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Natureza: Obrigatória
Cursista: Paula Cristina Evangelista Guedes
Polo: Niquelândia
Tutor:
Turma: A
Ainda assim, para Hobsbawm 1848 não foi apenas um “breve episódio
histórico” sem consequências. As revoluções de 1848 não são facilmente definidas em
termos de regimes políticos, leis e instituições, porém elas marcaram o fim, na Europa
ocidental, da política da tradição que até então era posta em prática pelas monarquias,
que acreditavam que o povo aceitaria a lei do direito divino que apontava para dinastias
que iriam presidir sociedades hierarquicamente estratificadas. Isso tudo sancionado pela
tradição religiosa que defendia a crença dos direitos e deveres patriarcais dos que eram
superiores social e economicamente. Além disso, os defensores da ordem social foram
obrigados a aprender a política do povo, e esta foi sem dúvida a maior inovação trazida
pelas revoluções de 1848, pois ficou claro que classe
média; liberalismo; democracia; política; nacionalismo e as classes trabalhadoras eram,
daquele momento em diante, presenças permanentes no panorama político.
Este conjunto de revoluções caracterizadas por serem dos setores pobres da
sociedade e que contrariavam os interesses liberais de construção e expansão da riqueza
pessoal, da busca do lucro sem peias, mesmo sendo derrotadas, serviram como modelo
de uma possibilidade de reação social. Para Hobsbawm (1982), elas são uma reposta à
crise socioeconômica que paira sobre a Europa neste momento; estagnação do
comércio, fome, miséria elementos que nivelam as necessidades sociais e
consequentemente as formas de resposta agregadas à luta contra o “Antigo Regime”.
Portanto se faz necessário ressaltar que os choques de 1848, conhecidos como
Primavera dos Povos, foram o espaço de luta e de teste da força do movimento de
trabalhadores, teste das formas de luta adotadas e do nível de organizações de todas as
classes. A conjuntura ampla apresentava condições para que lutas acontecessem,
especialmente na França e Alemanha, mas também na Itália, Inglaterra, Bélgica, etc. As
análises de Marx e Engels estão voltadas para essa conjuntura de conflitos sociais,
evidenciando ao mesmo tempo uma nova compreensão sobre a realidade, dentro de uma
realidade nova. Não é exagero observar que o próprio marxismo é fruto desse momento
de lutas, não apenas como manifestação teórica, afinal, Marx e Engels foram alguns dos
protagonistas na construção de organizações de trabalhadores, algo que ainda é uma
carência mundial para a classe trabalhadora.
Referência bibliográfica
HOBSBAWM, Eric. A Era do Capital 1848 - 1875. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1982.