Você está na página 1de 7

Componente Curricular: Administração e Controle de Serviços de Saúde 1

Docente: Raema Neves Cotrim Carvalho

Teorias da Administração

Teoria da Administração Científica

Idealizada por Frederick Taylor, tinha ênfase na tarefa e enfoque na produção, “A Teoria da Máquina”.
Defendia o pressuposto que O operário produzia muito menos do que era potencialmente capaz com o
equipamento disponível, e isso acontecia por que os salários eram fixos e quem trabalhava mais recebia o
mesmo salário de quem trabalhava menos, portanto o funcionário acabava se acomodando, perdendo o
interesse e não produzindo de acordo com a sua capacidade, sendo que a solução apresentada era criar
condições de pagar mais ao operário que produzisse mais. Para Taylor os principais problemas da indústria
eram: a falta de compromisso por parte dos operários (reduziam a produção a 1/3 do normal.),
desconhecimento por parte da gerência das rotinas de trabalho e do tempo necessário para sua realização, falta
de uniformidade das técnicas ou métodos de trabalho. A teoria foi desenvolvida de acordo com as demandas
da Revolução Industrial, onde houve um crescimento acelerado e desorganizado das empresas, aliado a isso
esse período demonstra uma necessidade de aumentar a eficiência das empresas, obtendo melhor rendimento
dos recursos, alcançando os objetivos e substituindo o empirismo. Entre os objetivos da teoria da
administração científica está a eliminação o desperdício e as perdas das indústrias e ainda aumentar o nível de
produtividade, garantindo uma melhor relação custo/ benefício.

O trabalho de Taylor foi dividido em dois períodos:


- 1º Período: racionalização do trabalho dos operários - Estudo do tempo e dos movimentos
* Visava definir uma metodologia que deveria ser seguida por todos os trabalhadores (padronização do
método de trabalho).
* Divisão de todos os movimentos necessários à execução de cada operação (eliminação de movimentos
inúteis).
A substituição de métodos empíricos e rudimentares pelos métodos científicos recebeu o nome de
Organização Racional do Trabalho (ORT). Entre os principais aspectos da ORT podemos citar:
Seleção Científica do Trabalhador
*O trabalhador deve desempenhar a tarefa mais compatível com suas aptidões.
*É importante para o funcionário (que é valorizado) e para a empresa (que aumenta sua produtividade).

Tempo-Padrão
* O trabalhador deve atingir no mínimo a produção estabelecida pela gerência.
* O ser humano é naturalmente preguiçoso, se o salário estiver garantido, ele certamente produzirá o menos
possível.
Plano de incentivo salarial
*A remuneração dos funcionários deve ser proporcional ao número de unidades produzidas.
* Homoeconomicus: considera as recompensas e sanções financeiras as mais significativas para o trabalhador.
Trabalho em conjunto
* Os interesses dos funcionários (altos salários) e da administração (baixo custo de produção) podem ser
conciliados, através da busca do maior grau de eficiência e produtividade.
*Quando o trabalhador produz muito, sua remuneração aumenta e a produtividade da empresa também.
Gerentes planejam, operários executam
*O planejamento deve ser de responsabilidade exclusiva da gerência, enquanto a execução cabe aos operários
e seus supervisores.
Supervisão
*Deve ser funcional, ou seja, especializada por áreas. A função básica do supervisor é controlar o trabalho dos
funcionários, verificando o número de unidades produzidas e o cumprimento da produção padrão mínima.

- 2º Período: definição dos princípios de administração


* Princípio do Planejamento: Substituir no trabalho o critério individual do operário, a improvisação e a
atuação empírico-prática, por métodos baseados em procedimentos científicos. Substituir a improvisação pela
ciência através do planejamento do método de trabalho.
* Princípio do preparo dos trabalhadores: Selecionar cientificamente os trabalhadores de acordo com suas
aptidões e prepará-los e treiná-los para produzirem mais e melhor, de acordo com o método planejado.
Preparar máquinas e equipamentos em um arranjo físico e disposição racional.
* Princípio do controle: Controlar o trabalho para se certificar de que está sendo executado de acordo com os
métodos estabelecidos e segundo o plano previsto. A gerência deve cooperar com os trabalhadores para que a
execução seja a melhor possível.
* Princípio da execução: Distribuir atribuições e responsabilidades para que a execução do trabalho seja
disciplinada.
Críticas a Teoria:
* Mecanismo da sua abordagem (teoria da máquina).
* Superespecialização do trabalho (robotiza).
* Visão microscópica do homem.
* Abordagem prescritiva e normativa.
A teoria da administração científica e a prática de enfermagem
Na teoria científica...
A especialização do operário foi um dos principais pontos para o desenvolvimento do processo de
produção na administração cientifica, também criou a administração funcional, onde se exercia a tarefa
de supervisão, onde supervisores especializados fossem responsáveis pelo controle de diversos aspectos do
trabalho.
O enfermeiro gerencia o trabalho da equipe com muitas características da teoria, voltando-se para o
cumprimento de normas rotinas e tarefas, reproduzindo aquilo que outros profissionais e a instituição
esperam, deixando, muitas vezes, de priorizar as necessidades do doente, gerando, muitas vezes,
descontentamento e desmotivação nos trabalhadores de enfermagem.
A enfermagem, muitas vezes, reproduz o modelo biomédico, focado na doença com visão
mecanicista e reducionista do homem, comparando-o como uma máquina e seus órgãos as peças,
centrado em partes e não no todo.

Teoria Clássica da Administração

Idealizada por Henry Fayol, tinha ênfase na estrutura organizacional. A Teoria Clássica ao contrário da
Administração Científica se preocupa com a divisão no nível dos órgãos que compõem a organização, isto é,
com os departamentos, divisões, seções e unidades. Os aspectos organizacionais são analisados de cima para
baixo (da direção, para execução) e do todo para as partes, exatamente ao contrário da abordagem da
administração científica. Os objetivos tanto da Administração Científica quanto da Teoria Clássica são os
mesmos: a busca da eficiência das organizações.

De acordo com Fayol a capacidade principal de um operário é a capacidade técnica e a capacidade


principal do diretor é a capacidade administrativa. A medida que se eleva na escala hierárquica, a importância
relativa da capacidade administrativa aumenta, enquanto a capacidade técnica diminui. Para a teoria clássica, a
divisão do trabalho se baseia em duas direções.
* Vertical: A autoridade aumenta na medida em que se sobe na hierarquia da organização. Em toda
organização há uma escala hierárquica de autoridade. Daí a denominação “autoridade de linha” para significar
a autoridade de comando de um superior sobre um subordinado.
* Horizontal: No mesmo nível hierárquico cada departamento ou seção passa a ser responsável por uma
atividade específica e própria. A divisão do trabalho no sentido horizontal é chamada departamentalização.
Princípios Gerais de Administração para Fayol
* Divisão do Trabalho: Consiste na especialização das tarefas e das pessoas para aumentar a eficiência.
* Autoridade e Responsabilidade: Autoridade é o direito de dar ordens e o poder de esperar obediência. A
responsabilidade é uma consequência natural da autoridade e significa o dever de prestar contas. Ambas
devem estar equilibradas entre si.
* Disciplina: Depende da obediência, aplicação, comportamento e respeito aos acordos estabelecidos.
* Unidade de Comando: Cada empregado deve receber ordens apenas de um superior. É o princípio da
autoridade única.
* Unidade de Direção: Um só programa para um conjunto de operações que visam o mesmo objetivo.
* Subordinação dos interesses individuais aos gerais: Os interesses gerais da empresa devem sobrepor-se
aos interesses particulares das pessoas.
* Remuneração do pessoal: Deve haver justa e garantida satisfação para os empregados e para a organização
em termos de retribuição.
* Centralização: Refere-se à concentração da autoridade no topo da hierarquia da organização.
* Cadeia escalar: É a linha de autoridade que vai do escalão mais alto ao mais baixo em função do princípio
do comando.
* Ordem: Um lugar para cada coisa e cada coisa em seu lugar. É a ordem material e humana.
* Equidade: Para alcançar a lealdade do pessoal.
* Estabilidade Pessoal: A rotatividade do pessoal é prejudicial para a eficiência da organização. Quanto mais
tempo uma pessoa permanecer no cargo, tanto melhor para a empresa.
* Iniciativa: A capacidade de visualizar um plano e assegurar pessoalmente o seu sucesso.
* Espírito de Equipe: A harmonia entre as pessoas são grandes forças para a organização.
Conceito da Linha
Fayol dava preferência à organização linear, sendo um dos tipos mais simples de organização.
A organização linear se baseia nos princípios de:
* Unidade de comando e supervisão técnica.
* Unidade de direção.
* Centralização da autoridade.
* Cadeia escalar.
Críticas a Teoria:
* Concepção da organização com ênfase exagerada na infraestrutura.
* Centralização da autoridade.
* Pouca originalidade dos princípios gerais da administração.
Teoria Clássica X Serviços de Saúde
* Estruturação rigidamente hierarquizada das instituições de saúde (organogramas mostram linhas de
subordinação integral).
* As pessoas e as relações interpessoais não são devidamente consideradas – atividades rotineiras com
avaliações exclusivamente quantitativas.

Teoria da Burocracia
Burocracia é uma forma de organização humana que se baseia na racionalidade, isto é, na adequação dos
meios aos objetivos (fins) pretendidos, a fim de garantir a máxima eficiência no alcance desses objetivos. O
grande crescimento das organizações fez com que as outras teorias não fossem mais capazes de suprir as
necessidades. Era necessário algo que fornecesse mais formalidade, impessoalidade e eficiência ao processo,
daí a necessidade da teoria Idealizada por Max Weber, que tinha ênfase na eficiência da estrutura.

Principais características da Teoria da Burocracia

*Caráter Legal das Normas e Regulamentos


*Caráter Formal das Comunicações
*Caráter Racional e Divisão do Trabalho
*Impessoalidade nas Relações
*Hierarquia de Autoridade
*Rotinas e Procedimentos
*Competência Técnica e Meritocracia
*Especialização e Profissionalização
*Completa Previsibilidade do Funcionamento

A burocracia é uma organização ligada por normas e regulamentos previamente estabelecidos por escrito.
Em outros termos, é uma organização baseada em uma espécie de legislação própria (como a Constituição
para o Estado, os estatutos para a empresa privada etc.) que define antecipadamente como a organização
burocrática deverá funcionar, nesse tipo de organização a comunicação deve ser escrita e oficial. As regras,
decisões e ações administrativas são formuladas e registradas por escrito. Mantém um caráter formal da
burocracia onde todas as ações e procedimentos são feitos para proporcionar comprovação e documentação
adequadas. O trabalho é dividido para uma racionalidade, isto é, ela é adequada aos objetivos a serem
atingidos: a eficiência e eficácia da organização, daí o aspecto racional da burocracia. Há uma divisão
sistemática do trabalho, do direito e do poder, estabelecendo as atribuições de cada participante, os meios de
obrigatoriedade e as condições necessárias. Essa distribuição de atividades é feita impessoalmente, ou seja, é
feita em termos de cargos e funções e não de pessoas envolvidas, caracterizando um caráter impessoal.
A administração da burocracia é realizada sem considerar as pessoas como pessoas, mas como ocupantes
de cargos e de funções. O poder de cada pessoa é impessoal e deriva do cargo que ocupa. A burocracia é uma
organização que estabelece os cargos segundo o princípio da hierarquia. Cada cargo inferior deve estar sob o
controle e supervisão de um posto superior. Nenhum cargo fica sem controle ou supervisão, havendo a
necessidade da hierarquia da autoridade para fixar as chefias nos diversos escalões de autoridade. Esses
escalões proporcionarão a estrutura hierárquica da organização. Nessa teoria existe uma organização que fixa
as regras e normas técnicas para o desempenho de cada cargo. O ocupante de um cargo - o funcionário - não
pode fazer o que quiser, mas o que a burocracia impõe que ele faça. As regras e normas técnicas regulam a
conduta do ocupante de cada cargo, cujas atividades devem ser executadas de acordo com as rotinas e
procedimentos fixados pelas regras e normas técnicas.
A burocracia é uma organização na qual a escolha das pessoas é baseada no mérito e na competência
técnica e não em preferências pessoais. A admissão, a transferência e a promoção dos funcionários são
baseadas em critérios, válidos para toda a organização, de avaliação e de classificação, e não em critérios
particulares e arbitrários. Esse pensamento se baseia na separação entre a propriedade e a administração. Os
membros do corpo administrativos devem estar completamente separados da propriedade dos meios de
produção. Em outros termos, os administradores da burocracia não são os seus donos ou proprietários. Cada
funcionário da burocracia é um profissional, pelas seguintes razões:
*É um especialista.
*É assalariado.
*É ocupante de cargo.
*É nomeado por superior hierárquico.
* Seu mandato é por tempo indeterminado.
* Segue carreira dentro da instituição.
* Não possui a propriedade dos meios de produção e administração.
* É fiel ao cargo e identifica-se com os objetivos da empresa.
A consequência desejada da burocracia é a previsibilidade do comportamento dos seus membros. No
modelo de Weber, todos os funcionários se comportam de acordo com as normas e regulamentos da
organização, a fim de que atinja a máxima eficiência possível. Tudo na burocracia é estabelecido no sentido
de prever antecipadamente todas as ocorrências e rotinizar sua execução.

Teoria das Relações Humanas

Idealizada por Elton Mayo, tinha ênfase nas pessoas, procurava identificar os sentimentos e as atividades
dos trabalhadores e o modo como esses dois pontos se interligavam. Até o surgimento da teoria das relações
humanas, o trabalhador era tratado de uma forma pouco aprofundada, muito mecânica. Com esta teoria surge
uma nova concepção sobre a natureza do homem, o homem social, enfatizando agora a motivação, liderança,
comunicação e dinâmicas de grupo. A partir desta mudança, as tomadas de decisão realizadas dentro das
empresas, passam a levar em consideração seus funcionários e as suas necessidades para com o trabalho. A
teoria surgiu quando Elton Mayo realizou uma experiência com a finalidade de determinar a relação entre a
intensidade da iluminação e a eficiência dos operários, medida através da produção, estendendo o estudo à
fadiga, acidentes no trabalho, rotatividade do pessoal e ao efeito das condições de trabalho sobre a
produtividade da pessoa.
Conclusões da Experiência
*Nível de Produção é Resultante da Integração Social
O nível de produção não é determinado pela capacidade física ou fisiológica do empregado, mas por
normas sociais e expectativas grupais. É a capacidade social do trabalhador que determina o seu nível de
competência e eficiência e não sua capacidade de executar movimentos eficientes dentro do tempo
estabelecido. Quanto maior a integração social do grupo, maior a disposição para trabalhar.
*Recompensas e Sanções Sociais
Os precursores da Administração Científica, baseados no conceito de homo economicus, pelo qual o
homem é motivado e incentivado por estímulos salariais, elaboravam planos de incentivo salarial, para elevar
a eficiência e baixar os custos operacionais. Para a Teoria das Relações Humanas, a motivação econômica é
secundária na determinação do rendimento do trabalhador. Para ela, as pessoas são motivadas pela
necessidade de reconhecimento, de aprovação social e participação nas atividades dos grupos sociais nos quais
convivem, daí o conceito de homem social.
*Grupos Informais
Enquanto os clássicos se preocupavam com aspectos formais da organização como autoridade,
responsabilidade, especialização, estudos de tempos e movimentos, princípios gerais de administração,
departamentalização etc., os autores humanistas se concentravam nos aspectos informais da organização como
grupos informais, comportamento social dos empregados, crenças, atitude e expectativa, motivação etc. A
empresa passou a ser visualizada como uma organização social composta de grupos sociais informais.
* Relações Humanas
As relações humanas são as ações e atitudes desenvolvidas a partir dos contatos entre pessoas e grupos.
Cada pessoa possui uma personalidade própria e diferenciada que influi no comportamento e atitudes das
outras com quem mantém contato. A compreensão das relações humanas permite ao administrador melhores
resultados de seus subordinados e a criação de uma atmosfera na qual cada pessoa é encorajada a exprimir-se
de forma livre e sadia
*Importância do Conteúdo do Cargo
A especialização não é a maneira mais eficiente de divisão de trabalho. Trabalhos simples e repetitivos
tornam-se monótonos e maçantes afetando negativamente a atitude do trabalhador e reduzindo a sua satisfação
e eficiência.
*Ênfase nos Aspectos Emocionais
Os elementos emocionais não planejados e irracionais do comportamento humano merecem atenção
especial da Teoria das Relações Humanas, daí a denominação de sociólogos da organização aos autores
humanistas.
Críticas a teoria
- Ingenuidade e romantismo.
- Paternalismo tutorial.
- Negação do conflito de interesses que é parte das relações de trabalho.
- Investigações voltadas para a organização, excluindo a influência do ambiente.
- Exaltação do empirismo, a observação e o mero descobrimento dos fatos

Qual a contribuição da Teoria das Relações Humanas para a Enfermagem?


Com a ajuda da teoria humanista, o profissional passa a ser visto como uma pessoa que tem
necessidades não só físicas, mas também psicológicas. A característica humana desta teoria, possibilita um
melhor desempenho das atividades nas instituições de saúde, principalmente no processo de gestão do
Enfermeiro.

Referências:
CHIAVENATO, Idalberto. Teoria geral da administração, São Paulo: Makron Books,1996.
TAYLOR, Frederick Winslow. Princípios de administração cientifica. São Paulo: Atlas.
MATOS, E., PIRES D. Teorias administrativas e organização do trabalho: de Taylor aos dias atuais,
influências no setor saúde e na enfermagem. Texto e Contexto - Enfermagem. V.15, n. 3, 2006

Você também pode gostar