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Curso: Filosofia
PAPER 2
O problema da Teodiceia – antecedentes filosóficos
Teodiceia é um vocábulo criado por um dos grandes filósofos e polímatas* do século XVII,
Gottfried Wilhelm Leibniz, que não se conformava com a solução gnóstica para a existência do mal e
do sofrimento no mundo. Para os gnósticos, não existe “problema da teodiceia”, pois o mundo é mal
e tampouco o seu criador é bom.
b) O problema da Teodiceia
O termo teodiceia é composto por duas palavras gregas: theos – que significa Deus; e dikaios
– que significa justiça. Teodiceia, assim, refere-se ao problema de como Deus pode ser “justo” ou
“probo”** considerando-se o fato de que há tanto sofrimento no mundo que ele criou e do qual é
supostamente soberano (EHRMAN, 2008, p.17). Este problema envolve três afirmações que parecem
ser verdadeiras, todavia, sendo verdadeiras cada uma parece contradizer a outra:
Deus é todo-poderoso.
Deus é todo amor.
Há sofrimento.
Ora: “se Deus é todo-poderoso, então é capaz de fazer o que quiser (e, portanto, pode eliminar
o sofrimento). Se ele é todo amor, então obviamente quer o melhor para as pessoas (e, portanto, não
quer que elas sofram). E ainda assim as pessoas sofrem. Como explicar isso?” (EHRMAN, 2008, p.17).
A teodiceia, que é um problema racional, filosófico, torna-se ainda mais difícil para as religiões
monoteístas, que creem em Deus todo-poderoso, especialmente para o cristianismo que desde os
primeiros séculos considerou-se “verdadeira filosofia” (vera philosophia). Outra forma de apresentar
o “problema da teodiceia” é a partir dos questionamentos do filósofo grego Epicuro, há cerca de 2.500
anos:
De acordo com Ehrman, diante do problema da teodiceia, a solução mais popular apresentada
no Ocidente é o argumento sobre a existência do livre-arbítrio. Segundo esse ponto de vista, sem o
livre-arbítrio dado por Deus seríamos como que “robôs” simplesmente fazendo aquilo para o que
fomos programados. Mas, assim como o livre-arbítrio possibilita que façamos o bem, também
possibilita que executemos o mal, causando dor e sofrimento. Hitler, guerras, o holocausto, tudo isso
pode ser explicado com base no livre-arbítrio. Mas como explicar a seca? Como explicar um furacão
que destrói Nova Orleans? Ou um tsunami que mata centenas de milhares da noite para o dia? A
maioria das pessoas que acredita no livre-arbítrio dado por Deus também acredita na vida após a morte.
Supostamente as pessoas no mundo após a morte ainda terão livre-arbítrio (senão elas seriam “robôs”,
certo?). Como explicar, racionalmente, que no paraíso as pessoas saberão exercer o livre-arbítrio
eternamente, se não sabem como exercê-lo na Terra? Ademais, se Deus de vez em quando interfere na
história para reagir às decisões ruins tomadas por algumas pessoas (como na destruição do exército
egípcio que perseguiu os israelitas no êxodo), por que não intervém mais vezes (ou o tempo todo)? O
que o impede de realizar este “bem”? No final, a resposta racional para todas estas perguntas é
controversa e relativa, e a última palavra que permanece é: mistério. (EHRMAN, 2008, p.20-21)
Vocabulário
* Sujeito que conhece muitas ciências
** De caráter íntegro, reto