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SECRETARIA DA EDUCAÇÃO DO ESTADO DO CEARÁ

SELEÇÃO PÚBLICA DE PROFESSORES


PLANO DE AULA

Prof.: Gustavo Maciel de Oliveira

Tema: Variação linguística

Série: 1º

Disciplina/componente curricular: Língua Portuguesa

Conteúdos:

 A noção de variação linguística


 A língua e a sociedade. Língua e preconceito. Língua, variação e identidade.
 Fala vs. escrita
 A noção de norma (norma culta e outras normas): 1. A língua viva do dia a dia;
2. A língua literária; 3. A língua das redes sociais (abreviações). 4. Etc.
 Dialeto, falar, registro, gíria, jargão
 Variações beberibenses? (“sostô”, “mai que tu”, etc.)
 Variação e mudança linguística

Metodologias:

 Aula expositiva
 Pincel, quadro
 DataShow
Proposta de avaliação da aprendizagem:

 Exercício. Proposta (atividade guiada pelo professor):

1. Leia o poema a seguir, de Oswald Andrade:

Dê-me um cigarro
Diz a gramática
Do professor e do aluno
E do mulato sabido
Mas o bom negro e o bom branco
Da Nação Brasileira
Dizem todos os dias
Deixa disso camarada
Me dá um cigarro.

Com base na leitura do poema, reflita e discorra sobre as seguintes questões:

a) de que trata o poema?

b) Ao propor a inversão da colocação pronominal expressa em “dê-me” e “me


dá”, Oswald de Andrade põe em polêmica duas formas de usar a língua. Quais?

2. Leia o seguinte poema, do poeta popular paraibano Zé da Luz.

Ai se sêsse

Se um dia nois se gostasse


Se um dia nois se queresse
Se nois dois se empareasse
Se juntim nois dois vivesse
Se juntim nois dois morasse
Se juntim nois dois drumisse
Se juntim nois dois morresse
Se pro céu nois assubisse
Mas porém se acontecesse
De São Pedro não abrisse
A porta do céu e fosse
Te dizer qualquer tulice
E se eu me arriminasse
E tu cum eu insistisse
Pra que eu me arresolvesse
E a minha faca puxasse
E o bucho do céu furasse
Tarvês que nois dois ficasse
Tarvês que nois dois caísse
E o céu furado arriasse
E as virgi toda fugisse

ZÉ DA LUZ. Cordel do Fogo Encantado. Recife: Álbum de estúdio, 2001.

a) O poema está escrito em linguagem coloquial. Tente verter o poema para a


norma culta da Língua Portuguesa.

b) Ao verter para a norma culta, a expressividade poética do poema continua a


mesma? Justifique sua resposta.

c) É comum no dia a dia dos nordestinos que se brinque, quase sempre com
tom pejorativo, com a expressão “ai se sêsse” (usada no lugar de “ai se
fosse”, pretérito imperfeito do subjuntivo), que demarcaria, para esse olhar
pejorativo, um mau uso da língua portuguesa. Entretanto, se pensarmos bem,
a expressão toma o verbo “ser”, que é um verbo irregular da língua
portuguesa, de modo regular (radical “se-“), o que, do ponto de vista
gramatical, não pode ser condenado, uma vez que a gramática lida com as
regras e regularidades da língua. Diante dessas afirmações e de tudo o que
foi visto na aula, qual a sua opinião sobre o poema de Zé da Luz e sobre o
uso de “ai se sêsse”, bem como sobre as variedades dos usos da língua
portuguesa no Brasil?

Referências:

ANDRADE, Oswald. Obras completas, Volumes 6-7. Rio de Janeiro: Civilização


Brasileira, 1972.
ZÉ DA LUZ. Cordel do Fogo Encantado. Recife: Álbum de estúdio, 2001.

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