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Direito Administrativo e Constitucional
Aula 01
O ordenamento jurídico brasileiro e a Constituição
Objetivos Específicos
• Compreender quais fatores históricos nos levam ao conceito de Constituição
na atualidade.
• Aprender o sentido etimológico da palavra.
• Compreender a Constituição enquanto norma e como instrumento político.
• Compreender a origem do Poder Constituinte originário.
Temas
Introdução
1 O que é uma Constituição?
2 Elementos de constituição de um Estado
3 Objeto da Constituição
4 Classificações
5 O Constitucionalismo
6 Qual a importância da Constituição?
Considerações finais
Referências
Professor Autor
Bruno Bianchini
Direito Administrativo e Constitucional
Introdução
O assunto a ser apresentado nesta aula trata do início do estudo do Direito Constitucional,
tanto no Brasil como no mundo. Partindo-se do questionamento do que é uma constituição,
estudaremos o conceito da palavra, as principais concepções de constituição existentes, os
elementos para a constituição de um Estado e o objeto (conteúdo) que deve ser inserido na
constituição a ser formada. Realizaremos também a classificação das constituições das mais
variadas formas.
A Constituição é que estabelecerá a divisão dos Poderes do Estado, indicando quais serão
os órgãos de Poder e que terão a incumbência, inclusive, de criar novas normas.
O autor afirma que a Constituição deve apresentar a forma do “dever ser”, ou seja, fruto
da vontade racional do homem que a conduz. Entende que a Constituição não deve apenas
“ser” fruto das vontades das leis da natureza, sem o domínio humano (KELSEN apud LENZA,
2012, p. 19).
Como exemplo, temos o topo da pirâmide como a Constituição de uma nação. Na parte
intermediária da pirâmide estão as normas infraconstitucionais, isto é, as leis; e na base da
pirâmide estão os regulamentos e demais atos infralegais.
Povo
Território
Poder
Soberano
Finalidade
• O primeiro elemento necessário é o povo. Todo Estado deve ter seus nacionais,
ligados entre si jurídica, política ou socialmente.
Todos esses elementos devem estar descritos na Constituição que forma o país.
3 Objeto da Constituição
Falar em “objeto da Constituição” é definir o que será tratado em termos de conteúdo.
Ou seja, é responder à pergunta sobre o que a Constituição deve conter.
Nesse sentido, Mendes, Coelho e Branco (2014, p. 57) afirmam, citando José Afonso da
Silva, que:
Exposto esse conceito de Constituição, sobre o qual falaremos adiante, José Afonso
da Silva aponta como objeto das constituições parte do que já se contém no próprio
conceito e algo mais, como se vê a seguir: “as constiutições têm por objeto estavelecer
a estrutura do Estado, a organização de seus órgãos, o modo de aquisição do poder
e a forma de seu exercício, limites de sua atuação, assegurar os direitos e garantias
dos indivíduos, fixar o regime político e disciplinar os fins socioeconômicos do Estado,
bem como os fundamentos dos direitos econômicos, sociais e culturais”.
4 Classificações
As constituições podem ser agrupadas, classificadas, de diversas maneiras, de acordo
com o critério definidor que se pretende utilizar.
Os critérios mais comuns identificados pela doutrina são: a forma, o conteúdo, a origem,
o modo de elaboração, a estabilidade e a extensão das constituições (MENDES; COELHO;
BRANCO, 2014, p. 61).
Por outro lado, a grande maioria das constituições atuais são escritas, as quais obedecem
a uma solenidade, a formalidades pertinentes a cada Estado.
Mendes, Coelho e Branco (2014, p. 62) ensinam que: “Quanto ao conteúdo, dizem-se
materiais as constituições cujo texto contém apenas normas materialmente constitucionais,
sendo formais aquelas cartas políticas onde, a par dessas normas, também existem preceitos
cuja matéria não é constitucional”.
Por outro lado, as constituições podem ser outorgadas, que decorrem da imposição do
governo ditador e são consequências de suas vontades, não contando com a participação do
povo na elaboração.
Por fim, nas constituições semirrígidas existe uma parte rígida e outra parte flexível, de
forma que os requisitos para alteração do texto constitucional por vezes são dificultados, por
vezes são equivalentes àqueles requisitos necessários para alterar uma lei.
Por outro lado, caso as constituições enunciem muito além das matérias de suma
importância, tratando das mais diversas questões, estamos diante de constituições prolixas.
5 O Constitucionalismo
Podemos conceituar constitucionalismo como o movimento político-constitucional
que pretendeu difundir a necessidade de criação, elaboração, de Constituições escritas, e
que essas Constituições regulassem as nações com normas limitantes do poder em prol de
garantias à população.
Já na Idade Média, ocorreram grandes avanços nas ideias constitucionalistas por conta da
Carta Magna inglesa de 1215, documento historicamente importante que tratou, de maneira
mais eficiente, dos direitos individuais.
Com base nesse entendimento, a Constituição passou a ser o centro das atenções do
Estado, e não o povo que o compõe.
como movimento social que definiu muitas das principais constituições, como a brasileira
de 1988. Este movimento passou a se chamar de neoconstitucionalismo. Possui como
característica a incorporação de valores relacionados à dignidade da pessoa humana, redução
de desigualdades sociais, intervenção do Estado na saúde e na educação do seu povo. É um
movimento aceito até os dias atuais.
Logo, percebe-se nesse sentido que a Constituição é, ao mesmo tempo, uma ordem
fundamental do Estado e um pacto de ação para o futuro.
Com isso, a Constituição tende a ser mais duradoura, uma vez que não contém
dispositivos, ou estes estão em menor quantidade, que oscilam com a evolução do seu povo.
fundamentais”.
Considerações finais
Pelo exposto, tivemos a oportunidade de iniciar o estudo do Direito Constitucional,
conceituando o termo Constituição e indo além. Foi possível identificar as principais
características que tal documento possui, uma vez que foram analisados o objeto, os
elementos e as principais classificações.
Foi importante também o estudo do constitucionalismo, desde seu início histórico até
a influência do neoconsitucionalismo sobre as constituições atuais, inclusive a brasileira. É
neste movimento constitucionalista que está a formação básica e fundamental dos Estados-
nação como conhecidos hoje – por isso sua importância histórica.
Por fim, pudemos abrir o leque de opções a respeito de como enxergar a importância das
constituições, deixando de lado a visão meramente formal de Constituição como lei máxima
e percebendo que ela pode influenciar a sociedade que a cerca.
Referências
LENZA, Pedro. Direito Constitucional Esquematizado. São Paulo: Saraiva, 2012.
MENDES, Gilmar Ferreira; COELHO, Inocêncio Mártires; BRANCO, Paulo. Gustavo Gonet. Curso
de direito constitucional. São Paulo: Saraiva, 2014.
Objetivos Específicos
• Compreender a origem do Poder Constituinte, histórico e sua natureza.
Compreender as transformações nas constituições brasileiras à luz dos
fatores históricos condicionantes do Brasil e geral.
Temas
Introdução
1 Por que o conteúdo das Constituições passa de sintético para um modelo
analítico?
2 Constituição de 1824
3 Constituição de 1891
4 Constituição de 1934
5 Constituição de 1937
6 Constituição de 1946
7 Constituição de 1967
8 Constituição de 1969 – Emenda nº 1, de 17 de outubro de 1969
9 Constituição de 1988
10 Evolução das Constituições do modelo sintético ao analítico
Considerações finais
Referências
Professor Autor
Bruno Bianchini
Direito Administrativo e Constitucional
Introdução
A presente aula ensinará a respeito das evoluções das Constituições ao longo da história
brasileira, desde a primeira Constituição, ainda no Período Imperial, até a atual Constituição
de 1988.
Com o histórico em vista, será possível perceber a evolução dos direitos da nossa
sociedade a partir dos direitos mais básicos (ou seja, aqueles relacionados ao indivíduo frente
ao Estado, chamados de direitos de 1ª Geração), passando-se para os direitos de 2ª Geração
(relativos às prestações positivas do Estado) até os direitos de 3ª Geração (previstos na atual
Constituição brasileira).
Visto o assunto, você já terá uma noção formada a respeito da evolução constitucional
brasileira. Bons estudos.
2 Constituição de 1824
Iniciamos o estudo com a Constituição de 1824.
A História conta que a França invadiu Portugal, em 1808, o que motivou a transferência
da Família Real Portuguesa para o Brasil, elevando o status brasileiro de mera colônia para
“Reino Unido a Portugal e Algarves”.
Pouco tempo depois, em 1821, o Rei de Portugal, D. João VI, retornou ao seu país de
origem, deixando no Brasil o filho D. Pedro. Pressionado pelos liberais da época, em 1822, o
filho de D. João decidiu ficar no Brasil, desrespeitando ordens de retorno a Portugal – episódio
que ficou conhecido como “Dia do Fico”.
trabalhos.
A próxima Constituição a ser editada ocorreu apenas em 1891, o que faz a Constituição
de 1824 a mais duradoura até o presente momento, com 67 anos de existência.
Apesar das ideias liberais que já vinham crescendo à época, sob influência da Constituição
francesa de 1814, a primeira Constituição brasileira foi imposta pela vontade do Imperador
e foi marcada pela centralização do poder em suas mãos. É o que se chamou de Poder
Moderador.
Logo, podemos classificar o Brasil regido por tal Constituição como um Estado Unitário,
ou seja, de poder centralizado, diferente, então, do Estado Federado em que existe legítima
divisão dos poderes.
Outras características podem ser extraídas desse contexto inicial: o poder era hereditário,
de pai para filho, como qualquer monarquia; as chamadas “Capitanias Hereditárias” passaram
a ser províncias, com governantes indicados pelo Imperador.
3 Constituição de 1891
A Constituição de 1891 nasceu em virtude do descontentamento de diversos setores, a
partir de 1860, com a Monarquia estabelecida. Até mesmo a Igreja Católica se distanciou de
D. Pedro II. Movimentos sociais surgiram, como o Manifesto do Centro Liberal e o Manifesto
Republicano, de 1869 e 1870, respectivamente. A Guerra do Paraguai de 1868 enfraqueceu o
apoio dos militares à Monarquia.
De 1889 a 1891, instalou-se no Brasil o chamado “Governo Provisório”, até que a nova
Constituição fosse promulgada em 24 de fevereiro de 1891, através da lavra de Rui Barbosa,
com forte influência da Constituição norte-americana de 1787.
Uma das principais características desta primeira Constituição Republicana do Brasil foi,
por óbvio, o fim da Monarquia e do Poder Moderador e a instalação do sistema de governo
presidencialista. O Estado passou de unitário para federado, isto é, com poder descentralizado.
Nesse sentido, adotou-se a divisão orgânica do Poder proposta por Montesquieu, também
chamada de Teoria da Tripartição do Poder, que estabeleceu serem poderes da República o
Legislativo, o Judiciário e o Executivo, harmônicos e independentes entre si.
A Constituição em voga é classificada como rígida, isto é, para ser alterada necessita de
um processo legislativo mais complexo, que obedeça a solenidades maiores daquelas exigidas
para alteração de uma lei infraconstitucional.
Ainda que influenciada pela Lei Áurea, de abolição à escravatura, a Constituição de 1891
não trouxe grandes avanços na questão trabalhista. Por outro lado, as liberdades civis já
conquistadas foram consolidadas.
4 Constituição de 1934
A Constituição de 1934 começou a tomar forma através da Revolução de 1930, que
instituiu o que se chamou de “Governo Provisório”, marcando o final da “República Velha”.
A própria Revolução de 1930 ganhou força pelo fracasso na “Política do café com leite”,
em que os estados de São Paulo e Minas Gerais se revezavam no Poder. Teve influência
também o assassinato de João Pessoa, em julho de 1930, e a grave crise econômica de 1929.
Tais fatores levaram à Revolução, que deu poderes ao Governo Provisório de convocar
uma Assembleia Constituinte para elaboração de uma nova Constituição.
Apareceu em cena Getúlio Vargas, que instituiu o Código Eleitoral de 1932, trazendo
grandes avanços neste campo, como o sufrágio universal, o voto direto e o escrutínio secreto,
além do voto feminino, até então não permitido.
5 Constituição de 1937
Como podemos observar, a Constituição de 1934 teve curtíssima duração, apesar dos
avanços sociais e democráticos por ela trazidos.
Em 1934, foi eleito presidente Getúlio Dorneles Vargas, com mandato de quatro anos,
ou seja, com término previsto para 1938. Durante este período, apresentaram-se no cenário
nacional dois lados políticos contrários: a Ação Integralista Brasileira (AIB), considerada de
direita fascista; e a Aliança Nacional Libertadora (ANL), de esquerda. O governo de Getúlio,
não contente com o lado oposicionista, determinou o fechamento da ANL, gerando repúdio
através do “Manifesto” de Luiz Carlos Prestes.
Apesar de trazer avanços nos direitos sociais de 2ª Geração, a Constituição de 1937 foi
imposta, típica de um regime ditatorial, o que mancha a República. Inclusive, a Federação
restou diminuída, na medida em que o Poder não era mais descentralizado. Muito pelo
contrário, o Poder foi centralizado na figura do presidente, havendo um legítimo esvaziamento
Por fim, cita-se a própria tortura como forma de repressão da população que apresentasse
oposição ao governo.
6 Constituição de 1946
Marcada pelo advento da Segunda Guerra Mundial, a Constituição de 1946 teve como
precedente a insurreição das Forças Armadas contra Getúlio Vargas, que o expulsaram da
Presidência em 1945, passando o poder a ser exercido pelo, então, presidente do Supremo
Tribunal Federal, Ministro José Linhares.
Dessa forma, uma nova Assembleia Constituinte foi instalada em fevereiro de 1946 com
a finalidade de promulgar uma nova Constituição. Em 18 de setembro de 1946 o texto final
foi aprovado e promulgado, trazendo legítima redemocratização do país.
Mendes, Coelho e Branco (2014, p. 238-239) afirmam, com relação a esta nova
Constituição, que:
7 Constituição de 1967
A Constituição de 1967 foi influenciada pelo golpe militar de 1964, movimento que
derrubou João Goulart da presidência sob a suspeita de pretender instalar o comunismo no
país.
Nesse sentido, de 1964 até 1967, o país foi regido pelo Ato Institucional (AI) nº 1, que
trouxe severas restrições à democracia, inclusive com o fechamento do Congresso Nacional
em 1966, sendo reaberto apenas para aprovar a Constituição de 1967, que, no fundo, não foi
promulgada, mas sim imposta, outorgada.
Implantou-se, afinal, a já conhecida Ditadura no país, endurecida cada vez mais até o
advento do AI nº 5.
9 Constituição de 1988
Passado o período chamado de “Milagre Econômico”, instala-se grave crise econômica
no país e tem início, em 1978, o processo de redemocratização, com uma série de medidas
com vistas a por fim ao Governo Militar.
Com a eleição de Tancredo Neves, e seu falecimento antes mesmo de tomar posse, o
primeiro presidente civil desde o Golpe Militar tomou posse, José Sarney.
Esta Constituição possiu valores supremos de uma sociedade fraterna, garante direitos
individuais e coletivos, sociais, do trabalho e da família, além de regular as bases da economia.
Podem ser observados direitos das três gerações consolidadas, inclusive aqueles de 3ª
Geração, considerados metaindividuais, a exemplo do direito ao meio ambiente equilibrado.
Tal foi a evolução que atualmente a Constituição de 1988 é considerada prolixa, com
mais de 250 artigos, com diversas subdivisões, apresentando direitos de 1ª, 2ª e 3ª Gerações
(individuais, sociais e metaindividuais).
Considerações finais
Pode-se concluir que, desde o início da história constitucional brasileira em 1824, houve
uma evolução de direitos e garantias, passando-se por gerações de direitos até a presente
Constituição, que abarca as três gerações consolidadas.
Foram muitos os momentos em que ocorreu retrocesso nas garantias mais básicas do
indivíduo, por conta de períodos considerados ditatoriais. Porém, tais retrocessos foram
revertidos por movimentos históricos posteriores que procuraram devolver a democracia e
o regime republicano ao país.
Referências
MENDES, Gilma Ferreira; COELHO, Inocêncio Mártires; BRANCO, Paulo. Gustavo Gonet. Curso
de direito constitucional. São Paulo: Saraiva, 2014.
Objetivos Específicos
• Compreender a Assembleia Constituinte como expressão da vontade popular.
Analisar as diferenças entre o Poder Constituinte: originário, derivado e
decorrente.
Temas
Introdução
1 Assembleia Nacional Constituinte
2 Poder Constituinte
3 Poder Constituinte Derivado Decorrente
Considerações finais
Referências
Professor Autor
Bruno Bianchini
Direito Administrativo e Constitucional
Introdução
Em uma República Democrática, como a brasileira, é necessário que o poder venha do
povo, e não de um governante que detenha para si o poder. Nesse sentido, para se elaborar
uma Constituição que imponha limites ao próprio governante, deve ser realizada uma
Assembleia Nacional Constituinte que legitime a Constituição como vontade de um povo.
O poder de elaborar uma nova Constituição deve ser estudado por meio do Poder
Constituinte Originário, assim como também do Poder Constituinte Derivado para fins de
futura alteração.
Com isso em mente, você terá oportunidade de conhecer um pouco mais sobre a história
constitucional brasileira. Bons estudos!
1.1 Conceito
A doutrina destaca duas formas básicas de transição para um novo regime, como explica
Saldanha (apud MORAES, 2012, p. 22):
2 Poder Constituinte
Para Moraes (2012, p. 21), Poder Constituinte é “[...] a manifestação soberana da suprema
vontade política de um povo, social e juridicamente organizado”.
[...] o poder constituinte pode ser conceituado como o poder de elaborar (e neste
caso será originário), ou atualizar uma Constituição, mediante supressão, modificação
ou acréscimo de normas constitucionais (sendo nesta última situação derivado do
originário). A titularidade do poder constituinte, como aponta a doutrina moderna,
pertence ao povo.
Assim, destes conceitos iniciais, entende-se que o titular do Poder Constituinte é o povo.
Porém, muito embora o titular do Poder Constituinte seja o povo, este poder não é exercido
diretamente por ele, mas sim por seus representantes eleitos, que têm a atribuição de o
exercer conforme a vontade política predominante em determinado momento da história de
uma nação.
Vale fazermos uma breve análise para compreender o conceito de Constituição. Para
Moraes (2012), no sentido jurídico:
O Poder Constituinte
é o poder que um Estado organizado
possui de elaborar, inicialmente, Subdivide-se em
a sua Constituição e é exatamente Poder Constituinte Derivado
isso o que consiste o Poder De Reforma e Poder Constituinte
Constituinte Originário. É o poder Derivado Decorrente.
de criação de uma
nova Constituição.
Em um Estado Federado,
como o Brasil, que é formado
pela união de vários estados,
É aquele que
cada um possui autonomia para
modifica uma Constituição
elaborar a sua Constituição Estadual
já existente. Ele não cria uma nova
(que não poderá contrariar a
Constituição, apenas modifica
Constituição Federal). Assim, o Poder
uma Constituição que
Constituinte Derivado Decorrente é o
já existe.
poder que cada Estado-membro
de uma Federação possui de elaborar
a sua própria Constituição.
Conforme o conceito trazido por Lenza (2008, p. 84), Poder Constituinte Originário “[...] é
aquele que instaura uma nova ordem jurídica, rompendo por completo com a ordem jurídica
precedente”.
Assim, ainda que haja, anteriormente, uma Constituição e o Estado decida fazer uma
nova, ao invés de reformar a vigente, estar-se-á falando de Poder Constituinte Originário,
visto que este é o poder que estabelece uma nova ordem constitucional.
O Poder Constituinte Originário é um poder de fato e possui caráter absoluto, porque não
está condicionado a nenhum limite jurídico anterior. Assim, diz-se que o Poder Constituinte é
inicial, ilimitado, autônomo e incondicionado.
É inicial, pois origina uma nova ordem constitucional, que é a base da nova ordem jurídica
e política. É ilimitado e autônomo, visto que não está submetido a nenhuma limitação jurídica
anterior, podendo dispor de qualquer assunto conforme os interesses prevalecentes no
momento. É incondicionado, pois não possui forma preestabelecida para sua manifestação e
nem deve observar algum procedimento específico quando de sua ocorrência.
No Brasil, o Poder Constituinte Derivado de Reforma é realizado por meio das emendas
constitucionais e da revisão constitucional. As emendas constitucionais estão previstas no
art. 60 da Constituição e são alterações de determinados dispositivos, exigindo, para sua
aprovação, quórum de três quintos, duas vezes, em ambas as Casas do Congresso Nacional
(Câmara dos Deputados e Senado Federal). A revisão constitucional, prevista no art. 3º do
Ato das Disposições Constitucionais Transitórias da Constituição, previa a possibilidade de
alteração do texto da Constituição, por maioria absoluta dos membros do Congresso Nacional,
em sessão unicameral, no prazo de cinco anos após a sua promulgação, sendo que já foi
realizada.
O Poder Constituinte Derivado Decorrente, assim como o reformador, por ser derivado
do originário e por ele criado, é também jurídico e encontra os seus parâmetros de
manifestação nas regras estabelecidas pelo originário. Sua missão é estruturar a
Constituição dos Estados-membros. Tal competência decorre da capacidade de auto-
organização estabelecida pelo poder constituinte originário. [...] a eles foi atribuída
autonomia, manifestada pela capacidade de auto-organização (art. 25, caput);
autogoverno e autoadministração.
Considerações finais
Portanto, pudemos analisar a Assembleia Constituinte brasileira, que deu origem à atual
Constituição de 1988. Tal Constituição, portanto, foi promulgada pela vontade do povo e não
outorgada pelo governante, típica de regimes ditatoriais.
Por fim, pudemos analisar as formas de Poder Constituinte como sendo Poder Constituinte
Originário, Poder Constituinte Derivado de Reforma e Poder Constituinte Derivado Decorrente,
o que deu melhor compreensão da própria formação da Constituição brasileira e como ela
pode ser alterada.
Referências
BACKES, Ana Luiza; AZEVEDO, Débora Bithiah (Org.). A Sociedade no Parlamento: Imagens
da Assembleia Nacional Constituinte de 1987/1988. Brasília: Câmara dos Deputados, Edições
Câmara, 2008. (Coleções Especiais Obras Comemorativas).
BACKES, Ana Luiza; AZEVEDO, Débora Bithiah; ARAÚJO, José Cordeiro. Audiências Públicas na
Assembleia Nacional Constituinte: A Sociedade na Tribuna. Brasília: Câmara dos Deputados,
Edições Câmara, 2009. (Coleções Especiais Obras Comemorativas).
MENDES, Gilmar Ferreira; COELHO, Inocêncio Mártires; BRANCO, Paulo Gustavo Gonet. Curso
de Direito Constitucional. São Paulo: Saraiva, 2010.
Objetivos Específicos
• Compreender as diretrizes normativas do exercício do poder político e
jurídico.
Temas
Introdução
1 Histórico da separação de Poderes
2 Poder Legislativo (art. 44 e seguintes da Constituição Federal)
3 Poder Executivo
4 Poder Judiciário
Considerações finais
Referências
Professor Autor
Bruno Bianchini
Direito Administrativo e Constitucional
Introdução
A separação de Poderes é fundamental a todo Estado que pretende adotar a forma
republicana e o regime democrático, uma vez que é vital ao controle dos governantes haver
controle de outros Poderes aos seus atos.
Nesse sentido, é proposta a separação dos Poderes em três, o Poder Executivo, o Poder
Legislativo e o Poder Judiciário.
Bons estudos!
“Tudo estaria perdido se o mesmo homem ou o mesmo corpo dos principais ou dos
nobres, ou do povo, exercesse esses três poderes: o de fazer as leis, o de executar as
resoluções públicas, e o de julgar os crimes ou as divergências dos indivíduos”. (Charles
Montesquieu)
que vivia, atribuía a uma única figura a concentração dessas funções. Montesquieu, como se
sabe, defendia a separação dessas funções.
Vale citar as palavras de Moraes (2006, p. 373), a respeito dos Poderes Constituídos do
Estado (Legislativo, Executivo e Judiciário):
Cabe informar que a separação de poderes é cláusula pétrea, assim, de acordo com a
Constituição Brasileira de 1988, em seu art. 60, parágrafo 4º, não é possível modificar ou
excluir esse princípio do ordenamento jurídico pátrio (BRASIL, 1988).
Assim, é de se concluir que, no Brasil, vigoram três poderes estatais, cada um com uma
função específica: sendo o Poder Legislativo o responsável pela criação das leis; o Poder
Executivo responsável pela Administração do Estado, cumprindo as leis elaboradas pelo
Legislativo; ficando o Poder Judiciário com a atribuição de julgar os conflitos de interesses
decorrentes da aplicação das leis.
Poder Judiciário:
tem a atribuição de
julgar os conflitos de
Poder Legislativo: o
interesses decorrentes
responsável pela criação Poder Executivo:
da aplicação das leis.
das leis. responsável pela Administração
do Estado, cumprindo as
leis elaboradas pelo Legislativo.
[...] uma função que lhe é atribuída com precipuidade. Assim, a função precípua do
Poder Legislativo é a elaboração da lei (função normativa); a função precípua do Poder
Executivo é a conversão da lei em ato individual e concreto (função administrativa); a
função precípua do Poder Judiciário é a aplicação coativa da lei aos litigantes (função
judicial). Referimo-nos à função precípua de cada Poder de Estado porque, embora o
ideal fosse a privacidade de cada função para cada Poder, na realidade isso não ocorre,
uma vez que todos os Poderes têm necessidade de praticar atos administrativos, ainda
que restritos à sua organização e ao seu funcionamento, e, em caráter excepcional
admitido pela Constituição, desempenham funções e praticam atos que, a rigor,
seriam de outro Poder. O que há, portanto, não é separação de Poderes com divisão
absoluta de funções, mas, sim, distribuição das três funções estatais precípuas entre
órgãos independentes, mas harmônicos e coordenados no seu funcionamento,
mesmo porque o poder estatal é uno e indivisível.
Assim, ainda que cada um dos Poderes tenha a sua função principal, todos eles podem
exercer outras funções que, em regra, caberiam a outro Poder. Como exemplo, pode se
mencionar edição de normas administrativas pelo Poder Judiciário e pelo Executivo, função
precípua do Legislativo. Ou no caso de o Legislativo ou o Executivo processar e julgar seus
funcionários em processos administrativos ou, ainda, no caso do art. 62 da Constituição, que
autoriza o Chefe do Poder Executivo a editar medidas provisórias, com força de lei. Por fim,
nos casos em que o Poder Legislativo, pelo Senado Federal, julga o Presidente da República
nos crimes de responsabilidade (art. 52, I, da Constituição).
Note-se que ainda que determinado Poder exerça função atípica, não há ofensa ao
Princípio da Separação dos Poderes, visto que tal possibilidade sempre é regulamentada por
leis, pela Constituição ou por outros atos normativos. Vale destacar, também, que embora haja
uma “Separação de Poderes”, deve-se considerar que tal “separação” é apenas do exercício
das funções, pois o Poder do Estado é uno e indivisível. Cada um dos Poderes representa,
diretamente, o Estado.
O Poder Legislativo exerce suas atribuições nos âmbitos federal, estadual e municipal.
No âmbito federal, o Legislativo é exercido pelo Congresso Nacional, composto por duas
casas, a Câmara dos Deputados e o Senado Federal (CF, art. 44). A Câmara dos Deputados é
formada por representantes do povo, enquanto que o Senado é formado por representantes
dos Estados-membros. Por ser formado por duas casas, diz-se que o Congresso Nacional é
bicameral. Nos estados e nos municípios, o Legislativo é formado por somente uma casa
(sistema unicameral), as Assembleias Legislativas (nos estados) e as Câmaras Municipais (nos
municípios). No Distrito Federal o Legislativo é exercido pela Câmara Legislativa.
3 Poder Executivo
A função típica do Poder Executivo é administrar e implementar as políticas públicas
do Estado, sempre de acordo com a legislação criada pelo Poder Legislativo. Dentre as
funções administrativas, encontram-se as de comandar a atividade econômica, implementar
as necessárias obras de infraestrutura, as atividades de assistência social, dentre inúmeras
outras (saúde, previdência, seguridade social, segurança pública etc.).
O Poder Executivo constitui órgão constitucional cuja função precípua é a prática dos
atos de chefia de estado, de governo e de administração. A chefia do Poder Executivo
foi confiada pela Constituição Federal ao Presidente da República, a quem compete
seu exercício, auxiliado pelos Ministros de Estado [...].
4 Poder Judiciário
Ao Poder Judiciário compete a função típica de julgar os conflitos de interesses, aplicando
a lei aos casos concretos que lhe são submetidos pelas partes conflitantes.
No Brasil, vigora o sistema de jurisdição única. Significa dizer que todos podem recorrer
ao Judiciário para que este assegure a aplicação da lei ao caso concreto, não podendo a lei
mitigar esse direito. Diz o art. 5º, inciso XXXV, da Constituição: “A lei não excluirá da apreciação
do Poder Judiciário lesão ou ameaça a direito” (BRASIL, 1988).
Vale citar outro importante princípio relativo à função jurisdicional, inscrito no art. 5º,
inciso LIV: é o Princípio do Devido Processo Legal. Diz o dispositivo: “Ninguém será privado de
sua liberdade ou de seus bens sem o devido processo legal” (BRASIL, 1988).
Significa dizer que a prestação jurisdicional deve ser prestada nos termos da lei,
assegurando-se aos litigantes todos os meios e recursos a garantir seus direitos. Desse
princípio decorrem outros importantes princípios, como os princípios do contraditório e
da ampla defesa (art. 5º, LIII): “Aos litigantes, em processo judicial ou administrativo, e aos
acusados em geral são assegurados o contraditório e ampla defesa, com os meios e recursos
a ela inerentes” (BRASIL, 1988).
Art. 94. Um quinto dos lugares dos Tribunais Regionais Federais, dos Tribunais dos
Estados, e do Distrito Federal e Territórios será composto de membros do Ministério
Público, com mais de dez anos de carreira, e de advogados de notório saber jurídico e
de reputação ilibada, com mais de dez anos de efetiva atividade profissional, indicados
em lista sêxtupla pelos órgãos de representação das respectivas classes.
I. vitaliciedade, que, no primeiro grau, só será adquirida após dois anos de exercício,
dependendo a perda do cargo, nesse período, de deliberação do tribunal a que o juiz
estiver vinculado, e, nos demais casos, de sentença judicial transitada em julgado;
II. inamovibilidade, salvo por motivo de interesse público, na forma do art. 93, VIII;
III. irredutibilidade de subsídio, ressalvado o disposto nos arts. 37, X e XI, 39, § 4º,
150, II, 153, III, e 153, § 2º, I. (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 19, de
1998)
Considerações finais
Você teve a oportunidade de aprender a respeito da separação dos Poderes, desde sua
origem histórica até a aplicação no Brasil.
Por sua vez, o Poder Executivo, como foi visto, é o Poder responsável por administrar a
coisa pública. Por fim, o Poder Judiciário é o poder responsável por aplicar o direito ao caso
concreto, resolvendo o conflito surgido entre as partes.
Referências
BRASIL. Constituição (1988). Constituição da República Federativa do Brasil de 1988. Disponível
em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Constituicao/ConstituicaoCompilado.htm>. Acesso
em: 8 mar. 2015.
______. Lei nº 8.038, de 28 de maio de 1990. Institui normas procedimentais para os processos
que especifica, perante o Superior Tribunal de Justiça e o Supremo Tribunal Federal. Brasília:
1990. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/L8038.htm>. Acesso em: 28
ago. 2015.
MEIRELLES, Hely Lopes. Direito administrativo brasileiro. São Paulo: Malheiros, 2010.
MENDES, Gilma Ferreira; COELHO, Inocêncio Mártires; BRANCO, Paulo Gustavo Gonet. Curso
de direito constitucional. São Paulo: Saraiva, 2014.
Objetivos Específicos
• Analisar as competências exclusivas e concorrentes dos entes federativos.
Estudar a divisão de bens entre os entes federativos.
• Compreender as atribuições das competências administrativas dos entes
federativos.
Temas
Introdução
1 Divisão de competências entre os entes federativos na Constituição Federal
de 1988
Considerações finais
Referências
Professor Autor
Bruno Bianchini
Direito Administrativo e Constitucional
Introdução
O Brasil é uma federação, formada pela união indissolúvel dos estados, dos municípios e
do Distrito Federal, constituindo-se em um Estado Democrático de Direito (art. 1º, caput, da
Constituição Federal).
Nesse sentido, devemos estudar como é realizada a divisão de Poder, melhor chamada
de divisão de competências entre os entes da federação brasileira. Então, vamos aos estudos!
Pelo critério vertical, as competências são distribuídas de forma que ambas as entidades
possam exercê-las de maneira compartilhada. São as chamadas competências concorrentes,
comuns e suplementares. Exemplo: art. 24 da Constituição (elenca as matérias de competência
concorrente entre União, estados e Distrito Federal).
b. Privativas: exercidas por um único ente, sendo possível haver delegação dessa
competência quando expressamente previsto (ex.: art. 22 e parágrafo único, que diz:
“Lei complementar poderá autorizar os Estados a legislar sobre questões específicas
das matérias relacionadas neste artigo”). Exemplo: compete à União legislar sobre
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Direito Administrativo e Constitucional
IV. permitir, nos casos previstos em lei complementar, que forças estrangeiras
transitem pelo território nacional ou nele permaneçam temporariamente;
a. toda atividade nuclear em território nacional somente será admitida para fins
pacíficos e mediante aprovação do Congresso Nacional;
III. instituir e arrecadar os tributos de sua competência, bem como aplicar suas
rendas, sem prejuízo da obrigatoriedade de prestar contas e publicar balancetes nos
prazos fixados em lei;
Art. 23. É competência comum da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos
Municípios:
II. desapropriação;
V. serviço postal;
exercerão a competência plena, sendo que a posterior edição de normas gerais pela União
suspenderá a eficácia da legislação estadual/distrital, no que lhe for contrário.
Art. 24. Compete à União, aos Estados e ao Distrito Federal legislar concorrentemente
sobre:
II. orçamento;
V. produção e consumo;
VI. florestas, caça, pesca, fauna, conservação da natureza, defesa do solo e dos
recursos naturais, proteção do meio ambiente e controle da poluição;
III. os lagos, rios e quaisquer correntes de água em terrenos de seu domínio, ou que
banhem mais de um Estado, sirvam de limites com outros países, ou se estendam a
território estrangeiro ou dele provenham, bem como os terrenos marginais e as praias
fluviais;
IV. as ilhas fluviais e lacustres nas zonas limítrofes com outros países; as praias
marítimas; as ilhas oceânicas e as costeiras, excluídas, destas, as que contenham a sede
de Municípios, exceto aquelas áreas afetadas ao serviço público e a unidade ambiental
federal, e as referidas no art. 26, II; (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 46,
de 2005)
O art. 26 da Constituição define, também de forma não exaustiva, os bens dos estados,
conforme segue:
II. as áreas, nas ilhas oceânicas e costeiras, que estiverem no seu domínio, excluídas
aquelas sob domínio da União, Municípios ou terceiros;
Portanto, estes são os bens destinados pela Constituição Federal à União e aos estados,
não havendo destinação específica com relação aos municípios.
Considerações finais
Um Estado federado possui divisão de competências, tanto administrativas quanto
legislativas. Ou seja, é a divisão de competências para administrar a máquina pública e para
criar leis a respeito dos temas delimitados.
Mais à frente, a Constituição da República tratou das competências que são comuns aos
entes federados, União, estados, Distrito Federal e municípios, conforme o artigo 23.
Com relação à competência para criar novas leis, a competência legislativa, a Constituição
também relacionou expressamente a competência da União, a quem compete privativamente,
sem a participação dos demais entes, no artigo 22. Após, tratou da competência concorrente
entre as entidades no artigo 24.
Tratou, por fim, a Constituição, dos bens pertencentes à União, como exemplo os
terrenos de marinha, e dos bens pertencentes aos Estados-membros, as terras devolutas não
compreendidas entre as da União.
Todas essas competências são fundamentais para a perfeita divisão do poder do Estado.
Referências
BRASIL. Constituição (1988). Constituição da República Federativa do Brasil de 1988. Disponível
em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Constituicao/ConstituicaoCompilado.htm>. Acesso
em: 4 abr. 2015.
Objetivos Específicos
• Compreender a natureza de cada tipo legislativo existente no sistema
legislativo brasileiro e a hierarquia do sistema.
Temas
Introdução
1 O processo legislativo e a hierarquia normativa no Brasil
2 As espécies normativas e as especificidades do processo de criação
Considerações finais
Referências
Professor Autor
Bruno Bianchini
Direito Administrativo e Constitucional
Introdução
O presente tema a ser desenvolvido trata do processo legislativo brasileiro e sua
importância para o próprio Estado de Direito, isto é, aquele regido por normas.
Conhecendo tais espécies legislativas, será possível analisar brevemente a hierarquia das
normas. Bons estudos.
1.1 Conceito
Conforme a doutrina de Moraes (2012, p. 130), o conceito de processo legislativo
desdobra-se em duas tendências, a sociológica e a jurídica.
Com relação aos tipos de processo legislativo, podem ser realizados de quatro formas
diferentes:
Por sua vez, o procedimento legislativo pode ser: ordinário, aplicado para as Leis
Ordinárias; sumário, utilizado na edição de Leis Ordinárias em regime de urgência, de iniciativa
do Chefe do Executivo (art. 64, § 1º da Constituição); ou especial, utilizado para a criação
de Emendas Constitucionais, Leis Complementares, Leis Delegadas, Medidas Provisórias,
Decretos Legislativos, Resoluções e Leis Financeiras (Lei do Plano Plurianual, Lei de Diretrizes
Orçamentárias, Lei do Orçamento Anual e de Abertura de Créditos Adicionais).
Votação ou Sanção
Iniciativa ∠ Emendas ∠ deliberação ∠ ∠ Promulgação ∠ Publicação
ou veto
A concorrente ou comum (geral) é deferida a mais de uma pessoa ou órgão, que podem
exercê-la em conjunto ou isoladamente (art. 61, caput, da Constituição). Exemplo: a iniciativa
de Lei Ordinária cabe a qualquer Deputado Federal e, ao mesmo tempo, ao Presidente da
República.
Quanto à iniciativa popular, tal instrumento está expressamente previsto no art. 14,
III, da Constituição. Regulamentada pela Lei nº 9.709/98, consiste na possibilidade de
apresentação à Câmara dos Deputados de projeto de lei subscrito por, no mínimo, um por
cento do eleitorado nacional, distribuído pelo menos por cinco estados, com não menos
de três décimos por cento dos eleitores de cada um deles (art. 61, § 2º, da Constituição). O
art. 27, § 4º, da Constituição traz a possibilidade de iniciativa popular em âmbito estadual, a
ser regulamentada por Lei Ordinária. Nesse sentido, a Câmara dos Deputados disponibiliza
informações a respeito do projeto de lei de iniciativa popular. Consulte e saiba mais: http://
www2.camara.leg.br/participe/sua-proposta-pode-virar-lei.
d. Sanção ou veto: estão previstos no art. 84, IV e V da Constituição. São atos de atribuição
exclusiva do Presidente da República. A sanção é a concordância do Presidente com
o projeto de lei, pode ser expressa ou tácita, sendo o silêncio considerado como
aprovação (art. 66, § 3º da Constituição). Veto é a discordância do Presidente da
República com o projeto de lei apresentado, por motivos de inconstitucionalidade
(jurídico) ou contrariedade ao interesse público (político), devendo ser devidamente
fundamentado (art. 66, § 1º, da CF). Pode ser total ou parcial, devendo incidir sobre
texto integral de artigo, de parágrafo, de inciso ou de alínea. De acordo com o art. 66,
§ 4º, o veto poderá ser rejeitado por maioria absoluta dos Deputados e Senadores,
em sessão conjunta.
f. Publicação: é a publicidade dada à nova lei no Diário Oficial. Ela deve ser publicada
na íntegra. A princípio, a lei começa a valer 45 dias após sua publicação (art. 1º,
da Lei de Introdução ao Código Civil), salvo disposição em contrário. A própria lei
pode estabelecer prazo superior para o início de sua validade, sendo denominado
“vacatio legis” o prazo que decorre da publicação da lei até o início de sua validade.
A publicação da lei presume o conhecimento por todos os cidadãos (art. 3º da Lei de
Introdução ao Código Civil).
I. emendas à Constituição;
II. leis complementares;
III. leis ordinárias;
IV. leis delegadas;
V. medidas provisórias;
VI. decretos legislativos;
VII. resoluções.
A proposta de Emenda deve ser discutida e votada em cada Casa do Congresso Nacional,
em dois turnos, considerando-se aprovada se obtiver, em ambos, três quintos dos votos dos
respectivos membros.
O cuidado que se deve tomar é que nesta não há o encaminhamento para sanção ou
veto pelo Presidente da República. A Emenda é promulgada no próprio Congresso Nacional e
sua publicação se dá pela própria incorporação do texto da Emenda ao texto constitucional. A
matéria constante de proposta de emenda rejeitada ou havida por prejudicada não pode ser
objeto de nova proposta na mesma sessão legislativa (art. 60, § 5º, da Constituição).
Contudo, existem limites nos quais o Congresso Nacional poderá delegar ao Presidente
da República, quais sejam: não serão objeto de delegação os atos de competência exclusiva
do Congresso Nacional, os de competência privativa da Câmara dos Deputados ou do Senado
Federal (arts. 49, 51 e 52 da CF); a matéria reservada à lei complementar, nem a legislação
sobre: I - organização do Poder Judiciário e do Ministério Público, a carreira e a garantia de
seus membros; II - nacionalidade, cidadania, direitos individuais, políticos e eleitorais; III -
planos plurianuais, diretrizes orçamentárias e orçamentos.
bem verdade que há controle do próprio Congresso Nacional, o chamado “Controle Político
de Legalidade”. No caso de a Lei Delegada extrapolar os limites estipulados pela resolução, o
Congresso Nacional pode sustar os efeitos da parte excedente mediante decreto legislativo
(art. 49, V).
Possuem como limites materiais (art. 62, § 1º, da CF): É vedada a edição de medidas
provisórias sobre matéria:
II. que vise à detenção ou sequestro de bens, de poupança popular ou qualquer outro
ativo financeiro;
As Medidas Provisórias terão sua votação iniciada na Câmara dos Deputados, conforme
determina o art. 62, § 8º, da Constituição da República.
A deliberação de cada uma das Casas do Congresso Nacional sobre o mérito das
medidas provisórias dependerá de juízo prévio sobre o atendimento de seus pressupostos
constitucionais de relevância e urgência. Se a medida provisória não for apreciada em até
45 dias contados de sua publicação, entrará em regime de urgência, subsequentemente, em
cada uma das Casas do Congresso Nacional, ficando sobrestadas, até que se ultime a votação,
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Direito Administrativo e Constitucional
2.6 Resoluções
São normas de atribuição privativa do Congresso Nacional e suas respectivas Casas.
Possuem, via de regra, efeitos internos.
Considerações finais
Tivemos oportunidade de conhecer as espécies normativas previstas no artigo 59 da
Constituição da República. Foi possível entender a importância de cada uma e seu papel
no regime brasileiro de normas, a exemplo da própria Emenda Constitucional, que altera,
quando aprovada, o próprio texto da Constituição da República – daí sua vital importância.
Nesse mesmo sentido, pudemos observar que as Medidas Provisórias pedem urgência e
relevância da matéria, sendo expedida pelo próprio Presidente da República, em uma função
atípica de legislar.
Referências
BRASIL. Constituição (1988). Constituição da República Federativa do Brasil de 1988. Disponível
em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Constituicao/ConstituicaoCompilado.htm>. Acesso
em: 7 abr. 2015.
Objetivos Específicos
• Compreender os direitos fundamentais na Constituição Federal de 1988.
• Analisar os direitos e garantias.
Temas
Introdução
1 Direitos Fundamentais
2 Direitos Sociais
3 Nacionalidade
4 Direitos Políticos e Partidos Políticos
Considerações finais
Referências
Professor Autor
Bruno Bianchini
Direito Administrativo e Constitucional
Introdução
A Constituição Federal, como norma maior do Estado brasileiro, possui em seu texto
os Direitos e Garantias Fundamentais assegurados a todos os indivíduos. Tais Direitos e
Garantias estão descritos no Título II da Constituição da República, que abrange o Capítulo I –
Dos Direitos e Deveres Individuais e Coletivos; o Capítulo II – Dos Direitos Sociais; o Capítulo
III – Da Nacionalidade; o Capítulo IV – Dos Direitos Políticos; e o Capítulo V – Dos Partidos
Políticos.
Bons estudos!
1 Direitos Fundamentais
Os Direitos e Garantias Fundamentais iniciam-se no Título II da Constituição Federal de
1988. O artigo 5º da nossa Constituição, Capítulo I, inaugura os Direitos e Deveres Individuais
e Coletivos. Em seguida, no art. 6º, Capítulo II, temos os Direitos Sociais. No art. 12, Capítulo
III, a Constituição trata da Nacionalidade. Nos Capítulos IV e V, temos os Direitos Políticos e
os Partidos Políticos.
1.1 Conceito
Os Direitos Fundamentais são aqueles considerados mais importantes aos cidadãos
de determinado Estado, garantidores de liberdade e dignidade. Vale ressaltar que não
basta que esse Estado reconheça os Direitos e Garantias Fundamentais. Ele deve almejar a
implementação dessas garantias na prática, como um princípio fundamental a ser observado
dentro de seu território.
1.2 Características
Os Direitos Fundamentais surgem da evolução histórica de certo povo, que, não raro,
experimentou períodos de violações de direitos, características de regimes não democráticos
que vigoraram no seu passado. Dessa forma, os Direitos Fundamentais são inegociáveis e
intransferíveis, não sendo lícita a disposição desses direitos. Além disso, não deixam de existir
pelo desuso, ainda que haja violações constantes ou costumeiras.
A primeira geração é identificada com a luta pela liberdade e surgiu a partir de postulados
do final da Idade Média, como a Magna Carta da Inglaterra, em 1215, que reconheceu
direitos aos Barões, restringiu o poder do Monarca e após, das grandes revoluções burguesas
do final do século XVIII. Como expoentes citam-se a Revolução Americana, em 1776 e
a Revolução Francesa, em 1789. Sua primordial característica foi a imposição de limites à
atuação do Estado, um “não fazer”, por parte deste, em prol dos cidadãos, que deixaram de
ser considerados súditos, para serem considerados sujeitos de direitos, com tutela garantida
pelo próprio Estado.
A segunda geração foi a geração da conquista dos Direitos Sociais, que dizem respeito à
melhoria das condições econômicas e de trabalho dos cidadãos. Os cidadãos demandavam
uma ação positiva do Estado, um “fazer”, em prol da melhoria das condições de vida e trabalho
do povo. A Revolução Industrial, no século XIX, foi o grande marco dos direitos dessa segunda
geração.
Direitos Individuais são tidos como restrições impostas ao poder Estatal, em prol dos
cidadãos e no seu legítimo interesse. Nossa Constituição estabelece Direitos Individuais
do cidadão (individualmente considerado), os direitos Coletivos (considerando o
interesse geral da sociedade e de grupos de pessoas, considerados coletivamente)
assim como os Difusos também.
Como Direitos Individuais Básicos, a Constituição, no art. 5º, arrola cinco, rediscutidos
em vários incisos e em outros artigos também: o direito à vida, à liberdade, à igualdade, à
segurança e à propriedade. Esses direitos destinam-se aos brasileiros e estrangeiros residentes
no Brasil (art. 5º, caput, da Constituição). Os Direitos e Deveres Individuais e Coletivos aplicam-
se, também, às pessoas jurídicas, como proteção à honra, ao patrimônio etc. Aplicam-se,
também, aos estrangeiros não residentes no Brasil (turistas ou imigrantes ilegais), pois são
seres humanos e a eles também são assegurados direito à vida, ao patrimônio etc.
Abrange a liberdade de locomoção (inciso XV, art. 5º), bem como a liberdade de
pensamento, de consciência, de crença (incisos IV e VI) e a liberdade de fazer o que quiser
desde que não se contrarie as leis (inciso II). A censura foi constitucionalmente proibida no
inciso IX do art. 5º. As liberdades de reunião e de associação encontram-se protegidas nos
incisos (XVI e XVII, do art. 5º da Constituição). A Constituição prevê a ação de habeas corpus
para tutela da liberdade de locomoção (art. 5º, inciso LXVIII).
Quanto à igualdade, diz o caput do art. 5º que todos são iguais perante a lei, sem distinções
de qualquer natureza. O inciso I consagra a igualdade em direitos e obrigações entre homens
e mulheres. O conceito de igualdade está relacionado ao tratamento igualitário daqueles
que se encontram em igualdade de condições e desigualmente àqueles que se encontram
em condições desiguais. É o princípio da isonomia. Assim, por esse princípio, justificam-se
as hipóteses de tratamento diferenciado existentes na Constituição, como aposentadoria
com menor idade e menos tempo de contribuição para as mulheres; exclusividade de certos
cargos a brasileiros natos; exclusão das mulheres do serviço militar obrigatório, dentre outras.
A Constituição veda o tratamento discriminatório por motivo de raça ou cor, considerando o
racismo como crime inafiançável e imprescritível, sujeito à pena de reclusão (inciso XLII, do
art. 5º e Lei nº 7.716/89).
Considera-se que o Estado deve, além de prever os direitos dos cidadãos, promover e
pôr em prática tais direitos. Assegurar os principais direitos do povo é uma das funções do
Estado, afinal, de que adiantaria tutelar a vida e o patrimônio e não prover meios para sua
devida proteção.
Assim, considera-se que o direito à segurança engloba o direito à segurança pública, com
o estabelecimento e manutenção das polícias e do exército, à segurança em matéria pessoal,
com a proteção da intimidade, da vida privada (art. 5º, X, CF), a inviolabilidade do domicílio
(art. 5º, XI, CF), a proteção às comunicações pessoais (inciso XII, art. 5º, CF), bem como a
segurança jurídica, prevendo e viabilizando os meios ao exercício e proteção jurídica dos bens
mais importantes aos cidadãos.
Por fim, o direito à propriedade significa que o indivíduo tem garantido pelo Estado a
proteção à propriedade privada e de não ser incomodado nela, tanto por outros indivíduos
quanto pelo próprio Estado. O artigo 5º, XXII, da Constituição afirma que “é garantido o
direito de propriedade” (BRASIL, 1988). Gera como consequência também outro direito
fundamental, que é o direito de herança. Isto porque somente pode deixar de herança no
momento do falecimento em benefício dos herdeiros aquele que possui garantido em vida o
direito à propriedade.
2 Direitos Sociais
São direitos relacionados à melhoria da situação econômica e laboral dos cidadãos.
São considerados direitos fundamentais de segunda geração, em que o Estado tem o dever
de prever e prover meios para a melhoria da situação dos trabalhadores, econômica e
socialmente.
O artigo 6º da Constituição prevê alguns direitos básicos, são eles: o direito à educação,
à saúde, à alimentação, ao trabalho, à moradia, ao lazer, à segurança, à previdência social,
à proteção à maternidade e à infância e à assistência aos desamparados. Tais direitos serão
mais bem estudados no próximo capítulo.
O art. 7º da Constituição prevê inúmeros direitos muito conhecidos dos brasileiros, como
o salário mínimo (inciso IV), seguro-desemprego (inciso II), Fundo de Garantia por Tempo
de Serviço (inciso III), décimo terceiro salário (inciso VIII), férias anuais remuneradas (inciso
XVII), dentre outros.
3 Nacionalidade
Pode-se conceituar como o “[...] vínculo jurídico-político que liga um indivíduo a
determinado Estado, fazendo com que esse indivíduo passe a integrar o povo daquele Estado,
e, por consequência, desfrute de direitos e submeta-se a obrigações” (LENZA, 2008, p. 669).
I. natos:
II - naturalizados:
Somente o brasileiro naturalizado poderá ser extraditado por crime cometido antes da
naturalização ou comprovado envolvimento em tráfico de drogas (art. 5º, LI). Ainda, somente
brasileiros natos ou naturalizados há mais de dez anos podem ser proprietários de empresa
jornalística ou de radiodifusão sonora e de sons e imagens (art. 222, da CF). Aos portugueses
com residência permanente no País, se houver reciprocidade em favor de brasileiros, serão
atribuídos os direitos inerentes ao brasileiro, salvo os casos previstos nesta Constituição (art.
Conforme a Constituição Federal, o voto é direto, secreto (art. 14, caput), universal e
periódico (art. 60, § 4º, II, da Constituição). Assim, temos que os representantes do povo são
eleitos diretamente por este, sem intermediários. O eleitor vota em cabine individual, de
modo que não se pode identificar em quem ele votou, sendo que cada voto tem o mesmo
valor. Todos os cidadãos podem votar, via de regra, desde que cumpram os requisitos legais,
como idade, capacidade e pleno exercício dos Direitos Políticos. O alistamento eleitoral e o
voto são obrigatórios, via de regra, são facultativos para os analfabetos, os maiores de 70 anos
de idade e os maiores de 16 e menores de 18 anos de idade (art. 14, § 1º, II). A periodicidade
é característica do regime republicano, em que os representantes do povo exercem mandato
com prazo certo.
I. a nacionalidade brasileira;
V. a filiação partidária;
Quanto aos inalistáveis, são aqueles que não cumprem os requisitos necessários para
exercer o voto, presumindo-se quanto aos estrangeiros e, durante o serviço militar obrigatório,
os conscritos (art. 14, § 2º, CF).
Já para os Partidos Políticos, a Constituição, em seu art. 17, considera livre a criação, a
fusão, a incorporação e a extinção, resguardados a soberania nacional, o regime democrático,
o pluripartidarismo e os direitos fundamentais. Ainda ressalvada a necessária obediência aos
seguintes preceitos: caráter nacional; proibição de recebimento de recursos financeiros de
entidade ou governo estrangeiros ou de subordinação a estes; prestação de contas à Justiça
Eleitoral; funcionamento parlamentar de acordo com a lei.
Os Partidos Políticos são pessoas jurídicas de direito privado, devendo registrar seus
estatutos no Tribunal Superior Eleitoral (art. 17, § 2º). Possuem autonomia para definir sua
estrutura interna, organização e funcionamento, além de terem liberdade para escolher
suas coligações eleitorais, sem necessidade de vinculação em âmbito federal, estadual e
municipal. Seus estatutos devem estabelecer normas de disciplina e fidelidade partidária,
sendo absolutamente vedada a utilização pelos Partidos Políticos de organização paramilitar.
Conforme o parágrafo 3º do art. 17, §, os Partidos Políticos têm direito a recursos do fundo
partidário e acesso gratuito ao rádio e à televisão, na forma da lei.
Considerações finais
De tudo que foi apresentado nesta aula, podemos concluir que os Direitos e Garantias
Fundamentais do indivíduo estão abarcados na nossa Constituição da República de 1988. Não
poderia ser diferente, pois constituem a base de uma nação organizada.
Além disso, também os Direitos Sociais são considerados fundamentais, por isso, não
podem deixar de aparecer na presente aula.
Ainda, para qualquer nação democrática progredir, é necessária a previsão dos Direitos
Políticos de definir os rumos do país. Nesse sentido, estão o direito de votar, ser votado e
participar, como um todo, das decisões fundamentais da nação.
Com tais direitos expostos, existem fundamentos para a nação crescer organizadamente.
Referências
BRASIL. Constituição (1988). Constituição da República Federativa do Brasil de 1988. Disponível
em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicao.htm>. Acesso em: 27 abr.
2015.
Objetivos Específicos
• Revisar os conceitos trabalhados na disciplina.
Temas
Introdução
1 Revisão dos principais conceitos
2 Histórico das Constituições de 1967 e Emenda nº 1 de 1969
3 Poder Constituinte Derivado de Reforma
4 A separação do Poder no Estado brasileiro
5 A divisão de competências entre os entes federativos
6 Medidas Provisórias
7 Da nacionalidade na Constituição Federal de 1988
Considerações finais
Referências
Professor Autor
Bruno Bianchini
Direito Administrativo e Constitucional
Introdução
O estudo a ser desenvolvido nesta aula refere-se a um resumo dos principais temas
estudados nas aulas passadas. Será visto um tema de cada aula, aproveitando-se para
aprofundar o assunto e apresentar exemplos de casos existentes.
Serão analisados, dentro dos exemplos, julgamentos proferidos pelo Supremo Tribunal
Federal (STF) a respeito da matéria, uma vez que o STF é o responsável pela guarda da
Constituição, a norma máxima do país.
Ainda, uma análise da separação dos Poderes no Estado brasileiro, em Poder Judiciário,
Poder Executivo e Poder Legislativo. Após, a divisão de competências entre os entes
federativos, União, estados, Distrito Federal e municípios.
A respeito das diferentes espécies de legislação, é interessante estudar aquela que tem
importância destacada atualmente, a Medida Provisória.
É necessário lembrar que devem estar inseridas nesta Constituição normas que definem
a estrutura do Estado, a formação do Poder Público, sistema e forma de governo, além dos
direitos e garantias fundamentais do cidadão.
Com relação ao conteúdo das Constituições, elas podem ser materiais ou formais.
No caso da brasileira, a Constituição é formal, ou seja, todas as normas que estão lá
descritas são oriundas da Constituição, e, assim, conhecidas como normas constitucionais,
independentemente do conteúdo que contenham.
Contudo, liderou o golpe de 1937, outorgando uma nova Constituição que limitou em
muito os direitos do cidadão, tornando-o praticamente um ditador. Nesse viés, a Constituição
de 1937 é classificada como “outorgada”, ou seja, não é fruto de decisão democrática
da Assembleia Nacional Constituinte, mas sim da imposição do governante para se manter
no poder.
Dessa forma, cumpre analisarmos um pouco mais dessa história constitucional brasileira.
O Golpe Militar de 1964 derrubou João Goulart da Presidência do Brasil sob a suspeita
de pretender instalar o comunismo no Brasil. Com medo das consequências, o movimento
oposicionista, com apoio dos militares, tomou o poder e implantou o Ato Institucional nº 1,
vigorando de 1964 a 1967.
Diversos direitos e garantias fundamentais dos indivíduos foram suprimidos ainda mais
com a instituição do AI nº 5 em 1968, por exemplo: o Presidente da República poderia, após
investigação, decretar o confisco de bens de todos quantos tivessem enriquecido ilicitamente,
no exercício do cargo ou função; suspendeu-se a garantia de habeas corpus; excluem-se de
qualquer apreciação judicial todos os atos praticados de acordo com este Ato Institucional e
seus Atos Complementares, bem como os respectivos efeitos (LENZA, 2008, p. 53-54).
Entende-se que esta forma de alteração é importante, visto que a sociedade evolui e,
deste modo, a Consituição pode ser alterada para atendimento desta evolução da sociedade.
Contudo, para que ocorra a alteração é necessário que haja um quórum qualificado,
isto é, um nível de exigência maior de modificação com relação às Leis Ordinárias ou
Complementares. Por isso, a Constituição estabelece que o quórum de aprovação de Emenda
à Constituição é votação em cada Casa do Congresso Nacional, Câmara de Deputados e
Senado Federal, em dois turnos de votação, obtendo aprovação com voto de três quintos dos
membros existentes.
Esta é a proposição descrita no artigo 60, §2º, da Constituição Federal, que diz:
Portanto, a Constituição Federal de 1988 determina, em seu artigo 2º, que são Poderes
da União o Legislativo, o Executivo e o Judiciário.
E mais, a Constituição estabelece, ainda, que tais poderes devem ser harmônicos e
independentes. Falar em independência significa que um dos poderes não pode se sobressair
em relação ao outro, desequilibrando a balança. Falar em harmonia significa dizer que devem
atuar de tal maneira que alcancem o equilíbrio.
Com base nesse conhecimento, podemos perceber atualmente vários casos em que
ocorre o desequilíbrio do Poder, sendo corrigido pela atuação do outro Poder prejudicado,
a reequilibrar a balança. Toda vez que um Poder adentra na esfera de atuação de outro é
necessário corrigir, a exemplo de quando o Poder Judiciário declara a inconstitucionalidade
de uma lei criada pelo Poder Legislativo, no chamado controle de constitucionalidade.
Dizer estas palavras possui significado maior do que se pensa. Sendo um Estado de
Direito, no país imperam a lei e a Justiça. Sendo um Estado democrático, adota-se, portanto,
a democracia, conferindo-se ao povo o título de detentor do Poder.
Competência da União para legislar sobre direito penal e material bélico. Lei nº
1.317/2004 do Estado de Rondônia. Lei estadual que autoriza a utilização, pelas
polícias civil e militar, de armas de fogo apreendidas. A competência exclusiva da União
para legislar sobre material bélico, complementada pela competência para autorizar
e fiscalizar a produção de material bélico, abrange a disciplina sobre a destinação de
armas apreendidas e em situação irregular.
(ADI 3.515, Rel. Min. Cezar Peluso, julgamento em 1º-8-2011, Plenário, DJE de 29-
9-2011.) Disponível em: http://www.stf.jus.br/portal/constituicao/artigoBd.
asp?item=291.
6 Medidas Provisórias
As Medidas Provisórias possuem fundamental relevância no modelo de processo
legislativo adotado pelo Estado brasileiro. Sabe-se que as Medidas Provisórias não são leis,
contudo, possuem força de lei.
E mais, trata ainda, o artigo 62 das matérias que não podem ser vinculadas através de
Medida Provisória, a exemplo do Direito Penal, Processual Penal e Processual Civil.
(ADI 2.736, Rel. Min. Cezar Peluso, julgamento em 8-9-2010, Plenário, DJE de 29-3-
2011.) Disponível em: http://www.stf.jus.br/portal/constituicao/artigoBd.asp
Pela leitura, é possível perceber que deve ser declarada inconstitucional qualquer
Medida Provisória que trata de Direito Processual, uma vez proibido o tratamento nesta
espécie legislativa.
Nesse mesmo sentido é o julgamento a seguir, que nega o uso da Medida Provisória em
matéria de Direito Penal:
Portanto, algumas matérias não podem ser veiculadas por Medidas Provisórias, sob pena
de inconstitucionalidade.
Pela leitura, nacionalidade é o vínculo que une o indivíduo ao país, passando a integrar
o povo daquele Estado.
(RE 418.096, Rel. Min. Carlos Velloso, julgamento em 22-3-2005, Segunda Turma, DJ
de 22-4-2005.) Disponível em: http://www.stf.jus.br/portal/constituicao/artigoBd.asp
Pela leitura, percebe-se que o estrangeiro, de pai ou mãe brasileiro, quando maior,
venha a residir no país poderá adquirir a nacionalidade originária brasileira, ou seja, tornar-
se brasileiro nato.
Registrou também o Supremo Tribunal que o mero casamento civil não confere direito à
naturalização do estrangeiro, conforme abaixo:
(Ext 1.121, Rel. Min. Celso de Mello, julgamento em 18-12-2009, Plenário, DJE de 25-
6-2010.)
Considerações finais
Tivemos a oportunidade de analisar nesta aula os principais conceitos do Direito
Constitucional, desde o início da formação do Estado, passando pelo processo legislativo,
divisão de competências e Direitos Fundamentais, Sociais e Políticos, terminando em
nacionalidade.
Pudemos estudar casos julgados pelo Supremo Tribunal Federal, em seu acervo de
jurisprudência. O enriquecimento do estudo é realizado com o estudo de casos, como visto
aqui.
Sobre o Poder Constituinte Derivado de Reforma, este é exercido através das Emendas
Constitucionais, com importância maior ao quórum de aprovação diferenciado, o que confere
rigidez ao texto constitucional.
Viu-se o equilíbrio fundamental entre os três Poderes, o que mantém o Estado brasileiro
incólume. Passou-se à divisão de competências entre a União, os estados, o Distrito Federal e
os municípios, estudando-se casos julgados pelo Supremo Tribunal Federal.
Pela análise das Medidas Provisórias, concluiu-se que são de expedição exclusiva do
Presidente da República, ficando, este, adstrito às matérias delimitadas pela Constituição,
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Direito Administrativo e Constitucional
Referências
BRASIL. Constituição (1988). Constituição da República Federativa do Brasil de 1988. Disponível
em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicao.htm>. Acesso em: 9 maio
2015.
Objetivos Específicos
• Compreender a relação do Executivo e Legislativo no processo decisório do
presidencialismo de coalizão brasileiro sob a ótica jurídica.
• Estudar essa relação para além da configuração normativo-constitucional,
integrando o processo político na análise.
Temas
Introdução
1 Das políticas públicas na Constituição
2 Comandos constitucionais dirigentes na definição de políticas públicas
3 Do papel do Presidente da República na execução das políticas públicas
Considerações finais
Referências
Professor Autor
Bruno Bianchini
Direito Administrativo e Constitucional
Introdução
Assunto intrigante no mundo jurídico-político são as formas de integração entre o Poder
Executivo e o Poder Legislativo na elaboração e aplicação das políticas públicas.
Como se sabe, cada um dos três Poderes tem funções primordiais. O Poder Legislativo
tem a atribuição de fazer as leis, o Executivo de administrar as políticas públicas, nos termos
das leis, e o Judiciário de julgar os conflitos de interesses que lhe são submetidos.
Por fim, podemos dizer que a Constituição brasileira é classificada como “dirigente”,
classificação dada às constituições que instituem diretrizes, valores a serem alcançados, ou
políticas a serem seguidas pelo Estado.
Art. 7º São direitos dos trabalhadores urbanos e rurais, além de outros que visem à
melhoria de sua condição social:
[...]
[...]
[...]
Note que todos os dispositivos constitucionais acima citados referem-se à lei, que deve
ser elaborada pelo Poder Legislativo, responsável por tornar efetivos e regulamentar os
comandos constitucionais.
Por isso, é necessário haver um mínimo de harmonia entre os Poderes em questão para o
avanço das políticas públicas, uma vez que o Poder Legislativo é o responsável pela produção
das leis que irão complementar a própria Constituição, cabendo ao Poder Executivo aplicá-las
na prática.
Havendo veto pelo Presidente da República, o projeto de Lei retornará para o Congresso
Nacional e será posto em nova votação, com a finalidade de manter o veto do Presidente
intacto ou derrubá-lo, voltando o projeto de lei à vida. Tudo em sessão conjunta do Congresso
Nacional.
Tal procedimento consagra a participação dos dois Poderes na elaboração das leis,
devendo haver integração entre eles, dada a importância da regulamentação dos temas
previstos na Constituição, para a melhor execução das políticas públicas.
Art. 65. O projeto de lei aprovado por uma Casa será revisto pela outra, em um só
turno de discussão e votação, e enviado à sanção ou promulgação, se a Casa revisora
o aprovar, ou arquivado, se o rejeitar.
Art. 66. A Casa na qual tenha sido concluída a votação enviará o projeto de lei ao
Presidente da República, que, aquiescendo, o sancionará.
§ 4º O veto será apreciado em sessão conjunta, dentro de trinta dias a contar de seu
recebimento, só podendo ser rejeitado pelo voto da maioria absoluta dos Deputados
§ 7º Se a lei não for promulgada dentro de quarenta e oito horas pelo Presidente
da República, nos casos dos § 3º e § 5º, o Presidente do Senado a promulgará, e, se
este não o fizer em igual prazo, caberá ao Vice-Presidente do Senado fazê-lo. (BRASIL,
1988).
Além das leis ordinárias, vale citar, também, as leis delegadas, que são elaboradas pelo
Presidente da República (Chefe do Poder Executivo), que deverá solicitar a delegação ao
Congresso Nacional (Poder Legislativo). A delegação deve especificar a respectiva matéria
a ser debatida e os termos de seu exercício (art. 68, § 2º). O Congresso Nacional pode
determinar a submissão do projeto de lei delegada à sua aprovação, por votação única, sendo
vedadas quaisquer emendas (art. 68, § 3º da CF).
Também há controle político (e não jurídico) de legalidade. Ora, no caso de a lei delegada
extrapolar os limites estipulados pelo Congresso Nacional através da Resolução que concedeu
à delegação, o próprio Congresso Nacional poderá sustar os efeitos da parte excedente
mediante Decreto Legislativo (art. 49, V). É um exemplo de lei delegada à nº 13, de 27 de
agosto de 1992, que institui gratificações de atividades para os servidores civis do Poder
Executivo.
Art. 68. As leis delegadas serão elaboradas pelo Presidente da República, que deverá
solicitar a delegação ao Congresso Nacional.
[...]
II- exercer, com o auxílio dos Ministros de Estado, a direção superior da administração
federal;
III - iniciar o processo legislativo, na forma e nos casos previstos nesta Constituição;
XII - conceder indulto e comutar penas, com audiência, se necessário, dos órgãos
instituídos em lei;
XIV - nomear, após aprovação pelo Senado Federal, os Ministros do Supremo Tribunal
Federal e dos Tribunais Superiores, os Governadores de Territórios, o Procurador-
Geral da República, o presidente e os diretores do banco central e outros servidores,
quando determinado em lei;
XVII - nomear membros do Conselho da República, nos termos do art. 89, VII;
XXII - permitir, nos casos previstos em lei complementar, que forças estrangeiras
transitem pelo território nacional ou nele permaneçam temporariamente;
XXVI - editar medidas provisórias com força de lei, nos termos do art. 62;
Considerações finais
Por toda leitura que se realizou, podemos concluir a premente necessidade de interação
entre os Poderes Legislativo e Executivo na produção das políticas públicas, cada qual com
o seu papel, restando ao Poder Legislativo inovar à ordem jurídica, criando leis, e ao Poder
Executivo administrar a coisa pública, com base nas leis criadas pelo Poder Legislativo.
Para tanto, existem normas constitucionais que possuem plena eficácia, eficácia contida
e eficácia limitada, pois produzem efeitos imediatamente ou necessitam de regulação por lei,
a depender do caso concreto.
Referências
ALEXANDRINO, Marcelo; PAULO, Vicente. Direito Constitucional Descomplicado. 12. ed. São
Paulo: Método: 2014.
Objetivos Específicos
• Compreender a supremacia da Constituição no escalonamento normativo.
• Analisar o processo de verificação de compatibilidade e adequação entre um
ato jurídico e a Constituição.
• Entender os conceitos de controle preventivo e repressivo, bem como de
controle difuso e concentrado.
• Estudar as vias de controle de constitucionalidade.
Temas
Introdução
1 Conceito de controle de constitucionalidade
2 Da inconstitucionalidade
3 Controle de constitucionalidade preventivo e repressivo
4 Controle de constitucionalidade difuso ou concentrado
5 Sistemas de controle de constitucionalidade em concreto e em abstrato
6 Modalidades de ação para o controle de constitucionalidade
7 Modulação de efeitos
8 Declarações de nulidade total, parcial ou parcial sem redução de texto
9 Princípio da reserva de plenário
10 Irrecorribilidade no controle de constitucionalidade
11 Controle de constitucionalidade de leis municipais
Considerações finais
Referências
Professor Autor
Bruno Bianchini
Direito Administrativo e Constitucional
Introdução
De acordo com o escalonamento das normas no Brasil, a Constituição Federal é norma
suprema, sendo que todas as demais devem obedecer a seus preceitos, sob pena de serem
expurgadas do sistema normativo.
Bons estudos.
é necessário votação em turno único, em cada casa do Congresso Nacional, sendo o quórum
necessário, de maioria simples, dos membros presentes na votação.
Assim, por possuir um mecanismo de alteração mais rigoroso, significa dizer que a
Constituição possui status superior, hierarquia superior, balizando todo o ordenamento
jurídico infraconstitucional, que não poderá ser contrário a seus ditames.
2 Da inconstitucionalidade
Dito tudo isso, precisa-se conhecer o conceito de inconstitucionalidade:
A inconstitucionalidade pode ocorrer por ação ou por omissão. Por ação, ocorre quando
da elaboração de uma lei ou norma contrária à Constituição. Por omissão, ocorre quando
da omissão do Poder Público resultar na impossibilidade do cumprimento de preceitos
constitucionais. Sempre que um comando Constitucional não puder ser cumprido por inércia
do Poder Público haverá inconstitucionalidade. A inconstitucionalidade por omissão pode
ser combatida por meio de duas ações previstas na Constituição, são o mandado de injunção
(art. 5º, LXXI, da CF) e a ação de inconstitucionalidade por omissão (art. 103, § 2º, da CF).
material quando a matéria (assunto) da lei ou do ato normativo for contrária à Constituição.
Será procedimental quando a forma de elaboração da lei ou do ato normativo estiver em
desacordo com a forma determinada na Constituição (quórum de votação de maioria absoluta
das leis complementares, por exemplo, previsto no art. 69 da Constituição).
A inconstitucionalidade pode ser total ou parcial. Será total quando a lei ou ato for
integralmente inconstitucional, ocorrendo normalmente quando há vício de forma ou
procedimento. A inconstitucionalidade parcial é a que atinge apenas parte da lei ou do ato
normativo.
d. Representação interventiva;
7 Modulação de efeitos
Como visto, no controle abstrato de constitucionalidade, o objeto da ação é a declaração
de inconstitucionalidade ou constitucionalidade de lei ou ato normativo e a supressão da
omissão do Poder Público. Assim, cumpre-nos examinar as espécies de decisões proferidas
nesses tipos de ações. Já vimos que o órgão competente para o julgamento, quando na
esfera federal, é o Supremo Tribunal Federal, e, na esfera estadual, é o Tribunal de Justiça.
Vimos, também, que os efeitos das decisões nessas ações é erga omnes (vale para todos).
Via de regra, a decisão tem efeitos retroativos (ex tunc), pois ou a lei ou o ato normativo é
considerado inconstitucional, não produzindo efeitos desde a sua criação, ou é considerado
constitucional, devendo continuar a viger desde a sua criação. Porém, de acordo com o art.
27 da Lei nº 9.868/99, o STF pode restringir o efeito retroativo das decisões:
a. Total;
b. Parcial; ou
A declaração de nulidade parcial sem redução de texto está prevista na Lei nº 9.868/99,
no art. 28, parágrafo único. Aqui, o Supremo Tribunal Federal declara a inconstitucionalidade
da lei ou do ato normativo apenas com relação a determinada interpretação dessa lei ou
desse ato, que não poderá ser interpretado de tal maneira, pois assim será inconstitucional.
A lei continuará em vigor, com o mesmo texto, sendo vedada sua interpretação, considerada
inconstitucional.
Ainda nesse caso, tendo a Constituição Estadual reproduzido em seu texto preceito da
Constituição Federal, de observância obrigatória nos estados, caso a ação verse sobre esse
assunto, haverá a possibilidade de recurso extraordinário para o Supremo Tribunal Federal,
que, nesse caso, terá competência para julgar ação de controle de constitucionalidade em
face de lei municipal.
Considerações finais
Pode-se concluir com o estudo do tema que o controle de constitucionalidade é aquele
existente para expurgar do sistema jurídico eventual norma que contrarie a Constituição, ou
que registre eventual norma que declare-se de acordo com o texto constitucional.
Referências
ALEXANDRINO, Marcelo; PAULO, Vicente. Direito Constitucional Descomplicado. São Paulo:
Método, 2014.
Objetivos Específicos
• Compreender a origem do direito administrativo.
• Discutir os princípios da administração pública e a prestação de serviços
públicos.
• Elucidar o conceito de ato administrativo, suas classificações, seus requisitos
e atributos.
• Compreender os princípios de legalidade, impessoalidade, moralidade,
publicidade e eficiência que regem a administração pública.
• Aprender os conceitos e as situações em que se verifica o ato administrativo
discricionário.
Temas
Introdução
1 O que é direito administrativo?
2 A administração pública e os serviços públicos
3 Ato administrativo: conceito, requisitos e atributos
4 Ato administrativo: discricionariedade e vinculação
Considerações finais
Referências
Professor Autor
Bruno Bianchini
Senac São Paulo - Todos os Direitos Reservados 1
Direito Administrativo e Constitucional
Introdução
O direito administrativo é o ramo do direito que estuda, principalmente, o desempenho
das atividades pelo Estado. Assim, regula a atuação do Poder Público, esclarecendo quais as
leis que disciplinam essa matéria, bem como os princípios que a regem.
O objetivo principal da administração pública deve sempre ser a busca pelo interesse
público. A partir dessa premissa, presta serviços públicos, sempre respeitando aquilo que é
determinado pela legislação.
A atuação do Estado é retratada através dos atos administrativos, pelos quais ele mostra
a sua vontade, que, de forma indireta, é a manifestação daquilo que a sociedade almeja e
necessita. Entretanto, certos requisitos devem ser cumpridos.
Assim sendo, o direito foi dividido em dois ramos: o privado e o público. O direito privado
visa à defesa de interesses particulares, enquanto que o direito público disciplina normas de
interesse público. Nesse sentido, o direito administrativo se encontra nesse segundo ramo.
Além disso, também se deve destacar que o direito é dividido em dois outros campos
de atuação: o direito internacional, que regula a forma que o Estado brasileiro se relaciona
com os demais, ou seja, as relações com países estrangeiros. Já o direito interno estipula o
tratamento dentro do próprio território nacional, determinando a atuação do Estado frente
a toda sociedade.
A partir desses preceitos escritos, vários conceitos foram definidos para o ramo em
estudo, sendo que divergências persistem até os dias atuais. Entretanto, a definição mais
aceita atualmente é a elaborada pelo doutrinador Hely Lopes Meirelles (2003, p. 38),
declarando que o direito administrativo “[...] sintetiza-se no conjunto harmônico de princípios
jurídicos que regem os órgãos, os agentes e as atividades tendentes a realizar concreta, direta
e imediatamente os fins desejados pelo Estado”.
E, apesar de ser um ramo do direito que está diretamente relacionado com a atuação do
Estado, ele não possui uma codificação específica, como as demais matérias. Todas as regras
e todos os princípios se encontram previstas em legislações esparsas. Outra característica que
também o difere dos demais é a inexistência de tribunais ou juízes específicos para solução
dos possíveis conflitos que podem existir acerca dessa matéria, sendo caracterizado como
não contencioso por esse motivo.
O interesse público é satisfeito através das atividades materiais feitas pela administração
pública, as quais são definidas como serviços públicos. José dos Santos Carvalho Filho (2011,
p. 297) define serviço público como sendo “[...] toda atividade prestada pelo Estado ou
por seus delegados, basicamente sob regime de direito público, com vistas à satisfação de
necessidades essenciais e secundárias da coletividade”.
Vale destacar que os serviços públicos não podem ser confundidos com os atos praticados
pelo Poder Público que se destinam à exploração da atividade econômica e à intervenção no
domínio econômico.
O princípio da moralidade, por sua vez, determina que o administrador deve agir
segundo os conceitos morais da sociedade, utilizando-se da boa-fé, da legalidade e da
ética, basicamente. Os princípios da publicidade definem que todos os atos praticados pela
administração pública devem ser públicos, com exceção das situações previstas em lei. Por
fim, o princípio da eficiência, que foi acrescentado na Constituição Federal pela Emenda
Constitucional nº 45/2005, estabelece que o Estado busque obter o melhor resultado possível
com o menor gasto dos recursos públicos.
Além desses, outros vários devem ser observados, sendo destaque o princípio da
continuidade. Este expõe que a prestação do serviço público não deve ser interrompida. Em
qualquer situação que o serviço público possa ser comprometido, deverá a administração
pública garantir, ao menos, a prestação daqueles que sejam necessários e essenciais para a
coletividade.
Vale citar que a legislação somente prevê situações em que os serviços públicos poderão
ser interrompidos, mas que não serão considerados como descontinuidade de sua prestação.
Como exemplo, pode-se citar os estados de emergência, desde que haja prévia comunicação
aos usuários, quando houver inadimplência ou não oferecer as condições necessárias para
que o serviço público seja prestado.
Porém, apesar da divisão expressa prevista em lei, alguns serviços públicos podem ser
delegados, sendo que podem ser executados pelo Estado ou por particulares. A delegação
será feita pelo poder concedente, por meio de um contrato, e desde que a lei autorize. Antes
da firmação de um contrato administrativo, deverá ser realizada uma licitação, se a prestação
dos serviços não estiver disciplinada como uma hipótese de dispensa ou inexigibilidade.
Contudo, existem serviços públicos que não podem ser delegados, eles poderão ser
prestados somente pelo próprio Estado.
[...] nada mais do que um ato jurídico, tratando-se de uma manifestação de vontade
que produz efeitos jurídicos, caracterizando-se como uma espécie do gênero ato
jurídico, por ser marcado por peculiaridades que o individualizam, como é o caso
das condições para sua válida produção, ou ainda, quanto às regras para sua eficácia.
(MARINELA, 2013, p. 265, grifo do autor).
Além disso, não podem confundir atos administrativos com ato da administração. Este
é expedido pelo Poder Executivo, no desempenho de sua função administrativa, podendo ser
tanto de direito público quanto de direito privado. Já o ato administrativo, apesar de poder ser
elaborado pelo Poder Executivo, também pode ser feito pelos Poderes Legislativo e Judiciário,
sendo somente de direito público. Desse modo, pode-se dizer que ato da administração
é gênero do qual o ato administrativo é espécie. Exemplo: na locação de um imóvel, para
instalar seu novo prédio, a administração realiza “ato da administração”. Contudo, quando
expede um ato de contratação de servidores, é realizado o “ato administrativo”.
Todavia, para que um ato administrativo seja realizado, deverão ser cumpridos e
respeitados cinco requisitos: o sujeito, a forma, o motivo, o objeto e a finalidade.
É importante citar que o sujeito que cria o ato administrativo deve ser competente, sendo
considerado como tal todo aquele que exerça uma função pública, independentemente se de
maneira temporária ou permanente, remunerada ou voluntária. Esse sujeito é denominado
de agente público, sempre que precisar possuir relação com a administração pública para ser
considerado como tal. A previsão para definir o sujeito competente normalmente decorre de
lei. Vale ressaltar que o agente público não poderá se negar a praticar ato administrativo que
esteja descrito na lei para fazê-lo. Em outras palavras, agente público é aquele que age em
nome da administração pública, buscando a realização do interesse público, não podendo
dele dispor. Por isso, deve fazer aquilo que a lei determina.
A forma é maneira como o ato administrativo é exteriorizado, sendo condição para que
possa produzir seus efeitos no mundo jurídico. A simples manifestação de vontade não é o
suficiente para que o ato administrativo possa produzir seus efeitos, devendo respeitar a
forma prevista em lei. Caso não respeite, contraria o princípio da legalidade, sendo o ato
considerado como inválido.
Já o motivo, outro requisito do ato administrativo, é a causa pela qual o agente público
o editou. Para que o ato seja considerado válido, o motivo que justifica a sua prática deve
ser verdadeiro, não podendo o agente se utilizar de outras causas que não sejam as reais
para a sua criação. Além disso, também é condição indispensável para a validade do ato
administrativo que o motivo seja compatível com o previsto em lei, bem como a finalidade no
mundo dos fatos ser congruente com o motivo que foi declarado.
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Direito Administrativo e Constitucional
Nesse momento, uma diferenciação importante deve ser explicada. O motivo do ato e a
sua motivação são expressões distintas. O motivo, como acima demonstrado, são as razões e o
fundamento jurídico que levaram à realização do ato. Por outro lado, motivação é a obrigação
que a administração pública possui para justificar a prática do ato administrativo.
O objeto do ato administrativo identifica-se com o seu conteúdo, por meio do qual a
administração manifesta sua vontade, ou atesta simplesmente situações preexistentes.
Pode-se dizer que o objeto do ato administrativo é a própria alteração no mundo
jurídico que o ato provoca, é o efeito jurídico imediato que o ato produz.
Portanto, o objeto do ato administrativo significa o efeito jurídico imediato que produz
no mundo jurídico e fático.
Por fim, o último requisito refere-se à finalidade. Diante de todos os requisitos estudados,
conclui-se que a finalidade é o bem jurídico objetivo com a prática do ato administrativo.
Quanto aos atributos de um ato administrativo, também são descritos em quatro outros
conceitos.
Considerações finais
O direito administrativo, portanto, é um ramo que se destina ao estudo do direito
público interno, regulamentando a relação do Estado com a sociedade. Através de todo o
ordenamento jurídico, esclarece a forma que a administração pública deve atuar.
A prestação dos serviços públicos é uma das principais formas de atender o interesse
da sociedade, respeitando os princípios previstos no artigo 37 da Constituição Federal. Além
disso, deve dispender tratamento igualitário a todos os administrados, de maneira contínua,
somente podendo paralisá-los em determinadas situações previstas em lei.
Nesse sentido, a manifestação da vontade do poder público se dá por meio dos atos
administrativos, devendo cumprir alguns requisitos descritos em lei para que sejam
considerados como válidos. Destaca-se que os atos administrativos possuem certos atributos
que permitem que sejam executados a partir do momento que são publicados.
Referências
ALEXANDRINO, Marcelo; PAULO, Vicente. Direito Administrativo Descomplicado. Rio de
Janeiro: Impetus, 2010.
CARVALHO FILHO, José dos Santos. Manual Direito Administrativo. 24. ed. Rio de Janeiro:
Lumen Juris, 2011.
MEIRELLES, Hely Lopes. Direito Administrativo Brasileiro. 28. ed. São Paulo: Malheiros, 2003.
Objetivos Específicos
• Compreender os instrumentos para desenvolvimento das ações
administrativas a partir de casos.
Temas
Introdução
1 Atos e processos administrativos
2 Contratos da administração
3 Bens, recursos públicos e agentes da administração pública
Considerações finais
Referências
Professor Autor
Bruno Bianchini
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Direito Administrativo e Constitucional
Introdução
Na maioria das vezes, somente um ato administrativo não é suficiente para que o
interesse público seja atendido pela administração pública. A sucessão de edição de atos
administrativos é o que permite que a atuação do poder público resulte na finalidade para a
qual se destina.
2 Contratos da administração
Os contratos feitos pela administração pública podem ser tanto de natureza privada
como público, sendo considerados ambos os tipos como contrato administrativo. De acordo
com Fernanda Marinela (2013, p. 459):
Portanto, o contrato administrativo sempre exigirá que uma das partes que o esteja
pactuando seja a administração pública. O poder público deverá sempre buscar a realização
e proteção do interesse público, como foi bastante frisado até aqui. Dessa forma, justifica-se
o tratamento diferenciado dispendido aos contratos administrativos, sendo eles regidos pelo
regime público.
Ressalta-se que o pacto administrativo não poderá superar uma lei orçamentária, visto
que a administração pública não terá previsão de recurso para poder garantir o adimplemento
do contrato.
Vale citar outra previsão que deve constar no contrato administrativo, o valor que deverá
ser pago pelo poder público diante do cumprimento da obrigação do contratado, bem como
a forma que deverá ser feita esse adimplemento. A quantia estipulada poderá ser alterada,
observando a variação da correção monetária, o reajustamento e a recomposição dos preços.
O primeiro são as variações que são previsíveis em virtude do mercado, sendo aquelas que
ocorrem de forma periódica e que alteram o preço daquilo que deve ser cumprido. Já o
segundo se refere a situações imprevisíveis, sendo aplicável quando o reajustamento não for
suficiente.
Por fim, o último pacto previsto como sendo desse tipo é o contrato de fornecimento.
Este somente se dedica ao fornecimento de bens móveis e semoventes para a administração
pública, necessários para o exercício de sua função. Por exemplo, a contratação de empresa
para fornecimento de materiais de escritório.
b. Contratos de concessão
No caso do contrato de concessão para uso de bem público, ele visa à concessão de um
bem público para uma finalidade específica, podendo ser um pacto gratuito ou oneroso. É um
ato unilateral e não precário. A administração pública tem o direito de rescindir esse contrato
devido a interesses públicos, sendo que, se for por prazo determinado, deverá indenizar.
O contrato de concessão de serviço público precedido de obra pública é aquele que visa
à realização de atividades que se relacionem a qualquer tipo de obras, como a reforma.
d. Contrato de gestão
Existem, ainda, tipos de contratos que não são classificados como administrativos. Por
exemplo, os convênios, que constituem um acordo pactuado por entidades políticas ou entre
estas e particulares. Refere-se a um pacto que objetiva ao alcance de interesses comuns.
Outro exemplo é o consórcio, um acordo de vontades realizado entre instituições estatais,
possuindo as demais características semelhantes aos convênios.
São classificados como federais, estaduais e distritais, além dos municipais, sendo que
serão assim designados a depender de qual ente federativo pertence. Também podem ser
determinados segundo a sua destinação, sendo os bens de uso comum do povo aqueles
que podem ser utilizados por todos da sociedade. São bens de uso especial que se destinam
a possibilitar a prestação dos serviços públicos. Por fim, os dominicais, que não possuem
qualquer destinação.
Os bens públicos podem ser afetados ou desafetados a partir de fatos jurídicos que
alterem as suas utilidades, respeitando a classificação prevista no artigo 99 do Código Civil.
A afetação consiste na transformação de um bem que antes era dominical, para um bem
de uso comum do povo ou de uso especial. Assim, o que antes era alienável, não poderá
ser vendido. A desafetação é o contrário, subtraindo o objetivo que tinha o bem público,
transformando-o em dominical, o qual poderá ser alienado. É um exemplo de desafetação
quando um hospital deixa de funcionar como tal, e, portanto, torna-se abandonado e a
administração pública então resolve vendê-lo.
Aos bens públicos é dispendido uma maior proteção, somente podendo ser alienado se
preenchidos requisitos previstos em lei, e não podendo ser objeto de penhora, arresto ou
sequestro. Além disso, também não podem sofrer penhor ou hipoteca, além de não poderem
ser adquiridos através de usucapião.
Nesse momento, cabe uma observação. No caso de pessoas jurídicas de direito privado
que prestam serviços públicos, se retirar o bem que lhe pertence prejudicar a prestação
do serviço público, esse bem será impenhorável. Porém, caso não seja indispensável para
continuidade da prestação de serviços públicos, o bem será penhorável.
A administração pública pode adquirir bens por motivos contratuais, devido a fenômenos
da natureza ou pelo resultado de uma decisão jurídica.
Os bens públicos podem ser destinados para uma utilização especial privativa, quando
são utilizados para interesse particular para eventos temporários e ocasionais. Trata-se da
autorização de uso, que é feita por meio de ato administrativo unilateral, discricionário e
precário.
Além disso, também podem ser objeto de permissão de uso, havendo a possibilidade
existir tanto para fins de interesse público ou privado. São situações que são constantes, mas
que podem ser desfeitas com facilidade. É um ato unilateral, discricionário e precário.
A concessão de uso é outro meio de utilização especial privada, sendo realizada somente
por interesse público. Trata-se de situações mais permanentes, com grande investimento. É
formalizada através de contrato administrativo com licitação.
Destaca-se que os bens públicos são espécie dos recursos públicos, os quais consistem
em todo o patrimônio pertencente ao Estado.
A gestão fica a cargo dos agentes públicos. Ela é uma ampla descrição para explicar
de maneira genérica os indivíduos que servem ao poder público como instrumentos de sua
vontade ou ação, ainda quando apenas de maneira ocasional e temporária. Em vista dos
contratos, a função pública pode ser exercida de forma temporária ou permanente, com ou
sem remuneração, independentemente do vínculo.
Também se tem os magistrados e membros do Ministério Público. Esses agentes não têm
escolha meritória, mas sim por meio de concurso público, sendo que alguns não se consideram
como agentes políticos. Porém, o Supremo Tribunal Federal já firmou entendimento no
sentido de que também manifestam a vontade do Estado e, por isso, mesmo que não sendo
escolhidos por meios políticos, são agentes políticos.
São igualmente agentes públicos os servidores estatais, sendo todo aquele que atua
no poder público, seja na administração pública direta, seja na indireta. Divide-se em duas
categorias: servidor público e servidor de entidade governamental.
O servidor público atua em qualquer uma das pessoas jurídicas de direito público. O
regime adotado atualmente é o único, sendo que todos serão estatutários ou celetistas, não
podendo haver servidores em uma instituição regidos pelos dois regimes, por exemplo, haver
certa categoria de servidores em regime estatutário e outra categoria em regime celetista.
a. Concurso público — mesmo que seja conhecido como servidor de ente governamental,
deverá realizar concursos públicos, como é o caso, por exemplo, do Banco do Brasil,
Anatel etc.;
c. Teto remuneratório — atualmente, não poderá receber salário que seja maior que o
do Ministro da STF, salvo se o ente para que labora não receber dinheiro para custeio
– despesas diárias (art. 39, §9º, da CF);
e. Lei Penal — o art. 327 do CP enumera quem são considerados funcionários públicos,
incluindo os servidores de entes governamentais, sofrendo, desse modo, as
imposições desse diploma;
Considerações finais
Desse modo, os atos administrativos praticados pela administração pública resultam em
um conjunto deles, formando o processo. A consequência é o alcance da finalidade principal
visada e determinada em lei para o Estado: o alcance do interesse público.
Vários tipos de contratos podem ser firmados pelo Estado, podendo ser pactuados
entre entes da própria administração pública ou entre estes e particulares. As atividades são
desempenhadas pelos agentes públicos, sendo que estes atuam em nome do poder público
para que possam cumprir as funções descritas em lei.
Por fim, merece destaque os bens públicos, que também são influenciados por atos
administrativos, uma vez que a mudança de finalidade, quando necessária, é realizada por
meio de atos administrativos. Além disso, são os recursos públicos que permitem a realização
de contratos administrativos, visto que caracterizam todo o patrimônio público, sendo
destinados ao alcance do interesse público da melhor forma.
Referências
CARVALHO FILHO, José dos Santos. Manual Direito Administrativo. 24. ed. Rio de Janeiro:
Lumen Juris, 2010.
Temas
Introdução
1 Conceito de controle administrativo
2 Formas de controle administrativo
3 Controle administrativo propriamente dito
4 Controle legislativo
5 Controle jurisdicional
Considerações finais
Referências
Professor Autor
Bruno Bianchini
Senac São Paulo - Todos os Direitos Reservados 1
Direito Administrativo e Constitucional
Introdução
Nesta aula, você terá a oportunidade de conhecer os tipos, as formas e os órgãos
existentes para efetivar o controle das ações e atividades realizadas pela administração
pública. Nesse sentido, será necessário estudar a separação dos Poderes, pois são eles que
exercem o controle dos atos.
Para tanto, você estudará o controle realizado pela própria administração pública no
chamado “controle interno”.
Contudo, também estudará outras formas de controles externos, isto é, realizados por
um Poder distinto do que aquele que praticou o ato, tudo conforme determina a Constituição
da República de 1988. Culminam, por fim, nas ações ajuizadas perante o Poder Judiciário para
controle dos atos administrativos.
É importante destacar que toda atuação do Estado, seja por qualquer um de seus Poderes,
em qualquer esfera de atuação, é balizada pela Constituição Federal, princípios de Direito e
todo um sistema legislativo e normativo que deve ser devidamente observado. Qualquer
atuação fora desses parâmetros pode ser considerada inconstitucional, ilegal ou irregular,
passível de controle, seja por parte do próprio Estado, seja pelos cidadãos.
Art. 5º, II: ninguém será obrigado a fazer ou deixar de fazer alguma coisa senão em
virtude de lei;
Art. 37: A administração pública direta e indireta de qualquer dos Poderes da União,
dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios obedecerá aos princípios de
legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade e eficiência [...]. (BRASIL, 1988).
Pela leitura, percebe-se que a administração pública deve agir de acordo com a lei, sob
pena de controle.
III - exercer o controle das operações de crédito, avais e garantias, bem como dos
direitos e haveres da União;
O controle pode ser prévio, realizado antes da prática do ato; concomitante, no momento
da prática do ato, como na fiscalização de um contrato administrativo; e subsequente,
realizado após a prática do ato.
avalia a oportunidade e conveniência do ato praticado. Aqui, via de regra, o controle será
interno, visto que somente o próprio Poder é que pode avaliar os critérios de conveniência
e oportunidade dos atos que editou. Quando resolver por invalidar o ato, por motivo de
conveniência e oportunidade, ocorrerá a sua revogação.
Quanto ao órgão que realiza o controle, este pode ser: administrativo, Legislativo ou
Judiciário.
Meirelles (2012, p. 568) menciona a existência do controle hierárquico, que diz respeito
ao escalonamento dos órgãos do Poder Executivo, e o controle finalístico, que é o controle
exercido pela administração direta sobre as entidades que compõem a administração indireta.
Autotutela é o poder que possui a administração pública, por qualquer um de seus três
Poderes, de anular seus próprios atos, quando possuírem nulidades, podendo revogá-los
ou alterá-los por motivos de conveniência e oportunidade, devendo respeitar os direitos
adquiridos, o ato jurídico perfeito e a coisa julgada. Podemos mencionar a Súmula 473 do
Supremo Tribunal Federal, que diz:
A Administração pode anular seus próprios atos, quando eivados de vícios que os
tornem ilegais, porque deles não se originam direitos; ou revogá-los, por motivo de
conveniência ou oportunidade, respeitados os direitos adquiridos e ressalvada, em
todos os casos, a apreciação judicial. (BRASIL, 1969).
a. Direito de petição: previsto no art. 5º, inciso XXXIV, “a”. É assegurado a todos os
cidadãos o direito de peticionar aos Poderes Públicos em defesa de direito ou contra
ilegalidade ou abuso de poder. Exemplo: petição do beneficiário ao INSS para revisão
de benefício previdenciário.
4 Controle legislativo
É a modalidade de controle externo exercido pelo Poder Legislativo em todas as esferas
de atuação (federal, estadual e municipal). É uma das funções típicas do Poder Legislativo,
juntamente com a função de legislar. O controle é exercido, em sua maior parte, sobre o
Poder Executivo, e, em raras hipóteses, sobre o Poder Judiciário. Somente pode ocorrer nas
hipóteses expressamente previstas na Constituição. Diz o art. 49, V, IX e X, da Constituição:
[…] que terão poderes de investigação próprios das autoridades judiciais, além de
outros previstos nos regimentos das respectivas Casas, serão criadas pela Câmara
dos Deputados e pelo Senado Federal, em conjunto ou separadamente, mediante
requerimento de um terço de seus membros, para a apuração de fato determinado
e por prazo certo, sendo suas conclusões, se for o caso, encaminhadas ao Ministério
Público, para que promova a responsabilidade civil ou criminal dos infratores. (BRASIL,
1988).
5 Controle jurisdicional
Modalidade de controle externo exercida pelo Poder Judiciário. No Brasil, vigora o sistema
de jurisdição una, em que qualquer conflito de interesse pode ser levado ao Judiciário, que
possui o monopólio do exercício da jurisdição. Vale citar o art. 5º, inciso XXXV: “A lei não
excluirá da apreciação do Poder Judiciário lesão ou ameaça a direito” (BRASIL, 1988).
limites, sendo que, ao judiciário, não cabe substituir o administrador público em questões de
mérito (conveniência e oportunidade). O controle judicial deve se ater a questões de legalidade
e à observância dos princípios de direito administrativo. Assim, os atos administrativos, via de
regra, não podem ser revistos pelo Judiciário quanto ao seu mérito, somente quanto à sua
legalidade.
Qualquer cidadão é parte legítima para propor ação popular que vise a anular ato
lesivo ao patrimônio público ou de entidade de que o Estado participe, à moralidade
administrativa, ao meio ambiente e ao patrimônio histórico e cultural, ficando o
autor, salvo comprovada má-fé, isento de custas judiciais e do ônus da sucumbência.
(BRASIL, 1988).
O autor da ação popular pode ser maior de 16 e menor de 18 anos, visto que são cidadãos
em pleno gozo dos direitos políticos (podem votar). Pessoas jurídicas ou estrangeiros não
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Direito Administrativo e Constitucional
podem ajuizar a ação popular, bem como o Ministério Público. Pessoas que tiveram seus
direitos políticos suspensos ou perdidos (art. 15 da Constituição Federal) não podem ser
autores.
A ação é proposta contra o agente público ou contra qualquer responsável pela prática
do ato lesivo. A entidade pública prejudicada deverá ser citada para participar do processo,
podendo assumir o polo ativo ou passivo da ação.
Pode ser proposto por qualquer pessoa, física ou jurídica, contra o órgão responsável
pela omissão. (BRASIL, 1988).
Essa ação constitucional visa a garantir a liberdade das pessoas decorrente de prisão
ilegal. O habeas corpus pode ser preventivo, quando alguém tiver sua liberdade ameaçada por
ato ilegal do Estado; ou repressivo, quando a prisão ilegal já se concretizou. O habeas corpus é
ação gratuita (art. 5º, LXXVII), podendo ser impetrado por qualquer pessoa, em nome próprio
ou de terceiro, maior ou menor de idade. A ação de habeas corpus está regulamentada no
Código de Processo Penal, nos arts. 647 e seguintes. Diz o art. 647 do referido Código:
Dar-se-á habeas corpus sempre que alguém sofrer ou se achar na iminência de sofrer
violência ou coação ilegal na sua liberdade de ir e vir, salvo nos casos de punição
disciplinar. (BRASIL, 1941).
b. para a retificação de dados, quando não se prefira fazê-lo por processo sigiloso,
judicial ou administrativo. (BRASIL, 1988).
Conforme o art. 7º, inciso III, da Lei nº 9.507/97, o habeas data pode ser ajuizado “[...]
para a anotação nos assentamentos do interessado, de contestação ou explicação sobre
dado verdadeiro mas justificável e que esteja sob pendência judicial ou amigável” (BRASIL,
1997). O habeas data é uma ação constitucional e está regulamentado pela Lei nº 9.507/97.
A competência para julgamento é determinada pela entidade estatal que mantém o registro
ou banco de dados. A ação pode ser proposta contra entidades da administração direta ou
indireta, dos órgãos públicos e de entes despersonalizados que mantenham banco de dados
sobre a pessoa. A autoridade será notificada a prestar informações no prazo de dez dias,
sendo que, após, deverá o Ministério Público se manifestar no prazo de cinco dias.
Considerações finais
Podemos concluir com o estudo do controle administrativo que a administração pública,
em todas as suas formas, quando pratica a atividade de administrar, está sujeita ao controle
dos seus atos, tanto internamente quanto externamente.
Referências
ALEXANDRINO, Marcelo; PAULO, Vicente. Direito Administrativo Descomplicado. São Paulo:
Método, 2014.
______. Decreto-lei nº 3.689, de 3 de outubro de 1941. Código de Processo Penal. Diário Oficial
da União, Brasília, DF, 3 out. 1941. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/
decreto-lei/Del3689.htm>. Acesso em: 29 set. 2015.
______. Supremo Tribunal Federal. Súmula nº 473. Diário de Justiça, 12 dez. 1969. Disponível
em: <http://www3.dataprev.gov.br/sislex/paginas/75/STF/473.htm>. Acesso em: 29 set. 2015.
MEIRELLES, Hely Lopes. Direito Administrativo Brasileiro. São Paulo: Malheiros, 2009.
Temas
Introdução
1 Controle Judicial
2 Sistemas administrativos
3 A Fazenda Pública em juízo
Considerações finais
Referências
Professor Autor
Bruno Bianchini
Senac São Paulo - Todos os Direitos Reservados 1
Direito Administrativo e Constitucional
Introdução
Na presente aula, teremos a oportunidade de estudar o controle judicial da administração
pública através das ações constitucionalmente previstas, a exemplo da ação de mandado de
segurança contra ato coator realizado pela autoridade administrativa.
Ainda, analisaremos os sistemas de jurisdição que um país pode adotar, criando ou não
tribunais administrativos. Inclusive, estudar a situação jurídica no Brasil no ponto em questão.
Por fim, estudaremos as prerrogativas e sujeições que estão afetas à Fazenda Pública
quando em Juízo. Isso porque a Fazenda Pública necessita de prerrogativas em virtude de sua
própria condição de detentora da coisa do povo. Bons estudos!
1 Controle Judicial
Segundo Alexandrino e Paulo (2014, p. 918):
[...] não faria sentido o juiz, órgão voltado à atividade jurisdicional, muitas vezes
distante da realidade e das necessidades administrativas, substituir, pela sua, a ótica
do administrador. Significa que, se fosse dado ao juiz decidir sobre a legitimidade de
valoração de oportunidade e conveniência realizada pelo administrador na prática de
atos discricionários de sua competência, estaria esse juiz substituindo o administrador
no exercício dessa atividade valorativa [...].
O controle judicial dos atos da administração pública é realizado sempre por provocação
do interessado. Algumas ações podem ser citadas como meios de controle judicial dos atos
da administração, são elas: habeas corpus (art. 5º, inciso LXVIII, da Constituição Federal),
habeas data (art. 5º, inciso LXXII, da CF), mandado de segurança (art. 5º, inciso LXIX, da CF),
mandado de injunção (art. 5º, inciso LXXI, da CF), ação popular (art. 5º, inciso LXXIII, CF), ação
O mandado de segurança pode ser individual ou coletivo, possui rito especial sumário e
está regulamentado pela Lei nº 12.016/09.
O titular do direito pode ser pessoa física ou jurídica, nacional ou estrangeira. Pode
ser pessoa jurídica pública (autarquia, por exemplo) ou privada. A autoridade coatora será
notificada para prestar informações em juízo no prazo de dez dias. Particulares que atuem
por delegação ou autorização do poder público também podem figurar como autoridades
coatoras, como estabelecimentos privados de ensino, sindicatos, concessionários de serviços
públicos etc.
Qualquer cidadão é parte legítima para propor ação popular que vise a anular ato
lesivo ao patrimônio público ou de entidade de que o Estado participe, à moralidade
administrativa, ao meio ambiente e ao patrimônio histórico e cultural, ficando o
autor, salvo comprovada má-fé, isento de custas judiciais e do ônus da sucumbência.
(BRASIL, 1988).
Cita-se, por exemplo, a ação popular ajuizada contra a Prefeitura de Macapá e contra o
Prefeito Municipal para que providenciem, no prazo de 24 horas, coleta da totalidade do lixo
disposto nas ruas da capital. Para saber mais, acesse o link disponível na Midiateca da aula.
Podem ajuizar ação civil pública o Ministério Público (art. 129, III, da CF); a Defensoria
Pública; a União, os estados, o Distrito Federal e os municípios; as autarquias, empresas
públicas e sociedades de economia mista; os órgãos públicos (quando houver vínculo entre
seus fins e o objeto da ação); as associações constituídas há pelo menos um ano e que tenham
por finalidade a defesa do interesse objeto da ação; e, por fim, os sindicatos.
Por exemplo, o Ministério Público ajuizou ação civil pública contra a Companhia de
Saneamento de Sergipe em virtude de irregularidades em estação de tratamento de esgoto,
causando poluição no Rio Poxim, que banha a região. Para saber mais, acesse o link disponível
na Midiateca da aula.
O Unafisco vai entrar, em breve, no STF (Supremo Tribunal Federal) com Mandado de
Injunção – instrumento jurídico apropriado para garantir o direito de alguém prejudicado
diante da omissão legislativa na regulamentação de normas da Constituição – para garantir
aposentadoria especial aos Auditores-Fiscais, uma vez que exercem “atividade de risco”. Para
saber mais, acesse o link disponível na Midiateca da aula.
Por exemplo, mandado de injunção ajuizado pelo Sindicato dos Servidores do Poder
Judiciário para dar efetividade ao artigo 37, VII, da Constituição, permitindo o direito de greve
dos servidores públicos.
Essa ação constitucional visa garantir a liberdade das pessoas decorrente de prisão ilegal.
O habeas corpus pode ser preventivo, quando alguém tiver sua liberdade ameaçada por ato
ilegal do Estado; ou repressivo, quando a prisão ilegal já se concretizou.
O habeas corpus é ação gratuita (art. 5º, LXXVII, CF/88), podendo ser impetrado
por qualquer pessoa, em nome próprio ou de terceiro, maior ou menor de idade. Está
regulamentada no Código de Processo Penal, no artigo 647 e seguintes. Diz o mencionado
artigo 647:
Dar-se-á habeas corpus sempre que alguém sofrer ou se achar na iminência de sofrer
violência ou coação ilegal na sua liberdade de ir e vir, salvo nos casos de punição
disciplinar. (BRASIL, 1941).
II. para a retificação de dados, quando não se prefira fazê-lo por processo sigiloso,
judicial ou administrativo; [...] (BRASIL, 1997).
Ainda, conforme o art. 7º, inciso III, da Lei nº 9.507/97, o habeas data pode ser ajuizado
“[...] para a anotação nos assentamentos do interessado, de contestação ou explicação sobre
dado verdadeiro mas justificável e que esteja sob pendência judicial ou amigável” (BRASIL,
1997).
A ação pode ser proposta contra entidades da administração direta ou indireta, órgãos
públicos e entes despersonalizados que mantenham banco de dados sobre a pessoa. A
autoridade será notificada a prestar informações no prazo de dez dias, sendo que, após,
deverá o Ministério Público se manifestar no prazo de cinco dias.
2 Sistemas administrativos
Podemos conceituar sistema administrativo como o regime adotado pelo Estado com
a finalidade de controle dos atos administrativos ilegais ou ilegítimos praticados pelo poder
público em todas as esferas e de todos os Poderes. São dois os sistemas existentes: sistema
inglês e sistema francês.
Assim, ainda que o conflito tenha, ou não, sido decidido administrativamente, restará,
sempre, ao cidadão, a opção de levar seu caso ao Judiciário, para que este decida a questão
definitivamente e com poder legítimo de coerção de seus julgados.
Como dito, o Brasil adotou o sistema inglês, de jurisdição única, prestigiado pelo princípio
da inafastabilidade da jurisdição, previsto no artigo 5º, XXXV, da Constituição Federal de 1988,
que é direito fundamental e considerado cláusula pétrea.
Pela leitura, percebe-se novamente que o sistema de jurisdição adotado pelo Brasil é o
sistema inglês.
Denomina-se Fazenda Pública, o Estado, quando em juízo, por qualquer de seus entes
Visto que a Fazenda Pública tutela o interesse público, a lei lhe confere uma condição
processual diferenciada. Assim, para que a Fazenda Pública possa atuar de maneira ampla,
justifica-se o estabelecimento de determinadas prerrogativas processuais.
Assim, de acordo com o art. 109, I, da Constituição, compete à Justiça Federal conhecer
as ações em que a União, suas autarquias e empresas públicas forem interessadas.
Vale destacar que as autarquias possuem o mesmo foro e juízo da respectiva entidade
estatal a que pertencem e gozam de todas as prerrogativas processuais inerentes à Fazenda
Pública quanto a prazos, custos, prescrição etc., ocorrendo quanto às fundações públicas.
Quanto às empresas estatais (empresas públicas, sociedades de economia mista, serviços
sociais autônomos e entes de cooperação em geral), elas não possuem as mesmas prerrogativas
processuais inerentes à Fazenda Pública, visto que, via de regra, apesar de serem entidades
públicas, possuem regime de direito privado.
Quanto aos municípios, são representados em juízo por seus procuradores ou por seu
prefeito. A atuação por procuradores municipais depende de Lei Municipal. Em municípios
de pequeno porte em que não há o cargo de procurador, entende-se que o prefeito poderá
constituir advogado para exercer a função de defesa do município, mediante procuração.
Com relação à instrução de provas a serem colhidas nos processos da Fazenda Pública,
ocorre com os meios de prova previstos na legislação comum civil e processual civil, com a
apresentação, via de regra, de eventual procedimento administrativo relativo à causa, como
nas causas previdenciárias, por exemplo.
A participação do Ministério Público, embora não seja obrigatória, poderá ocorrer nos
termos do art. 82, III, nos casos em que “[...] houver interesse público evidenciado pela
natureza da lide ou da qualidade da parte” (BRASIL, 1973).
de ofício produzem efeito suspensivo, ou seja, não podem ser executadas as decisões até o
julgamento do recurso, salvo nos mandados de segurança.
O procedimento para a execução contra a Fazenda Pública está previsto no art. 730 do
Código de Processo Civil. Quando a Fazenda Pública for a exequente, o procedimento será o
da Lei de Execuções Fiscais (Lei nº 6.830/80).
A Fazenda Pública não é citada para pagar, como nas execuções contra particulares. É
citada para opor embargos. Quando não forem opostos ou forem julgados improcedentes,
serão expedidos os precatórios.
Considerações finais
Tivemos a oportunidade de estudar mais a fundo as ações constitucionais existentes
com vistas a exercer o controle judicial sobre a administração pública, com destaque para a
Ação Civil Pública destinada a proteger bens e direitos difusos e coletivos.
Com relação ao sistema de jurisdição adotado pelo Brasil, percebemos que adota o
sistema inglês de jurisdição única, não cabendo a tribunais administrativos darem a última
palavra a respeito do direito controverso, mas sim ao próprio Poder Judiciário.
Referências
ALEXANDRINO, Marcelo; VICENTE, Paulo. Direito Administrativo Descomplicado. São Paulo:
Método, 2014.
______. Decreto-lei nº 3.689, de 3 de outubro de 1941. Código de Processo Penal. Diário Oficial
da União, Brasília, DF, 3 out. 1973. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/
decreto-lei/Del3689.htm>. Acesso em: 20 set. 2015.
______. Lei nº 5.869, de 11 de janeiro de 1973. Institui o Código de Processo Civil. Diário Oficial
da União, Brasília, DF, 11 jan. 1973. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/
L5869.htm>. Acesso em: 20 set. 2015.
Objetivos Específicos
• Compreender a finalidade e a função fiscalizadora do Poder Legislativo sobre
as ações do Executivo.
• Estudar as modalidades de controle legislativo: convocação de autoridade
pública, CPI, fiscalização financeira e orçamentária, utilização e alienação de
Temas
Introdução
1 Controle Judicial
2 Sistemas administrativos
3 A Fazenda Pública em juízo
Considerações finais
Referências
Professor Autor
Bruno Bianchini
Direito Administrativo e Constitucional
Introdução
Na presente aula, teremos a oportunidade de estudar as formas de controle realizadas
pelo Poder Legislativo com o auxílio dos Tribunais de Contas sobre o Poder Executivo.
Para tanto, estudaremos que o Poder Legislativo possui a função típica de criar normas
jurídicas, a exemplo das Leis Ordinárias e das Leis Complementares. Contudo, o Poder
Legislativo também possui outra função expressamente determinada pela Constituição
Federal, que é a função de fiscalizar o uso do dinheiro público e dos bens públicos.
Essa função é sim uma forma de ingerência do Poder Legislativo sobre o Poder Executivo,
contudo, não se mostra contrária à Constituição, que preza pelo equilíbrio da balança de
Poderes. Isso se dá justamente porque a autorização para fiscalização do Poder Executivo
pelo Poder Legislativo advém da própria Constituição, que autoriza a fiscalização e também
impõe limites, a fim de evitar abusos.
As funções típicas do Poder Legislativo são: legislar, ou seja, inovar a ordem jurídica
criando leis; e fiscalizar a gestão da coisa pública com auxílio dos Tribunais de Contas, tanto
da União como dos estados e até mesmo de alguns municípios.
Com relação ao Poder Judiciário, são poucas as possibilidades de controle pelo Poder
Legislativo. A função fiscalizatória desse Poder pode ser classificada em controle político-
administrativo, relativo à própria gestão da coisa pública, e controle financeiro-orçamentário,
As funções atípicas do Poder Legislativo, isto é, aquelas funções anormais, são: administrar
e julgar. O Legislativo exerce a função de administrar quando promove sua organização
interna, constitucionalmente prevista. Ainda, exerce a função de julgamento quando, por
exemplo, o Congresso Nacional julga as contas dos administradores e demais responsáveis
por verbas públicas (art. 71, II, CF) e o Senado Federal julga determinadas autoridades nos
crimes de responsabilidade (art. 52, I e II e parágrafo único).
Vale mencionar que, nos âmbitos Estadual, Distrital e Municipal, o controle Legislativo
é exercido pelas Assembleias Legislativas, pela Câmara Distrital e pelas Câmaras Municipais.
Quanto ao controle exercido pelo Congresso Nacional, podemos citar o art. 49, inciso X,
da Constituição, que diz:
Vale citar o art. 49, V, da CF, que prevê hipótese de sustação, pelo Congresso Nacional, de
atos do Poder Executivo que exorbitem do poder regulamentar ou da delegação legislativa.
Trata-se de controle de legalidade e legitimidade.
Esse artigo deve ser interpretado em conjunto com os artigos. 84, IV, e 68 § 2º da
Constituição.
O art. 84, IV, disciplina o poder regulamentar do Presidente da República para editar
decretos e regulamentos, visando ao fiel cumprimento das leis. Em outras palavras,
especificam determinada lei, que, por sua natureza, é genérica.
O art. 68 trata das leis delegadas, elaboradas pelo Presidente da República, o qual deverá
Por fim, o art. 71, § 1º, da Constituição, prevê forma de controle de contratos considerados
ilegais ou irregulares, como segue:
Art. 71. O controle externo, a cargo do Congresso Nacional, será exercido com o auxílio
do Tribunal de Contas da União, ao qual compete: [...]
não sendo possível a criação para investigação genérica, sem delimitação dos fatos.
a. Requerimento de um terço dos membros da casa que pleiteia a criação (Câmara dos
Deputados; Senado Federal; ou Congresso Nacional em caso de Comissão Parlamentar
Mista);
As Comissões são autônomas, ou seja, não dependem nem possuem relação com
eventuais investigações das polícias judiciárias ou mesmo do Ministério Público.
Não podem ser criadas CPIs pelas casas do Congresso Nacional para investigação de fatos
ligados, exclusivamente, à competência de estados e municípios, sob pena de interferência
indevida por parte da União, o que seria ofensivo à autonomia desses entes federativos.
As CPIs possuem competência para convocar e inquirir quaisquer pessoas, seja como
testemunha, seja como investigada, utilizando-se, para tanto, das regras do Código de Processo
Penal. Podem ordenar a condução coercitiva, obrigatória, de testemunha que, intimada,
não compareça. O Supremo Tribunal Federal entende que o silêncio pode ser utilizado por
testemunha caso esta entenda que a resposta às perguntas possam lhe incriminar, visto que
ninguém pode ser obrigado a produzir prova contra si mesmo.
Art. 50. A Câmara dos Deputados e o Senado Federal, ou qualquer de suas Comissões,
poderão convocar Ministro de Estado ou quaisquer titulares de órgãos diretamente
subordinados à Presidência da República para prestarem, pessoalmente, informações
sobre assunto previamente determinado, importando crime de responsabilidade a
ausência sem justificação adequada.
[...]
Com relação aos estados e aos municípios, havendo previsão equivalente nas respectivas
Constituições e Leis Orgânicas, poderão ser convocadas autoridades para prestarem
informações.
Parágrafo único. Prestará contas qualquer pessoa física ou jurídica, pública ou privada,
que utilize, arrecade, guarde, gerencie ou administre dinheiros, bens e valores públicos
ou pelos quais a União responda, ou que, em nome desta, assuma obrigações de
natureza pecuniária. (BRASIL, 1988).
O controle financeiro externo, exercido pelo Poder Legislativo, com auxílio dos Tribunais
de Contas, tem o intuito de fiscalizar a probidade da atuação da administração pública e,
especialmente, fiscalizar o uso do dinheiro público. O controle abrange as áreas contábil,
orçamentária, financeira, patrimonial e operacional.
Art. 71. O controle externo, a cargo do Congresso Nacional, será exercido com o auxílio
do Tribunal de Contas da União, ao qual compete:
III - apreciar, para fins de registro, a legalidade dos atos de admissão de pessoal, a
qualquer título, na administração direta e indireta, incluídas as fundações instituídas
e mantidas pelo Poder Público, excetuadas as nomeações para cargo de provimento
em comissão, bem como a das concessões de aposentadorias, reformas e pensões,
ressalvadas as melhorias posteriores que não alterem o fundamento legal do ato
concessório;
Com relação aos bens públicos, diz o parágrafo único do art. 70 da Constituição, que
prestará contas ao Congresso Nacional qualquer pessoa física ou jurídica, pública ou privada,
que utilize, arrecade, guarde, gerencie ou administre dinheiro, bens e valores públicos ou
pelos quais a União responda, ou que, em nome desta, assuma obrigações de natureza
pecuniária.
Considerações finais
Por toda a leitura do texto, tivemos a oportunidade de aprender sobre o controle que o
Poder Legislativo exerce sobre o Poder Executivo no que pertence à fiscalização das contas
públicas. Além da função de criar novas leis, cabe ao Poder Legislativo proceder à fiscalização
política, contábil, financeira, orçamentária, operacional e patrimonial do Poder Executivo.
O controle exercido pelo Poder Legislativo é feito com o auxílio dos Tribunais de Contas
respectivos, tanto na esfera Federal quanto na esfera Estadual e até na esfera Municipal.
Referências
BRASIL. Constituição (1988). Constituição da República Federativa do Brasil. Diário Oficial
da União, Brasília, DF, 5 out. 1988. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/
constituicao/ConstituicaoCompilado.htm>. Acesso em: 20 jun. 2015.
Temas
Introdução
1 Eficácia das normas constitucionais
2 Controle de constitucionalidade
3 Atos administrativos
4 Contratos administrativos e cláusulas exorbitantes
5 Controle jurisdicional dos atos da administração
6 A Fazenda Pública em juízo
7 Comissões Parlamentares de Inquérito (CPIs)
Considerações finais
Referências
Professor Autor
Bruno Bianchini
Senac São Paulo - Todos os Direitos Reservados 1
Direito Administrativo e Constitucional
Introdução
Na presente aula, teremos a oportunidade de rever os principais assuntos tratados até
o momento.
De início, é importante rever a eficácia das normas fundamentais, isto é, quando podem
ser aplicadas imediatamente e quando necessitam de regramento infraconstitucional.
Os atos e contratos administrativos serão objeto de estudo também, pois toda vez que
a administração pública se manifesta para atender ao interesse público o faz através de
atos administrativos ou mesmo firmando contratos, quando então possuem prerrogativas
inerentes à sua própria condição de administração, as chamadas cláusulas exorbitantes.
É relevante estudar também o controle que o Poder Judiciário exerce sobre os atos da
administração pública, incluídos aí principalmente os atos do Poder Executivo. Basicamente,
o controle é feito através do ajuizamento perante o Poder Judiciário de ações constitucionais.
Serão vistos os principais tópicos da Fazenda Pública em juízo, uma vez que, por defender
o próprio interesse público, possui prerrogativas processuais que lhe conferem verdadeira
vantagem, não disponíveis ao litigante comum, por exemplo, o pagamento de suas dívidas
através do regime de precatórios.
Bons estudos!
A questão é a seguinte: para uma norma constitucional ser aplicada, ela necessita ser
eficaz. Algumas das normas possuem eficácia plena, isto é, aplicam-se de maneira total e
imediata. Outras normas possuem eficácia contida, que também se aplicam de maneira total
e imediata, contudo, poderão sofrer limitação ou restrição por outras normas a critério do
legislador. E, por fim, as normas de eficácia limitada, que não se aplicam até que venha outra
norma criada pelo legislador informando como será aplicada.
Senac São Paulo - Todos os Direitos Reservados 2
Direito Administrativo e Constitucional
Perceba o seguinte exemplo: o artigo 5º, inciso XII, da Constituição Federal afirma que:
Porém, a Lei de Execução Penal restringiu a eficácia desse inciso afirmando que, em
hipóteses excepcionais, quando haja fundadas suspeitas de que um crime esteja sendo
cometido, o diretor do presídio poderá violar as correspondências do preso suspeito. Com essa
medida, pode-se dizer que é inviolável o sigilo das correspondências, e que existem exceções,
restrições criadas pelo próprio legislador que diminuem o alcance da norma constitucional.
Pela leitura, percebe-se que somente será possível exercer o direito de greve quando
houver lei específica determinando os limites do direito.
2 Controle de constitucionalidade
Pode-se conceituar o controle de constitucionalidade como a adequação de normas
entre a norma inferior com relação à norma constitucional. Toda vez que uma lei estiver em
confronto de ideias com a Constituição será necessário expurgar a lei do sistema através do
controle de constitucionalidade.
Preventivo é o controle que ocorre antes da elaboração da lei ou norma. Por exemplo,
quando o projeto de lei é reprovado na Comissão de Constituição e Justiça.
De acordo com o artigo 103 da Constituição Federal, podem propor a ação direta de
inconstitucionalidade:
I. o Presidente da República;
Art. 97. Somente pelo voto da maioria absoluta de seus membros ou dos membros do
respectivo órgão especial poderão os tribunais declarar a inconstitucionalidade de lei
ou ato normativo do Poder Público. (BRASIL, 1988).
Logo, caberá ao Supremo Tribunal Federal, por votação de maioria absoluta dos membros,
declarar a inconstitucionalidade de lei ou ato normativo, não sendo possível nessa forma de
controle o julgamento monocrático, isto é, realizado por apenas um ministro.
3 Atos administrativos
Podemos conceituar atos administrativos como ações praticadas pelo Estado com a
finalidade de atender ao interesse público. Em outros termos, atos administrativos são as
manifestações de vontade da administração para a prestação de serviços públicos e afins.
Para praticar um ato administrativo, o sujeito de ser competente, isto é, aquele apontado
pela lei como o responsável pela prática do ato, sob pena de incompetência.
Definir a forma do ato é exteriorizar a maneira como ele será produzido. Muitas vezes, a
forma do ato está prevista em lei, e, quando isso ocorre, é obrigatório que sejam respeitados
os termos legais para que o ato possa produzir seus efeitos. Não sendo respeitada a forma
do ato, este será considerado inválido. Por exemplo, alguns atos administrativos devem ser
necessariamente escritos e assinados por duas autoridades distintas para serem válidos. Se
tais requisitos não forem cumpridos, não há que se falar em validade do ato.
Mas, cuidado, o motivo de se expedir um ato não se confunde com motivação. O motivo
é a razão prévia que levou à prática do ato; por sua vez, motivação é a obrigação que a
administração possui em justificar expressamente a necessidade de praticá-lo.
Há ainda o objeto do ato administrativo. Isto é, o que se busca com a prática do ato.
Juridicamente, se diz que é o efeito jurídico imediato que o ato praticado produzirá. Para
identificar o objeto do ato, basta fazer a seguinte pergunta: o que se pretende alcançar com
a prática desse ato específico? A resposta é a definição do objeto do ato.
Por fim, todo ato administrativo deve procurar a finalidade de atender ao interesse
público. Portanto, falar em finalidade é pretender atingir ao interesse de todos. Nenhum ato
praticado pode ter finalidade distinta desta. Ainda que o objeto do ato não seja uma atuação
geral e impessoal, o que aparentemente leve a considerar que o ato não cumpre o requisito
do interesse público, deve-se atentar para o fato de a finalidade administrar bem a coisa
pública para o interesse geral.
No que tange ao grau de liberdade que o administrador possui para expedir o ato, a
doutrina classifica o ato administrativo em vinculado e discricionário.
Ato vinculado é o ato administrativo regrado em que o administrador não tem espaço
para fazer algo distinto do que a lei determina. Por exemplo, aquele que cumpre todos os
requisitos determinados em lei para adquirir a licença para dirigir terá direito à obtenção da
Carteira Nacional de Habilitação. Nesse exemplo, não cabe ao administrador negar o direito
à licença se o candidato preencheu todos os requisitos em lei. Diferente é no caso de ato
discricionário, como será visto agora.
O ato discricionário é aquele em que a lei determina que seja praticado pelo administrador,
contudo, confere ao administrador variadas maneiras de praticá-lo, havendo espaço para
avaliação pessoal do administrador sobre qual a melhor forma de agir, tudo com vistas a
atingir o interesse público. Mas, cuidado, não é dado ao administrador agir fora dos limites
da lei. Por exemplo, autorização para porte de arma de fogo. Ainda que o solicitante cumpra
todos os requisitos determinados em lei, a autoridade poderá, se julgar de interesse público,
negar a autorização para o porte.
Além disso, é interessante afirmar que a administração pública pode aplicar diretamente
sanções em virtude de irregularidades do particular na execução do contrato, mesmo sem
manifestação do Poder Judiciário a respeito, por exemplo, aplicação de multa pelo atraso em
determinada construção de obra.
b. Seguro-garantia;
c. Fiança bancária.
Nesse sentido, o controle judicial exercido sobre os atos da administração poderá incidir
sobre quaisquer tipos de atos, contratos ou mesmo decisões administrativas.
Pelo princípio da inércia da jurisdição, o Poder Judiciário não se manifesta, a não ser que
seja provocado pela parte que interessa. Dito isso, levando-se as ações ao Poder Judiciário,
este poderá, então, julgar de acordo com o livre convencimento motivado, através das
seguintes ações:
Para o ajuizamento da ação, é necessário que o proponente seja cidadão, isto é, pessoa
física em pleno exercício dos direitos políticos. Por exemplo, ação popular ajuizada por cidadão
contra autoridade pública que venha a conceder alvará ambiental para desmatamento de
forma ilegal.
Primeiramente, cabe à Justiça Federal processar e julgar ações em que a União ou suas
autarquias e empresas públicas sejam parte.
Salvo exceções, as decisões proferidas contra a Fazenda estão sujeitas ao duplo grau de
jurisdição para sua confirmação, isto é, precisam ser confirmadas pelo tribunal respectivo,
ainda que não haja recurso voluntário.
A Fazenda não está sujeita a penhora ou a nenhum tipo de restrição judicial de seus bens,
pagando suas dívidas através do regime de precatório, em que os credores entram em lista
cronológica para recebimento dos valores devidos pela Fazenda. Para tanto, a Constituição
Federal determina que a Fazenda deverá incluir em seu orçamento verbas necessárias para
pagamento dos precatórios que, se apresentados até 1º de julho de determinado ano, deverá
ser quitado até o final do ano seguinte.
O procedimento para execução contra a Fazenda Pública está descrito no artigo 730 do
Código de Processo Civil.
São criadas pela Câmara de Deputados, pelo Senado Federal ou, conjuntamente, pelo
Congresso Nacional, quando serão consideradas CPIs mistas.
Há que prestar atenção para o detalhe: devem ser criadas para apurar fato determinado,
não cabendo à criação para investigações genéricas, sem especificações definidas.
Ademais, são comissões criadas com prazo determinado, sendo vedada a criação com
prazo indeterminado de conclusão.
Considerações finais
Pela leitura da presente aula, tivemos a oportunidade de relembrar os principais
assuntos comentados em nosso curso, dando-se ênfase à eficácia das normas fundamentais,
isto é, quando passam a ter validade, eficácia. Após, é importante o estudo do controle de
constitucionalidade em sua principal ação, qual seja, a ação direta de inconstitucionalidade,
com o objetivo de expurgar do ordenamento jurídico pátrio aquelas normas infraconstitucionais
que não estejam de acordo com o texto constitucional.
O estudo da Fazenda Pública em juízo é de grande importância, uma vez ser esta a maior
litigante perante o Poder Judiciário brasileiro, momento em que foram vistas as diferenças e
os privilégios que a Fazenda possui, em virtude de defender o interesse público em si.
Referências
BRASIL. Constituição (1988). Constituição da República Federativa do Brasil. Diário Oficial
da União, Brasília, DF, 5 out. 1988. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/
constituicao/ConstituicaoCompilado.htm>. Acesso em: 20 jun. 2015.
______. Lei nº 8.666, de 21 de junho de 1993. Regulamenta o art. 37, inciso XXI, da Constituição
Federal, institui normas para licitações e contratos da Administração Pública e dá outras
providências. Diário Oficial da União, Brasília, DF, 21 jun. 1993. Disponível em: <http://www.
planalto.gov.br/ccivil_03/Leis/L8666cons.htm>. Acesso em: 21 set. 2015.