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Docente: Dr.

Paulo Vieira Neto (UFPR)

Discente: Enrico Martinho (UFPR)

FACULDADE DO JUÍZO

Kant volta, na Crítica da faculdade de julgar, a compreender algum


dos assuntos abordados em suas duas outras críticas agora pelos
olhos do juízo. Em seu cerne, o livro é pensado em duas principais
partes, uma crítica da faculdade de julgar estética e uma
teleológica.

Partirei de algumas passagens do texto para diferenciar e expor


algum dos princípios de outros dois juízos que servirão como tópico
base para este texto, sendo esses o juízo reflexionante e
determinante.

II

Para chegar a uma conclusão referente ao juízo reflexionante e


determinante, voltemos a entender alguns pontos centrais da
filosofia de Kant. Primeiramente, como mostrado na Crítica da
razão pura, para haver experiência é necessário que haja uma
homogeneidade em algum grau entre os objetos dados, pois o
entendimento o pensa de tal forma (KrV, 2018, B 681). Essa
necessidade que torna possível um conhecimento empírico a partir
da natureza.

A importância da homogeneidade nos objetos dados é crucial para


a reflexão, já que esta concatena estes objetos pensando eles em
uma finalidade que seja adequada a um conhecimento possível,
sejam em um caso (fenômeno) ou regra (conceito) (KdU, 211, p.
28). É importante ressaltar que a comparação é característica do
juízo reflexionante, é esse juízo quem universaliza em leis casos
dados.

É natural, então, do juízo reflexionante pensar direcionado a um


conceito de experiencia que sirva para um caso dado. Portanto, a
partir de um caso, o juízo sempre pensará uma regra que incluirá na
natureza esse caso, isso só é possível por conta da própria
natureza permitir uma semelhança entre casos específicos, como
vista na Crítica da razão pura. Kant diz que a reflexão toma essa
técnica da natureza como princípio, esse seria um uso logico da
faculdade de julgar, que não seria natural da faculdade de julgar,
mas um processo mecânico da própria natureza, que permite a
faculdade de julgar agir (KdU, 213, p. 29-30).

III

É natural do juízo reflexionante incluir casos em regras a partir de


uma homogeneidade encontrada na própria natureza. Isso torna o
trabalho do juízo reflexionante próprio da natureza, que continua se
universalizando pelo juízo humano. Kant classifica esse trabalho
como puramente estético (KdU, 214, p.30).

A diferença, agora com o juízo determinante, é bem mais simples.


Enquanto o juízo reflexionante pensa o caso a partir de um conceito
que se adeque melhor ao caso na experiencia (portanto não
havendo criação como no reflexionante), o determinante dá a regra
antes do caso, portanto, nesse juízo regra é quem determina o
caso.
O juízo quando determinante, é, a partir da reflexão, determinante.
Ou seja, é reflexionante e determinante ao mesmo tempo, pois
pensa e subsumi conceitos às intuições (KdU, 2012, p.29).
Enquanto o juízo reflexionante pensa a experiência de maneira
mais ampla, pretendendo partir de casos e os universalizando, o
juízo determinante usa de uma regra para pensar e determinar um
caso.

Concluindo, é de se notar que quando pensado o caso, a reflexão


pensa um conceito que se aplique unicamente ao caso, havendo,
portanto, a criação de um conceito ao objeto. Por outro lado, ao ter
por princípio regras já pensadas empiricamente, o juízo
determinante os aplica na experiencia (KdU §69, p.280). Kant
classifica esse momento como um direcionamento da reflexão ao
conceito de uma natureza.

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