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Relatório do Software Anti-plágio CopySpider


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Instruções
Este relatório apresenta na próxima página uma tabela na qual cada linha associa o conteúdo do arquivo
de entrada com um documento encontrado na internet (para "Busca em arquivos da internet") ou do
arquivo de entrada com outro arquivo em seu computador (para "Pesquisa em arquivos locais"). A
quantidade de termos comuns representa um fator utilizado no cálculo de Similaridade dos arquivos sendo
comparados. Quanto maior a quantidade de termos comuns, maior a similaridade entre os arquivos. É
importante destacar que o limite de 3% representa uma estatística de semelhança e não um "índice de
plágio". Por exemplo, documentos que citam de forma direta (transcrição) outros documentos, podem ter
uma similaridade maior do que 3% e ainda assim não podem ser caracterizados como plágio. Há sempre a
necessidade do avaliador fazer uma análise para decidir se as semelhanças encontradas caracterizam ou
não o problema de plágio ou mesmo de erro de formatação ou adequação às normas de referências
bibliográficas. Para cada par de arquivos, apresenta-se uma comparação dos termos semelhantes, os
quais aparecem em vermelho.
Veja também:
Analisando o resultado do CopySpider
Qual o percentual aceitável para ser considerado plágio?

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Arquivos Termos comuns Similaridade


TCC DOC 4.docx X 280 3,77
https://www.valladao.com.br/blog/lei-e-as-redes-sociais-tire-
suas-duvidas-sobre-o-alcance-do-direito-no-mundo-virtual
TCC DOC 4.docx X 280 3,77
http://www.valladao.com.br/blog/lei-e-as-redes-sociais-tire-
suas-duvidas-sobre-o-alcance-do-direito-no-mundo-virtual
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https://repositorio.pucgoias.edu.br/jspui/bitstream/123456789/1
819/1/A Responsabilidade Civil das Fake News.pdf
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https://brasilescola.uol.com.br/curiosidades/o-que-sao-fake-
news.htm
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w/940/775
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https://www.contabilivre.com.br/blog/registro-empresarial-o-
que-voce-precisa-saber-antes-abrir-empresa
TCC DOC 4.docx X 12 0,16
https://www.contabeis.com.br/noticias/41821/qual-e-o-prazo-
para-guardar-os-documentos-da-sua-empresa
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https://www.encontrandorespostas.com/article/contact-amazon-
seller-central-310d958b33bc537b-
5?utm_content=params%3Ao%3D1673074%26ad%3DdirN%26
qo%3DserpIndex&utm_source=grs-expanded-
v1&ueid=1f34f15f-f107-4918-89b9-fdc0e1b41d92
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redes/post/cgu-utiliza-e-mail-institucional-para-convidar-
servidores-acompanhar-live-de-bolsonaro-no-facebook.html
TCC DOC 4.docx X 2 0,02
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Arquivos com problema de download
https://www.researchgate.net/publication/342621883_FAKE_N Não foi possível baixar o arquivo. É
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graduate-honors-f3ee278edbae053- recomendável baixar o arquivo
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qo%3DserpIndex&utm_source=grs-expanded- conluio (Um contra todos). - Erro: Parece
v1&ueid=27636acb-6e93-4eb5-84f1-52e2513cf12c que o documento não existe ou não pode
ser acessado. HTTP response code: 403 -
Server returned HTTP response code:
403 for URL:
https://www.encontrandorespostas.com/ar
ticle/gpa-need-graduate-honors-
f3ee278edbae053-
3?utm_content=params%3Ao%3D167307
4%26ad%3DdirN%26qo%3DserpIndex&u
tm_source=grs-expanded-
v1&ueid=27636acb-6e93-4eb5-84f1-
52e2513cf12c
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manualmente e realizar a análise em
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Server returned HTTP response code:
500 for URL:
https://idstore.com.br/registros-das-
empresas-por-quanto-tempo-manter

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Arquivo 1: TCC DOC 4.docx (6035 termos)
Arquivo 2: https://www.valladao.com.br/blog/lei-e-as-redes-sociais-tire-suas-duvidas-sobre-o-alcance-do-
direito-no-mundo-virtual (1656 termos)
Termos comuns: 280
Similaridade: 3,77%
O texto abaixo é o conteúdo do documento TCC DOC 4.docx (6035 termos)
Os termos em vermelho foram encontrados no documento https://www.valladao.com.br/blog/lei-e-as-
redes-sociais-tire-suas-duvidas-sobre-o-alcance-do-direito-no-mundo-virtual (1656 termos)

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PROJETO DE LEI DAS FAKE NEWS X LIBERDADE DE EXPRESSÃO: UMA ANÁLISE DO PROJETO DE
LEI 2630/2020

Nadyele Neves Cerqueira


Orientadora: Fernanda Oliveira Santos

ARACAJU ? SERGIPE
2023

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NADYELE NEVES CERQUEIRA

PROJETO DE LEI DAS FAKE NEWS X LIBERDADE DE EXPRESSÃO: UMA ANÁLISE DO PROJETO DE
LEI 2630/2020

Trabalho de Conclusão de Curso ? Artigo ? apresentado ao Curso de Direito da Universidade Tiradentes ?


UNIT, como requisito parcial para obtenção do grau de bacharel em Direito.

APROVADO EM ____/____/____

BANCA EXAMINADORA

__________________________________________________________________
Professor Orientador: Fernanda Oliveira Santos
Universidade Tiradentes

__________________________________________________________________
Professor Examinador
Universidade Tiradentes

__________________________________________________________________
Professor Examinador
Universidade Tiradentes

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PROJETO DE LEI DAS FAKE NEWS X LIBERDADE DE EXPRESSÃO: UMA ANÁLISE DO PROJETO DE
LEI 2630/2020
FAKE NEWS BILL X FREEDOM OF EXPRESSION: AN ANALYSIS OF BILL 2630/2020

Nadyele Neves Cerqueira¹


RESUMO
O presente artigo tem por objetivo a análise do projeto de lei das fakes news sob o prisma do direito dos
danos, com enfoque relacionado a divulgação da Fake News na política, verificando-se a existência, ou
não, de danos diversos advindos da conduta de disseminar notícias falsas, bem como a responsabilidade
civil de quem propaga. Neste estudo, buscou-se evidenciar as implicações das Fake News, principalmente
, no que se refere aos direitos fundamentais, com foco especial para o direito fundamental à liberdade de
expressão. Quanto aos aspectos metodológicos, utilizou-se o método sociológico de interpretação e a
metodologia de pesquisa do tipo pesquisa bibliográfica.

PALAVRAS-CHAVE: Notícias falsas; responsabilidade civil; política; liberdade de expressão.

ABSTRACT
The purpose of this article is to analyze the fakes news bill under the prism of damages law, with a focus on
the dissemination of Fake News in politics, verifying the existence, or not, of various damages arising from
the conduct of disseminating false news, as well as the civil liability of those who spread it. This study
sought to highlight the implications of Fake News, especially with regard to fundamental rights, with a
special focus on the fundamental right to freedom of expression. As for the methodological aspects, we
used the sociological method of interpretation and the research methodology of bibliographical research.
KEY WORDS: Fake news; civil liability; policy; freedom of expression;

¹ Graduando(a) em Direito pela Universidade Tiradentes - UNIT. E-mail (institucional preferencialmente):


nadyele.neves@souunit.com.br
1-INTRODUÇÃO
O presente artigo tem como objetivo a análise acerca das fakes news, que são consideradas um
fenômeno da era das novas tecnologias de informação e comunicação (NTIC), consistindo na propagação
de notícias falsas de forma rápida e que possuem o intuito de prejudicar um grupo ou uma pessoa em
específico, provocando assim inúmeras controvérsias e reflexões sobre o respectivo tema. (ALVES;
MACIEL, 2020)
Por meio de uma pesquisa bibliográfica, foi possível identificar os efeitos atribuídos às fake news, bem
com avaliar suas consequências na política, a responsabilidade civil de quem propaga, expondo a
necessidade de garantir que as medidas adotadas contra essas notícias falsas não afetem a liberdade de
expressão e o direito à informação.
Desta forma, trouxe inicialmente uma análise sobre o tema e seu impacto na sociedade e, em seguida,
uma pesquisa acerca do Projeto de lei das fakes news (PL 2630/2020), bem como um estudo detalhado
acerca da violação do direito fundamental da liberdade de expressão vinculados a essa prática de
propagação de notícias falsas, respondendo assim a seguinte questão: o Projeto de lei das fake news viola
o direito à liberdade de expressão?
Desde que a internet surgiu, abriu as portas para novos desenvolvimentos tecnológicos, transformando

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assim o modo como vivemos e nos relacionamos, de forma que contribuiu para a relação entre os
indivíduos da sociedade. Inicialmente, o seu principal objetivo era a troca de informações (SOUZA, 2020).
No entanto, acabou se tornando um espaço que facilitou a divulgação de notícias falsas, justamente por
ser um ambiente mais livre de comunicação, sem tanta regulamentação.
Com aproximadamente 7,6 bilhões de pessoas no mundo, em torno de 4 bilhões têm acesso à internet e
2,9 bilhões são usuárias de redes sociais. Uma pesquisa feita pela Poynter Institute, em 2022, revela que
quatro em cada dez brasileiros afirmam receber fake news diariamente e apontou ainda que mais da
metade dos entrevistados, provenientes de diferentes países, acreditam receber informações enganosas
online toda semana. Além disso, o Brasil é o país em que mais pessoas acreditam em fake news, segundo
informações extraídas no portal do Tribunal de Justiça do Estado do Paraná sobre o perigo da fake news,
um estudo divulgado pelo Instituto Mundial de Pesquisa (IPSO, 2018), mostrou que no Brasil 62% dos
entrevistados admitiram já ter acreditado em notícias falsas, mesmo sem verificar a veracidade da
informação ou mesmo a sua origem, sendo este um número acima da média mundial, que é de 48%.
As fake news se destacam principalmente na área política, onde tem-se percebido que parte da sociedade
vem tendo dificuldade para saber o que é verdade ou é uma notícia falsa, principalmente em ano eleitoral
, onde governos autoritários se utilizam desse artifício para obter aprovação popular, por meio de um
discurso e aparência mentirosa de um governo democrático, causando um dano nocivo ao direito da
liberdade, da informação e aos direitos humanos, uma vez que o acesso à informação correta é um direito
dos cidadãos e é fundamental para fazer as escolhas políticas. Ademais, o anonimato proporcionado no
ambiente da internet intensifica a violência e o discurso de ódio através das fake news. (MACHADO, 2021)
Além disso, a indústria das fake news também impacta na inserção das mulheres na política. De acordo
com a Plan International, 87% das meninas e jovens mulheres sofrem efeitos negativos de fake news. O
Instituto Política de Saia, em parceria com o Projeto Justiceiras, em sua pesquisa com mais de 1.190
mulheres, verificou que mais de 51% das entrevistadas passaram por situações de violência ou
discriminação, na qualidade de eleitoras ou no exercício do seu mandato.
É nesse cenário caótico que surge o Projeto de Lei 2630/2020, apelidado como ?PL das fake news?,
inspirado na legislação alemã e apresentado pelo senador Alessandro Vieira com a justificativa de
combater as fakes news. Porém, existem alguns pontos contraditórios neste projeto, no qual organizações
e movimentos da sociedade civil afirmam que podem afetar a privacidade e a liberdade de expressão dos
usuários da internet.
Portanto, visando compreender os efeitos das notícias falsas na política do século XXI, tem-se aqui como
estudo o entendimento do projeto de lei das fake news, bem como do direito fundamental liberdade de
expressão. Este trabalho de conclusão de curso está dividido em três capítulos. A primeira seção passa
por uma análise do conceito e efeitos da fake news, bem como o estudo da responsabilidade civil de quem
propaga. A segunda pretende discorrer sobre a liberdade de expressão. E a terceira trata-se de um
estudo de um caso que permeia nossa realidade, onde será analisado o projeto de lei das fake news e a
liberdade de expressão.

2 - FAKE NEWS: UM FENÔMENO DA ERA DIGITAL


Fake News são notícias falsas com um grande poder viral, publicadas em redes sociais como se fossem
informações reais, tendo o objetivo de propagar um ponto de vista ou prejudicar uma pessoa ou grupo
(geralmente figuras públicas) (CAMPOS, 2018).
O termo Fake News ganhou força mundialmente em 2016, com a corrida presidencial dos Estados Unidos
, onde organizações empregavam jovens para produzir e espalhar informações falsas sobre candidatos e

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empresas dos Estados Unidos. Porém apesar do recente uso do termo Fake News, ela sempre esteve
presente ao longo da história, o que mudou foi a nomenclatura, o meio utilizado para divulgação e o
potencial de persuasão que o material falso adquiriu nos últimos anos (DOURADO,2020, p.2). Segundo o
historiador Robert Darnton, em entrevista concedida ao jornal Folha de São Paulo, existem ao menos
desde o século VI (VICTOR, 2017).
Segundo a linha de pensamento de Chen, Conroy e Rubin (2015, p.19), a produção e veiculação de Fake
News constituem um verdadeiro mercado, no qual é alimentado por pessoas de grande influência,
geralmente políticos em campanha eleitoral, onde contratam equipes especializadas nesse tipo de
conteúdo viral e produtores desse conteúdo falso compram ilegalmente endereços de e-mail e números
de telefone celular de milhões de pessoas para ?disparar? essas notícias, e ainda existe a preferência por
contatos de líderes religiosos ou de movimentos políticos, já que eles repassam aos seus seguidores e
pedem que a informação seja compartilhada e para legitimar as Fake News, as páginas que produzem e
divulgam esse tipo de informação costumam misturar as publicações falsas com a reprodução de notícias
verdadeiras de fontes confiáveis e ainda utilizam montagens em vídeos e imagens, tendo em vista que os
usuários da internet são muito visuais, por isso, uma foto manipulada ou fora de contexto pode ser
facilmente divulgada como verdadeira.
Chiara Spadaccini de Teffé e Carlos Affonso Pereira de Souza (2019, p. 542) esclarecem sobre a
propagação de Fake News, que:

A divulgação de informações falsas ou distorcidas não é um problema novo, mas a disseminação em


massa desse conteúdo através da Internet e seu impacto na política vêm chamando atenção. Após 2016,
com as diversas notícias falsas divulgadas durante as eleições norte-americanas e as discussões sobre o
referendo que decidiu pela saída da Grã-Bretanha da União Europeia, verificou-se a emergência de se
entender o que seriam as chamadas fake news e como elas poderiam ser combatidas sem se prejudicar
as liberdades fundamentais e a diversidade de opiniões.
Segundo levantamento feito pela Folha de São Paulo, em 2018, as páginas de Fake News têm maior
participação dos usuários de redes sociais do que as de conteúdo jornalístico real. De 2017 a 2018, os
veículos de comunicação tradicionais apresentaram queda de 17% em seu engajamento, enquanto os
propagadores de fake news tiveram um aumento de 61%. (CAMPOS, 2018)
A propagação de informações falsas, fotos, vídeos manipulados e publicações duvidosas são atos
perigosos que causam efeitos negativos que podem ocasionar o linchamento de inocente, o aumento de
questões de saúde pública, como a propagação de movimentos de antivacinação, o aumento da
homofobia, xenofobia, violência e do preconceito racial.
No Brasil, um dos exemplos mais críticos sobre a seriedade da propagação de fake news foi o
episódio envolvendo a brasileira Fabiane de Jesus, onde em 2014 teve sua foto divulgada em redes
sociais, de forma equivocada, como sendo a de uma criminosa que raptava crianças, levando-a a um
linchamento coletivo na cidade de Guarujá e até hoje a família da vítima luta para que os danos sejam
minimamente reparados (UOL NOTÍCIAS, 2018).

2.1 - Fake News na política


A eleição presidencial de 2018 no Brasil ficou marcada com uma das disputas políticas mais conturbadas
desde o processo de redemocratização. Entre os componentes desse ineditismo esteve a disseminação
em rede de notícias falsas direcionadas ao eleitorado, atrapalhando de alguma forma o exercício do voto.
De acordo com levantamento divulgado pelo Instituto IDEIA Big Data, mais de dois terços dos eleitores

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afirmaram ter recebido fake news pelo WhatsApp durante a campanha presidencial de 2018 e segundo
levantamento divulgado pelo Instituto de Pesquisa Avaaz, 98,21% dos eleitores do então candidato Jair
Bolsonaro (PSL) tiveram contato com notícias falsas durante a disputa e 89,77% deles acreditaram que
tais notícias eram verdadeiras (PASQUINI, 2018).
Dessa maneira, inúmeras pessoas, firmaram o seu voto, baseadas em histórias, dados e alterações falsas
, distorcidas e sem qualquer comprovação, com a finalidade de tumultuar o processo eleitoral, podendo
trazer consequências para o futuro do país, uma vez que, pessoas desinformadas, tomam más decisões.
Deste modo, a legitima informação é excepcional no que se refere à tomada de decisões.
Apesar de serem prejudiciais, geralmente não é fácil descobrir uma notícia falsa. De acordo com Quirós,
em meio ao cenário atual do jornalismo estão as fakes news difundidas nas redes sociais, na qual
antigamente pudessem ser chamadas de rumores, sátiras e propagandas, tendo um forte impacto pela
grande divulgação e por encontrarem receptores aptos a aceitarem sem contestar a informação. Estas
notícias falsas ganham credibilidade e força dependendo daqueles que as propagam e sua influência na
rede (QUIROS, 2017, p.37).
As notícias falsas rapidamente se espalham, tendo em vista que costumam ser emocionalmente atraentes
ou reforçam algum ideal político que ajudam alimentar crenças e por isto são amplamente compartilhadas
e comentadas antes mesmo que os usuários chequem as devidas fontes da informação. Portanto, quem
acreditava que a notícia era verdadeira passou a cooperar com a disseminação da mesma. Para
disseminar as fakes news, o processo é corriqueiro e na maioria das situações, utiliza-se um grupo de
usuários que tenham o mesmo pensamento ideológico, para reforçar a corrente da opinião pré- existente.
De acordo com Martinez, o Estado tende a se preocupar cada vez mais com o controle e a veiculação de
notícias falsas, tendo em vista que o detentor da informação (especialmente dados sigilosos) poderá
manipular a opinião pública, inclusive em relação a assuntos políticos e estratégicos da maior
complexidade e relevância. Ampliando assim, portanto, a preocupação não só dos governantes, mas,
também, dos próprios governados, em relação à disseminação de informações falsas sobre fatos e
personalidades públicas relacionados ao universo político, social e econômico, de modo a influenciar
negativamente a opinião pública. Ressalta-se também que as informações falsas têm por objetivo
desvirtuar a verdade das informações repassadas e em grande maioria, sem que se saiba a origem do
financiamento de tais notícias. Há apontamentos de ocorrência de fake news na política nacional a partir
de 2010; bem como é de conhecimento público a possibilidade de manipulação das eleições de Donald
Trump, nos EUA. (MARTINEZ; NASCIMENTO JUNIOR, 2018).
Neste contexto, especialmente no Brasil, grupos de diferentes ideologias políticas começaram a espalhar
fake news para desacreditar os representantes políticos ou candidatos, um exemplo disso foi as eleições
do ano de 2018, no qual a pesquisadora Tatiana Dourado mostrou que em outubro no segundo turno de
2018, as fakes news refletiram a disputa eleitoral acirrada entre Fernando Haddad e Jair Bolsonaro e que
ela registrou a circulação de 346 fake news nesse período. Portanto, uma estratégia de manipulação da
informação foi formulada para dar ao eleitor um determinado status ideológico, ou seja, para influenciar o
campo político. (DOURADO, 2020, p. 131).
Dessa maneira, os eleitores de partidos ou candidatos precisam ter consciência antes de compartilhar as
informações, uma vez que, as notícias falsas afetam a capacidade das pessoas de fazerem um voto
consciente e embasado com informações verdadeiras.

2.2 - Responsabilidade Civil de quem propaga


As Fakes News em decorrência da transformação do acesso aos meios de comunicação, ganham a cada

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dia uma propagação maior, sendo sustentadas pela grande demanda de informações. Assim, de forma
maliciosa, as informações inverídicas e sensacionalistas são inseridas nas redes sociais, para que sejam
compartilhadas e difundidas entre todos os usuários.
Surgindo assim o debate sobre a responsabilidade civil de quem propaga, na qual faz parte do Direito
obrigacional, tendo previsão no Código Civil de 2002 em seu artigo 186, estando associada a
compreensão de que não se deve prejudicar o outro ou estimular a prática de condutas danosas que
afetam os interesses de outrem, assim, todo aquele que violar e causar dano a outro individuo comete ato
ilícito e fica obrigado a reparar, assim, caso o impacto e constrangimento do ofendido gerado pela notícia
falsa extrapole os limites, em seu meio social, resta comprovado o ato ilícito praticado, obrigando-se o
ofensor a corrigir os danos causados nos termos da lei.
Para Cristiano Chaves, Felipe Braga e Nelson Rosenvald, a definição de responsabilidade civil em seu
sentido clássico consiste na obrigação de reparar danos que infringimos por nossa culpa e em certos
casos determinados pela lei. (FARIAS; ROSENVALD; NETTO, 2020, p. 34).
Apesar da dificuldade de localizar o verdadeiro propagador da "Fake News", o ordenamento jurídico
ampara o usuário para obtenção das informações pessoais do ofensor através de rastreamento dos dados
do cadastro realizado nas redes sociais, tornando possível a sua identificação e responsabilização pelo
ato ilícito. Sendo assim, ao estabelecer uma conexão com a internet, cada computador, deixa na rede uma
espécie de impressão digital, chamada de IP (protocolo de internet) que seria um número de identidade
exclusivo que lhe permite ser identificado, de acordo com artigo escrito pela advogada Carolina Ferraz de
Moraes (MORAES, 2019).
Com isso, o Marco Civil da Internet (Lei 12.965/2014) estabelece em seus artigos 22 e 13 que cabe ao
administrador do sistema autônomo (provedores de internet) o dever de manterem os registros de conexão
dos seus usuários pelo prazo de 01 ano, devendo exibi-los, mediante indispensável ordem judicial, à
autoridade policial, administrativa, ao Ministério Público ou ao interessado.
Logo, o prejudicado, para identificar de onde partiram as ofensas, pode reivindicar, mediante Ação Judicial
, que a rede social informe o protocolo de internet do computador do qual fora publicado o conteúdo
ofensivo, bem como os registros e dados inerentes ao perfil que o publicou. Conforme caso descrito
abaixo, no qual a requerente propôs uma Ação Cautelar de Exibição de Documentos para obter o
fornecimento do protocolo de internet (IP) juntamente com informações e horários acerca dos logins e
logouts de uma conta falsa na rede social de propriedade da requerida, e demais informações que foram
utilizadas para criação do perfil do usuário e obteve decisão favorável pelo Desembargador Arnaldo Maciel
.

O Tribunal de Justiça de Minas Gerais, inclusive, possuindo entendimento firme no sentido de que ?o
fornecimento do Internet Protocolo (IP), juntamente com horários e informações acerca dos logins e
logouts da conta falsa na rede social de propriedade da requerida, e demais informações fornecidas para
criação do perfil do usuário, constituem medidas adequadas? (TJMG. Agravo de Instrumento nº 0460795-
79.2014.8.13.0000, Rel. Des. Arnaldo Maciel. Publ.: 10/10/2014).

[2: EMENTA: AGRAVO DE INSTRUMENTO - AÇÃO CAUTELAR DE EXIBIÇÃO DE DOCUMENTOS -


PEDIDO LIMINAR - REQUERIMENTO DE DOCUMENTOS FORA DO ALCANCE DA PARTE
REQUERIDA - IMPOSSIBILIDADE DE EXIBIÇÃO - DECISÃO REFORMADA. Não é possível imputar à
requerida apresentar informações que estejam fora de seu alcance e em desacordo com a razoabilidade.
O fornecimento do Internet Protocol (IP), juntamente com horários e informações acerca dos logins e

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logouts da conta falsa na rede social de propriedade da requerida, e demais informações fornecidas para
criação do perfil do usuário, constituem medidas adequadas, eis que não há como imputar à requerida o
fornecimento de elementos adicionais que não constam da sua base de dados.

]
Tais requerimentos, podem ser formulados mediante eventual Ação de Reparação de Danos, através do
requerimento de Exibição de Documentos previsto pelo artigo 396 do Código de Processo Civil ou podem
ser formulados através do ajuizamento de Ação Judicial específica contra o provedor e/ou rede social,
exclusivamente para esse fim.
Assim, a divulgação de Fake News não é apenas responsabilidade daquele que a criou, mas também
daquele que a propagou sem verificar a veracidade daquilo que divulga. Os principais Tribunais do país
têm entendido que o usuário da rede social, ao compartilhar ou republicar conteúdo de terceiros em seu
próprio perfil, acaba por responsabilizar-se pelas informações veiculadas.
Inclusive, em julgado do Tribunal de Justiça de São Paulo entendeu ?que há responsabilidade dos que
repassam as mensagens e dos que nelas opinam de forma ofensiva, devendo ser encarado o uso deste
meio de comunicação com mais seriedade e cautela e não com o caráter informal? (TJSP. Apelação Cível
nº 4000515-21.2013.8.26.0451, Rel. Des. Neves Amorim. Julg.: 26/11/2013). Nestes termos, o cidadão
possui o dever de checar a fonte e o conteúdo de tudo aquilo que transmite, sob pena de ser
responsabilizado.
Por fim, o intuito da responsabilidade civil é restabelecer o equilíbrio patrimonial ou moral que foi violado,
certificando aprazibilidade a sociedade, uma vez que, o dano não reparado motiva a inquietação social.
Por isso, atualmente, busca-se uma aplicação mais ampla ao dever de indenizar com o intuito de não
sobejar danos não reparados.

3 ? DO DIREITO FUNDAMENTAL À LIBERDADE DE EXPRESSÃO


Liberdade de Expressão é o direito que permite a manifestação livremente dos pensamentos sem medo de
represálias, de adquirir e exportar informações por diversos meios, de forma independente e sem censura
, ou seja, ela significa o direito de exteriorizar a opinião pessoal ou de um grupo, sempre com respeito e
respaldada pela veracidade de informações. Para Samantha Ribeiro liberdade é condição necessária ao
pleno desenvolvimento da natureza humana assim como à integridade e dignidade do indivíduo?. (MEYER
- PFLUG, 2009, p. 27).

Recebe o nome de liberdade de expressão a garantia assegurada a qualquer indivíduo de se manifestar,


buscar e receber ideias e informações de todos os tipos, com ou sem a intervenção de terceiros, por meio
de linguagens oral, escrita, artística ou qualquer outro meio de comunicação. O princípio da liberdade de
expressão deve ser protegido pela constituição de uma democracia, impedindo os ramos legislativo e
executivo o governo de impor a censura. (SANTIAGO, 2015).

Segundo Rafael Pereira da Silva, a liberdade de expressão começou a ser reconhecida como um
direito inalienável, somente no século XVIII, com o advento do Iluminismo, onde vários filósofos defendeu
a liberdade de expressão, estando entre eles John Stuart Mill, no qual acreditava que essa liberdade seria
a única forma de assegurar a vitalidade da verdade. Além disso, a Declaração dos Direitos do Homem e
do Cidadão de 1789, na França, e a primeira Emenda da Constituição dos Estados Unidos, em 1791,
também foram marcos importante nessa conquista. (MENDES, 2022)

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Com a redemocratização do país e a promulgação da Constituição Federal de 1988, houve um


importante avanço, no qual a Constituição passou a garantir a liberdade de manifestação do pensamento,
vedando a censura prévia e estabelecendo que a responsabilidade pelos abusos cometidos no exercício
da liberdade de expressão é posterior à manifestação. Além disso, a Declaração Universal dos Direitos
Humanos em seu artigo 19 contempla o direito à liberdade de expressão, considerando que a mesma seja
uma peça fundamental da democracia e garante que Todo o indivíduo tem direito à liberdade de opinião e
de expressão, sendo um direito que implica a liberdade de manter as suas próprias opiniões sem
interferência e de procurar, receber e difundir informações e ideias por qualquer meio de expressão
independentemente das fronteiras. (ONU, 1948).
Após a Segunda Guerra Mundial, notadamente com a Declaração Universal dos Direitos Humanos, de
1948, passou-se a reconhecer aqueles direitos como um patamar mínimo a ser observado por todos os
Estados na organização do poder e nas suas relações com seus cidadãos. (BARROSO, 2022, P.241).

Essa Declaração foi adotada pela Organização das Nações Unidas após a Segunda Guerra Mundial, com
o objetivo de estabelecer parâmetros mínimos de direitos a serem observados pelos Estados democráticos
signatários.

1.1 ? Liberdade de Expressão no plano Constitucional

Para Gustavo Gonet Branco (2020), entre os diferentes direitos expressos na Constituição, a liberdade de
expressão constitui direito especialmente fundamental, uma vez que sua garantia é essencial para a
dignidade do indivíduo e para a estrutura democrática da nossa sociedade.
Primeiramente, no âmbito da dignidade humana, a necessidade de ser assegurada a liberdade de
expressão está relacionada a dignidade da pessoa humana, tendo em vista que não há vida digna sem
que o sujeito possa expressar seus desejos e convicções. Viver dignamente pressupõe a liberdade de
escolhas existenciais que são vividas e expressadas.
No que diz respeito à democracia, a liberdade de expressão é direito fundamental diretamente
relacionado à garantia de voz aos cidadãos na manifestação de suas várias correntes políticas e
ideológicas, tal liberdade é imprescindível para aqueles que desejem manifestar-se na esfera pública, sem
que sejam reprimidos por isso. Contudo, a liberdade de expressão também cria um dilema quando se trata
de lidar com discursos de ódio, intolerância e propagação de ideologias que visam destruir a própria
sociedade democrática.

É o que Montesquieu denomina de "liberdade dentro da lei?, ou seja: É preciso ter presente o que é
independência e o que é liberdade. A liberdade e o direito de fazer tudo o que as leis permitem. Se um
cidadão pudesse fazer o que elas proíbem, ela já não teria liberdade. pois os outros teriam igualmente
esse poder. (MEYER-PFLUG, 2009, p. 30).

De acordo com a teoria dos direitos fundamentais de Robert Alexy (2001), o direito de liberdade de
expressão ? assim como os demais direitos fundamentais ? deve ser entendido como princípio
constitucional, norteador da hermenêutica jurídica. Segundo Alexy (2001, p. 112), os direitos fundamentais
têm o caráter de princípios e, nessa condição, eventualmente colidem uns com os outros, sendo
necessária uma solução ponderada em favor de um deles.
Assim os direitos fundamentais podem ser entendidos como valores morais compartilhados por uma

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comunidade em dado momento e lugar, que migram do plano ético para o jurídico quando se materializam
em princípios abrangidos pela Constituição (BARROSO, 2008, p. 352).
?quando os juristas raciocinam ou debatem a respeito de direitos e obrigações jurídicos, particularmente
naqueles casos difíceis nos quais nossos problemas com esses conceitos parecem mais agudos, eles
recorrem a padrões que não funcionam como regras, mas operam diferentemente, como princípios,
políticas e outros tipos de padrões.? (Ronald Dworkin, 2007, p.36).

A liberdade de expressão está assegurada na Constituição Federal de 1988, em seu artigo 5º, IV,
IX e 220º. Ela é apresentada como um direito fundamental que garante a todos os cidadãos o livre
exercício da manifestação do pensamento em sociedades democráticas, que permite a expressão de
opiniões, idéias e crenças sem censura ou repressão, ela também abrange o direito de buscar, receber e
compartilhar informações e ideias por meio da escrita, da fala, da imprensa, da arte ou de qualquer outra
fonte de comunicação.
O artigo 5º IV e IX estabelece que seja livre a expressão do pensamento por meio da atividade intelectual
, artística, científica e de comunicação, independentemente de censura ou licença, sendo vedado o
anonimato do autor. Porém, embora a liberdade de expressão seja garantida, esse direito não é absoluto.
O mesmo artigo em seu inciso X determina que a liberdade de expressão seja limitada quando ocorre a
violação da intimidade, da honra, da vida privada e da imagem de outras pessoas. Por isso, em casos de
violação ao direito de outrem é assegurado o direito à indenização pelo dano moral ou material decorrente
do abuso de liberdade de expressão.
E posteriormente, o artigo 220º da Constituição Federal de 1988, que trata dos meios de comunicação
social, ainda estabelece que seja vedada qualquer censura de cunho político, ideológico e artístico aos
meios de comunicação social, e a publicação de veículo impresso de comunicação não depende de
licença de autoridade. No entanto, é importante ressaltar que, apesar de a Constituição Brasileira
assegurar a liberdade de expressão, a interpretação e a aplicação dos seus artigos podem variar ao longo
do tempo, em resposta às mudanças na sociedade. Diante do impacto das tecnologias de informação, a
legislação brasileira está em constante transformação para enfrentar os novos desafios apresentados,
sobretudo pela disseminação nas redes sociais do discurso de ódio, do assédio on-line, da desinformação
e de notícias falsas.
A liberdade de expressão é um direito fundamental que engloba outros direitos conexos, como a liberdade
da manifestação do pensamento (Art. 5°, IV, CRFB/88); o direito de resposta (Art. 5°, V, CRFB/88); de
consciência e de crença (Art. 5°, VI, CRFB/88); a liberdade de expressão da atividade intelectual, artística,
científica e de comunicação (Art. 5°, IX, CRFB/88), porém a mesma não é absoluta - até porque nenhum
direito fundamental é. Por isso, o indivíduo deve observar o seu limite ao praticá-la. (BRASIL, 1988).
Nesse sentido, existem várias possibilidades de desempenhá-la, porém, somente será considerado lícito
o seu exercício quando houver respeito aos direitos fundamentais dos demais indivíduos, no caso de um
indivíduo que posta em uma rede social um comentário ofendendo alguém, um grupo de pessoas ou
espalhando fake news ele não está amparado pelo direito à liberdade de expressão, pelo fato de estar
prejudicando outros direitos fundamentais de outrem.
Segundo Maia (2015, p.184), não se pode admitir nenhum direito ou valor juridicamente protegido de
modo absoluto, sem limite ou mesmo sem nenhum tipo de exceção, mesmo sendo muito importante, à
liberdade de expressão poderá ceder perante outros direitos. A própria Convenção Americana sobre
Direitos Humanos, na complementação do seu artigo 13.1, ressalta que o exercício do direito previsto no
inciso precedente não pode estar sujeito à censura prévia, mas a responsabilidades ulteriores, que devem

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ser expressamente fixadas pela lei a ser necessária para assegurar o respeito aos direitos ou à reputação
das demais pessoas ou a proteção da segurança nacional, da ordem pública, ou da saúde ou da moral
pública.
No ordenamento jurídico brasileiro, existem diversos princípios e normas garantidos na Constituição
Federal, os aplicando diversas formas de proteção. Porém destes princípios e normas surgem colisões
quando se trata da aplicação destes, pois estes podem ter diretrizes em direções opostas. Segundo
Barroso (2004, p.4):
Princípios e direitos previstos na Constituição entram muitas vezes em linha de colisão, por abrigarem
valores contrapostos e igualmente relevantes. Como por exemplo: livre iniciativa e proteção do consumidor
, direito de propriedade e função social da propriedade, segurança pública e liberdades individuais, direitos
da personalidade e liberdade de expressão. O que caracteriza esse tipo de situação jurídica é a ausência
de uma solução em tese para o conflito. Fornecida abstratamente pelas normas aplicáveis.
Quando houver a solução da colisão, devido aos sentidos opostos de interesses desses direitos, um deles
poderá sofrer limitação, devido a prevalência do outro. De acordo com Marmelstein (2013, p.361),
qualquer solução a ser adotada em um conflito assim resultará na restrição de um dos dois valores.
Nos tempos atuais, o uso das redes sociais é muito importante porque tudo está embutido na internet onde
as pessoas buscam e encontram informações sobre todos os temas. Assim, uma rede social pode ser
imaginada como um conjunto de relações interpessoais em que as pessoas compartilham interesses
pessoais e coletivos e põe em prática o seu direito à liberdade de expressão. De forma geral, pode-se
dizer que o homem é um ser que se expressa muito e que tem a necessidade de participar das decisões
da sociedade. Porém para alcançar a democracia é necessário por limites nesse direito de expressão e foi
nessa tentativa que surgiu o PL 2630/2020 que será analisado na próxima seção.

4 ? PROJETO DE LEI DE COMBATE AS FAKE NEWS (PL 2630/2020)


A divulgação de Fake News se tornou uma prática muito comum e perigosa, uma vez que gera incertezas
e desconfianças ao público ouvinte, dificultando assim a busca pela verdade, constituindo-se uma ameaça
à democracia, na medida em que, o acesso à informação é um direito de todos os cidadãos, sendo
necessário combatê-las.
De acordo com Leticia Albuquerque, atualmente, existem algumas agências que são especializadas em
averiguar boatos e a veracidade das notícias consideradas suspeitas, elas são chamadas de fact-checking
. E alguns portais também abriram setores para fazerem a apuração dessas informações. Entretanto, as
averiguações feitas por essas agências não são suficientes para acabar com a proliferação das Fake
News, considerando que a checagem só acontece depois que a informação é publicada e, nesse meio
tempo, diversas pessoas são prejudicadas. (ALBUQUERQUE, 2020).
[3: Algumas agências especializadas em averiguar boatos e a veracidade de notícias consideradas
suspeitas: 1.Aos fatos: Ela acredita no jornalismo independente e conta com o financiamento de
apoiadores, como em um crowdfunding. A escolha dos conteúdos a serem checados divide-se entre uma
informação vinda de uma autoridade pública ou com alto engajamento nas redes sociais. Depois de
encontrarem a origem da informação, os jornalistas da equipe consultam fontes que podem estar
envolvidas.2.Fato ou Fake: Trata-se de um serviço de checagem oferecido pelo grupo Globo, que apura
notícias que estão sendo muito compartilhadas nas redes sociais. 3.FactCheck: Fundado em 2003, é
focado em entregar notícias verdadeiras sobre a política norte-americana.Disponível em: https://www.cnj
.jus.br/programas-e-acoes/painel-de-checagem-de-fake-news/onde-checar/]
A partir da necessidade de uma norma que regulamentasse a proliferação de notícias falsas, foi que o

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Senador Alessandro Vieira, apresentou o projeto de Lei 2630/20 que institui a Lei Brasileira de Liberdade,
Responsabilidade e Transparência na Internet, criando diversas medidas para combater as proliferações
das Fake News nas redes sociais.
A Lei pretende aplicar um programa de boas práticas com base em ?medidas adequadas e proporcionais
no combate ao comportamento inautêntico e na transparência sobre conteúdos pagos?. Sendo assim, o
texto estabelece alguns princípios, estando entre eles a liberdade de expressão e de imprensa, a garantia
dos direitos de personalidade, da dignidade, da honra e da privacidade do indivíduo, o respeito ao usuário
em sua livre formação de preferências políticas e de uma visão de mundo pessoal, a responsabilidade
compartilhada pela preservação de uma esfera pública livre, plural, diversa e democrática, a garantia da
confiabilidade e da integridade dos sistemas informacionais, a promoção do acesso ao conhecimento na
condução dos assuntos de interesse público, acesso amplo e universal aos meios de comunicação e à
informação, a proteção dos consumidores, e a transparência nas regras para veiculação de anúncios e
conteúdos pagos, estando garantidos no artigo 3° do respectivo Projeto de Lei.
No entanto, existem alguns pontos contraditórios neste projeto, no qual organizações e movimentos da
sociedade civil afirmam que podem afetar a privacidade e a liberdade de expressão dos usuários da
internet.
Estando os principais nos artigos 10º e 12º da PL 2630. No qual o 10º autoriza que sejam guardados
obrigatoriamente pela administração das plataformas os dados dos usuários que participem das cadeias
de compartilhamento de conteúdo, onde esses usuários podem ser jornalistas, pesquisadores,
parlamentares ou qualquer cidadão que, eventualmente, repasse postagens muito compartilhadas nas
redes, sendo todas as mensagens que tiverem um compartilhamento significativo nos aplicativos sujeitas a
serem consideradas suspeitas e rastreadas, sem que se tenha um indício de ilegalidade. O projeto sugere
que seja possível identificar: quem originou o conteúdo que se tornou viral e por onde o conteúdo
identificado circulou.
Posto isso, a Coalizão Direitos em Rede apontou que é uma grave violação ao princípio da presunção de
inocência e que pode impactar no exercício da liberdade de expressão e comunicação nos aplicativos.
Tendo em vista que segundo a redação do dispositivo, apenas as mensagens que fossem encaminhadas
por mais de 5 (cinco) usuários e que, dentro de um intervalo de 15 (quinze) dias, alcançarem um total de
1.000 (mil) usuários devem ter seus registros mantidos pelas empresas por um prazo de até 3 (três)
meses. O acesso aos registros ocorreria somente com ?o objetivo de responsabilização pelo
encaminhamento em massa de conteúdo ilícito?, mediante ordem judicial, visando constituir prova em
investigação criminal ou instrução processual penal (GONDIM, 2020).
No entanto, há uma dificuldade de definir objetivamente a distinção entre o que é apenas uma informação
equivocada e o que é uma informação propagada com má-fé, sendo impossível ter uma resolução de
modo preciso e isso pode acabar ferindo princípios constitucionais, estando entre eles o Direito a liberdade
de expressão.
E o artigo 12º determina, no parágrafo 6º, que as pessoas que se sentirem ?ofendidas?, por algum
conteúdo postado por um perfil ou página nas redes sociais, devem pedir para as plataformas o direito de
resposta. Essa figura do ofendido aparece no PL 2630 apenas neste trecho, portanto, não fica clara a sua
definição. Além disso, o direito de resposta, que é constitucional, deve ser baseado em decisão judicial. Se
essa for uma ação terceirizada às plataformas, pode ser mais um poder dado a elas.
Sendo assim, as propostas contidas no projeto, mexem com questões subjetivas que podem ser
manobradas de forma equivocada e promover a censura, tendo em vista que o direito à liberdade de
expressão garante que não deve ser feita uma censura prévia, mas sim responsabilidades ulteriores, o

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fato do respectivo projeto de lei querer que mensagens encaminhadas tenham seus registros mantidos
pela empresa por três meses é considerada uma censura prévia, tendo em vista que o fato de apenas
compartilhar uma mensagem não configura um ato ilícito.

5 - CONSIDERAÇÕES FINAIS
De acordo com o exposto, é fato que o direito à liberdade de expressão acompanha a evolução dos meios
de comunicação. Desse modo, os meios digitais corroboram para que opiniões das mais diferentes
vertentes sejam expostas e divulgadas em grande velocidade para um elevado número de pessoas,
ocasionando a concretização da liberdade de expressão na atualidade.
Contudo, deve-se atentar para o fato de que liberdade de expressão não é absoluta e possui seus limites,
esbarrando nos limites da responsabilidade civil, o que atinge a temática da divulgação de notícias falsas,
as chamadas fakes news. Sendo assim, quando as fakes news são propagadas, deve haver a
responsabilização civil pelo dano causado com tal atitude, pois o direito fundamental à liberdade de
expressão não dirime tal ato.
Como fora evidenciado, o poder legislativo brasileiro buscou com afinco tratar da problemática das fake
news, surgindo assim o Projeto de Lei n° 2630/2020, que institui a Lei Brasileira de Liberdade,
Responsabilidade e Transparência na Internet. Entretanto, Como a liberdade de expressão é um dos
pilares da democracia, tentar regular as redes sociais para combater a desinformação advinda de fake
news, como pretende o respectivo Projeto de Lei, sempre envolve riscos, uma vez que ele tenta conter a
disseminação de conteúdo criminoso e envolve a tensão entre a liberdade de expressão assegurada pela
Constituição e a dificuldade de definir objetivamente a distinção entre o que é apenas uma informação
equivocada e o que é uma informação falsa e de má fé. Sendo impossível de ser resolvido de modo
preciso, pois sempre haverá uma dúvida entre essas condutas.
Portanto, é preciso que sejam feitos estudos mais aprofundados em relação ao citado Projeto, para que
assim não haja violação ao direito fundamental a liberdade de expressão, tendo em vista que foi um direito
alcançado através de diversas lutas e revoluções contra governos autoritários e não deve ser fragilizado
ou ignorado por qualquer autoridade ou meios de comunicação e que por fim, com mais estudo se consiga
lidar com a nova realidade causada pela divulgação das Fake News.

5- REFERÊNCIAS
AIRES, N. DE A. G.; LIMA, G. M. M. P. A responsabilidade civil em decorrência das fake news e o projeto
de Lei no 2.630/2020 / Civil liability as a result of fake news and Bill no. 2630/2020. Brazilian Journal of
Development, v. 8, n. 6, p. 43353?43366, 2 jun. 2022. Acesso em: 05 out. 2023
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Artigo | As fakes news e a disputa política por desinformação. Disponível em: <https://www.brasildefato
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RASTREABILIDADE de mensagens instantâneas e vigilância em massa: uma análise crítica do art. 10° do
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XAVIER, F. C. O que é o Projeto de Lei das Fake News e como isso pode impactar sua vida? Disponível
em: <https://www.securityreport.com.br/o-que-e-o-projeto-de-lei-das-fake-news-e-como-isso-pode-
impactar-sua-vida/>. Acesso em: 05 nov. 2023.

203 - Fake news e eleições.pdf. Disponível em: <https://drive.google.com/file/d


/1INMnPMX9UhKABsehYMHSYdXSJkUmrGNt/view>. Acesso em: 11 nov. 2023.

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UNIVERSIDADE TIRADENTES ? UNITCURSO DE GRADUAÇÃO EM DIREITOTRABALHO DE


CONCLUSÃO DE CURSO ? ARTIGO CIENTÍFICO

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Arquivo 1: TCC DOC 4.docx (6035 termos)
Arquivo 2: http://www.valladao.com.br/blog/lei-e-as-redes-sociais-tire-suas-duvidas-sobre-o-alcance-do-
direito-no-mundo-virtual (1656 termos)
Termos comuns: 280
Similaridade: 3,77%
O texto abaixo é o conteúdo do documento TCC DOC 4.docx (6035 termos)
Os termos em vermelho foram encontrados no documento http://www.valladao.com.br/blog/lei-e-as-
redes-sociais-tire-suas-duvidas-sobre-o-alcance-do-direito-no-mundo-virtual (1656 termos)

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PROJETO DE LEI DAS FAKE NEWS X LIBERDADE DE EXPRESSÃO: UMA ANÁLISE DO PROJETO DE
LEI 2630/2020

Nadyele Neves Cerqueira


Orientadora: Fernanda Oliveira Santos

ARACAJU ? SERGIPE
2023

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NADYELE NEVES CERQUEIRA

PROJETO DE LEI DAS FAKE NEWS X LIBERDADE DE EXPRESSÃO: UMA ANÁLISE DO PROJETO DE
LEI 2630/2020

Trabalho de Conclusão de Curso ? Artigo ? apresentado ao Curso de Direito da Universidade Tiradentes ?


UNIT, como requisito parcial para obtenção do grau de bacharel em Direito.

APROVADO EM ____/____/____

BANCA EXAMINADORA

__________________________________________________________________
Professor Orientador: Fernanda Oliveira Santos
Universidade Tiradentes

__________________________________________________________________
Professor Examinador
Universidade Tiradentes

__________________________________________________________________
Professor Examinador
Universidade Tiradentes

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PROJETO DE LEI DAS FAKE NEWS X LIBERDADE DE EXPRESSÃO: UMA ANÁLISE DO PROJETO DE
LEI 2630/2020
FAKE NEWS BILL X FREEDOM OF EXPRESSION: AN ANALYSIS OF BILL 2630/2020

Nadyele Neves Cerqueira¹


RESUMO
O presente artigo tem por objetivo a análise do projeto de lei das fakes news sob o prisma do direito dos
danos, com enfoque relacionado a divulgação da Fake News na política, verificando-se a existência, ou
não, de danos diversos advindos da conduta de disseminar notícias falsas, bem como a responsabilidade
civil de quem propaga. Neste estudo, buscou-se evidenciar as implicações das Fake News, principalmente
, no que se refere aos direitos fundamentais, com foco especial para o direito fundamental à liberdade de
expressão. Quanto aos aspectos metodológicos, utilizou-se o método sociológico de interpretação e a
metodologia de pesquisa do tipo pesquisa bibliográfica.

PALAVRAS-CHAVE: Notícias falsas; responsabilidade civil; política; liberdade de expressão.

ABSTRACT
The purpose of this article is to analyze the fakes news bill under the prism of damages law, with a focus on
the dissemination of Fake News in politics, verifying the existence, or not, of various damages arising from
the conduct of disseminating false news, as well as the civil liability of those who spread it. This study
sought to highlight the implications of Fake News, especially with regard to fundamental rights, with a
special focus on the fundamental right to freedom of expression. As for the methodological aspects, we
used the sociological method of interpretation and the research methodology of bibliographical research.
KEY WORDS: Fake news; civil liability; policy; freedom of expression;

¹ Graduando(a) em Direito pela Universidade Tiradentes - UNIT. E-mail (institucional preferencialmente):


nadyele.neves@souunit.com.br
1-INTRODUÇÃO
O presente artigo tem como objetivo a análise acerca das fakes news, que são consideradas um
fenômeno da era das novas tecnologias de informação e comunicação (NTIC), consistindo na propagação
de notícias falsas de forma rápida e que possuem o intuito de prejudicar um grupo ou uma pessoa em
específico, provocando assim inúmeras controvérsias e reflexões sobre o respectivo tema. (ALVES;
MACIEL, 2020)
Por meio de uma pesquisa bibliográfica, foi possível identificar os efeitos atribuídos às fake news, bem
com avaliar suas consequências na política, a responsabilidade civil de quem propaga, expondo a
necessidade de garantir que as medidas adotadas contra essas notícias falsas não afetem a liberdade de
expressão e o direito à informação.
Desta forma, trouxe inicialmente uma análise sobre o tema e seu impacto na sociedade e, em seguida,
uma pesquisa acerca do Projeto de lei das fakes news (PL 2630/2020), bem como um estudo detalhado
acerca da violação do direito fundamental da liberdade de expressão vinculados a essa prática de
propagação de notícias falsas, respondendo assim a seguinte questão: o Projeto de lei das fake news viola
o direito à liberdade de expressão?
Desde que a internet surgiu, abriu as portas para novos desenvolvimentos tecnológicos, transformando

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assim o modo como vivemos e nos relacionamos, de forma que contribuiu para a relação entre os
indivíduos da sociedade. Inicialmente, o seu principal objetivo era a troca de informações (SOUZA, 2020).
No entanto, acabou se tornando um espaço que facilitou a divulgação de notícias falsas, justamente por
ser um ambiente mais livre de comunicação, sem tanta regulamentação.
Com aproximadamente 7,6 bilhões de pessoas no mundo, em torno de 4 bilhões têm acesso à internet e
2,9 bilhões são usuárias de redes sociais. Uma pesquisa feita pela Poynter Institute, em 2022, revela que
quatro em cada dez brasileiros afirmam receber fake news diariamente e apontou ainda que mais da
metade dos entrevistados, provenientes de diferentes países, acreditam receber informações enganosas
online toda semana. Além disso, o Brasil é o país em que mais pessoas acreditam em fake news, segundo
informações extraídas no portal do Tribunal de Justiça do Estado do Paraná sobre o perigo da fake news,
um estudo divulgado pelo Instituto Mundial de Pesquisa (IPSO, 2018), mostrou que no Brasil 62% dos
entrevistados admitiram já ter acreditado em notícias falsas, mesmo sem verificar a veracidade da
informação ou mesmo a sua origem, sendo este um número acima da média mundial, que é de 48%.
As fake news se destacam principalmente na área política, onde tem-se percebido que parte da sociedade
vem tendo dificuldade para saber o que é verdade ou é uma notícia falsa, principalmente em ano eleitoral
, onde governos autoritários se utilizam desse artifício para obter aprovação popular, por meio de um
discurso e aparência mentirosa de um governo democrático, causando um dano nocivo ao direito da
liberdade, da informação e aos direitos humanos, uma vez que o acesso à informação correta é um direito
dos cidadãos e é fundamental para fazer as escolhas políticas. Ademais, o anonimato proporcionado no
ambiente da internet intensifica a violência e o discurso de ódio através das fake news. (MACHADO, 2021)
Além disso, a indústria das fake news também impacta na inserção das mulheres na política. De acordo
com a Plan International, 87% das meninas e jovens mulheres sofrem efeitos negativos de fake news. O
Instituto Política de Saia, em parceria com o Projeto Justiceiras, em sua pesquisa com mais de 1.190
mulheres, verificou que mais de 51% das entrevistadas passaram por situações de violência ou
discriminação, na qualidade de eleitoras ou no exercício do seu mandato.
É nesse cenário caótico que surge o Projeto de Lei 2630/2020, apelidado como ?PL das fake news?,
inspirado na legislação alemã e apresentado pelo senador Alessandro Vieira com a justificativa de
combater as fakes news. Porém, existem alguns pontos contraditórios neste projeto, no qual organizações
e movimentos da sociedade civil afirmam que podem afetar a privacidade e a liberdade de expressão dos
usuários da internet.
Portanto, visando compreender os efeitos das notícias falsas na política do século XXI, tem-se aqui como
estudo o entendimento do projeto de lei das fake news, bem como do direito fundamental liberdade de
expressão. Este trabalho de conclusão de curso está dividido em três capítulos. A primeira seção passa
por uma análise do conceito e efeitos da fake news, bem como o estudo da responsabilidade civil de quem
propaga. A segunda pretende discorrer sobre a liberdade de expressão. E a terceira trata-se de um
estudo de um caso que permeia nossa realidade, onde será analisado o projeto de lei das fake news e a
liberdade de expressão.

2 - FAKE NEWS: UM FENÔMENO DA ERA DIGITAL


Fake News são notícias falsas com um grande poder viral, publicadas em redes sociais como se fossem
informações reais, tendo o objetivo de propagar um ponto de vista ou prejudicar uma pessoa ou grupo
(geralmente figuras públicas) (CAMPOS, 2018).
O termo Fake News ganhou força mundialmente em 2016, com a corrida presidencial dos Estados Unidos
, onde organizações empregavam jovens para produzir e espalhar informações falsas sobre candidatos e

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empresas dos Estados Unidos. Porém apesar do recente uso do termo Fake News, ela sempre esteve
presente ao longo da história, o que mudou foi a nomenclatura, o meio utilizado para divulgação e o
potencial de persuasão que o material falso adquiriu nos últimos anos (DOURADO,2020, p.2). Segundo o
historiador Robert Darnton, em entrevista concedida ao jornal Folha de São Paulo, existem ao menos
desde o século VI (VICTOR, 2017).
Segundo a linha de pensamento de Chen, Conroy e Rubin (2015, p.19), a produção e veiculação de Fake
News constituem um verdadeiro mercado, no qual é alimentado por pessoas de grande influência,
geralmente políticos em campanha eleitoral, onde contratam equipes especializadas nesse tipo de
conteúdo viral e produtores desse conteúdo falso compram ilegalmente endereços de e-mail e números
de telefone celular de milhões de pessoas para ?disparar? essas notícias, e ainda existe a preferência por
contatos de líderes religiosos ou de movimentos políticos, já que eles repassam aos seus seguidores e
pedem que a informação seja compartilhada e para legitimar as Fake News, as páginas que produzem e
divulgam esse tipo de informação costumam misturar as publicações falsas com a reprodução de notícias
verdadeiras de fontes confiáveis e ainda utilizam montagens em vídeos e imagens, tendo em vista que os
usuários da internet são muito visuais, por isso, uma foto manipulada ou fora de contexto pode ser
facilmente divulgada como verdadeira.
Chiara Spadaccini de Teffé e Carlos Affonso Pereira de Souza (2019, p. 542) esclarecem sobre a
propagação de Fake News, que:

A divulgação de informações falsas ou distorcidas não é um problema novo, mas a disseminação em


massa desse conteúdo através da Internet e seu impacto na política vêm chamando atenção. Após 2016,
com as diversas notícias falsas divulgadas durante as eleições norte-americanas e as discussões sobre o
referendo que decidiu pela saída da Grã-Bretanha da União Europeia, verificou-se a emergência de se
entender o que seriam as chamadas fake news e como elas poderiam ser combatidas sem se prejudicar
as liberdades fundamentais e a diversidade de opiniões.
Segundo levantamento feito pela Folha de São Paulo, em 2018, as páginas de Fake News têm maior
participação dos usuários de redes sociais do que as de conteúdo jornalístico real. De 2017 a 2018, os
veículos de comunicação tradicionais apresentaram queda de 17% em seu engajamento, enquanto os
propagadores de fake news tiveram um aumento de 61%. (CAMPOS, 2018)
A propagação de informações falsas, fotos, vídeos manipulados e publicações duvidosas são atos
perigosos que causam efeitos negativos que podem ocasionar o linchamento de inocente, o aumento de
questões de saúde pública, como a propagação de movimentos de antivacinação, o aumento da
homofobia, xenofobia, violência e do preconceito racial.
No Brasil, um dos exemplos mais críticos sobre a seriedade da propagação de fake news foi o
episódio envolvendo a brasileira Fabiane de Jesus, onde em 2014 teve sua foto divulgada em redes
sociais, de forma equivocada, como sendo a de uma criminosa que raptava crianças, levando-a a um
linchamento coletivo na cidade de Guarujá e até hoje a família da vítima luta para que os danos sejam
minimamente reparados (UOL NOTÍCIAS, 2018).

2.1 - Fake News na política


A eleição presidencial de 2018 no Brasil ficou marcada com uma das disputas políticas mais conturbadas
desde o processo de redemocratização. Entre os componentes desse ineditismo esteve a disseminação
em rede de notícias falsas direcionadas ao eleitorado, atrapalhando de alguma forma o exercício do voto.
De acordo com levantamento divulgado pelo Instituto IDEIA Big Data, mais de dois terços dos eleitores

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afirmaram ter recebido fake news pelo WhatsApp durante a campanha presidencial de 2018 e segundo
levantamento divulgado pelo Instituto de Pesquisa Avaaz, 98,21% dos eleitores do então candidato Jair
Bolsonaro (PSL) tiveram contato com notícias falsas durante a disputa e 89,77% deles acreditaram que
tais notícias eram verdadeiras (PASQUINI, 2018).
Dessa maneira, inúmeras pessoas, firmaram o seu voto, baseadas em histórias, dados e alterações falsas
, distorcidas e sem qualquer comprovação, com a finalidade de tumultuar o processo eleitoral, podendo
trazer consequências para o futuro do país, uma vez que, pessoas desinformadas, tomam más decisões.
Deste modo, a legitima informação é excepcional no que se refere à tomada de decisões.
Apesar de serem prejudiciais, geralmente não é fácil descobrir uma notícia falsa. De acordo com Quirós,
em meio ao cenário atual do jornalismo estão as fakes news difundidas nas redes sociais, na qual
antigamente pudessem ser chamadas de rumores, sátiras e propagandas, tendo um forte impacto pela
grande divulgação e por encontrarem receptores aptos a aceitarem sem contestar a informação. Estas
notícias falsas ganham credibilidade e força dependendo daqueles que as propagam e sua influência na
rede (QUIROS, 2017, p.37).
As notícias falsas rapidamente se espalham, tendo em vista que costumam ser emocionalmente atraentes
ou reforçam algum ideal político que ajudam alimentar crenças e por isto são amplamente compartilhadas
e comentadas antes mesmo que os usuários chequem as devidas fontes da informação. Portanto, quem
acreditava que a notícia era verdadeira passou a cooperar com a disseminação da mesma. Para
disseminar as fakes news, o processo é corriqueiro e na maioria das situações, utiliza-se um grupo de
usuários que tenham o mesmo pensamento ideológico, para reforçar a corrente da opinião pré- existente.
De acordo com Martinez, o Estado tende a se preocupar cada vez mais com o controle e a veiculação de
notícias falsas, tendo em vista que o detentor da informação (especialmente dados sigilosos) poderá
manipular a opinião pública, inclusive em relação a assuntos políticos e estratégicos da maior
complexidade e relevância. Ampliando assim, portanto, a preocupação não só dos governantes, mas,
também, dos próprios governados, em relação à disseminação de informações falsas sobre fatos e
personalidades públicas relacionados ao universo político, social e econômico, de modo a influenciar
negativamente a opinião pública. Ressalta-se também que as informações falsas têm por objetivo
desvirtuar a verdade das informações repassadas e em grande maioria, sem que se saiba a origem do
financiamento de tais notícias. Há apontamentos de ocorrência de fake news na política nacional a partir
de 2010; bem como é de conhecimento público a possibilidade de manipulação das eleições de Donald
Trump, nos EUA. (MARTINEZ; NASCIMENTO JUNIOR, 2018).
Neste contexto, especialmente no Brasil, grupos de diferentes ideologias políticas começaram a espalhar
fake news para desacreditar os representantes políticos ou candidatos, um exemplo disso foi as eleições
do ano de 2018, no qual a pesquisadora Tatiana Dourado mostrou que em outubro no segundo turno de
2018, as fakes news refletiram a disputa eleitoral acirrada entre Fernando Haddad e Jair Bolsonaro e que
ela registrou a circulação de 346 fake news nesse período. Portanto, uma estratégia de manipulação da
informação foi formulada para dar ao eleitor um determinado status ideológico, ou seja, para influenciar o
campo político. (DOURADO, 2020, p. 131).
Dessa maneira, os eleitores de partidos ou candidatos precisam ter consciência antes de compartilhar as
informações, uma vez que, as notícias falsas afetam a capacidade das pessoas de fazerem um voto
consciente e embasado com informações verdadeiras.

2.2 - Responsabilidade Civil de quem propaga


As Fakes News em decorrência da transformação do acesso aos meios de comunicação, ganham a cada

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dia uma propagação maior, sendo sustentadas pela grande demanda de informações. Assim, de forma
maliciosa, as informações inverídicas e sensacionalistas são inseridas nas redes sociais, para que sejam
compartilhadas e difundidas entre todos os usuários.
Surgindo assim o debate sobre a responsabilidade civil de quem propaga, na qual faz parte do Direito
obrigacional, tendo previsão no Código Civil de 2002 em seu artigo 186, estando associada a
compreensão de que não se deve prejudicar o outro ou estimular a prática de condutas danosas que
afetam os interesses de outrem, assim, todo aquele que violar e causar dano a outro individuo comete ato
ilícito e fica obrigado a reparar, assim, caso o impacto e constrangimento do ofendido gerado pela notícia
falsa extrapole os limites, em seu meio social, resta comprovado o ato ilícito praticado, obrigando-se o
ofensor a corrigir os danos causados nos termos da lei.
Para Cristiano Chaves, Felipe Braga e Nelson Rosenvald, a definição de responsabilidade civil em seu
sentido clássico consiste na obrigação de reparar danos que infringimos por nossa culpa e em certos
casos determinados pela lei. (FARIAS; ROSENVALD; NETTO, 2020, p. 34).
Apesar da dificuldade de localizar o verdadeiro propagador da "Fake News", o ordenamento jurídico
ampara o usuário para obtenção das informações pessoais do ofensor através de rastreamento dos dados
do cadastro realizado nas redes sociais, tornando possível a sua identificação e responsabilização pelo
ato ilícito. Sendo assim, ao estabelecer uma conexão com a internet, cada computador, deixa na rede uma
espécie de impressão digital, chamada de IP (protocolo de internet) que seria um número de identidade
exclusivo que lhe permite ser identificado, de acordo com artigo escrito pela advogada Carolina Ferraz de
Moraes (MORAES, 2019).
Com isso, o Marco Civil da Internet (Lei 12.965/2014) estabelece em seus artigos 22 e 13 que cabe ao
administrador do sistema autônomo (provedores de internet) o dever de manterem os registros de conexão
dos seus usuários pelo prazo de 01 ano, devendo exibi-los, mediante indispensável ordem judicial, à
autoridade policial, administrativa, ao Ministério Público ou ao interessado.
Logo, o prejudicado, para identificar de onde partiram as ofensas, pode reivindicar, mediante Ação Judicial
, que a rede social informe o protocolo de internet do computador do qual fora publicado o conteúdo
ofensivo, bem como os registros e dados inerentes ao perfil que o publicou. Conforme caso descrito
abaixo, no qual a requerente propôs uma Ação Cautelar de Exibição de Documentos para obter o
fornecimento do protocolo de internet (IP) juntamente com informações e horários acerca dos logins e
logouts de uma conta falsa na rede social de propriedade da requerida, e demais informações que foram
utilizadas para criação do perfil do usuário e obteve decisão favorável pelo Desembargador Arnaldo Maciel
.

O Tribunal de Justiça de Minas Gerais, inclusive, possuindo entendimento firme no sentido de que ?o
fornecimento do Internet Protocolo (IP), juntamente com horários e informações acerca dos logins e
logouts da conta falsa na rede social de propriedade da requerida, e demais informações fornecidas para
criação do perfil do usuário, constituem medidas adequadas? (TJMG. Agravo de Instrumento nº 0460795-
79.2014.8.13.0000, Rel. Des. Arnaldo Maciel. Publ.: 10/10/2014).

[2: EMENTA: AGRAVO DE INSTRUMENTO - AÇÃO CAUTELAR DE EXIBIÇÃO DE DOCUMENTOS -


PEDIDO LIMINAR - REQUERIMENTO DE DOCUMENTOS FORA DO ALCANCE DA PARTE
REQUERIDA - IMPOSSIBILIDADE DE EXIBIÇÃO - DECISÃO REFORMADA. Não é possível imputar à
requerida apresentar informações que estejam fora de seu alcance e em desacordo com a razoabilidade.
O fornecimento do Internet Protocol (IP), juntamente com horários e informações acerca dos logins e

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logouts da conta falsa na rede social de propriedade da requerida, e demais informações fornecidas para
criação do perfil do usuário, constituem medidas adequadas, eis que não há como imputar à requerida o
fornecimento de elementos adicionais que não constam da sua base de dados.

]
Tais requerimentos, podem ser formulados mediante eventual Ação de Reparação de Danos, através do
requerimento de Exibição de Documentos previsto pelo artigo 396 do Código de Processo Civil ou podem
ser formulados através do ajuizamento de Ação Judicial específica contra o provedor e/ou rede social,
exclusivamente para esse fim.
Assim, a divulgação de Fake News não é apenas responsabilidade daquele que a criou, mas também
daquele que a propagou sem verificar a veracidade daquilo que divulga. Os principais Tribunais do país
têm entendido que o usuário da rede social, ao compartilhar ou republicar conteúdo de terceiros em seu
próprio perfil, acaba por responsabilizar-se pelas informações veiculadas.
Inclusive, em julgado do Tribunal de Justiça de São Paulo entendeu ?que há responsabilidade dos que
repassam as mensagens e dos que nelas opinam de forma ofensiva, devendo ser encarado o uso deste
meio de comunicação com mais seriedade e cautela e não com o caráter informal? (TJSP. Apelação Cível
nº 4000515-21.2013.8.26.0451, Rel. Des. Neves Amorim. Julg.: 26/11/2013). Nestes termos, o cidadão
possui o dever de checar a fonte e o conteúdo de tudo aquilo que transmite, sob pena de ser
responsabilizado.
Por fim, o intuito da responsabilidade civil é restabelecer o equilíbrio patrimonial ou moral que foi violado,
certificando aprazibilidade a sociedade, uma vez que, o dano não reparado motiva a inquietação social.
Por isso, atualmente, busca-se uma aplicação mais ampla ao dever de indenizar com o intuito de não
sobejar danos não reparados.

3 ? DO DIREITO FUNDAMENTAL À LIBERDADE DE EXPRESSÃO


Liberdade de Expressão é o direito que permite a manifestação livremente dos pensamentos sem medo de
represálias, de adquirir e exportar informações por diversos meios, de forma independente e sem censura
, ou seja, ela significa o direito de exteriorizar a opinião pessoal ou de um grupo, sempre com respeito e
respaldada pela veracidade de informações. Para Samantha Ribeiro liberdade é condição necessária ao
pleno desenvolvimento da natureza humana assim como à integridade e dignidade do indivíduo?. (MEYER
- PFLUG, 2009, p. 27).

Recebe o nome de liberdade de expressão a garantia assegurada a qualquer indivíduo de se manifestar,


buscar e receber ideias e informações de todos os tipos, com ou sem a intervenção de terceiros, por meio
de linguagens oral, escrita, artística ou qualquer outro meio de comunicação. O princípio da liberdade de
expressão deve ser protegido pela constituição de uma democracia, impedindo os ramos legislativo e
executivo o governo de impor a censura. (SANTIAGO, 2015).

Segundo Rafael Pereira da Silva, a liberdade de expressão começou a ser reconhecida como um
direito inalienável, somente no século XVIII, com o advento do Iluminismo, onde vários filósofos defendeu
a liberdade de expressão, estando entre eles John Stuart Mill, no qual acreditava que essa liberdade seria
a única forma de assegurar a vitalidade da verdade. Além disso, a Declaração dos Direitos do Homem e
do Cidadão de 1789, na França, e a primeira Emenda da Constituição dos Estados Unidos, em 1791,
também foram marcos importante nessa conquista. (MENDES, 2022)

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Com a redemocratização do país e a promulgação da Constituição Federal de 1988, houve um


importante avanço, no qual a Constituição passou a garantir a liberdade de manifestação do pensamento,
vedando a censura prévia e estabelecendo que a responsabilidade pelos abusos cometidos no exercício
da liberdade de expressão é posterior à manifestação. Além disso, a Declaração Universal dos Direitos
Humanos em seu artigo 19 contempla o direito à liberdade de expressão, considerando que a mesma seja
uma peça fundamental da democracia e garante que Todo o indivíduo tem direito à liberdade de opinião e
de expressão, sendo um direito que implica a liberdade de manter as suas próprias opiniões sem
interferência e de procurar, receber e difundir informações e ideias por qualquer meio de expressão
independentemente das fronteiras. (ONU, 1948).
Após a Segunda Guerra Mundial, notadamente com a Declaração Universal dos Direitos Humanos, de
1948, passou-se a reconhecer aqueles direitos como um patamar mínimo a ser observado por todos os
Estados na organização do poder e nas suas relações com seus cidadãos. (BARROSO, 2022, P.241).

Essa Declaração foi adotada pela Organização das Nações Unidas após a Segunda Guerra Mundial, com
o objetivo de estabelecer parâmetros mínimos de direitos a serem observados pelos Estados democráticos
signatários.

1.1 ? Liberdade de Expressão no plano Constitucional

Para Gustavo Gonet Branco (2020), entre os diferentes direitos expressos na Constituição, a liberdade de
expressão constitui direito especialmente fundamental, uma vez que sua garantia é essencial para a
dignidade do indivíduo e para a estrutura democrática da nossa sociedade.
Primeiramente, no âmbito da dignidade humana, a necessidade de ser assegurada a liberdade de
expressão está relacionada a dignidade da pessoa humana, tendo em vista que não há vida digna sem
que o sujeito possa expressar seus desejos e convicções. Viver dignamente pressupõe a liberdade de
escolhas existenciais que são vividas e expressadas.
No que diz respeito à democracia, a liberdade de expressão é direito fundamental diretamente
relacionado à garantia de voz aos cidadãos na manifestação de suas várias correntes políticas e
ideológicas, tal liberdade é imprescindível para aqueles que desejem manifestar-se na esfera pública, sem
que sejam reprimidos por isso. Contudo, a liberdade de expressão também cria um dilema quando se trata
de lidar com discursos de ódio, intolerância e propagação de ideologias que visam destruir a própria
sociedade democrática.

É o que Montesquieu denomina de "liberdade dentro da lei?, ou seja: É preciso ter presente o que é
independência e o que é liberdade. A liberdade e o direito de fazer tudo o que as leis permitem. Se um
cidadão pudesse fazer o que elas proíbem, ela já não teria liberdade. pois os outros teriam igualmente
esse poder. (MEYER-PFLUG, 2009, p. 30).

De acordo com a teoria dos direitos fundamentais de Robert Alexy (2001), o direito de liberdade de
expressão ? assim como os demais direitos fundamentais ? deve ser entendido como princípio
constitucional, norteador da hermenêutica jurídica. Segundo Alexy (2001, p. 112), os direitos fundamentais
têm o caráter de princípios e, nessa condição, eventualmente colidem uns com os outros, sendo
necessária uma solução ponderada em favor de um deles.
Assim os direitos fundamentais podem ser entendidos como valores morais compartilhados por uma

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comunidade em dado momento e lugar, que migram do plano ético para o jurídico quando se materializam
em princípios abrangidos pela Constituição (BARROSO, 2008, p. 352).
?quando os juristas raciocinam ou debatem a respeito de direitos e obrigações jurídicos, particularmente
naqueles casos difíceis nos quais nossos problemas com esses conceitos parecem mais agudos, eles
recorrem a padrões que não funcionam como regras, mas operam diferentemente, como princípios,
políticas e outros tipos de padrões.? (Ronald Dworkin, 2007, p.36).

A liberdade de expressão está assegurada na Constituição Federal de 1988, em seu artigo 5º, IV,
IX e 220º. Ela é apresentada como um direito fundamental que garante a todos os cidadãos o livre
exercício da manifestação do pensamento em sociedades democráticas, que permite a expressão de
opiniões, idéias e crenças sem censura ou repressão, ela também abrange o direito de buscar, receber e
compartilhar informações e ideias por meio da escrita, da fala, da imprensa, da arte ou de qualquer outra
fonte de comunicação.
O artigo 5º IV e IX estabelece que seja livre a expressão do pensamento por meio da atividade intelectual
, artística, científica e de comunicação, independentemente de censura ou licença, sendo vedado o
anonimato do autor. Porém, embora a liberdade de expressão seja garantida, esse direito não é absoluto.
O mesmo artigo em seu inciso X determina que a liberdade de expressão seja limitada quando ocorre a
violação da intimidade, da honra, da vida privada e da imagem de outras pessoas. Por isso, em casos de
violação ao direito de outrem é assegurado o direito à indenização pelo dano moral ou material decorrente
do abuso de liberdade de expressão.
E posteriormente, o artigo 220º da Constituição Federal de 1988, que trata dos meios de comunicação
social, ainda estabelece que seja vedada qualquer censura de cunho político, ideológico e artístico aos
meios de comunicação social, e a publicação de veículo impresso de comunicação não depende de
licença de autoridade. No entanto, é importante ressaltar que, apesar de a Constituição Brasileira
assegurar a liberdade de expressão, a interpretação e a aplicação dos seus artigos podem variar ao longo
do tempo, em resposta às mudanças na sociedade. Diante do impacto das tecnologias de informação, a
legislação brasileira está em constante transformação para enfrentar os novos desafios apresentados,
sobretudo pela disseminação nas redes sociais do discurso de ódio, do assédio on-line, da desinformação
e de notícias falsas.
A liberdade de expressão é um direito fundamental que engloba outros direitos conexos, como a liberdade
da manifestação do pensamento (Art. 5°, IV, CRFB/88); o direito de resposta (Art. 5°, V, CRFB/88); de
consciência e de crença (Art. 5°, VI, CRFB/88); a liberdade de expressão da atividade intelectual, artística,
científica e de comunicação (Art. 5°, IX, CRFB/88), porém a mesma não é absoluta - até porque nenhum
direito fundamental é. Por isso, o indivíduo deve observar o seu limite ao praticá-la. (BRASIL, 1988).
Nesse sentido, existem várias possibilidades de desempenhá-la, porém, somente será considerado lícito
o seu exercício quando houver respeito aos direitos fundamentais dos demais indivíduos, no caso de um
indivíduo que posta em uma rede social um comentário ofendendo alguém, um grupo de pessoas ou
espalhando fake news ele não está amparado pelo direito à liberdade de expressão, pelo fato de estar
prejudicando outros direitos fundamentais de outrem.
Segundo Maia (2015, p.184), não se pode admitir nenhum direito ou valor juridicamente protegido de
modo absoluto, sem limite ou mesmo sem nenhum tipo de exceção, mesmo sendo muito importante, à
liberdade de expressão poderá ceder perante outros direitos. A própria Convenção Americana sobre
Direitos Humanos, na complementação do seu artigo 13.1, ressalta que o exercício do direito previsto no
inciso precedente não pode estar sujeito à censura prévia, mas a responsabilidades ulteriores, que devem

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ser expressamente fixadas pela lei a ser necessária para assegurar o respeito aos direitos ou à reputação
das demais pessoas ou a proteção da segurança nacional, da ordem pública, ou da saúde ou da moral
pública.
No ordenamento jurídico brasileiro, existem diversos princípios e normas garantidos na Constituição
Federal, os aplicando diversas formas de proteção. Porém destes princípios e normas surgem colisões
quando se trata da aplicação destes, pois estes podem ter diretrizes em direções opostas. Segundo
Barroso (2004, p.4):
Princípios e direitos previstos na Constituição entram muitas vezes em linha de colisão, por abrigarem
valores contrapostos e igualmente relevantes. Como por exemplo: livre iniciativa e proteção do consumidor
, direito de propriedade e função social da propriedade, segurança pública e liberdades individuais, direitos
da personalidade e liberdade de expressão. O que caracteriza esse tipo de situação jurídica é a ausência
de uma solução em tese para o conflito. Fornecida abstratamente pelas normas aplicáveis.
Quando houver a solução da colisão, devido aos sentidos opostos de interesses desses direitos, um deles
poderá sofrer limitação, devido a prevalência do outro. De acordo com Marmelstein (2013, p.361),
qualquer solução a ser adotada em um conflito assim resultará na restrição de um dos dois valores.
Nos tempos atuais, o uso das redes sociais é muito importante porque tudo está embutido na internet onde
as pessoas buscam e encontram informações sobre todos os temas. Assim, uma rede social pode ser
imaginada como um conjunto de relações interpessoais em que as pessoas compartilham interesses
pessoais e coletivos e põe em prática o seu direito à liberdade de expressão. De forma geral, pode-se
dizer que o homem é um ser que se expressa muito e que tem a necessidade de participar das decisões
da sociedade. Porém para alcançar a democracia é necessário por limites nesse direito de expressão e foi
nessa tentativa que surgiu o PL 2630/2020 que será analisado na próxima seção.

4 ? PROJETO DE LEI DE COMBATE AS FAKE NEWS (PL 2630/2020)


A divulgação de Fake News se tornou uma prática muito comum e perigosa, uma vez que gera incertezas
e desconfianças ao público ouvinte, dificultando assim a busca pela verdade, constituindo-se uma ameaça
à democracia, na medida em que, o acesso à informação é um direito de todos os cidadãos, sendo
necessário combatê-las.
De acordo com Leticia Albuquerque, atualmente, existem algumas agências que são especializadas em
averiguar boatos e a veracidade das notícias consideradas suspeitas, elas são chamadas de fact-checking
. E alguns portais também abriram setores para fazerem a apuração dessas informações. Entretanto, as
averiguações feitas por essas agências não são suficientes para acabar com a proliferação das Fake
News, considerando que a checagem só acontece depois que a informação é publicada e, nesse meio
tempo, diversas pessoas são prejudicadas. (ALBUQUERQUE, 2020).
[3: Algumas agências especializadas em averiguar boatos e a veracidade de notícias consideradas
suspeitas: 1.Aos fatos: Ela acredita no jornalismo independente e conta com o financiamento de
apoiadores, como em um crowdfunding. A escolha dos conteúdos a serem checados divide-se entre uma
informação vinda de uma autoridade pública ou com alto engajamento nas redes sociais. Depois de
encontrarem a origem da informação, os jornalistas da equipe consultam fontes que podem estar
envolvidas.2.Fato ou Fake: Trata-se de um serviço de checagem oferecido pelo grupo Globo, que apura
notícias que estão sendo muito compartilhadas nas redes sociais. 3.FactCheck: Fundado em 2003, é
focado em entregar notícias verdadeiras sobre a política norte-americana.Disponível em: https://www.cnj
.jus.br/programas-e-acoes/painel-de-checagem-de-fake-news/onde-checar/]
A partir da necessidade de uma norma que regulamentasse a proliferação de notícias falsas, foi que o

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Senador Alessandro Vieira, apresentou o projeto de Lei 2630/20 que institui a Lei Brasileira de Liberdade,
Responsabilidade e Transparência na Internet, criando diversas medidas para combater as proliferações
das Fake News nas redes sociais.
A Lei pretende aplicar um programa de boas práticas com base em ?medidas adequadas e proporcionais
no combate ao comportamento inautêntico e na transparência sobre conteúdos pagos?. Sendo assim, o
texto estabelece alguns princípios, estando entre eles a liberdade de expressão e de imprensa, a garantia
dos direitos de personalidade, da dignidade, da honra e da privacidade do indivíduo, o respeito ao usuário
em sua livre formação de preferências políticas e de uma visão de mundo pessoal, a responsabilidade
compartilhada pela preservação de uma esfera pública livre, plural, diversa e democrática, a garantia da
confiabilidade e da integridade dos sistemas informacionais, a promoção do acesso ao conhecimento na
condução dos assuntos de interesse público, acesso amplo e universal aos meios de comunicação e à
informação, a proteção dos consumidores, e a transparência nas regras para veiculação de anúncios e
conteúdos pagos, estando garantidos no artigo 3° do respectivo Projeto de Lei.
No entanto, existem alguns pontos contraditórios neste projeto, no qual organizações e movimentos da
sociedade civil afirmam que podem afetar a privacidade e a liberdade de expressão dos usuários da
internet.
Estando os principais nos artigos 10º e 12º da PL 2630. No qual o 10º autoriza que sejam guardados
obrigatoriamente pela administração das plataformas os dados dos usuários que participem das cadeias
de compartilhamento de conteúdo, onde esses usuários podem ser jornalistas, pesquisadores,
parlamentares ou qualquer cidadão que, eventualmente, repasse postagens muito compartilhadas nas
redes, sendo todas as mensagens que tiverem um compartilhamento significativo nos aplicativos sujeitas a
serem consideradas suspeitas e rastreadas, sem que se tenha um indício de ilegalidade. O projeto sugere
que seja possível identificar: quem originou o conteúdo que se tornou viral e por onde o conteúdo
identificado circulou.
Posto isso, a Coalizão Direitos em Rede apontou que é uma grave violação ao princípio da presunção de
inocência e que pode impactar no exercício da liberdade de expressão e comunicação nos aplicativos.
Tendo em vista que segundo a redação do dispositivo, apenas as mensagens que fossem encaminhadas
por mais de 5 (cinco) usuários e que, dentro de um intervalo de 15 (quinze) dias, alcançarem um total de
1.000 (mil) usuários devem ter seus registros mantidos pelas empresas por um prazo de até 3 (três)
meses. O acesso aos registros ocorreria somente com ?o objetivo de responsabilização pelo
encaminhamento em massa de conteúdo ilícito?, mediante ordem judicial, visando constituir prova em
investigação criminal ou instrução processual penal (GONDIM, 2020).
No entanto, há uma dificuldade de definir objetivamente a distinção entre o que é apenas uma informação
equivocada e o que é uma informação propagada com má-fé, sendo impossível ter uma resolução de
modo preciso e isso pode acabar ferindo princípios constitucionais, estando entre eles o Direito a liberdade
de expressão.
E o artigo 12º determina, no parágrafo 6º, que as pessoas que se sentirem ?ofendidas?, por algum
conteúdo postado por um perfil ou página nas redes sociais, devem pedir para as plataformas o direito de
resposta. Essa figura do ofendido aparece no PL 2630 apenas neste trecho, portanto, não fica clara a sua
definição. Além disso, o direito de resposta, que é constitucional, deve ser baseado em decisão judicial. Se
essa for uma ação terceirizada às plataformas, pode ser mais um poder dado a elas.
Sendo assim, as propostas contidas no projeto, mexem com questões subjetivas que podem ser
manobradas de forma equivocada e promover a censura, tendo em vista que o direito à liberdade de
expressão garante que não deve ser feita uma censura prévia, mas sim responsabilidades ulteriores, o

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fato do respectivo projeto de lei querer que mensagens encaminhadas tenham seus registros mantidos
pela empresa por três meses é considerada uma censura prévia, tendo em vista que o fato de apenas
compartilhar uma mensagem não configura um ato ilícito.

5 - CONSIDERAÇÕES FINAIS
De acordo com o exposto, é fato que o direito à liberdade de expressão acompanha a evolução dos meios
de comunicação. Desse modo, os meios digitais corroboram para que opiniões das mais diferentes
vertentes sejam expostas e divulgadas em grande velocidade para um elevado número de pessoas,
ocasionando a concretização da liberdade de expressão na atualidade.
Contudo, deve-se atentar para o fato de que liberdade de expressão não é absoluta e possui seus limites,
esbarrando nos limites da responsabilidade civil, o que atinge a temática da divulgação de notícias falsas,
as chamadas fakes news. Sendo assim, quando as fakes news são propagadas, deve haver a
responsabilização civil pelo dano causado com tal atitude, pois o direito fundamental à liberdade de
expressão não dirime tal ato.
Como fora evidenciado, o poder legislativo brasileiro buscou com afinco tratar da problemática das fake
news, surgindo assim o Projeto de Lei n° 2630/2020, que institui a Lei Brasileira de Liberdade,
Responsabilidade e Transparência na Internet. Entretanto, Como a liberdade de expressão é um dos
pilares da democracia, tentar regular as redes sociais para combater a desinformação advinda de fake
news, como pretende o respectivo Projeto de Lei, sempre envolve riscos, uma vez que ele tenta conter a
disseminação de conteúdo criminoso e envolve a tensão entre a liberdade de expressão assegurada pela
Constituição e a dificuldade de definir objetivamente a distinção entre o que é apenas uma informação
equivocada e o que é uma informação falsa e de má fé. Sendo impossível de ser resolvido de modo
preciso, pois sempre haverá uma dúvida entre essas condutas.
Portanto, é preciso que sejam feitos estudos mais aprofundados em relação ao citado Projeto, para que
assim não haja violação ao direito fundamental a liberdade de expressão, tendo em vista que foi um direito
alcançado através de diversas lutas e revoluções contra governos autoritários e não deve ser fragilizado
ou ignorado por qualquer autoridade ou meios de comunicação e que por fim, com mais estudo se consiga
lidar com a nova realidade causada pela divulgação das Fake News.

5- REFERÊNCIAS
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de Lei no 2.630/2020 / Civil liability as a result of fake news and Bill no. 2630/2020. Brazilian Journal of
Development, v. 8, n. 6, p. 43353?43366, 2 jun. 2022. Acesso em: 05 out. 2023
A LEI E AS REDES SOCIAIS: TIRE SUAS DÚVIDAS SOBRE O ALCANCE DO DIREITO NO MUNDO
VIRTUAL ? Valladão. Disponível em: <https://www.valladao.com.br/blog/lei-e-as-redes-sociais-tire-suas-
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ANTÔNIO, M. et al. [s.l: s.n.]. Disponível em: <https://revista.internetlab.org.br/wp-content/uploads


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Artigo | As fakes news e a disputa política por desinformação. Disponível em: <https://www.brasildefato
.com.br/2020/07/20/artigo-as-fake-news-e-a-disputa-politica-por-desinformacao>. Acesso em: 04 out.
2023.

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BARBIERI, J.; BANDEIRA, L.; SOUZA, D. PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE GOIÁS ESCOLA
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BITTENCOURT, V.; ALVES, N. FAKE NEWS E OS DESAFIOS DA LIBERDADE DE EXPRESSÃO. [s.l: s


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RASTREABILIDADE de mensagens instantâneas e vigilância em massa: uma análise crítica do art. 10° do
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TÔRRES, F. [s.l: s.n.]. Disponível em: <https://www12.senado.leg.br/ril/edicoes/50/200/ril


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XAVIER, F. C. O que é o Projeto de Lei das Fake News e como isso pode impactar sua vida? Disponível
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impactar-sua-vida/>. Acesso em: 05 nov. 2023.

203 - Fake news e eleições.pdf. Disponível em: <https://drive.google.com/file/d


/1INMnPMX9UhKABsehYMHSYdXSJkUmrGNt/view>. Acesso em: 11 nov. 2023.

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UNIVERSIDADE TIRADENTES ? UNITCURSO DE GRADUAÇÃO EM DIREITOTRABALHO DE


CONCLUSÃO DE CURSO ? ARTIGO CIENTÍFICO

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Arquivo 1: TCC DOC 4.docx (6035 termos)
Arquivo 2: https://repositorio.pucgoias.edu.br/jspui/bitstream/123456789/1819/1/A Responsabilidade Civil
das Fake News.pdf (14758 termos)
Termos comuns: 679
Similaridade: 3,37%
O texto abaixo é o conteúdo do documento TCC DOC 4.docx (6035 termos)
Os termos em vermelho foram encontrados no documento
https://repositorio.pucgoias.edu.br/jspui/bitstream/123456789/1819/1/A Responsabilidade Civil das Fake
News.pdf (14758 termos)

=================================================================================

PROJETO DE LEI DAS FAKE NEWS X LIBERDADE DE EXPRESSÃO: UMA ANÁLISE DO PROJETO DE
LEI 2630/2020

Nadyele Neves Cerqueira


Orientadora: Fernanda Oliveira Santos

ARACAJU ? SERGIPE
2023

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NADYELE NEVES CERQUEIRA

PROJETO DE LEI DAS FAKE NEWS X LIBERDADE DE EXPRESSÃO: UMA ANÁLISE DO PROJETO DE
LEI 2630/2020

Trabalho de Conclusão de Curso ? Artigo ? apresentado ao Curso de Direito da Universidade Tiradentes ?


UNIT, como requisito parcial para obtenção do grau de bacharel em Direito.

APROVADO EM ____/____/____

BANCA EXAMINADORA

__________________________________________________________________
Professor Orientador: Fernanda Oliveira Santos
Universidade Tiradentes

__________________________________________________________________
Professor Examinador
Universidade Tiradentes

__________________________________________________________________
Professor Examinador
Universidade Tiradentes

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PROJETO DE LEI DAS FAKE NEWS X LIBERDADE DE EXPRESSÃO: UMA ANÁLISE DO PROJETO DE
LEI 2630/2020
FAKE NEWS BILL X FREEDOM OF EXPRESSION: AN ANALYSIS OF BILL 2630/2020

Nadyele Neves Cerqueira¹


RESUMO
O presente artigo tem por objetivo a análise do projeto de lei das fakes news sob o prisma do direito dos
danos, com enfoque relacionado a divulgação da Fake News na política, verificando-se a existência, ou
não, de danos diversos advindos da conduta de disseminar notícias falsas, bem como a responsabilidade
civil de quem propaga. Neste estudo, buscou-se evidenciar as implicações das Fake News, principalmente
, no que se refere aos direitos fundamentais, com foco especial para o direito fundamental à liberdade de
expressão. Quanto aos aspectos metodológicos, utilizou-se o método sociológico de interpretação e a
metodologia de pesquisa do tipo pesquisa bibliográfica.

PALAVRAS-CHAVE: Notícias falsas; responsabilidade civil; política; liberdade de expressão.

ABSTRACT
The purpose of this article is to analyze the fakes news bill under the prism of damages law, with a focus on
the dissemination of Fake News in politics, verifying the existence, or not, of various damages arising from
the conduct of disseminating false news, as well as the civil liability of those who spread it. This study
sought to highlight the implications of Fake News, especially with regard to fundamental rights, with a
special focus on the fundamental right to freedom of expression. As for the methodological aspects, we
used the sociological method of interpretation and the research methodology of bibliographical research.
KEY WORDS: Fake news; civil liability; policy; freedom of expression;

¹ Graduando(a) em Direito pela Universidade Tiradentes - UNIT. E-mail (institucional preferencialmente):


nadyele.neves@souunit.com.br
1-INTRODUÇÃO
O presente artigo tem como objetivo a análise acerca das fakes news, que são consideradas um
fenômeno da era das novas tecnologias de informação e comunicação (NTIC), consistindo na propagação
de notícias falsas de forma rápida e que possuem o intuito de prejudicar um grupo ou uma pessoa em
específico, provocando assim inúmeras controvérsias e reflexões sobre o respectivo tema. (ALVES;
MACIEL, 2020)
Por meio de uma pesquisa bibliográfica, foi possível identificar os efeitos atribuídos às fake news, bem
com avaliar suas consequências na política, a responsabilidade civil de quem propaga, expondo a
necessidade de garantir que as medidas adotadas contra essas notícias falsas não afetem a liberdade de
expressão e o direito à informação.
Desta forma, trouxe inicialmente uma análise sobre o tema e seu impacto na sociedade e, em seguida,
uma pesquisa acerca do Projeto de lei das fakes news (PL 2630/2020), bem como um estudo detalhado
acerca da violação do direito fundamental da liberdade de expressão vinculados a essa prática de
propagação de notícias falsas, respondendo assim a seguinte questão: o Projeto de lei das fake news viola
o direito à liberdade de expressão?

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Desde que a internet surgiu, abriu as portas para novos desenvolvimentos tecnológicos, transformando
assim o modo como vivemos e nos relacionamos, de forma que contribuiu para a relação entre os
indivíduos da sociedade. Inicialmente, o seu principal objetivo era a troca de informações (SOUZA, 2020).
No entanto, acabou se tornando um espaço que facilitou a divulgação de notícias falsas, justamente por
ser um ambiente mais livre de comunicação, sem tanta regulamentação.
Com aproximadamente 7,6 bilhões de pessoas no mundo, em torno de 4 bilhões têm acesso à internet e
2,9 bilhões são usuárias de redes sociais. Uma pesquisa feita pela Poynter Institute, em 2022, revela que
quatro em cada dez brasileiros afirmam receber fake news diariamente e apontou ainda que mais da
metade dos entrevistados, provenientes de diferentes países, acreditam receber informações enganosas
online toda semana. Além disso, o Brasil é o país em que mais pessoas acreditam em fake news, segundo
informações extraídas no portal do Tribunal de Justiça do Estado do Paraná sobre o perigo da fake news,
um estudo divulgado pelo Instituto Mundial de Pesquisa (IPSO, 2018), mostrou que no Brasil 62% dos
entrevistados admitiram já ter acreditado em notícias falsas, mesmo sem verificar a veracidade da
informação ou mesmo a sua origem, sendo este um número acima da média mundial, que é de 48%.
As fake news se destacam principalmente na área política, onde tem-se percebido que parte da sociedade
vem tendo dificuldade para saber o que é verdade ou é uma notícia falsa, principalmente em ano eleitoral
, onde governos autoritários se utilizam desse artifício para obter aprovação popular, por meio de um
discurso e aparência mentirosa de um governo democrático, causando um dano nocivo ao direito da
liberdade, da informação e aos direitos humanos, uma vez que o acesso à informação correta é um direito
dos cidadãos e é fundamental para fazer as escolhas políticas. Ademais, o anonimato proporcionado no
ambiente da internet intensifica a violência e o discurso de ódio através das fake news. (MACHADO, 2021)
Além disso, a indústria das fake news também impacta na inserção das mulheres na política. De acordo
com a Plan International, 87% das meninas e jovens mulheres sofrem efeitos negativos de fake news. O
Instituto Política de Saia, em parceria com o Projeto Justiceiras, em sua pesquisa com mais de 1.190
mulheres, verificou que mais de 51% das entrevistadas passaram por situações de violência ou
discriminação, na qualidade de eleitoras ou no exercício do seu mandato.
É nesse cenário caótico que surge o Projeto de Lei 2630/2020, apelidado como ?PL das fake news?,
inspirado na legislação alemã e apresentado pelo senador Alessandro Vieira com a justificativa de
combater as fakes news. Porém, existem alguns pontos contraditórios neste projeto, no qual organizações
e movimentos da sociedade civil afirmam que podem afetar a privacidade e a liberdade de expressão dos
usuários da internet.
Portanto, visando compreender os efeitos das notícias falsas na política do século XXI, tem-se aqui como
estudo o entendimento do projeto de lei das fake news, bem como do direito fundamental liberdade de
expressão. Este trabalho de conclusão de curso está dividido em três capítulos. A primeira seção passa
por uma análise do conceito e efeitos da fake news, bem como o estudo da responsabilidade civil de quem
propaga. A segunda pretende discorrer sobre a liberdade de expressão. E a terceira trata-se de um
estudo de um caso que permeia nossa realidade, onde será analisado o projeto de lei das fake news e a
liberdade de expressão.

2 - FAKE NEWS: UM FENÔMENO DA ERA DIGITAL


Fake News são notícias falsas com um grande poder viral, publicadas em redes sociais como se fossem
informações reais, tendo o objetivo de propagar um ponto de vista ou prejudicar uma pessoa ou grupo
(geralmente figuras públicas) (CAMPOS, 2018).
O termo Fake News ganhou força mundialmente em 2016, com a corrida presidencial dos Estados Unidos

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, onde organizações empregavam jovens para produzir e espalhar informações falsas sobre candidatos e
empresas dos Estados Unidos. Porém apesar do recente uso do termo Fake News, ela sempre esteve
presente ao longo da história, o que mudou foi a nomenclatura, o meio utilizado para divulgação e o
potencial de persuasão que o material falso adquiriu nos últimos anos (DOURADO,2020, p.2). Segundo o
historiador Robert Darnton, em entrevista concedida ao jornal Folha de São Paulo, existem ao menos
desde o século VI (VICTOR, 2017).
Segundo a linha de pensamento de Chen, Conroy e Rubin (2015, p.19), a produção e veiculação de Fake
News constituem um verdadeiro mercado, no qual é alimentado por pessoas de grande influência,
geralmente políticos em campanha eleitoral, onde contratam equipes especializadas nesse tipo de
conteúdo viral e produtores desse conteúdo falso compram ilegalmente endereços de e-mail e números
de telefone celular de milhões de pessoas para ?disparar? essas notícias, e ainda existe a preferência por
contatos de líderes religiosos ou de movimentos políticos, já que eles repassam aos seus seguidores e
pedem que a informação seja compartilhada e para legitimar as Fake News, as páginas que produzem e
divulgam esse tipo de informação costumam misturar as publicações falsas com a reprodução de notícias
verdadeiras de fontes confiáveis e ainda utilizam montagens em vídeos e imagens, tendo em vista que os
usuários da internet são muito visuais, por isso, uma foto manipulada ou fora de contexto pode ser
facilmente divulgada como verdadeira.
Chiara Spadaccini de Teffé e Carlos Affonso Pereira de Souza (2019, p. 542) esclarecem sobre a
propagação de Fake News, que:

A divulgação de informações falsas ou distorcidas não é um problema novo, mas a disseminação em


massa desse conteúdo através da Internet e seu impacto na política vêm chamando atenção. Após 2016,
com as diversas notícias falsas divulgadas durante as eleições norte-americanas e as discussões sobre o
referendo que decidiu pela saída da Grã-Bretanha da União Europeia, verificou-se a emergência de se
entender o que seriam as chamadas fake news e como elas poderiam ser combatidas sem se prejudicar
as liberdades fundamentais e a diversidade de opiniões.
Segundo levantamento feito pela Folha de São Paulo, em 2018, as páginas de Fake News têm maior
participação dos usuários de redes sociais do que as de conteúdo jornalístico real. De 2017 a 2018, os
veículos de comunicação tradicionais apresentaram queda de 17% em seu engajamento, enquanto os
propagadores de fake news tiveram um aumento de 61%. (CAMPOS, 2018)
A propagação de informações falsas, fotos, vídeos manipulados e publicações duvidosas são atos
perigosos que causam efeitos negativos que podem ocasionar o linchamento de inocente, o aumento de
questões de saúde pública, como a propagação de movimentos de antivacinação, o aumento da
homofobia, xenofobia, violência e do preconceito racial.
No Brasil, um dos exemplos mais críticos sobre a seriedade da propagação de fake news foi o
episódio envolvendo a brasileira Fabiane de Jesus, onde em 2014 teve sua foto divulgada em redes
sociais, de forma equivocada, como sendo a de uma criminosa que raptava crianças, levando-a a um
linchamento coletivo na cidade de Guarujá e até hoje a família da vítima luta para que os danos sejam
minimamente reparados (UOL NOTÍCIAS, 2018).

2.1 - Fake News na política


A eleição presidencial de 2018 no Brasil ficou marcada com uma das disputas políticas mais conturbadas
desde o processo de redemocratização. Entre os componentes desse ineditismo esteve a disseminação
em rede de notícias falsas direcionadas ao eleitorado, atrapalhando de alguma forma o exercício do voto.

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De acordo com levantamento divulgado pelo Instituto IDEIA Big Data, mais de dois terços dos eleitores
afirmaram ter recebido fake news pelo WhatsApp durante a campanha presidencial de 2018 e segundo
levantamento divulgado pelo Instituto de Pesquisa Avaaz, 98,21% dos eleitores do então candidato Jair
Bolsonaro (PSL) tiveram contato com notícias falsas durante a disputa e 89,77% deles acreditaram que
tais notícias eram verdadeiras (PASQUINI, 2018).
Dessa maneira, inúmeras pessoas, firmaram o seu voto, baseadas em histórias, dados e alterações falsas
, distorcidas e sem qualquer comprovação, com a finalidade de tumultuar o processo eleitoral, podendo
trazer consequências para o futuro do país, uma vez que, pessoas desinformadas, tomam más decisões.
Deste modo, a legitima informação é excepcional no que se refere à tomada de decisões.
Apesar de serem prejudiciais, geralmente não é fácil descobrir uma notícia falsa. De acordo com Quirós,
em meio ao cenário atual do jornalismo estão as fakes news difundidas nas redes sociais, na qual
antigamente pudessem ser chamadas de rumores, sátiras e propagandas, tendo um forte impacto pela
grande divulgação e por encontrarem receptores aptos a aceitarem sem contestar a informação. Estas
notícias falsas ganham credibilidade e força dependendo daqueles que as propagam e sua influência na
rede (QUIROS, 2017, p.37).
As notícias falsas rapidamente se espalham, tendo em vista que costumam ser emocionalmente atraentes
ou reforçam algum ideal político que ajudam alimentar crenças e por isto são amplamente compartilhadas
e comentadas antes mesmo que os usuários chequem as devidas fontes da informação. Portanto, quem
acreditava que a notícia era verdadeira passou a cooperar com a disseminação da mesma. Para
disseminar as fakes news, o processo é corriqueiro e na maioria das situações, utiliza-se um grupo de
usuários que tenham o mesmo pensamento ideológico, para reforçar a corrente da opinião pré- existente.
De acordo com Martinez, o Estado tende a se preocupar cada vez mais com o controle e a veiculação de
notícias falsas, tendo em vista que o detentor da informação (especialmente dados sigilosos) poderá
manipular a opinião pública, inclusive em relação a assuntos políticos e estratégicos da maior
complexidade e relevância. Ampliando assim, portanto, a preocupação não só dos governantes, mas,
também, dos próprios governados, em relação à disseminação de informações falsas sobre fatos e
personalidades públicas relacionados ao universo político, social e econômico, de modo a influenciar
negativamente a opinião pública. Ressalta-se também que as informações falsas têm por objetivo
desvirtuar a verdade das informações repassadas e em grande maioria, sem que se saiba a origem do
financiamento de tais notícias. Há apontamentos de ocorrência de fake news na política nacional a partir
de 2010; bem como é de conhecimento público a possibilidade de manipulação das eleições de Donald
Trump, nos EUA. (MARTINEZ; NASCIMENTO JUNIOR, 2018).
Neste contexto, especialmente no Brasil, grupos de diferentes ideologias políticas começaram a espalhar
fake news para desacreditar os representantes políticos ou candidatos, um exemplo disso foi as eleições
do ano de 2018, no qual a pesquisadora Tatiana Dourado mostrou que em outubro no segundo turno de
2018, as fakes news refletiram a disputa eleitoral acirrada entre Fernando Haddad e Jair Bolsonaro e que
ela registrou a circulação de 346 fake news nesse período. Portanto, uma estratégia de manipulação da
informação foi formulada para dar ao eleitor um determinado status ideológico, ou seja, para influenciar o
campo político. (DOURADO, 2020, p. 131).
Dessa maneira, os eleitores de partidos ou candidatos precisam ter consciência antes de compartilhar as
informações, uma vez que, as notícias falsas afetam a capacidade das pessoas de fazerem um voto
consciente e embasado com informações verdadeiras.

2.2 - Responsabilidade Civil de quem propaga

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As Fakes News em decorrência da transformação do acesso aos meios de comunicação, ganham a cada
dia uma propagação maior, sendo sustentadas pela grande demanda de informações. Assim, de forma
maliciosa, as informações inverídicas e sensacionalistas são inseridas nas redes sociais, para que sejam
compartilhadas e difundidas entre todos os usuários.
Surgindo assim o debate sobre a responsabilidade civil de quem propaga, na qual faz parte do Direito
obrigacional, tendo previsão no Código Civil de 2002 em seu artigo 186, estando associada a
compreensão de que não se deve prejudicar o outro ou estimular a prática de condutas danosas que
afetam os interesses de outrem, assim, todo aquele que violar e causar dano a outro individuo comete ato
ilícito e fica obrigado a reparar, assim, caso o impacto e constrangimento do ofendido gerado pela notícia
falsa extrapole os limites, em seu meio social, resta comprovado o ato ilícito praticado, obrigando-se o
ofensor a corrigir os danos causados nos termos da lei.
Para Cristiano Chaves, Felipe Braga e Nelson Rosenvald, a definição de responsabilidade civil em seu
sentido clássico consiste na obrigação de reparar danos que infringimos por nossa culpa e em certos
casos determinados pela lei. (FARIAS; ROSENVALD; NETTO, 2020, p. 34).
Apesar da dificuldade de localizar o verdadeiro propagador da "Fake News", o ordenamento jurídico
ampara o usuário para obtenção das informações pessoais do ofensor através de rastreamento dos dados
do cadastro realizado nas redes sociais, tornando possível a sua identificação e responsabilização pelo
ato ilícito. Sendo assim, ao estabelecer uma conexão com a internet, cada computador, deixa na rede uma
espécie de impressão digital, chamada de IP (protocolo de internet) que seria um número de identidade
exclusivo que lhe permite ser identificado, de acordo com artigo escrito pela advogada Carolina Ferraz de
Moraes (MORAES, 2019).
Com isso, o Marco Civil da Internet (Lei 12.965/2014) estabelece em seus artigos 22 e 13 que cabe ao
administrador do sistema autônomo (provedores de internet) o dever de manterem os registros de conexão
dos seus usuários pelo prazo de 01 ano, devendo exibi-los, mediante indispensável ordem judicial, à
autoridade policial, administrativa, ao Ministério Público ou ao interessado.
Logo, o prejudicado, para identificar de onde partiram as ofensas, pode reivindicar, mediante Ação Judicial
, que a rede social informe o protocolo de internet do computador do qual fora publicado o conteúdo
ofensivo, bem como os registros e dados inerentes ao perfil que o publicou. Conforme caso descrito
abaixo, no qual a requerente propôs uma Ação Cautelar de Exibição de Documentos para obter o
fornecimento do protocolo de internet (IP) juntamente com informações e horários acerca dos logins e
logouts de uma conta falsa na rede social de propriedade da requerida, e demais informações que foram
utilizadas para criação do perfil do usuário e obteve decisão favorável pelo Desembargador Arnaldo Maciel
.

O Tribunal de Justiça de Minas Gerais, inclusive, possuindo entendimento firme no sentido de que ?o
fornecimento do Internet Protocolo (IP), juntamente com horários e informações acerca dos logins e
logouts da conta falsa na rede social de propriedade da requerida, e demais informações fornecidas para
criação do perfil do usuário, constituem medidas adequadas? (TJMG. Agravo de Instrumento nº 0460795-
79.2014.8.13.0000, Rel. Des. Arnaldo Maciel. Publ.: 10/10/2014).

[2: EMENTA: AGRAVO DE INSTRUMENTO - AÇÃO CAUTELAR DE EXIBIÇÃO DE DOCUMENTOS -


PEDIDO LIMINAR - REQUERIMENTO DE DOCUMENTOS FORA DO ALCANCE DA PARTE
REQUERIDA - IMPOSSIBILIDADE DE EXIBIÇÃO - DECISÃO REFORMADA. Não é possível imputar à
requerida apresentar informações que estejam fora de seu alcance e em desacordo com a razoabilidade.

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O fornecimento do Internet Protocol (IP), juntamente com horários e informações acerca dos logins e
logouts da conta falsa na rede social de propriedade da requerida, e demais informações fornecidas para
criação do perfil do usuário, constituem medidas adequadas, eis que não há como imputar à requerida o
fornecimento de elementos adicionais que não constam da sua base de dados.

]
Tais requerimentos, podem ser formulados mediante eventual Ação de Reparação de Danos, através do
requerimento de Exibição de Documentos previsto pelo artigo 396 do Código de Processo Civil ou podem
ser formulados através do ajuizamento de Ação Judicial específica contra o provedor e/ou rede social,
exclusivamente para esse fim.
Assim, a divulgação de Fake News não é apenas responsabilidade daquele que a criou, mas também
daquele que a propagou sem verificar a veracidade daquilo que divulga. Os principais Tribunais do país
têm entendido que o usuário da rede social, ao compartilhar ou republicar conteúdo de terceiros em seu
próprio perfil, acaba por responsabilizar-se pelas informações veiculadas.
Inclusive, em julgado do Tribunal de Justiça de São Paulo entendeu ?que há responsabilidade dos que
repassam as mensagens e dos que nelas opinam de forma ofensiva, devendo ser encarado o uso deste
meio de comunicação com mais seriedade e cautela e não com o caráter informal? (TJSP. Apelação Cível
nº 4000515-21.2013.8.26.0451, Rel. Des. Neves Amorim. Julg.: 26/11/2013). Nestes termos, o cidadão
possui o dever de checar a fonte e o conteúdo de tudo aquilo que transmite, sob pena de ser
responsabilizado.
Por fim, o intuito da responsabilidade civil é restabelecer o equilíbrio patrimonial ou moral que foi violado,
certificando aprazibilidade a sociedade, uma vez que, o dano não reparado motiva a inquietação social.
Por isso, atualmente, busca-se uma aplicação mais ampla ao dever de indenizar com o intuito de não
sobejar danos não reparados.

3 ? DO DIREITO FUNDAMENTAL À LIBERDADE DE EXPRESSÃO


Liberdade de Expressão é o direito que permite a manifestação livremente dos pensamentos sem medo de
represálias, de adquirir e exportar informações por diversos meios, de forma independente e sem censura
, ou seja, ela significa o direito de exteriorizar a opinião pessoal ou de um grupo, sempre com respeito e
respaldada pela veracidade de informações. Para Samantha Ribeiro liberdade é condição necessária ao
pleno desenvolvimento da natureza humana assim como à integridade e dignidade do indivíduo?. (MEYER
- PFLUG, 2009, p. 27).

Recebe o nome de liberdade de expressão a garantia assegurada a qualquer indivíduo de se manifestar,


buscar e receber ideias e informações de todos os tipos, com ou sem a intervenção de terceiros, por meio
de linguagens oral, escrita, artística ou qualquer outro meio de comunicação. O princípio da liberdade de
expressão deve ser protegido pela constituição de uma democracia, impedindo os ramos legislativo e
executivo o governo de impor a censura. (SANTIAGO, 2015).

Segundo Rafael Pereira da Silva, a liberdade de expressão começou a ser reconhecida como um
direito inalienável, somente no século XVIII, com o advento do Iluminismo, onde vários filósofos defendeu
a liberdade de expressão, estando entre eles John Stuart Mill, no qual acreditava que essa liberdade seria
a única forma de assegurar a vitalidade da verdade. Além disso, a Declaração dos Direitos do Homem e
do Cidadão de 1789, na França, e a primeira Emenda da Constituição dos Estados Unidos, em 1791,

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também foram marcos importante nessa conquista. (MENDES, 2022)


Com a redemocratização do país e a promulgação da Constituição Federal de 1988, houve um
importante avanço, no qual a Constituição passou a garantir a liberdade de manifestação do pensamento,
vedando a censura prévia e estabelecendo que a responsabilidade pelos abusos cometidos no exercício
da liberdade de expressão é posterior à manifestação. Além disso, a Declaração Universal dos Direitos
Humanos em seu artigo 19 contempla o direito à liberdade de expressão, considerando que a mesma seja
uma peça fundamental da democracia e garante que Todo o indivíduo tem direito à liberdade de opinião e
de expressão, sendo um direito que implica a liberdade de manter as suas próprias opiniões sem
interferência e de procurar, receber e difundir informações e ideias por qualquer meio de expressão
independentemente das fronteiras. (ONU, 1948).
Após a Segunda Guerra Mundial, notadamente com a Declaração Universal dos Direitos Humanos, de
1948, passou-se a reconhecer aqueles direitos como um patamar mínimo a ser observado por todos os
Estados na organização do poder e nas suas relações com seus cidadãos. (BARROSO, 2022, P.241).

Essa Declaração foi adotada pela Organização das Nações Unidas após a Segunda Guerra Mundial, com
o objetivo de estabelecer parâmetros mínimos de direitos a serem observados pelos Estados democráticos
signatários.

1.1 ? Liberdade de Expressão no plano Constitucional

Para Gustavo Gonet Branco (2020), entre os diferentes direitos expressos na Constituição, a liberdade de
expressão constitui direito especialmente fundamental, uma vez que sua garantia é essencial para a
dignidade do indivíduo e para a estrutura democrática da nossa sociedade.
Primeiramente, no âmbito da dignidade humana, a necessidade de ser assegurada a liberdade de
expressão está relacionada a dignidade da pessoa humana, tendo em vista que não há vida digna sem
que o sujeito possa expressar seus desejos e convicções. Viver dignamente pressupõe a liberdade de
escolhas existenciais que são vividas e expressadas.
No que diz respeito à democracia, a liberdade de expressão é direito fundamental diretamente
relacionado à garantia de voz aos cidadãos na manifestação de suas várias correntes políticas e
ideológicas, tal liberdade é imprescindível para aqueles que desejem manifestar-se na esfera pública, sem
que sejam reprimidos por isso. Contudo, a liberdade de expressão também cria um dilema quando se trata
de lidar com discursos de ódio, intolerância e propagação de ideologias que visam destruir a própria
sociedade democrática.

É o que Montesquieu denomina de "liberdade dentro da lei?, ou seja: É preciso ter presente o que é
independência e o que é liberdade. A liberdade e o direito de fazer tudo o que as leis permitem. Se um
cidadão pudesse fazer o que elas proíbem, ela já não teria liberdade. pois os outros teriam igualmente
esse poder. (MEYER-PFLUG, 2009, p. 30).

De acordo com a teoria dos direitos fundamentais de Robert Alexy (2001), o direito de liberdade de
expressão ? assim como os demais direitos fundamentais ? deve ser entendido como princípio
constitucional, norteador da hermenêutica jurídica. Segundo Alexy (2001, p. 112), os direitos fundamentais
têm o caráter de princípios e, nessa condição, eventualmente colidem uns com os outros, sendo
necessária uma solução ponderada em favor de um deles.

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Assim os direitos fundamentais podem ser entendidos como valores morais compartilhados por uma
comunidade em dado momento e lugar, que migram do plano ético para o jurídico quando se materializam
em princípios abrangidos pela Constituição (BARROSO, 2008, p. 352).
?quando os juristas raciocinam ou debatem a respeito de direitos e obrigações jurídicos, particularmente
naqueles casos difíceis nos quais nossos problemas com esses conceitos parecem mais agudos, eles
recorrem a padrões que não funcionam como regras, mas operam diferentemente, como princípios,
políticas e outros tipos de padrões.? (Ronald Dworkin, 2007, p.36).

A liberdade de expressão está assegurada na Constituição Federal de 1988, em seu artigo 5º, IV,
IX e 220º. Ela é apresentada como um direito fundamental que garante a todos os cidadãos o livre
exercício da manifestação do pensamento em sociedades democráticas, que permite a expressão de
opiniões, idéias e crenças sem censura ou repressão, ela também abrange o direito de buscar, receber e
compartilhar informações e ideias por meio da escrita, da fala, da imprensa, da arte ou de qualquer outra
fonte de comunicação.
O artigo 5º IV e IX estabelece que seja livre a expressão do pensamento por meio da atividade intelectual
, artística, científica e de comunicação, independentemente de censura ou licença, sendo vedado o
anonimato do autor. Porém, embora a liberdade de expressão seja garantida, esse direito não é absoluto.
O mesmo artigo em seu inciso X determina que a liberdade de expressão seja limitada quando ocorre a
violação da intimidade, da honra, da vida privada e da imagem de outras pessoas. Por isso, em casos de
violação ao direito de outrem é assegurado o direito à indenização pelo dano moral ou material decorrente
do abuso de liberdade de expressão.
E posteriormente, o artigo 220º da Constituição Federal de 1988, que trata dos meios de comunicação
social, ainda estabelece que seja vedada qualquer censura de cunho político, ideológico e artístico aos
meios de comunicação social, e a publicação de veículo impresso de comunicação não depende de
licença de autoridade. No entanto, é importante ressaltar que, apesar de a Constituição Brasileira
assegurar a liberdade de expressão, a interpretação e a aplicação dos seus artigos podem variar ao longo
do tempo, em resposta às mudanças na sociedade. Diante do impacto das tecnologias de informação, a
legislação brasileira está em constante transformação para enfrentar os novos desafios apresentados,
sobretudo pela disseminação nas redes sociais do discurso de ódio, do assédio on-line, da desinformação
e de notícias falsas.
A liberdade de expressão é um direito fundamental que engloba outros direitos conexos, como a liberdade
da manifestação do pensamento (Art. 5°, IV, CRFB/88); o direito de resposta (Art. 5°, V, CRFB/88); de
consciência e de crença (Art. 5°, VI, CRFB/88); a liberdade de expressão da atividade intelectual, artística,
científica e de comunicação (Art. 5°, IX, CRFB/88), porém a mesma não é absoluta - até porque nenhum
direito fundamental é. Por isso, o indivíduo deve observar o seu limite ao praticá-la. (BRASIL, 1988).
Nesse sentido, existem várias possibilidades de desempenhá-la, porém, somente será considerado lícito
o seu exercício quando houver respeito aos direitos fundamentais dos demais indivíduos, no caso de um
indivíduo que posta em uma rede social um comentário ofendendo alguém, um grupo de pessoas ou
espalhando fake news ele não está amparado pelo direito à liberdade de expressão, pelo fato de estar
prejudicando outros direitos fundamentais de outrem.
Segundo Maia (2015, p.184), não se pode admitir nenhum direito ou valor juridicamente protegido de
modo absoluto, sem limite ou mesmo sem nenhum tipo de exceção, mesmo sendo muito importante, à
liberdade de expressão poderá ceder perante outros direitos. A própria Convenção Americana sobre
Direitos Humanos, na complementação do seu artigo 13.1, ressalta que o exercício do direito previsto no

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inciso precedente não pode estar sujeito à censura prévia, mas a responsabilidades ulteriores, que devem
ser expressamente fixadas pela lei a ser necessária para assegurar o respeito aos direitos ou à reputação
das demais pessoas ou a proteção da segurança nacional, da ordem pública, ou da saúde ou da moral
pública.
No ordenamento jurídico brasileiro, existem diversos princípios e normas garantidos na Constituição
Federal, os aplicando diversas formas de proteção. Porém destes princípios e normas surgem colisões
quando se trata da aplicação destes, pois estes podem ter diretrizes em direções opostas. Segundo
Barroso (2004, p.4):
Princípios e direitos previstos na Constituição entram muitas vezes em linha de colisão, por abrigarem
valores contrapostos e igualmente relevantes. Como por exemplo: livre iniciativa e proteção do consumidor
, direito de propriedade e função social da propriedade, segurança pública e liberdades individuais, direitos
da personalidade e liberdade de expressão. O que caracteriza esse tipo de situação jurídica é a ausência
de uma solução em tese para o conflito. Fornecida abstratamente pelas normas aplicáveis.
Quando houver a solução da colisão, devido aos sentidos opostos de interesses desses direitos, um deles
poderá sofrer limitação, devido a prevalência do outro. De acordo com Marmelstein (2013, p.361),
qualquer solução a ser adotada em um conflito assim resultará na restrição de um dos dois valores.
Nos tempos atuais, o uso das redes sociais é muito importante porque tudo está embutido na internet onde
as pessoas buscam e encontram informações sobre todos os temas. Assim, uma rede social pode ser
imaginada como um conjunto de relações interpessoais em que as pessoas compartilham interesses
pessoais e coletivos e põe em prática o seu direito à liberdade de expressão. De forma geral, pode-se
dizer que o homem é um ser que se expressa muito e que tem a necessidade de participar das decisões
da sociedade. Porém para alcançar a democracia é necessário por limites nesse direito de expressão e foi
nessa tentativa que surgiu o PL 2630/2020 que será analisado na próxima seção.

4 ? PROJETO DE LEI DE COMBATE AS FAKE NEWS (PL 2630/2020)


A divulgação de Fake News se tornou uma prática muito comum e perigosa, uma vez que gera incertezas
e desconfianças ao público ouvinte, dificultando assim a busca pela verdade, constituindo-se uma ameaça
à democracia, na medida em que, o acesso à informação é um direito de todos os cidadãos, sendo
necessário combatê-las.
De acordo com Leticia Albuquerque, atualmente, existem algumas agências que são especializadas em
averiguar boatos e a veracidade das notícias consideradas suspeitas, elas são chamadas de fact-checking
. E alguns portais também abriram setores para fazerem a apuração dessas informações. Entretanto, as
averiguações feitas por essas agências não são suficientes para acabar com a proliferação das Fake
News, considerando que a checagem só acontece depois que a informação é publicada e, nesse meio
tempo, diversas pessoas são prejudicadas. (ALBUQUERQUE, 2020).
[3: Algumas agências especializadas em averiguar boatos e a veracidade de notícias consideradas
suspeitas: 1.Aos fatos: Ela acredita no jornalismo independente e conta com o financiamento de
apoiadores, como em um crowdfunding. A escolha dos conteúdos a serem checados divide-se entre uma
informação vinda de uma autoridade pública ou com alto engajamento nas redes sociais. Depois de
encontrarem a origem da informação, os jornalistas da equipe consultam fontes que podem estar
envolvidas.2.Fato ou Fake: Trata-se de um serviço de checagem oferecido pelo grupo Globo, que apura
notícias que estão sendo muito compartilhadas nas redes sociais. 3.FactCheck: Fundado em 2003, é
focado em entregar notícias verdadeiras sobre a política norte-americana.Disponível em: https://www.cnj
.jus.br/programas-e-acoes/painel-de-checagem-de-fake-news/onde-checar/]

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A partir da necessidade de uma norma que regulamentasse a proliferação de notícias falsas, foi que o
Senador Alessandro Vieira, apresentou o projeto de Lei 2630/20 que institui a Lei Brasileira de Liberdade,
Responsabilidade e Transparência na Internet, criando diversas medidas para combater as proliferações
das Fake News nas redes sociais.
A Lei pretende aplicar um programa de boas práticas com base em ?medidas adequadas e proporcionais
no combate ao comportamento inautêntico e na transparência sobre conteúdos pagos?. Sendo assim, o
texto estabelece alguns princípios, estando entre eles a liberdade de expressão e de imprensa, a garantia
dos direitos de personalidade, da dignidade, da honra e da privacidade do indivíduo, o respeito ao usuário
em sua livre formação de preferências políticas e de uma visão de mundo pessoal, a responsabilidade
compartilhada pela preservação de uma esfera pública livre, plural, diversa e democrática, a garantia da
confiabilidade e da integridade dos sistemas informacionais, a promoção do acesso ao conhecimento na
condução dos assuntos de interesse público, acesso amplo e universal aos meios de comunicação e à
informação, a proteção dos consumidores, e a transparência nas regras para veiculação de anúncios e
conteúdos pagos, estando garantidos no artigo 3° do respectivo Projeto de Lei.
No entanto, existem alguns pontos contraditórios neste projeto, no qual organizações e movimentos da
sociedade civil afirmam que podem afetar a privacidade e a liberdade de expressão dos usuários da
internet.
Estando os principais nos artigos 10º e 12º da PL 2630. No qual o 10º autoriza que sejam guardados
obrigatoriamente pela administração das plataformas os dados dos usuários que participem das cadeias
de compartilhamento de conteúdo, onde esses usuários podem ser jornalistas, pesquisadores,
parlamentares ou qualquer cidadão que, eventualmente, repasse postagens muito compartilhadas nas
redes, sendo todas as mensagens que tiverem um compartilhamento significativo nos aplicativos sujeitas a
serem consideradas suspeitas e rastreadas, sem que se tenha um indício de ilegalidade. O projeto sugere
que seja possível identificar: quem originou o conteúdo que se tornou viral e por onde o conteúdo
identificado circulou.
Posto isso, a Coalizão Direitos em Rede apontou que é uma grave violação ao princípio da presunção de
inocência e que pode impactar no exercício da liberdade de expressão e comunicação nos aplicativos.
Tendo em vista que segundo a redação do dispositivo, apenas as mensagens que fossem encaminhadas
por mais de 5 (cinco) usuários e que, dentro de um intervalo de 15 (quinze) dias, alcançarem um total de
1.000 (mil) usuários devem ter seus registros mantidos pelas empresas por um prazo de até 3 (três)
meses. O acesso aos registros ocorreria somente com ?o objetivo de responsabilização pelo
encaminhamento em massa de conteúdo ilícito?, mediante ordem judicial, visando constituir prova em
investigação criminal ou instrução processual penal (GONDIM, 2020).
No entanto, há uma dificuldade de definir objetivamente a distinção entre o que é apenas uma informação
equivocada e o que é uma informação propagada com má-fé, sendo impossível ter uma resolução de
modo preciso e isso pode acabar ferindo princípios constitucionais, estando entre eles o Direito a liberdade
de expressão.
E o artigo 12º determina, no parágrafo 6º, que as pessoas que se sentirem ?ofendidas?, por algum
conteúdo postado por um perfil ou página nas redes sociais, devem pedir para as plataformas o direito de
resposta. Essa figura do ofendido aparece no PL 2630 apenas neste trecho, portanto, não fica clara a sua
definição. Além disso, o direito de resposta, que é constitucional, deve ser baseado em decisão judicial. Se
essa for uma ação terceirizada às plataformas, pode ser mais um poder dado a elas.
Sendo assim, as propostas contidas no projeto, mexem com questões subjetivas que podem ser
manobradas de forma equivocada e promover a censura, tendo em vista que o direito à liberdade de

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expressão garante que não deve ser feita uma censura prévia, mas sim responsabilidades ulteriores, o
fato do respectivo projeto de lei querer que mensagens encaminhadas tenham seus registros mantidos
pela empresa por três meses é considerada uma censura prévia, tendo em vista que o fato de apenas
compartilhar uma mensagem não configura um ato ilícito.

5 - CONSIDERAÇÕES FINAIS
De acordo com o exposto, é fato que o direito à liberdade de expressão acompanha a evolução dos meios
de comunicação. Desse modo, os meios digitais corroboram para que opiniões das mais diferentes
vertentes sejam expostas e divulgadas em grande velocidade para um elevado número de pessoas,
ocasionando a concretização da liberdade de expressão na atualidade.
Contudo, deve-se atentar para o fato de que liberdade de expressão não é absoluta e possui seus limites,
esbarrando nos limites da responsabilidade civil, o que atinge a temática da divulgação de notícias falsas,
as chamadas fakes news. Sendo assim, quando as fakes news são propagadas, deve haver a
responsabilização civil pelo dano causado com tal atitude, pois o direito fundamental à liberdade de
expressão não dirime tal ato.
Como fora evidenciado, o poder legislativo brasileiro buscou com afinco tratar da problemática das fake
news, surgindo assim o Projeto de Lei n° 2630/2020, que institui a Lei Brasileira de Liberdade,
Responsabilidade e Transparência na Internet. Entretanto, Como a liberdade de expressão é um dos
pilares da democracia, tentar regular as redes sociais para combater a desinformação advinda de fake
news, como pretende o respectivo Projeto de Lei, sempre envolve riscos, uma vez que ele tenta conter a
disseminação de conteúdo criminoso e envolve a tensão entre a liberdade de expressão assegurada pela
Constituição e a dificuldade de definir objetivamente a distinção entre o que é apenas uma informação
equivocada e o que é uma informação falsa e de má fé. Sendo impossível de ser resolvido de modo
preciso, pois sempre haverá uma dúvida entre essas condutas.
Portanto, é preciso que sejam feitos estudos mais aprofundados em relação ao citado Projeto, para que
assim não haja violação ao direito fundamental a liberdade de expressão, tendo em vista que foi um direito
alcançado através de diversas lutas e revoluções contra governos autoritários e não deve ser fragilizado
ou ignorado por qualquer autoridade ou meios de comunicação e que por fim, com mais estudo se consiga
lidar com a nova realidade causada pela divulgação das Fake News.

5- REFERÊNCIAS
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de Lei no 2.630/2020 / Civil liability as a result of fake news and Bill no. 2630/2020. Brazilian Journal of
Development, v. 8, n. 6, p. 43353?43366, 2 jun. 2022. Acesso em: 05 out. 2023
A LEI E AS REDES SOCIAIS: TIRE SUAS DÚVIDAS SOBRE O ALCANCE DO DIREITO NO MUNDO
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BITTENCOURT, V.; ALVES, N. FAKE NEWS E OS DESAFIOS DA LIBERDADE DE EXPRESSÃO. [s.l: s


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UNIVERSIDADE TIRADENTES ? UNITCURSO DE GRADUAÇÃO EM DIREITOTRABALHO DE


CONCLUSÃO DE CURSO ? ARTIGO CIENTÍFICO

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Arquivo 1: TCC DOC 4.docx (6035 termos)
Arquivo 2: https://brasilescola.uol.com.br/curiosidades/o-que-sao-fake-news.htm (2594 termos)
Termos comuns: 263
Similaridade: 3,14%
O texto abaixo é o conteúdo do documento TCC DOC 4.docx (6035 termos)
Os termos em vermelho foram encontrados no documento
https://brasilescola.uol.com.br/curiosidades/o-que-sao-fake-news.htm (2594 termos)

=================================================================================

PROJETO DE LEI DAS FAKE NEWS X LIBERDADE DE EXPRESSÃO: UMA ANÁLISE DO PROJETO DE
LEI 2630/2020

Nadyele Neves Cerqueira


Orientadora: Fernanda Oliveira Santos

ARACAJU ? SERGIPE
2023

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NADYELE NEVES CERQUEIRA

PROJETO DE LEI DAS FAKE NEWS X LIBERDADE DE EXPRESSÃO: UMA ANÁLISE DO PROJETO DE
LEI 2630/2020

Trabalho de Conclusão de Curso ? Artigo ? apresentado ao Curso de Direito da Universidade Tiradentes ?


UNIT, como requisito parcial para obtenção do grau de bacharel em Direito.

APROVADO EM ____/____/____

BANCA EXAMINADORA

__________________________________________________________________
Professor Orientador: Fernanda Oliveira Santos
Universidade Tiradentes

__________________________________________________________________
Professor Examinador
Universidade Tiradentes

__________________________________________________________________
Professor Examinador
Universidade Tiradentes

PROJETO DE LEI DAS FAKE NEWS X LIBERDADE DE EXPRESSÃO: UMA ANÁLISE DO PROJETO DE

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LEI 2630/2020
FAKE NEWS BILL X FREEDOM OF EXPRESSION: AN ANALYSIS OF BILL 2630/2020

Nadyele Neves Cerqueira¹


RESUMO
O presente artigo tem por objetivo a análise do projeto de lei das fakes news sob o prisma do direito dos
danos, com enfoque relacionado a divulgação da Fake News na política, verificando-se a existência, ou
não, de danos diversos advindos da conduta de disseminar notícias falsas, bem como a responsabilidade
civil de quem propaga. Neste estudo, buscou-se evidenciar as implicações das Fake News, principalmente
, no que se refere aos direitos fundamentais, com foco especial para o direito fundamental à liberdade de
expressão. Quanto aos aspectos metodológicos, utilizou-se o método sociológico de interpretação e a
metodologia de pesquisa do tipo pesquisa bibliográfica.

PALAVRAS-CHAVE: Notícias falsas; responsabilidade civil; política; liberdade de expressão.

ABSTRACT
The purpose of this article is to analyze the fakes news bill under the prism of damages law, with a focus on
the dissemination of Fake News in politics, verifying the existence, or not, of various damages arising from
the conduct of disseminating false news, as well as the civil liability of those who spread it. This study
sought to highlight the implications of Fake News, especially with regard to fundamental rights, with a
special focus on the fundamental right to freedom of expression. As for the methodological aspects, we
used the sociological method of interpretation and the research methodology of bibliographical research.
KEY WORDS: Fake news; civil liability; policy; freedom of expression;

¹ Graduando(a) em Direito pela Universidade Tiradentes - UNIT. E-mail (institucional preferencialmente):


nadyele.neves@souunit.com.br
1-INTRODUÇÃO
O presente artigo tem como objetivo a análise acerca das fakes news, que são consideradas um
fenômeno da era das novas tecnologias de informação e comunicação (NTIC), consistindo na propagação
de notícias falsas de forma rápida e que possuem o intuito de prejudicar um grupo ou uma pessoa em
específico, provocando assim inúmeras controvérsias e reflexões sobre o respectivo tema. (ALVES;
MACIEL, 2020)
Por meio de uma pesquisa bibliográfica, foi possível identificar os efeitos atribuídos às fake news, bem
com avaliar suas consequências na política, a responsabilidade civil de quem propaga, expondo a
necessidade de garantir que as medidas adotadas contra essas notícias falsas não afetem a liberdade de
expressão e o direito à informação.
Desta forma, trouxe inicialmente uma análise sobre o tema e seu impacto na sociedade e, em seguida,
uma pesquisa acerca do Projeto de lei das fakes news (PL 2630/2020), bem como um estudo detalhado
acerca da violação do direito fundamental da liberdade de expressão vinculados a essa prática de
propagação de notícias falsas, respondendo assim a seguinte questão: o Projeto de lei das fake news viola
o direito à liberdade de expressão?
Desde que a internet surgiu, abriu as portas para novos desenvolvimentos tecnológicos, transformando
assim o modo como vivemos e nos relacionamos, de forma que contribuiu para a relação entre os

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indivíduos da sociedade. Inicialmente, o seu principal objetivo era a troca de informações (SOUZA, 2020).
No entanto, acabou se tornando um espaço que facilitou a divulgação de notícias falsas, justamente por
ser um ambiente mais livre de comunicação, sem tanta regulamentação.
Com aproximadamente 7,6 bilhões de pessoas no mundo, em torno de 4 bilhões têm acesso à internet e
2,9 bilhões são usuárias de redes sociais. Uma pesquisa feita pela Poynter Institute, em 2022, revela que
quatro em cada dez brasileiros afirmam receber fake news diariamente e apontou ainda que mais da
metade dos entrevistados, provenientes de diferentes países, acreditam receber informações enganosas
online toda semana. Além disso, o Brasil é o país em que mais pessoas acreditam em fake news, segundo
informações extraídas no portal do Tribunal de Justiça do Estado do Paraná sobre o perigo da fake news,
um estudo divulgado pelo Instituto Mundial de Pesquisa (IPSO, 2018), mostrou que no Brasil 62% dos
entrevistados admitiram já ter acreditado em notícias falsas, mesmo sem verificar a veracidade da
informação ou mesmo a sua origem, sendo este um número acima da média mundial, que é de 48%.
As fake news se destacam principalmente na área política, onde tem-se percebido que parte da sociedade
vem tendo dificuldade para saber o que é verdade ou é uma notícia falsa, principalmente em ano eleitoral
, onde governos autoritários se utilizam desse artifício para obter aprovação popular, por meio de um
discurso e aparência mentirosa de um governo democrático, causando um dano nocivo ao direito da
liberdade, da informação e aos direitos humanos, uma vez que o acesso à informação correta é um direito
dos cidadãos e é fundamental para fazer as escolhas políticas. Ademais, o anonimato proporcionado no
ambiente da internet intensifica a violência e o discurso de ódio através das fake news. (MACHADO, 2021)
Além disso, a indústria das fake news também impacta na inserção das mulheres na política. De acordo
com a Plan International, 87% das meninas e jovens mulheres sofrem efeitos negativos de fake news. O
Instituto Política de Saia, em parceria com o Projeto Justiceiras, em sua pesquisa com mais de 1.190
mulheres, verificou que mais de 51% das entrevistadas passaram por situações de violência ou
discriminação, na qualidade de eleitoras ou no exercício do seu mandato.
É nesse cenário caótico que surge o Projeto de Lei 2630/2020, apelidado como ?PL das fake news?,
inspirado na legislação alemã e apresentado pelo senador Alessandro Vieira com a justificativa de
combater as fakes news. Porém, existem alguns pontos contraditórios neste projeto, no qual organizações
e movimentos da sociedade civil afirmam que podem afetar a privacidade e a liberdade de expressão dos
usuários da internet.
Portanto, visando compreender os efeitos das notícias falsas na política do século XXI, tem-se aqui como
estudo o entendimento do projeto de lei das fake news, bem como do direito fundamental liberdade de
expressão. Este trabalho de conclusão de curso está dividido em três capítulos. A primeira seção passa
por uma análise do conceito e efeitos da fake news, bem como o estudo da responsabilidade civil de quem
propaga. A segunda pretende discorrer sobre a liberdade de expressão. E a terceira trata-se de um
estudo de um caso que permeia nossa realidade, onde será analisado o projeto de lei das fake news e a
liberdade de expressão.

2 - FAKE NEWS: UM FENÔMENO DA ERA DIGITAL


Fake News são notícias falsas com um grande poder viral, publicadas em redes sociais como se fossem
informações reais, tendo o objetivo de propagar um ponto de vista ou prejudicar uma pessoa ou grupo (
geralmente figuras públicas) (CAMPOS, 2018).
O termo Fake News ganhou força mundialmente em 2016, com a corrida presidencial dos Estados Unidos
, onde organizações empregavam jovens para produzir e espalhar informações falsas sobre candidatos e
empresas dos Estados Unidos. Porém apesar do recente uso do termo Fake News, ela sempre esteve

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presente ao longo da história, o que mudou foi a nomenclatura, o meio utilizado para divulgação e o
potencial de persuasão que o material falso adquiriu nos últimos anos (DOURADO,2020, p.2). Segundo o
historiador Robert Darnton, em entrevista concedida ao jornal Folha de São Paulo, existem ao menos
desde o século VI (VICTOR, 2017).
Segundo a linha de pensamento de Chen, Conroy e Rubin (2015, p.19), a produção e veiculação de Fake
News constituem um verdadeiro mercado, no qual é alimentado por pessoas de grande influência,
geralmente políticos em campanha eleitoral, onde contratam equipes especializadas nesse tipo de
conteúdo viral e produtores desse conteúdo falso compram ilegalmente endereços de e-mail e números
de telefone celular de milhões de pessoas para ?disparar? essas notícias, e ainda existe a preferência por
contatos de líderes religiosos ou de movimentos políticos, já que eles repassam aos seus seguidores e
pedem que a informação seja compartilhada e para legitimar as Fake News, as páginas que produzem e
divulgam esse tipo de informação costumam misturar as publicações falsas com a reprodução de notícias
verdadeiras de fontes confiáveis e ainda utilizam montagens em vídeos e imagens, tendo em vista que os
usuários da internet são muito visuais, por isso, uma foto manipulada ou fora de contexto pode ser
facilmente divulgada como verdadeira.
Chiara Spadaccini de Teffé e Carlos Affonso Pereira de Souza (2019, p. 542) esclarecem sobre a
propagação de Fake News, que:

A divulgação de informações falsas ou distorcidas não é um problema novo, mas a disseminação em


massa desse conteúdo através da Internet e seu impacto na política vêm chamando atenção. Após 2016,
com as diversas notícias falsas divulgadas durante as eleições norte-americanas e as discussões sobre o
referendo que decidiu pela saída da Grã-Bretanha da União Europeia, verificou-se a emergência de se
entender o que seriam as chamadas fake news e como elas poderiam ser combatidas sem se prejudicar
as liberdades fundamentais e a diversidade de opiniões.
Segundo levantamento feito pela Folha de São Paulo, em 2018, as páginas de Fake News têm maior
participação dos usuários de redes sociais do que as de conteúdo jornalístico real. De 2017 a 2018, os
veículos de comunicação tradicionais apresentaram queda de 17% em seu engajamento, enquanto os
propagadores de fake news tiveram um aumento de 61%. (CAMPOS, 2018)
A propagação de informações falsas, fotos, vídeos manipulados e publicações duvidosas são atos
perigosos que causam efeitos negativos que podem ocasionar o linchamento de inocente, o aumento de
questões de saúde pública, como a propagação de movimentos de antivacinação, o aumento da
homofobia, xenofobia, violência e do preconceito racial.
No Brasil, um dos exemplos mais críticos sobre a seriedade da propagação de fake news foi o
episódio envolvendo a brasileira Fabiane de Jesus, onde em 2014 teve sua foto divulgada em redes
sociais, de forma equivocada, como sendo a de uma criminosa que raptava crianças, levando-a a um
linchamento coletivo na cidade de Guarujá e até hoje a família da vítima luta para que os danos sejam
minimamente reparados (UOL NOTÍCIAS, 2018).

2.1 - Fake News na política


A eleição presidencial de 2018 no Brasil ficou marcada com uma das disputas políticas mais conturbadas
desde o processo de redemocratização. Entre os componentes desse ineditismo esteve a disseminação
em rede de notícias falsas direcionadas ao eleitorado, atrapalhando de alguma forma o exercício do voto.
De acordo com levantamento divulgado pelo Instituto IDEIA Big Data, mais de dois terços dos eleitores
afirmaram ter recebido fake news pelo WhatsApp durante a campanha presidencial de 2018 e segundo

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levantamento divulgado pelo Instituto de Pesquisa Avaaz, 98,21% dos eleitores do então candidato Jair
Bolsonaro (PSL) tiveram contato com notícias falsas durante a disputa e 89,77% deles acreditaram que
tais notícias eram verdadeiras (PASQUINI, 2018).
Dessa maneira, inúmeras pessoas, firmaram o seu voto, baseadas em histórias, dados e alterações falsas
, distorcidas e sem qualquer comprovação, com a finalidade de tumultuar o processo eleitoral, podendo
trazer consequências para o futuro do país, uma vez que, pessoas desinformadas, tomam más decisões.
Deste modo, a legitima informação é excepcional no que se refere à tomada de decisões.
Apesar de serem prejudiciais, geralmente não é fácil descobrir uma notícia falsa. De acordo com Quirós,
em meio ao cenário atual do jornalismo estão as fakes news difundidas nas redes sociais, na qual
antigamente pudessem ser chamadas de rumores, sátiras e propagandas, tendo um forte impacto pela
grande divulgação e por encontrarem receptores aptos a aceitarem sem contestar a informação. Estas
notícias falsas ganham credibilidade e força dependendo daqueles que as propagam e sua influência na
rede (QUIROS, 2017, p.37).
As notícias falsas rapidamente se espalham, tendo em vista que costumam ser emocionalmente atraentes
ou reforçam algum ideal político que ajudam alimentar crenças e por isto são amplamente compartilhadas
e comentadas antes mesmo que os usuários chequem as devidas fontes da informação. Portanto, quem
acreditava que a notícia era verdadeira passou a cooperar com a disseminação da mesma. Para
disseminar as fakes news, o processo é corriqueiro e na maioria das situações, utiliza-se um grupo de
usuários que tenham o mesmo pensamento ideológico, para reforçar a corrente da opinião pré- existente.
De acordo com Martinez, o Estado tende a se preocupar cada vez mais com o controle e a veiculação de
notícias falsas, tendo em vista que o detentor da informação (especialmente dados sigilosos) poderá
manipular a opinião pública, inclusive em relação a assuntos políticos e estratégicos da maior
complexidade e relevância. Ampliando assim, portanto, a preocupação não só dos governantes, mas,
também, dos próprios governados, em relação à disseminação de informações falsas sobre fatos e
personalidades públicas relacionados ao universo político, social e econômico, de modo a influenciar
negativamente a opinião pública. Ressalta-se também que as informações falsas têm por objetivo
desvirtuar a verdade das informações repassadas e em grande maioria, sem que se saiba a origem do
financiamento de tais notícias. Há apontamentos de ocorrência de fake news na política nacional a partir
de 2010; bem como é de conhecimento público a possibilidade de manipulação das eleições de Donald
Trump, nos EUA. (MARTINEZ; NASCIMENTO JUNIOR, 2018).
Neste contexto, especialmente no Brasil, grupos de diferentes ideologias políticas começaram a espalhar
fake news para desacreditar os representantes políticos ou candidatos, um exemplo disso foi as eleições
do ano de 2018, no qual a pesquisadora Tatiana Dourado mostrou que em outubro no segundo turno de
2018, as fakes news refletiram a disputa eleitoral acirrada entre Fernando Haddad e Jair Bolsonaro e que
ela registrou a circulação de 346 fake news nesse período. Portanto, uma estratégia de manipulação da
informação foi formulada para dar ao eleitor um determinado status ideológico, ou seja, para influenciar o
campo político. (DOURADO, 2020, p. 131).
Dessa maneira, os eleitores de partidos ou candidatos precisam ter consciência antes de compartilhar as
informações, uma vez que, as notícias falsas afetam a capacidade das pessoas de fazerem um voto
consciente e embasado com informações verdadeiras.

2.2 - Responsabilidade Civil de quem propaga


As Fakes News em decorrência da transformação do acesso aos meios de comunicação, ganham a cada
dia uma propagação maior, sendo sustentadas pela grande demanda de informações. Assim, de forma

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maliciosa, as informações inverídicas e sensacionalistas são inseridas nas redes sociais, para que sejam
compartilhadas e difundidas entre todos os usuários.
Surgindo assim o debate sobre a responsabilidade civil de quem propaga, na qual faz parte do Direito
obrigacional, tendo previsão no Código Civil de 2002 em seu artigo 186, estando associada a
compreensão de que não se deve prejudicar o outro ou estimular a prática de condutas danosas que
afetam os interesses de outrem, assim, todo aquele que violar e causar dano a outro individuo comete ato
ilícito e fica obrigado a reparar, assim, caso o impacto e constrangimento do ofendido gerado pela notícia
falsa extrapole os limites, em seu meio social, resta comprovado o ato ilícito praticado, obrigando-se o
ofensor a corrigir os danos causados nos termos da lei.
Para Cristiano Chaves, Felipe Braga e Nelson Rosenvald, a definição de responsabilidade civil em seu
sentido clássico consiste na obrigação de reparar danos que infringimos por nossa culpa e em certos
casos determinados pela lei. (FARIAS; ROSENVALD; NETTO, 2020, p. 34).
Apesar da dificuldade de localizar o verdadeiro propagador da "Fake News", o ordenamento jurídico
ampara o usuário para obtenção das informações pessoais do ofensor através de rastreamento dos dados
do cadastro realizado nas redes sociais, tornando possível a sua identificação e responsabilização pelo
ato ilícito. Sendo assim, ao estabelecer uma conexão com a internet, cada computador, deixa na rede uma
espécie de impressão digital, chamada de IP (protocolo de internet) que seria um número de identidade
exclusivo que lhe permite ser identificado, de acordo com artigo escrito pela advogada Carolina Ferraz de
Moraes (MORAES, 2019).
Com isso, o Marco Civil da Internet (Lei 12.965/2014) estabelece em seus artigos 22 e 13 que cabe ao
administrador do sistema autônomo (provedores de internet) o dever de manterem os registros de conexão
dos seus usuários pelo prazo de 01 ano, devendo exibi-los, mediante indispensável ordem judicial, à
autoridade policial, administrativa, ao Ministério Público ou ao interessado.
Logo, o prejudicado, para identificar de onde partiram as ofensas, pode reivindicar, mediante Ação Judicial
, que a rede social informe o protocolo de internet do computador do qual fora publicado o conteúdo
ofensivo, bem como os registros e dados inerentes ao perfil que o publicou. Conforme caso descrito
abaixo, no qual a requerente propôs uma Ação Cautelar de Exibição de Documentos para obter o
fornecimento do protocolo de internet (IP) juntamente com informações e horários acerca dos logins e
logouts de uma conta falsa na rede social de propriedade da requerida, e demais informações que foram
utilizadas para criação do perfil do usuário e obteve decisão favorável pelo Desembargador Arnaldo Maciel
.

O Tribunal de Justiça de Minas Gerais, inclusive, possuindo entendimento firme no sentido de que ?o
fornecimento do Internet Protocolo (IP), juntamente com horários e informações acerca dos logins e
logouts da conta falsa na rede social de propriedade da requerida, e demais informações fornecidas para
criação do perfil do usuário, constituem medidas adequadas? (TJMG. Agravo de Instrumento nº 0460795-
79.2014.8.13.0000, Rel. Des. Arnaldo Maciel. Publ.: 10/10/2014).

[2: EMENTA: AGRAVO DE INSTRUMENTO - AÇÃO CAUTELAR DE EXIBIÇÃO DE DOCUMENTOS -


PEDIDO LIMINAR - REQUERIMENTO DE DOCUMENTOS FORA DO ALCANCE DA PARTE
REQUERIDA - IMPOSSIBILIDADE DE EXIBIÇÃO - DECISÃO REFORMADA. Não é possível imputar à
requerida apresentar informações que estejam fora de seu alcance e em desacordo com a razoabilidade.
O fornecimento do Internet Protocol (IP), juntamente com horários e informações acerca dos logins e
logouts da conta falsa na rede social de propriedade da requerida, e demais informações fornecidas para

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criação do perfil do usuário, constituem medidas adequadas, eis que não há como imputar à requerida o
fornecimento de elementos adicionais que não constam da sua base de dados.

]
Tais requerimentos, podem ser formulados mediante eventual Ação de Reparação de Danos, através do
requerimento de Exibição de Documentos previsto pelo artigo 396 do Código de Processo Civil ou podem
ser formulados através do ajuizamento de Ação Judicial específica contra o provedor e/ou rede social,
exclusivamente para esse fim.
Assim, a divulgação de Fake News não é apenas responsabilidade daquele que a criou, mas também
daquele que a propagou sem verificar a veracidade daquilo que divulga. Os principais Tribunais do país
têm entendido que o usuário da rede social, ao compartilhar ou republicar conteúdo de terceiros em seu
próprio perfil, acaba por responsabilizar-se pelas informações veiculadas.
Inclusive, em julgado do Tribunal de Justiça de São Paulo entendeu ?que há responsabilidade dos que
repassam as mensagens e dos que nelas opinam de forma ofensiva, devendo ser encarado o uso deste
meio de comunicação com mais seriedade e cautela e não com o caráter informal? (TJSP. Apelação Cível
nº 4000515-21.2013.8.26.0451, Rel. Des. Neves Amorim. Julg.: 26/11/2013). Nestes termos, o cidadão
possui o dever de checar a fonte e o conteúdo de tudo aquilo que transmite, sob pena de ser
responsabilizado.
Por fim, o intuito da responsabilidade civil é restabelecer o equilíbrio patrimonial ou moral que foi violado,
certificando aprazibilidade a sociedade, uma vez que, o dano não reparado motiva a inquietação social.
Por isso, atualmente, busca-se uma aplicação mais ampla ao dever de indenizar com o intuito de não
sobejar danos não reparados.

3 ? DO DIREITO FUNDAMENTAL À LIBERDADE DE EXPRESSÃO


Liberdade de Expressão é o direito que permite a manifestação livremente dos pensamentos sem medo de
represálias, de adquirir e exportar informações por diversos meios, de forma independente e sem censura
, ou seja, ela significa o direito de exteriorizar a opinião pessoal ou de um grupo, sempre com respeito e
respaldada pela veracidade de informações. Para Samantha Ribeiro liberdade é condição necessária ao
pleno desenvolvimento da natureza humana assim como à integridade e dignidade do indivíduo?. (MEYER
- PFLUG, 2009, p. 27).

Recebe o nome de liberdade de expressão a garantia assegurada a qualquer indivíduo de se manifestar,


buscar e receber ideias e informações de todos os tipos, com ou sem a intervenção de terceiros, por meio
de linguagens oral, escrita, artística ou qualquer outro meio de comunicação. O princípio da liberdade de
expressão deve ser protegido pela constituição de uma democracia, impedindo os ramos legislativo e
executivo o governo de impor a censura. (SANTIAGO, 2015).

Segundo Rafael Pereira da Silva, a liberdade de expressão começou a ser reconhecida como um
direito inalienável, somente no século XVIII, com o advento do Iluminismo, onde vários filósofos defendeu
a liberdade de expressão, estando entre eles John Stuart Mill, no qual acreditava que essa liberdade seria
a única forma de assegurar a vitalidade da verdade. Além disso, a Declaração dos Direitos do Homem e
do Cidadão de 1789, na França, e a primeira Emenda da Constituição dos Estados Unidos, em 1791,
também foram marcos importante nessa conquista. (MENDES, 2022)
Com a redemocratização do país e a promulgação da Constituição Federal de 1988, houve um

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importante avanço, no qual a Constituição passou a garantir a liberdade de manifestação do pensamento,


vedando a censura prévia e estabelecendo que a responsabilidade pelos abusos cometidos no exercício
da liberdade de expressão é posterior à manifestação. Além disso, a Declaração Universal dos Direitos
Humanos em seu artigo 19 contempla o direito à liberdade de expressão, considerando que a mesma seja
uma peça fundamental da democracia e garante que Todo o indivíduo tem direito à liberdade de opinião e
de expressão, sendo um direito que implica a liberdade de manter as suas próprias opiniões sem
interferência e de procurar, receber e difundir informações e ideias por qualquer meio de expressão
independentemente das fronteiras. (ONU, 1948).
Após a Segunda Guerra Mundial, notadamente com a Declaração Universal dos Direitos Humanos, de
1948, passou-se a reconhecer aqueles direitos como um patamar mínimo a ser observado por todos os
Estados na organização do poder e nas suas relações com seus cidadãos. (BARROSO, 2022, P.241).

Essa Declaração foi adotada pela Organização das Nações Unidas após a Segunda Guerra Mundial, com
o objetivo de estabelecer parâmetros mínimos de direitos a serem observados pelos Estados democráticos
signatários.

1.1 ? Liberdade de Expressão no plano Constitucional

Para Gustavo Gonet Branco (2020), entre os diferentes direitos expressos na Constituição, a liberdade de
expressão constitui direito especialmente fundamental, uma vez que sua garantia é essencial para a
dignidade do indivíduo e para a estrutura democrática da nossa sociedade.
Primeiramente, no âmbito da dignidade humana, a necessidade de ser assegurada a liberdade de
expressão está relacionada a dignidade da pessoa humana, tendo em vista que não há vida digna sem
que o sujeito possa expressar seus desejos e convicções. Viver dignamente pressupõe a liberdade de
escolhas existenciais que são vividas e expressadas.
No que diz respeito à democracia, a liberdade de expressão é direito fundamental diretamente
relacionado à garantia de voz aos cidadãos na manifestação de suas várias correntes políticas e
ideológicas, tal liberdade é imprescindível para aqueles que desejem manifestar-se na esfera pública, sem
que sejam reprimidos por isso. Contudo, a liberdade de expressão também cria um dilema quando se trata
de lidar com discursos de ódio, intolerância e propagação de ideologias que visam destruir a própria
sociedade democrática.

É o que Montesquieu denomina de "liberdade dentro da lei?, ou seja: É preciso ter presente o que é
independência e o que é liberdade. A liberdade e o direito de fazer tudo o que as leis permitem. Se um
cidadão pudesse fazer o que elas proíbem, ela já não teria liberdade. pois os outros teriam igualmente
esse poder. (MEYER-PFLUG, 2009, p. 30).

De acordo com a teoria dos direitos fundamentais de Robert Alexy (2001), o direito de liberdade de
expressão ? assim como os demais direitos fundamentais ? deve ser entendido como princípio
constitucional, norteador da hermenêutica jurídica. Segundo Alexy (2001, p. 112), os direitos fundamentais
têm o caráter de princípios e, nessa condição, eventualmente colidem uns com os outros, sendo
necessária uma solução ponderada em favor de um deles.
Assim os direitos fundamentais podem ser entendidos como valores morais compartilhados por uma
comunidade em dado momento e lugar, que migram do plano ético para o jurídico quando se materializam

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em princípios abrangidos pela Constituição (BARROSO, 2008, p. 352).


?quando os juristas raciocinam ou debatem a respeito de direitos e obrigações jurídicos, particularmente
naqueles casos difíceis nos quais nossos problemas com esses conceitos parecem mais agudos, eles
recorrem a padrões que não funcionam como regras, mas operam diferentemente, como princípios,
políticas e outros tipos de padrões.? (Ronald Dworkin, 2007, p.36).

A liberdade de expressão está assegurada na Constituição Federal de 1988, em seu artigo 5º, IV,
IX e 220º. Ela é apresentada como um direito fundamental que garante a todos os cidadãos o livre
exercício da manifestação do pensamento em sociedades democráticas, que permite a expressão de
opiniões, idéias e crenças sem censura ou repressão, ela também abrange o direito de buscar, receber e
compartilhar informações e ideias por meio da escrita, da fala, da imprensa, da arte ou de qualquer outra
fonte de comunicação.
O artigo 5º IV e IX estabelece que seja livre a expressão do pensamento por meio da atividade intelectual
, artística, científica e de comunicação, independentemente de censura ou licença, sendo vedado o
anonimato do autor. Porém, embora a liberdade de expressão seja garantida, esse direito não é absoluto.
O mesmo artigo em seu inciso X determina que a liberdade de expressão seja limitada quando ocorre a
violação da intimidade, da honra, da vida privada e da imagem de outras pessoas. Por isso, em casos de
violação ao direito de outrem é assegurado o direito à indenização pelo dano moral ou material decorrente
do abuso de liberdade de expressão.
E posteriormente, o artigo 220º da Constituição Federal de 1988, que trata dos meios de comunicação
social, ainda estabelece que seja vedada qualquer censura de cunho político, ideológico e artístico aos
meios de comunicação social, e a publicação de veículo impresso de comunicação não depende de
licença de autoridade. No entanto, é importante ressaltar que, apesar de a Constituição Brasileira
assegurar a liberdade de expressão, a interpretação e a aplicação dos seus artigos podem variar ao longo
do tempo, em resposta às mudanças na sociedade. Diante do impacto das tecnologias de informação, a
legislação brasileira está em constante transformação para enfrentar os novos desafios apresentados,
sobretudo pela disseminação nas redes sociais do discurso de ódio, do assédio on-line, da desinformação
e de notícias falsas.
A liberdade de expressão é um direito fundamental que engloba outros direitos conexos, como a liberdade
da manifestação do pensamento (Art. 5°, IV, CRFB/88); o direito de resposta (Art. 5°, V, CRFB/88); de
consciência e de crença (Art. 5°, VI, CRFB/88); a liberdade de expressão da atividade intelectual, artística,
científica e de comunicação (Art. 5°, IX, CRFB/88), porém a mesma não é absoluta - até porque nenhum
direito fundamental é. Por isso, o indivíduo deve observar o seu limite ao praticá-la. (BRASIL, 1988).
Nesse sentido, existem várias possibilidades de desempenhá-la, porém, somente será considerado lícito
o seu exercício quando houver respeito aos direitos fundamentais dos demais indivíduos, no caso de um
indivíduo que posta em uma rede social um comentário ofendendo alguém, um grupo de pessoas ou
espalhando fake news ele não está amparado pelo direito à liberdade de expressão, pelo fato de estar
prejudicando outros direitos fundamentais de outrem.
Segundo Maia (2015, p.184), não se pode admitir nenhum direito ou valor juridicamente protegido de
modo absoluto, sem limite ou mesmo sem nenhum tipo de exceção, mesmo sendo muito importante, à
liberdade de expressão poderá ceder perante outros direitos. A própria Convenção Americana sobre
Direitos Humanos, na complementação do seu artigo 13.1, ressalta que o exercício do direito previsto no
inciso precedente não pode estar sujeito à censura prévia, mas a responsabilidades ulteriores, que devem
ser expressamente fixadas pela lei a ser necessária para assegurar o respeito aos direitos ou à reputação

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das demais pessoas ou a proteção da segurança nacional, da ordem pública, ou da saúde ou da moral
pública.
No ordenamento jurídico brasileiro, existem diversos princípios e normas garantidos na Constituição
Federal, os aplicando diversas formas de proteção. Porém destes princípios e normas surgem colisões
quando se trata da aplicação destes, pois estes podem ter diretrizes em direções opostas. Segundo
Barroso (2004, p.4):
Princípios e direitos previstos na Constituição entram muitas vezes em linha de colisão, por abrigarem
valores contrapostos e igualmente relevantes. Como por exemplo: livre iniciativa e proteção do consumidor
, direito de propriedade e função social da propriedade, segurança pública e liberdades individuais, direitos
da personalidade e liberdade de expressão. O que caracteriza esse tipo de situação jurídica é a ausência
de uma solução em tese para o conflito. Fornecida abstratamente pelas normas aplicáveis.
Quando houver a solução da colisão, devido aos sentidos opostos de interesses desses direitos, um deles
poderá sofrer limitação, devido a prevalência do outro. De acordo com Marmelstein (2013, p.361),
qualquer solução a ser adotada em um conflito assim resultará na restrição de um dos dois valores.
Nos tempos atuais, o uso das redes sociais é muito importante porque tudo está embutido na internet onde
as pessoas buscam e encontram informações sobre todos os temas. Assim, uma rede social pode ser
imaginada como um conjunto de relações interpessoais em que as pessoas compartilham interesses
pessoais e coletivos e põe em prática o seu direito à liberdade de expressão. De forma geral, pode-se
dizer que o homem é um ser que se expressa muito e que tem a necessidade de participar das decisões
da sociedade. Porém para alcançar a democracia é necessário por limites nesse direito de expressão e foi
nessa tentativa que surgiu o PL 2630/2020 que será analisado na próxima seção.

4 ? PROJETO DE LEI DE COMBATE AS FAKE NEWS (PL 2630/2020)


A divulgação de Fake News se tornou uma prática muito comum e perigosa, uma vez que gera incertezas
e desconfianças ao público ouvinte, dificultando assim a busca pela verdade, constituindo-se uma ameaça
à democracia, na medida em que, o acesso à informação é um direito de todos os cidadãos, sendo
necessário combatê-las.
De acordo com Leticia Albuquerque, atualmente, existem algumas agências que são especializadas em
averiguar boatos e a veracidade das notícias consideradas suspeitas, elas são chamadas de fact-checking
. E alguns portais também abriram setores para fazerem a apuração dessas informações. Entretanto, as
averiguações feitas por essas agências não são suficientes para acabar com a proliferação das Fake
News, considerando que a checagem só acontece depois que a informação é publicada e, nesse meio
tempo, diversas pessoas são prejudicadas. (ALBUQUERQUE, 2020).
[3: Algumas agências especializadas em averiguar boatos e a veracidade de notícias consideradas
suspeitas: 1.Aos fatos: Ela acredita no jornalismo independente e conta com o financiamento de
apoiadores, como em um crowdfunding. A escolha dos conteúdos a serem checados divide-se entre uma
informação vinda de uma autoridade pública ou com alto engajamento nas redes sociais. Depois de
encontrarem a origem da informação, os jornalistas da equipe consultam fontes que podem estar
envolvidas.2.Fato ou Fake: Trata-se de um serviço de checagem oferecido pelo grupo Globo, que apura
notícias que estão sendo muito compartilhadas nas redes sociais. 3.FactCheck: Fundado em 2003, é
focado em entregar notícias verdadeiras sobre a política norte-americana.Disponível em: https://www.cnj
.jus.br/programas-e-acoes/painel-de-checagem-de-fake-news/onde-checar/]
A partir da necessidade de uma norma que regulamentasse a proliferação de notícias falsas, foi que o
Senador Alessandro Vieira, apresentou o projeto de Lei 2630/20 que institui a Lei Brasileira de Liberdade,

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Responsabilidade e Transparência na Internet, criando diversas medidas para combater as proliferações


das Fake News nas redes sociais.
A Lei pretende aplicar um programa de boas práticas com base em ?medidas adequadas e proporcionais
no combate ao comportamento inautêntico e na transparência sobre conteúdos pagos?. Sendo assim, o
texto estabelece alguns princípios, estando entre eles a liberdade de expressão e de imprensa, a garantia
dos direitos de personalidade, da dignidade, da honra e da privacidade do indivíduo, o respeito ao usuário
em sua livre formação de preferências políticas e de uma visão de mundo pessoal, a responsabilidade
compartilhada pela preservação de uma esfera pública livre, plural, diversa e democrática, a garantia da
confiabilidade e da integridade dos sistemas informacionais, a promoção do acesso ao conhecimento na
condução dos assuntos de interesse público, acesso amplo e universal aos meios de comunicação e à
informação, a proteção dos consumidores, e a transparência nas regras para veiculação de anúncios e
conteúdos pagos, estando garantidos no artigo 3° do respectivo Projeto de Lei.
No entanto, existem alguns pontos contraditórios neste projeto, no qual organizações e movimentos da
sociedade civil afirmam que podem afetar a privacidade e a liberdade de expressão dos usuários da
internet.
Estando os principais nos artigos 10º e 12º da PL 2630. No qual o 10º autoriza que sejam guardados
obrigatoriamente pela administração das plataformas os dados dos usuários que participem das cadeias
de compartilhamento de conteúdo, onde esses usuários podem ser jornalistas, pesquisadores,
parlamentares ou qualquer cidadão que, eventualmente, repasse postagens muito compartilhadas nas
redes, sendo todas as mensagens que tiverem um compartilhamento significativo nos aplicativos sujeitas a
serem consideradas suspeitas e rastreadas, sem que se tenha um indício de ilegalidade. O projeto sugere
que seja possível identificar: quem originou o conteúdo que se tornou viral e por onde o conteúdo
identificado circulou.
Posto isso, a Coalizão Direitos em Rede apontou que é uma grave violação ao princípio da presunção de
inocência e que pode impactar no exercício da liberdade de expressão e comunicação nos aplicativos.
Tendo em vista que segundo a redação do dispositivo, apenas as mensagens que fossem encaminhadas
por mais de 5 (cinco) usuários e que, dentro de um intervalo de 15 (quinze) dias, alcançarem um total de
1.000 (mil) usuários devem ter seus registros mantidos pelas empresas por um prazo de até 3 (três)
meses. O acesso aos registros ocorreria somente com ?o objetivo de responsabilização pelo
encaminhamento em massa de conteúdo ilícito?, mediante ordem judicial, visando constituir prova em
investigação criminal ou instrução processual penal (GONDIM, 2020).
No entanto, há uma dificuldade de definir objetivamente a distinção entre o que é apenas uma informação
equivocada e o que é uma informação propagada com má-fé, sendo impossível ter uma resolução de
modo preciso e isso pode acabar ferindo princípios constitucionais, estando entre eles o Direito a liberdade
de expressão.
E o artigo 12º determina, no parágrafo 6º, que as pessoas que se sentirem ?ofendidas?, por algum
conteúdo postado por um perfil ou página nas redes sociais, devem pedir para as plataformas o direito de
resposta. Essa figura do ofendido aparece no PL 2630 apenas neste trecho, portanto, não fica clara a sua
definição. Além disso, o direito de resposta, que é constitucional, deve ser baseado em decisão judicial. Se
essa for uma ação terceirizada às plataformas, pode ser mais um poder dado a elas.
Sendo assim, as propostas contidas no projeto, mexem com questões subjetivas que podem ser
manobradas de forma equivocada e promover a censura, tendo em vista que o direito à liberdade de
expressão garante que não deve ser feita uma censura prévia, mas sim responsabilidades ulteriores, o
fato do respectivo projeto de lei querer que mensagens encaminhadas tenham seus registros mantidos

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pela empresa por três meses é considerada uma censura prévia, tendo em vista que o fato de apenas
compartilhar uma mensagem não configura um ato ilícito.

5 - CONSIDERAÇÕES FINAIS
De acordo com o exposto, é fato que o direito à liberdade de expressão acompanha a evolução dos meios
de comunicação. Desse modo, os meios digitais corroboram para que opiniões das mais diferentes
vertentes sejam expostas e divulgadas em grande velocidade para um elevado número de pessoas,
ocasionando a concretização da liberdade de expressão na atualidade.
Contudo, deve-se atentar para o fato de que liberdade de expressão não é absoluta e possui seus limites,
esbarrando nos limites da responsabilidade civil, o que atinge a temática da divulgação de notícias falsas,
as chamadas fakes news. Sendo assim, quando as fakes news são propagadas, deve haver a
responsabilização civil pelo dano causado com tal atitude, pois o direito fundamental à liberdade de
expressão não dirime tal ato.
Como fora evidenciado, o poder legislativo brasileiro buscou com afinco tratar da problemática das fake
news, surgindo assim o Projeto de Lei n° 2630/2020, que institui a Lei Brasileira de Liberdade,
Responsabilidade e Transparência na Internet. Entretanto, Como a liberdade de expressão é um dos
pilares da democracia, tentar regular as redes sociais para combater a desinformação advinda de fake
news, como pretende o respectivo Projeto de Lei, sempre envolve riscos, uma vez que ele tenta conter a
disseminação de conteúdo criminoso e envolve a tensão entre a liberdade de expressão assegurada pela
Constituição e a dificuldade de definir objetivamente a distinção entre o que é apenas uma informação
equivocada e o que é uma informação falsa e de má fé. Sendo impossível de ser resolvido de modo
preciso, pois sempre haverá uma dúvida entre essas condutas.
Portanto, é preciso que sejam feitos estudos mais aprofundados em relação ao citado Projeto, para que
assim não haja violação ao direito fundamental a liberdade de expressão, tendo em vista que foi um direito
alcançado através de diversas lutas e revoluções contra governos autoritários e não deve ser fragilizado
ou ignorado por qualquer autoridade ou meios de comunicação e que por fim, com mais estudo se consiga
lidar com a nova realidade causada pela divulgação das Fake News.

5- REFERÊNCIAS
AIRES, N. DE A. G.; LIMA, G. M. M. P. A responsabilidade civil em decorrência das fake news e o projeto
de Lei no 2.630/2020 / Civil liability as a result of fake news and Bill no. 2630/2020. Brazilian Journal of
Development, v. 8, n. 6, p. 43353?43366, 2 jun. 2022. Acesso em: 05 out. 2023
A LEI E AS REDES SOCIAIS: TIRE SUAS DÚVIDAS SOBRE O ALCANCE DO DIREITO NO MUNDO
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ANTÔNIO, M. et al. [s.l: s.n.]. Disponível em: <https://revista.internetlab.org.br/wp-content/uploads


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Artigo | As fakes news e a disputa política por desinformação. Disponível em: <https://www.brasildefato
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BARBIERI, J.; BANDEIRA, L.; SOUZA, D. PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE GOIÁS ESCOLA

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DE DIREITO E RELAÇÕES INTERNACIONAIS Bacharelado em Direito Trabalho de Conclusão de Curso


A RESPONSABILIDADE CIVIL DAS FAKE NEWS. [s.l: s.n.]. Disponível em: <https://repositorio.pucgoias
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BITTENCOURT, V.; ALVES, N. FAKE NEWS E OS DESAFIOS DA LIBERDADE DE EXPRESSÃO. [s.l: s


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Fake news nas eleições: a desinformação afeta a minha liberdade? - Instituto Aurora. Disponível em: <
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GONDIM, A. Coalizão critica 7 artigos mantidos no PL das Fake News. Disponível em: <https://www
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GUILHERME, G.; KANFFER, B. O Tratamento Jurídico das Notícias Falsas (fake news) por Gustavo
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História da Internet: quem criou e quando surgiu. Disponível em: <https://www.todamateria.com.br


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LUCIANO, J. A.; CAMURÇA, E. E. P. FAKE NEWS: Encontros de Iniciação Científica UNI7, v. 8, n. 1,


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PAULO, S. A propagação de fake news e seus impactos: um estudo sobre a onda conservadora na

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PEREIRA GUIMARÃES, G. D.; CÉSAR SILVA, M. FAKE NEWS À LUZ DA RESPONSABILIDADE CIVIL
DIGITAL: O SURGIMENTO DE UM NOVO DANO SOCIAL. Revista Jurídica da FA7, v. 16, n. 2, p. 99?114,
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RASTREABILIDADE de mensagens instantâneas e vigilância em massa: uma análise crítica do art. 10° do
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XAVIER, F. C. O que é o Projeto de Lei das Fake News e como isso pode impactar sua vida? Disponível
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203 - Fake news e eleições.pdf. Disponível em: <https://drive.google.com/file/d


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UNIVERSIDADE TIRADENTES ? UNITCURSO DE GRADUAÇÃO EM DIREITOTRABALHO DE


CONCLUSÃO DE CURSO ? ARTIGO CIENTÍFICO

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Arquivo 1: TCC DOC 4.docx (6035 termos)
Arquivo 2: https://periodicos.uni7.edu.br/index.php/revistajuridica/article/view/940/775 (18 termos)
Termos comuns: 13
Similaridade: 0,21%
O texto abaixo é o conteúdo do documento TCC DOC 4.docx (6035 termos)
Os termos em vermelho foram encontrados no documento
https://periodicos.uni7.edu.br/index.php/revistajuridica/article/view/940/775 (18 termos)

=================================================================================

PROJETO DE LEI DAS FAKE NEWS X LIBERDADE DE EXPRESSÃO: UMA ANÁLISE DO PROJETO DE
LEI 2630/2020

Nadyele Neves Cerqueira


Orientadora: Fernanda Oliveira Santos

ARACAJU ? SERGIPE
2023

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NADYELE NEVES CERQUEIRA

PROJETO DE LEI DAS FAKE NEWS X LIBERDADE DE EXPRESSÃO: UMA ANÁLISE DO PROJETO DE
LEI 2630/2020

Trabalho de Conclusão de Curso ? Artigo ? apresentado ao Curso de Direito da Universidade Tiradentes ?


UNIT, como requisito parcial para obtenção do grau de bacharel em Direito.

APROVADO EM ____/____/____

BANCA EXAMINADORA

__________________________________________________________________
Professor Orientador: Fernanda Oliveira Santos
Universidade Tiradentes

__________________________________________________________________
Professor Examinador
Universidade Tiradentes

__________________________________________________________________
Professor Examinador
Universidade Tiradentes

PROJETO DE LEI DAS FAKE NEWS X LIBERDADE DE EXPRESSÃO: UMA ANÁLISE DO PROJETO DE

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LEI 2630/2020
FAKE NEWS BILL X FREEDOM OF EXPRESSION: AN ANALYSIS OF BILL 2630/2020

Nadyele Neves Cerqueira¹


RESUMO
O presente artigo tem por objetivo a análise do projeto de lei das fakes news sob o prisma do direito dos
danos, com enfoque relacionado a divulgação da Fake News na política, verificando-se a existência, ou
não, de danos diversos advindos da conduta de disseminar notícias falsas, bem como a responsabilidade
civil de quem propaga. Neste estudo, buscou-se evidenciar as implicações das Fake News, principalmente
, no que se refere aos direitos fundamentais, com foco especial para o direito fundamental à liberdade de
expressão. Quanto aos aspectos metodológicos, utilizou-se o método sociológico de interpretação e a
metodologia de pesquisa do tipo pesquisa bibliográfica.

PALAVRAS-CHAVE: Notícias falsas; responsabilidade civil; política; liberdade de expressão.

ABSTRACT
The purpose of this article is to analyze the fakes news bill under the prism of damages law, with a focus on
the dissemination of Fake News in politics, verifying the existence, or not, of various damages arising from
the conduct of disseminating false news, as well as the civil liability of those who spread it. This study
sought to highlight the implications of Fake News, especially with regard to fundamental rights, with a
special focus on the fundamental right to freedom of expression. As for the methodological aspects, we
used the sociological method of interpretation and the research methodology of bibliographical research.
KEY WORDS: Fake news; civil liability; policy; freedom of expression;

¹ Graduando(a) em Direito pela Universidade Tiradentes - UNIT. E-mail (institucional preferencialmente):


nadyele.neves@souunit.com.br
1-INTRODUÇÃO
O presente artigo tem como objetivo a análise acerca das fakes news, que são consideradas um
fenômeno da era das novas tecnologias de informação e comunicação (NTIC), consistindo na propagação
de notícias falsas de forma rápida e que possuem o intuito de prejudicar um grupo ou uma pessoa em
específico, provocando assim inúmeras controvérsias e reflexões sobre o respectivo tema. (ALVES;
MACIEL, 2020)
Por meio de uma pesquisa bibliográfica, foi possível identificar os efeitos atribuídos às fake news, bem
com avaliar suas consequências na política, a responsabilidade civil de quem propaga, expondo a
necessidade de garantir que as medidas adotadas contra essas notícias falsas não afetem a liberdade de
expressão e o direito à informação.
Desta forma, trouxe inicialmente uma análise sobre o tema e seu impacto na sociedade e, em seguida,
uma pesquisa acerca do Projeto de lei das fakes news (PL 2630/2020), bem como um estudo detalhado
acerca da violação do direito fundamental da liberdade de expressão vinculados a essa prática de
propagação de notícias falsas, respondendo assim a seguinte questão: o Projeto de lei das fake news viola
o direito à liberdade de expressão?
Desde que a internet surgiu, abriu as portas para novos desenvolvimentos tecnológicos, transformando
assim o modo como vivemos e nos relacionamos, de forma que contribuiu para a relação entre os

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indivíduos da sociedade. Inicialmente, o seu principal objetivo era a troca de informações (SOUZA, 2020).
No entanto, acabou se tornando um espaço que facilitou a divulgação de notícias falsas, justamente por
ser um ambiente mais livre de comunicação, sem tanta regulamentação.
Com aproximadamente 7,6 bilhões de pessoas no mundo, em torno de 4 bilhões têm acesso à internet e
2,9 bilhões são usuárias de redes sociais. Uma pesquisa feita pela Poynter Institute, em 2022, revela que
quatro em cada dez brasileiros afirmam receber fake news diariamente e apontou ainda que mais da
metade dos entrevistados, provenientes de diferentes países, acreditam receber informações enganosas
online toda semana. Além disso, o Brasil é o país em que mais pessoas acreditam em fake news, segundo
informações extraídas no portal do Tribunal de Justiça do Estado do Paraná sobre o perigo da fake news,
um estudo divulgado pelo Instituto Mundial de Pesquisa (IPSO, 2018), mostrou que no Brasil 62% dos
entrevistados admitiram já ter acreditado em notícias falsas, mesmo sem verificar a veracidade da
informação ou mesmo a sua origem, sendo este um número acima da média mundial, que é de 48%.
As fake news se destacam principalmente na área política, onde tem-se percebido que parte da sociedade
vem tendo dificuldade para saber o que é verdade ou é uma notícia falsa, principalmente em ano eleitoral
, onde governos autoritários se utilizam desse artifício para obter aprovação popular, por meio de um
discurso e aparência mentirosa de um governo democrático, causando um dano nocivo ao direito da
liberdade, da informação e aos direitos humanos, uma vez que o acesso à informação correta é um direito
dos cidadãos e é fundamental para fazer as escolhas políticas. Ademais, o anonimato proporcionado no
ambiente da internet intensifica a violência e o discurso de ódio através das fake news. (MACHADO, 2021)
Além disso, a indústria das fake news também impacta na inserção das mulheres na política. De acordo
com a Plan International, 87% das meninas e jovens mulheres sofrem efeitos negativos de fake news. O
Instituto Política de Saia, em parceria com o Projeto Justiceiras, em sua pesquisa com mais de 1.190
mulheres, verificou que mais de 51% das entrevistadas passaram por situações de violência ou
discriminação, na qualidade de eleitoras ou no exercício do seu mandato.
É nesse cenário caótico que surge o Projeto de Lei 2630/2020, apelidado como ?PL das fake news?,
inspirado na legislação alemã e apresentado pelo senador Alessandro Vieira com a justificativa de
combater as fakes news. Porém, existem alguns pontos contraditórios neste projeto, no qual organizações
e movimentos da sociedade civil afirmam que podem afetar a privacidade e a liberdade de expressão dos
usuários da internet.
Portanto, visando compreender os efeitos das notícias falsas na política do século XXI, tem-se aqui como
estudo o entendimento do projeto de lei das fake news, bem como do direito fundamental liberdade de
expressão. Este trabalho de conclusão de curso está dividido em três capítulos. A primeira seção passa
por uma análise do conceito e efeitos da fake news, bem como o estudo da responsabilidade civil de quem
propaga. A segunda pretende discorrer sobre a liberdade de expressão. E a terceira trata-se de um
estudo de um caso que permeia nossa realidade, onde será analisado o projeto de lei das fake news e a
liberdade de expressão.

2 - FAKE NEWS: UM FENÔMENO DA ERA DIGITAL


Fake News são notícias falsas com um grande poder viral, publicadas em redes sociais como se fossem
informações reais, tendo o objetivo de propagar um ponto de vista ou prejudicar uma pessoa ou grupo
(geralmente figuras públicas) (CAMPOS, 2018).
O termo Fake News ganhou força mundialmente em 2016, com a corrida presidencial dos Estados Unidos
, onde organizações empregavam jovens para produzir e espalhar informações falsas sobre candidatos e
empresas dos Estados Unidos. Porém apesar do recente uso do termo Fake News, ela sempre esteve

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presente ao longo da história, o que mudou foi a nomenclatura, o meio utilizado para divulgação e o
potencial de persuasão que o material falso adquiriu nos últimos anos (DOURADO,2020, p.2). Segundo o
historiador Robert Darnton, em entrevista concedida ao jornal Folha de São Paulo, existem ao menos
desde o século VI (VICTOR, 2017).
Segundo a linha de pensamento de Chen, Conroy e Rubin (2015, p.19), a produção e veiculação de Fake
News constituem um verdadeiro mercado, no qual é alimentado por pessoas de grande influência,
geralmente políticos em campanha eleitoral, onde contratam equipes especializadas nesse tipo de
conteúdo viral e produtores desse conteúdo falso compram ilegalmente endereços de e-mail e números
de telefone celular de milhões de pessoas para ?disparar? essas notícias, e ainda existe a preferência por
contatos de líderes religiosos ou de movimentos políticos, já que eles repassam aos seus seguidores e
pedem que a informação seja compartilhada e para legitimar as Fake News, as páginas que produzem e
divulgam esse tipo de informação costumam misturar as publicações falsas com a reprodução de notícias
verdadeiras de fontes confiáveis e ainda utilizam montagens em vídeos e imagens, tendo em vista que os
usuários da internet são muito visuais, por isso, uma foto manipulada ou fora de contexto pode ser
facilmente divulgada como verdadeira.
Chiara Spadaccini de Teffé e Carlos Affonso Pereira de Souza (2019, p. 542) esclarecem sobre a
propagação de Fake News, que:

A divulgação de informações falsas ou distorcidas não é um problema novo, mas a disseminação em


massa desse conteúdo através da Internet e seu impacto na política vêm chamando atenção. Após 2016,
com as diversas notícias falsas divulgadas durante as eleições norte-americanas e as discussões sobre o
referendo que decidiu pela saída da Grã-Bretanha da União Europeia, verificou-se a emergência de se
entender o que seriam as chamadas fake news e como elas poderiam ser combatidas sem se prejudicar
as liberdades fundamentais e a diversidade de opiniões.
Segundo levantamento feito pela Folha de São Paulo, em 2018, as páginas de Fake News têm maior
participação dos usuários de redes sociais do que as de conteúdo jornalístico real. De 2017 a 2018, os
veículos de comunicação tradicionais apresentaram queda de 17% em seu engajamento, enquanto os
propagadores de fake news tiveram um aumento de 61%. (CAMPOS, 2018)
A propagação de informações falsas, fotos, vídeos manipulados e publicações duvidosas são atos
perigosos que causam efeitos negativos que podem ocasionar o linchamento de inocente, o aumento de
questões de saúde pública, como a propagação de movimentos de antivacinação, o aumento da
homofobia, xenofobia, violência e do preconceito racial.
No Brasil, um dos exemplos mais críticos sobre a seriedade da propagação de fake news foi o
episódio envolvendo a brasileira Fabiane de Jesus, onde em 2014 teve sua foto divulgada em redes
sociais, de forma equivocada, como sendo a de uma criminosa que raptava crianças, levando-a a um
linchamento coletivo na cidade de Guarujá e até hoje a família da vítima luta para que os danos sejam
minimamente reparados (UOL NOTÍCIAS, 2018).

2.1 - Fake News na política


A eleição presidencial de 2018 no Brasil ficou marcada com uma das disputas políticas mais conturbadas
desde o processo de redemocratização. Entre os componentes desse ineditismo esteve a disseminação
em rede de notícias falsas direcionadas ao eleitorado, atrapalhando de alguma forma o exercício do voto.
De acordo com levantamento divulgado pelo Instituto IDEIA Big Data, mais de dois terços dos eleitores
afirmaram ter recebido fake news pelo WhatsApp durante a campanha presidencial de 2018 e segundo

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levantamento divulgado pelo Instituto de Pesquisa Avaaz, 98,21% dos eleitores do então candidato Jair
Bolsonaro (PSL) tiveram contato com notícias falsas durante a disputa e 89,77% deles acreditaram que
tais notícias eram verdadeiras (PASQUINI, 2018).
Dessa maneira, inúmeras pessoas, firmaram o seu voto, baseadas em histórias, dados e alterações falsas
, distorcidas e sem qualquer comprovação, com a finalidade de tumultuar o processo eleitoral, podendo
trazer consequências para o futuro do país, uma vez que, pessoas desinformadas, tomam más decisões.
Deste modo, a legitima informação é excepcional no que se refere à tomada de decisões.
Apesar de serem prejudiciais, geralmente não é fácil descobrir uma notícia falsa. De acordo com Quirós,
em meio ao cenário atual do jornalismo estão as fakes news difundidas nas redes sociais, na qual
antigamente pudessem ser chamadas de rumores, sátiras e propagandas, tendo um forte impacto pela
grande divulgação e por encontrarem receptores aptos a aceitarem sem contestar a informação. Estas
notícias falsas ganham credibilidade e força dependendo daqueles que as propagam e sua influência na
rede (QUIROS, 2017, p.37).
As notícias falsas rapidamente se espalham, tendo em vista que costumam ser emocionalmente atraentes
ou reforçam algum ideal político que ajudam alimentar crenças e por isto são amplamente compartilhadas
e comentadas antes mesmo que os usuários chequem as devidas fontes da informação. Portanto, quem
acreditava que a notícia era verdadeira passou a cooperar com a disseminação da mesma. Para
disseminar as fakes news, o processo é corriqueiro e na maioria das situações, utiliza-se um grupo de
usuários que tenham o mesmo pensamento ideológico, para reforçar a corrente da opinião pré- existente.
De acordo com Martinez, o Estado tende a se preocupar cada vez mais com o controle e a veiculação de
notícias falsas, tendo em vista que o detentor da informação (especialmente dados sigilosos) poderá
manipular a opinião pública, inclusive em relação a assuntos políticos e estratégicos da maior
complexidade e relevância. Ampliando assim, portanto, a preocupação não só dos governantes, mas,
também, dos próprios governados, em relação à disseminação de informações falsas sobre fatos e
personalidades públicas relacionados ao universo político, social e econômico, de modo a influenciar
negativamente a opinião pública. Ressalta-se também que as informações falsas têm por objetivo
desvirtuar a verdade das informações repassadas e em grande maioria, sem que se saiba a origem do
financiamento de tais notícias. Há apontamentos de ocorrência de fake news na política nacional a partir
de 2010; bem como é de conhecimento público a possibilidade de manipulação das eleições de Donald
Trump, nos EUA. (MARTINEZ; NASCIMENTO JUNIOR, 2018).
Neste contexto, especialmente no Brasil, grupos de diferentes ideologias políticas começaram a espalhar
fake news para desacreditar os representantes políticos ou candidatos, um exemplo disso foi as eleições
do ano de 2018, no qual a pesquisadora Tatiana Dourado mostrou que em outubro no segundo turno de
2018, as fakes news refletiram a disputa eleitoral acirrada entre Fernando Haddad e Jair Bolsonaro e que
ela registrou a circulação de 346 fake news nesse período. Portanto, uma estratégia de manipulação da
informação foi formulada para dar ao eleitor um determinado status ideológico, ou seja, para influenciar o
campo político. (DOURADO, 2020, p. 131).
Dessa maneira, os eleitores de partidos ou candidatos precisam ter consciência antes de compartilhar as
informações, uma vez que, as notícias falsas afetam a capacidade das pessoas de fazerem um voto
consciente e embasado com informações verdadeiras.

2.2 - Responsabilidade Civil de quem propaga


As Fakes News em decorrência da transformação do acesso aos meios de comunicação, ganham a cada
dia uma propagação maior, sendo sustentadas pela grande demanda de informações. Assim, de forma

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maliciosa, as informações inverídicas e sensacionalistas são inseridas nas redes sociais, para que sejam
compartilhadas e difundidas entre todos os usuários.
Surgindo assim o debate sobre a responsabilidade civil de quem propaga, na qual faz parte do Direito
obrigacional, tendo previsão no Código Civil de 2002 em seu artigo 186, estando associada a
compreensão de que não se deve prejudicar o outro ou estimular a prática de condutas danosas que
afetam os interesses de outrem, assim, todo aquele que violar e causar dano a outro individuo comete ato
ilícito e fica obrigado a reparar, assim, caso o impacto e constrangimento do ofendido gerado pela notícia
falsa extrapole os limites, em seu meio social, resta comprovado o ato ilícito praticado, obrigando-se o
ofensor a corrigir os danos causados nos termos da lei.
Para Cristiano Chaves, Felipe Braga e Nelson Rosenvald, a definição de responsabilidade civil em seu
sentido clássico consiste na obrigação de reparar danos que infringimos por nossa culpa e em certos
casos determinados pela lei. (FARIAS; ROSENVALD; NETTO, 2020, p. 34).
Apesar da dificuldade de localizar o verdadeiro propagador da "Fake News", o ordenamento jurídico
ampara o usuário para obtenção das informações pessoais do ofensor através de rastreamento dos dados
do cadastro realizado nas redes sociais, tornando possível a sua identificação e responsabilização pelo
ato ilícito. Sendo assim, ao estabelecer uma conexão com a internet, cada computador, deixa na rede uma
espécie de impressão digital, chamada de IP (protocolo de internet) que seria um número de identidade
exclusivo que lhe permite ser identificado, de acordo com artigo escrito pela advogada Carolina Ferraz de
Moraes (MORAES, 2019).
Com isso, o Marco Civil da Internet (Lei 12.965/2014) estabelece em seus artigos 22 e 13 que cabe ao
administrador do sistema autônomo (provedores de internet) o dever de manterem os registros de conexão
dos seus usuários pelo prazo de 01 ano, devendo exibi-los, mediante indispensável ordem judicial, à
autoridade policial, administrativa, ao Ministério Público ou ao interessado.
Logo, o prejudicado, para identificar de onde partiram as ofensas, pode reivindicar, mediante Ação Judicial
, que a rede social informe o protocolo de internet do computador do qual fora publicado o conteúdo
ofensivo, bem como os registros e dados inerentes ao perfil que o publicou. Conforme caso descrito
abaixo, no qual a requerente propôs uma Ação Cautelar de Exibição de Documentos para obter o
fornecimento do protocolo de internet (IP) juntamente com informações e horários acerca dos logins e
logouts de uma conta falsa na rede social de propriedade da requerida, e demais informações que foram
utilizadas para criação do perfil do usuário e obteve decisão favorável pelo Desembargador Arnaldo Maciel
.

O Tribunal de Justiça de Minas Gerais, inclusive, possuindo entendimento firme no sentido de que ?o
fornecimento do Internet Protocolo (IP), juntamente com horários e informações acerca dos logins e
logouts da conta falsa na rede social de propriedade da requerida, e demais informações fornecidas para
criação do perfil do usuário, constituem medidas adequadas? (TJMG. Agravo de Instrumento nº 0460795-
79.2014.8.13.0000, Rel. Des. Arnaldo Maciel. Publ.: 10/10/2014).

[2: EMENTA: AGRAVO DE INSTRUMENTO - AÇÃO CAUTELAR DE EXIBIÇÃO DE DOCUMENTOS -


PEDIDO LIMINAR - REQUERIMENTO DE DOCUMENTOS FORA DO ALCANCE DA PARTE
REQUERIDA - IMPOSSIBILIDADE DE EXIBIÇÃO - DECISÃO REFORMADA. Não é possível imputar à
requerida apresentar informações que estejam fora de seu alcance e em desacordo com a razoabilidade.
O fornecimento do Internet Protocol (IP), juntamente com horários e informações acerca dos logins e
logouts da conta falsa na rede social de propriedade da requerida, e demais informações fornecidas para

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criação do perfil do usuário, constituem medidas adequadas, eis que não há como imputar à requerida o
fornecimento de elementos adicionais que não constam da sua base de dados.

]
Tais requerimentos, podem ser formulados mediante eventual Ação de Reparação de Danos, através do
requerimento de Exibição de Documentos previsto pelo artigo 396 do Código de Processo Civil ou podem
ser formulados através do ajuizamento de Ação Judicial específica contra o provedor e/ou rede social,
exclusivamente para esse fim.
Assim, a divulgação de Fake News não é apenas responsabilidade daquele que a criou, mas também
daquele que a propagou sem verificar a veracidade daquilo que divulga. Os principais Tribunais do país
têm entendido que o usuário da rede social, ao compartilhar ou republicar conteúdo de terceiros em seu
próprio perfil, acaba por responsabilizar-se pelas informações veiculadas.
Inclusive, em julgado do Tribunal de Justiça de São Paulo entendeu ?que há responsabilidade dos que
repassam as mensagens e dos que nelas opinam de forma ofensiva, devendo ser encarado o uso deste
meio de comunicação com mais seriedade e cautela e não com o caráter informal? (TJSP. Apelação Cível
nº 4000515-21.2013.8.26.0451, Rel. Des. Neves Amorim. Julg.: 26/11/2013). Nestes termos, o cidadão
possui o dever de checar a fonte e o conteúdo de tudo aquilo que transmite, sob pena de ser
responsabilizado.
Por fim, o intuito da responsabilidade civil é restabelecer o equilíbrio patrimonial ou moral que foi violado,
certificando aprazibilidade a sociedade, uma vez que, o dano não reparado motiva a inquietação social.
Por isso, atualmente, busca-se uma aplicação mais ampla ao dever de indenizar com o intuito de não
sobejar danos não reparados.

3 ? DO DIREITO FUNDAMENTAL À LIBERDADE DE EXPRESSÃO


Liberdade de Expressão é o direito que permite a manifestação livremente dos pensamentos sem medo de
represálias, de adquirir e exportar informações por diversos meios, de forma independente e sem censura
, ou seja, ela significa o direito de exteriorizar a opinião pessoal ou de um grupo, sempre com respeito e
respaldada pela veracidade de informações. Para Samantha Ribeiro liberdade é condição necessária ao
pleno desenvolvimento da natureza humana assim como à integridade e dignidade do indivíduo?. (MEYER
- PFLUG, 2009, p. 27).

Recebe o nome de liberdade de expressão a garantia assegurada a qualquer indivíduo de se manifestar,


buscar e receber ideias e informações de todos os tipos, com ou sem a intervenção de terceiros, por meio
de linguagens oral, escrita, artística ou qualquer outro meio de comunicação. O princípio da liberdade de
expressão deve ser protegido pela constituição de uma democracia, impedindo os ramos legislativo e
executivo o governo de impor a censura. (SANTIAGO, 2015).

Segundo Rafael Pereira da Silva, a liberdade de expressão começou a ser reconhecida como um
direito inalienável, somente no século XVIII, com o advento do Iluminismo, onde vários filósofos defendeu
a liberdade de expressão, estando entre eles John Stuart Mill, no qual acreditava que essa liberdade seria
a única forma de assegurar a vitalidade da verdade. Além disso, a Declaração dos Direitos do Homem e
do Cidadão de 1789, na França, e a primeira Emenda da Constituição dos Estados Unidos, em 1791,
também foram marcos importante nessa conquista. (MENDES, 2022)
Com a redemocratização do país e a promulgação da Constituição Federal de 1988, houve um

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importante avanço, no qual a Constituição passou a garantir a liberdade de manifestação do pensamento,


vedando a censura prévia e estabelecendo que a responsabilidade pelos abusos cometidos no exercício
da liberdade de expressão é posterior à manifestação. Além disso, a Declaração Universal dos Direitos
Humanos em seu artigo 19 contempla o direito à liberdade de expressão, considerando que a mesma seja
uma peça fundamental da democracia e garante que Todo o indivíduo tem direito à liberdade de opinião e
de expressão, sendo um direito que implica a liberdade de manter as suas próprias opiniões sem
interferência e de procurar, receber e difundir informações e ideias por qualquer meio de expressão
independentemente das fronteiras. (ONU, 1948).
Após a Segunda Guerra Mundial, notadamente com a Declaração Universal dos Direitos Humanos, de
1948, passou-se a reconhecer aqueles direitos como um patamar mínimo a ser observado por todos os
Estados na organização do poder e nas suas relações com seus cidadãos. (BARROSO, 2022, P.241).

Essa Declaração foi adotada pela Organização das Nações Unidas após a Segunda Guerra Mundial, com
o objetivo de estabelecer parâmetros mínimos de direitos a serem observados pelos Estados democráticos
signatários.

1.1 ? Liberdade de Expressão no plano Constitucional

Para Gustavo Gonet Branco (2020), entre os diferentes direitos expressos na Constituição, a liberdade de
expressão constitui direito especialmente fundamental, uma vez que sua garantia é essencial para a
dignidade do indivíduo e para a estrutura democrática da nossa sociedade.
Primeiramente, no âmbito da dignidade humana, a necessidade de ser assegurada a liberdade de
expressão está relacionada a dignidade da pessoa humana, tendo em vista que não há vida digna sem
que o sujeito possa expressar seus desejos e convicções. Viver dignamente pressupõe a liberdade de
escolhas existenciais que são vividas e expressadas.
No que diz respeito à democracia, a liberdade de expressão é direito fundamental diretamente
relacionado à garantia de voz aos cidadãos na manifestação de suas várias correntes políticas e
ideológicas, tal liberdade é imprescindível para aqueles que desejem manifestar-se na esfera pública, sem
que sejam reprimidos por isso. Contudo, a liberdade de expressão também cria um dilema quando se trata
de lidar com discursos de ódio, intolerância e propagação de ideologias que visam destruir a própria
sociedade democrática.

É o que Montesquieu denomina de "liberdade dentro da lei?, ou seja: É preciso ter presente o que é
independência e o que é liberdade. A liberdade e o direito de fazer tudo o que as leis permitem. Se um
cidadão pudesse fazer o que elas proíbem, ela já não teria liberdade. pois os outros teriam igualmente
esse poder. (MEYER-PFLUG, 2009, p. 30).

De acordo com a teoria dos direitos fundamentais de Robert Alexy (2001), o direito de liberdade de
expressão ? assim como os demais direitos fundamentais ? deve ser entendido como princípio
constitucional, norteador da hermenêutica jurídica. Segundo Alexy (2001, p. 112), os direitos fundamentais
têm o caráter de princípios e, nessa condição, eventualmente colidem uns com os outros, sendo
necessária uma solução ponderada em favor de um deles.
Assim os direitos fundamentais podem ser entendidos como valores morais compartilhados por uma
comunidade em dado momento e lugar, que migram do plano ético para o jurídico quando se materializam

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em princípios abrangidos pela Constituição (BARROSO, 2008, p. 352).


?quando os juristas raciocinam ou debatem a respeito de direitos e obrigações jurídicos, particularmente
naqueles casos difíceis nos quais nossos problemas com esses conceitos parecem mais agudos, eles
recorrem a padrões que não funcionam como regras, mas operam diferentemente, como princípios,
políticas e outros tipos de padrões.? (Ronald Dworkin, 2007, p.36).

A liberdade de expressão está assegurada na Constituição Federal de 1988, em seu artigo 5º, IV,
IX e 220º. Ela é apresentada como um direito fundamental que garante a todos os cidadãos o livre
exercício da manifestação do pensamento em sociedades democráticas, que permite a expressão de
opiniões, idéias e crenças sem censura ou repressão, ela também abrange o direito de buscar, receber e
compartilhar informações e ideias por meio da escrita, da fala, da imprensa, da arte ou de qualquer outra
fonte de comunicação.
O artigo 5º IV e IX estabelece que seja livre a expressão do pensamento por meio da atividade intelectual
, artística, científica e de comunicação, independentemente de censura ou licença, sendo vedado o
anonimato do autor. Porém, embora a liberdade de expressão seja garantida, esse direito não é absoluto.
O mesmo artigo em seu inciso X determina que a liberdade de expressão seja limitada quando ocorre a
violação da intimidade, da honra, da vida privada e da imagem de outras pessoas. Por isso, em casos de
violação ao direito de outrem é assegurado o direito à indenização pelo dano moral ou material decorrente
do abuso de liberdade de expressão.
E posteriormente, o artigo 220º da Constituição Federal de 1988, que trata dos meios de comunicação
social, ainda estabelece que seja vedada qualquer censura de cunho político, ideológico e artístico aos
meios de comunicação social, e a publicação de veículo impresso de comunicação não depende de
licença de autoridade. No entanto, é importante ressaltar que, apesar de a Constituição Brasileira
assegurar a liberdade de expressão, a interpretação e a aplicação dos seus artigos podem variar ao longo
do tempo, em resposta às mudanças na sociedade. Diante do impacto das tecnologias de informação, a
legislação brasileira está em constante transformação para enfrentar os novos desafios apresentados,
sobretudo pela disseminação nas redes sociais do discurso de ódio, do assédio on-line, da desinformação
e de notícias falsas.
A liberdade de expressão é um direito fundamental que engloba outros direitos conexos, como a liberdade
da manifestação do pensamento (Art. 5°, IV, CRFB/88); o direito de resposta (Art. 5°, V, CRFB/88); de
consciência e de crença (Art. 5°, VI, CRFB/88); a liberdade de expressão da atividade intelectual, artística,
científica e de comunicação (Art. 5°, IX, CRFB/88), porém a mesma não é absoluta - até porque nenhum
direito fundamental é. Por isso, o indivíduo deve observar o seu limite ao praticá-la. (BRASIL, 1988).
Nesse sentido, existem várias possibilidades de desempenhá-la, porém, somente será considerado lícito
o seu exercício quando houver respeito aos direitos fundamentais dos demais indivíduos, no caso de um
indivíduo que posta em uma rede social um comentário ofendendo alguém, um grupo de pessoas ou
espalhando fake news ele não está amparado pelo direito à liberdade de expressão, pelo fato de estar
prejudicando outros direitos fundamentais de outrem.
Segundo Maia (2015, p.184), não se pode admitir nenhum direito ou valor juridicamente protegido de
modo absoluto, sem limite ou mesmo sem nenhum tipo de exceção, mesmo sendo muito importante, à
liberdade de expressão poderá ceder perante outros direitos. A própria Convenção Americana sobre
Direitos Humanos, na complementação do seu artigo 13.1, ressalta que o exercício do direito previsto no
inciso precedente não pode estar sujeito à censura prévia, mas a responsabilidades ulteriores, que devem
ser expressamente fixadas pela lei a ser necessária para assegurar o respeito aos direitos ou à reputação

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das demais pessoas ou a proteção da segurança nacional, da ordem pública, ou da saúde ou da moral
pública.
No ordenamento jurídico brasileiro, existem diversos princípios e normas garantidos na Constituição
Federal, os aplicando diversas formas de proteção. Porém destes princípios e normas surgem colisões
quando se trata da aplicação destes, pois estes podem ter diretrizes em direções opostas. Segundo
Barroso (2004, p.4):
Princípios e direitos previstos na Constituição entram muitas vezes em linha de colisão, por abrigarem
valores contrapostos e igualmente relevantes. Como por exemplo: livre iniciativa e proteção do consumidor
, direito de propriedade e função social da propriedade, segurança pública e liberdades individuais, direitos
da personalidade e liberdade de expressão. O que caracteriza esse tipo de situação jurídica é a ausência
de uma solução em tese para o conflito. Fornecida abstratamente pelas normas aplicáveis.
Quando houver a solução da colisão, devido aos sentidos opostos de interesses desses direitos, um deles
poderá sofrer limitação, devido a prevalência do outro. De acordo com Marmelstein (2013, p.361),
qualquer solução a ser adotada em um conflito assim resultará na restrição de um dos dois valores.
Nos tempos atuais, o uso das redes sociais é muito importante porque tudo está embutido na internet onde
as pessoas buscam e encontram informações sobre todos os temas. Assim, uma rede social pode ser
imaginada como um conjunto de relações interpessoais em que as pessoas compartilham interesses
pessoais e coletivos e põe em prática o seu direito à liberdade de expressão. De forma geral, pode-se
dizer que o homem é um ser que se expressa muito e que tem a necessidade de participar das decisões
da sociedade. Porém para alcançar a democracia é necessário por limites nesse direito de expressão e foi
nessa tentativa que surgiu o PL 2630/2020 que será analisado na próxima seção.

4 ? PROJETO DE LEI DE COMBATE AS FAKE NEWS (PL 2630/2020)


A divulgação de Fake News se tornou uma prática muito comum e perigosa, uma vez que gera incertezas
e desconfianças ao público ouvinte, dificultando assim a busca pela verdade, constituindo-se uma ameaça
à democracia, na medida em que, o acesso à informação é um direito de todos os cidadãos, sendo
necessário combatê-las.
De acordo com Leticia Albuquerque, atualmente, existem algumas agências que são especializadas em
averiguar boatos e a veracidade das notícias consideradas suspeitas, elas são chamadas de fact-checking
. E alguns portais também abriram setores para fazerem a apuração dessas informações. Entretanto, as
averiguações feitas por essas agências não são suficientes para acabar com a proliferação das Fake
News, considerando que a checagem só acontece depois que a informação é publicada e, nesse meio
tempo, diversas pessoas são prejudicadas. (ALBUQUERQUE, 2020).
[3: Algumas agências especializadas em averiguar boatos e a veracidade de notícias consideradas
suspeitas: 1.Aos fatos: Ela acredita no jornalismo independente e conta com o financiamento de
apoiadores, como em um crowdfunding. A escolha dos conteúdos a serem checados divide-se entre uma
informação vinda de uma autoridade pública ou com alto engajamento nas redes sociais. Depois de
encontrarem a origem da informação, os jornalistas da equipe consultam fontes que podem estar
envolvidas.2.Fato ou Fake: Trata-se de um serviço de checagem oferecido pelo grupo Globo, que apura
notícias que estão sendo muito compartilhadas nas redes sociais. 3.FactCheck: Fundado em 2003, é
focado em entregar notícias verdadeiras sobre a política norte-americana.Disponível em: https://www.cnj
.jus.br/programas-e-acoes/painel-de-checagem-de-fake-news/onde-checar/]
A partir da necessidade de uma norma que regulamentasse a proliferação de notícias falsas, foi que o
Senador Alessandro Vieira, apresentou o projeto de Lei 2630/20 que institui a Lei Brasileira de Liberdade,

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Responsabilidade e Transparência na Internet, criando diversas medidas para combater as proliferações


das Fake News nas redes sociais.
A Lei pretende aplicar um programa de boas práticas com base em ?medidas adequadas e proporcionais
no combate ao comportamento inautêntico e na transparência sobre conteúdos pagos?. Sendo assim, o
texto estabelece alguns princípios, estando entre eles a liberdade de expressão e de imprensa, a garantia
dos direitos de personalidade, da dignidade, da honra e da privacidade do indivíduo, o respeito ao usuário
em sua livre formação de preferências políticas e de uma visão de mundo pessoal, a responsabilidade
compartilhada pela preservação de uma esfera pública livre, plural, diversa e democrática, a garantia da
confiabilidade e da integridade dos sistemas informacionais, a promoção do acesso ao conhecimento na
condução dos assuntos de interesse público, acesso amplo e universal aos meios de comunicação e à
informação, a proteção dos consumidores, e a transparência nas regras para veiculação de anúncios e
conteúdos pagos, estando garantidos no artigo 3° do respectivo Projeto de Lei.
No entanto, existem alguns pontos contraditórios neste projeto, no qual organizações e movimentos da
sociedade civil afirmam que podem afetar a privacidade e a liberdade de expressão dos usuários da
internet.
Estando os principais nos artigos 10º e 12º da PL 2630. No qual o 10º autoriza que sejam guardados
obrigatoriamente pela administração das plataformas os dados dos usuários que participem das cadeias
de compartilhamento de conteúdo, onde esses usuários podem ser jornalistas, pesquisadores,
parlamentares ou qualquer cidadão que, eventualmente, repasse postagens muito compartilhadas nas
redes, sendo todas as mensagens que tiverem um compartilhamento significativo nos aplicativos sujeitas a
serem consideradas suspeitas e rastreadas, sem que se tenha um indício de ilegalidade. O projeto sugere
que seja possível identificar: quem originou o conteúdo que se tornou viral e por onde o conteúdo
identificado circulou.
Posto isso, a Coalizão Direitos em Rede apontou que é uma grave violação ao princípio da presunção de
inocência e que pode impactar no exercício da liberdade de expressão e comunicação nos aplicativos.
Tendo em vista que segundo a redação do dispositivo, apenas as mensagens que fossem encaminhadas
por mais de 5 (cinco) usuários e que, dentro de um intervalo de 15 (quinze) dias, alcançarem um total de
1.000 (mil) usuários devem ter seus registros mantidos pelas empresas por um prazo de até 3 (três)
meses. O acesso aos registros ocorreria somente com ?o objetivo de responsabilização pelo
encaminhamento em massa de conteúdo ilícito?, mediante ordem judicial, visando constituir prova em
investigação criminal ou instrução processual penal (GONDIM, 2020).
No entanto, há uma dificuldade de definir objetivamente a distinção entre o que é apenas uma informação
equivocada e o que é uma informação propagada com má-fé, sendo impossível ter uma resolução de
modo preciso e isso pode acabar ferindo princípios constitucionais, estando entre eles o Direito a liberdade
de expressão.
E o artigo 12º determina, no parágrafo 6º, que as pessoas que se sentirem ?ofendidas?, por algum
conteúdo postado por um perfil ou página nas redes sociais, devem pedir para as plataformas o direito de
resposta. Essa figura do ofendido aparece no PL 2630 apenas neste trecho, portanto, não fica clara a sua
definição. Além disso, o direito de resposta, que é constitucional, deve ser baseado em decisão judicial. Se
essa for uma ação terceirizada às plataformas, pode ser mais um poder dado a elas.
Sendo assim, as propostas contidas no projeto, mexem com questões subjetivas que podem ser
manobradas de forma equivocada e promover a censura, tendo em vista que o direito à liberdade de
expressão garante que não deve ser feita uma censura prévia, mas sim responsabilidades ulteriores, o
fato do respectivo projeto de lei querer que mensagens encaminhadas tenham seus registros mantidos

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pela empresa por três meses é considerada uma censura prévia, tendo em vista que o fato de apenas
compartilhar uma mensagem não configura um ato ilícito.

5 - CONSIDERAÇÕES FINAIS
De acordo com o exposto, é fato que o direito à liberdade de expressão acompanha a evolução dos meios
de comunicação. Desse modo, os meios digitais corroboram para que opiniões das mais diferentes
vertentes sejam expostas e divulgadas em grande velocidade para um elevado número de pessoas,
ocasionando a concretização da liberdade de expressão na atualidade.
Contudo, deve-se atentar para o fato de que liberdade de expressão não é absoluta e possui seus limites,
esbarrando nos limites da responsabilidade civil, o que atinge a temática da divulgação de notícias falsas,
as chamadas fakes news. Sendo assim, quando as fakes news são propagadas, deve haver a
responsabilização civil pelo dano causado com tal atitude, pois o direito fundamental à liberdade de
expressão não dirime tal ato.
Como fora evidenciado, o poder legislativo brasileiro buscou com afinco tratar da problemática das fake
news, surgindo assim o Projeto de Lei n° 2630/2020, que institui a Lei Brasileira de Liberdade,
Responsabilidade e Transparência na Internet. Entretanto, Como a liberdade de expressão é um dos
pilares da democracia, tentar regular as redes sociais para combater a desinformação advinda de fake
news, como pretende o respectivo Projeto de Lei, sempre envolve riscos, uma vez que ele tenta conter a
disseminação de conteúdo criminoso e envolve a tensão entre a liberdade de expressão assegurada pela
Constituição e a dificuldade de definir objetivamente a distinção entre o que é apenas uma informação
equivocada e o que é uma informação falsa e de má fé. Sendo impossível de ser resolvido de modo
preciso, pois sempre haverá uma dúvida entre essas condutas.
Portanto, é preciso que sejam feitos estudos mais aprofundados em relação ao citado Projeto, para que
assim não haja violação ao direito fundamental a liberdade de expressão, tendo em vista que foi um direito
alcançado através de diversas lutas e revoluções contra governos autoritários e não deve ser fragilizado
ou ignorado por qualquer autoridade ou meios de comunicação e que por fim, com mais estudo se consiga
lidar com a nova realidade causada pela divulgação das Fake News.

5- REFERÊNCIAS
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de Lei no 2.630/2020 / Civil liability as a result of fake news and Bill no. 2630/2020. Brazilian Journal of
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BARBIERI, J.; BANDEIRA, L.; SOUZA, D. PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE GOIÁS ESCOLA

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BITTENCOURT, V.; ALVES, N. FAKE NEWS E OS DESAFIOS DA LIBERDADE DE EXPRESSÃO. [s.l: s


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UNIVERSIDADE TIRADENTES ? UNITCURSO DE GRADUAÇÃO EM DIREITOTRABALHO DE


CONCLUSÃO DE CURSO ? ARTIGO CIENTÍFICO

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Arquivo 1: TCC DOC 4.docx (6035 termos)
Arquivo 2: https://www.contabilivre.com.br/blog/registro-empresarial-o-que-voce-precisa-saber-antes-
abrir-empresa (1517 termos)
Termos comuns: 13
Similaridade: 0,17%
O texto abaixo é o conteúdo do documento TCC DOC 4.docx (6035 termos)
Os termos em vermelho foram encontrados no documento
https://www.contabilivre.com.br/blog/registro-empresarial-o-que-voce-precisa-saber-antes-abrir-empresa
(1517 termos)

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PROJETO DE LEI DAS FAKE NEWS X LIBERDADE DE EXPRESSÃO: UMA ANÁLISE DO PROJETO DE
LEI 2630/2020

Nadyele Neves Cerqueira


Orientadora: Fernanda Oliveira Santos

ARACAJU ? SERGIPE
2023

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NADYELE NEVES CERQUEIRA

PROJETO DE LEI DAS FAKE NEWS X LIBERDADE DE EXPRESSÃO: UMA ANÁLISE DO PROJETO DE
LEI 2630/2020

Trabalho de Conclusão de Curso ? Artigo ? apresentado ao Curso de Direito da Universidade Tiradentes ?


UNIT, como requisito parcial para obtenção do grau de bacharel em Direito.

APROVADO EM ____/____/____

BANCA EXAMINADORA

__________________________________________________________________
Professor Orientador: Fernanda Oliveira Santos
Universidade Tiradentes

__________________________________________________________________
Professor Examinador
Universidade Tiradentes

__________________________________________________________________
Professor Examinador
Universidade Tiradentes

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PROJETO DE LEI DAS FAKE NEWS X LIBERDADE DE EXPRESSÃO: UMA ANÁLISE DO PROJETO DE
LEI 2630/2020
FAKE NEWS BILL X FREEDOM OF EXPRESSION: AN ANALYSIS OF BILL 2630/2020

Nadyele Neves Cerqueira¹


RESUMO
O presente artigo tem por objetivo a análise do projeto de lei das fakes news sob o prisma do direito dos
danos, com enfoque relacionado a divulgação da Fake News na política, verificando-se a existência, ou
não, de danos diversos advindos da conduta de disseminar notícias falsas, bem como a responsabilidade
civil de quem propaga. Neste estudo, buscou-se evidenciar as implicações das Fake News, principalmente
, no que se refere aos direitos fundamentais, com foco especial para o direito fundamental à liberdade de
expressão. Quanto aos aspectos metodológicos, utilizou-se o método sociológico de interpretação e a
metodologia de pesquisa do tipo pesquisa bibliográfica.

PALAVRAS-CHAVE: Notícias falsas; responsabilidade civil; política; liberdade de expressão.

ABSTRACT
The purpose of this article is to analyze the fakes news bill under the prism of damages law, with a focus on
the dissemination of Fake News in politics, verifying the existence, or not, of various damages arising from
the conduct of disseminating false news, as well as the civil liability of those who spread it. This study
sought to highlight the implications of Fake News, especially with regard to fundamental rights, with a
special focus on the fundamental right to freedom of expression. As for the methodological aspects, we
used the sociological method of interpretation and the research methodology of bibliographical research.
KEY WORDS: Fake news; civil liability; policy; freedom of expression;

¹ Graduando(a) em Direito pela Universidade Tiradentes - UNIT. E-mail (institucional preferencialmente):


nadyele.neves@souunit.com.br
1-INTRODUÇÃO
O presente artigo tem como objetivo a análise acerca das fakes news, que são consideradas um
fenômeno da era das novas tecnologias de informação e comunicação (NTIC), consistindo na propagação
de notícias falsas de forma rápida e que possuem o intuito de prejudicar um grupo ou uma pessoa em
específico, provocando assim inúmeras controvérsias e reflexões sobre o respectivo tema. (ALVES;
MACIEL, 2020)
Por meio de uma pesquisa bibliográfica, foi possível identificar os efeitos atribuídos às fake news, bem
com avaliar suas consequências na política, a responsabilidade civil de quem propaga, expondo a
necessidade de garantir que as medidas adotadas contra essas notícias falsas não afetem a liberdade de
expressão e o direito à informação.
Desta forma, trouxe inicialmente uma análise sobre o tema e seu impacto na sociedade e, em seguida,
uma pesquisa acerca do Projeto de lei das fakes news (PL 2630/2020), bem como um estudo detalhado
acerca da violação do direito fundamental da liberdade de expressão vinculados a essa prática de
propagação de notícias falsas, respondendo assim a seguinte questão: o Projeto de lei das fake news viola
o direito à liberdade de expressão?

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Desde que a internet surgiu, abriu as portas para novos desenvolvimentos tecnológicos, transformando
assim o modo como vivemos e nos relacionamos, de forma que contribuiu para a relação entre os
indivíduos da sociedade. Inicialmente, o seu principal objetivo era a troca de informações (SOUZA, 2020).
No entanto, acabou se tornando um espaço que facilitou a divulgação de notícias falsas, justamente por
ser um ambiente mais livre de comunicação, sem tanta regulamentação.
Com aproximadamente 7,6 bilhões de pessoas no mundo, em torno de 4 bilhões têm acesso à internet e
2,9 bilhões são usuárias de redes sociais. Uma pesquisa feita pela Poynter Institute, em 2022, revela que
quatro em cada dez brasileiros afirmam receber fake news diariamente e apontou ainda que mais da
metade dos entrevistados, provenientes de diferentes países, acreditam receber informações enganosas
online toda semana. Além disso, o Brasil é o país em que mais pessoas acreditam em fake news, segundo
informações extraídas no portal do Tribunal de Justiça do Estado do Paraná sobre o perigo da fake news,
um estudo divulgado pelo Instituto Mundial de Pesquisa (IPSO, 2018), mostrou que no Brasil 62% dos
entrevistados admitiram já ter acreditado em notícias falsas, mesmo sem verificar a veracidade da
informação ou mesmo a sua origem, sendo este um número acima da média mundial, que é de 48%.
As fake news se destacam principalmente na área política, onde tem-se percebido que parte da sociedade
vem tendo dificuldade para saber o que é verdade ou é uma notícia falsa, principalmente em ano eleitoral
, onde governos autoritários se utilizam desse artifício para obter aprovação popular, por meio de um
discurso e aparência mentirosa de um governo democrático, causando um dano nocivo ao direito da
liberdade, da informação e aos direitos humanos, uma vez que o acesso à informação correta é um direito
dos cidadãos e é fundamental para fazer as escolhas políticas. Ademais, o anonimato proporcionado no
ambiente da internet intensifica a violência e o discurso de ódio através das fake news. (MACHADO, 2021)
Além disso, a indústria das fake news também impacta na inserção das mulheres na política. De acordo
com a Plan International, 87% das meninas e jovens mulheres sofrem efeitos negativos de fake news. O
Instituto Política de Saia, em parceria com o Projeto Justiceiras, em sua pesquisa com mais de 1.190
mulheres, verificou que mais de 51% das entrevistadas passaram por situações de violência ou
discriminação, na qualidade de eleitoras ou no exercício do seu mandato.
É nesse cenário caótico que surge o Projeto de Lei 2630/2020, apelidado como ?PL das fake news?,
inspirado na legislação alemã e apresentado pelo senador Alessandro Vieira com a justificativa de
combater as fakes news. Porém, existem alguns pontos contraditórios neste projeto, no qual organizações
e movimentos da sociedade civil afirmam que podem afetar a privacidade e a liberdade de expressão dos
usuários da internet.
Portanto, visando compreender os efeitos das notícias falsas na política do século XXI, tem-se aqui como
estudo o entendimento do projeto de lei das fake news, bem como do direito fundamental liberdade de
expressão. Este trabalho de conclusão de curso está dividido em três capítulos. A primeira seção passa
por uma análise do conceito e efeitos da fake news, bem como o estudo da responsabilidade civil de quem
propaga. A segunda pretende discorrer sobre a liberdade de expressão. E a terceira trata-se de um
estudo de um caso que permeia nossa realidade, onde será analisado o projeto de lei das fake news e a
liberdade de expressão.

2 - FAKE NEWS: UM FENÔMENO DA ERA DIGITAL


Fake News são notícias falsas com um grande poder viral, publicadas em redes sociais como se fossem
informações reais, tendo o objetivo de propagar um ponto de vista ou prejudicar uma pessoa ou grupo
(geralmente figuras públicas) (CAMPOS, 2018).
O termo Fake News ganhou força mundialmente em 2016, com a corrida presidencial dos Estados Unidos

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, onde organizações empregavam jovens para produzir e espalhar informações falsas sobre candidatos e
empresas dos Estados Unidos. Porém apesar do recente uso do termo Fake News, ela sempre esteve
presente ao longo da história, o que mudou foi a nomenclatura, o meio utilizado para divulgação e o
potencial de persuasão que o material falso adquiriu nos últimos anos (DOURADO,2020, p.2). Segundo o
historiador Robert Darnton, em entrevista concedida ao jornal Folha de São Paulo, existem ao menos
desde o século VI (VICTOR, 2017).
Segundo a linha de pensamento de Chen, Conroy e Rubin (2015, p.19), a produção e veiculação de Fake
News constituem um verdadeiro mercado, no qual é alimentado por pessoas de grande influência,
geralmente políticos em campanha eleitoral, onde contratam equipes especializadas nesse tipo de
conteúdo viral e produtores desse conteúdo falso compram ilegalmente endereços de e-mail e números
de telefone celular de milhões de pessoas para ?disparar? essas notícias, e ainda existe a preferência por
contatos de líderes religiosos ou de movimentos políticos, já que eles repassam aos seus seguidores e
pedem que a informação seja compartilhada e para legitimar as Fake News, as páginas que produzem e
divulgam esse tipo de informação costumam misturar as publicações falsas com a reprodução de notícias
verdadeiras de fontes confiáveis e ainda utilizam montagens em vídeos e imagens, tendo em vista que os
usuários da internet são muito visuais, por isso, uma foto manipulada ou fora de contexto pode ser
facilmente divulgada como verdadeira.
Chiara Spadaccini de Teffé e Carlos Affonso Pereira de Souza (2019, p. 542) esclarecem sobre a
propagação de Fake News, que:

A divulgação de informações falsas ou distorcidas não é um problema novo, mas a disseminação em


massa desse conteúdo através da Internet e seu impacto na política vêm chamando atenção. Após 2016,
com as diversas notícias falsas divulgadas durante as eleições norte-americanas e as discussões sobre o
referendo que decidiu pela saída da Grã-Bretanha da União Europeia, verificou-se a emergência de se
entender o que seriam as chamadas fake news e como elas poderiam ser combatidas sem se prejudicar
as liberdades fundamentais e a diversidade de opiniões.
Segundo levantamento feito pela Folha de São Paulo, em 2018, as páginas de Fake News têm maior
participação dos usuários de redes sociais do que as de conteúdo jornalístico real. De 2017 a 2018, os
veículos de comunicação tradicionais apresentaram queda de 17% em seu engajamento, enquanto os
propagadores de fake news tiveram um aumento de 61%. (CAMPOS, 2018)
A propagação de informações falsas, fotos, vídeos manipulados e publicações duvidosas são atos
perigosos que causam efeitos negativos que podem ocasionar o linchamento de inocente, o aumento de
questões de saúde pública, como a propagação de movimentos de antivacinação, o aumento da
homofobia, xenofobia, violência e do preconceito racial.
No Brasil, um dos exemplos mais críticos sobre a seriedade da propagação de fake news foi o
episódio envolvendo a brasileira Fabiane de Jesus, onde em 2014 teve sua foto divulgada em redes
sociais, de forma equivocada, como sendo a de uma criminosa que raptava crianças, levando-a a um
linchamento coletivo na cidade de Guarujá e até hoje a família da vítima luta para que os danos sejam
minimamente reparados (UOL NOTÍCIAS, 2018).

2.1 - Fake News na política


A eleição presidencial de 2018 no Brasil ficou marcada com uma das disputas políticas mais conturbadas
desde o processo de redemocratização. Entre os componentes desse ineditismo esteve a disseminação
em rede de notícias falsas direcionadas ao eleitorado, atrapalhando de alguma forma o exercício do voto.

Relatório gerado por CopySpider Software 2023-11-30 18:48:04


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De acordo com levantamento divulgado pelo Instituto IDEIA Big Data, mais de dois terços dos eleitores
afirmaram ter recebido fake news pelo WhatsApp durante a campanha presidencial de 2018 e segundo
levantamento divulgado pelo Instituto de Pesquisa Avaaz, 98,21% dos eleitores do então candidato Jair
Bolsonaro (PSL) tiveram contato com notícias falsas durante a disputa e 89,77% deles acreditaram que
tais notícias eram verdadeiras (PASQUINI, 2018).
Dessa maneira, inúmeras pessoas, firmaram o seu voto, baseadas em histórias, dados e alterações falsas
, distorcidas e sem qualquer comprovação, com a finalidade de tumultuar o processo eleitoral, podendo
trazer consequências para o futuro do país, uma vez que, pessoas desinformadas, tomam más decisões.
Deste modo, a legitima informação é excepcional no que se refere à tomada de decisões.
Apesar de serem prejudiciais, geralmente não é fácil descobrir uma notícia falsa. De acordo com Quirós,
em meio ao cenário atual do jornalismo estão as fakes news difundidas nas redes sociais, na qual
antigamente pudessem ser chamadas de rumores, sátiras e propagandas, tendo um forte impacto pela
grande divulgação e por encontrarem receptores aptos a aceitarem sem contestar a informação. Estas
notícias falsas ganham credibilidade e força dependendo daqueles que as propagam e sua influência na
rede (QUIROS, 2017, p.37).
As notícias falsas rapidamente se espalham, tendo em vista que costumam ser emocionalmente atraentes
ou reforçam algum ideal político que ajudam alimentar crenças e por isto são amplamente compartilhadas
e comentadas antes mesmo que os usuários chequem as devidas fontes da informação. Portanto, quem
acreditava que a notícia era verdadeira passou a cooperar com a disseminação da mesma. Para
disseminar as fakes news, o processo é corriqueiro e na maioria das situações, utiliza-se um grupo de
usuários que tenham o mesmo pensamento ideológico, para reforçar a corrente da opinião pré- existente.
De acordo com Martinez, o Estado tende a se preocupar cada vez mais com o controle e a veiculação de
notícias falsas, tendo em vista que o detentor da informação (especialmente dados sigilosos) poderá
manipular a opinião pública, inclusive em relação a assuntos políticos e estratégicos da maior
complexidade e relevância. Ampliando assim, portanto, a preocupação não só dos governantes, mas,
também, dos próprios governados, em relação à disseminação de informações falsas sobre fatos e
personalidades públicas relacionados ao universo político, social e econômico, de modo a influenciar
negativamente a opinião pública. Ressalta-se também que as informações falsas têm por objetivo
desvirtuar a verdade das informações repassadas e em grande maioria, sem que se saiba a origem do
financiamento de tais notícias. Há apontamentos de ocorrência de fake news na política nacional a partir
de 2010; bem como é de conhecimento público a possibilidade de manipulação das eleições de Donald
Trump, nos EUA. (MARTINEZ; NASCIMENTO JUNIOR, 2018).
Neste contexto, especialmente no Brasil, grupos de diferentes ideologias políticas começaram a espalhar
fake news para desacreditar os representantes políticos ou candidatos, um exemplo disso foi as eleições
do ano de 2018, no qual a pesquisadora Tatiana Dourado mostrou que em outubro no segundo turno de
2018, as fakes news refletiram a disputa eleitoral acirrada entre Fernando Haddad e Jair Bolsonaro e que
ela registrou a circulação de 346 fake news nesse período. Portanto, uma estratégia de manipulação da
informação foi formulada para dar ao eleitor um determinado status ideológico, ou seja, para influenciar o
campo político. (DOURADO, 2020, p. 131).
Dessa maneira, os eleitores de partidos ou candidatos precisam ter consciência antes de compartilhar as
informações, uma vez que, as notícias falsas afetam a capacidade das pessoas de fazerem um voto
consciente e embasado com informações verdadeiras.

2.2 - Responsabilidade Civil de quem propaga

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As Fakes News em decorrência da transformação do acesso aos meios de comunicação, ganham a cada
dia uma propagação maior, sendo sustentadas pela grande demanda de informações. Assim, de forma
maliciosa, as informações inverídicas e sensacionalistas são inseridas nas redes sociais, para que sejam
compartilhadas e difundidas entre todos os usuários.
Surgindo assim o debate sobre a responsabilidade civil de quem propaga, na qual faz parte do Direito
obrigacional, tendo previsão no Código Civil de 2002 em seu artigo 186, estando associada a
compreensão de que não se deve prejudicar o outro ou estimular a prática de condutas danosas que
afetam os interesses de outrem, assim, todo aquele que violar e causar dano a outro individuo comete ato
ilícito e fica obrigado a reparar, assim, caso o impacto e constrangimento do ofendido gerado pela notícia
falsa extrapole os limites, em seu meio social, resta comprovado o ato ilícito praticado, obrigando-se o
ofensor a corrigir os danos causados nos termos da lei.
Para Cristiano Chaves, Felipe Braga e Nelson Rosenvald, a definição de responsabilidade civil em seu
sentido clássico consiste na obrigação de reparar danos que infringimos por nossa culpa e em certos
casos determinados pela lei. (FARIAS; ROSENVALD; NETTO, 2020, p. 34).
Apesar da dificuldade de localizar o verdadeiro propagador da "Fake News", o ordenamento jurídico
ampara o usuário para obtenção das informações pessoais do ofensor através de rastreamento dos dados
do cadastro realizado nas redes sociais, tornando possível a sua identificação e responsabilização pelo
ato ilícito. Sendo assim, ao estabelecer uma conexão com a internet, cada computador, deixa na rede uma
espécie de impressão digital, chamada de IP (protocolo de internet) que seria um número de identidade
exclusivo que lhe permite ser identificado, de acordo com artigo escrito pela advogada Carolina Ferraz de
Moraes (MORAES, 2019).
Com isso, o Marco Civil da Internet (Lei 12.965/2014) estabelece em seus artigos 22 e 13 que cabe ao
administrador do sistema autônomo (provedores de internet) o dever de manterem os registros de conexão
dos seus usuários pelo prazo de 01 ano, devendo exibi-los, mediante indispensável ordem judicial, à
autoridade policial, administrativa, ao Ministério Público ou ao interessado.
Logo, o prejudicado, para identificar de onde partiram as ofensas, pode reivindicar, mediante Ação Judicial
, que a rede social informe o protocolo de internet do computador do qual fora publicado o conteúdo
ofensivo, bem como os registros e dados inerentes ao perfil que o publicou. Conforme caso descrito
abaixo, no qual a requerente propôs uma Ação Cautelar de Exibição de Documentos para obter o
fornecimento do protocolo de internet (IP) juntamente com informações e horários acerca dos logins e
logouts de uma conta falsa na rede social de propriedade da requerida, e demais informações que foram
utilizadas para criação do perfil do usuário e obteve decisão favorável pelo Desembargador Arnaldo Maciel
.

O Tribunal de Justiça de Minas Gerais, inclusive, possuindo entendimento firme no sentido de que ?o
fornecimento do Internet Protocolo (IP), juntamente com horários e informações acerca dos logins e
logouts da conta falsa na rede social de propriedade da requerida, e demais informações fornecidas para
criação do perfil do usuário, constituem medidas adequadas? (TJMG. Agravo de Instrumento nº 0460795-
79.2014.8.13.0000, Rel. Des. Arnaldo Maciel. Publ.: 10/10/2014).

[2: EMENTA: AGRAVO DE INSTRUMENTO - AÇÃO CAUTELAR DE EXIBIÇÃO DE DOCUMENTOS -


PEDIDO LIMINAR - REQUERIMENTO DE DOCUMENTOS FORA DO ALCANCE DA PARTE
REQUERIDA - IMPOSSIBILIDADE DE EXIBIÇÃO - DECISÃO REFORMADA. Não é possível imputar à
requerida apresentar informações que estejam fora de seu alcance e em desacordo com a razoabilidade.

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O fornecimento do Internet Protocol (IP), juntamente com horários e informações acerca dos logins e
logouts da conta falsa na rede social de propriedade da requerida, e demais informações fornecidas para
criação do perfil do usuário, constituem medidas adequadas, eis que não há como imputar à requerida o
fornecimento de elementos adicionais que não constam da sua base de dados.

]
Tais requerimentos, podem ser formulados mediante eventual Ação de Reparação de Danos, através do
requerimento de Exibição de Documentos previsto pelo artigo 396 do Código de Processo Civil ou podem
ser formulados através do ajuizamento de Ação Judicial específica contra o provedor e/ou rede social,
exclusivamente para esse fim.
Assim, a divulgação de Fake News não é apenas responsabilidade daquele que a criou, mas também
daquele que a propagou sem verificar a veracidade daquilo que divulga. Os principais Tribunais do país
têm entendido que o usuário da rede social, ao compartilhar ou republicar conteúdo de terceiros em seu
próprio perfil, acaba por responsabilizar-se pelas informações veiculadas.
Inclusive, em julgado do Tribunal de Justiça de São Paulo entendeu ?que há responsabilidade dos que
repassam as mensagens e dos que nelas opinam de forma ofensiva, devendo ser encarado o uso deste
meio de comunicação com mais seriedade e cautela e não com o caráter informal? (TJSP. Apelação Cível
nº 4000515-21.2013.8.26.0451, Rel. Des. Neves Amorim. Julg.: 26/11/2013). Nestes termos, o cidadão
possui o dever de checar a fonte e o conteúdo de tudo aquilo que transmite, sob pena de ser
responsabilizado.
Por fim, o intuito da responsabilidade civil é restabelecer o equilíbrio patrimonial ou moral que foi violado,
certificando aprazibilidade a sociedade, uma vez que, o dano não reparado motiva a inquietação social.
Por isso, atualmente, busca-se uma aplicação mais ampla ao dever de indenizar com o intuito de não
sobejar danos não reparados.

3 ? DO DIREITO FUNDAMENTAL À LIBERDADE DE EXPRESSÃO


Liberdade de Expressão é o direito que permite a manifestação livremente dos pensamentos sem medo de
represálias, de adquirir e exportar informações por diversos meios, de forma independente e sem censura
, ou seja, ela significa o direito de exteriorizar a opinião pessoal ou de um grupo, sempre com respeito e
respaldada pela veracidade de informações. Para Samantha Ribeiro liberdade é condição necessária ao
pleno desenvolvimento da natureza humana assim como à integridade e dignidade do indivíduo?. (MEYER
- PFLUG, 2009, p. 27).

Recebe o nome de liberdade de expressão a garantia assegurada a qualquer indivíduo de se manifestar,


buscar e receber ideias e informações de todos os tipos, com ou sem a intervenção de terceiros, por meio
de linguagens oral, escrita, artística ou qualquer outro meio de comunicação. O princípio da liberdade de
expressão deve ser protegido pela constituição de uma democracia, impedindo os ramos legislativo e
executivo o governo de impor a censura. (SANTIAGO, 2015).

Segundo Rafael Pereira da Silva, a liberdade de expressão começou a ser reconhecida como um
direito inalienável, somente no século XVIII, com o advento do Iluminismo, onde vários filósofos defendeu
a liberdade de expressão, estando entre eles John Stuart Mill, no qual acreditava que essa liberdade seria
a única forma de assegurar a vitalidade da verdade. Além disso, a Declaração dos Direitos do Homem e
do Cidadão de 1789, na França, e a primeira Emenda da Constituição dos Estados Unidos, em 1791,

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também foram marcos importante nessa conquista. (MENDES, 2022)


Com a redemocratização do país e a promulgação da Constituição Federal de 1988, houve um
importante avanço, no qual a Constituição passou a garantir a liberdade de manifestação do pensamento,
vedando a censura prévia e estabelecendo que a responsabilidade pelos abusos cometidos no exercício
da liberdade de expressão é posterior à manifestação. Além disso, a Declaração Universal dos Direitos
Humanos em seu artigo 19 contempla o direito à liberdade de expressão, considerando que a mesma seja
uma peça fundamental da democracia e garante que Todo o indivíduo tem direito à liberdade de opinião e
de expressão, sendo um direito que implica a liberdade de manter as suas próprias opiniões sem
interferência e de procurar, receber e difundir informações e ideias por qualquer meio de expressão
independentemente das fronteiras. (ONU, 1948).
Após a Segunda Guerra Mundial, notadamente com a Declaração Universal dos Direitos Humanos, de
1948, passou-se a reconhecer aqueles direitos como um patamar mínimo a ser observado por todos os
Estados na organização do poder e nas suas relações com seus cidadãos. (BARROSO, 2022, P.241).

Essa Declaração foi adotada pela Organização das Nações Unidas após a Segunda Guerra Mundial, com
o objetivo de estabelecer parâmetros mínimos de direitos a serem observados pelos Estados democráticos
signatários.

1.1 ? Liberdade de Expressão no plano Constitucional

Para Gustavo Gonet Branco (2020), entre os diferentes direitos expressos na Constituição, a liberdade de
expressão constitui direito especialmente fundamental, uma vez que sua garantia é essencial para a
dignidade do indivíduo e para a estrutura democrática da nossa sociedade.
Primeiramente, no âmbito da dignidade humana, a necessidade de ser assegurada a liberdade de
expressão está relacionada a dignidade da pessoa humana, tendo em vista que não há vida digna sem
que o sujeito possa expressar seus desejos e convicções. Viver dignamente pressupõe a liberdade de
escolhas existenciais que são vividas e expressadas.
No que diz respeito à democracia, a liberdade de expressão é direito fundamental diretamente
relacionado à garantia de voz aos cidadãos na manifestação de suas várias correntes políticas e
ideológicas, tal liberdade é imprescindível para aqueles que desejem manifestar-se na esfera pública, sem
que sejam reprimidos por isso. Contudo, a liberdade de expressão também cria um dilema quando se trata
de lidar com discursos de ódio, intolerância e propagação de ideologias que visam destruir a própria
sociedade democrática.

É o que Montesquieu denomina de "liberdade dentro da lei?, ou seja: É preciso ter presente o que é
independência e o que é liberdade. A liberdade e o direito de fazer tudo o que as leis permitem. Se um
cidadão pudesse fazer o que elas proíbem, ela já não teria liberdade. pois os outros teriam igualmente
esse poder. (MEYER-PFLUG, 2009, p. 30).

De acordo com a teoria dos direitos fundamentais de Robert Alexy (2001), o direito de liberdade de
expressão ? assim como os demais direitos fundamentais ? deve ser entendido como princípio
constitucional, norteador da hermenêutica jurídica. Segundo Alexy (2001, p. 112), os direitos fundamentais
têm o caráter de princípios e, nessa condição, eventualmente colidem uns com os outros, sendo
necessária uma solução ponderada em favor de um deles.

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Assim os direitos fundamentais podem ser entendidos como valores morais compartilhados por uma
comunidade em dado momento e lugar, que migram do plano ético para o jurídico quando se materializam
em princípios abrangidos pela Constituição (BARROSO, 2008, p. 352).
?quando os juristas raciocinam ou debatem a respeito de direitos e obrigações jurídicos, particularmente
naqueles casos difíceis nos quais nossos problemas com esses conceitos parecem mais agudos, eles
recorrem a padrões que não funcionam como regras, mas operam diferentemente, como princípios,
políticas e outros tipos de padrões.? (Ronald Dworkin, 2007, p.36).

A liberdade de expressão está assegurada na Constituição Federal de 1988, em seu artigo 5º, IV,
IX e 220º. Ela é apresentada como um direito fundamental que garante a todos os cidadãos o livre
exercício da manifestação do pensamento em sociedades democráticas, que permite a expressão de
opiniões, idéias e crenças sem censura ou repressão, ela também abrange o direito de buscar, receber e
compartilhar informações e ideias por meio da escrita, da fala, da imprensa, da arte ou de qualquer outra
fonte de comunicação.
O artigo 5º IV e IX estabelece que seja livre a expressão do pensamento por meio da atividade intelectual
, artística, científica e de comunicação, independentemente de censura ou licença, sendo vedado o
anonimato do autor. Porém, embora a liberdade de expressão seja garantida, esse direito não é absoluto.
O mesmo artigo em seu inciso X determina que a liberdade de expressão seja limitada quando ocorre a
violação da intimidade, da honra, da vida privada e da imagem de outras pessoas. Por isso, em casos de
violação ao direito de outrem é assegurado o direito à indenização pelo dano moral ou material decorrente
do abuso de liberdade de expressão.
E posteriormente, o artigo 220º da Constituição Federal de 1988, que trata dos meios de comunicação
social, ainda estabelece que seja vedada qualquer censura de cunho político, ideológico e artístico aos
meios de comunicação social, e a publicação de veículo impresso de comunicação não depende de
licença de autoridade. No entanto, é importante ressaltar que, apesar de a Constituição Brasileira
assegurar a liberdade de expressão, a interpretação e a aplicação dos seus artigos podem variar ao longo
do tempo, em resposta às mudanças na sociedade. Diante do impacto das tecnologias de informação, a
legislação brasileira está em constante transformação para enfrentar os novos desafios apresentados,
sobretudo pela disseminação nas redes sociais do discurso de ódio, do assédio on-line, da desinformação
e de notícias falsas.
A liberdade de expressão é um direito fundamental que engloba outros direitos conexos, como a liberdade
da manifestação do pensamento (Art. 5°, IV, CRFB/88); o direito de resposta (Art. 5°, V, CRFB/88); de
consciência e de crença (Art. 5°, VI, CRFB/88); a liberdade de expressão da atividade intelectual, artística,
científica e de comunicação (Art. 5°, IX, CRFB/88), porém a mesma não é absoluta - até porque nenhum
direito fundamental é. Por isso, o indivíduo deve observar o seu limite ao praticá-la. (BRASIL, 1988).
Nesse sentido, existem várias possibilidades de desempenhá-la, porém, somente será considerado lícito
o seu exercício quando houver respeito aos direitos fundamentais dos demais indivíduos, no caso de um
indivíduo que posta em uma rede social um comentário ofendendo alguém, um grupo de pessoas ou
espalhando fake news ele não está amparado pelo direito à liberdade de expressão, pelo fato de estar
prejudicando outros direitos fundamentais de outrem.
Segundo Maia (2015, p.184), não se pode admitir nenhum direito ou valor juridicamente protegido de
modo absoluto, sem limite ou mesmo sem nenhum tipo de exceção, mesmo sendo muito importante, à
liberdade de expressão poderá ceder perante outros direitos. A própria Convenção Americana sobre
Direitos Humanos, na complementação do seu artigo 13.1, ressalta que o exercício do direito previsto no

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inciso precedente não pode estar sujeito à censura prévia, mas a responsabilidades ulteriores, que devem
ser expressamente fixadas pela lei a ser necessária para assegurar o respeito aos direitos ou à reputação
das demais pessoas ou a proteção da segurança nacional, da ordem pública, ou da saúde ou da moral
pública.
No ordenamento jurídico brasileiro, existem diversos princípios e normas garantidos na Constituição
Federal, os aplicando diversas formas de proteção. Porém destes princípios e normas surgem colisões
quando se trata da aplicação destes, pois estes podem ter diretrizes em direções opostas. Segundo
Barroso (2004, p.4):
Princípios e direitos previstos na Constituição entram muitas vezes em linha de colisão, por abrigarem
valores contrapostos e igualmente relevantes. Como por exemplo: livre iniciativa e proteção do consumidor
, direito de propriedade e função social da propriedade, segurança pública e liberdades individuais, direitos
da personalidade e liberdade de expressão. O que caracteriza esse tipo de situação jurídica é a ausência
de uma solução em tese para o conflito. Fornecida abstratamente pelas normas aplicáveis.
Quando houver a solução da colisão, devido aos sentidos opostos de interesses desses direitos, um deles
poderá sofrer limitação, devido a prevalência do outro. De acordo com Marmelstein (2013, p.361),
qualquer solução a ser adotada em um conflito assim resultará na restrição de um dos dois valores.
Nos tempos atuais, o uso das redes sociais é muito importante porque tudo está embutido na internet onde
as pessoas buscam e encontram informações sobre todos os temas. Assim, uma rede social pode ser
imaginada como um conjunto de relações interpessoais em que as pessoas compartilham interesses
pessoais e coletivos e põe em prática o seu direito à liberdade de expressão. De forma geral, pode-se
dizer que o homem é um ser que se expressa muito e que tem a necessidade de participar das decisões
da sociedade. Porém para alcançar a democracia é necessário por limites nesse direito de expressão e foi
nessa tentativa que surgiu o PL 2630/2020 que será analisado na próxima seção.

4 ? PROJETO DE LEI DE COMBATE AS FAKE NEWS (PL 2630/2020)


A divulgação de Fake News se tornou uma prática muito comum e perigosa, uma vez que gera incertezas
e desconfianças ao público ouvinte, dificultando assim a busca pela verdade, constituindo-se uma ameaça
à democracia, na medida em que, o acesso à informação é um direito de todos os cidadãos, sendo
necessário combatê-las.
De acordo com Leticia Albuquerque, atualmente, existem algumas agências que são especializadas em
averiguar boatos e a veracidade das notícias consideradas suspeitas, elas são chamadas de fact-checking
. E alguns portais também abriram setores para fazerem a apuração dessas informações. Entretanto, as
averiguações feitas por essas agências não são suficientes para acabar com a proliferação das Fake
News, considerando que a checagem só acontece depois que a informação é publicada e, nesse meio
tempo, diversas pessoas são prejudicadas. (ALBUQUERQUE, 2020).
[3: Algumas agências especializadas em averiguar boatos e a veracidade de notícias consideradas
suspeitas: 1.Aos fatos: Ela acredita no jornalismo independente e conta com o financiamento de
apoiadores, como em um crowdfunding. A escolha dos conteúdos a serem checados divide-se entre uma
informação vinda de uma autoridade pública ou com alto engajamento nas redes sociais. Depois de
encontrarem a origem da informação, os jornalistas da equipe consultam fontes que podem estar
envolvidas.2.Fato ou Fake: Trata-se de um serviço de checagem oferecido pelo grupo Globo, que apura
notícias que estão sendo muito compartilhadas nas redes sociais. 3.FactCheck: Fundado em 2003, é
focado em entregar notícias verdadeiras sobre a política norte-americana.Disponível em: https://www.cnj
.jus.br/programas-e-acoes/painel-de-checagem-de-fake-news/onde-checar/]

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A partir da necessidade de uma norma que regulamentasse a proliferação de notícias falsas, foi que o
Senador Alessandro Vieira, apresentou o projeto de Lei 2630/20 que institui a Lei Brasileira de Liberdade,
Responsabilidade e Transparência na Internet, criando diversas medidas para combater as proliferações
das Fake News nas redes sociais.
A Lei pretende aplicar um programa de boas práticas com base em ?medidas adequadas e proporcionais
no combate ao comportamento inautêntico e na transparência sobre conteúdos pagos?. Sendo assim, o
texto estabelece alguns princípios, estando entre eles a liberdade de expressão e de imprensa, a garantia
dos direitos de personalidade, da dignidade, da honra e da privacidade do indivíduo, o respeito ao usuário
em sua livre formação de preferências políticas e de uma visão de mundo pessoal, a responsabilidade
compartilhada pela preservação de uma esfera pública livre, plural, diversa e democrática, a garantia da
confiabilidade e da integridade dos sistemas informacionais, a promoção do acesso ao conhecimento na
condução dos assuntos de interesse público, acesso amplo e universal aos meios de comunicação e à
informação, a proteção dos consumidores, e a transparência nas regras para veiculação de anúncios e
conteúdos pagos, estando garantidos no artigo 3° do respectivo Projeto de Lei.
No entanto, existem alguns pontos contraditórios neste projeto, no qual organizações e movimentos da
sociedade civil afirmam que podem afetar a privacidade e a liberdade de expressão dos usuários da
internet.
Estando os principais nos artigos 10º e 12º da PL 2630. No qual o 10º autoriza que sejam guardados
obrigatoriamente pela administração das plataformas os dados dos usuários que participem das cadeias
de compartilhamento de conteúdo, onde esses usuários podem ser jornalistas, pesquisadores,
parlamentares ou qualquer cidadão que, eventualmente, repasse postagens muito compartilhadas nas
redes, sendo todas as mensagens que tiverem um compartilhamento significativo nos aplicativos sujeitas a
serem consideradas suspeitas e rastreadas, sem que se tenha um indício de ilegalidade. O projeto sugere
que seja possível identificar: quem originou o conteúdo que se tornou viral e por onde o conteúdo
identificado circulou.
Posto isso, a Coalizão Direitos em Rede apontou que é uma grave violação ao princípio da presunção de
inocência e que pode impactar no exercício da liberdade de expressão e comunicação nos aplicativos.
Tendo em vista que segundo a redação do dispositivo, apenas as mensagens que fossem encaminhadas
por mais de 5 (cinco) usuários e que, dentro de um intervalo de 15 (quinze) dias, alcançarem um total de
1.000 (mil) usuários devem ter seus registros mantidos pelas empresas por um prazo de até 3 (três)
meses. O acesso aos registros ocorreria somente com ?o objetivo de responsabilização pelo
encaminhamento em massa de conteúdo ilícito?, mediante ordem judicial, visando constituir prova em
investigação criminal ou instrução processual penal (GONDIM, 2020).
No entanto, há uma dificuldade de definir objetivamente a distinção entre o que é apenas uma informação
equivocada e o que é uma informação propagada com má-fé, sendo impossível ter uma resolução de
modo preciso e isso pode acabar ferindo princípios constitucionais, estando entre eles o Direito a liberdade
de expressão.
E o artigo 12º determina, no parágrafo 6º, que as pessoas que se sentirem ?ofendidas?, por algum
conteúdo postado por um perfil ou página nas redes sociais, devem pedir para as plataformas o direito de
resposta. Essa figura do ofendido aparece no PL 2630 apenas neste trecho, portanto, não fica clara a sua
definição. Além disso, o direito de resposta, que é constitucional, deve ser baseado em decisão judicial. Se
essa for uma ação terceirizada às plataformas, pode ser mais um poder dado a elas.
Sendo assim, as propostas contidas no projeto, mexem com questões subjetivas que podem ser
manobradas de forma equivocada e promover a censura, tendo em vista que o direito à liberdade de

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expressão garante que não deve ser feita uma censura prévia, mas sim responsabilidades ulteriores, o
fato do respectivo projeto de lei querer que mensagens encaminhadas tenham seus registros mantidos
pela empresa por três meses é considerada uma censura prévia, tendo em vista que o fato de apenas
compartilhar uma mensagem não configura um ato ilícito.

5 - CONSIDERAÇÕES FINAIS
De acordo com o exposto, é fato que o direito à liberdade de expressão acompanha a evolução dos meios
de comunicação. Desse modo, os meios digitais corroboram para que opiniões das mais diferentes
vertentes sejam expostas e divulgadas em grande velocidade para um elevado número de pessoas,
ocasionando a concretização da liberdade de expressão na atualidade.
Contudo, deve-se atentar para o fato de que liberdade de expressão não é absoluta e possui seus limites,
esbarrando nos limites da responsabilidade civil, o que atinge a temática da divulgação de notícias falsas,
as chamadas fakes news. Sendo assim, quando as fakes news são propagadas, deve haver a
responsabilização civil pelo dano causado com tal atitude, pois o direito fundamental à liberdade de
expressão não dirime tal ato.
Como fora evidenciado, o poder legislativo brasileiro buscou com afinco tratar da problemática das fake
news, surgindo assim o Projeto de Lei n° 2630/2020, que institui a Lei Brasileira de Liberdade,
Responsabilidade e Transparência na Internet. Entretanto, Como a liberdade de expressão é um dos
pilares da democracia, tentar regular as redes sociais para combater a desinformação advinda de fake
news, como pretende o respectivo Projeto de Lei, sempre envolve riscos, uma vez que ele tenta conter a
disseminação de conteúdo criminoso e envolve a tensão entre a liberdade de expressão assegurada pela
Constituição e a dificuldade de definir objetivamente a distinção entre o que é apenas uma informação
equivocada e o que é uma informação falsa e de má fé. Sendo impossível de ser resolvido de modo
preciso, pois sempre haverá uma dúvida entre essas condutas.
Portanto, é preciso que sejam feitos estudos mais aprofundados em relação ao citado Projeto, para que
assim não haja violação ao direito fundamental a liberdade de expressão, tendo em vista que foi um direito
alcançado através de diversas lutas e revoluções contra governos autoritários e não deve ser fragilizado
ou ignorado por qualquer autoridade ou meios de comunicação e que por fim, com mais estudo se consiga
lidar com a nova realidade causada pela divulgação das Fake News.

5- REFERÊNCIAS
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de Lei no 2.630/2020 / Civil liability as a result of fake news and Bill no. 2630/2020. Brazilian Journal of
Development, v. 8, n. 6, p. 43353?43366, 2 jun. 2022. Acesso em: 05 out. 2023
A LEI E AS REDES SOCIAIS: TIRE SUAS DÚVIDAS SOBRE O ALCANCE DO DIREITO NO MUNDO
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UNIVERSIDADE TIRADENTES ? UNITCURSO DE GRADUAÇÃO EM DIREITOTRABALHO DE


CONCLUSÃO DE CURSO ? ARTIGO CIENTÍFICO

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=================================================================================
Arquivo 1: TCC DOC 4.docx (6035 termos)
Arquivo 2: https://www.contabeis.com.br/noticias/41821/qual-e-o-prazo-para-guardar-os-documentos-da-
sua-empresa (1241 termos)
Termos comuns: 12
Similaridade: 0,16%
O texto abaixo é o conteúdo do documento TCC DOC 4.docx (6035 termos)
Os termos em vermelho foram encontrados no documento
https://www.contabeis.com.br/noticias/41821/qual-e-o-prazo-para-guardar-os-documentos-da-sua-empresa
(1241 termos)

=================================================================================

PROJETO DE LEI DAS FAKE NEWS X LIBERDADE DE EXPRESSÃO: UMA ANÁLISE DO PROJETO DE
LEI 2630/2020

Nadyele Neves Cerqueira


Orientadora: Fernanda Oliveira Santos

ARACAJU ? SERGIPE
2023

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NADYELE NEVES CERQUEIRA

PROJETO DE LEI DAS FAKE NEWS X LIBERDADE DE EXPRESSÃO: UMA ANÁLISE DO PROJETO DE
LEI 2630/2020

Trabalho de Conclusão de Curso ? Artigo ? apresentado ao Curso de Direito da Universidade Tiradentes ?


UNIT, como requisito parcial para obtenção do grau de bacharel em Direito.

APROVADO EM ____/____/____

BANCA EXAMINADORA

__________________________________________________________________
Professor Orientador: Fernanda Oliveira Santos
Universidade Tiradentes

__________________________________________________________________
Professor Examinador
Universidade Tiradentes

__________________________________________________________________
Professor Examinador
Universidade Tiradentes

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PROJETO DE LEI DAS FAKE NEWS X LIBERDADE DE EXPRESSÃO: UMA ANÁLISE DO PROJETO DE
LEI 2630/2020
FAKE NEWS BILL X FREEDOM OF EXPRESSION: AN ANALYSIS OF BILL 2630/2020

Nadyele Neves Cerqueira¹


RESUMO
O presente artigo tem por objetivo a análise do projeto de lei das fakes news sob o prisma do direito dos
danos, com enfoque relacionado a divulgação da Fake News na política, verificando-se a existência, ou
não, de danos diversos advindos da conduta de disseminar notícias falsas, bem como a responsabilidade
civil de quem propaga. Neste estudo, buscou-se evidenciar as implicações das Fake News, principalmente
, no que se refere aos direitos fundamentais, com foco especial para o direito fundamental à liberdade de
expressão. Quanto aos aspectos metodológicos, utilizou-se o método sociológico de interpretação e a
metodologia de pesquisa do tipo pesquisa bibliográfica.

PALAVRAS-CHAVE: Notícias falsas; responsabilidade civil; política; liberdade de expressão.

ABSTRACT
The purpose of this article is to analyze the fakes news bill under the prism of damages law, with a focus on
the dissemination of Fake News in politics, verifying the existence, or not, of various damages arising from
the conduct of disseminating false news, as well as the civil liability of those who spread it. This study
sought to highlight the implications of Fake News, especially with regard to fundamental rights, with a
special focus on the fundamental right to freedom of expression. As for the methodological aspects, we
used the sociological method of interpretation and the research methodology of bibliographical research.
KEY WORDS: Fake news; civil liability; policy; freedom of expression;

¹ Graduando(a) em Direito pela Universidade Tiradentes - UNIT. E-mail (institucional preferencialmente):


nadyele.neves@souunit.com.br
1-INTRODUÇÃO
O presente artigo tem como objetivo a análise acerca das fakes news, que são consideradas um
fenômeno da era das novas tecnologias de informação e comunicação (NTIC), consistindo na propagação
de notícias falsas de forma rápida e que possuem o intuito de prejudicar um grupo ou uma pessoa em
específico, provocando assim inúmeras controvérsias e reflexões sobre o respectivo tema. (ALVES;
MACIEL, 2020)
Por meio de uma pesquisa bibliográfica, foi possível identificar os efeitos atribuídos às fake news, bem
com avaliar suas consequências na política, a responsabilidade civil de quem propaga, expondo a
necessidade de garantir que as medidas adotadas contra essas notícias falsas não afetem a liberdade de
expressão e o direito à informação.
Desta forma, trouxe inicialmente uma análise sobre o tema e seu impacto na sociedade e, em seguida,
uma pesquisa acerca do Projeto de lei das fakes news (PL 2630/2020), bem como um estudo detalhado
acerca da violação do direito fundamental da liberdade de expressão vinculados a essa prática de
propagação de notícias falsas, respondendo assim a seguinte questão: o Projeto de lei das fake news viola
o direito à liberdade de expressão?

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Desde que a internet surgiu, abriu as portas para novos desenvolvimentos tecnológicos, transformando
assim o modo como vivemos e nos relacionamos, de forma que contribuiu para a relação entre os
indivíduos da sociedade. Inicialmente, o seu principal objetivo era a troca de informações (SOUZA, 2020).
No entanto, acabou se tornando um espaço que facilitou a divulgação de notícias falsas, justamente por
ser um ambiente mais livre de comunicação, sem tanta regulamentação.
Com aproximadamente 7,6 bilhões de pessoas no mundo, em torno de 4 bilhões têm acesso à internet e
2,9 bilhões são usuárias de redes sociais. Uma pesquisa feita pela Poynter Institute, em 2022, revela que
quatro em cada dez brasileiros afirmam receber fake news diariamente e apontou ainda que mais da
metade dos entrevistados, provenientes de diferentes países, acreditam receber informações enganosas
online toda semana. Além disso, o Brasil é o país em que mais pessoas acreditam em fake news, segundo
informações extraídas no portal do Tribunal de Justiça do Estado do Paraná sobre o perigo da fake news,
um estudo divulgado pelo Instituto Mundial de Pesquisa (IPSO, 2018), mostrou que no Brasil 62% dos
entrevistados admitiram já ter acreditado em notícias falsas, mesmo sem verificar a veracidade da
informação ou mesmo a sua origem, sendo este um número acima da média mundial, que é de 48%.
As fake news se destacam principalmente na área política, onde tem-se percebido que parte da sociedade
vem tendo dificuldade para saber o que é verdade ou é uma notícia falsa, principalmente em ano eleitoral
, onde governos autoritários se utilizam desse artifício para obter aprovação popular, por meio de um
discurso e aparência mentirosa de um governo democrático, causando um dano nocivo ao direito da
liberdade, da informação e aos direitos humanos, uma vez que o acesso à informação correta é um direito
dos cidadãos e é fundamental para fazer as escolhas políticas. Ademais, o anonimato proporcionado no
ambiente da internet intensifica a violência e o discurso de ódio através das fake news. (MACHADO, 2021)
Além disso, a indústria das fake news também impacta na inserção das mulheres na política. De acordo
com a Plan International, 87% das meninas e jovens mulheres sofrem efeitos negativos de fake news. O
Instituto Política de Saia, em parceria com o Projeto Justiceiras, em sua pesquisa com mais de 1.190
mulheres, verificou que mais de 51% das entrevistadas passaram por situações de violência ou
discriminação, na qualidade de eleitoras ou no exercício do seu mandato.
É nesse cenário caótico que surge o Projeto de Lei 2630/2020, apelidado como ?PL das fake news?,
inspirado na legislação alemã e apresentado pelo senador Alessandro Vieira com a justificativa de
combater as fakes news. Porém, existem alguns pontos contraditórios neste projeto, no qual organizações
e movimentos da sociedade civil afirmam que podem afetar a privacidade e a liberdade de expressão dos
usuários da internet.
Portanto, visando compreender os efeitos das notícias falsas na política do século XXI, tem-se aqui como
estudo o entendimento do projeto de lei das fake news, bem como do direito fundamental liberdade de
expressão. Este trabalho de conclusão de curso está dividido em três capítulos. A primeira seção passa
por uma análise do conceito e efeitos da fake news, bem como o estudo da responsabilidade civil de quem
propaga. A segunda pretende discorrer sobre a liberdade de expressão. E a terceira trata-se de um
estudo de um caso que permeia nossa realidade, onde será analisado o projeto de lei das fake news e a
liberdade de expressão.

2 - FAKE NEWS: UM FENÔMENO DA ERA DIGITAL


Fake News são notícias falsas com um grande poder viral, publicadas em redes sociais como se fossem
informações reais, tendo o objetivo de propagar um ponto de vista ou prejudicar uma pessoa ou grupo
(geralmente figuras públicas) (CAMPOS, 2018).
O termo Fake News ganhou força mundialmente em 2016, com a corrida presidencial dos Estados Unidos

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, onde organizações empregavam jovens para produzir e espalhar informações falsas sobre candidatos e
empresas dos Estados Unidos. Porém apesar do recente uso do termo Fake News, ela sempre esteve
presente ao longo da história, o que mudou foi a nomenclatura, o meio utilizado para divulgação e o
potencial de persuasão que o material falso adquiriu nos últimos anos (DOURADO,2020, p.2). Segundo o
historiador Robert Darnton, em entrevista concedida ao jornal Folha de São Paulo, existem ao menos
desde o século VI (VICTOR, 2017).
Segundo a linha de pensamento de Chen, Conroy e Rubin (2015, p.19), a produção e veiculação de Fake
News constituem um verdadeiro mercado, no qual é alimentado por pessoas de grande influência,
geralmente políticos em campanha eleitoral, onde contratam equipes especializadas nesse tipo de
conteúdo viral e produtores desse conteúdo falso compram ilegalmente endereços de e-mail e números
de telefone celular de milhões de pessoas para ?disparar? essas notícias, e ainda existe a preferência por
contatos de líderes religiosos ou de movimentos políticos, já que eles repassam aos seus seguidores e
pedem que a informação seja compartilhada e para legitimar as Fake News, as páginas que produzem e
divulgam esse tipo de informação costumam misturar as publicações falsas com a reprodução de notícias
verdadeiras de fontes confiáveis e ainda utilizam montagens em vídeos e imagens, tendo em vista que os
usuários da internet são muito visuais, por isso, uma foto manipulada ou fora de contexto pode ser
facilmente divulgada como verdadeira.
Chiara Spadaccini de Teffé e Carlos Affonso Pereira de Souza (2019, p. 542) esclarecem sobre a
propagação de Fake News, que:

A divulgação de informações falsas ou distorcidas não é um problema novo, mas a disseminação em


massa desse conteúdo através da Internet e seu impacto na política vêm chamando atenção. Após 2016,
com as diversas notícias falsas divulgadas durante as eleições norte-americanas e as discussões sobre o
referendo que decidiu pela saída da Grã-Bretanha da União Europeia, verificou-se a emergência de se
entender o que seriam as chamadas fake news e como elas poderiam ser combatidas sem se prejudicar
as liberdades fundamentais e a diversidade de opiniões.
Segundo levantamento feito pela Folha de São Paulo, em 2018, as páginas de Fake News têm maior
participação dos usuários de redes sociais do que as de conteúdo jornalístico real. De 2017 a 2018, os
veículos de comunicação tradicionais apresentaram queda de 17% em seu engajamento, enquanto os
propagadores de fake news tiveram um aumento de 61%. (CAMPOS, 2018)
A propagação de informações falsas, fotos, vídeos manipulados e publicações duvidosas são atos
perigosos que causam efeitos negativos que podem ocasionar o linchamento de inocente, o aumento de
questões de saúde pública, como a propagação de movimentos de antivacinação, o aumento da
homofobia, xenofobia, violência e do preconceito racial.
No Brasil, um dos exemplos mais críticos sobre a seriedade da propagação de fake news foi o
episódio envolvendo a brasileira Fabiane de Jesus, onde em 2014 teve sua foto divulgada em redes
sociais, de forma equivocada, como sendo a de uma criminosa que raptava crianças, levando-a a um
linchamento coletivo na cidade de Guarujá e até hoje a família da vítima luta para que os danos sejam
minimamente reparados (UOL NOTÍCIAS, 2018).

2.1 - Fake News na política


A eleição presidencial de 2018 no Brasil ficou marcada com uma das disputas políticas mais conturbadas
desde o processo de redemocratização. Entre os componentes desse ineditismo esteve a disseminação
em rede de notícias falsas direcionadas ao eleitorado, atrapalhando de alguma forma o exercício do voto.

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De acordo com levantamento divulgado pelo Instituto IDEIA Big Data, mais de dois terços dos eleitores
afirmaram ter recebido fake news pelo WhatsApp durante a campanha presidencial de 2018 e segundo
levantamento divulgado pelo Instituto de Pesquisa Avaaz, 98,21% dos eleitores do então candidato Jair
Bolsonaro (PSL) tiveram contato com notícias falsas durante a disputa e 89,77% deles acreditaram que
tais notícias eram verdadeiras (PASQUINI, 2018).
Dessa maneira, inúmeras pessoas, firmaram o seu voto, baseadas em histórias, dados e alterações falsas
, distorcidas e sem qualquer comprovação, com a finalidade de tumultuar o processo eleitoral, podendo
trazer consequências para o futuro do país, uma vez que, pessoas desinformadas, tomam más decisões.
Deste modo, a legitima informação é excepcional no que se refere à tomada de decisões.
Apesar de serem prejudiciais, geralmente não é fácil descobrir uma notícia falsa. De acordo com Quirós,
em meio ao cenário atual do jornalismo estão as fakes news difundidas nas redes sociais, na qual
antigamente pudessem ser chamadas de rumores, sátiras e propagandas, tendo um forte impacto pela
grande divulgação e por encontrarem receptores aptos a aceitarem sem contestar a informação. Estas
notícias falsas ganham credibilidade e força dependendo daqueles que as propagam e sua influência na
rede (QUIROS, 2017, p.37).
As notícias falsas rapidamente se espalham, tendo em vista que costumam ser emocionalmente atraentes
ou reforçam algum ideal político que ajudam alimentar crenças e por isto são amplamente compartilhadas
e comentadas antes mesmo que os usuários chequem as devidas fontes da informação. Portanto, quem
acreditava que a notícia era verdadeira passou a cooperar com a disseminação da mesma. Para
disseminar as fakes news, o processo é corriqueiro e na maioria das situações, utiliza-se um grupo de
usuários que tenham o mesmo pensamento ideológico, para reforçar a corrente da opinião pré- existente.
De acordo com Martinez, o Estado tende a se preocupar cada vez mais com o controle e a veiculação de
notícias falsas, tendo em vista que o detentor da informação (especialmente dados sigilosos) poderá
manipular a opinião pública, inclusive em relação a assuntos políticos e estratégicos da maior
complexidade e relevância. Ampliando assim, portanto, a preocupação não só dos governantes, mas,
também, dos próprios governados, em relação à disseminação de informações falsas sobre fatos e
personalidades públicas relacionados ao universo político, social e econômico, de modo a influenciar
negativamente a opinião pública. Ressalta-se também que as informações falsas têm por objetivo
desvirtuar a verdade das informações repassadas e em grande maioria, sem que se saiba a origem do
financiamento de tais notícias. Há apontamentos de ocorrência de fake news na política nacional a partir
de 2010; bem como é de conhecimento público a possibilidade de manipulação das eleições de Donald
Trump, nos EUA. (MARTINEZ; NASCIMENTO JUNIOR, 2018).
Neste contexto, especialmente no Brasil, grupos de diferentes ideologias políticas começaram a espalhar
fake news para desacreditar os representantes políticos ou candidatos, um exemplo disso foi as eleições
do ano de 2018, no qual a pesquisadora Tatiana Dourado mostrou que em outubro no segundo turno de
2018, as fakes news refletiram a disputa eleitoral acirrada entre Fernando Haddad e Jair Bolsonaro e que
ela registrou a circulação de 346 fake news nesse período. Portanto, uma estratégia de manipulação da
informação foi formulada para dar ao eleitor um determinado status ideológico, ou seja, para influenciar o
campo político. (DOURADO, 2020, p. 131).
Dessa maneira, os eleitores de partidos ou candidatos precisam ter consciência antes de compartilhar as
informações, uma vez que, as notícias falsas afetam a capacidade das pessoas de fazerem um voto
consciente e embasado com informações verdadeiras.

2.2 - Responsabilidade Civil de quem propaga

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As Fakes News em decorrência da transformação do acesso aos meios de comunicação, ganham a cada
dia uma propagação maior, sendo sustentadas pela grande demanda de informações. Assim, de forma
maliciosa, as informações inverídicas e sensacionalistas são inseridas nas redes sociais, para que sejam
compartilhadas e difundidas entre todos os usuários.
Surgindo assim o debate sobre a responsabilidade civil de quem propaga, na qual faz parte do Direito
obrigacional, tendo previsão no Código Civil de 2002 em seu artigo 186, estando associada a
compreensão de que não se deve prejudicar o outro ou estimular a prática de condutas danosas que
afetam os interesses de outrem, assim, todo aquele que violar e causar dano a outro individuo comete ato
ilícito e fica obrigado a reparar, assim, caso o impacto e constrangimento do ofendido gerado pela notícia
falsa extrapole os limites, em seu meio social, resta comprovado o ato ilícito praticado, obrigando-se o
ofensor a corrigir os danos causados nos termos da lei.
Para Cristiano Chaves, Felipe Braga e Nelson Rosenvald, a definição de responsabilidade civil em seu
sentido clássico consiste na obrigação de reparar danos que infringimos por nossa culpa e em certos
casos determinados pela lei. (FARIAS; ROSENVALD; NETTO, 2020, p. 34).
Apesar da dificuldade de localizar o verdadeiro propagador da "Fake News", o ordenamento jurídico
ampara o usuário para obtenção das informações pessoais do ofensor através de rastreamento dos dados
do cadastro realizado nas redes sociais, tornando possível a sua identificação e responsabilização pelo
ato ilícito. Sendo assim, ao estabelecer uma conexão com a internet, cada computador, deixa na rede uma
espécie de impressão digital, chamada de IP (protocolo de internet) que seria um número de identidade
exclusivo que lhe permite ser identificado, de acordo com artigo escrito pela advogada Carolina Ferraz de
Moraes (MORAES, 2019).
Com isso, o Marco Civil da Internet (Lei 12.965/2014) estabelece em seus artigos 22 e 13 que cabe ao
administrador do sistema autônomo (provedores de internet) o dever de manterem os registros de conexão
dos seus usuários pelo prazo de 01 ano, devendo exibi-los, mediante indispensável ordem judicial, à
autoridade policial, administrativa, ao Ministério Público ou ao interessado.
Logo, o prejudicado, para identificar de onde partiram as ofensas, pode reivindicar, mediante Ação Judicial
, que a rede social informe o protocolo de internet do computador do qual fora publicado o conteúdo
ofensivo, bem como os registros e dados inerentes ao perfil que o publicou. Conforme caso descrito
abaixo, no qual a requerente propôs uma Ação Cautelar de Exibição de Documentos para obter o
fornecimento do protocolo de internet (IP) juntamente com informações e horários acerca dos logins e
logouts de uma conta falsa na rede social de propriedade da requerida, e demais informações que foram
utilizadas para criação do perfil do usuário e obteve decisão favorável pelo Desembargador Arnaldo Maciel
.

O Tribunal de Justiça de Minas Gerais, inclusive, possuindo entendimento firme no sentido de que ?o
fornecimento do Internet Protocolo (IP), juntamente com horários e informações acerca dos logins e
logouts da conta falsa na rede social de propriedade da requerida, e demais informações fornecidas para
criação do perfil do usuário, constituem medidas adequadas? (TJMG. Agravo de Instrumento nº 0460795-
79.2014.8.13.0000, Rel. Des. Arnaldo Maciel. Publ.: 10/10/2014).

[2: EMENTA: AGRAVO DE INSTRUMENTO - AÇÃO CAUTELAR DE EXIBIÇÃO DE DOCUMENTOS -


PEDIDO LIMINAR - REQUERIMENTO DE DOCUMENTOS FORA DO ALCANCE DA PARTE
REQUERIDA - IMPOSSIBILIDADE DE EXIBIÇÃO - DECISÃO REFORMADA. Não é possível imputar à
requerida apresentar informações que estejam fora de seu alcance e em desacordo com a razoabilidade.

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O fornecimento do Internet Protocol (IP), juntamente com horários e informações acerca dos logins e
logouts da conta falsa na rede social de propriedade da requerida, e demais informações fornecidas para
criação do perfil do usuário, constituem medidas adequadas, eis que não há como imputar à requerida o
fornecimento de elementos adicionais que não constam da sua base de dados.

]
Tais requerimentos, podem ser formulados mediante eventual Ação de Reparação de Danos, através do
requerimento de Exibição de Documentos previsto pelo artigo 396 do Código de Processo Civil ou podem
ser formulados através do ajuizamento de Ação Judicial específica contra o provedor e/ou rede social,
exclusivamente para esse fim.
Assim, a divulgação de Fake News não é apenas responsabilidade daquele que a criou, mas também
daquele que a propagou sem verificar a veracidade daquilo que divulga. Os principais Tribunais do país
têm entendido que o usuário da rede social, ao compartilhar ou republicar conteúdo de terceiros em seu
próprio perfil, acaba por responsabilizar-se pelas informações veiculadas.
Inclusive, em julgado do Tribunal de Justiça de São Paulo entendeu ?que há responsabilidade dos que
repassam as mensagens e dos que nelas opinam de forma ofensiva, devendo ser encarado o uso deste
meio de comunicação com mais seriedade e cautela e não com o caráter informal? (TJSP. Apelação Cível
nº 4000515-21.2013.8.26.0451, Rel. Des. Neves Amorim. Julg.: 26/11/2013). Nestes termos, o cidadão
possui o dever de checar a fonte e o conteúdo de tudo aquilo que transmite, sob pena de ser
responsabilizado.
Por fim, o intuito da responsabilidade civil é restabelecer o equilíbrio patrimonial ou moral que foi violado,
certificando aprazibilidade a sociedade, uma vez que, o dano não reparado motiva a inquietação social.
Por isso, atualmente, busca-se uma aplicação mais ampla ao dever de indenizar com o intuito de não
sobejar danos não reparados.

3 ? DO DIREITO FUNDAMENTAL À LIBERDADE DE EXPRESSÃO


Liberdade de Expressão é o direito que permite a manifestação livremente dos pensamentos sem medo de
represálias, de adquirir e exportar informações por diversos meios, de forma independente e sem censura
, ou seja, ela significa o direito de exteriorizar a opinião pessoal ou de um grupo, sempre com respeito e
respaldada pela veracidade de informações. Para Samantha Ribeiro liberdade é condição necessária ao
pleno desenvolvimento da natureza humana assim como à integridade e dignidade do indivíduo?. (MEYER
- PFLUG, 2009, p. 27).

Recebe o nome de liberdade de expressão a garantia assegurada a qualquer indivíduo de se manifestar,


buscar e receber ideias e informações de todos os tipos, com ou sem a intervenção de terceiros, por meio
de linguagens oral, escrita, artística ou qualquer outro meio de comunicação. O princípio da liberdade de
expressão deve ser protegido pela constituição de uma democracia, impedindo os ramos legislativo e
executivo o governo de impor a censura. (SANTIAGO, 2015).

Segundo Rafael Pereira da Silva, a liberdade de expressão começou a ser reconhecida como um
direito inalienável, somente no século XVIII, com o advento do Iluminismo, onde vários filósofos defendeu
a liberdade de expressão, estando entre eles John Stuart Mill, no qual acreditava que essa liberdade seria
a única forma de assegurar a vitalidade da verdade. Além disso, a Declaração dos Direitos do Homem e
do Cidadão de 1789, na França, e a primeira Emenda da Constituição dos Estados Unidos, em 1791,

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também foram marcos importante nessa conquista. (MENDES, 2022)


Com a redemocratização do país e a promulgação da Constituição Federal de 1988, houve um
importante avanço, no qual a Constituição passou a garantir a liberdade de manifestação do pensamento,
vedando a censura prévia e estabelecendo que a responsabilidade pelos abusos cometidos no exercício
da liberdade de expressão é posterior à manifestação. Além disso, a Declaração Universal dos Direitos
Humanos em seu artigo 19 contempla o direito à liberdade de expressão, considerando que a mesma seja
uma peça fundamental da democracia e garante que Todo o indivíduo tem direito à liberdade de opinião e
de expressão, sendo um direito que implica a liberdade de manter as suas próprias opiniões sem
interferência e de procurar, receber e difundir informações e ideias por qualquer meio de expressão
independentemente das fronteiras. (ONU, 1948).
Após a Segunda Guerra Mundial, notadamente com a Declaração Universal dos Direitos Humanos, de
1948, passou-se a reconhecer aqueles direitos como um patamar mínimo a ser observado por todos os
Estados na organização do poder e nas suas relações com seus cidadãos. (BARROSO, 2022, P.241).

Essa Declaração foi adotada pela Organização das Nações Unidas após a Segunda Guerra Mundial, com
o objetivo de estabelecer parâmetros mínimos de direitos a serem observados pelos Estados democráticos
signatários.

1.1 ? Liberdade de Expressão no plano Constitucional

Para Gustavo Gonet Branco (2020), entre os diferentes direitos expressos na Constituição, a liberdade de
expressão constitui direito especialmente fundamental, uma vez que sua garantia é essencial para a
dignidade do indivíduo e para a estrutura democrática da nossa sociedade.
Primeiramente, no âmbito da dignidade humana, a necessidade de ser assegurada a liberdade de
expressão está relacionada a dignidade da pessoa humana, tendo em vista que não há vida digna sem
que o sujeito possa expressar seus desejos e convicções. Viver dignamente pressupõe a liberdade de
escolhas existenciais que são vividas e expressadas.
No que diz respeito à democracia, a liberdade de expressão é direito fundamental diretamente
relacionado à garantia de voz aos cidadãos na manifestação de suas várias correntes políticas e
ideológicas, tal liberdade é imprescindível para aqueles que desejem manifestar-se na esfera pública, sem
que sejam reprimidos por isso. Contudo, a liberdade de expressão também cria um dilema quando se trata
de lidar com discursos de ódio, intolerância e propagação de ideologias que visam destruir a própria
sociedade democrática.

É o que Montesquieu denomina de "liberdade dentro da lei?, ou seja: É preciso ter presente o que é
independência e o que é liberdade. A liberdade e o direito de fazer tudo o que as leis permitem. Se um
cidadão pudesse fazer o que elas proíbem, ela já não teria liberdade. pois os outros teriam igualmente
esse poder. (MEYER-PFLUG, 2009, p. 30).

De acordo com a teoria dos direitos fundamentais de Robert Alexy (2001), o direito de liberdade de
expressão ? assim como os demais direitos fundamentais ? deve ser entendido como princípio
constitucional, norteador da hermenêutica jurídica. Segundo Alexy (2001, p. 112), os direitos fundamentais
têm o caráter de princípios e, nessa condição, eventualmente colidem uns com os outros, sendo
necessária uma solução ponderada em favor de um deles.

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Assim os direitos fundamentais podem ser entendidos como valores morais compartilhados por uma
comunidade em dado momento e lugar, que migram do plano ético para o jurídico quando se materializam
em princípios abrangidos pela Constituição (BARROSO, 2008, p. 352).
?quando os juristas raciocinam ou debatem a respeito de direitos e obrigações jurídicos, particularmente
naqueles casos difíceis nos quais nossos problemas com esses conceitos parecem mais agudos, eles
recorrem a padrões que não funcionam como regras, mas operam diferentemente, como princípios,
políticas e outros tipos de padrões.? (Ronald Dworkin, 2007, p.36).

A liberdade de expressão está assegurada na Constituição Federal de 1988, em seu artigo 5º, IV,
IX e 220º. Ela é apresentada como um direito fundamental que garante a todos os cidadãos o livre
exercício da manifestação do pensamento em sociedades democráticas, que permite a expressão de
opiniões, idéias e crenças sem censura ou repressão, ela também abrange o direito de buscar, receber e
compartilhar informações e ideias por meio da escrita, da fala, da imprensa, da arte ou de qualquer outra
fonte de comunicação.
O artigo 5º IV e IX estabelece que seja livre a expressão do pensamento por meio da atividade intelectual
, artística, científica e de comunicação, independentemente de censura ou licença, sendo vedado o
anonimato do autor. Porém, embora a liberdade de expressão seja garantida, esse direito não é absoluto.
O mesmo artigo em seu inciso X determina que a liberdade de expressão seja limitada quando ocorre a
violação da intimidade, da honra, da vida privada e da imagem de outras pessoas. Por isso, em casos de
violação ao direito de outrem é assegurado o direito à indenização pelo dano moral ou material decorrente
do abuso de liberdade de expressão.
E posteriormente, o artigo 220º da Constituição Federal de 1988, que trata dos meios de comunicação
social, ainda estabelece que seja vedada qualquer censura de cunho político, ideológico e artístico aos
meios de comunicação social, e a publicação de veículo impresso de comunicação não depende de
licença de autoridade. No entanto, é importante ressaltar que, apesar de a Constituição Brasileira
assegurar a liberdade de expressão, a interpretação e a aplicação dos seus artigos podem variar ao longo
do tempo, em resposta às mudanças na sociedade. Diante do impacto das tecnologias de informação, a
legislação brasileira está em constante transformação para enfrentar os novos desafios apresentados,
sobretudo pela disseminação nas redes sociais do discurso de ódio, do assédio on-line, da desinformação
e de notícias falsas.
A liberdade de expressão é um direito fundamental que engloba outros direitos conexos, como a liberdade
da manifestação do pensamento (Art. 5°, IV, CRFB/88); o direito de resposta (Art. 5°, V, CRFB/88); de
consciência e de crença (Art. 5°, VI, CRFB/88); a liberdade de expressão da atividade intelectual, artística,
científica e de comunicação (Art. 5°, IX, CRFB/88), porém a mesma não é absoluta - até porque nenhum
direito fundamental é. Por isso, o indivíduo deve observar o seu limite ao praticá-la. (BRASIL, 1988).
Nesse sentido, existem várias possibilidades de desempenhá-la, porém, somente será considerado lícito
o seu exercício quando houver respeito aos direitos fundamentais dos demais indivíduos, no caso de um
indivíduo que posta em uma rede social um comentário ofendendo alguém, um grupo de pessoas ou
espalhando fake news ele não está amparado pelo direito à liberdade de expressão, pelo fato de estar
prejudicando outros direitos fundamentais de outrem.
Segundo Maia (2015, p.184), não se pode admitir nenhum direito ou valor juridicamente protegido de
modo absoluto, sem limite ou mesmo sem nenhum tipo de exceção, mesmo sendo muito importante, à
liberdade de expressão poderá ceder perante outros direitos. A própria Convenção Americana sobre
Direitos Humanos, na complementação do seu artigo 13.1, ressalta que o exercício do direito previsto no

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inciso precedente não pode estar sujeito à censura prévia, mas a responsabilidades ulteriores, que devem
ser expressamente fixadas pela lei a ser necessária para assegurar o respeito aos direitos ou à reputação
das demais pessoas ou a proteção da segurança nacional, da ordem pública, ou da saúde ou da moral
pública.
No ordenamento jurídico brasileiro, existem diversos princípios e normas garantidos na Constituição
Federal, os aplicando diversas formas de proteção. Porém destes princípios e normas surgem colisões
quando se trata da aplicação destes, pois estes podem ter diretrizes em direções opostas. Segundo
Barroso (2004, p.4):
Princípios e direitos previstos na Constituição entram muitas vezes em linha de colisão, por abrigarem
valores contrapostos e igualmente relevantes. Como por exemplo: livre iniciativa e proteção do consumidor
, direito de propriedade e função social da propriedade, segurança pública e liberdades individuais, direitos
da personalidade e liberdade de expressão. O que caracteriza esse tipo de situação jurídica é a ausência
de uma solução em tese para o conflito. Fornecida abstratamente pelas normas aplicáveis.
Quando houver a solução da colisão, devido aos sentidos opostos de interesses desses direitos, um deles
poderá sofrer limitação, devido a prevalência do outro. De acordo com Marmelstein (2013, p.361),
qualquer solução a ser adotada em um conflito assim resultará na restrição de um dos dois valores.
Nos tempos atuais, o uso das redes sociais é muito importante porque tudo está embutido na internet onde
as pessoas buscam e encontram informações sobre todos os temas. Assim, uma rede social pode ser
imaginada como um conjunto de relações interpessoais em que as pessoas compartilham interesses
pessoais e coletivos e põe em prática o seu direito à liberdade de expressão. De forma geral, pode-se
dizer que o homem é um ser que se expressa muito e que tem a necessidade de participar das decisões
da sociedade. Porém para alcançar a democracia é necessário por limites nesse direito de expressão e foi
nessa tentativa que surgiu o PL 2630/2020 que será analisado na próxima seção.

4 ? PROJETO DE LEI DE COMBATE AS FAKE NEWS (PL 2630/2020)


A divulgação de Fake News se tornou uma prática muito comum e perigosa, uma vez que gera incertezas
e desconfianças ao público ouvinte, dificultando assim a busca pela verdade, constituindo-se uma ameaça
à democracia, na medida em que, o acesso à informação é um direito de todos os cidadãos, sendo
necessário combatê-las.
De acordo com Leticia Albuquerque, atualmente, existem algumas agências que são especializadas em
averiguar boatos e a veracidade das notícias consideradas suspeitas, elas são chamadas de fact-checking
. E alguns portais também abriram setores para fazerem a apuração dessas informações. Entretanto, as
averiguações feitas por essas agências não são suficientes para acabar com a proliferação das Fake
News, considerando que a checagem só acontece depois que a informação é publicada e, nesse meio
tempo, diversas pessoas são prejudicadas. (ALBUQUERQUE, 2020).
[3: Algumas agências especializadas em averiguar boatos e a veracidade de notícias consideradas
suspeitas: 1.Aos fatos: Ela acredita no jornalismo independente e conta com o financiamento de
apoiadores, como em um crowdfunding. A escolha dos conteúdos a serem checados divide-se entre uma
informação vinda de uma autoridade pública ou com alto engajamento nas redes sociais. Depois de
encontrarem a origem da informação, os jornalistas da equipe consultam fontes que podem estar
envolvidas.2.Fato ou Fake: Trata-se de um serviço de checagem oferecido pelo grupo Globo, que apura
notícias que estão sendo muito compartilhadas nas redes sociais. 3.FactCheck: Fundado em 2003, é
focado em entregar notícias verdadeiras sobre a política norte-americana.Disponível em: https://www.cnj
.jus.br/programas-e-acoes/painel-de-checagem-de-fake-news/onde-checar/]

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A partir da necessidade de uma norma que regulamentasse a proliferação de notícias falsas, foi que o
Senador Alessandro Vieira, apresentou o projeto de Lei 2630/20 que institui a Lei Brasileira de Liberdade,
Responsabilidade e Transparência na Internet, criando diversas medidas para combater as proliferações
das Fake News nas redes sociais.
A Lei pretende aplicar um programa de boas práticas com base em ?medidas adequadas e proporcionais
no combate ao comportamento inautêntico e na transparência sobre conteúdos pagos?. Sendo assim, o
texto estabelece alguns princípios, estando entre eles a liberdade de expressão e de imprensa, a garantia
dos direitos de personalidade, da dignidade, da honra e da privacidade do indivíduo, o respeito ao usuário
em sua livre formação de preferências políticas e de uma visão de mundo pessoal, a responsabilidade
compartilhada pela preservação de uma esfera pública livre, plural, diversa e democrática, a garantia da
confiabilidade e da integridade dos sistemas informacionais, a promoção do acesso ao conhecimento na
condução dos assuntos de interesse público, acesso amplo e universal aos meios de comunicação e à
informação, a proteção dos consumidores, e a transparência nas regras para veiculação de anúncios e
conteúdos pagos, estando garantidos no artigo 3° do respectivo Projeto de Lei.
No entanto, existem alguns pontos contraditórios neste projeto, no qual organizações e movimentos da
sociedade civil afirmam que podem afetar a privacidade e a liberdade de expressão dos usuários da
internet.
Estando os principais nos artigos 10º e 12º da PL 2630. No qual o 10º autoriza que sejam guardados
obrigatoriamente pela administração das plataformas os dados dos usuários que participem das cadeias
de compartilhamento de conteúdo, onde esses usuários podem ser jornalistas, pesquisadores,
parlamentares ou qualquer cidadão que, eventualmente, repasse postagens muito compartilhadas nas
redes, sendo todas as mensagens que tiverem um compartilhamento significativo nos aplicativos sujeitas a
serem consideradas suspeitas e rastreadas, sem que se tenha um indício de ilegalidade. O projeto sugere
que seja possível identificar: quem originou o conteúdo que se tornou viral e por onde o conteúdo
identificado circulou.
Posto isso, a Coalizão Direitos em Rede apontou que é uma grave violação ao princípio da presunção de
inocência e que pode impactar no exercício da liberdade de expressão e comunicação nos aplicativos.
Tendo em vista que segundo a redação do dispositivo, apenas as mensagens que fossem encaminhadas
por mais de 5 (cinco) usuários e que, dentro de um intervalo de 15 (quinze) dias, alcançarem um total de
1.000 (mil) usuários devem ter seus registros mantidos pelas empresas por um prazo de até 3 (três)
meses. O acesso aos registros ocorreria somente com ?o objetivo de responsabilização pelo
encaminhamento em massa de conteúdo ilícito?, mediante ordem judicial, visando constituir prova em
investigação criminal ou instrução processual penal (GONDIM, 2020).
No entanto, há uma dificuldade de definir objetivamente a distinção entre o que é apenas uma informação
equivocada e o que é uma informação propagada com má-fé, sendo impossível ter uma resolução de
modo preciso e isso pode acabar ferindo princípios constitucionais, estando entre eles o Direito a liberdade
de expressão.
E o artigo 12º determina, no parágrafo 6º, que as pessoas que se sentirem ?ofendidas?, por algum
conteúdo postado por um perfil ou página nas redes sociais, devem pedir para as plataformas o direito de
resposta. Essa figura do ofendido aparece no PL 2630 apenas neste trecho, portanto, não fica clara a sua
definição. Além disso, o direito de resposta, que é constitucional, deve ser baseado em decisão judicial. Se
essa for uma ação terceirizada às plataformas, pode ser mais um poder dado a elas.
Sendo assim, as propostas contidas no projeto, mexem com questões subjetivas que podem ser
manobradas de forma equivocada e promover a censura, tendo em vista que o direito à liberdade de

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expressão garante que não deve ser feita uma censura prévia, mas sim responsabilidades ulteriores, o
fato do respectivo projeto de lei querer que mensagens encaminhadas tenham seus registros mantidos
pela empresa por três meses é considerada uma censura prévia, tendo em vista que o fato de apenas
compartilhar uma mensagem não configura um ato ilícito.

5 - CONSIDERAÇÕES FINAIS
De acordo com o exposto, é fato que o direito à liberdade de expressão acompanha a evolução dos meios
de comunicação. Desse modo, os meios digitais corroboram para que opiniões das mais diferentes
vertentes sejam expostas e divulgadas em grande velocidade para um elevado número de pessoas,
ocasionando a concretização da liberdade de expressão na atualidade.
Contudo, deve-se atentar para o fato de que liberdade de expressão não é absoluta e possui seus limites,
esbarrando nos limites da responsabilidade civil, o que atinge a temática da divulgação de notícias falsas,
as chamadas fakes news. Sendo assim, quando as fakes news são propagadas, deve haver a
responsabilização civil pelo dano causado com tal atitude, pois o direito fundamental à liberdade de
expressão não dirime tal ato.
Como fora evidenciado, o poder legislativo brasileiro buscou com afinco tratar da problemática das fake
news, surgindo assim o Projeto de Lei n° 2630/2020, que institui a Lei Brasileira de Liberdade,
Responsabilidade e Transparência na Internet. Entretanto, Como a liberdade de expressão é um dos
pilares da democracia, tentar regular as redes sociais para combater a desinformação advinda de fake
news, como pretende o respectivo Projeto de Lei, sempre envolve riscos, uma vez que ele tenta conter a
disseminação de conteúdo criminoso e envolve a tensão entre a liberdade de expressão assegurada pela
Constituição e a dificuldade de definir objetivamente a distinção entre o que é apenas uma informação
equivocada e o que é uma informação falsa e de má fé. Sendo impossível de ser resolvido de modo
preciso, pois sempre haverá uma dúvida entre essas condutas.
Portanto, é preciso que sejam feitos estudos mais aprofundados em relação ao citado Projeto, para que
assim não haja violação ao direito fundamental a liberdade de expressão, tendo em vista que foi um direito
alcançado através de diversas lutas e revoluções contra governos autoritários e não deve ser fragilizado
ou ignorado por qualquer autoridade ou meios de comunicação e que por fim, com mais estudo se consiga
lidar com a nova realidade causada pela divulgação das Fake News.

5- REFERÊNCIAS
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de Lei no 2.630/2020 / Civil liability as a result of fake news and Bill no. 2630/2020. Brazilian Journal of
Development, v. 8, n. 6, p. 43353?43366, 2 jun. 2022. Acesso em: 05 out. 2023
A LEI E AS REDES SOCIAIS: TIRE SUAS DÚVIDAS SOBRE O ALCANCE DO DIREITO NO MUNDO
VIRTUAL ? Valladão. Disponível em: <https://www.valladao.com.br/blog/lei-e-as-redes-sociais-tire-suas-
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ANTÔNIO, M. et al. [s.l: s.n.]. Disponível em: <https://revista.internetlab.org.br/wp-content/uploads


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Artigo | As fakes news e a disputa política por desinformação. Disponível em: <https://www.brasildefato
.com.br/2020/07/20/artigo-as-fake-news-e-a-disputa-politica-por-desinformacao>. Acesso em: 04 out.
2023.

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BITTENCOURT, V.; ALVES, N. FAKE NEWS E OS DESAFIOS DA LIBERDADE DE EXPRESSÃO. [s.l: s


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XAVIER, F. C. O que é o Projeto de Lei das Fake News e como isso pode impactar sua vida? Disponível
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impactar-sua-vida/>. Acesso em: 05 nov. 2023.

203 - Fake news e eleições.pdf. Disponível em: <https://drive.google.com/file/d


/1INMnPMX9UhKABsehYMHSYdXSJkUmrGNt/view>. Acesso em: 11 nov. 2023.

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UNIVERSIDADE TIRADENTES ? UNITCURSO DE GRADUAÇÃO EM DIREITOTRABALHO DE


CONCLUSÃO DE CURSO ? ARTIGO CIENTÍFICO

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PROJETO DE LEI DAS FAKE NEWS X LIBERDADE DE EXPRESSÃO: UMA ANÁLISE DO PROJETO DE
LEI 2630/2020

Nadyele Neves Cerqueira


Orientadora: Fernanda Oliveira Santos

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ARACAJU ? SERGIPE
2023

NADYELE NEVES CERQUEIRA

PROJETO DE LEI DAS FAKE NEWS X LIBERDADE DE EXPRESSÃO: UMA ANÁLISE DO PROJETO DE
LEI 2630/2020

Trabalho de Conclusão de Curso ? Artigo ? apresentado ao Curso de Direito da Universidade Tiradentes ?


UNIT, como requisito parcial para obtenção do grau de bacharel em Direito.

APROVADO EM ____/____/____

BANCA EXAMINADORA

__________________________________________________________________
Professor Orientador: Fernanda Oliveira Santos
Universidade Tiradentes

__________________________________________________________________
Professor Examinador
Universidade Tiradentes

__________________________________________________________________
Professor Examinador
Universidade Tiradentes

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PROJETO DE LEI DAS FAKE NEWS X LIBERDADE DE EXPRESSÃO: UMA ANÁLISE DO PROJETO DE
LEI 2630/2020
FAKE NEWS BILL X FREEDOM OF EXPRESSION: AN ANALYSIS OF BILL 2630/2020

Nadyele Neves Cerqueira¹


RESUMO
O presente artigo tem por objetivo a análise do projeto de lei das fakes news sob o prisma do direito dos
danos, com enfoque relacionado a divulgação da Fake News na política, verificando-se a existência, ou
não, de danos diversos advindos da conduta de disseminar notícias falsas, bem como a responsabilidade
civil de quem propaga. Neste estudo, buscou-se evidenciar as implicações das Fake News, principalmente
, no que se refere aos direitos fundamentais, com foco especial para o direito fundamental à liberdade de
expressão. Quanto aos aspectos metodológicos, utilizou-se o método sociológico de interpretação e a
metodologia de pesquisa do tipo pesquisa bibliográfica.

PALAVRAS-CHAVE: Notícias falsas; responsabilidade civil; política; liberdade de expressão.

ABSTRACT
The purpose of this article is to analyze the fakes news bill under the prism of damages law, with a focus on
the dissemination of Fake News in politics, verifying the existence, or not, of various damages arising from
the conduct of disseminating false news, as well as the civil liability of those who spread it. This study
sought to highlight the implications of Fake News, especially with regard to fundamental rights, with a
special focus on the fundamental right to freedom of expression. As for the methodological aspects, we
used the sociological method of interpretation and the research methodology of bibliographical research.
KEY WORDS: Fake news; civil liability; policy; freedom of expression;

¹ Graduando(a) em Direito pela Universidade Tiradentes - UNIT. E-mail (institucional preferencialmente):


nadyele.neves@souunit.com.br
1-INTRODUÇÃO
O presente artigo tem como objetivo a análise acerca das fakes news, que são consideradas um
fenômeno da era das novas tecnologias de informação e comunicação (NTIC), consistindo na propagação
de notícias falsas de forma rápida e que possuem o intuito de prejudicar um grupo ou uma pessoa em
específico, provocando assim inúmeras controvérsias e reflexões sobre o respectivo tema. (ALVES;
MACIEL, 2020)
Por meio de uma pesquisa bibliográfica, foi possível identificar os efeitos atribuídos às fake news, bem
com avaliar suas consequências na política, a responsabilidade civil de quem propaga, expondo a
necessidade de garantir que as medidas adotadas contra essas notícias falsas não afetem a liberdade de
expressão e o direito à informação.
Desta forma, trouxe inicialmente uma análise sobre o tema e seu impacto na sociedade e, em seguida,
uma pesquisa acerca do Projeto de lei das fakes news (PL 2630/2020), bem como um estudo detalhado

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acerca da violação do direito fundamental da liberdade de expressão vinculados a essa prática de


propagação de notícias falsas, respondendo assim a seguinte questão: o Projeto de lei das fake news viola
o direito à liberdade de expressão?
Desde que a internet surgiu, abriu as portas para novos desenvolvimentos tecnológicos, transformando
assim o modo como vivemos e nos relacionamos, de forma que contribuiu para a relação entre os
indivíduos da sociedade. Inicialmente, o seu principal objetivo era a troca de informações (SOUZA, 2020).
No entanto, acabou se tornando um espaço que facilitou a divulgação de notícias falsas, justamente por
ser um ambiente mais livre de comunicação, sem tanta regulamentação.
Com aproximadamente 7,6 bilhões de pessoas no mundo, em torno de 4 bilhões têm acesso à internet e
2,9 bilhões são usuárias de redes sociais. Uma pesquisa feita pela Poynter Institute, em 2022, revela que
quatro em cada dez brasileiros afirmam receber fake news diariamente e apontou ainda que mais da
metade dos entrevistados, provenientes de diferentes países, acreditam receber informações enganosas
online toda semana. Além disso, o Brasil é o país em que mais pessoas acreditam em fake news, segundo
informações extraídas no portal do Tribunal de Justiça do Estado do Paraná sobre o perigo da fake news,
um estudo divulgado pelo Instituto Mundial de Pesquisa (IPSO, 2018), mostrou que no Brasil 62% dos
entrevistados admitiram já ter acreditado em notícias falsas, mesmo sem verificar a veracidade da
informação ou mesmo a sua origem, sendo este um número acima da média mundial, que é de 48%.
As fake news se destacam principalmente na área política, onde tem-se percebido que parte da sociedade
vem tendo dificuldade para saber o que é verdade ou é uma notícia falsa, principalmente em ano eleitoral
, onde governos autoritários se utilizam desse artifício para obter aprovação popular, por meio de um
discurso e aparência mentirosa de um governo democrático, causando um dano nocivo ao direito da
liberdade, da informação e aos direitos humanos, uma vez que o acesso à informação correta é um direito
dos cidadãos e é fundamental para fazer as escolhas políticas. Ademais, o anonimato proporcionado no
ambiente da internet intensifica a violência e o discurso de ódio através das fake news. (MACHADO, 2021)
Além disso, a indústria das fake news também impacta na inserção das mulheres na política. De acordo
com a Plan International, 87% das meninas e jovens mulheres sofrem efeitos negativos de fake news. O
Instituto Política de Saia, em parceria com o Projeto Justiceiras, em sua pesquisa com mais de 1.190
mulheres, verificou que mais de 51% das entrevistadas passaram por situações de violência ou
discriminação, na qualidade de eleitoras ou no exercício do seu mandato.
É nesse cenário caótico que surge o Projeto de Lei 2630/2020, apelidado como ?PL das fake news?,
inspirado na legislação alemã e apresentado pelo senador Alessandro Vieira com a justificativa de
combater as fakes news. Porém, existem alguns pontos contraditórios neste projeto, no qual organizações
e movimentos da sociedade civil afirmam que podem afetar a privacidade e a liberdade de expressão dos
usuários da internet.
Portanto, visando compreender os efeitos das notícias falsas na política do século XXI, tem-se aqui como
estudo o entendimento do projeto de lei das fake news, bem como do direito fundamental liberdade de
expressão. Este trabalho de conclusão de curso está dividido em três capítulos. A primeira seção passa
por uma análise do conceito e efeitos da fake news, bem como o estudo da responsabilidade civil de quem
propaga. A segunda pretende discorrer sobre a liberdade de expressão. E a terceira trata-se de um
estudo de um caso que permeia nossa realidade, onde será analisado o projeto de lei das fake news e a
liberdade de expressão.

2 - FAKE NEWS: UM FENÔMENO DA ERA DIGITAL


Fake News são notícias falsas com um grande poder viral, publicadas em redes sociais como se fossem

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informações reais, tendo o objetivo de propagar um ponto de vista ou prejudicar uma pessoa ou grupo
(geralmente figuras públicas) (CAMPOS, 2018).
O termo Fake News ganhou força mundialmente em 2016, com a corrida presidencial dos Estados Unidos
, onde organizações empregavam jovens para produzir e espalhar informações falsas sobre candidatos e
empresas dos Estados Unidos. Porém apesar do recente uso do termo Fake News, ela sempre esteve
presente ao longo da história, o que mudou foi a nomenclatura, o meio utilizado para divulgação e o
potencial de persuasão que o material falso adquiriu nos últimos anos (DOURADO,2020, p.2). Segundo o
historiador Robert Darnton, em entrevista concedida ao jornal Folha de São Paulo, existem ao menos
desde o século VI (VICTOR, 2017).
Segundo a linha de pensamento de Chen, Conroy e Rubin (2015, p.19), a produção e veiculação de Fake
News constituem um verdadeiro mercado, no qual é alimentado por pessoas de grande influência,
geralmente políticos em campanha eleitoral, onde contratam equipes especializadas nesse tipo de
conteúdo viral e produtores desse conteúdo falso compram ilegalmente endereços de e-mail e números
de telefone celular de milhões de pessoas para ?disparar? essas notícias, e ainda existe a preferência por
contatos de líderes religiosos ou de movimentos políticos, já que eles repassam aos seus seguidores e
pedem que a informação seja compartilhada e para legitimar as Fake News, as páginas que produzem e
divulgam esse tipo de informação costumam misturar as publicações falsas com a reprodução de notícias
verdadeiras de fontes confiáveis e ainda utilizam montagens em vídeos e imagens, tendo em vista que os
usuários da internet são muito visuais, por isso, uma foto manipulada ou fora de contexto pode ser
facilmente divulgada como verdadeira.
Chiara Spadaccini de Teffé e Carlos Affonso Pereira de Souza (2019, p. 542) esclarecem sobre a
propagação de Fake News, que:

A divulgação de informações falsas ou distorcidas não é um problema novo, mas a disseminação em


massa desse conteúdo através da Internet e seu impacto na política vêm chamando atenção. Após 2016,
com as diversas notícias falsas divulgadas durante as eleições norte-americanas e as discussões sobre o
referendo que decidiu pela saída da Grã-Bretanha da União Europeia, verificou-se a emergência de se
entender o que seriam as chamadas fake news e como elas poderiam ser combatidas sem se prejudicar
as liberdades fundamentais e a diversidade de opiniões.
Segundo levantamento feito pela Folha de São Paulo, em 2018, as páginas de Fake News têm maior
participação dos usuários de redes sociais do que as de conteúdo jornalístico real. De 2017 a 2018, os
veículos de comunicação tradicionais apresentaram queda de 17% em seu engajamento, enquanto os
propagadores de fake news tiveram um aumento de 61%. (CAMPOS, 2018)
A propagação de informações falsas, fotos, vídeos manipulados e publicações duvidosas são atos
perigosos que causam efeitos negativos que podem ocasionar o linchamento de inocente, o aumento de
questões de saúde pública, como a propagação de movimentos de antivacinação, o aumento da
homofobia, xenofobia, violência e do preconceito racial.
No Brasil, um dos exemplos mais críticos sobre a seriedade da propagação de fake news foi o
episódio envolvendo a brasileira Fabiane de Jesus, onde em 2014 teve sua foto divulgada em redes
sociais, de forma equivocada, como sendo a de uma criminosa que raptava crianças, levando-a a um
linchamento coletivo na cidade de Guarujá e até hoje a família da vítima luta para que os danos sejam
minimamente reparados (UOL NOTÍCIAS, 2018).

2.1 - Fake News na política

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A eleição presidencial de 2018 no Brasil ficou marcada com uma das disputas políticas mais conturbadas
desde o processo de redemocratização. Entre os componentes desse ineditismo esteve a disseminação
em rede de notícias falsas direcionadas ao eleitorado, atrapalhando de alguma forma o exercício do voto.
De acordo com levantamento divulgado pelo Instituto IDEIA Big Data, mais de dois terços dos eleitores
afirmaram ter recebido fake news pelo WhatsApp durante a campanha presidencial de 2018 e segundo
levantamento divulgado pelo Instituto de Pesquisa Avaaz, 98,21% dos eleitores do então candidato Jair
Bolsonaro (PSL) tiveram contato com notícias falsas durante a disputa e 89,77% deles acreditaram que
tais notícias eram verdadeiras (PASQUINI, 2018).
Dessa maneira, inúmeras pessoas, firmaram o seu voto, baseadas em histórias, dados e alterações falsas
, distorcidas e sem qualquer comprovação, com a finalidade de tumultuar o processo eleitoral, podendo
trazer consequências para o futuro do país, uma vez que, pessoas desinformadas, tomam más decisões.
Deste modo, a legitima informação é excepcional no que se refere à tomada de decisões.
Apesar de serem prejudiciais, geralmente não é fácil descobrir uma notícia falsa. De acordo com Quirós,
em meio ao cenário atual do jornalismo estão as fakes news difundidas nas redes sociais, na qual
antigamente pudessem ser chamadas de rumores, sátiras e propagandas, tendo um forte impacto pela
grande divulgação e por encontrarem receptores aptos a aceitarem sem contestar a informação. Estas
notícias falsas ganham credibilidade e força dependendo daqueles que as propagam e sua influência na
rede (QUIROS, 2017, p.37).
As notícias falsas rapidamente se espalham, tendo em vista que costumam ser emocionalmente atraentes
ou reforçam algum ideal político que ajudam alimentar crenças e por isto são amplamente compartilhadas
e comentadas antes mesmo que os usuários chequem as devidas fontes da informação. Portanto, quem
acreditava que a notícia era verdadeira passou a cooperar com a disseminação da mesma. Para
disseminar as fakes news, o processo é corriqueiro e na maioria das situações, utiliza-se um grupo de
usuários que tenham o mesmo pensamento ideológico, para reforçar a corrente da opinião pré- existente.
De acordo com Martinez, o Estado tende a se preocupar cada vez mais com o controle e a veiculação de
notícias falsas, tendo em vista que o detentor da informação (especialmente dados sigilosos) poderá
manipular a opinião pública, inclusive em relação a assuntos políticos e estratégicos da maior
complexidade e relevância. Ampliando assim, portanto, a preocupação não só dos governantes, mas,
também, dos próprios governados, em relação à disseminação de informações falsas sobre fatos e
personalidades públicas relacionados ao universo político, social e econômico, de modo a influenciar
negativamente a opinião pública. Ressalta-se também que as informações falsas têm por objetivo
desvirtuar a verdade das informações repassadas e em grande maioria, sem que se saiba a origem do
financiamento de tais notícias. Há apontamentos de ocorrência de fake news na política nacional a partir
de 2010; bem como é de conhecimento público a possibilidade de manipulação das eleições de Donald
Trump, nos EUA. (MARTINEZ; NASCIMENTO JUNIOR, 2018).
Neste contexto, especialmente no Brasil, grupos de diferentes ideologias políticas começaram a espalhar
fake news para desacreditar os representantes políticos ou candidatos, um exemplo disso foi as eleições
do ano de 2018, no qual a pesquisadora Tatiana Dourado mostrou que em outubro no segundo turno de
2018, as fakes news refletiram a disputa eleitoral acirrada entre Fernando Haddad e Jair Bolsonaro e que
ela registrou a circulação de 346 fake news nesse período. Portanto, uma estratégia de manipulação da
informação foi formulada para dar ao eleitor um determinado status ideológico, ou seja, para influenciar o
campo político. (DOURADO, 2020, p. 131).
Dessa maneira, os eleitores de partidos ou candidatos precisam ter consciência antes de compartilhar as
informações, uma vez que, as notícias falsas afetam a capacidade das pessoas de fazerem um voto

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consciente e embasado com informações verdadeiras.

2.2 - Responsabilidade Civil de quem propaga


As Fakes News em decorrência da transformação do acesso aos meios de comunicação, ganham a cada
dia uma propagação maior, sendo sustentadas pela grande demanda de informações. Assim, de forma
maliciosa, as informações inverídicas e sensacionalistas são inseridas nas redes sociais, para que sejam
compartilhadas e difundidas entre todos os usuários.
Surgindo assim o debate sobre a responsabilidade civil de quem propaga, na qual faz parte do Direito
obrigacional, tendo previsão no Código Civil de 2002 em seu artigo 186, estando associada a
compreensão de que não se deve prejudicar o outro ou estimular a prática de condutas danosas que
afetam os interesses de outrem, assim, todo aquele que violar e causar dano a outro individuo comete ato
ilícito e fica obrigado a reparar, assim, caso o impacto e constrangimento do ofendido gerado pela notícia
falsa extrapole os limites, em seu meio social, resta comprovado o ato ilícito praticado, obrigando-se o
ofensor a corrigir os danos causados nos termos da lei.
Para Cristiano Chaves, Felipe Braga e Nelson Rosenvald, a definição de responsabilidade civil em seu
sentido clássico consiste na obrigação de reparar danos que infringimos por nossa culpa e em certos
casos determinados pela lei. (FARIAS; ROSENVALD; NETTO, 2020, p. 34).
Apesar da dificuldade de localizar o verdadeiro propagador da "Fake News", o ordenamento jurídico
ampara o usuário para obtenção das informações pessoais do ofensor através de rastreamento dos dados
do cadastro realizado nas redes sociais, tornando possível a sua identificação e responsabilização pelo
ato ilícito. Sendo assim, ao estabelecer uma conexão com a internet, cada computador, deixa na rede uma
espécie de impressão digital, chamada de IP (protocolo de internet) que seria um número de identidade
exclusivo que lhe permite ser identificado, de acordo com artigo escrito pela advogada Carolina Ferraz de
Moraes (MORAES, 2019).
Com isso, o Marco Civil da Internet (Lei 12.965/2014) estabelece em seus artigos 22 e 13 que cabe ao
administrador do sistema autônomo (provedores de internet) o dever de manterem os registros de conexão
dos seus usuários pelo prazo de 01 ano, devendo exibi-los, mediante indispensável ordem judicial, à
autoridade policial, administrativa, ao Ministério Público ou ao interessado.
Logo, o prejudicado, para identificar de onde partiram as ofensas, pode reivindicar, mediante Ação Judicial
, que a rede social informe o protocolo de internet do computador do qual fora publicado o conteúdo
ofensivo, bem como os registros e dados inerentes ao perfil que o publicou. Conforme caso descrito
abaixo, no qual a requerente propôs uma Ação Cautelar de Exibição de Documentos para obter o
fornecimento do protocolo de internet (IP) juntamente com informações e horários acerca dos logins e
logouts de uma conta falsa na rede social de propriedade da requerida, e demais informações que foram
utilizadas para criação do perfil do usuário e obteve decisão favorável pelo Desembargador Arnaldo Maciel
.

O Tribunal de Justiça de Minas Gerais, inclusive, possuindo entendimento firme no sentido de que ?o
fornecimento do Internet Protocolo (IP), juntamente com horários e informações acerca dos logins e
logouts da conta falsa na rede social de propriedade da requerida, e demais informações fornecidas para
criação do perfil do usuário, constituem medidas adequadas? (TJMG. Agravo de Instrumento nº 0460795-
79.2014.8.13.0000, Rel. Des. Arnaldo Maciel. Publ.: 10/10/2014).

[2: EMENTA: AGRAVO DE INSTRUMENTO - AÇÃO CAUTELAR DE EXIBIÇÃO DE DOCUMENTOS -

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PEDIDO LIMINAR - REQUERIMENTO DE DOCUMENTOS FORA DO ALCANCE DA PARTE


REQUERIDA - IMPOSSIBILIDADE DE EXIBIÇÃO - DECISÃO REFORMADA. Não é possível imputar à
requerida apresentar informações que estejam fora de seu alcance e em desacordo com a razoabilidade.
O fornecimento do Internet Protocol (IP), juntamente com horários e informações acerca dos logins e
logouts da conta falsa na rede social de propriedade da requerida, e demais informações fornecidas para
criação do perfil do usuário, constituem medidas adequadas, eis que não há como imputar à requerida o
fornecimento de elementos adicionais que não constam da sua base de dados.

]
Tais requerimentos, podem ser formulados mediante eventual Ação de Reparação de Danos, através do
requerimento de Exibição de Documentos previsto pelo artigo 396 do Código de Processo Civil ou podem
ser formulados através do ajuizamento de Ação Judicial específica contra o provedor e/ou rede social,
exclusivamente para esse fim.
Assim, a divulgação de Fake News não é apenas responsabilidade daquele que a criou, mas também
daquele que a propagou sem verificar a veracidade daquilo que divulga. Os principais Tribunais do país
têm entendido que o usuário da rede social, ao compartilhar ou republicar conteúdo de terceiros em seu
próprio perfil, acaba por responsabilizar-se pelas informações veiculadas.
Inclusive, em julgado do Tribunal de Justiça de São Paulo entendeu ?que há responsabilidade dos que
repassam as mensagens e dos que nelas opinam de forma ofensiva, devendo ser encarado o uso deste
meio de comunicação com mais seriedade e cautela e não com o caráter informal? (TJSP. Apelação Cível
nº 4000515-21.2013.8.26.0451, Rel. Des. Neves Amorim. Julg.: 26/11/2013). Nestes termos, o cidadão
possui o dever de checar a fonte e o conteúdo de tudo aquilo que transmite, sob pena de ser
responsabilizado.
Por fim, o intuito da responsabilidade civil é restabelecer o equilíbrio patrimonial ou moral que foi violado,
certificando aprazibilidade a sociedade, uma vez que, o dano não reparado motiva a inquietação social.
Por isso, atualmente, busca-se uma aplicação mais ampla ao dever de indenizar com o intuito de não
sobejar danos não reparados.

3 ? DO DIREITO FUNDAMENTAL À LIBERDADE DE EXPRESSÃO


Liberdade de Expressão é o direito que permite a manifestação livremente dos pensamentos sem medo de
represálias, de adquirir e exportar informações por diversos meios, de forma independente e sem censura
, ou seja, ela significa o direito de exteriorizar a opinião pessoal ou de um grupo, sempre com respeito e
respaldada pela veracidade de informações. Para Samantha Ribeiro liberdade é condição necessária ao
pleno desenvolvimento da natureza humana assim como à integridade e dignidade do indivíduo?. (MEYER
- PFLUG, 2009, p. 27).

Recebe o nome de liberdade de expressão a garantia assegurada a qualquer indivíduo de se manifestar,


buscar e receber ideias e informações de todos os tipos, com ou sem a intervenção de terceiros, por meio
de linguagens oral, escrita, artística ou qualquer outro meio de comunicação. O princípio da liberdade de
expressão deve ser protegido pela constituição de uma democracia, impedindo os ramos legislativo e
executivo o governo de impor a censura. (SANTIAGO, 2015).

Segundo Rafael Pereira da Silva, a liberdade de expressão começou a ser reconhecida como um
direito inalienável, somente no século XVIII, com o advento do Iluminismo, onde vários filósofos defendeu

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a liberdade de expressão, estando entre eles John Stuart Mill, no qual acreditava que essa liberdade seria
a única forma de assegurar a vitalidade da verdade. Além disso, a Declaração dos Direitos do Homem e
do Cidadão de 1789, na França, e a primeira Emenda da Constituição dos Estados Unidos, em 1791,
também foram marcos importante nessa conquista. (MENDES, 2022)
Com a redemocratização do país e a promulgação da Constituição Federal de 1988, houve um
importante avanço, no qual a Constituição passou a garantir a liberdade de manifestação do pensamento,
vedando a censura prévia e estabelecendo que a responsabilidade pelos abusos cometidos no exercício
da liberdade de expressão é posterior à manifestação. Além disso, a Declaração Universal dos Direitos
Humanos em seu artigo 19 contempla o direito à liberdade de expressão, considerando que a mesma seja
uma peça fundamental da democracia e garante que Todo o indivíduo tem direito à liberdade de opinião e
de expressão, sendo um direito que implica a liberdade de manter as suas próprias opiniões sem
interferência e de procurar, receber e difundir informações e ideias por qualquer meio de expressão
independentemente das fronteiras. (ONU, 1948).
Após a Segunda Guerra Mundial, notadamente com a Declaração Universal dos Direitos Humanos, de
1948, passou-se a reconhecer aqueles direitos como um patamar mínimo a ser observado por todos os
Estados na organização do poder e nas suas relações com seus cidadãos. (BARROSO, 2022, P.241).

Essa Declaração foi adotada pela Organização das Nações Unidas após a Segunda Guerra Mundial, com
o objetivo de estabelecer parâmetros mínimos de direitos a serem observados pelos Estados democráticos
signatários.

1.1 ? Liberdade de Expressão no plano Constitucional

Para Gustavo Gonet Branco (2020), entre os diferentes direitos expressos na Constituição, a liberdade de
expressão constitui direito especialmente fundamental, uma vez que sua garantia é essencial para a
dignidade do indivíduo e para a estrutura democrática da nossa sociedade.
Primeiramente, no âmbito da dignidade humana, a necessidade de ser assegurada a liberdade de
expressão está relacionada a dignidade da pessoa humana, tendo em vista que não há vida digna sem
que o sujeito possa expressar seus desejos e convicções. Viver dignamente pressupõe a liberdade de
escolhas existenciais que são vividas e expressadas.
No que diz respeito à democracia, a liberdade de expressão é direito fundamental diretamente
relacionado à garantia de voz aos cidadãos na manifestação de suas várias correntes políticas e
ideológicas, tal liberdade é imprescindível para aqueles que desejem manifestar-se na esfera pública, sem
que sejam reprimidos por isso. Contudo, a liberdade de expressão também cria um dilema quando se trata
de lidar com discursos de ódio, intolerância e propagação de ideologias que visam destruir a própria
sociedade democrática.

É o que Montesquieu denomina de "liberdade dentro da lei?, ou seja: É preciso ter presente o que é
independência e o que é liberdade. A liberdade e o direito de fazer tudo o que as leis permitem. Se um
cidadão pudesse fazer o que elas proíbem, ela já não teria liberdade. pois os outros teriam igualmente
esse poder. (MEYER-PFLUG, 2009, p. 30).

De acordo com a teoria dos direitos fundamentais de Robert Alexy (2001), o direito de liberdade de
expressão ? assim como os demais direitos fundamentais ? deve ser entendido como princípio

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constitucional, norteador da hermenêutica jurídica. Segundo Alexy (2001, p. 112), os direitos fundamentais
têm o caráter de princípios e, nessa condição, eventualmente colidem uns com os outros, sendo
necessária uma solução ponderada em favor de um deles.
Assim os direitos fundamentais podem ser entendidos como valores morais compartilhados por uma
comunidade em dado momento e lugar, que migram do plano ético para o jurídico quando se materializam
em princípios abrangidos pela Constituição (BARROSO, 2008, p. 352).
?quando os juristas raciocinam ou debatem a respeito de direitos e obrigações jurídicos, particularmente
naqueles casos difíceis nos quais nossos problemas com esses conceitos parecem mais agudos, eles
recorrem a padrões que não funcionam como regras, mas operam diferentemente, como princípios,
políticas e outros tipos de padrões.? (Ronald Dworkin, 2007, p.36).

A liberdade de expressão está assegurada na Constituição Federal de 1988, em seu artigo 5º, IV,
IX e 220º. Ela é apresentada como um direito fundamental que garante a todos os cidadãos o livre
exercício da manifestação do pensamento em sociedades democráticas, que permite a expressão de
opiniões, idéias e crenças sem censura ou repressão, ela também abrange o direito de buscar, receber e
compartilhar informações e ideias por meio da escrita, da fala, da imprensa, da arte ou de qualquer outra
fonte de comunicação.
O artigo 5º IV e IX estabelece que seja livre a expressão do pensamento por meio da atividade intelectual
, artística, científica e de comunicação, independentemente de censura ou licença, sendo vedado o
anonimato do autor. Porém, embora a liberdade de expressão seja garantida, esse direito não é absoluto.
O mesmo artigo em seu inciso X determina que a liberdade de expressão seja limitada quando ocorre a
violação da intimidade, da honra, da vida privada e da imagem de outras pessoas. Por isso, em casos de
violação ao direito de outrem é assegurado o direito à indenização pelo dano moral ou material decorrente
do abuso de liberdade de expressão.
E posteriormente, o artigo 220º da Constituição Federal de 1988, que trata dos meios de comunicação
social, ainda estabelece que seja vedada qualquer censura de cunho político, ideológico e artístico aos
meios de comunicação social, e a publicação de veículo impresso de comunicação não depende de
licença de autoridade. No entanto, é importante ressaltar que, apesar de a Constituição Brasileira
assegurar a liberdade de expressão, a interpretação e a aplicação dos seus artigos podem variar ao longo
do tempo, em resposta às mudanças na sociedade. Diante do impacto das tecnologias de informação, a
legislação brasileira está em constante transformação para enfrentar os novos desafios apresentados,
sobretudo pela disseminação nas redes sociais do discurso de ódio, do assédio on-line, da desinformação
e de notícias falsas.
A liberdade de expressão é um direito fundamental que engloba outros direitos conexos, como a liberdade
da manifestação do pensamento (Art. 5°, IV, CRFB/88); o direito de resposta (Art. 5°, V, CRFB/88); de
consciência e de crença (Art. 5°, VI, CRFB/88); a liberdade de expressão da atividade intelectual, artística,
científica e de comunicação (Art. 5°, IX, CRFB/88), porém a mesma não é absoluta - até porque nenhum
direito fundamental é. Por isso, o indivíduo deve observar o seu limite ao praticá-la. (BRASIL, 1988).
Nesse sentido, existem várias possibilidades de desempenhá-la, porém, somente será considerado lícito
o seu exercício quando houver respeito aos direitos fundamentais dos demais indivíduos, no caso de um
indivíduo que posta em uma rede social um comentário ofendendo alguém, um grupo de pessoas ou
espalhando fake news ele não está amparado pelo direito à liberdade de expressão, pelo fato de estar
prejudicando outros direitos fundamentais de outrem.
Segundo Maia (2015, p.184), não se pode admitir nenhum direito ou valor juridicamente protegido de

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modo absoluto, sem limite ou mesmo sem nenhum tipo de exceção, mesmo sendo muito importante, à
liberdade de expressão poderá ceder perante outros direitos. A própria Convenção Americana sobre
Direitos Humanos, na complementação do seu artigo 13.1, ressalta que o exercício do direito previsto no
inciso precedente não pode estar sujeito à censura prévia, mas a responsabilidades ulteriores, que devem
ser expressamente fixadas pela lei a ser necessária para assegurar o respeito aos direitos ou à reputação
das demais pessoas ou a proteção da segurança nacional, da ordem pública, ou da saúde ou da moral
pública.
No ordenamento jurídico brasileiro, existem diversos princípios e normas garantidos na Constituição
Federal, os aplicando diversas formas de proteção. Porém destes princípios e normas surgem colisões
quando se trata da aplicação destes, pois estes podem ter diretrizes em direções opostas. Segundo
Barroso (2004, p.4):
Princípios e direitos previstos na Constituição entram muitas vezes em linha de colisão, por abrigarem
valores contrapostos e igualmente relevantes. Como por exemplo: livre iniciativa e proteção do consumidor
, direito de propriedade e função social da propriedade, segurança pública e liberdades individuais, direitos
da personalidade e liberdade de expressão. O que caracteriza esse tipo de situação jurídica é a ausência
de uma solução em tese para o conflito. Fornecida abstratamente pelas normas aplicáveis.
Quando houver a solução da colisão, devido aos sentidos opostos de interesses desses direitos, um deles
poderá sofrer limitação, devido a prevalência do outro. De acordo com Marmelstein (2013, p.361),
qualquer solução a ser adotada em um conflito assim resultará na restrição de um dos dois valores.
Nos tempos atuais, o uso das redes sociais é muito importante porque tudo está embutido na internet onde
as pessoas buscam e encontram informações sobre todos os temas. Assim, uma rede social pode ser
imaginada como um conjunto de relações interpessoais em que as pessoas compartilham interesses
pessoais e coletivos e põe em prática o seu direito à liberdade de expressão. De forma geral, pode-se
dizer que o homem é um ser que se expressa muito e que tem a necessidade de participar das decisões
da sociedade. Porém para alcançar a democracia é necessário por limites nesse direito de expressão e foi
nessa tentativa que surgiu o PL 2630/2020 que será analisado na próxima seção.

4 ? PROJETO DE LEI DE COMBATE AS FAKE NEWS (PL 2630/2020)


A divulgação de Fake News se tornou uma prática muito comum e perigosa, uma vez que gera incertezas
e desconfianças ao público ouvinte, dificultando assim a busca pela verdade, constituindo-se uma ameaça
à democracia, na medida em que, o acesso à informação é um direito de todos os cidadãos, sendo
necessário combatê-las.
De acordo com Leticia Albuquerque, atualmente, existem algumas agências que são especializadas em
averiguar boatos e a veracidade das notícias consideradas suspeitas, elas são chamadas de fact-checking
. E alguns portais também abriram setores para fazerem a apuração dessas informações. Entretanto, as
averiguações feitas por essas agências não são suficientes para acabar com a proliferação das Fake
News, considerando que a checagem só acontece depois que a informação é publicada e, nesse meio
tempo, diversas pessoas são prejudicadas. (ALBUQUERQUE, 2020).
[3: Algumas agências especializadas em averiguar boatos e a veracidade de notícias consideradas
suspeitas: 1.Aos fatos: Ela acredita no jornalismo independente e conta com o financiamento de
apoiadores, como em um crowdfunding. A escolha dos conteúdos a serem checados divide-se entre uma
informação vinda de uma autoridade pública ou com alto engajamento nas redes sociais. Depois de
encontrarem a origem da informação, os jornalistas da equipe consultam fontes que podem estar
envolvidas.2.Fato ou Fake: Trata-se de um serviço de checagem oferecido pelo grupo Globo, que apura

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notícias que estão sendo muito compartilhadas nas redes sociais. 3.FactCheck: Fundado em 2003, é
focado em entregar notícias verdadeiras sobre a política norte-americana.Disponível em: https://www.cnj
.jus.br/programas-e-acoes/painel-de-checagem-de-fake-news/onde-checar/]
A partir da necessidade de uma norma que regulamentasse a proliferação de notícias falsas, foi que o
Senador Alessandro Vieira, apresentou o projeto de Lei 2630/20 que institui a Lei Brasileira de Liberdade,
Responsabilidade e Transparência na Internet, criando diversas medidas para combater as proliferações
das Fake News nas redes sociais.
A Lei pretende aplicar um programa de boas práticas com base em ?medidas adequadas e proporcionais
no combate ao comportamento inautêntico e na transparência sobre conteúdos pagos?. Sendo assim, o
texto estabelece alguns princípios, estando entre eles a liberdade de expressão e de imprensa, a garantia
dos direitos de personalidade, da dignidade, da honra e da privacidade do indivíduo, o respeito ao usuário
em sua livre formação de preferências políticas e de uma visão de mundo pessoal, a responsabilidade
compartilhada pela preservação de uma esfera pública livre, plural, diversa e democrática, a garantia da
confiabilidade e da integridade dos sistemas informacionais, a promoção do acesso ao conhecimento na
condução dos assuntos de interesse público, acesso amplo e universal aos meios de comunicação e à
informação, a proteção dos consumidores, e a transparência nas regras para veiculação de anúncios e
conteúdos pagos, estando garantidos no artigo 3° do respectivo Projeto de Lei.
No entanto, existem alguns pontos contraditórios neste projeto, no qual organizações e movimentos da
sociedade civil afirmam que podem afetar a privacidade e a liberdade de expressão dos usuários da
internet.
Estando os principais nos artigos 10º e 12º da PL 2630. No qual o 10º autoriza que sejam guardados
obrigatoriamente pela administração das plataformas os dados dos usuários que participem das cadeias
de compartilhamento de conteúdo, onde esses usuários podem ser jornalistas, pesquisadores,
parlamentares ou qualquer cidadão que, eventualmente, repasse postagens muito compartilhadas nas
redes, sendo todas as mensagens que tiverem um compartilhamento significativo nos aplicativos sujeitas a
serem consideradas suspeitas e rastreadas, sem que se tenha um indício de ilegalidade. O projeto sugere
que seja possível identificar: quem originou o conteúdo que se tornou viral e por onde o conteúdo
identificado circulou.
Posto isso, a Coalizão Direitos em Rede apontou que é uma grave violação ao princípio da presunção de
inocência e que pode impactar no exercício da liberdade de expressão e comunicação nos aplicativos.
Tendo em vista que segundo a redação do dispositivo, apenas as mensagens que fossem encaminhadas
por mais de 5 (cinco) usuários e que, dentro de um intervalo de 15 (quinze) dias, alcançarem um total de
1.000 (mil) usuários devem ter seus registros mantidos pelas empresas por um prazo de até 3 (três)
meses. O acesso aos registros ocorreria somente com ?o objetivo de responsabilização pelo
encaminhamento em massa de conteúdo ilícito?, mediante ordem judicial, visando constituir prova em
investigação criminal ou instrução processual penal (GONDIM, 2020).
No entanto, há uma dificuldade de definir objetivamente a distinção entre o que é apenas uma informação
equivocada e o que é uma informação propagada com má-fé, sendo impossível ter uma resolução de
modo preciso e isso pode acabar ferindo princípios constitucionais, estando entre eles o Direito a liberdade
de expressão.
E o artigo 12º determina, no parágrafo 6º, que as pessoas que se sentirem ?ofendidas?, por algum
conteúdo postado por um perfil ou página nas redes sociais, devem pedir para as plataformas o direito de
resposta. Essa figura do ofendido aparece no PL 2630 apenas neste trecho, portanto, não fica clara a sua
definição. Além disso, o direito de resposta, que é constitucional, deve ser baseado em decisão judicial. Se

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essa for uma ação terceirizada às plataformas, pode ser mais um poder dado a elas.
Sendo assim, as propostas contidas no projeto, mexem com questões subjetivas que podem ser
manobradas de forma equivocada e promover a censura, tendo em vista que o direito à liberdade de
expressão garante que não deve ser feita uma censura prévia, mas sim responsabilidades ulteriores, o
fato do respectivo projeto de lei querer que mensagens encaminhadas tenham seus registros mantidos
pela empresa por três meses é considerada uma censura prévia, tendo em vista que o fato de apenas
compartilhar uma mensagem não configura um ato ilícito.

5 - CONSIDERAÇÕES FINAIS
De acordo com o exposto, é fato que o direito à liberdade de expressão acompanha a evolução dos meios
de comunicação. Desse modo, os meios digitais corroboram para que opiniões das mais diferentes
vertentes sejam expostas e divulgadas em grande velocidade para um elevado número de pessoas,
ocasionando a concretização da liberdade de expressão na atualidade.
Contudo, deve-se atentar para o fato de que liberdade de expressão não é absoluta e possui seus limites,
esbarrando nos limites da responsabilidade civil, o que atinge a temática da divulgação de notícias falsas,
as chamadas fakes news. Sendo assim, quando as fakes news são propagadas, deve haver a
responsabilização civil pelo dano causado com tal atitude, pois o direito fundamental à liberdade de
expressão não dirime tal ato.
Como fora evidenciado, o poder legislativo brasileiro buscou com afinco tratar da problemática das fake
news, surgindo assim o Projeto de Lei n° 2630/2020, que institui a Lei Brasileira de Liberdade,
Responsabilidade e Transparência na Internet. Entretanto, Como a liberdade de expressão é um dos
pilares da democracia, tentar regular as redes sociais para combater a desinformação advinda de fake
news, como pretende o respectivo Projeto de Lei, sempre envolve riscos, uma vez que ele tenta conter a
disseminação de conteúdo criminoso e envolve a tensão entre a liberdade de expressão assegurada pela
Constituição e a dificuldade de definir objetivamente a distinção entre o que é apenas uma informação
equivocada e o que é uma informação falsa e de má fé. Sendo impossível de ser resolvido de modo
preciso, pois sempre haverá uma dúvida entre essas condutas.
Portanto, é preciso que sejam feitos estudos mais aprofundados em relação ao citado Projeto, para que
assim não haja violação ao direito fundamental a liberdade de expressão, tendo em vista que foi um direito
alcançado através de diversas lutas e revoluções contra governos autoritários e não deve ser fragilizado
ou ignorado por qualquer autoridade ou meios de comunicação e que por fim, com mais estudo se consiga
lidar com a nova realidade causada pela divulgação das Fake News.

5- REFERÊNCIAS
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impactar-sua-vida/>. Acesso em: 05 nov. 2023.

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UNIVERSIDADE TIRADENTES ? UNITCURSO DE GRADUAÇÃO EM DIREITOTRABALHO DE


CONCLUSÃO DE CURSO ? ARTIGO CIENTÍFICO

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Arquivo 1: TCC DOC 4.docx (6035 termos)
Arquivo 2: https://blogs.oglobo.globo.com/sonar-a-escuta-das-redes/post/cgu-utiliza-e-mail-institucional-
para-convidar-servidores-acompanhar-live-de-bolsonaro-no-facebook.html (1158 termos)
Termos comuns: 6
Similaridade: 0,08%
O texto abaixo é o conteúdo do documento TCC DOC 4.docx (6035 termos)
Os termos em vermelho foram encontrados no documento https://blogs.oglobo.globo.com/sonar-a-
escuta-das-redes/post/cgu-utiliza-e-mail-institucional-para-convidar-servidores-acompanhar-live-de-
bolsonaro-no-facebook.html (1158 termos)

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PROJETO DE LEI DAS FAKE NEWS X LIBERDADE DE EXPRESSÃO: UMA ANÁLISE DO PROJETO DE
LEI 2630/2020

Nadyele Neves Cerqueira


Orientadora: Fernanda Oliveira Santos

ARACAJU ? SERGIPE
2023

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NADYELE NEVES CERQUEIRA

PROJETO DE LEI DAS FAKE NEWS X LIBERDADE DE EXPRESSÃO: UMA ANÁLISE DO PROJETO DE
LEI 2630/2020

Trabalho de Conclusão de Curso ? Artigo ? apresentado ao Curso de Direito da Universidade Tiradentes ?


UNIT, como requisito parcial para obtenção do grau de bacharel em Direito.

APROVADO EM ____/____/____

BANCA EXAMINADORA

__________________________________________________________________
Professor Orientador: Fernanda Oliveira Santos
Universidade Tiradentes

__________________________________________________________________
Professor Examinador
Universidade Tiradentes

__________________________________________________________________
Professor Examinador
Universidade Tiradentes

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PROJETO DE LEI DAS FAKE NEWS X LIBERDADE DE EXPRESSÃO: UMA ANÁLISE DO PROJETO DE
LEI 2630/2020
FAKE NEWS BILL X FREEDOM OF EXPRESSION: AN ANALYSIS OF BILL 2630/2020

Nadyele Neves Cerqueira¹


RESUMO
O presente artigo tem por objetivo a análise do projeto de lei das fakes news sob o prisma do direito dos
danos, com enfoque relacionado a divulgação da Fake News na política, verificando-se a existência, ou
não, de danos diversos advindos da conduta de disseminar notícias falsas, bem como a responsabilidade
civil de quem propaga. Neste estudo, buscou-se evidenciar as implicações das Fake News, principalmente
, no que se refere aos direitos fundamentais, com foco especial para o direito fundamental à liberdade de
expressão. Quanto aos aspectos metodológicos, utilizou-se o método sociológico de interpretação e a
metodologia de pesquisa do tipo pesquisa bibliográfica.

PALAVRAS-CHAVE: Notícias falsas; responsabilidade civil; política; liberdade de expressão.

ABSTRACT
The purpose of this article is to analyze the fakes news bill under the prism of damages law, with a focus on
the dissemination of Fake News in politics, verifying the existence, or not, of various damages arising from
the conduct of disseminating false news, as well as the civil liability of those who spread it. This study
sought to highlight the implications of Fake News, especially with regard to fundamental rights, with a
special focus on the fundamental right to freedom of expression. As for the methodological aspects, we
used the sociological method of interpretation and the research methodology of bibliographical research.
KEY WORDS: Fake news; civil liability; policy; freedom of expression;

¹ Graduando(a) em Direito pela Universidade Tiradentes - UNIT. E-mail (institucional preferencialmente):


nadyele.neves@souunit.com.br
1-INTRODUÇÃO
O presente artigo tem como objetivo a análise acerca das fakes news, que são consideradas um
fenômeno da era das novas tecnologias de informação e comunicação (NTIC), consistindo na propagação
de notícias falsas de forma rápida e que possuem o intuito de prejudicar um grupo ou uma pessoa em
específico, provocando assim inúmeras controvérsias e reflexões sobre o respectivo tema. (ALVES;
MACIEL, 2020)
Por meio de uma pesquisa bibliográfica, foi possível identificar os efeitos atribuídos às fake news, bem
com avaliar suas consequências na política, a responsabilidade civil de quem propaga, expondo a
necessidade de garantir que as medidas adotadas contra essas notícias falsas não afetem a liberdade de
expressão e o direito à informação.
Desta forma, trouxe inicialmente uma análise sobre o tema e seu impacto na sociedade e, em seguida,
uma pesquisa acerca do Projeto de lei das fakes news (PL 2630/2020), bem como um estudo detalhado
acerca da violação do direito fundamental da liberdade de expressão vinculados a essa prática de
propagação de notícias falsas, respondendo assim a seguinte questão: o Projeto de lei das fake news viola
o direito à liberdade de expressão?

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Desde que a internet surgiu, abriu as portas para novos desenvolvimentos tecnológicos, transformando
assim o modo como vivemos e nos relacionamos, de forma que contribuiu para a relação entre os
indivíduos da sociedade. Inicialmente, o seu principal objetivo era a troca de informações (SOUZA, 2020).
No entanto, acabou se tornando um espaço que facilitou a divulgação de notícias falsas, justamente por
ser um ambiente mais livre de comunicação, sem tanta regulamentação.
Com aproximadamente 7,6 bilhões de pessoas no mundo, em torno de 4 bilhões têm acesso à internet e
2,9 bilhões são usuárias de redes sociais. Uma pesquisa feita pela Poynter Institute, em 2022, revela que
quatro em cada dez brasileiros afirmam receber fake news diariamente e apontou ainda que mais da
metade dos entrevistados, provenientes de diferentes países, acreditam receber informações enganosas
online toda semana. Além disso, o Brasil é o país em que mais pessoas acreditam em fake news, segundo
informações extraídas no portal do Tribunal de Justiça do Estado do Paraná sobre o perigo da fake news,
um estudo divulgado pelo Instituto Mundial de Pesquisa (IPSO, 2018), mostrou que no Brasil 62% dos
entrevistados admitiram já ter acreditado em notícias falsas, mesmo sem verificar a veracidade da
informação ou mesmo a sua origem, sendo este um número acima da média mundial, que é de 48%.
As fake news se destacam principalmente na área política, onde tem-se percebido que parte da sociedade
vem tendo dificuldade para saber o que é verdade ou é uma notícia falsa, principalmente em ano eleitoral
, onde governos autoritários se utilizam desse artifício para obter aprovação popular, por meio de um
discurso e aparência mentirosa de um governo democrático, causando um dano nocivo ao direito da
liberdade, da informação e aos direitos humanos, uma vez que o acesso à informação correta é um direito
dos cidadãos e é fundamental para fazer as escolhas políticas. Ademais, o anonimato proporcionado no
ambiente da internet intensifica a violência e o discurso de ódio através das fake news. (MACHADO, 2021)
Além disso, a indústria das fake news também impacta na inserção das mulheres na política. De acordo
com a Plan International, 87% das meninas e jovens mulheres sofrem efeitos negativos de fake news. O
Instituto Política de Saia, em parceria com o Projeto Justiceiras, em sua pesquisa com mais de 1.190
mulheres, verificou que mais de 51% das entrevistadas passaram por situações de violência ou
discriminação, na qualidade de eleitoras ou no exercício do seu mandato.
É nesse cenário caótico que surge o Projeto de Lei 2630/2020, apelidado como ?PL das fake news?,
inspirado na legislação alemã e apresentado pelo senador Alessandro Vieira com a justificativa de
combater as fakes news. Porém, existem alguns pontos contraditórios neste projeto, no qual organizações
e movimentos da sociedade civil afirmam que podem afetar a privacidade e a liberdade de expressão dos
usuários da internet.
Portanto, visando compreender os efeitos das notícias falsas na política do século XXI, tem-se aqui como
estudo o entendimento do projeto de lei das fake news, bem como do direito fundamental liberdade de
expressão. Este trabalho de conclusão de curso está dividido em três capítulos. A primeira seção passa
por uma análise do conceito e efeitos da fake news, bem como o estudo da responsabilidade civil de quem
propaga. A segunda pretende discorrer sobre a liberdade de expressão. E a terceira trata-se de um
estudo de um caso que permeia nossa realidade, onde será analisado o projeto de lei das fake news e a
liberdade de expressão.

2 - FAKE NEWS: UM FENÔMENO DA ERA DIGITAL


Fake News são notícias falsas com um grande poder viral, publicadas em redes sociais como se fossem
informações reais, tendo o objetivo de propagar um ponto de vista ou prejudicar uma pessoa ou grupo
(geralmente figuras públicas) (CAMPOS, 2018).
O termo Fake News ganhou força mundialmente em 2016, com a corrida presidencial dos Estados Unidos

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, onde organizações empregavam jovens para produzir e espalhar informações falsas sobre candidatos e
empresas dos Estados Unidos. Porém apesar do recente uso do termo Fake News, ela sempre esteve
presente ao longo da história, o que mudou foi a nomenclatura, o meio utilizado para divulgação e o
potencial de persuasão que o material falso adquiriu nos últimos anos (DOURADO,2020, p.2). Segundo o
historiador Robert Darnton, em entrevista concedida ao jornal Folha de São Paulo, existem ao menos
desde o século VI (VICTOR, 2017).
Segundo a linha de pensamento de Chen, Conroy e Rubin (2015, p.19), a produção e veiculação de Fake
News constituem um verdadeiro mercado, no qual é alimentado por pessoas de grande influência,
geralmente políticos em campanha eleitoral, onde contratam equipes especializadas nesse tipo de
conteúdo viral e produtores desse conteúdo falso compram ilegalmente endereços de e-mail e números
de telefone celular de milhões de pessoas para ?disparar? essas notícias, e ainda existe a preferência por
contatos de líderes religiosos ou de movimentos políticos, já que eles repassam aos seus seguidores e
pedem que a informação seja compartilhada e para legitimar as Fake News, as páginas que produzem e
divulgam esse tipo de informação costumam misturar as publicações falsas com a reprodução de notícias
verdadeiras de fontes confiáveis e ainda utilizam montagens em vídeos e imagens, tendo em vista que os
usuários da internet são muito visuais, por isso, uma foto manipulada ou fora de contexto pode ser
facilmente divulgada como verdadeira.
Chiara Spadaccini de Teffé e Carlos Affonso Pereira de Souza (2019, p. 542) esclarecem sobre a
propagação de Fake News, que:

A divulgação de informações falsas ou distorcidas não é um problema novo, mas a disseminação em


massa desse conteúdo através da Internet e seu impacto na política vêm chamando atenção. Após 2016,
com as diversas notícias falsas divulgadas durante as eleições norte-americanas e as discussões sobre o
referendo que decidiu pela saída da Grã-Bretanha da União Europeia, verificou-se a emergência de se
entender o que seriam as chamadas fake news e como elas poderiam ser combatidas sem se prejudicar
as liberdades fundamentais e a diversidade de opiniões.
Segundo levantamento feito pela Folha de São Paulo, em 2018, as páginas de Fake News têm maior
participação dos usuários de redes sociais do que as de conteúdo jornalístico real. De 2017 a 2018, os
veículos de comunicação tradicionais apresentaram queda de 17% em seu engajamento, enquanto os
propagadores de fake news tiveram um aumento de 61%. (CAMPOS, 2018)
A propagação de informações falsas, fotos, vídeos manipulados e publicações duvidosas são atos
perigosos que causam efeitos negativos que podem ocasionar o linchamento de inocente, o aumento de
questões de saúde pública, como a propagação de movimentos de antivacinação, o aumento da
homofobia, xenofobia, violência e do preconceito racial.
No Brasil, um dos exemplos mais críticos sobre a seriedade da propagação de fake news foi o
episódio envolvendo a brasileira Fabiane de Jesus, onde em 2014 teve sua foto divulgada em redes
sociais, de forma equivocada, como sendo a de uma criminosa que raptava crianças, levando-a a um
linchamento coletivo na cidade de Guarujá e até hoje a família da vítima luta para que os danos sejam
minimamente reparados (UOL NOTÍCIAS, 2018).

2.1 - Fake News na política


A eleição presidencial de 2018 no Brasil ficou marcada com uma das disputas políticas mais conturbadas
desde o processo de redemocratização. Entre os componentes desse ineditismo esteve a disseminação
em rede de notícias falsas direcionadas ao eleitorado, atrapalhando de alguma forma o exercício do voto.

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De acordo com levantamento divulgado pelo Instituto IDEIA Big Data, mais de dois terços dos eleitores
afirmaram ter recebido fake news pelo WhatsApp durante a campanha presidencial de 2018 e segundo
levantamento divulgado pelo Instituto de Pesquisa Avaaz, 98,21% dos eleitores do então candidato Jair
Bolsonaro (PSL) tiveram contato com notícias falsas durante a disputa e 89,77% deles acreditaram que
tais notícias eram verdadeiras (PASQUINI, 2018).
Dessa maneira, inúmeras pessoas, firmaram o seu voto, baseadas em histórias, dados e alterações falsas
, distorcidas e sem qualquer comprovação, com a finalidade de tumultuar o processo eleitoral, podendo
trazer consequências para o futuro do país, uma vez que, pessoas desinformadas, tomam más decisões.
Deste modo, a legitima informação é excepcional no que se refere à tomada de decisões.
Apesar de serem prejudiciais, geralmente não é fácil descobrir uma notícia falsa. De acordo com Quirós,
em meio ao cenário atual do jornalismo estão as fakes news difundidas nas redes sociais, na qual
antigamente pudessem ser chamadas de rumores, sátiras e propagandas, tendo um forte impacto pela
grande divulgação e por encontrarem receptores aptos a aceitarem sem contestar a informação. Estas
notícias falsas ganham credibilidade e força dependendo daqueles que as propagam e sua influência na
rede (QUIROS, 2017, p.37).
As notícias falsas rapidamente se espalham, tendo em vista que costumam ser emocionalmente atraentes
ou reforçam algum ideal político que ajudam alimentar crenças e por isto são amplamente compartilhadas
e comentadas antes mesmo que os usuários chequem as devidas fontes da informação. Portanto, quem
acreditava que a notícia era verdadeira passou a cooperar com a disseminação da mesma. Para
disseminar as fakes news, o processo é corriqueiro e na maioria das situações, utiliza-se um grupo de
usuários que tenham o mesmo pensamento ideológico, para reforçar a corrente da opinião pré- existente.
De acordo com Martinez, o Estado tende a se preocupar cada vez mais com o controle e a veiculação de
notícias falsas, tendo em vista que o detentor da informação (especialmente dados sigilosos) poderá
manipular a opinião pública, inclusive em relação a assuntos políticos e estratégicos da maior
complexidade e relevância. Ampliando assim, portanto, a preocupação não só dos governantes, mas,
também, dos próprios governados, em relação à disseminação de informações falsas sobre fatos e
personalidades públicas relacionados ao universo político, social e econômico, de modo a influenciar
negativamente a opinião pública. Ressalta-se também que as informações falsas têm por objetivo
desvirtuar a verdade das informações repassadas e em grande maioria, sem que se saiba a origem do
financiamento de tais notícias. Há apontamentos de ocorrência de fake news na política nacional a partir
de 2010; bem como é de conhecimento público a possibilidade de manipulação das eleições de Donald
Trump, nos EUA. (MARTINEZ; NASCIMENTO JUNIOR, 2018).
Neste contexto, especialmente no Brasil, grupos de diferentes ideologias políticas começaram a espalhar
fake news para desacreditar os representantes políticos ou candidatos, um exemplo disso foi as eleições
do ano de 2018, no qual a pesquisadora Tatiana Dourado mostrou que em outubro no segundo turno de
2018, as fakes news refletiram a disputa eleitoral acirrada entre Fernando Haddad e Jair Bolsonaro e que
ela registrou a circulação de 346 fake news nesse período. Portanto, uma estratégia de manipulação da
informação foi formulada para dar ao eleitor um determinado status ideológico, ou seja, para influenciar o
campo político. (DOURADO, 2020, p. 131).
Dessa maneira, os eleitores de partidos ou candidatos precisam ter consciência antes de compartilhar as
informações, uma vez que, as notícias falsas afetam a capacidade das pessoas de fazerem um voto
consciente e embasado com informações verdadeiras.

2.2 - Responsabilidade Civil de quem propaga

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As Fakes News em decorrência da transformação do acesso aos meios de comunicação, ganham a cada
dia uma propagação maior, sendo sustentadas pela grande demanda de informações. Assim, de forma
maliciosa, as informações inverídicas e sensacionalistas são inseridas nas redes sociais, para que sejam
compartilhadas e difundidas entre todos os usuários.
Surgindo assim o debate sobre a responsabilidade civil de quem propaga, na qual faz parte do Direito
obrigacional, tendo previsão no Código Civil de 2002 em seu artigo 186, estando associada a
compreensão de que não se deve prejudicar o outro ou estimular a prática de condutas danosas que
afetam os interesses de outrem, assim, todo aquele que violar e causar dano a outro individuo comete ato
ilícito e fica obrigado a reparar, assim, caso o impacto e constrangimento do ofendido gerado pela notícia
falsa extrapole os limites, em seu meio social, resta comprovado o ato ilícito praticado, obrigando-se o
ofensor a corrigir os danos causados nos termos da lei.
Para Cristiano Chaves, Felipe Braga e Nelson Rosenvald, a definição de responsabilidade civil em seu
sentido clássico consiste na obrigação de reparar danos que infringimos por nossa culpa e em certos
casos determinados pela lei. (FARIAS; ROSENVALD; NETTO, 2020, p. 34).
Apesar da dificuldade de localizar o verdadeiro propagador da "Fake News", o ordenamento jurídico
ampara o usuário para obtenção das informações pessoais do ofensor através de rastreamento dos dados
do cadastro realizado nas redes sociais, tornando possível a sua identificação e responsabilização pelo
ato ilícito. Sendo assim, ao estabelecer uma conexão com a internet, cada computador, deixa na rede uma
espécie de impressão digital, chamada de IP (protocolo de internet) que seria um número de identidade
exclusivo que lhe permite ser identificado, de acordo com artigo escrito pela advogada Carolina Ferraz de
Moraes (MORAES, 2019).
Com isso, o Marco Civil da Internet (Lei 12.965/2014) estabelece em seus artigos 22 e 13 que cabe ao
administrador do sistema autônomo (provedores de internet) o dever de manterem os registros de conexão
dos seus usuários pelo prazo de 01 ano, devendo exibi-los, mediante indispensável ordem judicial, à
autoridade policial, administrativa, ao Ministério Público ou ao interessado.
Logo, o prejudicado, para identificar de onde partiram as ofensas, pode reivindicar, mediante Ação Judicial
, que a rede social informe o protocolo de internet do computador do qual fora publicado o conteúdo
ofensivo, bem como os registros e dados inerentes ao perfil que o publicou. Conforme caso descrito
abaixo, no qual a requerente propôs uma Ação Cautelar de Exibição de Documentos para obter o
fornecimento do protocolo de internet (IP) juntamente com informações e horários acerca dos logins e
logouts de uma conta falsa na rede social de propriedade da requerida, e demais informações que foram
utilizadas para criação do perfil do usuário e obteve decisão favorável pelo Desembargador Arnaldo Maciel
.

O Tribunal de Justiça de Minas Gerais, inclusive, possuindo entendimento firme no sentido de que ?o
fornecimento do Internet Protocolo (IP), juntamente com horários e informações acerca dos logins e
logouts da conta falsa na rede social de propriedade da requerida, e demais informações fornecidas para
criação do perfil do usuário, constituem medidas adequadas? (TJMG. Agravo de Instrumento nº 0460795-
79.2014.8.13.0000, Rel. Des. Arnaldo Maciel. Publ.: 10/10/2014).

[2: EMENTA: AGRAVO DE INSTRUMENTO - AÇÃO CAUTELAR DE EXIBIÇÃO DE DOCUMENTOS -


PEDIDO LIMINAR - REQUERIMENTO DE DOCUMENTOS FORA DO ALCANCE DA PARTE
REQUERIDA - IMPOSSIBILIDADE DE EXIBIÇÃO - DECISÃO REFORMADA. Não é possível imputar à
requerida apresentar informações que estejam fora de seu alcance e em desacordo com a razoabilidade.

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O fornecimento do Internet Protocol (IP), juntamente com horários e informações acerca dos logins e
logouts da conta falsa na rede social de propriedade da requerida, e demais informações fornecidas para
criação do perfil do usuário, constituem medidas adequadas, eis que não há como imputar à requerida o
fornecimento de elementos adicionais que não constam da sua base de dados.

]
Tais requerimentos, podem ser formulados mediante eventual Ação de Reparação de Danos, através do
requerimento de Exibição de Documentos previsto pelo artigo 396 do Código de Processo Civil ou podem
ser formulados através do ajuizamento de Ação Judicial específica contra o provedor e/ou rede social,
exclusivamente para esse fim.
Assim, a divulgação de Fake News não é apenas responsabilidade daquele que a criou, mas também
daquele que a propagou sem verificar a veracidade daquilo que divulga. Os principais Tribunais do país
têm entendido que o usuário da rede social, ao compartilhar ou republicar conteúdo de terceiros em seu
próprio perfil, acaba por responsabilizar-se pelas informações veiculadas.
Inclusive, em julgado do Tribunal de Justiça de São Paulo entendeu ?que há responsabilidade dos que
repassam as mensagens e dos que nelas opinam de forma ofensiva, devendo ser encarado o uso deste
meio de comunicação com mais seriedade e cautela e não com o caráter informal? (TJSP. Apelação Cível
nº 4000515-21.2013.8.26.0451, Rel. Des. Neves Amorim. Julg.: 26/11/2013). Nestes termos, o cidadão
possui o dever de checar a fonte e o conteúdo de tudo aquilo que transmite, sob pena de ser
responsabilizado.
Por fim, o intuito da responsabilidade civil é restabelecer o equilíbrio patrimonial ou moral que foi violado,
certificando aprazibilidade a sociedade, uma vez que, o dano não reparado motiva a inquietação social.
Por isso, atualmente, busca-se uma aplicação mais ampla ao dever de indenizar com o intuito de não
sobejar danos não reparados.

3 ? DO DIREITO FUNDAMENTAL À LIBERDADE DE EXPRESSÃO


Liberdade de Expressão é o direito que permite a manifestação livremente dos pensamentos sem medo de
represálias, de adquirir e exportar informações por diversos meios, de forma independente e sem censura
, ou seja, ela significa o direito de exteriorizar a opinião pessoal ou de um grupo, sempre com respeito e
respaldada pela veracidade de informações. Para Samantha Ribeiro liberdade é condição necessária ao
pleno desenvolvimento da natureza humana assim como à integridade e dignidade do indivíduo?. (MEYER
- PFLUG, 2009, p. 27).

Recebe o nome de liberdade de expressão a garantia assegurada a qualquer indivíduo de se manifestar,


buscar e receber ideias e informações de todos os tipos, com ou sem a intervenção de terceiros, por meio
de linguagens oral, escrita, artística ou qualquer outro meio de comunicação. O princípio da liberdade de
expressão deve ser protegido pela constituição de uma democracia, impedindo os ramos legislativo e
executivo o governo de impor a censura. (SANTIAGO, 2015).

Segundo Rafael Pereira da Silva, a liberdade de expressão começou a ser reconhecida como um
direito inalienável, somente no século XVIII, com o advento do Iluminismo, onde vários filósofos defendeu
a liberdade de expressão, estando entre eles John Stuart Mill, no qual acreditava que essa liberdade seria
a única forma de assegurar a vitalidade da verdade. Além disso, a Declaração dos Direitos do Homem e
do Cidadão de 1789, na França, e a primeira Emenda da Constituição dos Estados Unidos, em 1791,

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também foram marcos importante nessa conquista. (MENDES, 2022)


Com a redemocratização do país e a promulgação da Constituição Federal de 1988, houve um
importante avanço, no qual a Constituição passou a garantir a liberdade de manifestação do pensamento,
vedando a censura prévia e estabelecendo que a responsabilidade pelos abusos cometidos no exercício
da liberdade de expressão é posterior à manifestação. Além disso, a Declaração Universal dos Direitos
Humanos em seu artigo 19 contempla o direito à liberdade de expressão, considerando que a mesma seja
uma peça fundamental da democracia e garante que Todo o indivíduo tem direito à liberdade de opinião e
de expressão, sendo um direito que implica a liberdade de manter as suas próprias opiniões sem
interferência e de procurar, receber e difundir informações e ideias por qualquer meio de expressão
independentemente das fronteiras. (ONU, 1948).
Após a Segunda Guerra Mundial, notadamente com a Declaração Universal dos Direitos Humanos, de
1948, passou-se a reconhecer aqueles direitos como um patamar mínimo a ser observado por todos os
Estados na organização do poder e nas suas relações com seus cidadãos. (BARROSO, 2022, P.241).

Essa Declaração foi adotada pela Organização das Nações Unidas após a Segunda Guerra Mundial, com
o objetivo de estabelecer parâmetros mínimos de direitos a serem observados pelos Estados democráticos
signatários.

1.1 ? Liberdade de Expressão no plano Constitucional

Para Gustavo Gonet Branco (2020), entre os diferentes direitos expressos na Constituição, a liberdade de
expressão constitui direito especialmente fundamental, uma vez que sua garantia é essencial para a
dignidade do indivíduo e para a estrutura democrática da nossa sociedade.
Primeiramente, no âmbito da dignidade humana, a necessidade de ser assegurada a liberdade de
expressão está relacionada a dignidade da pessoa humana, tendo em vista que não há vida digna sem
que o sujeito possa expressar seus desejos e convicções. Viver dignamente pressupõe a liberdade de
escolhas existenciais que são vividas e expressadas.
No que diz respeito à democracia, a liberdade de expressão é direito fundamental diretamente
relacionado à garantia de voz aos cidadãos na manifestação de suas várias correntes políticas e
ideológicas, tal liberdade é imprescindível para aqueles que desejem manifestar-se na esfera pública, sem
que sejam reprimidos por isso. Contudo, a liberdade de expressão também cria um dilema quando se trata
de lidar com discursos de ódio, intolerância e propagação de ideologias que visam destruir a própria
sociedade democrática.

É o que Montesquieu denomina de "liberdade dentro da lei?, ou seja: É preciso ter presente o que é
independência e o que é liberdade. A liberdade e o direito de fazer tudo o que as leis permitem. Se um
cidadão pudesse fazer o que elas proíbem, ela já não teria liberdade. pois os outros teriam igualmente
esse poder. (MEYER-PFLUG, 2009, p. 30).

De acordo com a teoria dos direitos fundamentais de Robert Alexy (2001), o direito de liberdade de
expressão ? assim como os demais direitos fundamentais ? deve ser entendido como princípio
constitucional, norteador da hermenêutica jurídica. Segundo Alexy (2001, p. 112), os direitos fundamentais
têm o caráter de princípios e, nessa condição, eventualmente colidem uns com os outros, sendo
necessária uma solução ponderada em favor de um deles.

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Assim os direitos fundamentais podem ser entendidos como valores morais compartilhados por uma
comunidade em dado momento e lugar, que migram do plano ético para o jurídico quando se materializam
em princípios abrangidos pela Constituição (BARROSO, 2008, p. 352).
?quando os juristas raciocinam ou debatem a respeito de direitos e obrigações jurídicos, particularmente
naqueles casos difíceis nos quais nossos problemas com esses conceitos parecem mais agudos, eles
recorrem a padrões que não funcionam como regras, mas operam diferentemente, como princípios,
políticas e outros tipos de padrões.? (Ronald Dworkin, 2007, p.36).

A liberdade de expressão está assegurada na Constituição Federal de 1988, em seu artigo 5º, IV,
IX e 220º. Ela é apresentada como um direito fundamental que garante a todos os cidadãos o livre
exercício da manifestação do pensamento em sociedades democráticas, que permite a expressão de
opiniões, idéias e crenças sem censura ou repressão, ela também abrange o direito de buscar, receber e
compartilhar informações e ideias por meio da escrita, da fala, da imprensa, da arte ou de qualquer outra
fonte de comunicação.
O artigo 5º IV e IX estabelece que seja livre a expressão do pensamento por meio da atividade intelectual
, artística, científica e de comunicação, independentemente de censura ou licença, sendo vedado o
anonimato do autor. Porém, embora a liberdade de expressão seja garantida, esse direito não é absoluto.
O mesmo artigo em seu inciso X determina que a liberdade de expressão seja limitada quando ocorre a
violação da intimidade, da honra, da vida privada e da imagem de outras pessoas. Por isso, em casos de
violação ao direito de outrem é assegurado o direito à indenização pelo dano moral ou material decorrente
do abuso de liberdade de expressão.
E posteriormente, o artigo 220º da Constituição Federal de 1988, que trata dos meios de comunicação
social, ainda estabelece que seja vedada qualquer censura de cunho político, ideológico e artístico aos
meios de comunicação social, e a publicação de veículo impresso de comunicação não depende de
licença de autoridade. No entanto, é importante ressaltar que, apesar de a Constituição Brasileira
assegurar a liberdade de expressão, a interpretação e a aplicação dos seus artigos podem variar ao longo
do tempo, em resposta às mudanças na sociedade. Diante do impacto das tecnologias de informação, a
legislação brasileira está em constante transformação para enfrentar os novos desafios apresentados,
sobretudo pela disseminação nas redes sociais do discurso de ódio, do assédio on-line, da desinformação
e de notícias falsas.
A liberdade de expressão é um direito fundamental que engloba outros direitos conexos, como a liberdade
da manifestação do pensamento (Art. 5°, IV, CRFB/88); o direito de resposta (Art. 5°, V, CRFB/88); de
consciência e de crença (Art. 5°, VI, CRFB/88); a liberdade de expressão da atividade intelectual, artística,
científica e de comunicação (Art. 5°, IX, CRFB/88), porém a mesma não é absoluta - até porque nenhum
direito fundamental é. Por isso, o indivíduo deve observar o seu limite ao praticá-la. (BRASIL, 1988).
Nesse sentido, existem várias possibilidades de desempenhá-la, porém, somente será considerado lícito
o seu exercício quando houver respeito aos direitos fundamentais dos demais indivíduos, no caso de um
indivíduo que posta em uma rede social um comentário ofendendo alguém, um grupo de pessoas ou
espalhando fake news ele não está amparado pelo direito à liberdade de expressão, pelo fato de estar
prejudicando outros direitos fundamentais de outrem.
Segundo Maia (2015, p.184), não se pode admitir nenhum direito ou valor juridicamente protegido de
modo absoluto, sem limite ou mesmo sem nenhum tipo de exceção, mesmo sendo muito importante, à
liberdade de expressão poderá ceder perante outros direitos. A própria Convenção Americana sobre
Direitos Humanos, na complementação do seu artigo 13.1, ressalta que o exercício do direito previsto no

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inciso precedente não pode estar sujeito à censura prévia, mas a responsabilidades ulteriores, que devem
ser expressamente fixadas pela lei a ser necessária para assegurar o respeito aos direitos ou à reputação
das demais pessoas ou a proteção da segurança nacional, da ordem pública, ou da saúde ou da moral
pública.
No ordenamento jurídico brasileiro, existem diversos princípios e normas garantidos na Constituição
Federal, os aplicando diversas formas de proteção. Porém destes princípios e normas surgem colisões
quando se trata da aplicação destes, pois estes podem ter diretrizes em direções opostas. Segundo
Barroso (2004, p.4):
Princípios e direitos previstos na Constituição entram muitas vezes em linha de colisão, por abrigarem
valores contrapostos e igualmente relevantes. Como por exemplo: livre iniciativa e proteção do consumidor
, direito de propriedade e função social da propriedade, segurança pública e liberdades individuais, direitos
da personalidade e liberdade de expressão. O que caracteriza esse tipo de situação jurídica é a ausência
de uma solução em tese para o conflito. Fornecida abstratamente pelas normas aplicáveis.
Quando houver a solução da colisão, devido aos sentidos opostos de interesses desses direitos, um deles
poderá sofrer limitação, devido a prevalência do outro. De acordo com Marmelstein (2013, p.361),
qualquer solução a ser adotada em um conflito assim resultará na restrição de um dos dois valores.
Nos tempos atuais, o uso das redes sociais é muito importante porque tudo está embutido na internet onde
as pessoas buscam e encontram informações sobre todos os temas. Assim, uma rede social pode ser
imaginada como um conjunto de relações interpessoais em que as pessoas compartilham interesses
pessoais e coletivos e põe em prática o seu direito à liberdade de expressão. De forma geral, pode-se
dizer que o homem é um ser que se expressa muito e que tem a necessidade de participar das decisões
da sociedade. Porém para alcançar a democracia é necessário por limites nesse direito de expressão e foi
nessa tentativa que surgiu o PL 2630/2020 que será analisado na próxima seção.

4 ? PROJETO DE LEI DE COMBATE AS FAKE NEWS (PL 2630/2020)


A divulgação de Fake News se tornou uma prática muito comum e perigosa, uma vez que gera incertezas
e desconfianças ao público ouvinte, dificultando assim a busca pela verdade, constituindo-se uma ameaça
à democracia, na medida em que, o acesso à informação é um direito de todos os cidadãos, sendo
necessário combatê-las.
De acordo com Leticia Albuquerque, atualmente, existem algumas agências que são especializadas em
averiguar boatos e a veracidade das notícias consideradas suspeitas, elas são chamadas de fact-checking
. E alguns portais também abriram setores para fazerem a apuração dessas informações. Entretanto, as
averiguações feitas por essas agências não são suficientes para acabar com a proliferação das Fake
News, considerando que a checagem só acontece depois que a informação é publicada e, nesse meio
tempo, diversas pessoas são prejudicadas. (ALBUQUERQUE, 2020).
[3: Algumas agências especializadas em averiguar boatos e a veracidade de notícias consideradas
suspeitas: 1.Aos fatos: Ela acredita no jornalismo independente e conta com o financiamento de
apoiadores, como em um crowdfunding. A escolha dos conteúdos a serem checados divide-se entre uma
informação vinda de uma autoridade pública ou com alto engajamento nas redes sociais. Depois de
encontrarem a origem da informação, os jornalistas da equipe consultam fontes que podem estar
envolvidas.2.Fato ou Fake: Trata-se de um serviço de checagem oferecido pelo grupo Globo, que apura
notícias que estão sendo muito compartilhadas nas redes sociais. 3.FactCheck: Fundado em 2003, é
focado em entregar notícias verdadeiras sobre a política norte-americana.Disponível em: https://www.cnj
.jus.br/programas-e-acoes/painel-de-checagem-de-fake-news/onde-checar/]

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A partir da necessidade de uma norma que regulamentasse a proliferação de notícias falsas, foi que o
Senador Alessandro Vieira, apresentou o projeto de Lei 2630/20 que institui a Lei Brasileira de Liberdade,
Responsabilidade e Transparência na Internet, criando diversas medidas para combater as proliferações
das Fake News nas redes sociais.
A Lei pretende aplicar um programa de boas práticas com base em ?medidas adequadas e proporcionais
no combate ao comportamento inautêntico e na transparência sobre conteúdos pagos?. Sendo assim, o
texto estabelece alguns princípios, estando entre eles a liberdade de expressão e de imprensa, a garantia
dos direitos de personalidade, da dignidade, da honra e da privacidade do indivíduo, o respeito ao usuário
em sua livre formação de preferências políticas e de uma visão de mundo pessoal, a responsabilidade
compartilhada pela preservação de uma esfera pública livre, plural, diversa e democrática, a garantia da
confiabilidade e da integridade dos sistemas informacionais, a promoção do acesso ao conhecimento na
condução dos assuntos de interesse público, acesso amplo e universal aos meios de comunicação e à
informação, a proteção dos consumidores, e a transparência nas regras para veiculação de anúncios e
conteúdos pagos, estando garantidos no artigo 3° do respectivo Projeto de Lei.
No entanto, existem alguns pontos contraditórios neste projeto, no qual organizações e movimentos da
sociedade civil afirmam que podem afetar a privacidade e a liberdade de expressão dos usuários da
internet.
Estando os principais nos artigos 10º e 12º da PL 2630. No qual o 10º autoriza que sejam guardados
obrigatoriamente pela administração das plataformas os dados dos usuários que participem das cadeias
de compartilhamento de conteúdo, onde esses usuários podem ser jornalistas, pesquisadores,
parlamentares ou qualquer cidadão que, eventualmente, repasse postagens muito compartilhadas nas
redes, sendo todas as mensagens que tiverem um compartilhamento significativo nos aplicativos sujeitas a
serem consideradas suspeitas e rastreadas, sem que se tenha um indício de ilegalidade. O projeto sugere
que seja possível identificar: quem originou o conteúdo que se tornou viral e por onde o conteúdo
identificado circulou.
Posto isso, a Coalizão Direitos em Rede apontou que é uma grave violação ao princípio da presunção de
inocência e que pode impactar no exercício da liberdade de expressão e comunicação nos aplicativos.
Tendo em vista que segundo a redação do dispositivo, apenas as mensagens que fossem encaminhadas
por mais de 5 (cinco) usuários e que, dentro de um intervalo de 15 (quinze) dias, alcançarem um total de
1.000 (mil) usuários devem ter seus registros mantidos pelas empresas por um prazo de até 3 (três)
meses. O acesso aos registros ocorreria somente com ?o objetivo de responsabilização pelo
encaminhamento em massa de conteúdo ilícito?, mediante ordem judicial, visando constituir prova em
investigação criminal ou instrução processual penal (GONDIM, 2020).
No entanto, há uma dificuldade de definir objetivamente a distinção entre o que é apenas uma informação
equivocada e o que é uma informação propagada com má-fé, sendo impossível ter uma resolução de
modo preciso e isso pode acabar ferindo princípios constitucionais, estando entre eles o Direito a liberdade
de expressão.
E o artigo 12º determina, no parágrafo 6º, que as pessoas que se sentirem ?ofendidas?, por algum
conteúdo postado por um perfil ou página nas redes sociais, devem pedir para as plataformas o direito de
resposta. Essa figura do ofendido aparece no PL 2630 apenas neste trecho, portanto, não fica clara a sua
definição. Além disso, o direito de resposta, que é constitucional, deve ser baseado em decisão judicial. Se
essa for uma ação terceirizada às plataformas, pode ser mais um poder dado a elas.
Sendo assim, as propostas contidas no projeto, mexem com questões subjetivas que podem ser
manobradas de forma equivocada e promover a censura, tendo em vista que o direito à liberdade de

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expressão garante que não deve ser feita uma censura prévia, mas sim responsabilidades ulteriores, o
fato do respectivo projeto de lei querer que mensagens encaminhadas tenham seus registros mantidos
pela empresa por três meses é considerada uma censura prévia, tendo em vista que o fato de apenas
compartilhar uma mensagem não configura um ato ilícito.

5 - CONSIDERAÇÕES FINAIS
De acordo com o exposto, é fato que o direito à liberdade de expressão acompanha a evolução dos meios
de comunicação. Desse modo, os meios digitais corroboram para que opiniões das mais diferentes
vertentes sejam expostas e divulgadas em grande velocidade para um elevado número de pessoas,
ocasionando a concretização da liberdade de expressão na atualidade.
Contudo, deve-se atentar para o fato de que liberdade de expressão não é absoluta e possui seus limites,
esbarrando nos limites da responsabilidade civil, o que atinge a temática da divulgação de notícias falsas,
as chamadas fakes news. Sendo assim, quando as fakes news são propagadas, deve haver a
responsabilização civil pelo dano causado com tal atitude, pois o direito fundamental à liberdade de
expressão não dirime tal ato.
Como fora evidenciado, o poder legislativo brasileiro buscou com afinco tratar da problemática das fake
news, surgindo assim o Projeto de Lei n° 2630/2020, que institui a Lei Brasileira de Liberdade,
Responsabilidade e Transparência na Internet. Entretanto, Como a liberdade de expressão é um dos
pilares da democracia, tentar regular as redes sociais para combater a desinformação advinda de fake
news, como pretende o respectivo Projeto de Lei, sempre envolve riscos, uma vez que ele tenta conter a
disseminação de conteúdo criminoso e envolve a tensão entre a liberdade de expressão assegurada pela
Constituição e a dificuldade de definir objetivamente a distinção entre o que é apenas uma informação
equivocada e o que é uma informação falsa e de má fé. Sendo impossível de ser resolvido de modo
preciso, pois sempre haverá uma dúvida entre essas condutas.
Portanto, é preciso que sejam feitos estudos mais aprofundados em relação ao citado Projeto, para que
assim não haja violação ao direito fundamental a liberdade de expressão, tendo em vista que foi um direito
alcançado através de diversas lutas e revoluções contra governos autoritários e não deve ser fragilizado
ou ignorado por qualquer autoridade ou meios de comunicação e que por fim, com mais estudo se consiga
lidar com a nova realidade causada pela divulgação das Fake News.

5- REFERÊNCIAS
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de Lei no 2.630/2020 / Civil liability as a result of fake news and Bill no. 2630/2020. Brazilian Journal of
Development, v. 8, n. 6, p. 43353?43366, 2 jun. 2022. Acesso em: 05 out. 2023
A LEI E AS REDES SOCIAIS: TIRE SUAS DÚVIDAS SOBRE O ALCANCE DO DIREITO NO MUNDO
VIRTUAL ? Valladão. Disponível em: <https://www.valladao.com.br/blog/lei-e-as-redes-sociais-tire-suas-
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UNIVERSIDADE TIRADENTES ? UNITCURSO DE GRADUAÇÃO EM DIREITOTRABALHO DE


CONCLUSÃO DE CURSO ? ARTIGO CIENTÍFICO

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Arquivo 1: TCC DOC 4.docx (6035 termos)
Arquivo 2: https://portal.unit.br (981 termos)
Termos comuns: 2
Similaridade: 0,02%
O texto abaixo é o conteúdo do documento TCC DOC 4.docx (6035 termos)
Os termos em vermelho foram encontrados no documento https://portal.unit.br (981 termos)

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PROJETO DE LEI DAS FAKE NEWS X LIBERDADE DE EXPRESSÃO: UMA ANÁLISE DO PROJETO DE
LEI 2630/2020

Nadyele Neves Cerqueira


Orientadora: Fernanda Oliveira Santos

ARACAJU ? SERGIPE
2023

NADYELE NEVES CERQUEIRA

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PROJETO DE LEI DAS FAKE NEWS X LIBERDADE DE EXPRESSÃO: UMA ANÁLISE DO PROJETO DE
LEI 2630/2020

Trabalho de Conclusão de Curso ? Artigo ? apresentado ao Curso de Direito da Universidade Tiradentes ?


UNIT, como requisito parcial para obtenção do grau de bacharel em Direito.

APROVADO EM ____/____/____

BANCA EXAMINADORA

__________________________________________________________________
Professor Orientador: Fernanda Oliveira Santos
Universidade Tiradentes

__________________________________________________________________
Professor Examinador
Universidade Tiradentes

__________________________________________________________________
Professor Examinador
Universidade Tiradentes

PROJETO DE LEI DAS FAKE NEWS X LIBERDADE DE EXPRESSÃO: UMA ANÁLISE DO PROJETO DE
LEI 2630/2020

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FAKE NEWS BILL X FREEDOM OF EXPRESSION: AN ANALYSIS OF BILL 2630/2020

Nadyele Neves Cerqueira¹


RESUMO
O presente artigo tem por objetivo a análise do projeto de lei das fakes news sob o prisma do direito dos
danos, com enfoque relacionado a divulgação da Fake News na política, verificando-se a existência, ou
não, de danos diversos advindos da conduta de disseminar notícias falsas, bem como a responsabilidade
civil de quem propaga. Neste estudo, buscou-se evidenciar as implicações das Fake News, principalmente
, no que se refere aos direitos fundamentais, com foco especial para o direito fundamental à liberdade de
expressão. Quanto aos aspectos metodológicos, utilizou-se o método sociológico de interpretação e a
metodologia de pesquisa do tipo pesquisa bibliográfica.

PALAVRAS-CHAVE: Notícias falsas; responsabilidade civil; política; liberdade de expressão.

ABSTRACT
The purpose of this article is to analyze the fakes news bill under the prism of damages law, with a focus on
the dissemination of Fake News in politics, verifying the existence, or not, of various damages arising from
the conduct of disseminating false news, as well as the civil liability of those who spread it. This study
sought to highlight the implications of Fake News, especially with regard to fundamental rights, with a
special focus on the fundamental right to freedom of expression. As for the methodological aspects, we
used the sociological method of interpretation and the research methodology of bibliographical research.
KEY WORDS: Fake news; civil liability; policy; freedom of expression;

¹ Graduando(a) em Direito pela Universidade Tiradentes - UNIT. E-mail (institucional preferencialmente):


nadyele.neves@souunit.com.br
1-INTRODUÇÃO
O presente artigo tem como objetivo a análise acerca das fakes news, que são consideradas um
fenômeno da era das novas tecnologias de informação e comunicação (NTIC), consistindo na propagação
de notícias falsas de forma rápida e que possuem o intuito de prejudicar um grupo ou uma pessoa em
específico, provocando assim inúmeras controvérsias e reflexões sobre o respectivo tema. (ALVES;
MACIEL, 2020)
Por meio de uma pesquisa bibliográfica, foi possível identificar os efeitos atribuídos às fake news, bem
com avaliar suas consequências na política, a responsabilidade civil de quem propaga, expondo a
necessidade de garantir que as medidas adotadas contra essas notícias falsas não afetem a liberdade de
expressão e o direito à informação.
Desta forma, trouxe inicialmente uma análise sobre o tema e seu impacto na sociedade e, em seguida,
uma pesquisa acerca do Projeto de lei das fakes news (PL 2630/2020), bem como um estudo detalhado
acerca da violação do direito fundamental da liberdade de expressão vinculados a essa prática de
propagação de notícias falsas, respondendo assim a seguinte questão: o Projeto de lei das fake news viola
o direito à liberdade de expressão?
Desde que a internet surgiu, abriu as portas para novos desenvolvimentos tecnológicos, transformando
assim o modo como vivemos e nos relacionamos, de forma que contribuiu para a relação entre os
indivíduos da sociedade. Inicialmente, o seu principal objetivo era a troca de informações (SOUZA, 2020).

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No entanto, acabou se tornando um espaço que facilitou a divulgação de notícias falsas, justamente por
ser um ambiente mais livre de comunicação, sem tanta regulamentação.
Com aproximadamente 7,6 bilhões de pessoas no mundo, em torno de 4 bilhões têm acesso à internet e
2,9 bilhões são usuárias de redes sociais. Uma pesquisa feita pela Poynter Institute, em 2022, revela que
quatro em cada dez brasileiros afirmam receber fake news diariamente e apontou ainda que mais da
metade dos entrevistados, provenientes de diferentes países, acreditam receber informações enganosas
online toda semana. Além disso, o Brasil é o país em que mais pessoas acreditam em fake news, segundo
informações extraídas no portal do Tribunal de Justiça do Estado do Paraná sobre o perigo da fake news,
um estudo divulgado pelo Instituto Mundial de Pesquisa (IPSO, 2018), mostrou que no Brasil 62% dos
entrevistados admitiram já ter acreditado em notícias falsas, mesmo sem verificar a veracidade da
informação ou mesmo a sua origem, sendo este um número acima da média mundial, que é de 48%.
As fake news se destacam principalmente na área política, onde tem-se percebido que parte da sociedade
vem tendo dificuldade para saber o que é verdade ou é uma notícia falsa, principalmente em ano eleitoral
, onde governos autoritários se utilizam desse artifício para obter aprovação popular, por meio de um
discurso e aparência mentirosa de um governo democrático, causando um dano nocivo ao direito da
liberdade, da informação e aos direitos humanos, uma vez que o acesso à informação correta é um direito
dos cidadãos e é fundamental para fazer as escolhas políticas. Ademais, o anonimato proporcionado no
ambiente da internet intensifica a violência e o discurso de ódio através das fake news. (MACHADO, 2021)
Além disso, a indústria das fake news também impacta na inserção das mulheres na política. De acordo
com a Plan International, 87% das meninas e jovens mulheres sofrem efeitos negativos de fake news. O
Instituto Política de Saia, em parceria com o Projeto Justiceiras, em sua pesquisa com mais de 1.190
mulheres, verificou que mais de 51% das entrevistadas passaram por situações de violência ou
discriminação, na qualidade de eleitoras ou no exercício do seu mandato.
É nesse cenário caótico que surge o Projeto de Lei 2630/2020, apelidado como ?PL das fake news?,
inspirado na legislação alemã e apresentado pelo senador Alessandro Vieira com a justificativa de
combater as fakes news. Porém, existem alguns pontos contraditórios neste projeto, no qual organizações
e movimentos da sociedade civil afirmam que podem afetar a privacidade e a liberdade de expressão dos
usuários da internet.
Portanto, visando compreender os efeitos das notícias falsas na política do século XXI, tem-se aqui como
estudo o entendimento do projeto de lei das fake news, bem como do direito fundamental liberdade de
expressão. Este trabalho de conclusão de curso está dividido em três capítulos. A primeira seção passa
por uma análise do conceito e efeitos da fake news, bem como o estudo da responsabilidade civil de quem
propaga. A segunda pretende discorrer sobre a liberdade de expressão. E a terceira trata-se de um
estudo de um caso que permeia nossa realidade, onde será analisado o projeto de lei das fake news e a
liberdade de expressão.

2 - FAKE NEWS: UM FENÔMENO DA ERA DIGITAL


Fake News são notícias falsas com um grande poder viral, publicadas em redes sociais como se fossem
informações reais, tendo o objetivo de propagar um ponto de vista ou prejudicar uma pessoa ou grupo
(geralmente figuras públicas) (CAMPOS, 2018).
O termo Fake News ganhou força mundialmente em 2016, com a corrida presidencial dos Estados Unidos
, onde organizações empregavam jovens para produzir e espalhar informações falsas sobre candidatos e
empresas dos Estados Unidos. Porém apesar do recente uso do termo Fake News, ela sempre esteve
presente ao longo da história, o que mudou foi a nomenclatura, o meio utilizado para divulgação e o

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potencial de persuasão que o material falso adquiriu nos últimos anos (DOURADO,2020, p.2). Segundo o
historiador Robert Darnton, em entrevista concedida ao jornal Folha de São Paulo, existem ao menos
desde o século VI (VICTOR, 2017).
Segundo a linha de pensamento de Chen, Conroy e Rubin (2015, p.19), a produção e veiculação de Fake
News constituem um verdadeiro mercado, no qual é alimentado por pessoas de grande influência,
geralmente políticos em campanha eleitoral, onde contratam equipes especializadas nesse tipo de
conteúdo viral e produtores desse conteúdo falso compram ilegalmente endereços de e-mail e números
de telefone celular de milhões de pessoas para ?disparar? essas notícias, e ainda existe a preferência por
contatos de líderes religiosos ou de movimentos políticos, já que eles repassam aos seus seguidores e
pedem que a informação seja compartilhada e para legitimar as Fake News, as páginas que produzem e
divulgam esse tipo de informação costumam misturar as publicações falsas com a reprodução de notícias
verdadeiras de fontes confiáveis e ainda utilizam montagens em vídeos e imagens, tendo em vista que os
usuários da internet são muito visuais, por isso, uma foto manipulada ou fora de contexto pode ser
facilmente divulgada como verdadeira.
Chiara Spadaccini de Teffé e Carlos Affonso Pereira de Souza (2019, p. 542) esclarecem sobre a
propagação de Fake News, que:

A divulgação de informações falsas ou distorcidas não é um problema novo, mas a disseminação em


massa desse conteúdo através da Internet e seu impacto na política vêm chamando atenção. Após 2016,
com as diversas notícias falsas divulgadas durante as eleições norte-americanas e as discussões sobre o
referendo que decidiu pela saída da Grã-Bretanha da União Europeia, verificou-se a emergência de se
entender o que seriam as chamadas fake news e como elas poderiam ser combatidas sem se prejudicar
as liberdades fundamentais e a diversidade de opiniões.
Segundo levantamento feito pela Folha de São Paulo, em 2018, as páginas de Fake News têm maior
participação dos usuários de redes sociais do que as de conteúdo jornalístico real. De 2017 a 2018, os
veículos de comunicação tradicionais apresentaram queda de 17% em seu engajamento, enquanto os
propagadores de fake news tiveram um aumento de 61%. (CAMPOS, 2018)
A propagação de informações falsas, fotos, vídeos manipulados e publicações duvidosas são atos
perigosos que causam efeitos negativos que podem ocasionar o linchamento de inocente, o aumento de
questões de saúde pública, como a propagação de movimentos de antivacinação, o aumento da
homofobia, xenofobia, violência e do preconceito racial.
No Brasil, um dos exemplos mais críticos sobre a seriedade da propagação de fake news foi o
episódio envolvendo a brasileira Fabiane de Jesus, onde em 2014 teve sua foto divulgada em redes
sociais, de forma equivocada, como sendo a de uma criminosa que raptava crianças, levando-a a um
linchamento coletivo na cidade de Guarujá e até hoje a família da vítima luta para que os danos sejam
minimamente reparados (UOL NOTÍCIAS, 2018).

2.1 - Fake News na política


A eleição presidencial de 2018 no Brasil ficou marcada com uma das disputas políticas mais conturbadas
desde o processo de redemocratização. Entre os componentes desse ineditismo esteve a disseminação
em rede de notícias falsas direcionadas ao eleitorado, atrapalhando de alguma forma o exercício do voto.
De acordo com levantamento divulgado pelo Instituto IDEIA Big Data, mais de dois terços dos eleitores
afirmaram ter recebido fake news pelo WhatsApp durante a campanha presidencial de 2018 e segundo
levantamento divulgado pelo Instituto de Pesquisa Avaaz, 98,21% dos eleitores do então candidato Jair

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Bolsonaro (PSL) tiveram contato com notícias falsas durante a disputa e 89,77% deles acreditaram que
tais notícias eram verdadeiras (PASQUINI, 2018).
Dessa maneira, inúmeras pessoas, firmaram o seu voto, baseadas em histórias, dados e alterações falsas
, distorcidas e sem qualquer comprovação, com a finalidade de tumultuar o processo eleitoral, podendo
trazer consequências para o futuro do país, uma vez que, pessoas desinformadas, tomam más decisões.
Deste modo, a legitima informação é excepcional no que se refere à tomada de decisões.
Apesar de serem prejudiciais, geralmente não é fácil descobrir uma notícia falsa. De acordo com Quirós,
em meio ao cenário atual do jornalismo estão as fakes news difundidas nas redes sociais, na qual
antigamente pudessem ser chamadas de rumores, sátiras e propagandas, tendo um forte impacto pela
grande divulgação e por encontrarem receptores aptos a aceitarem sem contestar a informação. Estas
notícias falsas ganham credibilidade e força dependendo daqueles que as propagam e sua influência na
rede (QUIROS, 2017, p.37).
As notícias falsas rapidamente se espalham, tendo em vista que costumam ser emocionalmente atraentes
ou reforçam algum ideal político que ajudam alimentar crenças e por isto são amplamente compartilhadas
e comentadas antes mesmo que os usuários chequem as devidas fontes da informação. Portanto, quem
acreditava que a notícia era verdadeira passou a cooperar com a disseminação da mesma. Para
disseminar as fakes news, o processo é corriqueiro e na maioria das situações, utiliza-se um grupo de
usuários que tenham o mesmo pensamento ideológico, para reforçar a corrente da opinião pré- existente.
De acordo com Martinez, o Estado tende a se preocupar cada vez mais com o controle e a veiculação de
notícias falsas, tendo em vista que o detentor da informação (especialmente dados sigilosos) poderá
manipular a opinião pública, inclusive em relação a assuntos políticos e estratégicos da maior
complexidade e relevância. Ampliando assim, portanto, a preocupação não só dos governantes, mas,
também, dos próprios governados, em relação à disseminação de informações falsas sobre fatos e
personalidades públicas relacionados ao universo político, social e econômico, de modo a influenciar
negativamente a opinião pública. Ressalta-se também que as informações falsas têm por objetivo
desvirtuar a verdade das informações repassadas e em grande maioria, sem que se saiba a origem do
financiamento de tais notícias. Há apontamentos de ocorrência de fake news na política nacional a partir
de 2010; bem como é de conhecimento público a possibilidade de manipulação das eleições de Donald
Trump, nos EUA. (MARTINEZ; NASCIMENTO JUNIOR, 2018).
Neste contexto, especialmente no Brasil, grupos de diferentes ideologias políticas começaram a espalhar
fake news para desacreditar os representantes políticos ou candidatos, um exemplo disso foi as eleições
do ano de 2018, no qual a pesquisadora Tatiana Dourado mostrou que em outubro no segundo turno de
2018, as fakes news refletiram a disputa eleitoral acirrada entre Fernando Haddad e Jair Bolsonaro e que
ela registrou a circulação de 346 fake news nesse período. Portanto, uma estratégia de manipulação da
informação foi formulada para dar ao eleitor um determinado status ideológico, ou seja, para influenciar o
campo político. (DOURADO, 2020, p. 131).
Dessa maneira, os eleitores de partidos ou candidatos precisam ter consciência antes de compartilhar as
informações, uma vez que, as notícias falsas afetam a capacidade das pessoas de fazerem um voto
consciente e embasado com informações verdadeiras.

2.2 - Responsabilidade Civil de quem propaga


As Fakes News em decorrência da transformação do acesso aos meios de comunicação, ganham a cada
dia uma propagação maior, sendo sustentadas pela grande demanda de informações. Assim, de forma
maliciosa, as informações inverídicas e sensacionalistas são inseridas nas redes sociais, para que sejam

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compartilhadas e difundidas entre todos os usuários.


Surgindo assim o debate sobre a responsabilidade civil de quem propaga, na qual faz parte do Direito
obrigacional, tendo previsão no Código Civil de 2002 em seu artigo 186, estando associada a
compreensão de que não se deve prejudicar o outro ou estimular a prática de condutas danosas que
afetam os interesses de outrem, assim, todo aquele que violar e causar dano a outro individuo comete ato
ilícito e fica obrigado a reparar, assim, caso o impacto e constrangimento do ofendido gerado pela notícia
falsa extrapole os limites, em seu meio social, resta comprovado o ato ilícito praticado, obrigando-se o
ofensor a corrigir os danos causados nos termos da lei.
Para Cristiano Chaves, Felipe Braga e Nelson Rosenvald, a definição de responsabilidade civil em seu
sentido clássico consiste na obrigação de reparar danos que infringimos por nossa culpa e em certos
casos determinados pela lei. (FARIAS; ROSENVALD; NETTO, 2020, p. 34).
Apesar da dificuldade de localizar o verdadeiro propagador da "Fake News", o ordenamento jurídico
ampara o usuário para obtenção das informações pessoais do ofensor através de rastreamento dos dados
do cadastro realizado nas redes sociais, tornando possível a sua identificação e responsabilização pelo
ato ilícito. Sendo assim, ao estabelecer uma conexão com a internet, cada computador, deixa na rede uma
espécie de impressão digital, chamada de IP (protocolo de internet) que seria um número de identidade
exclusivo que lhe permite ser identificado, de acordo com artigo escrito pela advogada Carolina Ferraz de
Moraes (MORAES, 2019).
Com isso, o Marco Civil da Internet (Lei 12.965/2014) estabelece em seus artigos 22 e 13 que cabe ao
administrador do sistema autônomo (provedores de internet) o dever de manterem os registros de conexão
dos seus usuários pelo prazo de 01 ano, devendo exibi-los, mediante indispensável ordem judicial, à
autoridade policial, administrativa, ao Ministério Público ou ao interessado.
Logo, o prejudicado, para identificar de onde partiram as ofensas, pode reivindicar, mediante Ação Judicial
, que a rede social informe o protocolo de internet do computador do qual fora publicado o conteúdo
ofensivo, bem como os registros e dados inerentes ao perfil que o publicou. Conforme caso descrito
abaixo, no qual a requerente propôs uma Ação Cautelar de Exibição de Documentos para obter o
fornecimento do protocolo de internet (IP) juntamente com informações e horários acerca dos logins e
logouts de uma conta falsa na rede social de propriedade da requerida, e demais informações que foram
utilizadas para criação do perfil do usuário e obteve decisão favorável pelo Desembargador Arnaldo Maciel
.

O Tribunal de Justiça de Minas Gerais, inclusive, possuindo entendimento firme no sentido de que ?o
fornecimento do Internet Protocolo (IP), juntamente com horários e informações acerca dos logins e
logouts da conta falsa na rede social de propriedade da requerida, e demais informações fornecidas para
criação do perfil do usuário, constituem medidas adequadas? (TJMG. Agravo de Instrumento nº 0460795-
79.2014.8.13.0000, Rel. Des. Arnaldo Maciel. Publ.: 10/10/2014).

[2: EMENTA: AGRAVO DE INSTRUMENTO - AÇÃO CAUTELAR DE EXIBIÇÃO DE DOCUMENTOS -


PEDIDO LIMINAR - REQUERIMENTO DE DOCUMENTOS FORA DO ALCANCE DA PARTE
REQUERIDA - IMPOSSIBILIDADE DE EXIBIÇÃO - DECISÃO REFORMADA. Não é possível imputar à
requerida apresentar informações que estejam fora de seu alcance e em desacordo com a razoabilidade.
O fornecimento do Internet Protocol (IP), juntamente com horários e informações acerca dos logins e
logouts da conta falsa na rede social de propriedade da requerida, e demais informações fornecidas para
criação do perfil do usuário, constituem medidas adequadas, eis que não há como imputar à requerida o

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fornecimento de elementos adicionais que não constam da sua base de dados.

]
Tais requerimentos, podem ser formulados mediante eventual Ação de Reparação de Danos, através do
requerimento de Exibição de Documentos previsto pelo artigo 396 do Código de Processo Civil ou podem
ser formulados através do ajuizamento de Ação Judicial específica contra o provedor e/ou rede social,
exclusivamente para esse fim.
Assim, a divulgação de Fake News não é apenas responsabilidade daquele que a criou, mas também
daquele que a propagou sem verificar a veracidade daquilo que divulga. Os principais Tribunais do país
têm entendido que o usuário da rede social, ao compartilhar ou republicar conteúdo de terceiros em seu
próprio perfil, acaba por responsabilizar-se pelas informações veiculadas.
Inclusive, em julgado do Tribunal de Justiça de São Paulo entendeu ?que há responsabilidade dos que
repassam as mensagens e dos que nelas opinam de forma ofensiva, devendo ser encarado o uso deste
meio de comunicação com mais seriedade e cautela e não com o caráter informal? (TJSP. Apelação Cível
nº 4000515-21.2013.8.26.0451, Rel. Des. Neves Amorim. Julg.: 26/11/2013). Nestes termos, o cidadão
possui o dever de checar a fonte e o conteúdo de tudo aquilo que transmite, sob pena de ser
responsabilizado.
Por fim, o intuito da responsabilidade civil é restabelecer o equilíbrio patrimonial ou moral que foi violado,
certificando aprazibilidade a sociedade, uma vez que, o dano não reparado motiva a inquietação social.
Por isso, atualmente, busca-se uma aplicação mais ampla ao dever de indenizar com o intuito de não
sobejar danos não reparados.

3 ? DO DIREITO FUNDAMENTAL À LIBERDADE DE EXPRESSÃO


Liberdade de Expressão é o direito que permite a manifestação livremente dos pensamentos sem medo de
represálias, de adquirir e exportar informações por diversos meios, de forma independente e sem censura
, ou seja, ela significa o direito de exteriorizar a opinião pessoal ou de um grupo, sempre com respeito e
respaldada pela veracidade de informações. Para Samantha Ribeiro liberdade é condição necessária ao
pleno desenvolvimento da natureza humana assim como à integridade e dignidade do indivíduo?. (MEYER
- PFLUG, 2009, p. 27).

Recebe o nome de liberdade de expressão a garantia assegurada a qualquer indivíduo de se manifestar,


buscar e receber ideias e informações de todos os tipos, com ou sem a intervenção de terceiros, por meio
de linguagens oral, escrita, artística ou qualquer outro meio de comunicação. O princípio da liberdade de
expressão deve ser protegido pela constituição de uma democracia, impedindo os ramos legislativo e
executivo o governo de impor a censura. (SANTIAGO, 2015).

Segundo Rafael Pereira da Silva, a liberdade de expressão começou a ser reconhecida como um
direito inalienável, somente no século XVIII, com o advento do Iluminismo, onde vários filósofos defendeu
a liberdade de expressão, estando entre eles John Stuart Mill, no qual acreditava que essa liberdade seria
a única forma de assegurar a vitalidade da verdade. Além disso, a Declaração dos Direitos do Homem e
do Cidadão de 1789, na França, e a primeira Emenda da Constituição dos Estados Unidos, em 1791,
também foram marcos importante nessa conquista. (MENDES, 2022)
Com a redemocratização do país e a promulgação da Constituição Federal de 1988, houve um
importante avanço, no qual a Constituição passou a garantir a liberdade de manifestação do pensamento,

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vedando a censura prévia e estabelecendo que a responsabilidade pelos abusos cometidos no exercício
da liberdade de expressão é posterior à manifestação. Além disso, a Declaração Universal dos Direitos
Humanos em seu artigo 19 contempla o direito à liberdade de expressão, considerando que a mesma seja
uma peça fundamental da democracia e garante que Todo o indivíduo tem direito à liberdade de opinião e
de expressão, sendo um direito que implica a liberdade de manter as suas próprias opiniões sem
interferência e de procurar, receber e difundir informações e ideias por qualquer meio de expressão
independentemente das fronteiras. (ONU, 1948).
Após a Segunda Guerra Mundial, notadamente com a Declaração Universal dos Direitos Humanos, de
1948, passou-se a reconhecer aqueles direitos como um patamar mínimo a ser observado por todos os
Estados na organização do poder e nas suas relações com seus cidadãos. (BARROSO, 2022, P.241).

Essa Declaração foi adotada pela Organização das Nações Unidas após a Segunda Guerra Mundial, com
o objetivo de estabelecer parâmetros mínimos de direitos a serem observados pelos Estados democráticos
signatários.

1.1 ? Liberdade de Expressão no plano Constitucional

Para Gustavo Gonet Branco (2020), entre os diferentes direitos expressos na Constituição, a liberdade de
expressão constitui direito especialmente fundamental, uma vez que sua garantia é essencial para a
dignidade do indivíduo e para a estrutura democrática da nossa sociedade.
Primeiramente, no âmbito da dignidade humana, a necessidade de ser assegurada a liberdade de
expressão está relacionada a dignidade da pessoa humana, tendo em vista que não há vida digna sem
que o sujeito possa expressar seus desejos e convicções. Viver dignamente pressupõe a liberdade de
escolhas existenciais que são vividas e expressadas.
No que diz respeito à democracia, a liberdade de expressão é direito fundamental diretamente
relacionado à garantia de voz aos cidadãos na manifestação de suas várias correntes políticas e
ideológicas, tal liberdade é imprescindível para aqueles que desejem manifestar-se na esfera pública, sem
que sejam reprimidos por isso. Contudo, a liberdade de expressão também cria um dilema quando se trata
de lidar com discursos de ódio, intolerância e propagação de ideologias que visam destruir a própria
sociedade democrática.

É o que Montesquieu denomina de "liberdade dentro da lei?, ou seja: É preciso ter presente o que é
independência e o que é liberdade. A liberdade e o direito de fazer tudo o que as leis permitem. Se um
cidadão pudesse fazer o que elas proíbem, ela já não teria liberdade. pois os outros teriam igualmente
esse poder. (MEYER-PFLUG, 2009, p. 30).

De acordo com a teoria dos direitos fundamentais de Robert Alexy (2001), o direito de liberdade de
expressão ? assim como os demais direitos fundamentais ? deve ser entendido como princípio
constitucional, norteador da hermenêutica jurídica. Segundo Alexy (2001, p. 112), os direitos fundamentais
têm o caráter de princípios e, nessa condição, eventualmente colidem uns com os outros, sendo
necessária uma solução ponderada em favor de um deles.
Assim os direitos fundamentais podem ser entendidos como valores morais compartilhados por uma
comunidade em dado momento e lugar, que migram do plano ético para o jurídico quando se materializam
em princípios abrangidos pela Constituição (BARROSO, 2008, p. 352).

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?quando os juristas raciocinam ou debatem a respeito de direitos e obrigações jurídicos, particularmente


naqueles casos difíceis nos quais nossos problemas com esses conceitos parecem mais agudos, eles
recorrem a padrões que não funcionam como regras, mas operam diferentemente, como princípios,
políticas e outros tipos de padrões.? (Ronald Dworkin, 2007, p.36).

A liberdade de expressão está assegurada na Constituição Federal de 1988, em seu artigo 5º, IV,
IX e 220º. Ela é apresentada como um direito fundamental que garante a todos os cidadãos o livre
exercício da manifestação do pensamento em sociedades democráticas, que permite a expressão de
opiniões, idéias e crenças sem censura ou repressão, ela também abrange o direito de buscar, receber e
compartilhar informações e ideias por meio da escrita, da fala, da imprensa, da arte ou de qualquer outra
fonte de comunicação.
O artigo 5º IV e IX estabelece que seja livre a expressão do pensamento por meio da atividade intelectual
, artística, científica e de comunicação, independentemente de censura ou licença, sendo vedado o
anonimato do autor. Porém, embora a liberdade de expressão seja garantida, esse direito não é absoluto.
O mesmo artigo em seu inciso X determina que a liberdade de expressão seja limitada quando ocorre a
violação da intimidade, da honra, da vida privada e da imagem de outras pessoas. Por isso, em casos de
violação ao direito de outrem é assegurado o direito à indenização pelo dano moral ou material decorrente
do abuso de liberdade de expressão.
E posteriormente, o artigo 220º da Constituição Federal de 1988, que trata dos meios de comunicação
social, ainda estabelece que seja vedada qualquer censura de cunho político, ideológico e artístico aos
meios de comunicação social, e a publicação de veículo impresso de comunicação não depende de
licença de autoridade. No entanto, é importante ressaltar que, apesar de a Constituição Brasileira
assegurar a liberdade de expressão, a interpretação e a aplicação dos seus artigos podem variar ao longo
do tempo, em resposta às mudanças na sociedade. Diante do impacto das tecnologias de informação, a
legislação brasileira está em constante transformação para enfrentar os novos desafios apresentados,
sobretudo pela disseminação nas redes sociais do discurso de ódio, do assédio on-line, da desinformação
e de notícias falsas.
A liberdade de expressão é um direito fundamental que engloba outros direitos conexos, como a liberdade
da manifestação do pensamento (Art. 5°, IV, CRFB/88); o direito de resposta (Art. 5°, V, CRFB/88); de
consciência e de crença (Art. 5°, VI, CRFB/88); a liberdade de expressão da atividade intelectual, artística,
científica e de comunicação (Art. 5°, IX, CRFB/88), porém a mesma não é absoluta - até porque nenhum
direito fundamental é. Por isso, o indivíduo deve observar o seu limite ao praticá-la. (BRASIL, 1988).
Nesse sentido, existem várias possibilidades de desempenhá-la, porém, somente será considerado lícito
o seu exercício quando houver respeito aos direitos fundamentais dos demais indivíduos, no caso de um
indivíduo que posta em uma rede social um comentário ofendendo alguém, um grupo de pessoas ou
espalhando fake news ele não está amparado pelo direito à liberdade de expressão, pelo fato de estar
prejudicando outros direitos fundamentais de outrem.
Segundo Maia (2015, p.184), não se pode admitir nenhum direito ou valor juridicamente protegido de
modo absoluto, sem limite ou mesmo sem nenhum tipo de exceção, mesmo sendo muito importante, à
liberdade de expressão poderá ceder perante outros direitos. A própria Convenção Americana sobre
Direitos Humanos, na complementação do seu artigo 13.1, ressalta que o exercício do direito previsto no
inciso precedente não pode estar sujeito à censura prévia, mas a responsabilidades ulteriores, que devem
ser expressamente fixadas pela lei a ser necessária para assegurar o respeito aos direitos ou à reputação
das demais pessoas ou a proteção da segurança nacional, da ordem pública, ou da saúde ou da moral

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pública.
No ordenamento jurídico brasileiro, existem diversos princípios e normas garantidos na Constituição
Federal, os aplicando diversas formas de proteção. Porém destes princípios e normas surgem colisões
quando se trata da aplicação destes, pois estes podem ter diretrizes em direções opostas. Segundo
Barroso (2004, p.4):
Princípios e direitos previstos na Constituição entram muitas vezes em linha de colisão, por abrigarem
valores contrapostos e igualmente relevantes. Como por exemplo: livre iniciativa e proteção do consumidor
, direito de propriedade e função social da propriedade, segurança pública e liberdades individuais, direitos
da personalidade e liberdade de expressão. O que caracteriza esse tipo de situação jurídica é a ausência
de uma solução em tese para o conflito. Fornecida abstratamente pelas normas aplicáveis.
Quando houver a solução da colisão, devido aos sentidos opostos de interesses desses direitos, um deles
poderá sofrer limitação, devido a prevalência do outro. De acordo com Marmelstein (2013, p.361),
qualquer solução a ser adotada em um conflito assim resultará na restrição de um dos dois valores.
Nos tempos atuais, o uso das redes sociais é muito importante porque tudo está embutido na internet onde
as pessoas buscam e encontram informações sobre todos os temas. Assim, uma rede social pode ser
imaginada como um conjunto de relações interpessoais em que as pessoas compartilham interesses
pessoais e coletivos e põe em prática o seu direito à liberdade de expressão. De forma geral, pode-se
dizer que o homem é um ser que se expressa muito e que tem a necessidade de participar das decisões
da sociedade. Porém para alcançar a democracia é necessário por limites nesse direito de expressão e foi
nessa tentativa que surgiu o PL 2630/2020 que será analisado na próxima seção.

4 ? PROJETO DE LEI DE COMBATE AS FAKE NEWS (PL 2630/2020)


A divulgação de Fake News se tornou uma prática muito comum e perigosa, uma vez que gera incertezas
e desconfianças ao público ouvinte, dificultando assim a busca pela verdade, constituindo-se uma ameaça
à democracia, na medida em que, o acesso à informação é um direito de todos os cidadãos, sendo
necessário combatê-las.
De acordo com Leticia Albuquerque, atualmente, existem algumas agências que são especializadas em
averiguar boatos e a veracidade das notícias consideradas suspeitas, elas são chamadas de fact-checking
. E alguns portais também abriram setores para fazerem a apuração dessas informações. Entretanto, as
averiguações feitas por essas agências não são suficientes para acabar com a proliferação das Fake
News, considerando que a checagem só acontece depois que a informação é publicada e, nesse meio
tempo, diversas pessoas são prejudicadas. (ALBUQUERQUE, 2020).
[3: Algumas agências especializadas em averiguar boatos e a veracidade de notícias consideradas
suspeitas: 1.Aos fatos: Ela acredita no jornalismo independente e conta com o financiamento de
apoiadores, como em um crowdfunding. A escolha dos conteúdos a serem checados divide-se entre uma
informação vinda de uma autoridade pública ou com alto engajamento nas redes sociais. Depois de
encontrarem a origem da informação, os jornalistas da equipe consultam fontes que podem estar
envolvidas.2.Fato ou Fake: Trata-se de um serviço de checagem oferecido pelo grupo Globo, que apura
notícias que estão sendo muito compartilhadas nas redes sociais. 3.FactCheck: Fundado em 2003, é
focado em entregar notícias verdadeiras sobre a política norte-americana.Disponível em: https://www.cnj
.jus.br/programas-e-acoes/painel-de-checagem-de-fake-news/onde-checar/]
A partir da necessidade de uma norma que regulamentasse a proliferação de notícias falsas, foi que o
Senador Alessandro Vieira, apresentou o projeto de Lei 2630/20 que institui a Lei Brasileira de Liberdade,
Responsabilidade e Transparência na Internet, criando diversas medidas para combater as proliferações

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das Fake News nas redes sociais.


A Lei pretende aplicar um programa de boas práticas com base em ?medidas adequadas e proporcionais
no combate ao comportamento inautêntico e na transparência sobre conteúdos pagos?. Sendo assim, o
texto estabelece alguns princípios, estando entre eles a liberdade de expressão e de imprensa, a garantia
dos direitos de personalidade, da dignidade, da honra e da privacidade do indivíduo, o respeito ao usuário
em sua livre formação de preferências políticas e de uma visão de mundo pessoal, a responsabilidade
compartilhada pela preservação de uma esfera pública livre, plural, diversa e democrática, a garantia da
confiabilidade e da integridade dos sistemas informacionais, a promoção do acesso ao conhecimento na
condução dos assuntos de interesse público, acesso amplo e universal aos meios de comunicação e à
informação, a proteção dos consumidores, e a transparência nas regras para veiculação de anúncios e
conteúdos pagos, estando garantidos no artigo 3° do respectivo Projeto de Lei.
No entanto, existem alguns pontos contraditórios neste projeto, no qual organizações e movimentos da
sociedade civil afirmam que podem afetar a privacidade e a liberdade de expressão dos usuários da
internet.
Estando os principais nos artigos 10º e 12º da PL 2630. No qual o 10º autoriza que sejam guardados
obrigatoriamente pela administração das plataformas os dados dos usuários que participem das cadeias
de compartilhamento de conteúdo, onde esses usuários podem ser jornalistas, pesquisadores,
parlamentares ou qualquer cidadão que, eventualmente, repasse postagens muito compartilhadas nas
redes, sendo todas as mensagens que tiverem um compartilhamento significativo nos aplicativos sujeitas a
serem consideradas suspeitas e rastreadas, sem que se tenha um indício de ilegalidade. O projeto sugere
que seja possível identificar: quem originou o conteúdo que se tornou viral e por onde o conteúdo
identificado circulou.
Posto isso, a Coalizão Direitos em Rede apontou que é uma grave violação ao princípio da presunção de
inocência e que pode impactar no exercício da liberdade de expressão e comunicação nos aplicativos.
Tendo em vista que segundo a redação do dispositivo, apenas as mensagens que fossem encaminhadas
por mais de 5 (cinco) usuários e que, dentro de um intervalo de 15 (quinze) dias, alcançarem um total de
1.000 (mil) usuários devem ter seus registros mantidos pelas empresas por um prazo de até 3 (três)
meses. O acesso aos registros ocorreria somente com ?o objetivo de responsabilização pelo
encaminhamento em massa de conteúdo ilícito?, mediante ordem judicial, visando constituir prova em
investigação criminal ou instrução processual penal (GONDIM, 2020).
No entanto, há uma dificuldade de definir objetivamente a distinção entre o que é apenas uma informação
equivocada e o que é uma informação propagada com má-fé, sendo impossível ter uma resolução de
modo preciso e isso pode acabar ferindo princípios constitucionais, estando entre eles o Direito a liberdade
de expressão.
E o artigo 12º determina, no parágrafo 6º, que as pessoas que se sentirem ?ofendidas?, por algum
conteúdo postado por um perfil ou página nas redes sociais, devem pedir para as plataformas o direito de
resposta. Essa figura do ofendido aparece no PL 2630 apenas neste trecho, portanto, não fica clara a sua
definição. Além disso, o direito de resposta, que é constitucional, deve ser baseado em decisão judicial. Se
essa for uma ação terceirizada às plataformas, pode ser mais um poder dado a elas.
Sendo assim, as propostas contidas no projeto, mexem com questões subjetivas que podem ser
manobradas de forma equivocada e promover a censura, tendo em vista que o direito à liberdade de
expressão garante que não deve ser feita uma censura prévia, mas sim responsabilidades ulteriores, o
fato do respectivo projeto de lei querer que mensagens encaminhadas tenham seus registros mantidos
pela empresa por três meses é considerada uma censura prévia, tendo em vista que o fato de apenas

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compartilhar uma mensagem não configura um ato ilícito.

5 - CONSIDERAÇÕES FINAIS
De acordo com o exposto, é fato que o direito à liberdade de expressão acompanha a evolução dos meios
de comunicação. Desse modo, os meios digitais corroboram para que opiniões das mais diferentes
vertentes sejam expostas e divulgadas em grande velocidade para um elevado número de pessoas,
ocasionando a concretização da liberdade de expressão na atualidade.
Contudo, deve-se atentar para o fato de que liberdade de expressão não é absoluta e possui seus limites,
esbarrando nos limites da responsabilidade civil, o que atinge a temática da divulgação de notícias falsas,
as chamadas fakes news. Sendo assim, quando as fakes news são propagadas, deve haver a
responsabilização civil pelo dano causado com tal atitude, pois o direito fundamental à liberdade de
expressão não dirime tal ato.
Como fora evidenciado, o poder legislativo brasileiro buscou com afinco tratar da problemática das fake
news, surgindo assim o Projeto de Lei n° 2630/2020, que institui a Lei Brasileira de Liberdade,
Responsabilidade e Transparência na Internet. Entretanto, Como a liberdade de expressão é um dos
pilares da democracia, tentar regular as redes sociais para combater a desinformação advinda de fake
news, como pretende o respectivo Projeto de Lei, sempre envolve riscos, uma vez que ele tenta conter a
disseminação de conteúdo criminoso e envolve a tensão entre a liberdade de expressão assegurada pela
Constituição e a dificuldade de definir objetivamente a distinção entre o que é apenas uma informação
equivocada e o que é uma informação falsa e de má fé. Sendo impossível de ser resolvido de modo
preciso, pois sempre haverá uma dúvida entre essas condutas.
Portanto, é preciso que sejam feitos estudos mais aprofundados em relação ao citado Projeto, para que
assim não haja violação ao direito fundamental a liberdade de expressão, tendo em vista que foi um direito
alcançado através de diversas lutas e revoluções contra governos autoritários e não deve ser fragilizado
ou ignorado por qualquer autoridade ou meios de comunicação e que por fim, com mais estudo se consiga
lidar com a nova realidade causada pela divulgação das Fake News.

5- REFERÊNCIAS
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de Lei no 2.630/2020 / Civil liability as a result of fake news and Bill no. 2630/2020. Brazilian Journal of
Development, v. 8, n. 6, p. 43353?43366, 2 jun. 2022. Acesso em: 05 out. 2023
A LEI E AS REDES SOCIAIS: TIRE SUAS DÚVIDAS SOBRE O ALCANCE DO DIREITO NO MUNDO
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ANTÔNIO, M. et al. [s.l: s.n.]. Disponível em: <https://revista.internetlab.org.br/wp-content/uploads


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Artigo | As fakes news e a disputa política por desinformação. Disponível em: <https://www.brasildefato
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2023.

BARBIERI, J.; BANDEIRA, L.; SOUZA, D. PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE GOIÁS ESCOLA
DE DIREITO E RELAÇÕES INTERNACIONAIS Bacharelado em Direito Trabalho de Conclusão de Curso

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UNIVERSIDADE TIRADENTES ? UNITCURSO DE GRADUAÇÃO EM DIREITOTRABALHO DE


CONCLUSÃO DE CURSO ? ARTIGO CIENTÍFICO

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