Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
https://copyspider.com.br/ Página 1 de 93
Instruções
Este relatório apresenta na próxima página uma tabela na qual cada linha associa o conteúdo do arquivo
de entrada com um documento encontrado na internet (para "Busca em arquivos da internet") ou do
arquivo de entrada com outro arquivo em seu computador (para "Pesquisa em arquivos locais"). A
quantidade de termos comuns representa um fator utilizado no cálculo de Similaridade dos arquivos sendo
comparados. Quanto maior a quantidade de termos comuns, maior a similaridade entre os arquivos. É
importante destacar que o limite de 3% representa uma estatística de semelhança e não um "índice de
plágio". Por exemplo, documentos que citam de forma direta (transcrição) outros documentos, podem ter
uma similaridade maior do que 3% e ainda assim não podem ser caracterizados como plágio. Há sempre a
necessidade do avaliador fazer uma análise para decidir se as semelhanças encontradas caracterizam ou
não o problema de plágio ou mesmo de erro de formatação ou adequação às normas de referências
bibliográficas. Para cada par de arquivos, apresenta-se uma comparação dos termos semelhantes, os
quais aparecem em vermelho.
Veja também:
Analisando o resultado do CopySpider
Qual o percentual aceitável para ser considerado plágio?
=================================================================================
Arquivo 1: Pré projeto PPgmus Versão 1.docx (3471 termos)
Arquivo 2:
https://www.academia.edu/42387489/O_tratamento_da_distonia_tarefa_espec%C3%ADfica_em_m%C3%
BAsicos_aspectos_motores_e_sensoriais_envolvidos_no_processo (2457 termos)
Termos comuns: 32
Similaridade: 0,54%
O texto abaixo é o conteúdo do documento Pré projeto PPgmus Versão 1.docx (3471 termos)
Os termos em vermelho foram encontrados no documento
https://www.academia.edu/42387489/O_tratamento_da_distonia_tarefa_espec%C3%ADfica_em_m%C3%
BAsicos_aspectos_motores_e_sensoriais_envolvidos_no_processo (2457 termos)
=================================================================================
NATAL-RN
2023
NATAL-RN
2023
1 Introdução
De acordo com Jinnah e Albanese (2014), a distonia focal é uma condição caracterizada pela contração
involuntária de um músculo ou parte específica do corpo, resultando em movimentos anormais como
tremores ou posturas irregulares. A disfunção do movimento associada a distonia pode ser desencadeada
por uma atividade específica, que requer precisão e controle motor contínuo, como tocar um instrumento
musical ou escrever.
Diante desse contexto um estudo epidemiológico sobre perfil clínico de músicos brasileiros apresentado na
31ª Conferência Mundial de Educação Musical da ISME em 2014, apresentou protocolos de avaliação
padronizados para reconhecer essa disfunção entre músicos. O estudo concentrou-se em populações de
músicos de orquestras, universidades e centros de ensino musical de seis estados, com um questionário
avaliando o número de músicos que relataram conviver com sintomas da distonia (MOURA et al., 2014
apud MOURA, 2016).
Os músicos foram convidados a gravar áudio e vídeo e realizar as escalas de ansiedade de Hamilton e a
quantificação de distonia de Tubiana. Foram coletados dados de 12 cidades em seis estados brasileiros,
totalizando 1.086 questionários preenchidos com taxas de prevalência de DM em Santa Catarina (1,5%),
Bahia (2,4%), Paraíba (7,5%), Ceará (3,1%), Rio Grande do Norte (3,0%) e São Paulo (1,5%). Portanto, a
prevalência média de músicos brasileiros afetados por distonia é de 2,2%. Os dados parciais de pesquisa
indicavam que a prevalência média no Brasil é semelhante à relatada na literatura internacional, variando
de 1 a 3%, indicando um problema a ser mais investigado (MOURA et al., 2014 apud MOURA, 2016).
A prevalência da doença em músicos é particularmente comum na mão, sendo uma das partes do corpo
que exigem precisão e controle motor para realizar da atividade com instrumento musical (JABUSCH;
ALTENMÜLLER, 2006)
A distonia focal de tarefa especifica é uma condição neurológica que afetam músicos, tendo impacto
significativo na vida profissional, bem como o comprometimento da capacidade de atuar como professores
. Diante desse contexto, estudos científicos têm sido realizados para entender a relação entre a distonia
focal, a performance e a carreira dos músicos (MARSTON, 2011; GONÇALVES, 2012; FERREIRA, 2013;
OLIVEIRA, 2014; ROMERO, 2016)
No entanto, nota-se que há um campo aberto na pesquisa científica sobre o impacto dessa desordem na
carreira pedagógica dos professores de metais. O presente pré-projeto de pesquisa busca explorará o que
acontece com a carreira pedagógica dos professores de metais, em especial trombone, após receberem o
diagnóstico da doença.
Será realizado um estudo qualitativo, baseada em entrevistas e história de vida, com professores afetados
pela desordem, a fim de identificar os desafios enfrentados no campo pedagógico do ensino de música, as
estratégias de saúde e profissionais adotadas no convívio com a distonia, bem como mapear as
transformações na carreira no campo profissional e institucional. Compreender melhor essas questões
podem auxiliar nos processos de retreinamento musical dos professores de metais, bem como fornecer
informações úteis para o desenvolvimento de estratégias de apoio e tratamento possibilitadores da
manutenção da carreira pedagógica, assim como, por vezes, a reinserção no mercado de trabalho.
2 Fundamentação Teórica
2.1 Distonia focal em Músicos profissionais.
A execução de um instrumento de metal requer um intenso trabalho muscular e intelectual para alcançar
uma performance satisfatória no campo profissional. Infelizmente, a falta desse equilíbrio pode levar a
lesões e distúrbios que podem ser irreversíveis, no qual carreiras musicais têm sido limitadas por
problemas de saúde relacionados à performance (OLIVEIRA, 2014).
O diagnóstico é baseado na história clínica, na observação da prática musical do instrumentista, exames
físicos e neurológicos, para detectar a perda gradual da coordenação muscular. Estudos recentes
mostram que os padrões de movimentos anormais incluem tremor na embocadura, movimentos labiais
involuntários e fechamento da mandíbula (FRUCHT, 2009) É interessante notar que a faixa de idade dos
quadros distônicos diagnosticados e estudados demonstram que instrumentistas entre 30-40 anos de
idade, quando já possuem técnica e sonoridade praticamente formadas, são os mais afetados ( OLIVEIRA
, 2014).
O estudo da fisiopatologia da distonia focal em músicos de metais tem sido direcionado para entender as
anormalidades tanto no sistema motor quanto no somatossensorial. Existem vários estudos sobre sua
fisiopatologia, que apontam em diferentes direções. Estes incluem alteração da plasticidade neuronal
apresentada pelo músico distônico, modificando a representação cortical de diferentes partes do corpo, e
uma diminuição no mecanismo de inervação recíproca, que controla o movimento das articulações por
grupos musculares sinérgicos/agonistas que realizam a ação e através do desligamento de outros feixes
de músculos realizados pelos grupos antagonistas permitindo assim que a ação ocorra (MOURA, 2016).
Em músicos, este distúrbio pode acontecer como distonia focal de tarefa específica, que se caracteriza por
atingir uma parte específica do corpo durante a prática e performance do instrumento. No caso de
instrumentistas de metais, a terminologia apropriada seria Distonia Focal de Tarefa Específica de
Embocadura (DFTE) ( FERREIRA, 2013; OLIVEIRA, 2014).
A Distonia Focal do músico, tem se tornando frequente entre músicos, sendo uma das causas do
encerramento da carreira profissional e pedagógica de músicos de metais. A DFTE pode ser causada por
uma prática incorreta e excessiva, que pode gerar posturas anormais e incorretas, levando aos distúrbios
da distonia. Pesquisas no campo médico demostram a impossibilidade de cura, porém sendo possível
prevenção e tratamento dos sintomas com a finalidade de manutenção do desempenhando pedagógico e
retreinamento musical (ROMERO, 2016).
Algumas práticas podem ajudar na prevenção e na convivência com a desordem, como horários
razoáveis de prática, economia de técnica, prevenção de sobre uso e dor, prática mental, variações nos
padrões de movimento, motivação, evitar repetições mecânicas e frustração, hábitos saudáveis de vida,
exercícios de aquecimento e relaxamento, exercício físico regular, suficientes descansos e horas de sono
(MARSTON, 2011; GONÇALVES, 2012; FERREIRA, 2013; OLIVEIRA, 2014; ROMERO, 2016).
O tratamento da DFTE em músicos depende de uma abordagem multidisciplinar que inclui uma avaliação
minuciosa da história, função motora e ambiente do indivíduo, que é então utilizada para desenvolver um
plano terapêutico personalizado (MOURA, 2016). Por isso, técnicas de fisioterapia, terapia ocupacional e o
retreinamento pedagógico são possibilidades de lidar com os efeitos da desordem em relação as
atividades musicais. A performance musical, assim como qualquer atividade que exige um alto grau de
refinamento e nuance de movimentos, depende de uma modulação contínua entre aprendizado motor e
programação, que é ativada e modulada por elementos comportamentais dependendo do ambiente
(JABUSCH; ALTENMÜLLER, 2006).
Do ponto neurológico a atividade musical está relacionada ao controle bidirecional do sistema neural é
representado pela modulação do aprendizado através da adaptação e ajuste apropriados das ações em
diferentes tarefas. Essa adaptação surge a partir de informações provenientes da periferia, através de
receptores sensoriais originários de diferentes sensações proprioceptiva, auditiva, visual e físico
musculares. Outros fatores intrínsecos e comportamentais do indivíduo para a atividade musical são:
habilidade técnica; experiências sociais; memórias afetivas e tensões emocionais provenientes da história
de vida dos sujeitos (JABUSCH; ALTENMÜLLER, 2006; MOURA, 2016).
Nesse aspecto, a aprendizagem de novos movimentos e práticas musicais, possibilitam readaptação
sensorial, motora, funcional, topográficas e estruturais no sistema nervoso central. Nesse sentido, o
retreinamento pedagógico leva em conta as essas particularidades de aprendizagem do profissional
afetado, possibilitando um processo de reintegração do portador de DFTE (GONÇALVES, 2012;
FERREIRA, 2013).
Outro aspecto, observado objeto no campo da pesquisa são os sintomas físicos causados por esse
distúrbio. Alguns sintomas singulares incluem descontrole na movimentação muscular, tremores na região
da embocadura, perda da vibração labial, perda da conexão entre sons em legato, tensão excessiva na
articulação provocando uma sensação de que a língua sem coordenação, perdas de ar através de
aberturas nos lábios e tensão facial (MARSTON, 2011; GONÇALVES, 2012; FERREIRA, 2013; OLIVEIRA
, 2014; ROMERO, 2016).
Por fim, a execução de um instrumento de metal requer uma combinação intensa de trabalho muscular e
intelectual, e o desequilíbrio entre esses aspectos pode levar a lesões e distúrbios irreversíveis, como a
Distonia Focal de Tarefa Específica de Embocadura (DFTE). Esta condição pode afetar músicos de metais
, mas pode ser prevenida e tratada com práticas preventivas e de convivência. O tratamento requer uma
abordagem multidisciplinar, incluindo avaliação minuciosa e plano terapêutico personalizado. A
performance musical depende da modulação contínua entre aprendizado motor e programação, ativada e
modulada por elementos comportamentais, dependendo do ambiente.
Embora a causa exata da Distonia Focal de Tarefa Específica não esteja totalmente elucidada no campo
científico, acredita-se que haja a combinação de fatores genéticos e ambientais. O tratamento dessa
condição geralmente envolve uma abordagem multifacetada que inclui fisioterapia, reabilitação e
medicamentos (JABUSCH; ALTENMÜLLER, 2006).
O uso de medicamentos, como a toxina botulínica, pode ser eficaz no tratamento da Distonia Focal de
Tarefa Específica, reduzindo a atividade muscular excessiva e melhorando a coordenação muscular. A
fisioterapia também pode ser útil na melhoria da função muscular e no alívio da dor (JABUSCH;
ALTENMÜLLER, 2006).
Moura (2016) ao abordar sobre o tratamento da DFTE, observou como um processo complexo,
envolvendo o uso de diferentes técnicas, incluindo o retreinamento, reprogramação motora, adequação
ergonômica, modificação de movimentos e posição do instrumento, uso de órteses e luvas, além de
restrição de movimentos indesejados. O processo de reabilitação começa sem o instrumento, evoluindo
para movimentos mais próximos ao desejado no processo psicomotor para a manutenção da capacidade
de manutenção da atividade musical.
Segundo Moura (2016) no processo de avaliação de uma abordagem multifacetada foi possível observar
uma melhoria significativa no controle postural motor e nas respostas dos pacientes com DFTE. Os
músicos apresentaram uma diminuição no tremor, um melhor relaxamento muscular tanto em repouso
quanto durante a prática musical, além de uma maior consciência postural e percepção da tensão
muscular.
Nesse processo de atuação multifatorial, o Retreinamento Sensorial e Motor é uma abordagem terapêutica
cada vez mais utilizada no tratamento da Distonia Focal de Tarefa Específica. Essa abordagem
terapêutica pode ser particularmente eficaz em indivíduos com Distonia Focal de Tarefa Específica, pois
ajuda a melhorar a coordenação muscular específica da tarefa afetada e pode levar a uma melhora
significativa na função e na qualidade de vida do paciente (FRUCHT, 2009)
A abordagem terapêutica de Retreinamento Motor é baseada em exercícios específicos que ajudam a
reprogramar o cérebro e melhorar a coordenação motora. Em indivíduos com Distonia Focal de Tarefa
Específica, a terapia pode se concentrar em exercícios que visam a coordenação e controle muscular
específicos da tarefa afetada, como no caso de músicos de metais (GONÇALVES, 2012).
Por exemplo, um músico de metais que sofre de Distonia Focal de Tarefa Específica pode ser submetido a
exercícios de técnica de respiração e relaxamento muscular, que ajudam a melhorar a coordenação da
2.3 Distonia Focal de Tarefa Específica, Retreinamento e Carreira Pedagógica dos Professores de Metais.
O processo de aprendizagem no campo musical envolve uma série de desafios complexos, indo do
processo da compreensão e apreensão da técnica musical a história do desenvolvimento musical,
passando por processos de expansão da criatividade artística. Assim, o equilíbrio entre os fatores físicos e
psicológicos do músico tem reflexo direto em seu estado biopsicossocial, tendo impacto na sua carreira
profissional.
Nesse sentido, a busca pelo aprimoramento técnico e musical é uma parte essencial da rotina de qualquer
pessoa que deseje aprofundar seus conhecimentos em um instrumento. Durante os estágios iniciais da
formação musical, os discentes não percebem, ou ignoram, os desconfortos que surgem relacionados as
práticas inadequadas, resultando em anos de repetição de movimentos inadequados ergonomicamente,
negligenciando à saúde física e mental (ANDERSON CAMARGOS PEGO; FERREIRA, 2022).
Diante desse processo de aprendizagem, no qual o processo pedagógico tem relevância na manutenção
da saúde do músico e impacto na sua carreira, a Distonia Focal de Tarefa Específica pode afetar músicos
de instrumentos de metais, causando movimentos involuntários e incontroláveis durante a execução
musical.
No Brasil, um trombonista ao relato seu processo de adaptação ao DFTE, encontrou a recuperação por
meio de uma nova forma de conceber o estudo do instrumento, baseado em um processo de
reprogramação, envolvendo uma reeducação sensorial de todo o sistema relacionado ao ato de tocar
trombone. Essa nova pedagogia trata-se da abordagem conceitual, que tem como principal objetivo o
conceito de ouvir o som internamente e reproduzi-lo, sem pensar em qual será o comando utilizado para
que isso aconteça. Essa pedagogia também preza pelo ensino/aprendizagem de forma facilitada, sem
muitos paradigmas (ANDERSON CAMARGOS PEGO; FERREIRA, 2022).
A abordagem conceitual foi propagada pelo músico e professor americano Arnold Jacobs, tubista da
Chicago Symphony Orchestra. Ele usava a ideia de cantar e memorizar o som das diferentes notas
musicais, acreditando que os sons fazem parte do sistema nervoso central do músico. De acordo com
essa abordagem, a questão técnica depende da maneira como se ouve o som internamente ou como o
músico pensa em uma música específica. Por isso, a abordagem conceitual enfatiza a internalização de
todos os aspectos da música, como som, ritmo, tom, dinâmica e estilo, a fim de melhorar as habilidades do
músico (ANDERSON CAMARGOS PEGO; FERREIRA, 2022). Nesse sentido o retreinamento tem
impacto direto na carreira de professores de Metais em Universidades, Escolas e Conservatórios.
Ao observamos a carreira pedagógica dos professores de metais, se tem em destaque que para além de
ensinar técnicas específicas para cada instrumento, os professores de metais também ajudam os alunos a
desenvolver habilidades musicais, como a capacidade de ler partituras, improvisar e trabalhar em equipe
(MARSTON, 2011; ROMERO, 2016)..
A carreira pedagógica dos professores de metais começa com a formação acadêmica. A maioria dos
professores de metais possui um diploma de bacharel em música ou em educação musical. Durante seus
estudos, os futuros professores de metais aprendem técnicas específicas para cada instrumento, bem
como teoria musical e história da música. Alguns professores de metais também obtêm um mestrado em
música ou educação musical, a fim de aprimorar ainda mais suas habilidades e conhecimentos
(MARSTON, 2011; GONÇALVES, 2012; FERREIRA, 2013; OLIVEIRA, 2014; ROMERO, 2016).
Diante desse contexto, os professores de metais com distonia focal de tarefa específica podem ter sua
carreira afetada de várias maneiras. Primeiro, a condição pode levar a um declínio na qualidade de sua
própria prática musical e performance, o que pode afetar sua credibilidade como educador musical. Além
disso, a condição pode tornar mais difícil para o professor transmitir as habilidades técnicas necessárias
para tocar o instrumento de forma adequada, podendo impactar negativamente a qualidade da educação
musical que seus alunos recebem (MARSTON, 2011; GONÇALVES, 2012; FERREIRA, 2013; OLIVEIRA,
2014; ROMERO, 2016). Assim, o retreinamento pode auxiliar a reprogramar o cérebro para executar a
tarefa afetada de forma mais eficiente. O retreinamento pode ser realizado com a ajuda de um terapeuta
especializado em distonia focal de tarefa específica ou através de técnicas de autoterapia, como a prática
consciente e focada (FRUCHT, 2009).
O retreinamento pode ajudar os professores de metais a lidar com a distonia focal de tarefa específica por
meio de técnicas de reeducação sensorial e mudanças na abordagem de tocar o instrumento. Além de
recuperar a habilidade de tocar, o processo de retreinamento também pode ser valioso para o
desenvolvimento profissional desses professores, especialmente em relação à carreira pedagógica (
GONÇALVES, 2012; FERREIRA, 2013; ROMERO, 2016).
A experiência de passar pelo retreinamento pode fornecer aos professores de metais uma visão única
sobre como ajudar seus alunos a superar dificuldades técnicas e emocionais. Eles também podem
aprender novas técnicas de ensino que podem ajudá-los a ensinar a música de uma maneira mais eficaz e
acessível. Afinal, o papel do professor é fundamental para o desenvolvimento dos alunos e o
conhecimento adquirido durante o processo de retreinamento pode ser aplicado diretamente na sala de
aula (MOURA, 2016) .
Além disso, o retreinamento pode ser uma oportunidade para os professores de metais aprimorarem suas
habilidades e ampliarem seus horizontes musicais. Durante o processo de reeducação, os professores
podem aprender novos estilos musicais, técnicas e repertórios, o que pode enriquecer suas aulas e torná-
las mais interessantes e variadas para seus alunos (OLIVEIRA, 2014).
No entanto, é importante ressaltar que o retreinamento deve ser realizado por profissionais especializados
e com experiência em lidar com a distonia focal de tarefa específica. O processo de reeducação sensorial
é complexo e deve ser individualizado para cada caso, levando em consideração o histórico do paciente e
suas necessidades específicas (JABUSCH; ALTENMÜLLER, 2006).
Em resumo, o retreinamento pode ser uma ferramenta valiosa para os professores de metais que sofrem
de distonia focal de tarefa específica, permitindo-lhes recuperar a habilidade de tocar e desenvolver novas
habilidades pedagógicas. Além disso, a experiência de passar pelo processo de retreinamento pode
fornecer novos insights sobre como ajudar os alunos a superar dificuldades musicais e emocionais. É
importante lembrar que o retreinamento deve ser realizado por profissionais especializados e com
3 Justificativa
O Distonia Focal de Tarefa Específica impacto dessa condição na carreira dos professores de metais é
significativo, uma vez que eles precisam tocar seus instrumentos para ensinar e demonstrar técnicas
musicais para seus alunos. Isso pode resultar em uma perda de profissionais, afetando a qualidade do
ensino de música nas instituições públicas e privadas no Brasil.
Por isso, é importante investigar o impacto da distonia focal de tarefa específica na carreira pedagógica
dos professores de metais, bem como as estratégias de retreinamento e readaptação que podem ser
implementadas para permitir que esses professores voltem a tocar seus instrumentos de forma adequada
e recuperem a confiança em suas habilidades musicais.
Essa pesquisa pode fornecer informações assertivas para professores de metais, profissionais da saúde,
escolas de música e organizações que apoiam músicos com distonia focal de tarefa específica. Além disso
, pode contribuir para a criação de programas de apoio e treinamento para músicos que sofrem com essa
condição, ajudando a manter a qualidade da educação musical no Brasil.
4 Objetivos
4.1 Objetivo Geral
5 Metodologia
A metodologia da pesquisa será baseada em pesquisa ação contendo um estudo de caso, a utilização de
pesquisa de campo, entrevistas com professores de metais que já passaram pela experiência de ter
distonia e autorrelato dos participantes. Assim, se buscará avaliar o impacto que a distonia teve na carreira
pedagógica dos professores DFTE, bem como os desafios enfrentados para a reinserção no mercado de
trabalho após o tratamento da condição.
A coleta de dados será feita por meio de entrevistas individuais e semiestruturadas com professores de
metais que já foram diagnosticados com distonia. Além disso, os participantes serão convidados a fazer
um autorrelato sobre sua experiência com a condição e como isso afetou sua vida profissional. A pesquisa
também incluirá a coleta de histórias de vida dos participantes, que serão analisadas para ajudar a
6 Cronograma
Referencial Bibliográfico
CRESWELL, J. W. (2014). Research design: Qualitative, quantitative, and mixed methods approaches.
Sage publications.
JINNAH, Hyder A.; ALBANESE, Alberto. The new classification system for the dystonias: why was it
needed and how was it developed?. Movement disorders clinical practice, v. 1, n. 4, p. 280, 2014.
MARSTON, K. L. Finding the balance: Jan Kagarice, a case study of a master trombone teacher. 2011.
335 f. Tese de Doutorado em Educação ? Columbia University, Nova Iorque, NI-EU, 2011.
OLIVEIRA, E. A distonia focal na embocadura dos instrumentistas do naipe de metais: um estudo de caso
. 2014. 31 f. Dissertação (Mestrado em Musica) ? Universidade Federal de Goiás, Goiânia, 2014.
Disponível em: http://repositorio.bc.ufg.br/tede/handle/tede/4579. Acesso em: 6 Mar. 2023.
ROMERO, H. A. P. Estratégias de estudo de músicos com Distonia focal?: análise de três entrevistas e
auto relato. 2016. 111 f. Dissertação (Mestrado em Musica) ? Universidade Federal do Rio Grande do Sul,
Porto Alegre, 2016. Disponível em: https://lume.ufrgs.br/handle/10183/151418. Acesso em: 6 fev. 2022.
=================================================================================
Arquivo 1: Pré projeto PPgmus Versão 1.docx (3471 termos)
Arquivo 2: https://www.scielo.br/j/rbp/a/HLpWbYk4bJHY39sfJfRJwtn (8108 termos)
Termos comuns: 54
Similaridade: 0,46%
O texto abaixo é o conteúdo do documento Pré projeto PPgmus Versão 1.docx (3471 termos)
Os termos em vermelho foram encontrados no documento
https://www.scielo.br/j/rbp/a/HLpWbYk4bJHY39sfJfRJwtn (8108 termos)
=================================================================================
NATAL-RN
2023
NATAL-RN
2023
1 Introdução
De acordo com Jinnah e Albanese (2014), a distonia focal é uma condição caracterizada pela contração
involuntária de um músculo ou parte específica do corpo, resultando em movimentos anormais como
tremores ou posturas irregulares. A disfunção do movimento associada a distonia pode ser desencadeada
por uma atividade específica, que requer precisão e controle motor contínuo, como tocar um instrumento
musical ou escrever.
Diante desse contexto um estudo epidemiológico sobre perfil clínico de músicos brasileiros apresentado na
31ª Conferência Mundial de Educação Musical da ISME em 2014, apresentou protocolos de avaliação
padronizados para reconhecer essa disfunção entre músicos. O estudo concentrou-se em populações de
músicos de orquestras, universidades e centros de ensino musical de seis estados, com um questionário
avaliando o número de músicos que relataram conviver com sintomas da distonia (MOURA et al., 2014
apud MOURA, 2016).
Os músicos foram convidados a gravar áudio e vídeo e realizar as escalas de ansiedade de Hamilton e a
quantificação de distonia de Tubiana. Foram coletados dados de 12 cidades em seis estados brasileiros,
totalizando 1.086 questionários preenchidos com taxas de prevalência de DM em Santa Catarina (1,5%),
Bahia (2,4%), Paraíba (7,5%), Ceará (3,1%), Rio Grande do Norte (3,0%) e São Paulo (1,5%). Portanto, a
prevalência média de músicos brasileiros afetados por distonia é de 2,2%. Os dados parciais de pesquisa
indicavam que a prevalência média no Brasil é semelhante à relatada na literatura internacional, variando
de 1 a 3%, indicando um problema a ser mais investigado (MOURA et al., 2014 apud MOURA, 2016).
A prevalência da doença em músicos é particularmente comum na mão, sendo uma das partes do corpo
que exigem precisão e controle motor para realizar da atividade com instrumento musical (JABUSCH;
ALTENMÜLLER, 2006)
A distonia focal de tarefa especifica é uma condição neurológica que afetam músicos, tendo impacto
significativo na vida profissional, bem como o comprometimento da capacidade de atuar como professores
. Diante desse contexto, estudos científicos têm sido realizados para entender a relação entre a distonia
focal, a performance e a carreira dos músicos (MARSTON, 2011; GONÇALVES, 2012; FERREIRA, 2013;
OLIVEIRA, 2014; ROMERO, 2016)
No entanto, nota-se que há um campo aberto na pesquisa científica sobre o impacto dessa desordem na
carreira pedagógica dos professores de metais. O presente pré-projeto de pesquisa busca explorará o que
acontece com a carreira pedagógica dos professores de metais, em especial trombone, após receberem o
diagnóstico da doença.
Será realizado um estudo qualitativo, baseada em entrevistas e história de vida, com professores afetados
pela desordem, a fim de identificar os desafios enfrentados no campo pedagógico do ensino de música, as
estratégias de saúde e profissionais adotadas no convívio com a distonia, bem como mapear as
transformações na carreira no campo profissional e institucional. Compreender melhor essas questões
podem auxiliar nos processos de retreinamento musical dos professores de metais, bem como fornecer
informações úteis para o desenvolvimento de estratégias de apoio e tratamento possibilitadores da
manutenção da carreira pedagógica, assim como, por vezes, a reinserção no mercado de trabalho.
2 Fundamentação Teórica
2.1 Distonia focal em Músicos profissionais.
A execução de um instrumento de metal requer um intenso trabalho muscular e intelectual para alcançar
uma performance satisfatória no campo profissional. Infelizmente, a falta desse equilíbrio pode levar a
lesões e distúrbios que podem ser irreversíveis, no qual carreiras musicais têm sido limitadas por
problemas de saúde relacionados à performance (OLIVEIRA, 2014).
O diagnóstico é baseado na história clínica, na observação da prática musical do instrumentista, exames
físicos e neurológicos, para detectar a perda gradual da coordenação muscular. Estudos recentes
mostram que os padrões de movimentos anormais incluem tremor na embocadura, movimentos labiais
involuntários e fechamento da mandíbula (FRUCHT, 2009) É interessante notar que a faixa de idade dos
quadros distônicos diagnosticados e estudados demonstram que instrumentistas entre 30-40 anos de
idade, quando já possuem técnica e sonoridade praticamente formadas, são os mais afetados ( OLIVEIRA
, 2014).
O estudo da fisiopatologia da distonia focal em músicos de metais tem sido direcionado para entender as
anormalidades tanto no sistema motor quanto no somatossensorial. Existem vários estudos sobre sua
fisiopatologia, que apontam em diferentes direções. Estes incluem alteração da plasticidade neuronal
apresentada pelo músico distônico, modificando a representação cortical de diferentes partes do corpo, e
uma diminuição no mecanismo de inervação recíproca, que controla o movimento das articulações por
grupos musculares sinérgicos/agonistas que realizam a ação e através do desligamento de outros feixes
de músculos realizados pelos grupos antagonistas permitindo assim que a ação ocorra (MOURA, 2016).
Em músicos, este distúrbio pode acontecer como distonia focal de tarefa específica, que se caracteriza por
atingir uma parte específica do corpo durante a prática e performance do instrumento. No caso de
instrumentistas de metais, a terminologia apropriada seria Distonia Focal de Tarefa Específica de
Embocadura (DFTE) ( FERREIRA, 2013; OLIVEIRA, 2014).
A Distonia Focal do músico, tem se tornando frequente entre músicos, sendo uma das causas do
encerramento da carreira profissional e pedagógica de músicos de metais. A DFTE pode ser causada por
uma prática incorreta e excessiva, que pode gerar posturas anormais e incorretas, levando aos distúrbios
da distonia. Pesquisas no campo médico demostram a impossibilidade de cura, porém sendo possível
prevenção e tratamento dos sintomas com a finalidade de manutenção do desempenhando pedagógico e
retreinamento musical (ROMERO, 2016).
Algumas práticas podem ajudar na prevenção e na convivência com a desordem, como horários
razoáveis de prática, economia de técnica, prevenção de sobre uso e dor, prática mental, variações nos
padrões de movimento, motivação, evitar repetições mecânicas e frustração, hábitos saudáveis de vida,
exercícios de aquecimento e relaxamento, exercício físico regular, suficientes descansos e horas de sono
(MARSTON, 2011; GONÇALVES, 2012; FERREIRA, 2013; OLIVEIRA, 2014; ROMERO, 2016).
O tratamento da DFTE em músicos depende de uma abordagem multidisciplinar que inclui uma avaliação
minuciosa da história, função motora e ambiente do indivíduo, que é então utilizada para desenvolver um
plano terapêutico personalizado (MOURA, 2016). Por isso, técnicas de fisioterapia, terapia ocupacional e o
retreinamento pedagógico são possibilidades de lidar com os efeitos da desordem em relação as
atividades musicais. A performance musical, assim como qualquer atividade que exige um alto grau de
refinamento e nuance de movimentos, depende de uma modulação contínua entre aprendizado motor e
programação, que é ativada e modulada por elementos comportamentais dependendo do ambiente
(JABUSCH; ALTENMÜLLER, 2006).
Do ponto neurológico a atividade musical está relacionada ao controle bidirecional do sistema neural é
representado pela modulação do aprendizado através da adaptação e ajuste apropriados das ações em
diferentes tarefas. Essa adaptação surge a partir de informações provenientes da periferia, através de
receptores sensoriais originários de diferentes sensações proprioceptiva, auditiva, visual e físico
musculares. Outros fatores intrínsecos e comportamentais do indivíduo para a atividade musical são:
habilidade técnica; experiências sociais; memórias afetivas e tensões emocionais provenientes da história
de vida dos sujeitos (JABUSCH; ALTENMÜLLER, 2006; MOURA, 2016).
Nesse aspecto, a aprendizagem de novos movimentos e práticas musicais, possibilitam readaptação
sensorial, motora, funcional, topográficas e estruturais no sistema nervoso central. Nesse sentido, o
retreinamento pedagógico leva em conta as essas particularidades de aprendizagem do profissional
afetado, possibilitando um processo de reintegração do portador de DFTE (GONÇALVES, 2012;
FERREIRA, 2013).
Outro aspecto, observado objeto no campo da pesquisa são os sintomas físicos causados por esse
distúrbio. Alguns sintomas singulares incluem descontrole na movimentação muscular, tremores na região
da embocadura, perda da vibração labial, perda da conexão entre sons em legato, tensão excessiva na
articulação provocando uma sensação de que a língua sem coordenação, perdas de ar através de
aberturas nos lábios e tensão facial (MARSTON, 2011; GONÇALVES, 2012; FERREIRA, 2013; OLIVEIRA
Embora a causa exata da Distonia Focal de Tarefa Específica não esteja totalmente elucidada no campo
científico, acredita-se que haja a combinação de fatores genéticos e ambientais. O tratamento dessa
condição geralmente envolve uma abordagem multifacetada que inclui fisioterapia, reabilitação e
medicamentos (JABUSCH; ALTENMÜLLER, 2006).
O uso de medicamentos, como a toxina botulínica, pode ser eficaz no tratamento da Distonia Focal de
Tarefa Específica, reduzindo a atividade muscular excessiva e melhorando a coordenação muscular. A
fisioterapia também pode ser útil na melhoria da função muscular e no alívio da dor (JABUSCH;
ALTENMÜLLER, 2006).
Moura (2016) ao abordar sobre o tratamento da DFTE, observou como um processo complexo,
envolvendo o uso de diferentes técnicas, incluindo o retreinamento, reprogramação motora, adequação
ergonômica, modificação de movimentos e posição do instrumento, uso de órteses e luvas, além de
restrição de movimentos indesejados. O processo de reabilitação começa sem o instrumento, evoluindo
para movimentos mais próximos ao desejado no processo psicomotor para a manutenção da capacidade
de manutenção da atividade musical.
Segundo Moura (2016) no processo de avaliação de uma abordagem multifacetada foi possível observar
uma melhoria significativa no controle postural motor e nas respostas dos pacientes com DFTE. Os
músicos apresentaram uma diminuição no tremor, um melhor relaxamento muscular tanto em repouso
quanto durante a prática musical, além de uma maior consciência postural e percepção da tensão
muscular.
Nesse processo de atuação multifatorial, o Retreinamento Sensorial e Motor é uma abordagem terapêutica
cada vez mais utilizada no tratamento da Distonia Focal de Tarefa Específica. Essa abordagem
terapêutica pode ser particularmente eficaz em indivíduos com Distonia Focal de Tarefa Específica, pois
ajuda a melhorar a coordenação muscular específica da tarefa afetada e pode levar a uma melhora
significativa na função e na qualidade de vida do paciente (FRUCHT, 2009)
A abordagem terapêutica de Retreinamento Motor é baseada em exercícios específicos que ajudam a
reprogramar o cérebro e melhorar a coordenação motora. Em indivíduos com Distonia Focal de Tarefa
Específica, a terapia pode se concentrar em exercícios que visam a coordenação e controle muscular
específicos da tarefa afetada, como no caso de músicos de metais (GONÇALVES, 2012).
Por exemplo, um músico de metais que sofre de Distonia Focal de Tarefa Específica pode ser submetido a
exercícios de técnica de respiração e relaxamento muscular, que ajudam a melhorar a coordenação da
musculatura respiratória e dos músculos envolvidos na execução do instrumento (OLIVEIRA, 2014).
Com a melhora na coordenação e controle muscular específicos da tarefa afetada, o músico de metais
pode experimentar uma melhora significativa na função cognitiva e na qualidade de vida. Ele pode sentir
mais confiança em sua capacidade de tocar o instrumento, reduzir o estresse e a ansiedade relacionados
à Distonia Focal de Tarefa Específica, além de recuperar sua habilidade musical e performance anterior
(GARCIA, 2012).
Em conclusão, a Distonia Focal de Tarefa Específica pode ser uma condição debilitante que afeta a
coordenação muscular durante a realização de uma tarefa específica. No entanto, com uma abordagem
multifacetada que inclui medicamentos, fisioterapia e Retreinamento Sensorial e Motor, é possível reduzir
os sintomas e melhorar a qualidade de vida do paciente.
2.3 Distonia Focal de Tarefa Específica, Retreinamento e Carreira Pedagógica dos Professores de Metais.
O processo de aprendizagem no campo musical envolve uma série de desafios complexos, indo do
processo da compreensão e apreensão da técnica musical a história do desenvolvimento musical,
passando por processos de expansão da criatividade artística. Assim, o equilíbrio entre os fatores físicos e
psicológicos do músico tem reflexo direto em seu estado biopsicossocial, tendo impacto na sua carreira
profissional.
Nesse sentido, a busca pelo aprimoramento técnico e musical é uma parte essencial da rotina de qualquer
pessoa que deseje aprofundar seus conhecimentos em um instrumento. Durante os estágios iniciais da
formação musical, os discentes não percebem, ou ignoram, os desconfortos que surgem relacionados as
práticas inadequadas, resultando em anos de repetição de movimentos inadequados ergonomicamente,
negligenciando à saúde física e mental (ANDERSON CAMARGOS PEGO; FERREIRA, 2022).
Diante desse processo de aprendizagem, no qual o processo pedagógico tem relevância na manutenção
da saúde do músico e impacto na sua carreira, a Distonia Focal de Tarefa Específica pode afetar músicos
de instrumentos de metais, causando movimentos involuntários e incontroláveis durante a execução
musical.
No Brasil, um trombonista ao relato seu processo de adaptação ao DFTE, encontrou a recuperação por
meio de uma nova forma de conceber o estudo do instrumento, baseado em um processo de
reprogramação, envolvendo uma reeducação sensorial de todo o sistema relacionado ao ato de tocar
trombone. Essa nova pedagogia trata-se da abordagem conceitual, que tem como principal objetivo o
conceito de ouvir o som internamente e reproduzi-lo, sem pensar em qual será o comando utilizado para
que isso aconteça. Essa pedagogia também preza pelo ensino/aprendizagem de forma facilitada, sem
muitos paradigmas (ANDERSON CAMARGOS PEGO; FERREIRA, 2022).
A abordagem conceitual foi propagada pelo músico e professor americano Arnold Jacobs, tubista da
Chicago Symphony Orchestra. Ele usava a ideia de cantar e memorizar o som das diferentes notas
musicais, acreditando que os sons fazem parte do sistema nervoso central do músico. De acordo com
essa abordagem, a questão técnica depende da maneira como se ouve o som internamente ou como o
músico pensa em uma música específica. Por isso, a abordagem conceitual enfatiza a internalização de
todos os aspectos da música, como som, ritmo, tom, dinâmica e estilo, a fim de melhorar as habilidades do
músico (ANDERSON CAMARGOS PEGO; FERREIRA, 2022). Nesse sentido o retreinamento tem
impacto direto na carreira de professores de Metais em Universidades, Escolas e Conservatórios.
Ao observamos a carreira pedagógica dos professores de metais, se tem em destaque que para além de
ensinar técnicas específicas para cada instrumento, os professores de metais também ajudam os alunos a
desenvolver habilidades musicais, como a capacidade de ler partituras, improvisar e trabalhar em equipe
3 Justificativa
O Distonia Focal de Tarefa Específica impacto dessa condição na carreira dos professores de metais é
significativo, uma vez que eles precisam tocar seus instrumentos para ensinar e demonstrar técnicas
musicais para seus alunos. Isso pode resultar em uma perda de profissionais, afetando a qualidade do
ensino de música nas instituições públicas e privadas no Brasil.
Por isso, é importante investigar o impacto da distonia focal de tarefa específica na carreira pedagógica
dos professores de metais, bem como as estratégias de retreinamento e readaptação que podem ser
implementadas para permitir que esses professores voltem a tocar seus instrumentos de forma adequada
e recuperem a confiança em suas habilidades musicais.
Essa pesquisa pode fornecer informações assertivas para professores de metais, profissionais da saúde,
escolas de música e organizações que apoiam músicos com distonia focal de tarefa específica. Além disso
, pode contribuir para a criação de programas de apoio e treinamento para músicos que sofrem com essa
condição, ajudando a manter a qualidade da educação musical no Brasil.
4 Objetivos
4.1 Objetivo Geral
5 Metodologia
A metodologia da pesquisa será baseada em pesquisa ação contendo um estudo de caso, a utilização de
pesquisa de campo, entrevistas com professores de metais que já passaram pela experiência de ter
distonia e autorrelato dos participantes. Assim, se buscará avaliar o impacto que a distonia teve na carreira
pedagógica dos professores DFTE, bem como os desafios enfrentados para a reinserção no mercado de
trabalho após o tratamento da condição.
A coleta de dados será feita por meio de entrevistas individuais e semiestruturadas com professores de
metais que já foram diagnosticados com distonia. Além disso, os participantes serão convidados a fazer
um autorrelato sobre sua experiência com a condição e como isso afetou sua vida profissional. A pesquisa
também incluirá a coleta de histórias de vida dos participantes, que serão analisadas para ajudar a
contextualizar as informações coletadas nas entrevistas.
A amostra será selecionada por conveniência, com a intenção de incluir participantes com diferentes níveis
de gravidade da condição e diferentes experiências profissionais no campo do ensino da música. O local
de pesquisa de campo e busca dos participantes será Associação Brasileira de Trombonistas, bem como
também a Orquestra Filarmônica de Goiás e a Orquestra Filarmônica do Estado de São Paulo.
A análise dos dados será realizada utilizando a análise temática, que permite uma análise profunda do
conteúdo das entrevistas e dos relatos dos participantes, buscando identificar os temas e padrões comuns
que emergirem. Com base nessa análise, serão elaboradas categorias temáticas e subcategorias, que
serão validadas pelos participantes para garantir a fidelidade dos resultados (CRESWELL, 2014). Além
disso, será realizada uma triangulação de dados, combinando as entrevistas e os relatos dos participantes
com a história de vida dos professores de metais com distonia, para obter uma visão mais abrangente e
detalhada da experiência dos profissionais.
6 Cronograma
Referencial Bibliográfico
CRESWELL, J. W. (2014). Research design: Qualitative, quantitative, and mixed methods approaches.
Sage publications.
JINNAH, Hyder A.; ALBANESE, Alberto. The new classification system for the dystonias: why was it
needed and how was it developed?. Movement disorders clinical practice, v. 1, n. 4, p. 280, 2014.
MARSTON, K. L. Finding the balance: Jan Kagarice, a case study of a master trombone teacher. 2011.
335 f. Tese de Doutorado em Educação ? Columbia University, Nova Iorque, NI-EU, 2011.
OLIVEIRA, E. A distonia focal na embocadura dos instrumentistas do naipe de metais: um estudo de caso
. 2014. 31 f. Dissertação (Mestrado em Musica) ? Universidade Federal de Goiás, Goiânia, 2014.
Disponível em: http://repositorio.bc.ufg.br/tede/handle/tede/4579. Acesso em: 6 Mar. 2023.
ROMERO, H. A. P. Estratégias de estudo de músicos com Distonia focal?: análise de três entrevistas e
auto relato. 2016. 111 f. Dissertação (Mestrado em Musica) ? Universidade Federal do Rio Grande do Sul,
Porto Alegre, 2016. Disponível em: https://lume.ufrgs.br/handle/10183/151418. Acesso em: 6 fev. 2022.
=================================================================================
Arquivo 1: Pré projeto PPgmus Versão 1.docx (3471 termos)
Arquivo 2: https://pubmed.ncbi.nlm.nih.gov/25485288 (1067 termos)
Termos comuns: 14
Similaridade: 0,30%
O texto abaixo é o conteúdo do documento Pré projeto PPgmus Versão 1.docx (3471 termos)
Os termos em vermelho foram encontrados no documento
https://pubmed.ncbi.nlm.nih.gov/25485288 (1067 termos)
=================================================================================
NATAL-RN
2023
NATAL-RN
2023
1 Introdução
De acordo com Jinnah e Albanese (2014), a distonia focal é uma condição caracterizada pela contração
involuntária de um músculo ou parte específica do corpo, resultando em movimentos anormais como
tremores ou posturas irregulares. A disfunção do movimento associada a distonia pode ser desencadeada
por uma atividade específica, que requer precisão e controle motor contínuo, como tocar um instrumento
musical ou escrever.
Diante desse contexto um estudo epidemiológico sobre perfil clínico de músicos brasileiros apresentado na
31ª Conferência Mundial de Educação Musical da ISME em 2014, apresentou protocolos de avaliação
padronizados para reconhecer essa disfunção entre músicos. O estudo concentrou-se em populações de
músicos de orquestras, universidades e centros de ensino musical de seis estados, com um questionário
avaliando o número de músicos que relataram conviver com sintomas da distonia (MOURA et al., 2014
apud MOURA, 2016).
Os músicos foram convidados a gravar áudio e vídeo e realizar as escalas de ansiedade de Hamilton e a
quantificação de distonia de Tubiana. Foram coletados dados de 12 cidades em seis estados brasileiros,
totalizando 1.086 questionários preenchidos com taxas de prevalência de DM em Santa Catarina (1,5%),
Bahia (2,4%), Paraíba (7,5%), Ceará (3,1%), Rio Grande do Norte (3,0%) e São Paulo (1,5%). Portanto, a
prevalência média de músicos brasileiros afetados por distonia é de 2,2%. Os dados parciais de pesquisa
indicavam que a prevalência média no Brasil é semelhante à relatada na literatura internacional, variando
de 1 a 3%, indicando um problema a ser mais investigado (MOURA et al., 2014 apud MOURA, 2016).
A prevalência da doença em músicos é particularmente comum na mão, sendo uma das partes do corpo
que exigem precisão e controle motor para realizar da atividade com instrumento musical (JABUSCH;
ALTENMÜLLER, 2006)
A distonia focal de tarefa especifica é uma condição neurológica que afetam músicos, tendo impacto
significativo na vida profissional, bem como o comprometimento da capacidade de atuar como professores
. Diante desse contexto, estudos científicos têm sido realizados para entender a relação entre a distonia
focal, a performance e a carreira dos músicos (MARSTON, 2011; GONÇALVES, 2012; FERREIRA, 2013;
OLIVEIRA, 2014; ROMERO, 2016)
No entanto, nota-se que há um campo aberto na pesquisa científica sobre o impacto dessa desordem na
carreira pedagógica dos professores de metais. O presente pré-projeto de pesquisa busca explorará o que
acontece com a carreira pedagógica dos professores de metais, em especial trombone, após receberem o
diagnóstico da doença.
Será realizado um estudo qualitativo, baseada em entrevistas e história de vida, com professores afetados
pela desordem, a fim de identificar os desafios enfrentados no campo pedagógico do ensino de música, as
estratégias de saúde e profissionais adotadas no convívio com a distonia, bem como mapear as
transformações na carreira no campo profissional e institucional. Compreender melhor essas questões
podem auxiliar nos processos de retreinamento musical dos professores de metais, bem como fornecer
informações úteis para o desenvolvimento de estratégias de apoio e tratamento possibilitadores da
manutenção da carreira pedagógica, assim como, por vezes, a reinserção no mercado de trabalho.
2 Fundamentação Teórica
2.1 Distonia focal em Músicos profissionais.
A execução de um instrumento de metal requer um intenso trabalho muscular e intelectual para alcançar
uma performance satisfatória no campo profissional. Infelizmente, a falta desse equilíbrio pode levar a
lesões e distúrbios que podem ser irreversíveis, no qual carreiras musicais têm sido limitadas por
problemas de saúde relacionados à performance (OLIVEIRA, 2014).
O diagnóstico é baseado na história clínica, na observação da prática musical do instrumentista, exames
físicos e neurológicos, para detectar a perda gradual da coordenação muscular. Estudos recentes
mostram que os padrões de movimentos anormais incluem tremor na embocadura, movimentos labiais
involuntários e fechamento da mandíbula (FRUCHT, 2009) É interessante notar que a faixa de idade dos
quadros distônicos diagnosticados e estudados demonstram que instrumentistas entre 30-40 anos de
idade, quando já possuem técnica e sonoridade praticamente formadas, são os mais afetados ( OLIVEIRA
, 2014).
O estudo da fisiopatologia da distonia focal em músicos de metais tem sido direcionado para entender as
anormalidades tanto no sistema motor quanto no somatossensorial. Existem vários estudos sobre sua
fisiopatologia, que apontam em diferentes direções. Estes incluem alteração da plasticidade neuronal
apresentada pelo músico distônico, modificando a representação cortical de diferentes partes do corpo, e
uma diminuição no mecanismo de inervação recíproca, que controla o movimento das articulações por
grupos musculares sinérgicos/agonistas que realizam a ação e através do desligamento de outros feixes
de músculos realizados pelos grupos antagonistas permitindo assim que a ação ocorra (MOURA, 2016).
Em músicos, este distúrbio pode acontecer como distonia focal de tarefa específica, que se caracteriza por
atingir uma parte específica do corpo durante a prática e performance do instrumento. No caso de
instrumentistas de metais, a terminologia apropriada seria Distonia Focal de Tarefa Específica de
Embocadura (DFTE) ( FERREIRA, 2013; OLIVEIRA, 2014).
A Distonia Focal do músico, tem se tornando frequente entre músicos, sendo uma das causas do
encerramento da carreira profissional e pedagógica de músicos de metais. A DFTE pode ser causada por
uma prática incorreta e excessiva, que pode gerar posturas anormais e incorretas, levando aos distúrbios
da distonia. Pesquisas no campo médico demostram a impossibilidade de cura, porém sendo possível
prevenção e tratamento dos sintomas com a finalidade de manutenção do desempenhando pedagógico e
retreinamento musical (ROMERO, 2016).
Algumas práticas podem ajudar na prevenção e na convivência com a desordem, como horários
razoáveis de prática, economia de técnica, prevenção de sobre uso e dor, prática mental, variações nos
padrões de movimento, motivação, evitar repetições mecânicas e frustração, hábitos saudáveis de vida,
exercícios de aquecimento e relaxamento, exercício físico regular, suficientes descansos e horas de sono
(MARSTON, 2011; GONÇALVES, 2012; FERREIRA, 2013; OLIVEIRA, 2014; ROMERO, 2016).
O tratamento da DFTE em músicos depende de uma abordagem multidisciplinar que inclui uma avaliação
minuciosa da história, função motora e ambiente do indivíduo, que é então utilizada para desenvolver um
plano terapêutico personalizado (MOURA, 2016). Por isso, técnicas de fisioterapia, terapia ocupacional e o
retreinamento pedagógico são possibilidades de lidar com os efeitos da desordem em relação as
atividades musicais. A performance musical, assim como qualquer atividade que exige um alto grau de
refinamento e nuance de movimentos, depende de uma modulação contínua entre aprendizado motor e
programação, que é ativada e modulada por elementos comportamentais dependendo do ambiente
(JABUSCH; ALTENMÜLLER, 2006).
Do ponto neurológico a atividade musical está relacionada ao controle bidirecional do sistema neural é
representado pela modulação do aprendizado através da adaptação e ajuste apropriados das ações em
diferentes tarefas. Essa adaptação surge a partir de informações provenientes da periferia, através de
receptores sensoriais originários de diferentes sensações proprioceptiva, auditiva, visual e físico
musculares. Outros fatores intrínsecos e comportamentais do indivíduo para a atividade musical são:
habilidade técnica; experiências sociais; memórias afetivas e tensões emocionais provenientes da história
de vida dos sujeitos (JABUSCH; ALTENMÜLLER, 2006; MOURA, 2016).
Nesse aspecto, a aprendizagem de novos movimentos e práticas musicais, possibilitam readaptação
sensorial, motora, funcional, topográficas e estruturais no sistema nervoso central. Nesse sentido, o
retreinamento pedagógico leva em conta as essas particularidades de aprendizagem do profissional
afetado, possibilitando um processo de reintegração do portador de DFTE (GONÇALVES, 2012;
FERREIRA, 2013).
Outro aspecto, observado objeto no campo da pesquisa são os sintomas físicos causados por esse
distúrbio. Alguns sintomas singulares incluem descontrole na movimentação muscular, tremores na região
da embocadura, perda da vibração labial, perda da conexão entre sons em legato, tensão excessiva na
articulação provocando uma sensação de que a língua sem coordenação, perdas de ar através de
aberturas nos lábios e tensão facial (MARSTON, 2011; GONÇALVES, 2012; FERREIRA, 2013; OLIVEIRA
Embora a causa exata da Distonia Focal de Tarefa Específica não esteja totalmente elucidada no campo
científico, acredita-se que haja a combinação de fatores genéticos e ambientais. O tratamento dessa
condição geralmente envolve uma abordagem multifacetada que inclui fisioterapia, reabilitação e
medicamentos (JABUSCH; ALTENMÜLLER, 2006).
O uso de medicamentos, como a toxina botulínica, pode ser eficaz no tratamento da Distonia Focal de
Tarefa Específica, reduzindo a atividade muscular excessiva e melhorando a coordenação muscular. A
fisioterapia também pode ser útil na melhoria da função muscular e no alívio da dor (JABUSCH;
ALTENMÜLLER, 2006).
Moura (2016) ao abordar sobre o tratamento da DFTE, observou como um processo complexo,
envolvendo o uso de diferentes técnicas, incluindo o retreinamento, reprogramação motora, adequação
ergonômica, modificação de movimentos e posição do instrumento, uso de órteses e luvas, além de
restrição de movimentos indesejados. O processo de reabilitação começa sem o instrumento, evoluindo
para movimentos mais próximos ao desejado no processo psicomotor para a manutenção da capacidade
de manutenção da atividade musical.
Segundo Moura (2016) no processo de avaliação de uma abordagem multifacetada foi possível observar
uma melhoria significativa no controle postural motor e nas respostas dos pacientes com DFTE. Os
músicos apresentaram uma diminuição no tremor, um melhor relaxamento muscular tanto em repouso
quanto durante a prática musical, além de uma maior consciência postural e percepção da tensão
muscular.
Nesse processo de atuação multifatorial, o Retreinamento Sensorial e Motor é uma abordagem terapêutica
cada vez mais utilizada no tratamento da Distonia Focal de Tarefa Específica. Essa abordagem
terapêutica pode ser particularmente eficaz em indivíduos com Distonia Focal de Tarefa Específica, pois
ajuda a melhorar a coordenação muscular específica da tarefa afetada e pode levar a uma melhora
significativa na função e na qualidade de vida do paciente (FRUCHT, 2009)
A abordagem terapêutica de Retreinamento Motor é baseada em exercícios específicos que ajudam a
reprogramar o cérebro e melhorar a coordenação motora. Em indivíduos com Distonia Focal de Tarefa
Específica, a terapia pode se concentrar em exercícios que visam a coordenação e controle muscular
específicos da tarefa afetada, como no caso de músicos de metais (GONÇALVES, 2012).
Por exemplo, um músico de metais que sofre de Distonia Focal de Tarefa Específica pode ser submetido a
exercícios de técnica de respiração e relaxamento muscular, que ajudam a melhorar a coordenação da
musculatura respiratória e dos músculos envolvidos na execução do instrumento (OLIVEIRA, 2014).
Com a melhora na coordenação e controle muscular específicos da tarefa afetada, o músico de metais
pode experimentar uma melhora significativa na função cognitiva e na qualidade de vida. Ele pode sentir
mais confiança em sua capacidade de tocar o instrumento, reduzir o estresse e a ansiedade relacionados
à Distonia Focal de Tarefa Específica, além de recuperar sua habilidade musical e performance anterior
(GARCIA, 2012).
Em conclusão, a Distonia Focal de Tarefa Específica pode ser uma condição debilitante que afeta a
coordenação muscular durante a realização de uma tarefa específica. No entanto, com uma abordagem
multifacetada que inclui medicamentos, fisioterapia e Retreinamento Sensorial e Motor, é possível reduzir
os sintomas e melhorar a qualidade de vida do paciente.
2.3 Distonia Focal de Tarefa Específica, Retreinamento e Carreira Pedagógica dos Professores de Metais.
O processo de aprendizagem no campo musical envolve uma série de desafios complexos, indo do
processo da compreensão e apreensão da técnica musical a história do desenvolvimento musical,
passando por processos de expansão da criatividade artística. Assim, o equilíbrio entre os fatores físicos e
psicológicos do músico tem reflexo direto em seu estado biopsicossocial, tendo impacto na sua carreira
profissional.
Nesse sentido, a busca pelo aprimoramento técnico e musical é uma parte essencial da rotina de qualquer
pessoa que deseje aprofundar seus conhecimentos em um instrumento. Durante os estágios iniciais da
formação musical, os discentes não percebem, ou ignoram, os desconfortos que surgem relacionados as
práticas inadequadas, resultando em anos de repetição de movimentos inadequados ergonomicamente,
negligenciando à saúde física e mental (ANDERSON CAMARGOS PEGO; FERREIRA, 2022).
Diante desse processo de aprendizagem, no qual o processo pedagógico tem relevância na manutenção
da saúde do músico e impacto na sua carreira, a Distonia Focal de Tarefa Específica pode afetar músicos
de instrumentos de metais, causando movimentos involuntários e incontroláveis durante a execução
musical.
No Brasil, um trombonista ao relato seu processo de adaptação ao DFTE, encontrou a recuperação por
meio de uma nova forma de conceber o estudo do instrumento, baseado em um processo de
reprogramação, envolvendo uma reeducação sensorial de todo o sistema relacionado ao ato de tocar
trombone. Essa nova pedagogia trata-se da abordagem conceitual, que tem como principal objetivo o
conceito de ouvir o som internamente e reproduzi-lo, sem pensar em qual será o comando utilizado para
que isso aconteça. Essa pedagogia também preza pelo ensino/aprendizagem de forma facilitada, sem
muitos paradigmas (ANDERSON CAMARGOS PEGO; FERREIRA, 2022).
A abordagem conceitual foi propagada pelo músico e professor americano Arnold Jacobs, tubista da
Chicago Symphony Orchestra. Ele usava a ideia de cantar e memorizar o som das diferentes notas
musicais, acreditando que os sons fazem parte do sistema nervoso central do músico. De acordo com
essa abordagem, a questão técnica depende da maneira como se ouve o som internamente ou como o
músico pensa em uma música específica. Por isso, a abordagem conceitual enfatiza a internalização de
todos os aspectos da música, como som, ritmo, tom, dinâmica e estilo, a fim de melhorar as habilidades do
músico (ANDERSON CAMARGOS PEGO; FERREIRA, 2022). Nesse sentido o retreinamento tem
impacto direto na carreira de professores de Metais em Universidades, Escolas e Conservatórios.
Ao observamos a carreira pedagógica dos professores de metais, se tem em destaque que para além de
ensinar técnicas específicas para cada instrumento, os professores de metais também ajudam os alunos a
desenvolver habilidades musicais, como a capacidade de ler partituras, improvisar e trabalhar em equipe
3 Justificativa
O Distonia Focal de Tarefa Específica impacto dessa condição na carreira dos professores de metais é
significativo, uma vez que eles precisam tocar seus instrumentos para ensinar e demonstrar técnicas
musicais para seus alunos. Isso pode resultar em uma perda de profissionais, afetando a qualidade do
ensino de música nas instituições públicas e privadas no Brasil.
Por isso, é importante investigar o impacto da distonia focal de tarefa específica na carreira pedagógica
dos professores de metais, bem como as estratégias de retreinamento e readaptação que podem ser
implementadas para permitir que esses professores voltem a tocar seus instrumentos de forma adequada
e recuperem a confiança em suas habilidades musicais.
Essa pesquisa pode fornecer informações assertivas para professores de metais, profissionais da saúde,
escolas de música e organizações que apoiam músicos com distonia focal de tarefa específica. Além disso
, pode contribuir para a criação de programas de apoio e treinamento para músicos que sofrem com essa
condição, ajudando a manter a qualidade da educação musical no Brasil.
4 Objetivos
4.1 Objetivo Geral
5 Metodologia
A metodologia da pesquisa será baseada em pesquisa ação contendo um estudo de caso, a utilização de
pesquisa de campo, entrevistas com professores de metais que já passaram pela experiência de ter
distonia e autorrelato dos participantes. Assim, se buscará avaliar o impacto que a distonia teve na carreira
pedagógica dos professores DFTE, bem como os desafios enfrentados para a reinserção no mercado de
trabalho após o tratamento da condição.
A coleta de dados será feita por meio de entrevistas individuais e semiestruturadas com professores de
metais que já foram diagnosticados com distonia. Além disso, os participantes serão convidados a fazer
um autorrelato sobre sua experiência com a condição e como isso afetou sua vida profissional. A pesquisa
também incluirá a coleta de histórias de vida dos participantes, que serão analisadas para ajudar a
contextualizar as informações coletadas nas entrevistas.
A amostra será selecionada por conveniência, com a intenção de incluir participantes com diferentes níveis
de gravidade da condição e diferentes experiências profissionais no campo do ensino da música. O local
de pesquisa de campo e busca dos participantes será Associação Brasileira de Trombonistas, bem como
também a Orquestra Filarmônica de Goiás e a Orquestra Filarmônica do Estado de São Paulo.
A análise dos dados será realizada utilizando a análise temática, que permite uma análise profunda do
conteúdo das entrevistas e dos relatos dos participantes, buscando identificar os temas e padrões comuns
que emergirem. Com base nessa análise, serão elaboradas categorias temáticas e subcategorias, que
serão validadas pelos participantes para garantir a fidelidade dos resultados (CRESWELL, 2014). Além
disso, será realizada uma triangulação de dados, combinando as entrevistas e os relatos dos participantes
com a história de vida dos professores de metais com distonia, para obter uma visão mais abrangente e
detalhada da experiência dos profissionais.
6 Cronograma
Referencial Bibliográfico
CRESWELL, J. W. (2014). Research design: Qualitative, quantitative, and mixed methods approaches.
Sage publications.
JINNAH, Hyder A.; ALBANESE, Alberto. The new classification system for the dystonias: why was it
needed and how was it developed?. Movement disorders clinical practice, v. 1, n. 4, p. 280, 2014.
MARSTON, K. L. Finding the balance: Jan Kagarice, a case study of a master trombone teacher. 2011.
335 f. Tese de Doutorado em Educação ? Columbia University, Nova Iorque, NI-EU, 2011.
OLIVEIRA, E. A distonia focal na embocadura dos instrumentistas do naipe de metais: um estudo de caso
. 2014. 31 f. Dissertação (Mestrado em Musica) ? Universidade Federal de Goiás, Goiânia, 2014.
Disponível em: http://repositorio.bc.ufg.br/tede/handle/tede/4579. Acesso em: 6 Mar. 2023.
ROMERO, H. A. P. Estratégias de estudo de músicos com Distonia focal?: análise de três entrevistas e
auto relato. 2016. 111 f. Dissertação (Mestrado em Musica) ? Universidade Federal do Rio Grande do Sul,
Porto Alegre, 2016. Disponível em: https://lume.ufrgs.br/handle/10183/151418. Acesso em: 6 fev. 2022.
=================================================================================
Arquivo 1: Pré projeto PPgmus Versão 1.docx (3471 termos)
Arquivo 2: https://jamesboldin.com/publications (705 termos)
Termos comuns: 8
Similaridade: 0,19%
O texto abaixo é o conteúdo do documento Pré projeto PPgmus Versão 1.docx (3471 termos)
Os termos em vermelho foram encontrados no documento https://jamesboldin.com/publications (705
termos)
=================================================================================
NATAL-RN
2023
NATAL-RN
2023
1 Introdução
De acordo com Jinnah e Albanese (2014), a distonia focal é uma condição caracterizada pela contração
involuntária de um músculo ou parte específica do corpo, resultando em movimentos anormais como
tremores ou posturas irregulares. A disfunção do movimento associada a distonia pode ser desencadeada
por uma atividade específica, que requer precisão e controle motor contínuo, como tocar um instrumento
musical ou escrever.
Diante desse contexto um estudo epidemiológico sobre perfil clínico de músicos brasileiros apresentado na
31ª Conferência Mundial de Educação Musical da ISME em 2014, apresentou protocolos de avaliação
padronizados para reconhecer essa disfunção entre músicos. O estudo concentrou-se em populações de
músicos de orquestras, universidades e centros de ensino musical de seis estados, com um questionário
avaliando o número de músicos que relataram conviver com sintomas da distonia (MOURA et al., 2014
apud MOURA, 2016).
Os músicos foram convidados a gravar áudio e vídeo e realizar as escalas de ansiedade de Hamilton e a
quantificação de distonia de Tubiana. Foram coletados dados de 12 cidades em seis estados brasileiros,
totalizando 1.086 questionários preenchidos com taxas de prevalência de DM em Santa Catarina (1,5%),
Bahia (2,4%), Paraíba (7,5%), Ceará (3,1%), Rio Grande do Norte (3,0%) e São Paulo (1,5%). Portanto, a
prevalência média de músicos brasileiros afetados por distonia é de 2,2%. Os dados parciais de pesquisa
indicavam que a prevalência média no Brasil é semelhante à relatada na literatura internacional, variando
de 1 a 3%, indicando um problema a ser mais investigado (MOURA et al., 2014 apud MOURA, 2016).
A prevalência da doença em músicos é particularmente comum na mão, sendo uma das partes do corpo
que exigem precisão e controle motor para realizar da atividade com instrumento musical (JABUSCH;
ALTENMÜLLER, 2006)
A distonia focal de tarefa especifica é uma condição neurológica que afetam músicos, tendo impacto
significativo na vida profissional, bem como o comprometimento da capacidade de atuar como professores
. Diante desse contexto, estudos científicos têm sido realizados para entender a relação entre a distonia
focal, a performance e a carreira dos músicos (MARSTON, 2011; GONÇALVES, 2012; FERREIRA, 2013;
OLIVEIRA, 2014; ROMERO, 2016)
No entanto, nota-se que há um campo aberto na pesquisa científica sobre o impacto dessa desordem na
carreira pedagógica dos professores de metais. O presente pré-projeto de pesquisa busca explorará o que
acontece com a carreira pedagógica dos professores de metais, em especial trombone, após receberem o
diagnóstico da doença.
Será realizado um estudo qualitativo, baseada em entrevistas e história de vida, com professores afetados
pela desordem, a fim de identificar os desafios enfrentados no campo pedagógico do ensino de música, as
estratégias de saúde e profissionais adotadas no convívio com a distonia, bem como mapear as
transformações na carreira no campo profissional e institucional. Compreender melhor essas questões
podem auxiliar nos processos de retreinamento musical dos professores de metais, bem como fornecer
informações úteis para o desenvolvimento de estratégias de apoio e tratamento possibilitadores da
manutenção da carreira pedagógica, assim como, por vezes, a reinserção no mercado de trabalho.
2 Fundamentação Teórica
2.1 Distonia focal em Músicos profissionais.
A execução de um instrumento de metal requer um intenso trabalho muscular e intelectual para alcançar
uma performance satisfatória no campo profissional. Infelizmente, a falta desse equilíbrio pode levar a
lesões e distúrbios que podem ser irreversíveis, no qual carreiras musicais têm sido limitadas por
problemas de saúde relacionados à performance (OLIVEIRA, 2014).
O diagnóstico é baseado na história clínica, na observação da prática musical do instrumentista, exames
físicos e neurológicos, para detectar a perda gradual da coordenação muscular. Estudos recentes
mostram que os padrões de movimentos anormais incluem tremor na embocadura, movimentos labiais
involuntários e fechamento da mandíbula (FRUCHT, 2009) É interessante notar que a faixa de idade dos
quadros distônicos diagnosticados e estudados demonstram que instrumentistas entre 30-40 anos de
idade, quando já possuem técnica e sonoridade praticamente formadas, são os mais afetados ( OLIVEIRA
, 2014).
O estudo da fisiopatologia da distonia focal em músicos de metais tem sido direcionado para entender as
anormalidades tanto no sistema motor quanto no somatossensorial. Existem vários estudos sobre sua
fisiopatologia, que apontam em diferentes direções. Estes incluem alteração da plasticidade neuronal
apresentada pelo músico distônico, modificando a representação cortical de diferentes partes do corpo, e
uma diminuição no mecanismo de inervação recíproca, que controla o movimento das articulações por
grupos musculares sinérgicos/agonistas que realizam a ação e através do desligamento de outros feixes
de músculos realizados pelos grupos antagonistas permitindo assim que a ação ocorra (MOURA, 2016).
Em músicos, este distúrbio pode acontecer como distonia focal de tarefa específica, que se caracteriza por
atingir uma parte específica do corpo durante a prática e performance do instrumento. No caso de
instrumentistas de metais, a terminologia apropriada seria Distonia Focal de Tarefa Específica de
Embocadura (DFTE) ( FERREIRA, 2013; OLIVEIRA, 2014).
A Distonia Focal do músico, tem se tornando frequente entre músicos, sendo uma das causas do
encerramento da carreira profissional e pedagógica de músicos de metais. A DFTE pode ser causada por
uma prática incorreta e excessiva, que pode gerar posturas anormais e incorretas, levando aos distúrbios
da distonia. Pesquisas no campo médico demostram a impossibilidade de cura, porém sendo possível
prevenção e tratamento dos sintomas com a finalidade de manutenção do desempenhando pedagógico e
retreinamento musical (ROMERO, 2016).
Algumas práticas podem ajudar na prevenção e na convivência com a desordem, como horários
razoáveis de prática, economia de técnica, prevenção de sobre uso e dor, prática mental, variações nos
padrões de movimento, motivação, evitar repetições mecânicas e frustração, hábitos saudáveis de vida,
exercícios de aquecimento e relaxamento, exercício físico regular, suficientes descansos e horas de sono
(MARSTON, 2011; GONÇALVES, 2012; FERREIRA, 2013; OLIVEIRA, 2014; ROMERO, 2016).
O tratamento da DFTE em músicos depende de uma abordagem multidisciplinar que inclui uma avaliação
minuciosa da história, função motora e ambiente do indivíduo, que é então utilizada para desenvolver um
plano terapêutico personalizado (MOURA, 2016). Por isso, técnicas de fisioterapia, terapia ocupacional e o
retreinamento pedagógico são possibilidades de lidar com os efeitos da desordem em relação as
atividades musicais. A performance musical, assim como qualquer atividade que exige um alto grau de
refinamento e nuance de movimentos, depende de uma modulação contínua entre aprendizado motor e
programação, que é ativada e modulada por elementos comportamentais dependendo do ambiente
(JABUSCH; ALTENMÜLLER, 2006).
Do ponto neurológico a atividade musical está relacionada ao controle bidirecional do sistema neural é
representado pela modulação do aprendizado através da adaptação e ajuste apropriados das ações em
diferentes tarefas. Essa adaptação surge a partir de informações provenientes da periferia, através de
receptores sensoriais originários de diferentes sensações proprioceptiva, auditiva, visual e físico
musculares. Outros fatores intrínsecos e comportamentais do indivíduo para a atividade musical são:
habilidade técnica; experiências sociais; memórias afetivas e tensões emocionais provenientes da história
de vida dos sujeitos (JABUSCH; ALTENMÜLLER, 2006; MOURA, 2016).
Nesse aspecto, a aprendizagem de novos movimentos e práticas musicais, possibilitam readaptação
sensorial, motora, funcional, topográficas e estruturais no sistema nervoso central. Nesse sentido, o
retreinamento pedagógico leva em conta as essas particularidades de aprendizagem do profissional
afetado, possibilitando um processo de reintegração do portador de DFTE (GONÇALVES, 2012;
FERREIRA, 2013).
Outro aspecto, observado objeto no campo da pesquisa são os sintomas físicos causados por esse
distúrbio. Alguns sintomas singulares incluem descontrole na movimentação muscular, tremores na região
da embocadura, perda da vibração labial, perda da conexão entre sons em legato, tensão excessiva na
articulação provocando uma sensação de que a língua sem coordenação, perdas de ar através de
aberturas nos lábios e tensão facial (MARSTON, 2011; GONÇALVES, 2012; FERREIRA, 2013; OLIVEIRA
Embora a causa exata da Distonia Focal de Tarefa Específica não esteja totalmente elucidada no campo
científico, acredita-se que haja a combinação de fatores genéticos e ambientais. O tratamento dessa
condição geralmente envolve uma abordagem multifacetada que inclui fisioterapia, reabilitação e
medicamentos (JABUSCH; ALTENMÜLLER, 2006).
O uso de medicamentos, como a toxina botulínica, pode ser eficaz no tratamento da Distonia Focal de
Tarefa Específica, reduzindo a atividade muscular excessiva e melhorando a coordenação muscular. A
fisioterapia também pode ser útil na melhoria da função muscular e no alívio da dor (JABUSCH;
ALTENMÜLLER, 2006).
Moura (2016) ao abordar sobre o tratamento da DFTE, observou como um processo complexo,
envolvendo o uso de diferentes técnicas, incluindo o retreinamento, reprogramação motora, adequação
ergonômica, modificação de movimentos e posição do instrumento, uso de órteses e luvas, além de
restrição de movimentos indesejados. O processo de reabilitação começa sem o instrumento, evoluindo
para movimentos mais próximos ao desejado no processo psicomotor para a manutenção da capacidade
de manutenção da atividade musical.
Segundo Moura (2016) no processo de avaliação de uma abordagem multifacetada foi possível observar
uma melhoria significativa no controle postural motor e nas respostas dos pacientes com DFTE. Os
músicos apresentaram uma diminuição no tremor, um melhor relaxamento muscular tanto em repouso
quanto durante a prática musical, além de uma maior consciência postural e percepção da tensão
muscular.
Nesse processo de atuação multifatorial, o Retreinamento Sensorial e Motor é uma abordagem terapêutica
cada vez mais utilizada no tratamento da Distonia Focal de Tarefa Específica. Essa abordagem
terapêutica pode ser particularmente eficaz em indivíduos com Distonia Focal de Tarefa Específica, pois
ajuda a melhorar a coordenação muscular específica da tarefa afetada e pode levar a uma melhora
significativa na função e na qualidade de vida do paciente (FRUCHT, 2009)
A abordagem terapêutica de Retreinamento Motor é baseada em exercícios específicos que ajudam a
reprogramar o cérebro e melhorar a coordenação motora. Em indivíduos com Distonia Focal de Tarefa
Específica, a terapia pode se concentrar em exercícios que visam a coordenação e controle muscular
específicos da tarefa afetada, como no caso de músicos de metais (GONÇALVES, 2012).
Por exemplo, um músico de metais que sofre de Distonia Focal de Tarefa Específica pode ser submetido a
exercícios de técnica de respiração e relaxamento muscular, que ajudam a melhorar a coordenação da
musculatura respiratória e dos músculos envolvidos na execução do instrumento (OLIVEIRA, 2014).
Com a melhora na coordenação e controle muscular específicos da tarefa afetada, o músico de metais
pode experimentar uma melhora significativa na função cognitiva e na qualidade de vida. Ele pode sentir
mais confiança em sua capacidade de tocar o instrumento, reduzir o estresse e a ansiedade relacionados
à Distonia Focal de Tarefa Específica, além de recuperar sua habilidade musical e performance anterior
(GARCIA, 2012).
Em conclusão, a Distonia Focal de Tarefa Específica pode ser uma condição debilitante que afeta a
coordenação muscular durante a realização de uma tarefa específica. No entanto, com uma abordagem
multifacetada que inclui medicamentos, fisioterapia e Retreinamento Sensorial e Motor, é possível reduzir
os sintomas e melhorar a qualidade de vida do paciente.
2.3 Distonia Focal de Tarefa Específica, Retreinamento e Carreira Pedagógica dos Professores de Metais.
O processo de aprendizagem no campo musical envolve uma série de desafios complexos, indo do
processo da compreensão e apreensão da técnica musical a história do desenvolvimento musical,
passando por processos de expansão da criatividade artística. Assim, o equilíbrio entre os fatores físicos e
psicológicos do músico tem reflexo direto em seu estado biopsicossocial, tendo impacto na sua carreira
profissional.
Nesse sentido, a busca pelo aprimoramento técnico e musical é uma parte essencial da rotina de qualquer
pessoa que deseje aprofundar seus conhecimentos em um instrumento. Durante os estágios iniciais da
formação musical, os discentes não percebem, ou ignoram, os desconfortos que surgem relacionados as
práticas inadequadas, resultando em anos de repetição de movimentos inadequados ergonomicamente,
negligenciando à saúde física e mental (ANDERSON CAMARGOS PEGO; FERREIRA, 2022).
Diante desse processo de aprendizagem, no qual o processo pedagógico tem relevância na manutenção
da saúde do músico e impacto na sua carreira, a Distonia Focal de Tarefa Específica pode afetar músicos
de instrumentos de metais, causando movimentos involuntários e incontroláveis durante a execução
musical.
No Brasil, um trombonista ao relato seu processo de adaptação ao DFTE, encontrou a recuperação por
meio de uma nova forma de conceber o estudo do instrumento, baseado em um processo de
reprogramação, envolvendo uma reeducação sensorial de todo o sistema relacionado ao ato de tocar
trombone. Essa nova pedagogia trata-se da abordagem conceitual, que tem como principal objetivo o
conceito de ouvir o som internamente e reproduzi-lo, sem pensar em qual será o comando utilizado para
que isso aconteça. Essa pedagogia também preza pelo ensino/aprendizagem de forma facilitada, sem
muitos paradigmas (ANDERSON CAMARGOS PEGO; FERREIRA, 2022).
A abordagem conceitual foi propagada pelo músico e professor americano Arnold Jacobs, tubista da
Chicago Symphony Orchestra. Ele usava a ideia de cantar e memorizar o som das diferentes notas
musicais, acreditando que os sons fazem parte do sistema nervoso central do músico. De acordo com
essa abordagem, a questão técnica depende da maneira como se ouve o som internamente ou como o
músico pensa em uma música específica. Por isso, a abordagem conceitual enfatiza a internalização de
todos os aspectos da música, como som, ritmo, tom, dinâmica e estilo, a fim de melhorar as habilidades do
músico (ANDERSON CAMARGOS PEGO; FERREIRA, 2022). Nesse sentido o retreinamento tem
impacto direto na carreira de professores de Metais em Universidades, Escolas e Conservatórios.
Ao observamos a carreira pedagógica dos professores de metais, se tem em destaque que para além de
ensinar técnicas específicas para cada instrumento, os professores de metais também ajudam os alunos a
desenvolver habilidades musicais, como a capacidade de ler partituras, improvisar e trabalhar em equipe
3 Justificativa
O Distonia Focal de Tarefa Específica impacto dessa condição na carreira dos professores de metais é
significativo, uma vez que eles precisam tocar seus instrumentos para ensinar e demonstrar técnicas
musicais para seus alunos. Isso pode resultar em uma perda de profissionais, afetando a qualidade do
ensino de música nas instituições públicas e privadas no Brasil.
Por isso, é importante investigar o impacto da distonia focal de tarefa específica na carreira pedagógica
dos professores de metais, bem como as estratégias de retreinamento e readaptação que podem ser
implementadas para permitir que esses professores voltem a tocar seus instrumentos de forma adequada
e recuperem a confiança em suas habilidades musicais.
Essa pesquisa pode fornecer informações assertivas para professores de metais, profissionais da saúde,
escolas de música e organizações que apoiam músicos com distonia focal de tarefa específica. Além disso
, pode contribuir para a criação de programas de apoio e treinamento para músicos que sofrem com essa
condição, ajudando a manter a qualidade da educação musical no Brasil.
4 Objetivos
4.1 Objetivo Geral
5 Metodologia
A metodologia da pesquisa será baseada em pesquisa ação contendo um estudo de caso, a utilização de
pesquisa de campo, entrevistas com professores de metais que já passaram pela experiência de ter
distonia e autorrelato dos participantes. Assim, se buscará avaliar o impacto que a distonia teve na carreira
pedagógica dos professores DFTE, bem como os desafios enfrentados para a reinserção no mercado de
trabalho após o tratamento da condição.
A coleta de dados será feita por meio de entrevistas individuais e semiestruturadas com professores de
metais que já foram diagnosticados com distonia. Além disso, os participantes serão convidados a fazer
um autorrelato sobre sua experiência com a condição e como isso afetou sua vida profissional. A pesquisa
também incluirá a coleta de histórias de vida dos participantes, que serão analisadas para ajudar a
contextualizar as informações coletadas nas entrevistas.
A amostra será selecionada por conveniência, com a intenção de incluir participantes com diferentes níveis
de gravidade da condição e diferentes experiências profissionais no campo do ensino da música. O local
de pesquisa de campo e busca dos participantes será Associação Brasileira de Trombonistas, bem como
também a Orquestra Filarmônica de Goiás e a Orquestra Filarmônica do Estado de São Paulo.
A análise dos dados será realizada utilizando a análise temática, que permite uma análise profunda do
conteúdo das entrevistas e dos relatos dos participantes, buscando identificar os temas e padrões comuns
que emergirem. Com base nessa análise, serão elaboradas categorias temáticas e subcategorias, que
serão validadas pelos participantes para garantir a fidelidade dos resultados (CRESWELL, 2014). Além
disso, será realizada uma triangulação de dados, combinando as entrevistas e os relatos dos participantes
com a história de vida dos professores de metais com distonia, para obter uma visão mais abrangente e
detalhada da experiência dos profissionais.
6 Cronograma
Referencial Bibliográfico
CRESWELL, J. W. (2014). Research design: Qualitative, quantitative, and mixed methods approaches.
Sage publications.
JINNAH, Hyder A.; ALBANESE, Alberto. The new classification system for the dystonias: why was it
needed and how was it developed?. Movement disorders clinical practice, v. 1, n. 4, p. 280, 2014.
MARSTON, K. L. Finding the balance: Jan Kagarice, a case study of a master trombone teacher. 2011.
335 f. Tese de Doutorado em Educação ? Columbia University, Nova Iorque, NI-EU, 2011.
OLIVEIRA, E. A distonia focal na embocadura dos instrumentistas do naipe de metais: um estudo de caso
. 2014. 31 f. Dissertação (Mestrado em Musica) ? Universidade Federal de Goiás, Goiânia, 2014.
Disponível em: http://repositorio.bc.ufg.br/tede/handle/tede/4579. Acesso em: 6 Mar. 2023.
ROMERO, H. A. P. Estratégias de estudo de músicos com Distonia focal?: análise de três entrevistas e
auto relato. 2016. 111 f. Dissertação (Mestrado em Musica) ? Universidade Federal do Rio Grande do Sul,
Porto Alegre, 2016. Disponível em: https://lume.ufrgs.br/handle/10183/151418. Acesso em: 6 fev. 2022.
=================================================================================
Arquivo 1: Pré projeto PPgmus Versão 1.docx (3471 termos)
Arquivo 2: https://www.worldcat.org/title/horn-call-journal-of-the-international-horn-society/oclc/4828279
(137 termos)
Termos comuns: 7
Similaridade: 0,19%
O texto abaixo é o conteúdo do documento Pré projeto PPgmus Versão 1.docx (3471 termos)
Os termos em vermelho foram encontrados no documento https://www.worldcat.org/title/horn-call-
journal-of-the-international-horn-society/oclc/4828279 (137 termos)
=================================================================================
NATAL-RN
2023
NATAL-RN
2023
1 Introdução
De acordo com Jinnah e Albanese (2014), a distonia focal é uma condição caracterizada pela contração
involuntária de um músculo ou parte específica do corpo, resultando em movimentos anormais como
tremores ou posturas irregulares. A disfunção do movimento associada a distonia pode ser desencadeada
por uma atividade específica, que requer precisão e controle motor contínuo, como tocar um instrumento
musical ou escrever.
Diante desse contexto um estudo epidemiológico sobre perfil clínico de músicos brasileiros apresentado na
31ª Conferência Mundial de Educação Musical da ISME em 2014, apresentou protocolos de avaliação
padronizados para reconhecer essa disfunção entre músicos. O estudo concentrou-se em populações de
músicos de orquestras, universidades e centros de ensino musical de seis estados, com um questionário
avaliando o número de músicos que relataram conviver com sintomas da distonia (MOURA et al., 2014
2 Fundamentação Teórica
2.1 Distonia focal em Músicos profissionais.
A execução de um instrumento de metal requer um intenso trabalho muscular e intelectual para alcançar
uma performance satisfatória no campo profissional. Infelizmente, a falta desse equilíbrio pode levar a
lesões e distúrbios que podem ser irreversíveis, no qual carreiras musicais têm sido limitadas por
problemas de saúde relacionados à performance (OLIVEIRA, 2014).
O diagnóstico é baseado na história clínica, na observação da prática musical do instrumentista, exames
físicos e neurológicos, para detectar a perda gradual da coordenação muscular. Estudos recentes
mostram que os padrões de movimentos anormais incluem tremor na embocadura, movimentos labiais
involuntários e fechamento da mandíbula (FRUCHT, 2009) É interessante notar que a faixa de idade dos
quadros distônicos diagnosticados e estudados demonstram que instrumentistas entre 30-40 anos de
idade, quando já possuem técnica e sonoridade praticamente formadas, são os mais afetados ( OLIVEIRA
, 2014).
O estudo da fisiopatologia da distonia focal em músicos de metais tem sido direcionado para entender as
anormalidades tanto no sistema motor quanto no somatossensorial. Existem vários estudos sobre sua
fisiopatologia, que apontam em diferentes direções. Estes incluem alteração da plasticidade neuronal
apresentada pelo músico distônico, modificando a representação cortical de diferentes partes do corpo, e
uma diminuição no mecanismo de inervação recíproca, que controla o movimento das articulações por
grupos musculares sinérgicos/agonistas que realizam a ação e através do desligamento de outros feixes
de músculos realizados pelos grupos antagonistas permitindo assim que a ação ocorra (MOURA, 2016).
Em músicos, este distúrbio pode acontecer como distonia focal de tarefa específica, que se caracteriza por
atingir uma parte específica do corpo durante a prática e performance do instrumento. No caso de
instrumentistas de metais, a terminologia apropriada seria Distonia Focal de Tarefa Específica de
Embocadura (DFTE) ( FERREIRA, 2013; OLIVEIRA, 2014).
A Distonia Focal do músico, tem se tornando frequente entre músicos, sendo uma das causas do
encerramento da carreira profissional e pedagógica de músicos de metais. A DFTE pode ser causada por
uma prática incorreta e excessiva, que pode gerar posturas anormais e incorretas, levando aos distúrbios
da distonia. Pesquisas no campo médico demostram a impossibilidade de cura, porém sendo possível
prevenção e tratamento dos sintomas com a finalidade de manutenção do desempenhando pedagógico e
retreinamento musical (ROMERO, 2016).
Algumas práticas podem ajudar na prevenção e na convivência com a desordem, como horários
razoáveis de prática, economia de técnica, prevenção de sobre uso e dor, prática mental, variações nos
padrões de movimento, motivação, evitar repetições mecânicas e frustração, hábitos saudáveis de vida,
exercícios de aquecimento e relaxamento, exercício físico regular, suficientes descansos e horas de sono
(MARSTON, 2011; GONÇALVES, 2012; FERREIRA, 2013; OLIVEIRA, 2014; ROMERO, 2016).
O tratamento da DFTE em músicos depende de uma abordagem multidisciplinar que inclui uma avaliação
minuciosa da história, função motora e ambiente do indivíduo, que é então utilizada para desenvolver um
plano terapêutico personalizado (MOURA, 2016). Por isso, técnicas de fisioterapia, terapia ocupacional e o
retreinamento pedagógico são possibilidades de lidar com os efeitos da desordem em relação as
atividades musicais. A performance musical, assim como qualquer atividade que exige um alto grau de
refinamento e nuance de movimentos, depende de uma modulação contínua entre aprendizado motor e
programação, que é ativada e modulada por elementos comportamentais dependendo do ambiente
(JABUSCH; ALTENMÜLLER, 2006).
Do ponto neurológico a atividade musical está relacionada ao controle bidirecional do sistema neural é
representado pela modulação do aprendizado através da adaptação e ajuste apropriados das ações em
diferentes tarefas. Essa adaptação surge a partir de informações provenientes da periferia, através de
receptores sensoriais originários de diferentes sensações proprioceptiva, auditiva, visual e físico
musculares. Outros fatores intrínsecos e comportamentais do indivíduo para a atividade musical são:
habilidade técnica; experiências sociais; memórias afetivas e tensões emocionais provenientes da história
de vida dos sujeitos (JABUSCH; ALTENMÜLLER, 2006; MOURA, 2016).
Nesse aspecto, a aprendizagem de novos movimentos e práticas musicais, possibilitam readaptação
sensorial, motora, funcional, topográficas e estruturais no sistema nervoso central. Nesse sentido, o
retreinamento pedagógico leva em conta as essas particularidades de aprendizagem do profissional
afetado, possibilitando um processo de reintegração do portador de DFTE (GONÇALVES, 2012;
FERREIRA, 2013).
Outro aspecto, observado objeto no campo da pesquisa são os sintomas físicos causados por esse
distúrbio. Alguns sintomas singulares incluem descontrole na movimentação muscular, tremores na região
da embocadura, perda da vibração labial, perda da conexão entre sons em legato, tensão excessiva na
articulação provocando uma sensação de que a língua sem coordenação, perdas de ar através de
aberturas nos lábios e tensão facial (MARSTON, 2011; GONÇALVES, 2012; FERREIRA, 2013; OLIVEIRA
, 2014; ROMERO, 2016).
Por fim, a execução de um instrumento de metal requer uma combinação intensa de trabalho muscular e
intelectual, e o desequilíbrio entre esses aspectos pode levar a lesões e distúrbios irreversíveis, como a
Distonia Focal de Tarefa Específica de Embocadura (DFTE). Esta condição pode afetar músicos de metais
, mas pode ser prevenida e tratada com práticas preventivas e de convivência. O tratamento requer uma
abordagem multidisciplinar, incluindo avaliação minuciosa e plano terapêutico personalizado. A
performance musical depende da modulação contínua entre aprendizado motor e programação, ativada e
modulada por elementos comportamentais, dependendo do ambiente.
Embora a causa exata da Distonia Focal de Tarefa Específica não esteja totalmente elucidada no campo
científico, acredita-se que haja a combinação de fatores genéticos e ambientais. O tratamento dessa
condição geralmente envolve uma abordagem multifacetada que inclui fisioterapia, reabilitação e
medicamentos (JABUSCH; ALTENMÜLLER, 2006).
O uso de medicamentos, como a toxina botulínica, pode ser eficaz no tratamento da Distonia Focal de
Tarefa Específica, reduzindo a atividade muscular excessiva e melhorando a coordenação muscular. A
fisioterapia também pode ser útil na melhoria da função muscular e no alívio da dor (JABUSCH;
ALTENMÜLLER, 2006).
Moura (2016) ao abordar sobre o tratamento da DFTE, observou como um processo complexo,
envolvendo o uso de diferentes técnicas, incluindo o retreinamento, reprogramação motora, adequação
ergonômica, modificação de movimentos e posição do instrumento, uso de órteses e luvas, além de
restrição de movimentos indesejados. O processo de reabilitação começa sem o instrumento, evoluindo
para movimentos mais próximos ao desejado no processo psicomotor para a manutenção da capacidade
de manutenção da atividade musical.
Segundo Moura (2016) no processo de avaliação de uma abordagem multifacetada foi possível observar
uma melhoria significativa no controle postural motor e nas respostas dos pacientes com DFTE. Os
músicos apresentaram uma diminuição no tremor, um melhor relaxamento muscular tanto em repouso
quanto durante a prática musical, além de uma maior consciência postural e percepção da tensão
muscular.
Nesse processo de atuação multifatorial, o Retreinamento Sensorial e Motor é uma abordagem terapêutica
cada vez mais utilizada no tratamento da Distonia Focal de Tarefa Específica. Essa abordagem
terapêutica pode ser particularmente eficaz em indivíduos com Distonia Focal de Tarefa Específica, pois
ajuda a melhorar a coordenação muscular específica da tarefa afetada e pode levar a uma melhora
significativa na função e na qualidade de vida do paciente (FRUCHT, 2009)
A abordagem terapêutica de Retreinamento Motor é baseada em exercícios específicos que ajudam a
reprogramar o cérebro e melhorar a coordenação motora. Em indivíduos com Distonia Focal de Tarefa
Específica, a terapia pode se concentrar em exercícios que visam a coordenação e controle muscular
específicos da tarefa afetada, como no caso de músicos de metais (GONÇALVES, 2012).
Por exemplo, um músico de metais que sofre de Distonia Focal de Tarefa Específica pode ser submetido a
exercícios de técnica de respiração e relaxamento muscular, que ajudam a melhorar a coordenação da
musculatura respiratória e dos músculos envolvidos na execução do instrumento (OLIVEIRA, 2014).
Com a melhora na coordenação e controle muscular específicos da tarefa afetada, o músico de metais
pode experimentar uma melhora significativa na função cognitiva e na qualidade de vida. Ele pode sentir
mais confiança em sua capacidade de tocar o instrumento, reduzir o estresse e a ansiedade relacionados
à Distonia Focal de Tarefa Específica, além de recuperar sua habilidade musical e performance anterior
(GARCIA, 2012).
Em conclusão, a Distonia Focal de Tarefa Específica pode ser uma condição debilitante que afeta a
coordenação muscular durante a realização de uma tarefa específica. No entanto, com uma abordagem
multifacetada que inclui medicamentos, fisioterapia e Retreinamento Sensorial e Motor, é possível reduzir
os sintomas e melhorar a qualidade de vida do paciente.
2.3 Distonia Focal de Tarefa Específica, Retreinamento e Carreira Pedagógica dos Professores de Metais.
O processo de aprendizagem no campo musical envolve uma série de desafios complexos, indo do
processo da compreensão e apreensão da técnica musical a história do desenvolvimento musical,
passando por processos de expansão da criatividade artística. Assim, o equilíbrio entre os fatores físicos e
psicológicos do músico tem reflexo direto em seu estado biopsicossocial, tendo impacto na sua carreira
profissional.
Nesse sentido, a busca pelo aprimoramento técnico e musical é uma parte essencial da rotina de qualquer
pessoa que deseje aprofundar seus conhecimentos em um instrumento. Durante os estágios iniciais da
formação musical, os discentes não percebem, ou ignoram, os desconfortos que surgem relacionados as
práticas inadequadas, resultando em anos de repetição de movimentos inadequados ergonomicamente,
negligenciando à saúde física e mental (ANDERSON CAMARGOS PEGO; FERREIRA, 2022).
Diante desse processo de aprendizagem, no qual o processo pedagógico tem relevância na manutenção
da saúde do músico e impacto na sua carreira, a Distonia Focal de Tarefa Específica pode afetar músicos
de instrumentos de metais, causando movimentos involuntários e incontroláveis durante a execução
musical.
No Brasil, um trombonista ao relato seu processo de adaptação ao DFTE, encontrou a recuperação por
meio de uma nova forma de conceber o estudo do instrumento, baseado em um processo de
reprogramação, envolvendo uma reeducação sensorial de todo o sistema relacionado ao ato de tocar
trombone. Essa nova pedagogia trata-se da abordagem conceitual, que tem como principal objetivo o
conceito de ouvir o som internamente e reproduzi-lo, sem pensar em qual será o comando utilizado para
que isso aconteça. Essa pedagogia também preza pelo ensino/aprendizagem de forma facilitada, sem
muitos paradigmas (ANDERSON CAMARGOS PEGO; FERREIRA, 2022).
A abordagem conceitual foi propagada pelo músico e professor americano Arnold Jacobs, tubista da
Chicago Symphony Orchestra. Ele usava a ideia de cantar e memorizar o som das diferentes notas
musicais, acreditando que os sons fazem parte do sistema nervoso central do músico. De acordo com
essa abordagem, a questão técnica depende da maneira como se ouve o som internamente ou como o
músico pensa em uma música específica. Por isso, a abordagem conceitual enfatiza a internalização de
todos os aspectos da música, como som, ritmo, tom, dinâmica e estilo, a fim de melhorar as habilidades do
músico (ANDERSON CAMARGOS PEGO; FERREIRA, 2022). Nesse sentido o retreinamento tem
impacto direto na carreira de professores de Metais em Universidades, Escolas e Conservatórios.
Ao observamos a carreira pedagógica dos professores de metais, se tem em destaque que para além de
ensinar técnicas específicas para cada instrumento, os professores de metais também ajudam os alunos a
desenvolver habilidades musicais, como a capacidade de ler partituras, improvisar e trabalhar em equipe
(MARSTON, 2011; ROMERO, 2016)..
A carreira pedagógica dos professores de metais começa com a formação acadêmica. A maioria dos
professores de metais possui um diploma de bacharel em música ou em educação musical. Durante seus
estudos, os futuros professores de metais aprendem técnicas específicas para cada instrumento, bem
como teoria musical e história da música. Alguns professores de metais também obtêm um mestrado em
música ou educação musical, a fim de aprimorar ainda mais suas habilidades e conhecimentos
(MARSTON, 2011; GONÇALVES, 2012; FERREIRA, 2013; OLIVEIRA, 2014; ROMERO, 2016).
Diante desse contexto, os professores de metais com distonia focal de tarefa específica podem ter sua
carreira afetada de várias maneiras. Primeiro, a condição pode levar a um declínio na qualidade de sua
própria prática musical e performance, o que pode afetar sua credibilidade como educador musical. Além
disso, a condição pode tornar mais difícil para o professor transmitir as habilidades técnicas necessárias
para tocar o instrumento de forma adequada, podendo impactar negativamente a qualidade da educação
musical que seus alunos recebem (MARSTON, 2011; GONÇALVES, 2012; FERREIRA, 2013; OLIVEIRA,
2014; ROMERO, 2016). Assim, o retreinamento pode auxiliar a reprogramar o cérebro para executar a
tarefa afetada de forma mais eficiente. O retreinamento pode ser realizado com a ajuda de um terapeuta
especializado em distonia focal de tarefa específica ou através de técnicas de autoterapia, como a prática
consciente e focada (FRUCHT, 2009).
O retreinamento pode ajudar os professores de metais a lidar com a distonia focal de tarefa específica por
meio de técnicas de reeducação sensorial e mudanças na abordagem de tocar o instrumento. Além de
recuperar a habilidade de tocar, o processo de retreinamento também pode ser valioso para o
desenvolvimento profissional desses professores, especialmente em relação à carreira pedagógica (
GONÇALVES, 2012; FERREIRA, 2013; ROMERO, 2016).
A experiência de passar pelo retreinamento pode fornecer aos professores de metais uma visão única
sobre como ajudar seus alunos a superar dificuldades técnicas e emocionais. Eles também podem
aprender novas técnicas de ensino que podem ajudá-los a ensinar a música de uma maneira mais eficaz e
acessível. Afinal, o papel do professor é fundamental para o desenvolvimento dos alunos e o
conhecimento adquirido durante o processo de retreinamento pode ser aplicado diretamente na sala de
aula (MOURA, 2016) .
Além disso, o retreinamento pode ser uma oportunidade para os professores de metais aprimorarem suas
habilidades e ampliarem seus horizontes musicais. Durante o processo de reeducação, os professores
podem aprender novos estilos musicais, técnicas e repertórios, o que pode enriquecer suas aulas e torná-
las mais interessantes e variadas para seus alunos (OLIVEIRA, 2014).
No entanto, é importante ressaltar que o retreinamento deve ser realizado por profissionais especializados
e com experiência em lidar com a distonia focal de tarefa específica. O processo de reeducação sensorial
é complexo e deve ser individualizado para cada caso, levando em consideração o histórico do paciente e
suas necessidades específicas (JABUSCH; ALTENMÜLLER, 2006).
Em resumo, o retreinamento pode ser uma ferramenta valiosa para os professores de metais que sofrem
de distonia focal de tarefa específica, permitindo-lhes recuperar a habilidade de tocar e desenvolver novas
habilidades pedagógicas. Além disso, a experiência de passar pelo processo de retreinamento pode
fornecer novos insights sobre como ajudar os alunos a superar dificuldades musicais e emocionais. É
importante lembrar que o retreinamento deve ser realizado por profissionais especializados e com
experiência em lidar com a distonia focal de tarefa específica.
3 Justificativa
O Distonia Focal de Tarefa Específica impacto dessa condição na carreira dos professores de metais é
significativo, uma vez que eles precisam tocar seus instrumentos para ensinar e demonstrar técnicas
musicais para seus alunos. Isso pode resultar em uma perda de profissionais, afetando a qualidade do
ensino de música nas instituições públicas e privadas no Brasil.
Por isso, é importante investigar o impacto da distonia focal de tarefa específica na carreira pedagógica
dos professores de metais, bem como as estratégias de retreinamento e readaptação que podem ser
implementadas para permitir que esses professores voltem a tocar seus instrumentos de forma adequada
e recuperem a confiança em suas habilidades musicais.
Essa pesquisa pode fornecer informações assertivas para professores de metais, profissionais da saúde,
escolas de música e organizações que apoiam músicos com distonia focal de tarefa específica. Além disso
, pode contribuir para a criação de programas de apoio e treinamento para músicos que sofrem com essa
condição, ajudando a manter a qualidade da educação musical no Brasil.
4 Objetivos
4.1 Objetivo Geral
5 Metodologia
A metodologia da pesquisa será baseada em pesquisa ação contendo um estudo de caso, a utilização de
pesquisa de campo, entrevistas com professores de metais que já passaram pela experiência de ter
distonia e autorrelato dos participantes. Assim, se buscará avaliar o impacto que a distonia teve na carreira
pedagógica dos professores DFTE, bem como os desafios enfrentados para a reinserção no mercado de
trabalho após o tratamento da condição.
A coleta de dados será feita por meio de entrevistas individuais e semiestruturadas com professores de
metais que já foram diagnosticados com distonia. Além disso, os participantes serão convidados a fazer
um autorrelato sobre sua experiência com a condição e como isso afetou sua vida profissional. A pesquisa
também incluirá a coleta de histórias de vida dos participantes, que serão analisadas para ajudar a
contextualizar as informações coletadas nas entrevistas.
A amostra será selecionada por conveniência, com a intenção de incluir participantes com diferentes níveis
6 Cronograma
Referencial Bibliográfico
CRESWELL, J. W. (2014). Research design: Qualitative, quantitative, and mixed methods approaches.
Sage publications.
JINNAH, Hyder A.; ALBANESE, Alberto. The new classification system for the dystonias: why was it
needed and how was it developed?. Movement disorders clinical practice, v. 1, n. 4, p. 280, 2014.
MARSTON, K. L. Finding the balance: Jan Kagarice, a case study of a master trombone teacher. 2011.
335 f. Tese de Doutorado em Educação ? Columbia University, Nova Iorque, NI-EU, 2011.
OLIVEIRA, E. A distonia focal na embocadura dos instrumentistas do naipe de metais: um estudo de caso
. 2014. 31 f. Dissertação (Mestrado em Musica) ? Universidade Federal de Goiás, Goiânia, 2014.
Disponível em: http://repositorio.bc.ufg.br/tede/handle/tede/4579. Acesso em: 6 Mar. 2023.
ROMERO, H. A. P. Estratégias de estudo de músicos com Distonia focal?: análise de três entrevistas e
auto relato. 2016. 111 f. Dissertação (Mestrado em Musica) ? Universidade Federal do Rio Grande do Sul,
Porto Alegre, 2016. Disponível em: https://lume.ufrgs.br/handle/10183/151418. Acesso em: 6 fev. 2022.
=================================================================================
Arquivo 1: Pré projeto PPgmus Versão 1.docx (3471 termos)
Arquivo 2: http://marstonhr.com.br (307 termos)
Termos comuns: 1
Similaridade: 0,02%
O texto abaixo é o conteúdo do documento Pré projeto PPgmus Versão 1.docx (3471 termos)
Os termos em vermelho foram encontrados no documento http://marstonhr.com.br (307 termos)
=================================================================================
NATAL-RN
2023
NATAL-RN
2023
1 Introdução
De acordo com Jinnah e Albanese (2014), a distonia focal é uma condição caracterizada pela contração
involuntária de um músculo ou parte específica do corpo, resultando em movimentos anormais como
tremores ou posturas irregulares. A disfunção do movimento associada a distonia pode ser desencadeada
por uma atividade específica, que requer precisão e controle motor contínuo, como tocar um instrumento
musical ou escrever.
Diante desse contexto um estudo epidemiológico sobre perfil clínico de músicos brasileiros apresentado na
31ª Conferência Mundial de Educação Musical da ISME em 2014, apresentou protocolos de avaliação
padronizados para reconhecer essa disfunção entre músicos. O estudo concentrou-se em populações de
músicos de orquestras, universidades e centros de ensino musical de seis estados, com um questionário
avaliando o número de músicos que relataram conviver com sintomas da distonia (MOURA et al., 2014
apud MOURA, 2016).
Os músicos foram convidados a gravar áudio e vídeo e realizar as escalas de ansiedade de Hamilton e a
quantificação de distonia de Tubiana. Foram coletados dados de 12 cidades em seis estados brasileiros,
totalizando 1.086 questionários preenchidos com taxas de prevalência de DM em Santa Catarina (1,5%),
Bahia (2,4%), Paraíba (7,5%), Ceará (3,1%), Rio Grande do Norte (3,0%) e São Paulo (1,5%). Portanto, a
prevalência média de músicos brasileiros afetados por distonia é de 2,2%. Os dados parciais de pesquisa
indicavam que a prevalência média no Brasil é semelhante à relatada na literatura internacional, variando
de 1 a 3%, indicando um problema a ser mais investigado (MOURA et al., 2014 apud MOURA, 2016).
A prevalência da doença em músicos é particularmente comum na mão, sendo uma das partes do corpo
que exigem precisão e controle motor para realizar da atividade com instrumento musical (JABUSCH;
ALTENMÜLLER, 2006)
A distonia focal de tarefa especifica é uma condição neurológica que afetam músicos, tendo impacto
significativo na vida profissional, bem como o comprometimento da capacidade de atuar como professores
. Diante desse contexto, estudos científicos têm sido realizados para entender a relação entre a distonia
focal, a performance e a carreira dos músicos (MARSTON, 2011; GONÇALVES, 2012; FERREIRA, 2013;
OLIVEIRA, 2014; ROMERO, 2016)
No entanto, nota-se que há um campo aberto na pesquisa científica sobre o impacto dessa desordem na
carreira pedagógica dos professores de metais. O presente pré-projeto de pesquisa busca explorará o que
acontece com a carreira pedagógica dos professores de metais, em especial trombone, após receberem o
diagnóstico da doença.
Será realizado um estudo qualitativo, baseada em entrevistas e história de vida, com professores afetados
pela desordem, a fim de identificar os desafios enfrentados no campo pedagógico do ensino de música, as
estratégias de saúde e profissionais adotadas no convívio com a distonia, bem como mapear as
transformações na carreira no campo profissional e institucional. Compreender melhor essas questões
podem auxiliar nos processos de retreinamento musical dos professores de metais, bem como fornecer
informações úteis para o desenvolvimento de estratégias de apoio e tratamento possibilitadores da
manutenção da carreira pedagógica, assim como, por vezes, a reinserção no mercado de trabalho.
2 Fundamentação Teórica
2.1 Distonia focal em Músicos profissionais.
A execução de um instrumento de metal requer um intenso trabalho muscular e intelectual para alcançar
uma performance satisfatória no campo profissional. Infelizmente, a falta desse equilíbrio pode levar a
lesões e distúrbios que podem ser irreversíveis, no qual carreiras musicais têm sido limitadas por
problemas de saúde relacionados à performance (OLIVEIRA, 2014).
O diagnóstico é baseado na história clínica, na observação da prática musical do instrumentista, exames
físicos e neurológicos, para detectar a perda gradual da coordenação muscular. Estudos recentes
mostram que os padrões de movimentos anormais incluem tremor na embocadura, movimentos labiais
involuntários e fechamento da mandíbula (FRUCHT, 2009) É interessante notar que a faixa de idade dos
quadros distônicos diagnosticados e estudados demonstram que instrumentistas entre 30-40 anos de
idade, quando já possuem técnica e sonoridade praticamente formadas, são os mais afetados ( OLIVEIRA
, 2014).
O estudo da fisiopatologia da distonia focal em músicos de metais tem sido direcionado para entender as
anormalidades tanto no sistema motor quanto no somatossensorial. Existem vários estudos sobre sua
fisiopatologia, que apontam em diferentes direções. Estes incluem alteração da plasticidade neuronal
apresentada pelo músico distônico, modificando a representação cortical de diferentes partes do corpo, e
uma diminuição no mecanismo de inervação recíproca, que controla o movimento das articulações por
grupos musculares sinérgicos/agonistas que realizam a ação e através do desligamento de outros feixes
de músculos realizados pelos grupos antagonistas permitindo assim que a ação ocorra (MOURA, 2016).
Em músicos, este distúrbio pode acontecer como distonia focal de tarefa específica, que se caracteriza por
atingir uma parte específica do corpo durante a prática e performance do instrumento. No caso de
instrumentistas de metais, a terminologia apropriada seria Distonia Focal de Tarefa Específica de
Embocadura (DFTE) ( FERREIRA, 2013; OLIVEIRA, 2014).
A Distonia Focal do músico, tem se tornando frequente entre músicos, sendo uma das causas do
encerramento da carreira profissional e pedagógica de músicos de metais. A DFTE pode ser causada por
uma prática incorreta e excessiva, que pode gerar posturas anormais e incorretas, levando aos distúrbios
da distonia. Pesquisas no campo médico demostram a impossibilidade de cura, porém sendo possível
prevenção e tratamento dos sintomas com a finalidade de manutenção do desempenhando pedagógico e
retreinamento musical (ROMERO, 2016).
Algumas práticas podem ajudar na prevenção e na convivência com a desordem, como horários
razoáveis de prática, economia de técnica, prevenção de sobre uso e dor, prática mental, variações nos
padrões de movimento, motivação, evitar repetições mecânicas e frustração, hábitos saudáveis de vida,
exercícios de aquecimento e relaxamento, exercício físico regular, suficientes descansos e horas de sono
(MARSTON, 2011; GONÇALVES, 2012; FERREIRA, 2013; OLIVEIRA, 2014; ROMERO, 2016).
O tratamento da DFTE em músicos depende de uma abordagem multidisciplinar que inclui uma avaliação
minuciosa da história, função motora e ambiente do indivíduo, que é então utilizada para desenvolver um
plano terapêutico personalizado (MOURA, 2016). Por isso, técnicas de fisioterapia, terapia ocupacional e o
retreinamento pedagógico são possibilidades de lidar com os efeitos da desordem em relação as
atividades musicais. A performance musical, assim como qualquer atividade que exige um alto grau de
refinamento e nuance de movimentos, depende de uma modulação contínua entre aprendizado motor e
programação, que é ativada e modulada por elementos comportamentais dependendo do ambiente
(JABUSCH; ALTENMÜLLER, 2006).
Do ponto neurológico a atividade musical está relacionada ao controle bidirecional do sistema neural é
representado pela modulação do aprendizado através da adaptação e ajuste apropriados das ações em
diferentes tarefas. Essa adaptação surge a partir de informações provenientes da periferia, através de
receptores sensoriais originários de diferentes sensações proprioceptiva, auditiva, visual e físico
musculares. Outros fatores intrínsecos e comportamentais do indivíduo para a atividade musical são:
habilidade técnica; experiências sociais; memórias afetivas e tensões emocionais provenientes da história
de vida dos sujeitos (JABUSCH; ALTENMÜLLER, 2006; MOURA, 2016).
Nesse aspecto, a aprendizagem de novos movimentos e práticas musicais, possibilitam readaptação
sensorial, motora, funcional, topográficas e estruturais no sistema nervoso central. Nesse sentido, o
retreinamento pedagógico leva em conta as essas particularidades de aprendizagem do profissional
afetado, possibilitando um processo de reintegração do portador de DFTE (GONÇALVES, 2012;
FERREIRA, 2013).
Outro aspecto, observado objeto no campo da pesquisa são os sintomas físicos causados por esse
distúrbio. Alguns sintomas singulares incluem descontrole na movimentação muscular, tremores na região
da embocadura, perda da vibração labial, perda da conexão entre sons em legato, tensão excessiva na
articulação provocando uma sensação de que a língua sem coordenação, perdas de ar através de
aberturas nos lábios e tensão facial (MARSTON, 2011; GONÇALVES, 2012; FERREIRA, 2013; OLIVEIRA
, 2014; ROMERO, 2016).
Por fim, a execução de um instrumento de metal requer uma combinação intensa de trabalho muscular e
intelectual, e o desequilíbrio entre esses aspectos pode levar a lesões e distúrbios irreversíveis, como a
Distonia Focal de Tarefa Específica de Embocadura (DFTE). Esta condição pode afetar músicos de metais
, mas pode ser prevenida e tratada com práticas preventivas e de convivência. O tratamento requer uma
abordagem multidisciplinar, incluindo avaliação minuciosa e plano terapêutico personalizado. A
performance musical depende da modulação contínua entre aprendizado motor e programação, ativada e
modulada por elementos comportamentais, dependendo do ambiente.
Embora a causa exata da Distonia Focal de Tarefa Específica não esteja totalmente elucidada no campo
científico, acredita-se que haja a combinação de fatores genéticos e ambientais. O tratamento dessa
condição geralmente envolve uma abordagem multifacetada que inclui fisioterapia, reabilitação e
medicamentos (JABUSCH; ALTENMÜLLER, 2006).
O uso de medicamentos, como a toxina botulínica, pode ser eficaz no tratamento da Distonia Focal de
Tarefa Específica, reduzindo a atividade muscular excessiva e melhorando a coordenação muscular. A
fisioterapia também pode ser útil na melhoria da função muscular e no alívio da dor (JABUSCH;
ALTENMÜLLER, 2006).
Moura (2016) ao abordar sobre o tratamento da DFTE, observou como um processo complexo,
envolvendo o uso de diferentes técnicas, incluindo o retreinamento, reprogramação motora, adequação
ergonômica, modificação de movimentos e posição do instrumento, uso de órteses e luvas, além de
restrição de movimentos indesejados. O processo de reabilitação começa sem o instrumento, evoluindo
para movimentos mais próximos ao desejado no processo psicomotor para a manutenção da capacidade
de manutenção da atividade musical.
Segundo Moura (2016) no processo de avaliação de uma abordagem multifacetada foi possível observar
uma melhoria significativa no controle postural motor e nas respostas dos pacientes com DFTE. Os
músicos apresentaram uma diminuição no tremor, um melhor relaxamento muscular tanto em repouso
quanto durante a prática musical, além de uma maior consciência postural e percepção da tensão
muscular.
Nesse processo de atuação multifatorial, o Retreinamento Sensorial e Motor é uma abordagem terapêutica
cada vez mais utilizada no tratamento da Distonia Focal de Tarefa Específica. Essa abordagem
terapêutica pode ser particularmente eficaz em indivíduos com Distonia Focal de Tarefa Específica, pois
ajuda a melhorar a coordenação muscular específica da tarefa afetada e pode levar a uma melhora
significativa na função e na qualidade de vida do paciente (FRUCHT, 2009)
A abordagem terapêutica de Retreinamento Motor é baseada em exercícios específicos que ajudam a
reprogramar o cérebro e melhorar a coordenação motora. Em indivíduos com Distonia Focal de Tarefa
Específica, a terapia pode se concentrar em exercícios que visam a coordenação e controle muscular
específicos da tarefa afetada, como no caso de músicos de metais (GONÇALVES, 2012).
Por exemplo, um músico de metais que sofre de Distonia Focal de Tarefa Específica pode ser submetido a
exercícios de técnica de respiração e relaxamento muscular, que ajudam a melhorar a coordenação da
musculatura respiratória e dos músculos envolvidos na execução do instrumento (OLIVEIRA, 2014).
Com a melhora na coordenação e controle muscular específicos da tarefa afetada, o músico de metais
pode experimentar uma melhora significativa na função cognitiva e na qualidade de vida. Ele pode sentir
mais confiança em sua capacidade de tocar o instrumento, reduzir o estresse e a ansiedade relacionados
à Distonia Focal de Tarefa Específica, além de recuperar sua habilidade musical e performance anterior
(GARCIA, 2012).
Em conclusão, a Distonia Focal de Tarefa Específica pode ser uma condição debilitante que afeta a
coordenação muscular durante a realização de uma tarefa específica. No entanto, com uma abordagem
multifacetada que inclui medicamentos, fisioterapia e Retreinamento Sensorial e Motor, é possível reduzir
os sintomas e melhorar a qualidade de vida do paciente.
2.3 Distonia Focal de Tarefa Específica, Retreinamento e Carreira Pedagógica dos Professores de Metais.
O processo de aprendizagem no campo musical envolve uma série de desafios complexos, indo do
processo da compreensão e apreensão da técnica musical a história do desenvolvimento musical,
passando por processos de expansão da criatividade artística. Assim, o equilíbrio entre os fatores físicos e
psicológicos do músico tem reflexo direto em seu estado biopsicossocial, tendo impacto na sua carreira
profissional.
Nesse sentido, a busca pelo aprimoramento técnico e musical é uma parte essencial da rotina de qualquer
pessoa que deseje aprofundar seus conhecimentos em um instrumento. Durante os estágios iniciais da
formação musical, os discentes não percebem, ou ignoram, os desconfortos que surgem relacionados as
práticas inadequadas, resultando em anos de repetição de movimentos inadequados ergonomicamente,
negligenciando à saúde física e mental (ANDERSON CAMARGOS PEGO; FERREIRA, 2022).
Diante desse processo de aprendizagem, no qual o processo pedagógico tem relevância na manutenção
da saúde do músico e impacto na sua carreira, a Distonia Focal de Tarefa Específica pode afetar músicos
de instrumentos de metais, causando movimentos involuntários e incontroláveis durante a execução
musical.
No Brasil, um trombonista ao relato seu processo de adaptação ao DFTE, encontrou a recuperação por
meio de uma nova forma de conceber o estudo do instrumento, baseado em um processo de
reprogramação, envolvendo uma reeducação sensorial de todo o sistema relacionado ao ato de tocar
trombone. Essa nova pedagogia trata-se da abordagem conceitual, que tem como principal objetivo o
conceito de ouvir o som internamente e reproduzi-lo, sem pensar em qual será o comando utilizado para
que isso aconteça. Essa pedagogia também preza pelo ensino/aprendizagem de forma facilitada, sem
muitos paradigmas (ANDERSON CAMARGOS PEGO; FERREIRA, 2022).
A abordagem conceitual foi propagada pelo músico e professor americano Arnold Jacobs, tubista da
Chicago Symphony Orchestra. Ele usava a ideia de cantar e memorizar o som das diferentes notas
musicais, acreditando que os sons fazem parte do sistema nervoso central do músico. De acordo com
essa abordagem, a questão técnica depende da maneira como se ouve o som internamente ou como o
músico pensa em uma música específica. Por isso, a abordagem conceitual enfatiza a internalização de
todos os aspectos da música, como som, ritmo, tom, dinâmica e estilo, a fim de melhorar as habilidades do
músico (ANDERSON CAMARGOS PEGO; FERREIRA, 2022). Nesse sentido o retreinamento tem
impacto direto na carreira de professores de Metais em Universidades, Escolas e Conservatórios.
Ao observamos a carreira pedagógica dos professores de metais, se tem em destaque que para além de
ensinar técnicas específicas para cada instrumento, os professores de metais também ajudam os alunos a
desenvolver habilidades musicais, como a capacidade de ler partituras, improvisar e trabalhar em equipe
(MARSTON, 2011; ROMERO, 2016)..
A carreira pedagógica dos professores de metais começa com a formação acadêmica. A maioria dos
professores de metais possui um diploma de bacharel em música ou em educação musical. Durante seus
estudos, os futuros professores de metais aprendem técnicas específicas para cada instrumento, bem
como teoria musical e história da música. Alguns professores de metais também obtêm um mestrado em
música ou educação musical, a fim de aprimorar ainda mais suas habilidades e conhecimentos
(MARSTON, 2011; GONÇALVES, 2012; FERREIRA, 2013; OLIVEIRA, 2014; ROMERO, 2016).
Diante desse contexto, os professores de metais com distonia focal de tarefa específica podem ter sua
carreira afetada de várias maneiras. Primeiro, a condição pode levar a um declínio na qualidade de sua
própria prática musical e performance, o que pode afetar sua credibilidade como educador musical. Além
disso, a condição pode tornar mais difícil para o professor transmitir as habilidades técnicas necessárias
para tocar o instrumento de forma adequada, podendo impactar negativamente a qualidade da educação
musical que seus alunos recebem (MARSTON, 2011; GONÇALVES, 2012; FERREIRA, 2013; OLIVEIRA,
2014; ROMERO, 2016). Assim, o retreinamento pode auxiliar a reprogramar o cérebro para executar a
tarefa afetada de forma mais eficiente. O retreinamento pode ser realizado com a ajuda de um terapeuta
especializado em distonia focal de tarefa específica ou através de técnicas de autoterapia, como a prática
consciente e focada (FRUCHT, 2009).
O retreinamento pode ajudar os professores de metais a lidar com a distonia focal de tarefa específica por
meio de técnicas de reeducação sensorial e mudanças na abordagem de tocar o instrumento. Além de
recuperar a habilidade de tocar, o processo de retreinamento também pode ser valioso para o
desenvolvimento profissional desses professores, especialmente em relação à carreira pedagógica (
GONÇALVES, 2012; FERREIRA, 2013; ROMERO, 2016).
A experiência de passar pelo retreinamento pode fornecer aos professores de metais uma visão única
sobre como ajudar seus alunos a superar dificuldades técnicas e emocionais. Eles também podem
aprender novas técnicas de ensino que podem ajudá-los a ensinar a música de uma maneira mais eficaz e
acessível. Afinal, o papel do professor é fundamental para o desenvolvimento dos alunos e o
conhecimento adquirido durante o processo de retreinamento pode ser aplicado diretamente na sala de
aula (MOURA, 2016) .
Além disso, o retreinamento pode ser uma oportunidade para os professores de metais aprimorarem suas
habilidades e ampliarem seus horizontes musicais. Durante o processo de reeducação, os professores
podem aprender novos estilos musicais, técnicas e repertórios, o que pode enriquecer suas aulas e torná-
las mais interessantes e variadas para seus alunos (OLIVEIRA, 2014).
No entanto, é importante ressaltar que o retreinamento deve ser realizado por profissionais especializados
e com experiência em lidar com a distonia focal de tarefa específica. O processo de reeducação sensorial
é complexo e deve ser individualizado para cada caso, levando em consideração o histórico do paciente e
suas necessidades específicas (JABUSCH; ALTENMÜLLER, 2006).
Em resumo, o retreinamento pode ser uma ferramenta valiosa para os professores de metais que sofrem
de distonia focal de tarefa específica, permitindo-lhes recuperar a habilidade de tocar e desenvolver novas
habilidades pedagógicas. Além disso, a experiência de passar pelo processo de retreinamento pode
fornecer novos insights sobre como ajudar os alunos a superar dificuldades musicais e emocionais. É
importante lembrar que o retreinamento deve ser realizado por profissionais especializados e com
experiência em lidar com a distonia focal de tarefa específica.
3 Justificativa
O Distonia Focal de Tarefa Específica impacto dessa condição na carreira dos professores de metais é
significativo, uma vez que eles precisam tocar seus instrumentos para ensinar e demonstrar técnicas
musicais para seus alunos. Isso pode resultar em uma perda de profissionais, afetando a qualidade do
ensino de música nas instituições públicas e privadas no Brasil.
Por isso, é importante investigar o impacto da distonia focal de tarefa específica na carreira pedagógica
dos professores de metais, bem como as estratégias de retreinamento e readaptação que podem ser
implementadas para permitir que esses professores voltem a tocar seus instrumentos de forma adequada
e recuperem a confiança em suas habilidades musicais.
Essa pesquisa pode fornecer informações assertivas para professores de metais, profissionais da saúde,
escolas de música e organizações que apoiam músicos com distonia focal de tarefa específica. Além disso
, pode contribuir para a criação de programas de apoio e treinamento para músicos que sofrem com essa
condição, ajudando a manter a qualidade da educação musical no Brasil.
4 Objetivos
4.1 Objetivo Geral
5 Metodologia
A metodologia da pesquisa será baseada em pesquisa ação contendo um estudo de caso, a utilização de
pesquisa de campo, entrevistas com professores de metais que já passaram pela experiência de ter
distonia e autorrelato dos participantes. Assim, se buscará avaliar o impacto que a distonia teve na carreira
pedagógica dos professores DFTE, bem como os desafios enfrentados para a reinserção no mercado de
trabalho após o tratamento da condição.
A coleta de dados será feita por meio de entrevistas individuais e semiestruturadas com professores de
metais que já foram diagnosticados com distonia. Além disso, os participantes serão convidados a fazer
um autorrelato sobre sua experiência com a condição e como isso afetou sua vida profissional. A pesquisa
também incluirá a coleta de histórias de vida dos participantes, que serão analisadas para ajudar a
contextualizar as informações coletadas nas entrevistas.
A amostra será selecionada por conveniência, com a intenção de incluir participantes com diferentes níveis
de gravidade da condição e diferentes experiências profissionais no campo do ensino da música. O local
de pesquisa de campo e busca dos participantes será Associação Brasileira de Trombonistas, bem como
6 Cronograma
Referencial Bibliográfico
CRESWELL, J. W. (2014). Research design: Qualitative, quantitative, and mixed methods approaches.
Sage publications.
Advances in Cognitive Psychology, [S. l.], v. 2, n. 2, p. 207?220, 1 jan. 2006. Disponível em: http://www.ac-
psych.org/en/download-pdf/volume/2/issue/2/id/19.
JINNAH, Hyder A.; ALBANESE, Alberto. The new classification system for the dystonias: why was it
needed and how was it developed?. Movement disorders clinical practice, v. 1, n. 4, p. 280, 2014.
MARSTON, K. L. Finding the balance: Jan Kagarice, a case study of a master trombone teacher. 2011.
335 f. Tese de Doutorado em Educação ? Columbia University, Nova Iorque, NI-EU, 2011.
OLIVEIRA, E. A distonia focal na embocadura dos instrumentistas do naipe de metais: um estudo de caso
. 2014. 31 f. Dissertação (Mestrado em Musica) ? Universidade Federal de Goiás, Goiânia, 2014.
Disponível em: http://repositorio.bc.ufg.br/tede/handle/tede/4579. Acesso em: 6 Mar. 2023.
ROMERO, H. A. P. Estratégias de estudo de músicos com Distonia focal?: análise de três entrevistas e
auto relato. 2016. 111 f. Dissertação (Mestrado em Musica) ? Universidade Federal do Rio Grande do Sul,
Porto Alegre, 2016. Disponível em: https://lume.ufrgs.br/handle/10183/151418. Acesso em: 6 fev. 2022.
=================================================================================
Arquivo 1: Pré projeto PPgmus Versão 1.docx (3471 termos)
Arquivo 2: http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_issuetoc&pid=1413-389X20040002 (193
termos)
Termos comuns: 1
Similaridade: 0,02%
O texto abaixo é o conteúdo do documento Pré projeto PPgmus Versão 1.docx (3471 termos)
Os termos em vermelho foram encontrados no documento
http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_issuetoc&pid=1413-389X20040002 (193 termos)
=================================================================================
NATAL-RN
2023
NATAL-RN
2023
1 Introdução
De acordo com Jinnah e Albanese (2014), a distonia focal é uma condição caracterizada pela contração
involuntária de um músculo ou parte específica do corpo, resultando em movimentos anormais como
tremores ou posturas irregulares. A disfunção do movimento associada a distonia pode ser desencadeada
por uma atividade específica, que requer precisão e controle motor contínuo, como tocar um instrumento
musical ou escrever.
Diante desse contexto um estudo epidemiológico sobre perfil clínico de músicos brasileiros apresentado na
31ª Conferência Mundial de Educação Musical da ISME em 2014, apresentou protocolos de avaliação
padronizados para reconhecer essa disfunção entre músicos. O estudo concentrou-se em populações de
músicos de orquestras, universidades e centros de ensino musical de seis estados, com um questionário
avaliando o número de músicos que relataram conviver com sintomas da distonia (MOURA et al., 2014
2 Fundamentação Teórica
2.1 Distonia focal em Músicos profissionais.
A execução de um instrumento de metal requer um intenso trabalho muscular e intelectual para alcançar
uma performance satisfatória no campo profissional. Infelizmente, a falta desse equilíbrio pode levar a
lesões e distúrbios que podem ser irreversíveis, no qual carreiras musicais têm sido limitadas por
problemas de saúde relacionados à performance (OLIVEIRA, 2014).
O diagnóstico é baseado na história clínica, na observação da prática musical do instrumentista, exames
físicos e neurológicos, para detectar a perda gradual da coordenação muscular. Estudos recentes
mostram que os padrões de movimentos anormais incluem tremor na embocadura, movimentos labiais
involuntários e fechamento da mandíbula (FRUCHT, 2009) É interessante notar que a faixa de idade dos
quadros distônicos diagnosticados e estudados demonstram que instrumentistas entre 30-40 anos de
idade, quando já possuem técnica e sonoridade praticamente formadas, são os mais afetados ( OLIVEIRA
, 2014).
O estudo da fisiopatologia da distonia focal em músicos de metais tem sido direcionado para entender as
anormalidades tanto no sistema motor quanto no somatossensorial. Existem vários estudos sobre sua
fisiopatologia, que apontam em diferentes direções. Estes incluem alteração da plasticidade neuronal
apresentada pelo músico distônico, modificando a representação cortical de diferentes partes do corpo, e
uma diminuição no mecanismo de inervação recíproca, que controla o movimento das articulações por
grupos musculares sinérgicos/agonistas que realizam a ação e através do desligamento de outros feixes
de músculos realizados pelos grupos antagonistas permitindo assim que a ação ocorra (MOURA, 2016).
Em músicos, este distúrbio pode acontecer como distonia focal de tarefa específica, que se caracteriza por
atingir uma parte específica do corpo durante a prática e performance do instrumento. No caso de
instrumentistas de metais, a terminologia apropriada seria Distonia Focal de Tarefa Específica de
Embocadura (DFTE) ( FERREIRA, 2013; OLIVEIRA, 2014).
A Distonia Focal do músico, tem se tornando frequente entre músicos, sendo uma das causas do
encerramento da carreira profissional e pedagógica de músicos de metais. A DFTE pode ser causada por
uma prática incorreta e excessiva, que pode gerar posturas anormais e incorretas, levando aos distúrbios
da distonia. Pesquisas no campo médico demostram a impossibilidade de cura, porém sendo possível
prevenção e tratamento dos sintomas com a finalidade de manutenção do desempenhando pedagógico e
retreinamento musical (ROMERO, 2016).
Algumas práticas podem ajudar na prevenção e na convivência com a desordem, como horários
razoáveis de prática, economia de técnica, prevenção de sobre uso e dor, prática mental, variações nos
padrões de movimento, motivação, evitar repetições mecânicas e frustração, hábitos saudáveis de vida,
exercícios de aquecimento e relaxamento, exercício físico regular, suficientes descansos e horas de sono
(MARSTON, 2011; GONÇALVES, 2012; FERREIRA, 2013; OLIVEIRA, 2014; ROMERO, 2016).
O tratamento da DFTE em músicos depende de uma abordagem multidisciplinar que inclui uma avaliação
minuciosa da história, função motora e ambiente do indivíduo, que é então utilizada para desenvolver um
plano terapêutico personalizado (MOURA, 2016). Por isso, técnicas de fisioterapia, terapia ocupacional e o
retreinamento pedagógico são possibilidades de lidar com os efeitos da desordem em relação as
atividades musicais. A performance musical, assim como qualquer atividade que exige um alto grau de
refinamento e nuance de movimentos, depende de uma modulação contínua entre aprendizado motor e
programação, que é ativada e modulada por elementos comportamentais dependendo do ambiente
(JABUSCH; ALTENMÜLLER, 2006).
Do ponto neurológico a atividade musical está relacionada ao controle bidirecional do sistema neural é
representado pela modulação do aprendizado através da adaptação e ajuste apropriados das ações em
diferentes tarefas. Essa adaptação surge a partir de informações provenientes da periferia, através de
receptores sensoriais originários de diferentes sensações proprioceptiva, auditiva, visual e físico
musculares. Outros fatores intrínsecos e comportamentais do indivíduo para a atividade musical são:
habilidade técnica; experiências sociais; memórias afetivas e tensões emocionais provenientes da história
de vida dos sujeitos (JABUSCH; ALTENMÜLLER, 2006; MOURA, 2016).
Nesse aspecto, a aprendizagem de novos movimentos e práticas musicais, possibilitam readaptação
sensorial, motora, funcional, topográficas e estruturais no sistema nervoso central. Nesse sentido, o
retreinamento pedagógico leva em conta as essas particularidades de aprendizagem do profissional
afetado, possibilitando um processo de reintegração do portador de DFTE (GONÇALVES, 2012;
FERREIRA, 2013).
Outro aspecto, observado objeto no campo da pesquisa são os sintomas físicos causados por esse
distúrbio. Alguns sintomas singulares incluem descontrole na movimentação muscular, tremores na região
da embocadura, perda da vibração labial, perda da conexão entre sons em legato, tensão excessiva na
articulação provocando uma sensação de que a língua sem coordenação, perdas de ar através de
aberturas nos lábios e tensão facial (MARSTON, 2011; GONÇALVES, 2012; FERREIRA, 2013; OLIVEIRA
, 2014; ROMERO, 2016).
Por fim, a execução de um instrumento de metal requer uma combinação intensa de trabalho muscular e
intelectual, e o desequilíbrio entre esses aspectos pode levar a lesões e distúrbios irreversíveis, como a
Distonia Focal de Tarefa Específica de Embocadura (DFTE). Esta condição pode afetar músicos de metais
, mas pode ser prevenida e tratada com práticas preventivas e de convivência. O tratamento requer uma
abordagem multidisciplinar, incluindo avaliação minuciosa e plano terapêutico personalizado. A
performance musical depende da modulação contínua entre aprendizado motor e programação, ativada e
modulada por elementos comportamentais, dependendo do ambiente.
Embora a causa exata da Distonia Focal de Tarefa Específica não esteja totalmente elucidada no campo
científico, acredita-se que haja a combinação de fatores genéticos e ambientais. O tratamento dessa
condição geralmente envolve uma abordagem multifacetada que inclui fisioterapia, reabilitação e
medicamentos (JABUSCH; ALTENMÜLLER, 2006).
O uso de medicamentos, como a toxina botulínica, pode ser eficaz no tratamento da Distonia Focal de
Tarefa Específica, reduzindo a atividade muscular excessiva e melhorando a coordenação muscular. A
fisioterapia também pode ser útil na melhoria da função muscular e no alívio da dor (JABUSCH;
ALTENMÜLLER, 2006).
Moura (2016) ao abordar sobre o tratamento da DFTE, observou como um processo complexo,
envolvendo o uso de diferentes técnicas, incluindo o retreinamento, reprogramação motora, adequação
ergonômica, modificação de movimentos e posição do instrumento, uso de órteses e luvas, além de
restrição de movimentos indesejados. O processo de reabilitação começa sem o instrumento, evoluindo
para movimentos mais próximos ao desejado no processo psicomotor para a manutenção da capacidade
de manutenção da atividade musical.
Segundo Moura (2016) no processo de avaliação de uma abordagem multifacetada foi possível observar
uma melhoria significativa no controle postural motor e nas respostas dos pacientes com DFTE. Os
músicos apresentaram uma diminuição no tremor, um melhor relaxamento muscular tanto em repouso
quanto durante a prática musical, além de uma maior consciência postural e percepção da tensão
muscular.
Nesse processo de atuação multifatorial, o Retreinamento Sensorial e Motor é uma abordagem terapêutica
cada vez mais utilizada no tratamento da Distonia Focal de Tarefa Específica. Essa abordagem
terapêutica pode ser particularmente eficaz em indivíduos com Distonia Focal de Tarefa Específica, pois
ajuda a melhorar a coordenação muscular específica da tarefa afetada e pode levar a uma melhora
significativa na função e na qualidade de vida do paciente (FRUCHT, 2009)
A abordagem terapêutica de Retreinamento Motor é baseada em exercícios específicos que ajudam a
reprogramar o cérebro e melhorar a coordenação motora. Em indivíduos com Distonia Focal de Tarefa
Específica, a terapia pode se concentrar em exercícios que visam a coordenação e controle muscular
específicos da tarefa afetada, como no caso de músicos de metais (GONÇALVES, 2012).
Por exemplo, um músico de metais que sofre de Distonia Focal de Tarefa Específica pode ser submetido a
exercícios de técnica de respiração e relaxamento muscular, que ajudam a melhorar a coordenação da
musculatura respiratória e dos músculos envolvidos na execução do instrumento (OLIVEIRA, 2014).
Com a melhora na coordenação e controle muscular específicos da tarefa afetada, o músico de metais
pode experimentar uma melhora significativa na função cognitiva e na qualidade de vida. Ele pode sentir
mais confiança em sua capacidade de tocar o instrumento, reduzir o estresse e a ansiedade relacionados
à Distonia Focal de Tarefa Específica, além de recuperar sua habilidade musical e performance anterior
(GARCIA, 2012).
Em conclusão, a Distonia Focal de Tarefa Específica pode ser uma condição debilitante que afeta a
coordenação muscular durante a realização de uma tarefa específica. No entanto, com uma abordagem
multifacetada que inclui medicamentos, fisioterapia e Retreinamento Sensorial e Motor, é possível reduzir
os sintomas e melhorar a qualidade de vida do paciente.
2.3 Distonia Focal de Tarefa Específica, Retreinamento e Carreira Pedagógica dos Professores de Metais.
O processo de aprendizagem no campo musical envolve uma série de desafios complexos, indo do
processo da compreensão e apreensão da técnica musical a história do desenvolvimento musical,
passando por processos de expansão da criatividade artística. Assim, o equilíbrio entre os fatores físicos e
psicológicos do músico tem reflexo direto em seu estado biopsicossocial, tendo impacto na sua carreira
profissional.
Nesse sentido, a busca pelo aprimoramento técnico e musical é uma parte essencial da rotina de qualquer
pessoa que deseje aprofundar seus conhecimentos em um instrumento. Durante os estágios iniciais da
formação musical, os discentes não percebem, ou ignoram, os desconfortos que surgem relacionados as
práticas inadequadas, resultando em anos de repetição de movimentos inadequados ergonomicamente,
negligenciando à saúde física e mental (ANDERSON CAMARGOS PEGO; FERREIRA, 2022).
Diante desse processo de aprendizagem, no qual o processo pedagógico tem relevância na manutenção
da saúde do músico e impacto na sua carreira, a Distonia Focal de Tarefa Específica pode afetar músicos
de instrumentos de metais, causando movimentos involuntários e incontroláveis durante a execução
musical.
No Brasil, um trombonista ao relato seu processo de adaptação ao DFTE, encontrou a recuperação por
meio de uma nova forma de conceber o estudo do instrumento, baseado em um processo de
reprogramação, envolvendo uma reeducação sensorial de todo o sistema relacionado ao ato de tocar
trombone. Essa nova pedagogia trata-se da abordagem conceitual, que tem como principal objetivo o
conceito de ouvir o som internamente e reproduzi-lo, sem pensar em qual será o comando utilizado para
que isso aconteça. Essa pedagogia também preza pelo ensino/aprendizagem de forma facilitada, sem
muitos paradigmas (ANDERSON CAMARGOS PEGO; FERREIRA, 2022).
A abordagem conceitual foi propagada pelo músico e professor americano Arnold Jacobs, tubista da
Chicago Symphony Orchestra. Ele usava a ideia de cantar e memorizar o som das diferentes notas
musicais, acreditando que os sons fazem parte do sistema nervoso central do músico. De acordo com
essa abordagem, a questão técnica depende da maneira como se ouve o som internamente ou como o
músico pensa em uma música específica. Por isso, a abordagem conceitual enfatiza a internalização de
todos os aspectos da música, como som, ritmo, tom, dinâmica e estilo, a fim de melhorar as habilidades do
músico (ANDERSON CAMARGOS PEGO; FERREIRA, 2022). Nesse sentido o retreinamento tem
impacto direto na carreira de professores de Metais em Universidades, Escolas e Conservatórios.
Ao observamos a carreira pedagógica dos professores de metais, se tem em destaque que para além de
ensinar técnicas específicas para cada instrumento, os professores de metais também ajudam os alunos a
desenvolver habilidades musicais, como a capacidade de ler partituras, improvisar e trabalhar em equipe
(MARSTON, 2011; ROMERO, 2016)..
A carreira pedagógica dos professores de metais começa com a formação acadêmica. A maioria dos
professores de metais possui um diploma de bacharel em música ou em educação musical. Durante seus
estudos, os futuros professores de metais aprendem técnicas específicas para cada instrumento, bem
como teoria musical e história da música. Alguns professores de metais também obtêm um mestrado em
música ou educação musical, a fim de aprimorar ainda mais suas habilidades e conhecimentos
(MARSTON, 2011; GONÇALVES, 2012; FERREIRA, 2013; OLIVEIRA, 2014; ROMERO, 2016).
Diante desse contexto, os professores de metais com distonia focal de tarefa específica podem ter sua
carreira afetada de várias maneiras. Primeiro, a condição pode levar a um declínio na qualidade de sua
própria prática musical e performance, o que pode afetar sua credibilidade como educador musical. Além
disso, a condição pode tornar mais difícil para o professor transmitir as habilidades técnicas necessárias
para tocar o instrumento de forma adequada, podendo impactar negativamente a qualidade da educação
musical que seus alunos recebem (MARSTON, 2011; GONÇALVES, 2012; FERREIRA, 2013; OLIVEIRA,
2014; ROMERO, 2016). Assim, o retreinamento pode auxiliar a reprogramar o cérebro para executar a
tarefa afetada de forma mais eficiente. O retreinamento pode ser realizado com a ajuda de um terapeuta
especializado em distonia focal de tarefa específica ou através de técnicas de autoterapia, como a prática
consciente e focada (FRUCHT, 2009).
O retreinamento pode ajudar os professores de metais a lidar com a distonia focal de tarefa específica por
meio de técnicas de reeducação sensorial e mudanças na abordagem de tocar o instrumento. Além de
recuperar a habilidade de tocar, o processo de retreinamento também pode ser valioso para o
desenvolvimento profissional desses professores, especialmente em relação à carreira pedagógica (
GONÇALVES, 2012; FERREIRA, 2013; ROMERO, 2016).
A experiência de passar pelo retreinamento pode fornecer aos professores de metais uma visão única
sobre como ajudar seus alunos a superar dificuldades técnicas e emocionais. Eles também podem
aprender novas técnicas de ensino que podem ajudá-los a ensinar a música de uma maneira mais eficaz e
acessível. Afinal, o papel do professor é fundamental para o desenvolvimento dos alunos e o
conhecimento adquirido durante o processo de retreinamento pode ser aplicado diretamente na sala de
aula (MOURA, 2016) .
Além disso, o retreinamento pode ser uma oportunidade para os professores de metais aprimorarem suas
habilidades e ampliarem seus horizontes musicais. Durante o processo de reeducação, os professores
podem aprender novos estilos musicais, técnicas e repertórios, o que pode enriquecer suas aulas e torná-
las mais interessantes e variadas para seus alunos (OLIVEIRA, 2014).
No entanto, é importante ressaltar que o retreinamento deve ser realizado por profissionais especializados
e com experiência em lidar com a distonia focal de tarefa específica. O processo de reeducação sensorial
é complexo e deve ser individualizado para cada caso, levando em consideração o histórico do paciente e
suas necessidades específicas (JABUSCH; ALTENMÜLLER, 2006).
Em resumo, o retreinamento pode ser uma ferramenta valiosa para os professores de metais que sofrem
de distonia focal de tarefa específica, permitindo-lhes recuperar a habilidade de tocar e desenvolver novas
habilidades pedagógicas. Além disso, a experiência de passar pelo processo de retreinamento pode
fornecer novos insights sobre como ajudar os alunos a superar dificuldades musicais e emocionais. É
importante lembrar que o retreinamento deve ser realizado por profissionais especializados e com
experiência em lidar com a distonia focal de tarefa específica.
3 Justificativa
O Distonia Focal de Tarefa Específica impacto dessa condição na carreira dos professores de metais é
significativo, uma vez que eles precisam tocar seus instrumentos para ensinar e demonstrar técnicas
musicais para seus alunos. Isso pode resultar em uma perda de profissionais, afetando a qualidade do
ensino de música nas instituições públicas e privadas no Brasil.
Por isso, é importante investigar o impacto da distonia focal de tarefa específica na carreira pedagógica
dos professores de metais, bem como as estratégias de retreinamento e readaptação que podem ser
implementadas para permitir que esses professores voltem a tocar seus instrumentos de forma adequada
e recuperem a confiança em suas habilidades musicais.
Essa pesquisa pode fornecer informações assertivas para professores de metais, profissionais da saúde,
escolas de música e organizações que apoiam músicos com distonia focal de tarefa específica. Além disso
, pode contribuir para a criação de programas de apoio e treinamento para músicos que sofrem com essa
condição, ajudando a manter a qualidade da educação musical no Brasil.
4 Objetivos
4.1 Objetivo Geral
5 Metodologia
A metodologia da pesquisa será baseada em pesquisa ação contendo um estudo de caso, a utilização de
pesquisa de campo, entrevistas com professores de metais que já passaram pela experiência de ter
distonia e autorrelato dos participantes. Assim, se buscará avaliar o impacto que a distonia teve na carreira
pedagógica dos professores DFTE, bem como os desafios enfrentados para a reinserção no mercado de
trabalho após o tratamento da condição.
A coleta de dados será feita por meio de entrevistas individuais e semiestruturadas com professores de
metais que já foram diagnosticados com distonia. Além disso, os participantes serão convidados a fazer
um autorrelato sobre sua experiência com a condição e como isso afetou sua vida profissional. A pesquisa
também incluirá a coleta de histórias de vida dos participantes, que serão analisadas para ajudar a
contextualizar as informações coletadas nas entrevistas.
A amostra será selecionada por conveniência, com a intenção de incluir participantes com diferentes níveis
6 Cronograma
Referencial Bibliográfico
CRESWELL, J. W. (2014). Research design: Qualitative, quantitative, and mixed methods approaches.
Sage publications.
JINNAH, Hyder A.; ALBANESE, Alberto. The new classification system for the dystonias: why was it
needed and how was it developed?. Movement disorders clinical practice, v. 1, n. 4, p. 280, 2014.
MARSTON, K. L. Finding the balance: Jan Kagarice, a case study of a master trombone teacher. 2011.
335 f. Tese de Doutorado em Educação ? Columbia University, Nova Iorque, NI-EU, 2011.
OLIVEIRA, E. A distonia focal na embocadura dos instrumentistas do naipe de metais: um estudo de caso
. 2014. 31 f. Dissertação (Mestrado em Musica) ? Universidade Federal de Goiás, Goiânia, 2014.
Disponível em: http://repositorio.bc.ufg.br/tede/handle/tede/4579. Acesso em: 6 Mar. 2023.
ROMERO, H. A. P. Estratégias de estudo de músicos com Distonia focal?: análise de três entrevistas e
auto relato. 2016. 111 f. Dissertação (Mestrado em Musica) ? Universidade Federal do Rio Grande do Sul,
Porto Alegre, 2016. Disponível em: https://lume.ufrgs.br/handle/10183/151418. Acesso em: 6 fev. 2022.
=================================================================================
Arquivo 1: Pré projeto PPgmus Versão 1.docx (3471 termos)
Arquivo 2: https://www.portaltransparencia.gov.br/pessoa-fisica/busca/lista (501 termos)
Termos comuns: 0
Similaridade: 0,00%
O texto abaixo é o conteúdo do documento Pré projeto PPgmus Versão 1.docx (3471 termos)
Os termos em vermelho foram encontrados no documento
https://www.portaltransparencia.gov.br/pessoa-fisica/busca/lista (501 termos)
=================================================================================
NATAL-RN
2023
NATAL-RN
2023
1 Introdução
De acordo com Jinnah e Albanese (2014), a distonia focal é uma condição caracterizada pela contração
involuntária de um músculo ou parte específica do corpo, resultando em movimentos anormais como
tremores ou posturas irregulares. A disfunção do movimento associada a distonia pode ser desencadeada
por uma atividade específica, que requer precisão e controle motor contínuo, como tocar um instrumento
musical ou escrever.
Diante desse contexto um estudo epidemiológico sobre perfil clínico de músicos brasileiros apresentado na
31ª Conferência Mundial de Educação Musical da ISME em 2014, apresentou protocolos de avaliação
padronizados para reconhecer essa disfunção entre músicos. O estudo concentrou-se em populações de
músicos de orquestras, universidades e centros de ensino musical de seis estados, com um questionário
avaliando o número de músicos que relataram conviver com sintomas da distonia (MOURA et al., 2014
apud MOURA, 2016).
Os músicos foram convidados a gravar áudio e vídeo e realizar as escalas de ansiedade de Hamilton e a
quantificação de distonia de Tubiana. Foram coletados dados de 12 cidades em seis estados brasileiros,
totalizando 1.086 questionários preenchidos com taxas de prevalência de DM em Santa Catarina (1,5%),
Bahia (2,4%), Paraíba (7,5%), Ceará (3,1%), Rio Grande do Norte (3,0%) e São Paulo (1,5%). Portanto, a
prevalência média de músicos brasileiros afetados por distonia é de 2,2%. Os dados parciais de pesquisa
indicavam que a prevalência média no Brasil é semelhante à relatada na literatura internacional, variando
de 1 a 3%, indicando um problema a ser mais investigado (MOURA et al., 2014 apud MOURA, 2016).
A prevalência da doença em músicos é particularmente comum na mão, sendo uma das partes do corpo
que exigem precisão e controle motor para realizar da atividade com instrumento musical (JABUSCH;
ALTENMÜLLER, 2006)
A distonia focal de tarefa especifica é uma condição neurológica que afetam músicos, tendo impacto
significativo na vida profissional, bem como o comprometimento da capacidade de atuar como professores
. Diante desse contexto, estudos científicos têm sido realizados para entender a relação entre a distonia
focal, a performance e a carreira dos músicos (MARSTON, 2011; GONÇALVES, 2012; FERREIRA, 2013;
OLIVEIRA, 2014; ROMERO, 2016)
No entanto, nota-se que há um campo aberto na pesquisa científica sobre o impacto dessa desordem na
carreira pedagógica dos professores de metais. O presente pré-projeto de pesquisa busca explorará o que
acontece com a carreira pedagógica dos professores de metais, em especial trombone, após receberem o
diagnóstico da doença.
Será realizado um estudo qualitativo, baseada em entrevistas e história de vida, com professores afetados
pela desordem, a fim de identificar os desafios enfrentados no campo pedagógico do ensino de música, as
estratégias de saúde e profissionais adotadas no convívio com a distonia, bem como mapear as
transformações na carreira no campo profissional e institucional. Compreender melhor essas questões
podem auxiliar nos processos de retreinamento musical dos professores de metais, bem como fornecer
informações úteis para o desenvolvimento de estratégias de apoio e tratamento possibilitadores da
manutenção da carreira pedagógica, assim como, por vezes, a reinserção no mercado de trabalho.
2 Fundamentação Teórica
2.1 Distonia focal em Músicos profissionais.
A execução de um instrumento de metal requer um intenso trabalho muscular e intelectual para alcançar
uma performance satisfatória no campo profissional. Infelizmente, a falta desse equilíbrio pode levar a
lesões e distúrbios que podem ser irreversíveis, no qual carreiras musicais têm sido limitadas por
problemas de saúde relacionados à performance (OLIVEIRA, 2014).
O diagnóstico é baseado na história clínica, na observação da prática musical do instrumentista, exames
físicos e neurológicos, para detectar a perda gradual da coordenação muscular. Estudos recentes
mostram que os padrões de movimentos anormais incluem tremor na embocadura, movimentos labiais
involuntários e fechamento da mandíbula (FRUCHT, 2009) É interessante notar que a faixa de idade dos
quadros distônicos diagnosticados e estudados demonstram que instrumentistas entre 30-40 anos de
idade, quando já possuem técnica e sonoridade praticamente formadas, são os mais afetados ( OLIVEIRA
, 2014).
O estudo da fisiopatologia da distonia focal em músicos de metais tem sido direcionado para entender as
anormalidades tanto no sistema motor quanto no somatossensorial. Existem vários estudos sobre sua
fisiopatologia, que apontam em diferentes direções. Estes incluem alteração da plasticidade neuronal
apresentada pelo músico distônico, modificando a representação cortical de diferentes partes do corpo, e
uma diminuição no mecanismo de inervação recíproca, que controla o movimento das articulações por
grupos musculares sinérgicos/agonistas que realizam a ação e através do desligamento de outros feixes
de músculos realizados pelos grupos antagonistas permitindo assim que a ação ocorra (MOURA, 2016).
Em músicos, este distúrbio pode acontecer como distonia focal de tarefa específica, que se caracteriza por
atingir uma parte específica do corpo durante a prática e performance do instrumento. No caso de
instrumentistas de metais, a terminologia apropriada seria Distonia Focal de Tarefa Específica de
Embocadura (DFTE) ( FERREIRA, 2013; OLIVEIRA, 2014).
A Distonia Focal do músico, tem se tornando frequente entre músicos, sendo uma das causas do
encerramento da carreira profissional e pedagógica de músicos de metais. A DFTE pode ser causada por
uma prática incorreta e excessiva, que pode gerar posturas anormais e incorretas, levando aos distúrbios
da distonia. Pesquisas no campo médico demostram a impossibilidade de cura, porém sendo possível
prevenção e tratamento dos sintomas com a finalidade de manutenção do desempenhando pedagógico e
retreinamento musical (ROMERO, 2016).
Algumas práticas podem ajudar na prevenção e na convivência com a desordem, como horários
razoáveis de prática, economia de técnica, prevenção de sobre uso e dor, prática mental, variações nos
padrões de movimento, motivação, evitar repetições mecânicas e frustração, hábitos saudáveis de vida,
exercícios de aquecimento e relaxamento, exercício físico regular, suficientes descansos e horas de sono
(MARSTON, 2011; GONÇALVES, 2012; FERREIRA, 2013; OLIVEIRA, 2014; ROMERO, 2016).
O tratamento da DFTE em músicos depende de uma abordagem multidisciplinar que inclui uma avaliação
minuciosa da história, função motora e ambiente do indivíduo, que é então utilizada para desenvolver um
plano terapêutico personalizado (MOURA, 2016). Por isso, técnicas de fisioterapia, terapia ocupacional e o
retreinamento pedagógico são possibilidades de lidar com os efeitos da desordem em relação as
atividades musicais. A performance musical, assim como qualquer atividade que exige um alto grau de
refinamento e nuance de movimentos, depende de uma modulação contínua entre aprendizado motor e
programação, que é ativada e modulada por elementos comportamentais dependendo do ambiente
(JABUSCH; ALTENMÜLLER, 2006).
Do ponto neurológico a atividade musical está relacionada ao controle bidirecional do sistema neural é
representado pela modulação do aprendizado através da adaptação e ajuste apropriados das ações em
diferentes tarefas. Essa adaptação surge a partir de informações provenientes da periferia, através de
receptores sensoriais originários de diferentes sensações proprioceptiva, auditiva, visual e físico
musculares. Outros fatores intrínsecos e comportamentais do indivíduo para a atividade musical são:
habilidade técnica; experiências sociais; memórias afetivas e tensões emocionais provenientes da história
de vida dos sujeitos (JABUSCH; ALTENMÜLLER, 2006; MOURA, 2016).
Nesse aspecto, a aprendizagem de novos movimentos e práticas musicais, possibilitam readaptação
sensorial, motora, funcional, topográficas e estruturais no sistema nervoso central. Nesse sentido, o
retreinamento pedagógico leva em conta as essas particularidades de aprendizagem do profissional
afetado, possibilitando um processo de reintegração do portador de DFTE (GONÇALVES, 2012;
FERREIRA, 2013).
Outro aspecto, observado objeto no campo da pesquisa são os sintomas físicos causados por esse
distúrbio. Alguns sintomas singulares incluem descontrole na movimentação muscular, tremores na região
da embocadura, perda da vibração labial, perda da conexão entre sons em legato, tensão excessiva na
articulação provocando uma sensação de que a língua sem coordenação, perdas de ar através de
aberturas nos lábios e tensão facial (MARSTON, 2011; GONÇALVES, 2012; FERREIRA, 2013; OLIVEIRA
Embora a causa exata da Distonia Focal de Tarefa Específica não esteja totalmente elucidada no campo
científico, acredita-se que haja a combinação de fatores genéticos e ambientais. O tratamento dessa
condição geralmente envolve uma abordagem multifacetada que inclui fisioterapia, reabilitação e
medicamentos (JABUSCH; ALTENMÜLLER, 2006).
O uso de medicamentos, como a toxina botulínica, pode ser eficaz no tratamento da Distonia Focal de
Tarefa Específica, reduzindo a atividade muscular excessiva e melhorando a coordenação muscular. A
fisioterapia também pode ser útil na melhoria da função muscular e no alívio da dor (JABUSCH;
ALTENMÜLLER, 2006).
Moura (2016) ao abordar sobre o tratamento da DFTE, observou como um processo complexo,
envolvendo o uso de diferentes técnicas, incluindo o retreinamento, reprogramação motora, adequação
ergonômica, modificação de movimentos e posição do instrumento, uso de órteses e luvas, além de
restrição de movimentos indesejados. O processo de reabilitação começa sem o instrumento, evoluindo
para movimentos mais próximos ao desejado no processo psicomotor para a manutenção da capacidade
de manutenção da atividade musical.
Segundo Moura (2016) no processo de avaliação de uma abordagem multifacetada foi possível observar
uma melhoria significativa no controle postural motor e nas respostas dos pacientes com DFTE. Os
músicos apresentaram uma diminuição no tremor, um melhor relaxamento muscular tanto em repouso
quanto durante a prática musical, além de uma maior consciência postural e percepção da tensão
muscular.
Nesse processo de atuação multifatorial, o Retreinamento Sensorial e Motor é uma abordagem terapêutica
cada vez mais utilizada no tratamento da Distonia Focal de Tarefa Específica. Essa abordagem
terapêutica pode ser particularmente eficaz em indivíduos com Distonia Focal de Tarefa Específica, pois
ajuda a melhorar a coordenação muscular específica da tarefa afetada e pode levar a uma melhora
significativa na função e na qualidade de vida do paciente (FRUCHT, 2009)
A abordagem terapêutica de Retreinamento Motor é baseada em exercícios específicos que ajudam a
reprogramar o cérebro e melhorar a coordenação motora. Em indivíduos com Distonia Focal de Tarefa
Específica, a terapia pode se concentrar em exercícios que visam a coordenação e controle muscular
específicos da tarefa afetada, como no caso de músicos de metais (GONÇALVES, 2012).
Por exemplo, um músico de metais que sofre de Distonia Focal de Tarefa Específica pode ser submetido a
exercícios de técnica de respiração e relaxamento muscular, que ajudam a melhorar a coordenação da
musculatura respiratória e dos músculos envolvidos na execução do instrumento (OLIVEIRA, 2014).
Com a melhora na coordenação e controle muscular específicos da tarefa afetada, o músico de metais
pode experimentar uma melhora significativa na função cognitiva e na qualidade de vida. Ele pode sentir
mais confiança em sua capacidade de tocar o instrumento, reduzir o estresse e a ansiedade relacionados
à Distonia Focal de Tarefa Específica, além de recuperar sua habilidade musical e performance anterior
(GARCIA, 2012).
Em conclusão, a Distonia Focal de Tarefa Específica pode ser uma condição debilitante que afeta a
coordenação muscular durante a realização de uma tarefa específica. No entanto, com uma abordagem
multifacetada que inclui medicamentos, fisioterapia e Retreinamento Sensorial e Motor, é possível reduzir
os sintomas e melhorar a qualidade de vida do paciente.
2.3 Distonia Focal de Tarefa Específica, Retreinamento e Carreira Pedagógica dos Professores de Metais.
O processo de aprendizagem no campo musical envolve uma série de desafios complexos, indo do
processo da compreensão e apreensão da técnica musical a história do desenvolvimento musical,
passando por processos de expansão da criatividade artística. Assim, o equilíbrio entre os fatores físicos e
psicológicos do músico tem reflexo direto em seu estado biopsicossocial, tendo impacto na sua carreira
profissional.
Nesse sentido, a busca pelo aprimoramento técnico e musical é uma parte essencial da rotina de qualquer
pessoa que deseje aprofundar seus conhecimentos em um instrumento. Durante os estágios iniciais da
formação musical, os discentes não percebem, ou ignoram, os desconfortos que surgem relacionados as
práticas inadequadas, resultando em anos de repetição de movimentos inadequados ergonomicamente,
negligenciando à saúde física e mental (ANDERSON CAMARGOS PEGO; FERREIRA, 2022).
Diante desse processo de aprendizagem, no qual o processo pedagógico tem relevância na manutenção
da saúde do músico e impacto na sua carreira, a Distonia Focal de Tarefa Específica pode afetar músicos
de instrumentos de metais, causando movimentos involuntários e incontroláveis durante a execução
musical.
No Brasil, um trombonista ao relato seu processo de adaptação ao DFTE, encontrou a recuperação por
meio de uma nova forma de conceber o estudo do instrumento, baseado em um processo de
reprogramação, envolvendo uma reeducação sensorial de todo o sistema relacionado ao ato de tocar
trombone. Essa nova pedagogia trata-se da abordagem conceitual, que tem como principal objetivo o
conceito de ouvir o som internamente e reproduzi-lo, sem pensar em qual será o comando utilizado para
que isso aconteça. Essa pedagogia também preza pelo ensino/aprendizagem de forma facilitada, sem
muitos paradigmas (ANDERSON CAMARGOS PEGO; FERREIRA, 2022).
A abordagem conceitual foi propagada pelo músico e professor americano Arnold Jacobs, tubista da
Chicago Symphony Orchestra. Ele usava a ideia de cantar e memorizar o som das diferentes notas
musicais, acreditando que os sons fazem parte do sistema nervoso central do músico. De acordo com
essa abordagem, a questão técnica depende da maneira como se ouve o som internamente ou como o
músico pensa em uma música específica. Por isso, a abordagem conceitual enfatiza a internalização de
todos os aspectos da música, como som, ritmo, tom, dinâmica e estilo, a fim de melhorar as habilidades do
músico (ANDERSON CAMARGOS PEGO; FERREIRA, 2022). Nesse sentido o retreinamento tem
impacto direto na carreira de professores de Metais em Universidades, Escolas e Conservatórios.
Ao observamos a carreira pedagógica dos professores de metais, se tem em destaque que para além de
ensinar técnicas específicas para cada instrumento, os professores de metais também ajudam os alunos a
desenvolver habilidades musicais, como a capacidade de ler partituras, improvisar e trabalhar em equipe
3 Justificativa
O Distonia Focal de Tarefa Específica impacto dessa condição na carreira dos professores de metais é
significativo, uma vez que eles precisam tocar seus instrumentos para ensinar e demonstrar técnicas
musicais para seus alunos. Isso pode resultar em uma perda de profissionais, afetando a qualidade do
ensino de música nas instituições públicas e privadas no Brasil.
Por isso, é importante investigar o impacto da distonia focal de tarefa específica na carreira pedagógica
dos professores de metais, bem como as estratégias de retreinamento e readaptação que podem ser
implementadas para permitir que esses professores voltem a tocar seus instrumentos de forma adequada
e recuperem a confiança em suas habilidades musicais.
Essa pesquisa pode fornecer informações assertivas para professores de metais, profissionais da saúde,
escolas de música e organizações que apoiam músicos com distonia focal de tarefa específica. Além disso
, pode contribuir para a criação de programas de apoio e treinamento para músicos que sofrem com essa
condição, ajudando a manter a qualidade da educação musical no Brasil.
4 Objetivos
4.1 Objetivo Geral
5 Metodologia
A metodologia da pesquisa será baseada em pesquisa ação contendo um estudo de caso, a utilização de
pesquisa de campo, entrevistas com professores de metais que já passaram pela experiência de ter
distonia e autorrelato dos participantes. Assim, se buscará avaliar o impacto que a distonia teve na carreira
pedagógica dos professores DFTE, bem como os desafios enfrentados para a reinserção no mercado de
trabalho após o tratamento da condição.
A coleta de dados será feita por meio de entrevistas individuais e semiestruturadas com professores de
metais que já foram diagnosticados com distonia. Além disso, os participantes serão convidados a fazer
um autorrelato sobre sua experiência com a condição e como isso afetou sua vida profissional. A pesquisa
também incluirá a coleta de histórias de vida dos participantes, que serão analisadas para ajudar a
contextualizar as informações coletadas nas entrevistas.
A amostra será selecionada por conveniência, com a intenção de incluir participantes com diferentes níveis
de gravidade da condição e diferentes experiências profissionais no campo do ensino da música. O local
de pesquisa de campo e busca dos participantes será Associação Brasileira de Trombonistas, bem como
também a Orquestra Filarmônica de Goiás e a Orquestra Filarmônica do Estado de São Paulo.
A análise dos dados será realizada utilizando a análise temática, que permite uma análise profunda do
conteúdo das entrevistas e dos relatos dos participantes, buscando identificar os temas e padrões comuns
que emergirem. Com base nessa análise, serão elaboradas categorias temáticas e subcategorias, que
serão validadas pelos participantes para garantir a fidelidade dos resultados (CRESWELL, 2014). Além
disso, será realizada uma triangulação de dados, combinando as entrevistas e os relatos dos participantes
com a história de vida dos professores de metais com distonia, para obter uma visão mais abrangente e
detalhada da experiência dos profissionais.
6 Cronograma
Referencial Bibliográfico
CRESWELL, J. W. (2014). Research design: Qualitative, quantitative, and mixed methods approaches.
Sage publications.
JINNAH, Hyder A.; ALBANESE, Alberto. The new classification system for the dystonias: why was it
needed and how was it developed?. Movement disorders clinical practice, v. 1, n. 4, p. 280, 2014.
MARSTON, K. L. Finding the balance: Jan Kagarice, a case study of a master trombone teacher. 2011.
335 f. Tese de Doutorado em Educação ? Columbia University, Nova Iorque, NI-EU, 2011.
OLIVEIRA, E. A distonia focal na embocadura dos instrumentistas do naipe de metais: um estudo de caso
. 2014. 31 f. Dissertação (Mestrado em Musica) ? Universidade Federal de Goiás, Goiânia, 2014.
Disponível em: http://repositorio.bc.ufg.br/tede/handle/tede/4579. Acesso em: 6 Mar. 2023.
ROMERO, H. A. P. Estratégias de estudo de músicos com Distonia focal?: análise de três entrevistas e
auto relato. 2016. 111 f. Dissertação (Mestrado em Musica) ? Universidade Federal do Rio Grande do Sul,
Porto Alegre, 2016. Disponível em: https://lume.ufrgs.br/handle/10183/151418. Acesso em: 6 fev. 2022.
=================================================================================
Arquivo 1: Pré projeto PPgmus Versão 1.docx (3471 termos)
Arquivo 2:
http://www.esmp.mpsp.mp.br/portal/page/portal/documentacao_e_divulgacao/doc_biblioteca/bibli_servicos
_produtos/bibli_boletim/2020_Boletim/Bol19_03.pdf (38 termos)
Termos comuns: 0
Similaridade: 0,00%
O texto abaixo é o conteúdo do documento Pré projeto PPgmus Versão 1.docx (3471 termos)
Os termos em vermelho foram encontrados no documento
http://www.esmp.mpsp.mp.br/portal/page/portal/documentacao_e_divulgacao/doc_biblioteca/bibli_servicos
_produtos/bibli_boletim/2020_Boletim/Bol19_03.pdf (38 termos)
=================================================================================
NATAL-RN
2023
NATAL-RN
2023
1 Introdução
De acordo com Jinnah e Albanese (2014), a distonia focal é uma condição caracterizada pela contração
involuntária de um músculo ou parte específica do corpo, resultando em movimentos anormais como
tremores ou posturas irregulares. A disfunção do movimento associada a distonia pode ser desencadeada
por uma atividade específica, que requer precisão e controle motor contínuo, como tocar um instrumento
musical ou escrever.
Diante desse contexto um estudo epidemiológico sobre perfil clínico de músicos brasileiros apresentado na
31ª Conferência Mundial de Educação Musical da ISME em 2014, apresentou protocolos de avaliação
padronizados para reconhecer essa disfunção entre músicos. O estudo concentrou-se em populações de
músicos de orquestras, universidades e centros de ensino musical de seis estados, com um questionário
avaliando o número de músicos que relataram conviver com sintomas da distonia (MOURA et al., 2014
apud MOURA, 2016).
Os músicos foram convidados a gravar áudio e vídeo e realizar as escalas de ansiedade de Hamilton e a
quantificação de distonia de Tubiana. Foram coletados dados de 12 cidades em seis estados brasileiros,
totalizando 1.086 questionários preenchidos com taxas de prevalência de DM em Santa Catarina (1,5%),
Bahia (2,4%), Paraíba (7,5%), Ceará (3,1%), Rio Grande do Norte (3,0%) e São Paulo (1,5%). Portanto, a
prevalência média de músicos brasileiros afetados por distonia é de 2,2%. Os dados parciais de pesquisa
indicavam que a prevalência média no Brasil é semelhante à relatada na literatura internacional, variando
de 1 a 3%, indicando um problema a ser mais investigado (MOURA et al., 2014 apud MOURA, 2016).
A prevalência da doença em músicos é particularmente comum na mão, sendo uma das partes do corpo
que exigem precisão e controle motor para realizar da atividade com instrumento musical (JABUSCH;
ALTENMÜLLER, 2006)
A distonia focal de tarefa especifica é uma condição neurológica que afetam músicos, tendo impacto
significativo na vida profissional, bem como o comprometimento da capacidade de atuar como professores
. Diante desse contexto, estudos científicos têm sido realizados para entender a relação entre a distonia
focal, a performance e a carreira dos músicos (MARSTON, 2011; GONÇALVES, 2012; FERREIRA, 2013;
OLIVEIRA, 2014; ROMERO, 2016)
No entanto, nota-se que há um campo aberto na pesquisa científica sobre o impacto dessa desordem na
carreira pedagógica dos professores de metais. O presente pré-projeto de pesquisa busca explorará o que
acontece com a carreira pedagógica dos professores de metais, em especial trombone, após receberem o
diagnóstico da doença.
Será realizado um estudo qualitativo, baseada em entrevistas e história de vida, com professores afetados
pela desordem, a fim de identificar os desafios enfrentados no campo pedagógico do ensino de música, as
estratégias de saúde e profissionais adotadas no convívio com a distonia, bem como mapear as
transformações na carreira no campo profissional e institucional. Compreender melhor essas questões
podem auxiliar nos processos de retreinamento musical dos professores de metais, bem como fornecer
informações úteis para o desenvolvimento de estratégias de apoio e tratamento possibilitadores da
manutenção da carreira pedagógica, assim como, por vezes, a reinserção no mercado de trabalho.
2 Fundamentação Teórica
2.1 Distonia focal em Músicos profissionais.
A execução de um instrumento de metal requer um intenso trabalho muscular e intelectual para alcançar
uma performance satisfatória no campo profissional. Infelizmente, a falta desse equilíbrio pode levar a
lesões e distúrbios que podem ser irreversíveis, no qual carreiras musicais têm sido limitadas por
problemas de saúde relacionados à performance (OLIVEIRA, 2014).
O diagnóstico é baseado na história clínica, na observação da prática musical do instrumentista, exames
físicos e neurológicos, para detectar a perda gradual da coordenação muscular. Estudos recentes
mostram que os padrões de movimentos anormais incluem tremor na embocadura, movimentos labiais
involuntários e fechamento da mandíbula (FRUCHT, 2009) É interessante notar que a faixa de idade dos
quadros distônicos diagnosticados e estudados demonstram que instrumentistas entre 30-40 anos de
idade, quando já possuem técnica e sonoridade praticamente formadas, são os mais afetados ( OLIVEIRA
, 2014).
O estudo da fisiopatologia da distonia focal em músicos de metais tem sido direcionado para entender as
anormalidades tanto no sistema motor quanto no somatossensorial. Existem vários estudos sobre sua
fisiopatologia, que apontam em diferentes direções. Estes incluem alteração da plasticidade neuronal
apresentada pelo músico distônico, modificando a representação cortical de diferentes partes do corpo, e
uma diminuição no mecanismo de inervação recíproca, que controla o movimento das articulações por
grupos musculares sinérgicos/agonistas que realizam a ação e através do desligamento de outros feixes
de músculos realizados pelos grupos antagonistas permitindo assim que a ação ocorra (MOURA, 2016).
Em músicos, este distúrbio pode acontecer como distonia focal de tarefa específica, que se caracteriza por
atingir uma parte específica do corpo durante a prática e performance do instrumento. No caso de
instrumentistas de metais, a terminologia apropriada seria Distonia Focal de Tarefa Específica de
Embocadura (DFTE) ( FERREIRA, 2013; OLIVEIRA, 2014).
A Distonia Focal do músico, tem se tornando frequente entre músicos, sendo uma das causas do
encerramento da carreira profissional e pedagógica de músicos de metais. A DFTE pode ser causada por
uma prática incorreta e excessiva, que pode gerar posturas anormais e incorretas, levando aos distúrbios
da distonia. Pesquisas no campo médico demostram a impossibilidade de cura, porém sendo possível
prevenção e tratamento dos sintomas com a finalidade de manutenção do desempenhando pedagógico e
retreinamento musical (ROMERO, 2016).
Algumas práticas podem ajudar na prevenção e na convivência com a desordem, como horários
razoáveis de prática, economia de técnica, prevenção de sobre uso e dor, prática mental, variações nos
padrões de movimento, motivação, evitar repetições mecânicas e frustração, hábitos saudáveis de vida,
exercícios de aquecimento e relaxamento, exercício físico regular, suficientes descansos e horas de sono
(MARSTON, 2011; GONÇALVES, 2012; FERREIRA, 2013; OLIVEIRA, 2014; ROMERO, 2016).
O tratamento da DFTE em músicos depende de uma abordagem multidisciplinar que inclui uma avaliação
minuciosa da história, função motora e ambiente do indivíduo, que é então utilizada para desenvolver um
plano terapêutico personalizado (MOURA, 2016). Por isso, técnicas de fisioterapia, terapia ocupacional e o
retreinamento pedagógico são possibilidades de lidar com os efeitos da desordem em relação as
atividades musicais. A performance musical, assim como qualquer atividade que exige um alto grau de
refinamento e nuance de movimentos, depende de uma modulação contínua entre aprendizado motor e
programação, que é ativada e modulada por elementos comportamentais dependendo do ambiente
(JABUSCH; ALTENMÜLLER, 2006).
Do ponto neurológico a atividade musical está relacionada ao controle bidirecional do sistema neural é
representado pela modulação do aprendizado através da adaptação e ajuste apropriados das ações em
diferentes tarefas. Essa adaptação surge a partir de informações provenientes da periferia, através de
receptores sensoriais originários de diferentes sensações proprioceptiva, auditiva, visual e físico
musculares. Outros fatores intrínsecos e comportamentais do indivíduo para a atividade musical são:
habilidade técnica; experiências sociais; memórias afetivas e tensões emocionais provenientes da história
de vida dos sujeitos (JABUSCH; ALTENMÜLLER, 2006; MOURA, 2016).
Nesse aspecto, a aprendizagem de novos movimentos e práticas musicais, possibilitam readaptação
sensorial, motora, funcional, topográficas e estruturais no sistema nervoso central. Nesse sentido, o
retreinamento pedagógico leva em conta as essas particularidades de aprendizagem do profissional
afetado, possibilitando um processo de reintegração do portador de DFTE (GONÇALVES, 2012;
FERREIRA, 2013).
Outro aspecto, observado objeto no campo da pesquisa são os sintomas físicos causados por esse
distúrbio. Alguns sintomas singulares incluem descontrole na movimentação muscular, tremores na região
da embocadura, perda da vibração labial, perda da conexão entre sons em legato, tensão excessiva na
articulação provocando uma sensação de que a língua sem coordenação, perdas de ar através de
aberturas nos lábios e tensão facial (MARSTON, 2011; GONÇALVES, 2012; FERREIRA, 2013; OLIVEIRA
, 2014; ROMERO, 2016).
Por fim, a execução de um instrumento de metal requer uma combinação intensa de trabalho muscular e
intelectual, e o desequilíbrio entre esses aspectos pode levar a lesões e distúrbios irreversíveis, como a
Distonia Focal de Tarefa Específica de Embocadura (DFTE). Esta condição pode afetar músicos de metais
, mas pode ser prevenida e tratada com práticas preventivas e de convivência. O tratamento requer uma
abordagem multidisciplinar, incluindo avaliação minuciosa e plano terapêutico personalizado. A
performance musical depende da modulação contínua entre aprendizado motor e programação, ativada e
modulada por elementos comportamentais, dependendo do ambiente.
Embora a causa exata da Distonia Focal de Tarefa Específica não esteja totalmente elucidada no campo
científico, acredita-se que haja a combinação de fatores genéticos e ambientais. O tratamento dessa
condição geralmente envolve uma abordagem multifacetada que inclui fisioterapia, reabilitação e
medicamentos (JABUSCH; ALTENMÜLLER, 2006).
O uso de medicamentos, como a toxina botulínica, pode ser eficaz no tratamento da Distonia Focal de
Tarefa Específica, reduzindo a atividade muscular excessiva e melhorando a coordenação muscular. A
fisioterapia também pode ser útil na melhoria da função muscular e no alívio da dor (JABUSCH;
ALTENMÜLLER, 2006).
Moura (2016) ao abordar sobre o tratamento da DFTE, observou como um processo complexo,
envolvendo o uso de diferentes técnicas, incluindo o retreinamento, reprogramação motora, adequação
ergonômica, modificação de movimentos e posição do instrumento, uso de órteses e luvas, além de
restrição de movimentos indesejados. O processo de reabilitação começa sem o instrumento, evoluindo
para movimentos mais próximos ao desejado no processo psicomotor para a manutenção da capacidade
de manutenção da atividade musical.
Segundo Moura (2016) no processo de avaliação de uma abordagem multifacetada foi possível observar
uma melhoria significativa no controle postural motor e nas respostas dos pacientes com DFTE. Os
músicos apresentaram uma diminuição no tremor, um melhor relaxamento muscular tanto em repouso
quanto durante a prática musical, além de uma maior consciência postural e percepção da tensão
muscular.
Nesse processo de atuação multifatorial, o Retreinamento Sensorial e Motor é uma abordagem terapêutica
cada vez mais utilizada no tratamento da Distonia Focal de Tarefa Específica. Essa abordagem
terapêutica pode ser particularmente eficaz em indivíduos com Distonia Focal de Tarefa Específica, pois
ajuda a melhorar a coordenação muscular específica da tarefa afetada e pode levar a uma melhora
significativa na função e na qualidade de vida do paciente (FRUCHT, 2009)
A abordagem terapêutica de Retreinamento Motor é baseada em exercícios específicos que ajudam a
reprogramar o cérebro e melhorar a coordenação motora. Em indivíduos com Distonia Focal de Tarefa
Específica, a terapia pode se concentrar em exercícios que visam a coordenação e controle muscular
específicos da tarefa afetada, como no caso de músicos de metais (GONÇALVES, 2012).
Por exemplo, um músico de metais que sofre de Distonia Focal de Tarefa Específica pode ser submetido a
exercícios de técnica de respiração e relaxamento muscular, que ajudam a melhorar a coordenação da
2.3 Distonia Focal de Tarefa Específica, Retreinamento e Carreira Pedagógica dos Professores de Metais.
O processo de aprendizagem no campo musical envolve uma série de desafios complexos, indo do
processo da compreensão e apreensão da técnica musical a história do desenvolvimento musical,
passando por processos de expansão da criatividade artística. Assim, o equilíbrio entre os fatores físicos e
psicológicos do músico tem reflexo direto em seu estado biopsicossocial, tendo impacto na sua carreira
profissional.
Nesse sentido, a busca pelo aprimoramento técnico e musical é uma parte essencial da rotina de qualquer
pessoa que deseje aprofundar seus conhecimentos em um instrumento. Durante os estágios iniciais da
formação musical, os discentes não percebem, ou ignoram, os desconfortos que surgem relacionados as
práticas inadequadas, resultando em anos de repetição de movimentos inadequados ergonomicamente,
negligenciando à saúde física e mental (ANDERSON CAMARGOS PEGO; FERREIRA, 2022).
Diante desse processo de aprendizagem, no qual o processo pedagógico tem relevância na manutenção
da saúde do músico e impacto na sua carreira, a Distonia Focal de Tarefa Específica pode afetar músicos
de instrumentos de metais, causando movimentos involuntários e incontroláveis durante a execução
musical.
No Brasil, um trombonista ao relato seu processo de adaptação ao DFTE, encontrou a recuperação por
meio de uma nova forma de conceber o estudo do instrumento, baseado em um processo de
reprogramação, envolvendo uma reeducação sensorial de todo o sistema relacionado ao ato de tocar
trombone. Essa nova pedagogia trata-se da abordagem conceitual, que tem como principal objetivo o
conceito de ouvir o som internamente e reproduzi-lo, sem pensar em qual será o comando utilizado para
que isso aconteça. Essa pedagogia também preza pelo ensino/aprendizagem de forma facilitada, sem
muitos paradigmas (ANDERSON CAMARGOS PEGO; FERREIRA, 2022).
A abordagem conceitual foi propagada pelo músico e professor americano Arnold Jacobs, tubista da
Chicago Symphony Orchestra. Ele usava a ideia de cantar e memorizar o som das diferentes notas
musicais, acreditando que os sons fazem parte do sistema nervoso central do músico. De acordo com
essa abordagem, a questão técnica depende da maneira como se ouve o som internamente ou como o
músico pensa em uma música específica. Por isso, a abordagem conceitual enfatiza a internalização de
todos os aspectos da música, como som, ritmo, tom, dinâmica e estilo, a fim de melhorar as habilidades do
músico (ANDERSON CAMARGOS PEGO; FERREIRA, 2022). Nesse sentido o retreinamento tem
impacto direto na carreira de professores de Metais em Universidades, Escolas e Conservatórios.
Ao observamos a carreira pedagógica dos professores de metais, se tem em destaque que para além de
ensinar técnicas específicas para cada instrumento, os professores de metais também ajudam os alunos a
desenvolver habilidades musicais, como a capacidade de ler partituras, improvisar e trabalhar em equipe
(MARSTON, 2011; ROMERO, 2016)..
A carreira pedagógica dos professores de metais começa com a formação acadêmica. A maioria dos
professores de metais possui um diploma de bacharel em música ou em educação musical. Durante seus
estudos, os futuros professores de metais aprendem técnicas específicas para cada instrumento, bem
como teoria musical e história da música. Alguns professores de metais também obtêm um mestrado em
música ou educação musical, a fim de aprimorar ainda mais suas habilidades e conhecimentos
(MARSTON, 2011; GONÇALVES, 2012; FERREIRA, 2013; OLIVEIRA, 2014; ROMERO, 2016).
Diante desse contexto, os professores de metais com distonia focal de tarefa específica podem ter sua
carreira afetada de várias maneiras. Primeiro, a condição pode levar a um declínio na qualidade de sua
própria prática musical e performance, o que pode afetar sua credibilidade como educador musical. Além
disso, a condição pode tornar mais difícil para o professor transmitir as habilidades técnicas necessárias
para tocar o instrumento de forma adequada, podendo impactar negativamente a qualidade da educação
musical que seus alunos recebem (MARSTON, 2011; GONÇALVES, 2012; FERREIRA, 2013; OLIVEIRA,
2014; ROMERO, 2016). Assim, o retreinamento pode auxiliar a reprogramar o cérebro para executar a
tarefa afetada de forma mais eficiente. O retreinamento pode ser realizado com a ajuda de um terapeuta
especializado em distonia focal de tarefa específica ou através de técnicas de autoterapia, como a prática
consciente e focada (FRUCHT, 2009).
O retreinamento pode ajudar os professores de metais a lidar com a distonia focal de tarefa específica por
meio de técnicas de reeducação sensorial e mudanças na abordagem de tocar o instrumento. Além de
recuperar a habilidade de tocar, o processo de retreinamento também pode ser valioso para o
desenvolvimento profissional desses professores, especialmente em relação à carreira pedagógica (
GONÇALVES, 2012; FERREIRA, 2013; ROMERO, 2016).
A experiência de passar pelo retreinamento pode fornecer aos professores de metais uma visão única
sobre como ajudar seus alunos a superar dificuldades técnicas e emocionais. Eles também podem
aprender novas técnicas de ensino que podem ajudá-los a ensinar a música de uma maneira mais eficaz e
acessível. Afinal, o papel do professor é fundamental para o desenvolvimento dos alunos e o
conhecimento adquirido durante o processo de retreinamento pode ser aplicado diretamente na sala de
aula (MOURA, 2016) .
Além disso, o retreinamento pode ser uma oportunidade para os professores de metais aprimorarem suas
habilidades e ampliarem seus horizontes musicais. Durante o processo de reeducação, os professores
podem aprender novos estilos musicais, técnicas e repertórios, o que pode enriquecer suas aulas e torná-
las mais interessantes e variadas para seus alunos (OLIVEIRA, 2014).
No entanto, é importante ressaltar que o retreinamento deve ser realizado por profissionais especializados
e com experiência em lidar com a distonia focal de tarefa específica. O processo de reeducação sensorial
é complexo e deve ser individualizado para cada caso, levando em consideração o histórico do paciente e
suas necessidades específicas (JABUSCH; ALTENMÜLLER, 2006).
Em resumo, o retreinamento pode ser uma ferramenta valiosa para os professores de metais que sofrem
de distonia focal de tarefa específica, permitindo-lhes recuperar a habilidade de tocar e desenvolver novas
habilidades pedagógicas. Além disso, a experiência de passar pelo processo de retreinamento pode
fornecer novos insights sobre como ajudar os alunos a superar dificuldades musicais e emocionais. É
importante lembrar que o retreinamento deve ser realizado por profissionais especializados e com
3 Justificativa
O Distonia Focal de Tarefa Específica impacto dessa condição na carreira dos professores de metais é
significativo, uma vez que eles precisam tocar seus instrumentos para ensinar e demonstrar técnicas
musicais para seus alunos. Isso pode resultar em uma perda de profissionais, afetando a qualidade do
ensino de música nas instituições públicas e privadas no Brasil.
Por isso, é importante investigar o impacto da distonia focal de tarefa específica na carreira pedagógica
dos professores de metais, bem como as estratégias de retreinamento e readaptação que podem ser
implementadas para permitir que esses professores voltem a tocar seus instrumentos de forma adequada
e recuperem a confiança em suas habilidades musicais.
Essa pesquisa pode fornecer informações assertivas para professores de metais, profissionais da saúde,
escolas de música e organizações que apoiam músicos com distonia focal de tarefa específica. Além disso
, pode contribuir para a criação de programas de apoio e treinamento para músicos que sofrem com essa
condição, ajudando a manter a qualidade da educação musical no Brasil.
4 Objetivos
4.1 Objetivo Geral
5 Metodologia
A metodologia da pesquisa será baseada em pesquisa ação contendo um estudo de caso, a utilização de
pesquisa de campo, entrevistas com professores de metais que já passaram pela experiência de ter
distonia e autorrelato dos participantes. Assim, se buscará avaliar o impacto que a distonia teve na carreira
pedagógica dos professores DFTE, bem como os desafios enfrentados para a reinserção no mercado de
trabalho após o tratamento da condição.
A coleta de dados será feita por meio de entrevistas individuais e semiestruturadas com professores de
metais que já foram diagnosticados com distonia. Além disso, os participantes serão convidados a fazer
um autorrelato sobre sua experiência com a condição e como isso afetou sua vida profissional. A pesquisa
também incluirá a coleta de histórias de vida dos participantes, que serão analisadas para ajudar a
6 Cronograma
Referencial Bibliográfico
CRESWELL, J. W. (2014). Research design: Qualitative, quantitative, and mixed methods approaches.
Sage publications.
JINNAH, Hyder A.; ALBANESE, Alberto. The new classification system for the dystonias: why was it
needed and how was it developed?. Movement disorders clinical practice, v. 1, n. 4, p. 280, 2014.
MARSTON, K. L. Finding the balance: Jan Kagarice, a case study of a master trombone teacher. 2011.
335 f. Tese de Doutorado em Educação ? Columbia University, Nova Iorque, NI-EU, 2011.
OLIVEIRA, E. A distonia focal na embocadura dos instrumentistas do naipe de metais: um estudo de caso
. 2014. 31 f. Dissertação (Mestrado em Musica) ? Universidade Federal de Goiás, Goiânia, 2014.
Disponível em: http://repositorio.bc.ufg.br/tede/handle/tede/4579. Acesso em: 6 Mar. 2023.
ROMERO, H. A. P. Estratégias de estudo de músicos com Distonia focal?: análise de três entrevistas e
auto relato. 2016. 111 f. Dissertação (Mestrado em Musica) ? Universidade Federal do Rio Grande do Sul,
Porto Alegre, 2016. Disponível em: https://lume.ufrgs.br/handle/10183/151418. Acesso em: 6 fev. 2022.