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A imagem intolerável

RANCIÈRE, Jacques. A imagem intolerável. In: O espectador


emancipado. São Paulo: Editora WMF Martins Fontes, 2012.,
p. 83-102.

Marília Régio
Doutoranda em Comunicação Social (PUCRS)
Bolsista Capes/PROSUP
A imagem intolerável

O que torna uma imagem intolerável?

Será tolerável criar tais imagens ou


propô-las à visão alheia?
(Rancière, 2012, p. 83)
A imagem intolerável
Oliviero Toscani, 2007

“Denúncia corajosa” Considera-se que o que ela mostra


“Espetáculo” é real demais, intoleravelmente
“Realidade abjeta” real demais para ser proposto no
modo da imagem.
( RANCIÈRE, 2012, p. 83)
A imagem intolerável
[...] mesmo regime de visibilidade daquela realidade,
que exibe alternadamente sua face de aparência
brilhante e seu avesso de verdade sórdida que
compõem um único e mesmo espetáculo.
(RANCIÈRE, 2012, p. 84)

Oliviero Toscani, 2007


A imagem intolerável

-Tensões na arte política


Oliviero Toscani, 2007
Intolerável na imagem

Intolerável da imagem
A imagem intolerável

Não haveria então nenhuma intolerável realidade que a


imagem pudesse opor ao prestígio das aparências, mas
um único e mesmo fluxo de imagens, um único e
mesmo regime de exibição universal, e é esse regime
que constituiria hoje o intolerável.
(RANCIÈRE, 2012, p.84)
A imagem intolerável
Descolamento para o intolerável da imagem
Mémoires des camps. (2001)
Ensaio de Didi-Huberman

[...] as imagens era intoleráveis porque demasiadamente reais. (Élisabeth


Pagnoux)
[...] aquelas imagens e comentários que as acompanhava eram
intoleráveis porque mentiam [...] (Gérard Wajcman)

“[...] um acontecimento que constitui em si mesmo uma espécie de aporia,


um real infrangível que transpassa e põe em xeque o estatuto da imagem
e em perigo qualquer reflexão sobre as imagens” - Wajcman
A imagem intolerável
Representação não é o ato de produzir uma forma visível; é o ato de dar
um equivalente, coisa que a palavra faz tanto quanto a fotografia. A
imagem não é o duplo de um coisa. É um jogo complexo de relações
entre o visível e o invisível, o visível e a palavra, o dito e o não dito.
(RANCIÈRE, 2012, p. 92)

E a voz não é a manifestação do invisível, em oposição à forma visível da


imagem. Ela também faz parte do processo de construção da imagem.
(RANCIÈRE, 2012, p. 92)
102 minutes que mudaram o mundo
(Nicole Rittenmeyer e Seth Skundrick, 2008)

Produzido para televisão.


Ordem cronológica
Imagens e sons cedidos por emissoras e por
pessoas que vivenciaram o fato, sem edição.

A pluralidade da memória é, ela mesma, prova


da pluralidade da realidade ou não,
em algum sentido, um engano.
As lembranças variam no contar
e no lembrar.
(SILVESTONE, 2005, p. 233)
A imagem intolerável
Uma imagem nunca está sozinha. Pertence a um dispositivo de
visibilidade que regula o estatuto dos corpos representados e o tipo de
atenção que merecem. A questão é saber o tipo de atenção que este ou
aquele dispositivo provoca.
(Rancière, 2012, p. 96)

O dispositivo de visibilidade de que fala Rancière cria um


sentido de realidade, um sentido comum – algo que possa ser
partilhável.
A imagem intolerável
S21, Máquina de morte khmer vermelho (2003, Rithy Panh)

[...] como hoje é


possível a carrascos
e vítimas vê-la,
pensá-la e senti-la.
(RANCIÈRE, 2012, p. 99)
A imagem intolerável
As imagens da arte não fornecem armas de combate. Contribuem para
desenhar configurações novas do visível, do dizível e do pensável e, por
isso mesmo, uma paisagem nova do possível. Mas o fazem com a
condição de não antecipar seu sentido e seu efeito.
(RANCIÈRE, 2012, p. 100)

As imagens mudam nosso olhar e a


paisagem do possível quando não são
antecipadas por seus sentidos e não
antecipam seus efeitos.
(RANCIÈRE, 2012, p. 102)
Obrigada!

msregio@gmail.com

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