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DEVERES E RESPONSABILIDADES DAS PARTES

Arts. 77 e 78 do CPC.

DIFERENÇA ENTRE DEVER E Ô NUS

Ônus: uma faculdade que a parte possui. A parte pode ou nã o agir de determinada
maneira para atingir certa finalidade. Sendo uma faculdade, ao nã o exercê-la a parte nã o
será sancionada por isso, mas apenas deixa de garantir ou até de ganhar algo.

Dever: é quando a parte deixa de cumprir um dever processual e recai num ilícito, fazendo
incidir sobre si uma sançã o processual. O nã o exercício de um dever deve trazer sançã o ao
autor do ilícito. Tais sançõ es decorrem do fato de ter a parte incidido em ato atentató rio à
dignidade da justiça ou litigâ ncia de má fé.

 Advogados NÃ O podem ser condenados nem por um, nem por outro.
 Em relaçã o ao ato atentató rio à dignidade da justiça, o § 6º do art. 77 dispõ e que
“aos advogados públicos ou privados (...) não se aplica o disposto nos parágrafos 2º e
5º, devendo eventual responsabilidade disciplinar ser apurada pelo respectivo órgão
de classe ou corregedoria, ao qual o juiz oficiará”.
 A litigâ ncia de má fé nã o tem disposiçã o expressa que dispense os advogados, mas
nã o os inclui no rol de sujeitos aptos a responder.

DEVERES DAS PARTES NO PROCESSO

Art. 77. Além de outras disposiçõ es deste Có digo, sã o deveres das partes, de seus
procuradores e de todos aqueles que de qualquer forma participem do processo:

 I — Expor os fatos em juízo conforme a verdade.


 II — Nã o formular pretensã o de apresentar defesa quando cientes de que sã o destituídas
de fundamento.
 III — Nã o produzir provas e nã o praticar atos inú teis ou desnecessá rios à declaraçã o ou à
defesa do direito.
 IV — Cumprir com exatidã o as decisõ es jurisdicionais, de natureza provisó ria ou final, e
nã o criar embaraços à sua efetivaçã o.
 V — Declinar, no primeiro momento que lhes peçam falar nos autos, o endereço residencial
ou profissional onde solicitar intimaçõ es, atualizando essa informaçã o sempre que ocorra
qualquer alteraçã o temporá ria ou definitiva.
 VI — Nã o praticar inovaçã o ilegal no estado de fato de bem ou direito litigioso.

ATOS ATENTATÓ RIOS À DIGNIDADE DA JUSTIÇA

Art. 77 § 2º do CPC

Todo e qualquer comportamento, comissivo ou omissivo, que possa atrapalhar, retardar,


tentar fraudar ou fraudar, reduzir a respeitabilidade e a importâ ncia social do sistema
judiciá rio.

Pratica ato atentató rio à dignidade da justiça o participante do processo que:

 1) Descumpre decisõ es jurisdicionais.


 2) Cria embaraços à efetivaçã o de decisõ es judiciais.
 3) Pratica inovaçã o ilegal no estado de fato de bem ou direito litigioso.
Puniçã o:

 Multa de até vinte por cento (20%) do valor da causa, de acordo com a gravidade
da conduta.

Consideraçõ es importantes sobre a multa punitiva por ato atentató rio à dignidade da
justiça:

 Nã o é aplicá vel aos advogados, aos membros do Ministério Pú blico e à Defensoria


Pú blica.
 Poderá ser aplicada à parte independentemente de ter vencido ou perdido a
demanda.
 Se nã o for paga, a parte será inscrita em dívida ativa para ser cobrada como
execuçã o fiscal.
 O valor arrecadado nã o é devido à parte contrá ria, mas será destinado a fundos de
modernizaçã o e reaparelhamento do Poder Judiciá rio.
 O representante judicial da parte NÃ O pode ser compelido a cumprir decisã o em
lugar do responsá vel pelo descumprimento.

RESPONSABILIDADE DAS PARTES POR DANO PROCESSUAL

Dano processual é o resultado da litigâ ncia de má -fé.

Ocorre a litigâ ncia de má -fé quando autor, réu ou interveniente:

 1. Deduz pretensã o ou defesa contra texto expresso de lei ou fato incontroverso.


 2. Altera a verdade dos fatos.
 3. Usa do processo para conseguir objetivo ilegal.
 4. Opõ e resistência injustificada ao andamento do processo.
 5. Procede de modo temerá rio em qualquer incidente ou ato do processo.
 6. Provoca incidente manifestamente infundado.
 7. Interpõ e recurso com intuito manifestamente protelató rio.
 8. Serve do processo para praticar ato simulado ou conseguir fim vedado por lei
(art.142).

A alegaçã o de litigâ ncia de má -fé deve ser apresentada ao juiz responsá vel pelo caso, por
meio de uma petiçã o escrita ou oral durante a audiência.

Penalidades:

 Multa: superior a 1% e inferior a 10% do valor atualizado da causa.


 Indenizaçã o: além da multa, a parte que agiu com má -fé também pode ser obrigada
a indenizar a outra parte pelos prejuízos sofridos.
 Honorá rios advocatícios e despesas: a parte que agiu de má -fé também deve arcar
com os honorá rios advocatícios e despesas da parte contrá ria.

Consideraçõ es importantes sobre a multa punitiva por litigâ ncia de má -fé:

 1. A indenizaçã o nã o será recolhida para os cofres pú blicos, tal como ocorre em


relaçã o ao ato atentató rio da dignidade da Justiça, mas será revertido para a parte.
 2. O juiz arbitrará o valor da indenizaçã o.
 3. Caso nã o seja possível mensurar o valor da indenizaçã o, a liquidaçã o ocorrerá
por arbitramento ou pelo procedimento comum, nos pró prios autos.

DESPESAS PROCESSUAIS

As custas processuais sã o despesas de natureza nã o tributá ria pagas pela parte que
correspondem à taxa para prestaçã o do serviço pú blico dos Tribunais.

Custas:

 Taxas: a taxa de justiça é o valor de natureza puramente tributá ria, corresponde ao


valor do impulsionamento processual e varia conforme as tabelas de cada
Tribunal.
 Encargos: os encargos, sã o despesas concretas que ocorrem ao longo de um
processo, como, por exemplo, envio de correspondência por correio, pagamento
dos peritos, entre outras.
 Custas da Parte: as custas da parte correspondem ao valor que cada parte
despendeu ao longo do processo, sendo que a parte vencida deverá reembolsar a
parte vencedora dos valores que ela efetivamente desembolsou no curso da açã o
judicial.

Ao final do processo, aquele que perdeu o processo (o vencido) deverá reembolsar a parte
vencedora das custas processuais que ela antecipou.

Entretanto, de acordo com o art. 86, se cada litigante for em parte vencedor e vencido, as
despesas serã o distribuídas entre eles.
Se houver sentença com fundamento em desistência, renú ncia ou reconhecimento da
procedência do pedido, as custas processuais deverã o ser pagas pela parte que desistiu,
renunciou ou reconheceu o pedido.

Caso as partes realizem um acordo no decorrer do processo, e nada estipularem sobre o


pagamento das despesas processuais, estas serã o rateadas igualmente entre os litigantes.

HONORÁ RIOS PERICIAIS

Os honorá rios periciais estã o incluídos nas despesas processuais. Portanto, quando o juiz
condena a parte vencida ao seu pagamento, condena também ao ressarcimento das
despesas que o vencedor porventura adiantou.

HONORÁ RIOS DE SUCUMBÊ NCIA

O art. 85 do CPC/2015 determina que os honorá rios sucumbenciais devem ser fixados no
patamar de 10% (dez por cento) a 20% (vinte por cento) sobre o valor da condenaçã o, do
proveito econô mico obtido ou do valor atualizado da causa.

Os honorá rios de sucumbência sã o pagos sempre por aquele que for vencido na causa.

Pela sistemá tica adotada pelo Novo CPC, ainda que haja vencedor e vencido nos dois polos
da açã o, o Juiz é obrigado a fixar os honorá rios sucumbenciais que cada parte terá que
pagar para a outra – nã o haverá compensaçã o de honorá rios.

HONORÁ RIOS ADVOCATÍCIOS X HONORÁ RIOS DE SUCUMBÊ NCIA

Os honorá rios de sucumbência sã o fixados por lei e dizem respeito a uma porcentagem do
valor da causa ou um valor fixado pelo juiz à parte vencedora de uma demanda.

Os honorá rios advocatícios sã o os valores fixados pelo advogado para representar o seu
cliente, independente do resultado do processo.

Natureza jurídica dos honorá rios de sucumbência:

 Com o Novo CPC, o pagamento dos honorá rios de sucumbência deve ser feito ao
advogado da parte vencedora, e nã o à parte vencedora em si.

HONORÁ RIOS RECURSAIS

Outra inovaçã o importante do Novo CPC foi a criaçã o dos honorá rios recursais, que
aumentam o valor devido à parte vencedora caso recursos sejam interpostos durante o
processo.

Art. 85, pará grafo 11 do CPC.

GRATUIDADE DE JUSTIÇA

A Assistência Judiciá ria Gratuita está prevista no artigo 5o, inciso LXXIV da Constituiçã o
Federal, que atribui ao Estado a obrigaçã o de garantir que a pessoa com poucos recursos
financeiros tenha acesso a um advogado, sem ter que arcar com o custo de sua
contrataçã o.

 Defensoria Pú blica.
A Gratuidade de Justiça está regulamentada nos artigos 98 a 102 do Có digo de Processo
Civil, que revogou algumas disposiçõ es da Lei 1.060/50. Consiste na isençã o de taxas ou
custas processuais; honorá rios de advogado (sucumbência), perito, contador ou tradutor;
eventuais indenizaçõ es a testemunhas; custas como exames de DNA e outros necessá rios
ao processo; depó sitos para interposiçã o de recursos ou outros atos processuais; despesas
com envio de documentos e publicaçõ es; entre outros.

Quem pode obter a gratuidade de Justiça?

 Pessoa natural.
 Pessoa jurídica.
 Estrangeiro.

Desde que com insuficiência de recursos.

Quais despesas sã o abrangidas pela gratuidade de Justiça?

 Art. 98, pará grafo 1° do CPC.

RESOLUÇÃ O CSDPESC N° 15, DE 29 DE JANEIRO DE 2014 (15/2014) – CONDIÇÕ ES:

Auferir renda familiar mensal nã o superior a 03 salá rios mínimos. Se a renda for superior,
mas até 04 salá rios mínimos, também deve estar presente ao menos uma das seguintes
situaçõ es:

 a) entidade familiar composta por mais de 05 membros.


 b) gastos mensais comprovados com tratamento médico por doença grave ou
aquisiçã o de medicamento de uso contínuo.
 c) entidade familiar composta por pessoa com deficiência ou transtorno global de
desenvolvimento.
 d) entidade familiar composta por idoso ou egresso do sistema prisional, desde
que constituída por 4 ou mais membros.

Nã o seja proprietá ria, titular de aquisiçã o, herdeira, legatá ria ou usufrutuá ria de bens
mó veis, imó veis ou direitos, cujos valores ultrapassem a quantia equivalente 150 salá rios
mínimos. (R$ 211.800,00).

Em caso de partilha de bens (em divó rcio, inventá rio, etc.), o valor dos bens nã o poderá
exceder ao limite de 250 salá rios mínimos. (R$ 353.000,00).

Nã o possua recursos financeiros em aplicaçõ es ou investimentos em valor superior a 12


salá rios mínimos. (R$ 16.944,00).

DOCUMENTOS NECESSÁ RIOS A COMPROVAÇÃ O DA HIPOSSUFICIÊ NCIA

Declaraçã o de Hipossuficiência assinada pelo requerente ou seu advogado.

Có pia integral da CTPS – Carteira de Trabalho.

Ú ltimos 03 (três) contracheques.

Ú ltimas 03 (três) declaraçõ es do imposto de renda – IR, ou prova que nã o possui renda
suficiente para declarar, que poderá ser emitida no site da receita federal.
Certidõ es dominiais negativas, (prova que nã o é dono de bens imó veis).

Certidõ es negativas de propriedade de Automó veis.

Extratos bancá rios dos ú ltimos 03 (três) meses de todas as contas vinculadas ao CPF do
requerente.

Extratos de faturas de todos os cartõ es de créditos, dos ú ltimos 03 (três) meses.

Despesas extraordiná rias, como por exemplo: exames e laudos médicos que comprovem
doenças, bem como os gastos relacionados (se for o caso).

Extratos de SPC/Serasa (se for o caso).

GRATUIDADE DE JUSTIÇA PARA AS PESSOAS JURÍDICAS

Além do art. 98 do CPC, a Sú mula 481 do STJ diz que:

 Faz jus ao benefício da justiça gratuita a pessoa jurídica com ou sem fins lucrativos
que demonstrar sua impossibilidade de arcar com os encargos processuais.

Mas tratando-se de pessoa jurídica, é indispensá vel a demonstraçã o da necessidade e da


impossibilidade de recolhimento das custas e das despesas do processo.

O artigo 98, § 6º do CPC prevê que, conforme o caso, o juiz poderá conceder direito ao
parcelamento de despesas processuais que o beneficiá rio tiver de adiantar no curso do
procedimento.

Gratuidade de justiça para MEI e EI exige apenas declaraçã o de falta de recursos:

 A Quarta Turma do Superior Tribunal de Justiça (STJ) decidiu que, para a


concessã o do benefício de justiça gratuita ao Microempreendedor Individual (MEI)
e ao Empresá rio Individual (EI), basta a declaraçã o de insuficiência financeira,
ficando reservada à parte contrá ria a possibilidade de impugnar o deferimento da
benesse.
 O colegiado considerou que a caracterizaçã o do MEI e do EI como pessoas jurídicas
deve ser relativizada, pois nã o constam no rol do artigo 44 do Có digo Civil.

MOMENTO DE REQUERER

A gratuidade de justiça pode ser requerida pelas partes a qualquer momento do curso do
processo, o que deve incluir a quinta fase do procedimento, que consiste na fase de
cumprimento de sentença, nos termos do art. 99 do CPC.

No entanto, os efeitos da concessã o dos benefícios da gratuidade da justiça nã o retroagem.

GRATUIDADE DE JUSTIÇA PARA LITISCONSORTES

No caso de litisconsó rcio, a hipossuficiência financeira deve ser aferida individualmente,


nã o devendo ser considerada a capacidade econô mica de forma conjunta dos postulantes.

Art. 99, § 6º - O direito à gratuidade da justiça é pessoal, nã o se estendendo a litisconsorte


ou a sucessor do beneficiá rio, salvo requerimento e deferimento expressos.

Justiça gratuita para um litisconsorte nã o afasta solidariedade no pagamento de


honorá rios:
 A Terceira Turma do Superior Tribunal de Justiça (STJ), por unanimidade, decidiu
que há solidariedade entre os litisconsortes sucumbentes na condenaçã o ao
pagamento de custas e honorá rios advocatícios, mesmo quando algum dos
vencidos litigar sob o benefício da justiça gratuita.

IMPUGNAÇÃ O AO PEDIDO DE GRATUIDADE DE JUSTIÇA

A impugnaçã o à gratuidade de justiça pode ser requerida nos pró prios autos pela parte
contrá ria quando da interposiçã o do recurso (CPC, art. 100) e deve ser instruída com
prova inequívoca de que a parte hipossuficiente tem condiçõ es de arcar com as despesas
do processo. Sem a prova, o benefício deve ser mantido.

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