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EDITORA UNISINOS
2012
APRESENTAÇÃO
Este capítulo tem como objetivo discutir o momento atual da área de Recursos
Humanos no mercado e as suas implicações neste contexto, onde as pessoas são a
principal fonte geradora de novas vantagens competitivas para as organizações.
Assim, propõe-se a entender como a área de Recursos Humanos pode ocupar
progressivamente uma posição de destaque no processo decisório e influir
decisivamente no sucesso estratégico das organizações. Sobretudo, pretende
considerar também o papel do profissional de Recursos Humanos, que precisa estar
capacitado para compreender a estratégia da empresa, pensando e planejando
ativamente como o RH participará da construção e da implementação bem-sucedida
da estratégia corporativa.
Inovação
Mercado de atuação da empresa
Aspectos econômicos
Mercado de trabalho
P lanos de sucessão
Gestão dos talentos estratégicos
Contingencial
P rocessos de internacionalização
Educação corporativa
Terceiro setor
Gestão estratégica de carreiras
Avaliação de desempenho
Retorno do investimento etc.
Fonte: elaborado pela autora com base em Albuquerque e Leite (2009), Mascarenhas (2008), Lacombe e
Albuquerque (2008).
Mudanças na política
Mudanças nas leis
Mudanças na economia
Oscilações no mercado (crises financeiras, redução demanda)
Consumidores mais exigentes,menos fieis e mais esclarecidos
Novas tecnologias
Mudança no perfil da concorrência
Mudanças no perfil dos fornecedores Mudança nas relações com organizações
(fusões, aquisições, terceirização, cooperação)
Transformações culturais e sociais
Reestruturação de mercado
Fonte: elaborado pela autora.
Certa vez, um profeta e seu discípulo, estando em viagem, pediram pousada em uma das residências
que encontraram ao longo do caminho. Na hora do jantar, foi-lhes servido como alimentação apenas um
copo de leite. Era a única coisa que o dono da casa tinha para oferecer, embora todos que ali moravam
fossem pessoas saudáveis, tanto os pais como os filhos. A terra era boa, tinha bastante área para
plantio, porém a família nada cultivava. Em toda a terra possuíam apenas uma vaca leiteira, de onde
vinha o leite que sustentava toda a família. P ela manhã, o profeta e o discípulo levantaram, agradeceram
a hospedagem e continuaram viagem. Um pouco adiante da casa, viram que a vaca pastava à beira de um
precipício. O profeta, então, ordenou ao discípulo: — Vá até ali e empurre a vaca para o penhasco.
O discípulo inicialmente relutou, mas como era obediente ao seu mestre fez o que o profeta mandara
e empurrou a vaca no precipício. A vaca morreu na queda e o discípulo ficou bastante consternado.
Alguns anos se passaram e o profeta e o discípulo voltaram novamente àquela região e novamente
pediram pousada na mesma casa. Observaram imediatamente que alguma coisa havia mudado naquela
família. Já se viam plantações ao redor da casa, animais pastavam no terreno, todos se movimentavam e
ocupavam-se com alguma tarefa. Na hora do jantar, lhes foi servida uma comida excelente, preparada
com os alimentos colhidos da própria terra, o que foi motivo de orgulho para todos. P ela manhã, o
profeta e o discípulo despediram-se da família e continuaram viagem. O profeta disse então ao
discípulo: — Se não tivéssemos empurrado a vaca no precipício, essa família nunca poderia ter se
desenvolvido, trabalhando e cultivando a terra que possuíam.
Essa parábola nos mostra que devemos expandir nossas habilidades para coisas novas. Só assim a
empresa progredirá. Mas nos ensina também que mudar hábitos e comportamento às vezes requer
sacrifícios e rompimentos drásticos com os padrões de trabalho e vida que adotamos. A área de
Recursos Humanos para se tornar estratégica precisa passar por um processo de mudança, que nem
sempre é fácil. No contexto organizacional, a melhor prática não está em copiar outras realidades, mas,
sobretudo, buscar seu próprio caminho, investindo em seu crescimento através do conhecimento mais
aprofundado das necessidades da sua própria organização.
1. Quais foram as principais mudanças que afetaram as organizações com o passar dos
anos e que impactaram diretamente na área de Recursos Humanos?
2. A área de Recursos Humanos se baseia principalmente em três abordagens de
atuação. Quais são elas?
3. O autor Ulrich (2001) define os oito desafios para a área de Recursos Humanos.
Quais são eles?
REFERÊNCIAS
ALBUQUERQUE, L. G. Avaliação e mensuração de resultados em gestão de pessoas: um estudo com as
maiores organizações instaladas no Brasil. Revista de Administração da Universidade de São P aulo, v.
43, n. 1, p. 5-16, jan./mar., 2008.
ALBURQUEQUE, L. G.; LEITE, N. P. Gestão de pessoas: perspectivas estratégicas. São P aulo: Atlas,
2009.
ANTUNES, M. T. P.; MARTINS, E. Capital intelectual: verdades e mitos. Revista de Contabilidade &
Finanças da USP – FEA – Departamento de Contabilidade e Atuária. São P aulo – SP , ano XIII, n. 29, p.
41-54, mai./ago, 2002.
BECKER, Brian E.; HUSELID, Mark A.; ULRICH, Dave. Gestão estratégica de pessoas com “scorecard”:
interligando pessoas, estratégia e performance. Rio de Janeiro: Campus, 2001.
CAMP OS, José Antonio. Cenário balanceado: painel de indicadores para a gestão estratégica dos
negócios. São P aulo: Aquariana, 1998.
LACOMBE, B. M. G.; ALBUQUERQUE, L. G. Avaliação e mensuração de resultados em gestão de
pessoas: um estudo com as maiores empresas instaladas no Brasil. In: Revista de Administração da USP
– RAUSP , v. 43, n. 1, pp. 5-16, jan./mar. São P aulo: FEA/USP , 2008.
MASCARENHAS, A. O. Gestão estratégica de pessoas: evolução, teoria e crítica. São P aulo: Cengage
Learning, 2008.
RAMP ERSAD, Hubert K. Scorecard para performance total: alinhando capital humano com estratégia e
ética empresarial. Rio de Janeiro: Elsevier, 2004.
ULRICH, Dave. Os campeões de recursos humanos/inovando para obter os melhores resultados. São
P aulo: Futura, 2001.
CAPÍTULO 2
RECURSOS HUMANOS COMO AGENTE DE MUDANÇAS
Os profissionais de RH insistem que seus desafios são treinar a liderança e atrair pessoas. E eu
insisto que seus maiores desafios deveriam ser os da empresa, e não os da área, ou seja, fazer
dinheiro, servir bem os clientes e aumentar o preço das ações.
David Ulrich
Este capítulo tem como proposta discutir, após conhecermos o cenário em que RH
está inserido, como o RH pode contribuir para que a organização desenvolva e crie
vantagens competitivas. Aprendemos no capítulo anterior que adotar uma perspectiva
mais estratégica dentro das organizações tem sido um grande desafio para os
profissionais de Recursos Humanos. Para isso, neste capítulo vamos abordar a área de
Recursos Humanos como agente de mudanças e discutir como o profissional de RH
precisa gerenciar e fomentar estas experiências na prática e determinar avanços
significativos na sua profissão.
Construir a equipe de Forma-se um grupo poderoso para orientar a mudança e criam-se condições
2
orientação para um bom trabalho em equipe
Desenvolver a visão A equipe de orientação desenvolve visões nítidas, simples e sensatas, que
3
certa inspiram o desenvolvimento das estratégias.
Comunicar-se para É preciso divulgar a visão e as estratégias. As pessoas começam a comprar a
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promovera compra mudança.
Empowerment para a Mais pessoas se consideram capazes de agir, e agem, conforme a visão.
5
ação Remover obstáculos.
P ropiciar vitórias a
6 O ímpeto aumenta, mais pessoas se engajam, a resistência é cada vez menor.
curto prazo
Não permitir o
7 Nas melhores situações, os líderes não esmorecem.
desânimo
Tornara mudança Garantir a continuidade do novo estilo, apesar da tradição e da rotatividade
8
duradoura dos líderes da mudança.
Fonte: Kotter e Cohen (2002).
Fatores críticos de
Q uestões para avaliação e realização da mudança
sucesso na mudança
Temos um líder que…
Assume e promove a mudança?
Demonstra compromisso público com a efetivação da
1. Liderando a mudança mudança?
(quem é responsável)
Angariará recursos para sustentar a mudança?
Investirá tempo e atenção pessoal para implementar a
mudança?
Os colaboradores…
Os colaboradores…
Os patrocinadores…
De acordo com Schein (apud RAMP ERSAD , 2004, p. 331), a cultura organizacional
abrange um conjunto de ideias compartilhadas, de maneira consciente e inconsciente,
quanto os aspectos da realidade que são relevantes para a organização. É um processo
de aprendizado que orienta o comportamento dos colaboradores, descrevendo quais os
que são aceitáveis, corretos ou preferíveis. Ela abrange o que é visível para o pessoal
de fora (cultura explícita) e seus valores subjacentes (cultura implícita).
Quando desenvolvemos projetos para a área de RH , é importante que a cultura
organizacional seja estudada e considerada como parte relevante do processo de
implementação de mudanças. Principalmente porque ela é responsável por aspectos
que influenciam na motivação, auto-orientação e o comprometimento dos
funcionários, o que faz com que os mesmos tenham disposição para desenvolver suas
próprias competências e a aceitar novos desafios (RAMP ERSAD , 2004).
O mesmo autor salienta que os padrões de comportamentos dos funcionários
resultam das regras escritas e não escritas que indicam os comportamentos esperados
em determinada situação sobre o que é ou não permitido. Portanto, qualquer estratégia
só é bem-sucedida na sua implementação se alinharmos os objetivos pessoais aos
organizacionais, através do comprometimento dos colaboradores e da mudança de suas
atitudes. O Quadro 7 demonstra as condições básicas para influenciar a cultura
organizacional, segundo os conceitos de Weggemam apud Rampersad (2004, p. 341),
apresentando iniciativas relacionadas com a cultura.
Quadro 7 – Iniciativas relacionadas com a cultura
Ações que podem inf luenciar indiretamente a cultura Ações que pouco inf luenciam a
organizacional cultura organizacional
Mudança do estilo
Rodízio de colaboradores nas unidades de
da casa e o nome
negócios.
das funções.
Novas maneiras de recrutar, selecionar e contratar Criação de slogans
pessoas. e pôsteres.
Reformulação da
Criação de novos heróis e modelos, adotando, estrutura
por exemplo, novas políticas de promoções. organizacional
formal.
Anúncios
Estímulo à participação ativa e à vinculação entre altissonantes de
avaliação do desempenho e sistema de que tudo precisa
recompensa, de um lado, e valores essenciais e mudar, de que a
comportamentos almejados, de outro. cultura deve ser
“ diferente”.
Ameaças com
Gerência centralizada e descentralizada.
sansões.
Era uma vez uma grande montanha onde as águias tinham seus ninhos. Um dia, um tremor de terra
fez com que um dos ovos de águia rolasse montanha abaixo. Ele rolou até parar no terreiro de uma
fazenda ao pé da montanha. As galinhas, como sempre muito responsáveis, decidiram cuidar do ovo e
uma galinha mais velha ficou com a incumbência de chocá-lo e cuidar da educação da pequena ave.
Após algumas semanas, o ovo se abriu e uma bela águia nasceu. Infelizmente, a pequena águia foi criada
como uma galinha e passou a acreditar que era mais uma ave do galinheiro da fazenda. A águia amava
seu lar e sua família, mas, intimamente, seu espírito sonhava com algo mais. Um dia, enquanto ciscava o
chão à procura de insetos, a águia olhou para o céu e viu um grupo de poderosas águias voando muito
alto. “ OH”, a águia gritou, “ como eu gostaria de voar como aquelas aves”. As galinhas riram e
zombaram: “ Você não pode voar como aquelas aves. Você é uma galinha, e galinhas não voam”. A
águia continuou a mirar sua verdadeira família, sonhando que poderia estar lá em cima com aquelas
belas aves. Mas toda vez que ela revelava seus sonhos, era lembrada que isto não era possível. Isto foi
o que a águia aprendeu a acreditar. Com o passar do tempo, a águia parou de sonhar e continuou a viver
sua vida de galinha. Finalmente, após muitos anos vivendo como galinha, a águia morreu.
Moral da história: você se torna aquilo que você acredita que é. Assim, se você sonha que é uma
águia, siga seus sonhos e não os conselhos das galinhas. Ilustra uma das formas mais comuns de
bloqueios à criatividade, os bloqueios culturais: barreiras que impomos a nós mesmos, geradas por
pressões da sociedade, cultura ou grupo a que pertencemos.Diante disso um profissional de RH deve
ser um agente de mudanças, estimulando as pessoas e as organizações a passarem por processos de
mudança objetivando seu crescimento e enxergando as oportunidades e encarando os desafios.
REFERÊNCIAS
BECKER, Brian E.; HUSELID, Mark A.; ULRICH, Dave. Gestão estratégica de pessoas com “Scorecard”:
interligando pessoas, estratégia e performance. Rio de Janeiro: Campus, 2001.
KOTTER, J. P .; COHEN, D. S. O coração da mudança. Rio de Janeiro: Campus, 2002.
RAMP ERSAD, Hubert K. Scorecard para performance total: alinhando capital humano com estratégia e
ética empresarial. Rio de Janeiro: Elsevier, 2004.
ULRICH, Dave. Os campeões de recursos humanos/inovando para obter os melhores resultados. São
P aulo: Futura, 2001.
ULRICH, D.; LOSEY, M. R.; LAKE , G. Tomorrow’s HR management : 48 thought leaders call for change.
xii, 387 p. Chichester, England; New York: John Wiley, 1997.
CAPÍTULO 3
MODELO DE GESTÃO ESTRATÉGICA DE RH: PRODUTOS
DE RH
Este capítulo tem como objetivo analisar a coerência e o alinhamento das políticas,
práticas e decisões que são adotadas pela área de Recursos Humanos. Essa análise
oportuniza identificar se as práticas de RH são coerentes entre si, além de estarem
consistentes com o planejamento global da organização e com o mercado em que ela
está inserida. Serão estudados os conceitos de planejamento estratégico da RH e o
alinhamento das suas ações com o planejamento estratégico da organização.
Figura 5 – Capacitadores.
Fonte: elaborado pela autora com base em Becker, Huselid e Ulrich (2001).
As Políticas de RH são discursos que formalizam as intenções e orientam as ações para a gestão
de pessoas.
As Práticas de RH são ações para conhecer, influenciar e administrar na gestão de pessoas.
(DAVEL; VERGARA, 2001).
Fitz-enz (2001) afirma que uma das constatações mais eficientes que se pode ter
no aperfeiçoamento de um processo resulta dos ganhos em mais de um objetivo. A
melhoria da qualidade dos processos, por exemplo, naturalmente estaremos reduzindo
os custos de produção ou de serviço como um subproduto e, geralmente, deixando os
clientes mais satisfeitos e resultando na retenção dos clientes. M aior satisfação dos
clientes significa aumento do volume de compras e indicação de clientes potenciais e
isto melhora a reputação de uma empresa no mercado. Por sua vez, evita-se a despesa
de marketing requerida para se obter novos clientes, o que melhora as margens de
lucro consequentemente.
Neste exemplo anterior a “melhoria da qualidade dos processos”, pode ser um
produto do processo de “desenvolver pessoas”. A disponibilidade de pessoal
capacitado, com experiência significativa nos produtos e processos da empresa, pode
gerar inovação e melhorias na qualidade dos produtos.
Os autores Fischer e Albuquerque (2004) constataram, através da Pesquisa Delphi
RH 2010, as dez principais estratégias mais comumente utilizadas pela área de RH ,
quais sejam:
1. M aior investimento em capacitar e desenvolver gestores e lideranças.
2. Redefinir, aprimorar ou reestruturar as políticas de gestão de pessoas
da empresa.
3. M aior investimento em educação, treinamento e desenvolvimento de
pessoas.
4. Investir em programas de retenção de competências-chave (talentos/
potenciais).
5. Implantar políticas e processos de gestão por competências.
6. Promover o empowerment.
7. Investir no estímulo ao comprometimento das pessoas com a
empresa.
8. Identificar e implantar as melhores práticas de gestão de pessoas.
9. Implantar ou reestruturar os processos de remuneração ou
compensação.
10. Implantar ou desenvolver processos de gestão do conhecimento.
Os processos de RH podem contribuir para a eficiência de outras áreas da
organização e corroboram para a sua própria eficiência. Pensar em Recursos Humanos
como uma área estratégica requer entender que o envolvimento das pessoas no alcance
dos objetivos organizacionais ao mesmo tempo oportuniza que RH concretize a
realização dos seus próprios objetivos (DUTRA , 2006). Essa temática relacionada ao
desenvolvimento do planejamento estratégico de RH será explorada no próximo
capítulo.
Construindo pontes
( autor: desconhecido)
Certa vez, dois irmãos que moravam em fazendas vizinhas, separadas apenas por um riacho, entraram
em conflito. Foi a primeira grande desavença em toda uma vida trabalhando lado a lado, repartindo as
ferramentas e cuidando um do outro. Durante anos percorreram uma estreita, porém, comprida estrada
que corria ao longo do rio para, ao final de cada dia, poderem atravessá-lo e desfrutarem um da
companhia do outro. Apesar do cansaço, faziam-no com prazer, pois se amavam. Mas agora tudo havia
mudado. O que começara com um pequeno mal entendido finalmente explodiu numa troca de palavras
ríspidas, seguidas por semanas de total silêncio. Numa manhã, o irmão mais velho ouviu baterem à sua
porta. Ao abri-la, notou um homem com uma caixa de ferramentas de carpinteiro em sua mão, que lhe
disse: — Estou procurando por trabalho, talvez você tenha um pequeno serviço aqui e ali. P osso
ajudá-lo? Sim! – disse o fazendeiro. — Claro que tenho trabalho para você. Veja aquela fazenda além
do riacho. É de meu vizinho, na realidade, meu irmão mais novo. Brigamos muito e não mais posso
suportá-lo. Vê aquela pilha de madeira perto do celeiro? Quero que você me construa uma cerca bem
alta ao longo do rio para que eu não mais precise vê-lo. — Acho que entendo a situação, disse o
carpinteiro.
— Mostre-me onde estão o martelo e os pregos que certamente farei um trabalho que lhe deixará
satisfeito.
Como precisava ir à cidade, o irmão mais velho ajudou o carpinteiro a encontrar o material e partiu.
O homem trabalhou arduamente durante todo aquele dia medindo, cortando e pregando. Já anoitecia
quando terminou sua obra, ao mesmo tempo em que o fazendeiro retornava. P orém, seus olhos não
podiam acreditar no que viam. Não havia qualquer cerca! Em seu lugar estava uma ponte que ligava um
lado do riacho ao outro. Era realmente um belo trabalho, mas, enfurecido, exclamou: — Você é muito
insolente em construir esta ponte após tudo que lhe contei!!!
No entanto, as surpresas não haviam terminado. Ao erguer seus olhos para a ponte mais uma vez,
viu seu irmão aproximando-se da outra margem, correndo com seus braços abertos. Cada um dos irmãos
permaneceu imóvel de seu lado do rio, quando, num só impulso, correram um na direção do outro,
abraçando-se e chorando no meio da ponte. Emocionados, viram o carpinteiro arrumando suas
ferramentas e partindo. — Não, espere! — disse o mais velho. Fique conosco mais alguns dias, tenho
muitos outros projetos para você.
O carpinteiro então lhe respondeu: — Adoraria ficar. Mas, tenho muitas outras pontes para
construir.
Essa história nos mostra que o RH pode atuar como um carpinteiro, construindo pontes através dos
seus processos de RH, de forma que contribua para a eficiência de outras áreas da organização e
corroborando para a sua própria eficiência. O RH deverá agir com pensamento sistêmico, ou seja, ter a
competência básica de compreender o que acontece na organização, na interseção de seus processos e
tomar medidas importantes quanto ao alinhamento, tal como o carpinteiro serviu para aproximar os
dois irmãos com base nas suas afinidades e necessidades.
1. Uma crítica comum às práticas de RH é que muitas vezes elas não atendem às reais
necessidades dos colaboradores e das organizações e acabam distanciando-se da
realidade vivida pela organização. Explique esta afirmação.
2. Os produtos de RH contribuem para a execução da estratégia organizacional e
precisam ser diferenciados das rotinas de RH que focalizam ações quantitativas e
eficiência operacional. Cite exemplos de produtos de RH.
3. Quais são os processos de RH?
REFERÊNCIAS
CHIAVENATO, I. Recursos humanos: o capital humano das organizações. 8. ed. São P aulo: Atlas, 2004.
DAVEL, E.; VERGARA, S. C. Gestão com pessoas e subjetividade. São P aulo: Atlas, 2001.
DUTRA, J. S. Gestão de pessoas: modelo, processos, tendências e perspectivas. São P aulo: Atlas, 2006.
FISCHER, A. L. ; ALBUQUERQUE, L. G. DELPHI RH 2010: tendências em gestão de pessoas nas
organizações brasileiras. 2. ed. São P aulo: P ROGEP , 2004.
FITZ-ENZ, Jac. Retorno do investimento em capital humano. São P aulo: Makron Books, 2001.
KAP LAN, Robert S.; NORTON, David P. Mapas estratégicos – Balanced Scorecard: convertendo ativos
intangíveis em resultados tangíveis. Rio de Janeiro: Elsevier, 2004.
RAMP ERSAD, Hubert K. Scorecard para performance total: alinhando capital humano com estratégia e
ética empresarial. Rio de Janeiro: Elsevier, 2004.
REZENDE, José Francisco de Carvalho. Balanced Scorecard e a gestão do capital intelectual: alcançando
a mensuração equilibrada na economia do conhecimento. Rio de Janeiro: Campus, 2003.
ULRICH, Dave. Os campeões de recursos humanos/inovando para obter os melhores resultados. São
P aulo: Futura, 2001.
CAPÍTULO 4
ELABORANDO O PLANEJAMENTO ESTRATÉGICO DE RH
As políticas, práticas e decisões de Recursos Humanos devem ser coerentes entre si,
além de estarem consistentes com o planejamento global da organização e com o
mercado em que ela está inserida. Neste capítulo abordaremos o planejamento
estratégico da área de RH , alinhando suas ações com o planejamento estratégico da
organização.
P oliciamento P arceria
Curto prazo Longo prazo
Administrativo Consultivo
Voltado à função Voltado ao negócio
Foco interno Foco externo e concentrado no consumidor
Reativo P reventivo
Foco na atividade Foco nas soluções
Fonte: elaborado pela autora com base em Ulrich (2001).
Nesta etapa, RH precisa identificar a estratégia que a empresa vem adotando em relação aos seus
recursos humanos, isso envolverá avaliar os processos relativos à remuneração, benefícios,
treinamentos e demais práticas de RH comparando com o mercado externo, além de analisar se
as estratégias de recursos humanos estão coerentes e o que será alcançado.
Essas ações oportunizam maior chance de êxito nas ações de RH e garantem valores
adicionados aos resultados da empresa. M arras (2000) destaca que a função de
recursos humanos como parceira estratégica da organização inclui a participação desta
área na formulação das estratégias da empresa, assim como na implementação dessa
estratégia por meio da aplicação consistente dos instrumentos de RH .
Figura 7 – Posicionamento estratégico da área de RH e da empresa.
Fonte: elaborado pela autora com base em Marras (2000).
2. Análise de cenários
3. Análise de tendências
4. Gestão da estratégia
5. Implementação
6. Acompanhamento
Fonte: elaborado pela autora com base em Oliveira (2004).
Ambiente setorial Como cada uma das cinco forças competitivas de P orter se aplica?
Fonte: elaborado pela autora com base em Teixeira et. al. (2005).
Nesta etapa, RH precisa fazer o delineamento dos seus objetivos e estratégias levando em
consideração não só os seus próprios interesses, mas entender como pode inseri-los no contexto
empresarial global.
Figura 9 – Matriz FOFA (SWOT).
Fonte: elaborado pela autora com base em Brasiliano (2006).
Para ranquear os itens em cada célula (Figura 10), podemos multiplicar a avaliação
da magnitude e da importância. Os elementos com ranqueamentos numéricos mais
altos, positivos e negativos devem receber maior atenção, pois é esta a fotografia sobre
a segurança da empresa (BRASILIANO , 2006).
Figura 10 – Análise da Matriz FOFA (SWOT).
Fonte: elaborado pela autora com base em Brasiliano (2006).
Isto significa que a empresa deve trabalhar suas fraquezas, visando diminuir a
pontuação negativa, que hoje representa 56% perante o total de toda a pontuação
negativa. É uma forma de demonstrar à alta gestão uma fotografia de como a empresa
se encontra em termos de segurança empresarial, tendo como parâmetro as variáveis
controláveis e incontroláveis (BRASILIANO , 2006).
A partir da aplicação da M atriz SWOT, torna-se possível fazer uma análise
sistêmica dos resultados alcançados pela organização com base nas tendências de
mercado.
Nesta fase a área de RH poderá gerenciar o impacto das políticas e práticas de RH sobre o
desempenho organizacional. Avaliando se a relação existente entre a adoção de determinada
prática ou conjunto de práticas ocasiona algum impacto nos índices de desempenho da
organização.
Nesta fase é chegada a hora de transformar e criar as ações estratégicas de RH para colocar em
prática o plano de ação que ajudará na implementação da estratégia da organização.
Segundo M intzberg (2004), o planejamento é um procedimento formal para
produzir um resultado articulado, na forma de um sistema integrado de decisões, que
não deve ser visto apenas como tomada de decisão, nem como formulação de
estratégias, mas sim como o esforço de formalizar os processos pelos quais as
decisões são tomadas e integradas nas organizações.
Os instrumentos utilizados para viabilizar os controles e acompanhamento dos
objetivos traçados ou correção de rumos do planejamento são chamados de metas.
Elas exercem um papel importante no planejamento estratégico, pois auxiliam a
definir, de forma quantitativa e temporal, os caminhos para alcançar os objetivos
estratégicos, conforme será visto na próxima seção.
4.8 Acompanhamento
As metas representam a direção que se pretende seguir ou o lugar a que se
pretende chegar. As metas devem ser SMART (Quadro 15), segundo Julio (2007).
Quadro 15 – Metodologia SMART
Uma ação ou comportamento observável precisa ser descrito, ligado a uma taxa, número,
S Específicas porcentagem ou frequência. P or exemplo, aumentar as vendas em 20%. A atividade a ser
cumprida deve estar claramente definida.
De modo geral, é o que se pode medir por meio de um sistema ou método. No exemplo
M Mensuráveis mencionado acima, pode-se medir o crescimento de vendas por meio do resultado do
faturamento. As metas devem ser expressas quantitativamente.
Esse é o princípio de estabelecer um ponto B a ser alcançado a partir de um ponto A
A Alcançáveis conhecido. Se a meta for difícil demais em relação à capacidade da empresa, os
funcionários nem “ dão a partida”. As metas devem ser realistas.
O objetivo tem de ser tão relevante para a empresa e para seus indivíduos que consegue
lhes injetar ânimo para lutar por ele. Aqui, relevante também pode ser considerado como
R Relevantes
sinônimo de desafiador. Metas individuais devem estar relacionadas às metas
organizacionais.
È imprescindível sugerir o estabelecimento de uma data (dia, mês e ano) para o objetivo
Tempo ser totalmente alcançado. Além disso, é altamente recomendável dividi-lo em várias
T
determinado metas, cada qual com sua data. Deve-se estabelecer o prazo para que as metas sejam
cumpridas.
Fonte: elaborado pela autora com base em Julio (2007).
Através das metas podemos desenhar o plano de ação que definirá como os
resultados serão alcançados. O plano de ação deverá conter os objetivos construídos a
partir da visão e missão da organização e balizados pela matriz SWOT. Esses
objetivos são desdobrados em metas e em planos operacionais a serem seguidos com
base nos valores organizacionais. Os planos devem ser vistos como a espinha dorsal
do planejamento e devem ser constantemente ajustados, agregando novas ou retirando
variáveis. (TEIXEIRA et. al., 2005)
Os objetivos, segundo Costa (2004), são alvos futuros descritos de forma
qualitativa, os quais deverão ser atingidos sob condições previamente estabelecidas.
Os valores para Costa (2004) são as convicções morais firmadas coletivamente de
modo tácito ou explícito, que estabelecem limites e orientações às atitudes e
comportamentos dos membros da organização.
Para definir o plano de ação algumas perguntas precisam ser respondidas (Figura
12), elas se baseiam na metodologia 5w2H.
Os Cinco Macacos
( autor: desconhecido)
Um grupo de cientistas colocou cinco macacos em uma jaula. No meio da jaula, uma escada, e, sobre
ela, um cacho de bananas. Quando um macaco subia na escada para pegar as bananas, um jato de água
fria era acionado em cima dos que estavam no chão. Depois de certo tempo, quando um macaco ia subir
a escada, os outros o pegavam e enchiam-no de pancada. Com mais algum tempo, mais nenhum macaco
subia a escada, apesar da tentação das bananas. Então, os cientistas substituíram um dos macacos por
um novo. A primeira coisa que ele fez foi subir a escada, dela sendo retirado pelos outros, que o
surraram. Depois de algumas surras, o novo integrante do grupo já não mais subia a escada. Um
segundo macaco, veterano, foi substituído, e o mesmo ocorreu, tendo o primeiro substituto
participado, com entusiasmo, na surra ao novato. Um terceiro foi trocado e o mesmo ocorreu. Um quarto
e, afinal, o último dos veteranos, foram substituídos. Os cientistas, então, ficaram com um grupo de
cinco macacos que, mesmo nunca tendo tomado um banho frio, continuavam batendo naquele que
tentasse pegar as bananas. Se possível fosse perguntar a algum deles por que batiam em quem tentasse
subir a escada, com certeza a resposta seria: “ Não sei… Mas as coisas sempre foram assim por aqui…”.
Essa metáfora nos mostra a realidade de muitas organizações. P or vezes encontramos as pessoas
justificando as suas ações dizendo “ Não sei… Mas as coisas sempre foram assim por aqui…”.
Construir um planejamento estratégico para a área de RH requer a elaboração de um trabalho
consistente. P ara isso precisa conhecer o negócio e o contexto da organização, esse é primeiro passo.
Através destas ações RH criará políticas e práticas sustentadas e com forte vínculo com as ações
propostas nos valores e na missão da empresa, isso irá demonstrar que a área de RH realmente conhece
as necessidades dos colaboradores e da empresa também. Os argumentos se criam através do
alinhamento das estratégias de RH com as estratégias da organização.
5.2.1 Fundamentos
A tradução da estratégia é mais uma vertente de mensuração que possibilita
identificar com maior precisão os focos de desempenho superior de determinada
organização e, conforme a situação, fortalecer posições de defesa ou definir a
incorporação de uma nova abordagem estratégica, segundo Rezende (2003). O mesmo
autor define que o gerenciamento estratégico integrado em blocos construtivos de
competitividade e desempenho, como chama (eficiência superior, acolhimento e
empatia, inovação superior, qualidade superior e estratégia superior), cria as condições
para que advenham os seguintes benefícios:
implementação de referencial de governança para alinhar e focar a
organização e respectivos recursos;
desenho de sistema de inteligência organizacional para
acompanhamento dos principais negócios e processos de apoio, de
maneira que o conhecimento seja criado e alavancado no processo de
decisão e implementação de ações;
obtenção de compromisso entre equipes e indivíduos no sentido de
colaborar no trabalho e construir capital intelectual;
criação de processo de feedback em todos os níveis para testar e
revisar hipóteses estratégicas e dar prosseguimento à adaptação.
O BSC NÃO é:
…um novo sistema de indicadores financeiros.
…um novo sistema de indicadores financeiros.
…uma ferramenta de diagnóstico operacional.
…uma ferramenta que gera a estratégia empresarial.
…um projeto único.
…um sistema de informática adequado… que opera automaticamente.
Na realidade o BSC é:
…um instrumento para suportar a gestão.
…um processo para efeitos gerenciais.
…uma contribuição para a transparência sobre as informações de gerenciamento.
…um instrumento para concretizar e comunicar a estratégia.
…uma metodologia de desdobramento da estratégia organizacional.
…um método contínuo da liderança da organização.
…um método contínuo da liderança da organização.
O Balanced Scorecard organizacional é um instrumento gerencial de cima para
baixo, cujo objetivo é operacionalizar a visão estratégica da organização em todos os
níveis hierárquicos, segundo Kaplan e Norton (apud RAMP ERSAD , 2004, p. 36).
A implementação eficaz da estratégia depende fortemente da preocupação da
empresa em capacitar e envolver as pessoas que devem executá-las. O ideal seria que
todos na empresa, do nível hierárquico mais baixo ao mais alto, compreendessem a
estratégia, assim como de que forma suas ações contribuem para o alcance das metas
(KAP LAN ; NORTON , 1997).
As organizações que desejam a contribuição de todos os funcionários para a
implementação da estratégia compartilharão suas visões e estratégias de longo prazo –
concretizados no BSC – com seus funcionários e os incentivarão ativamente a sugerir
formas pelas quais a visão e a estratégia possam ser alcançadas. Esse sistema de
envolvimento e orientação engaja os funcionários no futuro da empresa e os encoraja a
participar da formulação e da implementação da estratégia. Segundo os mesmos
autores, quando todos compreendem as metas de longo prazo, bem como a estratégia
para alcançá-las, todos os esforços e iniciativas da empresa ficam alinhados para o
alcance dos objetivos propostos.
“ Ao mesmo tempo em que mensura a estratégia e as operações, o BSC realimenta o processo
decisório com base nas relações de causa e efeito preliminarmente desenhadas. A mensuração
equilibrada deve ser entendida como um processo dialético que leva a descoberta continua de foco
e fontes de aperfeiçoamento no conjunto de ativos intangíveis detidos pela organização, e não um
mero cotejamento entre previsões e realizações relativas a um período determinado de tempo.”
(REZENDE, 2003, p. 88)
Tipo de
Aplicação
B SC
Corporativo Aplicado a diversos negócios e unidades de apoio dentro de uma mesma organização.
CICLO PDCA
Plan PLANEJAR
Desenvolva um plano de melhoria:
Formule seu BSCP .
Selecione importante iniciativa de melhoria pessoal, inclusive a combinação de objetivos pessoais,
indicadores e metas de desempenho.
Compartilhe o seu BSCP com seu supervisor ou amigo de confiança.
Do FAZER
Implemente o plano de melhoria em escala limitada:
Comece com a iniciativa de melhoria selecionada, peça feedback de seu supervisor ou de seu amigo de
confiança.
P rimeiro, implemente sua iniciativa de melhoria pessoal em escala limitada.
Colete dados.
Check VERIFICAR
Verifique o funcionamento:
Analise os resultados, de acordo com os indicadores e metas de desempenho pessoal definidos.
Verifique a extensão em que realizou os objetivos pessoais.
Ajuste o BSCP , se necessário.
Verifique as lições aprendidas.
Action AG IR
Implemente as melhorias verificadas:
Implemente as melhorias pessoais comprovadas.
Avalie os resultados pessoais.
Documente as lições aprendidas.
Melhore e monitore continuamente as suas ideias e iniciativas. Repita o ciclo.
Fonte: Rampersad (2004, p.185).
REFERÊNCIAS
BECKER, Brian E.; HUSELID, Mark A.; ULRICH, Dave. Gestão estratégica de pessoas com “Scorecard”:
interligando pessoas, estratégia e performance. Rio de Janeiro: Campus, 2001.
CAMP OS, José Antonio. Cenário balanceado: painel de indicadores para a gestão estratégica dos
negócios. São P aulo: Aquariana, 1998.
KAP LAN, Robert S.; NORTON, David P. Balanced Scorecard – A estratégia em ação. Rio de Janeiro:
Campus, 1997.
RAMP ERSAD, Hubert K. Scorecard para performance total: alinhando capital humano com estratégia e
ética empresarial. Rio de Janeiro: Elsevier, 2004.
REZENDE, José Francisco de Carvalho. Balanced Scorecard e a gestão do capital intelectual: alcançando
a mensuração equilibrada na economia do conhecimento. Rio de Janeiro: Campus, 2003.
CAPÍTULO 6
MAPAS ESTRATÉGICOS: ALINHANDO ESTRATÉGIAS DE
RH COM A ESTRATÉGIA ORGANIZACIONAL
Este capítulo tem como objetivo abordar assuntos relativos à construção de mapas
estratégicos, mostrando como definir o conjunto de funções estratégicas que criam
condições de desempenho excepcional dos processos internos críticos. A partir da
identificação dos processos críticos do negócio, os profissionais de RH conseguem
desenhar o seu papel no mapa estratégico da organização e mostrar seu valor.
A criação de valor total que se distribui entre esses três participantes da cadeia de
valor depende do poder de barganha de cada um. Essa dinâmica é muito conhecida no
famoso modelo criado por Porter, chamado de modelo das “cinco forças”.
Rezende (2003) afirma sobre a metodologia do BSC que, para aplicar seus
conceitos através da administração da estratégia, é preciso conhecer os elementos do
mapa estratégico: placares, guias de aprendizagem, relatório para acompanhamento e
fichas de medidas.
Os placares tratam de sistemáticas de apuração de pontos – scores –
que totalizam o desempenho obtido em cada uma das perspectivas, e
ponderam conforme as prioridades estratégicas o atingimento de
resultados.
As guias de aprendizagem unem o diálogo dos diversos atores
organizacionais à construção de planos de ação por meio de um
enfoque lúdico: simuladores que emulam a situação competitiva
enfrentada pela organização são apresentados sob a forma de jogo de
tabuleiro, mural ou aplicação computadorizada.
Os relatórios acompanham o desempenho a partir do suporte teórico
do BSC. Constitui ótima oportunidade para testar hipóteses
subjacentes voltadas à estratégia, induzindo a aprendizagem
organizacional voltada para competitividade e desempenho.
As fichas de medidas possibilitam a construção da memória sobre os
indicadores para que seja possível recuperá-la. Através das fichas
registra-se o modelo de mensuração em sua vinculação com a estratégia
da organização, possibilitando aos colaboradores identificar como as
suas decisões e ações poderão vir a interferir no desempenho.
A criação e implementação de mapas estratégicos demanda alguns cuidados que
precisam ser observados, segundo Luzio (2010). O primeiro deles é que não existe
uma hierarquia entre as perspectivas, mas sim relações de causa e efeito. M esmo
estando no topo do mapa, a perspectiva financeira não é necessariamente a mais
importante da estratégia.
O segundo refere-se à perspectiva financeira e de clientes, que estão relacionadas
entre si, pois ambas geram um produto que não pode ser entregue para o cliente a
qualquer custo e sem gerar valor. Sendo assim, as perspectivas de processos internos e
aprendizagem e crescimento são direcionadoras da criação de valor; descrevem como a
empresa vai entregar singularidade ao cliente e obter resultados financeiros.
Terceiro, em uma empresa sem fins lucrativos ou pública, a lógica do mapa
estratégico é diferente (Figura 18), pois a cadeia de valor parte de uma perspectiva
financeira ou orçamentária mostrando o que se investe nas estratégias de aprendizagem
e crescimento e nos processos internos que serão responsáveis por gerar valor aos
clientes.
Figura 18 – A Estrutura do mapa estratégico.
Fonte: Luzio (2011).
Os autores salientam que os indicadores servem como apoio para medir esse
alinhamento do sistema de RH no mapa estratégico, pois oportunizam uma visão
completa do conjunto de elementos que compõe o mapa estratégico e comunicam se a
estratégia está sendo adequada. Esse tema será explorado no próximo capítulo.
As Moscas
( autor desconhecido)
Conta-se que certa vez duas moscas caíram num copo de leite. A primeira era forte e valente, assim
logo ao cair nadou até a borda do copo, mas como a superfície era muito lisa e ela tinha suas asas
molhadas, não conseguiu sair. Acreditando que não havia saída, a mosca desanimou, parou de nadar e
de se debater e afundou. A outra mosca não era tão forte, mas era tenaz. Continuou a se debater, a se
debater e a se debater por tanto tempo, que, aos poucos, o leite ao seu redor, com toda aquela agitação,
foi se transformando e formou um pequeno nódulo de manteiga, onde a mosca tenaz conseguiu com
muito esforço subir e dali levantar voo para algum lugar seguro. Tempos depois, a mesma mosca tenaz,
por descuido ou acidente, novamente caiu no copo. Como já havia aprendido em sua experiência
anterior, começou a se debater, na esperança de que, no devido tempo, se salvaria. Outra mosca,
passando por ali e vendo a aflição da companheira de espécie, pousou na beira do copo e gritou:
— Tem um canudo ali, nade até lá e suba pelo canudo.
A mosca tenaz não lhe deu ouvidos, baseando-se na sua experiência anterior de sucesso, e
continuou a se debater e a se debater, até que, exausta, afundou no copo cheio de água.
As empresas não podem mais tomar decisões hoje em função de suas experiências do passado. O
passado passou a ser uma referência, mas o presente é que faz a diferença e os olhos no futuro também. A
área de RH deve ter essa mesma visão, sempre acompanhando as estratégias da empresa e captando as
implicações desta na sua gestão. P rincipalmente a aplicação nos seus subsistemas.
REFERÊNCIAS
BECKER, Brian E.; HUSELID, Mark A.; ULRICH, Dave. Gestão estratégica de pessoas com “Scorecard”:
interligando pessoas, estratégia e performance. Rio de Janeiro: Campus, 2001.
KAP LAN, Robert S.; NORTON, David P. Mapas estratégicos: convertendo ativos intangíveis em
resultados tangíveis. Rio de Janeiro: Campus, 2004. p. 229-248.
LUZIO, Fernando. Fazendo a estratégia acontecer: como criar e implementar as iniciativas da oganização. 2.
ed. ampliada. São P aulo: Cengage Learning, 2010. 287 p.
LUZIO, Fernando. Disponível em http://www.luzio.com.br/consultoria.php. Acesso em set., 2011.
REZENDE, José Francisco de Carvalho. Balanced Scorecard e a gestão do capital intelectual: alcançando
a mensuração equilibrada na economia do conhecimento. Rio de Janeiro: Campus, 2003.
CAPÍTULO 7
INDICADORES DE RH: MENSURAÇÃO, DESEMPENHO,
RESULTADOS E VALOR AGREGADO
Valor
Econômico O objetivo dessa medida é revelar quanto realmente sobra de lucro, não somente após o
Agregado pagamento de todas as despesas, inclusive impostos, mas também depois de subtrair o
Economic custo do capital investido. Conforme salientado por Stern Stewart, isto pode representar
Value Added uma medida reveladora do desempenho da direção de uma empresa.
(EVA)
Retorno sobre
o Investimento Relaciona os investimentos no capital humano com a rentabilidade, podendo tornar-se
Return on
Investment visível por meio de um índice decorrente da fórmula para o EVA.
(ROI)
Fonte: elaborado pela autora com base em FITZ-ENZ (2001).
Contextualizando com um exemplo:
Na busca pelo retorno sobre o investimento (ROI), o plano estratégico de
negócios é como um plano de corrida. Os objetivos do plano são os de atingir a
linha de chegada em primeiro lugar. Os sistemas de dados são o veículo. As
informações são o combustível. M as o veículo não é uma máquina
autopropulsora de movimento perpétuo. Ele necessita de um condutor, o ser
humano. As medições estão nos indicadores do painel de instrumentos. Elas nos
informarão a que velocidade estamos indo, a condição do carro e a distância que
percorremos. Somente o motorista sabe se estamos apontando para a direção
correta. Quando a gerência é a única condutora, a única a ter acesso ao plano de
viagem e ao odômetro, poderemos prosseguir por um bom tempo na direção
errada antes de perceber essa situação. Ter alguém para confrontar o mapa em
relação às placas rodoviárias, enquanto outros observam os marcadores de
combustível e velocidade, e as luzes indicadoras de temperatura e pressão do
motor, faz aumentar a probabilidade de chegarmos ao destino na hora prevista,
bem como de apreciarmos a viagem. (FITZ-ENZ, 2001)
Fitz-enz (2001) conclui, a partir do exemplo, que para se ter uma viagem bem-
sucedida rumo à rentabilidade, precisamos conhecer mais sobre como interpretar os
indicadores dos painéis de instrumentos simples tradicionais. Ao examinarmos um
carro de corrida por dentro, observa-se um painel de instrumentos bem diferente
daquele encontrado nos carros comuns. Ele é muito prático e útil e contém
informações detalhadas além daquelas que estamos acostumados a ver. Assim também
acontece nos negócios. Temos de desenhar um painel de instrumentos do capital
humano que nos forneça novos dados e, em seguida, ensine a todos como interpretar
os indicadores de forma eficaz e precisa. A palavra todos inclui a gerência.
A análise de dados referente ao capital humano apenas muito recentemente
associou-se à educação de gerenciamento e ao sistema de treinamento. M uito embora
os homens de negócios tenham sido expostos a cursos sobre análise financeira, eles
têm focalizado principalmente em instrumentos e padrões contábeis, tais como
demonstrativos de resultados e balanços patrimoniais. A análise do ROI do capital
humano utiliza os mesmos princípios, mas alguns dados não são encontrados nos
documentos financeiros das organizações. Além do mais, ela nos ensina de que forma
um indicador é afetado por outro. Se o indicador de temperatura acusa uma condição
de superaquecimento, temos de saber se é devido à falta de água no radiador ou a uma
quebra da correia do ventilador. Reconhecer que o carro está quente, mas continuar a
pisar no acelerador até o fundo, é um bom modo de provocar o superaquecimento dos
pistões e “fundir” o motor (FITZ-ENZ, 2001).
O mesmo autor afirma que o ponto de partida é conhecer especificamente qual é o
nosso objetivo, bem como o que os outros concorrentes estão fazendo. Essas
informações desdobram-se em requisitos de distância, direção e tempo. Em seguida,
precisamos especificar o tipo de informação que pessoas diferentes necessitarão para
controlar a corrida. Finalmente, temos de aprender como as pessoas, os sistemas de
dados e as informações interagem para impelir a rentabilidade.
Descemos ao patamar de perguntas utilizando onde, que, quem, quando e, como
conforme descrito por Fitz-enz (2001):
1. Onde queremos chegar?
2. Que dados precisamos capturar e administrar para alcançar a linha de
chegada?
3. Quem deverá gerar que dados?
4. Quando necessitaremos deles?
5. Como atingiremos isso de maneira mais eficiente e efetiva?
Quando analisamos alguma medida, estamos examinando um resultado, e não uma causa. Isso
ocorre com a metrificação do capital humano no nível da empresa, ou seja, é o mesmo que olhar
para as vendas brutas ou despesas operacionais. Essas medições são simplesmente o ponto final
de um grande número de atividades que ocorreram dentro da organização, muitas das quais
foram afetadas por forças externas.
Financeiro Humano
Movimentações
Processos de RH Implicações das mudanças
de RH
Composta pelo
número de
contratações e
substituições de
Taxa de admissão
novas posições
como A rotatividade muitas vezes não é percebida pela organização como
porcentagem da um evento custoso e desestabilizador. As organizações em sua
força de trabalho. maioria não entendem que o fato de uma pessoa sair pode estar
Composta pelo causando uma quebra na rotina e os funcionários remanescentes têm
número de de recobrar a velocidade de produção, até que haja a contratação de
desligamentos outro trabalhador, ou têm de dividir o trabalho entre si se essa
voluntários e situação foi gerada por um downsizing,
Taxa de
involuntários
desligamento
como
porcentagem do
número total de
funcionários.
Administração da
O custo do ordenado médio de um funcionário pode representar um
folha de
Gerenciamento acréscimo de mais de 100% para as organizações brasileiras,
pagamento,
de custos considerando a carga tributária e demais gastos que a empresa tem
custos gerais com
para manter seus funcionários.
tributos.
É neste momento que identificamos o valor agregado do capital
P lano de
humano e do retorno sobre o investimento do capital humano que
Gerenciamento incentivo e
as pessoas efetivamente ganham dinheiro para as organizações.
de investimentos benefícios e plano
Consequentemente, faze fundamental investir nelas e monitorar esse
de carreira.
investimento.
Esse investimento é o custo de todos os programas de ensino,
Área de
Investimento em capacitação e treinamento e desenvolvimento como porcentagem da folha de
desenvolvimento desenvolvimento pagamento. Neste ponto existe um problema, pois as organizações
de pessoal não fazem ideia, de fato, do que constitui o desenvolvimento de
de pessoas.
pessoal.
Fonte: elaborado pela autora com base em Fitz-enz (2001).
Tópico Resultado
“ Se o índice do custo de vida está aumentando e notamos que o preço de um dos nossos
componentes – o preço dos derivados de petróleo – está se elevando mais do que o dos outros
componentes, de que forma podemos reagir? Recorrendo ao mercado de commodities, podemos
examinar os contratos futuros para o petróleo e decidir em nossos próprios termos se o preço
provavelmente continuará a aumentar nos próximos 12 meses. Em seguida, podemos verificar os
boletins meteorológicos de longo alcance para o Meio-Oeste (se esse for o lugar em que
moramos), para saber se estamos prestes a ter um inverno rigoroso. Coincidentemente, se o
clima vai ser inoportunamente frio, o custo do óleo utilizado no aquecimento de casas irá
aumentar ainda mais. Essa situação conduz a uma decisão sobre acrescentar mais isolamento a
nossas casas para preservar o calor do ambiente”.
No entanto, ainda segundo o mesmo autor, o primeiro obstáculo no
desenvolvimento de um índice da gestão financeira do capital humano é a ausência de
dados históricos longitudinais e quantitativos nas organizações. Somente com a adoção
dessa prática de acompanhamento dos dados históricos é que conseguimos de forma
eficiente e eficaz alavancar o retorno sobre o investimento em capital humano. Fitz-
enz (2001) salienta que quase todo mundo concorda atualmente que as pessoas são o
recurso mais importante, resultando em oportunidades de alavancagem do
investimento.
Variáveis de
B ecker, Huselid e Ulrich (2001) Fitz-enz (2001)
mensuração
Características da força de trabalho: prontidão,
Colaboradores/ Indicadores estratégicos de satisfação,
compromisso, satisfação, porcentagem de
pessoas motivação.
terceirizados, nível de desempenho etc.
P rodutividade Indicadores estratégicos de Valor econômico agregado, receita bruta do
das pessoas produtividade. capital humano, ROI.
P essoas contribuem para os processos das áreas
P rocessos de
funcionais; portanto, avalia processos das áreas
pessoas
funcionais.
Estratégicos: essenciais a toda a
organização. Específicos:
Comportamentos
competências específicas de áreas
funcionais.
Capacitadores: práticas que
P ráticas de RH
contribuem para a estratégia
Resultados da P rodutos de RH: resultados que Resultados que contribuem para a estratégia e
área RH contribuem para a estratégia. medidas de eficiência da área.
Sistema de STAD – sistema de trabalho de alto
trabalho desempenho.
Externo: práticas de RH com
Alinhamento estratégia Interno: do sistema de RH –
as práticas entre si.
Fonte: elaborado com base em Becker, Huselid e Ulrich (2001) e Fitz-enz (2001).
Conta-se que uma empresa de calçado resolveu enviar dois vendedores para a Índia para realizarem
um estudo de mercado sobre a possibilidade de expandirem seus negócios por aquelas paragens…
Após sondar o cenário local um dos vendedores enviou um e-mail para a empresa: “ cancelem o
envio de sapatos, pois aqui na Índia ninguém usa sapatos”.
O segundo vendedor também enviou um e-mail: “ Tripliquem o envio de sapatos, pois aqui na Índia
ainda ninguém usa sapatos.”
A mesma situação que para um era motivo de crise, para o outro era uma excelente oportunidade de
crescimento…
Nas organizações isso é muito comum, acontece o todo tempo. P rincipalmente na área de RH, a
conversa com outras áreas da empresa para entender seus processos e desenvolver seus argumentos
enquanto parceiro estratégico ainda é pouco difundido. Muitas situações podem ser vistas como
oportunidades de crescimento e de agregação de valor para o RH, mas para isso ele precisa saber como
gerar valor através dos seus produtos.
REFERÊNCIAS
BECKER, Brian E.; HUSELID, Mark A.; ULRICH, Dave. Gestão estratégica de pessoas com “Scorecard”:
interligando pessoas, estratégia e performance. Rio de Janeiro: Campus, 2001.
FITZ-ENZ, Jac. Retorno do investimento em capital humano. São P aulo: Makron Books, 2001.
KAP LAN, Robert S.; NORTON, David P. Balanced Scorecard – A estratégia em ação. Rio de Janeiro:
Campus, 1997.
KAP LAN, Robert S.; NORTON, David P. Mapas estratégicos: convertendo ativos intangíveis em
resultados tangíveis. Rio de Janeiro: Campus, 2004. p. 229-248.
REZENDE, José Francisco de Carvalho. Balanced Scorecard e a gestão do capital intelectual: alcançando
a mensuração equilibrada na economia do conhecimento. Rio de Janeiro: Campus, 2003.
CAPÍTULO 8
PROGRAMAS DE ELEVADO DESEMPENHO EM RECURSOS
HUMANOS
Os projetos precisam ser orientados com foco estratégico para garantir que
estejam alinhados com o negócio da organização. Os projetos são instituídos, via de
regra, nas organizações por alguns dos motivos, listados a seguir, segundo M aximiano
(2002):
melhoria em produto;
novo produto;
melhoria interna;
mudança organizacional;
produto único;
gestão estratégica da empresa;
trabalhando com prazos e recursos limitados;
compartilhando recursos escassos.
Para o P MBOK (2004), o gerenciamento de projetos corresponde à aplicação de
conhecimentos, habilidades, ferramentas e técnicas, que, alinhadas ao projeto e seus
requisitos, identificam as necessidades de: estabelecimento de objetivos claros e
alcançáveis; balanceamento das demandas conflitantes de qualidade, escopo, tempo e
custo; adaptação das especificações, dos planos e da abordagem às diferentes
preocupações e expectativas das diversas partes interessadas.
Isso significa que você estimou completar uma tarefa hoje, que teve um custo estimado em R$
2.500,00. Mas você concluiu apenas 50% da tarefa. Assim, você cumpriu apenas R$ 2.500,00
do valor do trabalho, ao qual denominamos de EARNED VALUE (valor agregado ou valor
adquirido). O Papel da Patrocinador/Iniciador do Projeto – é quem fornece os recursos
financeiros para o projeto.
8.4.1 Apresentação
Dentro da apresentação do projeto devem ser descritas todas as suas
características. Para isso, observe a explicação dos itens que estão no Quadro 32, os
quais devem ser apresentados em forma de parágrafos.
Quadro 32 – Elementos para a formulação de projetos
8.4.7 Metodologia
A metodologia descreve as ferramentas e técnicas que serão utilizadas para
executar as atividades previstas no projeto, prevendo os passos para a realização de
cada atividade e detalhando o plano de trabalho. As ferramentas são sempre tangíveis,
produzem um produto ou resultado através e atividades planejadas, enquanto técnicas
são procedimentos sistemáticos que servem para realizar uma atividade a fim de
produzir um produto/serviço ou alcançar algum resultado que poderá agregar mais uma
ou mais ferramentas (P MI, 2004). A metodologia deve responder às seguintes
questões:
a. Como o projeto vai atingir seus objetivos?
b. Como iniciam as atividades?
c. Como serão coordenadas e gerenciadas as atividades?
d. Como e em que momentos haverá a participação e envolvimento
direto do grupo social?
e. Quais as tarefas que cabem à organização?
f. Como, quando e por quem serão feitas as avaliações intermediárias
sobre o andamento do projeto?
g. Como e em que momentos haverá a participação e o envolvimento
direto do grupo social?
h. Quais as tarefas que cabem à organização e ao grupo social?
i. Quais são as atividades de capacitação e treinamento? Seus conteúdos
programáticos e beneficiários?
j. Na disposição dos resultados, o que será objeto de divulgação, os
tipos de atividades, a abrangência e o público-alvo.
Nos projetos é preciso definir, além das atividades principais, os prazos, fixando
claramente as datas de início e de término de cada etapa, apresentando as ações para o
alcance de determinado objetivo e identificando o tempo necessário para a execução de
cada atividade.
8.4.9 Cronograma
O gerenciamento de tempo do projeto inclui os processos necessários para realizar
o projeto dentro do prazo esperado (P MI, 2004). Apresenta ainda a visualização da
sequência em que deve acontecer o projeto, conforme pode ser visto no exemplo do
Quadro 35.
Quadro 35 – Modelo de cronograma de projeto
Fonte: elaborado pela autora.
No entanto, existem três situações principais que devem ser consideradas com
relação ao perfil do projeto e seus objetivos. Alguns projetos não incluem retorno
financeiro, como os voltados a organizações sociais, mas necessitam de
monitoramento para adotar ações estratégias que gerem recursos, não somente
financeiros, mas também humanos. Outros projetos precisam garantir a sua
sustentabilidade após o seu término, e neste sentido deve-se descrever com que meios
e de que forma a organização e a comunidade envolvida planejam continuar as
atividades após o término dos recursos do projeto. Existem também projetos que
iniciam com a intenção de alavancar resultados financeiros. Esses necessitam ser
planejados para que a geração de renda ocorra com a sua implementação e exigem
estudos de mercado que contemplem os recursos necessários para o início das
atividades, quantidade de recursos antes, durante e depois da sua implementação,
custos diretos e indiretos, preço de mercado, mercado-alvo, condições de vendas e
análise de produtos concorrentes.
8.4.13 Conclusão
A elaboração da conclusão do projeto compreende uma análise crítica sobre os
resultados do desenvolvimento do projeto. Relaciona os processos que foram
necessários para garantir a sua execução ou planejamento. Quando existiu a
implementação do projeto, deve-se emitir relatório final que mostre as percepções, se
o desenvolvimento foi bem-sucedido e as lições finais aprendidas.
Considerações Finais
Chegando a fase de conclusão deste livro, percorremos um caminho com o objetivo de entender
como desenvolver um RH estratégico. Finalizamos este capítulo propondo uma metodologia básica
para a construção de um projeto de intervenção em Recursos Humanos. No entanto, o objetivo não é
esgotar todos os assuntos que aqui foram tratados, mas fornecer informações que possam embasar
qualquer gestor de Recursos Humanos para o desenvolvimento de ações estratégicas de RH que
estejam sempre alinhadas com as estratégias do negócio.
P ensar em projetos de elevado desempenho para RH significa perceber que o planejamento é a
maneira pela qual a estratégia é preparada e articulada. P lanejamento e estratégia andam juntos,
portanto conhecer os produtos de RH e de que forma agregam valor ao negócio é um ponto fundamental
deste nosso aprendizado. Aprendemos, portanto, que a estratégia deve estar contemplada totalmente
em todos os processos de gestão de pessoas, de forma a envolver os colaboradores na execução da
estratégia traçada pela organização.
Antonia dos Anjos tinha 15 anos de casa quando foi promovida para Gerente de RH da Aços
Fortes. Na realidade, seu cargo apenas mudara de nome, pois nada havia sido acrescentado em suas
antigas responsabilidades. Olhando ao seu redor, constatou que nada havia mudado na empresa
naqueles 15 anos. Todos seus colegas e subordinados faziam exatamente o mesmo – ou algo menos –
do que haviam aprendido quando ingressaram. O mundo mudara rapidamente, mas a Aços Fortes
continuava a mesma: uma empresa estática, parada no tempo, conservadora
e intraorientada. Antonia pensava que se os concorrentes fizessem o mesmo seria uma maravilha.
Ainda mais se o mercado permanecesse sempre o mesmo. Mas lia nos jornais que as outras empresas
seguiam disparadas na frente, com inovações nos produtos, qualidade nos serviços e intensa
participação dos funcionários. Ela não se conformava com a mesmice e o bitolamento da empresa. Se
você fosse essa gerente de RH, após tudo que aprendemos neste livro, como agiria nesta situação?
“ A criatividade é o principal papel dos negócios. Quando a criatividade é priorizada como um
princípio central das organizações nos negócios, não somente as inovações são incrementadas, mas,
também, a produtividade, a eficiência, a qualidade, o espírito de equipe e as vendas.”
REFERÊNCIAS
ALBUQUERQUE, L. G. Avaliação e mensuração de resultados em gestão de pessoas: um estudo com as
maiores organizações instaladas no Brasil. Revista de Administração da Universidade de São Paulo, v. 43,
n. 1, p. 5-16, jan./mar., 2008.
DUTRA, J. S. Gestão de pessoas: modelo, processos, tendências e perspectivas. São P aulo: Atlas, 2006.
FITZ-ENZ, Jac. Retorno do investimento em capital humano. São P aulo: Makron Books, 2001.
KOTLER, P hilip; KELLER, Kevin Lane. Administração de marketing. Tradução de Mônica Rosenberg,
Brasil Ramos Fernandes, Cláudia Freire; revisão técnica de Dílson Gabriel dos Santos. 12. ed. São P aulo:
P earson P rentice Hall, 2006.
P ROJECT MANAGEMENT INSTITUTE (P MI). Um guia do conjunto de conhecimentos em gerenciamento
de projetos. 3. ed. Newtown Square: P MI, 2004. 405 p.
HELDMAN, Kim. Gerência de projetos: P MP P roject Management P rofessional: guia para o exame oficial
do P MI. 2. ed. Rio de Janeiro: Campus, 2005.
MAXIMIANO, Antonio Cesar Amaru. Administração de projetos: como transformar ideias em resultados. 2.
ed. São P aulo: Atlas, 2002.
P MBOK. Um guia do conjunto de conhecimentos em gerenciamento de projetos. 3. ed. P roject
Management Institute, 2004.
VARGAS, R. Análise de Earned Value. 3. ed. São P aulo: Brasport, 2005.
UNIVERSIDADE DO VALE DO RIO DOS SINOS – UNISINOS
Reitor
Pe. Marcelo Fernandes de Aquino, SJ
Vice-reitor
Pe. José Ivo Follmann, SJ
E DITORA UNISINOS
Diretor
Pe. Pedro Gilberto Gomes, SJ
ISBN 978-85-7431-483-9
CDD 658.3
CDU 005.96
Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP)
(Bibliotecário: Flávio Nunes – CRB 10/1298)
Esta obra segue as normas do Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa vigente desde 2009.
Editor
Carlos Alberto Gianotti
Acompanhamento editorial
Mateus Colombo Mendes
A reprodução, ainda que parcial, por qualquer meio, das páginas que compõem este livro, para uso não
individual, mesmo para fins didáticos, sem autorização escrita do editor, é ilícita e constitui uma
contrafação danosa à cultura. Foi feito o depósito legal.
Sobre a autora
ELENISE ANGÉLICA MARTINS DA R OCHA Mestranda em Engenharia de Produção e Sistemas pela
Universidade do Vale do Rio dos Sinos (UNISINOS). Pós-graduada em Gestão e Desenvolvimento
Humano e em Informática Aplicada a Educação, pela Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande
do Sul (P UCRS). Graduada em Administração com Ênfase em Recursos Humanos pela UNISINOS.
Possui vínculo com a UNISINOS como professora nos cursos de graduação presencial e EAD e como
Coordenadora do Projeto GENTHE (Gestão com Enfoque em Talentos Humanos Estratégicos). Atua
como Coordenadora de Projetos Corporativos EAD no Instituto de Educação em Negócio (IEN ), como
Diretora e Consultora Organizacional nas áreas de Recursos Humanos, e-learning e Gestão de Serviços
na empresa Rocha Bado & Associados. Membro da Associação Brasileira de Educação a Distância
(ABED ).