Henri Wallon nasceu em Paris, na França, em 15 de junho de 1879, onde viveu a
vida toda até a sua morte, em 1º. de dezembro de 1962, aos 83 anos. Estudou na Escola Normal Superior (1899-1902) e licenciou-se em Filosofia; estudou Medicina (1903-1908) e estagiou como médico até 1914, aprofundando posteriormente seus estudos sobre o sistema nervoso. Wallon viveu num período marcado por instabilidades sociais e turbulências políticas, tendo participado de duas guerras mundiais. A primeira (1914- 1918), como médico, o que lhe possibilitou, ao tratar de feridos, observar lesões orgânicas e seus reflexos sobre processos psíquicos e, posteriormente, poder compará-las ao estudo que realizou a partir da observação de crianças internadas em serviços psiquiátricos, com idades entre 2 e 15 anos, com profundas perturbações de comportamento, e que resultou em sua tese de doutoramento em Letras. Sua tese, publicada em 1925, foi transformada no livro conhecido como L’Enfant Turbulent (A criança turbulenta). No mesmo ano, criou o Laboratório de Psicobiologia da Criança, onde atendia crianças de origem proletária e realizava pesquisas, cujos resultados fundamentaram seus estudos sobre a evolução do pensamento da criança. Desde a sua juventude, pleiteava a igualdade e a solidariedade entre os homens. Seu pai e seu avô já o haviam influenciado com as idéias liberais, republicanas e humanistas. A atuação na Resistência Francesa durante a Segunda Guerra (1939-1945) reforçou o seu ideal humanitário. Wallon fez uma análise criteriosa da Educação Nova e concluiu que os pioneiros da Educação Nova (Ferrière, Claparède, Freinet, Dewey, Montessori) ora privilegiavam o indivíduo, ora a sociedade. Excetuando-se Decroly, educador belga (1871-1932) e Makarenko, soviético (1888-1939), pois situa os dois autores como os que conseguiram fazer a integração entre a formação da pessoa e sua inserção na coletividade; concretizando na prática a teoria da unidade inseparável entre criança e meio. Decroly respeita a criança como ser total, concreto e ativo, isto é, um ser individual e ao mesmo tempo social, plenamente firmado e situado, e Makarenko supera a atitude de oposição entre indivíduo e sociedade. Essa análise, respaldada por sua teoria psicológica da formação da pessoa permitiu a Wallon uma participação destacada na Comissão designada para reformar o sistema de ensino da França após a Segunda Guerra. Inicialmente, o físico Paul Langevin foi designado presidente da Comissão, cargo assumido por Henri Wallon, após a morte de Langevin. O Projeto que se tornou conhecido como Plano Langevin-Wallon foi resultado do trabalho realizado entre 1945 e 1947, pela Comissão composta por vinte membros nomeados pelo Ministério da Educação Nacional. O Plano Langevin-Wallon previa transformações na estrutura e no funcionamento do sistema escolar francês, a fim de atender a quatro princípios norteadores das ações propostas: Justiça, Dignidade igual de todas as ocupações, Orientação e Cultura geral. A ideia de cultura que domina o Plano Langevin-Wallon, inspira as ideias wallonianas sobre a educação e indicam o profundo respeito que Langevin e Wallon tiveram pela instituição escolar, e consequentemente pelo professor, considerando a escola um meio indispensável para a formação da pessoa.