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A INCLUSÃO COMO FERRAMENTA PARA ACOLHER AS PESSOAS COM

DEFICIÊNCIAS NO MEIO CRISTAO.


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RAQUEL DE CARVALHO BARBALHO SILVA
O QUE É INCLUSÃO?
“Inclusão é o privilégio de conviver com as diferenças"
(Mantoan)
A Constituição Federal assegura a Educação como um direito a todas as pessoas. Não
poderia ser diferente quando se trata de pessoas com deficiência. No ambiente
educacional, incluir implica repensar a pedagogia e a didática de modo que todos
possam aprender conjuntamente. A educação inclusiva tem como principal propósito
ajudar escolas e educadores a permitir que todos os alunos, em sua diversidade, possam
aprender juntos. É repensar o próprio objetivo da educação, descolando o foco da
transmissão do conhecimento que foi acumulado pelo professor para o potencial de
aprendizagem que os alunos apresentam.
No Brasil, a inclusão da pessoa com deficiência é garantida e amparada por lei. Em
2015, foi aprovada a Lei Brasileira da Inclusão (LBI), que afirma os direitos das
pessoas com deficiência com base na Convenção Internacional sobre os Direitos das
Pessoas com Deficiência, que se tornou uma referência para se discussão desse tema no
país.
Anteriormente à LBI de 2015, a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional
9.394/96, que foi aprovada em 20 de dezembro de 1996, define que o acesso à
educação da pessoa com deficiência seja realizado por meio da Educação Especial (que
é uma modalidade de educação) preferencialmente no ensino regular, isto é, a pessoa
com deficiência tem o direito de estudar na mesma escola e na mesma sala de aula dos
alunos considerados normais, como vemos em seu Art. 58. Entende-se por educação
especial, para os efeitos desta Lei, a modalidade de educação escolar oferecida
preferencialmente na rede regular de ensino, para educandos com deficiência,
transtornos globais do desenvolvimento e altas habilidades ou superdotação. (LDB).
De modo geral, a educação inclusiva consiste em ser um esforço de todos e deve
garantir que todas as pessoas tenham acesso, ao sistema de ensino. É muito importante
lembrar que não se pode aceitar nenhum tipo de discriminação, seja de gênero, etnia,
religião, classe social, condições físicas e psicológicas, etc.
A INCLUSÃO NA IGREJA.
No ambiente da igreja, a inclusão deve ser tida como uma responsabilidade social ,
além de ser um ato de amor e obediência a Deus, de modo que todos possam ter acesso
a Palavra de Deus e a oportunidade de receber seu filho Jesus como Salvador. Não
podemos aceitar em uma igreja os mesmos preconceitos culturais do mundo e nos
distanciarmos da prática do amor ensinado por Jesus.
Todos tem o direito à inclusão para que não vivam em isolamento e marginalização.
Observa-se, em muitos lugares e com frequência, que as pessoas com deficiência não
são bem-vindas nas atividades da igreja em razão de nossos medos em romper com
esses bloqueios, que impedem a interação com elas. Se quisermos realmente vencer esse
medo, não devemos isolá-las, pois a falta de contato só faz aumentar este receio e o
distanciamento. Dessa forma, se não for possível incluí-las na igreja, infelizmente elas
acabarão indo embora.
Contudo, é necessário considerar a realidade. Existem algumas pessoas com deficiência
que podem se integrar muito bem à escola dominical e em outras atividades da igreja,
pois sua deficiência não é grave ou a sua conduta ou habilidade social não é afetada.
Porém, se houver disfunção grave, profunda ou até múltipla, as necessidades serão mais
específicas e para esses casos, se defende um programa diferenciado e não totalmente
integrado com os demais membros da igreja.
Tem que avaliar cada caso e nunca excluir a possibilidade de integração. E se as
intervenções não funcionarem, é possível organizar uma sala de aula especial para essas
pessoas. O que não devemos esquecer é que a palavra-chave é “inclusão”, o que implica
mantê-las na igreja, incluídas em nossos planos e tarefas e com suas necessidades
especiais levadas em consideração.
De acordo com o Pastor Antônio Ramos, na cultura Judaica antiga, os rabinos
pensavam e ensinavam que pessoas com deficiência eram invariavelmente vítimas do
castigo de Deus, e que as crianças só atrapalhavam as cerimônias religiosas. Houve
ocasiões, porém, que Jesus confrontou esses pensamentos errôneos dizendo: “... Deixai
vir a mim os pequeninos e não os embaraceis, porque dos tais é o reino de Deus.
(Lc.18:16 e Jo.9:1-11). A acessibilidade aos templos torna-se algo urgente e um
instrumento de exemplo para todo o restante da sociedade; pois a igreja como
formadora de opinião, deve ser a primeira a dar vez e voz aos seus membros com
deficiência, familiares e amigos.
Partindo desse pensamento podemos entender o quanto a igreja e o nosso trabalho no
ministério infantil é essencial para a que a inclusão aconteça para essas pessoas que ,
em muitos lugares, ainda não se sentem parte da sociedade ou mesmo da vida cristã.
É muito importante seguir algumas orientações básicas para iniciar esse trabalho
importante dentro de nossas igrejas e a partir disso buscar atualizações durante o
processo para inclusão eficiente:
1. Tratar apenas um ponto de cada vez.
2. A linguagem deve ser clara, sem metáforas ou linguagem figurada. Procurar falar de
maneira muito concreta. Usar exemplos do cotidiano que sejam conhecidos pelos alunos
com deficiência.
3.Possibilitar experiências concretas em vez de representações. Por exemplo, mostrar
um vaso e não o desenho de um vaso.
4. Mostrar exemplos daquilo que vai ser feito pelos alunos (um modelo ou o objeto
completamente pronto).
5. Separar as fases de uma atividade em tarefas curtas, a fim de que seja cumprida uma
de cada vez.
6. Usar canções curtas e com repetições, pois são mais fáceis de aprender.
7. Utilizar uma versão mais simples da Bíblia (como a Nova Tradução na Linguagem
de Hoje).
8. Mudar de atividades com frequência. Cada atividade deve durar no máximo dez
minutos ou menos que isso, pois a capacidade de concentração desses alunos é limitada.
9. Os avanços, ainda que muito pequenos, e sem que se esperem mudanças, devem
trazer satisfação ao líder. Sejamos muito flexíveis! O leque de capacidades é muito
grande, e eles podem nos surpreender. É sempre aconselhável ter alternativas
preparadas.
10. Incentivar cada aluno com palavras de apreço, mesmo quando ele não tenha
realizado todo o trabalho.
Diante de tudo isso, percebemos que nosso trabalho é árduo, mas podemos buscar
capacitações, sempre atualizar nossas leituras e viver uma vida de oração e jejum,
especificamente por essa causa pedindo sabedoria a Deus para continuar fazendo a
diferença em nossa geração e cada vez mais influenciar pessoas à inclusão, lembrando
que nosso trabalho terá uma recompensa, conforme o apostolo Paulo nos orienta em
1Co 15.58 - Portanto, meus amados irmãos, mantenham-se firmes, e que nada os
abale. Sejam sempre dedicados à obra do Senhor, pois vocês sabem que, no Senhor, o
trabalho de vocês não será inútil.
Referências:
A IGREJA E O DESAFIO DA INCLUSÃO DE PESSOAS COM DEFICIÊNCIA.
Pastor Antônio Ramos. Igreja Ev. Congregacional da Ilha da Madeira. Disponível em:
www.recantodasletras.com.br
INCLUSÃO NA IGREJA, NA ESCOLA DOMINICAL OU EM PEQUENOS
GRUPOS: INTEGRAÇÃO OU SEGREGAÇÃO? Brenda Darke. Disponível em:
http://ultimato.com.br
GALERY, Andreia Pinto Augusto (Org). A escola para todos e para cada um. São Paulo:
Summus, 2017.
LEI BRASILEIRA DE INCLUSÃO (LEI Nº 13.146, DE 6 DE JULHO DE 2015.).
LEI DE DIRETRIZES E BASES DA EDUCAÇÃO NACIONAL (LEI Nº 9.394, DE 20
DE DEZEMBRO DE 1996).
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Raquel de Carvalho Barbalho Silva
Bacharel em Direito
Especialista em Educação Inclusiva
Especialista em Gestão, Orientação e Supervisão
Licenciada em Letras – Português-Inglês

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