografia as fontes que utilizei.

A candidata

_______________________________

Cristina Pedro

iii
Índice
DECLARAÇÃO DE HONRA ..................................................................................................iii
AGRADECIMENTOS .............................................................................................................. vi
DEDICATÓRIA ....................................................................................................................... vii
LISTA DE TABELAS ............................................................................................................viii
LISTA DE GRÁFICOS ............................................................................................................. ix
Lista de figuras ........................................................................................................................... x
LISTA DE ACRÓNIMOS ........................................................................................................ xi
RESUMO ................................................................................................................................xiii
CAPITULO I: INTRODUÇÃO................................................................................................ 13
1.1.Tema ................................................................................................................................... 14
1.2. Delimitação do Tema......................................................................................................... 14
1.3. Justificativa ........................................................................................................................ 14
1.4.Problema ............................................................................................................................. 15
1.4. Hipóteses ........................................................................................................................... 16
1.4.1. Hipótese primária ........................................................................................................... 16
1.4.2. Hipóteses secundárias ..................................................................................................... 16
1.5.Objectivos ........................................................................................................................... 16
1.4.1.Objectivo geral ................................................................................................................ 16
1.4.2.Objectivos específicos ..................................................................................................... 16
CAPITULO II: MARCO TEÓRICO ........................................................................................ 17
2.1.Impactos sócio - ambientais ............................................................................................... 17
2.2 Desastre Natural ................................................................................................................. 18
2.3. Ciclogênese e ciclones ....................................................................................................... 19
2.4. Ciclones em Moçambique ................................................................................................. 20
2.4. Efeitos ................................................................................................................................ 21
2.5. Apoio Internacional e Parcerias ......................................................................................... 23
CAPITULO III: METODOLOGIA .......................................................................................... 25
3.1 Tipo de pesquisa ................................................................................................................. 25
3.2 Método de pesquisa ............................................................................................................ 25
3.2.1 Método Bibliográfico ...................................................................................................... 25
3.2.2 Método Hipotético-Dedutivo........................................................................................... 26
3.2.3 Método estatístico ............................................................................................................ 26

iv
3.3 Técnicas de Recolha de Dados ........................................................................................... 26
3.3.1 Observação directa .......................................................................................................... 27
3.3.2 Entrevista ......................................................................................................................... 27
3.3.3 Questionário .................................................................................................................... 27
3.4 Universo e Amostra da pesquisa ........................................................................................ 27
3.4.1 Universo e amostra da pesquisa ...................................................................................... 27
CAPÍTULO IV: APRESENTAÇÃO, ANÁLISE E INTERPRETAҪÃO DE DOS DADOS
DA PESQUISA ........................................................................................................................ 29
4.1. Procedimentos adoptados no tratamento de dados ............................................................ 29
4.2. Os efeitos sócio – ambientais do ciclone Ana em Murruro ............................................... 29
4.2. Nível de intervenção do Governo distrital perante e após a passagem do ciclone Ana .... 44
4.3. As medidas de mitigação dos efeitos sócio – ambientais do ciclone Ana em Murruro .... 49
CAPITULO V: CONCLUSÕES E RECOMENDAÇÕES ...................................................... 54
5.1. Conclusões ......................................................................................................................... 54
5.2. Sugestões ........................................................................................................................... 55
Referências bibliográficas ........................................................................................................ 56
Apêndice .................................................................................................................................. 58

v
AGRADECIMENTOS
Em primeiro lugar agradeço à Deus, fonte de amor, fraternidade e compaixão. Por ter me
dado energia e Saúde necessária para aguentar esta longa e espinhosa caminhada.

Em segundo lugar o meu agradecimento vai ao meu supervisor, dr. Jeremias Viliquiua, que
soube assessorar o presente trabalho, dando algumas instruções ou regras de carácter técnico e
metodológico de elaboração de um trabalho científico, em que a presente monografia constitui
o fruto deste esforço.

Manifesto igualmente, a minha gratidão aos meus docentes da UCM, ensino à Distância, em
especial, os de curso de Geografia, que souberam carinhosamente transmitir os seus
conhecimentos que hoje tornei – me uma mulher com uma visão de cunho académico.

A todos aqueles que directa ou indirectamente ajudaram para a concretização da minha


licenciatura, vai o meu muito obrigado.

vi
DEDICATÓRIA
Dedico ao meu esposo Carvalho Joaquim; aos meus pais, Pedro Vahimuero e Ancha
Papusseco.

vii
LISTA DE TABELAS
Tabela 1: Efeitos do ciclone Ana em Murruro (R. famílias da comunidade de Murruro)…....30

Tabela 2: Efeitos do ciclone Ana em Murruro (R. Técnico do


INGD)………………………………………………………………………………………….32
Tabela 3: Número de desalojados, feridos e desaparecidos por contado ciclone Ana
.………................................................................................................................................36
Tabela 4: Número de óbitos por doença …………………...…………………………...……40

Tabela 5: Nível de intervenção do governo do distrito face aos efeitos do ciclone Ana
(Membros da comunidade de Murruro)……………………………………………… ……...44

Tabela 6: Nível de intervenção do governo do distrito face aos efeitos do ciclone Ana
(Técnico do INGD)…… ………………………………………………….…………….…..47

Tabela 7: Efeitos do ciclone Ana em Mururo (R. famílias da comunidade de


Murruro)……………………………………………………………………………………....49

Tabela 8: Medidas de mitigação dos efeitos dos ciclones em Murruro (técnico do INGD e
Lideres comunitários)………….…………………..………………………………..………..51

viii
LISTA DE GRÁFICOS
Gráfico 1: Análise percentual dos efeitos do ciclone Ana em Murruro ……………………...31
Gráfico 2: Análise percentual dos efeitos do ciclone Ana em Murruro ….……………....…..33
Gráfico 3: Analise percentual dos desalojados, feridos e dados desaparecidos ……………..37
Gráfico 4: Evolução das pandemias causadas pelo ciclone Ana (Dados estatísticos de
2023)...................................................................................................................................39
Gráfico 5: Análise percentual do número de óbitos por doenças ……….……………………41
Gráfico 6: Análise percentual do nível de intervenção do Governo aos efeitos do ciclone Ana
………………...………………………………………………………………………………46
Gráfico 7: Análise percentual do nível de intervenção do governo face aos efeitos do ciclone
Ana……………………………………………………………………………………………48
Gráfico 8: Análise percentual das necessidades dos membros da comunidade de Murroro
como medidas de contenção aos efeitos de ciclone Ana ……………………………….…....50
Gráfico 9: Análise percentual das medidas de mitigação dos efeitos do ciclone Ana
………………………………………………………………………………………………...52

ix
Lista de figuras
Figura 1: Destruição de estrada e ponte que liga cidade de Nampula à vila sede de
Murruro……………………………………………………………………………………….34
Figura 2: Escola destruída pelo ciclone Ana……………………..…………………………...35
Figura 3:casas destruídas pelo ciclone Ana e Murruro…………………………………...…..46
Figura 4: Produtos agrícolas que apareceram na comunidade após a passagem do ciclone Ana
……………………………………………………………………..…….……………………43
Figura 5: Descaracterização do ambiente em Murruro: presença de lixo e erosão do
solo……..................................................................................................................................46

x
LISTA DE ACRÓNIMOS
US……………………………Unidade Sanitária

MINED……………………….Ministério da Educação

LC……………………………..Lideres comunitários

MISAU……………………….Ministério da Saúde

PMA……………………………Programa Mundial de Alimentação

OMS……………………………Organização Mundial da Saúde

PEA……………………….…..Processo de ensino e aprendizagem

MCM……………………………membros da Comunidade de Murruro

NICEF…………………………. Fundo das Nações Unidas para a Infância

UNHABTIAT….Programa das Nações Unidas para o Assentamento Humano

CENOE………………………. .. Centro Nacional Operativo de Emergência

INGD……………………….. Instituto Nacional de Gestão de Desastres

xi
xii
RESUMO
A presente pesquisa faz uma abordagem descritiva sobre Efeitos do Ciclone Ana, Caso da Localidade
de Murruro, Distrito de Liupo (2022 - 2023). Pretende - se com a pesquisa, avaliar os efeitos sócio –
ambientais do ciclone Ana na Localidade de Murruro, especificamente: explicar os efeitos sócio –
ambientais do ciclone Ana em Murruro, analisar o nível de intervenção do Governo distrital após a
passagem do ciclone Ana e propor as medidas de mitigação dos efeitos sócio – ambientais do ciclone
Ana em Murruro. No entanto, o trabalho de campo foi realizado mediante, a pesquisa exploratoria, por
meio do qual, foi possível efectuar a análise dos documentos bibliográficos adquiridos durante a
pesquisa; bem como, das informações colectados no campo de pesquisa mediante a observação
directa, entrevistas e inquérito dirigidas a 103 intervenientes seleccionados como amostra da pesquisa.
Nesta perspectiva, analisados e discutidos os dados adquiridos durante o trabalho de campo, chegou se
a conclusão de que, os efeitos sociais do ciclone Ana em Murruro sintetizam -se pela destruição das
escolas e desistência de um total de 1030 alunos do ensino primário e secundário; destruição de postes
eléctricos e corte da corrente eléctrica e consequente paralisação das actividades económicas;
desalojamento de uma média de 1510 famílias; contaminação da água dos poços domésticos
consumida na comunidade; proliferação de charcos, que propiciou na ocorrência de doenças como:
diarreias, cólera, malária e bilharziose que levaram a morte de um total de 48 membros da comunidade
de Murruro; como também a ocorrência de casos de 1419 feridos e 123 dados desaparecidos; no
contexto ambiental, notou – se a descaracterização do ambiente pela proliferação do lixo, charcos de
água, destruição da espécie vegetal da comunidade e aceleramento do processo erosivo. O governo
junto aos seus parceiros de cooperação, interviram em 90% das necessidades da população pelo menos
nas primeiras horas da ocorrência do ciclone, reassentando a população desalojada, na distribuição de
mantimento, de material escolar, medicamentos e abastecimento de água em tanques plásticos.

Palavras - Chave: Murruro, ciclone Ana, efeitos.

xiii
CAPITULO I: INTRODUÇÃO
Moçambique é historicamente o país mais afectado pelos eventos extremos na África Austral.
De acordo com o relatório mundial sobre os desastres, mais de oito milhões de moçambicanos
foram afectados pelas calamidades naturais nos últimos vinte anos, nomeadamente décadas 80
e 90; dum total de 53 calamidades nos últimos 45 anos cerca de 1,17 em média ocorre por ano
(IFCRCS, 2002). Estes dados explicam que o país é muito vulnerável às calamidades naturais
de origem meteorológica, nomeadamente, secas, cheias e ciclones tropicais. Estes desastres ou
emergências de larga escala destacam-se pelos seus impactos humanos, agrícola, infra-
estrutura e económico.

Os ciclones normalmente ocorrem ao longo da costa de Moçambique em função de


depressões tropicais que têm origem no oceano Índico, mas às vezes têm também afectado
algumas zonas do interior. A época ciclónica é de Outubro a Abril e a sua intensidade
aumenta no período de Fevereiro a Abril. Os ciclones Causam efeitos negativos no meio
ambiente assim como a nível social sendo o governo e instituições privadas, os mais
responsáveis em dar respostas urgentes no suprimento dos efeitos drásticos causados por este
evento climático. (MICOA, 2012)

É nesta ordem de ideia que surge o tema: Efeitos do Ciclone Ana, Caso da Localidade de
Murruro, Distrito de Liupo (2022 - 2023), com o tema, pretende – se avaliar os impactos
sociais e ambientais do ciclone Ana na comunidade de Murruro e perceber o nível de
intervenção do governo local face aos efeitos deste evento climático. Desta feita, para
alcançar os objectivos traçados, o trabalho baseou – se entre vários métodos, nos métodos
hipotético dedutivo, bibliográfico e nas técnicas de observação e a entrevista.

O trabalho está estruturado em capítulos, no primeiro capítulo, está patente a introdução, onde
são apresentados o tema de pesquisa, justificativa, problema, hipóteses e objectivos do
trabalho; no segundo capitulo, apresenta - se o marco teórico, por onde a proponente
apresenta diversos autores que discutem o tema em estudo; no terceiro, desenvolve – se a
metodologia levada a cabo para o alcance dos objectivos traçados; no quarto, a proponente
apresenta as discussões dos resultados da pesquisa e no quinto capítulo, o trabalho é encerrado
com a conclusão e sugestões.

13
1.1. Tema
Efeitos do Ciclone Ana, Caso da Localidade de Murruro, Distrito de Liupo (2022 - 2023)

1.2. Delimitação do Tema


O tema limita – se pelo estudo dos efeitos sócio – ambiental do Ciclone Ana na localidade de
Murruro, distrito de Liupo (2022 - 2023). Distrito de Liúpo localiza – se na parte Este da
província de Nampula; limita – se a Norte pelo Distrito de Mogincual pelo rio Metapa; Sul
pelo Distrito de Angoche através do rio Mutomoto; Oeste, pelo distrito de Meconta e
Mogovolas através do rio Muirate e Motomote.

O distrito de Liupo ocupa uma área de 2166 km2, com uma densidade populacional de
aproximadamente de 46.4 hab/km2, e uma superfície arável de 173.280 hectares. Segundo as
projecções do Instituto Nacional de Estatística, do Censo realizado em 2017, o Distrito de
Liupo em 2021 conta com uma população estimada em 105.649 habitantes, destes 54.072 são
mulheres, distribuídos em dois postos Administrativos, sendo Liupo e Quinga, 4 localidades,
31 regulados e 142 povoações; em relação a área de estudo; Murruru, tem um total
populacional de 1680 habitantes.

1.3. Justificativa
A escolha do tema: Efeito do Ciclone Ana, Caso da Localidade de Murruro, Distrito de Liupo
(2022 - 2023) surge em primeiro lugar pelas reclamações da população de Murruru segundo
os quais, a ajuda prestada pelo Governo local às vítimas do ciclone Ana não foi suficiente
tendo em vista ao número populacional afectado por este evento climático, de mais que a
metade da população total da localidade de Murruro; isto é, 1490 habitantes perderam as suas
casas e até então vivem em casas precárias construídas a partir do material rudimentar e outras
em casas com as paredes destruídas; são famílias que desprovê de alimentos e vestuário. A
comunidade, ainda clama por falta de requalificação de várias infra – estruturas sociais
danificadas pelos ventos ciclónicos Ana que ate então se fazem sentir na comunidade de
Murruro.

A proponente por ser residente naquela comunidade, dia – pois – dia observa grupo de
famílias ingressando na fileira da mendicidade e justificando a pobreza causada pelo ciclone
Ana; foi a partir deste principio que surge a ideia de estudar este tema de modo a perceber que
efeitos sócio – ambientais causou o ciclone Ana na localidade de Murruro, distrito de Liupo.
14
A pesquisa mostra – se relevante uma vez que trará evidencias a vista dos académicos, a
sociedade civil, aos analistas, instituições privadas, a quem do direito na gestão de desastres
naturais (INGD); MICOA, entre outras instituições, sobre tudo em relação aos efeitos deste
evento climático na localidade de Murruro que em seguida tomarão medidas de mitigação dos
efeitos deste evento climático com vista a comunidade de Murruro a viver num ambiente
sadio e com as condições sócio – económicas favoráveis.

A escolha do intervalo temporal de 2022 a 2023, surge pelo facto do ano de 2022 ter surgido e
afectado o ciclone Ana na comunidade de Murruru, causando danos na comunidade e 2023,
ter surgido inúmeras reclamações por parte da comunidade local sobre os efeitos do evento
climático que não são solucionados ate então, havendo deste modo a necessidade de fazer
estudos neste intervalo temporal com vista a perceber quais impactos registados em 2022 que
ate então se fazem sentir naquela comunidade.

1.4.Problema
AS províncias de Nampula, Zambézia, Niassa, Sofala, Manica e Tete sofreram no dia 24 de
Janeiro de 2022, ventos fortes e chuvas intensas, causados pela passagem da tempestade
tropical Ana, vinda do Madagáscar. Segundo um comunicado do Instituto Nacional de
Meteorologia (INAM), a tempestade “Ana” reduziu de intensidade, passando a depressão
tropical, com epicentro próximo à costa do distrito de Angoche, causando chuvas acima de
200 milímetros, ventos fortes até 100 quilómetros/ hora e rajadas de 130 quilómetros por
hora. As chuvas e ventos fortes fustigaram todos os distritos da província de Nampula e
Zambézia, alguns de Sofala e com previsão de ter afectado todos os distritos de Manica e
Tete. Relatos vindos da província de Nampula indicam o evento climático ter causado
diferentes danos ambientais e sociais pelos distritos de Liúpo, Memba, Larde e Mogovolas,
de acordo com dados preliminares partilhados pelo Comité Operativo de Emergência (COE,
2022, p1).

A localidade de Murruro, faz parte do distrito de Liúpo fustigado pelo ciclone Ana; porém,
pretende – se com a pesquisa saber que efeitos sócio – ambiental o ciclone Ana causou na
localidade de Murruro, distrito de Liúpo no ano de 2022?

15
1.4. Hipóteses

1.4.1. Hipótese primária


A destruição das infra - estruturas sociais e a degradação ambiental, constituem os efeitos
sócio - ambientais do ciclone Ana em Murruro

1.4.2. Hipóteses secundárias


 A perca de vidas humanas é o impacto social do ciclone Ana observado em Murruro;
 O agravamento das condições de saneamento do meio é um dos impactos ambientais
do ciclone Ana na comunidade de Murruro;
 A ruptura das actividades normais das famílias em Murruro, constitui o efeito social
do ciclone Ana naquela comunidade;
 A redistribuição da flora e fauna está na origem da passagem do ciclone Ana em
Murruro.

1.5.Objectivos

1.4.1. Objectivo geral


Avaliar os efeitos sócio – ambientais do ciclone Ana na Localidade de Murruro

1.4.2. Objectivos específicos


 Explicar os efeitos sócio – ambientais do ciclone Ana em Murruro
 Analisar nível de intervenção do Governo distrital após a passagem do ciclone Ana
 Propor as medidas de mitigação dos efeitos sócio – ambientais do ciclone Ana em
Murruro

16
CAPITULO II: MARCO TEÓRICO

2.1.Impactos sócio - ambientais


Segundo a resolução nº 001 de 23 de Janeiro de 1986 do Conselho Nacional do Meio
Ambiente – Conama, impacto ambiental é definido por: “Qualquer alteração das propriedades
físicas, químicas e biológicas do meio ambiente, causada por qualquer forma de matéria ou
energia resultante das actividades humanas que, directa ou indirectamente, afectam a saúde,
segurança, bem-estar da população, a biota, as condições estéticas e sanitárias do meio
ambiente e a qualidade dos recursos naturais” (Conama, 1986).

Observa-se que o conceito de impacto ambiental está vinculado ao meio social, a própria
natureza não causa impactos a si mesma sem a intervenção humana. Portanto, o termo “sócio”
em impacto sócio - ambiental aparece para enfatizar o envolvimento da sociedade nas
problemáticas ambientais (Mendonça, 2001), trata-se da relação entre ambiente e sociedade, e
dimensiona a relevância do carácter social, trazendo o homem como agente central impactante
ou impactado sobre as perspectivas ambientais. Portanto, cabe ressaltar que a ampliação do
termo impacto ambiental para sócio -ambiental enfatiza a importância do carácter social nas
problemáticas ambientais, não utilizando da exclusão dos elementos naturais e ainda
transformando a cidade como o espaço que se concretiza as interacções entre a Natureza e a
Sociedade (Mendonça, 2004).

Os impactos sócio -ambientais dos desastres que ocorrem nas cidades apresentam em sua
grande maioria uma relação estreita com a pobreza e a desigualdade, como apresentado por
Mendonça (2004, p. 188): “Em todo caso, parece ficar cada vez mais evidente que os riscos e
impactos dos fenómenos tidos como naturais se repercutam com forte expressão sobre a
população mais pobre do planeta; parece que os fenómenos do tempo lento impactam cada
vez mais fortemente os homens que vivem sob o tempo também lento, ou seja, aqueles sobre
os quais a materialidade dos avanços tecnológicos ainda não se expressou de maneira directa”
(Mendonça, 2004, p. 188).

Assim, finalizando o pensamento de Mendonça (2004, p. 188) se entende que um fenómeno


de mesma intensidade que atinge populações diferentes, certamente irá também produzir
impactos diferentes, como por exemplo, um terramoto que atinge o Japão e o Haiti. Ao
analisar as consequências de um fenómeno, é importante não dissociar os aspectos naturais e

17
sociais dos impactos, e sim considerá-los como uma totalidade que as formam como impactos
sócio -ambientais

2.2 Desastre Natural


De acordo com a United Nations Office for Disaster Risk Reduction (UNDRR), unidade
organizacional do Secretariado da Organização das Nações Unidas (ONU) que visa à
implementação de estratégias para a redução de desastres, a terminologia de desastre é
definida como uma séria perturbação do funcionamento de uma comunidade ou sociedade em
qualquer escala devido a eventos perigosos interagindo com condições de exposição,
vulnerabilidade e capacidade, levando a um ou mais dos seguintes aspectos: perdas e
impactos humanos, materiais, econômicos e ambientais (UNDRR,2019).

A definição de desastre segundo o Manual de Medicina de Desastres (2004), elaborado pelo


Ministério da Integração Nacional coincide em parte com a definição da UNDRR, e é
definido como um resultado de evento adverso, natural ou provocado pelo homem, sobre um
ecossistema vulnerável, causando danos humanos, materiais e ambientais e consequentes
prejuízos econômicos e sociais. Cabe ressaltar a presença do homem como um possível
agente causador de um desastre. Já para Tobin e Montz (1997) e para a United Nations
Development Programme (UNDP, 2004) os desastres são os resultados do impacto de um
fenômeno natural extremo ou intenso sobre um sistema social causando sérios danos e
prejuízos que excedem a capacidade dos afetados de conviverem com o impacto. Portanto,
para que se configure um desastre, é necessário que o evento adverso seja de magnitude
suficiente para produzir danos e prejuízos, sendo sua intensidade medida em função da
grandeza dos mesmos.

O desastre não é o evento adverso, e sim as consequências produzidas pelo mesmo, os efeitos
que o evento adverso causa são os agentes que o qualificam como desastre. Dessa forma, os
desastres são classificados e diferenciam-se entre si quanto a intensidade, evolução, a origem
e a duração (Kobiyama et al., 2006). Quanto a evolução, segundo Castro (1999) existem três
tipos: súbitos, graduais e os de somação de efeitos parciais. Os súbitos são caracterizados pela
rápida velocidade de evolução no processo, como tornados e inundações bruscas. Já os
graduais são opostos ao anterior, evoluem em etapas. E os chamados de somação de efeitos
parciais, são representados pela ocorrência de numerosos acidentes semelhantes que quando
somados resultam em um desastre de grande proporção. Por exemplo, acidentes de trânsito e

18
trabalho. A origem é definida como naturais, humanos e mistos mesmo levando em
consideração que quase todos os desastres sofrem certa influência antrópica e que é muito
difícil ocorrer um desastre puramente natural (Castro, 1999).

2.3. Ciclogênese e ciclones


Em média, aproximadamente, 90 ciclones são responsáveis a cada ano por 20.000 mortes
ao redor do mundo, além de causarem prejuízos imensos ao património e um risco
sério à navegação, devido aos efeitos combinados dos ventos fortes, dos mares
agitados e das enchentes causadas pelas chuvas fortes e tempestades costeiras
(Chorley & Barry, 2013).

A ciclogênese é o processo de formação de uma onda frontal, determinada por um centro de


baixa pressão, que representa o principal mecanismo de desenvolvimento dos ciclones
extratropicais por meio da instabilidade baroclínica (Pezza & Ambrizzi, 2000).

Os estudos de Taljaard (1972) e Necco (1982), respectivamente, apresentaram evidências de


que 70% dos ciclones formados sobre o oceano Atlântico Sul ocorrem na área compreendida
entre os meridianos 0 e 90º W e os paralelos 10º S e 55º S, com menor frequência na estação
do verão. Em alguns casos eles também podem se formar mais próximos da porção
continental, porém, geralmente a sua formação está associada às áreas oceânicas, onde
adquirem as suas maiores intensidades (Taljaard, 1972).

Existem ciclones tropicais, ciclones subtropicais e ciclones extratropicais. Todos eles são
sistemas de baixa pressão atmosférica onde o ar se movimenta no sentido horário no
Hemisfério Sul. Ciclones estão associados à grandes áreas de nuvens carregadas que
provocam chuva intensa, além disto, o gradiente de pressão atmosférica entre o centro do
sistema e a porção mais externa gera os ventos que, geralmente, são impactante.
Comummente, os ciclones extra tropicais são vinculados a uma frente fria e frente quente,
enquanto os subtropicais e os tropicais não possuem vínculo com quaisquer que sejam as
frentes. Essa é a principal diferença entre tais ciclones, além das posições geográficas
originárias. Sendo assim, um ciclone subtropical não precisa estar vinculado a uma frente fria
e ocorre ao sul do Trópico de Capricórnio na América do Sul; (Taljaard, 1972).

A temperatura e a estrutura da pressão atmosférica também podem ser factores determinantes


no momento da classificação de tais eventos. Nas imagens de satélite, é possível observar os

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ciclones subtropicais e tropicais como uma massa de nuvens em formato arredondado, sendo
os tropicais com uma aparência ainda mais arredondada que os subtropicais. Os chamados de
extratropicais aparentam ser uma espiral (Gozzo, 2016).

Monteiro (2007) descreve que as condições de tempo observadas referentes ao ciclone


extratropical são de forte calor e ventos de noroeste no norte do Rio Grande do Sul, em Santa
Catarina e Paraná. Cada tipo de ciclone possui sua região preferencial de formação ao redor
do planeta. Os tropicais em geral se reproduzem na faixa de latitude entre 20ºS e 20ºN. Já
entre 20º e 30º, nos dois hemisférios, podemos ter a formação dos três tipos de ciclones. E
nas latitudes maiores do que 30ºS e 30ºN temos apenas os extratropicais (GOZZO, 2016).

Hoskins e Hodges (2005) destacam que a zona ciclogenética preferencial sobre a América do
Sul, está situada próxima a 30ºS e é resultado da atuação de sistemas ciclônicos associados à
corrente de Jato Subtropical (JST). Nos meses de outubro a abril é frequente observar a
formação de ciclones, principalmente sobre a Região Sul e Sudeste. Estes sistemas se
formam sobre o oceano na maioria das vezes, entre os estados de Santa Catarina e Rio de
Janeiro, podendo também em alguns casos, se originar um pouco mais a nordeste atingindo o
estado do Espírito Santo.

2.4. Ciclones em Moçambique


Devido à sua localização geográfica a costa moçambicana - banhada pelo Oceano Indico - é
bastante vulnerável aos ventos ciclónicos e depressões tropicais. Ao longo da sua história,
Moçambique tem sofrido retrocessos económicos devido à influência dos ventos ciclónicos.
Considerando que 2/3 da população vive em zonas costeiras bem como a existência de infra-
estruturas de grande valor económico (portos, indústrias, etc.) nessas zonas constitui uma
preocupação as projecções dos impactos das mudanças climáticas para a economia nacional,
que pressupõem um aumento em frequência e intensidade dos eventos extremos.

Normalmente, os ciclones tropicais que atingem a costa moçambicana são acompanhados de


precipitação intensa que tem resultado em cheias, e o exemplo mais recente são as cheias do
ano 2000 que resultaram da ocorrência dos ciclones tropicais Eline e Glória. As mudanças
climáticas e a crescente densidade populacional em zonas costeiras têm vindo a aumentar a
probabilidade de ocorrência de desastre originados por ciclones.

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Os ciclones normalmente ocorrem ao longo da costa de Moçambique em função de
depressões tropicais que têm origem no oceano Índico, mas às vezes têm também afectado
algumas zonas do interior. A época ciclónica é de Outubro a Abril e a sua intensidade
aumenta no período de Fevereiro a Abril. Os ciclones tropicais são entre os sistemas
meteorológicos os mais fortes e destrutivos, globalmente, estes ocorrem de forma cíclica,
acompanhados de ventos fortes e chuvas torrenciais.

2.4. Efeitos
Os ciclones causam destruição de infra-estruturas resultando em falhas nos sistemas de
abastecimento de água potável e energia eléctrica, considerável número de desalojados e
agravamento das deficitárias condições de saneamento do meio; retrocessos sociais e
económicos, perdas de vidas, sofrimento humano, destruição de propriedades, degradação do
meio ambiente e ruptura das actividades normais. (Belasen, 2013,p54)

Os ciclones tropicais são entre os sistemas meteorológicos os mais fortes e destrutivos,


globalmente, estes ocorrem de forma cíclica, acompanhados de ventos fortes e chuvas
torrenciais. Causam destruição de infra-estruturas resultando em falhas nos sistemas de
abastecimento de água potável e energia eléctrica, considerável número de desalojados e
agravamento das deficitárias condições de saneamento do meio retrocessos sociais e
económicos, perdas de vidas, sofrimento humano, destruição de propriedades, degradação do
meio ambiente e ruptura das actividades normais. Contudo, estes eventos extremos podem
contribuir para o suprimento de água em zonas outrora secas, redistribuição da flora e fauna.
(MICOA, 2012)

Ciclones tropicais em mar aberto causam intensas ondas, chuvas e ventos, prejudicando a
navegação internacional e, às vezes, provocando naufrágios, Ciclones tropicais causam a
agitação do mar, deixando um rastro de água fria em sua trajectória que deixam a região
menos favorável para o desenvolvimento e manutenção de ciclones tropicais posteriores. Em
terra, ventos fortes podem danificar ou destruir veículos, edifícios, pontes e outros objectos,
transformando detritos soltos em projécteis voadores possivelmente mortais. A maré de
tempestade, ou o aumento no nível do mar devido à presença do ciclone, é tipicamente o pior
efeito de ciclones tropicais que cruzam a costa, resultando historicamente em 90% das
mortes provocadas por ciclones tropicais. A grande turbulência de um ciclone tropical e a
presença de outros ventos não relacionados em sua periferia geram tornados, que podem ser
21
gerados também como um resultado dos mesovórtices da parede do olho, que persistem até o
momento do ciclone cruzar a costa.( Agência Portuguesa do Ambiente, 2009,p34.)

Nos dois últimos séculos, os ciclones tropicais foram responsáveis por cerca de 1,9 milhão de
mortes em todo o mundo. Grandes áreas de água parada causadas por enchentes causados
pelos sistemas tropicais podem levar a infecções e zoonoses. A lotação em abrigos de
emergência aumentam o risco da propagação de doenças. Ciclones tropicais causam danos
significativos a infra-estruturas, levando a interrupção do fornecimento de electricidade e
água potável, destruição de pontes e corredores de acesso, que dificultam os esforços de
reconstrução. Embora ciclones tropicais causem muitas mortes e danos a bens pessoais,
podem ser factores importantes no regime de precipitação de localidades que afectam, pois
podem trazer a chuva muito esperada para regiões secas. Ciclones tropicais ajudam também
no equilíbrio do calor mundial, movendo ar tropical quente e húmido para latitudes médias e
regiões polares. A maré de tempestade e os ventos dos furacões podem destruir construções,
mas podem agitar as águas dos estuários costeiros, que são normalmente importantes para os
locais de reprodução de peixes, (Cavaneira, 2013,p18).

Relativamente ao ciclone Ana, De acordo com a directora dos Serviços


Sociais de Nampula, Munira Abdou, à margem da 1.ª reunião do COE, a
“Ana” destruiu igualmente outras infra-estruturas socioeconómicas públicas e
privadas nos distritos de Moma e Larde, a sul da província de Nampula. Em
Nacala-Porto, o registo aponta que 750 famílias ficaram desprovidas da
corrente eléctrica e outras 15 viram as suas casas a desabar na sequência da
chuva e ventos “Ana” na sua passagem pelo Centro e Norte do país fortes. Os
efeitos da “Ana” fizeram-se sentir também em todos os distritos da província
da Zambézia, com o rio Licungo a ficar com o caudal muito alto, à jusante,
tornando intransitáveis os troços rodoviários que ligam Mocuba-Lugela,
Mocuba-Mocubela e Mulumbo-Milange, segundo o boletim diário da
Direcção Nacional de Gestão dos Recursos Hídricos (DNGRH). Perante este
cenário, a DNRGH, administrações regionais de águas e o INAM apelam às
populações que residem em zonas baixas e ribeirinhas para retirada imediata
para áreas seguras. As autoridades prevêm que cerca de 600 mil pessoas das
províncias de Nampula, Zambézia, Niassa, Tete e Sofala possam ser afectadas
pelos efeitos da “Ana”. Face a esta situação, o Instituto Nacional de Gestão e
Redução do Risco de Desastre (INGD) mobilizou meios e apoio humanitário.
Luísa Meque, presidente do INGD, referiu que uma equipa multissectorial de
nível central deslocou-se às províncias visadas para apoiar as famílias em
situação de risco. ( Sn. Noticias, Terça-feira, 25 de Janeiro de 2022)
As fortes chuvas e ventos provocaram incalculáveis estragos. Deixaram infra-estruturas
(públicas e privadas) total ou parcialmente danificadas, bem como campos agrícolas
arrasados, facto que cria, obviamente, bolsas de fome nas regiões afectadas pelos ciclones,
(Agência, 2019, p36).

22
As habitações precárias das populações dos bairros mais pobres ficaram destruídas e as
estradas intransitáveis, além do corte de energia eléctrica e os graves danos nos sistemas de
comunicação. Um exemplo concreto, a cidade da Beira foi vítima do Ciclone Idai causando
cheias (do Rio Búzi), que afectaram milhares de pessoas dos Distritos de Búzi e
Nhamatanda, as quais foram reassentadas nalgumas escolas públicas do Município da Beira,
em péssimas condições sanitárias, provocando focos de cólera e malária, (Müzell, 2019,p34).

A Província de Cabo Delgado, o Ciclone Kenneth atingiu fortemente alguns Distritos, onde
inúmeras famílias foram desalojadas das suas casas, tendo, igualmente, perdido os seus
haveres.

2.5. Apoio Internacional e Parcerias


Importa, antes de mais, referir que o Governo de Moçambique tem, nas últimas décadas,
feito previsões relativas a ocorrências de catástrofes naturais, o que lhe permite mobilizar
atempadamente apoios externos para socorrer as populações que venham a ser afectadas.
(Conselho de Ministros, 2017,p34)

Entre os parceiros de cooperação multilateral, o Programa Mundial de Alimentação (PMA),


o Fundo das Nações Unidas para a Infância (UNICEF), o Programa das Nações Unidas para
o Assentamento Humano (UN HABITAT), a Organização das Nações Unidas para
Agricultura (FAO), a Organização Internacional de Migração (OIM) e o Fundo das Nações
Unidas para População (UNFPA) participaram activamente na implementação do Plano
Director de Prevenção e Mitigação das Calamidades Naturais (PDPMCN) desde o primeiro
momento ( Conselho de Ministros, 2017, p35)

O Programa Mundial de Alimentação (PMA) e o UNICEF também participam activamente


no apoio às estruturas de coordenação do Conselho Técnico de Gestão das Calamidades
(CTGC) e Centro Nacional Operativo de Emergência (CENOE). Em caso de necessidade, o
Programa Mundial de Alimentação (PMA) lidera o grupo de trabalho de logística e
assistência alimentar e o UNICEF lidera o grupo de trabalho de higiene e saúde dentro do
CENOE. Além disso, o Sistema das Nações Unidas tomou a iniciativa de organizar e liderar
sectores de trabalho que congregam a participação das Organizações da Sociedade Civil em
momentos de emergência, (Ibdem).

23
O Banco Mundial (BM) e o Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD)
participam activamente no suporte deste processo nos aspectos estratégicos e mais de longo
termo. Por exemplo, entre 2007 e 2015 o BM desembolsou mais de US $ 13 milhões para
apoiar Moçambique em actividades de gestão do risco de longo termo que incluem, entre
outras, o mapeamento das zonas de risco, identificação e redução do risco, e actividades
ligadas ao treinamento e à capacitação de operadores do INGC (Ibdem).

Em 2013, o BM aprovou um fundo de emergência de US $ 32 milhões para melhorar a


resistência de infra-estruturas de água (diques, barragens, etc.) dos rios do sul de
Moçambique (especialmente o Limpopo) em momentos de calamidades, (OCHA, 2019,p11).

Entre 2008 e 2011 o PNUD implementou um projecto de capacitação institucional para


reforçar a implementação do PDPMCN. Entre 2009 e 2014 o PNUD financiou um projecto
de cerca de US$2 milhões nas zonas afectadas pela seca no distrito de Guijá, província de
Gaza, cuja finalidade era desenvolver mecanismos de mitigação local do risco em zonas
assoladas pela seca,( Afonso, 2019, p23)..

Os parceiros da cooperação bilateral, embora alguns nem sempre usem o PDPMCN como
documento de referência, implementaram actividades de gestão do risco de desastres e
mudanças climáticas, contribuindo, dessa forma, para os resultados conseguidos na
implementação do PDPMCN, (Ibdem).

24
CAPITULO III: METODOLOGIA

3.1 Tipo de pesquisa


Para este estudo, a pesquisa foi do tipo exploratório. A pesquisa exploratória estabelece
critérios, métodos e técnicas para a elaboração de uma pesquisa e visa oferecer informações
sobre o objecto desta e orienta a formulação de hipóteses (Cervo e Silva, 2006).
A presente pesquisa, enquadra – se na pesquisa exploratória uma vez que procurou – se junto
a comunidade de Murruro, questionar sobre as consequências sociais e ambientais do ciclone
Ana de afectou naquela comunidade, a pesquisa, baseou –se nos métodos: bibliográfico,
estatístico e hipotético – dedutivo, bem como nas técnicas de entrevista, observação directa e
questionário, que permitiram na obtenção dos resultados da pesquisa; como se não bastasse, a
pesquisa levantou algumas hipóteses que foram provadas e algumas falseadas no campo de
pesquisa.

3.2 Método de pesquisa


Neste trabalho foram utilizados os seguintes métodos: Bibliográfico, método Hipotético –
Dedutivo.

3.2.1 Método Bibliográfico


A revisão bibliográfica consiste na utilização de recursos fornecidos pelas bibliotecas.
Qualquer que seja a pesquisa, a necessidade de consultar material publicado é imperativa. ”
(Gerhard, T. E. & Silveira, 2009).

O estudo foi realizado na base de uma pesquisa bibliográfica para caracterização e definição
de conceitos ligados ao tema, usou-se informações e dados documentais em artigos de
revistas especializadas, alguns deles encontrados nos sites de internet, jornais (publicações).
A consulta bibliográfica é o instrumento básico para a fundamentação teórica da proposta de
pesquisa. Este método, tem a finalidade de colocar o pesquisador em contacto directo com
tudo o que foi escrito, porem, os assuntos colectados nas consultas bibliográfica foram:
 Conceitos de consequências naturais e sociais e conceito de desastres naturais,
 Os ciclones em Moçambique
 Os efeitos dos ciclones
 Apoio Internacional e Parcerias

25
3.2.2 Método Hipotético-Dedutivo

O proponente, levantou algumas hipóteses do problema em estudo onde a partir das quais,
confrontou com problema em estudo no campo de pesquisa, este método, auxiliou na
compreensão do problema em estudo onde algumas hipóteses formuladas foram falseadas e
outras aprovadas. Das hipóteses aprovadas na entrevista mantida num pequeno grupo
seleccionado como amostra da pesquisa, foram generalizadas ao nível de toda comunidade
em estudo.

3.2.3 Método estatístico

Mediante a utilização de testes estatísticos, torna-se possível determinar, em termos


numéricos, a possibilidade de acerto de determinada conclusão, bem como a margem de erro
de um valor obtido”, (Trujillo, 1982, p24).

O método Estatístico, baseou –sena medida em que a proponente ia analisando os dados


colectados no campo de pesquisa em numéricos e representados em tabelas e gráficos as
informações da pesquisa como:
 Número de famílias afectadas pelo ciclone Ana;
 Contabilização dos bens materiais que as famílias afectadas pelo ciclone Ana
receberam do governo distrital
 Contabilização dos efeitos sociais e ambientais causados pelo ciclone Ana

3.3 Técnicas de Recolha de Dados


Para a recolha dos dados fornecidos pelos informantes usou – se o questionário com
perguntas abertas. A opção por este tipo de questionário deveu-se ao facto de ele oferecer
muitas vantagens. Por exemplo permitiu que a pesquisadora entrasse em diálogo directo com
a população alvo da pesquisa e ouvir deles o que sentem e desejam, permitiu também em
obter informações mais viáveis e seguras. Neste questionário envolveu pais, mães e jovens
com idade compreendida entre 18 a 45 anos. Em linhas gerais, as técnicas de pesquisa usadas
foram: observação directa, Entrevista, Questionário.

26
3.3.1 Observação directa
“A observação participante consiste na participação real do conhecimento na vida da
comunidade, do grupo ou de uma situação determinada; Nesse caso, o observador assume,
pelo menos até certo ponto o papel de um membro do grupo”, (Gil, 2007)

A recolha de dados obedeceu as evidências visuais tais como:

 Ajuda prestada pelo governo distrital às famílias afectadas pelo ciclone Ana;
 Efeitos do ciclone Ana em Murruro;

3.3.2 Entrevista
Nos levantamentos que se valem da entrevista como técnica de colecta de dados, esta assume
forma mais ou menos estruturada. Mesmo que as respostas possíveis não sejam fixadas
anteriormente, o entrevistador guia-se por algum tipo de roteiro, que pode ser memorizado ou
registado em folhas próprias, (Vieira, 2009). Esta técnica de recolha de dados envolve
perguntas dirigidas aos seguintes grupos: as famílias da comunidade de Murruro, Lideres
comunitários e o técnico do INGD do distrito de Liúpo, sobre o que sabem em relação aos
efeitos do ciclone Ana em Murruro e as formas de intervenção do governo a este evento
naquela comunidade.

3.3.3 Questionário
O questionário foi dirigido as famílias da comunidade de Murruro, Lideres comunitários e o
técnico do INGD do distrito de Liúpo, sem distinção de proveniência e nível de escolaridade.
O questionário apresentava questões (abertas) elaboradas de forma antecipada pela
proponente no período. O questionário permitiu a estruturação e recolha das informações
junto a instituição (INGD) e a comunidade. As perguntas foram respondidas na presença da
autora. Todavia, os dados recolhidos foram desenvolvidos no corpo do presente trabalho.

3.4 Universo e Amostra da pesquisa

3.4.1 Universo e amostra da pesquisa


O universo desta pesquisa contou com todos 1680 habitantes da comunidade de Murruro. A
amostra desta pesquisa foi aleatória simples, foi composta por 103 (cento e três) participantes, sendo

27
100 membros da comunidade de Murruro, destes, 50 (cinquenta) homens e 50 ( cinquenta) mulheres, e
3 individualidades do Governo, sendo: 2 (dois) líderes comunitários e 1 (um) técnico do INGD.

28
CAPÍTULO IV: APRESENTAÇÃO, ANÁLISE E INTERPRETAҪÃO DE DOS
DADOS DA PESQUISA
Neste capítulo são apresentados e analisados os resultados da pesquisa em função dos
objectivos específicos e questões científicas definidos no trabalho, por meio de entrevista
realizada junto as famílias e lideres comunitários da comunidade de Murruro, bem como ao
técnico do INGD, com o intuito de analisar os efeitos ambientais e sociais do ciclone Ana em
Murruro.

4.1. Procedimentos adoptados no tratamento de dados


Em relação ao tratamento de dados, procedeu – se ao registo de categorias que norteiam a
grelha de um conjunto de informações colhidas através das entrevistas, onde portanto, com
base nos resultados das entrevistas obtidos no campo apresentam – se as seguintes:

I. Os efeitos sócio – ambientais do ciclone Ana em Murruro


II. O nível de intervenção do Governo distrital após a passagem do ciclone Ana
III. As medidas de mitigação dos efeitos sócio – ambientais do ciclone Ana em
Murruro

As questões gerais acima descritas, a autora as categorizou em tópicos e o seu


desenvolvimento foi feito em relação ao grupo alvo da presente pesquisa (membrosou
fasmilias da comunidade de Murruro, lideres comunitários e técnico distrital do INGD, tendo
cada tópico especificado objectivamente em pequenas questões que operacionalizaram cada
questão, estas questões a autora apresentou de forma aberta, uma estratégia que permitiu que
o entrevistado trouxesse respostas amplas e detalhadas de acordo com as questões especificas.

4.2. Os efeitos sócio – ambientais do ciclone Ana em Murruro

Para esta categoria, a proponente usou as técnicas de observação directa e a entrevista ao


grupo alvo da presente pesquisa; porem, a proponente questionava aos entrevistados o
seguinte: Que problemas ambientais e sociais trouxe o ciclone Ana em Murruro? As
respostas foram unânimes entre as famílias ou membros da comunidade de Murruro e os
lideres comunitários e divergem com as respostas do técnico do INGD, (vide tabela 1, 2 e
gráfico 1, 2 ).

29
Tabela n°1: Efeitos do ciclone Ana em Mururo (R. famílias da comunidade de
Murruro)

Questão I: Que problemas ambientais e sociais trouxe o ciclone Ana em Murruro?


Percentagem de resposta Publico alvo Classificação N° dos
do resultado entrevistados
A nível social verificou –se: Membros da 100MCM
 Perda de habitações, comunidade de
 Perda de campos agrícolas, Murruro
Destruição das escolas,
 Destruição de pontes e E
estradas, e Favorável
 Surgimento de doenças como: 2 LC
bilharziose, malária, diarreias.
A nível ambiental Lideres
 Destruição das plantas; comunitários
 Destruição das lixeiras
publicas e fossas provocando
o fraco saneamento do meio
 Há problemas de erosão do
solo
 Poluição das águas dos poços
domésticos
 Inundações e enxurradas nos
bairros
Total dos entrevistados………………………………………………………………102

Fonte: O autor, 2022

30
Gráfico 1: Análise percentual dos efeitos do ciclone Ana em Murruro

Que problemas ambientais e sociais trouxe o ciclone Ana


em Murruro?
A nivel social observa - se: perda de habitações, perda de campos agrícolas,
destruição das escolas; destruição de pontes e estradas; surgimento de doenças
como: bilharziose, malária, diarreias e cólera.

A nivel ambiental observa - se: destruição das plantas; destruição das lixeiras
publicas e fossas provocando o fraco saneamento do meio; Há problemas de
erosão do solo; poluição das águas dos poços domésticos e Inundações e
enxurradas nos bairros

100%

Fonte: A autora, 2023

A tabela 1 e gráfico 1, mostram os efeitos solciais e ambientais causados pelo ciclone Ana
em Murruro; porem, 100% dos lideres comunitarios e os membros da comunidade de
Murruro, foram unanimes em afirmar que os problemas sociais do ciclone Ana em Murruro
são:

 Perda de habitações,
 Perda de campos agrícolas,
 Destruição das escolas,
 Destruição de pontes e estradas,
 Surgimento de doenças como: bilharziose, malária, diarreias

Para os efeitos ambientais, os membros da comunidade de Murruro e seus lideres


comunitários referiram os seguintes:

 Destruição das plantas;


 Destruição das lixeiras publicas e fossas provocando o fraco saneamento do meio
 Problemas de erosão do solo
 Poluição das águas dos poços domésticos
 Inundações e enxurradas nos bairros

31
Estes argumentos diferem um pouco com os efeitos sociais e ambientais referidos pelo técnico
do INGD, (vide tabela e gráfico 2).

Tabela n°2: Efeitos do ciclone Ana em Mururo (R. Técnico do INGD)

Questão I: Que problemas ambientais e sociais trouxe o ciclone Ana em Murruro?


Percentagem de resposta Publico Classifica N° dos
alvo ção do entrevis
resultado tados
A nível social verificou –se:
 Aumento de casos de malária, , cólera e
bilharziose.
 Causou danos significativos a infra-estruturas
sociais como: destruição de postes levando a
interrupção do fornecimento de energia; Favorável
destruição das fontenárias de e água potável,
destruição de pontes e corredores de acesso,
destruição de centro de saúde e escolas que
dificultam os esforços de reconstrução
 Desalojamento da população e perda dos seus 1 Tc
bens materiais
A nível ambiental, o ciclone provocou Técnico
 Agravamento das deficitárias condições de do INGD
saneamento do meio
 Degradação ambiental
 Aumento de erosão do solo
 Inundações e enxurradas nos bairros
 Morte de espécies faunísticas
 Destruição de habitats de animais e migração e
extinção das espécies animais selvagem
 Aumento do caudal dos rios que provocou
inundação na comunidade
Total dos entrevistados………………………………………………………………1 Tc

Fonte: O autor, 2022

32
Gráfico 2: Análise percentual dos efeitos do ciclone Ana em Murruro

Problemas sociais e ambientais causados pelo Ciclone Ana


em Murruro
Causou danos de infra-estruturas sociais como: destruicao dos postes de energia;
das fontenárias de e água, de pontes e corredores de acesso,centro de saúde e
escolas e desalojamento da população

Deficitárias condições de saneamento do meio; degradação ambiental; aumento de


erosão do solo; morte de espécies faunísticas; destruição de habitats de animais e
migração e extinção das espécies animais selvagem e aumento do caudal dos rios
que provocou i
100%

Fonte: A autora, 2023

Tal como atesta a tabela e grafico 2, o técnico do INGD salientou como efeitos sociais que se
fazem sentir na comunidade de murruro apois a passagem do ciclone Ana os seguintes:

 Aumento de casos de malária, cólera e bilharziose.


 Causou danos significativos a infra-estruturas sociais como: destruição de postes
levando a interrupção do fornecimento de energia; destruição das fontenárias de e
água potável, destruição de pontes e corredores de acesso, destruição de centro de
saúde e escolas que dificultam os esforços de reconstrução
 Desalojamento da população e perda dos seus bens materiais

Paralelamente aos efeitos ambientais, tal como atesta a tabela 2 e gráfico 2, o técnico do INGD, referiu
ter – se constatado em Murruro os seguintes efeitos ambientais:

 Agravamento das deficitárias condições de saneamento do meio


 Degradação ambiental
 Aumento de erosão do solo
 Inundações e enxurradas nos bairros
 Morte de espécies faunísticas
 Destruição de habitats de animais e migração e extinção das espécies animais
selvagem
33
 Aumento do caudal dos rios que provocou inundação na comunidade

O autor Agencia, salienta no capítulo da revisão teórica que, ʺAs fortes chuvas e ventos
provocaram incalculáveis estragos. Deixaram infra-estruturas (públicas e privadas) total ou
parcialmente danificadas, bem como campos agrícolas arrasados, facto que cria,
obviamente, bolsas de fome nas regiões afectadas pelos ciclonesʺ, (Agência, 2019, p36).

No campo de estudo, foi constatado que devido a tempestade tropical Ana, as vias de acesso,
pontes, escolas, centros de saúde, foram destruídas situação que causou a paralisação das
aulas que levou a desistência de muitos alunos, um total de 700 alunos no ensino primário,
sendo 300 homens e 400 mulheres e no ensino secundário, um total de 330 alunos, sendo: 150
homens e 180 mulheres, conforme foi salientado pelos gestores destas Escolas. Para além
disso, os serviços de saúde, tem dificuldade na intervenção de casos de doentes por conta da
destruição do centro de saúde. As vias de acesso, foram completamente destruídas
dificultando o trânsito de viaturas e peões, (vide figura 1).

Figura 1: Destruição de estrada e ponte que liga cidade de Nampula à vila sede de
Murruro

Fonte: A autora, 2023

34
Figura2: Escola destruída pelo ciclone Ana

Fonte: A autora, 2023

Tal como as famílias salientam no campo de estudo, perderam perderam as suas casas,
seus bens e seus campos agrícolas devido as tempestades e inundações causadas pelo
ciclone Ana, facto que criou até hoje bolsas de fome naquela comunidade propiciando no
aumento do número de mendigos no posto administrativo de Murruro, que as esmolas não
têm dia definido nem o local de pedidos; dia pois – dia, nas ruas da vila, nos bairros e nas
instituições públicas e privadas da vila, nos locais públicos, as famílias necessitadas
pedem esmola para aliviar a sua fome.

Dando um exemplo vivido na cidade de Beira, o autor salienta Muzell, (2019), salienta
que,

Um exemplo concreto, a cidade da Beira foi vítima do Ciclone Idai causando


cheias (do Rio Búzi), que afectaram milhares de pessoas dos Distritos de Búzi
e Nhamatanda As habitações precárias das populações dos bairros mais
pobres ficaram destruídas, as quais foram reassentadas nalgumas escolas
públicas do Município da Beira, em péssimas condições sanitárias,
provocando focos de cólera e malária e as estradas intransitáveis, além do
corte de energia eléctrica e os graves danos nos sistemas de comunicação,
(p34).

35
Este cenário foi vivido em Murruro, devido a tempestade, chuvas torrenciais provocadas pelo
ciclone Ana, maior parte das casas precárias foram destruídas levando ao desalojamento de
famílias, tal como refere o técnico do INGD, um total de 3930 pessoas foram desalojadas
(vide figura 1),

Figura 3:casas destruídas pelo ciclone Ana e Murruro

Fonte: A autora, 2023

Destruídas habitações das famílias, a população foi reassentadas na Escola secundaria de


Murruro e Escola primaria de Murruro, sitos na vila sede de Murruro; para além do
desalojamento das famílias, estas perderam seus bens materiais e económicos uma vez que
eram arrastados pelas águas que inundavam os bairros. Para alem do desalojamento das
famílias, o técnico salientou a ocorrência de casos feridos e indivíduos dados desaparecidos,
(vide tabela 3 e gráfico 3)

Tabela 3: Número de desalojados, feridos e desaparecidos por contado ciclone Ana

Grupo etário Desalojados Feridos Dados


Desaparecidos
Crianças 560 200 30
Jovens 350 120 15

36
Adultos 470 100 21
Idosos 300 60 18
Total…………………..1680 hab. Total……480 Total…….84

Fonte: Adaptado pela autora a partir de dados colectados no INGD, 2023

Gráfico 3:Analise percentual dos desalojados, feridos e dados desaparecidos

Desalojados pelo ciclone Ana em


Murruro
Crianças Jovens Adultos Idosos

27% 26%

26% 21%

Feridos por ciclone Ana em


Murruro
Crianças Jovens Adultos Idosos
4%

36%
44%
16%

37
Dados desaparecidos pelo ciclone Ana em Murruro
Crianças Jovens Adultos Idosos

39%
52%

3% 6%

Fonte: A autora, 2023

Tal como atesta a tabela e gráfico 3, na passagem do ciclone Ana em Murruro a faixa etária
mais afitada ao evento foram os adultos, idosos e crianças. Em relação aos dados dos
desalojados, a tabela e o gráfico mostra que um total de 1070 idosos, correspondente a 27%
do total dos casos diagnosticados fora os mais desalojados, seguido de 1030 crianças,
correspondente a um total de 26% do total dos desalojados, observados em diferentes
centros de acomodação.

Em relação aos feridos, os dados mostram que, maior parte de caso de feridos observados
fora os adultos, com um total de 1013 casos, correspondente a 44% do total dos
diagnosticados nos centros de acomodação, seguidas as crianças com 828 casos,
correspondente a um total de 36% do total dos feridos diagnosticados nos centros de
acomodação. Relativamente aos desaparecidos, os dados mostram que maior parte dos
desaparecidos foram os idosos, com 64 casos, correspondente a 52% do total de
desaparecidos diagnosticados nos centros de acomodação, seguido de crianças com 48
casos constatados, correspondentes a 39% de casos de desaparecidos.

Analisando os dados, podemos perceber que o numero elevado dos desaparecidos e


desalojados em crianças e idosos deve ao facto desta faixa etária ser dependente aos
adultos para a fuga aos locais seguros e o número elevado dos feridos em adultos, justifica
se pelo facto ser a faixa etária que mais se empenha no salvamento dos idosos, crianças e
jovens, como consequência disso acabam contraindo ferimentos entre ligeiros e graves.

Tal como as famílias e o técnico do INGD referem, a cólera, diarreia e bilharziose, foram
as doenças que mais fustigaram as famílias perante a passagem do ciclone Ana. Salientado
isto, a proponente deslocou ao centro de saúde de modo a ter provas da ocorrência destas

38
doenças no intervalo temporal de um ano; isto é, de Janeiro ao Dezembro de 2022; (vide as
evidencias no gráfico 4).

Gráfico 4: Evolução das pandemias causadas pelo ciclone Ana (Dados estatísticos de
2023)

Doenças diagnosticadas em Murruro, 2022

2500

2000

Bilharziose
1500
Cólera
1000 Diarreia
Malária
500

0
J F M A M J J A S O N D

Fonte: A autora, 2023

O gráfico mostra as doenças causadas pelo ciclone Ana em Murruro; assim, os dados
mostram que a cólera teve maior incidência nos meses de Janeiro ao Março, com o número
mínimo de casos diagnosticados de 620 em Janeiro e máximo de 700 casos; a Bilharziose,
diarreia e malária foram as doenças que mais fustigaram em Murruro. Comparado com a
cólera, a bilharziose fez –se sentir em todo o ano de 2022, com valores mínimos no mês de
Agosto a Outubro, que varia entre 2 (dois) a 3(três) casos diagnosticados e máximo nomes
de Fevereiro ao Março, com 2000 casos diagnosticados.

39
A diarreia, fez – se sentir também em todo ano, com valores elevados no mês Fevereiro, com
1214 casos diagnosticados e mínimo no mês de Outubro com 30 casos diagnosticados na US.
A malária, foi a primeira doença que se fez sentir naquela comunidade em todos meses do ano
e com valores er elevadíssimos, tendo seu pico nos meses de Janeiro a Fevereiro, que varia
entre 2016 casos diagnosticados em Janeiro, a 2034 casos no mês de Fevereiro.

Analisando os dados, mostram – nos que essas doenças fizerem – se sentir com maior
incidência no verão, período da passagem do ciclone Ana; este facto, está relacionado para
além da maior concentração das famílias nos locais reassentadas com péssimas condições de
saneamento, tal como salienta o autor Muzell (2019); como também, pela proliferação de
charcos de água ao longo dos bairros, destruição das lixeiras públicas e latrinas. Enquanto os
charcos desempenhavam função de concentração de moscas e mosquitos causando malária e
diarreias; as lixeiras e latrinas devido as inundações, foram destruídas propiciando na
contaminação das águas dos poços domésticos da região; uma vez desprovida de sistemas
convencionais de abastecimento de água, a população de Murruro sofreu de eventos de cólera,
diarreias e bilharziose. Os dados também nos ilustram que a intervenção do sector da saúde
em relação a pandemia da cólera foi urgente uma vez que esta doença apenas se fez sentir em
três meses, de Janeiro ao Março, comparativamente as outras pandemias que se arrastaram ao
longo de todo ano.

Constatado a prevalência das doenças em Murruro naquele período ciclónico, a proponente


consultou ainda ao técnico de medicina geral em relação aos casos de óbitos registados por
pandemia naquele ano, (vide tabela 4 e gráfico 5)

Tabela 4: Número de óbitos por doença

Doenças Crianças Jovens Adultos Idosos


Malária 8 ___ __ 6
Diarreia 3 2 1 4
Cólera 10 5 3 6
Bilharziose ____ ____ ______ _____
Total de óbitos por faixa 21 7 4 16
etária
Total geral de óbitos …………………………………………… 48

40
Fonte: O autor, 2023

Gráfico 5: Análise percentual do número de óbitos por doenças

Número de óbitos por doenças Número de óbitos por faixa


Malária Diarreia Cólera etária
Crianças Jovens adultos Idosos

29%
50% 33%
44%

21%
15%
8%

Fonte: A autora, 2023

A tabela 4 e gráfico 5, mostram inúmero de óbito por doença e por idade; desta feita, a cólera
foi a doença que mais fez vítimas humanas com 24 casos diagnosticados na US,
correspondente a 50% do total das doenças registadas em 2023, seguido da malária com 14
casos diagnosticados, correspondente a 29% do total das doenças registadas; a doenças com
menor numero de casos de óbitos foi a diarreia, com em relação 10 casos diagnosticados,
correspondente a 21% do total de doenças registadas na US. Em relação ao número de óbitos
por faixa etária, as crianças foram as que mais orbitaram em Murruro, com um total de 21
crianças, correspondente a44% do total das faixas etárias diagnosticadas, seguido dos idosos
com um total de 16 idosos, correspondente a 33% do total das faixas etárias diagnosticadas; o
41
número mínimo de casos de óbitos registados nas faixas etárias foi nos adultos, com um total
de 4 casos, correspondentes a 8% do total das faixas etárias diagnosticadas. Os dados nos
mostram também que a bilharziose para além de ser uma doença que se fez sentir perante todo
o ano, não fez nenhuma vítima humana.

Em relação aos efeitos ambientais dos ciclones, MICOA (2012) e Cavaneira (2013) referem
que, embora ciclones tropicais causem muitas mortes e danos a bens pessoais, podem ser
factores importantes no regime de precipitação de localidades que afectam, pois podem trazer
a chuva muito esperada para regiões secas. Ciclones tropicais ajudam também no equilíbrio
do calor mundial, movendo ar tropical quente e húmido para latitudes médias e regiões
polares. A maré de tempestade e os ventos dos furacões podem destruir construções, mas
podem agitar as águas dos estuários costeiros, que são normalmente importantes para os
locais de reprodução de peixes, contribuem na redistribuição da flora e fauna, (Cavaneira,
2013,p18).

Estes efeitos positivos dos ciclones, referidos pelo autor Cavaneira, foram constatadas alguns
na vila sede de Murruro, tais como: o aparecimento de novos animais na região como gita,
cágados, pangolim e peixes como sulúrio e telápia nos charcos e rios da vila; para não falar
dos animais domésticos como cabritos, porcos, cães e gatos arrastados pela corrente de água
de inundações doutras regiões à comunidade de Murruro. Para além da espécie animal, notou
– se também o aparecimento de novo tipo de vegetação gramínea como caniços e produtos de
agrícolas como bananeiras, canas-de-açúcar, papaeiras; (vide figura 2)

42
Figura 4: Produtos agrícolas que apareceram na comunidade após a passagem do
ciclone Ana

Fonte: A autora, 2023

Para alem dos efeitos positivos, devido a tempestades, chuvas torrenciais inundações,
Murruro apresentou um ambiente descaracterizado, com presença de lixo e erosão do solo,
(vide figura 3).

Figura 5: Descaracterização do ambiente em Murruro: presença de lixo e erosão do solo

43
Fonte: O autor, 2023

Tal como atestam as figuras, a população de Murruro esta tentando reconstruir as suas
habitações em locais críticos de saneamento do meio e de vulnerabilidade a erosão do solo
criada pelo ciclone Ana, o que ainda deixa a população Provença em doenças e destruição das
habitações.

4.2. Nível de intervenção do Governo distrital perante e após a passagem do ciclone Ana
Nesta categoria, a proponente usou de igual modo as técnicas de observação directa e a
entrevista ao grupo alvo da presente pesquisa; porem, a proponente questionava aos
entrevistados o seguinte: Quais foram as formas de intervenção do Governo do distrito
face aos efeitos do ciclone Ana em Murruro? As respostas foram convergentes entre os
entrevistados, (vide tabela 5 e gráfico 6)

Tabela 5: Nível de intervenção do governo do distrito face aos efeitos do ciclone Ana
(Membros da comunidade de Murruro)

Questão I: Quais foram as formas de intervenção do Governo do distrito face aos efeitos
do ciclone Ana em Murruro?
Resposta Publico alvo Percentagem N° dos
entrevistados
Intervenções perante o ciclone: Membros da 100MCM
INGD junto outras instituições do comunidade de
governo e privado ajudaram em: Murruro
 Reassentamento 100%
 Alimentos e roupa
44
 Material escolar.
 Medicamentos Líderes
 Tratamento de doentes comunitários 1 LC

Intervenções após o ciclone: o governo e


os sectores privados ajudaram em:
 Reconstrução do centro de
saúde;
 Restabelecimento da corrente
eléctrica e das redes móveis

Total dos entrevistados………………………………………………………………102

Fonte: A autora, 2022

45
Gráfico 6: Análise percentual do nível de intervenção do Governo aos efeitos do
ciclone Ana

Nivel de intervenção do Governo e parceiros privados e


internacionais na gestão dos efeitos do ciclone Ana em Murruro

Perante o ciclone Ana, o Governo junto aos parceiros privados e internacionais


ajudaram em: Reassentamento; Alimentos e roupa; Material escolar;
Medicamentos e Tratamento de doentes
Após o ciclone Ana, o governo junto os parceiros ajudaram em: Reconstrução do
centro de saúde e Restabelecimento da corrente eléctrica e das redes móveis
10%

90%

Fonte: A autora, 2023


A tabela 5 e gráfico 6 mostram o nível de intervenção do governo face ao ciclone Ana em
Murruro, os dados mostram que o Governo deu maior apoio à população perante o ciclone,
tendo prestado ajuda em termo de reassentamento da população nas Escolas da vila; na
alimentação e vestuário; no material escolar; nos medicamentos e nos tratamentos casos de
doença; uma ajuda que corresponde a 90% das necessidades da população. Já no período apos o
Ciclone, o governo junto aos parceiros ajudou apenas na reconstrução do centro de saúde e no
restabelecimento da corrente eléctrica e das redes móveis, uma ajuda correspondente a 10%
das necessidades do povo.

Esta informação, foi também consubstanciada pelo técnico do INGD, ao referir de tais ajudas
prestado ao governo junto os seus parceiros de cooperação como: PMA, NICEF,
UNHABTIAT e CENOE, (vide tabela 6 e gráfico 7).

46
Tabela 6: Nível de intervenção do governo do distrito face aos efeitos do ciclone Ana

(Técnico do INGD)

Questão I: Quais foram as formas de intervenção do Governo do distrito face aos efeitos
do ciclone Ana em Murruro?
Resposta Publico Percentagem N° dos
alvo entrevistados
Intervenções perante o ciclone Ana:
O governo junto as instituições privadas e
internacionais como: PMA, NICEF,
UNHABTIAT e CENOE, ajudaram as
populações vitimas de ciclone Ana em:
 Reassentamento
 Alimentos e roupa
 Material escolar
 Medicamentos Técnico 100%
 Tratamento de doentes e do INGD 1
acidentados
Para as actividades desenvolvidas após o
ciclone Ana são apenas
 Reconstrução do centro de saúde;
 Restabelecimento da corrente
eléctrica e das redes móveis
Fonte: A autora, 2023

47
Gráfico 7: Análise percentual do nível de intervenção do governo face aos efeitos do
ciclone Ana.

Nivel de intervenção do Governo


Intervenções perante o ciclone Ana:O governo junto aos parceiros como: PMA,
NICEF, UNHABTIAT e CENOE, ajudaram as populações vitimas de ciclone Ana
em:Reassentamento;Alimentos e roupa; Material escolar; Medicamentos e
Tratamento de doentes e acidentado
Para as actividades desenvolvidas após o ciclone Ana são apenas: Reconstrução do
centro de saúde e Restabelecimento da corrente eléctrica e das redes móveis
10%

90%

Fonte: A autora, 2023

O cenário é o mesmo salientado pela população e líderes comunitários de Murruro, a ajuda do


Governo junto aos parceiros de cooperação foi mais notória no decurso do ciclone em relação
após a passagem deste evento climático. A comunidade de Murruro, clama pela necessidade
de reconstrução das escolas destruídas, estradas, pontes, nivelamento da erosão nos bairros;
abastecimento de água potável e ajuda monetária que possa permitir o reinicio da vida por
parte da população afectada ao ciclone Ana; mas tais necessidades o governo não conseguiu
suprir.

De acordo com o autor Cavaneira (2013) afirma que, Ciclones tropicais causam danos
significativos a infra-estruturas, levando a interrupção do fornecimento de electricidade e
água potável, destruição de pontes e corredores de acesso, que dificultam os esforços de
reconstrução.(p18)

Com isso, da para perceber que o Governo do distrito não dispõe de fundos para a
requalificação das infra – estruturas destruídas nem para ajudar as famílias para o reinício da
vida; eis a razão que o governo apenas prestou apoio em apenas 10% das necessidades da
população após o ciclone Ana.

48
4.3. As medidas de mitigação dos efeitos sócio – ambientais do ciclone Ana em Murruro
Esta foi a ultima categoria da presente pesquisa, por serem medidas de mitigação sugeridas
pelos entrevistados e a pesquisadora, a proponente usou a técnica de entrevista e análise do
conteúdo; desta feita, a proponente questionava aos entrevistados o seguinte: Na sua opinião,
o que deve ser feito com vista a reduzir os efeitos do ciclone Ana em Murruro? As
respostas foram divergentes entre os entrevistados, (vide tabela 7 e gráfico 8).

Tabela n°7: Efeitos do ciclone Ana em Mururo (R. famílias da comunidade de Murruro)

Questão III: Na sua opinião, o que deve ser feito com vista a reduzir os efeitos do ciclone
Ana em Murruro?
Percentagem de resposta Publico alvo Classificação N° dos
do resultado entrevistados
Membros da
 Construção de casas comunidade de
convencionais em zonas Murruro
seguras, Razoável 75 MCM
 Construção de escolas
convencionais,
 Construção de pontes e
asfaltar a estrada que liga
cidade de Nampula à
Murruro.
 Replainamento dos bairros Membros da
com problemas de erosão comunidade de
causada pelo ciclone Murruro
 Distribuição de um valor 25MCM
monetário a população
afectada ao ciclone para o
reinício da vida
 Abertura de furos de água
Total dos entrevistados………………………………………………………………100

Fonte: O autor, 2022

49
Gráfico 8: Análise percentual das necessidades dos membros da comunidade de
Murroro como medidas de contenção aos efeitos de ciclone Ana

Medidas de mitigação dos efeitos do ciclone Ana


Construção de casas convencionais em zonas seguras, construção de escolas
convencionais e construção de pontes e asfaltagem a estrada que liga
cidade de Nampula à Murruro.
Replainamento dos bairros com problemas de erosão causada pelo ciclone,
distribuição de um valor monetário a população afectada ao ciclone para o
reinício da vida e abertura de furos de água
25%

75%

Fonte: A autora, 2023

Nas medidas de mitigação há diferença entre opiniões da população, 75 membros da


comunidade de Murruro, correspondente a 75% dos inquiridos referem como medidas de
mitigação dos efeitos do ciclone Ana, a construção de casas convencionais em zonas seguras,
construção de escolas convencionais e construção de pontes e asfaltagem da estrada que liga
cidade de Nampula à Murruro; outros 25 membros, correspondente a 25% dos inquiridos
salientam como medidas o replainamento dos bairros com problemas de erosão causada pelo
ciclone; distribuição de um valor monetário a população afectada ao ciclone para o reinício da
vida e abertura de furos de água. Essas medidas aqui apresentadas, diferem com as medidas
apresentadas pelo técnico do INGD e lideres comunitários da comunidade de Murruro, (vide
tabela 7 e gráfico 9).

50
Tabela 8: Medidas de mitigação dos efeitos dos ciclones em Murruro ( técnico do INGDe
Lideres comunitários)

Questão III: Na sua opinião, o que deve ser feito com vista a reduzir os efeitos do ciclone
Ana em Murruro?
Percentagem de resposta Publico alvo Classificação N° dos
do resultado entrevistados
Técnico do INGD
 Tirar a população das zonas
de risco ambiental e reasentar
em zonas altas e seguras, 1Tc
 Reconstrução das escolas Líderes
destruídas, comunitários Favorável
 Restabelecer o trânsito das
vias de acesso sobre tudo na 2LC
construção de pontes
danificadas.
 Abertura de furos de água
 Intensificar acções de
formação e educação cívica

Total dos entrevistados………………………………………………………………3

Fonte: O autor, 2022

51
Gráfico 9: Análise percentual das medidas de mitigação dos efeitos do ciclone Ana

Medidas de redução dos efeitos do ciclone Ana em Murruro


Tirar a população das zonas de risco ambiental e reasentar em zonas altas e seguras,
reconstrução das escolas destruídas, restabelecer o trânsito das vias de acesso sobre tudo
na construção de pontes danificadas, abertura de furos de água e intensificar

100%

Fonte: A autora, 2023

Tal como atesta a tabela e o gráfico, da entrevista mantida com dois líderes comunitários e um
técnico do INGD em relação as medidas de mitigação do ciclone Ana em Murruro, 100% dos
entrevistados salientaram o reassentamento da população em zonas seguras, tirando das zonas
de risco ambiental; reconstrução das escolas destruídas, restabelecimento do trânsito nas vias
de acesso sobre tudo na construção de pontes danificadas; abertura de furos de água e
intensificar acções de formação e educação cívica; medidas esta também salientadas por 75%
dos membros da comunidade de Murruro.

A proponente apoia estas medidas de forma a corrigir os danos causados pelo ciclone Ana;
mas também, apresenta outras medidas de prevenção e mitigação do ciclone ocorrido em
Murruro, como:

 Efectuar o mapeamento das zonas de risco de modo a tirar a população dessas


zonas para as zonas seguras;
 Reforçar os meios do sistema de aviso prévio, através da emissão de informação
atempada sobre ciclones tropicais e chuvas torrenciais com a localização exacta
das zonas ou áreas de impacto;
 Mobilizar recursos para prevenção e mitigação das calamidades;
 Reforçar a coordenação institucional inter-sectorial de resposta;

52
 Reforçar a coordenação regional e internacional, particularmente, na gestão das
bacias hidrográficas de Murruro;
 Promover a construção e uso de sistemas de armazenamento de águas em Murruro
de modo que a comunidade não consuma água já contaminada pelas inundações
ocorridas
 Intensificar acções de formação e educação cívica sobre como se prevenir dos
ciclones.

Observadas estas medidas, poderá ser possível reduzir o número de vítimas humanas e de
perca de propriedades ocorridas perante o ciclone Ana.

53
CAPITULO V: CONCLUSÕES E RECOMENDAÇÕES

5.1. Conclusões
Após a análise e interpretação de dados, chega – se a seguintes conclusões:

Que os efeitos sociais do ciclone Ana em Murruro são: destruição das escolas e desistência
de um total de 1030 alunos, sendo 700 no ensino primário e 330 no ensino secundário;
destruição de postes eléctricos que levou a corte da corrente eléctrica e paralisação das
actividades económicas na comunidade; desalojamento de uma media de 3930 famílias e
reassentados em Escolas da vila em ambientes sanitários precários; contaminação da agua dos
poços domésticos consumida na comunidade; proliferação de charcos, que propiciou na
ocorrência de doenças como: diarreias, cólera, malária e bilharziose que levaram a morte de
um total de 48 membros da comunidade de Murruro; para não falar 1419 feridos e 123 dados
desaparecidos; destruição dos campos agrícolas que levou ao aumento da dependência ao
governo e da mendicidade.

No contexto ambiental, observou – se a descaracterização do meio ambiente, proliferação do


lixo e charcos, erosão do solo e a destruição de plantas; para além dos efeitos negativos, o
ciclone contribuiu significativamente no aparecimento de novos animais na zona como gita,
cágados, pangolim e dos peixes como telapia, sulurio nos rios, charcos e lagoas da
comunidade; o aparecimento de novas espécies vegetais e os produtos agrícolas como as
bananeiras e cana – de – açúcar, foram também os contributos do ciclone Ana em Murruro.

O governo junto os parceiros de cooperação (PMA, NICEF, UNHABTIAT e CENOE), como


forma de minimizar os efeitos do ciclone Ana em Murruro, ajudaram a comunidade em pelo
menos 90% das suas necessidades básicas perante o ciclone Ana, sobre tudo nos mantimentos,
material escolar, medicamentos e alojamento; apesar de haver ainda necessidades nas
comunidades sobre tudo na reconstrução das estradas e pontes danificadas, na reconstrução
das escolas; abertura de furos de água e reassentamento da população em zonas seguras;
necessidades estas que nos olhos dos moradores são mais fundamentais para o
restabelecimento da região.

54
5.2. Sugestões
Sugere – se em primeiro lugar ao governo do distrito junto aos parceiros internacionais para
que ajude a comunidade de Murruro na reconstrução das escolas, vias de acesso, pontes,
destruídas pelo ciclone Ana; como também, reasente a população desalojada nas regiões altas
e seguras da vila de Murruro, de igual modo ajude a comunidade nalgum suporte de
mantimento e condições financeiras para que recomecem com a vida.

Sugerir a comunidade para que abandonem as zonas baixas de maior risco ambiental para as
áreas altas e seguras; como também, não cruzem as mãos a espera que o governo resolva os
seus problemas para o reinício da sua vida, sejam dinâmicos, criativos na luta de aquisição
dos bens perdidos perante o ciclone Ana.

Ao INGD, para que no acto de salvação das vitimas do ciclone sejam mais atentos nas
crianças e idosos por serem faixas etárias mais dependentes dos adultos devido a incapacidade
de auto defenderem – se; como também, que capacitem jovens da comunidade de Murruro em
matéria de gestão de desastres para primeiros socorros em casos de ocorrer qualquer evento
climático.

55
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Gil, A. C. (1999), Métodos e Técnicas de pesquisas. 5ª ed. São Paulo: Atlas.

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mocambique-e zimbabue

Uatanle, D., Lutxeque, S. (2019). Ciclone Kenneth: dois mortos e elevados estragos no
norte de Moçambique. Maputo

57
Apêndice I

Chamo-me Cristina Pedro, estudante da Universidade Católica de Moçambique,


finalista do Curso de Licenciatura em Ensino de Geografia, estando a desenvolver a
pesquisa intitulada, Efeitos do Ciclone Ana, Caso da Localidade de Murruro,
Distrito de Liúpo (2022 - 2023) , cujos resultados serão usados para a elaboração
de monografia científica para a conclusão do curso. Gostaria imenso que pudesse
partilhar a sua experiência e conhecimento relativo ao objecto de estudo. Portanto,
salientar que a participação na pesquisa não oferece riscos pois, a identidade do
participante será mantida em sigilo.

Questionário dirigido às famílias da comunidade de Murruro

Data: ____/____/2023; Nome_______________________________; Idade_______;

1. Que problemas ambientais e sociais trouxe o ciclone Ana em Murruro?


2. Quais foram as formas de intervenção do Governo do distrito face aos efeitos do
ciclone Ana em Murruro?
3. Na sua opinião, o que deve ser feito com vista a reduzir os efeitos do ciclone Ana em
Murruro

58
Apêndice II

Chamo-me Cristina Pedro, estudante da Universidade Católica de Moçambique,


finalista do Curso de Licenciatura em Ensino de Geografia, estando a desenvolver a
pesquisa intitulada, Efeitos do Ciclone Ana, Caso da Localidade de Murruro,
Distrito de Liúpo (2022 - 2023) , cujos resultados serão usados para a elaboração
de monografia científica para a conclusão do curso. Gostaria imenso que pudesse
partilhar a sua experiência e conhecimento relativo ao objecto de estudo. Portanto,
salientar que a participação na pesquisa não oferece riscos pois, a identidade do
participante será mantida em sigilo.

Questionário dirigido aos líderes comunitários da comunidade de Murruro

Data: ____/____/2023; Nome_________________; Idade_______; Função que


desempenha no bairro __________________________________________

4. Que problemas ambientais e sociais trouxe o ciclone Ana em Murruro


5. Quais foram as formas de intervenção do Governo do distrito face aos efeitos do
ciclone Ana em Murruro?
6. Na sua opinião, o que deve ser feito com vista a reduzir os efeitos do ciclone Ana em
Murruro

59
Apêndice III

Chamo-me Cristina Pedro, estudante da Universidade Católica de Moçambique,


finalista do Curso de Licenciatura em Ensino de Geografia, estando a desenvolver a
pesquisa intitulada, Efeitos do Ciclone Ana, Caso da Localidade de Murruro,
Distrito de Liúpo (2022 - 2023) , cujos resultados serão usados para a elaboração
de monografia científica para a conclusão do curso. Gostaria imenso que pudesse
partilhar a sua experiência e conhecimento relativo ao objecto de estudo. Portanto,
salientar que a participação na pesquisa não oferece riscos pois, a identidade do
participante será mantida em sigilo.

Questionário dirigido ao técnico do INGD do distrito de Liúpo

Data: ____/____/2023; Nome_________________; Idade_______; Função que


desempenha na instituição _________________________________

7. Que problemas ambientais e sociais trouxe o ciclone Ana em Murruro


8. Quais foram as formas de intervenção do Governo do distrito face aos efeitos do
ciclone Ana em Murruro?
9. Na sua opinião, o que deve ser feito com vista a reduzir os efeitos do ciclone Ana em
Murruro

60

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