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Lécio Cordeiro

Gramática
Ensino Fundamental II

6
º ANO

Livro editado
conforme a:

EDUCAÇÃO É A BASE

MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO
RESOLUÇÃO N° 2, DE 22
DE DEZEMBRO DE 2017

Museu Casa Guimarães Rosa,


Cordisburgo, Minas Gerais.

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EDITOR EDITORAÇÃO ELETRÔNICA
Lécio Cordeiro Allegro Digital

REVISÃO DE TEXTO COORDENAÇÃO EDITORIAL


Consultexto

REVISÃO TÉCNICA
Marcelo Bernardo
Gramática
6o ano PROJETO GRÁFICO
Totalle Edições Ltda.
Ensino Fundamental II

Impresso no Brasil
ISBN aluno 978-65-87971-03-2
ISBN professor 978-65-87971-07-0

Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei nº 9.610, de 19 de fevereiro de 1998.

Fizeram-se todos os esforços para localizar os detentores dos direitos das fotos, das ilustrações e dos textos contidos neste livro.
A Editora pede desculpas se houve alguma omissão e, em edições futuras, terá prazer em incluir quaisquer créditos faltantes.

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Apresentação
É muito comum ouvirmos comentários de que a nossa língua é muito difícil. Você já ouviu alguém
dizer isso? Normalmente essa opinião é seguida de comparações com outras línguas. Quem pensa que
o português é uma língua difícil comumente acredita que o inglês, por exemplo, é uma língua fácil,
que o alemão é feio, que o chinês é extremamente confuso. Mas será mesmo? A realidade mostra que
esses posicionamentos sobre as línguas são equivocados.
Na maioria das vezes, essas opiniões negativas surgem da confusão que se faz entre o que é a
língua e o que é a gramática. Por uma série de motivos, é comum as pessoas entenderem que ambas são a
mesma coisa, mas, na verdade, não são. A gramática é apenas um dos componentes da língua. Apesar dis-
so, na nossa sociedade, a gramática é muito valorizada. Por isso, existem hoje, nas livrarias, inúmeros livros
de gramática. Mas você já percebeu que todos eles abordam o assunto sempre da mesma forma? Regras e
mais regras para se decorar, frases sem sentido e sem contexto adequado para ilustrar o estudo, construções
linguísticas que nunca usaremos na vida, nenhuma relação entre a gramática e as outras disciplinas…
Foi pensando nisso que tivemos a ideia de escrever uma gramática diferente. Nosso objetivo foi
preparar um livro que realmente ensinasse o conteúdo gramatical como ele é: interessante, vivo, real,
repleto de possibilidades! Esperamos que você goste e que passe a ver a gramática de forma diferente.

Bom estudo!
Lécio Cordeiro

N Savranska/Shutterstock.com

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Sumário
5 Capítulo 1 – Linguagem, língua e sociedade 56 Encontro consonantal
5 1. A comunicação 57 Divisão silábica
6 2. A capacidade de simbolizar
8 3. A linguagem 60 Capítulo 5 – Substantivo e adjetivo
9 4. O que são a língua e a gramática? 60 1. Substantivo
10 5. Língua falada e língua escrita 65 2. Adjetivo
11 6. A língua e suas mudanças 69 Atividades
15 7. O preconceito linguístico 73 Desafio
16 Atividades 75 Questões de escrita
19 Desafio 75 Acentuação dos monossílabos tônicos
20 Questões de escrita 76 Acentuação das proparoxítonas
20 Fonema e letra
21 Classificação dos fonemas 77 Capítulo 6 – Artigo, numeral e pronome
22 O alfabeto 77 1. Artigo
78 Classificação dos artigos
24 Capítulo 2 – Ato de fala, frase e contexto 78 2. Numeral
24 1. Ato de fala 79 Classificação dos numerais
24 2. Frase e contexto 83 3. Pronome
26 3. Classificação tradicional das frases 86 Atividades
27 4. Interjeição 90 Desafio
27 5. Condição discursiva 92 Questões de escrita
28 Atividades 92 Acentuação das palavras oxítonas
31 Desafio 92 Acentuação das palavras paroxítonas
31 Questões de escrita
31 Estudo da sílaba 94 Capítulo 7 – Verbo
94 1. O que é um verbo?
34 Capítulo 3 – Estudo dos textos 96 2. Modos verbais
34 1. O que é um texto? 96 3. Formas nominais dos verbos
36 2. Sequências e gêneros textuais 97 4. Tempos verbais
37 Atividades 99 Atividades
41 Desafio 102 Desafio
44 Questões de escrita 102 Questões de escrita
44 Encontros de vogais e semivogais 102 Casos mais específicos de acentuação
45 Desencontro de vogais: hiato
105 Capítulo 8 – Estudo das orações
47 Capítulo 4 – Conotação e denotação 105 1. A oração e o período
47 1. Conotação e denotação 106 2. O período composto por coordenação
48 2. Linguagem figurada 107 Atividades
53 Atividades 110 Desafio
54 Desafio 111 Questões de escrita
56 Questões de escrita 111 Ortografia
56 Dígrafo

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Capítulo

1 Linguagem, língua e sociedade

1. A comunicação

LuFeeTheBear/Shutterstock.com
Imagem 2
EVELYN CALIMAM SAMPAIO/Shutterstock.com

Imagem 1

Diferentemente do que ocorre com a imagem anterior,


esta permite-nos uma interpretação, pois possuímos
recursos para realizar uma leitura.

Reflita
Que interpretação podemos fazer da Imagem 2?
Ao simular uma pintura rupestre, a imagem sugere
Pintura rupestre encontrada em um dos sítios arqueológicos do Parque
que seu autor estava vivendo em uma nova Pré-
Nacional da Serra da Capivara, no Piauí, reconhecido pela Unesco
como Patrimônio Cultural da Humanidade. -História. Os desenhos indicam que essa Pré-História
A pintura acima forma o que muitos historiadores se deu por causa de uma guerra nuclear.
e arqueólogos definem como pictografia — do latim
pictor (pintura) + grafia (escrita). Ou seja, para eles é um
tipo de escrita na qual se utilizam desenhos. As imagens Quando nos deparamos com a Imagem 2, imediata-
trazem certo padrão, o que sugere a possibilidade de uma mente começamos a ler seus sentidos por meio do nosso
escrita. Entretanto, é difícil “ler” essa “escrita”, porque os conhecimento de mundo: identificamos os desenhos,
significados exatos dos desenhos se perderam junto às buscamos informações históricas, identificamos o sím-
comunidades que os criaram. bolo químico. Nosso pensamento, portanto, articula
Para compreendermos essa “escrita”, precisaríamos informações prévias em busca de sentido. No fim, como
fazer relações entre vários elementos, como ideias, pala- conseguimos captar a ideia da imagem, dizemos que houve
vras, situações, imagens, etc. A construção do sentido é comunicação.
muito rápida e começa antes mesmo de lermos a pintura. Os animais, em geral, possuem a extraordinária capa-
Isso porque, quando a vemos, nossa mente já começa cidade de se comunicar. Sempre de formas variadas, cada
a processar informações. Uma delas, certamente a pri- espécie emprega os recursos de que dispõe com esse propó-
meira, é a “certeza” de que o ser humano que a produziu sito. As baleias, por exemplo, emitem ruídos extremamente
queria comunicar algo. Se não, por que pintá-la? precisos para indicar o caminho, a fonte de alimento, chamar
Agora, analise com atenção a figura a seguir. a atenção, etc. As abelhas, as formigas, os lobos, os cachor-

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ros, os galos têm relações sociais, de poder e de hierarquia A comunicação bem-sucedida entre duas ou mais pessoas
bastante definidas e se comunicam. só é possível se uma entender a outra. Para entender o outro,
No entanto, apenas os seres humanos são capazes de se cooperamos com ele. Cooperar, neste caso, não é apenas
comunicar de forma extremamente complexa com a inten- fazer silêncio enquanto o outro fala, mas trabalhar com o
ção de produzir sentidos. Essa é a maior diferença entre nós outro na produção do sentido. Em outras palavras, coopera-
e os outros animais. Somente nós podemos articular sons, mos com ele quando procuramos entender o que quis dizer.
combiná-los conscientemente e falar. Existem vários traços Ou deveríamos. Se observarmos, às vezes falamos e temos
que nos diferenciam dos outros animais, seja do ponto de a certeza de que, por qualquer motivo, a outra pessoa não
vista biológico (o polegar livre, a capacidade de andar sobre está dando atenção às nossas palavras. Assim, a comunica-
duas pernas, a pele descoberta, a capacidade de articular sons ção não acontece. Esse, inclusive, é um problema bastante
e falar, etc.), seja do ponto de vista intelectual (capacidade de comum na vida social e profissional de muitas pessoas. Um
raciocinar com complexidade, planejar, lembrar, entre ou- grande estudioso da comunicação certa vez comentou que
tros). No entanto, a fala é a nossa habilidade mais marcante. foi preciso o ser humano inventar o telefone, o smartphone e
a Internet para perceber que o verdadeiro problema da falta
de comunicação entre as pessoas não está na distância.
Aprenda mais

Marish/Shutterstock.com
A fala é resultante da articulação dos sons produzidos por uma
série de órgãos que compõem nosso aparelho fonador.

Nosso aparelho fonador é muito desenvolvido, o


que possibilita a produção de sons bastante diferentes,
inclusive aqueles utilizados na fala: os sons vocálicos e
os sons consonantais, que estudaremos detalhadamente
mais adiante.

Cavidade nasal
Narinas Aprenda mais
Faringe
Dentes superiores Cavidade oral
Dentes inferiores Língua Outras espécies de animais também possuem aparelho fonador, a
Laringe Traqueia exemplo dos papagaios. Como vivem em grupo e apresentam uma
inteligência acima da média das aves em geral, eles conseguem
Pulmão articular esse aparelho para imitar sons que ouvem. Soltos na
esquerdo natureza, os papagaios cantam com o objetivo de trocar infor-
Pulmão
direito mações. Mas, quando vivem isolados em cativeiro, compensam
a falta de comunicação imitando a fala humana.
Diafragma

A habilidade da fala e a capacidade de desenvolver


raciocínios complexos permitem que façamos represen-
2. A capacidade de
tações bem interessantes: podemos explorar o passado, simbolizar
o presente e o futuro, algo que nenhuma outra espécie
é capaz de fazer. Ou seja, por meio da fala, podemos Nosso universo social é repleto de símbolos. São
transmitir pensamentos, intenções, preconceitos, senti- placas, textos, objetos, gestos, imagens, números, etc.
mentos, sonhos, etc. Ao conjunto de símbolos empregados com o objetivo

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de estabelecer comunicação, damos o nome de código. E, por falar em números, eles também são símbolos.
É utilizando códigos que interagimos com nossos se- Criados há milhares de anos com o objetivo de fazer con-
melhantes, refletimos sobre a realidade, transmitimos tagens, enumerações, os números estão por toda parte:
valores, conhecimento… Tudo o que está à nossa volta no seu endereço, no tamanho do seu pé, na medida da
ou mesmo aquilo que não existe no mundo real pode ser sua cintura, na quantidade de mensagens não lidas no seu
simbolizado. Observe isso na charge a seguir. smartphone, etc. Os números naturais são muito utiliza-
dos, sendo indicados matematicamente pelo símbolo N.
Desse modo, os símbolos que compõem os códigos
que utilizamos no nosso dia a dia são os mais variados. A
fotografia a seguir identifica uma placa de trânsito insta-
lada em uma das estradas que cortam o Parque Nacional
da Serra da Capivara, no Piauí.

marcosvelloso/Shutterstock.com
Para entender o sentido dessa charge, você precisou
decodificar uma infinidade de símbolos: onde os homens
estão, que ocupações têm, que informações estão cla-
ras no balão, etc. Desse modo, podemos concluir que, Reflita
relacionando os símbolos que compõem um código,
O que essa placa significa? Faria sentido colocá-la em
executamos ações!
uma das avenidas da sua cidade?
Evidentemente, a compreensão dos símbolos só é
possível se eles já fizerem parte do nosso conhecimento A placa indica que há depressões na estrada. Espera-
de mundo. Para que isso fique claro, basta olhar, por -se que o aluno perceba que o sentido da placa está
exemplo, para alguns símbolos matemáticos que você associado às figuras rupestres do Parque, sendo
ainda não estudou. incoerente sua utilização em um ambiente urbano.

∞ π ≅ Como você pode ver, os símbolos que empregamos em


nossas interações com outras pessoas podem ser os mais
A partir do momento em que eles são apresentados variados. Podem, inclusive, ser partes de palavras, desde
a você, passam a fazer parte do seu conhecimento de que tenham sentido. A letra a, por exemplo, se empregada
mundo e, portanto, passam a ter significado. O primeiro é em uma palavra como menina, expressa uma ideia, passa
o infinito (∞). Ele indica que uma sequência de números a ser um símbolo, indicando a noção de feminino. Já a
não tem fim. Já o segundo símbolo representa um núme- partícula des-, em desleal, indica a noção de negação,
ro chamado de pi, que vale, aproximadamente (≅), 3,14. contrário, oposição.

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passam da produção de palavras soltas à comunicação
Aprenda mais cada vez mais complexa.
Faz muito tempo que o ser humano começou a falar.
As palavras em geral são formadas por diferentes partes que
possuem significado. Ou seja, são símbolos. Analise as palavras Mas não é possível dizer exatamente desde quando, pois
a seguir procurando perceber o sentido que as partes destacadas somente no início do século XX d.C. foi inventado o primeiro
indicam. gravador de voz. Ou seja, ele não existia na Pré-História. As-
sim, o que temos são pistas a respeito da “história da fala”.
desfazer recomeçar
Um exemplo são algumas estruturas do corpo encontradas
biscoitos casarão em fósseis. Nos Australopitecus, surgidos há 4 milhões de
carrinho anos, foram identificados, por exemplo, centros cerebrais
fundamentais para a linguagem. Mas os chimpanzés pos-
suem esses mesmos centros, e não falam. Outro exemplo
Para expressar o sentido de negação, nossa língua ofe- interessante diz respeito a alguns vestígios arqueológicos
rece diversos termos que, agregados a algumas palavras, ligados ao aparelho fonador. Cientistas acreditam que,
expressam o sentido oposto ao que elas significam. É dessa há cerca de 500 milhões de anos, passamos a ter laringe
maneira que se forma grande parte dos antônimos. Veja: comprida e alta, um traço fundamental para a geração
dos sons característicos da fala. No entanto, o homem de
desatento desmentir inútil Neandertal, que viveu há aproximadamente 150 mil anos,
infeliz atípico amoral não possuía essa característica hoje existente na nossa
espécie, o Homo sapiens sapiens.

Aprenda mais

Reprodução
Chamamos de antônimas as palavras que exprimem realidades
opostas. Assim, dizemos que claro é antônimo de escuro em O
quarto está escuro, abra as janelas para deixá-lo claro.

Já os sinônimos são palavras, termos ou expressões que, em uma


dada situação, podem codificar a mesma informação. Observe:

O parque guarda belas pinturas rupestres.

O local abriga bonitos desenhos feitos nas rochas.

3. A linguagem
Os códigos que utilizamos para nos comunicar cons-
tituem diferentes linguagens. Dizemos que a linguagem
é uma habilidade que desenvolvemos instintivamente.
O instinto é um impulso inconsciente que faz os animais
agirem de acordo com suas necessidades de sobrevivência.
Assim, quando aprendemos a falar, como as aves apren-
dem a voar, agimos guiados pelo instinto. Por essa razão,
Acredita-se que os Australopitecus possuíam estruturas cerebrais
não é preciso ir à escola para aprender a falar. Isso acontece
importantes para a capacidade de se comunicar e já andavam sobre
espontaneamente nos bebês. Com o passar do tempo, essa duas pernas. Reprodução de um Australopithecus afarensis em museu
habilidade vai se desenvolvendo e, sem perceber, eles logo de Barcelona.

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De outro lado, muitos estudiosos acreditam que a fala
só pode ser entendida como tal quando os sons adquirem Reflita
significados e se tornam palavras.
Por fim, há estudiosos que preferem olhar para o que Para você, o que seria uma língua difícil?
nossos ancestrais produziram. Segundo eles, a padroniza-
Espera-se que o aluno identifique que línguas muito
ção na fabricação de ferramentas na Pré-História se deu
diferentes do português são difíceis de aprender,
por causa do aperfeiçoamento da fala. Por esse raciocínio,
como o alemão ou o japonês.
podemos entender que os seres humanos pré-históricos
melhoraram as suas ferramentas porque puderam trocar
informações falando. Vamos pensar um pouco sobre isso. Até agora, você
já leu várias páginas deste livro e, certamente, está
Linguagens não verbal e verbal compreendendo tudo o que dissemos, não é? E nas suas
conversas com seus amigos? Você consegue entendê-los?
Tradicionalmente, dizemos que a linguagem pode se Na verdade, você e seus colegas são capazes de falar
manifestar de duas maneiras: de forma não verbal e de sobre os mais variados temas e conseguem se entender.
forma verbal, dependendo dos símbolos utilizados. Isso só acontece porque todos nós possuímos um grande
domínio da língua portuguesa. E esse domínio significa,
entre outras coisas, domínio das palavras, isto é, do voca-
Linguagem não verbal – Utiliza imagens, sons, bulário, que nada mais é que um conjunto de símbolos.
sinais, etc. para comunicar. Exemplos: placas No início deste capítulo, vimos que utilizamos esses sím-
de trânsito, desenhos, cores, semáforos, gestos, bolos para interagir uns com os outros, expressando nossas
mímica, etc. ideias, defendendo nossas opiniões, perguntando, cantan-
do, etc. Mas esses símbolos não são ditos ou escritos de
qualquer modo. Quando os utilizamos, seguimos regras de
Linguagem verbal – Utiliza palavras escritas ou
funcionamento. Essas regras contribuem para o sucesso da
faladas. Exemplos: um recado, uma letra de mú-
nossa comunicação. Vamos explicar isso com mais detalhe.
sica, uma conversa pelo telefone, etc.
Leia o quadrinho a seguir.

Embora essa distinção seja importante, na prática Serafim


empregamos frequentemente uma linguagem mista
na qual utilizamos a linguagem verbal e a não verbal
simultaneamente. Isso fica bem claro quando falamos e
gesticulamos ao mesmo tempo.
Toda comunicação não verbal pode ser transformada
em linguagem verbal. Assim, a cor verde do semáforo
de trânsito, por exemplo, é codificada pela palavra siga.

4. O que são a língua e a


gramática?
Certamente, você já ouviu dizer, ou mesmo acredita,
que a língua portuguesa é muito difícil. Mas o que seria
uma língua difícil?

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Como dissemos, as palavras são organizadas de acor- bém da escola — é lhe ensinar o que você ainda não sabe.
do com leis de funcionamento. Para entender a impor- Então, se dominamos boa parte da gramática da nossa
tância dessas leis, observe a seguinte análise: língua desde a infância, não faz sentido pensar que falar
português é difícil. Essa ideia equivocada se deve ao fato
(1) Se eu fosse esse criminoso, passaria a noite em claro. de que, por muitos anos, acreditou-se que, para saber
(2) Eu fosse se criminoso, em passaria noite a claro. se expressar bem, uma pessoa deveria saber decoradas
todas as regras da gramática. Desse modo, por muitos
Evidentemente, podemos afirmar que, tanto em 1 anos, as aulas de língua portuguesa eram somente aulas
quanto em 2, temos sequências formadas por palavras da de gramática. Para confirmar isso, basta perguntar aos
nossa língua. No entanto, apenas a sequência 1 permite seus familiares mais velhos como eram essas aulas na
uma compreensão. Isso acontece porque, na sequência 2, época deles. Eles lhe dirão que eram obrigados a decorar
as palavras estão fora de ordem. Enquanto na sequência todas as regras da gramática. E quem não se expressava de
1 as palavras estão ordenadas, na sequência 2 elas estão acordo com essas regras era considerado ignorante. Como
soltas. A ordenação das palavras, portanto, é fundamen- decorar é uma tarefa muito chata, era normal pensar que
tal para a produção de sentido. o português fosse uma língua difícil.
Outra regra de funcionamento interessante diz que Uma comparação interessante nos ajudará a explicar
algumas palavras devem se combinar. Por exemplo: melhor. Imagine que a língua é um smartphone. Para utilizá-
em 1, o menino utilizou a palavra esse (não essa) para -lo, não é necessário saber como os seus nanocircuitos fun-
combiná-la com criminoso (esse criminoso ≠ essa crimi- cionam, não é? Da mesma forma, para se comunicar com as
nosa). Já outra regra diz que palavras como a podem ser pessoas, você não precisa saber como funciona exatamente
empregadas antes de noite (a noite), por exemplo, mas a gramática. Além disso, do mesmo modo que existem os
nunca antes de eu. Essas são apenas algumas das regras mais variados tipos de carro, existem inúmeras línguas pelo
de funcionamento da nossa língua. mundo, cada uma com o seu motor.

O mais interessante é que, quando nos comunica-


mos, seguimos várias regras sem perceber. Reflita
Isso quer dizer que estudar a gramática é uma tarefa
A língua é, portanto, um sistema de símbolos e de leis
inútil?
de funcionamento que utilizamos para interagir uns com os Não. Como a gramática está presente em tudo o que
outros. E essas leis são o que chamamos, resumidamente, falamos e escrevemos, se conhecermos bem o seu fun-
de “gramática”. Por isso, sempre que nos expressamos, cionamento, teremos ainda mais possibilidades para
utilizamos regras gramaticais, mesmo sem perceber. Seria nos expressar.
impossível nos comunicarmos sem seguir regra nenhuma.
Mas a língua não é somente a sua gramática. A gramá-
tica é apenas uma parte dela. Para compreendermos um
texto, por exemplo, vários fatores nos ajudam. Um deles,
5. Língua falada e língua
sem dúvida muito importante, é o nosso conhecimento de escrita
mundo, a nossa experiência. Foi esse conhecimento que
nos ajudou a perceber o humor do quadrinho da página 9. A linguagem verbal pode ser falada ou escrita. Mas,
Já nos primeiros anos da infância, possuímos um domí- embora todas as comunidades humanas falem ao menos
nio grande sobre as regras da gramática da nossa língua. É uma língua, nem todas possuem a modalidade escrita.
esse controle que nos permite expressar desejos, intenções, Logicamente, a fala surge primeiro que a escrita, que é
medos (tenho sede; estou com fome; quero dormir; vou uma consequência das necessidades comunicativas dos
fazer xixi; etc.). Assim, um dos papéis deste livro — e tam- seus falantes. Isso acontece desde a Pré-História.

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Como vimos, os primeiros seres humanos possuíam
uma forma de expressão artística essencialmente sim- Reflita
bólica, a chamada arte rupestre, composta inicialmente
pela pictografia. Podemos dizer que, atualmente, a escrita é uma re-
Ao longo de milhares de anos, a escrita pictográfica foi presentação exata da fala?
se aperfeiçoando e, aos poucos, deixou de utilizar apenas
Resposta pessoal. Espera-se que o aluno perceba que
rabiscos e passou a combinar figuras que representassem
ideias. Essa evolução levou à escrita ideográfica. As letras
ninguém fala exatamente como escreve.
que utilizamos hoje vêm dessa escrita.

Embora a língua oficial do nosso país tenha apenas


Aprenda mais um nome — português —, ela é, na verdade, um grande
conjunto das línguas que cada um dos brasileiros fala.
Para alguns estudiosos da linguagem, as pinturas rupestres
constituem a origem da narração, pois muitas delas representam Isto é, a língua passa por mudanças o tempo inteiro: a
verdadeiras cenas de ação. Por esse motivo, seriam a origem forma como se fala em Ouro Preto (MG), por exemplo, é
também das histórias em quadrinhos. muito diferente daquela que se fala em Olinda (PE). Essa
diferença fica ainda mais evidente quando comparamos
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o português brasileiro com o português europeu.

Reflita
Por que as pessoas não falam exatamente igual umas
às outras?

Vários motivos levam as pessoas a falarem de ma-


Pintura rupestre feita em caverna na África do Sul. Observe que neira diferente umas das outras. O mais óbvio é que
os personagens desempenham ações na cena.
ninguém é igual, isto é, todos somos diferentes! Há
meninos e meninas com cabelo, cor de pele, religião,
família, origem, histórias, etc. diferentes.

Aprenda mais
Como você certamente sabe, o Brasil é o único país da América do
Sul cuja língua oficial é o português. Em decorrência da colonização
espanhola, nossos vizinhos adotaram o espanhol como idioma
oficial. Somos, portanto, linguisticamente solitários por aqui, mas
Escrita ideográfica egípcia.
não se engane: não se fala português apenas em Portugal e aqui. O
português é a língua oficial em nove países de quatro continentes.
São eles: Angola, Brasil, Cabo Verde, Guiné-Bissau, Guiné Equato-
6. A língua e suas mudanças rial, Moçambique, Portugal, São Tomé e Príncipe e Timor-Leste.

Com o tempo, a escrita ideográfica foi sendo aperfei- Para entender melhor, volte aos dois primeiros
çoada, passando a utilizar, também, símbolos com os anos da sua vida. Talvez você não se lembre, mas foi
quais se procurava representar os sons da fala. nesses dois anos que você aprendeu a falar. E quem

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lhe ensinou as primeiras palavras? Então, boa parte

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da maneira como você fala foi “herdada” das pessoas
que ensinaram você a falar, as pessoas com quem
você convivia. E com quem essas pessoas, por sua
vez, aprenderam a falar? Com as pessoas com quem
conviveram também. Então, nessa volta para trás, que
não terá mais fim, você voltará no tempo e verá que
hoje, por exemplo, muitas palavras de uso comum no
passado ou desapareceram ou são faladas somente
por pessoas idosas.
Veja dois exemplos. Por volta do ano 1840, as pessoas
ricas pagavam uma fortuna para tirar um daguerreótipo, Plantação de sobreiros após a extração da casca, destinada à produ-
o tataravô da fotografia, que você pode tirar hoje sem ção de cortiças.

pagar nada no seu celular. E, por falar nisso, até a pala- Podemos listar várias outras palavras que há poucos
vra celular tem hoje mais um significado, bem diferente anos não existiam ou possuíam significados diferentes
daquele que tinha quando foi empregada pelo cientista daqueles que possuem hoje, são os chamados neologis-
inglês Robert Hooke, em 1665. mos: teclar, Internet, tablet, iPod, shippar, mouse, etc.
Esses dois exemplos são interessantes para entender- Por outro lado, enquanto surgem os neologismos, há
mos uma característica comum a todas as línguas: o fato palavras que se tornam arcaísmos, isto é, são cada vez
de estarem em permanente mudança. O tempo inteiro, menos usadas, como ceroula, vosmecê, outrossim, quiçá,
os seres humanos estão transformando o mundo. São alcaide, soer, soçobrar, anuir, obséquio, etc. Tanto é assim
invenções, modos de agir, descobertas que acontecem que, certamente, você nunca ouviu (ou falou!) pelo menos
constantemente, e, como tudo isso é novidade, precisa uma dessas palavras. Elas são usadas somente em situações
ser identificado com nomes novos. formais muito específicas ou em textos cujo principal objetivo
Se a sociedade muda, a língua também sofre mu- é produzir humor, como ocorre na tirinha a seguir.
danças. A palavra daguerreótipo vem do nome do
seu inventor, o francês Louis Jacques Daguerre. Já
Serafim
a palavra célula surgiu quando Hooke observou no
microscópio que a cortiça era formada por pequenas
cavidades fechadas, como se fossem minúsculas celas.
Hoje, o termo célula designa “a unidade fundamental
dos seres vivos”.

Aprenda mais
As mudanças pelas quais passa a sociedade se refletem na língua.
Um exemplo: palavras como açoitar, senzala, tronco, alforria,
capitão do mato, quilombo, mucama, sinhá, etc. eram muito
comuns aqui no Brasil enquanto durou a escravidão. Hoje, pra-
ticamente não são usadas.

A cortiça é produzida a partir da casca de uma árvore muito


comum na Europa, o sobreiro. Ela tem diversas finalidades para
a indústria, porém a mais comum é a fabricação de rolhas.

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Tanto os neologismos quanto os arcaísmos são evidências de que as línguas mudam com o passar do tempo. Mas
não é só isso. As línguas mudam também com as distâncias. Devido a fatores culturais e históricos, no Rio de Janeiro,
por exemplo, fala-se bôneco (boneco) e mênino (menino), enquanto no Recife se fala bunécu e minínu. Essas são al-
gumas características que marcam a forma de falar dos cariocas e dos recifenses e que nos permitem identificar a sua
origem. Chamamos essas marcas de sotaque (pronúncia típica de uma região).
Outras formas de variação da língua são a gíria e o jargão. Nos dois casos, podemos dizer que a língua sofre mudan-
ças para caracterizar a forma de expressão de determinados grupos.

Gírias – São palavras e expressões comuns na fala de surfis- Jargão – É um vocabulário associado a campos
tas, skatistas, rappers, youtubers, etc. e empregadas como profissionais específicos e utilizado como forma
forma de reconhecimento e afirmação por parte do grupo. de identificação profissional. Ou seja, há palavras
Como normalmente alguns desses grupos são alvo de pre- e expressões características da fala de médicos,
conceito por parte da sociedade, isto é, são vistos de maneira advogados, engenheiros, políticos, policiais, etc.
negativa, muitas vezes associados à criminalidade (o que é cujo significado muitas vezes é incompreensível para
um terrível engano!), suas gírias também são discriminadas. aqueles que não exercem essas profissões.

Na prática, tanto o jargão quanto a gíria devem ser utilizados tendo em vista a situação, isto é, as pessoas
envolvidas, o ambiente, as intenções comunicativas, etc. Em um congresso de médicos, por exemplo, o jargão é
adequado, pois os participantes se compreenderão mutuamente. Assim, na mesma situação, a gíria será inadequa-
da. Já o uso do jargão médico em uma consulta não é adequado, pois, provavelmente, o paciente não entenderá.

SEGUNDO
O LAUDO
LABORATORIAL,
O SENHOR
APRESENTA LESÃO ELA
INFLAMATÓRIA E DISSE
NECROSE QUE É UM
SUBCUTÂNEA FURÚNCULO...
RESULTANTE
DE AÇÃO
BACTERIANA!

Concluindo o que vimos até agora, podemos dizer que, embora exista a norma culta, quando nos comunicamos por
meio de textos verbais (orais ou escritos) comumente utilizamos diferentes variedades linguísticas. Esse uso depende,
entre outros fatores, das condições sociais, culturais e geográficas em que nos encontramos. De forma resumida, con-
cluímos que, ao nos expressarmos verbalmente, consideramos a pessoa com quem interagimos, o local onde estamos,
o assunto, nossa escolaridade, a escolaridade dela, etc. Veja, a seguir, quatro tipos de variação linguística.

Gramática – 6o ano    13

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Variação geográfica tando a origem das palavras. Na propaganda a seguir,
veiculada em 1940, percebemos algumas palavras que,
Esta variação considera as características linguísticas dos atualmente, são grafadas de maneira diferente.
lugares, como sotaque e vocabulário. No Brasil, percebemos

Reprodução
que a variação geográfica ocorre mesmo em diferentes áreas
do mesmo estado. Na cidade do Rio de Janeiro, por exemplo,
percebemos um sotaque específico, já em Fortaleza perce-
bemos outro. Os vídeos indicados a seguir ilustram bem de
forma humorada esse tipo de variação.

Navegue
Voo nordestino (Bode Gaiato)

Escaneie o QR
CODE ao lado.

Um Português e um Brasileiro Entram num Bar


(Unibes Cultural)

Escaneie o QR
CODE ao lado.

Disponível em: https://www.propagandashistoricas.com.br/2019/12/petrolina-


-minancora.html. Acesso em: 13/12/2019.

Variação sociocultural

Variação histórica A variação sociocultural ocorre em função dos grupos


sociais em geral, do grau de escolaridade das pessoas e
Todas as línguas naturais variam com o passar do tem- do seu ambiente sociocultural. Exemplos claros desse
po. Essa variação fica bastante evidente quando lemos tipo de variação são as gírias e os jargões.
textos antigos. Até o século XVI, como não existia uma
padronização ortográfica, a escrita seguia a pronúncia. Variação situacional
Assim, era muito comum encontrar num texto uma mes-
ma palavra grafada de formas variadas. Entre o século A língua varia, também, de acordo com a situação
XVI e o começo do século XX, houve uma crescente busca comunicativa. Em situações formais, é mais adequado o
de uniformização da escrita: passou-se a escrever respei- registro formal da língua, mas em situações informais não.

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7. O preconceito linguístico Nesse caso, precisamos perceber que as pessoas que
falam pobrema, stombo, bicicreta, etc. em geral têm
Para entender bem o que é o preconceito linguístico, poucos anos de escolarização formal. Por esses (e outros)
uma boa estratégia será recorrer à etimologia da palavra motivos, são vistas frequentemente de maneira negativa
preconceito, isto é, à sua origem. Na nossa língua, a palavra pelas pessoas que possuem mais tempo de estudo. Por-
conceito tem muitos sentidos. Um deles é opinião, ponto de tanto, é preconceito dizer, por exemplo, que as pessoas
vista, como ocorre em Qual é o seu conceito sobre as pessoas que falam dessa forma são menos inteligentes ou pobres.
que falam fror, brusa, bicicreta? Diante de uma pergunta Assim, podemos dizer que o preconceito é uma opi-
como essa, como qualquer outra, devemos pensar para res- nião antecipada, isto é, uma conclusão à qual se chega
ponder adequadamente. Então, vamos pensar um pouco? sem reflexão.
O preconceito linguístico é o tema da tirinha a seguir. Quando falamos sobre o que é uma língua no início deste
Analise-a. capítulo, partimos da ideia muito comum de que o português
seria uma língua difícil. Passo a passo, mostramos que não é
bem assim. Na verdade, todas as línguas têm suas caracte-
rísticas. Vimos também que, logo na infância, aprendemos
muitas características da língua falada pela sociedade da qual
fazemos parte. E isso acontece espontaneamente, no nosso
dia a dia, sem que precisemos ir à escola para tanto.
Seja qual for o lugar onde uma pessoa vive, ela per-
tence à mesma espécie, a dos Homo sapiens sapiens. Isso
significa que tem o mesmo cérebro que qualquer outra
pessoa, dotado das mesmíssimas capacidades. Assim, se
um bebê nascido em uma tribo indígena da Amazônia for
levado para a Inglaterra, aprenderá a falar inglês como
qualquer outro bebê nascido lá e vice-versa.
Desse modo, é normal sentirmos dificuldades
quando começamos a aprender uma língua nova,
pois não tivemos contato com ela nos primeiros anos
da infância. E essas dificuldades aumentam quando a
nova língua é muito diferente da nossa. Por exemplo:
o espanhol é parecido com o português, mas o japonês
não. No espanhol, muitos sons são semelhantes aos
Reflita Resposta pessoal. sons da nossa língua, mas os sons produzidos na fala
do japonês não são. Por isso, dizemos que não exis-
Para você, as pessoas que falam pobrema, stombo,
tem línguas fáceis ou difíceis, feias ou bonitas, ricas
etc., em geral pertencem a que classe social? Essas
ou pobres. Elas são, simplesmente, diferentes umas
pessoas tiveram/têm a oportunidade de estudar? Essas
das outras. Todas as línguas têm suas características
pessoas são valorizadas socialmente? Por que será que
próprias e atendem perfeitamente às necessidades
falam dessa forma? Responda em seu caderno.
comunicativas dos seus falantes.
Como você pôde perceber, a personagem Dolores riu As línguas podem variar também quanto ao nível de
da maneira de falar de sua prima, não dando importância formalidade, dependendo da situação comunicativa. Des-
à gravidade do seu problema de saúde. Ao ser chamada se modo, se estou conversando com meus amigos em uma
à atenção por Dona Anésia (terceiro quadrinho), arrepen- festa, posso ser informal, mas, se vou a uma entrevista
deu-se e telefonou para a prima a fim de se desculpar. de emprego, tenho de ficar atento para me expressar de

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maneira formal, ou seja, de acordo com a norma culta Como vimos neste capítulo, utilizamos inúmeros sím-
(ou norma-padrão), que é a variedade linguística utilizada bolos na nossa comunicação diária. Esses símbolos são os
pelas pessoas que possuem maior escolaridade. A ma- mais variados: vão das partículas que formam as palavras
neira como nos expressamos (formal ou informalmente) aos gestos, às cores, aos sons e, até mesmo, ao silêncio. A
depende, portanto, da situação. Devemos procurar falar produção de sentido de um texto se dá, necessariamente,
ou escrever sempre tendo em vista esse aspecto. pela compreensão desses símbolos, que, por sua vez, de-
vem fazer parte do seu conhecimento de mundo. De posse
dessas informações, responda às questões que seguem.
A linguagem formal e a informal são variações da
língua. É muito importante que o falante saiba
a. O que é uma lição moral?
adaptar o seu discurso em diferentes contextos de
comunicação, principalmente para garantir uma Uma lição moral é um ensinamento.
adequação linguística em contextos mais formais.

b. Qual é o sentido da palavra cupidez, presente na mo-


ral dessa fábula?

Atividades A palavra cupidez significa ganância.

c. A cupidez normalmente tem um valor positivo ou ne-


gativo na nossa sociedade?
Aprenda mais
A sociedade, em geral, concebe a cupidez como uma
Fábula é um gênero textual que apresenta características bem de-
finidas. Com uma estrutura narrativa simples, os seus personagens
postura negativa.
são sempre animais que agem como seres humanos, e seu objetivo
é passar uma lição moral. Seu narrador é sempre observador.

d. Identifique, no texto, a palavra utilizada para indicar


1| O texto que você vai ler agora é uma fábula atribuída quantidade. Que símbolo numérico representa essa
a Esopo. Leia-o com atenção. quantidade?

Um. O símbolo numérico que representa essa quantidade


O cão e o pedaço de carne
é 1.
Um cão estava atravessando um rio carregando
um pedaço de carne na boca quando, de repente,
assustou-se com seu próprio reflexo na água. O sus-
to o fez pensar que era, na verdade, um outro cão,
carregando um pedaço de carne bem maior que o 2| Tendo o cuidado necessário para não mudar o sentido
seu. Imediatamente o cão soltou o pedaço de carne da lição moral presente nessa fábula, poderíamos substi-
que carregava e mergulhou para abocanhar o pedaço tuir a palavra cupidez por:
maior. Assim, o cão se arrependeu profundamente de
sua ação, pois o seu pedaço de carne foi levado pela a. X Cobiça.
correnteza e o outro, de fato, não existia. b. Desatenção.
Moral: Cuidado com a cupidez. c. Covardia.
Releitura da fábula atribuída a Esopo.
d. Rapidez.
e. Vontade.

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3| Ainda há pouco, vimos que, quando nos comunicamos com alguém, expressamos ações. Voltando à fábula O cão e
o pedaço de carne, podemos afirmar que a sua lição moral é uma ação que equivale a:

a. Uma pergunta. b. Uma informação. c. X Um conselho.


d. Uma reclamação. e. Um castigo.

4| Entendendo que a lição moral da fábula é uma ação, podemos afirmar que quem a executou foi:

a. O pedaço de carne maior. b. X O narrador. c. O cão.


d. O leitor. e. O cão que apareceu refletido na água.

5| Como vimos, sempre que nos expressamos verbalmente utilizamos regras gramaticais. No entanto, a língua não é so-
mente a sua gramática. Pensando nisso, discuta com os seus colegas e o professor: só é possível uma pessoa escrever e
falar bem se souber todas as regras da gramática ensinada na escola? Responda no seu caderno.

6| Leia a tirinha abaixo.

Nessa tirinha, o humor é despertado devido à inadequação entre o modo de falar de um dos personagens e a situação
comunicativa. Pensando nisso, responda às questões propostas.

a. Analisando o contexto, você poderia dizer qual deles se expressou de maneira inadequada?

O cliente se expressou de maneira inadequada.

b. De acordo com o último quadrinho, podemos afirmar que houve comu­nicação entre o garçom e o cliente no primeiro
quadrinho? Explique.

Não. O garçom não compreendeu o cliente, por isso não ocorreu comunicação.

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7| Neste capítulo, conhecemos um pouco da história da e. Homem bonito.
escrita. Vimos como ela surgiu e acompanhamos sua
Resposta pessoal.
evolução ao longo do tempo. Desde a sua origem, a es-
crita representou um importante papel: o de registrar
ideias, informações, histórias, etc. Diante disso, discuta, f. Situação difícil.
com seus colegas e o seu professor:
Resposta pessoal.
Resposta pessoal.
a. Na nossa sociedade, a palavra falada tem o mesmo
valor social que a palavra escrita? g. Roupa esquisita.

Resposta pessoal.
b. Por que as pessoas que não dominam as normas da
escrita “correta” são vistas frequentemente de forma
preconceituosa? h. Trabalho muito cansativo.

Resposta pessoal.
c. Essa forma de discriminação faz sentido?

FrameStockFootages/Shutterstock.com
8| Como vimos, o Brasil é caracterizado, entre outras
coisas, por possuir diferentes falares, isto é, diferentes
modos de falar a mesma língua. Isso pode ser perce-
bido claramente no seu dia a dia. Na sua sala de aula,
por exemplo, existem colegas que certamente falam de
maneira diferente de você, utilizando palavras que tal-
vez você não utilize. E o seu professor talvez empregue
palavras e expressões que nem você nem seus colegas 9| Considerando as diferenças entre linguagem oral e lin-
falem. E mais: com o professor, você fala de um jeito; guagem escrita, assinale a opção que representa uma ina-
mas, com seus avós, certamente fala de outro. Pergunte dequação da linguagem usada à situação comunicativa.
a pessoas adultas da sua família quais palavras ou ex-
pressões elas usam comumente para se referir a um(a): a. “O carro bateu e capotô, mas num deu pra vê
direito” — um pedestre que assistiu ao acidente co-
a. Pessoa insegura demais. menta com o outro que vai passando.
b. “E aí, ô meu! Como vai essa força?” — um jovem
Resposta pessoal.
que fala para um amigo.
c. “Só um instante, por favor. Eu gostaria de fazer
b. Pessoa estudiosa. uma observação” — al­guém comenta em uma reunião
de trabalho.
Resposta pessoal.
d. “Venho manifestar meu interesse em candidatar-
-me ao cargo de secretária-executiva dessa concei-
c. Pessoa avarenta. tuada empresa” — alguém que escreve uma carta
candidatando-se a um emprego.
Resposta pessoal.
e. X “Porque, se a gente não resolve as coisas como
tem que ser, a gente corre o risco de termos, num fu-
d. Mulher bonita. turo próximo, muito pouca comida nos lares brasilei-
ros” — um professor universitário em um congresso
Resposta pessoal.
internacional.

18 Gramática – 6o ano   

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Desafio

Texto 1

Zeca

1| De acordo com o que estudamos neste capítulo, po- pois devemos nos expressar sempre de acordo com
demos entender que a fala do menino: a gramática normativa.

a. É errada, porque é inadmissível em qualquer si- Está correto o que se afirma apenas em:
tuação.
b. X Não é errada, é apenas diferente da língua-padrão. a. X I e II. b. II e III. c. IV e V.
c. É errada, pois é diferente da língua-padrão. d. I e V. e. III e IV.
d. É adequada para estabelecer comunicação em
qualquer contexto. 3| Analise as afirmações a seguir.
e. É perfeitamente aceitável em qualquer situação.
I. O menino foi entendido pela professora, embora não
2| Ainda sobre a tirinha, analise as afirmações abaixo. tenha se expressado conforme a norma culta.
II. A professora não entendeu o menino, por isso o re-
I. A língua falada pelo menino é um exemplo de preendeu.
variação linguística, um fenômeno que ocorre em III. O efeito de humor é resultado do mau emprego de
todas as línguas. algumas palavras no primeiro quadrinho.
II. Não há razão para a professora criticar a fala do aluno, IV. No terceiro quadrinho, a explicação dada pela profes-
pois é um exemplo de um fenômeno comum a todas sora mostra que ela ensina a norma culta, por isso o
as línguas: a variação. aluno se expressou de maneira informal.
III. A fala de Zeca deve ser discriminada, pois é errada. V. A intenção da tira é mostrar que algumas pessoas são
IV. Zeca fala errado porque não aproveitou o que apren- preconceituosas, apesar de pensarem que não.
deu na escola.
V. A professora está certa ao chamar a atenção do aluno, Está correto o que se afirma apenas em:

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a. I e III. b. X I e V. I. No termo ilusão perniciosa, a palavra perniciosa
c. II e III. d. II e IV. poderia ser substituída, sem alteração de sentido,
e. IV e V. por silenciosa.
II. O texto ilustra um caso de preconceito linguístico,
Texto 2
uma forma de discriminação muito comum na nossa
sociedade.
Na verdade, as pessoas cujas habilidades linguís- III. Os trabalhadores e os membros menos escolarizados
ticas são mais gravemente subestimadas estão bem da classe média falam uma linguagem mais simples
aqui, na nossa sociedade. Os linguistas constantemen- porque não cultivam o hábito da leitura.
te topam com o mito de que a classe trabalhadora e os IV. Por ser natural, a conversação é vista frequentemente
membros menos educados da classe média falam uma de maneira negativa.
linguagem mais simples e menos refinada. Trata-se de V. A conversação natural prejudica a língua portuguesa,
uma ilusão perniciosa decorrente da naturalidade da pois torna naturais os erros cometidos na fala.
conversação.
Está correto o que se afirma apenas em:
PINKER, Steven. O instinto da linguagem. São Paulo: Martins Fontes, 2004.

a. I e III. d. X II e IV.
4| Com base no Texto 2, um aluno do 6º ano tirou as se- b. I e V. e. IV e V.
guintes conclusões. c. II e III.

Questões de
escrita
Fonema e letra
1| Leia em voz alta as palavras abaixo.

(1) banca (2) banco (3) branco (4) anciã (5) hoje (6) chover (7) carro (8) táxi

Para falar, proferimos sons. Mas esses sons não são produzidos isoladamente — eles são produzidos em grupos que se
combinam. Assim, pronunciamos as palavras. Os sons que utilizamos para falar são chamados de fonemas. Já os sinais gráficos
que utilizamos para representar esses sons na escrita são chamados de grafemas, ou, simplesmente, letras.

a. Entre as palavras 1 e 2, há algum fonema diferente?

Sim. Os fonemas finais /a/ e /o/. É importante chamar a atenção da turma para o fato de que, para assinalar os fonemas

na escrita, utilizamos barras.

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b. E, entre as palavras 2 e 3, há algum fonema diferente? Classificação dos fonemas
Sim. Na palavra 3, há o fonema /r/ a mais.
2| Os fonemas são classificados em duas categorias
principais: vogais e consoantes. As vogais se caracteri-
c. Os fonemas são importantes para a diferenciação en- zam pelo fato de não encontrarem obstáculos no nosso
tre as palavras? aparelho fonador quando são pronunciadas. Ou seja, o
ar passa livremente pela nossa boca. Já as consoantes
Sim.
são identificadas como ruídos, pois, para pronunciá-las,
colocamos algum obstáculo à passagem do ar no nosso
d. Na palavra 4, analise a presença da letra a. Ela repre- aparelho fonador.
senta o mesmo fonema?
Analise o uso da letra a nas palavras 1 e 8 da questão 1 e
Sim.
responda às perguntas abaixo.

e. Na palavra 5, a letra h representa algum fonema? a. Essas letras representam sons vocálicos ou conso-
nantais?
Não.
Sons vocálicos.
f. Com base na análise feita até aqui, como você defini-
ria o que é um fonema? b. Podemos afirmar que as letras representam fielmen-
te os fonemas? Explique.
Espera-se que o aluno conclua que fonema é o som
Não. As letras, na verdade, são tentativas de represen-
distintivo. tação dos fonemas. Nesta etapa, optamos por não levar
aos alunos a noção de alofone. Acreditamos que tal
conceituação é inadequada para o ano. Apesar disso,
é importante levá-los a observar que a oralidade é um
dos terrenos mais férteis para a percepção da variação
linguística.
g. Em qual(is) palavra(s) há mais letras que fonemas?

Nas palavras 1, 2, 3, 4, 5, 6 e 7. É importante notar que ativi- Aprenda mais


dades como esta, que avaliam a dualidade entre fonemas e Existem alguns exemplos bastante claros para ilustrar que as
letras não representam os sons fielmente. Observe:
grafemas, levam, necessariamente, às noções de encontro
1. Uma mesma letra pode representar mais de um fonema.
exame → sexto → próximo
consonantal e dígrafo, que serão trabalhadas adiante.
2. Um mesmo fonema pode ser representado por letras diferentes.
cela → sela
h. Em qual(is) palavra(s) há mais fonemas que letras? casa → cozinha → êxito

Na palavra 8. 3. Existem letras que não são representadas por fonemas.


canto(cãto) → aqui(aqi) → homem(ômen)

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O alfabeto
Aprenda mais
3| Ao conjunto de letras que utilizamos na língua escri-
Com a incorporação das letras k, w e y ao nosso alfabeto após o
ta, damos o nome de alfabeto. O nosso alfabeto conta, novo Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa, de 2008, preci-
atualmente, com 26 letras, ordenadas de maneira espe- samos fazer algumas distinções.
cífica, a chamada ordem alfabética. Observe:
Consideramos o k sempre consoante, como o c antes de a, o e u
e o dígrafo qu de querer.

Alfabeto minúsculo Em palavras de origem inglesa, o w é pronunciado como u


(whisky, watt, show) e é consoante em palavras de origem alemã

abcdefghij (Walter, Weber, Wagner). Observe que, nessas palavras, o w é


pronunciado como v.

klmnopqrst O y funciona como vogal (Paraty).

uvwxyz 5| Agora, vamos imaginar que você está escrevendo um


dicionário destinado aos alunos do 1º ao 5º ano da sua es-
Alfabeto maiúsculo cola. Nesta etapa do trabalho, você definirá quais palavras
serão utilizadas nele. Para isso, você desempenhará duas
ABCDEFGHI tarefas muito importantes. Na primeira, você deverá regis-
trar cinco palavras empregadas na fábula O cão e o pedaço
JKLMNOPQ de carne, que você leu na página 16. Na segunda, deverá re-
gistrar cinco palavras coletadas em alguns minutos de um
RSTUVWXYZ programa de sua preferência (desenho, anime, série, etc.).
Feito isso, responda às questões que seguem.
Aponte ao menos três utilidades da ordem alfabética no
nosso dia a dia. a. Quais palavras você registrou na primeira tarefa?

A ordem alfabética é utilizada, por exemplo, na lista da

chamada, nos dicionários, no gerenciamento de estoques Resposta pessoal.

e em listas de nomes próprios.

b. Quais palavras você anotou na segunda tarefa?

4| Pesquise palavras escritas com as letras k, w e y.

Resposta pessoal. Sugestão de resposta: kiwi, wi-fi e yoga. Resposta pessoal.

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c. Agora, reflita com os seus colegas e com o seu professor:

• Todas as palavras anotadas na questão anterior aparecem no dicionário?


• Essas palavras nos ajudarão a entender um ponto importante sobre o estudo da língua portuguesa. Discutam:
se já sabemos nos comunicar bem desde os primeiros anos da infância, por que devemos continuar estudando
português?

6| Observe, com atenção, esta reprodução de uma página simplificada de dicionário. Depois, responda às perguntas.

en.va.si.lhar en.xo.val

en.va.si.lhar v.t. Acondicionar em vasilhas. Envasilhado adj.; envasilhamento s.m.


en.ve.lhe.cer v.t. (int.) Tornar(-se) velho. Envelhecido adj.; envelhecimento s.m.
en.ve.lo.par v.t. Colocar em envelope. Envelopado adj.
en.ve.lo.pe s.m. Invólucro para envio de correspondência ou impressos quaisquer.
en.ver.de.cer v.t. (int). 1. Tornar(-se) verde. 2. Cobrir(-se) de verdura. Enverdecido adj.: enverdecimento s.m.
en.xer.tar v.t. 1. Fazer enxerto em. 2. Inserir; introduzir. P. 3. Introduzir-se. Enxertado adj.; enxertador adj. e s.m.
en.xer.ti.a s.f. Ação ou efeito de enxertar; enxerto.
en.xer.to [ê] s.m. 1. Introdução de parte viva de um vegetal em outro para desenvolver-se neste, formando novo
vegetal. 2. Implantação de órgão, membro, etc. de corpo humano em outro, transplante. 3. Ação ou efeito de enxertar.
en.xó s.f. Instrumento de carpinteiro para desbastar madeira.
en.xo.fre [ô] s.m. (Quím.) Elemento Não Metal, símb. S, de número atômico 16.
en.xo.tar v.t. Expulsar, pôr fora com brutalidade ou aspereza. Enxotado adj.
en.xo.val s.m. Conjunto de roupas e objetos complementares de pessoa que se casa, de crianças por nascer, de
quem se interna em colégio, etc.

a. O que indica a palavra destacada no alto da página, do lado esquerdo?

Ela indica que é a primeira palavra da página.

b. O que indica a palavra destacada no alto da página, do lado direito?

Ela indica que é a última palavra da página.

c. Sabendo-se que o dicionário é apresentado em ordem alfabética, onde você encaixaria a palavra enxada?

A palavra enxada seria encaixada entre enverdecer e enxertar.

7| Cite alguns usos da ordem alfabética que você identifica no seu cotidiano.

Resposta pessoal. Sugestões de resposta: a lista de frequência na escola, a organização de documentos pessoais em

diferentes situações e a busca de informações em seções de pesquisa (sites de busca, plataformas de streaming, etc.).

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Capítulo

2 Ato de fala, frase e contexto

1. Ato de fala
Leia com atenção a tirinha a seguir.
Professora Norma

No capítulo anterior, vimos que a língua é um recurso informação, convidar, saudar, prometer, ordenar, agra-
fundamental para nós. Por meio dela, podemos expressar decer, censurar, elogiar, desculpar-se, etc.
pensamentos, opiniões, ideias, etc. Podemos, também,
sair do momento presente e nos projetar no passado ou Chamamos de ato de fala esse comportamento
no futuro. Assim, dizemos que tudo o que realizamos por verbal com que expressamos alguma intenção
meio da língua são ações. comunicativa.
Por exemplo, no primeiro quadrinho da tirinha acima,
ao dizer Silêncio! a Professora Norma desempenhou uma
ação, ou seja, ela expressou uma ordem. 2. Frase e contexto
Em seguida, a personagem desempenha outra ação:
ela informa aos alunos que entregará as provas corrigidas. A menor unidade linguística com que expressa-
Considerando a reação expressa pela turma no segundo mos as ações verbais é o que chamamos de frase.
quadrinho, podemos entender que, além da ordem expressa
no primeiro quadrinho, ela também amedrontou os alunos. Na língua escrita, toda frase é delimitada por quatro
O medo dos alunos é evidenciado no último quadri- sinais de pontuação: ponto (ou ponto-final), ponto de
nho, quando a professora é substituída pela caveira que exclamação, ponto de interrogação ou reticências. Já
tradicionalmente representa a morte. Mais uma vez, ela na língua falada, as ações que as frases veiculam são
informa e amedronta a turma. evidenciadas pela entonação, isto é, a flexão de voz que
De modo geral, podemos dizer que dirigimos a palavra utilizamos para pronunciá-las. Portanto, é a entonação
uns aos outros com algum objetivo: dar ou pedir uma que, na fala, evidencia a ação expressa por frases como:

24 Gramática – 6o ano   

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jornalistas utilizam frases completas, pois elas contam
1. Está chovendo. com uma organização gramatical mais rígida, o que con-
2. Está choven... tribui para o sucesso da comunicação. Observe:
3. Está chovendo!
4. Está chovendo? Os motoristas não podem usar o telefone enquanto
dirigem.

Aprenda mais Já as frases incompletas, também chamadas de frases


de situação, são empregadas normalmente nas conversas,
As reticências são empregadas na escrita para assinalar inter- nas interações feitas espontaneamente. Nessas situações,
rupções e hesitações em geral.
as frases tendem a ser fragmentadas, tornando-se formal-
— Com certeza terminarei mais cedo e...
— E o quê? mente incompletas. Mas, como as pessoas interagem de
— E poderei cumprir... forma espontânea, muitas vezes face a face, a comunicação
não fica prejudicada. Veja um exemplo:
As reticências podem ser empregadas, também, para indicar su-
pressão de algum conteúdo. Neste caso, elas devem ser colocadas
entre parênteses (...) ou colchetes [...]. Socorro!

“A História é uma ciência que tenta compreender o passado e o Podemos dizer que esses dois tipos de frase repre-
presente da humanidade [...], pois, entendendo essas relações
existentes, é possível construir um futuro melhor.”
sentam graus extremos de dependência do contexto em
que ocorrem. De um lado, as frases completas são menos
SALVARI, Fábio. Diálogos da História. 6º ano. Recife: Construir: 2019, p. 9. “dependentes” do contexto, pois teoricamente possuem
todas as partes necessárias ao seu entendimento. Do
Chamamos de contexto todas as informações que outro, temos as frases incompletas, estas muito depen-
envolvem a comunicação. Essas informações são indis- dentes da situação em que ocorrem.
pensáveis para interpretarmos corretamente uma frase. Vejamos esses conceitos no quadrinho a seguir.

Reprodução
Reflita
Por que o contexto é fundamental para a interpreta-
ção correta de uma frase?
Porque as informações externas à frase nos permitem

fazer referências e associações corretas. Assim, as

frases acima podem ter diferentes interpretações a

partir da definição de um possível contexto. Nesse quadrinho, vemos mais uma vez a persona-
gem que, culturalmente, identificamos como a morte.
As frases podem ser divididas em dois grandes grupos: No contexto, ela aparece acessando sua rede social,
as frases completas e as frases incompletas. aparentemente sua página no Facebook. Isso fica claro
As frases completas são aquelas que, em teoria, pela imagem representada na tela do computador, muito
contam com todos os elementos necessários à sua com- semelhante à página real da rede. Nesse contexto, per-
preensão. Ao apresentar uma notícia, por exemplo, os cebemos duas frases:

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1. Mulher sofre acidente após postar no Facebook
• Frases interrogativas – Essas frases formulam per-
guntas diretas e sempre terminam com ponto de inter-
dirigindo. rogação (?).
2. Curtir.
Você gosta de comer peixe?
Nesse contexto, dizemos que a frase 1 é completa, Como faço para chegar ao estádio?
e a frase 2 é incompleta. A frase 1 apresenta certa in- Está perto?
dependência do contexto. Analisando-a isoladamente, Eu?
podemos afirmar que é o título de uma notícia. Já a
frase 2 é totalmente dependente da situação em que
ocorre, pois a palavra curtir, isolada, pode ter diferentes
• Frases imperativas – Expressam ordens. Comumen-
te empregamos o ponto de exclamação na escrita para
interpretações. acentuar o valor dessas ordens.

3. Classificação tradicional Abra as janelas da casa para clarear!


Júlia, organize seu material!
das frases Chegue cedo!
Tradicionalmente, os gramáticos classificam as frases Aperte!
em cinco categorias.
• Frases optativas – Expressam desejos.
• Frases declarativas – Transmitem informações, de-
clarações. Gostaria de visitar a Serra da Capivara.
Espero que você faça uma boa viagem.
Mulher sofre acidente após postar no Facebook Tomara que passe!
dirigindo.
Estudei muito hoje, mas não entendi bem o conteúdo. Como você pode perceber, essa classificação não
Choveu por aqui. considera a estrutura das frases, se são completas ou
Entendi. incompletas. Aqui, considera-se apenas sua essência.
Não há referência às intenções de quem fala ou escreve.
AndrisA/Shutterstock.com

Reflita
Nas situações reais de comunicação, a classificação
tradicional das frases é precisa?

Não, pois se trata apenas de uma classificação for-


mal. Na prática, podemos combinar valores: uma
• Frases exclamativas – Expressam emoções, reações.
Essas frases sempre terminam com ponto de exclamação (!).
pergunta pode ser também uma exclamação (Você já
chegou?!) ou uma ordem (Você quer sair da minha
frente?!); uma declaração pode ser tanto uma ordem
Não entendi esse assunto! (Você vai ouvir tudo.), como uma pergunta (Gostaria
Estou muito feliz com a sua vitória! de saber se o parque está aberto para visitação.).
Nossa!
Socorro!

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4. Interjeição Voltando à definição tradicional das frases, percebe-
mos que as interjeições podem expressar declarações,
Agora, analise a tirinha a seguir. perguntas e até ordens, dependendo do contexto em
que ocorrem.
MENINO, MEUS ÓCULOS EH... HUM...
QUEBRARAM, LEIA ESTA HUMMMMM...
NOTÍCIA PARA MIM! PUTZ...
Caramba! (Declaração de alegria ou decepção.)
Ahn? (Pergunta de quem não entendeu ou não
acreditou no que ouviu.)
Psiu! (Ordem para fazer silêncio ou tentativa de
chamar alguém.)

5. Condição discursiva
Chamamos de condição discursiva o componente da
interação verbal que regula o direito à palavra.

Na fala do jovem, observamos o emprego de quatro De modo geral, o direito à palavra ocorre de duas
frases de situação: Eh... Hum... Hummmmm... Putz... Se maneiras:
analisarmos essas frases isoladamente, elas não têm sen-
tido. Mas, inseridas no contexto comunicativo, podemos • Monólogo – Apenas o enunciador fala.
entendê-las perfeitamente. Elas expressam a dificuldade
do menino ao ler a manchete da notícia. Frases de situa-
• Diálogo – Ao menos duas pessoas falam.

ção como essas são o que chamamos de interjeição. O direito à palavra é regulado por algumas condições.
Empregamos interjeições para: Por exemplo: uma consulta médica se processa por meio
de um diálogo, estabelecido entre o médico e o paciente.
• Chamar a atenção de alguém, geralmente para
iniciar uma conversa ou como respostas curtas en-
Nessa situação, o paciente expõe os motivos que o leva-
ram à consulta e o médico lhe receita um tratamento. Se,
quanto ela acontece. por exemplo, um dos dois interrompe constantemente o
outro, a condição discursiva foi desrespeitada, o que pode
ser entendido como falta de educação.
Olá! Psiu! Ei! Ahn?

ProStockStudio/Shutterstock.com
• Representar sons não linguísticos. Essas interjei-
ções são chamadas, também, de onomatopeias.

Pou! Zzzz! Zum! Cabrum!

• Expressar estados emocionais (admiração, sur-


presa, desalento, dúvida, etc.).

Caramba! Epa! Ui! Oh!

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2| Entre as opções a seguir, identifique a palavra que re-

Atividades sume o ato de fala desempenhado por Serafim no últi-


mo quadrinho.

Texto 1 a. Pena.
Serafim b. X Vingança.
Professor Moisés, o senhor sabia que c. Raiva.
o Serafim é um hominídeo?
Como assim, Luzia?
d. Dúvida.
Me dá!! Somos todos Homo
e. Pedido.
sapiens sapiens...

Texto 2

É que os desenhos dele


A catadora de vidro
parecem arte rupestre!

Uma família de cinco pessoas estava passeando na


Professor Moisés, como Nossa! Agora eu sei a idade de Luzia!
é o nome do hominídeo praia. As crianças estavam tomando banho de mar e
brasileiro mais antigo?
fazendo castelos na areia quando, ao longe, apareceu
uma velhinha.
Seu cabelo grisalho esvoaçava ao vento, e suas roupas
estavam sujas e esfarrapadas. Resmungava enquanto
apanhava coisas na areia e as colocava em um saco.
Luzia, que tem
aproximadamente Os pais chamaram as crianças e pediram-lhes que
12 mil anos...
ficassem longe da velha.
Quando ela passou, curvando-se de vez em quando
1| Com base no Texto 1, responda às questões propostas. para apanhar coisas, sorriu para a família, mas seu cum-
primento não foi correspondido.
a. No primeiro quadrinho, podemos dizer que a palavra Semanas mais tarde, souberam que a velhinha dedi-
desenhos é uma frase? Justifique sua resposta. cara a vida ao trabalho de apanhar caquinhos de vidro da
praia para que as crianças não cortassem os pés.
Não, pois não teria sentido se empregada isoladamente.
RANGEL, Alexandre. As mais belas parábolas de todos os tempos. V. 3. Contagem:
Leitura, 2005. p. 19.
b. E, no último quadrinho, a expressão Nossa! pode ser
entendida como frase? Explique.
3| Que lição moral podemos tirar dessa parábola?
Sim. Como é uma interjeição, pode ser classificada como
Não devemos julgar as pessoas pela aparência.
uma frase de situação.
4| Por que a família ignorou o sorriso da velha?
c. Para você, qual foi a intenção de Serafim ao exclamar
Resposta sugerida: Porque não lhe deu valor.
Agora eu sei a idade de Luzia! no último quadrinho?

Resposta pessoal. Sugestão de resposta: Ele quis zombar

da colega, pois ela zombou dele antes.

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5| Que trecho do texto caracteriza a velhinha? Copie-o 9| Por que, para as crianças, a aula de Português não é boa?
nas linhas a seguir.
Porque a professora não conhece ou não considera a no-
“Seu cabelo grisalho esvoaçava ao vento, e suas roupas
estavam sujas e esfarrapadas. Resmungava enquanto ção de variação linguística. Ou seja, ela ensina o conteúdo
apanhava coisas na areia e as colocava em um saco.”
com base apenas na gramática normativa, que trabalha
6| A que a velhinha dedicara a sua vida?
com avaliações dicotômicas, como a Matemática.
Ao trabalho de apanhar cacos de vidro na areia da praia.

7| Para você, o que será que os pais sentiram quando sou-


beram, semanas mais tarde, o que a velhinha fazia na praia? 10| Qual dos personagens da tira se expressa de manei-
ra informal?
Resposta pessoal.
Serafim.
8| No Texto 2, há predomínio de frases completas ou de fra-
ses incompletas? Reflita: por que há essa predominância? 11| A forma como esse personagem fala é errada? Explique.

No Texto 2, há apenas frases completas. Essa predomi- Não. Como os dois personagens estão conversando em
nância ocorre por causa da presença de um locutor único
(narrador), que escreve para um destinatário que apenas uma situação informal e estão se compreendendo, a fala
recebe a mensagem. Assim, a organização gramatical das
frases é mais rígida, para que haja sucesso na comunicação. de Serafim é adequada.

Texto 3 12| No último quadrinho, podemos tirar uma conclusão


interessante a respeito do ensino da língua portuguesa.
Serafim Que conclusão é essa?

A conclusão é a de que não faz sentido julgar a maneira

de falar das pessoas, da mesma forma que é inadequado

pensar que o cheiro da jaca é certo. Professor, seria inte-

ressante complementar esta resposta comentando que

tanto um quanto o outro são fatos e, como tais, existem

independentemente da nossa avaliação.

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13| No segundo quadrinho, a fala de Serafim expressa 16| O desrespeito à condição discursiva é o tema da tiri-
um ato de fala de: nha a seguir. Leia-a.

a. ponderação.
b. X concordância.
c. dúvida
d. prejulgamento.
e. desistência.

14| Na língua portuguesa, apenas quatro sinais gráficos


podem encerrar uma frase: reticências, ponto, ponto de
interrogação e ponto de exclamação. No entanto, esses
sinais não são suficientes para expressar toda a riqueza
comunicativa que a língua possui. Pensando nisso, res-
ponda às questões seguintes.

a. No primeiro quadrinho, que sinal gráfico poderia


substituir o ponto-final da fala de Serafim sem alterar o
sentido da tirinha?

O ponto de exclamação.
a. Analisando a tira, percebemos que a condição dis-
cursiva é desrespeitada ao longo da história. Explique
b. Caso essa substituição fosse feita, que sentido esse como se dá esse desrespeito.
sinal acrescentaria à fala de Serafim?
Na história, o personagem está sempre tentando dialogar,
A exclamação acrescentaria à fala de Serafim o sentido
mas não deixa as mulheres falarem.
de indignação, aborrecimento, impaciência, etc.
b. Como esse desrespeito fica evidenciado no texto?

Nos quadrinhos, a fala do homem aparece sobreposta à


15| Alguns narradores esportivos ficam conhecidos pelo
fala das mulheres, como se ele sempre as interrompesse.
público devido aos seus bordões (palavra, expressão ou
frase, sempre repetida, com a qual deseja criar um efei-
to emocional ou engraçado). O narrador Milton Leite,
por exemplo, usa como bordões as expressões “Que
beleza!” e “Meu Deus!”. Reflita: os bordões podem ser c. Qual é a consequência desse desrespeito para o per-
considerados frases? Explique. sonagem?
Podem, sim, pois apresentam sentido completo na situa- Como a cada encontro o personagem não deixa as mulhe-

ção comunicativa em que são empregados, isto é, formam res falarem, nenhum dos encontros dá certo. Isso fica su-

uma unidade mínima de comunicação. gerido pela mudança das mulheres ao longo da história.

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a. O mundo é assim...
b. Devemos nos conformar com as injustiças..
Desafio c. X Devemos nos conformar com o mundo!
d. Devemos lutar contra as injustiças.
e. O mundo tem muitas injustiças!
Texto

3| Sobre as falas dos personagens, é incorreto afir-


mar que:

a. As palavras claro e óbvio podem ser entendidas


como frases.
b. No primeiro quadrinho, a fala da menina é uma
frase interrogativa.
c. Todas as falas do menino expressam emoções.
d. As reticências indicam que a menina interrom-
peu sua fala.
e. X No último quadrinho, temos duas frases declara-
tivas.

4| Sobre a fala da menina no último quadrinho, é corre-


to afirmar que, para ela:

1| Tendo como base o contexto comunicativo da tira e a. Os problemas do mundo não têm solução.
as frases proferidas pelos personagens, analise as afir- b. As injustiças são fruto de ações governamentais.
mações a seguir. c. X O mundo pode ser melhorado.
d. A vida na Terra está em perigo.
I. O menino se mostra disposto a entender a opinião da e. Precisamos aceitar que os problemas do mundo
menina. são indiscutíveis.
II. Há uma gradação na agressividade apresentada pelo
menino. Questões de
III. No segundo quadrinho, o sinal de interrogação pre-
sente na fala da menina poderia ser acompanhado escrita
de uma exclamação.
Estudo da sílaba
Está correto o que se afirma em:
1| Em uma palavra como pai, constituída de uma única
a. I, apenas. b. II, apenas. sílaba, temos apenas uma vogal, indicada pela letra a.
c. III, apenas. d. I e II. Do mesmo modo, a palavra seu possui somente uma
e. X II e III. vogal, representada pela letra e. Nos dois casos, os
fonemas vocálicos /i/ e /u/ são considerados semivo-
2| A fala da menina no primeiro quadrinho sugere que o gais, pois são pronunciados de maneira mais fraca.
menino havia falado algo anteriormente. Indique a frase Leia as palavras a seguir e identifique em quais delas
que, de acordo com o contexto da tira, melhor represen- ocorrem os fonemas vocálicos /i/ e /u/ na condição de
taria essa fala do menino. semivogais.

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Exemplifique cada uma dessas categorias.
réu juiz foi comprei país
Resposta pessoal. Sugestão: oxítonas – Amapá, enxugar,
armazém; paroxítonas – ronco, cama, garrafa; proparoxí-
ciúme peixe ouro Lua saúde
tona – página, atlético, hábitat.

quase rua treino roupa rainha 5| Leia em voz alta as palavras a seguir e identifique a
sílaba tônica de cada uma delas. Dica: para encontrar
2| Volte às palavras da questão anterior e pronuncie a sílaba tônica de forma rápida, fale a palavra como se
cada uma delas pausadamente. Perceba que, ao realizar a fosse vender: a vogal da sílaba tônica se prolonga. É
essa atividade, sua boca executa movimentos bastante engraçado, mas funciona!
precisos. Cada movimento corresponde a uma sílaba. A
sílaba é um fonema ou grupo de fonemas que produzi- biosfera comunidade máquina
mos em um só impulso de voz. Agora, reflita: quantas
planejamento inquilinismo fotográfico
vogais pode haver em uma sílaba?
combinação cidade ambientalista
Em uma mesma sílaba, só pode haver uma vogal.
espaço humano planeta
órbita parasitismo ecológico
3| Quanto ao número de sílabas, as palavras são clas-
sificadas como monossílabas, dissílabas, trissílabas
e polissílabas. Reflita: quantas sílabas as palavras pos-
suem em cada categoria? Exemplifique. Aprenda mais
A sílaba tônica de uma palavra polissílaba deve estar, necessariamente,
As palavras monossílabas possuem uma sílaba, como pé; as
na última, penúltima ou antepenúltima posição. Algumas palavras,
porém, possuem uma sílaba subtônica (pronunciada de forma um
dissílabas possuem duas, como sofá; as trissílabas possuem pouco mais fraca que a tônica). As sílabas que não são tônicas nem
subtônicas são chamadas de átonas (pronúncia fraca). Observe.
três, como caneta; as polissílabas possuem quatro ou mais Sílabas átonas

sílabas, como releitura, intensidade e desentendimento.


ca fe zi nho
Sílaba subtônica Sílaba tônica

4| As palavras monossílabas podem ser átonas ou tôni- Sílabas átonas


cas, conforme sejam dependentes de outras ou não, res-
pectivamente. Já nas palavras com mais de uma sílaba, ra pi da men te
há sempre uma sílaba pronunciada com mais intensida-
de que as demais: a sílaba tônica. Quanto à posição da Sílaba subtônica Sílaba tônica
sílaba tônica, as palavras se classificam como:
A sílaba subtônica é a sílaba tônica da palavra primitiva. Veja.

• Oxítonas – quando a sílaba tônica é a última. Palavra primitiva Palavra derivada


• Paroxítonas – quando a sílaba tônica é a penúltima. café cafezinho
• Proparoxítonas – quando a sílaba tônica é a antepe-
núltima.
rápido rapidamente

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Anotações

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Capítulo

3 Estudo dos textos

1. O que é um texto? os seres humanos conseguem interagir de maneira tão


complexa. Por exemplo, quando conversamos somos
Leia. capazes de situar o conteúdo das nossas falas tanto no
passado quanto no futuro. Podemos até inventar esse
conteúdo e representar ideias por meio de imagens, como
no cartum que você leu.
Então, de acordo com o que estudamos até agora,
dizemos que a nossa linguagem é essencialmente intera-
tiva. Ao proferirmos a mais simples palavra para alguém,
temos alguma intenção: pedir, ordenar, agradecer, cha-
mar a atenção, lembrar, ensinar, orientar, etc., e a pessoa
a quem nos dirigimos procura captar essa intenção. Na
prática, é bastante simples: quando falamos ou escreve-
mos, queremos ser compreendidos, e o nosso interlocutor
quer nos compreender. Por isso, dizemos que o sucesso
de uma comunicação depende das pessoas envolvidas,
que cooperam umas com as outras para produzir sentido.
Para entender o cartum acima, precisamos fazer Toda interação se dá por meio de textos.
diversas operações mentais. Uma dessas operações
consiste na identificação dos três elementos não verbais Chamamos de texto a atividade interacional comu-
mais importantes para a construção do sentido: os dois nicativa que acontece em uma situação específica.
personagens e a flecha.
Para compreender o cartum, fazemos uma leitura
das imagens (linguagem não verbal) e dos enuncia-
Reflita dos (linguagem verbal). A compreensão se dá mais ou
menos como um somatório dessas linguagens e seus
O que cada um deles representa no nosso imaginário?
significados.
Quem teria disparado a flecha?
Na nossa cultura, a razão e a emoção constantemente
O cérebro representa a razão, o coração representa a são representadas pelo cérebro e pelo coração, respecti-
emoção, a flecha representa a paixão. O deus conhe- vamente. De acordo com esse entendimento, o cérebro
cido como Cupido teria disparado a flecha. e o coração são os órgãos nos quais a razão e a emoção
acontecem. A flecha, por sua vez, representa a paixão,
Como vimos, a linguagem é um traço fundamental sendo atirada nas pessoas pelo deus chamado Cupido.
dos seres humanos, embora não seja uma característica No imaginário coletivo, a pessoa apaixonada fica dis-
exclusiva nossa, pois os animais em geral também são traída, despreocupada, feliz. Daí o desespero do cérebro
capazes de se comunicar entre si. No entanto, somente (razão) expresso no balão de medo:

34 Gramática – 6o ano   

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Cara, reage! Que sorriso estranho é esse?
• Frio ou derretimento, moleza –
Linha escorrida. Também é usada para
Fala comigo! expressar frieza do personagem ao falar.

Nas tirinhas, nas histórias em quadrinhos, nas charges, Apesar de esses balões serem bastante utilizados,
entre outras, a fala dos personagens normalmente é indi- há ainda outras formas de marcar falas e circunstâncias
cada em balões. Além do conteúdo verbal, o próprio balão enunciativas, como o uso de cores diferenciadas, negrito,
atua como símbolo não verbal, indicando as circunstâncias itálico, onomatopeias, letras maiúsculas, falas duplas
que envolvem a fala dos personagens. Observe: e tamanho de fonte diverso. Na tirinha a seguir, foram
utilizados alguns desses recursos.
• Fala comum – Uma linha
simples, oval ou retangular.
• Pensamento ou sonho
– Linha curva, semelhante
a uma nuvem.

• Fala eletrônica – Linha


simples com ponta dire-
• Grito – Linha espalha-
da, cheia de pontas, se-
cional em forma de raio. melhante ao desenho de
É usada para representar uma explosão.
vozes reproduzidas em
aparelhos eletrônicos.

QUINO. Toda Mafalda: da primeira à última tira. São Paulo: Martins Fontes, 2003, p. 15.

Em outros textos que utilizam apenas a linguagem


verbal, organizamos as ideias em blocos, os parágra-
fos. Os parágrafos são indicados com um recuo de
• Sussurro ou cochicho
– Linha tracejada.
• Expressão de medo –
Linha tremida, irregular.
margem do seu primeiro enunciado, que se inicia com
letra maiúscula.

Reflita
Responda em seu caderno: para compor um parágra-
fo, é necessário escrever várias frases?

Não é necessário compor o parágrafo com várias frases. Às vezes, apenas uma frase,
ou mesmo uma palavra, pode formar um parágrafo. Gramática – 6o ano    35

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2. Sequências e gêneros Ao ler esse texto, você percebeu que ele apresenta
aquelas duas características de que falamos ainda há
textuais pouco? Além delas, podemos observar outras: o ambiente
Não é necessário nos aprofundarmos no estudo dos e o tempo não têm importância para a história, os diálo-
textos para percebermos que há uma multiplicidade deles gos são curtos, etc. Essas características nos permitem
em nossa vida diária. Eles estão por toda parte, transmi- afirmar, portanto, que esse texto é uma fábula.
tindo informações, influenciando nosso comportamento, Assim, qualquer texto que tenha esses detalhes e a
repassando histórias, etc. função de repassar um ensinamento pode ser identificado
Com um pouco mais de atenção, vemos que agru- como fábula. Da mesma forma, se alguma dessas caracte-
pamos vários textos em torno de um nome, digamos, rísticas for mudada, essa identificação também mudará.
comum. Para entender isso, basta você pensar na palavra Por exemplo: se os personagens forem seres humanos,
fábula. O que ela lhe sugere de imediato? Provavelmente não animais irracionais, teremos uma parábola; e, se os
você pensou em um texto cujos personagens são animais personagens forem objetos, teremos um apólogo.
que agem como seres humanos (como vimos no primeiro Podemos dizer, resumindo, que as fábulas, as parábo-
capítulo). Mas não só isso: certamente você já sabe que las e os apólogos possuem, basicamente, características
todas as fábulas sempre são produzidas com o objetivo estruturais muito parecidas, mas não são a mesma coisa.
de nos passar uma lição moral. Essas duas características Eles exemplificam o que chamamos de gêneros textuais.
(personagens animais e lição moral) são comuns a todas Entre as características que esses gêneros possuem,
as fábulas. Veja um exemplo de fábula. a principal é, sem dúvida, que são sempre textos nar-
rativos, isto é, contam histórias de personagens que
O mosquito e o leão desempenham ações que são transmitidas por meio da
voz de um narrador. Da mesma forma que fábulas, pa-
Um orgulhoso mosquito resolveu mostrar a todos rábolas e apólogos, muitos outros gêneros são também
como era valente. Voou até o leão e disse: narrativos: contos, novelas, romances, piadas, etc. Dessa
— Você pensa que tem mais força do que eu? Pois forma, podemos dizer que a narração está presente em
saiba que não é bem assim! Você só sabe arranhar e roer vários gêneros textuais, marcando a sua estrutura. A
com garras e dentes, grande coisa! Eu sou muito mais narração faz parte do conceito que chamamos de se-
forte que você, e eu o desafio! quência textual. Podemos esquematizar o que vimos
E, zumbindo, começou a picar o leão nas partes mais até agora de forma simples.
lisas de seu focinho.
O leão se debateu, tentando, em vão, acertar o mosquito. Moral: Muitas vezes o menor dos nossos inimigos deve
Porém, em seu esforço, ele só conseguiu se arranhar todo ser o mais temível.
e cair cansado e vencido pelo ágil e pequenino inimigo.
Triunfante e zumbindo de felicidade, o mosquito par-
tiu. Mas, embevecido pelo seu orgulho, nem percebeu que Sequência Narrativa
seguia direto para uma teia de aranha! textual
Enrolado na teia, sem conseguir mais voar, ele viu a
aranha se aproximando para comê-lo e pensou, revol-
tado: “Como isso pôde acontecer comigo?! Venci o po- Gêneros
Fábula Parábola Apólogo
textuais
deroso leão para virar jantar de uma maldita aranha!”.

Moral: às vezes, o menor dos seus inimigos é o mais


perigoso. O mosquito O velho e A agulha e
Textos
e o leão o menino a linha
TOLSTÓI, Liev. Fábulas. Tradução e adaptação de Tatiana Mariz e Ana Sofia Mariz.
São Paulo: Companhia das Letrinhas, 2009. p. 19–20. Adaptado.

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Segundo alguns teóricos, existem, basicamente,
seis sequências textuais: injuntiva, descritiva, narra- A
tiva, expositiva, argumentativa e dialogal. De maneira
simples, poderíamos defini-las deste modo: O Parque Nacional Serra da Capivara foi criado em
1979, fronteira entre duas formações geológicas,

• Injuntiva – É a sequência textual que permeia gêneros


em que incitamos à ação. Neles o emissor procura agir
com serras, vales e planície, o parque abriga fauna e
flora específicas da Caatinga com presença de tatus-
sobre o receptor fazendo com que ele adote determina- -verdadeiros, tatus-bola, tamanduás, jacus, cotias,
dos comportamentos, como ocorre frequentemente nas veados-catingueiros, porcos-do-mato, macacos-pre-
receitas culinárias, nos manuais do usuário, etc. go e até onças, lagartos e serpentes e foi declarado


Patrimônio Cultural da Humanidade pela Unesco.
Descritiva – Registra características de pessoas, lu- Em qualquer época do ano é possível visitar. A Sede
gares, objetos. Os anúncios de venda de imóveis nos da administração do Parque fica na cidade de São
jornais, por exemplo, são textos em que as sequências Raimundo Nonato/PI no período das chuvas pode-se
descritivas prevalecem. apreciar a floração das plantas da Caatinga a região

• Narrativa – É o relato de fatos feito por um narrador,


o desenrolar de uma trama, de ações. Esse relato envol-
abriga 173 sítios arqueológicos abertos à visitação.
O Parque fica localizado no semiárido nordestino.
ve personagens normalmente localizados no tempo e
no espaço.

• Expositiva – É a explanação de informações. Essa se-


quência textual permeia textos cuja função principal é
B

Durante milênios, as paredes dos sítios do Parque


informar, como a notícia de jornal. Nacional Serra da Capivara foram pintadas e gravadas

• Argumentativa – Predomina em textos cujo objeti-


vo é a defesa de pontos de vista. Essa defesa é feita por
por grupos humanos com diferentes características
culturais que se refletem nas escolhas gráficas que
aparecem nos sítios. O visitante pode hoje observar um
meio de ideias e argumentos e visa convencer ou per-
produto gráfico final que foi realizado gradativamente
suadir o interlocutor.
e que pela sua narratividade evoca fatos da vida coti-
• Dialogal – Corresponde às sequências que consti-
tuem os diálogos.
diana e cerimonial da vida em épocas pré-históricas.

EVELYN CALIMAM SAMPAIO/Shutterstock.com


Apesar de apresentarmos as seis sequências textuais
separadamente, elas podem aparecer juntas em um
mesmo texto. Entretanto, uma delas prevalece sobre as
demais, indicando a natureza do gênero.

Atividades

1| Imagine que os itens A e B a seguir foram escritos por


diferentes historiadores para fazer parte de um guia tu- Pinturas rupestres produzidas em caverna localizada no Parque Na-
rístico sobre o Parque Nacional Serra da Capivara. cional Serra da Capivara.

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Texto 1
a. Tendo em vista o que estudamos, podemos afirmar
que os itens A e B são textos? Justifique sua resposta.
Brownie do Luiz
Sim. O item A é composto de frases mal formuladas e mal
Ingredientes
conectadas, mas isso não impede a construção do senti-
• 6 ovos
• ½ kg de açúcar
do por parte do leitor. O item B também é um texto, pois
• 3 ½ xícaras (chá) de farinha de trigo
• 700 g de achocolatado
apresenta unidade temática e estrutural bem formulada.
• 300 g de manteiga com sal

Modo de preparo
Numa batedeira coloque 6 ovos, ½ kg de açúcar, 3 ½
b. Na sua opinião, os dois itens poderiam fazer parte do xícaras (chá) de farinha de trigo, 700 g de achocolatado,
guia turístico do Parque? Explique. 300 g de manteiga com sal e bata bem até formar uma
mistura homogênea.
Resposta pessoal. Espera-se que o aluno entenda que,
Coloque a massa numa assadeira (40 cm x 25 cm)
untada e leve ao forno médio preaquecido a 180 °C por
devido aos problemas apresentados pelo item A, não
± 30 minutos. Retire do forno e deixe esfriar.
Corte em quadrados (6 cm x 6 cm) e sirva em seguida.
seria adequado utilizá-lo no guia.
Disponível em: http://gshow.globo.com/receitas-gshow/receita/brownie-do-
-luiz. Acesso em: 23/09/2019.

Themalni/Shutterstock.com
2| Com base na análise feita dos itens A e B da questão
anterior, avalie as afirmações seguintes, assinalando C
(certo) ou E (errado).

a. E Podemos concluir que texto é a sucessão ou com-


binação de frases.
b. E Texto é a sucessão de frases com sentido.
c. E Podemos entender a noção de texto como a uni-
dade linguística superior à frase.
d. C Texto é uma atividade verbal em que há necessa-
riamente produção de sentido.
e. C O item A constitui um texto, apesar de não apre-
sentar unidade estrutural e temática bem organizada. 3| Como você sabe, os textos fazem parte da nossa vida.
f. C O item A, embora apresente raros elementos Fazemos uso deles para atuar e nos comunicar nos diferen-
conectivos entre as ideias veiculadas, apresenta-se tes campos de atividade pelos quais circulamos em nosso
como um todo significativo. cotidiano — em casa, na escola, no shopping, estudando
g. E O item B constitui texto, uma vez que apresenta e até consumindo. Os gêneros textuais nos servem nes-
várias frases. ses momentos, pois são as formas de dizer mais ou menos
h. C No item B, há o predomínio da linguagem formal. estáveis em nossa sociedade. Todos os cidadãos sabem o

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que são e reconhecem notícias, anúncios, bulas de remé- 4| Analise os textos que seguem e indique qual é o gênero
dio, livros didáticos, bilhetes, etc. Reconhecemos os gêne- textual que exemplificam. Aproveite também para identi-
ros textuais principalmente por três aspectos: ficar a sequência textual que prevalece em cada um deles.

• A forma de composição. Texto 1

• Os temas e as funções que viabilizam.


• O estilo de linguagem que permitem (formal,
informal).
Como surge um deserto?

Para uma área ser considerada desértica, ela precisa


Com base nesses três aspectos e no seu conhecimento
reunir pelo menos dois elementos: solo arenoso e clima
de mundo, responda às questões a seguir.
quente e seco, com baixíssimos índices de chuvas durante
um longo período. Os desertos que existem hoje na Terra
a. O texto Brownie do Luiz é um exemplo de que gênero experimentam há milhares de anos uma média de chuvas
textual? menor que 250 milímetros por ano, um índice seis vezes
inferior ao da cidade de São Paulo, por exemplo. Isso
Receita culinária.
quer dizer que demora muito tempo para um deserto
aparecer […].
b. Que características composicionais você identifica Disponível em: http://mundoestranho.abril.com.br/materia/como-surge-um-
nesse texto? -deserto. Texto adaptado. Acessado em: 16/04/2019.

Resposta pessoal. Espera-se que o aluno identifique ca- Artigo de divulgação científica. Sequência textual:

racterísticas como a subdivisão do texto em duas partes Expositiva.

(ingredientes e modo de preparo).

Texto 2
c. Qual é a função social desse gênero textual?

A receita culinária tem a função de ensinar as pessoas a Vulcão chileno Calbuco entra em
erupção
prepararem os alimentos.
O vulcão chileno Calbuco entrou em erupção nesta
d. Esse gênero permite o uso da linguagem formal ou quarta-feira, 22 de abril, e expeliu uma potente coluna
informal? de cinzas de vários quilômetros de altura, o que não
acontecia há quase 50 anos, provocando o isolamento
Normalmente as receitas são escritas com linguagem
das cidades mais próximas.
Disponível em: http://noticias.uol.com.br/ultimas-noticias/reuters.htm. Aces-
formal, mas é possível o registro informal. sado em: 29/04/2019.

Notícia. Sequência textual: Narrativa.


e. Que sequência textual predomina nesse texto?

Na receita culinária, predomina a sequência textual

injuntiva.

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Texto 3 Texto 5

Reprodução
Silvestre

Anúncio. Sequência textual: Injuntiva.

Texto 6

— Do que está falando? — perguntei.


Tirinha. Sequência textual: Narrativa.
Ela pareceu surpresa, como se não fosse para eu ter
escutado aquilo.
— Você deveria contar para ele no que está pensando,
Isabel — sugeriu o papai, que estava do outro lado da sala,
conversando com o pai do Christopher.
— É melhor falarmos sobre isso depois — disse a
Texto 4
mamãe.
— Não. Eu quero saber do que você estava falando —
Animado com esta saída feliz que me deu o javanês, retruquei.
voltei a procurar o anúncio. Lá estava ele. Resolvi com — Você não acha que está pronto para ir à escola,
determinação me candidatar ao professorado do idioma Auggie? — perguntou a mamãe.
oceânico. Escrevi a resposta, passei pelo jornal e deixei — Não — respondi.
lá a carta. Em seguida, voltei à biblioteca e continuei os — Eu também não — concordou papai.
meus estudos de javanês. Não fiz grandes progressos — Então é isso. Assunto encerrado — concluí, dan-
nesse dia, não sei se por julgar o alfabeto javanês o único do de ombros, e sentei no colo dela, como se fosse
saber necessário a um professor de língua malaia ou se um bebê.
por ter me empenhado mais na bibliografia e história — Só acho que você precisa aprender mais do que
literária do idioma que ia ensinar. eu posso ensinar — justificou-se a mamãe. — Quer
dizer... Ah, Auggie, você sabe como sou péssima com
BARRETO, Lima. O homem que sabia javanês. In: Contos selecionados. Seleção
e adaptação de Malthus de Queiroz. Recife: Prazer de Ler, 2012, p. 10. frações!
PALACIO, J. R. Extraordinário. Tradução: Rachel Agavino. Rio de Janeiro: In-
Conto. Sequência textual: Narrativa. trínseca, 2012. p. 14.

Diálogo. Sequência textual: dialogal.

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Texto 7

Desafio
Reprodução

1| (Enem–Adaptada) Em 2002, o Governo Federal pro-


moveu uma campanha a fim de reduzir os índices de
violência. Noticiando o fato, um jornal publicou a se-
guinte manchete:

Campanha contra a violência do governo


do Estado entra em nova fase.

A manchete tem um duplo sentido, e isso dificulta o


entendimento. Considerando o objetivo da notícia, esse
Anúncio. Sequência textual: Injuntiva.
problema poderia ter sido evitado com a seguinte redação:

a. Campanha contra o governo do Estado e a vio-


lência entram em nova fase.
b. A violência do governo do estado entra em nova
fase de campanha.
Texto 8
c. Campanha contra o governo do Estado entra em
nova fase de violência.
A raposa e as uvas d. A violência da campanha do governo do Estado
entra em nova fase.
Uma raposa faminta viu uns cachos de uva pendu- e. X Campanha do governo do Estado contra a violên-
rados a grande altura, em uma videira que crescia ao cia entra em nova fase.
longo de uma treliça, e fez de tudo para alcançá-los,
saltando o mais alto que podia. Mas seu esforço foi em 2| Leia o cartaz.
vão, pois os cachos estavam fora de seu alcance. Por
isso, ela desistiu de tentar.
Afastou-se e, com um ar de dignidade e indiferença,
O ÚNICO CAMINHO É SALVAR A
falou:
— Eu pensei que aquelas uvas estavam maduras,
NATUREZA!
mas vejo agora que elas eram, na verdade, bastante
azedas.

Moral da história: Quem desdenha quer comprar.


SANTOS, Laura. Fábulas de Esopo. Recife: Prazer de Ler, 2014, p. 3.

Fábula. Sequência textual: Narrativa. Colabore com esse ato em defesa do meio ambiente.
Seja nosso parceiro.
As futuras gerações agradecerão.

Gramática – 6o ano    41

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Em relação ao texto, é possível afirmar que ele: b. O convite-propaganda situa a “Universidade X” em
um lugar de autoridade. Explique como isso acontece.
a. apresenta traços claros de ambiguidade, isto é,
Ao fazermos a referência desse convite-propaganda ao
sugere mais de uma possibilidade de interpretação.
b. desrespeita as normas para textos formais escri-
texto veiculado pelo Ministério da Saúde (uma instituição
tos, sobretudo em relação à variação linguística.
c. possui uma inconsistência de sentido, pois apre-
com poder legitimado), percebemos que, no convite,
senta contradições entre as informações e os dados
da realidade.
a expressão Universidade X ocupa a mesma função do
d. X cumpre a função de convencer o leitor a aderir à
campanha em favor do meio ambiente.
termo O Ministério da Saúde na advertência, ou seja, os
e. atende perfeitamente ao objetivo comunicativo
a que se propõe.
dois termos são equivalentes semanticamente.
3| (Unicamp–Adaptada) Alguns anos atrás, uma uni-
versidade brasileira veiculou um convite-propaganda
para a palestra Desenvolvimento da saúde e seus princi-
pais problemas, que seria proferida por um ex-ministro
da Saúde. Do convite-propaganda, fazia parte uma
foto do político, sobre a qual foi colocada uma tarja
branca com o seguinte enunciado:

A “UNIVERSIDADE X” ADVERTE: Anotações


ESSA PALESTRA FAZ BEM À SAÚDE.

a. Esse enunciado faz alusão a um outro. Qual?

O enunciado faz alusão ao texto veiculado pelo Ministério

da Saúde em suas ações contra o tabagismo: O Ministério

da Saúde adverte: fumar faz mal à saúde.

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Texto 1

Trabalho infantil em números


Dados de 2010

5,2%das crianças
brasileiras 328 cidades mineiras têm o
índice de crianças nessa
Dados gerais do
Brasil
entre 10 e 13 faixa etária que trabalham
anos trabalham acima da média nacional
Estados com mais crianças de
10 a 13 anos trabalhando
Municípios mineiros com maior percentual 1o São Paulo............. 2.649.355
de crianças de 10 a 13 anos trabalhando 2o Minas Gerais........ 1.341.370
3o Bahia..................... 1.068.919
1o Rochedo de Minas 26% 4o Rio de Janeiro...... 1.045.916
2 Tocos do Mogi
o
25,9% 5o Paraná.................. 720.290
3 Santana do Manhuaçu
o
23,6%
4 Chapada Gaúcha
o
23,2% Ranking das crianças de 10
21,9%
a 13 anos que trabalham e não
5o José Gonçalves de Minas
frequentam a escola
6 Senador José Bento
o
21,5%
1o São Paulo............. 77.712
7 Senador Nordestino
o
20,4% 2o Bahia..................... 31.106
8 Alagoa
o
19,9% 3o Minas Gerais........ 30.787
9o Santo Antônio do Itambé 19,6% 4o Rio de Janeiro...... 29.700
10 Icaraí de Minas
o
18,5% 5o Amazonas............ 23.619
11 Angelândia
o
18,5%

Fonte: Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Disponível em: http://www.otempo.com.br/infograficos/trabalho-infantil-1.654360. Acesso em: 27/08/2019.
Adaptado.

4| Analise as afirmações a seguir.

I. Trata-se de um gênero textual que cumpre papel importante em textos informativos.


II. Apresenta uma combinação entre linguagem verbal e não verbal com o objetivo de informar o leitor.
III. Por ser composto apenas por gráficos, esse conjunto de informações não pode ser entendido como texto.
IV. Como o objetivo comunicativo é informar o leitor, nesse texto há um predomínio da sequência textual descritiva.
V. A classificação como texto não é adequada, pois verificamos apenas frases incompletas (de situação).

Está correto o que se afirma apenas em:

a. X I e II.
b. I e V.
c. II e III.
d. III e IV.
e. IV e V.

Gramática – 6o ano    43

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5| Assinale a alternativa que resume de forma mais ade- e outra semivogal na mesma sílaba, como ocorre em Uru-
quada o tema central do texto. guai. Nesse caso, a vogal é pronunciada com mais força.

a. Trabalho infantil em números.


b. A exploração da mão de obra infantil no Brasil
Aprenda mais
em 2010.
Formalmente, os ditongos são classificados em orais ou nasais
c. X Municípios mineiros com maior percentual de e crescentes ou decrescentes.
crianças de 10 a 13 anos trabalhando.
d. Dados gerais do Brasil sobre trabalho infantil. Orais – Compostos de vogal oral, como em mingau, sai e feito.
Nasais – Compostos de vogal nasal, como em põe, mamão e mamãe.
e. Estados brasileiros com mais crianças de 10 a 13
Crescentes – Compostos de semivogal e vogal, nesta ordem,
anos trabalhando. como em pátria, espécie e planície.
Decrescentes – Compostos de vogal e semivogal, nesta ordem,
como em seu, maio e prometeu.

Questões de Agora, numere os ditongos observando a classificação.


escrita
1. Ditongo oral decrescente.
Encontros de vogais e 2. Ditongo oral crescente.
semivogais 3.
4.
Ditongo nasal decrescente.
Ditongo nasal crescente.

1| No capítulo anterior, vimos que a sílaba é um fone- a. 1 Circuito. i. 4 Quando.


ma ou grupo de fonemas que produzimos em um só im- b. 2 Série. j. 3 Muito.
pulso de voz. Na língua portuguesa, a vogal constitui a c. 2 Aquático. k. 3 Refém.
base das sílabas. Assim, em uma mesma sílaba, só pode d. 1 Ouro. l. 1 Deixa.
haver uma vogal. Em uma palavra como pai, constituí- e. 3 Cãibra. m. 2 Artéria.
da de uma única sílaba, temos apenas a vogal a. Nesse f. 4 Guano. n. 1 Gratuito.
caso, o i é considerado semivogal, pois é pronunciado g. 3 Cantavam. o. 3 Propõe.
de maneira mais fraca. Analise os substantivos a seguir h. 3 Jogavam. p. 1 Leu.
e identifique aqueles em que há o encontro de vogal e
semivogal na mesma sílaba. 3| Na fala cotidiana, os ditongos representam variações
interessantes que caracterizam o português brasileiro.
a. saída b. rua c. carteira d. pão e. moeda Em grupo com os seus colegas e o professor, analise a
presença de ditongos nos grupos de palavras a seguir.
f. praia g. mãe h. agência i. país j. saúde

a. Beijo – cheiro – peixe – caixa.


2| Os encontros de vogais e semivogais no interior das b. Ouro – calouro – amou.
sílabas podem ocorrer de duas formas: c. Paz – mês – nós.

• Ditongo – É a combinação de uma vogal e uma semivo-


gal (ou semivogal e vogal) na mesma sílaba, como ocorre
A que conclusões vocês chegaram?
No item A, observamos o apagamento da semivogal do
nas palavras que você destacou na questão anterior. ditongo que ocorre na sílaba tônica. O mesmo acontece
no item B. Por fim, no item C, percebemos a formação

• Tritongo – É o encontro de uma semivogal, uma vogal do ditongo nos monossílabos tônicos terminados em /s/.

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4| Não há tritongo em: Anotações
a. Averiguou. d. X Boiada.
b. Saguão. e. Iguais.
c. Paraguaio.

5| Em todas as palavras ocorre ditongo, exceto em:

a. Série – perspicácia – relógio.


b. X Salário – saída – Márcia.
c. Conceito – estou – cautela.
d. Museu – ânsia – vácuo.
e. Negócio – elegância – couro.

Desencontros de vogais:
hiato
6| Na palavra saída, as vogais a e i ocorrem em sílabas
diferentes, o que caracteriza um hiato. Assim, na prática,
o hiato não é propriamente um encontro de vogais, mas
o desencontro delas. Essa separação, indicada na fala,
mostra que essas vogais, quando se separam, ficam em
sílabas diferentes. Agora, analise as palavras a seguir e in-
dique se apresentam ditongo, tritongo ou hiato.

Hiato.
a. lagoa –

Tritongo.
b. Paraguai –

Hiato.
c. país –

Ditongo.
d. fortuito –

Hiato.
e. ciúme –

Hiato.
f. rua –

Ditongo.
g. partiu –

Ditongo.
h. ouviu –

Hiato.
i. reeleger –

Hiato.
j. cooperar –

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Anotações

46 Gramática – 6o ano   

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Capítulo

4 Conotação e denotação

1. Conotação e denotação notar a presença do vocativo na fala de ambos. Na língua


portuguesa, existem várias formas de chamar a atenção
Determinadas palavras ou expressões que usa- do interlocutor em uma conversa. Considerando a cono-
mos na nossa comunicação diária são muito ricas tação, embora essas formas tenham a mesma finalidade,
semanticamente. Ao descreverem a realidade de que elas não se equivalem. Nesse exemplo, ó meu e tchê
falamos, por exemplo, elas também veiculam várias exercem a função de vocativo, mas, além disso, transmi-
informações, que podem ser mais ou menos adequa- tem informações sobre a procedência dos falantes. Os
das ao momento. paulistas falam ó meu; os gaúchos falam tchê.
A conotação é o efeito de sentido por meio do qual Sobre a adequação ao momento, observe que as duas
palavras ou expressões transmitem informações sobre falas são perfeitas. Os dois surfistas se veem como tais,
o falante: quem ele é, de onde vem, como ele vê o seu tratam-se de maneira igual e falam da realidade (o mar,
interlocutor, etc. Portanto, a conotação diz respeito a uma que não está bom para a prática do surf) de um modo
maneira pessoal de ver o mundo, as pessoas, as situações. particular, o que constitui conotação.
Ou seja, corresponde à maneira figurada de se expressar.
Diferentemente da conotação, a denotação é o efeito
de sentido por meio do qual falamos “neutramente” do Aprenda mais
mundo. Corresponde ao sentido literal (real) das palavras. Chamamos de vocativo a palavra e expressão que utilizamos para
Para exemplificar esses conceitos, vamos imaginar nos referir aos interlocutores e chamar a sua atenção durante o
uma conversa entre dois homens que estão na praia ato comunicativo. Observe.
olhando o mar.
Entendeu, caro aluno?
João, Gabi já chegou?
— Ó meu, que cê tá achando dessas ondas?
— Tá uma enganação, tchê!
Veja outro exemplo: o emprego da palavra legal nas
manchetes a seguir.

Sem divórcio legal, Filipinas perpetuam


casamentos fracassados

País é o único no mundo onde a separação não é


reconhecida legalmente, o que torna a situação difícil
para mulheres que vivem relações tóxicas
Nesse diálogo, observamos que os personagens são Disponível em: https://noticias.r7.com/internacional/sem-divorcio-legal-
-filipinas-perpetuam-casamentos-fracassados-24082019. Acessado em:
surfistas, devido à própria ilustração e ao uso de gírias 26/08/2019.
características desse grupo. Além disso, é importante

Gramática – 6o ano    47

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Por que ser legal nem sempre é bom para Aprenda mais
a sua carreira
Chamamos de estilística o ramo de estudo da língua que
Na busca por ser uma “boa pessoa” no ambiente trata do emprego da linguagem com o objetivo de se obter
uma forma peculiar e mais expressiva de uma mensagem. Tal
de trabalho, executivos acabam comprometendo a expressividade explora o sentido conotativo das palavras e
honestidade pode ser obtida de várias formas: pela combinação/seleção das
palavras, pelo realce à sonoridade, pela sugestão de conteúdos
Disponível em: https://epocanegocios.globo.com/Carreira/noticia/2019/08/
porque-ser-legal-nem-sempre-e-bom-para-sua-carreira.html. Acessado em: intuitivos, entre outras.
26/08/2019.

Comparação
Como você pode ver, a palavra legal possui diferentes
sentidos nessas manchetes. No primeiro caso, temos o Ocorre quando se estabelece, entre palavras ou expres-
uso denotativo — o sentido é conforme a lei. No segundo, sões, uma relação comparativa clara entre elementos de um
o sentido é conotativo — a palavra resume as qualidades mesmo universo ou de universos diferentes. Para realizar a
que fazem uma “boa pessoa”, isto é, generosa, atenciosa, comparação, é necessário o emprego de conectivos adequa-
cuidadosa, divertida, etc. dos, como: mais... (do) que..., menos... (do) que..., tão...
Para essa distinção ficar clara, veja o quadro-resumo quanto, como, assim como, tal como, igual a, que nem.
a seguir.
Sentou pra descansar como se fosse sábado
Denotação Comeu feijão com arroz como se fosse um príncipe
Bebeu e soluçou como se fosse um náufrago

• Palavra com o sentido próprio das primeiras defini-


ções do dicionário.
Dançou e gargalhou como se ouvisse música


BUARQUE, Chico. Construção. Rio de Janeiro: Philips, 1971.
Palavra com sentido restrito, objetivo.
• Palavra usada de modo automatizado. Minha paixão? Uma armadilha de água,
Rápida como peixes,
Conotação Lenta como medusas,
Muda como ostras.
• Palavra com sentido figurado, rica em expressivida-
de a partir do contexto de uso.
SAVARY, Olga. Ycatu. In: MORICONI, Ítalo (Org.). Os cem melhores poemas bra-
sileiros do século. Rio de Janeiro: Objetiva, 2001, p. 273.

• Palavra com sentido amplo decorrente dos valores


sociais e afetivos a que está ligada, daí ser empregada Metáfora
de maneira mais criativa e artística.
Consiste na utilização de uma palavra fora do seu sen-
tido comum, próprio, tendo como base uma relação de
2. Linguagem figurada semelhança entre os termos comparados. É uma compa-
ração feita sem a utilização de conectivos. Na capa de re-
Podemos definir as figuras de linguagem como formas vista a seguir, por exemplo, lemos a manchete da repor-
simbólicas ou elaboradas de que lançamos mão para ex- tagem principal daquela edição. A palavra guerra está
primirmos ideias, significados, pensamentos, enfim, con- empregada metaforicamente para se referir aos confli-
teúdos emotivos e intuitivos. Nesse sentido, as figuras de tos enfrentados diariamente pelos motoristas brasileiros
linguagem correspondem ao uso conotativo das palavras. usuários de aplicativos de transporte particular. Ou seja,
Estudaremos agora as principais figuras de linguagem. o trânsito, de fato, não é uma guerra; é como se fosse.

48 Gramática – 6o ano   

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Metonímia

Reprodução
É a troca de um nome por outro a partir de uma rela-
ção real, concreta e objetiva existente entre eles. Existem
vários tipos de metonímia. Veja alguns deles:

• O continente pelo conteúdo.


Comi dois pratos no almoço.

• O efeito pela causa.

A guerra
Eu me sustento com o meu suor.

das ruas • O autor pela obra.


Eu costumo ler Chico Buarque nas horas vagas.


Anabolizado pelo investimento de um grande chinês,
o aplicativo brasileiro 99 entra, para valer, na briga
com o Uber — uma disputa que já está transformando
o transporte nas grandes cidades do país O instrumento pela pessoa que o utiliza.
Meu tio é um bom garfo.

Anabolizado pelo investimento de um grande


chinês, o aplicativo brasileiro 99 entra, para valer,
• O lugar pelo produto.
Quero um cálice de porto. (vinho do Porto)


na briga com o Uber — uma disputa que já está
transformando o transporte nas grandes cidades A parte pelo todo.
do país Seus olhos pediam um alimento para saciar a fome.

Na tirinha a seguir, há emprego de metáforas no se-


gundo quadrinho. Observe:
• O singular pelo plural.
O brasileiro adora futebol.

• A marca pelo produto.

GOVERNO REDUZ
IPI DE PRODUTOS
DE LINHA BRANCA

Bom, uma Brastemp nós


já compramos, agora só
falta a comida!

Gramática – 6o ano    49

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Catacrese Estudei para a prova. (elipse da palavra eu)
Na boca, dentes de marfim. (elipse da palavra havia)
É a metáfora que já está incorporada à língua, Maria falou a noite inteira. (elipse da palavra durante)
geralmente por falta de um termo específico no voca-
O zeugma é um tipo particular de elipse. Consiste na
bulário para representar determinado objeto (assim
omissão de um termo já expresso anteriormente na frase.
como parte dele) ou determinadas ações. Tal figura
No texto a seguir, ocorre a omissão da palavra guardem.
baseia-se em alguma semelhança conceitual entre
os objetos relacionados. É o que acontece com os O nariz guardem nos rosais,
termos céu da boca, pé da poltrona e dente de alho A língua no alto do Ipiranga
nos exemplos que seguem. Para cantar a liberdade.
Saudade...
[...] O céu da boca, onde essa noite se forma, não tem [...]
estrelas de tão preto. [...]
ANDRADE, Mário de. Quando eu morrer quero ficar. In: MORICONI, Ítalo
LAURENTINO, André. A lua da língua. In: SILVA CAMPOS, Carmen Lucia da; SILVA, (Org.). Os cem melhores poemas brasileiros do século. Rio de Janeiro:
Nilson Joaquim (Orgs.). Lições de gramática para quem gosta de literatura. São Objetiva, 2001.
Paulo: Panda Books, 2007, p. 96.)
Pleonasmo
[...] O filho mais velho chegou a trazer um vira-lata da
Consiste na repetição enfática de uma ideia ou um
rua para fazer xixi no pé da poltrona, mas não conseguiu
termo por meio de vocábulos ou expressões diferentes.
despertar dona Morgadinha do seu devaneio.
Exemplos clássicos de pleonasmo são as expressões sair
VERISSIMO, Luis Fernando. Comédias para se ler na escola. Rio de
para fora, descer para baixo, subir para cima, elo de
Janeiro: Objetiva, 2001. ligação, hemorragia de sangue, etc.

Antítese
Receita de pão de alho
É a associação de conteúdos opostos por meio de pa-
Ingredientes
lavras, sintagmas ou enunciados. No primeiro exemplo, os
• 1 baguete média pares som e silêncio, luz e escuridão, dia e noite e não

• 4 colheres (sopa) de requeijão e sim expressam o caráter contraditório da vida.

• 50g de muçarela Não existiria som

• 3 dentes de alho picados


Se não houvesse o silêncio.
Não haveria luz
• Cheiro verde a gosto Se não fosse a escuridão.

• Sal a gosto A vida é mesmo assim,


Dia e noite, não e sim
Pimenta do reino a gosto [...]
• 2 colheres (sopa) de manteiga SANTOS, Lulu; MOTTA, Nelson. Certas coisas. In: Tudo azul. Rio de
Janeiro: WEA, 1984.

Elipse Ironia

É a omissão de um termo da frase facilmente suben- Consiste no uso de uma expressão pela qual, usando
tendido. entonação apropriada, dizemos o contrário do que pen-

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samos com a intenção de sermos sarcásticos e usando entonação apropriada. No exemplo a seguir, a expressão onze
contos de réis indica, na verdade, que o interesse da personagem Marcela era somente financeiro.

[...] Marcela amou-me durante quinze meses e onze contos de réis [...].

ASSIS, Machado de. Memórias póstumas de Brás Cubas. São Paulo: Abril Cultural, 1978.

Já neste outro exemplo, dizemos que a resposta de Dona Anésia à neta no último quadrinho foi irônica, pois, na
verdade, ela não pediu paz ao Papai Noel.

Eufemismo Já neste outro exemplo, a mulher deseja suavizar a ideia


de demissão expressa pelo homem, para não assustar os
Consiste na suavização da linguagem por meio da uti- filhos. Então ela o orienta a dizer que está de férias cole-
lização de palavras ou expressões que atenuam, aliviam, tivas, medida que normalmente antecede a demissão de
ideias consideradas desagradáveis ou inadequadas em muitos funcionários em grandes empresas.
determinadas situações de interação comunicativa. É o
que acontece com a ideia de morte, que é suavizada pelos
versos Quando os teus olhos fecharem / Para o esplendor
deste mundo no poema a seguir.

Quando os teus olhos fecharem


Para o esplendor deste mundo,
Num chão de cinza e fadigas
Hei de ficar de joelhos;
Quando os teus olhos fecharem
Hão de murchar as espigas,
Hão de cegar os espelhos.
[...]

CARDOZO, Joaquim. Canção elegíaca. In: MORICONI, Ítalo (Org.). Os cem


melhores poemas brasileiros do século. Rio de Janeiro: Objetiva, 2001.

Gramática – 6o ano    51

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Chamamos o oposto do eufemismo de disfemismo, isto Eu nunca mais vou respirar,
é, o uso de palavra ou expressão considerada grosseira, Se você não me notar.
grotesca ou simplesmente desagradável em lugar de outra Eu posso até morrer de fome,
mais branda ou neutra. É o que acontece com o emprego Se você não me amar.
da palavra piores no último quadrinho da tira abaixo. [...]

CAZUZA; LEONI; NEVES, Ezequiel. Exagerado In: Exagerado. Rio de


Janeiro: Som Livre: 1985.

Personificação

Consiste em atribuir características humanas a seres


inanimados. Quando dizemos, por exemplo, que as pare-
des têm ouvidos, estamos atribuindo uma faculdade huma-
na à parede, como se ela tivesse a capacidade de escutar.
Uma figura de linguagem parecida com a personificação
é a prosopopeia. Esta figura ocorre quando seres animados
ou inanimados interagem como humanos, como ocorre nas
fábulas, em que animais falam como se fossem pessoas.

Reflita
No cartaz a seguir, ocorre personificação ou prosopopeia?

No cartaz, a frase O sapato tá ótimo, mas eu queria


comer um pouco de ração é atribuída ao cão, o que
configura o uso da prosopopeia.

Reprodução
Hipérbole

Consiste no exagero da linguagem, a fim de colo-


carmos em relevo uma determinada informação. No
primeiro exemplo, os termos mil, nunca mais e morrer
de fome procuram, com base no exagero, intensificar os
O Abrigo São Lázaro
sentimentos do eu lírico por alguém. precisa de doações de
comida para alimentar
os peludinhos.
[...] Contribua!
Paixão cruel, desenfreada, Contato: 986264775
abrigosaolazaro2016@gmail.com
Te trago mil rosas roubadas
Pra desculpar minhas mentiras,
Minhas mancadas.
[...]

52 Gramática – 6o ano   

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Gradação 2| Agora, leia o cartaz a seguir.

Reprodução
Consiste em apresentarmos uma sequência de pala-
vras ou expressões a fim de criarmos uma ideia de pro-
gressão ascendente ou descendente. Observe:

Atividades
Como você sabe, muitas vezes não podemos entender
1| Leia: palavras e expressões “ao pé da letra”, isto é, denotati-
vamente. A esse respeito, responda às questões a seguir.
Amor é a coisa mais alegre.
Amor é a coisa mais triste. a. A quem se destina o cartaz?
Amor é coisa que mais quero.
Às mulheres em geral.
[...]

PRADO, Adélia. O sempre amor. In: Poesia reunida. São Paulo: Siciliano, 1991. b. Transcreva o termo que faz referência conotativa às
pessoas a quem se destina o cartaz.
No trecho do poema, observamos a ocorrência de uma
A flor da vida.
figura de linguagem caracterizada pela:

a. Intensificação de ideias. c. O uso conotativo do termo que você identificou no


b. Substituição de um termo por outro equivalente. item anterior corresponde a uma figura de linguagem
c. Comparação entre ideias. bastante produtiva. Que figura é essa?
d. X Oposição de palavras.
Metáfora.
e. Suavização de uma palavra considerada grosseira.

Gramática – 6o ano    53

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3| O texto a seguir, publicado em um jornal de grande 4| Leia com atenção o texto a seguir.
circulação no País, deixa claro que nem sempre pode-
mos nos limitar à interpretação literal (isto é, “ao pé da
Astronauta
letra”) das palavras. Leia-o.
Astronauta, tá sentindo falta da Terra?
Demora Que falta que essa Terra te faz?
A gente aqui embaixo continua em guerra
O Ministério da Saúde calcula que, em janeiro, já olhando aí pra Lua, implorando por paz.
poderá deflagrar o programa emergencial da saúde Então me diz: por que você quer voltar?
para os ianomâmis, em Rondônia. Até lá, os mos- Você não tá feliz onde você está?
quitos transmissores da malária estão proibidos de Observando tudo a distância,
picar os índios. vendo como a Terra é pequenininha,
Folha de S.Paulo como é grande a nossa ignorância
e como a nossa vida é mesquinha.
[...]
a. Identifique e transcreva a passagem que, no texto,
O PENSADOR, Gabriel; SANTOS, Lulu. Astronauta. In: Nádegas a declarar.
não deve ser interpretada literalmente.
Rio de Janeiro: Sony Music, 1999.
“[…] os mosquitos transmissores da malária estão proi-
a. Em que versos podemos observar a oposição de
bidos de picar os índios.” palavras?

A oposição de palavras ocorre nos versos vendo como a


b. Explique por que a inclusão dessa passagem deixa cla-
Terra é pequenininha / como é grande a nossa ignorância.
ra a posição crítica e irônica do jornal com relação aos
prazos propostos pelo Ministério da Saúde para começar
a resolver o problema da malária entre os ianomâmis.

Como o Ministério deixa claro na notícia que somente em

janeiro poderá resolver o problema da malária entre os


b. Que figura de linguagem está caracterizada nos ver-
sos identificados no item anterior?
indígenas, fica implícita a ideia de que esta ação demorará
Antítese.
ainda para acontecer e que, enquanto isso, a comunidade

continuará sem receber os devidos cuidados. Assim, dian-

te dessa negligência, a proibição imposta aos mosquitos Desafio


soa irônica por parecer possível e mais eficiente.
1| (Unicamp–Adaptada) A carta a seguir reproduzida foi
publicada em outubro de 2007, após declaração sobre a
legalização do aborto feita pelo governador do Estado
do Rio de Janeiro na época.

54 Gramática – 6o ano   

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II. Não obstante, as casinhas do cortiço, à proporção
Sobre a declaração do governador de que “as mães que se atamancavam, enchiam-se logo, sem mesmo
faveladas são uma fábrica de produzir marginais”, dar tempo a que as tintas secassem.
cabe indagar: essas mães produzem marginais ape- III. E, durante muito tempo, fez-se um vaivém de mer-
nas quando dão à luz ou também quando votam? cadores. Apareceram os tabuleiros de carne fresca e
outros de tripas e fatos de boi; só não vinham horta-
Painel do Leitor, Folha de S.Paulo
liças, porque havia muitas hortas no cortiço.
IV. Eram cinco horas da manhã e o cortiço acordava,
a. Há uma forte ironia produzida no texto da carta. Des- abrindo, não os olhos, mas a sua infinidade de portas
taque a parte do texto em que se expressa essa ironia. e janelas alinhadas.
V. O fato abalou o coração do cortiço, as duas receberam
A ironia está expressa em [...] também quando votam.
parabéns e felicitações.

Em qual(ais) trecho(s) identificamos a ocorrência da


personificação?
b. Qual é o objetivo pretendido pelo autor ao utilizar
essa ironia? a. Em I e II, apenas.
b. Em II e III, apenas.
O objetivo pretendido pelo autor foi qualificar como
c. Em III e IV, apenas.
d. X Em IV e V, apenas.
marginais os políticos e, consequentemente, o próprio
e. Em I e V, apenas.

governador, autor do comentário.


3| Leia com atenção o poema a seguir.

O amor, esse sufoco,


agora há pouco era muito;
agora, apenas um sopro.
Ah, troço de louco,
2| A obra O cortiço, de Aluísio Azevedo, conta-nos a história corações trocando rosas
do ambicioso João Romão, capaz de tudo para ficar rico. e socos.
É ele o dono do cortiço que dá título ao livro. João Romão
mantém um romance com Bertoleza e tem como principal LEMINSKI, Paulo. Melhores poemas. São Paulo: Global, 1996. p.119.
opositor Miranda, comerciante português que mora num
sobrado ao lado do cortiço. Paralelamente a isso, outros Chamamos de metonímia a figura de linguagem que
personagens, como Jerônimo, Capoeira Firmo, Rita Baiana consiste na substituição de um termo por outro a partir
e Piedade, dão vida à trama, que aborda com clareza as- de uma relação de continuidade, de extensão de ideias.
pectos comportamentais dos indivíduos em sociedade. No Em que palavra(s) do texto identificamos a presença da
entanto, não apenas os personagens são descritos em seus metonímia?
comportamentos, mas também o próprio cortiço, apresen-
tado ao leitor de forma personificada. Observe: a. Sufoco.
b. Pouco e muito.
I. E o fato é que aquelas três casinhas, tão engenho- c. Sopro.
samente construídas, foram o ponto de partida do d. X Corações.
grande cortiço de João Romão. e. Troço e louco.

Gramática – 6o ano    55

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4| (Enem) Nesta tirinha, a personagem faz referência a b. Há quantos fonemas nessa palavra?
uma das mais conhecidas figuras de linguagem. Marque
Há quatro fonemas.
a alternativa que demonstre tal referência.

2| Você percebeu que, na palavra campo, há mais letras


que fonemas? Essa diferença ocorre porque a sequência
de letras am é representada por apenas um fonema: ã.
Chamamos de dígrafo o emprego de duas letras para
representar um fonema. Agora, leia as palavras abaixo,
identificando em quais delas ocorre dígrafo.
a. Condenar a prática de exercícios físicos.
b. Valorizar aspectos da vida moderna. Marcos barco modo espaço untar
c. Desestimular o uso das bicicletas.
assobio senso anta ouvido pastel
d. Caracterizar o diálogo entre gerações.
e. X Criticar a falta de perspectiva do pai. querer Maria chave poço estrelas

alho nascer papel ronco ninho


5| (ITA) Assinale a figura de linguagem predominante na
seguinte frase. açougue cresço exceto ferroada canto

A engenharia brasileira está agindo rápido


para combater a crise de energia.
Aprenda mais
Você sabia que nem sempre sons e letras foram coisas dis-
a. Metáfora. tintas? Até o século XVI, como não existia uma padronização
b. X Metonímia. ortográfica, a escrita seguia a pronúncia. Assim, era muito
c. Eufemismo. comum encontrar, em um texto, uma mesma palavra grafada
de formas variadas. Entre o século XVI e o começo do século XX,
d. Hipérbole. houve uma crescente busca de uniformização da escrita: passou-
e. Pleonasmo. -se a escrever respeitando-se a origem das palavras. Datam dessa
época palavras como philosophia, pharmacia, chimica. Nesses
exemplos, a segunda letra (h, c, ç, r, s, u, n, m) se combina com a

Questões de primeira para lhe dar um valor fonético diferente, originando


o dígrafo. Essas letras (a segunda nos dígrafos) são chamadas

escrita de diacríticas.

Dígrafo Encontro consonantal


1| Analise a palavra a seguir. 3| Leia estas palavras.

campo distribuir degrau


madrugada placa
a. Quantas letras há nessa palavra? estrela biblioteca

Há cinco letras. prova signo

56 Gramática – 6o ano   

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Considerando o som representado pelas letras destaca- Divisão silábica
das, podemos dizer que temos exemplos de dígrafos?
Explique. 6| Leia as palavras abaixo.

Não. As letras destacadas representam uma combinação de


caixa herói Paraguai iguais
fonemas, logo não são dígrafos. São encontros consonantais.
a. Como você separaria as sílabas dessas palavras? Utili-
4| Com base na análise feita na questão anterior, defina: ze o hífen ( - ) para indicar as separações.
o que é um encontro consonantal.
cai-xa / he-rói / Pa-ra-guai / i-guais.
Encontro consonantal é a sequência de dois ou mais
b. Observando os encontros vocálicos presentes nes-
fonemas consonânticos em uma mesma palavra.
sas palavras, o que podemos concluir sobre a separa-
ção silábica?

Aprenda mais Não separamos as letras que representam ditongos e

Os encontros consonantais podem ser separáveis ou insepa- tritongos.


ráveis, considerando a norma culta.

•ap-to
Separáveis – Ocorrem em sílabas diferentes.
7| Agora, observe a separação silábica dos grupos de
dig-no ab-so-lu-to ad-mi-tir sub-me-ter et-ni-a
palavras a seguir e, com suas palavras, elabore uma
• Inseparáveis – Ocorrem na mesma sílaba. regra para cada situação. Dica: atente para os detalhes
bra-ço ci-clo flo-res le-tra czar pneu
que são comuns às palavras de cada grupo.
Na fala de algumas variantes linguísticas, alguns encontros con-
sonantais tendem a formar duas sílabas devido à colocação de
uma vogal. Na norma culta escrita, por uma questão de padrão, a
a. ap-to cac-to gar-ça pre-da-tis-mo
forma variante é considerada inadequada. Observe os exemplos.

Forma culta Forma variante


Não separamos da sílaba anterior as consoantes que
advogado adevogado
absoluto abissoluto
forem seguidas de vogal.
pneu pineu

5| Analise as palavras a seguir. car-ra-pa-to nas-cer a-mar-rar


b.
des-ço e-cos-sis-te-ma ex-ce-der
samba renda indo
Separamos os dígrafos rr, ss, sc, sç, xc.
As letras destacadas podem ser definidas como exemplos
de encontros consonantais?
c. ca-í-do ba-ú sa-ú-de sa-í-da
Não, pois as letras m e n formam dígrafos com as vogais

que as antecedem. Separamos as vogais dos hiatos.

Gramática – 6o ano    57

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9| Faça a divisão silábica das palavras relacionadas
d. pneu-má-ti-co gno-mo psi-có-lo-go abaixo.
ca-ça
Não separamos os encontros consonantais que iniciam a. caça –

co-le-tor
palavras. b. coletor –

lan-ça
c. lança –

e. co-mu-ni-da-de
mei-o boi-a-da chei-o d. comunidade –

ho-mi-ní-deo
Separamos o ditongo do hiato. e. hominídeo –

a-gru-pa-men-tos
f. agrupamentos –
ma-lha que-rer li-nha se-den-ta-ri-za-ção
f. g. sedentarização –
guer-ra cha-ve quis
tri-go
h. trigo –
Não separamos os dígrafos lh, nh, ch, gu, qu.
a-gri-cul-tu-ra
i. agricultura –
8| Quando escrevemos um texto, às vezes temos de di-
mãe
vidir as palavras para continuá-las na linha seguinte. j. mãe –
Chamamos essa divisão de translineação. Se o hífen
a-lho
da translineação coincidir com o hífen de uma palavra k. alho –
composta, devemos repetir o hífen no início da linha se-
co-o-pe-ra-ção
guinte. Leia o texto abaixo e identifique onde deve ser l. cooperação –
empregado o hífen da translineação.
ca-de-a-do
m. cadeado –

Uma grande revolução na vida dos seres subs-tân-cia


n. substância –
humanos primitivos foi a descoberta do fogo,
que ocorreu no Paleolítico. De início, as foguei- pneu-má-ti-co
o. pneumático –
ras eram acesas a partir de incêndios ocorri-
dos espontaneamente na natureza. Acredita ter-re-no
se que o modo de se produzir fogo foi descoberto p. terreno –
de forma casual, resultante de faíscas produzidas ra-ma-lhe-te
pelo atrito entre pedras. Partindo dessa observa- q. ramalhete –
ção, nossos ancestrais passaram a controlar o fogo, meunierd/Shutterstock.com

fazendo-o perto de pequenos gravetos secos, com


o atrito de duas pedras ou pedaços de madeira.

O hífen da translineação deve ser colocado antes da pa-

lavra se (-se) em acredita-se.

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Anotações

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Capítulo

5 Substantivo e adjetivo

1. Substantivo Substantivo é a palavra que usamos para designar

Leia a tirinha a seguir. tudo que podemos apreender mentalmente como


substâncias, como os produtos utilizados pela
Serafim professora Norma para criar as questões da prova.

Aprenda mais
Em algumas gramáticas, você verá que os substantivos são
palavras que nomeiam os seres em geral. A palavra seres, nessa
definição, deve ser entendida no sentido proposto pelos gregos
antigos. Segundo eles, essa palavra representava tudo o que exis-
te no mundo real ou imaginário. Assim, não confunda a palavra
ser nesse sentido com a noção de ser vivo.

Veja os exemplos:

Substâncias
Ecologia, ecossistema, Terra, floresta, jacarandá,
Universo, biosfera, cabelo, glicose, refrigerante,
sapataria, aluno, vestígio, computador, livro, fóssil,
hortaliça, lago, girassol, caneta, menino, Paula.

Objetos apreendidos mentalmente como


substâncias
Iluminação, felicidade, orgulho, revolução, bondade,
saúde, saída, intuição, liberdade, vontade, amor,
Para você, a prova da professora Norma será fácil? compreensão, raiva, ilusão, desejo, pensamento.
Como podemos ver, as “substâncias” que ela utilizará
para elaborar as questões, que, segundo Isabele, serão Classificação dos substantivos
tóxicas, nos levam a pensar que a prova será perigosa,
prejudicial à saúde, ou seja, muito difícil. Observe na tira A primeira distinção entre substantivos é bastante
o emprego da palavra substâncias, pois ela nos levará básica e considera somente a sua raiz estrutural, que
ao conceito da classe de palavras que estudaremos chamamos de radical (essa raiz é a parte da palavra que
neste capítulo. carrega o seu significado mais importante). Observe:

60 Gramática – 6o ano   

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Substantivos simples
bomba relógio palavra chave Reflita
Substantivos compostos Em uma frase como João pensa que é um anjo, o
bomba-relógio palavra-chave substantivo anjo é concreto ou abstrato? Explique.
Como, nesse caso, o substantivo nomeia um ser do
Os substantivos simples são aqueles que apresentam
somente um radical em sua estrutura, como jardim, livro,
mundo imaginário de existência independente, é
algodão, bombeiro, chave, chaveiro.
Os substantivos compostos são aqueles que apre-
concreto.
sentam mais de um radical em sua estrutura, ou seja,
são formados a partir da união de duas ou mais palavras,
como bomba-relógio, palavra-chave, guarda-roupa,
planalto e pontapé.
Outra forma de diferenciação dos substantivos tam-
bém os divide em dois grandes grupos. O primeiro envol- Os substantivos também podem ser classificados
ve aqueles que não se originaram de nenhum outro. São como próprios ou comuns.
os chamados primitivos, como porta e quadro. Estes,
porém, são capazes de originar outros, como portaria e
enquadrar, que são chamados de derivados.
• Próprios – São os que se aplicam a um substantivo
em particular. Para indicar que o substantivo designa,
Por fim, os substantivos também podem ser agrupados de fato, um nome em particular, grafamos os substan-
em duas categorias, conforme a “substância” que desig- tivos próprios com letra inicial maiúscula, como Bra-
nam. Dizemos que um substantivo é abstrato quando tem sil, Neolítico, Bahia, Hemisfério Norte, Pedro, Polo
existência dependente, como cuidado, ansiedade, cansaço. Sul, Palmeiras, Danone, Gillette e Iluminismo.
A existência desses substantivos depende de alguém ou
alguma coisa que dê ou apresente cuidado, ansiedade, can-
• Comuns – São os que usamos para nos referir
de forma geral a seres de um mesmo grupo, como
saço, etc. Já os substantivos concretos denominam seres pedra, livro, telefone, mesa, homem, lápis.
de existência própria, seja real, seja imaginária. De forma
simples, dizemos, que esses substantivos nomeiam pessoas,
lugares, animais, vegetais, minerais e coisas. São seres cuja Aprenda mais
existência é independente, como João, barco, mar, areia,
Em outros livros, você poderá encontrar a definição de que os
quadro, vidro, saci e fada. Importante: essa distinção deve
substantivos comuns são aqueles que designam seres de uma
sempre considerar o contexto. mesma espécie. Aqui, preferimos usar a palavra grupo em vez de
espécie, para não confundir com a noção de espécie trabalhada
em Ciências — conjunto de indivíduos semelhantes ou poten-
Aprenda mais cialmente intercruzantes que estão isolados reprodutivamente
de outros grupos.

A classificação de um substantivo como concreto ou abstrato depen-


de do contexto em que ele é usado. É muito comum, por exemplo, o
emprego de substantivos abstratos como concretos para personificar Aqui também é importante observar o contexto para
ações ou qualidades, o que caracteriza uma alegoria. Observe: distinguir essas duas categorias. Isso porque é muito
comum substantivos próprios (principalmente aqueles
A oportunidade está batendo à porta.
A justiça é cega.
que nomeiam marcas) se popularizarem a tal ponto que
A consciência falou comigo. passam a nomear de forma geral objetos semelhantes, ou
seja, passam a funcionar como substantivos comuns. É o

Gramática – 6o ano    61

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que acontece, por exemplo, com Gillette, Danone e Guaraná, que, dependendo do contexto, equivalem a barbeador,
iogurte e refrigerante. Nesse caso, essas palavras devem ser escritas com inicial minúscula.

Você ainda tem gilete no seu armário? (barbeador)


Meu filho adora lanchar danone. (iogurte)
Seu filho toma guaraná no lanche? (refrigerante)

Por fim, os coletivos são substantivos comuns que indicam um conjunto de animais, coisas ou pessoas, mesmo
estando no singular. Veja alguns exemplos:

Coletivo Significado Coletivo Significado


acervo obras de arte flora plantas de uma região
álbum fotografias, selos fornada pães, tijolos
alcateia lobos, feras frota navios, ônibus
antologia trechos de texto galeria quadros, estátuas
armada navios de guerra júri jurados
arquipélago ilhas legião soldados, anjos
assembleia parlamentares milênio período de mil anos
atlas mapas manada bois, porcos
bagagem objetos de viagem maquinaria máquinas
banca examinadores molho chaves, capim
bando aves nuvem gafanhotos, mosquitos
biblioteca livros penca frutos
boiada bois pinacoteca quadros, telas
cacho uvas pomar árvores frutíferas
filhos de um indivíduo ou de um
caravana viajantes, peregrinos prole
casal
cardume peixes quadrilha assaltantes
código leis ramalhete flores
colmeia cortiço de abelhas rebanho ovelhas, cabras, carneiros
confraria pessoas religiosas repertório peças teatrais, musicais
congregação religiosos, professores resma quinhentas folhas de papel
constelação estrelas réstia alhos, cebolas
década período de dez anos revoada aves voando
discoteca discos século período de cem anos
elenco atores, artistas tríade três seres de mesma natureza
enxame abelhas, insetos triênio período de três anos
enxoval roupas turma alunos
fauna animais de uma região vara porcos

62 Gramática – 6o ano   

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Gênero dos substantivos

Quanto ao gênero, os substantivos podem ser masculinos ou femininos.

• Masculinos – Podem ser precedidos pela palavra o(s), entre outras. Exemplos: o carro, o relógio, o quati, os gatos,
os pensamentos, os desejos.

•Femininos – Podem ser precedidos pela palavra a(s), entre outras. Exemplos: a jaca, a paciência, a marcação, as
mulheres, as perguntas, as ações.

• Em alguns casos, o feminino de um substantivo é completamente diferente da forma masculina correspondente,


como homem e mulher, pai e mãe, boi e vaca. Esses substantivos são chamados de biformes.
• Outros substantivos só pertencem ao gênero masculino (fogo, computador, livro, alimento, carro) ou ao feminino
(mesa, casa, aldeia, nuvem).
Apesar desses detalhes, a passagem do gênero masculino para o feminino é feita, geralmente, de forma regular.
Observe:

Substantivo Exemplos
Terminação no masculino Terminação no feminino Masculino Feminino
-ora senador senadora
-or -iz ator atriz
-eira lavador lavadeira
-eã peão peã
-ão -oa patrão patroa
-ona amigão amigona
-a chefe chefa
-essa barão baronesa
-e
-esa japonês japonesa
-isa sacerdote sacerdotisa
-s marquês marquesa
-a
-z juiz juíza

Chamamos de uniformes os substantivos que apre-


sentam apenas uma forma, sendo invariáveis quanto ao
• Sobrecomuns – Designam pessoas e contêm apenas
uma forma para feminino e masculino.
gênero. Os substantivos uniformes podem ser:
a criança
• Epicenos – Referem-se a alguns animais. Para indicar
o sexo desses animais, usamos as palavras macho ou
a testemunha
a pessoa
fêmea.

tartaruga macho tartaruga fêmea


• Comuns de dois gêneros – Designam os indivíduos
dos dois sexos. Nesse caso, podemos colocar a ou o
antes desses substantivos.

Gramática – 6o ano    63

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o intérprete → a intérprete • Singular – Indica apenas um ser. Exemplo: menino.
o cliente → a cliente • Plural – Indica mais de um ser. Exemplo: meninos.

o pianista → a pianista
Normalmente, o plural é feito por meio do acréscimo
de um -s ao substantivo no singular. Veja:

Aprenda mais Singular Plural


Há, também, substantivos que, aparentemente, apresentam
gêneros correspondentes, mas designam objetos diversos. caverna cavernas
o rádio (aparelho) a radio (emissora)
o capital (dinheiro) a capital (cidade) armário armários

Número dos substantivos canudo canudos

Quanto ao número, os substantivos podem estar no Entretanto, alguns substantivos formam o plural de
singular ou no plural. maneira diferente. Observe:

Substantivo Exemplo
Terminação no singular Terminação no plural Singular Plural
-al -ais vendaval vendavais
-éis (oxítono) papel papéis
-el
-eis (paroxítono) túnel túneis
-is (oxítono) funil funis
-il
-eis (paroxítono) réptil répteis
-ol -óis farol faróis
-ul -uis paul pauis
-m jovem jovens
-ns
-n pólen polens
-ãos cidadão cidadãos
-ão -ões fogão fogões
-ães pão pães
-r flor flores
+ -es
-z chafariz chafarizes
mês meses
+ -es (monossílabo tônico ou oxítono)
japonês japoneses
-s
o lápis os lápis
não varia (paroxítono ou proparoxítono)
o vírus os vírus
-x não varia o tórax os tórax

64 Gramática – 6o ano   

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Grau dos substantivos 2. Adjetivo
Quanto ao grau, para indicar o tamanho ou a intensi- Leia a tirinha a seguir.
dade, os substantivos podem estar no diminutivo ou no É TRANSMITIDA
A RAIVA É UMA POR ANIMAIS
aumentativo. Tanto um quanto outro ocorrem de dois
DOENÇA MUITO CONTAMINADOS...
modos: analítico e sintético. PERIGOSA!

• Grau diminutivo

• Analítico – Formado em geral com o auxílio da palavra


pequeno ou outra equivalente. Exemplos: casa peque-
na, caixa ínfima, roupa minúscula, camisa diminuta.
...E COMENTÁRIOS
E POSTAGENS NAS
• Sintético – Em geral se forma com as terminações REDES SOCIAIS...
-inho(a) e -zinho(a). Exemplos: bebezinho, pardal-
zinho, belezinha, bonitinho.

• Grau aumentativo

• Analítico – Formado em geral com o auxílio da pala-


vra grande ou outra equivalente. Exemplos: terreno Para entender o que é um adjetivo, vamos analisar
grande, fazenda enorme, roupa imensa, saudade a função das palavras perigosa (primeiro quadrinho),
gigante. contaminados (segundo quadrinho) e sociais (terceiro
quadrinho). Nos enunciados em que ocorrem, essas pa-
• Sintético – Em geral se forma com as terminações lavras atribuem uma característica aos substantivos aos
-ão, -ona, -zão. Exemplos: bebezão, meninão, quais se ligam. Observe:
bonitona.
A raiva é uma doença muito perigosa.
No dia a dia, muitas vezes utilizamos substantivos
no grau aumentativo ou diminutivo sem necessaria- Substantivo Adjetivo

mente estarmos enfatizando seu tamanho ou sua


intensidade. É o que acontece quando se diz, por exem-
plo, que Aninha é uma pessoa legal. A forma Aninha, Substantivo Adjetivo
diminutivo de Ana, denota afetividade, e não tamanho
É transmitida por animais contaminados e
ou intensidade. Do mesmo modo, dizemos que Marcos
comentários e postagens nas redes sociais.
comprou um carrão, quando, na verdade, ele comprou
um carro de luxo, caro, bonito, etc. É possível, também, Substantivo Adjetivo

o uso de formas aumentativas ou diminutivas com


objetivo conotativo. Observe:
Nesses casos, dizemos que as palavras perigosa,
Mário tem 40 anos, mas é um bebezão. contaminados e sociais atuam como adjetivos, pois se
Ei, belezinha, hoje você vai estudar! referem a um substantivo atribuindo-lhe uma caracterís-
O bonitinho saiu e deixou tudo bagunçado! tica. O mesmo acontece com alunos desatentos, assunto
difícil, criança alegre, time bom, computador rápido.

Gramática – 6o ano    65

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Chamamos de adjetivo pátrio aquele que indica na- Gênero e número do adjetivo
cionalidade ou lugar de origem, como recifense, carioca,
paulista, baiano, alemão. Como dissemos, o adjetivo sempre se refere a um
Por fim, os gentílicos são adjetivos utilizados nas substantivo. Assim, as palavras dessa classe concordam
referências feitas a raças e povos. em gênero e número (ou apenas em número) com o subs-
tantivo a que se referem. Quanto ao gênero, os adjetivos
Estudei em um colégio israelita. podem ser biformes ou uniformes.


Comprei uma cerâmica ianomâmi.
Adjetivos biformes – Apresentam-se no masculino
ou no feminino, como delicado(a), belo(a), bonitos(as),
Locução adjetiva coloridos(as), dependendo do gênero do substantivo a
que se referem. Observe que esse tipo de adjetivo se fle-
Locução adjetiva é o conjunto de duas ou mais xiona tanto em gênero (masculino ou feminino) quanto
palavras com valor de adjetivo. em número (singular ou plural). Observe:

Observe: Na natureza, há recursos que possuem capacidade


de renovação após serem utilizados pelos huma-
As crianças ficaram com uma expressão de alegria. nos em suas atividades produtivas.

Nesse exemplo, as palavras de horror atuam como ad- Nesse exemplo, o adjetivo produtivas está flexionado no fe-
jetivo, modificando o sentido do substantivo expressão. minino plural porque concorda com o substantivo atividades.
Para que isso fique claro, veja que essa locução pode ser,
de fato, substituída por um adjetivo: alegre. O mesmo
acontece com, por exemplo, amor de mãe (materno),
• Adjetivos uniformes – Apresentam apenas uma forma,
que funciona tanto para o masculino como para o femini-
roupa sem elegância (deselegante), ferramenta sem no, como alegre, feliz, gentil, deslumbrante, reluzente.
utilidade (inútil). No exemplo a seguir, por ser uniforme, o adjetivo principal
Entretanto, nem todas as locuções adjetivas podem concorda apenas em número (singular) com o substantivo
ser substituídas por um adjetivo, como montanha de lixo personagens, pois este se encontra flexionado no singular.
e fábrica de laticínios.
Em geral, as locuções adjetivas são iniciadas pela pa- No Parque Nacional do Iguaçu, a natureza é o perso-
lavra de seguida de um substantivo. Mas algumas podem nagem principal.
ser iniciadas pelas palavras em, com e sem.
Nesse caso, como é uniforme, o adjetivo principal
laranja sem caroço não apresenta variação de gênero. Assim, ele concorda
café com açúcar apenas em número com o substantivo personagem.
vida em família
saiko3p/Shutterstock.com

Em alguns casos, a mesma locução adjetiva pode ser


usada com significados contextuais diferentes e especí-
ficos. Veja:

Ele tem problema de coração (cardíaco).


Ele teve um gesto de coração (cordial). Cataratas do Iguaçu é um conjunto com, aproximadamente, 275 que-
das de água no Rio Iguaçu, no Estado do Paraná, Brasil.

66 Gramática – 6o ano   

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Do mesmo modo que a maioria dos substantivos, os
adjetivos formam o feminino substituindo a terminação -o Quando temos dois ou mais substantivos, o adjetivo
(forma masculina) por -a. os acompanha em gênero e número.

recurso valioso — água valiosa


homem pré-histórico — pintura pré-histórica Observe:
substantivos flexionados no masculino singular
comércio primitivo — comunidade primitiva

O Paleolítico e o Neolítico foram marcados por


Os adjetivos terminados em -ês, -or ou -u em geral grandes eventos.
recebem a terminação -a. adjetivo flexionado no
masculino plural

escritor português — língua portuguesa


homem sedutor — mulher sedutora A caça e a pesca eram rotineiras no Paleolítico.
alimento cru — comida crua

substantivos flexionados no adjetivo flexionado no


feminino singular feminino plural
Já os adjetivos terminados em -ão mudam essa ter-
minação para -ã ou -ona.

Reflita
corpo são — mente sã
menino chorão — menina chorona De acordo com o seu conhecimento de mundo, como
copo grandão — boca grandona essa concordância será feita se os substantivos forem
de gêneros diferentes?
Por fim, adjetivos terminados em -eu mudam essa O adjetivo deve ser flexionado no masculino plural.
terminação para -eia.

homem plebeu — mulher plebeia


país europeu — moeda europeia
povo caldeu — cultura caldeia

Agora, analise este período:


A concordância entre substantivos e
substantivos de gêneros diferentes
adjetivos

Como dissemos, os adjetivos concordam em gênero e No Paleolítico, homens e mulheres eram coletores de
número (às vezes só em número) com o substantivo ou os alimentos.
adjetivo flexionado
substantivos a que se referem. Os exemplos que vimos até no masculino plural

agora ilustram bem essa regra. No entanto, em situações


mais complicadas, principalmente em textos formais Como você pode ver, se os substantivos forem de
escritos, podem ocorrer dúvidas, principalmente quando gêneros diferentes, o adjetivo será flexionado no plural
um adjetivo pode se referir a dois ou mais substantivos. masculino. Nessa situação, observe que o adjetivo cole-
Nesse caso, a regra geral é esta: tores se refere, ao mesmo tempo, a homens e mulheres.

Gramática – 6o ano    67

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Em algumas situações, o adjetivo colocado depois de Graus do adjetivo
dois ou mais substantivos pode concordar com todos os
substantivos ou apenas com o substantivo mais próximo,
mas essa possibilidade de concordância depende do
• Grau comparativo
Por meio do grau comparativo do adjetivo, compara-
sentido do que se quer dizer. Veja: mos os substantivos, identificando suas características,
suas qualidades, seus defeitos. Existem três graus de
Os grupos humanos que viveram no Paleolítico comparação:
iam de um lugar a outro em busca de alimentos,
como raízes, frutos, peixes e animais pequenos. • Igualdade – A Pré-História é tão importante quanto
a História.
Considerando o sentido, nesse exemplo o adjetivo • Superioridade – O Homo habilis era mais habilidoso
pequenos está qualificando apenas o substantivo ani- que o Homo erectus.
mais, pois, em virtude da precariedade das armas que • Inferioridade – O Homo erectus era menos inteligente
utilizavam (feitas principalmente de madeira, ossos e que o Homo sapiens.
lascas de pedra), os seres humanos que viveram no Paleo-
lítico caçavam, preferencialmente, animais de pequeno
porte. Já no exemplo a seguir, observe que os adjetivos Aprenda mais
desenvolvidos e aperfeiçoados qualificam, ao mesmo
Segundo os historiadores, não se pode falar com certeza por que
tempo, os substantivos utensílios e armas.
o Homo sapiens era uma espécie superior às outras. O que se
pode afirmar é que ele era mais inteligente, talvez pelo fato de
possuir um cérebro maior.
Animais de grande porte passaram a ser alvo dos
caçadores quando foram desenvolvidos utensílios
e armas mais aperfeiçoados, como a lança, o arco
e a flecha, que possibilitaram o ataque a distância.
• Grau superlativo absoluto
Acentua ao extremo as características atribuídas ao
substantivo. Pode ocorrer de dois modos:
Katiekk/Shutterstock.com

• Sintético (uma palavra) – Forma-se, normalmente,


por meio das terminações: -íssimo, -ílimo, -érrimo.
• Exemplos: dificílimo, belíssima, paupérrimo, hiper-
satisfeita.

O Homo sapiens era inteligentíssimo.

frantic00/Shutterstock.com

Aprenda mais
As pedras utilizadas na confecção de tais instrumentos e de outros
utensílios apresentavam bordas cortantes, como se tivessem sido
retiradas pequenas lascas, e eram bem simples e rudimentares.
Daí o fato de o Período Paleolítico ser chamado também de Idade
da Pedra Lascada.

68 Gramática – 6o ano   

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Resposta pessoal. Esperamos que os alunos utilizem bastantes adjetivos nessa descrição.
• Analítico – Forma-se, normalmente, com o auxílio de sultado quase sempre de uma fala e/ou atitude ines-
uma palavra que expresse intensidade ou pela repe- perada. Após a leitura da tirinha, podemos afirmar que
tição do adjetivo. Exemplos: muito bonita, bastante o humor:
alegre, pouco agitado.
a. É produzido por causa da dúvida de Isabele.
O Homo sapiens era muito inteligente. b. X É resultado da atitude irônica de Serafim, que se
A prova foi fácil, fácil (muito fácil!). julga um anjo.
c. Tem origem na fala de Isabele, que não sabe a di-
• Grau superlativo relativo
Intensifica uma característica do substantivo estabe- d.
ferença entre substantivo concreto e abstrato.
Acontece no segundo quadrinho.
lecendo uma relação de superioridade ou inferioridade e. É um substantivo concreto.
com outros seres.
• Superioridade – O Homo habilis era o mais interes- 2| No contexto da tirinha, o substantivo anjo é concreto
sante de todos os hominídeos. ou abstrato?
• Inferioridade – O Homo erectus era o menos interes-
É substantivo concreto.
sante de todos os hominídeos.

3| Na tirinha, Serafim se julga um anjo, mas não seria pro-


priamente um. Na verdade, ele certamente acredita que
Atividades possui características que, em geral, atribuímos aos anjos.
Isso acontece porque, embora não existam no mundo real,
eles estão bastante presentes no nosso imaginário. Eles
Texto
aparecem nos desenhos animados, nos filmes, nas histó-
rias infantis, etc. Pensando nisso, descreva, em seu cader-
Serafim
no, com suas palavras, a maneira como você vê um anjo
em seu imaginário.

4| Como vimos, os substantivos podem ser agrupados


em diferentes grupos classificatórios, mas um grupo
não exclui outro. Relembre quais são esses grupos e
analise as afirmações seguintes, assinalando V (verda-
deiro) ou F (falso).

a. V Todo substantivo composto é derivado.


b. F Todo substantivo derivado é simples.
c. V Todo substantivo primitivo é simples.
d. V Nem todo substantivo próprio é simples.
e. F Os substantivos derivados têm de apresentar
mais de um radical.
f. F Os substantivos comuns são escritos com inicial
maiúscula.

1| A tirinha é um gênero textual que, entre outras ca- 5| Um substantivo primitivo pode originar inúmeros deri-
racterísticas, possui o objetivo de produzir humor, re- vados, por isso estes são muito mais numerosos. Da pala-

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vra vento, por exemplo, derivamos ventania e vendaval. b. Para o pai, o substantivo crise tem um sentido con-
O processo de derivação normalmente segue regras bem creto ou abstrato? Explique.
definidas, mas nem sempre é assim. Muitas vezes, na
Para o pai, o substantivo crise tem um sentido concreto,
formação de um substantivo derivado, acrescentamos
algum sentido inesperado e engraçado. Os substantivos
isto é, seus efeitos na economia da família (“no seu bol-
destacados nas frases a seguir foram derivados nessas
condições. Em grupo com os seus colegas e o professor,
so”) serão sentidos.
procure definir o sentido desses substantivos.
Resposta pessoal.
a. Paulo está morando em um apertamento. c. Considerando sua resposta para a questão anterior e
b. Marcos é namorido de Sílvia. a época em que essa charge foi produzida (outubro de
c. Isto não é café, é um chafé. 2019), a que crise provavelmente o personagem se refe-
d. Ela fala portunhol. re? (Se for preciso, faça uma breve pesquisa.)
e. Marcelo é pãe de Artur.
A charge faz referência à grave crise política e econômica
f. Pedro está na fase da aborrescência.
g. Paula é chocólatra.
que atingiu o Brasil em 2019.
h. Vou precisar de um paitrocínio para fazer esse curso.
i. Carlos é um sincericida.
j. Márcia é escragiária naquela empresa.
k. João é um mautorista.
l. A filha deles é uma crionça.

6| Leia o quadrinho a seguir. 7| O trecho abaixo foi extraído de um conto de Rubem


Fonseca.
Serafim
[...] pouco tempo depois, a campainha tocou no-
vamente; era a polícia. Abri a porta, e o polícia me
deu uma intimação para depor na segunda-feira [...]
FONSECA, Rubem. Feliz ano novo. São Paulo: Companhia das Letras,
2012.

Descreva a diferença de significado que a variação de


gênero determina nos substantivos a seguir:

a. A polícia.

Instituição de segurança pública.


a. Por que, para Serafim, o pai não deveria se preocupar
com a crise? b. O polícia.

Porque, para ele, por ser um substantivo abstrato, a pa- A pessoa que trabalha na instituição de segurança públi-

lavra crise não poderia prejudicar o seu pai. ca, nesse caso, na polícia.

70 Gramática – 6o ano   

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8| Substitua a palavra coisa (não é permitido usar algo) g. Quando o homem pensa no futuro, uma coisa é certa:
por substantivos. Faça as adaptações necessárias. qualidade de vida é fundamental.
Respostas sugeridas.
Quando o homem pensa no futuro, uma ideia é certa:
a. Os deputados discutirão coisas políticas e sociais.

Os deputados discutirão assuntos políticos e sociais. qualidade de vida é fundamental.

9| Complete com o adjetivo adequado. Observe o exemplo:

b. O conhecimento útil é capaz de situar qualquer coisa


Trabalhador da indústria – Industrial.
em seu contexto.

O conhecimento útil é capaz de situar qualquer informa- Planta aquática.


a. Planta da água –

ção em seu contexto. Pessoa inativa.


b. Pessoa sem atividade –

Produto fabril.
c. Existem várias coisas para reduzir os desequilíbrios c. Produto de fábrica –
entre as pessoas.
Porto fluvial.
d. Porto do rio –
Existem várias alternativas para reduzir os desequilíbrios
Animal noturno.
e. Animal da noite –
entre as pessoas.
Ave praieira.
f. Ave de praia –
d. A violência nas cidades é uma coisa particularmente
Tratamento capilar.
preocupante. g. Tratamento do cabelo –

A violência nas cidades é um problema particularmente Proteção ambiental.


h. Proteção do meio ambiente –

preocupante. Hábito alimentar.


i. Hábito de alimentação –

População mundial.
e. Prometer reformas impossíveis é uma coisa muito co- j. População do mundo –
mum para atrair votos.
Fluxo energético.
k. Fluxo de energia –
Prometer reformas impossíveis é uma tática muito co-
Movimento terrestre.
l. Movimento da Terra –
mum para atrair votos.
Temperatura solar.
m. Temperatura do Sol –

10| Observando as expressões destacadas nas orações se-


f. A busca pela felicidade é uma coisa legítima. guintes, encontre o adjetivo mais adequado. Veja o exemplo:

A busca pela felicidade é um sonho legítimo.


Minha filha amanheceu com febre.
Minha filha amanheceu febril.

Gramática – 6o ano    71

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a. A fazenda está sem governo. I. Renata é uma mulher pobre.
b.
A fazenda está desgovernada. II. Renata é uma pobre mulher.

Em I, o adjetivo permite a compreensão de que Renata


b. O policial estava sem arma.

O policial estava desarmado. é uma mulher que dispõe de poucos recursos. Em II, o

adjetivo possibilita a compreensão de que o enunciador


c. Esta capa está sem cor.

Esta capa está incolor. observa Renata com certa compaixão.

d. A comida está sem cheiro. I. Carolina é uma velha amiga.


c.
A comida está inodora. II. Carolina é uma amiga velha.

Em I, o adjetivo permite a compreensão de que Carolina


e. A água pura é sem gosto.

A água pura é insípida. tem uma antiga amizade com o enunciador. Em II, o ad-

jetivo nos leva a entender que Carolina é a amiga idosa


f. O café está sem açúcar.

O café está aguado. do enunciador.

g. Estou sem paciência para assistir ao musical. 12| Nesta atividade, você tentará descobrir quais são as
palavras (substantivos ou adjetivos) que deverá escrever
Estou impaciente para assistir ao musical.
na cruzadinha da página seguinte, tendo em vista as dicas
fornecidas a seguir. Para enriquecer o seu estudo, utilizare-
11| Como vimos, os adjetivos se ligam a substantivos acres- mos o tema Pré-História como fonte de informação.
centando-lhes alguma qualidade, característica, etc. Mas
você sabia que esse sentido “acrescentado” pode mudar Horizontais
conforme a posição do adjetivo (se colocado antes ou de- 1. Adjetivo que qualifica as pinturas feitas no interior de
pois do substantivo)? Para perceber isso, analise as situa- cavernas.
ções a seguir. Explique, com suas palavras, o sentido ex- 2. Marcas, objetos, fósseis produzidos pelos primeiros
presso pelos adjetivos destacados em cada situação. seres humanos que permitem estudar a nossa origem
(substantivo flexionado no singular).
a. I. Paulo se tornou um homem grande. 3. Substantivo coletivo que designa todos os seres hu-
II. Paulo se tornou um grande homem. manos.
4. Substantivo que designa a principal descoberta reali-
Em I, o adjetivo permite a compreensão de que Paulo é zada pelos seres humanos na Pré-História.
5. Substantivo comum empregado para nomear os seres
um homem alto. Em II, o adjetivo nos leva a entender que que não pertenciam propriamente ao gênero Homo, mas
andavam sobre dois pés, tinham o corpo coberto de pelos
Paulo é um homem notável. e o cérebro muito pequeno.

72 Gramática – 6o ano   

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Verticais 3.
1. Período que vai do surgimento do ser I
humano até o desenvolvimento da escrita 1. N
(substantivo). 1. R U P E S T R E S 2.
2. Adjetivo (flexionado no plural) empregado
R T S
para qualificar os seres humanos quando
É R E
estes deixaram de ser nômades.
3. Substantivo (flexionado no plural) que - U D
designa de forma geral os objetos produzidos 3. H U M A N I D A D E
pelos seres humanos para enfrentar as dificul- I E N
dades do dia a dia.
S N T
4. Adjetivo que qualifica o substantivo femini-
no revolução quando este designa o desen- T T Á
volvimento da agricultura e da domesticação Ó O R
de animais ocorrido na Idade da Pedra Polida. R S 4. I
5.
5. Adjetivo empregado para caracterizar o
2. V E S T Í G I O N 4. F O G O
ser humano que produzia instrumentos mais
aperfeiçoados, tinha o cérebro maior que o do R A E S
Homo habilis e também era mais alto. Foi o pri- E O
meiro a usar o fogo em benefício próprio, para C L
se aquecer e cozinhar os alimentos. O uso desse
T Í
adjetivo se deve ao fato de esses seres humanos
5. A U S T R A L O P I T H E C U S
possuírem a postura ereta.
S I
C

Desafio A

1| Os coletivos são substantivos que se referem aos d. A criança foi atacada por um enxame no passeio
seres considerados em conjunto. Normalmente, esses ao zoológico.
substantivos designam um conjunto de seres da mesma e. Parece que seu pai está na biblioteca estudando.
espécie, como cardume (de peixes) e manada (de bois
ou búfalos). Mas, no uso cotidiano da língua, comumen- 2| Analise as frases a seguir.
te atribuímos outros significados aos substantivos co-
letivos, conforme a ideia que apresentam. Esse desvio I. Como você já trabalhou em várias empresas, sua
ocorre em: bagagem será muito importante aqui.
II. O palestrante ficou nervoso com o enxame de perguntas.
a. Renan sempre presenteia Cláudia com um rama- III. Esperei séculos, mas ela não apareceu para nosso
lhete no Dia dos Namorados. encontro.
b. Não se esqueça de identificar bem sua bagagem, IV. João é um menino muito travesso. Seu repertório é
para não perdê-la na viagem. imenso.
c. X O elenco do Palmeiras não está completo para o V. O pastor da minha igreja sabe cuidar bem de seu
jogo de hoje à noite. rebanho.

Gramática – 6o ano    73

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Indique aquela(s) em que o coletivo expressa uma 5| Embora pareça simples, a classificação das palavras
hipérbole. em categorias requer uma observação atenta da situa-
ção em que elas são usadas. Pensando nisso, analise o
a. I e II. emprego da palavra humanos nas seguintes frases:
b. X II e III.
c. III e IV. Humanos e macacos evoluíram a partir de um
d. IV e V. mesmo ancestral: os primatas.
e. I e V. Vestígios humanos podem ser considerados fontes
históricas.
3| A palavra caminhãozinho, no grau diminutivo, recor-
da-nos que são válidas todas as considerações abaixo Em ambas as frases, a palavra humanos deve ser classi-
sobre esse assunto (diminutivo), menos uma. Aponte a ficada da mesma forma? Explique.
exceção.
Não. Na frase I, humanos funciona como substantivo,
a. O plural de caminhãozinho é caminhõezinhos,
enquanto em II funciona como adjetivo, qualificando o
como o de anelzinho é aneizinhos.
b. Além de expressar o “tamanho diminuído” do
substantivo vestígios.
ser, pode, a forma diminutiva, expressar emoções ou
sentimentos de diversas naturezas: carinho (mãezi-
nha), ironia (santinho), depreciação (padreco), etc.
c. Em certos substantivos, a terminação -inho não
caracteriza o diminutivo, como em golfinho.
d. Encontramos, em português, diversas desinên-
cias caracterizadoras do diminutivo, entre elas a for-
ma -ote (frangote, saiote, rapazote, etc.).
e. X A terminação -inho indica a ocorrência do grau 6| Leia o texto abaixo.
diminutivo analítico em caminhãozinho.

4| O personagem Cascão, de Maurício de Sousa, tem Há notícias que são de interesse público e há
esse apelido por não gostar de banho. Nesse contex- notícias que são de interesse do público. Se a ce-
to, a palavra Cascão significa aquele que tem pele lebridade x está saindo com o ator y, isso não tem
grossa por sujeira e expressa a ideia de aumentativo. nenhum interesse público. Mas, dependendo de
Assinale a alternativa em que há uma palavra no grau quem sejam x e y, é de enorme interesse do público,
aumentativo. ou de certo público (numeroso), pelo menos. As de-
cisões do Banco Central para conter a inflação têm
a. O limão é uma fruta ácida que faz bem à saúde. óbvio interesse público. Mas quase não despertam
b. Macarrão contém muito carboidrato e, por isso, interesse, a não ser dos entendidos. O jornalismo
engorda. transita entre essas duas exigências, desafiado a
c. X O Timão venceu o campeonato de futebol muito atender às demandas de uma sociedade ao mes-
à frente dos adversários. mo tempo massificada e segmentada, de um leitor
d. O acidente ocorreu porque um carro veio na con- que gravita cada vez mais apenas em torno de seus
tramão. interesses particulares.
e. O catalão é a língua falada em uma região da Es- Fernando Barros e Silva. O jornalista e o assassino: in. Folha de S.Paulo.

panha.

74 Gramática – 6o ano   

FC_Gramática_6A_01.indd 74 24/03/2021 09:34:41


A palavra público é empregada no texto ora como subs-
tantivo, ora como adjetivo. Exemplifique cada um desses Questões de
empregos com passagens do próprio texto e apresente o
critério que você utilizou para fazer a distinção.
escrita
Na frase “Há notícias que são de interesse público e há
Acentuação dos monossílabos tônicos
notícias que são de interesse do público”, a palavra pú-
1| Como vimos no Capítulo 2, as palavras com apenas
uma sílaba são chamadas de monossílabas. Essas pa-
blico é usada na primeira ocorrência como adjetivo, rela-
lavras podem ser pronunciadas de maneira fraca ou um
pouco mais forte, por isso são classificadas como áto-
cionada com o substantivo interesse, e na segunda como
nas (fracas) ou tônicas (fortes). Observe essa distinção
na leitura das palavras destacadas no texto a seguir.
substantivo inserido na locução adjetiva do público.

Chamamos de minério as rochas e os minerais que


servem como matéria-prima na fabricação de pro-
7| O parágrafo abaixo foi retirado de um livro didático de dutos. O granito, por exemplo, é um minério.
História do 6º ano. Leia-o com atenção.

a. Qual dessas palavras é pronunciada de maneira mais


Com a Revolução Agrícola, ocorrida no Neolítico,
forte?
primeiramente foram cultivados o trigo, a aveia e a
cevada. Para facilitar o cultivo, as pessoas procu- A palavra é.
ravam as terras próximas dos rios, que eram mais
férteis. Isso fez surgir os primeiros aglomerados
b. Como se classifica essa palavra?
populacionais, que tinham, na união da população,
uma arma defensiva, além de uma melhor produção. Monossílabo tônico.

I. A palavra cultivados está flexionada no masculino plural 2| Agora leia estes monossílabos tônicos.
para concordar com o substantivo que qualifica (trigo).
II. As palavras próximas e férteis estão flexionadas no já lá pás pé ré rês
feminino plural para concordar com terras. pó nós vez nu luz
III. A locução adjetiva da população poderia ser substituí-
da pelo adjetivo populacional, mas essa substituição
acarretaria uma repetição desnecessária desse adjetivo. Que regra de acentuação gráfica podemos formular para
os monossílabos tônicos com base na observação dessas
Está correto o que se afirma em: palavras?

Acentuam-se os monossílabos tônicos terminados em


a. I, apenas.
b. II, apenas.
-a(s), -e(s) ou -o(s).
c. X III, apenas.
d. I e II.
e. II e III.

Gramática – 6o ano    75

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Acentuação das proparoxítonas 6| Leia o texto abaixo.

3| Entre as palavras a seguir, identifique as proparoxítonas. A descoberta do fogo foi fundamental para a evo-
lução da espécie humana, tanto materialmente
como nas relações sociais. Estudos indicam que
a. X arquipélago h. X gráfico
o cozimento de carnes propiciou a redução do de-
b. órfã i. luta
senvolvimento dos dentes. Isso porque a carne co-
c. amargo j. rapidamente
zida é mais fácil de mastigar, não havendo a neces-
d. amável k. carro sidade de dentes grandes e pontiagudos, como os
e. X Cleópatra l. restaurante dos animais carnívoros, que só comem carne crua.
f. X protótipo m. sobrancelha
g. bônus n. rivalidade a. Identifique no texto uma palavra paroxítona termina-
da em ditongo crescente.
4| Agora responda: o que há de comum entre as pala-
Espécie.
vras proparoxítonas?

Todas elas recebem acento gráfico.


b. Agora, selecione uma palavra polissílaba cuja sílaba
tônica apresenta um dígrafo.
5| Entre as palavras a seguir, indique aquela que deve
Materialmente, cozimento, desenvolvimento.
receber acento gráfico por ser proparoxítona.

a. Janela. c. No texto, encontramos um adjetivo proparoxítono fle-


b. Comprimido. xionado no masculino plural. Qual substantivo determi-
c. X Rapido. nou essa flexão?
d. Secretamente.
Animais.
e. Estatuto.

Anotações

76 Gramática – 6o ano   

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Capítulo

6 Artigo, numeral e pronome

1. Artigo
O humor da professora Norma é terrível.
Leia a tirinha. Os alunos farão uma prova.
A turma está com medo da prova.
Serafim
Nos três casos, as palavras destacadas foram empre-
gadas antes de substantivos, determinando o seu sentido
e concordando com eles em gênero e número.

Agora, observe:

Pedro quer ter um desempenho melhor.


Ele quer tirar uma nota boa.

Nesses dois casos, as palavras um e uma atuam


sobre os substantivos a que antecedem indetermi-
nando o seu sentido. Assim, Pedro quer uma nota boa
qualquer (pode ser sete, oito, nove, dez) para ter um
desempenho melhor. Tanto o substantivo nota quanto
o substantivo desempenho estão empregados com
sentido vago.

Assim, chamamos de artigo a palavra variável em


gênero e número que antecede o substantivo deter-
minando ou indeterminando o seu sentido.

No primeiro quadrinho, Serafim se refere à prova da Nos exemplos analisados, observe que os artigos
professora Norma como A prova. O emprego da palavra concordam em gênero e número com os substantivos a
a contribui para entendermos o sentido do substantivo que antecedem. Veja mais alguns exemplos:
prova. Por meio dela, podemos perceber que os meni-
nos não estão falando de qualquer prova: é a prova da as relações sociais
professora Norma. O emprego dessa palavra em letra os jogadores
maiúscula sugere ainda mais exclusividade, isto é, que um barulho
a prova da professora é realmente muito difícil. Como o uns sons
substantivo prova é feminino, empregamos a palavra a a identificação
antes dele. Veja outros usos:

Gramática – 6o ano    77

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Classificação dos artigos
Aprenda mais
Como consequência do que vimos até agora, os artigos
se classificam como: Usamos artigos definidos antes de certos nomes próprios de luga-
res, como os que indicam países, regiões, continentes, montanhas,

• Determinados (ou definidos) – o, a, os, as.


vulcões, lagos, oceanos, rios e ilhas.

• Indeterminados (ou indefinidos) – um, uma, uns, umas. a Inglaterra


o Amazonas
o Pacífico
o Recife
os Andes
a Europa
Examine o texto a seguir.
Dispensam o artigo os nomes: Goiás, Mato Grosso, Minas Gerais,
Santa Catarina, São Paulo, Pernambuco, Sergipe, Portugal, Angola,
São Salvador, Castela, Cabo Verde. Já o nome Alagoas pode ser
Os corais se desenvolvem pela união de uma infi- usado com ou sem artigo.
nidade de organismos, formando associações entre
seres da mesma espécie. Cada grupo de indivíduos Em algumas situações, os artigos nos ajudam a identificar o
realiza uma atividade específica, mas, de modo ge- gênero e o número dos substantivos a que antecedem.

ral, estão todos fundidos fisicamente. Todos esses Os ônibus estão quebrados.
seres unidos representam uma colônia. A pianista começou a tocar.
Mike Veitch/Shutterstock.com

O artigo pode assumir, também, valor qualificativo ou promover


mudança de sentido. Compare:

Valor qualificativo
Ele é um amigo. (Qualquer amigo.)
Ele é o amigo. (O melhor amigo.)

Mudança de sentido
Isso acontece em todo país. (Qualquer país.)
Isso acontece em todo o país. (Neste país.)

2. Numeral
Em algum momento da evolução do ser humano, surgiu
a necessidade natural de contar. Mais tarde, mudanças na
estrutura das sociedades tornaram necessário registrar
essa contagem. A princípio, os seres humanos utilizaram
O artigo os determina o sentido do substantivo co- procedimentos simples, como coleção de pedras, marcas
rais — não são quaisquer seres vivos, são os corais. Já o feitas em ossos e nós dados em cordas. A contagem foi um
artigo uma indetermina o sentido dos substantivos a que dos primeiros desafios que os seres humanos enfrentaram.
antecede — infinidade, atividade e colônia. Com o tempo, esses métodos foram se aprimorando, e,
em cada região do mundo, desenvolveram-se técnicas
Quando antecede um nome próprio, o artigo definido diferentes de contagem, cada uma com seus próprios sím-
indica familiaridade. Exemplo: A Maria chegou cedo. Esse bolos e regras. Os egípcios, os romanos, os macedônios, os
uso é muito comum em alguns estados brasileiros, como chineses, os maias e os indígenas brasileiros trabalhavam
o Ceará, o Rio de Janeiro e o Rio Grande do Sul. com números de forma diferente.

78 Gramática – 6o ano   

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Reflita
• Cardinais
Os numerais cardinais indicam quantidades.

As diferentes técnicas de contagem facilitavam o Na África, foram encontrados os fósseis de dois


comércio entre os povos? Australopitecus.
Com o incremento das relações comerciais entre os Acredita-se que os mamutes foram extintos há cer-
povos, ter maneiras diferentes de medir e contar se ca de doze mil anos.
tornou pouco prático, por isso houve a necessidade
de se adotar um sistema único de numeração, que é
o que utilizamos até hoje, o indo-arábico. Aprenda mais
Os mamutes foram uma importante fonte de alimentação e ves-
timenta para os seres humanos na Pré-História. Pesquisadores
acreditam que foram extintos pelo fim da Era Glacial e pela caça
Assim, em Matemática, dizemos que número é a ideia predatória praticada pelos humanos.
de quantidade que nos vem à mente quando contamos.

AKKHARAT JARUSILAWONG/Shutterstock.com
Para cada ideia de quantidade, temos um número as-
sociado, e cada número pode ser representado por um
símbolo ou nome. Ou seja, um numeral. Essa mesma
definição é aplicada na língua portuguesa para indicar
as palavras que utilizamos para designar quantidade,
ordem, codificação, divisão ou multiplicação.

O Australopitecus andava sobre os dois pés.


Há aproximadamente 4 milhões de anos, surgiram,
na África, os primeiros antepassados do ser humano.

O número quantifica; o numeral representa essa


quantidade. Os símbolos matemáticos utilizados nessa
representação são chamados de algarismos. Estes são A seguir, conheça alguns detalhes importantes sobre
os algarismos indo-arábicos: os numerais cardinais.
• Os numerais um, dois e as centenas a partir de duzen-
0 1 2 3 4 tos variam em gênero: uma, duas, duzentas, trezentas.
5 6 7 8 9 • Usamos a palavra e entre as centenas, as dezenas e as
unidades: vinte e três, duzentos e trinta e oito.
De forma simples, podemos dizer que os algarismos • Empregamos a palavra e entre o milhar e a centena se
estão para o sistema dos números como as letras do esta não estiver seguida de outro número (dois mil e
alfabeto para as palavras. Ou seja, os números são, basi- duzentos); caso contrário, podemos omiti-la (dois mil
camente, um recurso de representação. duzentos e vinte e seis).
• Quando os números são muito extensos, não se usa a
Classificação dos numerais palavra e entre as classes, ou seja, entre os grupos de
três algarismos (nem vírgula): 324.312.090.215 — tre-
Tendo em vista o que estudamos até agora, podemos zentos e vinte e quatro bilhões trezentos e doze milhões
classificar os numerais em quatro grandes grupos. noventa mil duzentos e quinze.

Gramática – 6o ano    79

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• Depois dos numerais compostos com um, o substan- ordinal: Ela aniversaria no dia primeiro de setembro.
tivo vai ao plural: trinta e um dias; as mil e uma noites. • Palavras como último, penúltimo, antepenúltimo,
• O numeral cardinal pode, às vezes, ser utilizado nas anterior, posterior, derradeiro e múltiplo, embora
indeterminações. transmitam noção de posição, devem ser considera-
das adjetivos.
Peço-lhe um minuto de sua atenção. (alguns poucos • Os numerais inferiores a 2.000 são lidos ou escritos
minutos) como ordinais.
Ela anda com mil perguntas. (muitas perguntas)

Fernanda é a milésima octingentésima vigésima

• Ordinais
Como o próprio nome sugere, os numerais ordinais in-
oitava classificada (1.828ª).

dicam a ordem dos seres em uma determinada sequência. • Quando superiores a 2.000, os numerais devem ser
lidos de forma mista, isto é, o primeiro algarismo como
O Homo habilis foi o primeiro a produzir ferramen- cardinal e os demais como ordinais.
tas a partir de pedras.
Saturno é o sexto planeta a contar do Sol e o se- Renato é o dois milésimo centésimo quinto clas-
gundo maior do Sistema Solar. sificado (2.105º).
Triff/Shutterstock.com

Doug James/Shutterstock.com
A seguir, conheça alguns detalhes importantes sobre
os numerais ordinais.
• Nas designações de papas e soberanos, séculos e ca-
pítulos de livros, empregamos o ordinal até décimo.
Daí por diante, utilizamos o cardinal.

Paulo VI (Sexto) século IX (nono) • Multiplicativos


Os numerais multiplicativos denotam aumento pro-
Luís XV (Quinze) capítulo XXII (vinte e dois)
porcional por um múltiplo da unidade.

• Usamos sempre o ordinal quando o numeral estiver Os clubes propõem que o ingresso custe o dobro
anteposto ao substantivo: oitavo século, décimo nono do preço atual.
capítulo, sétimo canto, X Feira (Lê-se décima feira). Você precisa beber o triplo de água.
• Na indicação do primeiro dia do mês, prefere-se o

80 Gramática – 6o ano   

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A seguir, conheça alguns detalhes importantes sobre coletivos, que funcionam como substantivos coleti-
os numerais multiplicativos. vos, porém diferem destes por designarem um nú-
mero de seres rigorosamente exato: novena, dezena,
• Duplo, dobro e triplo são os numerais multiplicativos década, dúzia, centena, cento, milhar, milheiro,
mais utilizados. Os demais (quádruplo, quíntuplo, par, lustro (período de cinco anos; quinquênio),
sêxtuplo, sétuplo, óctuplo, nônuplo, décuplo, cên- milhão, bilhão, trilhão.
tuplo) geralmente são empregados em textos formais.
Em situações informais, são substituídos pelo cardinal O Recife tem aproximadamente 1,6 milhão de
seguido da palavra vezes. habitantes.
A Índia tem aproximadamente 1,4 bilhão de
habitantes.
Meu time ganhou o campeonato estadual dez vezes.
Atualmente, a população mundial gira em torno de
A banda remarcou a entrevista coletiva duas vezes.
7,8 bilhões de pessoas.
Syda Productions/Shutterstock.com

Navegue
No site Worldometers, você tem acesso a estimativas em tempo
real sobre a população mundial e a dados de grande relevância,
como o volume de água consumida no mundo.

• Os numerais multiplicativos são flexionados em gê-


nero e número na função adjetiva: Minha avó costuma
tomar o remédio em doses duplas. Escaneie o QR CODE ao lado.

• Fracionários
Expressam a diminuição proporcional da quantidade,
a sua divisão.
• Na fala informal, normalmente empregamos numerais
Naquele bairro, um terço da população vive abai- ordinais seguidos do substantivo parte para expressar
xo do salário mínimo. frações.

A seguir, conheça alguns detalhes importantes sobre Estou na sétima parte do livro.
os numerais fracionários. Esta é a quinta parte do valor do carro.

• Os numerais fracionários devem concordar com os


cardinais que os antecedem.
Aprenda mais
Comi dois quartos de maçã e um terço de melão.
O nome avos aparece quando o denominador de uma fração é
maior que 10. Quando o denominador é abaixo de 10, usamos
• Para muitos numerais fracionários, utilizamos o car- os algarismos ordinais para a leitura — como em 1/12 (que
dinal seguido da palavra avos: onze avos, treze avos, se lê um doze avos). A palavra avos tem origem na palavra
latina octavus (em português, oitavo), que passou a ser escri-
quinze avos e assim por diante. ta oit’avos (para representar uma fração).
• Além dos numerais fracionários, existem os numerais

Gramática – 6o ano    81

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Classificação dos numerais
Numeral Numeral Numeral
Algarismo Numeral ordinal
cardinal multiplicativo fracionário
Indica quantidade Indica a ordem Indica a multiplicação Indica a divisão
Romano Arábico
precisa em uma série (múltiplo) (partes do todo)
I 1 um primeiro (simples) —
II 2 dois segundo dobro, duplo meio, metade
III 3 três terceiro triplo terço
IV 4 quatro quarto quádruplo quarto
V 5 cinco quinto quíntuplo quinto
VI 6 seis sexto sêxtuplo sexto
VII 7 sete sétimo sétuplo sétimo
VIII 8 oito oitavo óctuplo oitavo
IX 9 nove nono nônuplo nono
X 10 dez décimo décuplo décimo
XI 11 onze décimo primeiro undécuplo onze avos
XII 12 doze décimo segundo duodécuplo doze avos
XIII 13 treze décimo terceiro treze vezes treze avos
XIV 14 catorze décimo quarto — catorze avos
XV 15 quinze décimo quinto — quinze avos
XVI 16 dezesseis décimo sexto — dezesseis avos
XVII 17 dezessete décimo sétimo — dezessete avos
XVIII 18 dezoito décimo oitavo — dezoito avos
XIX 19 dezenove décimo nono — dezenove avos
XX 20 vinte vigésimo — vinte avos
XXX 30 trinta trigésimo — trinta avos
XL 40 quarenta quadragésimo — quarenta avos
L 50 cinquenta quinquagésimo — cinquenta avos
LX 60 sessenta sexagésimo — sessenta avos
LXX 70 setenta septuagésimo — setenta avos
LXXX 80 oitenta octogésimo — oitenta avos
XC 90 noventa nonagésimo — noventa avos
C 100 cem centésimo cêntuplo centésimo
CC 200 duzentos ducentésimo — ducentésimo
CCC 300 trezentos trecentésimo — trecentésimo
CD 400 quatrocentos quadringentésimo — quadringentésimo
D 500 quinhentos quingentésimo — quingentésimo
DC 600 seiscentos sexcentésimo — sexcentésimo
DCC 700 setecentos setingentésimo — setingentésimo
DCCC 800 oitocentos octingentésimo — octingentésimo
CM 900 novecentos nongentésimo — nongentésimo
M 1.000 mil milésimo — milésimo

82 Gramática – 6o ano   

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3. Pronome As pessoas gramaticais são:

Leia com atenção: Singular Plural


Pessoa(s) que
1ª pessoa eu nós
fala(m).
Pessoa(s) com
2ª pessoa tu vós
quem se fala.
Pessoa(s) de
3ª pessoa ele/ela eles/elas
quem se fala.

Pronomes pessoais

Os pronomes pessoais são aqueles que substituem o


substantivo, indicando as pessoas gramaticais. Observe:

Os alunos estavam fazendo barulho.

substantivo

Eles estavam fazendo barulho.

3ª pessoa do plural

No quadro a seguir, organizamos os pronomes pes-


soais em dois grupos: os retos e os oblíquos.
A professora Norma estava furiosa!
Oblíquos Oblíquos
Número

Pessoa

Ela átonos tônicos


Retos

(usados sem (usados com


preposição) preposição)
Esses alunos hoje estão com o capeta!

Eles 1ª eu me mim, comigo

Singular 2ª tu te ti, contigo


Nessas frases, os termos a professora Norma e esses
alunos podem ser substituídos, respectivamente, pelas ele, ele, ela, si,
3ª o, a, lhe, se
palavras ela e eles. Essa é uma das principais funções das ela consigo
palavras que estudaremos agora: os pronomes.
1ª nós nos nós, conosco

Chamamos de pronomes as palavras que vós,


Plural 2ª vós vos
substituem ou acompanham substantivos indi- convosco
cando-os como pessoas gramaticais envolvidas eles, eles, elas, si,
no ato comunicativo. 3ª os, as, lhes, se
elas consigo

Gramática – 6o ano    83

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Os pronomes pessoais oblíquos o, a, os, as se transfor- Já o pronome nós é comumente substituído por a
mam quando se ligam a verbos terminados em -r, -s, -z. gente na língua falada brasileira.
Nesse caso, o verbo perde a última letra, e os pronomes
ganham a letra l (lo, la, los, las). A gente está estudando as rochas em Geografia.
O professor falou pra gente que rochas são agrega-
A professora quis deixar os alunos quietos. dos minerais.

Substantivo Substantivo

Evgeny Haritonov/Shutterstock.com
Ela quis deixá-los quietos.

3ª pessoa do singular 3ª pessoa do plural

Já quando se ligam a verbos terminados em som nasal


(m, ão, õe,...), os pronomes o, a, os, as se transformam
em no, na, nos, nas.

Marcela já voltou das férias. Convidaram-na para a re-


união?
Pronome pessoal
Substantivo
do caso oblíquo
Por fim, os pronomes conosco e convosco são subs-
tituídos pelas formas com nós (= com a gente) e com
Dão-nos apoio.
vós caso estejam seguidos de palavra de reforço (todos,
Pronome pessoal do caso oblíquo outros, mesmos, próprios, ambos, numerais, etc.).

Apesar de os pronomes pessoais indicarem a pessoa As crianças irão conosco.


gramatical, como dissemos, eles não se referem, necessaria- As crianças irão com nós dois.
mente, a pessoas. Na verdade, eles funcionam substituindo Aos sábados, ele almoça conosco.
substantivos, e estes nomeiam os seres em geral, lembra? Aos sábados, ele almoça com a gente.
Aos sábados, ele almoça com nós todos.
Substantivo
Dentro do grupo dos pronomes pessoais, existem al-
Observando a areia da praia, percebemos que ela é for- guns que empregamos para nos referirmos a pessoas de
mada por vários minerais soltos. maneira formal ou íntima (informal). São os chamados
Pronome pessoal pronomes de tratamento. Veja alguns exemplos desses
pronomes.
No Brasil, o pronome vós está praticamente em de-
suso. Ele aparece apenas em alguns gêneros textuais e Dona Norma é a professora de Português.
situações comunicativas, como na linguagem poética A senhora Míriam está aguardando.
e em discursos muito formais. Na prática, o pronome Deputada, vossa excelência foi reeleita.
vós foi substituído por vocês. Da mesma forma, o seu O magnífico reitor da UFPE está na sala.
correspondente oblíquo (vos) também é usado rara- Qual é a disciplina que a senhorita estuda mais?
mente, sendo substituído pela forma a vocês, como Seu Paulo, ainda tem pão francês?
em Eu disse a vocês.

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Em quase todo o território brasileiro, o pronome você, Agora leia:
usado como forma de intimidade, substituiu o pronome
tu. Nesse caso, não se trata de uma forma de tratamento. Não sabe
o tal besouro
que o tal tesouro
Você se dedicou pouco aos estudos, meu filho! está pertinho.
Roberta, você pretende ir à praia?
JOSÉ, Elias. Segredinhos de amor. São Paulo: Moderna, 2001.

Pronomes demonstrativos Nesses versos, observe que a palavra tal é utilizada para
indicar o substantivo (besouro/tesouro), por isso é consi-
Os pronomes demonstrativos são usados, em geral, derada pronome demonstrativo. Também são demonstra-
para indicar a posição dos substantivos em relação às tivos mesmo(s), mesma(s), próprio(s), própria(s).
pessoas gramaticais. Observe os exemplos.
Nós mesmos não acreditamos.
Neste momento, os alunos estão fazendo as pro- Ela própria preferiu voltar.
vas finais.


(Situação no tempo — tempo presente em relação ao falante.)
Em relação ao espaço
O senhor já trabalha aqui há muito tempo. Como é Em relação ao espaço, os pronomes demonstrativos
essa experiência? funcionam da seguinte forma:
(Situação no contexto — o pronome retoma uma informação
anteriormente fornecida.) Este, esta, estes, estas, isto indicam o que está per-
to de quem fala.
Vou fechar esta janela agora.
(Situação no espaço — a janela está perto do falante.)
Estes documentos que estão comigo são falsos.
Este relógio pertenceu a meu avô.
Veja os pronomes demonstrativos abaixo, referentes
às três pessoas do discurso.

Os pronomes demonstrativos

Pronomes
Pessoas Pronomes variáveis
invariáveis

1ª este, esta, estes, estas isto

Esse, essa, esses, essas, isso indicam o que está


2ª esse, essa, esses, essas isso perto de quem ouve.

aquele, aquela, aqueles, Esses documentos que estão com você são falsos.
3ª aquilo
aquelas Mamãe, qual é essa revista que está perto de você?

Gramática – 6o ano    85

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Aquele, aquela, aqueles, aquelas, aquilo indicam o que Pronomes demonstrativos
está longe tanto de quem fala quanto de quem ouve.
Masculino Feminino
Neutro
singular (plural) singular (plural)
Aquelas pessoas lá me parecem amigas. 1ª pessoa:
esta(s)
este(s)/esse(s) isto/isso (aqui)
essa(s) (aqui)
(aqui)
• Em relação ao tempo
2ª pessoa:
esta(s)
este(s)/esse(s) isto/isso (aí)
Este, esta, estes, estas, isto indicam o tempo presen- essa(s) (aí)
(aí)
te em relação ao falante.
3ª pessoa:
aquele(s) (lá/ali) aquela(s) (lá/ali) aquilo (lá/ali)
Esta tarde (no dia de hoje), irei ao supermercado.
Este mês (no mês corrente), não houve novidades.

Esse, essa, esses, essas, isso marcam o tempo passa- Atividades


do ou futuro relativamente próximo em relação ao
momento em que se situa o falante.
1| Na nossa comunicação, muitas vezes dizemos mais
do que as palavras que utilizamos. É o que podemos ver
Essa noite vou sair com os meus melhores amigos. nas falas do personagem Hagar na tira abaixo.
(Futuro próximo)

Essa noite dormi mal; tive pesadelos horríveis.


(Passado próximo)

Aquele, aquela, aqueles, aquelas, aquilo referem-se a


um tempo remoto, bem anterior ao momento em que se
fala e podem se contrair com as preposições a, em e de.

Ele viveu em São Paulo, que, naquela época, ainda


era um pequeno vilarejo.
Entregue os documentos àquela recepcionista.
Embarcaremos neste voo.
Lembra-se daquele livro sobre literatura?

• Os pronomes demonstrativos na fala


Em relação ao emprego dos pronomes demonstrati-
vos na modalidade falada, existe uma realidade bastante
diferente da modalidade escrita formal.

86 Gramática – 6o ano   

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a. Pela compreensão global da tirinha, podemos afir- não tinha para onde fugir, foi para cima da raposa e logo
mar que Hagar costuma lavar as mãos antes das refei- acabou com ela. Depois, prazerosamente, começou a
ções? Explique. banquetear-se com o burro.

Não. Na verdade, imaginamos que ele não costuma lavar SANTOS, Laura. Fábulas de Esopo. Recife: Prazer de Ler, 2014.

as mãos antes das refeições porque, para ele, isso só deve


3| Que lição moral podemos concluir a partir dessa fábula?

ser feito em ocasiões diferentes, como um jantar formal. Sugestão de resposta: Trair um amigo muitas vezes é

arruinar a si mesmo.

b. Que sentido as palavras o e um acrescentam ao subs- 4| Você consegue perceber a diferença de sentido entre
tantivo jantar no primeiro e no segundo quadrinhos? estas duas frases? Explique.

No primeiro quadrinho, o artigo indica a refeição coti-


a. A metade da herança coube à esposa do faleci-
diana; já no segundo, o artigo indica um jantar diferente. do, e o restante foi dividido entre dois filhos.
b. A metade da herança coube à esposa do faleci-
do, e o restante foi dividido entre os dois filhos.

Em A, como o numeral dois não está determinado pelo


2| Complete as lacunas desta fábula de Esopo com o, a,
os, as, um, uma, uns, umas.
artigo, não temos certeza de quantos filhos o casal tinha.
O burro, a raposa e o leão
Sabemos apenas que dois filhos receberam a herança.
O burro e a raposa fizeram uma parceria e
Em B, o artigo deixa claro que havia apenas dois filhos e
foram buscar comida juntos. Após caminharem um
pouco, viram o Leão, que vinha na direção deles,
que ambos receberam a herança.
o que deixou ambos terrivelmente assustados. Mas
a raposa pensou logo em uma forma de salvar sua
própria pele e foi corajosamente até o Leão sussurrar 5| Como vimos, os artigos são empregados sempre
em seu ouvido: diante de substantivos, acompanhando-os em gênero e
— Eu ajudo você a pegar o burro se você prometer número. Pensando nisso, escreva o substantivo dos pa-
não me devorar. rênteses que pode ser usado pelo falante para:
O Leão concordou, e a raposa voltou para junto
de seu companheiro, convencendo-o em pouco tempo a. Indicar o local onde nasce um rio.
a se esconder em uma vala, que uns caçadores haviam (o nascente – a nascente)
cavado para servir de armadilha para animais selvagens.
A nascente.
Quando o Leão viu que o burro estava na vala e

Gramática – 6o ano    87

FC_Gramática_6A_02.indd 87 15/01/2021 11:07:34


b. Indicar o lado onde o Sol nasce.
(o nascente – a nascente)
Veneza
Constantinopla
O nascente.
Cipango
Shang-lu (Japão)

Kashgar
c. Indicar a medida de massa. Bokharia
Khorasan
Pérsia Kansu Catai
(o grama – a grama) Oceano
Pacífico
Arábia Mangi
O grama.
Índia Champa
(Vietnã) Mar da
China
d. Indicar o líder de um grupo de pessoas. Etiópia

(a cabeça — o cabeça)
Oceano Índico

O cabeça.
a. Segundo o autor do texto, o viajante mais famoso é
Marco Polo. Quem vem depois dele?

Ibn Battuta vem depois.


6| Leia o texto e responda às questões.

As incríveis viagens de Marco Polo e


do árabe Ibn Battuta b. Pela leitura do texto, há uma relação de ordem de
popularidade entre Marco Polo e Ibn Battuta. Qual
Quando se fala das grandes viagens da História, palavra no início do texto é responsável por indicar
o primeiro nome mencionado é o de Marco Polo, essa ordem?
comerciante de Veneza que, na segunda metade do
A palavra primeiro.
século XI, percorreu quase toda a Ásia até se fixar na
China, onde se tornou amigo do imperador e viveu
por alguns anos. Ele escreveu um livro contando
como era a Ásia. Graças ao seu Livro das maravilhas,
os europeus tomaram conhecimento das riquezas que c. Qual é a classificação dessa palavra?
existiam do outro lado do mundo. Marco Polo faleceu
Numeral ordinal.
aos 70 anos, em 1324.
Pouca gente ouviu, porém, falar do árabe Ibn
Battuta, que, aos 21 anos, partiu de Tânger, no Mar- d. A palavra ele, no primeiro parágrafo, está substituindo
rocos, norte da África, para a sua primeira grande um termo expresso anteriormente. Qual é esse termo?
viagem, no começo do século XIV, em 1325, um ano
Marco Polo.
depois da morte de Marco Polo. Ao longo de sua vida,
ele percorreu 120 mil quilômetros, uma distância três
vezes maior que a percorrida por Marco Polo, que, no e. Quando o autor afirma que Marco Polo é mais conhe-
entanto, é mais conhecido que ele [...]. cido que Ibn Battuta, está procedendo a uma compara-
ção. Qual é esse tipo de comparação?
MENEZES, Fernando. Divirta-se e aprenda. Recife: Prazer de Ler, 2008.
É o grau comparativo de superioridade do adjetivo.

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f. No segundo parágrafo, a palavra um é artigo indefini- 9| Complete o texto abaixo com artigos definidos, inde-
do ou numeral? Justifique. finidos ou numerais quando necessário e responda ao
que se pede.
É numeral, pois expressa relação de quantidade.

Sou (1) um homem feliz. Amo muito a minha


7| Leia o texto e coloque C (contar), M (medir), O (orde- família e tenho (2) a casa dos meus sonhos. Nela,
nar) ou CD (codificar) nos numerais em destaque, indi- há (3) um quarto grande para mim e minha es-
cando suas funções. posa e outro para nosso filho. Além disso, temos (4)
uma cozinha, (5) um jardim, (6) um quintal e
O caminhão modelo 1.519 de uma conhecida fá- (7) uma varanda.
brica alemã estabelecida no Brasil é capaz de carre-
gar até 15.000 kg e está equipado com um motor de Após completar o texto, em qual(is) lacuna(s) você em-
190 cavalos-vapor de potência. É o 1º modelo de uma pregou numerais?
série destinada ao mercado de veículos pesados. Nas lacunas 3, 4, 5, 6 e 7.

1.519 = CD 15.000 = M 190 = M 1º = O


10| Nas frases seguintes, os numerais não foram empre-
gados no seu sentido usual, ou seja, não representam
quantidade. Entretanto, todas estas orações fazem sen-
tido. Por que isso acontece? Discuta com os seus cole-
8| Segundo o IBGE, o Brasil possui aproximadamente gas e com o professor.
210.000.000 de habitantes. A respeito desse número,
responda. a. 60 num bar, 70 sair 100 pagar, aí mando a polícia
20 buscar.
a. Qual é o número de algarismos utilizados para escre- b. 20 buscar 100 demora. 60 e vamos embora.
ver esse número? c. 70 me passar, passe 100 atrapalhar.
É 9. d. Estou rezando 1/3 para encontrar 1/2 de ser feliz.
e. Eu sou U 1.000 D.
f. Vendo apartamento com 3/4.
b. Quais algarismos utilizamos para representá-lo?

Utilizamos 0, 2 e 1. Nessas frases, o sentido não se perde devido à seme-

lhança fonética entre os numerais e as palavras que eles


c. De que outra forma poderíamos representar esse
numeral?
estão substituindo.
Escrevendo-o por extenso: duzentos e dez milhões.
11| Muitas expressões idiomáticas utilizam numerais.
Em outros casos, os algarismos são utilizados para des-
crever situações, objetos, etc. Pense no que significam e
d. Nessa informação, esse número foi utilizado para como podem ter surgido estas expressões.
contar, medir, ordenar ou codificar?
a. Ele a conquistou com uma conversa 171.
Foi utilizado para contar.
b. Quero que ele vá pros quintos dos infernos.

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El Niño voltou — e veio bravo. Esse fenômeno, que esquenta parte das águas do Oceano Pacífico e muda o clima de
quase todo o Planeta, atingiu, na semana passada, a temperatura mais alta desde os anos 1980.
c. Quando criança, Van nunca pintou o sete. b. Reescreva, em seu caderno, o trecho mantendo as
d. Lucas vive a mil. frases na ordem apresentada e fazendo apenas as adap-
e. Em Matemática, sou um zero à esquerda. tações necessárias para que a expressão El Niño seja
enunciada anteriormente ao pronome.
12| Complete as frases abaixo com o pronome pessoal
adequado. Observe o modelo.

Eu me canso rapidamente.
Desafio
É possível encontrar outras respostas.
a. Ele se feriu. 1| Entre as sentenças, há uma em que o uso do artigo
definido é opcional. Identifique-a.
b. Cada um faça por si mesmo a redação.

c. O professor trouxe as provas consigo . a. Ganhamos a bicicleta que queríamos.


b. X Hoje telefonei para a Maria.
d. Paula, quero me casar com você .
c. Este é o retrato de Dona Isabel.
e. O cidadão se/me/te machucou. d. Eu adoro o Rio de Janeiro.
e. Viajei para o Amazonas em janeiro.
f. Nós tentamos nos revezar durante os turnos.

g. Tu te chamas Marcos? 2| (Enem) O dono de uma farmácia resolveu colocar, à


vista do público, o gráfico mostrado a seguir, que apre-
h. Ele se esqueceu do convite?
senta a evolução do total de vendas (em reais) de certo
i. Nós nos esquecemos da festa. medicamento ao longo do ano.

vendas (R$)
13| Leia.

Ele voltou — e veio bravo. El Niño, a inversão térmi-


ca que esquenta parte das águas do Oceano Pacífi-
co e muda o clima de quase todo o Planeta, atingiu,
na semana passada, a temperatura mais alta des-
de os anos 1980.
mês
jan. fev. mar. abr. maio jun. jul. ago. set. out. nov. dez.

a. Observe que o texto começa com o pronome ele e só


depois designa o fenômeno a que esse pronome se re- De acordo com o gráfico, os meses em que ocorreram,
fere. Explique o efeito que o texto procura produzir no respectivamente, a maior e a menor venda desse medi-
leitor ao empregar tal recurso. camento foram:

O texto emprega o pronome ele para se referir a um


a. Março e abril. b. Março e agosto.
c. Agosto e setembro. d. Junho e setembro.
termo posterior. Esse emprego visa a produzir no leitor
e. X Junho e agosto.

expectativa, curiosidade ou suspense em relação ao


3| O texto a seguir foi retirado de um prospect de divul-
gação de um hotel localizado na cidade de Gramado, no
assunto do texto.
Rio Grande do Sul. Leia-o com atenção.

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6| Nas orações a seguir, marque AD para artigo definido
O hotel se encontra a 800 metros do Mini Mundo e e AI para artigo indefinido.
a 900 metros do Parque do Lago Negro, entre tan-
tos outros lugares que Gramado oferece a você que
a. AI Uns professores não compareceram.
busca diversão na beleza da Serra Gaúcha.
b. AD O bem sempre vence o mal.
Agora, analise as afirmações a seguir. c. AD A viagem vai durar quatro horas ou mais.
d. AI Nesta loja, vendem-se uns produtos importados.
I. Os numerais presentes no texto foram utilizados com e. AD Chegaram as encomendas.
a intenção de mostrar ao leitor que o hotel fica perto f. AI Faremos uma viagem em novembro.
de dois importantes pontos turísticos da cidade. g. AD As aulas foram suspensas por causa da chuva.
II. A intenção no emprego dos numerais é sugerir ao leitor h. AI Escutei um barulho no quintal.
que para o turista chegar ao Mini Mundo e ao Parque do i. AD O jogo de ontem foi muito difícil.
Lago Negro precisará utilizar algum meio de transporte.

A. RICARDO/Shutterstock.com
III. Considerando a intenção comunicativa subjacente ao
texto, a identificação das distâncias em metros é mais
adequada que em quilômetros (0,8 km e 0,9 km), pois
esta “soa” mais distante.

Está correto o que se afirma em:

a. I, apenas. b. II, apenas.


c. III, apenas. d. X I e III.
e. II e III. 7| Leia o trecho a seguir.

4| Empregados antes de numerais, os artigos indefini- Com esta história eu vou me sensibilizar, e bem
dos reforçam a noção de imprecisão. Esse uso ocorre sei que cada dia é um dia roubado da morte. Eu não
em todos os exemplos a seguir, exceto em: sou um intelectual, escrevo com o corpo. E o que
escrevo é uma névoa úmida.
a. Aquela professora tem uns 50 anos.
LISPECTOR, Clarice. A hora da estrela. Rio de Janeiro: Rocco, 1998.
b. Ela ligou faz uns trinta minutos.
c. X O professor se atrasou uma hora. Como podemos notar, vários pronomes foram utilizados
d. Havia umas mil pessoas no show. no trecho lido. Assim, identifique:
e. Acho que ainda tenho uns mil reais na conta.
a. Dois pronomes demonstrativos.
5| Funciona como pronome a palavra destacada em:
Esta e o.
a. O professor ensina todos os dias.
b. X Encontrei algumas camisas, mas não as que b. Um pronome pessoal do caso reto.
procurava.
Eu.
c. Os móveis que eu vi não eram assim, eram bem
mais simples.
d. Eu encontrei as meninas na praia no domingo. c. Um pronome pessoal do caso oblíquo.
e. Nas novelas de televisão, o tema que predomi-
Me.
na é o amor.

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8| Leia o texto: 2| Analise estas frases:

Com o sistema de monitoramento por satélite, I. A aluna sabia o assunto.


dados e imagens de desmatamento da Amazônia II. A aluna era muito sábia.
são transmitidos em tempo real para o Ibama, que III. O sabiá fugiu da gaiola.
consegue fiscalizar o desmatamento logo em seu
início, tendo sido possível reduzir o ritmo do des- a. Considerando a posição da sílaba tônica, como se
matamento da Amazônia. classifica a palavra destacada em cada frase?

Tanto em I quanto em II, a palavra destacada é paroxítona.


Para evitarmos a repetição do termo destacado, podería-
mos substituí-lo por um pronome pessoal associado ao Já em III é oxítona.
verbo. Nesse caso, o mais adequado seria utilizar:
b. Discuta com os seus colegas e o professor: podemos
a. Consegue-lo. b. Fiscalizar-o. dizer que a presença ou não do acento gráfico nas pala-
c. X Fiscalizá-lo. d. Fiscaliza-o. vras destacadas é fundamental para a compreensão de
e. Consegue-o. cada frase?

Questões de Não. Na verdade, o sentido de cada frase é construído

escrita pelo leitor ao analisar toda a frase. Assim, a presença ou

não do acento gráfico não interfere no sentido.


Acentuação das palavras oxítonas

1| Como você sabe, as palavras oxítonas são aquelas em Acentuação das palavras paroxítonas
que a sílaba tônica é a última. Algumas palavras oxíto-
nas devem ser acentuadas graficamente, outras não. 3| Agora veja:
Utilizando seus conhecimentos prévios, identifique as
palavras que recebem acento gráfico. Palavras oxítonas Palavras paroxítonas
Macapá mapa

a. computador b. comi c. bone chimpanzé parede


d. rodapes e. Amapa f. guaranas complô caderno
g. papel h. cipos i. ali porém item
j. luar k. caju l. jilo armazéns itens
m. tabu n. alguem o. parabens O que você observou sobre a acentuação dessas palavras?
p. armazens
As palavras paroxítonas que terminam de maneira igual
Agora responda: em quais situações as palavras oxítonas
às oxítonas acentuadas graficamente não recebem acento
devem ser acentuadas graficamente?

Acentuamos as palavras oxítonas terminadas em -a(s), gráfico. Ou seja, a palavra paroxítona que termina em

-e(s), -o(s) e -em(ens). -a(s), -e(s), -o(s), -em ou -ens não recebe acento gráfico.

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4| Leia com atenção as palavras a seguir e identifique as 6| Acentue as palavras abaixo (se necessário) e, em se-
paroxítonas. guida, marque a opção correta quanto à posição da sí-
laba tônica.
anel túnel ouvir arroz
lousa cafezal guru menos

Proparoxítona
viver sonho azul líquen

Paroxítona
Oxítona
animal funil útil caráter
tórax corpo varal açúcar
fóssil âmbar bíceps amar
imóveis álbum comum onda
mágoa búzio delírio aconteceu Lapis x
lado tremia glória confuso
Madeira x
oásis acabou acredito pônei
você certo assim satisfaz
Rapido x
minha Márcio língua dever Aracaju x
lombriga júri também margem Entoou x
interesse bônus miragem táxi
Paraiba x

5| Agora, observe a terminação das palavras paroxíto-


Xadrez x
nas que recebem acento gráfico. O que podemos afir- Interim x
mar sobre elas em relação às palavras oxítonas acen-
tuadas graficamente?
Gramatica x

Acentuamos graficamente as palavras paroxítonas que


Controle x
Saiote x
não terminam em -a(s), -e(s), -o(s), -em ou -ens.
Compreensão x
Onibus x

Anotações

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Capítulo

7 Verbo

1. O que é um verbo? articulam com os pronomes pessoais do caso reto. Você


se lembra deles? São aquelas palavras que substituem o
O texto abaixo foi retirado de um livro didático de substantivo e indicam as pessoas gramaticais:
Ciências. Com ele, vamos procurar entender o que são
os verbos. Leia-o com atenção e analise o emprego das Eu 1ª pessoa (quem fala).
palavras destacadas com negrito. Tu/você 2ª pessoa (com quem se fala).
Ele/ela 3ª pessoa (de quem se fala).
De acordo com a Teoria Celular, todo ser vivo é
formado por células, as menores unidades morfo- Se essas pessoas se juntarem a outras, teremos as
funcionais capazes de garantir a vida. Ou seja, so- formas do plural:
mos constituídos por células, milhões delas, for-
mando nossa pele, nossos órgãos, enfim, todo o Nós eu + alguém.
nosso corpo. Até pensar sobre a célula só é possível Vós/vocês tu + alguém.
por causa de um tipo específico dela, ou melhor, de Eles/elas ele + alguém.
milhões delas, chamadas neurônios, que compõem
o nosso cérebro, órgão que comanda todo o nosso
corpo.
Reflita
Alguns seres vivos, como as bactérias, são for-
mados por uma única célula. Nesse caso, dizemos As pessoas gramaticais podem ser entendidas como
que eles são unicelulares. Quando são formados “humanos” mesmo?
por mais de uma célula, como o ser humano, dize-
mos que são multicelulares, ou pluricelulares. Não. A noção de pessoa aqui deve ser compreendida

somente como um conceito gramatical.


Para iniciar o estudo dos verbos, vamos analisar o
emprego deles no texto. Observe as frases a seguir:
Veja alguns exemplos.

Todo ser vivo é formado por células.


Todo ser vivo é formado por células.
Somos constituídos por células.
Os neurônios compõem o nosso cérebro. Ele
O cérebro comanda todo o nosso corpo.
Alguns seres vivos são formados por uma única célula. Somos constituídos por células.

Nós
Nesses exemplos, podemos perceber, digamos, a prin-
cipal característica formal dos verbos: somente eles se

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Os neurônios compõem o nosso cérebro. As hemácias são células do sangue.

Eles Relação de concordância


Sujeito
3ª pessoa – plural

O cérebro comanda todo o nosso corpo.


A bactéria é unicelular.
Ele
Relação de concordância
Sujeito
3ª pessoa – singular
Alguns seres vivos são formados por uma única célula.

Nedelcu Paul Petru/Shutterstock.com


Eles

Para perceber qual é a pessoa gramatical que se arti-


cula com um verbo, basta observar a sua estrutura. Por
enquanto, basta entender que, naturalmente, emprega-
mos os verbos de acordo com a pessoa gramatical com
a qual eles se articulam.

Eu – viajarei, como, senti.


Tu – viajarás, comes, sentiste.
Ele – viajará, come, sentiu.
Nós – viajaremos, comemos, sentimos. Existem verbos, porém, que, apesar de possuírem a
Vós – viajareis, comeis, sentistes. marca da 3ª pessoa (ele/ela), não admitem a colocação
Eles – viajarão, comem, sentiram. do pronome pessoal, isto é, não se articulam com ne-
nhuma pessoa gramatical. Por esse motivo, esses verbos
Essa relação entre os verbos e as pessoas gramaticais não possuem sujeito e são chamados de impessoais.
é o que chamamos de concordância verbal. Nos textos, Comumente, os verbos impessoais indicam fenômenos
o termo que pode ser substituído por uma das pessoas da natureza, como nevar e chover.
gramaticais e se associa ao verbo é o sujeito.
Ele Nevou no Rio Grande do Sul.
Veja outros exemplos: Ele Chovia muito quando cheguei.

Cláudia gosta de Ciências. Embora possamos perceber as marcas da 3ª pessoa


nesses verbos, eles não realizam concordância. Por isso,
Relação de concordância são empregados sempre na 3ª pessoa do singular.
Sujeito
3ª pessoa – singular
Até agora, vimos apenas características formais que
marcam os verbos, mas, observando todos esses exem-
plos, podemos defini-los também tendo em vista a sua
função comunicativa. Nesse caso, podemos dizer que:
Eu e Pedro estendemos o assunto.
Os verbos são palavras que, além de possuir
Relação de concordância
Sujeito
1ª pessoa – plural características bastante específicas, indicam ação,
estado, fato ou fenômeno da natureza.

Gramática – 6o ano    95

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2. Modos verbais Fumar faz mal à saúde.

Infinitivo Substantivo = o fumo


Os modos indicam as várias formas como um fato
pode acontecer. São três os modos verbais:
Cantar me deixa feliz.

• Indicativo – Indica um fato certo, que está aconte-


cendo, aconteceu ou vai acontecer.
Infinitivo Substantivo = o canto

Hoje teremos prova. Maria está agitada.


Estamos chegando no fim do ano. Função de adjetivo (qualifica o
Particípio
Entendi o que você falou. substantivo Maria)

• Subjuntivo – É usado para exprimir um fato incerto,


hipotético, duvidoso, que pode não acontecer.
Comida estragada prejudica o organismo.
Função de adjetivo (qualifica o
Particípio
substantivo comida)
Talvez você esteja certo.
Se você tivesse me escutado, ficaria tudo bem. A panela está com água fervendo.
Quando nós estudarmos, você entenderá.
Adjetivo = fervente Gerúndio

• Imperativo – Exprime ordem, conselho, pedido, proi-

TommyB_Photo/Shutterstock.com
bição.

Estude todo o conteúdo para a prova!


Aproveitem para revisar o que estão com dúvida.
Não fale mais que o necessário.

3. Formas nominais dos


verbos
Além das características que vimos até agora, dizemos
também que os verbos podem ser empregados como
nomes, assumindo funções típicas principalmente dos No infinitivo, os verbos só podem apresentar quatro
substantivos e dos adjetivos. O infinitivo, o particípio e terminações: -ar, -er, -ir ou -or. A identificação dessas
o gerúndio são as formas nominais dos verbos, podendo terminações nos permite caracterizar as três conjugações
ser facilmente identificadas pelas seguintes terminações: dos verbos:


-r para o infinitivo jogar, comer, sair.
1ª conjugação – verbos terminados em -ar, como
-do(a) para o particípio jogado, comido, saído.
andar, criar e imitar.
-ndo para o gerúndio jogando, comendo, saindo.
A forma do infinitivo pode ser considerada um subs-
• 2ª conjugação – verbos terminados em -er e -or,
como escrever e repor.
tantivo. Já o particípio e o gerúndio são comumente
adjetivos. Observe:
• 3ª conjugação – verbos terminados em -ir, como
ouvir, sorrir e imprimir.

96 Gramática – 6o ano   

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Aprenda mais
• Presente simples – É usado para exprimir um even-
to habitual, uma propriedade permanente ou um esta-
do permanente. Nos exemplos a seguir, observe que o
Muito tempo atrás, o verbo pôr era escrito com -er (poer). Com evento ou estado descrito não vale apenas para o mo-
o passar dos anos, esse verbo variou, passando a ser escrito (e mento presente, ele também abrange certa extensão
falado) sem o fonema /e/. Por isso, o verbo pôr e seus derivados
(repor, propor, supor, etc.) pertencem à 2ª conjugação.
do passado e do futuro.

Ela toca naquele bar toda sexta-feira. (evento


4. Tempos verbais habitual)
Estudo em um colégio religioso. (evento habitual)
Na nossa comunicação diária, naturalmente situamos no Alice tem olhos claros. (propriedade permanente)
tempo os fatos de que falamos. Assim, basicamente, temos: Sílvia é uma pessoa divertida. (estado permanente)

• Presente – Sinto um pouco de dor de cabeça agora. • Presente progressivo – É usado para exprimir um
• Futuro – Sentirei dor de cabeça se não dormir bem. evento que se dá no momento da fala. É empregado
• Passado – Senti dor de cabeça na semana passada. com o auxílio do verbo estar seguido do verbo principal
no gerúndio.
Presente
O tempo presente faz referência a fatos que se passam Eles estão sentindo frio.
no momento em que falamos ou se prolongam no tempo. As células estão se multiplicando.
Ele está observando células vegetais.
Os seres vivos são formados por células.
Células procarióticas possuem o núcleo desorga-
nizado. Futuro
As células eucarióticas têm núcleo organizado. O futuro, logicamente, faz referência a fatos que ainda
Essa bactéria não apresenta carioteca. não ocorreram.
A Escherichia coli vive no organismo humano.
Amanhã estudarei Ciências.
Amanhã vou estudar Ciências.
Jarun Ontakrai/Shutterstock.com

Eu estudaria Ciências se fosse necessário.

Esse tempo verbal pode ser empregado de três formas:

• Futuro simples – Também chamado de futuro do


presente. O fato acontecerá depois do presente.

Eu serei feliz.
Embora o tempo presente seja confundido normal-
mente com o momento da fala, não é bem assim que
acontece na prática. É mais adequado dizermos que o
• Futuro composto – O fato também acontecerá depois
do presente. Essa forma é mais usual que o futuro simples.
presente expressa, basicamente, eventos ou estados
atuais que podem ultrapassar o momento da fala. Existem Eu vou ser feliz.
duas formas de expressão do presente:

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• Futuro condicional – Também chamado de futuro
do pretérito. Indica ação que aconteceria em relação a
pontual, e o imperfeito indica um evento habitual, que
acontecia com frequência.
outra já passada. Para entender bem essa diferença, basta analisar
alguns exemplos:
Eu seria feliz se…
1. Lucas viajou para o Canadá.
No português falado no Brasil, o futuro simples é usado
basicamente em textos formais escritos. Normalmente, Pretérito perfeito

indicamos fatos que acontecerão depois do presente


por meio do futuro composto (vou andar, vai telefonar, 2. Lucas viajava para o Canadá.
vamos entender, vão sair). Como você percebeu, esse
tempo verbal é formado com o auxílio do verbo ir seguido Pretérito imperfeito

do verbo principal no infinitivo. Já o futuro condicional é


utilizado para indicar um evento que poderia acontecer A frase 1 descreve uma viagem única, e a 2 descreve
sob algumas condições. Observe: um evento habitual. Em 1, os limites temporais do evento
(início e fim) são definidos; já em 2 esses limites ficam
Eu escutaria você se não estivesse fazendo tanto em aberto.
barulho. O passado também pode se estender para o momento
Condição presente. Nesse caso, utilizamos o verbo ter (no presente)
seguido de um verbo no particípio.
Você viria comigo se fosse cedo?
Tenho feito muitas perguntas ao professor.
Condição Tem chovido muito em Salvador.
Este ano tem sido muito bom.
Seus pais entenderiam sua decisão se você conversasse Sílvia e Heitor têm viajado pelo mundo de barco.
com eles.
Condição Há, também, situações em que o verbo ter é empre-
gado no pretérito seguido de uma forma de particípio.
Nesse caso, temos a indicação de eventos anteriores a
Pretérito outro evento também passado. Veja:
Como dissemos, o pretérito faz referência a fatos que
já aconteceram. O aluno falou que tinha estudado todo o assunto.

A Terra passou por um longo período sem vida. Perceba que a ação de

ESB Professional/Shutterstock.com
A palavra célula veio do latim (cellula). estudar todo o assunto
O cientista Robert Hooke comparou as células com ocorreu antes de o aluno
as celas. falar sobre isso. Essa forma
As celas eram os pequenos quartos onde os mon- verbal é uma evolução do
ges dormiam. pretérito mais que perfeito
(estudara, fizera, etc.),
Há dois passados simples na língua portuguesa: o que, atualmente, não é de
pretérito perfeito e o pretérito imperfeito. A principal uso comum no português
diferença entre essas duas formas de expressão do pas- brasileiro, mesmo em tex-
sado é a seguinte: o perfeito indica um evento específico, tos cultos escritos.

98 Gramática – 6o ano   

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Atividades
1| O texto que você vai ler agora explica detalhes interessantes sobre o ciclo de vida dos seres vivos. Leia-o com atenção,
procurando preencher as lacunas com verbos adequados. Importante: observe a pessoa gramatical que eles acompanham.
Sugestão de resposta.
Ciclo de vida dos seres vivos
Os seres vivos, sem exceção, passam por mudanças ao longo de sua vida. Essas mudanças são importantes para

a perpetuação da espécie. Os indivíduos nascem , crescem , reproduzem-se , envelhecem e morrem .

Chamamos essa sequência de fases de ciclo da vida. A duração desse ciclo pode
variar muito entre uma espécie e outra ou até mesmo entre indivíduos da mesma espé-

cie. O principal fator que determina a duração da vida, logicamente, são as condições do ambiente em que
vive o indivíduo, mas é possível estimar a duração média desse ciclo. Um leão, por exemplo, vive

em média 20 anos; um crocodilo, 80 anos; e um elefante pode chegar aos 100 anos. Enquanto o ciclo de vida

de um rato em geral não passa dos 4 anos; um coelho vive aproximadamente 7 anos; e algumas bactérias
completam seu ciclo em 30 minutos.

2| Que diferenças de sentido você identifica entre os seguintes pares de frases abaixo?

I. Você é arrogante. Você está sendo arrogante.


II. Você gosta de estudar? Você está gostando de estudar?
III. Manaus é muito quente. Manaus está muito quente.
IV. Eu já saí. Eu estou saindo.
V. Este carro tem muitos problemas. Este carro está com muitos problemas.

Na primeira frase de cada alternativa, a informação veiculada é permanente, constante, ou, no caso do item IV, expressa

uma ação já realizada. Já na segunda frase, a informação veiculada tem valor progressivo ou passageiro.

3| Em cada par de frases a seguir, uma soará estranha. Procure explicar por quê.

I. Ele tem morrido do coração. Muitas pessoas têm morrido do coração.


II. Os alunos têm feito avanços. Os funcionários têm sido demitidos hoje.
III. Ele tem respirado melhor. Ele tem nascido hoje.

Na primeira frase do item I e na segunda frase dos itens II e III, a construção do verbo ter acompanhado de particípio

indica uma ação contínua, que perdura, o que constitui um problema semântico.

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4| Existem alguns verbos muito expressivos na língua 5| Assim como o verbo ter, o verbo fazer também é
portuguesa, como o verbo ter, que muitas vezes subs- muito expressivo. Nas frases a seguir, substitua o verbo
titui outros em muitos contextos. Nas frases seguintes, fazer por outro cujo sentido seja mais específico.
substitua o verbo ter por outro cujo sentido seja mais
específico. Faça as modificações necessárias. a. Meus amigos fizeram muito por mim.

Meus amigos me ajudaram muito.


a. O que tem nessa caixa?

O que há nessa caixa?


b. Fiz um quadro em duas horas.

Pintei um quadro em duas horas.


b. Eu tive um susto quando falei com você.

Eu senti um susto quando falei com você. c. Fiz três casas em um terreno.

Construí três casas em um terreno.

c. Ela tem um gato. d. Fazia bonecos de argila para vender.

Modelava bonecos de argila para vender.


Ela cria um gato.

e. Fizemos dois anos juntos.

Completamos dois anos juntos.


d. Na festa, ela tinha uma bela saia.

Na festa, ela vestia uma bela saia. 6| Complete as lacunas com uma das formas nominais
dos verbos entre parênteses.

a. Beatriz vive dizendo que me admira bastante.


(dizer)
e. Eu não tinha como perguntar. b. Se você tivesse feito a pesquisa, não teríamos
obtido nota baixa. (fazer)
Eu não podia perguntar.
c. Irei fazer o possível para comparecer à reunião.
(fazer)
d. Está tudo comprovado , foram eles mesmos os
f. O passageiro não tinha o passaporte consigo. culpados. (comprovar)
e. Está chegando o grande dia em que conheceremos
O passageiro não portava o passaporte consigo.
a nova casa. (chegar)
f. Está tudo combinado , iremos mesmo ao cinema no
domingo. (combinar)

g. Ele tem dois carros. g. Vamos ouvir todos os candidatos. (ouvir)


h. Ontem, nós acabamos definindo as metas do tra-
Ele possui dois carros.
balho. (definir)

100 Gramática – 6o ano   

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7| O tempo presente do modo indicativo pode ser d. Você estudou onde?
empregado também para designar ações verbais que
ocorrem de maneira permanente, independentemen- Vocês estudaram onde?
te do momento da fala. Isso pode ser verificado em:
e. Ela prefere suco a refrigerante?
a. Ele perdeu o emprego de novo.
b. X A água ferve a 100 °C.
Tu preferes suco a refrigerante?
c. Ela está dormindo.
d. Compramos um carro hoje.
f. Estivemos separados por alguns anos.
e. Estou solteiro.
f. X A Terra não é plana.
g. X O Brasil fica na América. João e Maria estiveram separados por alguns anos.
h. Aquele rio está contaminado.
i. X Os oceanos possuem grande biodiversidade. g. A população acredita neste candidato.

8| O presente do indicativo comumente é usado para O povo acredita neste candidato.


designar algo permanente, rotineiro, que ultrapassa o
momento presente. Avalie as sentenças abaixo e iden- h. O Rio Nilo foi fundamental para a civilização egípcia.
tifique aquela que não confirma esse posicionamento.
Os rios Tigre e Eufrates foram fundamentais para
a. Corro 5 km por dia.
a civilização mesopotâmica.
b. Sou filho de Maria.
c. O nosso corpo sua para regular a temperatura.
i. Os fenícios se destacaram pela habilidade no comér-
d. Sou professor.
e. X Estou estudando português. cio e nas navegações.

9| Nos pares de frases a seguir, substitua o verbo desta- A civilização espartana se destacou , entre outras
cado pela forma verbal equivalente. Observe a pessoa, razões, pela rígida educação dos jovens.
o modo e o tempo.
j. Comi um bom peixe frito.
Eu viajarei em março.
Nós viajaremos em março. Eu e Paula comemos um bom peixe frito.

a. Iremos à praia no domingo. k. Não entendi muito bem o que você falou.

Eu irei à praia no domingo.


Júlio, Marcos e eu não entendemos o que vocês
falaram .
b. Guilherme será um excelente procurador.

Eu serei um excelente procurador. l. Os professores disseram que todo aluno que alcan-
çou a nota pode ficar em casa.
c. Quando tu chegaste, tudo melhorou.
A professora disse que os alunos que alcançaram
Quando vocês chegaram , tudo melhorou. a nota mínima podem ficar em casa.

Gramática – 6o ano    101

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a. Possibilitam o entendimento de que a ação ver-
bal se iniciou no passado e se estende até o presente.
Desafio b. Indicam que a ação expressa pelo verbo está em
progresso, o que caracteriza o presente progressivo.
c. Sugerem que o processo verbal aconteceria me-
Texto
diante algumas condições, o que indica o emprego do
futuro do subjuntivo.
Serafim d. X Permitem verificar que o processo verbal teve
certa duração no passado e se concluiu.
e. Possibilitam a identificação do modo imperativo,
caracterizado pela expressão de uma ordem.

3| Leia:

Se eu disser “Eu sou bonita”, o que é isso?

Sobre a forma verbal destacada, é correto afirmar que:

a. Expressa uma ordem.


b. X Indica uma condição.
c. Caracteriza certeza sobre a realização da ação
verbal.
d. Expressa o emprego do futuro composto.
e. Indica a ocorrência definitiva de uma ação que
ocorrerá depois do momento da fala.

1| O humor dessa tirinha acontece no último quadrinho,


quando Serafim responde à pergunta feita pela Profes- Questões de
sora Norma de maneira inesperada. Qual era a resposta
esperada por ela? escrita
A professora esperava que a turma percebesse que a
Casos mais específicos de acentuação
forma verbal empregada na frase Eu sou bonita estava
1| Faça a separação silábica das palavras a seguir.

flexionada no presente. e-go-ís-ta


a. egoísta –

ru-í-do
2| Analise a frase abaixo. b. ruído –

sa-ú-de
Eu era bonita. c. saúde –

so-ar
d. soar –
O que o modo e o tempo verbais nos comunicam a res-
Pa-ra-í-ba
peito do processo verbal? e. Paraíba –

102 Gramática – 6o ano   

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jo-e-lho
f. joelho – 4| Como você pôde ver, apesar de as vogais i e u serem
tônicas e formarem um hiato, não receberam acento
ba-ú
g. baú – gráfico. Vamos formular uma regra para esses casos?

en-jo-o As vogais i e u tônicas em situação de hiato, formando


h. enjoo –

pa-ís sílaba com as consoantes m, l ou r, ou seguidas de nh,


i. país –

fa-ís-ca não recebem acento gráfico.


j. faísca –

do-er
k. doer –

ru-í-na
l. ruína –

re-e-le-ger
m. reeleger –
Aprenda mais
vi-ú-va
n. viúva –
Muitas pessoas tendem a pronunciar as palavras fluido e gratuito
mo-er acentuando um possível hiato (fluído e gratuíto), mas, na escrita
o. moer – formal, é preciso perceber que esse hiato não existe.

mai-or
p. maior –
5| Leia as frases a seguir.
2| Volte às palavras da questão anterior e responda: o que
há de comum entre as palavras acentuadas graficamente? I. Ele tem 1 ano.
II. Eles têm 1 ano.
Em todas elas, as vogais i e u tônicas em situação de
a. Em qual frase o pronome está flexionado na 3ª pessoa
hiato (sozinhas na sílaba ou seguidas de s) receberam
do plural?

acento gráfico. Na frase II.

3| Agora, separe as sílabas das palavras abaixo. b. Ao passar o pronome para o plural, o que aconteceu
com o verbo?
ra-i-nha
a. rainha –
O verbo recebeu acento gráfico.
ru-im
b. ruim –
6| O verbo ter e seus derivados (reter, conter, manter,
ca-ir
c. cair – etc.) seguem a mesma regra de acentuação: na terceira
pessoa do plural, eles devem ser grafados com acento
Ra-ul
d. Raul – circunflexo. Observe:

ba-i-nha
e. bainha – Para sobreviver no deserto, os dromedários retêm
cau-im gordura na corcova, não água, como muitos pensam.
f. cauim –

Gramática – 6o ano    103

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Agora, observe o emprego desses verbos nas frases 7| Do mesmo modo que o verbo ter, outro verbo que rece-
a seguir. be acento circunflexo na 3ª pessoa do plural é o verbo vir
e seus derivados, como provir. Sabendo disso, indique a
A caatinga mantém características semelhantes às alternativa em que o verbo está grafado incorretamente.
dos desertos.
A corcova do dromedário contém gordura, arma- a. Áreas da caatinga vêm sofrendo com a desertifi-
zenada nos períodos de fartura. cação.
O dromedário retém até 100 litros de água em sua b. X Muitos turistas que visitam a caatinga vem da
corrente sanguínea. zona da mata.
c. Espécies nativas da caatinga vêm sendo ameaça-
Como você pôde observar, nesses exemplos os verbos das de extinção.
destacados receberam acento agudo. Analisando a es-
trutura das frases, explique: que diferença determinou o 8| Outra regra importante de acentuação é a dos diton-
emprego desse acento, e não o do circunflexo? gos abertos ei, eu e oi. De acordo com essa regra, quan-
do aparecem na sílaba tônica de palavras oxítonas ou
Nesses casos, os verbos estão flexionados na 3ª pessoa
em monossílabos tônicos, esses ditongos devem receber
acento agudo. Sabendo disso, indique as palavras que
do singular.
devem receber acento gráfico de acordo com essa regra.

a. X Papeis. f. Heroico.
b. Assembleia. g. Hebreu.
c. Apoia. h. Colmeia.
d. X Ceu. i. Entendeu.
e. X Heroi. j. X Remoi.

Anotações

104 Gramática – 6o ano   

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Capítulo

8 Estudo das orações

1. A oração e o período No contexto, percebemos que a fisioterapeuta desem-


penhou uma ação: ela incentivou Dona Anésia a executar
No Capítulo 2, estudamos o conceito de frase. Para o exercício. Já no segundo quadrinho, a profissional ilus-
recordar esse conteúdo, leia a tirinha a seguir. tra para a paciente o movimento a ser desempenhado,
o que esta recusa: Não consigo (no terceiro quadrinho).
A fisioterapeuta procura incentivá-la mais uma vez: Mas
a senhora nem tentou. Apesar da segunda tentativa, no
último quadrinho Dona Anésia recusa novamente, desta
vez com uma afirmação inesperada, o que desperta o
humor da tira:

Tentei mentalmente e não consegui.

Essas ações que se dão por meio da palavra são o


que chamamos de ato de fala. E o menor ato de fala
é a frase.
Também no Capítulo 2, vimos que as frases podem ser
classificadas em dois grandes grupos:

• Frases de situação (ou incompletas) – Frases muito


dependentes do contexto para serem entendidas.

• Frases formalmente completas (ou períodos) – Fra-


ses que, em tese, possuem todos os elementos necessá-
rios à sua compreensão.

Na tira, percebemos que a fala da fisioterapeuta no


primeiro quadrinho (Um exercício bem simples...) é uma
Nas mais diversas situações comunicativas, os enun- frase de situação. Caso ela seja retirada do contexto, não
ciados que proferimos são ações verbais. Por meio da fala fará sentido por si só. Como possui apenas nomes em sua
ou da escrita, desempenhamos ações que se dão através estrutura, temos ali uma frase nominal. Outro exemplo
das palavras. Analise a fala da fisioterapeuta retirada do de frase nominal é a placa Pilates, mesmo constituída de
primeiro quadrinho. apenas uma palavra.
Por outro lado, as demais frases presentes na tira são
Um exercício bem simples... formalmente completas, isto é, possuem certa indepen-
dência em relação ao contexto. Veja:

Gramática – 6o ano    105

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Chamamos cada uma dessas partes de oração. A
Anésia começou a fazer pilates. divisão do período composto em orações leva em con-
A senhora vai tocar os seus pés com as mãos, assim. sideração alguns critérios formais que não precisamos
Não consigo. estudar agora. Por enquanto, é necessário apenas que
Mas a senhora nem tentou. você perceba um detalhe importante: quando isolada,
Tentei mentalmente e não consegui. uma oração pode não ser compreendida. Observe isso
nos exemplos anteriores.
Como você pôde ver, todas as frases acima são estru- No período composto, as orações podem se organizar
turadas em torno de verbos, isto é, são frases verbais de duas maneiras: por subordinação ou por coordenação.
ou períodos. Os períodos se classificam de duas formas:
• Subordinação – É a relação de dependência estrutu-
• Simples – Apresentam apenas um verbo (ou locução
verbal).
ral que se estabelece entre as orações ao longo do pe-
ríodo.

A senhora vai tocar os seus pés com as mãos, assim. Anésia pensou estar em boa forma física.
Não consigo.
Oração principal Oração subordinada
Mas a senhora nem tentou.
Anésia é mal humorada.
Ela fez uma aula de pilates. Observe que, no período acima, a forma verbal come-
çou apresenta sentido incompleto (Anésia pensou o quê?).
A oração estar em boa forma física, portanto, completa o
• Compostos – Apresentam mais de um verbo. sentido da oração principal. Você estudará a relação de
subordinação entre as orações nos próximos anos.


Anésia pensou estar em boa forma física.
Tentei mentalmente e não consegui. Coordenação – É a relação de independência estru-
O pilates fortalece a musculatura e gera vários be- tural que se estabelece entre as orações ao longo do
nefícios. período.

Tentei mentalmente e não consegui.


Aprenda mais
Oração coordenada Oração coordenada
No período A senhora vai tocar os seus pés com as mãos, assim,
os verbos destacados funcionam como uma locução verbal que
corresponde ao futuro composto (tocará). Por esse motivo, trata-
-se de um período simples. O pilates fortalece a musculatura e gera vários benefícios.

Oração coordenada Oração coordenada


Por apresentarem mais de um verbo, formalmente
os períodos compostos podem ser desmembrados em
partes menores, cada uma delas com um verbo. Observe:
2. O período composto por
Anésia pensou / estar em boa forma física. coordenação
Tentei mentalmente / e não consegui.
O pilates fortalece a musculatura / e gera vários Como vimos, a oração é coordenada quando não
benefícios. apresenta dependência sintática de outra oração. Ela
é suficiente por si só. Ao longo do período, as orações

106 Gramática – 6o ano   

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mantêm relações de sentido, mas não dependem es- Já no período a seguir, a oração coordenada sindética
truturalmente umas das outras. No período a seguir, expressa uma relação de oposição de ideias. Observe:
por exemplo, as orações se encadeiam, mantendo uma
relação de sentido de ordenação temporal (1 e 2) e de Conjunção

quebra de expectativa (3). Observe: Corri muito, mas não me cansei.

Ela se inscreveu para a aula, efetuou o pagamento, depois Oração coordenada Oração coordenada
assindética sindética
desistiu.

Oração coordenada assindética 1 Já no período abaixo, a oração coordenada sindética


expressa uma conclusão sobre o que se declara na oração
Oração coordenada assindética 2 anterior.

Oração coordenada assindética 3 Conjunção

Entrarei de férias em novembro, portanto poderei viajar


Entre as orações 1 e 2, percebemos que há uma se- para o Pantanal.
quência de fatos cronológicos, como se os fatos se so- Oração coordenada assindética
massem. Assim, seria natural que a oração 3 fosse uma
continuidade dessa sequência. Mas a oração 3 expressa Oração coordenada sindética
uma quebra dessa ordem.
Dizemos que o período é composto por coordena-
ção quando apresenta apenas orações coordenadas. Atividades
As orações coordenadas podem vir acompanhadas de
outra(s), mas são independentes estruturalmente umas
das outras. No período acima, observe que as orações 1| Leia o quadrinho a seguir.
são separadas por vírgulas, sem o auxílio de uma palavra
Silvestre
que as conecte. Nesse caso, dizemos que cada oração é
coordenada assindética.
Já no período abaixo, há uma oração coordenada
introduzida por um conector. Veja:

Conjunção

Cheguei e abri a porta.

Oração coordenada Oração coordenada


assindética sindética

Nesse exemplo, a segunda oração é introduzida por


uma palavra cuja função é conectá-la à oração anterior:
a palavra e. Por esse motivo, a segunda oração é classi-
ficada como coordenada sindética.
Além de conectar as duas orações, a palavra e também
deixa clara a relação de sentido que se estabelece entre
as orações no período, isto é, uma relação de adição.

Gramática – 6o ano    107

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a. Quantas frases há na fala do padre? Classifique-as, Localizado no sudeste do Piauí, o Parque Nacional Ser-
utilizando as categorias nominal ou verbal. ra da Capivara tem serras, vales e planície, que abrigam
fauna e flora específicas da caatinga. Dentre as espécies
Há duas frases verbais.
encontradas, podemos citar a onça-pintada, a onça-
-parda, o tatu-bola e o tamanduá-mirim.
b. Utilize a sua resposta ao item anterior na primeira Ao chegar ao parque, o visitante se depara com um
lacuna e reflita: o que devemos escrever na segunda la- enorme e imponente paredão de arenito, além de várias
cuna para que a frase abaixo fique de acordo com o que cavernas e lagos subterrâneos. No Parque, encontra-se a
estudamos? maior concentração de sítios arqueológicos atualmente
conhecida nas Américas, com mais de mil sítios arqueo-
lógicos pré-históricos cadastrados, muitos deles com
Nesse quadrinho, temos duas frases verbais, logo
pinturas rupestres. Nos abrigos, além das manifestações
temos dois períodos . gráficas, encontram-se vários vestígios da presença do
homem pré-histórico, com datações de até 100 mil anos.
A região abriga 173 sítios arqueológicos, e todos estão
2| Se quiséssemos unir todas as frases da fala do padre livres para visitação.
em uma só, a mais adequada seria: A visita completa aos circuitos abertos pode ser feita
em seis dias, incluindo-se o Sítio do Boqueirão da Pedra
a. Vá buscar um verbo, portanto preciso de um para Furada, onde foram feitas as primeiras escavações e as
fazer uma oração. datações que atestam a presença do homem pré-histó-
b. Vá buscar um verbo, no entanto preciso de um rico no continente americano. O sítio pode ser visitado
para fazer uma oração. também à noite. Iluminada, a paisagem fica ainda mais
c. X Vá buscar um verbo, pois preciso de um para grandiosa. Todos os circuitos estão repletos de sítios
fazer uma oração. arqueológicos estruturados com escadas, passarelas e
d. Preciso de um verbo para fazer uma oração, vá acesso para pessoas com necessidades especiais. A pre-
buscar um verbo. sença do condutor é obrigatória para todos os programas.
e. Preciso de um verbo para fazer uma oração, mas O Baixão das Andorinhas é um grande desfiladeiro de
vá buscar um. onde se pode assistir, ao final da tarde, ao espetáculo da

ANDRE DIB | Shutterstock


Texto 1

Serra da Capivara: aventuras e


viagens à Pré-história do Brasil
Parque Nacional Serra da Capivara, no Piauí, possui a
maior concentração de sítios arqueológicos das Américas

Durante milênios, as paredes dos sítios arqueológicos


foram pintadas e gravadas por grupos humanos, com
diferentes características culturais. Patrimônio Mundial
da Unesco, o Parque Nacional Serra da Capivara reserva
aos seus visitantes aventuras e viagens na Pré-história
do Brasil.

108 Gramática – 6o ano   

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volta das andorinhas para o fundo do Boqueirão. Na zona de 5| Sobre o último parágrafo do texto, podemos afirmar
amortecimento do Parque, está instalada a Cerâmica Serra que:
da Capivara. As tradições dos povos ceramistas são produ-
zidas pela comunidade local, com peças que reproduzem a. X Tem dois períodos simples.
as pinturas rupestres encontradas nos sítios arqueológicos. b. Há um período simples e um período composto.
Na cidade de São Raimundo Nonato, a visita ao museu c. É possível identificar três formas verbais.
do Homem Americano é obrigatória, pois lá estão expos- d. Há três orações.
tas peças cerâmicas, urnas funerárias e material lítico e. Tem exemplos de duas frases de situação.
resultantes das escavações feitas no parque. Criado em
1986 para auxiliar os trabalhos arqueológicos realizados 6| Releia este trecho, retirado do terceiro parágrafo:
no Parque, atua como importante centro de pesquisas. O
museu apresenta as origens e a evolução do homem, além A região abriga 173 sítios arqueológicos, e todos
de fazer uma reconstituição dos 50 mil anos da presença estão livres para visitação.
humana na região.
Com o clima semiárido e a vegetação de caatinga, as Sobre esse período, analise as afirmações que seguem.
formações geológicas se misturam às paisagens de serra,
vales. Esse conjunto cria umas das mais belas vistas do local. I. Identificamos apenas duas orações.
II. Temos dois períodos simples.
Disponível em: http://www.brasil.gov.br/turismo/2014/08/serra-da-capivara-
-aventuras-e-viagens-a-pre-historia-do-brasil. Acessado em: 04/09/2019. III. Identificamos um período composto por coordenação.
Adaptado. IV. Temos duas frases declarativas.
3| Sobre a estrutura das frases presentes no texto, é in- V. Temos duas orações coordenadas em uma frase no-
correto afirmar que: minal.

a. O primeiro parágrafo do texto apresenta dois pe- Está correto o que se afirma apenas em:
ríodos simples.
b. No segundo parágrafo do texto, encontramos um a. I e II.
período composto. b. X I e III.
c. Em todo o texto, não encontramos interjeições. c. II e V.
d. X Por se tratar de um texto informativo, há um pre- d. III e IV.
domínio de frases nominais. e. IV e V.
e. No terceiro parágrafo, encontramos somente pe-

marcosvelloso/Shutterstock.com
ríodos simples.

4| É exemplo de frase nominal:

a. X Serra da Capivara: aventuras e viagens à Pré-his-


tória do Brasil.
b. O Parque Nacional Serra da Capivara, no Piauí,
possui a maior concentração de sítios arqueológicos
das Américas.
c. A região abriga 173 sítios arqueológicos abertos à
visitação.
Vista parcial do Baixão das Andorinhas (PI), um grande desfiladeiro
d. O sítio pode ser visitado também à noite. que se transforma em cenário para o espetáculo do retorno das an-
e. Iluminada, a paisagem fica ainda mais grandiosa. dorinhas ao final da tarde.

Gramática – 6o ano    109

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Desafio
Texto 1

Disponível em: malvados.com.br/index1560.html. Acesso em: 31/01/2020.

1| As afirmações a seguir foram feitas com base na tiri- IV. A palavra e, no primeiro quadrinho, atua como
nha acima. Analise-as. conector, expressando uma relação de sentido de
conclusão.
I. O principal objetivo comunicativo da tira é fazer hu- V. No último quadrinho, a fala do avô é um período
mor a partir de fatos banais divulgados na Internet. simples.
II. A intenção do autor é questionar a imoralidade de pu-
blicações feitas na Internet com objetivo humorístico. É correto o que se afirma em:
III. A tira condena o uso da Internet pela população com
fins de divertimento, não de pesquisa. a. I e II, apenas.
b. I e IV, apenas.
Está correto o que se afirma apenas em: c. II e V, apenas.
d. III e IV, apenas.
a. I. b. X II. e. X III e V, apenas.
c. III. d. I e II.
e. I e III. 3| Ainda sobre a tirinha, assinale a afirmativa incorreta.

2| Sobre a construção textual das falas dos persona- a. As falas dos personagens são todas frases verbais.
gens, analise as afirmações que seguem. b. X No primeiro e no terceiro quadrinhos, o termo
Hahaha funciona como frase incompleta.
I. A fala presente no primeiro quadrinho é um período c. No segundo quadrinho, a vírgula poderia ser
simples. substituída pela palavra e, sem alteração do sentido
II. No segundo quadrinho, temos um exemplo de perío- original.
do composto. d. No terceiro quadrinho, há um período composto
III. A oração os jovens perderam os valores morais é por subordinação.
coordenada assindética. e. No último quadrinho, temos duas frases verbais.

110 Gramática – 6o ano   

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sobre como escrever certas palavras se resolve com
Questões de uma regra básica:
escrita Devemos respeitar sempre a origem das palavras.
Ortografia
Sabendo disso, responda: o certo é escrever larangeira
No Capítulo 1, vimos que existem inúmeras varie- ou laranjeira?
dades linguísticas, devido ao caráter dinâmico das
De acordo com a regra vista, como essa palavra se origi-
línguas. Entre elas, falamos sobre a variante-padrão,
ou norma culta, que, além de ser a mais prestigiada
nou de laranja (que é escrita com j), deve também ser
dentro da sociedade, é a que padroniza certas regras de
expressão para contextos formais. Para proceder a essa
escrita com j: laranjeira.
padronização, a norma culta estabelece um sistema
oficial convencional que representa (em parte) a língua
na escrita. Esse sistema é oficial porque é aprovado por
atos oficiais do governo e é convencional porque, como
vimos no Capítulo 1, não há exata identificação entre
os fonemas e as letras que usamos para representá-los.
O fato de seguirmos o padrão formal de escrita não 2| Empregada no início ou no final das palavras, a letra
implica uma pronúncia única para as palavras. Assim, h não tem valor fonético. Ela é escrita apenas por uma
dizemos que a ortografia é a parte da gramática que questão etimológica. A palavra hoje, por exemplo, se
estuda a padronização da escrita (uso de letras e sinais escreve com h por causa de sua origem latina, hodie.
gráficos) da norma culta. De posse dessas informações, Pesquise e escreva a seguir palavras escritas com h.
discuta com os seus colegas e o professor: a ortografia
Sugestão de resposta: hábil, haltere, harém, harmonia,
é realmente necessária? Registre suas conclusões em
seu caderno. Resposta pessoal.
harpa, haste, haver, herbáceo, hérnia, herói, heterogêneo,

Aprenda mais hiato, hífen, hino, histérico, honra, hortênsia.

De maneira resumida, ortografia significa escrita correta, o ramo


de estudo da língua que, obedecendo a uma série de regras, pa-
droniza a escrita das palavras. É ela que estabelece, por exemplo,
a forma casa (com s) como certa, e não caza, em todos os países
lusófonos — nações que têm o português como língua oficial.
Entre as regras que estabelecem a forma correta de escrever as
palavras, a principal delas é o respeito à sua origem. Assim, a
palavra casa é escrita dessa maneira devido à sua origem latina,
càsa (cabana, casebre), tendo aparecido pela primeira vez em
um texto escrito em 1221. Aprenda mais
Etimologia é a ciência que estuda a origem das palavras, uma ferra-
menta importante para desvendar a evolução da língua. Ela mostra a
1| Como dissemos, a ortografia é convencional. Às correspondência entre a forma e o sentido que as palavras têm hoje
vezes, o fonema representado por uma letra é basica- e a forma e o sentido que apresentavam em outras épocas. A palavra
adolescente, por exemplo, vem do latim adolescere, que significa
mente o mesmo representado por outra letra, como s
“algo que está em desenvolvimento, crescimento”.
e z em quisesse e fizesse. Em vários casos, a dúvida

Gramática – 6o ano    111

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Anotações

112 Gramática – 6o ano   

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