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UNIDADE II

◦ 2. TEORIA DA EMPRESA.
◦ 2.1 - Definição: Quem é o “empresário” e o “não empresário”.

◦ 2.2 - Empresário Individual ou Firma Individual.

◦ 2.3 - Teoria geral do direito societário.

◦ 2.4 - Estatuto das ME e EPP – LC 123/06.


EMPRESARIO(A) É UMA ATIVIDADE, NÃO UMA PESSOA!!!!
O art.966 do CC/02 define quem é o EMPRESÁRIO:

Considera-se empresário quem exerce profissionalmente atividade econômica organizada


para a produção ou circulação de bens ou de serviços.

A atividade que for profissional (não eventual), organizada (que conjuga recursos
materiais e humanos) de caráter econômico para a produção ou circulação de bens
ou serviços, será considerada uma empresa.

Parágrafo único. Não se considera empresário quem exerce profissão intelectual, de natureza
científica, literária ou artística, ainda com o concurso de auxiliares ou colaboradores, salvo se
o exercício da profissão constituir elemento de empresa.

ENUNCIADOS 193 e 194 da III JORNADA DE DIREITO CIVIL (MARÇO/2012)

193 – Art. 966: O exercício das atividades de natureza exclusivamente intelectual está excluído do conceito de
empresa.
194 – Art. 966: Os profissionais liberais não são considerados empresários, salvo se a organização dos fatores da
produção for mais importante que a atividade pessoal desenvolvida (= elemento de empresa)
TIPO TIPO

SIMPLES
EMPRESÁRIA
(Não empresária, no
FORMA (ou Espécies) (Junta Comercial) C.R.C.P.J.)

SOCIEDADE ANÔNIMA SIM NÃO


SOCIEDADE EM COMANDITA POR AÇÕES SIM NÃO

SOCIEDADE LIMITADA SIM SIM


SOCIEDADE EM NOME COLETIVO SIM SIM

SOCIEDADE EM COMANDITA SIM SIM

SOCIEDADE COOPERATIVA NÃO SIM

SOCIEDADE SIMPLES SIMPLES (PURA) NÃO SIM


SIMPLES NACIONAL – LC 123/06
= Estatuto das ME’s e EPP’s =
SIMPLES NACIONAL é uma regra de enquadramento fiscal prevista para o
Microempreendedor Individual – MEI, para as Microempresas - ME’s e para as
Empresas de Pequeno Porte - EPP’s, contida na Lei Complementar n° 123/06,
o “Estatuto das Micro e Pequenas Empresas”.

Dentre outros benefícios do SIMPLES NACIONAL, o que mais destaque é a


possibilidade do recolhimento unificado de tributos como IRPJ, CSLL, PIS,
COFINS, IPI, INSS, ICMS e ISS a partir de Tabelas (para segmentos específicos
como indústria, comércio e serviços) que contém alíquotas de recolhimento
progressivas substancialmente menores em relação à tributação ordinária.
Ou seja, o chamado “SIMPLES NACIONAL”, que é um regime diferenciado de tributação
para as Micro e Pequenas Empresas não deve ser confundido com um tipo ou espécie de
sociedade.
Nada obstante, o enquadramento no SIMPLES NACIONAL, que se dá pela declaração
dos sócios em contrato social ou em ato apartado, traz importantes repercussões às
sociedades (empresárias ou não) no que diz respeito à dispensa para convocação e
realização de reuniões ou assembleias de sócios e estabelece quórum diferenciado para
as deliberações e dispensa de publicações, como estabelecem os arts.70 e 71 do LC nº
123/06.

Art. 70. As microempresas e as empresas de pequeno porte são desobrigadas da realização de reuniões e assembléias
em qualquer das situações previstas na legislação civil, as quais serão substituídas por deliberação representativa do
primeiro número inteiro superior à metade do capital social.
§ 1o O disposto no caput deste artigo não se aplica caso haja disposição contratual em contrário, caso ocorra hipótese
de justa causa que enseje a exclusão de sócio ou caso um ou mais sócios ponham em risco a continuidade da
empresa em virtude de atos de inegável gravidade.
§ 2o Nos casos referidos no § 1o deste artigo, realizar-se-á reunião ou assembléia de acordo com a legislação civil.

Art. 71. Os empresários e as sociedades de que trata esta Lei Complementar, nos termos da legislação civil, ficam
dispensados da publicação de qualquer ato societário.
ME (MICROEMPRESA) é aquele que exerce sua atividade empresarial podendo
ser um Empresário Individual ou Firma Individual, sociedades do tipo simples,
sociedades do tipo empresárias (exceto S/A) ou a extinta EIRELI, cujo
faturamento bruto não exceda a R$360.000,00.

EPP’s (Empresas de Pequeno Porte), porém o limite de faturamento será de até


R$360.000,01 até R$4.800.000,00 (se ultrapassar, está desenquadrado!!)

MEI - Microempreendedor individual: é somente aquele que opera na forma de


Firma Individual (FI) cujo faturamento máximo é de R$ 81.000,00 no ano (ou
proporcional mensal de R$6.750,00) e atende às demais exigências dos arts.18-
A, 18-B e 18-C.

QUEM NÃO PODE SER ME ou EPP? LISTA NO ART.3°, §4° DA LC 123/06.


VANTAGEM TRIBUTÁRIA..... Nesse caso, uma empresa que
desenvolva atividade comercial,
Receita Bruta em 12 Meses (em R$) Alíquota Valor a Deduzir (em R$)
regularmente enquadrada como ME
ou EPP, poderá ser beneficiar do
SIMPLES NACIONAL e recolher
1a Faixa Até 180.000,00 4,00% -
mensalmente seus tributos a partir da
2a Faixa De 180.000,01 a 360.000,00 7,30% 5.940,00 “DASN”, com vencimento todo dia
3a Faixa De 360.000,01 a 720.000,00 9,50% 13.860,00 ‘10”, apurando o valor com base no
4a Faixa De 720.000,01 a 1.800.000,00 10,70% 22.500,00 faturamento do mês anterior.
5a Faixa De 1.800.000,01 a 3.600.000,00 14,30% 87.300,00

6a Faixa De 3.600.000,01 a 4.800.000,00 19,00% 378.000,00


Exemplo, um comércio cujo
faturamento tenha sido de
Faixas Percentual de Repartição dos Tributos R$30.000,00 em JAN/X1, deverá
IRPJ CSLL Cofins PIS/Pasep CPP ICMS recolher 4% (1ª faixa) de imposto no
dia 10/02/X1, o que equivale a
1a Faixa 5,50% 3,50% 12,74% 2,76% 41,50% 34,00%
R$1.200,00.
2a Faixa 5,50% 3,50% 12,74% 2,76% 41,50% 34,00%
Nesse valor estão inclusos os
3a Faixa 5,50% 3,50% 12,74% 2,76% 42,00% 33,50%
seguintes tributos: IRPJ – 5,5% -
4a Faixa 5,50% 3,50% 12,74% 2,76% 42,00% 33,50% R$66,00; CSLL - 3,5% – R$42,00; COFINS
5a Faixa 5,50% 3,50% 12,74% 2,76% 42,00% 33,50% - 12,74% – R$152,88; PIS/PASEP – 2,76%
6a Faixa 13,50% 10,00% 28,27% 6,13% 42,10% - - R$33,12; CPP – 41,50% - R$498,00 e
ICMS – 34% - R$408,00.
EMPRESÁRIO INDIVIDUAL ou FIRMA INDIVIDUAL

Trata-se de pessoa física que exerce atividade empresarial em nome próprio, mediante
inscrição na Junta do Comercio, respondendo pessoalmente com todo seu patrimônio
(ressalva a meação de cônjuge) de forma ilimitada pelas dívidas que contraiu no
exercício de sua atividade empresarial, sujeitando-se ao regime de falências e também
de recuperação judicial ou extrajudicial (Lei n° 11.101/05).

Isso é assim porque existe uma confusão entre o patrimônio desta pessoa física (CPF)
com o patrimônio do empresário (CNPJ). Alegoricamente pode-se imaginar que se trata
de uma pessoa com apenas um bolso (patrimônio), mas nesse bolso constam dois
rótulos: um CPF e um CNPJ. Portanto, as dívidas contraídas com o número do CNPJ
relativas ao desenvolvimento da atividade empresarial irão recair nos bens particulares
indicados no CPF, e vice-versa.
Cabimento do benefício de ordem, a teor do Enunciado n° 5 da I Jornada de Direito Comercial,
que prevê:

“Quanto às obrigações decorrentes de sua atividade, o empresário individual tipificado no art.


966 do Código Civil responderá primeiramente com os bens vinculados à exploração de sua
atividade econômica, nos termos do art. 1.024 do Código Civil.”

CC/02. Art. 1.024. Os bens particulares dos sócios não podem ser executados por
dívidas da sociedade, senão depois de executados os bens sociais.

Aspectos relevantes do Empresário Individual:


a) Se o empresário individual for casado, responderá com os bens comuns até o limite da
meação (50% do patrimônio do casal) e (b) não necessita de outorga conjugal (da mulher)
para alienar ou onerar (gravar) bens imóveis que integrem o patrimônio da empresa
(Enunciado n. 58, da II Jornada de Direito Comercial).
b) É necessária inscrição no Registro Público de Empresas Mercantis (ex.: JUCESP, JUCERJ e
etc.) para a sua regularidade;

c) A firma individual (FI) não confere personalidade jurídica distinta da pessoa física que a
opera. (O CNPJ não é prova da personalidade jurídica).

d) O nome empresarial será o nome completo do empresário, ou abreviado, sendo vedada


a exclusão de componentes do nome, bem como é vedado a abreviação do último
sobrenome e das expressões que indiquem parentesco. (Ver a IN nº 104, DE 30/04/2007 do antigo
DNRC)

Exemplos de nome empresarial para Empresário Individual: (a) José Carlos da Silva
Filho, ou (b) J. Carlos da Silva Filho, ou (c) José C. da Silva Filho, ou (d) José Carlos da
Silva Filho Mercearia.

Não é necessária a indicação de pontos nas abreviaturas, o uso, entretanto, não


invalida a informação. Ex.: H J N Fornari ou H. J. N. Fornari
e) Capacidade: O menor emancipado não responde criminalmente por crimes falimentares,
exceto quando agir de má-fé (fazendo se passar por maior), neste caso fica sujeito às
medidas socioeducativas à reparação do dano causado regidas pelo Estatuto da Criança e
do Adolescente.
f) Interdito e Incapaz: (a) Somente podem exercer empresa mediante autorização judicial
para CONTINUIDADE desta; (b) os bens anteriores à sucessão ou interdição, desde que não
façam mais parte do acervo da empresa, não respondem pelas obrigações contraídas; (c)
os representantes ou assistentes respondem pessoalmente; e (d) caso o representante ou
assistente for legalmente impedido de exercer empresa, este deverá nomear, com
autorização judicial, um ou mais gerentes.
g) Obrigações do empresário individual: a) Inscrição - Registro Público de empresas Mercantis
(art. 968, CC/02). b) A escrituração contábil deve seguir um sistema de contabilidade com
base no livro de escrituração (art. 1.194, CC/02.), conforme RESOLUÇÃO CFC nº 1.255, de
10/12/2009, que aprovou a NBC-T 19.41 – Contabilidade para Pequenas e Médias Empresas, e
determina como escrituração mínima a elaboração do Balanço Patrimonial (BP),
Demonstração de Resultado (DRE), Demonstração de Fluxo de Caixa (DFC), Demonstração
de Mutação do Patrimônio Líquido (DMPL) e Notas Explicativas (NE). O CC/02, art.1.188 e
1.189 também determina a elaboração do BP e da DRE.

h) Sujeita-se à lei de falências e recuperação de empresas – Lei n° 11.101/2005.


Era uma vez a ........ EIRELI

A figura da EIRELI foi extinta pela Medida Provisória n° 1085/2021, convertida na Lei da
Liberdade Econômica, Lei n° 14.195, de 20/08/2021. De fato, o art.41 converteu todas as
EIRELI em “sociedade limitada unipessoal”.

“Art. 41. As empresas individuais de responsabilidade limitada existentes na data


da entrada em vigor desta Lei serão transformadas em sociedades limitadas
unipessoais independentemente de qualquer alteração em seu ato
constitutivo.”

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