Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
Carla Pereira
2016
Índice
Introdução-----------------------------------------------------------------------------4
Conclusão----------------------------------------------------------------------------40
Velhice – Ciclo Vital e Aspetos Sociais
Carla Pereira 3
CENTRO DE EMPREGO DA MAIA
Introdução
Este manual consiste numa explicação sobre o que é a velhice explicando o seu processo
através de diversas teorias. O envelhecimento é um fenómeno universal, irreversível e
inevitável em todos os seres vivos e o organismo humano no decorrer de seu
desenvolvimento passa por um processo dinâmico de transformações.
Todo indivíduo ocupa uma posição na sociedade a que pertence, com maior ou menor
prestígio, menores ou maiores ganhos, menor ou maior poder. Na realidade são muitos os
papéis atribuídos a um só indivíduo ao longo da sua história de vida, com implicações
relativas aos modelos de sociedade. Os papéis sociais atribuídos ou conquistados têm em
vista a interação social e resultam do processo de socialização, e perceberemos quais os
papéis que uma pessoa terá na sua velhice.
Objetivos Gerais
Carla Pereira 4
CENTRO DE EMPREGO DA MAIA
Objetivos específicos
Carla Pereira 5
CENTRO DE EMPREGO DA MAIA
De acordo com Netto, as tarefas de desenvolvimento são “lições” que as pessoas devem
aprender ao longo da sua existência para se desenvolverem de forma satisfatória e terem
êxito na vida. As tarefas não são estanques em cada etapa, embora algumas sejam
preferencialmente típicas de uma determinada fase. Em cada fase todas se relacionam
Carla Pereira 6
CENTRO DE EMPREGO DA MAIA
entre si e o estrago numa das tarefas pode comprometer o desenvolvimento futuro dessa
tarefa ou de posteriores, isto é, cada fase de tempo da vida é influenciada pelo que
aconteceu antes, e o que se vive hoje afetará os acontecimentos futuros.
Na infância o indivíduo tem como tarefa básica dominar a leitura e a escrita que servirá
de instrumento para a sua independência, para uma comunicação mais ampla e efetiva,
que posteriormente facilitarão as escolhas de formação e profissionalização, entre outras
possibilidades. Muitas vezes contingências sejam elas sócio culturais ou económicas,
certas vezes, impossibilitam o cumprimento dessa tarefa no momento apropriado do ciclo
da vida. Muitas pessoas não conseguem cumprir a tarefa, outras só irão cumpri-la na
adolescência, na vida adulta ou até mesmo na velhice. Seguramente isso afeta o
cumprimento de outras tarefas posteriores e representa muitas vezes perda de autoestima,
redução na sua qualidade de vida, exclusão.
Os idosos têm tarefas que se diferenciam das outras idades, por seu carácter funcional,
uma vez que são mais defensivas e preventivas mas isso não é razão para se ter uma
perspetiva negativa da velhice. As tarefas dos idosos são, ajustar-se ao decréscimo da
força e saúde; ajustar-se à reforma; ajustar-se à morte do(a) esposo(a); estabelecer filiação
a um grupo de pessoas idosas; manter obrigações sociais e cívicas assim como investir
Velhice – Ciclo Vital e Aspetos Sociais
Cumprir todas as tarefas é importante, como é importante também que o idoso conte com
o apoio da família, da sociedade e dos profissionais que atuam na área. Desta forma: ele
poderá ter uma velhice bem-sucedida e usufruir do prazer de ser e de viver, contribuindo
para o bem de todo.
Carla Pereira 7
CENTRO DE EMPREGO DA MAIA
Teoria da Continuidade
Teoria da Atividade
Teoria da desinserção
Carla Pereira 8
CENTRO DE EMPREGO DA MAIA
começo, porque de acordo com o nível no qual ele se situa (biológico, psicológico, social),
a sua velocidade e gravidade variam de indivíduo para indivíduo.
Carla Pereira 9
CENTRO DE EMPREGO DA MAIA
Robert C. Peck
Os dois últimos estádios de Erikson dão uma definição demasiado
geral da idade adulta e velhice e portanto, Peck procurou uma
definição mais precisa para as questões relacionadas com a meia-
idade e velhice.
Então, expande a teoria de Erikson, e descreve três ajustes
psicológicos importantes para a fase final da vida:
Velhice – Ciclo Vital e Aspetos Sociais
1. Definições mais amplas do “eu” contra uma preocupação com papéis de trabalho
- São aqueles que definiram as suas vidas pelo trabalho, direcionando o seu tempo
à conquista de méritos profissionais pessoais;
2. Superioridade do corpo contra preocupação do corpo - Aqueles para que o bem-
estar físico é primordial à existência feliz, poderão ficarem mergulhados no
desespero ao enfrentarem a diminuição progressiva da saúde, com a chegada da
Carla Pereira 10
CENTRO DE EMPREGO DA MAIA
terceira idade, e o surgimento das dores e limitações físicas. Peck afirma que ao
longo da vida, as pessoas precisam cultivar faculdades mentais e sociais que
cresçam com a idade.
3. Superioridade do “eu” contra uma preocupação com o “eu” - provavelmente o
mais duro e mais importante ajuste para o idoso seja a preocupação com a morte
próxima. O reconhecimento do significado duradouro de tudo o que fizeram
ajudará a superar a preocupação com o eu e continuarem a contribuir para o bem-
estar próprio e dos outros.
A Teoria do Curso da Vida - Humana de Charlotte Buhler explica que cada fase é definida
a partir de:
Mudanças em termos de acontecimentos, atitudes e realizações durante o ciclo de
vida;
Forma como são geridos os objetivos pessoais de cada indivíduo.
Idade Fase
Velhice – Ciclo Vital e Aspetos Sociais
Carla Pereira 11
CENTRO DE EMPREGO DA MAIA
Carla Pereira 12
CENTRO DE EMPREGO DA MAIA
O início da idade adulta varia de um indivíduo para o outro e uma passagem adequada
para essa fase depende da resolução satisfatória das crises da infância e da adolescência.
É um período de grandes mudanças, no qual a pessoa adquire total maturidade e
apresenta o máximo em seu potencial para a satisfação pessoal. A pessoa deve ser capaz
de mudar sempre para atender às exigências das situações. Esta fase é marcada por várias
transições e transformações.
A noção de carreira passa a ser vista como uma responsabilidade dos indivíduos, que para
se ajustarem na estrutura organizacional, passam a desenvolver competências e
habilidades que atendam às atribuições de suas novas funções, além das necessidades e
expectativas da organização.
O casamento é um processo que passa por transições, por fases e evolui, ou seja, está em
constante mudança.
Todos os casamentos saudáveis experimentam a mudança e a transição. E isso é o que os
mantém vivos e em crescimento. Algumas fases de crescimento são previsíveis, outras
não.
O casamento divide-se cronologicamente:
Recém-casados (0 - 5 anos),os primeiros anos de profundo conhecimento
do novo casal.
Crescimento (6 - 25 anos), geralmente coincide com a fase ativa dos
cônjuges, chegada e crescimento dos filhos.
Maturidade (acima de 26 anos), também conhecido como a fase do
“ninho vazio”, quando os filhos começam a sair de casa para se casarem.
Velhice – Ciclo Vital e Aspetos Sociais
Carla Pereira 13
CENTRO DE EMPREGO DA MAIA
Formação do Casal, Família com filhos Pequenos; Família com Filhos na Escola; Família
com Filhos Adolescentes, Família com Filhos Adultos.
Principais desenvolvimentos
Rugas
Cabelos brancos
Redução de agilidade
Redução de força física
Falta de firmeza nas mãos e nas pernas
Perda de sensibilidade no tato
A artéria coronária com o passar dos anos tende a estreitar, tornando-se em parte
bloqueada.
Processo do envelhecimento
Segundo Nieman (1999), aproximadamente 85% das pessoas idosas apresentam uma ou
mais das seguintes doenças ou problemas de saúde: Artrite (48%); Hipertensão arterial
(36%); Cardiopatias (32%); Comprometimento da audição (32%) Comprometimentos
ortopédicos (19%);Catarata (17%); Diabetes (11%); Comprometimento visual (9%);
Carla Pereira 15
CENTRO DE EMPREGO DA MAIA
Alzheimer (de 4 a 11%). O Organismo humano sofre uma contínua redução na capacidade
de realizar suas funções, sendo estas perdas naturais e inventáveis. No entanto, condições
ambientais como o estilo de vida parecem estar diretamente ligadas à forma e velocidade
que este processo irá acontecer.
As razões apontadas pela Organização Mundial de Saúde (OMS) que fundamentam que
a idade dos 65 anos e mais serve para definir as pessoas como idosas, vão no sentido de
que o avanço da idade aumenta os riscos do sujeito associando-os às modificações físicas,
psíquicas, e sociais influenciadas por fatores intrínsecas e extrínsecos ao sujeito.
Idade física e biológica – Que tem em conta ao ritmo a que cada indivíduo
envelhece.
Velhice – Ciclo Vital e Aspetos Sociais
Carla Pereira 16
CENTRO DE EMPREGO DA MAIA
Associando os fundamentos destas definições constatamos que todas elas incluem, na sua
definição, a influência que a interação do sujeito tem com os padrões de vida que o rodeia
e socializa. O fator de idade não serve para esclarecer quem é velho e quem não o é,
“Alguns parecem velhos aos 45 anos de idade e outros jovens aos 70 anos”, Baldessin
(1996).
De uma forma geral, a sociedade vê a velhice como uma fase de declínio intelectual (“ a
memória está fraca”, uma fase na qual a demência se instala (estado de confusão,
esquecimento e mudanças na personalidade irreversível). É uma fase na qual há uma
mudança de estatuto – a reforma. Isto significa mais tempo livre ou a adoção de novos
papéis e uma nova realidade física, económica e social.
Carla Pereira 17
CENTRO DE EMPREGO DA MAIA
Diversos problemas cognitivos aparecem na velhice e poderão não ser reflexo da idade,
mas de fatores, tais como: depressão, inatividade, efeitos secundários de medicação,
isolamento social, pobreza, falta de motivação, falta de cuidados pessoais. No passado
eram os mais velhos que desempenhavam o papel de formadores na transmissão de
experiências e conhecimento.
A partir daqui a função social da família perdeu importância dando lugar ao aparecimento
de um grupo de idade – os mais velhos – reconduzindo-o para um estatuto de inutilidade.
Carla Pereira 18
CENTRO DE EMPREGO DA MAIA
Mitos da Velhice
Atitudes, mitos e estereótipos
Estigma social – É uma forte desaprovação de características ou crenças pessoais que vão
contra normas culturais. Estigmas sociais frequentemente levam à marginalização.
pessoas valem pelo que elas produzem e pelo que elas conseguem possuir em
função disto. É um mito totalmente baseado na produção material e na ganância.
“Mito da pouca criatividade e da capacidade para Aprender” – Afirma
que as pessoas em idade avançada não têm mais capacidade. É certo que os idosos
contam com maior lentidão e não possuem mais tanta atenção, memória e
Carla Pereira 19
CENTRO DE EMPREGO DA MAIA
agilidade. Porém são capazes e aprender muito, o que se necessita é criar outras
formas de ensino que se voltem para as necessidades e habilidades anciães. Não
se pode querer de um ancião que aprenda como uma criança ou um jovem.
“Mito da Assexualidade” – nasceu de tabus culturais e de atitudes de
muitos profissionais. As pessoas velhas são julgadas como carentes de desejos
sexuais e, no caso de manifestarem este desejo, são tidas como anormais. Se julga
que a sexualidade e as relações sexuais estejam reservadas para os jovens e
geralmente sexualidade é confundida com genitália, e não vista como uma
dimensão do ser humano que está sempre presente.
Um conceito mais recente que define a velhice como uma fase do processo evolutivo vem
substituindo na maioria das sociedades o antigo significado do envelhecer, conceito que
trazia toda uma carga de negatividade. A velhice não se constituía objeto de preocupação
social, antes, os idosos eram tratados com atitudes filantrópicas e benevolentes com o
intento ocultar os valores negativos que a sociedade que se modernizava lhe impunha.
Considerava-se os idosos como alguém que existiu no passado, que realizou o seu
percurso psicossocial e espera o momento fatídico para sair da cena do mundo.
Atualmente, a velhice passa a ser objeto de cuidado a atenção especiais, que eram
certamente inexistentes nos últimos dois séculos. A mudança que se observa nas relações
que a sociedade estabelece com a velhice, não se verifica apenas pela mudança de valores,
mas pelo aumento de esperança de vida devido ao progresso da medicina que com todo o
seu aparato tecnológico enfrenta as doenças crónicas favorecendo a longevidade e
contribuído dessa forma como um dos fatores para o aumento significativo da população
idosa, principalmente nos países jovens.
A sociedade e o estado não podem mais ignorar o idoso, que se tornou ator na cena política
e social, redefinindo imagens estereotipadas nas quais a velhice aparece associada à
solidão, doença, viuvez, e morte, enfatizando essa fase de vida como uma condição
desfavorável, muitas vezes indesejadas.
Carla Pereira 20
CENTRO DE EMPREGO DA MAIA
Uma iniciativa que aqui, como em outros países se vem fomentando são as Universidades
Abertas da Terceira Idade, instituições públicas e privadas que têm trazido para dentro de
seus espaços um número cada vez maior de idosos que procuram retomar o seu ligar na
sociedade, participando como sujeitos de saber e não apenas como objetos de estudo.
Vários são os preconceitos, mitos e ideias erróneas sobre o envelhecer que somado às
mudanças, perdas e incertezas que acompanham esta etapa da vida, transforma-se em
verdadeiros “Fantasmas do Envelhecer”. Isso dificulta a relação das pessoas com essa
nova imagem, levando-as a rejeitar o envelhecimento como um “processo dinâmico,
gradual, natural e inevitável”.
Mas são poucas as enfermidades próprias do envelhecer, a pessoa que envelhece que
adoece como qualquer outro. O que se recomenda é uma maior atenção à sua saúde física
e psíquica e o estímulo ao autocuidado uma vez que as suas defesas estão diminuídas,
ocorrendo maior exposição às doenças.
Carla Pereira 21
CENTRO DE EMPREGO DA MAIA
mercado de trabalho, isto é, para produzir. Por isso, parece tão estranho a figura do idoso
ocupando um lugar nas salas de aula, nas oficinas, disputando vagas nas universidades e
até mesmo no mercado de trabalho.
O preconceito em relação à sexualidade é um dos que mais pesam sobre a pessoa que
envelhece. Dois fatores que influenciam estas crenças:
Carla Pereira 22
CENTRO DE EMPREGO DA MAIA
A mulher que sempre foi vítima dos mitos e ideias erróneas sobre a menstruação, a
gravidez e o parto e cuja educação rígida a impediu de viver o prazer, vê-se nessa fase da
vida, impedida, pela família e pela sociedade, de exercer o direito à sua sexualidade.
Torna-se assexuada. Embora se saiba que “biologicamente a sexualidade da mulher é
menos atingida pela velhice do que a do homem”, para elas chegar à menopausa significa
não só parar de reproduzir, mas, abdicar de toda possibilidade de prazer.
Quanto ao homem, a quem foi dado todo o direito ao sexo, envelhecer significa diminuir
o seu poder e isto torna-se mais penoso para ele do que para a mulher. Para ambos, sob
pena de serem vistos como anormais, desejo, prazer, atividade sexual estão proibidos
negando a sexualidade coo uma função humana que está presente em todas as fases do
desenvolvimento com características diferentes em cada uma elas.
Para muitas pessoas o facto de o idoso evocar as suas lembranças é sinal de eu as suas
funções intelectuais estão a entrar em deterioração.
Carla Pereira 23
CENTRO DE EMPREGO DA MAIA
MITO FACTO
Imagem negativa da velhice A velhice e uma etapa vital peculiar. Existem velhos ativos, sadios e
participantes.
Frequentemente associada à doença, morte, Doença, inatividade e morte pode ocorrer em qualquer faixa etária.
dependência, decadência, solidão.
Criança para brincar, adulto para trabalhar e Todas as idades, todas as funções. Projeto d vida não só para descansar,
o velho para descansar. “ Não é para a nem só para viver coisas fúteis. O velho pode brincar, trabalhar e
senhora fazer nada, tem que descansar…” descansar.
A memória e a inteligência diminuem co a Não diminuem necessariamente, mas modificam-se. Necessidade de
idade. “Demente…” exercitar-te a memória continuamente. Produção intelectual, artística,
empresarial, social, religiosa, pessoas com mais de 65 anos.
O velho não aprende, é desatento, não Aprendem e prestam atenção ao que lhes interessa, ao que corresponde
presta tenção a nada. “Caduco…” às suas necessidades, aos seus anseios. Existem velhos que continuam
a produzir a nível económico, social, cultural e artístico.
Velho assexuado, perde o interesse e a Relações sexuais mantidas. Ocorre redução de frequência, falta de
capacidade sexual. “ Velho interesse e parceiros.
depravado…Velho assanhado…”
Velho não tem futuro. Já deu o que tinha a As pessoas devem preparar-se para envelhecer, fazer planos e projetos.
dar. “ Isso não é mais para mim…” O projeto da vida pressupõe criatividade, autonomia, educação
permanente.
O velho só vive com o passado. “ No meu O velho é uma pessoa que envelheceu, com a sua história de vida, com
tempo… Não é do meu tempo…” o seu passado, tem um presente, e é necessário construir um futuro sem
anular as outras etapas da vida. A maioria das pessoas vive a velhice,
desconsiderando toda uma história de vida.
O velho só deve conviver com o velho. Laços de amizade fazem bem ao corpo e a alma. O ser humano é um
ser social. Grupo da terceira idade, grupo da igreja, centros de
convivência são importantes. Mas não deve ocorrer se entre idosos,
Velhice – Ciclo Vital e Aspetos Sociais
Carla Pereira 24
CENTRO DE EMPREGO DA MAIA
A qualidade de vida dos idosos sofre os efeitos de numerosos fatores, entre eles o
preconceito dos profissionais, familiares e dos próprios idosos em relação à velhice. Há,
assim, a necessidade de trabalhar esses mitos desde infância, através dos meios de
comunicação social, nas escolas e nas famílias.
Representações da Morte
Podemos considerar a morte como a maior das crises que o homem enfrenta. Todas nós
enfrentamos crises, algumas superáveis outras não, e embora estejam sempre presentes
há uma diferença que interfere na possibilidade de seu enfrentamento; na terceira idade
as perdas aceleram-se, sendo que o tempo para superá-las é menor. Pode ocorrer, no
entanto, o idoso sentir-se incapacitado ou frágil para enfrentá-las instalando-se assim uma
Velhice – Ciclo Vital e Aspetos Sociais
crise mais séria. Mesmo considerando que envelhecer e adoecer não sejam sinônimos,
não podemos ignorar que determinadas enfermidades são mais frequentes em idosos.
Existem as doenças psicossomáticas e ainda as modificações orgânicas que não são
doenças, ou seja, tudo isto se reflete na autoestima. Todos os conflitos gerados por estas
situações, geram a preferência da morte em detrimento pela dor física ou psíquica. Como
se não bastasse há ainda o preconceito contra o envelhecimento, o sentimento de ser um
Carla Pereira 25
CENTRO DE EMPREGO DA MAIA
fardo pesado a alguém. A sensação de perdas das pessoas que se ama, da beleza, do vigor,
da saúde, da utilidade gera a imagem do “espelho quebrado”.
características.
Cada pessoa teme mais um certo aspeto da morte. Afirma-se que se deve considerar a
morte sob duas conceções:
Ao pensar a sua morte, casa pessoa pode relacioná-la a um dos seguintes aspetos:
O que parece mais temido na morte depende da época de vida de cada um e das
circunstâncias do momento como, por exemplo: o perigo eminente devido a situações
externas de guerras, crimes violência; perturbações internas que ameaçam o sujeito, como
medos e fobias, ou mesmo a morte de alguém.
Para alguns a morte amedronta, pois é vista como um fim ou como perda da consciência
idêntica ao adormecer, desmaiar ou perder o controlo. O medo da morte pode conter
também o medo da solidão, da separação de quem se ama, o medo do desconhecido, o
medo do julgamento pelos atos terrenos, o medo que possa ocorrer aos dependentes, o
medo da interrupção dos planos e fracasso em realizar objetivos mais importantes da
pessoa. São tantos os medos, que algum sem dúvida faz parte da nossa vida.
Os fatores que mais influenciam, no sentido de conter o medo da morte, são: a maturidade
psicológica do indivíduo, a sua capacidade de enfrentamento, a orientação e o
envolvimento religioso que possa ter e a sua própria idade.
Dificuldade em adaptar-se
Carla Pereira 27
CENTRO DE EMPREGO DA MAIA
Quando existe uma doença grave, ou outra condição de saúde, incluindo aspetos físicos,
mentais e sociais que gera sofrimento, a morte passa a ser não só uma probabilidade mas
também uma alternativa.
prestígio e posses.
Carla Pereira 28
CENTRO DE EMPREGO DA MAIA
reforçar a exclusão social daqueles que não produzem mais dentro dos moldes das
sociedades capitalistas.
A partir dos anos 60, mudanças em França tornaram os vocábulos “velhos” e “velhotes”
pejorativos, sendo suprimidos dos textos oficiais e substituído pelo termo “idoso”,
transformando a representação das pessoas mais envelhecidas.
Surge, então, um novo vocábulo para designar o grupo: a “terceira idade”, etapa interposta
entre a reforma e a velhice. Entretanto, a colocação de todos os idosos sob o rótulo de
terceira idade tem criado novos recortes como o “velho jovem” e o “jovem velho”. A
terceira idade torna-se categoria classificatória de uma classe heterogénea, mascarando a
realidade social.
Assim, constando-se o prolongamento da vida sem a melhoria das suas condições, torna-
se o idoso um estorvo social face à economia capitalista.
Carla Pereira 29
CENTRO DE EMPREGO DA MAIA
A reforma pode ser recebida de diferentes formas pelos idosos: uns aceitam-na como
recompensa pelos anos em que trabalharam, outros recebem-na de forma negativa,
associando-a ao afastamento social e a perda do papel produtivo, tornando-se um sintoma
social do envelhecimento.
Na sociedade atual, prega-se o respeito aos mais velhos enquanto se exige deles um lugar
para os jovens na produção, pois a valorização do profissional é proporcional à sua
juventude e capacidade de produção.
Novas estratégias para a transição para a reforma precisam de ser criadas com o objetivo
de preparar as pessoas para a mudança, de forma a se programarem para alcançar novos
projetos de vida após a reforma.
os idosos não podem errar. Deles esperamos infinita tolerância, perdão, ou uma
abnegação servil para a família. Momentos de cólera, de esquecimento, de fraqueza são
duramente cobrados aos idosos e podem ser o início do seu banimento do seu grupo
familiar.
Carla Pereira 30
CENTRO DE EMPREGO DA MAIA
A relação dos familiares com o idoso também se modificou. Representando como frágil,
é poupado de discussões e decisões familiares. Desta forma, é-lhe negado a possibilidade
de conflito através da abdicação do diálogo. Isto contribui para que ele reclame do
abandono dos filhos e sinta-se banido e rejeitado.
Os valores juvenis hoje difundidos têm feito com que o idoso se sinta inútil e indesejado,
tornando-se depressivo, ansioso, introspetivo, e reflexivo, pensando no tempo que falta
viver. A velhice torna-se ruína, uma vez que não se conserva os padrões de juventude
eternamente.
O homem tende abandonar o espaço de trabalho para o espaço doméstico, a mulher tende
a adaptar-se melhor à velhice, pois não se afasta tanto da esfera privada do lar. Elas
tendem a conceber a velhice com tranquilidade, liberdade, e felicidade, sem a autoridade
comum dos maridos, e sem preocupação com o espaço público. Para eles, a velhice tende
a traduzir-se pela desobrigação do trabalho, possibilidade de desfrute e lazer.
Homens tende a avaliar a sua idade pela produção no trabalho e as mudanças na saúde,
enquanto as mulheres a avaliam de acordo com as mudanças a nível familiar (saída dos
Velhice – Ciclo Vital e Aspetos Sociais
Na velhice é preciso saber refletir sobre o vivido, assumindo novas posturas, como o
resgate de valores e modos de viver ainda não assumido; o rompimento de rotinas, a
retomada de planos de vida incompleta; o resgate de desejos pessoais; o retorno às
emoções e sentimentos; e a reconstrução da identidade pessoal e social com base em
Carla Pereira 31
CENTRO DE EMPREGO DA MAIA
Em função das suas representações sociais sobre a velhice, idosos assumem práticas
sociais que valorizam ou não a si mesmos. Para uns, ser idoso é começar a adoecer, não
ver bem, esquecer tudo, deprimir-se, sentir-se inferior e perder o entusiasmo pela vida.
Para outros, é tempo de novas experiências e conquistas, de convívio com amigos,
viagens, ajuda aos outros e desenvolvimento de capacidades.
Sexualidade
Velhice – Ciclo Vital e Aspetos Sociais
O que interfere na vida sexual do velho é mais de ordem psicológica e social do que da
ordem das limitações orgânicas. Ao pensarmos na velhice temos que considerar que ela
é uma das possibilidades da condição humana. Há vida na velhice como em qualquer
outro momento da existência das pessoas. O sexo, como as outras instâncias da vida, não
deixa de se fazer presente na vida dos idosos. Ele se reinventa, toma novas formas e
expressões, não tem mais a exuberância e turbulência de quando se é jovem, mas mantém
Carla Pereira 33
CENTRO DE EMPREGO DA MAIA
toda a carga emotiva e afetiva que, em todo e qualquer relacionamento sexual saudável,
se faz presente, independentemente da idade, da raça ou da opção sexual.
Envelhecer difere de indivíduo para indivíduo e também de país para país, assim como
de uma região para outra. Na verdade o processo de envelhecimento depende em grande
parte dos hábitos de vida do indivíduo e dos seus comportamentos. Este pode ser encarado
pelo idoso como o apogeu de uma vida ou como um estado de decadência (Meirelles
1997).
Velhice é uma fase do desenvolvimento marcada por múltiplas perdas, mortes concretas
e simbólicas, que demandam trabalho de luto. São perdas significativas que fazem parte
dessa fase, mas não deixa de haver possibilidade de aprendizagens e crescimento pessoal,
pois a vivência do envelhecer depende tanto dos recursos internos, quanto das condições
de apoio oferecidas pela família e sociedade.
Vários estudos têm vindo a ser realizados na tentativa de descobrir a melhor forma de
alcançar uma boa qualidade de vida na velhice, isto porque, envelhecer é um processo
natural da vida das pessoas, e o importante será, não tentar parar o envelhecimento, mas
sim viver com qualidade todo esse processo.
Condições de vida
o A forma de viver-se a velhice está associada a várias questões que se
interligam e que se tornam mais complexas, porque uma das características desta
Velhice – Ciclo Vital e Aspetos Sociais
Carla Pereira 34
CENTRO DE EMPREGO DA MAIA
da vida, estilo de vida, apoio social, entre outras, são variáveis que estão presentes
no envelhecimento bem-sucedido e na qualidade de vida que se pode desfrutar na
velhice.
o O envelhecimento é um processo natural que desperta muito medo e
fantasias. É importante ressaltar que o envelhecer com qualidade de vida está
presente no desejo de todos, quer intrínseca quer extrinsecamente, entretanto nem
todos conseguem isto. Qualidade de vida na velhice implica em organizar a vida
dentro dos parâmetros definidos pelas limitações físicas e psicológicas e, segundo
o Estatuto do Idoso e a OMS (2003), implica em garantir assistência à saúde,
liberdade de escolha, amigos, moradia, lazer entre outros. Ao se referir à qualidade
de vida, deixa claro que o conceito se refere à perceção do indivíduo quanto à
satisfação em quatro áreas: social, afetiva, profissional e saúde. O objetivo é
enfatizar a qualidade de vida do idoso dentro dos parâmetros da velhice saudável,
entendendo assim que é intrínseca, porém também, deve-se considerar o contexto
e as preferências do idoso (Lipp, 1996).
Satisfação de viver
É óbvio que a velhice chega, mas há uma diferença muito grande entre envelhecer e
envelhecer, o envelhecer até uma coisa muito bonita, o que significa, experiência,
sabedoria, vivência mesmo, o diferencial dos envelhecimentos está na maneira de se
envelhecer, da mente de cada um, já ouvi pessoas dizerem do orgulho que tem de estarem
na terceira idade, que envelhecer é uma dádiva de Deus, pois elas se sentem felizes por
chegarem a tal idade, com a satisfação de estar viva, de que mesmo que seus cabelos
estando brancos devido ao tempo que passou para elas, elas ainda amam a vida. A
importância da família, o convívio (irmãos, filhos, genros, noras, netos, etc.) e a relação
que este convívio tem com a saúde e a satisfação de vida. A amizade e a vida social na
velhice são extremamente importantes, pois evitam o isolamento e a depressão. Quase
Velhice – Ciclo Vital e Aspetos Sociais
Carla Pereira 35
CENTRO DE EMPREGO DA MAIA
Em primeiro lugar, devemos distinguir o idoso rural do idoso urbano. Em segundo lugar,
devemos olhar o idoso no contexto família, incluindo filhos e netos.
Finalmente, deverão ser analisadas as relações sociais complexas fora da família. Assim,
o idoso, no meio rural era uma figura privilegiada, no seio da comunidade. À sua figura
estava ligada toda a história familiar e patrimonial; fossem ricas ou pobres, as famílias
mantinham no seu seio idoso. O seu patrimônio constituía como que uma garantia de
assistência à velhice. Embora a divisão do património resultasse de um sistema de
desigualdades no seio de comunidades, a verdade é que o idoso, através do seu
património, estava presente na família e geria os seus bens até ao dia em que morria. Na
família, o idoso era ponte de ligação ou relacionamento com a geração seguinte.
Este modelo rural começou a ser alterado há dois séculos através da industrialização e
consequente crescimento das sociedades urbanos, e a maior parte dos idosos de hoje já
fogem ao perfil anterior e enquadram-se no perfil do que chamamos de idoso urbano. O
idoso urbano defronta-se com vários problemas resultantes de viver na cidade moderna,
o maior dos quais é a solidão.
A solidão é mais do que o resultante do abandono a que alguns filhos votam os pais. A
fuga dos jovens para as periferias na procura de uma melhor qualidade de vida e de
sucesso material a todo a custo, retira-lhes tempo para outras ocupações, nomeadamente
para o convívio com a família. O idoso é o elo mais fraco da família, e por isso o primeiro
a ser posto no fim da cadeia de relações familiares. A isto há que juntar o envelhecimento
da população urbana. O envelhecimento da população urbana é um fenómeno
relativamente recente e muito intenso, que resulta da ida das novas gerações para bairros
novos. Os cidadãos, nas suas respostas sociais, têm de aceitar que a sociedade tem um
Velhice – Ciclo Vital e Aspetos Sociais
dever de gratidão a cumprir com aqueles que protagonizaram o êxodo rural da década de
60 e que fizeram crescer às cidades. No caso dos centros históricos, a solução está na sua
renovação urbana, de modo a que os jovens se fixem lá.
A reforma
Carla Pereira 36
CENTRO DE EMPREGO DA MAIA
Respostas Institucionais
Pensar novas respostas
Cada vez mais, torna-se fundamental manter a pessoa idosa no seu meio social tendo em
vista o seu bem-estar física, psíquico e emocional. Desta forma, questiona-se cada vez
mais a institucionalização da pessoa idosa como resposta social prevalente, verificando-
se uma tendência para a atuação conjunta dos vários organismos institucionais, quer a
nível nacional como a nível local no sentido de criar respostas alternativas à
institucionalização do idoso. Criaram-se nos últimos anos respostas sociais institucionais
existentes podendo caracterizar-se segundo dois tipos: o acolhimento permanente que
engloba os equipamentos de colocação institucional de idosos, tais como: os lares, as
residências e famílias de acolhimento; o acolhimento temporário, de caráter não
institucional, reúne os serviços de apoio e acompanhamento local dos idosos, tais como:
os serviços de apoio domiciliário.
Nos últimos anos têm vindo a realizar-se vários estudos no sentido de se saber quais os
fatores que mais contribuem para a melhoria da qualidade e diversidade das respostas
sociais que permitam uma maior satisfação das necessidades da pessoa idosa, quer esteja
Velhice – Ciclo Vital e Aspetos Sociais
ou não institucionalizada. Um dos estudos mais ambiciosos neste domínio foi conduzido
por Cameron (1975) que refere que os sentimentos de felicidade, de tristeza e de bem-
estar subjetivo não se degradam com a idade e que os idosos não têm uma satisfação de
viver inferior às dos jovens. A variabilidade entre os indivíduos parecem, pelo contrário,
aumentar com o envelhecimento, neste sentido fala-se cada vez mais de velhices e não de
Carla Pereira 37
CENTRO DE EMPREGO DA MAIA
velhice, não existindo assim a velhice, mas antes dando ênfase à existência da
heterogeneidade com que cada idoso vive o seu próprio processo de envelhecimento,
sendo este, altamente influenciado pelo suporte social de que dispõe, permitindo ao
mesmo tempo a manutenção da sua participação social, tanto quanto possível.
Donal (1997) formulou algumas classes gerais que podem servir de referência às
respostas sociais, tais como:
Muitos estudos vêm refletir que a atualidade de vida, ou falta desta nos idosos, depende
em grande medida do facto dos idosos possuírem autonomia para executar as atividades
Velhice – Ciclo Vital e Aspetos Sociais
do dia-a-dia, manter uma relação familiar ou com pessoas significativas para si, ter
recursos económicos suficientes e desenvolver/participar em atividades lúdicas e
recreativas continuamente.
Segundo Jacob (2002), as respostas sociais tendem a evoluir, sendo que os estudos
apontam para:
Carla Pereira 38
CENTRO DE EMPREGO DA MAIA
Tendo em conta os estudos realizados nesta área que vieram contribuir para encarar de
forma diferente o processo de envelhecimento, bem como, as problemáticas que se
colocam, a necessidade de uma formação específica e contínua dos recursos humanos
destas instituições e equipamentos sociais, quer ao nível das chefias, quer ao nível dos
seus colaboradores, tornam-se fundamentais. Essa formação deve ser específica e
contínua, uma vez, numa sociedade em constante mudança vão surgindo novas realidades
e novas problemáticas que este tipo de serviços deverá dar resposta. Assim, é necessário
que as instituições e equipamentos sociais tenham um espírito de abertura suficiente face
ao exterior, no sentido de estarem em pleno contato com o meio, sendo capazes das
necessárias adaptações, quer ao nível das políticas socias, quer ao nível das respostas que
efetivamente prestam. Assim, e só assim, este tipo de serviços e equipamentos sociais
Velhice – Ciclo Vital e Aspetos Sociais
poderão colocar o utente, o cliente no centro de toda a sua atuação, sendo este o princípio
primordial de toda e qualquer resposta social, de acordo com as novas orientações.
Carla Pereira 39
CENTRO DE EMPREGO DA MAIA
Apesar das respostas sociais nem sempre correspondem ao desejável, vai-se notando uma
crescente preocupação em implementar respostas inovadoras, destacando-se
recentemente:
identidade social.
Acolhimento familiar – consiste em apoios dados por famílias
consideradas idóneas que acolhem temporariamente idosos, quando estes não têm
família natural ou tendo-a não reúne estas condições que proporcionem um bom
desempenho das suas funções.
Carla Pereira 40
CENTRO DE EMPREGO DA MAIA
Carla Pereira 41
CENTRO DE EMPREGO DA MAIA
Conclusão
O ser humano pode envelhecer como um sábio ancião ou permanecer nos estágios infantis
do psiquismo. Autonomia e independência são, portanto, resultantes do equilíbrio entre o
envelhecimento psíquico e biológico. A singularidade individual torna-se mais
exuberante quando se avaliam ambas as dimensões, biológica e psíquica, associadas ao
contexto familiar e social, ou seja, a integralidade do indivíduo.
Carla Pereira 42