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PUC-GO

Redação e Textualidade- Maria da Graça Costa Val


Professor: Vitor Fernando
Março/2024
Lendo e entendendo o texto

O mendigo se aproxima de uma madame cheia de


sacolas de compras, no centro da cidade, e diz:
— Senhora, estou sem comer faz quatro dias…
— Meu Deus! Gostaria de ter sua força de vontade!

• O que de fato o mendigo quis dizer à madame?


• Como a madame compreendeu a mensagem da
fala do mendigo?
Contexto- unidade linguística maior onde se
encaixa uma unidade linguística menor.
O que é texto?

• Conceito:

De acordo com Costa Val (2004) pode se definir o


texto “como qualquer produção linguística,
falada ou escrita. De qualquer tamanho, que
possa fazer sentido numa situação de
comunicação humana, isto é, numa situação
de interlocução”.
Para que o texto faça
sentido é necessário
que ele esteja inserido
em um contexto no
processo
comunicativo.
1.2. O que é textualidade?

• É um conjunto de características que fazem


com que um texto seja considerado como tal,
e não como um amontoado
de palavras e frases.
2. Fatores de Textualidade
OS Fatores pragmáticos da textualidade

Intencionalidade: empenho do produtor em construir um


discurso coerente, coeso e capaz de satisfazer os objetivos que
tem em mente numa determinada situação comunicativa.

Aceitabilidade: expectativa do recebedor de que o conjunto de


ocorrências com que se defronta seja um texto coerente, coeso,
útil e relevante, capaz de levá-lo a adquirir conhecimentos ou a
cooperar com os objetivos do produtor.
• Situacionalidade: Elementos responsáveis pela
pertinência e relevância do texto quanto ao
contexto em que ocorre. Adequação do texto à
situação sociocomunicativa.
É importante para o produtor saber com que conhecimentos
do recebedor ele pode contar e que, portanto, não precisa
explicitar no seu discurso.

Coerência pragmática: necessidade de o texto ser reconhecido


pelo recebedor como um emprego normal da linguagem num
determinado contexto.

Ex: Maria teve uma indigestão embora o relógio estivesse


estragado. (Essa informação só fará sentido se o interlocutor
souber que Maria sofre de problemas gástricos de fundo
nervoso e que passa mal sempre que come tensa,
preocupada com o horário).
Informatividade: O interesse do recebedor pelo texto vai
depender do grau de informatividade de que o último é
portador. Medida na qual as ocorrências de um texto são
esperadas ou não, conhecidas ou não, no plano conceitual e no
formal.

Intertextualidade: Fatores que fazem a utilização de um texto


dependente do conhecimento de outro (s) texto (s).
Exemplo de intertextualidade:

Propaganda que faz forte referência ao filme "Tropa de


Elite"
2.1. COESÃO

Que diz respeito à utilização correta dos


aspectos lexicais, semânticos, morfológicos,
sintáticos etc., fazendo com que um texto se
apresente de forma clara. Qualidade de uma
coisa cujas partes estão todas ligadas entre si: a
coesão de uma narrativa.
2.1.1 Tipos de coesão
• 2.1.1. Referencial

• Responsável por criar um sistema de relações


entre palavras e expressões dentro de um
texto, permitindo que o leitor identifique os
termos aos quais se referem. O termo indica a
entidade ou situação a que o falante se refere
é chamado de referente.
• EX: Ana Maria Braga gritou. Ela fica apavorada
quando fica sozinha, apesar de ser uma
menina calma e inteligente.
• 2.1.1.2 Sequencial

• É responsável por criar as condições para a


progressão textual. De maneira geral, as
flexões de tempo e de modo dos verbos e as
conjunções são os mecanismos responsáveis
pela coesão sequencial nos textos.
• Os mecanismos de coesão sequencial são
utilizados para que as partes e as informações
do texto possam ser articuladas e
relacionadas.

• Observar operadores argumentativos.


• “João Romão foi, dos treze aos vinte e cinco anos,
empregado de um vendeiro que enriqueceu entre as
quatro paredes de uma suja e obscura taverna nos refolhos
do bairro do Botafogo; e tanto economizou do pouco que
ganhara nessa dúzia de anos, que, ao retirar-se o patrão
para a terra, lhe deixou, em pagamento de ordenados
vencidos, nem só a venda com o que estava dentro, como
ainda um conto e quinhentos em dinheiro. Proprietário e
estabelecido por sua conta, o rapaz atirou-se à labutação
ainda com mais ardor, possuindo-se de tal delírio de
enriquecer, que afrontava resignado as mais duras
privações. Dormia sobre o balcão da própria venda, em
cima de uma esteira, fazendo travesseiro de um saco de
estopa cheio de palha.”
O cortiço, Aluísio Azevedo.
• Nesse caso, essa evolução na narrativa é caracterizada
por marcadores verbais que determinam a passagem do
tempo no texto.

• João Romão foi... enriqueceu... economizou... ganhara...


retirar-se... estava... estabelecido... atirou-se... possuindo-
se... afrontava... dormia...

• Por esse motivo, a coesão sequencial é o elemento que


organiza os fatos do tempo no texto. E, como é feita por
marcadores verbais, é estabelecida pelas conjugações no
pretérito perfeito, pretérito mais-que-perfeito e o pretérito
imperfeito do indicativo.
2.2. Coerência

Coerência

Responsável pelo
sentido do texto

Lógica interna do texto


Quando escrevemos, a situação não é diferente:
nosso texto deve fazer sentido para quem o lê.
Se um texto faz sentido, dizemos que é
COERENTE.
2.2.1 Três princípios da coerência
• 1) Princípio da Não Contradição: Um texto
deve apresentar situações ou ideias lógicas
que em momento algum se contradigam;

• 2) Princípio da Não Tautologia: A tautologia


nada mais é do que um vício de linguagem
que repete ideias com palavras diferentes ao
longo do texto, o que compromete a
transmissão da informação;
3) Princípio da Relevância: Um texto com
informações fragmentadas torna as ideias
incoerentes, ainda que cada fragmento
apresente certa coerência individual. Se as
ideias não dialogam entre si, então elas são
irrelevantes.
Exemplos de Incoerências
• Há anos que meu irmão foi morar em outra
cidade. Minha mãe, que não recebeu notícias
dele desde a sua partida, pede a ele que volte
a morar conosco sempre que se encontram.

• Adoro novelas porque elas são chatas e


cansativas.
Exercício
• 01. Abaixo, apresentamos alguns segmentos de discurso
separados por ponto final. Retire o ponto final e estabeleça
entre eles o tipo de relação que lhe parecer compatível, usando
para isso os elementos de coesão adequados, tornando também
o texto coerente.

• a) O solo do nordeste é muito seco e aparentemente árido.


Quando caem as chuvas, imediatamente brota a vegetação.
• b) Uma seca desoladora assolou a região sul, principal celeiro
do país. Vai faltar alimento e os preços vão disparar.
• c) O trânsito em São Paulo ficou completamente paralisado dia
15, das 14 às 18 horas. Fortíssimas chuvas inundaram a cidade.
Referência:
Costa Val, Maria da Graça. Redação e Textualidade. São Paulo,
Martins Fontes: 1991

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