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LEGISLAÇÃO AMBIENTAL, LICENCIAMENTO

AMBIENTAL E GESTÃO AMBIENTAL

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NOSSA HISTÓRIA

A nossa história inicia com a realização do sonho de um grupo de


empresários, em atender à crescente demanda de alunos para cursos de
Graduação e Pós-Graduação. Com isso foi criado a nossa instituição, como
entidade oferecendo serviços educacionais em nível superior.

A instituição tem por objetivo formar diplomados nas diferentes áreas de


conhecimento, aptos para a inserção em setores profissionais e para a
participação no desenvolvimento da sociedade brasileira, e colaborar na sua
formação contínua. Além de promover a divulgação de conhecimentos culturais,
científicos e técnicos que constituem patrimônio da humanidade e comunicar o
saber através do ensino, de publicação ou outras normas de comunicação.

A nossa missão é oferecer qualidade em conhecimento e cultura de forma


confiável e eficiente para que o aluno tenha oportunidade de construir uma base
profissional e ética. Dessa forma, conquistando o espaço de uma das instituições
modelo no país na oferta de cursos, primando sempre pela inovação tecnológica,
excelência no atendimento e valor do serviço oferecido.

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SUMÁRIO

CONCEITOS IMPORTANTES ....................................................................................... 4

NORMAS TÉCNICAS .................................................................................................... 7

DEFINIÇÃO, EVOLUÇÃO E OBJETIVOS ................................................................... 8

PRINCÍPIOS E BENEFÍCIOS DA NORMALIZAÇÃO ................................................. 9

SISTEMA INTERNACIONAL DE NORMATIZAÇÃO E A DINÂMICA DA


CERTIFICAÇÃO ........................................................................................................... 10

CERTIFICAÇÃO NBR ISO 14001 – GESTÃO AMBIENTAL ................................... 13

BREVES REFLEXÕES ................................................................................................. 13

SISTEMAS INTEGRADOS DE GESTÃO ................................................................... 14

SUSTENTABILIDADE AMBIENTAL: INTERAÇÃO ENTRE LCM E LCA ........... 15

A SUSTENTABILIDADE E A GESTÃO AMBIENTAL ............................................ 16

A NORMA ISO 14001 ................................................................................................... 21

TC- GERENCIAMENTO AMBIENTAL ...................................................................... 21

REQUISITOS DO SISTEMA DE GESTÃO AMBIENTAL DA ISO 14001 ............... 25

MODELO DE SISTEMA DE GESTÃO AMBIENTAL ............................................... 25

SUBSEÇÃO 4.2 - POLÍTICA AMBIENTAL ............................................................... 26

SUBSEÇÃO 4.3 - PLANEJAMENTO .......................................................................... 26

SUBSEÇÃO 4.4 - IMPLEMENTAÇÃO E OPERAÇÃO ............................................. 27

SUBSEÇÃO 4.5 - VERIFICAÇÃO ............................................................................... 29

SUBSEÇÃO 4.6 - ANÁLISE PELA ADMINISTRAÇÃO ........................................... 30

CERTIFICAÇÃO NBR 16000 E ISO 26000 – GESTÃO DA SUSTENTABILIDADE


........................................................................................................................................ 31

CONTEXTUALIZAÇÃO DAS CERTIFICAÇÕES ..................................................... 31

PRINCÍPIOS DE RESPONSABILIDADE SOCIAL .................................................... 33

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PROGRAMA BRASILEIRO DE CERTIFICAÇÃO EM RESPONSABILIDADE
SOCIAL .......................................................................................................................... 36

CERTIFICAÇÃO OHSAS 18000 – SEGURANÇA E SAÚDE OCUPACIONAL ...... 38

CERTIFICAÇÃO PARA SISTEMAS DE SEGURANÇA ........................................... 42

IMPORTÂNCIA E JUSTIFICATIVAS PARA CERTIFICAÇÃO PARA SISTEMAS


DE SEGURANÇA ......................................................................................................... 42

AUDITORIA E PRÉ-AUDITORIA ............................................................................... 46

ETAPAS DO LICENCIAMENTO ................................................................................ 48

O que fazer quando estiver em operação, mas sem a Licença? ...................................... 54

Modificar atividade ou empreendimento é preciso uma nova Licença? ........................ 55

OBTENÇÃO DAS LICENÇAS AMBIENTAIS ........................................................... 58

REFERÊNCIAS ............................................................................................................. 69

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CONCEITOS IMPORTANTES

Na gestão de negócios, qualquer que seja ele, área industrial, saúde, educação,
encontramos pelo menos quatro funções ou ações básicas que se fazem presentes:
planejar, executar, controlar e avaliar, objetivando que o negócio cresça, que se mantenha
no mercado, que atenda ao seu público com eficiência e eficácia, entregando-lhe produtos
e/ou serviços de qualidade sem perder de vista seu objetivo maior. Grosso modo, no caso
da empresa privada seria o lucro mediante redução de custos e em se tratando de empresas
públicas, atendimento ao público com qualidade.
Qualidade, eficiência, eficácia são alguns dos critérios que nos levam aos Sistemas
de Gestão Integrados, os conhecidos SIG’s, que vão além da satisfação dos clientes,
objeto do sistema de gestão de qualidade, ou de proteção ao meio ambiente, objeto do
sistema de gestão ambiental.
Os SIGs garantem que, respondendo às exigências de uma regulamentação cada
vez mais rigorosa, respeitando o ambiente e preocupando-se permanentemente com a
saúde e a segurança das pessoas no trabalho, ou seja, considerando a dimensão ambiental
e social, a satisfação do cliente estará ainda mais garantida, pois são quatro sistemas
compatíveis integrados com um único intuito: a obtenção de resultados cada vez melhores
para as organizações que os adotem (RIBEIRO NETO; TAVARES; HOFFMANN,
2008).
Chegamos onde queríamos: aos sistemas de normalização! A implantação de
sistemas de normalização disponibiliza, para os gestores das organizações, poderosa
ferramenta para estabelecer e atingir objetivos organizacionais.
A utilização da normalização internacional, muito além de impactar na redução
de custos de produção e melhoria da qualidade do produto final, tem gerado benefícios
não apenas em aspectos tecnológicos, mas também na área econômica e social, tais como:
 aos consumidores, a conformidade com normas internacionais assegura
qualidade, confiabilidade e segurança;
 aos fornecedores, assegura ampla aceitação internacional de seus produtos,
estabilidade, crescimento, parceria com clientes e facilidade de compreensão
mútua;
 aos acionistas, proporciona melhores resultados operacionais, aumento na
participação de mercado, crescimento nos lucros e no retorno sobre investimentos;

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 aos empregados, proporciona melhores condições de trabalho, saúde e segurança,
estabilidade empregatícia, satisfação com o trabalho e efeitos morais positivos;
 aos governos, fornece bases tecnológicas e científicas para apoiar a legislação de
saúde, segurança e meio ambiente; e,
 para a sociedade, facilita o cumprimento de requisitos legais e regulamentares,
gera melhoria na saúde e segurança e reduz impactos sociais e ambientais.
Embora o foco deste módulo seja a Norma ISO 14001, veremos algumas outras,
conforme as ilustrações abaixo.
A Associação Brasileira de Normas técnicas (ABNT) justifica e explica de
maneira sucinta e clara, a importância de tais normas, vejamos algumas delas:
a) Sistema de Gestão Ambiental – ABNT NBR 14001
O aumento crescente da consciência ambiental e a escassez de recursos naturais
vêm influenciando cada vez mais as organizações a contribuírem de forma sistematizada
na redução dos impactos ambientais associados aos seus processos.
A Conformidade do sistema com a ABNT NBR 14001 garante a redução da carga
de poluição gerada por essas organizações, porque envolve a revisão de um processo
produtivo visando a melhoria contínua do desempenho ambiental, controlando insumos
e matérias-primas que representem desperdícios de recursos naturais.
Certificar um Sistema de Gestão Ambiental significa comprovar junto ao mercado
e à sociedade que a organização adota um conjunto de práticas destinadas a minimizar
impactos que imponham riscos à preservação da biodiversidade.
Com isso, além de contribuir com o equilíbrio ambiental e a qualidade de vida da
população, as organizações obtêm um considerável diferencial competitivo fortalecendo
sua ação no mercado.
b) Sistema de Gestão da Responsabilidade Social – ABNT NBR 16001
O surgimento de movimentos dirigidos aos interesses diversos dos consumidores
impõe nas organizações a necessidade de se atualizarem frente a este contexto.
Certamente, as organizações que possuem posicionamento ético melhoram sua imagem
pública gradativamente, alcançando maior legitimidade social.
Para ser realmente eficiente, os procedimentos da organização precisam ser
conduzidos dentro de um sistema de gestão estruturado. A partir daí, a Certificação do
Sistema de Gestão de Responsabilidade Social demonstrará ao mercado que a
organização não existe apenas para explorar os recursos econômicos e humanos, mas
também para contribuir com o desenvolvimento social, por meio da realização

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profissional de seus colaboradores e da promoção de benefícios ao meio ambiente e às
partes interessadas.
c) Sistema da Segurança e Saúde Ocupacional – OHSAS 18001
Este sistema tem por objetivo assegurar o bom cumprimento de procedimentos e
cuidados que venham a garantir o gerenciamento dos riscos de saúde e segurança em uma
organização. Também neste caso, nota-se certa pressão da sociedade para que as
organizações ajam de maneira que sejam evitados acidentes ou fatalidades com seus
colaboradores.
Trabalhando com base nesses princípios, a organização consegue também a
geração de mais qualidade e produtividade dos empregados e de seus processos fabris.
Tendo todos estes procedimentos funcionando, a Certificação do Sistema da Segurança e
Saúde Ocupacional serve ainda para mostrar, tanto para os fornecedores quanto para os
consumidores, o grau de seriedade do trabalho de uma organização.
d) Segurança da informação:
Em determinados ramos de negócio, a informação se mostra como o bem mais
importante e, sendo assim, precisa ser protegida de acordo com os riscos associados. Para
manter características como confidencialidade, integridade e disponibilidade das
informações, organizações deste setor buscam várias formas de se protegerem, a fim de
garantir a entrega de um bom trabalho.
O Sistema de Gestão de Segurança da Informação é uma forma de gerenciamento
utilizada para estabelecer políticas baseadas na análise de risco do negócio. Tendo este
sistema certificado, a organização demonstrará sua capacidade de definir, implementar,
operar, manter e sempre melhorar a segurança da informação (www.abnt.org.br).
Mediante as premissas acima, começaremos nossos estudos pela definição de
normas técnicas, seus objetivos, os princípios e benefícios. Na sequência, os sistemas de
normalização e a dinâmica da certificação. Cada sistema e sua respectiva NBR ISO terá
uma unidade específica.
Ressaltamos em primeiro lugar que embora a escrita acadêmica tenha como
premissa ser científica, baseada em normas e padrões da academia, fugiremos um pouco
às regras para nos aproximarmos de vocês e para que os temas abordados cheguem de
maneira clara e objetiva, mas não menos científicos. Em segundo lugar, deixamos claro
que este módulo é uma compilação das ideias de vários autores, incluindo aqueles que
consideramos clássicos, não se tratando, portanto, de uma redação original e tendo em
vista o caráter didático da obra, não serão expressas opiniões pessoais.

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Ao final do módulo, além da lista de referências básicas, encontram-se outras que
foram ora utilizadas, ora somente consultadas, mas que, de todo modo, podem servir para
sanar lacunas que por ventura venham a surgir ao longo dos estudos.

NORMAS TÉCNICAS

Falar em normas técnicas nos remete de imediato à Associação Brasileira de


Normas Técnicas (ABNT) e à Organização Internacional para Padronização (ISO).
Sobre a ABNT é importante saber:
 foi fundada em 1940, é o órgão responsável pela normalização técnica no país,
fornecendo a base necessária ao desenvolvimento tecnológico brasileiro;
 é uma entidade privada, sem fins lucrativos, reconhecida como único Foro
Nacional de Normalização através da Resolução n.º 07 do CONMETRO
(Conselho Nacional de Metrologia, Normalização e Qualidade Industrial), de
24.08.1992;
 é membro fundador da ISO (International Organization for Standardization), da
COPANT (Comissão Panamericana de Normas Técnicas) e da AMN
(Associação Mercosul de Normalização);
 a ABNT é a única e exclusiva representante no Brasil das seguintes entidades
internacionais: ISO (International Organization for Standardization), IEC
(International Electrotechnical Commission); e das entidades de normalização
regional COPANT (Comissão Panamericana de Normas Técnicas) e a AMN
(Associação Mercosul de Normalização).
Quanto a ISO, em 1946, em Londres, Inglaterra, representantes de vinte e cinco
países decidiram criar uma organização internacional com o objetivo de facilitar, em nível
mundial, a coordenação e a unificação de normas industriais. Essa organização, com sede
em Genebra, Suíça, começou a funcionar oficialmente em 23 de fevereiro de 1947 com a
denominação International Organization for Standardization (ISO), ou Organização
Internacional de Normalização.
A ISO é uma organização não governamental internacional, que hoje reúne mais
de uma centena de organismos nacionais de normalização. Representando países que
respondem por cerca de 95% do PIB mundial, tem por objetivo promover o
desenvolvimento da padronização de atividades correlacionadas, de forma a possibilitar
o intercâmbio econômico, científico e tecnológico em níveis mais acessíveis aos aludidos
organismos (MARSHALL JR., 2001).

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DEFINIÇÃO, EVOLUÇÃO E OBJETIVOS

Normalização pode ser definida como uma atividade que estabelece, em relação a
problemas existentes ou potenciais, prescrições destinadas à utilização comum e
repetitiva, com vistas à obtenção do grau ótimo de ordem, em um dado contexto.
O contexto da normalização não se restringe à modernidade. Ao contrário, há
muito tempo, na história da evolução humana, a normalização é uma constante. Pesos e
medidas, dinheiro, leis, expressões gráficas para representar números e letras são
exemplos de normalização fundamentais para a vida em coletividade.
Segundo Ribeiro Neto, Tavares e Hoffmann (2008), foi em fins do século XVIII
que tivemos uma concepção moderna de normalização, de caráter técnico e científico,
exatamente quando foi criado o sistema métrico de medidas e surgiu, na indústria, o
conceito de produção em série, com a consequente necessidade de intercambialidade de
componentes. A percepção dos benefícios decorrentes da intercambialidade de peças, não
só em uma mesma fábrica, mas entre diferentes fábricas, estimulou em alguns países o
desenvolvimento dos primeiros organismos de normalização.
São objetivos da normalização:
 comunicação – proporciona os meios necessários para a troca adequada de
informações entre clientes e fornecedores, com vista a assegurar a confiança e um
entendimento comum nas relações comerciais;
 simplificação – reduz as variedades de produtos e de procedimentos, de modo a
simplificar o relacionamento entre produtor e consumidor;
 proteção ao consumidor – define os requisitos que permitam aferir a qualidade
dos produtos e serviços;
 segurança – estabelece requisitos técnicos destinados a assegurar a proteção da
vida humana, da saúde e do meio ambiente;
 economia – diminui o custo de produtos e serviços mediante a sistematização,
racionalização e ordenação dos processos e das atividades produtivas, com a
consequente economia para fornecedores e clientes;
 eliminação de barreiras – evita a existência de regulamentos conflitantes, sobre
produtos e serviços, em diferentes países, de forma a facilitar o intermédio
comercial.

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PRINCÍPIOS E BENEFÍCIOS DA NORMALIZAÇÃO

O processo de elaboração de normas técnicas está apoiado em princípios, que são


fundamentais para que todos os objetivos da normalização sejam atendidos e para que ela
seja eficaz na sua aplicação e reconhecida por todos.
 Princípio da Voluntariedade – a participação em processo de normalização não é
obrigatória e depende de uma decisão voluntária dos interessados. Essa vontade
de participar é imprescindível para que o processo de elaboração de normas
ocorra. Outro aspecto que fundamenta a voluntariedade do processo de
normalização é o fato de que o uso da norma também não é obrigatório, devendo
ser resultado de uma decisão em que são percebidas mais vantagens no seu uso
do que no não uso.
 Princípio da Representatividade – é preciso que haja participação de especialistas
cedidos por todos os setores – produtores, organizações de consumidores e neutros
(outras partes interessadas tais como universidades, laboratórios, institutos de
pesquisa, órgãos do governo), de modo que a opinião de todos seja considerada
no estabelecimento da norma. Dessa forma, ela de fato reflete o real estágio de
desenvolvimento de uma tecnologia em um determinado momento, e o
entendimento comum vigente, baseado em experiências consolidadas e
pertinentes.
 Princípio da Paridade – não basta apenas a representatividade, é preciso que as
classes (produtor, consumidor e neutro) estejam equilibradas, evitando-se assim a
imposição de uma delas sobre as demais por conta do maior número de
representantes. Assim, deve-se buscar assegurar o equilíbrio das diferentes
opiniões no processo de elaboração de normas.
 Princípio da Atualização – a atualização do processo de desenvolvimento de
normas, com a adoção de novos métodos de gestão e de novas ferramentas de
tecnologia da informação, contribui para que o processo de normalização
acompanhe evolução tecnológica. Esse princípio de atualização deve ser
constantemente perseguido para que a normalização atenda à intensa demanda
considerando que uma norma defasada tecnologicamente fatalmente cairá no
desuso.

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 Princípio da Transparência – todas as partes interessadas devem ser
disponibilizadas, a qualquer tempo, as informações relativas ao controle,
atividades e decisões sobre o processo de desenvolvimento de normas técnicas.
 Princípio da Simplificação – o processo de normalização deve ter regras e
procedimentos simples e acessíveis, que garantam a coerência, a rapidez e a
qualidade no desenvolvimento e implementação das normas.
 Princípio do Consenso – para que uma norma tenha seu conteúdo o mais próximo
possível da realidade de aplicação, é necessário que haja consenso entre os
participantes de sua elaboração. Consenso é processo pelo qual um Projeto de
Norma deve ser submetido, compreendendo as etapas de análise, apreciação e
aprovação por parte de uma comunidade, técnica ou não. A finalidade desse
processo de consenso é o de atender aos interesses e às necessidades da
coletividade, em seu próprio benefício. Não é uma votação, mas um compromisso
de interesse mútuo, não devendo, portanto, ser confundido com unanimidade.
Quanto aos inúmeros benefícios, citando apenas alguns, a normalização ajuda a:
 organização do mercado;
 constituição de uma linguagem única entre produtor e consumidor;
 melhorar a qualidade de produtos e serviços;
 orientar as concorrências públicas;
 aumentar a produtividade, com consequente redução dos custos de produtos e
serviços, a contribuição para o aumento da economia do país e o desenvolvimento
da tecnologia nacional.

SISTEMA INTERNACIONAL DE NORMATIZAÇÃO E A DINÂMICA DA


CERTIFICAÇÃO

Um conjunto de partes coordenadas para realizar um conjunto de finalidades é


chamado de sistema, o qual trabalha de maneira coordenada, embora cada uma destas
partes tenha objetivos próprios. Em se tratando de sistemas de gestão, com foco na ISO
9001, estes são baseados em normas internacionais, ou seja, em especificações
estabelecidas em consenso e aprovadas por um organismo específico composto por
membros de vários países (FERREIRA, 2012).
Segundo a ABNT (2008), dentre alguns dos objetivos da normalização tem-se a
possibilidade de uma melhor comunicação entre o cliente e o fornecedor (melhorando a

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confiabilidade das relações comerciais e de serviços) e a eliminação de barreiras técnicas
e comerciais (evitando a existência de regulamentos conflitantes em diferentes países).
Assim, observa-se que a normalização está presente em diversas áreas, sendo que,
com isso, são geradas várias normas internacionais de gestão que, devido à necessidade
das organizações em atender à demanda de diversos grupos de interesse, vêm sendo
amplamente adotadas (ZUTSHI; SOHAL, 2005 apud VITORELI, 2011).
De acordo com Fortes (2007, p. 47 apud OLIVEIRA et al., 2009, p. 18-9), a ISO
é considerada a maior instituição do mundo que trata das “questões de desenvolvimento
de padrões voltados à área técnica”, e afirma ainda que “a utilidade dos padrões se estende
aos ambientes de produção, tanto privados quanto públicos, tornando-os mais seguros,
eficientes e transparentes”. Tais padrões podem ser utilizados “como base técnica para as
questões legais que envolvam a saúde, o ambiente e a segurança”.
A ABNT foi o órgão nacional responsável por produzir traduções referentes a
essas normas. Até dezembro de 2005, haviam sido conferidas 776.608 certificações ISO
9001 em todo o mundo (FNQ, 2006 apud OLIVEIRA et al., 2009).
A sobrevivência das organizações em tempos de globalização e competitividade
passa pela garantia de produtos e serviços com uma qualidade beirando a excelência. Pois
bem, a solução encontrada pelas empresas é investir em um sistema de qualidade,
conforme os requisitos normativos da ISO 9001 e outras normas que veremos em detalhes
ao longo do módulo, com foco maior na certificação para gestão ambiental.
De acordo com Carpinetti et al. (2007 apud STAINO et al., 2011), em alguns
casos, essas certificações são necessárias uma vez que são exigidas pelo próprio cliente,
em outras situações, mesmo que isso não ocorra, a implementação criteriosa dos
requisitos de gestão estabelecidos na norma elevará a eficácia e eficiência da empresa,
tornando-a mais competitiva.
Para a implantação de sistemas de gestão da qualidade, conforme as normas da
série ISO, é necessário atentar para os princípios estabelecidos pela norma, como foco no
cliente, liderança, abordagem factual para a tomada de decisão, abordagem sistêmica,
abordagem por processos, relação benéfica com fornecedores e melhoria contínua.
As empresas devem tomar decisões baseadas em fatos e dados, os quais podem
ser obtidos por meio das ferramentas da qualidade. Para identificar os processos-chave de
uma organização, deve ser realizado um estudo de todas as atividades que fazem parte da
rotina de trabalho da empresa, de forma crítica e sem omissões (STAINO et al., 2011).

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Segundo Marshall JR. (2001), a ISO tem por objetivo promover o
desenvolvimento da padronização e de atividades correlacionadas de forma a possibilitar
o intercâmbio econômico, cientifico e tecnológico em níveis mais acessíveis aos aludidos
organismos.
A família de norma ISO representa um consenso internacional em boas práticas
que possam assegurar que a organização forneça produtos/serviços que atendam ou
superem as necessidades de seus clientes, que são o foco desta norma.
Elas auxiliam na melhoria dos processos internos, no aumento da capacitação dos
funcionários, no acompanhamento da satisfação dos clientes, colaboradores e
fornecedores, num processo contínuo de melhoria. Para a preparação destas normas
internacionais são conciliados os interesses dos produtores, consumidores, comunidade e
governo.
Na prática, a normalização está presente na fabricação dos produtos, na
transferência de tecnologia e na melhoria da qualidade de vida, através de normas
relativas à saúde, à segurança e à preservação do meio ambiente.
Devido a fatores como a evolução tecnológica, desenvolvimento de novas
ferramentas, metodologias, novos requisitos, entre outros, a ISO estabeleceu que as
normas devem ser revisadas em períodos inferiores a 5 anos.
Nesse contexto, a certificação é um procedimento para alcançar um padrão que
assegure qualidade, surgida da necessidade de as organizações comunicarem a seus
clientes e ao mercado a adequação de seus princípios de gestão aos requisitos ISO. Como
as normas são revisadas periodicamente, a certificação passa a ser uma atividade
dinâmica.
A certificação é efetuada por um organismo certificador que no âmbito Sistema
Brasileiro de Avaliação da Conformidade (SBAC) deve estar cadastrado no Instituto
Nacional de Metrologia, Normalização e Qualidade Industrial (INMETRO) para exercer
tal atividade. Isso acontece para que o processo de certificação seja imparcial e a
credibilidade do certificado seja assegurada.
As auditorias são realizadas com o objetivo de averiguar se atividades
desenvolvidas estão de acordo com o estabelecido previamente. Elas são divididas em
auditoria de adequação (verificação da conformidade da documentação da organização à
norma) e auditoria de conformidade (verificação por meio de evidência objetiva, da
efetiva implementação dos procedimentos que compõem o sistema da qualidade de uma
empresa).

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Também são classificadas como auditorias de primeira parte (auditoria interna),
de segunda parte (cliente-fornecedor) e de terceira parte (sem relação comercial, feita por
um organismo independente) (MAGALHÃES, 2009).

CERTIFICAÇÃO NBR ISO 14001 – GESTÃO AMBIENTAL

BREVES REFLEXÕES

Não há dúvida que o conceito de sustentabilidade vem evoluindo ao longo do


tempo! Principalmente a evolução da percepção de sobrevivência da organização, para o
consenso de que é preciso sobreviver sem comprometer as gerações futuras. Essa visão
mais ampla de sustentabilidade emergiu em uma perspectiva tridimensional,
incorporando as dimensões econômica, social e ambiental, ou o termo em inglês Triple
Bottom Line (CARVALHO; MIGUEL, 2012).
Esse tripé vem em grande medida responder ao processo de exaustão dos recursos
naturais, em grande medida fruto de uma visão míope da dimensão econômica e da
perspectiva de curto prazo. Nesta visão antiga, a hipótese que conduzia a ação é que as
questões ambientais e sociais trariam impacto negativo na dimensão econômica, o que
tem sido contestado nestas últimas décadas, pelas evidências de que as três dimensões se
reforçam, formando um ciclo virtuoso (CARVALHO; RABECHINI JR, 2011).
Essa nova visão vem não somente como fruto de uma sociedade mais consciente
e crítica quanto a questões ambientais e sociais, mas também alarmada pela ocorrência
de eventos extremos e aquecimento global. Esse processo resultou em legislações e
normas mais rígidas, com maior fiscalização e responsabilização por passivos ambientais.
Por outro lado, as empresas também perceberam o potencial competitivo do tema.
O desafio de produzir com maior eficiência no uso de recursos naturais cada vez mais
escassos, gerindo o ciclo de vida do projeto ao descarte, tem gerado ganhos efetivos e
minimizado problemas ambientais, que pode deteriorar a imagem da empresa perante os
consumidores. Nesse sentido o “marketing verde” representa fonte de vantagem
competitiva desde que feito de forma autêntica e com consistência ao longo do tempo, ou
seja, faça parte dos valores da organização (CARVALHO; MIGUEL, 2012).
Embora essa nova tendência seja clara, ainda há muito que fazer. Uma pesquisa
sobre sustentabilidade realizada com uma centena de empresas da lista da revista Fortune
revelou que 72% delas não incluem aspectos relacionados à sustentabilidade em seus
projetos, investimentos, transações ou processos de avaliação.

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É claro que existem empresas pioneiras em adotar a abordagem sustentável, como
é o caso da Natura no Brasil ou da americana Body Shop. No entanto, podemos situar as
empresas em uma escala contínua que vai de uma postura reativa, com baixo
comprometimento com essa causa, cumprindo estritamente a lei, até organizações mais
comprometidas, com postura proativa.
Nessas empresas mais proativas, observamos uma preocupação sistêmica com a
sustentabilidade que, em geral, é desdobrada para os seus sistemas de gestão. Uma das
ações nesse sentido é a tentativa de integrar estes sistemas gerenciais por meio de um
sistema integrado de gestão.
Os sistemas integrados de gestão (SIG) compõem-se de um conjunto de quatro
normas gerenciais de cunho voluntário, que, se adotadas em conjunto nas organizações,
permitem uma visão de integrada sustentável.
É claro que apenas as normas não garantem que a empresa terá uma postura
proativa, pois isso depende da estratégia e da cultura e valores da organização. No entanto,
a iniciativa de ter um sistema integrado de gestão demonstra o grau comprometimento
com a gestão do tripé da sustentabilidade na organização.
Esse conjunto de normas é composto pelas normas ISO 9000 e ISO 14000, de
gestão da qualidade e de gestão ambiental, respectivamente, acrescidas das normas ISO
26000 de responsabilidade social e da OHSAS 18000 de saúde e segurança ocupacional.

SISTEMAS INTEGRADOS DE GESTÃO

O desenvolvimento das três normas da ISO, International Organization for


Standardization, veio em ordem cronológica, iniciada pela de gestão da qualidade,
seguida da gestão ambiental e, mais recentemente, da norma de responsabilidade social,
sendo que a pioneira série ISO 9000, amplamente adota pelas empresas, influenciou
fortemente a estrutura das normas subsequentes ISO 14000 e ISO 26000.
Ambas adotam o conceito de melhoria contínua e propõem diretrizes de mudança.
A outra norma mencionada trata das questões de saúde e segurança ocupacional,
denominada da série OHSAS 18001 (Occupational Health and Safety Assessment Series).
Essa norma, em conjunto com a família ISO 14000, fornece a base para o que as empresas
têm chamado de SMS (saúde, meio ambiente e segurança).
Embora sinérgicas, caso implementadas de forma estanque, podem gerar
desperdícios e aumento desnecessário de documentação gerando burocracia. Desta forma,
as empresas que adotam as quatro normas simultaneamente devem criar um sistema

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integrado de gestão, o que é relativamente mais simples, dado que as quatro normas
adotam estrutura similar. Também o planejamento e gestão dos recursos alocados deve
ser conjunto.
Há métodos de integração dos sistemas de gestão, a maioria com propostas por
fases, que variam de um nível de gestão isolado até a integração plena, passando por
níveis intermediários. A integração pode se dar de forma paulatina, em que coexistem
documentos dos sistemas, mas o conteúdo é comparado, havendo referências cruzadas e
coordenação interna. Na versão integrada há processos genéricos e ciclo de gestão
integração (BERNARDO et al., 2009 apud CARVALHO; MIGUEL, 2012).
A seguir veremos uma síntese de cada uma das normas usadas em um sistema de
gestão integrado, voltado para a sustentabilidade.
A preocupação com gestão ambiental pode ter visões distintas conforme a cultura
organizacional das empresas. Há três visões mais comuns de abordagem para a gestão
ambiental empresarial: a) controle da poluição; b) prevenção da poluição e c) abordagem
estratégica.
Enquanto na abordagem de controle da poluição, o comportamento é mais reativo,
em que a organização responde às pressões da comunidade e cumpre a lei; na abordagem
estratégica de gestão ambiental a postura é proativa e concebida como parte do negócio,
desde o marketing e projeto do produto até as técnicas de produção mais limpa e o pós-
venda.
As normas da série ISO 14000, de maneira geral, abordam a gestão ambiental. No
entanto, é necessário salientar o conceito de gerenciamento do ciclo de vida (life cycle
management – LCM), tratado na norma ISO 14040, que é importante para que a empresa
adote uma visão sustentável e que também pertença a esse conjunto de normas.
O conceito de ciclo de vida refere-se aos estágios sucessivos e encadeados de um
sistema que envolve um produto, desde a aquisição da matéria-prima ou geração de
recursos naturais até a sua disposição final. Atrelado a esse conceito temos a avaliação do
ciclo de vida (life cycle assessment - LCA), apresentado na norma ISO 14044, que permite
identificar e avaliar os impactos ambientais potenciais de um sistema ao longo do ciclo
de vida, conforme ilustrado abaixo:

SUSTENTABILIDADE AMBIENTAL: INTERAÇÃO ENTRE LCM E LCA

O impacto ambiental pode ser definido como qualquer modificação, positiva ou


negativa, no meio ambiente, resultante das atividades, produtos ou serviços de uma

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organização. Logo, não se trata apenas de identificar os impactos negativos, mas sim
antever as oportunidades de melhoria no desempenho ambiental de produtos e serviços,
ao mesmo tempo em que identifica os trade offs dessas alternativas com os aspectos social
e econômico, o que em regra não é tarefa fácil.
Há três elementos obrigatórios na avaliação do impacto do ciclo de vida, segundo
a norma ISO 14044: a) seleção das categorias de impacto, b) indicadores de categorias e
c) modelos de caracterização. O primeiro, seleção das categorias, identifica as categorias
de impacto mais críticas para o perfil ambiental do sistema de produto projetado; a
classificação refere-se à correlação entre as cargas ambientais e as categorias de impacto
selecionadas; e a caracterização agrega as cargas ambientais correlacionadas às categorias
de impacto e as converte para indicadores (CARVALHO; MIGUEL, 2012).
Feitas estas considerações, mas antes de mirarmos na norma ISO 14000, vamos
falar mais um pouco sobre sustentabilidade!

A SUSTENTABILIDADE E A GESTÃO AMBIENTAL

Até bem recentemente, acreditava-se de forma generalizada que a atividade


humana acarretava apenas reflexos locais ou, no máximo, mudanças regionais no
ambiente. É sabido que os efeitos da atividade humana no planeta são de tal envergadura
que, atualmente, este se encontra às voltas com experimentações ambientais não
planejadas cujos resultados, na maior parte das vezes, são imprevisíveis.
O principal objetivo da ciência ambiental, que ainda podemos dizer está
emergindo, é obter conhecimentos básicos para entender sistematicamente como o
planeta funciona. Esse conhecimento poderá ser aplicado para ajudar a resolver os
problemas ambientais globais, portanto, a emergência dessa ciência ambiental abriu
novos horizontes para o entendimento das relações entre ciências biológicas e físicas, o
que requer cooperação interdisciplinar e educação.
Na base de praticamente todos os problemas ambientais está o rápido crescimento
da população humana. De fato, será difícil resolver outros problemas, a menos que a
quantidade de pessoas que habitam o ambiente esteja de acordo com sua capacidade de
sustentação. Talvez a maior responsabilidade nessa área esteja vinculada ao
esclarecimento e à educação dos seres humanos para os problemas populacionais. À
medida que a população se torna mais educada e a taxa de analfabetismo decresce, o
crescimento populacional tende também a se estabilizar, e até a decrescer.

16
Nesse contexto, sustentabilidade é uma terminologia que recentemente ganhou
popularidade e que, de uma forma geral, significa a utilização de determinado recurso
natural de tal forma que ele permaneça continuamente disponível. Entretanto, o termo é
usado de forma vaga e equivocadamente em certas circunstâncias. Alguns o definem
como a garantia de que as futuras gerações terão iguais oportunidades de acesso aos
recursos oferecidos atualmente pelo planeta. Outros argumentam que sustentabilidade se
refere a tipos de desenvolvimento que são economicamente viáveis, não agridem ao
ambiente e são socialmente justos. Entretanto, todos concordam com a necessidade de se
aprender como manter os recursos ambientais, de forma a continuarem a prover
benefícios à população humana e a outras formas de vida no planeta.
Por outro lado, um número crescente de pessoas está vivendo em áreas urbanas.
Infelizmente os centros urbanos têm sido negligenciados e a qualidade ambiental urbana
tem sofrido prejuízos, através de poluição aérea, problemas de destinação de resíduos
sólidos, inquietações sociais e outras formas de “estresse” do ambiente. No passado, os
poucos que estudavam o ambiente centravam sua atenção no selvagem ou natural, em vez
de dirigirem seus esforços na direção do ambiente urbanizado. Hoje já se observa a
necessidade de um maior foco em aglomerações urbanas e em cidades como ambiente
onde se possa viver.
Encontrar soluções para problemas ambientais envolve mais que simplesmente
juntar fatos e entendimentos de temas científicos de um problema particular. Também
tem muito a ver com os sistemas de valores vigentes e os temas de justiça social. Para
resolver problemas ambientais em um determinado local é importante entender quais os
seus valores e as possíveis soluções que seriam socialmente justas. A partir daí, é possível
aplicar conhecimentos científicos sobre determinado problema e achar soluções
aceitáveis para o mesmo (ZILBERMAN, 2004).
Ainda sobre a questão da sustentabilidade, na administração contemporânea, a
dimensão da gestão ambiental está sendo considerada uma das principais chaves para a
solução dos graves problemas que afligem o mundo moderno (MORAES FILHO, 2009).
As vantagens da gestão ambiental decorrem de regras e práticas administrativas
preestabelecidas que atuam para reduzir os riscos ambientais da atividade, aumentando a
motivação e satisfação de seus colaboradores.
Os negócios estão se voltando cada vez mais para questões ambientais. Cinco
fatores influenciam essa mudança de postura:
(1) necessidade de obediência às leis;

17
(2) eficácia em custos;
(3) opinião pública;
(4) pressão dos movimentos ambientalistas;
(5) pensamento a longo prazo.
O pensamento sistêmico revela que as questões ambientais permeiam a empresa
e por isso deveriam ser abordadas de modo abrangente e integrativo. Assim, a proteção
ambiental passou a ser uma necessidade e ao mesmo tempo uma fonte de lucro para os
negócios, o que abre uma perspectiva positiva para sua efetiva implementação, pois não
transgride o princípio da busca permanente pelo lucro, indissociável da lógica de
funcionamento das organizações em meio empresarial.
Hoje em dia, face à crescente concorrência dada à globalização, os clientes estão
cada vez mais informados e predispostos a comprar e usar produtos que respeitem o meio
ambiente. O produto ecologicamente correto vende mais nos mercados e detém a
preferência do consumidor.
No diagnóstico estratégico ambiental, citam-se dez razões (convincentes, como
afirma Moraes, 2009) para a adoção pelas empresas de um design e marketing ambiental
para os produtos com melhoria nos processos internos de produção. Elas são:
(a) maior satisfação dos clientes;
(b) melhor imagem da empresa;
(c) conquista de novos mercados;
(d) redução de custos pela eliminação de desperdícios;
(e) melhoria do desempenho geral da empresa;
(f) redução de riscos (multas, ações legais, acidentes);
(g) maior permanência do produto nos mercados (ausência de reações negativas);
(h) maior facilidade na obtenção de financiamentos;
(i) caminho único para a obtenção de certificados ambientais (selos verdes e
similares);
j) prestação de contas às chamadas partes interessadas (clientes, acionistas,
sociedade).
Todas essas razões apontam no sentido de um maior fortalecimento da empresa
em seu ambiente de negócio, o que leva à hipótese de ser o conceito de sustentabilidade
empresarial um caminho não só desejável, como correto e provável de ser seguido.
Inúmeras empresas vêm assumindo essa postura, mudando o foco de administrar,
colocando a questão ambiental na prioridade de suas ações. E já parece estar surtindo

18
efeitos, a considerar a recente notícia divulgada pela revista científica Nature, segundo
publicado no site Globo on-line (maio 2006), de que uma equipe de cientistas havia
chegado à conclusão de que a camada de ozônio da Terra que protege o ambiente das
radiações ultravioletas está passando por uma lenta recuperação. Uma prova da eficácia
e sucesso do Protocolo de Montreal (1987), concluiu (MOARES, 2009).
No caso brasileiro, seguindo a literatura disponível, o mesmo autor cita a
Petrobras, na exploração de minérios fósseis; as companhias siderúrgicas em geral, tidas
anteriormente como vilãs do meio ambiente; as petroquímicas e em especial a Petroflex,
em Pernambuco, detentora de vários prêmios e certificados ISO, referenciada como
exemplo de preservação ambiental; a Alcan e a Alcoa, no setor de alumínio; a Kablin
(maior produtora e exportadora de papel do Brasil), única empresa no país, de acordo com
informações em seu site corporativo, a receber o certificado FSC (Forest Stewardship
Counsil), pelo manejo de plantas medicinais em suas florestas no Paraná; a Natura,
recentemente instalada no México e em Paris em seu processo de internacionalização com
forte apelo à ecoeficiência e administração com responsabilidade social com profundo
respeito à natureza; a Ripasa, no setor de produção de papel e celulose.
A visão de desenvolvimento clássica com foco apenas no crescimento econômico
(e que prevalece ainda hoje para muitas economias) não leva em consideração, pelo
menos em níveis adequados ou aceitáveis, a questão dos riscos de esgotamento dos
recursos naturais, sobretudo os não renováveis e o impacto das atividades econômicas na
degradação do meio ambiente.
A visão econômica contemporânea ainda em construção, com foco no equilíbrio
do ecossistema como precondição para o desenvolvimento social, prevê com maior
acuidade a questão da preservação ambiental introduzindo a noção de reciclagem como
forma de maior eficiência administrativa e processo por excelência redutor de poluição
ambiental e indutor de responsabilidade social.
No plano administrativo, a visão de desenvolvimento com foco puramente no
crescimento econômico busca levar em conta as seguintes prioridades dentro da empresa
por ordem de importância:
(a) satisfação dos acionistas ou interesse dos sócios proprietários;
(b) satisfação dos distribuidores (maximização das margens de lucro);
(c) satisfação dos fornecedores (bons preços nas partidas fornecidas);
(d) satisfação dos empregados;

19
(e) satisfação dos consumidores (quando não são satisfeitas, recorrência ao
Código de Defesa do Consumidor).
A visão com foco no equilíbrio e responsabilidade social apregoando maior
respeito ao consumidor leva a inverter a ordem de prioridades dentro da empresa, devendo
então estar em primeiro plano:
(a) satisfação dos consumidores (norteando as ações das empresas);
(b) satisfação dos empregados (valorização do capital humano);
(c) satisfação dos fornecedores (preços compatíveis nas partidas fornecidas);
(d) satisfação dos distribuidores (margens responsáveis de lucro);
(e) satisfação dos acionistas ou sócios proprietários. Muda, portanto, a visão e a
forma de administrar.
É com essa expectativa que se devem buscar os novos caminhos para o
desenvolvimento econômico e social: o caminho da sustentabilidade empresarial. Ela é
uma expectativa e uma esperança. Os desdobramentos futuros das relações entre as
nações em sua fase atual de globalização da economia nos fornecerão os dados e
informações que permitirão avaliar se o caminho apontado está sendo de fato trilhado ou
se teimamos em seguir velhos atalhos, ignorando as inter-relações que nos unem como
inquilinos comuns de um mesmo condomínio, a Terra (MORAES, 2009).
A importância que deve assumir cada indivíduo nas relações entre sistema
produtivo e meio ambiente, enquanto consumidor na nova ordem econômica globalizada,
parece nos conferir uma importante e poderosa arma. A do controle pelo consumo, isto é,
não precisamos de agências institucionais nos moldes tradicionais até então em vigor para
executar as vontades ou propósitos que não a da organização em redes, perfeitamente
factível com as tecnologias atuais. Ela está ao alcance das mãos. Resta saber se teremos
disposição e organização suficientes para usá-la em nosso proveito que se supõe a favor
de toda a comunidade.
O conceito introduzido no início da década dos anos 80 por Lester Brown
(CAPRA, s.d. apud TRIGUEIRO, 2004, p. 19), definindo comunidade sustentável como
“a que é capaz de satisfazer às próprias necessidades sem reduzir as oportunidades das
gerações futuras”, está pronto para ser modelado. E cabendo a nós pela primeira vez, de
forma palpável e inequívoca no atual estágio tecnológico, uma parcela importante da
capacidade em influir em nosso destino comum.

20
Urge alinhavá-los dando-lhes consistência, substância e unidade como força capaz
de fazer frente aos problemas ambientais contemporâneos na sociedade em que vivemos
(MORAES, 2009).

A NORMA ISO 14001

A ISO 14001 é uma norma internacionalmente reconhecida que define o que deve
ser feito para estabelecer um Sistema de Gestão Ambiental (SGA) efetivo. A norma é
desenvolvida com objetivo de criar o equilíbrio entre a manutenção da rentabilidade e a
redução do impacto ambiental; com o comprometimento de toda a organização. Com ela
é possível que sejam atingidos ambos objetivos.
A origem da norma ISO 14000 se deu no início da década de 1990 quando a ISO
se organizou para criar um conjunto de regras que tratassem da questão ecológica, em
virtude dos grandes problemas ambientais causados pelo grande desenvolvimento
econômico e industrial.
Em 1993, a ISO reuniu uma grande quantidade de profissionais e montou um
comitê para a criação das normas e deu a ele o nome de TC 207 que tinha por objetivo
desenvolver as normas ambientais que regeriam questões relacionadas ao fator ambiental
(série 14000), esse comitê foi dividido em subcomitês que cuidariam de áreas específicas
no desenvolvimento das normas.

TC- GERENCIAMENTO AMBIENTAL

Como resultado do trabalho do SC1, foram publicadas em 1996 as normas da série


ISSO 14000 voltadas para gestão ambiental, utilizando como referência as normas BS

21
7750 e os requisitos estabelecidos no Sistema Europeu de Ecogestão e Auditorias
Ambientais (Emas). A versão brasileira dessas normas foi publicada também em 1996
pela ABNT, estando sob a responsabilidade do CB 38 – Comitê Brasileiro de Gestão
ambiental. Em dezembro de 2004 saiu a segunda edição.
O TC 207, por meio de seus diferentes comitês, é responsável pela publicação de
um conjunto distinto de normas.
O sistema de gestão ambiental mais difundido é o que tem por referência os
requisitos estabelecidos pela ISO 14001. Segundo pesquisa publicada pela ISO (ISO
Survey 2008), até o final de 2008 foram emitidos 188.815 certificados de conformidade,
abrangendo 155 países e representando um incremento de 18% em relação ao número de
certificados do ano anterior. O Brasil ocupava a 16ª posição no ranking mundial de
número de certificados emitidos (RIBEIRO NETO; TAVARES; HOFFMANN, 2008).
A ISO 14001 pode ser aplicada em empresas de qualquer porte e qualquer
atividade, seja ela indústria, prestadora de serviços, agroindústria, empresas públicas ou
até empresas de extração, a ISO 14001 ainda certifica produtos e serviços que estejam de
acordo com as normas ambientais.
Quanto ao momento de sua aplicação: esse conjunto de normas pode e deve ser
aplicado em empresas que tenha qualquer tipo de atividade. A consciência ambiental é
uma tendência que cresce a cada dia e que tende a crescer mais ainda, portanto, uma
empresa que está no mercado e que deseja continuar e melhorar seu posicionamento no
mesmo pode-se utilizar dos benefícios dessa certificação.
Em relação ao processo de implantação da norma, ele se dá da seguinte forma: a
empresa precisa se adequar a legislação ambiental, para que possa receber a certificação,
que só pode ser concedida mediante empresa certificadora especializada para isso. O
processo de treinamento de colaboradores está inserido na adequação da empresa de um
modo geral.
Depois de recebida a certificação a cada determinado período de tempo, a empresa
passará por auditorias que serão realizadas por órgãos competentes.
São vantagens da implantação da ISO 14001:
 identificação da empresa com a consciência ambiental;
 o efeito da consciência ecológica que influenciará os colaboradores.
São pontos fortes da norma:
 redução de desperdícios, pois uma empresa com uma visão ambiental, sempre
buscará produzir mais produtos e serviços, com menos recursos;

22
 pode ser considerado fator chave – com todas as auditorias e mudanças feitas na
empresa por causa da certificação a empresa terá processos mais eficientes, isso
trará menores custos, melhor qualidade, maior lucro e maior satisfação do cliente
para com a empresa.
Em contrapartida, temos também alguns pontos fracos, mas que podem ser
corrigidos:
 necessidade de treinar colaboradores de empresas terceirizadas;
 inexperiência dos órgãos certificadores.
A relevância da norma reside no fato de que: impactos ambientais estão se
tornando um tema cada vez mais importante no mundo, com pressão para minimizar esse
impacto, oriunda de uma série de fontes: autoridades governamentais locais e nacionais,
reguladores, associações comerciais, clientes, colaboradores e acionistas. As pressões
sociais também aumentam em função da crescente gama de partes interessadas, tais como
consumidores, organizações ambientais e não governamentais de minorias (ONGs),
universidades e vizinhos.
Então, a ISO 14001 é relevante para todas as organizações, incluindo desde:
 sites únicos até grandes companhias multinacionais;
 companhias de alto risco até organizações de serviço de baixo risco;
 indústrias de manufatura, de processo e de serviço; incluindo governos locais;
 todos os setores da indústria incluindo setores públicos e privados;
 montadoras e seus fornecedores.

São benefícios da norma:


 demonstrar, para reguladores e governo, um comprometimento em obter
conformidade legal e regulatória;
 demonstrar seu comprometimento ambiental para os stakeholders;
 demonstrar uma abordagem inovadora e voltada para o futuro para clientes e
futuros colaboradores;
 aumentar seu acesso a novos clientes e parceiros de negócios;
 gerenciar melhor seus riscos ambientais, agora e no futuro;
 reduzir potencialmente seus custos de seguros por responsabilidade pública;
 melhorar a sua reputação (BSI, 2013).

23
A estrutura de um sistema de gestão ambiental, conforme os requisitos da ISO
14001:2004, para ser aderente às diretrizes e objetivos organizacionais, deve contemplar
os seguintes componentes que estão alocados no quadro abaixo:

O quê Para quê


Identificar os Prevenir a ocorrência de acidentes ambientais, facilitará
aspectos e impactos identificação da legislação aplicável e servir de referência
ambientais para a estruturação do SGA.

Identificar a Promover a conformidade com a legislação ambiental em


legislação aplicável todas as esferas, federal, estadual e municipal, aplicáveis ao
negócio da organização.
Definir a política Explicitar o comprometimento da alta administração com
ambiental, objetivos e as questões ambientais, com a busca da melhoria contínua,
metas com o atendimento legal, para alinhar os esforços de todos
os componentes da força de trabalho.
Definir e Assegurar atendimento aos objetivos e metas ambientais.
implementar
programas
Identificar processos Assegurar um melhor entendimento das atividades,
e controles identificar os impactos ambientais, as responsabilidades e
necessários as formas de controle pertinentes.
Sistematizar Clarificar responsabilidades, o modo de execução, os
processos controles e minimizar impactos.
Identificar e prover Assegurar equipamentos, softwares, instalações e recursos
os recursos humanos adequados às necessidades.
necessários
Executar processos Assegurar que a produção ocorra em condições controladas,
conforme gere resultados previsíveis, consistentes e com os menores
especificado impactos ambientais.
Monitorar, medir e Permitir um gerenciamento com base em informações
analisar resultados, sustentadas pelo atendimento legal e subsidiar as ações de
incluindo correção e de melhoria.
atendimento legal
Melhorar Assegurar redução de não conformidades, redução do risco
continuamente o de acidentes, redução de sanções legais e aumento contínuo
sistema da satisfação das partes interessadas.

24
REQUISITOS DO SISTEMA DE GESTÃO AMBIENTAL DA ISO 14001

A ISO 14001:2004 está estruturada em quatro seções; somente a seção 4 é


composta de requisitos do sistema de gestão ambiental:
Introdução
1. Objetivo e campo de aplicação
2. Referências normativas
3. Termos e definições
4. Requisitos do sistema de gestão ambiental
4.1. Requisitos gerais
4.2. Política ambiental
4.3. Planejamento
4.4 Implementação e operação
4.5 Verificação
4.6 Análise pela administração
Isto significa que devem ser identificados os aspectos de seu negócio que
impactam o meio ambiente e compreender a legislação ambiental relevante à sua situação.
O próximo passo é preparar objetivos para melhoria e um programa de gestão para atingi-
los, com análises críticas regulares para melhoria contínua. Empresas certificadoras
podem periodicamente auditar o sistema e, caso conforme, certificar a sua companhia na
ISO 14001.
A Figura abaixo representa o modelo do sistema de gestão ambiental conforme a
NBR ISO 14001:2004. A sequência e interação proposta dos requisitos possibilitam à
organização a implementação de um sistema, com política e objetivos alinhados aos
requisitos legais aplicáveis e aos seus aspectos ambientais significativos. Adicionalmente,
o sistema de gestão ambiental está alicerçado em uma abordagem por processos, em que
é adotada a metodologia do PDCA - Plan, Do, Check and Act, no sentido de promover a
melhoria contínua.

MODELO DE SISTEMA DE GESTÃO AMBIENTAL

Temos uma visão geral do requisito e de sua estrutura:


SUBSEÇÃO 4.1 - REQUISITOS GERAIS
Explicita as diretrizes a observar por uma organização que esteja buscando
implementar um sistema de gestão ambiental, segundo a norma NBR ISO 14001:2004.

25
Essa subseção, por ser genérica, tem também como função estabelecer a obrigatoriedade
do cumprimento de todos os demais requisitos.
Resumo dos requisitos:
O que é exigido Para que é exigido
Que seja estabelecido, documentado, Para assegurar o atendimento aos
implementado, mantido e continuamente requisitos normativos e o alinhamento aos
melhorado o SGA e a forma como serão propósitos da organização.
atendidos os requisitos normativos.
Requer também que seja definido e
documentado o escopo do SGA.

SUBSEÇÃO 4.2 - POLÍTICA AMBIENTAL

A política ambiental contempla as diretrizes da organização em relação aos seus


compromissos com o meio ambiente. Cumpre-lhe ser adequada ao perfil da organização,
considerando a sua operação, aspectos ambientais significativos, relacionamento com as
partes interessadas e legislação pertinente. Deve conter o compromisso com a melhoria
contínua e a prevenção da poluição; como tal, é também a base para o estabelecimento
dos objetivos e metas ambientais. A divulgação interna da política ambiental é de
fundamental importância para garantir que todos entendam as diretrizes estabelecidas. A
divulgação externa visa a demonstrar, para as demais partes interessadas, o
comprometimento de organização com as questões ambientais.

O que é exigido Para que é exigido


Que a política ambiental inclua o Para promover o alinhamento de esforços
comprometimento com a melhoria no atendimento dos requisitos da
contínua, a prevenção da poluição, o comunidade e da organização no que se
atendimento aos requisitos legais; que seja refere à proteção ambiental e prevenção
comunicada e entendida por todos, e que de poluição.
esteja disponível para o público.

SUBSEÇÃO 4.3 - PLANEJAMENTO

Os requisitos de planejamento têm por objetivo permitir o alinhamento das ações


da organização de modo a atender a seus requisitos ambientais e aos requisitos da Norma
ISO 14001, otimizando recursos. Para tanto, solicita-se a identificação dos seus aspectos
ambientais significativos, os requisitos legais pertinentes, outros requisitos, quando
aplicáveis, e a definição dos seus objetivos e metas. Essas informações são de
fundamental importância para estruturar os procedimentos de implementação, operação
e verificação do sistema de gestão ambiental.

26
A subseção de planejamento é composta dos seguintes itens:
4.3.1 Aspectos ambientais.
4.3.2 Requisitos legais e outros.
4.3.3 Objetivos, metas e programas.

O que é exigido Para que é exigido


4.3.1 Aspectos A identificação dos aspectos ambientais das
ambientais atividades da organização especificando
aqueles que possam ter impactos
significativos no meio ambiente. Para assegurar
4.3.2 A identificação dos requisitos legais uma gestão
Requisitos aplicáveis e de outros eventualmente adequada aos
legais e outros subscritos, relacionados com os aspectos aspectos
ambientais. ambientais
4.3.3 Objetivos, O estabelecimento de objetivos e metas identificados e à
metas e ambientais, mensuráveis e coerentes com a legislação
programas política ambiental. A elaboração de aplicável.
programas, visando a atender aos objetivos e
metas, que incluem: os responsáveis, os meios
e os prazos.

SUBSEÇÃO 4.4 - IMPLEMENTAÇÃO E OPERAÇÃO

A implementação e a operação efetiva de um sistema de gestão ambiental só são


possíveis com o comprometimento de todos da organização. O conjunto de requisitos
deste item visa a assegurar os recursos e condições para a implementação das diretrizes
estabelecidas e para a adequada operação do SGA. Para tal, solicita-se a definição das
responsabilidades e autoridades, a identificação e provimento das competências
necessárias, procedimentos de comunicação interna e externa, regras de documentação,
controle das operações e formas de tratamento a emergências.
A subseção de implementação e operação é composta dos seguintes itens:
4.4.1 Recursos, funções, responsabilidades e autoridades
4.4.2 Competência, treinamento e conscientização
4.4.3 Comunicação
4.4.4 Documentação
4.4.5 Controle de documentos
4.4.6 Controle operacional
4.4.7 Preparação e resposta a emergências

27
O que é exigido Para que é exigido
4.4.1 Recursos, A disponibilização dos recursos e a
funções, definição das responsabilidades e
responsabilidades e autoridades para a gestão do SGA.
autoridades Solicita também a nomeação de um
representante da administração para
assegurar a adequação do SGA e
relatar o seu desempenho para a alta
administração.
4.4.2 competência, A determinação das competências Para prover a
treinamento e de todo o pessoal que tenha disponibilização
conscientização potencial de causar impactos dos recursos,
ambientais, providos os assegurar a
treinamentos necessários e mantidos competência e a
os registros correspondentes. comunicação tanto
Requer, também, que seja interna como
promovida a conscientização das externamente.
questões
ambientais, para aqueles que
trabalham para a organização ou em
seu nome.
4.4.3 Comunicação O estabelecimento de um
procedimento para promover a
comunicação interna e tratamento
das solicitações oriundas de partes
interessadas externas.
4.4.4 Documentação Que a documentação do SGA Para assegurar um
contenha política e objetivos, entendimento único
escopo, descrição dos elementos do das diretrizes e
SGA, sua interação e documentos procedimentos do
associados, registros e outros SGA. incluindo a
documentos necessários para estruturação da
operação e controle dos processos documentação,
associados com aspectos ambientais forma de controle e
significativos. definição das
4.4.5 Controle de O estabelecimento de um responsabilidades.
documentos procedimento para controlar todos
os documentos do SGA, definindo
responsabilidades para aprovação e
controles para assegurar que as
versões vigentes estejam
disponíveis nos locais de uso.
4.4.6 Controle Que sejam planejadas as operações Para assegurar o
operacional associadas aos aspectos ambientais controle das
significativos, definidos operações com
procedimentos e critérios aspectos ambientais
operacionais e comunicado aos significativos.
fornecedores.

28
4.4.7 Preparação e Que sejam identificadas as Para tratar e/ou
resposta a emergências potenciais situações de emergência mitigar situações de
e acidentes, tratadas as situações emergência e
reais e prevenidos ou mitigados os acidentes.
impactos ambientais associados.

SUBSEÇÃO 4.5 - VERIFICAÇÃO

Os requisitos associados à verificação estão vinculados à etapa C, de verificação


do PDCA, e têm por objetivo principal garantir o atendimento às diretrizes estabelecidas
do SGA por meio de: avaliação do desempenho ambiental; atendimento aos requisitos
legais e outros; tratamento de eventuais não conformidades reais e potenciais; controle
das evidências; e processos de autoverificação.
A subseção de verificação é composta dos seguintes itens:
4.5.1 Monitoramento e medição
4.5.2 Avaliação do atendimento a requisitos legais e outros
4.5.3 Não conformidade, ação corretiva e ação preventiva
4.5.4 Controle de registros
4.4.5 Auditoria interna

O que é exigido Para que é exigido


4.5.1 Que sejam monitoradas e Para permitir o efetivo
Monitoramento e medidas as características acompanhamento
medição operacionais que possam ter operacional
impacto ambiental significativo, e aderência às diretrizes
incluindo o desempenho organizacionais, visando à
ambiental, controles operacionais rapidez na tomada de
e a conformidade com objetivos e ações.
metas.

4.5.2 Avaliação do O estabelecimento de Para garantir a contínua


atendimento a procedimentos para avaliar o aderência às legislações
requisitos legais e atendimento aos requisitos legais vigentes, nos âmbitos
outros e a outros subscritos pela federal, municipal e
organização, mantendo-se os estadual.
registros dessa avaliação.

4.5.3 Não A estruturação de procedimento Para permitir a pronta


conformidade, ação para tratar das não conformidades resposta a ações adversas e
corretiva e ação reais e potenciais, ações prevenir a ocorrência de
preventiva corretivas e ações preventivas, outras, causando o menor
incluindo ações para mitigação impacto ao meio ambiente
e à organização.

29
dos impactos, análise de causa,
registro e análise de eficácia.

4.5.4 Controle de A manutenção de registros para Para garantir a


registro demonstrar a conformidade com rastreabilidade das
os requisitos do sistema de gestão operações e assegurar
ambiental da organização e da confiabilidade ao SGA.
norma IS014001. Um
procedimento deverá ser
estabelecido para controle desses
registros.
4.5.5 Auditoria A realização de auditorias Para prover confiança à
interna internas a intervalos planejados organização e às demais
para verificar se o SGA está de partes interessadas quanto
acordo com os requisitos da ISO à conformidade e eficácia
14001 e com o que foi planejado do SGA.
pela organização; e se está sendo
mantido. Um procedimento
deverá ser estabelecido definindo
as responsabilidades e os
requisitos para planejamento e
execução de auditorias. Convém
consultar a ISO 19011:2002-
Diretrizes para auditoria de
sistema de gestão da qualidade
e/ou ambiental.

SUBSEÇÃO 4.6 - ANÁLISE PELA ADMINISTRAÇÃO

Os requisitos da análise pela administração preveem que a alta administração da


organização atue no sentido de assegurar a contínua adequação, pertinência e eficácia do
SGA. Assim, inclui a verificação do cumprimento da política ambiental, da avaliação do
grau de atendimento aos objetivos e metas, do desempenho ambiental, do atendimento
aos requisitos legais e normativos e à satisfação das partes interessadas.

O que é exigido Para que é exigido


Que a alta direção analise criticamente a Para assegurar que o SGA se mantenha
adequação, pertinência e eficácia do SGA adequado, pertinente e eficaz.
a intervalos planejados; que sejam
mantidos registros dessas análises.

30
CERTIFICAÇÃO NBR 16000 E ISO 26000 – GESTÃO DA SUSTENTABILIDADE

CONTEXTUALIZAÇÃO DAS CERTIFICAÇÕES

Para entendermos a importância da NBR 16000 e ISO 26000 faremos uma breve
contextualização do panorama social mundial tomando por base a década de 1970,
quando a partir da Conferência das Nações Unidas sobre o Meio Ambiente, o mundo
começou a conscientizar-se dos problemas oriundos da degradação ambiental e passamos
a ver de forma diferenciada nossas relações com a natureza. Foi apenas um passo, é
verdade, mas foi um primeiro passo muito importante. Afinal de contas, conscientização
é o pontapé inicial para mudanças!
De um lado a consciência começando a surgir, de outro, a desigualdade social que
se expandia de maneira acelerada e com ela a exclusão social e a violência.
Em decorrência destes dois fatores, deparamo-nos, na década de 1990, com um
novo fenômeno social, qual seja a proliferação do 3º setor: a esfera pública não-estatal.
Somado a isto, ganharam força os movimentos da qualidade empresarial e dos
consumidores. De agente passivo de consumo, o consumidor passa a ser agente de
transformação social, por meio do exercício do seu poder de compra, uso e descarte de
produtos, de sua capacidade de poder privilegiar empresas que tinham valores outros que
não somente o lucro na sua visão de negócios. Assim, sociedade civil e empresas passam
a estabelecer parcerias na busca de soluções, diante da convicção de que o Estado sozinho
não é capaz de solucionar a todos os problemas e a responder a tantas demandas
(INMETRO, 2012).
É diante desta conjuntura que nasce o movimento da responsabilidade social.
Movimento este que vem crescendo e ganhando apoio em todo o mundo, e que propõe
uma aliança estratégica entre 1º, 2º e 3º setores na busca da inclusão social, da promoção
da cidadania, da preservação ambiental e da sustentabilidade planetária, na qual todos os
setores têm responsabilidades compartilhadas e cada um é convidado a exercer aquilo que
lhe é mais peculiar, mais característico. E, para que essa aliança seja possível, a ética e a
transparência são princípios fundamentais no modo de fazer negócios e de relacionar-se
com todas as partes interessadas.
À sociedade civil organizada cabe papel fundamental pelo seu poder ideológico –
valores, conhecimento, inventividade e capacidades de mobilização e transformação.
A responsabilidade social conclama todos os setores da sociedade a assumirem a
responsabilidade pelos impactos que suas decisões geram na sociedade e meio ambiente.

31
Nesse sentido, os setores produtivos e empresariais ganham um papel particularmente
importante, pelo impacto que geram na sociedade e seu poder econômico e sua
capacidade de formular estratégias e concretizar ações.
Essa nova postura, de compartilhamento de responsabilidades, não implica,
entretanto, em menor responsabilidade dos governos, ao contrário, fortalece o papel
inerente ao governo de grande formulador de políticas públicas de grande alcance,
visando o bem comum e a equidade social, aumentando sua responsabilidade em bem
gerenciar a sua máquina, os recursos públicos e naturais na sua prestação de contas à
sociedade. Além disso, pode e deve ser o grande fomentador, articulador e facilitador
desse novo modelo que se configura de fazer negócios (INMETRO, 2012).
Nesse contexto, o Brasil é um dos pioneiros nesse movimento, contribuindo a
partir da elaboração uma norma nacional de responsabilidade social, a ABNT NBR
16001:20041 - Responsabilidade Social - Sistema de gestão - Requisitos, para a qual o
Inmetro desenvolveu o Programa Brasileiro de Certificação em Responsabilidade Social.
O Brasil também liderou, em parceria com a Suécia, o Grupo de Trabalho da ISO
(Internatinal Organization for Standardization) incumbido de elaborar a ISO 26000:2010
- Diretrizes em responsabilidade social, publicada em 1º de novembro de 2010.
O Inmetro desenvolveu o Programa Brasileiro de Certificação em
Responsabilidade Social de acordo com a NBR 16001, desde a sua primeira versão, e
agora definiu um plano de transição (por meio da Portaria INMETRO / MDIC número
407 de 02/08/2012) para as organizações estabelecendo que:
I. As organizações certificadas com base na norma ABNT NBR 16001:2004
podem, a qualquer tempo, a contar da data de publicação desta Portaria, migrar para a
versão atual da norma, mediante auditoria.
II. As solicitações de certificação inicial poderão continuar a ser concedidas com
base na norma ABNT NBR 16001:2004 em até 12 (doze) meses contados da publicação
desta Portaria.
III. As solicitações de recertificação poderão continuar a ser concedidas com base
na norma ABNT NBR 16001:2004 em até 24 (vinte e quatro) meses contados da
publicação desta Portaria.

1
A NBR ISSO 16001 estabelece requisitos mínimos relativos a um sistema de gestão de
Responsabilidade Social, permitindo à organização formular e implementar uma política e objetivos que
levem em conta as exigências legais, seus compromissos éticos e sua preocupação com a promoção da
cidadania e do desenvolvimento sustentável, além da transparência de suas atividades.

32
IV. Todas as certificações vigentes concedidas com base na norma ABNT NBR
16001:2004 deverão ser migradas para a versão atual da norma ou serem canceladas no
prazo de 36 (trinta e seis) meses, contar da data de publicação desta Portaria.
Ou seja:
 até 02 de agosto de 2013, as organizações poderão solicitar certificação inicial
com base na norma antiga (ABNT NBR 16001:2004);
 as empresas já certificadas na primeira versão poderão solicitar recertificação até
02 de agosto de 2014;
 a partir de 02 de agosto de 2015, todas as organizações deverão ter migrado para
a versão de 2012.
A norma propõe uma visão holística, em que as questões essenciais de governança
organizacional são: direitos humanos; práticas trabalhistas, práticas justas de operações;
questões do consumidor, ambiente, envolvimento e desenvolvimento da comunidade,
conforme ilustrado abaixo:

PRINCÍPIOS DE RESPONSABILIDADE SOCIAL

A norma define responsabilidade social como sendo a responsabilidade de uma


organização pelos impactos de suas decisões e atividades na sociedade e no meio
ambiente, por meio de um comportamento ético e transparente que:

 contribua para o desenvolvimento sustentável, inclusive a saúde e o bem-estar da


sociedade;
 leve em consideração as expectativas das partes interessadas;
 esteja em conformidade com a legislação aplicável;
 seja consistente com as normas internacionais de comportamento;
 esteja integrada em toda a organização e seja praticada em suas relações.
Os princípios que regem a norma são os seguintes:
 accountability (responsabilização) – assumir voluntariamente as
responsabilidades pelas consequências de suas ações e decisões, respondendo
pelos seus impactos na sociedade e no meio ambiente, prestando contas aos órgãos
de governança e demais partes interessadas;
 transparência – fornecer às partes interessadas de forma acessível, clara,
compreensível e em prazos adequados todas as informações sobre os fatos que
possam afetá-las;

33
 comportamento ético – agir de modo aceito como correto pela sociedade e de
forma consistente com as normas internacionais de comportamento;
 considerações pelas partes interessadas (stakeholders) – ouvir, considerar e
responder aos interesses das pessoas ou entidades que tenham um interesse
identificável nas atividades da organização;
 respeito ao Estado de Direito – ponto de partida mínimo para ser considerado
socialmente responsável, cumprir integralmente as leis do local onde está
operando;
 respeito às Normas Internacionais de Comportamento – adotar prescrições de
tratados e acordos internacionais favoráveis à responsabilidade social, mesmo que
não obrigada por lei;
 direito humanos – reconhecer a importância e a universalidade dos direitos
humanos, cuidando para que as atividades da organização não os agridam direta
ou indiretamente, zelando pelo ambiente econômico, social e natural que
requerem.
São temas centrais desta norma:
a) Governança organizacional: trata de processos e estruturas de tomada de decisão,
delegação de poder e controle. O tema é, ao mesmo tempo, algo sobre o qual a
organização deve agir e uma forma de incorporar os princípios da
responsabilidade social à sua forma de atuação cotidiana.
b) Direitos humanos: inclui verificação de obrigações e de situações de risco;
resolução de conflitos; direito civis, políticos, econômicos, sociais e culturais;
direitos fundamentais do trabalho; evitar a cumplicidade e a discriminação; e
cuidado com os grupos vulneráveis.
c) Práticas trabalhistas: refere-se tanto a emprego direto quanto ao terceirizado e ao
trabalho autônomo. Inclui emprego e relações do trabalho; condições de trabalho
e proteção social; diálogo social; saúde e segurança ocupacional;
desenvolvimento humano dos trabalhadores.
d) Meio ambiente: inclui prevenção da poluição; uso sustentável de recursos;
combate e adaptação às mudanças climáticas; proteção e restauração do ambiente
natural; e os princípios da preocupação, do ciclo de vida, da responsabilidade
ambiental e do “poluidor pagador”.
e) Práticas operacionais justas: compreende combate à corrupção; envolvimento
político responsável; concorrência e negociação justas; promoção da

34
responsabilidade social na esfera da influência da organização e respeito aos
direitos de propriedade.
f) Questões dos consumidores: inclui práticas justas de negócios, marketing e
comunicação; proteção à saúde e a segurança do consumidor; consumo
sustentável; serviço e suporte pós-fornecimento; privacidade e proteção de dados;
acesso a serviços essenciais; educação e conscientização.
g) Envolvimento com a comunidade e seu desenvolvimento: refere-se ao
envolvimento com a comunidade; investimento social; desenvolvimento
tecnológico; investimento responsável; criação de empregos; geração de riqueza
e renda; promoção e apoio à saúde, à educação e à cultura.
Segundo Carvalho e Miguel (2012), baseando-se em dados do INMETRO, a ISO
26000 é uma norma de diretrizes, sem o objetivo da certificação, com o propósito de ser
aplicável a todos os tipos e porte de organizações (pequenas, médias, e grandes) e de
todos os setores (governo, ONGs e empresas privadas). A estrutura compreende as
seguintes partes:
1º. Introdução – fornece informações sobre o conceito da norma de diretrizes e os
motivos de sua elaboração.
2º. Escopo – define o assunto da norma, sua abrangência e os limites de sua
aplicabilidade.
3º. Referências normativas – apresenta uma lista de documentos que devem ser lidos
juntamente com a norma de diretrizes; e escopo.
4º. Termos e definições – identifica os termos usados na norma que precisam ser
definidos e fornece tais definições.
5º. O contexto da responsabilidade social em que as organizações atuam – apresenta
os contextos histórico e contemporâneo relacionados ao tema e também coloca
questões emergentes da natureza do conceito de responsabilidade social.
6º. Princípios de responsabilidade social relevantes a todas as organizações –
identifica um conjunto de princípios de responsabilidade social extraídos de várias
fontes e fornece diretrizes em relação a eles.
7º. Diretrizes sobre temas de responsabilidade social – oferece orientação separada
em uma gama de assuntos/questões centrais e as relaciona às organizações.
8º. Diretrizes para todas as organizações na implementação da responsabilidade
social – fornece diretrizes práticas para a implementação da responsabilidade
social e sua integração com a organização.

35
9º. Anexos – apresenta uma relação de ferramentas existentes no campo dos temas
que a norma aborda. Anexo A – apresenta um cardápio de algumas iniciativas e
ferramentas voluntárias relacionadas à RS, de caráter regional ou internacional,
identificadas à época. Anexo B – contém abreviaturas usadas na norma

PROGRAMA BRASILEIRO DE CERTIFICAÇÃO EM RESPONSABILIDADE


SOCIAL

Em 2006, o INMETRO publicou através da Portaria INMETRO nº 027, de


09/02/2006, um Regulamento de Avaliação da Conformidade (RAC) com base na NBR
16001 – Responsabilidade Social – Requisitos. O processo de elaboração do RAC foi
extremamente participativo e contou com o apoio e envolvimento de todos os setores da
sociedade. O regulamento foi revisado em 2009.
Em abril de 2007 foi, oficialmente, lançado o Programa Brasileiro de Avaliação
da Conformidade em Responsabilidade Social, juntamente com a entrega do 1º
Certificado.
Hoje o Brasil já conta com 21 empresas certificadas e 3 organismos de certificação
dentro do Sistema Brasileiro de Avaliação da Conformidade, a saber:
- FCAV - Fundação Carlos Alberto Vanzolini;
- BRTUV Avaliações da Qualidade S.A.;
- BVQI do Brasil Sociedade Certificadora Ltda (INMETRO, 2012; CARVALHO;
MIGUEL, 2012, p. 425).
Em 2011, foi realizada uma pesquisa com organizações certificadas na norma
ABNT NBR 16001:2004, pesquisa está decidida pela ABNT/CEE RS sendo recebidas
respostas de 16 organizações certificadas.
Vale a pena conferir os resultados compilados dessa pesquisa.
Quanto ao nível de dificuldade de implantação de cada requisito da norma veja o
gráfico abaixo:

36
Fonte:
http://www.inmetro.gov.br/qualidade/responsabilidade_social/palestras/pesquisa_com_
organizacoes_certificadas.pdf
Quanto às necessidades de mudanças nos requisitos da norma:

Metade dos respondentes concordou que a norma deve conter requisitos de


desempenho, enquanto a outra metade não concordou.

37
Quanto à contribuição da norma para melhorar o relacionamento da organização
com algumas das partes interessadas, 56% concordaram totalmente; 38% concordaram
parcialmente e 6% não avaliaram.
Sobre a certificação ter contribuído para melhorar a capacidade da organização de
atrair e manter trabalhadores, 50% concordaram parcialmente, 31% concordaram
parcialmente, para 13% foi indiferente e 6% não avaliaram.
Em relação a melhorar a capacidade da organização em atrair e manter seus
clientes/usuários, 44% concordaram parcialmente, 25% totalmente, para 25% foi
indiferente e 6% não avaliaram. Quanto às contribuições da norma para melhorar ou
fortalecer a imagem e reputação da organização, 63% concordaram totalmente e 37%
concordaram parcialmente. 69% concordaram totalmente que a norma agrega valor para
a organização.
Valores que mostram a aceitação e importância da norma para as organizações!

CERTIFICAÇÃO OHSAS 18000 – SEGURANÇA E SAÚDE OCUPACIONAL

Segundo a BSI (2013), certificadora muitas organizações estão implementando


um Sistema de Gestão de Saúde e de Segurança Ocupacional (SGSSO) como parte de sua
estratégia de gestão de riscos para lidar com mudanças na legislação e proteger seus
colaboradores.
Um SGSSO promove um ambiente de trabalho seguro e saudável através de uma
estrutura que permite à sua organização identificar e controlar consistentemente seus
riscos à saúde e segurança, reduzir o potencial de acidentes, auxiliar na conformidade
legislativa e melhorar o desempenho geral.
A OHSAS 18001 é uma especificação de auditoria internacionalmente
reconhecida para sistemas de gestão de saúde ocupacional e segurança. Foi desenvolvida
por um conjunto de organismos comerciais líderes, organismos internacionais de normas
e certificação com foco em uma lacuna para a qual não existe uma norma internacional
certificável por organismos certificadores.
A OHSAS 18001 foi desenvolvida com compatibilidade com a ISO 9001 e a ISO
14001, para ajudar a organização a cumprir com suas obrigações de saúde e segurança de
um modo eficiente, o que se dá mediante formulação de uma política e objetivos para a
saúde ocupacional e a segurança, baseada nos conceitos de melhoria contínua e
conformidade regulatória.
A OHSAS 18001 foca as seguintes áreas chave:

38
 planejamento da identificação de perigos, avaliação de riscos e controle dos
riscos;
 estrutura e responsabilidade;
 treinamento, conscientização e competência;
 consulta e comunicação;
 controle operacional;
 prontidão e resposta a emergências;
 medição de desempenho, monitoramento e melhoria.
A OHSAS 18001 pode ser adotada por qualquer organização que deseja
implementar um procedimento formal para redução dos riscos associados com saúde e
segurança no ambiente de trabalho para os colaboradores, clientes e o público em geral
(BSI, 2013).
Carvalho e Miguel (2012) também confirmam que a certificação OHSAS 18001
(Occupational Health and Safety Assessment Series) demonstra o compromisso de uma
organização com a segurança, higiene e saúde no trabalho, alinhado com a legislação
vigente. A OHSAS 18001 pode ser adotada por organizações de quaisquer porte e
natureza que desejam implementar um sistema formal de gestão para redução dos riscos
associados com saúde e segurança no ambiente de trabalho para os colaboradores, clientes
e o público em geral.
A norma especifica requisitos desenvolvidos em conjunto por um grupo de
organismos de normalização nacionais na Austrália, Inglaterra, Irlanda, dentre outros, de
organismos de certificação internacionais (BVQI, DNY, Lloyds, SGS etc.) e outras partes
interessadas.
Um sistema de gestão de saúde e segurança ocupacional visa promover um
ambiente de trabalho seguro e saudável, implementado por meio de uma estrutura
organizacional que permite identificar e controlar os riscos à saúde e segurança, reduzir
o potencial de acidentes, auxiliar na conformidade legislativa e melhorar o desempenho
geral, buscando o bem-estar das partes interessadas.
A base para essa norma vem da publicação da norma inglesa BS 8800, em 1996.
No ano seguinte, a ISO define que a Organização Internacional do Trabalho (OIT) é o
organismo adequado para editar norma sobre este assunto.
A primeira versão da norma foi lançada em 1999 e revisada em 2007. Diversas
mudanças foram introduzidas desde a primeira edição, que refletem a extensa utilização

39
e experiência com a OHSAS 18001 em mais de 80 países e cerca de 16.000 organizações
certificadas no mundo.
Em 2000 é publicada a OHSAS 18002:2000; em 2001, a OIT publica finalmente
a ILO-OSH-2001 e em 2007, ocorre a atualização da OHSAS 18001:2007.
Uma das principais alterações na norma é a ênfase muito maior dada à saúde do
que somente à segurança, além da melhoria no alinhamento à ISO 14001:2004 para
permitir às organizações o desenvolvimento de sistemas integrados de gestão.
A partir de 30 de junho de 2009, as empresas somente poderiam ser certificadas
na versão 2007.
A norma inicia definindo uma série de termos importantes relacionados à
segurança, higiene e saúde no trabalho (risco aceitável, incidente, danos para a saúde,
avaliação de riscos, dentre outros), bem como estabelece, a exemplo de outras normas,
requisitos gerais e específicos à gestão da estrutura organizacional.
A organização inicia com a definição da política de Segurança e Saúde do
Trabalho (SST) considerando, no planejamento, requisitos relativos à identificação de
perigos, avaliação de riscos e determinação de medidas de controle, além de requisitos
legais e outros requisitos.
Na implementação e operação do SST, os recursos atribuições, responsabilidade,
obrigações e autoridade devem ser estabelecidos, bem como competência, formação e
sensibilização dos colaboradores, comunicação interna entre os vários níveis e funções
da organização, subcontratados e outros visitantes do local de trabalho e outras partes
interessadas. O SST deve ter estrutura de documentação com controle de documentos,
controle operacional e preparação e resposta a emergências.
Para verificação do SST, a longo prazo, a organização deve estabelecer e manter
procedimentos para a medição e monitoramento do desempenho e avaliação da
conformidade.
Outro grupo de requisitos considera a investigação de acidentes, não
conformidades e ações corretivas e preventivas e auditorias internas. A organização deve
rever o SST em intervalos planejados, identificando oportunidades de melhoria e
necessidade de alterações no SST, para assegurar a sua contínua adequação.
No Brasil existem 10 órgãos que fazem a certificação OHSAS 18001. A
estimativa é de que pouco mais de 400 empresas sejam certificadas pela OHSAS 18001
no país, tais como: Bradesco, Braskem, CPFL, Embraer, Phillips, SABESP, Siemens,

40
Volvo, Votorantim etc. A Whirlpool, por exemplo, possui a certificação OHSA5 18001
em todas as suas unidades (CARVALHO; MIGUEL, 2012).
A norma OHSAS contém:
INTRODUÇÃO
1 – Objetivo
2 – Referências normativas
3 – Termos e definições
4 – Requisitos do sistema da gestão de saúde e segurança ocupacional
4.1 – Requisitos gerais
4.2 – Política de saúde e segurança ocupacional – SSO
4.3 – Planejamento
4.3.1 – Identificação de perigos, avaliação de riscos e determinação de controles
4.3.2 - Requisitos legais e outros
4.3.3 – Objetivos e programas
4.4 – Implementação e operação
4.4.1 – Recursos, papéis, responsabilidades e autoridades
4.4.2 – Competência, treinamento e conscientização
4.4.3 – Comunicação, participação e orientação
4.4.4 – Documentação
4.4.5 – Controle de documentos
4.4.6 – Controle operacional
4.4.7 – Preparação e respostas a emergências
4.5 – Verificação
4.5.1 – Monitoramento e medição de desempenho
4.5.2 – Avaliação do atendimento a requisitos legais e outros
4.5.3 – Investigação de incidentes, não conformidades, ação corretiva e ação preventiva
4.5.4 – Controle de registros
4.5.5 – Auditoria interna
4.6 – Análise crítica pela administração

41
CERTIFICAÇÃO PARA SISTEMAS DE SEGURANÇA

IMPORTÂNCIA E JUSTIFICATIVAS PARA CERTIFICAÇÃO PARA


SISTEMAS DE SEGURANÇA

Não somente a área de saúde, mas citando esta como exemplo, utiliza sistemas
informatizados para capturar, armazenar, manusear e transmitir dados do atendimento em
saúde. Há uma tendência crescente em substituir o papel pelo formato eletrônico,
entretanto, é um assunto complexo em vista de inúmeros fatores, sendo a confiabilidade
e segurança dois deles.
Como diz a introdução do Manual de Boas Práticas do Tribunal de Contas da
União (TCU, 2012, p. 6):
Na época em que as informações eram armazenadas apenas em papel, a segurança
era relativamente simples. Bastava trancar os documentos em algum lugar e restringir o
acesso físico àquele local. Com as mudanças tecnológicas e o uso de computadores de
grande porte, a estrutura de segurança ficou um pouco mais sofisticada, englobando
controles lógicos, porém ainda centralizados. Com a chegada dos computadores pessoais
e das redes de computadores que conectam o mundo inteiro, os aspectos de segurança
atingiram tamanha complexidade que há a necessidade de desenvolvimento de equipes e
métodos de segurança cada vez mais sofisticados.
A segurança de informações visa garantir a integridade, confidencialidade,
autenticidade e disponibilidade das informações processadas pela instituição.
 Integridade de informações consiste na fidedignidade de informações. Sinaliza a
conformidade de dados armazenados com relação às inserções, alterações e
processamentos autorizados efetuados. Sinaliza, ainda, a conformidade dos dados
transmitidos pelo emissor com os recebidos pelo destinatário. A manutenção da
integridade pressupõe a garantia de não violação dos dados com intuito de
alteração, gravação ou exclusão, seja ela acidental ou proposital.
 Confidencialidade de informações consiste na garantia de que somente pessoas
autorizadas tenham acesso às informações armazenadas ou transmitidas por meio
de redes de comunicação. Manter a confidencialidade pressupõe assegurar que as
pessoas não tomem conhecimento de informações, de forma acidental ou
proposital, sem que possuam autorização para tal procedimento.
 Autenticidade de informações consiste na garantia da veracidade da fonte das
informações. Por meio da autenticação é possível confirmar a identidade da
pessoa ou entidade que presta as informações.

42
 Disponibilidade de informações consiste na garantia de que as informações
estejam acessíveis às pessoas e aos processos autorizados, a qualquer momento
requerido, durante o período acordado entre os gestores da informação e a área de
informática. Manter a disponibilidade de informações pressupõe garantir a
prestação contínua do serviço, sem interrupções no fornecimento de informações
para quem é de direito.
A importância do zelo pela segurança de informações reside no fato de um ativo
ser muito importante para qualquer instituição, podendo ser considerado, atualmente, o
recurso patrimonial mais crítico. Informações adulteradas, não disponíveis, sob
conhecimento de pessoas de má-fé ou de concorrentes podem comprometer
significativamente, não apenas a imagem da instituição perante terceiros, como também
o andamento dos próprios processos institucionais. É possível inviabilizar a continuidade
de uma instituição se não for dada a devida atenção à segurança de suas informações
(TCU, 2012).
Voltando ao nosso exemplo da saúde, em 2002, uma parceria entre a Sociedade
Brasileira de Informática em Saúde2 (SBIS) e o Conselho Federal de Medicina (CFM)
levou a aprovação da Resolução N.º 1639: “Normas Técnicas para o Uso de Sistemas
Informatizados para a Guarda e Manuseio do Prontuário Médico”, dispondo sobre o
tempo de guarda dos prontuários, estabelecendo critérios para certificação dos sistemas
de informação e dando outras providências.
A Certificação SBIS/CFM se baseia em conceitos e padrões internacionais da área
de Informática em Saúde, muitos dos quais já foram traduzidos para o Português e
reconhecidos como padrões brasileiros.
Um segundo produto dessa parceria foi a elaboração do Manual de Requisitos de
Segurança, Conteúdo e Funcionalidades para Sistemas de Registro Eletrônico em Saúde
(RES). Com base neste manual, publicado em 2004 no sítio da SBIS e do CFM, teve
início a Fase 1 do Processo de Certificação, e que até 2007 contava com mais de 70
sistemas autodeclarados (através de seus representantes legais) como estando aderentes

2 A SBIS tem como objetivo promover o desenvolvimento de todos os aspectos da


Tecnologia da Informação aplicada à Saúde. A tradição da atuação da SBIS é marcada pela
realização de eventos nacionais e internacionais, como congressos, simpósios, cursos,
seminários, e workshops. A SBIS colabora com os órgãos públicos, como a OPAS, a Finep e o
Ministério da Saúde, bem como com outras entidades e associações de classe, como o CFM, a
Abramge, a Fenaess e o Sindhosp, para citar apenas alguns exemplo (http://www.sbis.org.br/)

43
ao conjunto de requisitos da versão 2.1 do Manual. A Fase 1 teve seu objetivo de preparar
o mercado para o processo de Certificação, o que foi plenamente atingido (LEÃO;
COSTA; FORMAN, 2007).
O manual já se encontra na versão 4.1 (22/10/2013). Esta versão do Manual de
Certificação para Sistemas de Registro Eletrônico em Saúde (S-RES) revoga e substitui,
a partir da data de início de sua vigência, todas as suas versões anteriores (Mais adiante
voltaremos a falar desse manual).
Segundo a norma NBR ISO/IEC 17799:2005, segurança da informação é a
proteção da informação contra vários tipos de ameaças de forma a assegurar a
continuidade do negócio, minimizando danos comerciais e maximizando o retorno sobre
investimentos e oportunidades de negócios. Ainda segundo a NBR ISO/IEC 17799:2005,
a segurança da informação é caracterizada pela preservação dos três atributos básicos da
informação: confidencialidade, integridade e disponibilidade.
Também em relação à segurança, a NBR ISO IEC 27001:2006 é a norma de
certificação para Sistemas de Gestão da Segurança da Informação, editada em português
em abril de 2006 e que substituiu a BS 7799-2. Esta norma foi preparada para prover um
modelo para o estabelecimento, implementação, operação, monitoramento, revisão,
manutenção e melhoria de um Sistema de Gestão de Segurança da Informação.
A NBR ISO IEC 27001 e NBR ISO IEC 17799 formam o par consistente de
normas relativas ao Sistema de Gestão de Segurança da Informação.
Na verdade, a NBR ISO/IEC 17799 é a versão brasileira da norma ISO
homologada pela ABNT, a versão válida é de 2005. É o Código de Prática para Gestão
da Segurança da Informação. Serve como referência para a criação e implementação de
práticas de segurança reconhecidas internacionalmente, incluindo: Políticas, Diretrizes,
Procedimentos, Controles.
É um conjunto completo de recomendações para: Gestão da Segurança de
Informação e Controles e práticas para a Segurança da Informação, mas atenção: a norma
de certificação é a NBR ISO IEC 27001:2006, a NBR ISO IEC 17799 é somente uma
norma de referência contida na norma de certificação.
Todas as grandes organizações do mundo, sejam públicas ou privadas, já tomaram
conhecimento sobre as normas ISO 27001. Diversas pesquisas demonstram que muitas
dessas organizações já estão incorporando os controles das normas em suas políticas de
segurança, haja vista sua importância para as organizações.

44
A importância da ISO 27001 reside no fato da norma permitir que uma empresa
construa de forma muito rápida uma política de segurança baseada em controles de
segurança eficientes. Os outros caminhos para se fazer o mesmo, sem a norma, são
constituir uma equipe para pesquisar o assunto ou contratar uma consultoria para realizar
essa tarefas.
Quanto a se adaptar a qualquer tipo de organização, as normas foram criadas e se
adaptam bem a organizações comerciais. Instituições de ensino, instituições públicas e
outras assemelhadas podem ter dificuldades em implantar certos controles da norma
devido a seus ambientes serem diferentes dos ambientes de uma empresa comercial.
Apesar disso, qualquer organização pode aproveitar grande parte dos controles da
norma para implementar segurança da informação em suas instalações.
Assim, podemos inferir que Sistema de Gestão de Segurança da Informação é o
resultado da aplicação planejada de objetivos, diretrizes, políticas, procedimentos,
modelos e outras medidas administrativas que, de forma conjunta, definem como são
reduzidos os riscos para segurança da informação. Uma empresa que implante a norma
ISO 27001 acaba por constituir um SGSI.
Para constituir um SGSI, em primeiro lugar deve-se definir quais são seus limites
(sua abrangência física, lógica e pessoal). Depois devem ser relacionados os recursos que
serão protegidos. Em seguida, relaciona-se quais são as possíveis ameaças a esses
recursos, quais são as vulnerabilidades a que eles estão submetidos e qual seria o impacto
da materialização dessas ameaças. Por fim, com base nessas informações, são priorizados
os controles necessários para garantir a segurança desses recursos.
Para implantar a norma em uma empresa não é obrigatório empregar todos os seus
controles. Aplicam-se somente os controles para os serviços, facilidades, espaços e
condições existentes na empresa. Por exemplo, se a empresa não tem acesso remoto de
usuários, todos os controles referentes a esse tipo de acesso podem ser ignorados.
Muito se ouve falar na Declaração de Aplicabilidade. Este é um documento
exigido pela NBR ISO IEC 27001, no qual a empresa tem que relacionar quais controles
do Anexo A são aplicáveis e justificar os que não são aplicáveis ao seu SGSI.
Vale lembrar que as normas NBR ISO, assim como as de outros países, têm
direitos autorais. As normas da série NBR ISO devem ser adquiridas na Associação
Brasileira de Normas Técnicas (ABNT).
A ISO 27001 harmoniza-se com as normas ISO 9000 e ISO 14000 na medida que
segue a suas estruturas e conteúdos. A 27001 inclui um PDCA semelhante aos existentes

45
na ISO 9001 e ISO 14000 com objetivo de estabelecer uma contínua gestão da segurança
da informação.
Quanto à legislação para uso da ISO 27001, sabemos que as leis variam de país
para país. A rigor não existem leis que obriguem o emprego de tais normas. No Brasil,
existem recomendações no sentido de empregar-se a norma, emitidas por entidades como
a Fenabam, o Conselho Federal de Medicina, a ICP-Brasil, dentre outros. No Reino
Unido, a Data Protection Act promulgada em 1998 e, nos Estados Unidos, a lei Sarbanes-
Oxley (que atinge subsidiárias de empresas americanas de capital aberto instaladas no
Brasil), promulgada em 2002, determinam cuidados no trato das informações que, na
prática, obrigam as empresas a empregar a ISO 27001 e ISO 17799 como uma forma de
demonstrarem que estão procurando cumprir os requisitos de segurança determinados por
essas leis.

AUDITORIA E PRÉ-AUDITORIA

A norma ISO 27001 pode ser aplicada e realizar apenas uma auditoria interna,
sendo o procedimento que mais acontece nas empresas, principalmente porque elas ainda
não identificaram a necessidade ou a possibilidade de realizarem o processo de
certificação.
Segundo o site www.xsec.com, até o final de 2004, mais de 2017 empresas em
todo mundo receberam a certificação BS7799-2; a certificação NBR ISO 27001:2005 até
o presente momento somente 1 empresa obteve no mundo, e esta empresa foi no Brasil,
Módulo Security.
Os certificados são emitidos por entidades certificadoras acreditadas por órgãos
de credenciamento nacionais ou internacionais após realização de auditorias do SGSI, as
quais acontecem em duas etapas:
1ª) Auditoria de Documentação, conhecida como Fase 1.
2ª) Auditoria de Certificação, conhecida como Fase 2.
Existe também a Auditoria de Documentação que é o primeiro contato com a
equipe auditora, ou seja, faz-se uma análise prévia dos documentos e informações, muitas
vezes confidenciais, nas instalações da própria empresa visando à verificação de sua
adequação e a segurança dos dados.
A diferença entre a auditoria de documentação e pré-auditoria é que Auditoria de
Documentação tem como foco a seguinte documentação: Declaração de Aplicabilidade,
Relatório de Avaliação de Riscos e Análise Crítica pela Direção entre outros possíveis

46
documentos associados a estes, conforme aplicável. Esta análise não contempla
procedimentos e práticas específicos, uma vez que estes são objeto da Pré-auditoria, que
tem por objetivo a análise crítica da adequação do sistema à norma.
Podemos dizer também que Pré-auditoria é o mesmo que Auditoria de Pré-
certificação podendo ou devendo ser solicitada após a implantação do Sistema de Gestão
da Segurança da Informação e após ter realizado pelo menos um ciclo de auditoria interna
e pelo menos uma análise crítica pela direção para verificar o nível de adequação à norma
em questão.
A Pré-auditoria tem como principal objetivo a detecção de eventuais problemas
conceituais que possam vir a ser despercebidos pela empresa em processo de certificação.
Seria um exemplo de problema conceitual, a não aplicação de um requisito ou controle
que influencie na Segurança da Informação da empresa. Isto pode ocorrer em razão de
uma incorreta interpretação da norma para o negócio da empresa e/ou escopo
considerado(s). No entanto, nestes casos, a certificação não pode ser recomendada,
causando transtornos para a empresa e uma certa decepção para todos os envolvidos.
Essas análises prévias – chamadas pré-auditoria acontecem exatamente para
reduzir os riscos de não certificação por problemas de adequação. A Pré-auditoria é
realizada nas instalações da empresa e segue os mesmos passos da Auditoria de
Certificação: Reunião de Abertura, investigação, relato das não conformidades e reunião
de encerramento. Geralmente a equipe auditora da Pré-auditoria será a mesma da Análise
Documental e da Auditoria de Certificação.
São verificados os procedimentos e a documentação em relação à sua adequação
à norma de referência. O tempo dimensionado para esta auditoria, normalmente não
permite que a equipe auditora tenha tempo para verificar se as práticas descritas na
documentação estão adequadamente implementadas, isto é o que chamamos de auditoria
de conformidade, que será realizada durante a Auditoria de Certificação (Inicial) e nas
Auditorias de Manutenção (Anuais ou semestrais).
De todo modo, há empresas que optam por pular a pré-auditoria, principalmente
quando estão seguras que na adequação e conformidade do seu sistema de gestão não há
problema algum em ir direto para a Auditoria de Certificação.
Ressalte-se que a Pré-auditoria tem objetivo distinto da Auditoria de Certificação.
A Pré-auditoria verifica a adequação do sistema, não colhendo evidências suficientes de
que as práticas refletem o planejamento contido nos procedimentos. A verificação da

47
implementação é feita na Auditoria de Certificação que não pode ser dispensada em
nenhum caso.
Com exceção às Auditorias de Manutenção, que devem ocorrer no mínimo
anualmente, não há um prazo expressamente definido para que estes eventos ocorram, e
os mesmos podem ser discutidos e acordados, conforme as necessidades de cada empresa.
Normalmente, a equipe auditora é formada por um ou dois auditores com
experiência em auditoria e conhecimentos do segmento de negócio da empresa. Por se
tratar de uma norma específica, as auditorias do Sistema de Gestão de Segurança da
Informação devem contar sempre auditores que detenham conhecimentos técnicos
suficientes para compreender a linguagem dos auditados (FUNDAÇÃO VANZOLINI,
2006).

ETAPAS DO LICENCIAMENTO

O Licenciamento Ambiental é a base estrutural do tratamento das questões


ambientais pela empresa. É através da Licença que o empreendedor inicia seu contato
com o órgão ambiental e passa a conhecer suas obrigações quanto ao adequado controle
ambiental de sua atividade. A Licença possui uma lista de restrições ambientais que
devem ser seguidas pela empresa.
Desde 1981, de acordo com a Lei Federal 6.938/81, o Licenciamento Ambiental
tornou-se obrigatório em todo o território nacional e as atividades efetiva ou
potencialmente poluidoras não podem funcionar sem o devido licenciamento. Desde
então, empresas que funcionam sem a Licença Ambiental estão sujeitas às sanções
previstas em lei, incluindo as punições relacionadas na Lei de Crimes Ambientais,
instituída em 1998: advertências, multas, embargos, paralisação temporária ou definitiva
das atividades.
Os conceitos de poluição e degradação trazem termos abstratos que deixam
abertura para a determinação da necessidade, ou não, de licenciamento. A definição legal
do termo poluição é a degradação da qualidade ambiental resultante de atividades
humanas. O termo degradação é traduzido pela legislação como a alteração adversa das
características do meio ambiente. Considerando que não há como fixar, de forma
definitiva, as atividades que causam degradação ou mesmo o grau de alteração adversa
ocasionado, caberá consulta ao órgão ambiental para determinar se o empreendimento
necessita de licenciamento. Há, porém, atividades que, conforme a legislação vigente, já
se sabe que devem ser necessariamente licenciadas.

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A Resolução Conama 237/97 traz, em seu Anexo I, um rol de atividades sujeitas
ao licenciamento ambiental. Para as atividades lá listadas, o licenciamento é essencial.
No entanto, essa relação é exemplificativa e não pretende esgotar todas as possibilidades,
o que seria impossível, mas funciona como norteador para os empreendedores. Atividades
comparáveis ou com impactos de magnitude semelhante têm grande probabilidade de
também necessitarem de licenciamento. Novamente, a consulta ao órgão ambiental
elucidará essa dúvida.
Muitas vezes, o empreendedor acaba também procurando o órgão ambiental por
exigência de outros órgãos da administração pública responsáveis por autorizações de
atividades em geral, tais como:
- Prefeituras, para loteamentos urbanos e construção civil em geral;
- Incra, para atividades rurais;
- DNER e DER, para construção de rodovias;
- DNPM, para atividade de lavra e/ou beneficiamento mineral;
- Ibama ou órgão ambiental estadual, para desmatamento.
O mercado cada vez mais exige empresas licenciadas e que cumpram a legislação
ambiental. Além disso, os órgãos de financiamento e de incentivos governamentais, como
o BNDES, condicionam a aprovação dos projetos à apresentação da Licença Ambiental.
Vale dizer que para emissão da licença ambiental é necessário um estudo
aprofundado e detalhado caso a caso, onde o Órgão Ambiental analisa de forma especifica
o impacto provocado pelo empreendimento e/ou atividade, por isto não existi uma licença
padrão.
Deve-se ter ciência de que são três esferas, de órgãos ambientais, competentes:
Municipal, Estadual e Federal. Sendo que, cada um deles tem suas exigências e
responsabilidades perante as atividades ou empreendimento.
Esfera Federal IBAMA: O Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos
Naturais Renováveis, IBAMA, é o responsável pelo licenciamento de empresas que
desenvolvem suas atividades em mais de um estado e que os impactos ambientais possam
ultrapassar os limites territoriais.
Esfera Estadual – para cada Estado há o seu órgão responsável: A Lei Federal
6.938/81 atribui a cada Estado a competência de licenciar as atividades regionais, isto é,
licenciar empresas que desenvolvem suas atividades dentro do seu Estado. Por exemplo,
se a sua empresa atua no Estado de Minas Gerais, o órgão estadual responsável é o
SEMAD - Secretaria de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável, no Rio de

49
Janeiro, FEEMA - Fundação Estadual de Engenharia do Meio Ambiente, em São Paulo,
CETESB - Companhia Ambiental do Estado de São Paulo.
Esfera Municipal: O Estado pode delegar a responsabilidade do licenciamento
para o Município quando a atividade ou empreendimento impactar o meio ambiente local,
conforme a Resolução do CONAMA 237/97.
Além disto, é possível se deparar, com o licenciamento ambiental simplificado
para atividades e empreendimentos com características específicas, dependendo da
natureza e da compatibilidade com o meio ambiente.

O que encontramos é um procedimento tradicional de licenciamento ambiental


que compreende a Licença Prévia, Licença de Instalação e Licença de Operação. Cada
uma é exigida em uma etapa específica do licenciamento. Assim, temos:
 Licença Prévia (LP)

É a primeira etapa do licenciamento, em que o órgão licenciador avalia a


localização e a concepção do empreendimento, atestando a sua viabilidade ambiental e
estabelecendo os requisitos básicos para as próximas fases.
A LP funciona como um alicerce para a edificação de todo o empreendimento.
Nesta etapa, são definidos todos os aspectos referentes ao controle ambiental da empresa.
De início o órgão licenciador determina, se a área sugerida para a instalação da empresa
é tecnicamente adequada. Este estudo de viabilidade é baseado no Zoneamento
Municipal.
O zoneamento é uma delimitação de áreas em que os municípios são divididos em
zonas de características comuns. Com base nesta divisão, a área prevista no projeto é
avaliada. Assim, esta avaliação prévia da localização do empreendimento é importante
para que no futuro não seja necessária a realocação ou a aplicação de sanções, como
multas e interdição da atividade.
Nesta etapa podem ser requeridos estudos ambientais complementares, tais como
EIA/RIMA e RCA, quando estes forem necessários. O órgão licenciador, com base nestes

50
estudos, define as condições nas quais a atividade deverá se enquadrar a fim de cumprir
as normas ambientais vigentes.
EIA/RIMA - Estudo de Impacto Ambiental e o Relatório de Impacto Ambiental -
Exigência legal, instituída pela Resolução CONAMA 001/86, na implantação de projetos
com significativo impacto ambiental. Consiste em um estudo realizado no local, mais
precisamente no solo, água e ar para verificar se a área contém algum passivo ambiental
além de prever como o meio sócio-econômico-ambiental será afetado pela implantação
do empreendimento.
RCA - Relatório de Controle Ambiental – Documento que fornece informações
de caracterização do empreendimento a ser licenciado. Deverá conter: descrição do
empreendimento; do processo de produção; caracterização das emissões geradas nos
diversos setores do empreendimento (ruídos, efluentes líquidos, efluentes atmosféricos e
resíduos sólidos). O órgão ambiental, de acordo com a Resolução CONAMA 10/90, pode
requerer o RCA sempre que houver a dispensa do EIA/RIMA.
Durante o processo de obtenção da licença prévia, são analisados diversos fatores
que definirão a viabilidade ou não do empreendimento que se pleiteia. É nessa fase que:
- são levantados os impactos ambientais e sociais prováveis do empreendimento;
- são avaliadas a magnitude e a abrangência de tais impactos;
- são formuladas medidas que, uma vez implementadas, serão capazes de eliminar
ou atenuar os impactos;
- são ouvidos os órgãos ambientais das esferas competentes;
- são ouvidos órgãos e entidades setoriais, em cuja área de atuação se situa o
empreendimento;
- são discutidos com a comunidade, caso haja audiência pública, os impactos
ambientais e respectivas medidas mitigadoras e compensatórias; e
- é tomada a decisão a respeito da viabilidade ambiental do empreendimento,
levando-se em conta sua localização e seus prováveis impactos, em confronto com as
medidas mitigadoras dos impactos ambientais e sociais.
O prazo de validade da Licença Prévia deverá ser no mínimo, igual ao estabelecido
pelo cronograma de elaboração dos planos, programas e projetos relativos ao
empreendimento ou atividade, ou seja, ao tempo necessário para a realização do
planejamento, não podendo ser superior a cinco anos.
 Licença de Instalação (LI)

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Uma vez detalhado o projeto inicial e definidas as medidas de proteção ambiental,
deve ser requerida a Licença de Instalação (LI), cuja concessão autoriza o início da
construção do empreendimento e a instalação dos equipamentos, de acordo com as
especificações que constam nos planos, programas e projetos aprovados pelo Órgão
Ambiental, incluindo as medidas de controle ambiental e demais condicionantes. A
execução do projeto deve ser feita conforme o modelo apresentado. Qualquer alteração
na planta ou nos sistemas instalados deve ser formalmente enviada ao órgão licenciador
para avaliação.
A Licença de Instalação (LI) autoriza para instalação e edificações de estruturas
necessárias para a construção ou operação de um determinado empreendimento. É nessa
etapa que o empreendedor deve apresentar os projetos demonstrando como seu
empreendimento será de fato construído. É de extrema importância que tais projetos
incluam as medidas a serem adotadas para evitar ou minimizar os impactos que a
construção irá gerar. Cada projeto, assim como as medidas ambientais a serem tomadas
variam de acordo com as características da obra, assim como sua localização.
Alguns exemplos de impactos negativos comuns nas fases de instalação são:
poeira gerada pelo tráfego de caminhões e ruídos de máquinas e equipamentos que afetam
principalmente quem está trabalhando na obra e o impacto visual que afeta a comunidade
vizinha. Todos eles podem ser minimizados com a aplicação do que chamamos de
medidas mitigadoras. Para casos citados, são exemplos de maneiras de mitigação,
respectivamente: o uso de caminhões pipa para irrigação das vias de acesso, fornecimento
de abafadores sonoros aos trabalhadores e bloqueio visual, geralmente realizado com
plantio de árvores ou com paredes de tábuas.
Em suma, através da LI será apontado como o empreendimento e/ou atividade
deverá ser construído / implementada, pois somente após a concessão da LI e o
cumprimento de suas condicionantes é que pode ser fornecida a Licença de Operação.
O prazo de validade da licença de instalação será, no mínimo, igual ao
estabelecido pelo cronograma de instalação do empreendimento ou atividade, não
podendo ser superior a seis anos.
 Licença de Operação (LO)

A Licença de Operação autoriza o funcionamento do empreendimento. Essa deve


ser requerida quando a empresa estiver edificada e após a verificação da eficácia das
medidas de controle ambiental estabelecidas nas condicionantes das licenças anteriores.

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Nas restrições da LO, estão determinados os métodos de controle e as condições de
operação.
O Órgão Ambiental pode fixar condicionantes para o controle ambiental durante
as fases do licenciamento do empreendimento e/ou da atividade, como o monitoramento
de destinação de resíduos e lançamento de efluentes, entre outras.
Sua concessão é por tempo finito. A licença não tem caráter definitivo e, portanto,
sujeita o empreendedor à renovação, com condicionantes supervenientes. O prazo de
validade da licença de operação deverá considerar os planos de controle ambiental e será,
em regra, de, no mínimo, quatro anos e, no máximo, dez anos. Cada ente da federação
determinará, dentro desse limite, seus prazos. O ideal é que esse prazo termine quando
terminarem os programas de controle ambiental, o que possibilitará uma melhor avaliação
dos resultados bem como a consideração desses resultados no mérito da renovação da
licença. No entanto, o órgão ambiental poderá estabelecer prazos de validade específicos
para a licença de operação de empreendimentos que, por sua natureza e peculiaridades,
estejam sujeitos a encerramento ou modificação em prazos inferiores.
A renovação da LO deverá ser requerida pelo empreendedor com antecedência
mínima de 120 dias do prazo de sua expiração. O pedido de renovação deverá ser
publicado no jornal oficial do estado e em um periódico regional ou local de grande
circulação. Caso o órgão ambiental não conclua a análise nesse prazo, a licença ficará
automaticamente renovada até sua manifestação definitiva.
Na renovação da licença de operação, é facultado ao órgão ambiental, mediante
justificativa, aumentar ou reduzir seu prazo de validade, mantendo os limites mínimo e
máximo de quatro e dez anos. A decisão será tomada com base na avaliação do
desempenho ambiental da atividade no período anterior.
A licença de operação possui três características básicas:
1. É concedida após a verificação, pelo órgão ambiental, do efetivo cumprimento
das condicionantes estabelecidas nas licenças anteriores (prévia e de instalação);
2. Contém as medidas de controle ambiental (padrões ambientais) que servirão de
limite para o funcionamento do empreendimento ou atividade; e
3. Especifica as condicionantes determinadas para a operação do
empreendimento, cujo cumprimento é obrigatório, sob pena de suspensão ou
cancelamento da operação.
O licenciamento é um compromisso, assumido pelo empreendedor junto ao órgão
ambiental, de atuar conforme o projeto aprovado. Portanto, modificações posteriores,

53
como, por exemplo, redesenho de seu processo produtivo ou ampliação da área de
influência, deverão ser levadas novamente ao crivo do órgão ambiental. Além disso, o
órgão ambiental monitorará, ao longo do tempo, o trato das questões ambientais e das
condicionantes determinadas ao empreendimento.

O que fazer quando estiver em operação, mas sem a


Licença?
Primeiramente é importante que um responsável da empresa, comunique
formalmente o Órgão Licenciador e solicite a Licença de Operação. Existem dois tipos
de Licenças para esse caso:

Licença Preventiva: quando a sua empresa está pronta para operar, mas ainda
não iniciaram as atividades internas.

Licença Corretiva: para regularizar a situação de atividades em operação. Mas,


para isso, faz-se necessária a apresentação de vários documentos, tais como, os projetos
previstos para as fases de LP, LI e LO, responsável por definir um prazo para a
implantação do Sistema de Controle Ambiental.

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Modificar atividade ou empreendimento é preciso uma
nova Licença?
A licença ambiental tem como uma de suas mais importantes características a
possibilidade de modificação ou de retirada em determinadas situações. Tal licença é o
ato administrativo resultante de um processo administrativo e poderá sofrer modificações
posteriormente caso se descubra algum erro ou omissão relevante ou caso haja algum
motivo superior que o justifique.

O inciso IV do artigo 9º da Lei 6.938/81 determina que “o licenciamento e a


revisão de atividades efetiva ou potencialmente poluidoras” é um instrumento da Política
Nacional do Meio Ambiente. Isso significa que a própria lei que criou o licenciamento já
previu a possibilidade de as licenças ambientais serem revistas.

A respeito do tema, não se pode confundir revisão com renovação. Falar em


revisão do licenciamento implica adequar, anular, cassar, revogar ou suspender a licença
concedida em pleno prazo de validade. Por outro lado, falar em renovar implica em
requerer uma nova licença ao órgão ambiental, tendo em vista que o prazo da licença
vigente está perto de se esgotar.

Como qualquer ato administrativo, a licença ambiental está sujeita à revisão,


especialmente se houver um relevante interesse público que o justifique. Se o fundamento
máximo do poder de polícia é a supremacia do interesse público sobre o individual, é
evidente que a administração pública poderá sempre rever qualquer ato que
supervenientemente à sua edição se mostre contrário ao interesse coletivo para revogá-lo
em benefício da sociedade. Com efeito, se as condições originais que deram ensejo à
concessão da licença ambiental mudarem, esta também pode ser modificada ou até
retirada.

Do ponto de vista prático, são basicamente três as razões que levaram o legislador
a considerar a possibilidade de revisar uma licença ambiental. A primeira é a velocidade
com que a ciência e a tecnologia evoluem, fazendo com que os órgãos ambientais não
tenham como se precaver em face dos riscos ambientais. A segunda é que os órgãos
ambientais dispõem de estrutura insuficiente em termos de recursos humanos e materiais
e são muito suscetíveis a ingerências de ordem pessoal, política e econômica. A terceira
é que dados técnicos relevantes podem ser omitidos ou apresentados de forma distorcida

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ou mesmo falsa, comprometendo no todo ou em parte o entendimento e a decisão dos
órgãos administrativos de meio ambiente.

É nesse contexto que os incisos I, II e III do artigo 19 da Resolução 237/97 do


Conama determinam que o órgão ambiental competente, mediante decisão motivada,
poderá modificar os condicionantes e as medidas de controle e adequação, suspender ou
cancelar uma licença expedida, quando ocorrer violação ou inadequação de quaisquer
condicionantes ou normas legais, omissão ou falsa descrição de informações relevantes
que subsidiaram a expedição da licença e superveniência de graves riscos ambientais e de
saúde. Isso significa que a referida resolução determina que a revisão da licença ambiental
concedida pode ocorrer em três situações distintas.
Na primeira situação, depois de ter sido regularmente licenciada, o responsável
pela atividade passa a desrespeitar a legislação ambiental ou a ignorar os condicionantes
do licenciamento ambiental, a exemplo do cumprimento de medidas compensatórias ou
mitigadoras. É o caso do industrial que se comprometeu formalmente e com prazo
determinado em face do órgão ambiental a instalar filtros antipoluição na sua fábrica e
também do piscicultor que se comprometeu formalmente e com prazo determinado a
instalar uma estação de tratamento de água nos seus viveiros, que após terem recebido a
licença não tomaram nenhuma das providências combinadas. É o caso da empresa que de
um momento para outro passa a emitir mais ruído ou mais gases poluentes do que o
permitido pela legislação.
Na segunda situação, é descoberto que o licenciamento de uma determinada
atividade se embasou em dados ou documentos falsos ou que deixou de levar em
consideração informações relevantes e que por isso a licença deve ser revista. É o caso
do licenciamento para a construção de um condomínio privado baseado em um laudo
técnico que afirma que a área não possui nenhuma importância especial no que diz
respeito à diversidade biológica, e depois é descoberto que, na verdade, a área em questão
possui remanescentes de mata atlântica que abrigam espécies raras da fauna e da flora e
que por isso a licença deve ser revisada.
Na terceira situação, a atividade é devidamente licenciada e passa a cumprir todas
as condicionantes da licença ambiental quando, em face de uma nova informação ou de
um caso de força maior, a atividade passa a causar graves riscos para o meio ambiente e
para a qualidade de vida da coletividade e por isso deve ser revisada. É o caso da
descoberta do potencial danoso de uma técnica ou substância utilizada no processo

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produtivo de uma determinada empresa e cuja adoção tinha sido recomendada pelo
próprio órgão ambiental como requisito para a concessão da licença, e também o de um
desastre natural a exemplo de um desmoronamento ou de uma tempestade que
comprometem o controle de segurança ambiental de uma determinada indústria.
Nessas duas situações, mesmo que o responsável pela atividade potencial ou
efetivamente poluidora tenha cumprido à risca a legislação ambiental e as condicionantes
do licenciamento, a simples iminência de graves riscos poderem ser causados ao meio
ambiente e à saúde da coletividade justifica a revisão da licença.
É claro que falar em revisão de uma licença não significa necessariamente a
nulidade do ato administrativo anteriormente proferido, mas um ajustamento das
condicionantes e das medidas de controle de adequação, com o intuito de diminuir ou de
retirar a possibilidade de ocorrência de danos ambientais. A revisão da licença ambiental
pode implicar na perda de validade temporária da mesma, a fim de que possam ser feitas
as adequações necessárias, ou na perda de validade definitiva quando não houver
possibilidade de adequação ou também na diminuição quantitativa ou qualitativa da
atividade.
Mas a revisão também pode ser benéfica ao titular da atividade potencial ou
efetivamente poluidora, na medida em que este poderá obter a licença ambiental não
conseguida anteriormente ou poderá obter um alargamento do objeto da licença ambiental
caso ocorram algumas situações que possam beneficiá-lo. As alíneas II e III do artigo 19
da Resolução 237/97 do Conama falam em omissão ou falsa descrição de informações
relevantes que subsidiaram a expedição da licença e superveniência de graves riscos
ambientais e de saúde como justificativa para que a licença ambiental seja revista.
É o caso do empreendedor que descobre que o laudo técnico que embasou a
negativa da concessão da licença é falso ou que o órgão ambiental não levou em
consideração dados essenciais, e que a mesma teria sido concedida se não fosse aquilo. É
o caso da negativa da concessão da licença motivada pela existência de forte
contaminação e grave risco para o meio ambiente e a saúde pública na área em que a
atividade pretendia se instalar, e que, após alguns anos depois do tratamento feito pelo
poder público ou por conta da própria recomposição natural, a área volta a ter as
características ambientais de antes.
A legislação fala em revisão do licenciamento, e não da licença ambiental,
exatamente por causa da possibilidade de não apenas as concessões como as negativas de
concessão também poderem ser reavaliadas, até porque a licença é apenas uma

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consequência do licenciamento. Nessas duas situações, pode ocorrer a revisão do
licenciamento em favor do titular da atividade potencial ou efetivamente poluidora, de
maneira que a licença possa ser concedida caso não tenha sido antes.
Se por causa da documentação falsa ou da existência da contaminação a licença
foi concedida em termos restritos, ela deverá ser revista de maneira a ser reeditada com
um conteúdo mais amplo do que o da licença anterior. Como a realidade ambiental e
socioeconômica também sofre modificações aceleradas que podem resultar em situações
de mudanças a serem ponderadas podem ocorrer tanto mudanças restritivas quanto
liberalizantes na modificação de uma licença ambiental.
Entretanto, é muito mais comum que a revisão do licenciamento ocorra para
restringir do que para ampliar direitos, até porque de uma forma geral a deterioração da
qualidade ambiental é um fenômeno internacional. Vale lembrar que a licença diz respeito
ao direito à livre iniciativa econômica do empreendedor e ao direito à saúde pública e à
salubridade ambiental da coletividade, tendo, inclusive, o objetivo de condicionar o
primeiro ao segundo.
A possibilidade de modificação ou de retirada da licença ambiental ocorre com
maior frequência na licença de operação, já que ao final do seu prazo de validade novos
padrões ambientais podem ser exigidos. De qualquer forma, as demais licenças
ambientais estão sujeitas a essa possibilidade de modificação também. Todavia, é
importante destacar que a regra é que durante aquele tempo pelo qual foi expedida a
validade da licença permanece, bem como as condicionantes estabelecidas, sendo os
casos de revisão do licenciamento exceção.

OBTENÇÃO DAS LICENÇAS AMBIENTAIS

Para obtenção do licenciamento de empreendimento ou atividade potencialmente


poluidores, o interessado deverá dirigir sua solicitação ao órgão ambiental competente
para emitir a licença, podendo esse ser o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos
Recursos Naturais Renováveis (Ibama), os órgãos de meio ambiente dos estados e do
Distrito Federal (Oemas) ou os órgãos municipais de meio ambiente (Ommas).
1º passo: Identificação do tipo de licença ambiental a ser requerida.
2º passo: Identificação do órgão a quem solicitar a licença.
3º passo: Solicitação de requerimento e cadastro industrial disponibilizados pelo
Estado.
4º passo: Coleta de dados e documentos.

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5º passo: Preenchimento do cadastro de atividade industrial.
6º passo: Requerimento da licença - Abertura de processo.
7º Passo: Publicação da abertura de processo.

O órgão ambiental poderá estabelecer prazos de análise diferenciados para cada


modalidade de licença, em função das peculiaridades da atividade ou empreendimento,
bem como para a formulação de exigências complementares, desde que observado o prazo
máximo de seis meses a contar do ato de protocolar o requerimento até seu deferimento
ou indeferimento, ressalvados os casos em que houver Estudo de Impacto Ambiental –
EIA e Relatório de Impacto Ambiental - Rima e/ou audiência pública, quando o prazo
será de até doze meses.

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1ª ETAPA - IDENTIFICAÇÃO DO ÓRGÃO AMBIENTAL
COMPETENTE PARA LICENCIAR
De acordo com o art. 23, incisos III, VI e VII da Constituição Federal, é
competência comum da União, dos estados, do Distrito Federal e dos municípios proteger
o meio ambiente, combater a poluição em qualquer de suas formas e preservar as
florestas, a fauna e a flora.
No âmbito do licenciamento, essa competência comum foi delimitada pela Lei
6.938/81. Esse normativo determinou que a tarefa de licenciar é, em regra, dos estados,
cabendo ao Ibama uma atuação supletiva, ou seja, substituir o órgão estadual em sua
ausência ou omissão. Portanto, não cabe ao órgão federal rever ou suplementar a licença
ambiental concedida pelos estados.
Ao Ibama também foi dada pelo dispositivo legal competência originária para
licenciar. Coube a esse órgão a responsabilidade pelo licenciamento de atividades e obras
com significativo impacto ambiental, de âmbito nacional ou regional. A Resolução
Conama 237/97 enquadra nessa situação os empreendimentos:
- localizados ou desenvolvidos conjuntamente no Brasil e em país limítrofe; no
mar territorial; na plataforma continental; na zona econômica exclusiva; em terras
indígenas ou em unidades de conservação do domínio da União;
- localizados ou desenvolvidos em dois ou mais estados;
- cujos impactos ambientais diretos ultrapassem os limites territoriais do País ou
de um ou mais estados;

60
- destinados a pesquisar, lavrar, produzir, beneficiar, transportar ou armazenar
material radioativo ou dele dispor, em qualquer estágio, ou que utilizem energia nuclear
em qualquer de suas formas e aplicações, mediante parecer da Comissão Nacional de
Energia Nuclear (CNEN);
- bases ou empreendimentos militares, quando couber, observada a legislação
específica.
A Lei de Gestão de Florestas Públicas (Lei 11.284/06) incluiu novas competências
originárias de licenciamento. A exploração de florestas e formações sucessoras, tanto de
domínio público como de domínio privado, dependerá de prévio licenciamento, em regra,
dos órgãos ambientais estaduais. Mas será de responsabilidade do Ibama quando se tratar
especificamente de:
- florestas públicas de domínio da União;
- unidades de conservação criadas pela União;
- exploração de florestas e formações sucessoras que envolvam manejo ou
supressão de espécies enquadradas no Anexo II da Convenção sobre Comércio
Internacional das Espécies da Flora e Fauna Selvagens em Perigo de Extinção-CITES,
promulgada pelo Decreto 76.623/75, com texto aprovado pelo Decreto Legislativo 54/75;
- exploração de florestas e formações sucessoras que envolvam manejo ou
supressão de florestas e formações sucessoras em imóveis rurais que abranjam dois ou
mais estados;
- supressão de florestas e outras formas de vegetação nativa em área maior que:
a) dois mil hectares em imóveis rurais localizados na Amazônia Legal;
b) mil hectares em imóveis rurais localizados nas demais regiões do país;
- supressão de florestas e formações sucessoras em obras ou atividades
potencialmente poluidoras licenciadas pelo Ibama;
- manejo florestal em área superior a cinquenta mil hectares.
A Resolução Conama 237/97 relaciona também as situações em que a
competência pelo licenciamento recai sobre os órgãos estaduais e distrital. São de sua
responsabilidade os empreendimentos e atividades:
- localizados ou desenvolvidos em mais de um município ou em unidades de
conservação de domínio estadual ou do Distrito Federal;
- localizados ou desenvolvidos nas florestas e demais formas de vegetação natural
de preservação permanente relacionadas no art. 2º da Lei 4.771/65 e em todas as que
assim forem consideradas por normas federais, estaduais ou municipais;

61
- cujos impactos ambientais diretos ultrapassem os limites territoriais de um ou
mais municípios;
- delegados pela União aos estados ou ao Distrito Federal por instrumento legal
ou convênio.
Aos órgãos ambientais municipais compete o licenciamento ambiental de
empreendimentos e atividades de impacto ambiental local e daqueles sobre os quais
houve delegação pelo estado por instrumento legal ou convênio.
Recente alteração na competência legal municipal para licenciar também foi
introduzida pela Lei de Gestão de Florestas Públicas, que modificou a Lei do Código
Florestal. Na exploração de florestas e formações sucessoras, tanto de domínio público
como de domínio privado, será competência dos municípios licenciar quando se referir a:
- florestas públicas de domínio do município;
- unidades de conservação criadas pelo município;
- casos que lhe forem delegados por convênio ou outro instrumento admissível,
ouvidos, quando couber, os órgãos competentes da União, dos estados e do Distrito
Federal.
A distribuição de competências realizada pelos normativos é matéria que, por
vezes, gera dúvidas e discussões acerca de qual esfera é responsável pelo licenciamento
frente a situações concretas. No Parecer 312/CONJUR/MMA/2004, a consultoria jurídica
do Ministério do Meio Ambiente examina um caso concreto de conflito de competência
entre o Ibama e o órgão estadual e traz esclarecimentos sobre o tema. A conclusão do
parecer afirma que o fundamento para repartição da competência para licenciamento entre
os entes da federação é o impacto ambiental do empreendimento. Não é relevante para
essa repartição se o bem é de domínio da União, dos estados ou dos municípios. O que se
considera é a predominância do interesse, com base no alcance dos impactos ambientais
diretos (e não indiretos) da atividade.

2ª ETAPA - LICENÇA PRÉVIA


Para a obtenção da licença prévia de um empreendimento, o interessado deverá
procurar o órgão ambiental competente ainda na fase preliminar de planejamento do
projeto. Inicialmente, o órgão ambiental definirá, com a participação do empreendedor,
os documentos, projetos e estudos ambientais necessários ao início do processo de
licenciamento.

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Em seguida, o empreendedor contratará a elaboração dos estudos ambientais, que
deverão contemplar todas as exigências determinadas pelo órgão licenciador. O Tribunal
de Contas da União já firmou entendimento de que o órgão ambiental não poderá admitir
a postergação de estudos de diagnóstico próprios da fase prévia para as fases posteriores
sob a forma de condicionantes do licenciamento (Acórdão 1.869/2006-Plenário-TCU,
item 2.2.2).
O empreendedor deverá requerer formalmente a licença e apresentar os estudos,
documentos e projetos definidos inicialmente. Nessa fase ainda não é apresentado o
projeto básico, que somente será elaborado depois de expedida a licença prévia. O pedido
de licenciamento deverá ser publicado em jornal oficial do ente federativo e em periódico
regional ou local de grande circulação
No procedimento de licenciamento ambiental deverá constar, obrigatoriamente, a
certidão da Prefeitura Municipal, declarando que o local e o tipo de empreendimento ou
atividade estão em conformidade com a legislação aplicável ao uso e ocupação do solo e,
quando for o caso, a autorização para supressão de vegetação e a outorga para o uso da
água, emitidas pelos órgãos competentes.
Após receber a solicitação de licença e a documentação pertinente, o órgão
ambiental analisará o processo e realizará, se necessário, vistoria técnica no local onde
será implantado o empreendimento. O órgão ambiental poderá solicitar esclarecimentos
e complementações das informações prestadas uma única vez, cabendo reiteração do
pedido, caso aqueles não tenham sido satisfatórios.
O empreendedor deverá atender à solicitação de esclarecimentos e
complementações formuladas pelo órgão ambiental, dentro do prazo máximo de quatro
meses, a contar do recebimento da respectiva notificação. Esse prazo poderá ser
prorrogado, desde que justificado e com a concordância do empreendedor e do órgão
ambiental. Caso as informações não sejam prestadas no prazo legal, o empreendedor
poderá ter seu pedido de licença arquivado. Isso ocasionará a necessidade de iniciar outro
processo de licenciamento, com novos custos de análise, se for do interesse do particular.
Poderá haver, em algumas situações, audiência pública nessa etapa, quando a
comunidade é chamada a avaliar os impactos ambientais e sociais do empreendimento e
as medidas mitigadoras de cada um deles. As aludidas audiências estão disciplinadas pela
Resolução Conama 09/87 e têm por objetivo expor aos interessados o conteúdo do Estudo
de Impacto Ambiental – EIA e do Relatório de Impactos sobre o Meio Ambiente – Rima,
esclarecendo dúvidas e recolhendo críticas e sugestões a respeito. Se ocorrer audiência,

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abre-se novo prazo para esclarecimentos e complementações decorrentes dos debates e
questões levantadas pelo público.
A definição da necessidade de audiência pública, no caso concreto, é feita: a) a
critério do órgão ambiental; b) por solicitação de entidade civil; c) por solicitação do
Ministério Público; ou d) por abaixo-assinado de pelo menos 50 cidadãos. De qualquer
forma, o órgão ambiental deve abrir prazo de 45 dias para a solicitação de audiência
pública, a partir da data do recebimento do Rima. No caso de haver solicitação na forma
regimental e o órgão ambiental negar a realização, a licença prévia concedida será
considerada nula.
Finalizada a análise, o órgão licenciador emite parecer técnico conclusivo e,
quando couber, parecer jurídico, decidindo pelo deferimento ou indeferimento do pedido
de licença, dando-se a devida publicidade. Conforme entendimento firmado pelo Tribunal
de Contas da União no Acórdão 1.869/2006-Plenário-TCU, o órgão ambiental deverá
emitir parecer técnico conclusivo que exprima de forma clara suas conclusões e propostas
de encaminhamento bem como sua opinião sobre a viabilidade ambiental do
empreendimento.
Ao expedir a licença prévia, o órgão ambiental estabelecerá as medidas
mitigadoras que devem ser contempladas no projeto de implantação. O cumprimento
dessas medidas é condição para se solicitar e obter a licença de instalação.
Após pagamento e retirada da licença prévia, o empreendedor deve publicar
informativo comunicando a concessão no diário oficial da esfera de governo que licenciou
e em jornal de grande circulação.
Nos casos de licenciamento ambiental de empreendimentos com significativo
impacto ambiental - assim considerado pelo órgão ambiental, com fundamento em estudo
de impacto ambiental e respectivo relatório (EIA/Rima) -, o empreendedor é obrigado a
apoiar financeiramente a implantação e manutenção de unidade de conservação do Grupo
de Proteção Integral. Para tanto, o órgão licenciador estabelecerá esse montante com base
em percentual sobre os custos totais previstos do empreendimento, de acordo com o grau
de impacto ambiental. Este percentual será de, no mínimo, 0,5%.

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3ª ETAPA - ELABORAÇÃO DO PROJETO BÁSICO
De posse da LP, o próximo passo do empreendedor é elaborar o projeto básico do
empreendimento (projeto de engenharia). O projeto básico é o conjunto de elementos
necessários e suficientes, com nível de precisão adequado para caracterizar a obra, o
serviço, o complexo de obras ou o complexo de serviços objeto da licitação. Ele é
elaborado com base nas indicações dos estudos técnicos preliminares, de forma a
assegurar a viabilidade técnica e o adequado tratamento do impacto ambiental do
empreendimento. O projeto deve possibilitar a avaliação do custo da obra e a definição
dos métodos e do prazo de execução.
O adequado tratamento da questão ambiental no projeto básico significa adotar,
na sua elaboração, a localização e a solução técnica aprovadas na licença prévia e incluir
as medidas mitigadoras e compensatórias definidas como condicionantes na licença
prévia no item “identificação dos tipos de serviços a executar e de materiais e
equipamentos a incorporar à obra”.
A elaboração do projeto básico antes da concessão da licença prévia não deve ser
adotada. Ao solicitar essa licença, o empreendedor não tem garantia de que ela será
outorgada. Também é possível que, para ser autorizada, o projeto tenha que sofrer
modificações em itens como localização e solução técnica. Por isso, não faz sentido
gastarem-se recursos com a elaboração de projeto básico que pode não ser autorizado ou
possivelmente tenha de ser modificado na sua essência. Recomenda-se assim que ele seja
elaborado após a concessão da licença prévia, quando estará atestada a viabilidade
ambiental no que concerne à localização e à concepção do empreendimento.
Reconhecendo a necessidade da existência de licença prévia anterior ao projeto
básico, o TCU proferiu o Acórdão 516/2003-TCUPlenário, qualificando como indício de
irregularidade grave, para efeitos de suspensão de repasses de recursos federais, a juízo
do Congresso Nacional, a contratação de obras com base em projeto básico elaborado
sem a existência de licença ambiental prévia.

4ª ETAPA - LICENÇA DE INSTALAÇÃO


A solicitação da licença de instalação deverá ser dirigida ao mesmo órgão
ambiental que emitiu a licença prévia.
Quando da solicitação da licença de instalação, o empreendedor deve:
- comprovar o cumprimento das condicionantes estabelecidas na licença prévia;

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- apresentar os planos, programas e projetos ambientais detalhados e respectivos
cronogramas de implementação;
- apresentar o detalhamento das partes dos projetos de engenharia que tenham
relação com questões ambientais.
Os planos, programas e projetos ambientais detalhados serão objeto de análise
técnica no órgão ambiental, com manifestação, se for o caso, de órgãos ambientais de
outras esferas de governo. Após essa análise, é elaborado parecer técnico com
posicionamento a favor ou contra a concessão da licença de instalação.
Concluída a análise, o empreendedor efetua o pagamento do valor cobrado pela
licença, recebe-a e publica anúncio de sua concessão no diário oficial da esfera de governo
que concedeu a licença e em periódico de grande circulação na região onde se instalará o
empreendimento.
Durante a vigência da licença de instalação, o empreendedor deve implementar as
condicionantes determinadas, com o objetivo de prevenir ou remediar impactos sociais e
ambientais que possam ocorrer durante a fase de construção da obra, por meio de medidas
que devem ser tomadas antes do início de operação. O cumprimento das condicionantes
é indispensável para a solicitação e obtenção da licença de operação.

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5ª ETAPA - LICENÇA DE OPERAÇÃO
Ao requerer a licença de operação, o empreendedor deve comprovar junto ao
mesmo órgão ambiental que concedeu as licenças prévia e de instalação:
- a implantação de todos os programas ambientais que deveriam ter sido
executados durante a vigência da licença de instalação;
- a execução do cronograma físico-financeiro do projeto de compensação
ambiental;
- o cumprimento de todas as condicionantes estabelecidas quando da concessão
da licença de instalação. Caso esteja pendente alguma condicionante da licença prévia,
sua implementação também deverá ser comprovada nessa oportunidade.
Após requerer a licença de operação, e antes da sua obtenção, o interessado poderá
realizar testes pré-operacionais exclusivamente após autorização do órgão ambiental.
Com base nos documentos, projetos e estudos solicitados ao empreendedor, em
pareceres de outros órgãos ambientais porventura consultados e em vistoria técnica no
local do empreendimento, o órgão elabora parecer técnico sobre a possibilidade da
concessão da licença de operação. Em caso favorável, o interessado deve efetuar o
pagamento da licença e providenciar a publicação de comunicado a respeito do fato no
diário oficial da esfera de governo que licenciou e em jornal regional ou local de grande
circulação.
Concedida a licença de operação, fica o empreendedor obrigado a implementar as
medidas de controle ambiental e as demais condicionantes estabelecidas, sob pena de ter
a LO suspensa ou cancelada pelo órgão outorgante. Normalmente as condicionantes
visam à implementação correta dos programas de monitoramento e acompanhamento
ambiental do empreendimento. Também objetivam prevenir riscos à saúde e ao meio
ambiente.

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REGULARIZAÇÃO DE EMPREENDIMENTO NÃO LICENCIADO
DEVIDAMENTE
Caso as obras se iniciem sem a competente licença de instalação ou as operações
comecem antes da licença de operação, o empreendedor incorre em crime ambiental,
conforme previsto no art. 60 da Lei de Crimes Ambientais (Lei 9.605/98).
Para permitir a regularização de empreendimentos, foi estabelecido pelo art. 79-
A da Lei de Crimes Ambientais (introduzido pela MP 2.163-41, de 23 de agosto de 2001)
o instrumento denominado Termo de Compromisso. É importante observar que o Termo
de Compromisso não tem por finalidade aceitar o empreendimento irregular. Ao
contrário, serve exclusivamente para permitir que as pessoas físicas ou jurídicas
responsáveis por empreendimentos irregulares promovam as necessárias correções de
suas atividades, mediante o atendimento das exigências impostas pelas autoridades
ambientais competentes.
No caso de obras já iniciadas, o órgão ambiental, ao considerar o caso particular,
levando em conta o cronograma da obra, os impactos ambientais e os necessários
programas de controle ambiental, celebrará Termo de Compromisso com o
empreendedor. Nesse caso, será emitida a licença de instalação, sem a necessidade de
recorrer ao licenciamento prévio. Ao celebrar o Termo, o empreendedor beneficia-se da
suspensão da multa porventura aplicada em decorrência da ausência de licenciamento.

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REFERÊNCIAS

BRASIL. CONAMA. CONSELHO NACIONAL DO MEIO AMBIENTE. Ministério


do Meio Ambiente. Resolução do CONAMA Nº 237/97.

BRASIL. CONAMA. CONSELHO NACIONAL DO MEIO AMBIENTE. Ministério


do Meio Ambiente. Resolução do CONAMA Nº 378/06. Define os empreendimentos
potencialmente causadores de impacto ambiental nacional ou regional, para fins do
disposto no inciso III do § 1º do art. 19 da Lei 4.771/65, modificada pela Lei 11.284/06.

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Lei 8.666/93, art. 6º, IX.

Lei de Crimes Ambientais (introduzido pela MP 2.163-41, de 23 de agosto de 2001),


art. 79-A, § 3º.

Lei do Código Florestal 4.771/65, art. 19, § 2º, modificada pela Lei 11.284/06.
SNUC – Sistema Nacional de Unidades de Conservação; Lei 9.985/00, art. 36.

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Parecer 312/CONJUR/MMA/2004 disponível no endereço eletrônico:


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