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de Recursos Humanos
Introdução
Estabelecer objetivos de RH
Os objetivos dos Recursos Humanos devem corresponder aos objetivos traçados para os setores
de atuação dentro da missão da empresa, para os mercados onde já atua ou está analisando a possibi-
lidade de entrada.
A empresa bem-sucedida tem uma visão do que pretende, e essa visão trabalhada quanto a
seus propósitos e a seu modelo de gestão constitui a missão que fornece à empresa o seu impulso
e sua direção.
Avaliar o desempenho de RH
A missão da empresa1, os objetivos, a estratégia e a abordagem da implementação nunca finali-
zam porque sempre ocorrem novas situações que acarretam ajustes corretivos.
A gerência de Recursos Humanos tem a responsabilidade de procurar atingir um melhor desem-
penho, descobrindo meios de melhorar a estratégia existente e a maneira com que ela está sendo exe-
cutada; portanto precisa manter-se próxima de situações de mudança, a fim de revisar periodicamente os
objetivos de desempenho dos recursos humanos, a estratégia e as abordagens de execução da mesma.
O processo de gerenciamento
estratégico de Recursos Humanos
A ciência administrativa vem passando por gradativas e constantes mudanças; a cada dia, antigos
paradigmas são quebrados e surgem novos pensamentos.
Devido à crescente globalização e aos processos contínuos de transformação, surge a necessi-
dade de pessoas com formação sólida e generalista, com capacidade de adaptação ao mercado. Isso
porque se torna cada dia mais forte a pressão e a influência das forças ambientais externas na vida das
organizações.
Dentro desse contexto, a gerência estratégica de Recursos Humanos precisou passar por gradati-
vas transformações, surgindo a necessidade de mais funções, tendo em vista o contexto extremamente
complexo, com o aumento na instabilidade ambiental e a crescente competição entre as organizações.
A flexibilidade e a agilidade vêm tornando esses fatores imprescindíveis para fazer frente ao
processo de mudança que vem ocorrendo. Os gestores de Recursos Humanos precisam dedicar-se
menos à administração e mais ao gerenciamento estratégico. Precisam encarar seu trabalho corren-
te como parte de uma cadeia evolutiva e explicá-lo com mais autoridade. Ou seja, os gerentes de RH
precisam pensar mais no estratégico, no mercado competitivo.
Antes de qualquer coisa, a unidade de negócio de RH deve estar consciente da estrutura global
da organização, sua história, valores, caráter, negócio, forças e fraquezas, objetivos, estratégias e ter
muito claro o espaço negocial da unidade de negócio RH: produtos-mercados-tecnologias.
1 Missão é o porquê da existência de uma organização. Como o ambiente varia, ela pode e deve acompanhar esse ambiente.
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Deve-se fazer uma análise ambiental detalhada dessas informações, interna e externa da unida-
de. A análise ambiental deverá propiciar condições para identificação de oportunidades2 e ameaças3 no
meio externo da unidade e pontos fortes e fracos4 no âmbito interno da unidade.
De posse desses conhecimentos, a unidade de negócio de RH acha-se em condições de iniciar seu
processo de gerenciamento estratégico, que se desenvolve nas seguintes etapas básicas:
::: definições estratégicas;
::: programas de ação;
::: orçamentos;
::: acompanhamento de resultados.
A figura a seguir apresenta esses elementos e suas interligações.
Figura 1 – O processo de gerenciamento estratégico de RH
Orçamentos
Orçamentos
Sistemática de
Feedback
acompanhamento
2 Oportunidades são as circunstâncias favoráveis para melhoria do desempenho da unidade, presentes no ambiente externo à organização.
3 Ameaças são as circunstâncias adversas, percebidas e projetadas no ambiente externo à organização.
4 Pontos fortes são aqueles atributos que devidamente explorados caracterizam um diferencial estratégico positivo, e pontos fracos são aque-
les que, sem medidas saneadoras, caracterizam um diferencial estratégico negativo frente às necessidades e exigências da empresa.
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Definições estratégicas
São as definições de rumos estratégicos para o período temporal estabelecido e que deve com-
preender:
Programas de ação
Nessa etapa são estabelecidas as ações que deverão ser implantadas para o alcance das defini-
ções estratégicas.
As posições de excelência estratégica da unidade de RH, seus objetivos e estratégias são viabiliza-
dos através da criação e colocação dos produtos de RH junto ao seu mercado.
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As metas associadas ao RH devem ser definidas de forma clara e objetiva, assentadas em pa-
drões e indicadores de desempenho relevantes que permitam a aferição dos resultados pelos clien-
tes da unidade de RH.
Orçamentos
Orçamento é a expressão monetária dos recursos alocados e resultados esperados com a realiza-
ção dos programas de ação.
Deverão ser feitas e apresentadas projeções de despesas e investimentos que permitam uma
análise do desempenho futuro da unidade e conseqüente tomada de decisões nos níveis de responsa-
bilidade envolvidos.
Inicialmente, são feitas algumas projeções orçamentárias dos recursos estratégicos que indicam,
preliminarmente, as disponibilidades do negócio da unidade de RH.
Ao longo do processo de planejamento, novas projeções são elaboradas até que apresentem
resultados compatíveis com a potencialidade dos mercados e produtos de RH, dentro das orientações
estratégicas da organização.
Sistemática de acompanhamento
Finalmente o gerenciamento estratégico de RH prevê o acompanhamento das atividades cujo objeti-
vo principal é permitir uma avaliação contínua dos resultados obtidos em relação aos planejados.
Deve caracterizar-se por análises e decisões de correção de desvios e não pela simples cobrança
de resultados. Deve, então, prever antecipadamente possíveis desvios possibilitando correção em tem-
po hábil.
5 Metas são condições, eventos, resultados quantitativos ou qualitativos desejados, definidos de forma específica em termos de indicadores
de desempenho, prazos, recursos e responsáveis.
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Hoje em dia, a principal função da organização não consiste somente na produção de bens ou
serviços. Agora, o desafio das empresas é a aquisição e retenção de cliente e a realização de atividades
que levem os colaboradores a querer trabalhar nela.
A visão hegemônica difundida no mercado atual situa o endomarketing como uma atividade de apoio às demais tare-
fas da organização, caracterizado pela integração das pessoas através de informação coerente e rapidamente distribu-
ída, que objetiva despertar nos empregados uma sensação de “co-propriedade” sobre a empresa e com isso obter seu
comprometimento. (COSTA, 2003)
Dessa forma, as organizações concentram esforços em valorizar as pessoas que nela trabalham e
com isso obter a satisfação de seus colaboradores, por acreditar que os recursos humanos representam
um de seus principais diferenciais comparativos.
Dentre as formas de promover a motivação das pessoas, a prática de marketing interno ou sim-
plesmente endomarketing, como uma atividade de apoio às demais tarefas da organização é, provavel-
mente, a mais conhecida e mais difundida no mercado atual.
Queremos, neste tópico, apresentar uma visão de um novo conceito, demonstrando a consistên-
cia e a aplicabilidade que combina preocupação com as pessoas e foco em resultados operacionais,
tendo como premissa básica que a qualidade da relação das empresas com seu mercado e clientes é
uma conseqüência de sua relação com seu público interno.
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O que é endomarketing
O endomarketing é um instrumento de gestão que se utiliza da base do marketing tradicional,
para aplicação no ambiente interno das empresas, aliando-se aos conceitos de Recursos Humanos. Esta
área está ligada ao departamento de comunicação interna.
Bekin (1995) criou o termo endomarketing, e em sua obra Conversando sobre Endomarketing fala
sobre vários dos tópicos que Philip Kotler aponta (em Administração de Marketing), como o “marketing
interno das organizações”.
Para o autor, marketing interno ou endomarketing pode ser conceituado como “ações de Marke-
ting para o público interno – FUNCIONÁRIOS – das empresas e organizações” (BEKIN, 1995, p. 18).
Na prática, o estímulo adequado dos fatores motivacionais que cercam as pessoas ocorrerá
quando esses fatores estiverem estruturados em um processo gerencial que ocorre a partir da conclu-
são de que, ao existir um composto de marketing, é necessário que exista também um composto de
endomarketing, em que cada componente é correlato a um dos 4Ps6, demonstrados na figura a seguir:
Figura 2 – O composto do endomarketing
Ambiente
Empresa
Fluxo de benefícios Comunicação
Trabalho
Em que:
::: ambiente está para ponto, e possui duas dimensões: tangível e intangível. A primeira refere-se
às instalações físicas da empresa e a seus atributos, tais como ergonomia, iluminação, funcio-
nalidade, decoração e afins. A intangível reúne todos os aspectos pertinentes ao clima organi-
zacional, ou seja, às qualidades do ambiente interno, percebidas pelos membros da organiza-
ção que influenciam seu comportamento;
::: comunicação está para promoção, e significa o canal de informações entre empresa e seu pú-
blico interno. Trata-se da forma como a empresa “fala” às pessoas próximas e congrega os fato-
res constituintes: conceito, identidade visual, mensagem e objetivo;
::: empresa está para produto, logo, para a gestão de marketing interno, a empresa é, de fato, o
próprio produto “vendido” às pessoas, assim como tudo aquilo que a organização “entrega”
em troca do trabalho do indivíduo. Ou seja, caracteriza-se por um fluxo de benefícios constitu-
ído por fatores-chave, verificados cientificamente, como remuneração, status, aprendizagem,
perspectiva de crescimento, entre outros, considerando que ao “vender” a empresa às pessoas,
cada um desses fatores deverá ser evidenciado;
::: trabalho está para preço, pois significa o valor “pago” pelo indivíduo por tudo que recebe da
empresa. Portanto, quanto mais “cara” lhe for sua empresa, tanto maior será a qualidade de seu
trabalho, seu desempenho e, assim, sua motivação e comprometimento.
6 O composto mercadológico, composto de marketing, marketing mix ou simplesmente 4Ps (quatro pês) foi formulado primeiramente por
Jerome McCarthy em seu livro Basic Marketing (1960) e trata do conjunto de pontos de interesse para os quais as organizações devem estar
atentas se desejam perseguir seus objetivos de marketing. O composto é dividido em quatro seções, as quais são: Produto (do inglês, product),
Preço (do inglês, price) , Praça (do inglês, place) , Promoção do inglês promotion.
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Isso ocorre porque motivação não pode ser espontaneamente gerada, tampouco extraída atra-
vés de comunicação; ela é propriedade exclusiva e intransferível do indivíduo, podendo apenas ser
estimulada por uma série de fatores que, em conjunto ou combinados nas proporções certas, poderão
aumentar sua percepção de valor da sua motivação individual.
Quando o marketing interno é bem feito, o marketing externo será muito mais abrangente.
Basta perceber o que os empregados dizem das empresas classificadas pela revista Exame como
melhores empresas no Brasil para se trabalhar. Se cada empregado for multiplicador da boa ima-
gem da empresa, os produtos fabricados por ela também serão bem aceitos pelos seus clientes.
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Texto complementar
RH na ponta do lápis
O americano Jac Fitz-enz, pai da mensuração estratégica em RH, alfineta os executivos que ainda não
sabem mostrar o resultado de seu negócio e fala sobre o futuro da área.
(FITZ-ENZ, 2008)
Quando, em 1978, ele fundou o Saratoga Institute e propôs métricas para as atividades da
área de Recursos Humanos, muita gente não o levou a sério. Hoje, Jac Fitz-enz, norte-americano do
estado de Illinois, é reconhecido mundialmente como o “pai” da análise e mensuração estratégica
do capital humano e já foi considerado pela Society for Human Resource Management (SHRM),
maior associação profissional dedicada ao gerenciamento de Recursos Humanos, um dos 50 nomes
que, nos últimos 50 anos, mudaram significativamente a gestão de pessoas. Desde 2003, o autor
de mais de 225 artigos e oito livros sobre gestão e mensuração (entre eles o clássico Retorno do
Investimento em Capital Humano – medindo o valor econômico do desempenho dos funcionários, da
Editora Makron Books) comanda a Human Capital Source, que fornece soluções para diversas fases
do gerenciamento de Recursos Humanos. Nesta entrevista que concedeu à reportagem da Você S/A
RH durante sua passagem por São Paulo, em agosto, “Dr. Jac”, como é conhecido, fala das mudan-
ças que a área sofreu nos últimos anos e da tendência da terceirização que, segundo ele, é cada vez
mais evidente no mundo todo. Como fica o profissional de RH no meio de tudo isso? Veja o que ele
diz a seguir.
Quais são os principais desafios da área de RH atualmente?
O RH já entendeu que é parte integral do negócio, e não apenas um departamento que traba-
lha isolado em algum canto da empresa. Com isso, hoje tem de enfrentar vários desafios. O primeiro
é tornar-se um prestador de serviços dentro da própria organização. Outro, é aprender a agir como
parte do negócio, uma área que saiba descrever seus serviços e que tenha ferramentas para medir
quais são os custos, os prazos e a satisfação do cliente interno com as entregas. Mais um grande
desafio é entender que, para fazer parte do negócio realmente, o RH precisa aprender a aconselhar
pessoas e oferecer um trabalho de consultoria apoiado na sua expertise em gerenciamento de ca-
pital humano.
Mas ainda é um desafio para o RH mostrar resultados de negócios?
Nos últimos 15 anos, têm surgido livros e artigos sobre isso. Eu também ofereço seminários
sobre a questão no mundo todo (em seus estudos, Fitz-enz revela como traçar os caminhos que
vinculam os objetivos de RH ao lucro da empresa). A metodologia está aí, o que falta é disciplina
por parte de algumas pessoas para aprender como fazer e, então, começar a colocar tudo isso em
prática, com tentativas e erros, até encontrar o que funciona melhor para suas empresas.
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Atividades
1. O que você entende por gerenciamento estratégico de Recursos Humanos?