1. O que representam os aspectos material, temporal, espacial e quantitativo do
fato gerador da obrigação tributária?
Obrigação tributária nasce com a ocorrência de um fato gerador, necessário e
suficiente para que surja a obrigação. Em primeiro lugar, o aspecto material refere-se ao núcleo da hipótese de incidência, isto é, a descrição do fato que, uma vez realizado, origina a obrigação tributária. É o comportamento (ação ou omissão) previsto na norma que, ao ocorrer, faz nascer a obrigação de pagar o tributo. Por exemplo, a realização de uma venda de mercadorias é o aspecto material que gera a obrigação de pagar o ICMS. Por outro lado, o aspecto temporal indica o momento em que se considera ocorrido o fato gerador, ou seja, o instante em que nasce a obrigação tributária. Esse momento é definido pela legislação de cada tributo. No caso do Imposto de Renda, o aspecto temporal é o último dia do ano, quando se apura a renda acumulada no ano-calendário. Em relação ao aspecto espacial, refere-se ao lugar onde o fato gerador ocorre, determinando a competência territorial do ente tributante. Ou seja, define em que localidade (município, estado, país) a obrigação deve ser cumprida. O local da prestação de serviços, por exemplo, determina o município competente para a cobrança do ISS. Finalmente, o aspecto quantitativo reflete a base de cálculo e a alíquota do tributo, determinando o valor a ser pago. A base de cálculo é a grandeza econômica sobre a qual se aplica a alíquota para calcular o montante do tributo devido. No caso do IPTU, a base de cálculo é o valor venal do imóvel, e a alíquota é um percentual definido pela legislação municipal.
2. O que são obrigações acessórias? Muitas das obrigações acessórias são
identificadas por siglas. Explique o que são PER/DECOMP, DIRF, ECD e DCTF
São deveres administrativos, previstos na legislação tributária, que não resultam
diretamente em uma exigência de pagamento, mas que, se descumpridos, podem converter-se em obrigações principais, geralmente mediante a aplicação de multas. As obrigações acessórias têm como objetivo principal o controle, a fiscalização e a arrecadação dos tributos. Algumas delas são: ● PER/DECOMP (Pedido Eletrônico de Restituição, Ressarcimento ou Reembolso e Declaração de Compensação): Instrumento utilizado pelos contribuintes para solicitar à Receita Federal a restituição, o ressarcimento, o reembolso de quantias pagas a mais ou indevidamente, ou a compensação de créditos tributários. ● DIRF (Declaração do Imposto sobre a Renda Retido na Fonte): Declaração feita pela fonte pagadora, com o intuito de informar à Receita Federal os rendimentos pagos a pessoas físicas domiciliadas no país, o valor do imposto sobre a renda e contribuições retidos na fonte, dentre outras informações. ● ECD (Escrituração Contábil Digital): Parte do Sistema Público de Escrituração Digital (SPED), a ECD substitui a escrituração em papel pela digital. É a obrigação de transmitir, em versão digital, os livros Diário, Razão, Balancetes Diários, Balanços e fichas de lançamento comprobatórias dos assentamentos neles efetuados. ● DCTF (Declaração de Débitos e Créditos Tributários Federais): Declaração destinada a informar à Receita Federal os débitos de tributos e contribuições federais, as compensações, suspensões, e o pagamento unificado.
3. Do que tratam as Súmulas 430 e 435 do STJ mencionadas no final do capítulo
do livro a respeito da responsabilidade dos sócios por dívidas tributárias da empresa? Explique
Súmula 430 do STJ: "O inadimplemento da obrigação tributária pela sociedade
não gera, por si só, a responsabilidade solidária do sócio-gerente." Essa súmula estabelece que a mera inadimplência da empresa não acarreta automaticamente a responsabilidade do sócio-gerente pelas dívidas tributárias, necessitando de atos com excesso de poderes ou infração à lei, contrato social ou estatutos para tal responsabilização. Súmula 435 do STJ: "Presume-se dissolvida irregularmente a empresa que deixar de funcionar no seu domicílio fiscal, sem comunicação aos órgãos competentes, legitimando o redirecionamento da execução fiscal para o sócio-gerente." Esta súmula trata da presunção de dissolução irregular da empresa que cessa suas atividades sem a devida comunicação aos órgãos fiscais, permitindo que a execução fiscal seja redirecionada aos sócios-gerentes, sob a presunção de que houve ato com excesso de poderes ou infração legal.