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Objetivos Específicos
• Conhecer o conceito e princípios de inovação, com ênfase na Gestão Pública.
• Compreender as diferenças conceituais entre inovação, descoberta, invenção,
imitação, mudança e criatividade.
• Conhecer técnicas da administração que ajudam a desenvolver a inovação e
a criatividade.
Temas
Introdução
1 A inovação no setor público como conceito
2 A inovação como resultado de um processo criativo
Considerações finais
Referências
Professor Autor
Antonio Marcos Barreto França
Desafios Contemporâneos e Inovações na Gestão Pública
Introdução
A afirmação de uma cidadania cada vez mais ampla e de uma sociedade cada vez mais
inclusiva e participativa tem exigido, por parte da administração pública, uma eficiência cada
vez maior sobre um leque de problemas cada vez mais extenso.
A resposta, em nossa opinião, está na criatividade. Sem ela, torna-se muito difícil ao
Estado cumprir sua missão de oferecer aos cidadãos serviços abrangentes e de qualidade.
Por outro lado, novos temas vêm sendo gradativamente acrescentados à agenda da
administração. Dentre os novos desafios enfrentados pelo poder público, podemos citar:
defesa do meio ambiente, diversidade de gênero, combate ao tráfico de drogas, transporte,
moradia, infraestrutura, emprego, igualdade racial, combate à corrupção e mais uma
infinidade de questões que, se negligenciadas, podem se transformar em problemas de
dimensões consideráveis.
Iniciaremos com o conceito de inovação. Uma das definições clássicas e mais aceitas
a respeito deste tema foi dada por Joseph AloisSchumpeter, um dos mais importantes
economistas da primeira metade do século XX, e também um dos primeiros a considerar as
inovações tecnológicas como a base do desenvolvimento da economia capitalista. Segundo
Schumpeter (1961), inovações são modificações introduzidas no sistema de produção que
alteram substancialmente as relações entre produtores e consumidores, criando uma ruptura
no sistema econômico e tirando-o do estado de equilíbrio, com alterações nos padrões de
produção e diferenciação das empresas (SCHUMPETER, 1961):
De acordo com esse conceito, uma mudança que não traga um ganho econômico
não pode ser considerada como inovação. Schumpeter reserva esse conceito para aquelas
mudanças que tragam ganhos, seja pela introdução de um processo de fabricação mais
eficiente, pela redução de custos ou por um aumento de qualidade que possa ser repassado
aos consumidores, por exemplo.
I. os consumidores estão abrindo mão de sua liberdade, bem como do seu dinheiro
ao autorizar o governo a agir em seu nome;
Em nossa maneira de ver, o ponto primordial é que o setor público não busca o lucro, e,
por esse motivo, é necessário buscar uma análise com o foco voltado especificamente para
essa área, como a que nos fornece Luiz Guilherme de Oliveira:
Em relação ao marco teórico para análise, um dos primeiros pontos é a busca por
uma definição conceitual de inovação do setor público, uma vez que há de se ter
claro que, de forma geral, a inovação envolve uma modificação que gera por sua vez
ganhos econômicos. No caso de inovação no setor público, ganhos econômicos não
significam, necessariamente, retornos econômicos financeiros, mas, sim, retornos
positivos para a sociedade. Assim, definir inovação para o setor público passa a ser
mais complexo do que definir inovação para o setor privado, onde os mecanismos de
incentivos sempre são muito claros e explícitos. (OLIVEIRA, 2014, p. 47).
Mas, ainda assim, é necessário definir o que seriam “retornos positivos para a sociedade”.
Na verdade, esse conceito é bastante amplo, pois uma fábrica que se instale em determinada
1 No setor privado, como as empresas visam objetivos monetários, estes ganhos podem ser analisados considerando-se, principalmente, as
variações de custo, volume e o lucro obtido na produção de determinado bem ou serviço.
cidade, se criar empregos, estará gerando retornos positivos para a comunidade local, mas
não estará inovando. Vamos então estabelecer um pensamento paralelo ao aplicado por
Schumpeter ao setor privado:
Se o capitalista visa ao lucro, considerando que lucro significa receita menos custos, ele
procura atingir a maior receita possível com o menor custo. Por sua vez, a administração do
Estado visa ao interesse público, o que significa atender a uma necessidade da sociedade,
a partir dos recursos monetários colocados à sua disposição, que são obtidos através taxas,
tarifas ou impostos, em geral. Inovação, neste caso, significaria uma melhoria no atendimento
à sociedade, sem que ocorra aumento significativo dos recursos públicos despendidos pelo
poder público, porém, essa definição não leva em consideração que talvez os contribuintes
podem aceitar um aumento de tributação em troca de serviços ou produtos que aspiram. Nas
palavras de Moore, os gerentes públicos enfrentam uma situação parecida com os gerentes
do setor privado: precisam produzir algo cujos benefícios ultrapassem os custos de produção,
e precisam fazê-lo de um modo que assegure aos cidadãos e seus representantes que algo de
valor terá sido produzido (MOORE, 2002).
Moore afirma que, à primeira vista, as aspirações dos cidadãos parecem ser de dois
tipos:
Um diz respeito a produtos coletivos que são individualmente desejados, mas que
os mecanismos de mercado não conseguem prover porque não se pode dividir
o produto e vendê-lo a consumidores individuais. Um segundo tipo seriam as
aspirações políticas que se relacionam com condições sociais igualitárias, como uma
distribuição adequada de direitos e responsabilidades entre organizações públicas
e privadas, uma distribuição justa de oportunidades econômicas ou de obrigações
sociais e um consequente desejo de economizar o dinheiro de impostos investido em
organizações do setor público. (MOORE, 2002, p. 87-88).
Define o conceito de inovação do ponto de vista econômico: “uma invenção é uma ideia,
esboço ou modelo para um novo ou melhorado artefato, produto, processo ou sistema. Uma
inovação, no sentido econômico somente é completa quando há uma transação comercial
Schumpeter envolvendo uma invenção e assim gerando riqueza”.
De acordo com esse conceito, uma mudança que não traga um ganho econômico não pode
ser considerada como inovação.
A definição de Schumpeter dirige o seu foco para as relações econômicas do setor privado.
(1) o interesse público difere do privado;
(2) as autoridades públicas, por exercerem o poder soberano do Estado, devem
Laurence E. necessariamente atender aos valores democráticos em detrimento dos interesses de qualquer
Lynn grupo material em particular; e
(3) a Constituição exige o tratamento igualitário das pessoas e descarta o tipo de seletividade
que é essencial para sustentar a lucratividade.
(1) os consumidores estão abrindo mão de sua liberdade, bem como do seu dinheiro ao
autorizar o governo a agir em seu nome;
(2) estão comprando o produto em benefício da coletividade, de acordo com a noção política
do que é desejável para a sociedade como um todo, e;
Moore (3) estão comprando empreendimentos inteiros em lugar de produtos do empreendimento.
Os gerentes públicos enfrentam uma situação parecida com os gerentes do setor privado:
precisam produzir algo cujos benefícios ultrapassem os custos de produção, e precisam fazê-
lo de um modo que assegure aos cidadãos e seus representantes que algo de valor terá sido
produzido.
Nas manifestações ocorridas em passado recente, o movimento Passe Livre propôs que
o transporte público urbano fosse gratuito para todos os cidadãos, indiscriminadamente. Os
custos dessa isenção precisariam ser, de alguma forma, cobertos pelas prefeituras municipais,
que, por sua vez, precisariam criar maneiras de arrecadar tributos que cobrissem essa despesa.
Isto significaria, sem dúvida alguma, uma mudança na forma de gestão da questão
“transporte público”, mas, em sua opinião, isto seria uma inovação?
O site da Agência de Inovações do Governo da Austrália, traduzido por este autor, traz
um útil check-list sobre alguns dos conflitos ou divergências que possam surgir quando está a
ser introduzida uma inovação:
É necessário, também, considerar que uma inovação pode exigir uma combinação
diversificada de habilidades e recursos para ter sucesso, alguns dos quais podem não estar
prontamente disponíveis (AUSTRALIAN GOVERNMENT, [s.d.]).
Percebe-se, então, que o processo de inovação não pode ser deixado ao acaso. Para
auxiliar esse processo, foram criadas diversas ferramentas, cuja aplicação visa, principalmente,
incentivar a criatividade dos participantes e que apresentaremos a seguir.
2.1 SCAMPER
SCAMPER é uma técnica de estímulo, que visa incitar o pensamento criativo orientado.
O nome da técnica é um acrônimo originado das iniciais de sete operadores da técnica:
Substituir, Combinar, Adaptar, Modificar, Propor novos usos, Eliminar e Reorganizar, visando
explorar de sete diferentes maneiras (ou ângulos) a transformação de um produto, sistema
ou processo.
Esses operadores funcionam como possíveis soluções genéricas, e as pessoas são levadas
a pensar em soluções mais específicas. Seu uso é adequado quando se precisa acrescentar
melhorias ou mesmo criar novos produtos, sistemas ou processos a partir dos já existentes.
Figura 1 – SCAMPER
• Adaptar: como você poderia adaptar seu produto para servir a outro uso? É possível
se inspirar em diferentes contextos e trazer novas ideias para o seu produto? O que
posso copiar ou emprestar de outras soluções?
• Modificar: o que pode ser ampliado, reduzido, alterado ou fortalecido para gerar
mais valor?
• Propor novos usos: pesquisar novos usos para produtos e serviços é uma grande
alavanca para a inovação.
A multinacional 3M, além de utilizar essa técnica, mantém uma página dedicada à sua
divulgação. Através do site, é possível acessar uma série de conteúdos que auxiliam a aplicação
prática do método. O link para acessar o referido site encontra-se disponível na Midiateca.
2.2 Brainwriting
A técnica do brainwriting, ou método 6-3-5, surgiu como uma resposta a algumas
deficiências notadas na aplicação prática do método de brainstorming. No método do
brainstorming (tempestade de ideias, em tradução literal), um grupo de pessoas se reúne
para colocar livremente suas ideias, visões, propostas e possibilidades, com o intuito de,
através da análise das soluções propostas, obter um consenso comum e eficaz para eliminar
os problemas que impedem um projeto de seguir adiante.
2.3Técnica DO IT
A técnica DO IT é um acrônimo originado das iniciais em inglês de definir (Define) o
problema, Abrir (Open) a mente para todas as soluções possíveis, Identificar (Identify) a
melhor solução possível e transformar (Transform).
• Para abrir a mente, o método sugere que o participante faça uma lista de possíveis
soluções.
Considerações finais
As novas demandas da sociedade exigem uma redefinição dos papéis do Estado obrigando
os administradores a pensar em novas formas de organizar a estrutura do setor público, que
permitam fornecer aos cidadãos serviços e produtos melhores e mais eficientes. O reconhecimento
da necessidade de implementar mudanças exige que os agentes públicos, sejam eles servidores
de carreira ou agentes políticos, adotem uma nova postura frente aos novos valores democráticos,
em que os cidadãos se tornaram mais críticos do funcionamento da máquina pública.
Para atender a esse cliente-cidadão, cada vez mais exigente, os agentes públicos
precisarão utilizar, cada vez mais, instrumentos que ajudem a incrementar sua criatividade e
colocá-la a serviço da modernização do Estado.
Referências
3M. Técnicas de criatividade. Disponível em: <http://solutions.3m.com.br/wps/portal/3M/
pt_BR/MMM/TecnicasCriatividade/>. Acesso em: 2 fev. 2016.
AUSTRALIAN GOVERNMENT. Innovation 101. Public Sector Innovation. Disponível em: <http://
innovation.govspace.gov.au/innovation-101/#top>. Acesso em: 25 jul. 2015.
LYNN JR., L. E. Gestão Pública. In: PETERS, G.; PIERRE, J. Administração Pública: Coletânea. 1.
ed. Brasília: UNESP, 2010. p. 33-52.
OLIVEIRA, L. G. D. Inovação no setor público: uma reflexão a partir das experiências premiadas
no Concurso Inovação na Gestão Pública Federal. Cadernos ENAP, Brasília, n. 38, 2014.
PACHECO, R. S. Burocracia e Política no Brasil. 1. ed. Rio de Janeiro: Editora FGV, 2010.
Objetivos Específicos
• Conhecer o conceito e os princípios da gestão orientada para resultados no
poder público.
• Compreender as diferenças conceituais entre desempenho, produtividade e
resultados.
• Conhecer técnicas da administração que ajudam a desenvolver a gestão
orientada para o resultado.
Temas
Introdução
1 Desempenho: fundamentos e desafios
2 Visão integrada do modelo de gestão
3 Do planejamento à gestão estratégica: aplicação de modelos
4 Contratualização de resultados
5 Central de resultados: sistema de monitoramento e avaliação
6 Análise de casos brasileiros de sucesso de gestão de resultados na gestão
pública
Considerações finais
Referências
Professor Autor
Antonio Marcos Barreto França
Desafios Contemporâneos e Inovações na Gestão Pública
Introdução
A complexidade do atual ambiente social exige do poder público novos posicionamentos
em relação à questão da governança e à definição de novas formas de relacionamento com a
sociedade, bem como a revisão de seus modelos de gestão.
A partir disso, Moore propõe que o objetivo do trabalho gerencial no setor público seja
criar valor público. O problema, segundo esse autor, é que uma sociedade liberal tende a
considerar o governo como um “setor improdutivo” que, de acordo com essa noção, não
pode criar valor. É preciso, então, definir o que significa a criação de valor para o setor público.
O trabalho gerencial no setor privado é gerar lucros para os acionistas da empresa. No setor
público, o objetivo não é tão claro; o que os gerentes precisam fazer para produzir valor é
muito mais ambíguo; e como avaliar se o valor foi criado é ainda mais difícil (MOORE, 2002,
p. 55).
A esse respeito, podemos inferir que o que os cidadãos esperam do setor público é que
este forneça serviços de qualidade a todos sem distinção, devidamente balizados por um
marco legal, com transparência e eficiência. A própria Constituição Federal, no caput de seu
artigo 37, indica o caminho, ao estabelecer princípios básicos para a Administração:
Art. 37. A administração pública direta e indireta de qualquer dos Poderes da União,
dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios obedecerá aos princípios de
legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade e eficiência [...]. (BRASIL, 1988).
Contudo, esses princípios são muito vagos quando se pretende medir, de forma
efetiva, a qualidade da gestão pública. É preciso estabelecer critérios objetivos que visem
aferir a economicidade, eficiência e efetividade das políticas implementadas e que,
principalmente, possam ser usadas para comprometer os gestores com metas, identificando
erros administrativos e deficiências operacionais, permitindo correções e combatendo
irregularidades e desperdícios.
Regina Sílvia Pacheco afirma que a mensuração de resultados constitui um dos pilares
das reformas em curso em diversos países nas últimas duas ou três décadas, sendo a base
Para que essas agências tenham como realizar suas atividades de controle, é necessária
a utilização de uma métrica, função ou índice de desempenho em relação às metas, aos
requisitos ou às expectativas previamente definidas para o serviço público que será regulado.
Ambos os projetos traziam como características pelo menos três dos quatro princípios
de reforma da gestão pública que surgiram nas reformas de “reinvenção do governo”:
Colocar o
Avaliar cliente no
resultados assento do
motorista
Introduzir uma
orientação ao Descentralizar
mercado
Baseando-se nesses dois casos e nos precedentes existentes em diversos países, Carolyn
Heinrich aponta importantes semelhanças entre os sistemas de avaliação de desempenho:
1. “Doença do Dr. Pangloss”1, ou a insistência em não medir algo por acreditar que aquilo não
Alegações existe.
para não 2. “Doença da impossibilidade”, que alega ser impossível obter dados sobre determinado
medir o objeto ou problema ou sobre determinada área.
desempenho 3. “Hipocondria”, que considera que no setor público não se deve vangloriar de ações que
tenham obtido resultados positivos.
4. “Doença do côncavo/convexo”, que leva à percepção aumentada ou diminuída sobre o que
Problemas está sendo medido.
com a 5. “Hipertrofia/atrofia”, na qual o ato de medir estimula ações exageradas por parte do gestor
percepção público sobre determinado problema ou a redução indesejada dessas ações.
das medidas 6. “Doença de Mandelbrot”2, que ignora o fato de que os resultados obtidos nas medições
dependem da forma como essas medições são realizadas.
7. “Poluição”, ou o fato de misturar diferentes elementos daquilo que está sendo medido.
8. “Inflação”, ou o uso desnecessário de grande número de medidas.
9. “Doença dos iluminados ou top-down”, pela qual os dirigentes decidem sozinhos o que e
como medir, impondo seu ponto de vista arbitrariamente à organização, provocando a
Problemas desmotivação dos funcionários.
relacionados 10. “Doença do curto-prazo”, estimula comportamentos voltados apenas para os resultados
às próprias imediatos de suas ações, sem considerar as suas consequências futuras.
medidas 11. “Miragem”, quando se mede algo diferente do que se considera estar medindo.
12. “Doença de desvio de comportamento” (shiftingdisease), causada por medidas que não
contemplam a finalidade da organização e acabam provocando comportamento adverso.
13. “Doença de desvio de comportamento” (shiftingdisease), causada por medidas que não
contemplam a finalidade da organização e acabam provocando comportamento adverso.
1 Dr. Pangloss é personagem da obra “O Cândido” do filósofo francês François Marie Arouet (1694-1778), que utilizava em suas obras o
pseudônimo de Voltaire. Pangloss acreditava que tudo vai bem e este é o melhor dos mundos.
2 Matemático francês, conhecido por suas contribuições no campo da geometria fractal. Essa teoria demonstra que as formas, da maneira
como são percebidas pelo olho humano, são o resultado da soma de pequenas frações de outras formas, como os “pixels”, que são como
pequenos tijolos que formam as imagens na tela de um computador.
Simplicidade
e adequação Escolha e desenvolvimento de instrumentos, segundo critérios de funcionalidade
instrumental
Consumo e Aproveitamento da informação no processo gerencial por dentro e por fora (via
apropriação mecanismos de transparência, accountability e participação de públicos externos)
Quando esse modelo é aplicado ao setor público como forma de obtenção de melhorias
da gestão, torna-se um dos pilares para a Nova Gestão Pública (NGP), que procura implementar
princípios como a manutenção do foco das organizações nos resultados entregues ao seu
público-alvo, à flexibilidade das estruturas organizacionais, à delegação de responsabilidades
e, principalmente, à responsabilização dos gestores públicos tanto pelos resultados como
pelos recursos utilizados para obtê-los.
Vetores Componentes
• Seleção, promoção e avaliação de pessoal
Profissionalização da
• Criação ou reforço de um ethos de serviço público
burocracia
• Incentivos para aumento da eficiência e da eficácia
• Aumento da flexibilidade das estruturas e das relações inter-
organizacionais
Desenho organizacional
• Coordenação dos setores público e privado
• Desenhos quasi-mercado
• Gestão por objetivos e resultados
• Eficiência e eficácia
Processos organizacionais
• Relações sociais equilibradas
• Preocupação com a ética
• Satisfação do cliente/consumidor
Prestação de Contas • Aumento do controle sobre políticos e burocratas
• Nova relação Estado-sociedade
Segundo Moore, com frequência os gerentes acreditam que ações estratégicas são as
que eles planejam e emergem de contenções gerenciais, sistemas orçamentários formais
ou reorganizações. Em raras ocasiões, a sequência de intervenções gerenciais se acumula e
produz uma verdadeira mudança na estratégia organizacional (MOORE, 2002, p. 342).
Como obter, então, uma mudança estratégica? As razões apresentadas por Moore dão
uma boa indicação do caminho a ser seguido, pois a definição da missão da empresa facilitará
a decisão sobre qual produto se deseja obter. É a missão que se determina a razão de ser da
empresa e dá indicações sobre como ela desenvolverá suas atividades. A partir daí pode-se
determinar os seus objetivos de curto, médio e longo prazo. A partir da missão, as estratégias
que irão permitir que a organização possa atingir as metas previamente estabelecidas podem
ser definidas com maior clareza.
4 Contratualização de resultados
É a partir do alinhamento estratégico que as ações serão direcionadas ao público-alvo
dos serviços governamentais. O planejamento da operacionalização das estratégias, por
sua vez, deverá fornecer os elementos necessários para a construção dos indicadores e das
metas, ficando os resultados preestabelecidos, registrados em um “Termo de Compromisso”.
Os resultados pactuados são monitorados e avaliados por indicadores de eficácia, eficiência
e efetividade.
Do ponto de vista dos gestores, a autonomia que lhes é concedida para a administração
dos recursos, lhes dá liberdade de gerenciar sem as amarras dos controles prévios,
aumentando assim as possibilidades de um equacionamento eficiente entre recursos,
processos e metas e do alinhamento entre a formulação, integração e avaliação das políticas
públicas de gestão.
Para atingir esse objetivo, é preciso que os indicadores sejam escolhidos com critério e
propriedades, tais como a sua relevância social, validade, sensibilidade, especificidade dentre
outros.
Os estudos de avaliação produzidos pela central podem ter como objeto as seguintes
dimensões (DRAIBE, 2001):
organizacionais e institucionais.
A partir das análises realizadas, são encaminhados relatórios aos gestores, apresentados
resultados aos interessados na aplicação das políticas, publicações e disponibilização pública
dos dados, subsidiando o debate técnico e político sobre as políticas e os programas avaliados.
O Brasil adota o formato de tribunais de contas, que, apesar do título “tribunais” e suas
sessões plenárias se revestirem de um caráter de julgamento de contas, com forte ranço
jurídico, possuem funções que se identificam mais com um órgão de análise administrativa
do que com uma típica corte do Poder Judiciário, o que poderia dar a alguns a falsa impressão
Senac São Paulo - Todos os Direitos Reservados 10
Desafios Contemporâneos e Inovações na Gestão Pública
de que as sentenças proferidas por esse órgão seriam inócuas do ponto de vista jurídico.
Contudo, a presença do Ministério Público de Contas, cuja missão principal é a de promover
a defesa da ordem jurídica, garante a continuidade legal dos processos iniciados nos tribunais
de contas (FRANÇA, 2012).
Dentre as inovações que foram introduzidas, a partir de 1995, uma das mais estudadas e
divulgadas foi o chamado “Choque de Gestão”, implementado no âmbito do Governo do Estado
de Minas Gerais a partir de 2006. Essa nova forma de administrar exigiu do Tribunal de Contas
mineiro a construção de um modelo de avaliação dos resultados que permitisse a fiscalização
operacional do governo. Essa nova conceituação incluiu não só a abordagem de verificação
do cumprimento da responsabilidade financeira, como também os aspectos relacionados às
questões administrativas e programáticas (ARAÚJO apud FRANÇA, 2012, p. 36).
Considerações finais
As vantagens desse modelo de administração em relação à tradicional estrutura
burocrática weberiana são claras. Trata-se de substituir a antiga forma de administrar, em
que cada funcionário só possui compromisso com as normas do órgão público, por uma
nova visão, voltada para o atendimento das necessidades do usuário dos serviços postos à
disposição dos cidadãos.
Os novos conceitos, contudo, trazem uma série de desafios, que vão desde a atitude
dos gestores face às mudanças a serem implantadas, até a definição de objetivos e formas
de mensuração claras e transparentes. Há, ainda, a necessidade de se estruturar e equipar
adequadamente os órgãos de controle, sejam eles agências reguladoras ou tribunais de
contas, permitindo que estes possam avaliar de forma efetiva a gestão e a qualidade dos
Referências
BRASIL. Constituição da República Federativa do Brasil de 1988. Brasília: 1988.
HEINRICH, Carolyn J. Como Avaliar o Desempenho e a Efetividade no Setor Público. In: PETERS,
G.; PIERRE, J. Administração Pública: Coletânea. 1. ed. Brasília: UNESP, 2010. p. 53-75.
LYNN JR., L. E. Gestão Pública. In: PETERS, G.; PIERRE, J. (Org.). Administração Pública: Coletânea.
1. ed. Brasília: UNESP, 2010. p. 33-52.
MOORE, Mark Harrison. Criando Valor Público: Gestão Estratégica no Governo. 1. ed. Rio de
Janeiro: Uniletras Editora, 2002.
OLIVEIRA, L. G. D. Inovação no setor público: uma reflexão a partir das experiências premiadas
no Concurso Inovação na Gestão Pública Federal. Cadernos ENAP, n. 38, Brasília, 2014.
Objetivos Específicos
• Conhecer o conceito e os princípios da gestão por competência no poder
público.
• Compreender os conceitos e as dimensões que envolvem a gestão por
competência.
• Conhecer técnicas da administração e processos de gestão e competência na
gestão pública.
Temas
Introdução
1 O que é gestão por competências
2 Conceito e noção de competência
3 As dimensões da competência
4 Sobre a competência nos diferentes níveis organizacionais
5 Identificação das competências organizacionais
6 Mapeamento de competências dos servidores e a criação de bancos de
talentos
7 Análise de casos de sucesso de gestão por competência na administração
pública brasileira
Considerações finais
Referências
Professor Autor
Antonio Marcos Barreto França
Desafios Contemporâneos e Inovações na Gestão Pública
Introdução
O modelo de administração de pessoal típico do setor público brasileiro, weberiano e
rígido, serviu por algum tempo como uma garantia ao servidor contra o patrimonialismo
e o clientelismo dos agentes políticos, gerando uma burocracia bastante profissionalizada
nesse setor.
Contudo, os mesmos mecanismos que deveriam servir como uma proteção ao servidor
acabaram gerando privilégios injustificáveis aos servidores, além de, por intermédio da rigidez
do sistema weberiano, impedir a evolução das carreiras e dificultar a implantação de novas
estruturas de administração de pessoal, voltadas para a eficiência e o melhor atendimento
do público.
Cabe então aos gestores públicos a busca por novos formatos administrativos, capazes de
aumentar a efetividade dos serviços públicos. Esses novos formatos passam, necessariamente,
por um novo tipo de servidor público, bem como pela formação de administradores públicos
de alto nível. Essa demanda coloca o foco da questão na gestão de recursos humanos nas
organizações estatais: é preciso melhorar o desempenho, a qualificação e a atuação dos seus
servidores e, para isso, é necessário identificar o conjunto de habilidades, conhecimentos
e atitudes dos profissionais que compõe os quadros da administração pública (PIRES et al.,
2005). A esse conjunto de qualidades dos profissionais chamamos competência.
COMPETÊNCIA
3 As dimensões da competência
A aplicação conjunta de conhecimentos, habilidades e atitudes, gerando desempenho
profissional, segundo Le Boterf, apresenta-se através de três recursos ou dimensões da
competência (LE BOTERF, 1999 apud PIRES et al., 2005, p. 19).
A habilidade, por sua vez, é a capacidade de fazer algo (GAGNÉ et al., 1988) ou de
fazer uso produtivo do conhecimento, ou seja, colocar em ação os conhecimentos – sobre
fatos, princípios ou técnicas apropriadas, para realizar tarefas, examinar e/ou solucionar um
problema (DURANT apud PIRES et al., 2005, p. 18).
A atitude, terceira dimensão da competência, pode ser ligada ao desejo de querer fazer
ou executar determinada tarefa. Como se refere a aspectos sociais e afetivos relacionados
ao trabalho, a atitude é um estado complexo do ser humano, afetando o comportamento do
indivíduo em relação a pessoas, coisas e eventos (DURAND apud PIRES et al., 2005, p. 18).
Essa última dimensão está relacionada a um sentimento, a uma emoção ou a um grau de
aceitação ou rejeição da pessoa em relação aos outros, a objetos ou a situações (PIRES et al.,
2005, p. 18).
Para Zarifian (apud PIRES et al., 2005, p. 19), a competência coletiva, devido à sinergia
entre essas competências individuais e as interações sociais existentes no grupo, representa
mais do que a simples soma das competências de seus membros. Podemos dizer que empresas
como Apple, Google, Mercedes-Benz dentre outras, reconhecidas pela excelência de seus
produtos, são dotadas de competência a nível empresarial. Green (apud PIRES et al., 2005,
p. 19) refere-se a competências organizacionais como os atributos de uma organização que a
fazem eficaz. Uma organização que entende as suas competências organizacionais consegue
alinhar seus objetivos e os recursos humanos necessários para cumpri-los e sustentar o seu
crescimento.
Nisembaum (apud PIRES et al., 2005, p. 20) propõe uma classificação para as competências
organizacionais que as divide em básicas (as que representam atributos necessários ao
funcionamento da organização, mas não distintivos em relação à concorrência) e essenciais
(as que representam atributos de caráter distintivo, que diferenciam uma organização das
demais).
Quanto ao aspecto temporal, Sparrow e Bognanno (1994) (apud PIRES et al., 2005, p.
20) classificam as competências em emergentes (aquelas cujo grau de importância tende a
crescer no futuro), declinantes (aquelas cujo grau de importância tende a diminuir no futuro),
estáveis (as que permanecem relevantes ao longo do tempo) e transitórias (aquelas que se
fazem importantes apenas em momentos críticos, de crises e transições).
Para exemplificar, não adianta a empresa possuir em seus quadros um excelente cientista
da área de lançamento de foguetes, se os objetivos a serem atingidos são totalmente diversos
dessa área, como, por exemplo, a preparação de merenda escolar. Para evitar erros desse tipo,
as competências necessárias para que um indivíduo exerça uma determinada função devem
ser identificadas no início do processo de recrutamento de funcionários e especificadas
através da descrição do trabalho e do cargo.
recrutamento é mais discricionário, essas informações são usadas para divulgar a existência
da vaga, orientar as perguntas da entrevista e o processo de classificação e avaliação que será
usado para o processo de contratação. No caso de cargos e empregos públicos, no entanto,
o processo de seleção baseado em concursos públicos, através de provas objetivas, pode
dificultar consideravelmente essa tarefa.
Essas informações podem ser complementadas com dados que auxiliem na identificação
do perfil geral dos colaboradores, incluindo indicações comportamentais e provenientes de
avaliações periódicas e autoavaliações.
Isto permite que o órgão passe a conhecer melhor os seus servidores e suas respectivas
trajetórias profissionais, possibilitando, então, que se faça a análise das competências
disponíveis, e como proceder para a aquisição dos conhecimentos, das habilidades e das
atitudes que a organização deseja adquirir ou que são necessários para a atuação, no presente
ou no futuro, em cada carreira ou setor (PIRES et al., 2005, p. 21-22).
A partir desse ponto, passa-se à descrição das competências, que devem representar
desempenhos ou comportamentos esperados, indicando o que o profissional deve ser
capaz de fazer. Pode ser acrescido, sempre que possível e conveniente, uma condição na
qual se espera que o desempenho ocorra. Pode-se incluir, ainda, um critério que indique um
padrão de qualidade considerado satisfatório, conforme os exemplos dispostos no Quadro 1
(BRANDÃO; BAHRY, 2005, p. 183).
Comportamento
Critério Condição
(Verbo + Objeto da ação)
III. Adequação das competências requeridas dos servidores aos objetivos das
instituições, tendo como referência o plano plurianual;
Essa nova política torna explícita a obrigação de fortalecimento das áreas recursos
humanos dos órgãos da administração federal, definindo a capacitação como “[...] um
processo permanente e deliberado de aprendizagem, com o propósito de contribuir para
o desenvolvimento de competências institucionais por meio do desenvolvimento de
competências individuais” (BRASIL, 2006).
Considerações finais
A gestão de competências é um instrumento importante para a obtenção de melhorias
na administração pública, não só pela busca pela eficiência dos serviços postos à disposição
do contribuinte, como também pelo fortalecimento das áreas de recursos humanos e pela
busca de melhor capacitação dos servidores.
Por envolver remuneração variável, com bônus por resultados e metas atingidas,
é também um forte estímulo para que o servidor passe a enxergar o cidadão como seu
verdadeiro cliente, tratando o bem-estar da população que financia o Estado como o objetivo
final do seu trabalho.
Referências
BRANDÃO, Hugo Pena; BAHRY, Carla Patrícia. Gestão por competências: métodos e técnicas
para mapeamento de competências. Revista do Serviço Público, Brasília, v. 56, n.2, p. 179-194,
abr./jun. 2005
PIRES, Alexandre Kalil et al. Gestão por competências em organizações de governo. Brasília:
ENAP, 2005.
Objetivos Específicos
• Conhecer o conceito e os princípios gestão de processos e sua aplicação no
poder público.
• Compreender o ciclo da gestão de processos.
• Conhecer técnicas da administração que ajudam a desenvolver gestão
orientada para o resultado.
Temas
Introdução
1 Alinhando pessoas e processos às estratégias do órgão público
2 Definição de processos
3 Controle de processos
4 Indicadores de desempenho de processo
5 Mapeamento de processos
6 Redesenho (melhoria de processos)
7 Análise de casos brasileiros de sucesso de gestão de processos na gestão
pública
Considerações finais
Referências
Professor Autor
Antonio Marcos Barreto França
Desafios Contemporâneos e Inovações na Gestão Pública
Introdução
Os novos conceitos de gestão pública em sociedades democráticas, tais como a
transparência da gestão, a necessidade de prestar contas aos contribuintes e a busca pela
eficiência, trouxeram à administração a necessidade de um maior cuidado na direção e na
aplicação dos recursos públicos.
Esse cuidado se traduz na elaboração de políticas que irão direcionar as ações futuras
do governo, de forma que se possam prever as implicações favoráveis e desfavoráveis de
suas ações, na busca pelo melhor resultado do ponto de vista do interesse público, levando-
se em consideração as alternativas possíveis, os recursos disponíveis (sejam eles materiais,
humanos ou tecnológicos) e o prazo para sua execução.
O planejamento deve prever, portanto, desde o desenho inicial das ações, sua
implantação, execução e avaliação dos resultados alcançados. O instrumento que irá orientar
os gestores públicos na elaboração do planejamento para garantir que este esteja voltado
para a obtenção dos resultados propostos e que as ações de governo não se afastem dos
objetivos traçados é o que chamamos de gestão de processos. No âmbito da administração
pública federal, esse instrumento está diretamente ligado à estratégia de implementação de
Cartas de Serviços ao Cidadão, tornada obrigatória para os órgãos do Poder Executivo Federal
que prestam atendimento direto ao público através do Decreto nº 6932/09.
Neste cenário, é necessário fornecer àqueles que executam o trabalho nas instituições
públicas as diretrizes que permitirão que se alcancem os objetivos estabelecidos pelos planos
estratégicos. Segundo Ulrich (apud BARRETO; ALBUQUERQUE; MEDEIROS, 2012, p. 6), “[...]
as capacidades organizacionais representam o elo entre estratégia e ação e entre a gestão
de pessoas e o desempenho organizacional, sendo responsabilidade da gestão de pessoas
Senac São Paulo - Todos os Direitos Reservados 2
Desafios Contemporâneos e Inovações na Gestão Pública
Para o servidor público, a carta oferece “[...] maior clareza na definição dos compromissos
e resultados esperados da sua atuação, especialmente nos processos de atendimento ao
público” (BRASIL, 2014, p. 16). Ao definir claramente esses compromissos, permite que o
indivíduo tenha possibilidades para buscar uma melhor qualificação para o desempenho
profissional, bem como a possibilidade de ver reconhecida a qualidade desse seu desempenho.
2 Definição de processos
Um processo consiste em um grupo de atividades realizadas em uma sequência lógica
com o objetivo de produzir um bem ou um serviço que tem valor para um grupo específico
de clientes.
Figura 1 – Processo
Insumos
Insumos
Insumos Insumos Produto
final
Insumos
Embora existam processos que possam ser executados em sua totalidade em somente
uma área, os principais processos da organização ocorrem de forma a envolver diversas
estruturas, conforme mostrado na Figura 2 a seguir:
Subprocesso Subprocesso
1 2
Produto
final
Subprocesso
n Subprocesso
3
Os processos [...] podem ser entendidos como elementos centrais da operação das
políticas públicas. Uma vez que as políticas públicas implicam ações do poder público,
normalmente complementadas por um conjunto de atores da sociedade ou do
Estado, também implicam a operação de processos que tornem estas ações viáveis,
eficientes e eficazes.
3 Controle de processos
Controlar significa atuar sobre um processo, ou sobre os fatores que influenciam o
andamento do processo, permitindo que o objetivo desejado seja alcançado. Existem diversas
metodologias que visam auxiliar o processo de controle, sendo que uma das mais difundidas
é o chamado “Ciclo Deming”, ou PDCA, as iniciais em inglês de Plan, Do, Check, Act (planejar,
fazer, verificar e agir), que foi criado na década de 1920 por Walter A. Shewart, e popularizado
por William Edward Deming, que o utilizou quando atuou como consultor na reconstrução do
setor industrial do Japão, logo após a Segunda Guerra Mundial.
PLAN
ACT DO
CONTROL
Para saber mais sobre gerenciamento de processos de gestão, consulte no site do Programa
Nacional de Gestão Pública e Desburocratização – GesPública o Guia de Gestão de Processos do
Governo 2011. O link encontra-se disponível na Midiateca.
• Economicidade: significa que a informação pode ser obtida de forma que a relação
entre os custos de obtenção e os benefícios advindos de sua mensuração deve ser
favorável.
▫▫ antes: médicos/mil habitantes, gasto per capita com saúde, gastos per capita
com ensino.
5 Mapeamento de processos
Toda a teoria de gerenciamento de processos tem por base o pressuposto de que
os processos da organização devem ser conhecidos e devidamente documentados. O
mapeamento de processos é a ferramenta que representa graficamente a forma em que
os inputs são processados e entregues aos clientes externos ou internos (cadeia cliente/
fornecedor), demonstrando o fluxo operacional e a inter-relação entre diferentes processos.
A análise dos mapas permite calcular os custos totais dos processos, das suas atividades
ou tarefas, o tempo necessário para sua execução, identificando os responsáveis, o pessoal
alocado, o tempo de dedicado de cada recurso e as formas de promover melhorias ou otimizar
a sua execução.
Para saber mais sobre mapeamento de processo, leia o artigo “Organização e mapeamento
de processos”, o artigo apresenta um exemplo para melhor entender, desenvolvido por SEBRAE
SP. O link para o referido artigo encontra-se disponível na Midiateca.
Por outro lado, alterações estruturais, aumento da carga de trabalho e mudanças nas
expectativas dos cidadãos podem também exigir alterações na forma de executar e na
estrutura empregada para a realização das tarefas de uma organização. Para isso, existem
diferentes abordagens a ser adotadas. De acordo com Vaz (2008):
O autor aponta, ainda, como exemplos de diretrizes de redesenho que podem ser
adotados:
• Padronizar o atendimento.
dos pontos críticos, pois forneceu dados sobre as atividades, os documentos e as situações
existentes. A construção de indicadores de desempenho, por sua vez, pelo fato dessa técnica
ser pouco difundida no setor público, demandou a construção de indicadores específicos
para a implantação da avaliação de desempenho.
Considerações finais
O gerenciamento de processos, como prática sistemática de administração, é um poderoso
instrumento para a modernização do Estado, em uma visão atual em que esse sistema deve
prover serviços de qualidade para seus cidadãos. Contudo, é conveniente trazer a essa análise
a visão apresentada por Bresser-Pereira sobre o papel desempenhado pela burocracia de
nível operacional, definida como sendo os servidores públicos que têm contato direto com
os cidadãos. Segundo o autor, “[...] essas pessoas [...] têm uma grande responsabilidade pela
qualidade do serviço público. E, em muitos aspectos, foram praticamente os pioneiros da
reforma da gestão pública” (BRESSER-PEREIRA, 2009, p. 17).
Referências
BARRETO, Leilianne Michelle Trindade da Silva; ALBUQUERQUE, Lindolfo Galvão de; MEDEIROS,
Carlos Alberto Freire. Estratégias de Gestão de Pessoas e Desempenho Organizacional: O Papel
das Capacidades Organizacionais. Anais... ENANPAD 2012 – XXXVI Encontro da Associação
Nacional de Pós-graduação e Pesquisas em Administração. Rio de Janeiro, set. 2012. Disponível
em: <http://www.anpad.org.br/admin/pdf/2012_GPR2472.pdf>. Acesso em: 3 fev. 2016.
______. Carta de Serviços ao Cidadão: Guia Metodológico. Brasília: MP, SEGEP, 2014. Disponível
em: <http://www.gespublica.gov.br/biblioteca/pasta.2013-03-28.9924370611/Carta%20
de%20Servicos%20ao%20Cidadao%20-%20guia%20metodologico.pdf>. Acesso em: 19 set.
2015.
______. Indicadores – Orientações Básicas Aplicadas à Gestão Pública. Brasília: MP, 2012.
Disponível em: <http://www.gespublica.gov.br/biblioteca/pasta.2013-03-28.9924370611/
Indicadores%20_%20Orientacoes%20Basicas%20Aplicadas%20a%20Gestao%20Publica.pdf>.
Acesso em: 19 set. 2015.
DANTAS, Aline Soares; QUEIROZ, Fernanda Cristina Barbosa Pereira; QUEIROZ, Jamerson Viegas.
Gestão de Processos e Avaliação de Desempenho no Setor Público. X Colóquio Internacional
sobre Gestión Universitaria en América del Sur – Mar del Plata, dez. 2010.
VAZ, José Carlos. Processos de trabalho no setor público: gestão e redesenho. 2008. Disponível
em:<http://vaz.blog.br/blog/wp-content/uploads/2011/05/texto-revisaoprocessos-
revisado1.pdf>. Acesso em: 25 set. 2015.
Objetivos Específicos
• Conhecer o conceito e os princípios da gestão de riscos e sua aplicação na
gestão pública.
• Compreender o conceito e as estruturas da gestão de riscos.
• Conhecer técnicas da administração que ajudam a desenvolver a gestão
orientada para o resultado.
Temas
Introdução
1 Conceito de risco
2 Administração de riscos
3 Estruturas de gestão de riscos
4 Identificação de riscos
5 Avaliação de riscos
6 Respostas diante de riscos e sua administração
7 Monitoramento da eficácia: feedback e aprendizagem
8 Análise de casos brasileiros de sucesso de gestão de risco na organização
pública
Considerações finais
Referências
Professor Autor
Rodrigo Gonçalves Ribeiro
Desafios Contemporâneos e Inovações na Gestão Pública
Introdução
O mundo globalizado de hoje, que passa por mudanças a cada instante, traz aos gestores
governamentais desafios na manutenção dos ambientes públicos, em que possuem a
responsabilidade de administrar de forma eficiente. O gestor público lida com a complexidade
da máquina pública, na qual a tomada de decisões é importante para o andamento e o
desenvolvimento das políticas, programas ou prestação de serviço público, seja na esfera
municipal, estadual ou federal, visto que a previsibilidade deve ser levada em conta para a
decisão.
Desta forma, a avaliação dos riscos acerca da tomada de decisão é um dado importante
e deve ser considerada como uma ferramenta auxiliar, que orientará o gestor sobre o
melhor caminho a seguir. O sucesso do serviço público dependerá de decisões certas e
precisas que o gestor deve seguir, ou seja, a partir de decisões corretas, que são mediadas
por ferramentas importantes, em que figura a gestão de risco, e torna-se possível atingir a
eficácia governamental.
1 Conceito de risco
Stephen Hill descreve na publicação intitulada “Guia sobre a gestão de riscos no serviço
público”, publicada pela Escola Nacional de Administração Pública (ENAP), que o risco é algo
que possui uma chance, boa ou ruim, de acontecer no futuro. Segundo ele, a tendência
para pensarmos de forma negativa sobre o evento futuro é maior, no entanto, lembra que
devemos olhar para as possibilidades boas ou ruins.
Conforme afirma Hill (2006), “o risco reflete coisas futuras com as quais estamos
preocupados, como nossa situação financeira, nossa saúde, nossos empregos, nossos filhos
ou o meio ambiente”.
Desta forma, podemos pensar que toda atividade exercida por uma pessoa inclui riscos,
e, por conseguinte, toda organização deve ser capaz de gerenciar os riscos para evitar que
seja uma ameaça às suas atividades. O gerenciamento deve ser a ferramenta que garante uma
análise acerca dos riscos, sobre as oportunidades e ameaças, a respeito do projeto proposto,
uma vez que essa ferramenta se caracteriza pela utilização dos princípios e processos próprios
para a identificação e valoração dos riscos inerentes ao projeto.
E, por outro lado, a oportunidade pode ser desperdiçada, caso não seja prevista em uma
provável avaliação de riscos. As observações nos levam a entender que a não observância
sobre os riscos não necessariamente coloca a organização, seja ela pública ou privada,
em perigo, mas simplesmente indica que não há a previsão necessária para o futuro de
determinado projeto ou ação.
O que leva as pessoas a ter mais medo em viajar de avião do que de automóvel, mesmo
sabendo que o risco de acidente automobilísto é maior do que aéreo?
Por que mesmo diante das prováveis mudanças climáticas, decorrentes da emissão de
gases na atmosfera, alguns países ainda insistem em não reduzir a emissão desses gases? O
que se pode dizer é que não existe uma resposta simples para essas perguntas, porém, todas
elas conduzem a um fator em comum, o risco.
2 Administração de riscos
Segundo o guia PMBOK, livro de boas práticas para a gestão de projetos publicado
pelo Project Management Institute (PMI), o gerenciamento de riscos é definido com o
objetivo de definir os processos, com o fim de identificação: da análise, das respostas,
do monitoramento e controle e planejamento da gestão de riscos em projetos. Desta
forma, esse gerenciamento aumenta a probabilidade de eventos positivos, enquanto
diminui a possibilidades dos eventos negativos ao projeto.
Nesse sentido, pode-se dizer que, no âmbito das instituições públicas, a preocupação
com a gestão dos recursos tende a ser maior, uma vez que existe a necessidade e o dever de
cuidar do bem público, sob a análise dos possíveis riscos no emprego desse recurso, tendo em
vista a legislação e as penalidades que acarretam a inobservância de certos ritos e cuidados
com o dinheiro público.
A todo o momento fazemos análises de risco sem nos atentarmos para isto. Por exemplo,
ao pensar em atravessar uma rua, mentalmente desencadeamos um processo de análise
de risco, para então atravessar a rua com segurança, ou minimizar os riscos de sermos
atropelados. E, por analogia, pode-se dizer que a gestão dos riscos nada mais é do que esse
pensamento sob o prisma da gestão pública, com o auxílio das ferramentas próprias.
Sobre esse contexto, verifica-se que a gestão de riscos visa ponderar a tomada de decisão
da melhor forma, verificando os benefícios e malefícios acerca da decisão, equacionando sob
o prisma da gestão de riscos o melhor caminho a ser seguido. Pode-se dizer então que a
gestão de riscos visa à eficiência governamental, ou seja, ao aumento dos benefícios com o
menor risco possível, para, desta forma, reduzir custos para a máquina pública.
Ainda, Hill afirma que a indicação para a abordagem sistemática foi desenvolvida
justamente para auxiliar o servidor público nesse trabalho, no qual indica os motivos
identificados na Tabela 1.
Identificação
Resposta
Os modelos de gestão de riscos são geralmente representados por um círculo com quatro
períodos definidos em: identificação, avaliação, resposta e monitor e aprender, conforme
4 Identificação de riscos
A identificação dos riscos constitui o primeiro momento para o gerenciamento, uma das
etapas mais importantes para a gestão do risco. A definição sobre o risco, de forma detalhada
e minuciosa, constitui o cuidado necessário para executar as próximas etapas com segurança.
A gestão de riscos eficaz no âmbito do serviço público, conforme identifica Hill, demanda
um esforço do gestor na identificação de uma variada gama de riscos. Ele ainda alerta para
uma constante verificação no ambiente, com o objetivo de visualizar alguma condição de
risco iminente.
5 Avaliação de riscos
Uma vez identificados, os riscos devem ser medidos e classificados, tendo em vista que
existe o perigo de afetar os objetivos previstos no planejamento estratégico da organização.
Nesse momento, são realizadas duas perguntas para o risco identificado:
• O que pode dar errado?
Assim, para os mais variados eventos, das diversas áreas que a organização atua, haverá
um procedimento técnico mais indicado de análise do risco. No entanto, muitas vezes, um
evento, projeto ou programa governamental pode contar com riscos diferenciados quanto à
área, no qual será necessária a conjugação das técnicas para uma análise precisa pelo gestor
público.
• Complexidade da mensagem
• Falha na comunicação
A gestão de riscos envolve uma série de fatores relacionados com a possibilidade sobre
um acontecimento com oportunidades ou ameaças acerca daquele evento. E, conforme
indica a Norma da Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT) NBR ISO 31000, “[...]
convém que a organização assegure que haja responsabilização, autoridade e competência
apropriada para gerenciar riscos, incluindo implementar e manter o processo de gestão de
riscos” (ABNT, 2009).
E, sobre isto, a respectiva norma da ABNT (2009) indica que o tratamento de risco deve
envolver:
• a ação de evitar o risco pela decisão de não iniciar ou descontinuar a atividade que
dá origem ao risco;
• a alteração da probabilidade;
31000:2009, na qual indica princípios norteadores, sem um valor normativo, apontando que,
“[...] para uma gestão de riscos eficaz, convém que uma organização, em todos os níveis,
atenda aos princípios [...]” (ABNT, 2009)que são demonstrados na Tabela 3.
metodologia da identificação dos riscos por meio da ferramenta de entrevista com os agentes
públicos envolvidos no processo de compras.
Nesse sentido, o estudo indica que foi possível a construção de um diagrama com as
etapas do processo de compras possibilitando uma análise pontual de cada etapa. Conforme
Santos et al. (2011), no decorrer das etapas verificadas na avaliação, identificou-se um risco
maior na primeira, denominada “Etapa de Aprovação da Requisição de Compras e do Projeto
Básico”. Essa detecção foi importante, uma vez que influencia todas as seguintes, inclusive
configura-se como um insumo para o Edital. Outro risco identificado nas entrevistas foi a
falta de capacitação e de constante aperfeiçoamento dos servidores envolvidos no processo
de compras, visto que as instituições públicas são regidas por leis e torna-se importante a
atualização constante dos atores deste processo.
Portanto, nesse estudo de caso, verificamos que através da gestão do risco no órgão
foi possível a identificação de falhas, passíveis de problemas e erros no setor de compras do
INPE, no qual foram propostas soluções eficientes para o serviço público.
Considerações finais
Ao final desta aula pudemos compreender o que é o risco, e que no contexto público ele
deve ser considerado por questões legais e de planejamento, uma vez que estão envolvidos os
recursos públicos. Para a gestão dos riscos, deve-se observar a utilização de certos parâmetros
de uma abordagem sistemática, que permite ao agente público visualizar o melhor caminho
a seguir, quando diante do risco, ou da probabilidade de ocorrer ou não, transmitindo a
segurança jurídica e administrativa necessária.
Afinal, o risco pode ser bom, por que não? Sem o risco não haveria a possibilidade
de repensar soluções, não é mesmo? Contudo, o propósito da gerência dos riscos não é
descartá-los, mas sim entendê-los como subsídio para utilizá-los de forma positiva e, desta
forma, diminuir os aspectos negativos. Contudo, torna-se necessário o entendimento sobre
os riscos, identificando-os, avaliando, formulando planos, monitorando e comunicando;
enfim, nada mais do que formular processos com as ferramentas corretas para gerenciar
esses riscos.
Referências
ABNT. ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR ISO 31000: Gestão de riscos,
princípios e diretrizes. Rio de Janeiro: ABNT, 2009.
HILL, Stephen. Guia sobre a Gestão de Riscos no Serviço Público. Brasília: Escola Nacional de
Administração Pública – ENAP, 2006.
HILL, S.; DINSDALE, G. Uma base para o desenvolvimento de estratégia. Brasília: ENAP, 2003.
SANTOS, Fabio França et al. Identificação de Riscos em Compras do Setor Público: Um Estudo de
Caso. Revista de Gestão e Projetos - GeP, São Paulo, v. 2, n. 1, p. 69-87, jan./jun. 2011.
Objetivos Específicos
• Conhecer as modalidades de contratos na gestão pública.
• Conhecer modelos de prestação de serviços públicos, com ênfase na
administração indireta.
• Conhecer experiências de contratualização da gestão pública.
Temas
Introdução
1 Gestão de contratos na gestão pública
2 Parcerias Público Privadas
3 Organizações sociais
4 Contratos individuais de gestão
5 Análise de casos brasileiros de sucesso de gestão de novos modelos de
prestação de serviço
Considerações finais
Referências
Professor Autor
Rodrigo Golçalves Ribeiro
Desafios Contemporâneos e Inovações na Gestão Pública
Introdução
A administração pública, em geral, seja na administração direta ou indireta, nas esferas
municipal, estadual ou municipal, realizam contratos entre a própria gestão pública ou o
particular. Contudo, esses contratos têm fundamento na autonomia de vontades, na
liberdade contratual entre as partes, mas, sobretudo, devem atender ao principio maior, que
é o atendimento da função social.
Desta forma, o tema relacionado nesta aula, que será o objeto do seu estudo, diz respeito
aos contratos administrativos na gestão pública, que se relaciona especialmente à legislação
própria identificada pela Lei nº 8.666 de 1993, entre outras fontes. No entanto, verifica-se a
importância na distinção entre os contratos de direito público, que são regidos por essa lei,
dos contratos firmados a todo o momento entre os particulares e são regulados pelo direito
privado.
Contudo, o tema possui relevância, visto que a administração pública mantém diversos
contratos, com o fim da manutenção e melhoria da prestação dos serviços públicos a toda
população, tendo em vista a sua função social.
Art. 54. Os contratos administrativos de que trata esta Lei regulam-se pelas suas
cláusulas e pelos preceitos de direito público, aplicando-se lhes, supletivamente, os
princípios da teoria geral dos contratos e as disposições de direito privado. (BRASIL,
1993).
VII - os direitos e as responsabilidades das partes, as penalidades cabíveis e os valores das multas;
XIII - a obrigação do contratado de manter, durante toda a execução do contrato, em compatibilidade com as
obrigações por ele assumidas, todas as condições de habilitação e qualificação exigidas na licitação.
No entanto, para que o prazo seja estendido, utiliza-se a prorrogação através do Termo
Aditivo, que pode ser caracterizado por um aumento ou adicional da cláusula no contrato
em vigor. A lei autoriza, no seu artigo 57, em caráter de excepcionalidade, a prorrogação,
desde que devidamente justificada, por até 12 meses. Contudo, a prorrogação de prazo que
se refere à execução, que diz respeito às etapas da conclusão e entrega, e que devem ser
estabelecidas de forma unilateral pela administração do órgão que assinou o contrato.
Entretanto, regra geral, as alterações dos contratos podem ser modificadas somente em
duas circunstâncias:
Essas alterações são chamadas de aditivos contratuais, que podem ser de valor ou de
prazo de execução, visto que a mudança de valores (acréscimo ou supressão) são permitidas,
desde que observados, no caso de obras, serviços ou compras, cujo limite será de 25% do
valor original do contrato, e quanto à reforma de edificação ou de equipamento, o limite será
de até 50%.
A subcontratação é permitida pela lei, ou seja, quando o contratado firma outro contrato
com terceiro para executar em conjunto o objeto firmado originalmente com o Estado.
Porém, não é admitida a subcontratação quando não autorizada em cláusula contratual ou
no próprio edital licitatório.
A rescisão do contrato pode ocorrer por inexecução do contrato, seja por responsabilidade
da administração pública, do contratado, seja por acordo entre as partes. De acordo com o
artigo 78 da Lei nº 8.666/1993, podemos verificar um quadro comparativo a respeito das
causas de responsabilidades. As Tabelas 2 e 3 demonstram os casos em que isso pode ocorrer:
Responsabilidade da administração
Não liberação de área, local ou objeto para execução de obra, serviço ou fornecimento
Atraso superior a 90 dias referente ao pagamento devido pela administração
Supressão de obras, serviços ou compras, acarretando modificação do valor inicial do contrato além do limite
permitido
Razões de interesse público, de alta relevância e amplo conhecimento, justificadas e determinadas pela máxi-
ma autoridade da esfera administrativa
Suspensão da execução, por ordem escrita, por prazo superior a 120 dias, salvo motivos descritos na lei
Não liberação de área, local ou objeto para execução de obra, serviço ou fornecimento
Atraso superior a 90 dias referente ao pagamento devido pela administração
Supressão de obras, serviços ou compras, acarretando modificação do valor inicial do contrato além do limite
permitido
Contratação de menores de 18 anos para trabalho noturno, perigoso ou insalubre, ou menor de 16 anos, para
qualquer trabalho, salvo de aprendiz
Cometimento reiterado de faltas na execução
Desatendimento das determinações do fiscal da execução
Subcontratação total ou parcial não admitidas no edital e no contrato
Falência, dissolução da sociedade e modificação da finalidade da empresa que prejudique o contrato
• O fato do príncipe pode ser considerado por observar um fato externo que provoca
desequilíbrio contratual. Como exemplo, a alteração cambial em um contrato que
envolve o fornecimento de material importado
As PPP´s são consideradas uma das principais formas do poder público estabelecer
contratos voltados para o investimento em infraestrutura. Desta forma, os governos contratam
empresas privadas para a prestação de serviços de interesse público.
Conforme afirmam Paiva e Rocha (2005), na obra intitulada “Parceria Público Privada: o
Papel do Senado Federal na Aprovação da Lei 11.079, de 2004”, as PPP´s são um instrumento
no qual uma organização privada fornece bens e serviços, tradicionalmente ofertados
pelo setor público. Segundo os autores, os benefícios das Parcerias Público Privadas são
semelhantes aos processos de privatização.
O artigo 4º da Lei nº 11.079/2004 ainda estabelece diretrizes que devem ser verificadas
quando na contratação da PPP, e que buscam garantir um melhor serviço à sociedade,
conforme demonstra a Tabela 4.
3 Organizações sociais
As Organizações Sociais (OS) são definidas como uma qualificação de uma pessoa
jurídica (organização privada), sem fins lucrativos. Desta forma, para que seja considerada
como tal, exige-se que o objeto fim da empresa seja relacionada às atividades ligadas ao
ensino, pesquisa científica e desenvolvimento tecnológico, proteção e preservação do meio
ambiente, cultura e saúde.
[...] constituem uma inovação institucional, embora não representem uma nova figura
jurídica, inserindo-se no marco legal vigente sob a forma de associações civis sem fins
lucrativos. Estarão, portanto, fora da Administração Pública, como pessoas jurídicas de
direito privado. [...] Qualificada como Organização Social, a entidade estará habilitada
a receber recursos financeiros e a administrar bens e equipamentos do Estado. Em
contrapartida, ela se obrigará a celebrar um contrato de gestão, por meio do qual
serão acordadas metas de desempenho que assegurem a qualidade e a efetividade
dos serviços prestados ao público. (BRASIL, 1998, p. 13).
Conforme afirma Di Pietro (2009), o objetivo final dos contratos de gestão é a eficiência,
princípio administrativo constitucional previsto no artigo 37 da Constituição Federal de
1988. Conforme descreve a autora, o contrato deve possuir, conforme estabelece a Lei nº
9.637/1998, ao menos:
• A forma de autonomia
Data de
# Organização social Unidade
qualificação
Conforme descrevem Sano e Abrucio (2008), o modelo das OS´s no Brasil tem na
experiência paulista o seu caso mais bem-sucedido. Desta forma, para verificar os detalhes do
estudo completo, acesse o link disponível na Midiateca.
Considerações finais
Ao final desta aula, pudemos compreender que os contratos administrativos são regidos
por normas de direito público, especialmente pela Lei nº 8.666/1993. Verificamos também
os detalhes a respeito da contratação pela administração pública de um particular, para
a execução de obras ou serviços, que possuem características especiais quanto ao prazo,
possibilidade de alterações, estabelecimento de responsabilidades e garantias, entre outras
situações elencadas.
A respeito das Parcerias Público Privadas (PPP) foram abordadas ao longo da aula as
características e tipos de concessão, identificadas como patrocinada e administrativa, bem
como as diretrizes de acordo com a Lei nº 11.079/2004. Já as Organizações Sociais, que
possuem a permissão para prestação de serviços não exclusivos do Estado, são vinculadas aos
Contratos de Gestão estabelecidos pelo poder público, e possuem o objetivo do cumprimento
de metas e objetivos traçados pela administração.
Referências
BRASIL. Diário Oficial da União. Extrato de Termo aditivo 043/2013. Imprensa Nacional: Brasília,
2015. Acesso em: 1 out. 2015.
______. Lei nº 8.666, de 21 de junho de 1993. Regulamenta o art. 37, inciso XXI da Constituição
Federal, institui normas para licitações e contratos da administração pública e dá outras
providências. Diário Oficial da União, Brasília, DF, 21 jun. 1993. Disponível em: <http://www.
planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/L8666cons.htm>. Acesso em: 3 out. 2015.
______. Lei n.º 11.079, de 30 de dezembro de 2004. Institui normas gerais para licitação e
abrangência ao Governo Federal, Estados e Municípios. Diário Oficial da União, Brasília, DF,
30 dez. 2004. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2004-2006/2004/lei/
l11079.htm>. Acesso em: 4 fev. 2016.
______. Lei n. 9.637, de 15 de maio de 1998. Dispõe sobre a qualificação de entidades como
organizações sociais, a criação do Programa Nacional de Publicação, a extinção dos órgãos e
entidades que menciona e a absorção de suas atividades por organizações sociais, e dá outras
providências. Diário Oficial da União, Brasília, DF, 15 maio 1998. Disponível em: <http://www.
planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/L9637.htm>. Acesso em: 4 fev. 2016.
DI PIETRO, Maria Sylvia Zanella. Direito Administrativo. 22. ed. Atlas: São Paulo, 2009.
GRAEF, Aldino; SALGADO, Valéria. Relações de Parceria entre Poder Público e Entes de
Cooperação e Colaboração no Brasil. Inovação na Gestão Pública. Editora IABS: Brasília, 2012.
MELLO, Celso Antônio Bandeira de. Curso de Direito Administrativo. 28. ed. São Paulo: Editora
Malheiros. 2010.
SANO, Hironobu; ABRUCIO, Fernando Luiz apud Secretaria Estadual de saúde. Promessas e
resultados da nova gestão pública no brasil: o caso das organizações sociais de saúde em são
Paulo. Scielo, 2008. Disponível em: < http://www.scielo.br/pdf/rae/v48n3/a07v48n3>. Acesso
em: 11 fev. 2016.
Objetivos Específicos
• Conhecer as modalidades de contratos na gestão pública.
• Conhecer modelos de prestação de serviços públicos, com ênfase na
administração indireta.
• Conhecer experiências de contratualização da gestão pública.
Temas
Introdução
1 Autarquias e fundações públicas
2 Empresas públicas e sociedades de economia mista
3 Concessionárias e permissionárias de serviço público
4 Análise de casos brasileiros de sucesso de gestão de novos modelos de
prestação de serviço
Considerações finais
Referências
Professor Autor
Antonio Marcos Barreto França
Desafios Contemporâneos e Inovações na Gestão Pública
Introdução
Apesar da discussão sobre o desempenho do setor público brasileiro ser relativamente
recente, a administração da área governamental registra tentativas de implantar mudanças
que permitiram obter melhorias no atendimento à população. Neste sentido, merecem
destaque a reforma do serviço público levada a efeito no governo do Presidente Getúlio
Vargas, na década de 1930, e a estrutura consolidada através do Decreto-Lei nº 200 de 1967.
A reforma do serviço público foi uma maneira encontrada por Vargas para neutralizar a
influência das oligarquias regionais que dominavam a máquina pública nos estados através da
centralização político-administrativa.
Por sua vez, o Decreto-Lei nº 200, de 25 de fevereiro de 1967, seguiu o caminho oposto,
estabelecendo uma estrutura híbrida para a administração federal, parte centralizada e parte
descentralizada, que permanece até os dias de hoje. Assim, o artigo 4º do Decreto estabelece:
a. Autarquias;
b. Empresas Públicas;
d. fundações públicas.
Para saber mais sobre “Autarquias”, consulte a relação completa das autarquias do Governo
Federal consta na Portaria PGF nº 530, de 13 de julho de 2007, atualizada pela Portaria PGF nº
866, de 01 de novembro de 2012, o link para acesso encontra-se disponível na Midiateca.
[...]
Sua lei de criação estabelece suas competências, seu sistema de governança e outras
definições básicas, porém, o fato de poderem ser criadas pelo poder público tanto no regime
de direito público como no regime de direito privado provoca divergências. Essa dualidade
provoca grandes incertezas sobre a natureza jurídica desse ente público. Segundo Di Pietro,
“após a Constituição de 1988, há quem entenda que todas as fundações governamentais são
pessoas jurídicas de direito público” (DI PIETRO, 2008, p. 412 - 413).
I - soberania nacional;
II - propriedade privada;
IV - livre concorrência;
V - defesa do consumidor;
IX- tratamento favorecido para as empresas de pequeno porte constituídas sob as leis
brasileiras e que tenham sua sede e administração no País.
Então, vemos que a Constituição Federal estabelece para a União uma reserva de
domínio para operar na atividade privada, mas, a atuação do governo vai muito além das
áreas explicitadas no texto constitucional, incluindo bancos e empresas de produção de
equipamentos pesados.
Para realizar essas tarefas, o governo lança mão de dois tipos de empresas: as empresas
públicas e as sociedades de economia mista.
Senac São Paulo - Todos os Direitos Reservados 6
Desafios Contemporâneos e Inovações na Gestão Pública
As empresas públicas são aquelas em que o Estado é detentor da totalidade das ações.
O inciso II, do artigo 4º do DL nº 200/67 assim as define:
São exemplos de empresa pública, dentre outras: a Amazônia Azul Tecnologias de Defesa
S.A., o Centro de Excelência em Tecnologia Eletrônica Avançada (CEITEC), e a Caixa Econômica
Federal.
Nesse tipo de sociedade, parte das ações pertence ao ente federativo e parte pertence
a terceiros, podendo ser organizada na forma de capital fechado ou aberto, quando então as
ações poderão ser negociadas em bolsa de valores, como ocorre com as ações da Petrobrás,
Eletrobrás, Banco do Brasil etc.
• Empresas públicas
▫▫ Petrobrás (BR)
As regras de concessão e permissão são definidas pelo artigo 175 da Constituição Federal,
complementado pela Lei Federal nº 8987/95:
Art. 175. Incumbe ao Poder Público, na forma da lei, diretamente ou sob regime de
concessão ou permissão, sempre através de licitação, a prestação de serviços públicos.
É importante frisar que o particular exerce a atividade em seu próprio nome e por sua
conta e risco, sendo remunerado através das tarifas pagas pelos usuários do serviço, sendo
essas tarifas autorizadas pelas agências reguladoras de cada setor específico de atuação
da concessionária. São exemplos de concessões as estradas “privatizadas”, bem como as
concessões de estradas de ferro e o transporte público municipal por ônibus.
A permissão, por sua vez, tem caráter precário, ou seja, o poder público pode revogá-la a
qualquer instante, sem precisar indenizar o permissionário, devido ao fato de não ser exigido
um grande investimento por parte do particular para exercer a atividade permitida. A Lei nº.
8.987/95 assim dispõe sobre a permissão:
[…]
Isto significa que o contrato deve estar redigido em linguagem de fácil entendimento,
previamente preparado, escrito e impresso, para ser assinado pelos interessados em prestar
o serviço em questão. Exemplos: banca de revistas, banca de frutas, food truck (venda de
lanches em veículos) etc.
Do ponto de vista da qualidade dos serviços prestados, ainda que persistam reclamações
dos usuários quanto ao valor das tarifas cobradas, uma pesquisa realizada pela Confederação
Nacional dos Transportes (CNT) revelou que 94,4% das rodovias paulistas concedidas foram
avaliadas pelos usuários como “ótima” ou “boa”.
Do ponto de vista da segurança, foi registrada uma queda da ordem de 30,5% no índice
de acidentes e de 52,4% no índice de mortes nas estradas concedidas.
Considerações finais
A estrutura de administração indireta dos entes federativos representa uma forma
de descentralização que permite deslocar, distribuir ou transferir a prestação de serviços
públicos a particulares ou novas estruturas jurídicas não subordinadas à administração direta.
Referências
ARTESP. Rodovias. São Paulo. Disponível em: <http://www.artesp.sp.gov.br/rodovias.html>.
Acesso em: 10 out. 2015.
______. Lei Federal nº 8987, de 13 de fevereiro de 1995. Dispõe sobre o regime de concessão e
permissão da prestação de serviços públicos previsto no art. 175 da Constituição Federal, e dá
outras providências. Diário Oficial da União, Brasília, DF, 13 fev. 1995. Disponível em: <http://
www.planalto.gov.br/ccivil_03/Leis/L8987cons.htm>. Acesso em: 5 fev. 2016.
DI PIETRO, Maria Sylvia Zanella. Direito Administrativo. 21. ed. São Paulo: Editora Atlas, 2008.
FGV. CPDOC. Diretrizes do Estado Novo (1937 - 1945). Rio de Janeiro. Disponível em: <http://
cpdoc.fgv.br/producao/dossies/AEraVargas1/anos37-45/PoliticaAdministracao>. Acesso em: 10
out. 2015.
Objetivos Específicos
• Conhecer os conceitos de Co-Gestão pública
• Conhecer os princípios da Co-Gestão Pública
• Conhecer a modalidade de gestão orientada ao Cidadão-Usuário e à
Governança Social
• Conhecer os principais instrumentos de Co-Gestão Pública
Temas
Introdução
1 Orientação para o cidadão-usuário
2 Associativismo
3 Cooperativismo
4 Governança social
5 Análise de casos brasileiros de sucesso de gestão de Co-Gestão na gestão
pública
Considerações finais
Referências
Professor Autor
Rodrigo Gonçalves Ribeiro
Desafios Contemporâneos e Inovações na Gestão Pública
Introdução
Nesta aula, trataremos a respeito dos conceitos de Co-Gestão Pública, um modelo que se
adequa às atuais mudanças sociais, por inserir a participação de mais atores no processo de
gestão pública, ou seja, um modo de administrar de forma coletiva, utilizando o pensamento
democrático e participativo.
Nesse sentido, conforme afirma Bordenave (1994, p. 22), participação é uma expressão
ampla e que nos remete a três dimensões: fazer parte, tomar parte, e ter parte, através das
quais o autor separa gradativamente os níveis de participação, a partir do nível mais intenso
(fazer parte) ao nível menos intenso de engajamento (ter parte), sinalizando uma participação
maior ou menor na política pública, ou um grau de opinião variável sobre as decisões públicas.
Assim, segundo os níveis de participação descritos pelo autor, pode ser vista da seguinte
forma: “[...] na participação ativa o cidadão toma parte, age frente à realidade, enquanto na
passiva o cidadão faz parte, apenas integrando a realidade” (BORDENAVE, 1994, p. 22).
A partir desse conceito, Bordenave ilustra diversos graus de participação através de uma
figura, em que em menor grau de participação é a informação, que ocorre quando os gestores
somente comunicam aos membros do grupo ou organização sobre decisões já tomadas, até
a autogestão, na qual o grupo determina seus objetivos, escolhe seus meios e estabelece
os controles pertinentes, demonstrando graficamente, do ponto de vista do menor para o
maior, o acesso ao controle das decisões por parte dos membros do grupo ou organização
em análise.
CONTROLE
DIRIGENTES
MEMBROS
• Na prática
Nesse sentido, como forma de identificar na gestão pública a utilização desse modelo,
verifica-se o Ministério da Saúde – Brasil (2007), como um grande usuário desse instrumento
de gestão, o qual vê a co-gestão como um modo de participação na administração, em que
inclui o pensamento e o atuar no coletivo, para que haja o controle social pelos cidadãos, ou
seja, o controle por parte do usuário a respeito do andamento da gestão governamental.
construção coletiva em colegiados onde são incluídos, além dos gestores e trabalhadores,
também os usuários, em que as ações administrativas são construídas coletivamente, por
meio de análises, de decisões e avaliações. No documento do Ministério da Saúde intitulado
“Humaniza SUS: gestão participativa: co-gestão”, é proposta a instituição de um “colegiado
gestor para as unidades do SUS, centrado no trabalho em equipe e na construção coletiva,
(planeja quem executa), para garantir o compartilhamento do poder, a co-análise, a co-
decisão e a co-avaliação” (BRASIL, 2007, p. 38-39).
Conforme se verifica, o Sistema Único de Saúde (SUS) demonstra que utiliza o instrumento
de co-gestão, em que são criados ambientes para reunião, com o objetivo de atender tanto
aos gestores quanto aos trabalhadores da área da saúde e aos usuários, para que seja possível
as discussões e da tomada de decisão, desde que respeitadas as diretrizes e os contratos já
definidos anteriormente. Enfim, o sistema de co-gestão da saúde visa a articulação e execução
de um novo formato no atendimento da saúde pública, coma participação de todos os atores
do processo.
Na gestão pública em geral, Secchi (2009) indica que a co-gestão plena necessita da
participação, que não deve limitar-se somente ao envolvimento da sociedade civil no
planejamento e implementação das políticas públicas, mas também deve participar desse
processo como co-produtore co-gestor de políticas. Sobre isso, Rhodes (1997, p. 57) afirma
que “[...] o Estado torna-se uma coleção de redes interorganizacionais compostas por atores
governamentais e sociais sem nenhum ator soberano capaz de guiar e regular”.
2 Associativismo
O associativismo pode ser caracterizado pela mobilização e organização de um grupo
de pessoas, empresas ou elementos que possuam interesses comuns, com o objetivo de
alcançar resultados que levem ao aperfeiçoamento técnico, profissional, econômico e social
através da integração entre os membros, tornando mais eficiente o alcance destas metas.
O associativismo torna possível uma abertura de canais de diálogo mais eficientes entre a
sociedade civil e a administração pública.
No Brasil, essa forma de organização é definida pelo Capítulo II, da Lei nº 10.406, de 10
de janeiro de 2002 (Novo Código Civil – artigos 53 a 61). Em particular, destacamos o artigo
53, que define esse modo de organização:
Art. 53. Constituem-se as associações pela união de pessoas que se organizem para
fins não econômicos.
possam cobrar remuneração por serviços prestados e que essas entidades possam auferir
renda decorrente das atividades a que se destina. Assim, a Associação Comercial de São Paulo
pode, por exemplo, cobrar pelas pesquisas realizadas ao cadastro e pelas análises de crédito
fornecidas pelo seu Serviço de Proteção ao Crédito (SCPC). Além disso, nada impede que as
associações busquem o desenvolvimento econômico de seus associados através dos ganhos
de produtividade promovidos através do desenvolvimento tecnológico e a maior escala de
produção decorrente da união de diversos produtores, que, de outra forma, não teriam
acesso a equipamentos e métodos de produção mais eficientes.
Nesse sentido, verificam-se dois grandes grupos de associações, os quais podem ser
definidos no Quadro 1.
Apesar do associativismo ser mais visto como uma interação entre membros
da sociedade e o setor público, esse modelo também pode ser verificado entre os
próprios entes públicos, servindo como importante instrumento de descentralização
administrativa, através da associação entre municípios, visando ao fortalecimento
das administrações municipais e ao desenvolvimento sócio-econômico das regiões,
mediante a articulação intergovernamental e a prestação de assistência técnica aos
municípios (BARBOSA DE CARVALHO, 2007, p. 7).
3 Cooperativismo
Uma cooperativa é considerada como um agrupamento de indivíduos com o intuito
de realizar um objetivo em comum, através de uma organização, gerenciada de forma
democrática. Desta forma, teoricamente, todos os membros contribuem com o mesmo valor,
possuem os mesmos direitos e deveres, além de correr o mesmo risco e obter os mesmos
benefícios.
E, como forma de ilustrar esse modelo na gestão pública, verifica-se uma forma de
cooperação, que Ferreira (2011) identifica sob o termo “entidades de cooperação”, o qual
configura-se por instituições criadas pela “descentralização por cooperação”, cujo interesse
figura na transferência da execução de uma certa atividade estatal a essas entidades
paraestatais.
Em 2008, através de acordo entre quatro entidades que compõem o Sistema S - Sesc,
Sesi, Senai, Senac e o Governo Federal estabeleceram um programa de gratuidade nos
cursos de formação para estudantes de baixa renda ou trabalhadores – empregados ou
desempregados, contribuindo assim para uma melhor qualificação da mão de obra destinada
ao comércio e à indústria e assumindo uma função primordial do Estado, que é prover à
Senac São Paulo - Todos os Direitos Reservados 7
Desafios Contemporâneos e Inovações na Gestão Pública
4 Governança social
Segundo Lynn, governança pode ser definida como sendo “[...] um regime de leis, regras,
decisões judiciais e práticas administrativas que restringem, prescrevem e implementam o
exercício da autoridade pública em prol do interesse público” (LYNN, 2010, p. 47). Torna-se
necessário, então, assegurar o alinhamento dos atos dos governantes com os interesses dos
governados.
A discussão sobre a forma de controle a ser exercida sobre os gestores públicos está
diretamente ligada ao conceito de accountability. Como não existe um consenso sobre
a tradução mais adequada ao termo accountability, podemos dizer que essa palavra está
associada ao conceito de que os agentes públicos devem prestar contas e se responsabilizar
pelos seus atos e decisões tomadas enquanto gestores, o que resulta na necessidade desses
agentes de prestar contas e manter a transparência de seus atos de forma que sociedade
civil possa fiscalizar, a qualquer tempo, as atividades da administração. Essa prática, em
tese, permite assegurar o alinhamento dos interesses dos governantes com os governados.
Porém, o termo inclui também o compromisso “ético e legal” de se responder por uma
responsabilidade delegada (FRANÇA, 2012, p. 17).
A partir daí, torna-se possível criar um ambiente favorável para a implementação de uma
mudança na gestão pública, que pode ser caracterizado, conforme afirma Knopp e Alcoforado
(2010), como “evolução de um government (governo) para uma governance ( governança)”,
que quer dizer a migração da burocracia estatal para uma nova forma de gestão, com um
formato aberto à sociedade, à governança, o que se contrapõe à antiga forma de governos
clientelistas e voltados à promoção de interesses pessoais ou de grupos ligados ao poder.
Desta forma, foram realizadas ações para vencer os desafios do projeto, decorrentes
da necessidade de levantamento, cadastramento, revisão e posterior exploração de dados.
Essas ações, em curto e médio prazo, resultaram na organização de um banco de dados de
toda a oferta cultural e turística da região. Objetivou-se a longo prazo, um planejamento
direcionado à promoção do Circuito do Ouro, possibilitando a cada município visualizar os
números da movimentação econômica do turismo gerado pela associação.
Para saber mais informações sobre o programa “Circuito do Ouro” acesse a Midiateca e
veja o link.
Considerações finais
Enfim, ao final da aula, foi possível entender sobre a Co-Gestão aplicada em instituições
públicas. As modalidades e singularidades teóricas serviram para explicar um pouco mais
sobre essas estruturas. Contudo, foi demonstrado o associativismo, o cooperativismo e a
governança social, bem como pode estar inserido em propostas públicas.
Referências
BORDENAVE, J. E. D. O que é participação? São Paulo: Brasiliense, 1994.
BRASIL. Lei nº 10.406, de 10 de janeiro de 2002. Institui o Código Civil. Diário Oficial da União,
Brasília, DF, 10 jan. 2002. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/2002/
L10406compilada.htm>. Acesso em: 16 jan. 2016.
Objetivos Específicos
• Conhecer os principais instrumentos de co-gestão pública.
Temas
Introdução
1 Participação e Políticas Públicas
2 Conselhos Gestores
3 Consultas públicas
4 Mesas de Negociação
5 PPA participativo
6 Análise de casos brasileiros de sucesso de gestão de Co-Gestão na Gestão
Pública
Considerações finais
Referências
Professor Autor
Rodrigo Gonçalves Ribeiro
Desafios Contemporâneos e Inovações na Gestão Pública
Introdução
O contexto democrático social do Brasil, ao longo do tempo, tem sido marcado pelo
processo de redefinição da participação do Estado na vida dos cidadãos, uma vez que, nesse
período, foi ampliada a participação popular e, por consequência, houve a ampliação de
direitos da população brasileira.
Desde então, o desafio ao povo está lançado, na luta pela regulamentação dos direitos
conquistados e a conquistar, sob a forma de mobilização dos diversos movimentos sociais, que
devem utilizar as ferramentas necessárias para garantir a tão sonhada gestão descentralizada
e participativa da gestão pública.
Sobre isso, Petinelli et al. (2011) afirma que uma decisão participativa da coletividade
somente terá legitimidade a medida que todos os atores a que tenham o direito, a capacidade
e a oportunidade de participar, atuem também na deliberação a respeito do conteúdo dela.
Mas qual a diferença entre a forma participativa e deliberativa? O que isso implica para a
política pública?
Sob o olhar analítico, a forma participativa, conforme afirma Fung (2005), pode ser
vista como a inclusão de diferentes vozes, com o intuito de consulta, mas sem que haja
necessariamente uma decisão. E a forma de participação deliberativa prevê a tomada de
decisão com base em justificativas publicamente expostas e aceitas pela ampla maioria.
1 BRASIL. Decreto nº 8.243, e 23 de maio de 2014. Institui a Política Nacional de Participação Social - PNPS e o Sistema Nacional de Participação
Social - SNPS, e dá outras providências. Brasilia, 2014.
2 Conselhos Gestores
Os conselhos gestores são considerados uma organização administrativa que permite
a mobilização para a participação popular na construção da gestão das políticas públicas,
ou seja, figura como um órgão de instância administrativa, composto pelas representações
paritárias, a sociedade civil e o Estado.
Dessa forma, em especial nesse conselho, que possui o caráter deliberativo e co-gestor,
apesar da existência dos conselhos exclusivamente consultivos, exerce um importante
papel no âmbito da Administração Pública, uma vez que regulamenta e legitima as ações
dos órgãos a que foram vinculados. Na prática, os conselhos gestores, em reunião, têm o
poder de deliberar a respeito de reivindicações submetidas pela sociedade civil, bem como
as levantadas pelo próprio conselho.
Sobre isso, observa-se o texto a Controladoria Geral da União – CGU (2012), no qual o
caracteriza os conselhos gestores como:
[...] instâncias de exercício da cidadania, que abrem espaço para a participação popular
na gestão pública. Nesse sentido, os conselhos podem ser classificados conforme as
funções que exercem. Assim, os conselhos podem desempenhar conforme o caso,
funções de fiscalização, demobilização, de deliberação ou de consultoria. (BRASIL,
2012, p. 21)
Ainda, a cartilha da CGU (2012) indica que a função mobilizadora é descrita principalmente
como um estímulo de motivação para a contribuição através da participação da comunidade
na gestão governamental. Já a função deliberativa, demonstra a forma de participação dos
conselhos, em que participam da tomada de decisão a respeito do nível estratégico do poder
público. Sobre a função consultiva, constroem-se sugestões do conselho a respeito das
demandas de políticas públicas. Nesse modelo, há a ideia de participação popular de controle
social, ou seja, o exercício do controle governamental através do povo, no qual permite a
participação e implica a legitimidade dos atos do poder público, uma vez que na constituição
das políticas públicas, são garantidas as representações de diferentes partes e interesses da
sociedade.
Ressalta-se que todos os cidadãos, mesmo que não façam parte dos conselhos gestores,
são legítimos para acompanhar, sugerir e cobrar ações relativas aos conselhos, sendo
responsabilidade do poder público a divulgação de informações relativas aos conselhos
gestores, bem como a área de atuação de cada um.
3 Consultas públicas
As consultas públicas são caracterizadas como procedimentos de democracia, as quais
objetivam a construção de políticas públicas, com a participação da sociedade civil e o poder
público. Desta forma, o objetivo da consulta pública é a participação da comunidade a
respeito de um determinado assunto, proferindo uma opinião, sugestão ou aceite, no qual há
a participação colaborativa sobre uma decisão governamental, de forma a atingir os objetivos
propostos aliado às demandas da sociedade.
De acordo com o portal oficial do governo, que concentra os links dos sítios de consulta
governamental, é possível o cidadão participar de consultas públicas em vários órgãos do
poder público federal, dentre eles agências reguladoras, ministérios, conselhos, fundações,
autarquias e empresas públicas.
4 Mesas de Negociação
Outro instrumento de participação são as chamadas Mesas de Negociação, que
constituem uma metodologia de exposição e resolução de conflitos com a apresentação de
demandas e propostas de solução, que tendem a interferir na qualidade e na eficiência dos
serviços públicos, uma vez que esses conflitos acontecem entre o governo e seus agentes.
Dessa forma, esse instrumento foi criado com o formato de um sistema de negociação, no
qual há descentralização, transparência e participação. Verifica-se que, além da participação
das esperadas partes no processo, de um lado caracterizadas pela representação da
gestão pública (municipal, estadual ou federal), e por outro pelos os sindicatos das classes
de trabalhadores, visualiza-se também a participação da sociedade civil, que também é
representada por suas entidades.
Essa discussão diz respeito também à sociedade civil, que financia o funcionalismo
através do pagamento de impostos e taxas, e que depende deles para receber os serviços
públicos. Nesse sentido, entende-se que os objetivos conceituados dizem respeito também à
sociedade, a qual deve participar através de canais participativos, sistemáticos e resolutivos
de interlocução das relações trabalhistas, visto que as greves são prejudiciais ao cidadão.
5 PPA participativo
A Constituição Federal estabelece que os governos devem elaborar o orçamento,
através da criação de um ciclo, no qual deve conter o Plano Plurianual (PPA), a Lei de
Diretrizes Orçamentárias (LDO) e a Lei Orçamentária Anual (LOA). Esses instrumentos são
complementares e possuem importância por conter a previsão de atos e gastos da gestão
pública municipal, estadual e federal.
O Plano Plurianual (PPA) é uma lei orçamentária que estabelece regras, estratégias,
diretrizes e metas do Estado para um período de longo prazo. As propostas não são restritas
apenas às ações futuras para determinado período, mas dizem respeito a um plano de ação
baseado em um planejamento estratégico, que identifica os objetivos do poder executivo. Esse
instrumento estabelece os programas setoriais programados e as fontes de financiamento,
bem como as metodologias de elaboração, gestão, avaliação e revisão dos programas. Ainda,
o PPA relaciona também as questões de cunho não orçamentário que abrangem os objetivos
dos programas e que estão diretamente ligadas à vida dos cidadãos.
E, com vistas à participação necessária do povo em decisões sobre o bem público, a Lei
de Responsabilidade Fiscal (LRF), LC 101/20002, cria alguns mecanismos com esse propósito:
Art. 49: “[...] As contas apresentadas pelo Chefe do Poder Executivo ficarão
disponíveis, durante todo o exercício, no respectivo Poder Legislativo e no órgão
técnico responsável pela sua elaboração, para consulta e apreciação pelos cidadãos e
instituições da sociedade”.
Art. 51: “[...] O Poder Executivo da União promoverá, até o dia trinta de junho, a
consolidação, nacional e por esfera de governo, das contas dos entes da Federação
relativas ao exercício anterior, e a sua divulgação, inclusive por meio eletrônico de
acesso público”.
2 BRASIL.Lei Complementar nº 101, de 4 de maio de 2000.Estabelece normas de finanças públicas voltadas para a responsabilidade na gestão
fiscal e dá outras providências. Brasilia, 2000.
Nesse sentido, a análise de caso desta aula pauta-se no projeto inovador publicado
pela Secretaria Geral da Presidência, através da Portaria nº36 de 11 de novembro de 20144,
que institui um ambiente virtual de participação social, o Participa.br. Conforme determina
a Portaria governamental, o Participa.br é uma ferramenta com o objetivo de promover o
diálogo com os cidadãos a respeito de assuntos da gestão pública:
3 SPINK, Peter Kevin.A inovação na perspectiva dos inovadores. Fundação Getulio Vargas: São Paulo, 2004.
4 BRASIL. Secretaria Geral da República. Portaria nº 36, de 11 de novembro de 2014. Institui o ambiente virtual de participação social Participa.
br. Brasilia, 2014.
Considerações finais
Ao final desta aula, podemos verificar o surgimento de espaços de participação e
deliberação com o intuito da discussão sobre os processos decisórios governamentais, como
forma de alavancar a democracia participativa. Para representar a participação da sociedade
civil, foram apresentadas as conferências de políticas públicas, identificadas pelo espaço de
participação e deliberação pública que permeiam uma política pública.
Referências
BRASIL. Secretaria Geral da República. Portaria nº 36, de 11 de novembro de 2014. Institui o ambiente
virtual de participação social Participa.br. Brasília, 2014. Disponível em: <http://pesquisa.in.gov.br/
imprensa/jsp/visualiza/index.jsp?data=12/11/2014&jornal=1&pagina=1&totalArquivos=92>.
Acessado em: 05 fev. 2016.
PETINELLI, Viviane; LINS, Isabella L.; FARIA, Cláudia F. Conferências de Políticas Públicas: um
Sistema Integrado de Participação e Deliberação? IV Congresso Latino Americano de Opinião
Pública da WAPOR: Belo Horizonte, 2011.
SPINK, Peter Kevin. A inovação na perspectiva dos inovadores. Fundação Getulio Vargas: São
Paulo, 2004.
Objetivos Específicos
• Conhecer os princípios da Gestão Pública em Rede;
• Conhecer as estratégias adotadas na gestão pública para realização de
trabalhos de forma transversal e Inter setorial;
• Conhecer os modelos de governança por resultado;
• Conhecer o Programa Território da Cidadania.
Temas
Introdução
1 Intersetoralidade e transversalidade
2 Arranjos institucionais para coordenação e implementação de políticas públicas
3 Gestão horizontal
4 Papel do Órgãos Centrais
5 Estratégia de Governança em Rede
6 Análise de casos brasileiros de sucesso de gestão ações em Rede na Gestão Pública
Considerações finais
Referências
Professores Autores
Rodrigo Gonçalves Ribeiro
Antonio Marcos Barreto França
Desafios Contemporâneos e Inovações na Gestão Pública
Introdução
Os arranjos observados nas instituições públicas brasileiras têm gerado inovação no
desenho das políticas públicas contemporâneas que buscam a integração com o envolvimento
dos setores, entes da federação e os cidadãos, com o objetivo de melhorar a eficácia dessas
novas políticas públicas.
Nesse sentido, as redes de políticas públicas significam um avanço, uma vez que quebram
a tradicionalidade arraigada nos procedimentos internos dos órgãos da gestão pública
brasileira. A iniciativa intersetorial privilegia a relação entre a informação compartilhada dos
diversos atores públicos, no qual busca-se a flexibilidade da nova gestão pública como forma
de funcionamento da máquina pública.
1 Intersetoralidade e transversalidade
A descentralização do modelo federativo adotado pelo Brasil, principalmente nos
munícipios, motivou os gestores públicos a buscarem soluções para a implementação de
políticas públicas através da articulação entre os diversos níveis de governo (união, estados
e munícipios), setores da sociedade civil, iniciativa privada e órgãos governamentais, visando
à melhoria das condições de vida dos cidadãos e incentivando a cooperação para a busca de
soluções para problemas como moradia, transporte público, criação de empregos, educação,
cultura etc.
Por sua vez, o termo “transversalidade”, ou “gestão transversal”, apesar de recente, como
técnica de gestão de ações governamentais, tem sido cada vez mais utilizado no cenário das
políticas públicas brasileiras, sendo mais frequentemente associado às questões de direitos
civis e, particularmente, àquelas que envolvem políticas de gênero (direitos das mulheres)
e igualdade racial. A nível federal, envolvem três novas secretarias: Secretaria de Direitos
Humanos (SDH); Secretaria de Políticas para Mulheres (SPM) e Secretaria de Políticas de
Promoção da Igualdade Racial (SEPPIR).
Por sua vez, a transversalidade configura-se como uma questão cujo interesse perpassa
por órgãos, secretarias e ministérios. A ideia de transversalidade remete a um assunto que
necessita ser tratado por mais de um setor ou local dentro da gestão pública. Segundo
Reinach (2013):
Inicialmente concebido como Bolsa Escola, o programa visava a combater a evasão escolar
e o trabalho infantil nas classes mais desfavorecidas economicamente. Ao aplicar uma análise
com a visão da transversabilidade, ampliando as metas do programa, com a inclusão das
metas de promoção da igualdade social e redução da pobreza, o governo federal acrescentou
uma dimensão intersetorial a essa política pública. Segundo observou Farah (2001) a respeito
do programa original (Bolsa Escola), “essas iniciativas parecem assinalar o reconhecimento
de que a eficácia de uma política setorial passa muitas vezes pela consideração de questões
externas ao próprio setor – como é o caso do programa Bolsa-Escola, em que se reconhece que
a evasão e a repetência não resultam exclusivamente de características do ensino oferecido,
mas dependem também da inserção sócio-econômica da família. De forma complementar,
entende-se que a modificação da situação econômica das famílias passa pela educação. ”
(Farah, 2001, p. 137/138).
CONTROLE
EDUCAÇÃO SAÚDE
SOCIAL
BOLSA
FAMÍLIA
EMPREGO
AÇAO SOCIAL PARCEIROS
E RENDA
Entretanto, Lotta e Vaz (2014, apud ABRUCIO, 2005), apontam que nos últimos anos houve
um aumento das relações intergovernamentais devido justamente à exigência do melhor
desempenho governamental, pressões econômicas, sociais, por resultados, entre outros,
o que levou à necessidade de adequação das complexidades das relações intersetoriais,
visando ao atendimento a estas demandas. Enfim, nas palavras de Lotta e Vaz (2014), “[...]
baseando-se na ideia de resolução de um problema e alcance de resultados, esse tipo de
arranjo institucional busca mobilizar distintos atores (federativos, organizacionais e sociais)
para, em conjunto, darem conta de um problema complexo”.
A partir disso, Lotta e Vaz (2014) observam que as políticas passaram por alterações,
na busca por arranjos inovadores e efetivos, que são destacados nos eixos de mudanças da
Tabela 1.
Tabela 1 – Arranjos inovadores
Relações federativas Otimização da relação entre os entes federativos nas políticas públicas.
3 Gestão horizontal
Tanto na gestão pública quanto na privada, cada vez é mais visível a ideia da aproximação
com o público alvo ou cidadão. Esse foco no cidadão implica a delegação de autonomia ou
descentralização de poderes às unidades envolvidas, com atendimento direto ao público,
Além disso, mudanças em uma empresa privada podem ser implantadas através de um
processo de planejamento estratégico, definindo missão, visão, objetivos e rumos a serem
tomados. Por sua vez, nos órgãos da administração pública, essas mudanças estão limitadas
pelo Princípio da Estrita Legalidade, que exige, muitas vezes que haja alterações em leis,
regimentos internos e regulamentos que dependem de aprovações colegiadas, o que nem
sempre é fácil de se obter.
• redesenha as funções dos setores para o realinhamento para trabalhar entre setores e instituições;
• cria uma nova cultura corporativa, com incorporação de valores, responsabilidade
interinstitucional, transparência e cooperação interna e externa para o atendimento à população.
Outro papel importante que deve ser exercido pelos órgãos públicos é a fiscalização dos
recursos públicos destinados à execução dos programas. Afinal, os programas movimentam
valores significativos de dinheiro público, e a prestação de contas desses recursos é prevista
no parágrafo único, do artigo 70, da Constituição Federal:
Parágrafo único. Prestará contas qualquer pessoa física ou jurídica, pública ou privada,
que utilize, arrecade, guarde, gerencie ou administre dinheiros, bens e valores públicos
ou pelos quais a União responda, ou que, em nome desta, assuma obrigações de
natureza pecuniária. (Brasil, 1988)
Ou seja, além do controle interno, exercido pelo órgão coordenador, o programa tem
o dever constitucional de prestar contas ao legislativo, que exerce a fiscalização através dos
seus órgãos auxiliares, no caso, os tribunais de contas.
Lippi (2013) destaca que a coordenação deve definir os objetivos e metas de forma clara
para todos os envolvidos, além de criar indicadores, visando ao monitoramento da execução
da política e o alcance dos resultados. Desta forma, torna-se possível a verificação da obtenção
do planejado pela política pública, promovendo mecanismos de responsabilização.
Art. 71. O controle externo, a cargo do Congresso Nacional, será exercido com o auxílio
do Tribunal de Contas da União, ao qual compete:
(...)
planejamento e execução das ações. Segundo Regina Pacheco, “Se o Estado é democrático,
os resultados visados devem estar alinhados com as escolhas da sociedade. E um Estado
capaz de implementar as decisões e prover os serviços com qualidade, agilidade e eficiência
é requisito fundamental para o avanço dos anseios democráticos. ” (PACHECO, 2010, p. 218)
Isso pode implicar diversos tipos de comportamentos do agente: ele pode influenciar
na compra de insumos em favor de fornecedores amistosos ou simplesmente, optar por
decorar seu escritório com um mobiliário mais luxuoso do que o necessário. Em um nível
menos grave, esses desvios podem não significar prejuízos ao principal, mas representarão
uma espécie de remuneração não pecuniária ao agente, e, embora sejam de natureza não
pecuniária, representarão custos adicionais para a organização (JENSEN e MECKLING, 1976).
Nesses casos, então, é preciso assegurar que, dentre várias formas de gestão eficientes, o
agente (ou gestor) sempre utiliza a mais eficiente do ponto de vista do principal.
O que se verifica no setor público é que, embora exista uma grande demanda por parte
de ações do poder público, muitas vezes essas demandas partem de pessoas com baixo poder
de influenciar e cobrar a elaboração das políticas públicas. Em outras palavras, o principal não
tem a capacidade de cobrar do agente a execução do contrato de forma que este maximize
utilidade a seu favor. Assim, o agente fica à vontade para agir sempre de forma a atender aos
seus próprios interesses.
Todavia, na medida em que o país fica mais democrático e a cidadania passa a fazer
parte do dia a dia da população menos favorecida, essa situação tende a se alterar em favor
dos principais. A discussão sobre a forma de controle a ser exercida sobre esses atores está
diretamente ligada ao conceito de accountability. Como não existe um consenso sobre
a tradução mais adequada ao termo accountability, podemos dizer que esta palavra está
associada ao conceito de que os agentes públicos devem prestar contas e se responsabilizar
pelos seus atos e decisões tomadas enquanto gestores, o que resulta na necessidade desses
agentes de prestar contas e manter a transparência de seus atos de forma que a sociedade
civil possa fiscalizar, a qualquer tempo, as atividades da administração. Essa prática, em
tese, permite assegurar o alinhamento dos interesses dos governantes com os governados.
Porém, o termo inclui também o compromisso “ético e legal” de se responder por uma
responsabilidade delegada.
instituir uma gestão integrada através de ações setoriais, nas quais são previstas instâncias
territoriais em articulação com a instância interfederativa: em nível local (colegiados), em
nível estadual (comitê de articulação Estadual, em nível nacional (comitê gestor nacional).
Considerações finais
Ao final desta aula, pudemos verificar que a intersetorialidade e a transversalidade
são necessárias para o funcionamento eficiente do Estado, visto que a garantia de uma boa
prestação não gira em torno somente da criação das políticas públicas, mas também da
manutenção e prestação eficaz do atendimento às necessidades da população.
Contudo, são observadas as estratégias de gestão em redes, muito utilizadas pelo poder
público para o alcance dos resultados, com o objetivo precípuo de atender as demandas,
interesses e expectativas da sociedade civil como um todo.
Referências
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grande ABC. São Paulo: Fundação Konrad Adenauer, 2001.
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2006.
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Institui o Programa Territórios da Cidadania e dá outras providências. Brasília, 2008.
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_________. Decreto nº 5.209 de 17 de setembro de 2004. Regulamenta a Lei no 10.836, de 9
de janeiro de 2004, que cria o Programa Bolsa Família, e dá outras providências. Brasília, 2004.
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Governo Central em 2013. Brasília, 2013. Disponível em: <http://www.territoriosdacidadania.
gov.br/dotlrn/clubs/territriosrurais/regiocentralrs/one-community?page_num=0>. Acesso em
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REINACH, Sofia. Gestão transversal das políticas públicas no âmbito federal brasileiro: uma leitura
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em: 24 dez. 2015.
SCHERER-WARREN, Ilse. Redes e espaços virtuais: uma agenda para a pesquisa de ações
coletivas na era da informação. UFSC/PPGSP, Cadernos de Pesquisa, 1997.
Objetivos Específicos
• Conhecer o conceito e princípios da Gestão da Qualidade, com ênfase na
Gestão Pública;
• Compreender a diferença da Gestão de Qualidade no Setor Público em
relação ao Setor Privado;
• Conhecer as Ferramentas de Gestão de Qualidade no Setor Público.
Temas
Introdução
1 Conceito de Qualidade na Gestão Pública
2 Sistemas de Gestão da Qualidade e Certificação
3 Ferramentas de Qualidade
4 Análise de casos brasileiros de sucesso de gestão da qualidade no setor público
Considerações finais
Referências
Professores Autores
Rodrigo Gonçalves Ribeiro
Antonio Marcos Barreto França
Desafios Contemporâneos e Inovações na Gestão Pública
Introdução
Ao longo desta disciplina, o enfoque será em torno da qualidade no ambiente público.
Dessa forma, serão apresentados os conceitos e princípios da gestão da qualidade, aplicados
à Administração Pública. E, paralelamente aos conceitos, abordaremos as ferramentas que
possibilitam a aplicação destes princípios aos casos reais de gestão.
A Six Sigma
B Ciclo PDCA
C Diagrama de Ishikawa
D Historiograma
E Ciclo de Dispersão
F Diagrama de Pareto
Sobre isto, Juran (2000) afirma que a qualidade, de forma ampla, pode ser caracterizada
como algo que atende às necessidades dos indivíduos, como também o contrário, caso não
atenda ou apresente deficiências ou defeitos, seja em produtos ou serviços. Assim, associamos
a qualidade a algo que possui uma certa perfeição ou ausência de imperfeição, bem como a
algo que atenda as necessidades que foi destinado.
• simplicidade;
• agilidade;
• economicidade;
• abertura e transparência;
Desta forma, Carvalho e Tonet (1994) sugerem metas estratégicas, no qual a Administração
Pública deve aplicar para a promoção da qualidade no serviço público:
Para alçancar o proposto por Carvalo e Tonet, é proposta a aplicação dos seguintes
fundamentos:
10. Criação de parcerias: objetiva firmar parcerias construtivas com outras organizações
para a execução de projetos de interesse mutuo, buscando a sinergia;
Esses sistemas possuem diretrizes de qualidade que são inseridas nos processos a fim de
aprimorar a qualidade do que é desenvolvido pela organização. Dessa forma, com o uso dessa
ferramenta, o gestor público poderá tomar decisões com mais segurança, tendo em vista os
indicadores de desempenho da organização. No âmbito da gestão pública, a Constituição
Federal determina no seu artigo 71 que:
Art. 71. O controle externo, a cargo do Congresso Nacional, será exercido com o auxílio
do Tribunal de Contas da União, ao qual compete:
(...) IV - realizar, por iniciativa própria, da Câmara dos Deputados, do Senado Federal,
de Comissão técnica ou de inquérito, inspeções e auditorias de natureza contábil,
financeira, orçamentária, operacional e patrimonial, nas unidades administrativas dos
Poderes Legislativo, Executivo e Judiciário, e demais entidades referidas no inciso II;
(BRASIL, 1988)
Isso significa que, dentre as atribuições do Tribunal de Contas, está a verificação que os
organismos públicos estão gerenciando e controlando os recursos pelos quais são responsáveis
de forma que os objetivos propostos na execução de suas funções estão sendo atingidos. Isso
define a função de Auditoria Operacional executada pelos Tribunais de Contas.
Uma das principais certificações de qualidade é ISO-9001, que equivale a um selo que
assegura que a entidade, seja ela privada ou pública e adota a gestão da qualidade de seus
serviços. Essa certificação indica que o seu detentor utiliza processos padronizados conforme
o preconizado pela International Organization for Standardization (Organização Internacional
para Normatização), representada no Brasil pela Associação Brasileira de Normas Técnicas
(ABNT). A certificação ISO é obtida através de auditorias de qualidade, levadas a efeito
através consultorias qualificadas pelo comitê gestor da ABNT ou pela própria certificadora da
Associação.
Também podem ser vistos outros tipos de controle da qualidade do serviço público, como
é o caso do Comitê Gestor do Gespública, previsto no artigo 8º do Decreto nº 5.378/2005,
que objetiva a formulação do planejamento das ações do GESPÚBLICA, a coordenação
e a avaliação da execução dessas ações. Com representantes governamentais, bem como
de entidades privadas ligadas à qualidade da gestão e à desburocratização, dentre outras
funções, com relação a certificação e controle da qualidade, no qual prevê neste artigo:
Para saber mais sobre a Carta de Serviços aos Cidadãos, acesse a Midiateca da disciplina.
3 Ferramentas de Qualidade
As ferramentas de qualidade são identificadas por técnicas utilizadas com objetivo da
definição, mensuração, análise e proposta de soluções a respeito de problemas encontrados,
e que interferem nos processos produtivos das organizações. As ferramentas do controle da
qualidade aqui apresentadas são: Six Sigma, Ciclo PDCA, Diagrama de Ishikawa, Historiograma,
Ciclo de Dispersão, e Diagrama de Pareto.
Conforme afirma Carvalho et al. (2007), o programa foi criado pela empresa Motorola
para tratar de problemas de qualidade e obtenção de resultado, após o fracasso de outros
programas. Nesse sentido, o termo, por si só, significa qualidade, uma vez que sigma é um
símbolo que, em qualidade, representa uma medida de variabilidade usada para conferir
a compatibilidade dos dados com os requisitos dos clientes. Assim, quanto maior o sigma,
melhores são os produtos ou serviços, ou menores são os erros ou defeitos. Basicamente,
são duas as metodologias, divididas em 5 fases cada, as quais são demonstradas na Tabela 1.
Tabela 1 – Metodologias do Six Sigma
• plan ou planejar: identificar um processo ou atividade alvo para melhoria, com metas
de resultados traçados;
• act ou agir: a ação de sucesso é utilizada como exemplo para outros processos.
ACT PLAN
CHECK DO
para o cidadão, visto que a melhoria dos processos e da prestação dos serviços públicos
impacta na vida de toda sociedade.
Um caso aplicado para a ferramenta de qualidade PDCA pode ser verificado na Vara
da Justiça Federal de Lajeado, com vistas à implementação de um plano operacional para
qualificação e aperfeiçoamento das rotinas do cartório judiciário. A aplicação se deu
conforme descreve Pereira (2012), o qual identificou as ações correspondentes as fases da
ferramenta PDCA:
Identificados os pontos sensíveis (PLAN), quais sejam aqueles que demandavam ações
de melhorias, foi elaborado cronograma de implementação e execução de mudanças
propostas (DO), bem como estabelecido ponto de verificação (CHECK), para análise
de adequação/inadequação das medidas adotadas (ACTION/RE) e, por fim, fixado
marco cronológico para aferição dos resultados da implementação das mudanças e
suas consequências nas rotinas de trabalho da Vara Federal de Lajeado. (PEREIRA,
2012, p. 09)
Dessa forma, esse modelo pretende representar a relação entre as causas prováveis de
um determinado problema, identificado pelo efeito, demonstrado pela Figura 3.
EFEITO
• programar uma reunião com a equipe para a discussão sobre o problema, expor a
questão e solicitar opiniões;
3.4 Histograma
De acordo com Trivellato (2010), o historiograma possui o objetivo de demonstrar a
distribuição dos dados utilizando um gráfico de barras que demonstra a quantidade de
unidades para cada categoria. Este instrumento representa graficamente uma série de dados,
como forma de indicar a frequência com que acontece. Um exemplo de aplicação é a medida
de altura de um determinado grupo, em que a forma mais adequada para demonstrar o
resultado é através do historiograma, visto que possui uma melhor visualização dos dados
pelo usuário. Nessa ferramenta, é possível distribuir um determinado conjunto de dados,
realçando a localização do valor central e da dispersão dos dados em torno deste valor,
conforme mostra a Figura 4.
30
25
20
15
10
que essa ferramenta, em especial, realça os resultados de forma central e da dispersão dos
dados em torno desse valor. Um exemplo prático da ferramenta aplicada ao setor público
pode ser visualizado através das análises de desempenho de uma política pública. Dessa
forma, o historiograma pode ser utilizado para demonstrar, como exemplo, os índices das
notas do Ideb obtidos pelas escolas do município de São Paulo. Uma vez que serão realçadas
as notas alcançadas pela maioria, no qual é demonstrado no valor central, enquanto que as
outras notas de menor frequência estarão dispersas em torno deste valor.
0
1 2 3 4 5 6 7
Essa ferramenta é útil para a organização, uma vez que é uma técnica estatística que
indica a possibilidade de seleção das prioridades, isolada em um grupo menor de opções,
no momento em que há um número grande de problemas. Ou seja, pode-se afirmar que,
para a qualidade, grande parte dos prejuízos tem a causa em uma pequena quantidade de
problemas. Enfim, o gráfico é utilizado para definir as prioridades, visto a sua especificidade
na disposição dos dados a respeito das informações de cada causa no total de efeitos. E, por
fim, as informações podem ser também demonstradas em um gráfico, que é denominado de
Curva ABC, o qual também é divido em classes.
A partir da aplicação dessa metodologia na gestão pública federal, foram exigidas algumas
mudanças para a adaptação, como a busca de novos métodos e práticas de gestão. Com isso,
iniciou-se a construção de um programa de qualidade para o Estado, através do qual são
desenvolvidas novas propostas com foco nos resultados e no cidadão, com o fim de produzir
melhores resultados, tendo em vista a eficiência e eficácia.
Esse modelo de qualidade para a gestão pública possui 8 critérios, que formam um
sistema de gestão para as organizações públicas. Dessa forma, esse modelo orienta-se pelos
seguintes critérios:
• liderança;
• estratégias e planos;
• cidadãos;
• sociedade;
• informação e conhecimento;
• pessoas;
• processos;
• resultados.
Contudo, o modelo de qualidade da Gespública desponta como excelência entre o rol dos
grandes líderes nacionais do movimento pela Qualidade, Produtividade e Competitividade do
Brasil, que congrega grandes instituições voltadas para a qualidade da gestão pública.
Considerações finais
Ao final desta aula, podemos verificar a qualidade na gestão pública como algo que
atende às necessidades dos cidadãos e torna a máquina pública mais eficiente e eficaz.
Vemos, também que a legislação prevê a qualidade aplicada à prática do serviço público,
no parágrafo 3º do artigo 37 da Constituição Federal, quando determina a participação do
cidadão no controle dos serviços públicos. Além disso, a norma que define certificação de
qualidade através da ABNT (ABNT-NBR ISO-9001) atende tanto ao setor público como ao
setor privado.
Referências
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Contínua e Desempenho: O caso de uma empresa de autopeças, USP: São Carlos, 2006.
CARVALHO, M.M. DE; LEE HO, L.; PINTO, S.H.B. Implementação e difusão do programa seis
sigmas no Brasil. Revista Produção: São Paulo, 2007.
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década de 90. Rio de Janeiro: Quality Mark, 1992.
HEINRICH, C.J. Como avaliar o desempenho e a efetividade no setor público. In: PETERS, B.G.;
PIERRE, J.. Administração Pública - Coletânea. 1a. ed., p. 33-75., Brasília: Editora UNESP, 2010.
ISHIKAWA, K. What is total quality control? The japanese way. Cliffs: Prentice-Hall, 1995.
MACHADO, S. S. Gestão da qualidade. Universidade Federal de Santa Maria: Santa Maria, 2012.
PEREIRA, José Ricardo. O Ciclo PDCA na prática, a experiência da Vara Federal e JEF Criminal
Adjunto de Lajeado. In: PENTEADO, Luiz Fernando Wowk; PONCIANO, Vera Lúcia Feil (org.)
Curso Modular de Administração da Justiça: Planejamento Estratégico. São Paulo: Conceito
Editorial, 2012.
TRIVELLATO; A. A. Aplicação das Sete Ferramentas Básicas da Qualidade no Ciclo PDCA para
Melhoria Contínua: estudo de caso numa empresa de autopeças. São Carlos: USP, 2010.
Objetivos Específicos
• Conhecer as principais formas de cooperação internacional na Gestão Pública;
• Conhecer os principais programas de internacionalização, em âmbito municipal;
• Conhecer os princípios e a importância da internacionalização da Gestão Pública.
Temas
Introdução
1 Acordos de cooperação bilateral
2 Cooperações técnicas
3 Protocolos de intenção
4 Agenda 21 – Global
5 Metas do Milênio
6 Redes de cidades: conceito, iniciativa e cenário
7 Análise de casos brasileiros de sucesso de internacionalização da gestão pública
Considerações finais
Referências
Professores Autores
Rodrigo Gonçalves Ribeiro
Antonio Marcos Barreto França
Desafios Contemporâneos e Inovações na Gestão Pública
Introdução
Nesta aula trataremos da internacionalização da administração pública. Será possível o
entendimento acerca das principais formas de cooperação internacional na gestão pública, os
programas de internacionalização municipal, bem como os princípios e a importância desse
instrumento para a administração pública.
• comércio;
O presidente da República pode, por sua vez, delegar essa prerrogativa a outras
autoridades através de um documento intitulado “Carta de Plenos Poderes”, referendado
pelo ministro das Relações Exteriores.
Artigo 1
[...]
No âmbito nacional, o Brasil firma diversas negociações bilaterais com variadas naturezas,
entre elas: política, econômica, comercial, cultural, científica e tecnológica. Como exemplo
temos o Documento de Orientação Estratégica (CSP) para a cooperação bilateral da União
Europeia com o Brasil para o período 2007-2013, conforme afirma a Delegação da União
Europeia no Brasil (2015); nesse acordo são identificadas duas áreas que são prioritárias:
2 Cooperações técnicas
Segundo o parecer DEPCONSU/PGF/AGU Nº 54/2013 da Advocacia Geral da União,
acordo de cooperação é “o instrumento jurídico hábil para a formalização, entre órgãos e
entidades da Administração Pública ou entre estes e entidades privadas sem fins lucrativos,
de interesse na mútua cooperação técnica, visando à execução de programas de trabalho,
projeto/atividade ou evento de interesse recíproco, da qual não decorra obrigação de repasse
de recursos entre os partícipes” (BRASIL, 2013).
2. as entidades que firmarem acordos com órgãos públicos brasileiros não podem ter
fins lucrativos; e
3 Protocolos de intenção
Protocolo de intenção é caracterizado como um termo que pode ser utilizado com muitos
objetivos, no qual identifica acordos de intenção entre nações ou instituições internacionais
para o desenvolvimento de ações educacionais, científicas, econômicas, infraestrutura,
ecológicas, dentre outros, e que normalmente precede um convênio definitivo ou instrumento
específico, cujo conteúdo dependerá da negociação entre as autoridades que formalizaram
o protocolo de intenção.
Pode-se afirmar que esse instrumento é utilizado, por exemplo, pelos participantes de
protocolos internacionais, no qual estabelecem previamente as regras que nortearão as ações
de cada membro no decorrer do protocolo. Dessa forma, por esse documento podem ser
estabelecidas as finalidades, os prazos e outras regras importantes que guiarão o processo
estabelecido entre as nações.
4 Agenda 21 – Global
Durante a conferência da Rio 92, na qual mais de 170 países estiveram presentes
na cidade do Rio de Janeiro e assumiram o compromisso de um desenvolvimento global
sustentável, foi estabelecido o consenso sobre as recomendações práticas para preparar o
planeta, com relação aos recursos naturais, para o próximo século – o documento gerado
denominou-se Agenda 21.
Para adequar-se aos desafios que englobam as questões relativas ao meio ambiente
e ao desenvolvimento, os Estados estabeleceram uma nova forma de cooperação global,
objetivando estabelecer um diálogo pemanente e construtivo, com vistas a atingir o
desenvolvimento de uma economia mundial mais eficiente e equânime dos países, sem
perder a soberania.
Dessa forma, a Agenda 21 nacional identifica-se como uma ferramenta participativa, com
o objetivo de desenvolvimento da sustentabilidade ambiental, da qual participa a população
brasileira sob coordenação da Comissão de Políticas de Desenvolvimento Sustentável e
Agenda 21 (CPDS), utilizando as diretrizes da Agenda 21 mundial, cujo documento final foi
publicado em 2002.
5 Metas do Milênio
No ano 2000, um grupo de países firmou o compromisso de combater a extrema pobreza
e outros males da sociedade mundial. Através desse desafio, construiu-se um documento
com os Objetivos de Desenvolvimento do Milênio (ODM), com meta de concretizar-se até o
ano de 2015.
Dessa forma, a Declaração do Milênio das Nações Unidas constituiu-se num documento
que reflete as preocupações internacionais para os próximos anos e séculos. Essa declaração,
aprovada na Cimeira do Milénio, em Nova Iorque, no ano 2000, indica que um conjunto de
oito metas deveriam ser concluídas; estas foram batizadas de Metas de Desenvolvimento do
Milênio, descritas na Tabela 1.
Metas Descrição
do Milênio. Conforme os dados do Portal Brasil (2015), a mortalidade infantil reduziu em 47%
entre o período de 1990 e 2012, ou seja, caiu de 90 para 48 mortes por mil nascidos vivos
no mundo, enquanto no Brasil, conforme afirma o relatório nacional, a meta foi atingida em
2011, reduzindo os óbitos de 53,7 para 17,7 em mil.
Em todo o mundo, a cooperação através das redes de cidades tem crescido como uma
forma de cooperação internacional descentralizada, permitindo o aprimoramento de políticas
públicas e de governança a nível municipal, através da troca de informações sobre o que foi
aplicado de forma bem-sucedida e do conhecimento de outras realidades de outros países.
No Brasil, as redes têm sido aplicadas tanto por iniciativa isolada de alguns municípios,
como é o caso de São Paulo, que mantém uma Coordenadoria de Cooperação Internacional
e Redes de Cidades (CCIRC), a qual tem a responsabilidade de estabelecer contatos não só
com outros municípios, mas também com organismos multilaterais (BID, ONU, Mercosul) e
organizações como a Frente Nacional de Prefeitos (FNP), entidade municipalista suprapartidária
que reúne mais de 250 municípios brasileiros.
O projeto compreende ações que incluem iniciativas nas áreas de recursos humanos,
transferência de conhecimentos, técnicas de observação de atividades operacionais e
comunicações, sendo considerado pela AIEA um dos que alcançaram melhores resultados
no setor.
Considerações finais
Chegamos ao término desta aula, na qual foi possível visualizar os conceitos acerca das
principais formas de cooperação internacional na gestão pública, os principais programas de
internacionalização, verificados em nível municipal, bem como conhecer os princípios e a
importância da internacionalização da gestão pública.
Referências
AGÊNCIA BRASILEIRA DE COOPERAÇÃO. MINISTERIO DAS RELAÇÕES EXTERIORES. Coordenação
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relativas a meio ambiente e desenvolvimento: a Agenda 21. Câmara dos Deputados –
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________. PORTAL BRASIL. Brasil alcança mais dois objetivos de desenvolvimento do milênio,
2015. Disponível em: http://www.brasil.gov.br/cidadania-e-justica/2014/11/brasil-alcanca-
mais-dois-objetivos-de-desenvolvimento-do-milenio. Acesso em: 9 dez. 2015.
MEC. Protocolo de Intenções que entre si celebram a Secretaria Especial de Políticas para as
Mulheres da Presidência da República, o Ministério da Educação, a Secretaria Especial de
Políticas de Promoção da Igualdade Racial da Presidência da República e o British Council.
2005. Disponível em: http://portal.mec.gov.br/arquivos/pdf/protocolo-politicaseducacionais.
pdf. Acesso em: 22 nov. 2015.
Objetivos Específicos
• Conhecer o conceito de criação de valor público;
• Conhecer os princípios da gestão sustentável no poder público;
• Conhecer os modelos e estratégia da criação de valor.
Temas
Introdução
1 Gestão pública geradora de valor público sustentável
2 Orientação estratégica, integração sistêmica e efetiva implementação
3 Modelo sistêmico de criação de valor
4 Estado e gestão estratégica: objetivos institucionais alinhados às estratégias
5 Análise de casos brasileiros de sucesso de criação de valor público
Considerações finais
Referências
Professor Autor
Rodrigo Gonçalves Ribeiro
Desafios Contemporâneos e Inovações na Gestão Pública
Introdução
Nesta aula trataremos da gestão pública como geradora de valor público sustentável.
Esse conceito representa um desafio aos gestores, pois o controle dos resultados na
administração pública é uma novidade em termos de accountability democrática, já que
fornece à sociedade instrumentos para aferir como e se as políticas públicas surtem os
efeitos que se esperam delas.
Essas tendências da gestão pública serão verificadas nesta aula através da demonstração
dos processos para a criação de valor no âmbito público.
2. Quais as fontes de legitimidade e suporte que serão outorgadas à instituição para que
esta tenha a autorização e os recursos necessários para sustentar os esforços para a
criação de valor?
3. Quais capacidades operacionais a instituição possui (ou terá que desenvolver) para
entregar os resultados desejados? (Moore, 1995, p. 3-4).
A expressão “valor público”, conforme afirma Moore (2007), pode ser entendida através
de três diferentes conceitos:
preocupados em alcançar os propósitos que lhes foram outorgados por meio da ação
legislativa.
Ainda com atenção aos destaques de Moore (2007), “[...] não basta afirmar que os
gerentes públicos criam resultados que têm valor; eles precisam ser capazes de mostrar que
os resultados conseguidos valem o preço pago por eles”.
Dessa forma, a gestão pública, orientada pela Constituição, assume um caráter que,
embora muitos críticos vejam como excessivamente engessado, busca padrões que preservem
a res publica, inclusive contra a falta de padronização, planejamento e a ineficiência do gasto
público, abrindo caminho, assim, para uma administração gerencial do Estado.
Esse capítulo constitucional define, ainda, através do seu artigo 70, uma ampliação
do papel dos Tribunais de Contas no cenário político nacional, acrescentando à sua área
de atuação, antes limitada a uma simples verificação da legalidade dos atos dos gestores
públicos, a capacidade de auditar a qualidade da gestão pública, visando principalmente a
economicidade, eficiência, eficácia e efetividade das políticas implementadas (BRASIL, 1988).
▫▫ estratégia;
▫▫ monitoramento e avaliação.
• a determinação de uma filosofia para a gestão pública, ou seja, o que se espera dos
gestores públicos;
Nesse sentido, Martins e Marini (2010), caracterizam o valor público como a oferta de
respostas eficazes aos anseios e necessidades da população, que podem ser:
• de propriedade coletiva;
• Gestão da estratégia: a estratégia deve ser clara sobre como definir e medir
socialmente resultados.
Dessa forma cabe ao governo não somente preencher as lacunas existentes na prestação
dos serviços sob sua responsabilidade, mas também planejar estratégias eficazes e inovadoras,
para garantir a manutenção da eficácia governamental e criar valor público. Para isso tornam-
se imprescindíveis a construção e execução de um planejamento estratégico governamental,
com a prerrogativa de alinhar os objetivos organizacionais do Estado à missão e à visão
determinadas pelas escolhas políticas, com base nas ações do governo, para o atendimento
às demandas da população.
Os órgãos públicos do Governo do Estado de São Paulo contam com uma rede de 358
ouvidorias, que atuam no âmbito da administração direta e indireta, empresas públicas,
órgãos ligados à saúde e concessionárias, sendo órgão central da Rede Paulista de Ouvidorias
a Ouvidoria Geral do Estado, vinculada à Secretaria de Governo.
Tabela 1 – Classificação
Fonte: Relatórios 1º e 2º Semestre de 2014. Obs.: não inclui os dados da Casa Civil – Sede.
Dessa forma, observa-se a criação do valor público aos serviços públicos prestados pelo
Estado de São Paulo, tendo em vista que aumenta o desempenho através da solução das
questões reclamadas ou sugeridas pelos usuários do serviço público, corroborando com a Lei
nº. 10.294/1999, que atribui à ouvidoria a função de mediar as relações entre o Estado e a
sociedade, de forma a atuar como representante do cidadão no interior dos órgãos públicos.
Para saber mais sobre as ouvidorias no Estado de São Paulo, acesse a Midiateca.
Considerações finais
Ao final desta aula pudemos compreender o que é valor público, como é utilizado pela
gestão pública, justamente para o estabelecimento de estratégias, táticas e ações para atingir
o objetivo de atendimento das demandas da sociedade pelos serviços públicos.
Também foi possível identificar o conceito de valor público sustentável, obtido através
do desenvolvimento de capacidades e valores organizacionais capazes de somar forças com
outros agentes para a obtenção do desempenho institucional.
Enfim, a criação de um valor público para a gestão pública passa pela governança para
resultados, devendo planejar estratégias eficazes e inovadoras, para garantir a manutenção
da eficácia governamental e criar valor público.
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Desafios Contemporâneos e Inovações na Gestão Pública
Referências
ANSOFF, H. I. Do planejamento estratégico à administração estratégica. São Paulo: Atlas, 1981.
ESTADO DE SÃO PAULO. Lei n° 10.294, de 20/04/1999. Dispõe sobre a proteção e defesa do
usuário do serviço público do Estado. Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo.
MOORE, M.H. Creating Public Value – Strategic Management in Government, Harvard University
Press, 1995
PACHECO, R. S. A Agenda da Nova Questão Pública. In: LOUREIRO, M. R.; ABRUCIO, F. L.; PACHECO,
R. S. (. ). Burocracia e Política no Brasil. Rio de Janeiro: Editora FGV, 2010. p. 183-218.
Objetivos Específicos
• Conhecer o conceito de cultura organizacional e sua aplicação na gestão pública.
• Conhecer os principais desafios da cultura organizacional na gestão pública.
• Conhecer os desafios do regionalismo e da diversidade cultural na construção da
nova gestão pública.
Temas
Introdução
1 Gestão da cultura nas organizações públicas
2 Instrumentos de gestão facilitadores da cultura empreendedora e inovadora
3 Regionalismos culturais na sociedade brasileira: riquezas e desafios
4 Desafios para a mudança da cultura organizacional nas instituições públicas
5 Análise de casos
Considerações finais
Referências
Professor Autor
Antonio Marcos Barreto França
Desafios Contemporâneos e Inovações na Gestão Pública
Introdução
O termo “cultura organizacional” tem sido bastante utilizado, tanto no setor privado como
no setor público, para definir o conjunto de valores, crenças, conhecimentos e procedimentos
que fazem parte do dia a dia e do modus operandi dessas instituições.
Esse conjunto de valores, no caso das instituições públicas, reflete uma série de fatores
político-sociais que representam, em última análise, a síntese do que o Brasil é como nação.
Esses fatores vêm se modificando constantemente a partir da Constituição Federal de 1988,
legitimando a cidadania e a democracia, mas não podemos nos esquecer de que, apesar dos
avanços recentes, persiste a resistência de alguns setores que ainda defendem galhardamente
o patrimonialismo e o corporativismo no Estado e nos serviços públicos.
As organizações públicas, por sua vez, quando no exercício de funções típicas de Estado,
são monopolistas, não fazendo sentido aplicar os mesmos critérios utilizados pelas empresas
particulares. No caso das instituições públicas, o que leva à necessidade de mudança são as
alterações do ambiente institucional em que atuam, por exemplo as pressões enfrentadas
pela exposição de suas ineficiências na mídia e nas redes sociais. Por outro lado, a legitimidade
das ações de governo exige que os benefícios dessas ações atinjam o maior número possível
de cidadãos. Nesse sentido, Pacheco e De Bonis afirmam:
Hoje, discutir a efetividade dos serviços públicos requer considerar, como elemento
relevante da análise, a atuação daqueles que estão à frente das organizações públicas,
dado o potencial de influência que podem exercer sobre os resultados alcançados.
(PACHECO e DE BONIS, 2010, p. 329)
Gerenciar a cultura de uma organização pode ser uma das tarefas mais desafiadoras
enfrentadas pelos gestores, mas é a sintonia entre a cultura de uma organização e o ambiente
externo que irá garantir a sobrevivência desta.
No campo da gestão de pessoas, Muzzio destaca que “as particularidades locais podem
revelar formas diferenciadas, dentre outras, de relações de poder; de gestão de lideranças;
de administração de benefícios; de gestão de resistência a mudanças; de motivação funcional
etc. A noção dessas diferenciações possibilita uma melhor gestão de pessoas entre as filiais,
potencializando as condições de motivação, comprometimento e relações interpessoais com
resultados práticos para a eficiência organizacional” (MUZZIO, 2010, p. 12).
Outro desafio às mudanças, indicado por vários autores, decorre da estabilidade dos
servidores públicos. Essa dificuldade é citada em diversas obras do ex-ministro Luiz Carlos
Bresser-Pereira, que esteve à frente da pasta da Reforma do Estado no período 1995–1999:
Quanto a esse aspecto, Pires e Macedo citam pesquisa realizada por Vaitsman (2001)
entre os anos de 1997 e 1998, com trabalhadores de um hospital público do Rio de Janeiro:
[...] ainda que grande parte dos entrevistados tenha avaliado negativamente a
estabilidade do ponto de vista de suas consequências para o desempenho no
trabalho, a pesquisa revela que ninguém quer abdicar dessa condição. Isto se explica
não apenas pelo próprio fato de consistir em direito adquirido, mas também pela
desconfiança que predomina entre os trabalhadores em relação à manutenção e/
ou cumprimento das regras do jogo e ao efetivo exercício da meritocracia no setor
público, o que costuma ser atribuído de forma generalizada à “política”. (VAITSMAN
apud PIRES; MACEDO, 2006, p. 99).
5 Análise de casos
Torna-se, então, uma tarefa difícil gerenciar cultura organizacional quando não existe um
planejamento para o quadro de pessoal. O autor continua:
Muitos estados não sabem quantos anos de trabalho em média têm os servidores, o
que torna difícil planejar a gestão de força de trabalho, do ponto de vista previdenciário
ou da capacitação dos servidores, a fim de melhorar a qualidade dos serviços à
população. Outros dados, como o conhecimento sobre o grau de escolaridade e as
competências requeridas, não existem ou não estão sistematizados pelos estados,
dificultando uma boa política de recursos humanos. (ABRUCIO, 2005, p. 410)
Em relação à pesquisa, Abrucio aponta que “somente dois estados conseguiram calcular,
ao mesmo tempo, o dinheiro gasto, o número de atividades e de funcionários alocados para
terceirização” e que em 88,9% dos estados foi apontada a “ausência de estudos sobre a
cultura organizacional” (ABRUCIO, 2005, p. 414-415).
Para entender melhor o desafio que se apresenta, é preciso considerar a visão de Silva
e Melo, na qual as políticas públicas são aplicadas a partir de um ciclo, o qual “é melhor
representado por redes complexas de formuladores, implementadores, stakeholders e
beneficiários que dão sustentação a política; e por ‘nós’ críticos” (SILVA; MELO, 2000).
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Desafios Contemporâneos e Inovações na Gestão Pública
• Apoio aos projetos dos Estados brasileiros, para melhoria das políticas e dos serviços
públicos.
Considerações finais
As mudanças decorrentes das alterações introduzidas pela Constituição Federal de
1988, das pressões originadas nas redes sociais e das exigências de maior efetividade e
transparência no serviço público, trazem consigo a necessidade de mudanças que levem as
organizações estatais a um novo patamar de desempenho, que somente será alcançado se
houver uma mudança cultural nos quadros do funcionalismo público.
Referências
ABRUCIO, F.L. Reforma do Estado no federalismo brasileiro: a situação das administrações
públicas estaduais. Revista da Administração Pública RAP, Rio de Janeiro 39(2): 401-20, mar./
abr. 2005.
BRASIL. Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão, 2015. Disponível em: < http://
www.planejamento.gov.br/assuntos/gestao-publica/arquivos-e-publicacoes/relatorio-de-
atividades>. Acesso em: 9 fev. 2016.
FAORO, R. Os donos do poder. São Paulo: EDUSP, 1975.
GORDON, G. G. Industry determinants of organizational culture. Academy of Management
Review, v. 16, p. 396-415, 1991.
MACHADO, E. G.; LACERDA, L. L. Poder local, democracia e participação. Sociedade Brasileira
de Sociologia. Disponível em: <http://www.sbsociologia.com.br/home/home.php>. Acesso em:
12 dez. 2015.
MUZZIO, H. Cultura Organizacional e Perspectivas Estratégicas da Regionalidade Cultural
Brasileira. VI Encontro de estudos organizacionais da ANPAD, Florianópolis, 2010.
PACHECO, R. S.; DE BONIS, D. Nem político nem burocrata: o debate sobre o dirigente público.
In: LOUREIRO, M. R.; ABRUCIO, F.; PACHECO, R. S. Burocracia e política no Brasil. Rio de Janeiro:
FGV, 2010. p. 329-362.
SCHRAEDER, M.; TEARS, R. S.; JORDAN, M. H. Organizational culture in public sector organizations.
Leadership & organization development journal, ago. 2005. p. 492-502.
Objetivos Específicos
• Conhecer o conceito de lidera na Gestão Pública.
• Conhecer os princípios da liderança na gestão pública.
• Compreender a diferença entre a liderança na gestão privada e na gestão pública.
• Compreender os desafios da gestão de pessoas na gestão pública.
Temas
Introdução
1 Liderança na Gestão Pública
2 A gestão de pessoas na administração pública – tendências internacionais
3 Tópicos importantes para a gestão de recursos humanos no Brasil
Considerações finais
Referências
Professor Autor
Dênis Alves Rodrigues
Desafios Contemporâneos e Inovações na Gestão Pública
Introdução
Durante esta aula iremos dialogar sobre dois aspectos muito importantes da administração
pública: liderança e gestão de pessoas. Esses dois temas são interligados, mas possuem
características específicas. A área de gestão de pessoas no setor público procura gerir os
colaboradores (funcionários) dentro de uma organização, pensando em seu alinhamento com
a estratégia da instituição e do governo, além de treinamento e gestão de benecíficios, por
exemplo. Assim, estudá-la significa analisar qual é a melhor forma para atingir seus objetivos.
De outro lado, o estudo da liderança procura orientar os líderes a trabalhar suas equipes
motivando-as para que juntos atinjam os seus objetivos e de seu setor ou departamento,
além de contribuírem para o desenvolvimento de cada membro da equipe e da organização
como um todo.
Dentro do complexo ambiente que envolve a administração pública, que inclui vários
atores, interesses e regras, estudaremos esses dois conceitos e sua aplicação.
Assim, os líderes precisam possuir várias competências para conseguirem lidar com as
diversas realidades e problemas que encontram no dia a dia de suas atividades. Quanto a
esse cenário, Halligan (2010, p. 125) reforça que:
A liderança no serviço sênior1 tem sofrido uma mudança significativa que reflete a era
das reformas no setor público, as tendências ambientais e o novo pensamento sobre
como os sistemas do serviço civil devem operar. O cenário antes relativamente estável
das organizações públicas passou a ser mais competitivo; as diferenças entre o público
e o privado estreitaram-se e as restrições e regras que no passado ditava muito da
característica das organizações públicas vem perdendo a importância, com a notável
exceção dos que refletem a governança democrática.
1 Serviço sênior é a forma como o autor se refere aos altos cargos de liderança da administração pública (chamada no texto de serviço civil).
Para mais informações sugiro a leitura do citado artigo que consta da bibliografia básica da disciplina e desta aula.
Para melhor compreensão da realidade brasileira frente à citação acima, é necessário que
compreendamos alguns pontos. Em primeiro lugar, o autor não está falando exclusivamente
do caso brasileiro, e sim está com foco em casos europeus e no caso norte americano, o
que nos traz algumas diferenciações, como a apresentada por Rodrigues (2015). Esse autor
reforça que a administração pública no Brasil está mais vinculada ao modelo neo-weberiano
(conforme modelo desenvolvido por Pollitt e Bouckaert, 2011), em que ainda existe uma
ligação muito forte com as regras e o controle procedimental (modelo burocrático), todavia
procura-se evoluir para um formato mais flexível e gerencial de gestão. Assim, a situação do
Brasil não se encaixa perfeitamente na descrita por Halligan (2010).
Funcionários
Variável Outsiders
de carreira
Conhecimento do setor público Alto Baixo-médio
Disponibilidade Média Alta
Propensão à inovação e mudança Baixa Alta
Pertencimento a redes intragovernamentais Alto Baixo
Pertencimento a redes extra ou intergovernamentais Baixo Alto
Dentro desse contexto que se apresenta, os lideres públicos precisam ser “criadores
de valor público” sendo capazes de transformar os recursos escassos à sua disposição em
impactos positivos para a sociedade, atendendo os desejos e percepções dos cidadãos
(MOORE, 2002, apud BONIS; PACHECO, 2010, p. 332).
Essas análises nos permitem enxergar algumas diferenças entre os líderes do setor
público e do setor privado, entre elas podemos citar:
Um caso interessante sobre liderança vem da cidade de Contagem (MG), que precisou
definir suas prioridades e capacitar os seus gestores. A análise do caso é importante pois
também houve participação da sociedade civil no processo. Para saber mais acesse a Midiateca.
[...] que vão além das necessidades de uma burocracia profissional e coesa que
possa traçar estratégias com o setor privado sem ser capturada. Ou seja, mais que
as capacidades técnicas e administrativas exigidas de uma burocracia weberiana
clássica. No contexto de democracia caracterizado pela existência de instituições
representativas, participativas e deliberativas, como no caso brasileiro, são necessárias,
também: a existência de capacidades políticas para a inclusão de múltiplos atores,
a negociação de interesses, a construção de consensos em torno dos objetivos de
desenvolvimento e a formação de coalizões políticas de suporte para as estratégias a
serem adotadas. (GOMIDE; PIRES, 2012, p. 27).
Dentro desse contexto, Gomide e Pires (2012) fazem uma síntese das capacidades estatais
e as dividem em dois componentes: o técnico-administrativo (exemplo: gerir projetos, gerir
pessoas, liderar, desenhar processos, conhecimento específico da área de atuação, entre
outros) e o político (conforme consta na citação acima), que abarcam de forma estruturada
uma divisão relevante para a análise de capacidades estatais necessárias aos líderes, por
diferenciar duas questões importantes e ao mesmo tempo reforçar suas relevâncias para
esse debate.
Existe um caso interessante sobre liderança, focado na cidade de São José dos Campos,
onde foi criado, durante a década passada, um polo tecnológico. O caso é relevante, inclusive,
por ter a participação de universidades, institutos de pesquisa e empresas do setor privado
nesse processo. Para saber mais acesse a Midiateca.
Em muitos países europeus, até por conta da crise de 2008, a questão de gerenciamento
de recursos humanos tem se restringido a preocupações com diminuição de gastos
e melhoria de desempenho, o que a princípio mostraria um trade-off. Ou seja, como
estimular os funcionários a produzirem mais e serem mais eficientes em um contexto
em que era preciso conter despesas, ou ainda, diminuir os gastos com recursos
humanos? (RODRIGUES, 2015, p. 39-40)
Outras situações foram colocadas para os funcionários públicos, mas nem todas eram
malvistas por eles, como foco no desempenho, todavia determinadas ações geravam conflitos
de interesse, como a questão do downsizing (diminuição dos quadros de funcionários, o que
pode significar a demissão de funcionários), corte de benefícios dos funcionários ou aumento
da idade para aposentadoria (POLLITT; BOUCKAERT, 2011).
Por outro lado, Osborne e Gaebler (1998, p. 300) ressaltam que as empresas de melhores
resultados: “[...] pagam bem a seus funcionários e se esforçam no sentido de melhorar a
qualidade de seus ambientes de trabalho. Além disso, investem alto em treinamento”.
Portanto, o setor público deveria se valer dessas práticas também, embora reconheçamos
as dificuldades específicas quanto a aumento de salários ou criação de bonificações por
resultados, pois estas dependem, de maneira geral, de lei que a crie, pois geram aumento
de despesas. Assim, percebemos que existe uma situação de trade-off se compararmos
as propostas do parágrafo anterior com as propostas neste. Essa situação faz com que os
gestores públicos precisem verificar e balancear as duas medidas, as que focam na diminuição
de gastos públicos e as que aumentam os gastos públicos.
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Desafios Contemporâneos e Inovações na Gestão Pública
Nessa mesma direção, essa nova orientação propõe-se a mostrar que o investimento na
capacitação e motivação dos funcionários traz benefícios à gestão pública e potencializa os
resultados, e a não preocupação com essas questões pode tornar os demais investimentos
inócuos, pois, conforme Amaral e Pinto (2009, p. 270):
Em outras análises, Selden (2010) identifica alguns pontos relevantes que têm sido
destaques internacionalmente; entre eles temos:
Para resolver esses problemas, diferentemente do Brasil, vários estados dos Estados
Unidos da América divulgam em seus websites as vagas, e alguns estados chegam a receber
milhões de visitas mensais (SELDEN, 2010, p. 83). No Brasil, considerando os cargos em
comissionamento (livre nomeação), poderiam ser publicizados dessa forma; um exemplo é a
prefeitura de São Paulo, que divulga alguns de seus cargos vagos na internet.
• Incentivos financeiros
• Gerenciamento do desempenho
Por essa perspectiva cabe ao órgão público gerenciar o desempenho de seus funcionários,
o que normalmente parte de uma avaliação do superior imediato e de seus funcionários.
Essas avaliações pressupõem que os objetivos institucionais estão claros e as avaliações se
propõem a mensurar quanto os funcionários colaboram para esses objetivos e também com
seu desenvolvimento profissional específico.
É importante salientar que existem outras formas de avaliação, como a conhecida 360
graus, todavia ela necessita de várias entradas de informações para que seja realizada,
exemplificadamente, aplicando essa metodologia à administração pública. Seria interessante
ouvir os cidadãos para os quais se esteja oferecendo os serviços ou as políticas públicas,
bem como órgãos que trabalham conjuntamente, entre outros; essa característica impõe um
grande desafio aos líderes públicos que pretendam utilizá-la.
Diferenciando-se dos três itens explicitados acima (A, B e C), Longo (2007) divide a gestão
de recursos humanos em sete subsistemas, que procuram contribuir para o desenvolvimento
de forma mais completa da área de recursos humanos; são eles:
7. Gestão das relações humanas e sociais – esta se dedica à gestão das relações
estabelecidas entre a organização e seus funcionários.
Por último, temos que organizações públicas mais permeáveis à participação dos
funcionários em seus processos decisórios têm tido melhores resultados, e dessa forma
Denhardt (2012, p.130), alinhado com o humanismo organizacional, ressalta que:
b. estrutura de carreira;
Outro ponto importante para reflexão, por parte do RH do setor público, está relacionado
ao clima organizacional, “[...] que pode ser entendido como a atmosfera do ambiente de
trabalho. Refere-se a uma complexa rede de expectativas e percepções individuais e de
grupo [...]” (BRESCANCINI, 2005, p. 349). Assim, no ambiente de trabalho pode-se ter vários
Considerações finais
Nesta aula conversamos sobre questões importantes que estão relacionadas às atividades
do gestor público, que são: liderança em organizações públicas e gestão de recursos humanos
em organizações públicas.
Quanto ao primeiro item foi possível identificar o ambiente encontrado pelos líderes e,
portanto, as dificuldades e desafios apresentados para a gestão de órgãos públicos. Dessa
forma é possível reconhecer as atitudes e habilidades necessárias para desenvolvimento de
suas atividades da melhor forma possível.
Ainda, procurando contribuir, foram dados dois exemplos em que líderes públicos
conseguiram bons resultados a partir de trabalhos que conciliassem as dificuldades e
oportunidades do setor público, o conhecimento e habilidades que tinham à disposição, bem
como o apoio de entidades não estatais para o desenvolvimento de suas políticas.
Referências
AMARAL, A. E. E. H. B.; PINTO, S. S. Gestão de pessoas. In: OLIVEIRA, L.M. de; GALVÃO, M.C.C.P.
(org.). Desenvolvimento gerencial na administração pública do Estado de São Paulo. São Paulo:
Fundap, 2009. p. 268-309.
BRESCANCINI. Ana Maria. Motivação, clima organizacional e qualidade de vida. In: LEVY,
Evelyn. DRAGO, Pedro Anibal (Orgs). Gestão pública no Brasil contemporâneo. Edições Fundap.
2005.p. 349-360.
DROR, Y. Training for Policy Makers. In: MORAN, M.; REIN, M.; GOODING, R.E. (Ed.). The Oxford
Handbook of Public Policy. Oxford, UK: Oxford University Press, 2008.
DE BONIS, Daniel.; PACHECO, Regina Silvia. Nem político nem burocrata: o debate sobre o
dirigente público. In: LOUREIRO, M. R.; ABRUCIO, F. L.; PACHECO, R. S. (Orgs.). Burocracia e
política no Brasil. Desafios para a ordem democrática do século XXI. Rio de Janeiro: FGV, 2010.
P. 329-362.
HALLIGAN, John. Liderança e o serviço sênior sob uma perspectiva comparativa. In: PETERS,
Guy B.; PIERRE, Jon (ORG.). Administração Pública – Coletânea. Editora UNESP. 2010. P. 125-143.
MARCONI, Nelson. Políticas integradas de recursos humanos para o setor público. IN: LEVY,
Evelyn. DRAGO, Pedro Anibal (Orgs). Gestão pública no Brasil contemporâneo. Edições Fundap.
2005. p. 330-348.
MORRE, Mark H. Criando Valor Público. Coedição ENAP/Editora Letras & Expressões (com
apoio do Banco Interamericano de Desenvolvimento), 2002.
POLLITT, C.; BOUCKAERT, G. Public Management Reform: A Comparative Analysis - New Public
Management, Governance, and the Neo-Weberian State. 3. ed. Oxford: Oxford University, 2011.
RODRIGUES, Dênis Alves. A nova agenda da gestão pública brasileira: estudo de caso do
Detran-SP. Dissertação de Mestrado. Universidade de São Paulo. 2015. Disponível em: http://
www.teses.usp.br/teses/disponiveis/100/100138/tde-31032015-131712/pt-br.php.
SELDEN. Sally Coleman. Inovações e tendências globais nas práticas de gestão de recursos
humanos. In: PETERS, B. Guy; PIERRE, Jon (org.). Administração Pública: Coletânea. São Paulo:
Editora UNESP; Brasília, DF: ENAP. 79-97. 2010.
WORLD BANK. Individual Performance and Management. 2001. Disponível em: http://www1.
worldbank.org/publicsector/civilservice/individual.htm. Acesso em: 18 jun. 2015.
Objetivos Específicos
• Conhecer as ferramentas da gestão da informação e gestão do conhecimento.
Temas
Introdução
1 Aplicação de Tecnologia da Informação na Administração Pública
2 Tecnologia da Informação, Gestão da Informação e Gestão do Conhecimento
na esfera pública
3 Casos brasileiros de sucesso
Considerações finais
Referências
Professor Autor
Dênis Alves Rodrigues
Desafios Contemporâneos e Inovações na Gestão Pública
Introdução
Nesta aula será abordado assuntos muito importantes para a administração pública:
gestão da informação e do conhecimento. Para atingir esses objetivos a administração
pública tem se utilizado muito intensamente das ferramentas da Tecnologia da Informação e
Comunicação (TIC).
No entanto, essa utilização não significa que necessariamente serão atingidos os resultados
esperados ou objetivos propostos, pois ainda se tem um longo caminho a percorrer para que
essas práticas sejam mais disseminadas e bem aproveitadas na administração pública.
Esse processo que ocorre no meio privado trouxe impactos para a gestão pública, pois o
processo de “[...] customização parcial em massa tornou os consumidores menos tolerantes
para ir a uma repartição de licenciamento de veículos, a certa distância de sua casa, e esperar
na fila até receber um serviço medíocre.” (GOLDSMITH; EGGERS, 2006, p.35).
Isso mostra que houve uma pressão empurrando a administração pública para que ela
melhorasse a forma de prestar seus serviços e de se relacionar com o cidadão, dessa forma
a mesma revolução ocorrida no mundo das empresas privadas aparece para a administração
pública. É importante frisar que o potencial do governo eletrônico é debatido há cinquenta
anos, quando começaram a ser utilizados os primeiros computadores nas organizações
governamentais (MARGETTS, 2010, p. 357).
Como já dito, essas mudanças nas relações de consumo no mundo privado têm feito
com que os cidadãos cobrem melhores resultados da administração pública, pois ele espera
adquirir bens por múltiplos canais, inclusive por meio eletrônico (GOLDSMITH; EGGERS, 2006,
p. 35), o que acaba por funcionar como um impulso para que os gestores públicos pensem
em novos formatos de prestação de serviço, novos arranjos institucionais e melhores formas
de utilização de TIC, inclusive visando a gestão das informações e do conhecimento, pois
Por outro lado, o impacto em termos de gestão da informação não se limita à melhoria
de prestação de serviço. Além disso, as ações do governo em termos de gestão da tecnologia
da informação, de maneira geral, têm impactos significativos na sociedade, pois
Hoje a internet reduziu o custo da informação [...] Com e-mail e outras tecnologias
de comunicação, a Internet tornou a comunicação e a colaboração com parceiros
externos aos limites da organização muito melhor, mais rápida e barata. Os tradicionais
custos de compartilhamento, tais como viagens, reuniões, troca de documentos e
comunicações [...] caíram em muitos graus de magnitude. (GOLDSMITH; EGGERS,
2006, p. 33)
Portanto, podemos perceber que a administração pública tem utilizado em larga escala
de ferramentas de TIC e de várias formas, como:
A lista anterior não é exaustiva, mas procura exemplificar essas novas formas de
relacionamento com o cidadão e novas formas de organização que as ferramentas de TIC
estão proporcionando para a gestão pública. E isso está ocorrendo por algumas características
da TIC, por exemplo: a possibilidade de tratar grandes volumes de informação, a rapidez com
que o faz, a diminuição de custos operacionais para os órgãos públicos, a possibilidade de
relacionamento e troca de informações entre múltiplos atores internos e externos à própria
administração pública, como a internet, intranet (uma rede de comunicação interna a cada
órgão público), desenvolvimento de sítios eletrônicos para o processo de compras (licitação),
entre outros.
Assim, podemos iniciar definindo o termo dados como “sucessões de fatos brutos que
não foram organizados, processados, relacionados, avaliados ou interpretados, representando
partes isoladas de evento, situações ou ocorrências. Constituem unidades básicas a partir das
quais as informações poderão ser elaboradas ou obtidas.” (CÔRTES, 2008, p. 26).
Essa definição nos ajuda em dois pontos, conseguimos compreender que os dados são
obtidos de uma forma bruta e nos permitem gerar informação, ou seja, a análise de dados,
ou mesmo sua união e avaliação, nos permite ter informações sobre algo. Um exemplo de
dado é uma temperatura (por exemplo: 19°C) de forma isolada, pois é um dado bruto que
sem outros dados ou informações (local, dia, entre outros) não nos gera uma informação que
possa ser utilizada.
Assim, quando se utilizam os dados, fazendo-os passar por uma análise, avaliação ou
organização, tem-se a geração de informação (CÔRTES, 2008, p. 26). A figura abaixo nos
auxilia a compreender melhor essa relação.
Para Coelho (2005, p. 408) “[...] da mesma forma como a informação provém dos dados,
o conhecimento deriva das informações.”, ou seja, o relacionamento das informações é
capaz de gerar conhecimento. Vários autores se debruçaram para contribuir para a melhor
compreensão do que seria a geração do conhecimento. Uma das linhas é que para a geração
de conhecimento é necessária a intervenção humana (DAVENPORT; PRUSAK, 1998, p. 7).
Dentro desse contexto “[...] a gestão do conhecimento pode ser considerada o esforço
para melhorar o desempenho humano e organizacional por meio de facilitação de conexões
significativas” (TERRA, 2002, p. 57 apud COELHO, 2005, p. 412) e pode ser definida de outra
forma, como “um processo dinâmico, social que envolve mudanças contínuas nas habilidades
e na aquisição de know-how” (TERRA, 2002, p. 63 apud COELHO, 2005, p. 412).
Uma das ferramentas que podem ser utilizadas para contribuir com a gestão do
conhecimento nas organizações públicas são a criação de portais corporativos (intranet) que,
quando contribuem para a gestão da informação e dos conhecimentos de uma organização,
podem promover o incremento da capacidade de solução de problemas e de geração de
inovações no interior da organização (COELHO, 2005, p. 417).
Um primeiro ponto que podemos salientar é o modelo burocrático que ainda é muito forte
em vários países, como no Brasil. Assim, o foco ainda é mais restrito ao controle procedimental
e a hierarquização do que aos resultados e desenvolvimento das organizações públicas, o que
gera algumas dificuldades nas implantações desses novos modelos ou ferramentas de gestão.
Exemplificando, a figura abaixo procura suscitar o desafio dos líderes que trabalham na
administração pública para criar uma sinergia entre os funcionários e, mais que isso, entre os
conhecimentos dos funcionários para que consigam inovar e melhorar o desempenho.
1 O sistema de inteligência de negócio (BI) utiliza-se de grandes depositórios de dados das empresas para a partir do tratamento desses dados
gerar informações úteis à empresa para que possam auxiliá-las no processo de tomada de decisão. Esses sistemas trabalham com grandes
volumes de informações e exigem grande capacidade de processamento de dados.
O big data apareceu como uma nova concepção envolvendo os dados, procurando otimizar
a utilização e aplicação de grandes quantidades de dados. Trata-se de uma situação em que
se tem um grande volume de dados, grande variedade de tipos de dados e a necessidade de
velocidade no processamento deles (os três “V”: volume, variedade e velocidade), que são as
três dimensões de desafios no gerenciamento de dados (é importante frisar que as definições
conceituais podem mudar de acordo com o autor). Os três “V” emergiram como um quadro
comum para descrever o big data (CHEN; CHIANG; STOREY, 2012; KWON; LEE; SHIN, 2014).
Uma das possibilidades de sua utilização é vincular dados de fontes diferentes para gerar
mapas georreferenciados, em que é possível visualizar maiores incidências, por exemplo, de
acidentes de trânsitos e, posteriormente, analisar velocidades das respectivas vias e existência
ou não de semáforos e de instrumentos de fiscalização, o que permitirá uma identificação de
fatores comuns que estariam na maioria dos casos em que ocorreriam acidentes de trânsitos.
Outro exemplo de aplicação é na área da saúde: a partir de várias entradas de dados dos
hospitais e do local onde moram os pacientes, pode-se entender como os vetores das doenças
funcionam, permitindo gerar estratégias mais efetivas no seu combate.
[...] tornar a atenção primária mais resolutiva por meio da corresponsabilização dos
municípios na produção de serviços de saúde e na reordenação do modelo de saúde,
onde a porta de entrada para o sistema de saúde são as unidades básicas de saúde e
não os serviços especializados ou hospitais. (PEREIRA, 2013, p. 56)
A inovação nessa iniciativa está ligada à criação de uma rede colaborativa de médicos de
seis universidades públicas, coordenada pelo Centro de Telessaúde do Hospital das Clínicas
da Universidade Federal de Minas Gerais, que presta suporte assistencial e educacional a
profissionais de saúde de forma remota (PEREIRA, 2013, p. 57).
O sucesso dessa prática resultou da criação de uma política estadual de saúde denominada
Tele Minas Saúde (2009). Atualmente, são beneficiados 658 municípios, com cobertura de
mais de 70% do estado (PEREIRA, 2013, p. 58).
Nesse caso, fica claro que a utilização de TIC pode contribuir para a melhoria da gestão
do conhecimento, uma vez que foi possível integrar médicos para melhorar a análise de casos
clínicos, melhorando o diagnóstico médico e contribuindo de forma fundamental para uma
importante política pública da área de saúde.
Após um diagnóstico, percebeu-se que havia alguns fatores críticos, que geravam o
cenário descrito, por exemplo (PEREIRA, 2013, p. 72):
• falta de uma atuação efetiva das autoridades portuárias no controle das cargas, pessoas
e veículos que entravam, saíam e circulavam na área do porto organizado, devido
principalmente à carência em ferramentas de auxílio à obtenção de informações e
tomada de decisão.
Para tratar esse cenário e trazer maior eficiência para a gestão dos portos, seus gestores e
idealizadores do projeto “Porto sem papel”, desenvolveram um “[...] macroprojeto que visa a
munir o setor portuário de sistemas e informações estruturadas fidedignas e tempestivas para
que todos os intervenientes possam atuar de maneira eficiente, coordenada e transparente,
reduzindo os custos e a burocracia para os usuários dos serviços portuários.” (PEREIRA, 2013,
p. 75).
Utilizaram, ainda, o conceito de single window (janela única), em que cria apenas um
canal de contato (sistema através da internet) com todos os atores envolvidos, o que facilita a
gestão desses processos (Documento Único Virtual – DUV). Quanto a isso, tem-se que
Nesse exemplo, temos mais uma boa prática de revisão de processo e utilização de
TIC para melhorar o desempenho de uma organização, fazendo com que o processo e as
autorizações dos órgãos públicos atinentes sejam realizados dentro de um único sistema,
economizando tempo, insumos de escritório e funcionários para a sua gestão e controle.
Além disso, percebemos que as informações são mais fidedignas, pelo controle via sistema
informatizado.
Considerações finais
Nesta aula abordamos sobre assuntos ligados à utilização de Tecnologia da Informação e
Comunicação (TIC) como uma importante ferramenta catalisadora nos processos de inovação,
gestão da informação e gestão do conhecimento na administração pública.
Foi possível observar que os gestores públicos enfrentam dificuldades para a implantação
dessas inovações e que os problemas estão vinculados ao fato de o foco da administração
pública brasileira estar em controle procedimental e hierarquia, e que essas inovações
precisam de um ambiente mais gerencial e flexível.
Por outro lado, percebemos que, embora seja desafiador, é possível melhorar o
desempenho das organizações públicas a partir de uma melhor gestão da informação e do
conhecimento. Para reforçar isso, analisamos alguns casos de sucesso que trouxeram bons
resultados a partir da revisão de processos, informatização de processos, utilização de TIC para
aproximar especialista e analisarem casos de forma conjunta, trazendo melhores resultados.
Esses casos conseguiram adaptar as tecnologias existentes às necessidades de controle e
hierarquização da burocracia brasileira e, ainda, resolver problemas públicos e melhorar o
desempenho de órgãos públicos em diversas áreas.
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