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TÍTULO

Investigações estéticas na educação infantil: relato de experiência de práticas de ateliê


com crianças de 3 a 5 anos

Eixo Temático: Artes, corporeidades e sensibilidade estética

Autores/as: Arthur Batista Cordeiro1; Érika Lemos Pereira da Silva 2; Luciana Finco
Mendonça3; Thaís Spínola Afonseca4

Palavras-chave: Artes Visuais; Educação Infantil; A/r/tografia; Prática Artística;


Processo Criativo.

Resumo: Este relato objetiva compartilhar o percurso de algumas experimentações em


Artes Visuais junto às crianças do Centro de Referência em Educação Infantil Realengo
(CREIR), Colégio Pedro II. As práticas artísticas foram realizadas nas primeiras
semanas de atuação pedagógica do/as docentes de Artes Visuais, partindo de
investigações sensoriais e visuais do elemento natural ‘alecrim’, percorrendo diferentes
linguagens (desenho, colagem, modelagem e pintura), a fim tecer os primeiros vínculos
e olhares junto às crianças. Os pressupostos teóricos que têm norteado esse trabalho
inicial perpassam a Arte como Experiência (DEWEY, 2010) e a A/R/Tografia (DIAS;
IRWIN, 2013).

1
Coordenador e Professor de Artes Visuais – CREIR / Colégio Pedro II; Mestre em Práticas de Educação
Básica/ CPII. Lattes: http://lattes.cnpq.br/8181749893688420. E-mail: arthur.cordeiro.1@cp2.edu.br.
2
Professora de Artes Visuais – CREIR / Colégio Pedro II. Especialista em Gestão e Produção Cultural/
UCAM/ABGC. Lattes: http://lattes.cnpq.br/1871800980907460. E-mail: erika.silva.1@cp2.edu.br.
3
Professora de Artes Visuais – CREIR Colégio Pedro II; Mestra em Artes Visuais/ UDESC; Lattes:
http://lattes.cnpq.br/5538920236870426. E-mail luciana.mendonca.1@cp2.edu.br.
4
Professora de Artes Visuais – CREIR / Colégio Pedro II; Doutoranda em Educação/UFRJ; Lattes:
http://lattes.cnpq.br/8355650843442005. E-mail: thais.afonseca.1@cp2.edu.br.
Introdução

Interagir e brincar! São estes os eixos estruturantes das práticas pedagógicas para
a Educação Infantil, conforme a BNCC. Desse modo, entendemos que, na infância, o
cotidiano se faz por meio das brincadeiras, da criatividade e das interações (com pessoas
adultas, com outras crianças e com o ambiente). Nessa perspectiva, enquanto docentes,
acreditamos que promover dispositivos e situações que possibilitem às crianças terem
suas experiências de aprendizagem e socialização - no âmbito das Artes, suas
experiências estéticas -, sejam fundamentais.

Breve relato do percurso

O ensino de Artes Visuais contribui significativamente para a Educação Infantil


uma vez que promove os direitos de aprendizagem e desenvolvimento da infância
(conviver, brincar, participar, explorar, expressar, conhecer-se), no contato das crianças
com as linguagens artísticas, na dimensão do investigar, experimentar, conhecer e criar,
especialmente a partir de uma concepção estética, lúdica e brincante. O fazer|pensar
Arte, conhecer diferentes produções culturais, materiais e materialidades, artistas e seus
processos criativos, juntamente com o brincar, ofertam “condições para que as crianças
aprendam em situações nas quais possam desempenhar um papel ativo em ambientes
que as convidem a vivenciar desafios e a se sentirem provocadas a resolvê-los, nas quais
possam construir significados sobre si, os outros e o mundo social e natural” (BRASIL,
2018).
Com nossa chegada ao Colégio Pedro II, compondo a nova equipe de Artes
Visuais do CREIR, em setembro de 2023, bem como a possibilidade de desenvolvermos
práticas pedagógicas colaborativas no formato de bidocência, notamos que havia entre
nós interesses convergentes sobre o fazer|pensar Arte. Assim, tem nos envolvido refletir
sobre os processos de criação (individual e coletivo) no contexto da infância; a infância
e o ateliê de Artes Visuais; em como os percursos da prática docente|artística na escola
derivam para o contexto da pesquisa em/sobre Arte Educação.
Assim, temos estudado e refletido sobre questões que emergem do nosso
contexto de atuação docente, como: a) a poética da infância e seus percursos estéticos;
b) modos de compor o ateliê de Artes Visuais para/com as crianças; c) como registrar
pedagogicamente e artisticamente as “cenas” de ateliê que florescem do processo
criativo e da interação entre as crianças e o fazer|pensar Arte - experimentações,
surpresas, encantamentos, descobertas, perguntas, hipóteses, narrativas, brincadeiras etc.
Foi então que nas primeiras semanas de aula e ambientação (nossa e das
crianças), dentre as inúmeras possibilidades de materiais e linguagens artísticas que
podem compor as práticas de ateliê, partimos da coleta de um elemento natural - o
alecrim, uma vez que este poderia ser investigado visualmente (gramática visual, cor,
textura) e sensorialmente (aroma, textura, sabor etc) pelas crianças.
Percorremos diferentes práticas: desenho de observação (na vertical) com giz de
cera; modelagem de observação com massinha de modelar; colagem de observação com
linhas; experimentação em pintura com pincel de alecrim e tinta guache de cores
diversas. As práticas, além de artísticas, objetivaram promover vivências dialógicas, a
partir de rodas de conversa e cantorias, que promovemos a cada encontro ao passo que
aprofundávamos as investigações sobre o elemento alecrim e apreciávamos as
produções artísticas, num fruir dinâmico, brincante e acolhedor para as crianças que há
pouco nos conheciam.
Para dialogar com nossas inquietações pedagógicas|artísticas, ampliando nossos
saberes e qualidade no ensino de Artes Visuais junto às crianças que acabávamos de
conhecer, nos aproximamos do que tece Dewey (2010) em “Arte como Experiência” e
do método a/r/tográfico a partir dos estudos de Dias e Irwin (2013).
O primeiro tem nos interessado porque entende que à Arte cabe existir nas
coisas do cotidiano, próxima de nós, uma vez que ela faz parte do próprio processo do
viver, da nossa experiência estética com o meio; percebe-se que a pedagogia deweyana
não separa vida e Educação, vida e Arte, Educação e Arte. O segundo, pois se trata de
um método de Pesquisa Educacional Baseada em Artes (A/R/Tografia: metáfora para
Artist, Researcher, Teacher), compreendendo a prática artística como um instrumento
de investigação, associado à pesquisa, à docência e aos registros (textuais e visuais) que
emergem/são criados desse amálgama - o que para nós está vivo e pungente no
cotidiano do ateliê de Artes Visuais junto às crianças, no CREIR.

Referências
ANTONIO, Severino. TAVARES, Kátia. A poética da infância: conversas com quem
educa as crianças. Cachoeira Paulista/SP: Editora Passarinho, 2019.
BARBOSA, Ana Mae. John Dewey e o ensino de Arte no Brasil. São Paulo: Cortez,
2015.

BRASIL. Ministério da Educação. BNCC. Brasília: MEC, 2018. Disponível em:


http://basenacionalcomum.mec.gov.br/images/BNCC_EI_EF_110518_versaofinal_site.
pdf. Acesso em: 08 de outubro de 2023.

DEWEY, John. Arte como Experiência. São Paulo: Martins Fontes, 2010.

DIAS, Belidson. IRWIN, Rita L. (org.). Pesquisa Educacional Baseada em Arte:


a/r/tografia. Santa Maria: UFSM, 2013.

GANDINI, Lella et al. O papel do ateliê na educação infantil: a inspiração de Reggio


Emilia. 2ed. Porto Alegre: Penso, 2019.

OFICINA

Tema: Ensino de Arte na Educação Infantil: Prática de Ateliê com alecrim

Título: Fruir/Fazer/Pensar: pintar com alecrim na educação infantil

Por: Arthur Batista Cordeiro; Érika Lemos Pereira da Silva; Luciana Finco Mendonça; Thaís
Spínola Afonseca

Materiais Necessários: Bloco Desenho Branco A3 180g/m (CANSON) 60 folhas, Tempera


Guache Acrilex 500ml (Azul, Amarelo, Magenta, Branco e Preto), Palitos de Churrasco,
Barbante, Lápis 6b, 5 godês plásticos, 2 vasos de alecrim (plantados)

Sinopse: A atividade consiste na demonstração do pensamento estético numa prática com o


uso de ramos de alecrim. Convidamos os participantes a uma experiência de ensino em um
corpo ativo (GONÇALVES, 1994) ao acionarmos diversos órgãos dos sentidos (tato, olfato,
visão, paladar e audição) de uma só vez. Nesse exercício artístico passaremos do desenho de
observação à pintura. Chamados a aprimorar nosso pensamento investigativo além do
racional, tal qual o cheiro de um ramo de alecrim, as investigações tomarão um livre curso de
criatividade na exploração dos desenhos, das memórias e - transformado em um pincel - na
criação de pinturas.

A oficina será oferecida a partir de pressupostos teóricos-práticos específicos da Arte.


Como nos explica ZAMBONI (1998) reafirmado por HUBERMAN (2013), a prática artística é
uma atividade humana que toca áreas além da racionalidade. Em função disso, na educação, o
ensino de artes contempla uma importante esfera do pensamento técnico e intuitivo. Desse
modo, ao levarmos o ensino de Artes à E.I. contribuímos para uma formação integral da
criança.

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