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Em shows circenses públicos, corpos não normativos – anões, gêmeos xipófagos, pessoas

muito altas, com excesso de pelos e protuberâncias físicas - eram comercializados como
propriedade e expostos num cenário de zombaria e zoológico humano. Um exemplo do viés
colonialista destes espetáculos é a presença de pessoas negras e de mulheres com corpos não
normatizados ou racializados.

Um dos mais tristes e ilustrativos casos que podemos citar é a história da sul africana Sarah
Baartman, comercializada por um navegador, Baartman foi levada à europa em 1810. Seu
corpo negro e avantajado – ela possuía um quadril caracterizado pela esteatopigia – foi exposto
como selvagem e aberrante, comercializado e, depois de morto, vendido ao museu natural,
que reproduziu um molde de gesso de sua imagem e armazenou sua genitália e seu cérebro
em formal, para estudos notadamente colonialistas e eugenistas.

O quadril grego normativo e o quadril da mulher africana: colonização e abjeção

Fonte: (BBC, 2023).

“Baartman nos interessa porque representa uma convergência importante entre os principais
pontos levantados aqui. Em primeiro lugar, além de mulher, é negra. Em segundo lugar,
representa um caso extremo de constituição de identidade a partir do olhar do outro. Privada
de sua própria voz e da perspectiva cultural de seu povo, sua identidade pessoal foi
inteiramente subsumida à sua identidade social, fazendo dela uma espécie de significante vazio
que reflete os valores dos grupos que a constituem como um tipo específico de sujeito. Por
fim, ao ser submetida a três tipos de olhares distintos – a selvagem perigosa e amoral; o negro
como raça biologicamente distinta e a heroína dos modernos movimentos sociais – a circulação
de seu corpo, desde o século XIX, tem garantido a manutenção da lógica civilizatória europeia”
(Ferreira, Hamlin, 2010, p. 813).

p 811-836 Ferreira-Hamlin.pmd (scielo.br)

Como mulher, negro ou monstro, o outro é aquilo que em princípio não deve circular, mas
também aquilo que não pode deixar de circular, sob pena de privar o discurso civilizador da
oposição que o funda: em sua feiura, desproporção, desordem, o monstro é o outro do civilizad

DIAS GOMES. Saramandaia. [Rio de Janeiro: s. n], 1976. (Telenovela em 160 capítulos –
CEDOC/Rede Globo de Televisão).

DIAS GOMES. Saramandaia. [Rio de Janeiro: s. n], 1976. (Telenovela em 160 capítulos –
CEDOC/Rede Globo de Televisão).

DIAS GOMES. Saramandaia. [Rio de Janeiro: s. n], 1976. (Telenovela em 160 capítulos –
CEDOC/Rede Globo de Televisão).

DIAS GOMES. Saramandaia. [Rio de Janeiro: s. n], 1976. (Telenovela em 160 capítulos –
CEDOC/Rede Globo de Televisão).

GUIMIL, Eva. Hattie McDaniel: a cruel história de uma atriz que ganhou um Oscar e desafiou a
sociedade. Disponível em: Hattie McDaniel: a cruel história de uma atriz que ganhou um Oscar
e desafiou a sociedade | Cultura | EL PAÍS Brasil (elpais.com)

Rosen, I 2022 Divine Smells: Odorama, Melodrama and the Body in John Waters’ Polyester.
Open Screens, 5(1): 10, pp. 1–17. DOI: https://doi.org/10.16995/os.850. Disponível em:
Divine_Smells_Odorama_Melodrama_and_the_Body_in_Jo.pdf

Assunção, Daniel Augusto de Matos. ELAS SÃO TODAS IGUAIS: A FIGURAÇÃO DA EMPREGADA
DOMÉSTICA NO CINEMA BRASILEIRO. (Dissertação) Belo Horizonte: UFMG, 2020.

Dona Redonda: Uma personagem, um corpo político Dilma Beatriz Rocha Juliano.

Polifonia, Cuiabá, MT, v. 21, n. 30, p. 55-71, jul-dez., 2014

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