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LICENCIATURA EM AGRO-PROCESSAMENTO
3ᵒ Ano
Quelimane
2024
GERMANO VICTORINO SATAR BACAR
MARIO CHICO TOMAS AMODA
MARQUIZINHO JAIME
VALDEMIRO MARCELINO NAPUEDA
Quelimane
2024
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Índice Páginas
1.Introdução ........................................................................................................................... 4
1.1.Objectivos ........................................................................................................................ 4
1.2.Geral ................................................................................................................................ 4
4.1.Manuseamento ................................................................................................................. 6
4.2.Transporte ........................................................................................................................ 6
4.3.Acondicionamento ........................................................................................................... 7
5.2.3.Autólise ....................................................................................................................... 11
8. Conclusão ........................................................................................................................ 17
9. Bibliografia ...................................................................................................................... 18
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1.Introdução
1.1.Objectivos
1.2.Geral
Estudar o pescado como alimento e os fenómenos da degradação.
1.3. Específicos
Conhecer a valorização do pescado após o embarque;
Compreender os processos de deterioração, fatores e os fenômenos de degradação
sensorial do pescado (Lagosta, Tilapia e Lula);
Avaliar as características químicas e o valor nutricional do pescado.
2.Metodologias
Na perspetiva de Gil (2008), a metodologia é o caminho utilizado para o alcançar certos
objetivos. Portanto, como forma de auxílio para a realização do presente trabalho, recorreu-se
a informações relevantes em livros, obras e artigos tanto impressos como eletrónicos, a fim de
se obter bases concretas para sustentar o trabalho em questão.
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3. REVISÃO DA LITERATURA
3.1. Pescado
O termo pescado é utilizado para descrever uma ampla gama de seres aquáticos
destinados à alimentação humana, provenientes de diversos ambientes aquáticos, como
oceanos, rios, lagos, reservatórios naturais ou artificiais, e também de criações comerciais em
aquicultura. É um termo genérico composto por peixes marinhos e de água doce, além de outros
grupos como crustáceos, moluscos, quelónios, mamíferos aquáticos e ocasionalmente vegetais
aquáticos, como as algas (Soares e Gonçalves, 2012).
4.1.Manuseamento
4.2.Transporte
De acordo com Pereira et al. (2009), é essencial que o transporte do pescado até o
caminhão seja realizado com cuidado, evitando arrastar as caixas, o veículo deve ser exclusivo
para produtos pesqueiros, estar limpo e ser isotérmico (refrigerado), e caso não seja refrigerado,
o pescado deve estar completamente envolto em gelo, durante o transporte, o caminhão não
deve carregar outros produtos alimentícios, e é importante não sobrecarregar as caixas para
evitar o esmagamento do produto e consequente decomposição, e além disso, não devem ser
deixados resíduos na zona de embarque.
Como destacado pelo mesmo autor, a manutenção da cadeia de frio é crucial para
preservar as características originais dos produtos alimentares, é fundamental que essa cadeia
não seja interrompida e que não haja grandes variações de temperatura durante o transporte,
armazenamento ate consumo pelo consumidor.
estocagem e temperatura, e todos os envolvidos devem estar cientes das boas práticas de
manipulação para garantir a qualidade do pescado e a segurança alimentar do consumidor,
conforme ressaltado por Pereira et al. (2009).
4.3.Acondicionamento
Ainda segundo mesmo autor, para obter produtos de qualidade, é crucial trabalhar com
pescados frescos e manter ótimas condições de higiene, alguns países realizam o congelamento
imediato do peixe após a pesca no mar, o que demanda instalações eficientes nos barcos, mas
resulta em produtos de alta qualidade no mercado. Quanto mais baixa a temperatura de
estocagem, maior é o tempo de armazenamento do produto congelado.
5. Deterioração do pescado
Os principais fatores intrínsecos que levam à rápida deterioração do pescado fresco estão
relacionados com o teor de água intramuscular do pescado (atividade da água), o pH próximo
da neutralidade, nutrientes ou composição química, fatores antimicrobianos e estrutura
biológica (Ogawa e Maia, 1999).
De acordo com Ferreira et al. (2002), os microrganismos utilizam o pescado como fonte
de nutrientes e energia. Além disso, contribuem para a rápida instauração da fase de rigidez
post mortem (rigor mortis), liberam muco, e se beneficiam da alta quantidade de água nos
tecidos (cerca de 70%), da constituição frouxa do tecido conjuntivo e da presença de proteínas,
fosfolipídios e ácidos graxos polinsaturados como substratos.
Segundo o autor Huss (1995), a deterioração de pescado refrigerado pode dividir-se em quatro
fases distintas, que conduzem a alterações sucessivas da sua qualidade:
De acordo com Pereda et al., 2005, após a morte do pescado por asfixia, cessa a entrada
de O2, e os produtos metabólicos não oxidados no sangue e nos músculos paralisam o sistema
nervoso, ocorrem a hiperemia e a liberação de muco. Neste momento, o peixe está em pré-rigor,
fase que dura de 1 a 2 horas, tendo o glicogênio como fonte de energia e o ATP combinado
com a miosina, o que confere ao peixe uma carne branda com pH médio de 7,0. O ATP presente
(2.200 µg de trifosfato de adenosina/g de peixe) é usado para liberar energia, transformando-se
em ADP (adenosina difosfato), em seguida, há redução total do ATP. É liberada a miosina que
estava combinada com o ATP, aparece o ácido láctico (3.300 µg/g) formado a partir da
degradação do glicogênio, este é o ponto de passagem do pré-rigor para o rigor mortis.
Ainda segundo o mesmo autor, esta produção de muco ocorre nas glândulas mucosas
da pele como uma reação particular do organismo em manter-se em homeostase, respondendo
às condições desfavoráveis à sua volta, às vezes, é tão significativa que o corpo fica recoberto
por uma fina camada de limo que representa de 2 a 2,5% do peso total. A produção de muco
não significa que o pescado esteja em más condições para o consumo, mas, visto que facilita o
crescimento bacteriano na superfície, é em muitos casos, o veículo da penetração microbiana
em outras partes do pescado.
De acordo com Pereda et al. (2005), quando o fornecimento de oxigênio para o músculo
cessa, o metabolismo se torna anaeróbico, e a principal fonte de energia passa a ser a degradação
do glicogênio muscular, que é consumido em menos de 24 horas. A redução do pH muscular
está relacionada ao acúmulo de ácido lático proveniente da glicólise e à hidrólise do ATP,
resultando na degradação das principais proteínas musculares, como actina e miosina, que
causam a contração das miofibrilas e o encurtamento muscular correspondente, em geral o pH
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diminui de 6,9-7 para 6,2-6,3 em peixes magros, embora em peixes de carne escura, como
alguns atuns e cavalas, possa atingir valores de aproximadamente 5,5-5,7.
Não é possível prever com exatidão quais vão ser as principais alterações, pois a fase
de resolução do rigor mortis varia de espécie para espécie, dependendo do tamanho e das
condições físicas do peixe, bem como da temperatura e do manuseamento durante a fase pré
rigor mortis. Todo este processo é extremamente relevante para a frescura do pescado e para as
suas potencialidades tecnológicas (Soares e Gonçalves, 2012).
5.2.3.Autólise
Franco e Landgraf, (2008) descrevem a autólise como o processo decorrente de duas ações
principais:
Ação dos sucos digestivos: esses sucos possuem natureza ácida e muitas enzimas
proteolíticas atravessam a parede intestinal após a morte do pescado, indo atuar sobre
os tecidos musculares, provocando sua decomposição e facilitando a disseminação de
micro-organismos do trato gastrointestinal. Essas enzimas também atacam e perfuram
as vísceras, acelerando a deterioração.
Ação das enzimas dos tecidos: levam ao amolecimento e à desintegração da carne,
facilitando a disseminação dos micro-organismos contaminantes.
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5.2.4.Decomposição bacteriana
A invasão bacteriana inicia-se pela região branquial, por ser uma zona com bastante
vasculatura e de fácil acesso, que começa a exibir um cheiro desagradável. Seguidamente,
instala-se na parede e cavidade abdominal do peixe, devido à ação de enzimas e microrganismos
naturalmente presentes na microbiota intestinal. Posteriormente, instalam-se na região
abdominal (Soares e Gonçalves, 2012).
Ferreira et al. (2002) afirma que, entre a microbiota responsável pela deterioração do
pescado armazenado em condições aeróbias e baixas temperaturas, os microrganismos
psicrotróficos desempenham um papel crucial. No entanto, de acordo com Lyhs (2009),
algumas das principais bactérias deteriorativas de produtos pesqueiros frescos incluem
Pseudomonas spp., Shewanella spp., Enterobacteriaceae, bactérias do ácido lático,
Photobacterium phosphoreum, entre outras.
De acordo com o mesmo autor, a água desempenha um papel estrutural nas células de
todos os seres vivos, regulando o equilíbrio interno e servindo como meio para reações
químicas, esta quantidade de água vária com o teor de gordura do peixe (60% a 70% em peixes
gordurosos e 80% a 85% em peixes magros).
Huss (1995), ressalta que as proteínas constituem cerca de 12% a 24% do pescado, as
proteínas musculares são as mais significativas e têm alto valor biológico, sendo facilmente
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Os lipídios são a principal fonte de energia nos peixes, além de desempenharem funções
estruturais nas membranas e participarem do metabolismo, crescimento, reprodução e
locomoção. Existem dois grupos de lipídios no pescado: fosfolipídios e triglicerídeos (Huss,
1995). Os ácidos graxos presentes nos peixes são principalmente insaturados e de cadeia longa,
como os ácidos graxos polinsaturados ômega-3 (PUFA), conhecidos por seus benefícios à saúde
cardiovascular (Vaz-Pires, 2006).
7.1.Aspetos nutricionais
O pescado tem potencial para contribuir com o aporte proteico da população mundial.
As projeções de crescimento da população mundial e do consumo de pescado, feitas pela ONU-
Organização das Nações Unidas indicam que na década de 50 o consumo era de 48 milhões de
t/ano para uma população mundial 2,5 bilhões; no ano de 2000 o consumo foi de 119 milhões
de t/ano para uma população de 6,3 bilhões e as projeções para o ano de 2025 apresentam 165
milhões de t/ano para uma população de 8,5 bilhões. O consumo médio é, portanto, estável,
variando entre 18,9 a 19,4Kg/habitante/ano, justificando assim, as iniciativas do setor para
evitar problemas relacionados ao aporte de proteína mundial, estimulando o consumo de
pescado (HILSDORF, PEREIRA, RIBEIRO, 2007).
Nos últimos anos, o aumento do interesse pelo consumo de pescado tem sido
impulsionado pelo reconhecimento de seu valor nutricional e pelos estudos que o associam a
melhorias na saúde. Consumir uma ou duas porções de peixe por semana, cada uma contendo
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De acordo com o mesmo autor, é importante ressaltar que diferentes tipos de alimentos
e espécies de peixes apresentam variações em seus constituintes nutricionais, incluindo o teor
de água e gordura. Por exemplo, embora o camarão tenha menos minerais em sua composição
do que a sardinha em termos absolutos (1,38g/100g versus 1,62g/100g, respetivamente), o
camarão tem um teor significativamente maior de sódio, tornando-o uma fonte mais rica deste
mineral. Além disso, o consumo de pescado pode ser influenciado por diversos fatores, como
socioeconômicos, padrões alimentares, características individuais, estado de saúde e região
geográfica, a carne de peixe é uma escolha alimentar vantajosa devido ao seu baixo teor de
gordura, alta quantidade de proteínas, vitaminas e minerais, e presença de ácidos graxos
polinsaturados.
Recomenda-se o consumo regular de peixes gordurosos uma ou duas vezes por semana,
especialmente para gestantes e mulheres que planejam engravidar, devido ao alto teor de EPA
e DHA, que são fundamentais para o desenvolvimento fetal e para a saúde cardiovascular (Leaf,
2007).
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8. Conclusão
Após o termino do presente trabalho, podemos concluir que a qualidade do pescado está
diretamente relacionada às práticas de manejo desde o momento da captura até o consumidor
final, a rápida deterioração do pescado após a captura destaca a importância de medidas
rigorosas de higiene, refrigeração adequada e manipulação cuidadosa para preservar a frescura
e segurança alimentar do produto. Desde o transporte até o armazenamento, é fundamental
garantir temperaturas adequadas para evitar a proliferação de microrganismos e a deterioração
do produto. A deterioração do pescado pode ser observada através de mudanças sensoriais como
odor forte, textura mole, mudança na cor e aspecto visual, além disso, essa deterioração afeta o
valor nutricional do pescado, especialmente a perda de ácidos graxos ômega-3 e proteínas de
alta qualidade.
9. Bibliografia
Beirão LH, Teixeira E, Batista CRV, Santo MLE, Damian C, Meinert EM. Tecnologia pós-
captura de pescado e derivados. In: Polli, CR et al. Aquicultura: experiências brasileiras.
Florianópolis: UESC; 2004. p. 407-42
FERREIRA, M.W.; SILVA, V.K.; BRESSAN, M.C.; FARIA, P.B.; VIEIRA, J.O.; ODA,
S.H.I. Pescados processados: Maior vida de prateleira e maior valor agregado. Boletim de
extensão rural. Universidade Federal de Lavras- MG 2002.
LEAF, A. e WEBER, P. C. Efeitos cardiovasculares dos ácidos graxos n-3. N. England Journal
Med., v.318, n.549, 1988.
19
Nunes, M., Batista, I., Bandarra, N., Morais, M. e Rodrigues, P. (2008). Produtos da Pesca:
Valor Nutricional e Importância para a Saúde e Bem-Estar dos Consumidores. IPIMAR. Lisboa
Ogawa, M. e Maia, E. (1999). Manual de Pesca, Ciência e Tecnologia do Pescado. Varela. São
Paulo
Pereira, D. S., Julião, L., Sucasas, L. F. A., Silva, L. K. S., Galvão, J. A., & Oetterer, M. (2009).
Boa Práticas para Manipuladores de Pescado: O Pescado e o Uso do Frio. Departamento de
Agroindústria, Alimentos e Nutrição, Universidade de São Paulo.
Pereira, V.; Doria, E.; Junior, B.; Silveira, V.; & Filho, L. (2010) Avaliação de temperaturas
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Tecnologia de Alimentos: 158-165.
Reis, F.M. (1979) A Utilização do Frio Alimentar. Coleção Técnica Agrária nº16, Clássica
Editora, Lisboa.
Soares KMP, Gonçalves AA. Qualidade e segurança do pescado. Rev Inst Adolfo Lutz. São
Paulo, 2012; 71(1):1-10